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Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

O ENSINO DAS HABILIDADES LEITORAS ESPECIFICAS Explicitar intenções: tipo de leitura e nível compreensivo
A determinação do propósito de leitura permite ao leitor adotar uma
Outro tipo de intervenção de ajuda à leitura consiste na realização de
conduta eficiente a respeito de questões como a localização do texto apro-
atividades voltadas a exercitar as habilidades envolvidas no processo de
priado, a adoção do tipo de leitura conveniente (a busca rápida de infor-
leitura, tal como se descreveu anteriormente. O espaço concedido a tais mação ampla, de entretenimento, etc.) e a apreciação do nível de exigên-
atividades no conjunto do ensino da leitura nas escolas deve ser conside-
cia compreensiva que requer.
rado como um espaço explicitamente subordinado à função habitual da Tais questões podem parecer fáceis de adquirir de forma implícita em
leitura e circunscrito, portanto, a um tempo breve e limitado em relação
um meio rico de utilização do texto escrito como é a escola, porém, na prá-
ao conjunto de atividades leitoras. A forma adotada por esse tipo de ativi-
tica, a limitação escolar para usos leitores muito pouco diversificados deixa
dades será a de sua integração na linha de suporte paralela ao progresso
de fora propósitos de uso corrente na vida social, como, por exemplo/ a
leitor/ na qual os alunos poderão treinar-se na melhoria de suas habilida-
leitura da imprensa ou o acompanhamento de instruções. Por outro lado, a
des leitoras mediante exercícios curtos e regulares que muitas vezes tam-
pouca consciência sobre a necessidade de ensinar a usar os textos, muito
bém poderão dar a eles a possibilidade de constatar seus progressos de
enraizada pelo fato de que os adultos não têm consciência de que tiveram
forma quantificada e objetiva.
for suas características de apoio muito personalizado aos diferentes de aprendê-las, e o hábito escolar de ler regularmente do início ao fim fa-
zem com que as crianças tenham de aprender sozinhas (ou não aprendam
níveis leitores e pelo peso das atividades de automatização e rapidez lei-
tora, uma parte desses exercícios presta-se ao trabalho individual e autó- nunca) a resolver questões tão elementares como distinguir o prólogo do
início da narrativa ou saber como buscar informação sobre um tema sem
nomo dos alunos. Inclusive alguns aspectos dessas aprendizagens pare-
copiar mdiscriminadarnente todas as folhas dos livros que tratem a respei-
cem especialmente indicados para o uso de programas informáticos, já
to. A explicitação desse aspecto, em suma, incide em um domínio rnuito
que esse suporte didático pode ter mais possibilidades que o papel para a
mais rápido dessas condutas que fazem parte do saber ler, permite beneíici-
aquisição e automatização de habilidades como a velocidade leitora. Em-
bora seja preciso advertir para suas limitações em outros aspectos, sobre- ar-se das descobertas já realizadas por outros companheiros através docon-
tudo quanto à atividade reflexiva sobre os próprios erros, seria bom que traste e da comunicação entre os alunos e os acostuma a controlar o sentido
uma decisiva generalização dos meios informáticos na escola-proporcio- e a intenção de suas atividades de aprendizagem.
Como atividade habitual nos projetos de aula, mas também como exer-
nasse desde logo os recursos materiais para tornar possível aproveitar-se
cício de formalização de uma atitude de pesquisa consciente e seletiva, pode-
de suas vantagens. Em suma, será necessário, pois, que o professor orga-
se pedir aos alunos que explicitem o que sabem sobre um tema, suscitarper-
nize o trabalho levando em conta se as atividades a serem realizadas re-
querem uma reflexão coletiva, uma elaboração em pequenos grupos ou guntas ou questões não-esclarecidas, decidir quais se desejam resolver e per-
um trabalho individual do material preparado. guntar onde e como se pode encontrar a informação de que não se dispõe.
Aparte as questões concretas integradas no trabalho habitual em sala de
Dentro desse item, dividiremos as propostas de atividades de siste-
aula sobre as fontes e maneiras de obter a informação dos textos, podem-se
matização e domínio das habilidades leitoras nos seguintes pontos:
propor aos alunos exercícios destinados a adquirir agilidades nestes aspectos:
1. Propostas dirigidas à determinação, por parte do leitor, de sua
intenção de leitura e à explicitação dos planos para conseguir a) Buscar uma informação determinada em diferentes tipos de tex-
seu propósito. tos, por exemplo:
2. Propostas sobre as estratégias de antecipação necessárias ao abor-
- No jornal (uma notícia internacional, local, um resultado
dar a leitura e durante todo o processo leitor.
3. Propostas para inferir significado não-explícito. desportivo, a previsão do tempo, o anúncio de uma conferência,
de um espetáculo infantil, de um programa na televisão,etc.).
4. Propostas sobre a percepção e discriminação rápida de indícios,
- Na lista telefónica (um endereço, um serviço nas páginas
5. Propostas para a exercitação da memória a curto prazo. amarelas, um número de emergência, os prefixos para uma
6. Propostas para o desenvolvimento de estratégias de controle da
conferência, etc.), no guia de ruas (o nome de uma rua, a lo-
própria representação mental do texto lido e de compensação
calização de uma praça, etc.), nos guias de viagens (o que diz
dos erros produzidos. de uma cidade, procurar um itinerário, etc.).
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- Nos dicionários (uma definição, sinónimos de uma palavra, c) A consulta nos anúncios de espetáculos, dos filmes a que se quer
palavras de um campo semântico, resolução de uma dúvida assistir/ ou/ na programação televisiva/ dos programas que iite-
ortográfica, etc.), nas enciclopédias (procurar as palavras em ressam pode ser feita normalmente utilizando a imprensa diária.
ordem alfabética e escolher a entrada, decidir sua localiza-
ção, etc.), entre diversos livros de consulta, etc. Busca nos anúncios de espetáculos
- Em antologias literárias (um texto de um autor, um texto so-
bre um tema, etc.). 1. Que filmes você pode ver se lhe interessa que comecem entieas
18h e as 18h 45min? Não esqueça que se não tiver a idade sufici-
Nesse tipo de atividades, os alunos devem verbalizar onde podem ente não o deixarão entrar,
encontrar a resposta a todas essas questões, o que terão de fazer para obtê- 2. Em que cinema está passando o filme do diretor X? Qualéo
las (consultar os índices, localizar uma determinada seção do jornal, situar nome do filme?
mentalmente a informação entre os temas, escolher os itens, etc.) e como 3. Onde você veria uma obra do ator Y? O que é preciso fazer fará
terão de ler (rápido na consulta, fixando-se no que consultam, detendo-se comprar os ingressos?
por mais tempo até encontrar o item informativo, etc.). Uma vez encon- 4. Em que cinemas está passando o filme Z?
trada^ informação, cada um pode explicar o que fez e que procedimentos
foram mais proveitosos.
A seguir, damos alguns exemplos de diferentes tipos de textos e de
propósitos leitores diversos: A Era do Guio O Mistério da Libélula
(EUA/2001) De Chris Wedge, Bichos ten- (EUA/2002) Com Kevln Costner. De Tom
b) Este é o índice de anúncios de um jornal. Que seções você con- tam devolver um bebé humano para seu Shadyac. Médico acredita que sua esposa
sultaria se tivesse de: pai. Animação. Uvre, 115 min. morta querfalar com ete. Drama. 12 anos.
Aerocine 3 (15h30) Dublado. 101 min.
Cincmark 5 (13h35) Dublado. AewdMl(IOh-l2M5-í5h30-18hlS-2lK).
- Alugar um espaço para montar uma oficina. Iguatemi 9 (13h30- 16h~ )8h30) Dublado. C*rter1(l3h30-t6hlO-18h50-2lh30).
- Procurar trabalho como modista/alfaiate. Iguatemi 9 (21h). Center4{15h-l7M5-20h30).
dnema*3(14h-l7tilQ-20h30~23h4Q).
Ru3daPraia2(l5h30).
- Procurar trabalho como tradutor/a. Víctoria 2 {I2h- 16h15) Dublado. On«mari<4(14h5Q-18h15-21h30).
GNCBowboril03h30-l6hlS-19h-22h).
A Festa de Margarette
(BaV2QOO) Com Hlque Gomez. De Rena- O Grilo Feliz
ÍNDICE DE SEÇÕES (BRA/2001) De Walbercy Ribas. Grilo
to Falcão. Homem sonha em realizar festa
para a esposa. Comédia. Livre. 80 min. compõe músicas e dá lições ecológicas a
Vendas imobiliárias Aluguéis imobiliários Serviços
P&B, seus amigos. Animação, Livre. 8Z min.
1. Casas e terrenos 15. Casas 65. Estética Cinema*? (1SMS-2!h40). GNClindóla 1 {]3h30-]6h!5-19h-22h).
2. Edifícios 16. Edifícios 66. Ensino GNCMoinhoi4(l4h). GNCMoínhos2(13h30-l6h15-l9h-2tM5j.
3. Andares 17. Andares 67. Detetíves GNC Praia de Belas 1 (22h). GNC Praia de Belas 3 (I3h30- 16ht5-19h~22h}.
Iguatefnl5{13h20-I6h-I8h40~21h20). Iguatemi S (14h-17h-20h}.
4. Galpões 18. Galpões 68. investigadores Iguatemi? {14h30-17h30-2!)h30).
Center 2 (16h - 17hW - 19h40).
5. Apartamentos 19. Apartamentos 69. Empréstimos Cinema* 5 (16h15-iah$0-Zlh25-23h55). Imperial 03MS-16h30-19h15j.
6. Estabelecimentos 20. Estabelecimentos 70. Futurología
7. Estacionamentos 2Í. Estacionamentos
8. Escritórios 22. Escritórios Bolsa de trabalho
9. Mansões 23. Hospedagem
71, Procuras
Vendas 72. Ofertas d) Saber como está organizada a informação nas enciclopédiaseií-
Diversos
73. Traduções vros de consulta é particularmente necessário nas aprendizagens
10. Fotografia 24. Modas
1 1. Móveis 25. Jóias
74. Serviço doméstico escolares:
12. Música 2ó. Confecção
An i m ais Você quer buscar uma informação sobre barcos.
13. Computadores 27. Livros
14. Vídeo 28. Perdas 75. Cachorros
15. Antiguidades 29. Filatelia 76. Gatos - O que buscará em uma enciclopédia alfabética?
ló. Peleteria 30. Numismática - Que item lhe interessa olhar agora?
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A revolução das ferrovias. No ano de 1929, a locomotiva de Georges Stephensoi


BARCO. [De barca]. S. m. 1. Embarca- chamada Rocket, alcançou a então fantástica velocidade de 58 krn/h. Atuaimente, os
ção pequena, sem coberta. 2. P. ext. "trens-bala" japoneses, que proporcionam o serviço regular mais rápido do mundi,
Qualquer embarcação. * Ancorar o vão a 210 krn/h.
barco. Fixar-se; parar. Deixar o barco Viagem pelo ar. O domínio do voo, um dos primeiros sonhos do homem, é outra notai
correr. Deixar que as coisas sigam seu história do progresso tecnológico. Culminou nos aviões supersõnicos de passageirose
caminho normal; não interferir. Tocar o nos foguetes, que atualmente exploram os segredos do espaço.
barco para a frente. Ir enfrentando a
vida, tratando de seus negócios, de seus Aerodeslizantes e hidromodelos. O aerodeslizante é uma das formas de transporte mas
problemas, em rneio a vicissitudes e difi- adaptável, porque pode viajar sobre a terra e sobre a água. O princípio do colchão dear
Hw culdades: "Mas 'o pobre nasceu para so- tem diversas aplicações. Inclusive tem sido utilizado nos cortadores de grama.
frer' e 'o que não tem remédio remedia-
do está'. Acompanhando esses preceitos [Full, Barcelona, Editorial Teide, 1982.)
da ignorante sabedoria popular, seu
Augusto, no dia seguinte, tocava o bar-
co para frente, ia vivendo." (Miroel e) Para constatar o nível de exigência de uma leitura em funçãida
Silveira, Bonecos de Engoço, p. 102-103.]
intenção, pode-se fazer perguntas sobre um texto encaminhadas
a evidenciar essa diferença leitora. Por exemplo/ pode-se per^n-
tar simplesmente de que tema trata um texto relativamentelon-
- Qual destes volumes de uma enciclopédia temática? go. Quando se está lendo um texto sobre um tipo de animais,por
exemplo, é muito fácil determinar o tema, mas se pode ir alín e
1. O universo A vegetação perguntar em seguida que tipo de informações ele dá (ondevi-
2. Os animais A indústria vem, o que comem, perigos para sua sobrevivência, etc.) e, final-
3. O corpo humano mente, será preciso especificar tudo o que diz de alguns desses
4. Os transportes aspectos. Os alunos deverão comentar como tiveram de lerpara
saber cada uma dessas coisas.
- Qual destes itens do sumário?
Da mesma maneira, podem-se fazer exercícios similares em muitos
outros tipos de textos, por exemplo, nos argumentativos (tema geral-
SUMARIO opinião defendida - argumentos concretos), nos descritivos (quemdes-
creve - impressão geral - detalhes que o corroboram), etc.
Carros e carruagens. A roda foi urn dos mais brilhantes inventos do homem. No campo do
transporte, levou à criação de carros de combate, de carretas de abastecimento e, mais
tarde, de carruagens para passageiros. /Exercícios de antecipação do texto
Através dos oceanos. Os primeiros marinheiros corriam grandes perigos quando sua frágil A ativação dos conhecimentos prévios do leitor, tanto sobre o mundo
embarcação perdia a terra de vista. (Hoje, no entanto, as frotas modernas e as companhias como sobre o escrito, já está presentenos exercícios de explicitação è sua
navais realizam serviços essenciais, apesar da era dos velozes transportes aéreos.] intenção e sua forma de leitura, mas pode ser objeto de atividadesmais
Transportes viários. Nos países desenvolvidos, muitas famílias consideram o automóvel não específicas, centradas na utilização dos diversos níveis do contextopara
como um luxo, mas como uma necessidade. A tecnologia de produção em série, que fez do conseguir uma maior antecipação no processo de leitura. A automatização
automóvel urn produto barato, porém, só foi introduzida na primeira década do século XX.
dos níveis inferiores do texto redundará, além disso, na capacidade de
Canais. A maior parte das obras de construção de canais terminou com o início da idade de rapidez leitora desde os primeiros estágios da aprendizagem. Comesses
ouro da ferrovia. Alguns, no entanto, corno o canal do Panamá, a via marítima de São objetivos, é possível realizar exercícios como os seguintes.
Lourenço e o canal de Suez, ainda são artérias vitais do comércio mundial.
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Atívação dos conhecimentos prévios do leitor Continuar textos narrativos

Uma atividade voltada a criar expectativas é a de distribuir na sala Como dissemos, o conhecimento das superestruturas permite em-
de aula uma série de livros e propor que os alunos deduzam do que tra- preender melhor um texto, porque o leitor pode fazer previsões sobre sua
tam a partir de um exame rápido de seu formato/ título, contracapa, ilus- organização, sobre os elementos que aparecerão nele .(tempo, espaço/
tração, etc. Podem-se utilizar livros de características muito diversas (de personagens, etc.). O professor pode facilitar a ativação dos mecanismos
viagens, de contos/ de história, etc.) - coisa qite torna mais interessante o de antecipação na narrativa com perguntas como estas: Como podem rea-
exercício a partir de um certo nível de leitura - livros mais homogéneos, gir os personagens de uma narrativa diante do que acaba de se passar
por exemplo, narrações, nos quais possam intervir critérios como o do nela? Resolverá ou não o enigma? O herói do filme da.TV se salvará? E o
conhecimento dos autores, a idade do público ao qual se destina, o tipo de de um determinado filme? Que finais podem-se esperar a partir do que já
narração, a coleção do livro, etc. Essa atividade é habitual em qualquer conhecemos? É habitual este tipo de personagem neste tipo de narrativa?
leitor no momento de adquirir um livro ou tomar a decisão de lê-lo, já que Quais, ao contrário, não seriam verossímeis?, etc.
é na criação de expectativas sobre seu conteúdo que o leitor passa a julgá-
lo conveniente ou não para si. Na escola, ao contrário, os alunos se de- a) Por exemplo, pode-se pedir a continuação de historinhas ou de
frontam com muita frequência com uma leitura imprevista e obrigatória, contos incompletos com atividades orais, escritas ou gráficas:
o que os impede de desenvolver hábitos autónomos tanto de criação de
expectativas a partir desses indícios como de poder de decisão. O resulta-
do é uma dependência excessiva em relação aos critérios e à orientação
dos demais, a escolha pelos elementos de representação mais externos e O que pretende fazer esta menina?
evidentes, ou a simples inibição diante da dificuldade de orientar-se em O que se passa depois?
Como pode continuar a história?
meio ao conjunto de livros oferecidos pela biblioteca ou livraria. Por esse
motivo, um ponto de partida interessante é que os alunos possam esco-
lher livros, tenham de buscar sua relação com temas determinados, te-
nham de orientar-se para encontrar informação em revistas, dossiês, etc,
A antecipação é um mecanismo que atua em todos os níveis do texto, A
seguir, e como exemplo, proporemos alguns exercícios que a fomentam,
ordenados a partir de aspectos mais pontuais de antecipação de letras.
Essas atividades de criação de hipóteses e de juízo sobre a verossimi-
Ihança são particularmente indicadas a partir das leituras coletivas de tun
mesmo texto. O fomento de um hábito de antecipação ativa que obriga a
imaginar dentro de regras de funcionamento textual e a necessidade de
justificá-lo mediante argumentos no debate com os colegas é de enorme
ajuda para examinar e interiorizar os esquemas narrativos tratados. En-
tretanto, é preciso agir com muito cuidado na extensão de um tipo de
atividade de expressão escrita que concita os alunos a mudar e a manipu-
lar o texto (continuar o poema, mudar o final, inventar um diálogo, etc.)
sem circunscrever-se às regras de coerência do texto de partida, com o
que, em vez de contribuir para o conhecimento dos esquemas literários,
passa-se a impressão de que a combinação de seus elementos é aleatória,
já que é possível qualquer intervenção.

Exercícios de antecipação explícita


(Shirley Hughes, i Vuda,AnaI. Madrid, Edicíones Altea, 1993.]
1. Continuar textos ou sequências de textos
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Como você acredita que continua este conto?


Desenhe e escreva o texto das três vinhetas que devem vir na continuação destas;

A CAIXA DO SOL
Olhem para Nuri. Está tentando pôr um pouco de sol em uma caixa. Lá está. A
caixa já está cheia. Nuri fecha-a em seguida. Será divertido, à noite, soltar o sol no quarto
e brincar de fazer sombras no teto e nas paredes...
- Nuri, o que está fazendo? - pergunta seu irmão.
- Não posso dizer... é seu presente de aniversário.
- Vou adivinhar o que você pôs nessa caixa. É um trevo de quatro folhas?
- Não.
- Uma joaninha?
- Não. Você não vai adivinhar!

b) Sugerir títulos de narrativas possíveis pode servir de estímulo


Vr*íl para inventar histórias que correspondam a eles:

Diga tudo o que imagina das narrativas que têm estes títulos:
O homem das calças cinza
[Cavai!Fort, n. 447] O cavaleiro do vale do inferno
As duas Carlotas
Peludo, o pai, ela e eu
Que tipo de narrativa (de aventuras/ policiais/ de ficção científica/ Sequestrado pelos escravistas
etc.) podemos esperar destas introdxições: Tudo quanto você vê é o mar
O esqueleto da baleia

Meu pai, Haraid Daih, era norueguês e vinha de uma pequena cidade próxima a Oslo c) O jogo de construir textos em cadeia também contribui para fo-
chamada Sarpsborg. Seu pai, rneu avô, era um comerciante bastante próspero que tinha
mentar a capacidade de relacionar o significado jã construído com
uma loja em Sarpsborg e que comerciava de tudo, desde queijo até teia metálica de gali-
nheiro. a continuação que se propõe e inclusive com as possibilidades de
desenvolvimento posterior: como o colega seguinte poderá con-
Certa vez, urn camponês cavando, cavando em sua horta, encontrou uma jarra grande
como uma casa, e de uma espécie de argila muito estranha.
tinuar o conto? As modalidades podem ser diversas, por exemplo:
Quando deixaram Paris, por volta de três da tarde, as pessoas ainda se moviam entre - Construir tuna frase em conjunto: cada aluno deve dizer so-
urn sol amarelado de finais de outono. [...] Bern refestelado, com a cabeça apoiada no
respaldo de seu assento, o comissário Maigret, com os olhos entrecerrados, observava todo mente uma palavra.
o tempo, maquinalmente, os dois personagens, tão diferentes um do outro, diante dele. - Produzir um conto: cada aluno acrescenta uma parte (frase,
O que isso o induz a pensar? Corno poderiam continuar? Com que tipo de aventuras? situação, etc.).
Inventem aventuras ou ações concretas (aparece urna fada, acontece um assassinato, diz-
nos a letra de uma canção, etc.) e julguem se são prováveis em alguma ou algumas das d) As relações semânticas entre as palavras do texto são uma das ba-
narrativas e o que poderiam ser ern cada lugar [a lembrança de uma canção familiar, urna ses da compreensão da coerência do texto e um elemento impor-
palavra mágica ou uma pista do crime?) tante para dar-lhe coesão. É evidente que, se o leitor entende as
relações de sinonímia ou de hiponímia entre os nomes que podem
ser usados para falar de um mesmo referente, ele poderá entender
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o texto/ do contrário não poderá construir o significado nem avan- na Argentina, têm invernos frios, mas ainda assirn são muito secos para que neles possa
çar com ele. No texto seguinte/ por exemplo/ o leitor deve enten- crescer a maior parte das plantas.
der que todos os nomes marcados referem-se ao mesmo animal.
3. Os animais e as plantas
Alguns animais adaptaram-se a viver nesse clima tão duro. Ratos do deserto e raposasesca-
O ratinho Martín era um .alegre roedor, de bigodes longos e olhos espertos, que vivia vam profundas galerias debaixo da terra onde podem resguardar-se do calor do rneixlia:
feliz e tranquilo rodeado de pequenos animais do campo. Um dia, Martín dormia urna sesta apenas algumas vezes, à noite, saem de seu esconderijo. Alguns animais não precisa m tetef
dentro do tronco de uma árvore quando foi despertado por fortes golpes na parede. E não água e vivem da umidade que se desprende da escassa vida vegetal. As plantas tambto*
eram apenas os golpes. O anima/zinho sentiu que caíam sobre ele estilhaços e serragem adaptaram à prolongada seca e à armazenagem de água no interior de seus talos.
que o fizeram saltar como se tivesse entrado um raio. Olhou pelo buraco e viu um pica-pau
que picotava um pouco mais acima. "B, mestre", advertiu o ratinho. "Você me toma por um
sino?" "Oh, perdãolll", respondeu o pica-pau. "Não sabia que o tronco era habitado. Vou
pegar os pedaços e os colarei com um pouco de saliva." Mas nosso amigos deu conta de 5, O avanço do deserto
que, pelo buraco aberto pelo pica-pau, entrava urn maravilhoso raio de sol e disse: "Não se
preocupe, pica-pau, vamos deixá-lo assim. Urn pouco de luz rne irá bem para ler o jornal."

Os desertos em geral são muito quentes e secos para que neles possam crescer {Mas.
Por esse motivo/ os exercícios de relação entre os elementos léxicos: cam- Outras regiões da Terra são frias demais para que as plantas possam sobreviver. Btasáoas
pos semânticos/ sinonímia/ derivação/ etc. podem ajudar a estabelecer rela- regiões polares.
ções que incidiriam na capacidade de compreensão das conexões textuais. - Suprimimos o item 4 deste texto sobre o deserto. Do que será que ele tratarias que
subtítulo poderia ter?
Continuar textos informativos - O item 5 trata do avanço do deserto. Que tipo de coisas deve explicar?
- Se este texto é urn capitulo de um livro, o que deve abordar o capítulo seguinte?
O trabalho de antecipação com textos informativos tem um interesse
(Updegraff. ContinenK í dimes.)
particular porque o esquema textual é mais aberto, e a antecipação deve
ser feita a partir dos conhecimentos que o aluno tem e dos que vai cons- Como podem continuar as notícias?
truindo à medida que lê. Para facilitar isso/ a professora pode fazer per-
guntas como: Se neste item nos deram esta informação/ do que deverá A leitura da imprensa oferece um campo adequado para exerdtara
tratar o capítulo seguinte? Que informação podemos esperar deste título, antecipação. Em geral/ o leitor habitual de jornal acompanha as notícias
destes subtítulos/ depois deste conectivo? Que informação é esperável e de um dia para outro e na verdade busca o que se passou sobre osfatos
com que distribuição em um mapa determinado, em um cartaz de anún- que lhe interessam. Perguntar o que deve ocorrer depois de um faio de-
cio, em instruções, etc.? Por exemplo: terminado/ ler o jornal no dia seguinte para ver o que se passou realmen-
te/ se as previsões eram acertadas/ etc... é/ evidentemente/ um exercido de
OS DESERTOS antecipação. Vejamos um exemplo:
1. Como são Leia a notícia e diga o que pode esperar encontrar amanhã no jornal que esteja relaionado
Uma quinta parte da Terra exposta é coberta pelos desertos, e a maior parte encontra-se com este fato.
perto do equador. Os desertos recebem tão pouca chuva que neles não podem viver árvo-
res e há muito poucas plantas. A terra é desnuda, pedras ou areias quentes cobrem o solo, A RODOVIA DO AEROPORTO ESTARÁ MAIS ESTREITA DURANTE
ventos fortes sopram durante o dia levantando da terra seca tempestades de pó, e algumas TRÊS SEMANAS EM RAZÃO DE OBRAS
vezes criam formas curiosas e mutáveis.
Barcelona ~ A rodovia de Barcelona ao Prat de Liobregat está com uma pistaamenos
desde ontem até 19 de outubro. A causa é a mudança dos canteiros no ponto médio entre
2. O clima os quilómetros 2.200 e 6.400.
As nuvens aparecem raramente no céu do deserto, porque os ventos são secos. Não há Das 9h e BOmín da manhã às 4h e BOmin da tarde será impedida a circulaçãoporuma
proteção do sol abrasador que cai a prumo, produzindo um calor intenso durante o dia. À pista próxima ao ponto médio. Nos dias Io, 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 15 de outubro, nosentido
noite, não há nuvens que retenham o calor, e a terra esfria rapidamente. Nem todos os Barcelona-EI Prat; nos dias 20, 27 e 28 de setembro e 5, 11, 16, 17, 18 e 19deouRJbro,em
desertos são quentes durante todo o ano. O deserto de Gobi, na Mongólia, e o da Patagônia, sentido contrário.
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Redija o título de uma noticia sobre o que você imagina que ocorreu na continuação, Á hipótese de onde seria esperável encontrar aquela informação pode
por exemplo: ser feita sobre textos reais ou inclusive dentro de um esquema maisabs-
trato e formal. Por exemplo, atribuir ao início, núcleo ou desfecho deuma
TRÊS QUILÓMETROS DE ENGARRAFAMENTO NA
narrativa uma série de frases que contenham indícios linguísticos suficien-
ENTRADA DE BARCELONA PELO PRAT DÊ LLOBREGAT
tes ou de outro tipo (Era uma vez um porco seria um exemplo bastante evi-
dente), ou colocar as informações no interior de um esquema (tirado de
2. Completar textos uma lição do livro-texto, suponhamos) ou do índice suficientemente de-
talhado de um livro de consulta.
Outro tipo de exercício que incide no conhecimento antecipatório de Nesse item, também caberiam textos incompletos de todo tipo dos
um texto é indicar onde se colocaria uma série de frases com pequenas quais se tivesse suprimido uma parte necessária, por exemplo, o fragmento
informações dentro de um determinado texto. Essa atividade permite uma de O leão feliz nas páginas 166-167 em que falta uma parte central que
atuação em níveis distintos do texto conforme os alunos tenham de orien- corresponderia à ação e à resolução da narrativa.
tar-se pelo tema (decidem a colocação a partir do tema dos subtítulos e
itens, a partir do fio argumentativo da ação narrativa, etc.), pela organiza- 3. Recompor textos, frases, palavras
ção em parágrafos dentro de um item, por uma atribuição de relações Um passo adiante nesse tipo de atividade nos coloca nos exercidos
lógicas entre as ideias do texto (por exemplo, decidir que a nova informa- de recomposição de textos, já tradicionais nas escolas durante a primeira
ção seria um exemplo de uma das ideias expostas, ou que exporia suas aprendizagem da leitura como recurso didático para o reconhecimento
consequências), etc.: leitor das unidades linguísticas e a elaboração de mensagens, mas que
podem complicar-se, adequando-se a níveis elevados de aprendizagem
leitora. Muito simples de preparar como material de aula, separando gra-
Em que item do texto Os desertos poderiam acrescentar-se estas frases? ficamente ou recortando um texto e misturando os fragmentos, tais exer-
"A passagem brusca do calor para o frio faz: com que as pedras se dilatem e contraiam- cícios podem ampliar sua utilidade ao incluir os seguintes aspectos:
se tão rapidamente que se esmigalham."
"Para aproveitar a terra cultivável, as casas são construídas fora do oásis". • 1. Referir-se a níveis textuais superiores (não apenas a letras deuma
"Normalmente, têm espinhos que as defendem dos animais."
palavra ou a palavras de uma frase, mas também a frases de um
parágrafo, partes de um texto inteiro, etc.).
Situe estas informações onde achar conveniente no texto seguinte. Pode ser que te- 2. Incluir a explicitação dos indícios que permitiram sua ordenação.
nha de fazer algumas alterações para encaixá-las. 3. Programar-se como exercitação sistematizada da habilidade
Tinha uns olhos muito grandes, muito bonitos e também negros como o breu." antecipatória em todos os níveis, ou para fazer com que os alu-
"Suas saias eram feitas de remendos de cores distintas e chegavam até os tornozelos." nos tomem consciência dos organizadores textuais ou de outros
elementos que dão coesão ao texto, etc.
"Era bastante magra."

O aspecto externo de Momo certamente era um tanto incomum e eventualmente Recomposição da sequência temporal
podia assustar um pouco as pessoas que dão muita importância ao asseio e à ordem. Era
pequena, de rnodo que nem com muito boa vontade se podia dizer se tinha apenas oito Areflexão sobre os indícios que limitam as possibilidades de ordena-
anos ou seja tinha doze. Tinha os cabelos muito encaracolados, negros como o breu, e ção (uma letra maiúscula que inicia o texto ou indica um ponto anterior;
com todo o aspecto dejarnais ter enfrentado um pente ou tesoura. Os pés eram da mesrna uma explicação que concorda com um conectivo causal, um tempo verbal
cor, pois quase sempre andava descalça. Só no inverno usava sapatos de vez em quando,
mas costumavam ser diferentes, desemparelhados, e além disso ficavam muito grandes. Isso
anterior ao de outra frase, um nome que deve ser anterior à sua substitui-
porque Momo não possuía nada além do que encontrava por aí ou do que lhe davam. Por ção por um pronome, etc.) pode incluir uma constatação progressiva das
cima, usava um jaquetão de homem, velho, muito grande, cujas mangas ficavam arregaça- diferenças organizacionais entre os tipos textuais. Assim, os alunos pode-
das em torno do pulso. Momo não queria cortá-las porque se lembrava, previdentemente, rão observar que a ordenação de uma narrativa apóia-se em uma linha
que ainda tinha de crescer. cronológica de acontecimentos, uma descrição deve seguir uma ordem
espacial determinada (de cima para baixo, da essência ao primeiro termo,
[M. Ende, Momo.}
etc.) que não pode mudar de repente uma vez configurada, urna argu-
mentação situa de forma organizada seus prós e contras, etc.:
134 T. Colomer & A. Cainps Ensinar a ler, ensinar a compreender

Estas três notícias apareceram em três dias sucessivos. Diga em que Bolinhos de bacalhau
ordem cronológica: Bata as claras em neve; acrescente a fa- Ponha para ferver e deixe cozinhar, me-
rinha, as gemas de ovo, um pouco de xendo de vez em quando.
leite e o bacalhau triturado. Misture tudo
Começam a circular os Mais de 5.000 veículos Fechamento de estradas e até conseguir urna massa bem fina.
veículos bloqueados pela bloqueados pela neve rodovias e dificuldades no
neve em La Jonquera em La Jonquera transporte ferroviário
Arroz com cogumelos
Barcelona. Uma caravana de veículos de Barcelona
Refogue a cebola; depois acrescente Ponha em urna forma untada com mafh
Os cinco míl veículos que há cerca de 25 quilómetros de ex- A forte tormenta de água e
tensão, composta de mais de o arroz, o cogumelo e o caldo que teiga e cozinhe no forno-.
três dias permaneciam blo- neve registrada ontem em
queados pela neve na frontei- 5.000 unidades, em sua maio- grande parte da Catalunha deve estar no ponto.
ra de La Jonquera (Gerona) co- ria caminhões, continuava blo- provocou o fechamento de nu-
meçaram a circular ontem ao queada ontem à tarde pela merosas estradas e, no meio da Pastel de fruta
meio-dia. Todo o tráfego de La neve na estrada N-II, no trecho tarde, o uso de bloqueios era
Jonquera foi canalizado atra- compreendido entre Figueres Misture bem a farinha, o açúcar, os Com uma colhei; coloque porções de
obrigatório na quase totalida-
vés das pistas da rodovia A-7, e a fronteira de La Jonquera. A de da rede viária. Nesse mo- ovos, o leite e o fermento. Amasse massa em uma frigideira com azeite
já que a estrada N-II ainda primeira máquina de tirar neve mento, a díreção geral da es- bem e acrescente a maçã abundante e frite-as.
permanece fechada na zona chegou a La Jonquera depois tradas da Generalitat recomen- assada no forno.
francesa por causa da neve. das 4h da tarde de ontem, pas- dava, por meio de seu telefone (Brunzit, Barcelona, Ed.Teide, 1981.)
Alguns desses caminhões blo- sadas cerca de 50 horas desde de informação sobre a situação
quearam posteriormente a ro- que o tráfego foi interrompido das estradas, evitar, na medida
dovia A-7, no pedágio de pela nevasca na passagem do possível, o uso de veículos
Granollers, como medida de fronteiriça. Na madrugada de privados e a utilização dos Ordene estes parágrafos de maneira a obter um texto bem-formado
protesto. sexta para sábado, muito pró- transportes públicos.
Pouco depois de restaurado/ o ximo do local onde os veícu- Na rede viária, encontrava-se RUMINANTES DOS BOSQUES
tráfego em La Jonquera foi in- los permanecem bloqueados, fechado o tráfego dos portos
terrompido quando alguns ca- duas pessoas morreram quan- de Ia Panadella e Els Brucs Os dic-dic são os menores ruminantes. Esses diminutos e delicados antílopes límchi-
minhões de placas francesa e do o carro de passeio em que (N-II), Ordal (N-340), Toses fres pontiagudos e um focinho em forma de trompa. O dic-dic vive sozinho ou em pjfesem
italiana ficaram atravessados viajavam derrapou e chocou- (N-152) e Bonaigua (C-142). terrenos arborizados muito áridos. Não bebe e obtém a umidade de que necesita das
na estrada, em território fran- se contra um caminhão. Na rodovia A-7 (Barcelona-La folhas e brotos, como também dos frutos que caem no solo. Ê um animal espeda'mente
cês/ pornegar-se a pagar o pe- Segundo o governo civil de Jonquera) era necessário o noturno, mas às vezes parece ser o único habitante mamífero do bosque durante odia.
dágio da rodovia para a qual Gerona, esta manhã a rodovia uso de bloqueios. Como a girafa, o guerenuc, tão bonito, tem a cauda longa. Além disso, quandodes-
foram desviados. A interrup- poderia ser aberta e liberar a basta as árvores levanta-se sobre as patas traseiras e apóia-se nas dianteiras entre asramas.
ção durou cerca de 120 minu- passagem pela aduana aos La Jonquera fechada O cudo grande desbasta mais ou menos à mesma altura que o guerenuc, mas prífereas
tos. Na zona espanhola, ocor- cerca de nove mil caminhões vertentes das colinas e os barrancos; já o guerenuc vive em terrenos planos.
reu um incidente similar, às 19 que aguardam dos dois lados No posto fronteiriço de La A girafa é o mais alto de todos os ruminantes graças às patas alongadas e ao pescoço.
horas, na altura do pedágio da da fronteira. Os motoristas se Jonquera, essa rota encontra-
O lábio superior é longo e preensor e tem uma língua extensível com a qual pode fegar as
rodovia de Granoilers, quando queixavam ontem por lhes te- va-se fechada ao tráfego rodo-
folhas e os raminhos. Nem sempre se alimenta do que encontra na parte mais alta.maséo
cerca de cem caminhões blo- rem permitido transitar pela viário.Nos postos aduaneiros,
cerca de 20 agentes da Guar- único animal que pode alcançar a folhagem alta sem para isso ter de dobrar a árvore.
quearam os acessos em ambas estrada sem alertá-los de que
da Civil, polícia e funcionários O elefante, quando estende a trompa para cima, é quase tão alto quanto a girafa.
as direções durante cerca de a passagem fronteiriça estava
duas horas. encontravam-se isolados, já Quando come, é o animal mais destrutivo: baixa os ramos ou arranca a árvore pelaraiipara
fechada.
que a neve impedia a chega- chegar aos ramos mais altos; mas os animais pequenos beneficiam-se disso, já que têm
da das equipes de resgate. acesso aos ramos que não estão no seu nível.
O rinoceronte alimenta-se dos ramos mais baixos que o guerenuc, e o impalaemum
nfvei ainda inferior. Unn macho jovem como o da ilustração tem os chifres pontiagudos; os
machos adultos têm cornos muito elegantes e característicos, em forma de lira.
Recomposição de textos Os bosques da África, muito espessos, estendem-se ao longo de muitas centenas de
quilómetros quadrados. A maioria de suas árvores e arbustos tem espinhos e, apear disso,
Os cozinheiros embaralharam as receitas de cozinha. Ajude-os a descobrir como aca- os principais animais que vivem neles comem suas partes tenras, pela simples razãJdeque
bar cada prato: geralmente não há ervas. Esses animais são os elefantes, os rinocerontes, asgirafai,otudo
grande e o pequeno, os guerenuc, os impalas e os dic-dic. Todos esses animaii podem
comer o mesmo tipo de arbusto, mas não competem entre eles, porque,.dependendode
sua altura, desbastam diferentes partes das plantas.
Toda notícia jornalística começa explicando brevemente quem, o quê, onde e o porquê de um fato. A seguir, vocês encontrarão
um primeiro parágrafo de oito notícias. As informações de cada parágrafo forarn fragmentadas e misturadas. Tente recompô-ios:

QUEM O QUE GUANDO ONDE POR OUÊ


As mulheres vítimas de confiufram quinta-feira passada no parque zoológico
rnaus-tratos e seus filhos
Um exemplar macho da serão inaugurados ontem no Tribunal de Vendrell O novo serviço "permiti-
girafa reticulada rá oferecer uma saída às
mulheres maltratadas, ao
afastá-las do local do con-
flito que é o lar".
Um grupo de ecologistas disporão de um centro ontem às margens do rio já que está ocorrendo
de Bellvitge de asilo Uobregat, próximo da uma destruição perma-
rodovia de Castelldefels nente dos silhares que
compõem esta muralha,
principalmente os que se
situam na zona oriental.
Os novos parques da plantaram 50 álamos a partir do mês de abril nesta localidade
Creueta dei Coll, da
Pegaso e do Clot

A progressiva degrada- nas próximas semanas em Barcelona A intenção do grupo é


ção da muralha romana mudar a imagem do rio
de Tarragona "pestilento quando passa
porHospitaleta caminho
da desembocadura".

A Câmara Municipal de apresentará uma queixa este verão


Santa Colorna contra Set Leather
Dois manifestantes, um a alarmou os serviços téc- há 20 anos por considerá-ia respon-
favor e outro contra os re- nicos do património cul- sável pela contaminação
servatórios de Pais tural da Generalitat de três poços de água
(Gironaj potável e dos mananciais
que abastecem Calafell,
Cunit, Segur de Calafell,
Cubelles e Sant Vicenç de
Calders.
investirá 100 milhões em permitirá a implementa-
A empresa Gran ção de um novo sistema
Acueducto S.A., que 992 depósitos e mudará
o serviço de limpeza completa m ente distinto
fornece água a diferentes do utilizado até agora e
populações da província que visa mudar a ima-
de Tarragona gem da localidade em
matéria de limpeza.
138 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender 139

Recomposição de frases d) Uma leitura de um fragmento teatral para constatar/ por exem-
plo/ que as marcações não são lidas em voz alta.
Veja se consegue construir uma frase com estas palavras sem que sobre nenhuma:
- Lola, doente, mal, lhe, está, doce, melão, com, de, mel, fez. Para deixar explícito como utilizamos muita informação que não re-
- O, dor; porque, chocolate, está, xerife, corn, barriga, de, comeu, churros. cebemos por meio do significado estrito das palavras e para experimentar
as formas de exploração do texto, podem-se fazer exercícios de dedução
Recomposição de palavras
de tipos de escritos muito formalizados ou com muitos indícios gráficos
Com estas letras você pode escrever sete nomes de animais diferentes que comecem (cartas/ anúncios/ etc.) escritos em línguas estrangeiras. Quanto mais es-
com cada uma das letras de CAMELO tranha seja a língua/ teremos menos níveis textuais em que nos apoiar/ e
T M A E T E A
nossas deduções serão mais limitadas/ mas será sempre surpreendente
perceber a quantidade de informação que podemos obter deles.
O N A T R F E U T
M G A P A L O L O 5. Preencher espaços vazios
A N E R A N V R N Os exercícios deste item podem ser relacionados/ de certa maneira/ com
C
o que chamamos de completar textos no item 2. Entretanto/ aqui nos referire-
mos à inclusão de elementos menores/ que podem ser antecipados recorren-
A
do não apenas ao significado global do texto e à sua estrutura/ mas também a
M
conhecimentos de tipo mais local: gramaticais/ semânticos/ fonéticos ou orto-
E
gráficos. A utilidade desses exercícios não está apenas no fato de resolvê-los
L de urna maneira mais ou menos mecânica e inconsciente/ mas em tomar cons-
O ciência de quais são as condições que levaram a uma determinada escolha/
especialmente no caso dos exercícios de supressão ou de escolha de palavras.
(Jocs de llenguaíge, Barcelona, Editorial Teide, 1983.] As atividades sistemáticas de treinamento antecipatório farão ganhar
rapidez na utilização contextuai e/ portanto/ na velocidade de leitura. São
4. Utilizar indícios gráficos e tipográficos frequentes os exercícios com espaços vazios tanto de letras como de pala-
vras/ seja escolhidas ao acaso (uma de cada cinco ou de cada 10), seja
Os exercícios de antecipação do conteúdo do texto que apresentamos conforme a função ou a categoria gramatical (os nomes/ os adjetivos/ os
até agora como exemplo basearam-se principalmente na construção do conectivos). Por exemplo, vamos nos fixar nos mecanismos que são ne-
significado/ que permitirá antecipar sua continuação/ geralmente em rela- cessários para preencher os espaços vazios deixados na primeira frase do
ção à organização própria a cada tipo de texto. conto de G. Rodari, O sol e o mocho:
Os elementos gráficos também são indícios que o leitor utiliza e que
os alunos devem aprender a utilizar para fazer conjecturas sobre o con-
teúdo. Há recursos tipográficos que estão estreitamente relacionados com
alguns tipos de textos/ como, por exemplo/ a notícia/ a carta (e inclusive os Q sol viajava pelo (l ] , alegre e triunfante em seu carro de fogo, [2] seus raios
diferentes tipos de carta)/ etc., e sua função é/ precisamente, dar pistas ao a [3] e a direito, o que provocava a indignação de_(4J_ nuvem de humor tempestuoso.
leitor sobre o tipo de informação que segue. Para acostumar os alunos a
[ l) céu. conhecimento do mundo, em relação ao conhecimento das possibilidades
utilizá-los, podem-se fazer exercícios como os seguintes: . que têm os contos de dar vida às coisas inanimadas.
(2) lançando: conhecimentos léxico-semânticos, O que faz um objeto que emite
a) Um diálogo vazio/ marcado apenas com os travessões ou aspas/ raios? As possibilidades são bastante restritas. De todo modo, há mais de uma,
que eles têm de preencher. por exemplo, espalhando. Parece que outro verbo poderia ser emitir, mas o
b) Um texto em que é preciso passai' as palavras para negrito ou itálico/ registro linguístico próprio de um conto o descartaria.
[31 torto: conhecimentos léxicos, neste caso da locução adverbia! a tono e a direito.
conforme seja necessário/ para destacar os títulos/ as referências/ etc. (4) uma: conhecimentos gramaticais, em relação à concordância do artigo e à me-
c) Algumas frases que têm de separar e ver o que fazem corn uma lhor adequação do indeterminado ern face do determinado, neste caso.
maiúscula.
140 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender 141

a) Os exercícios de preencher espaços vazios podem ser feitos em Ponha a letra que falta:
diferentes níveis textuais e podem incluir o controle - e o
autocontrole - do tempo de resolução. DE COMO MESTRE CEREJA, CARPINTEIRO, ENCONTROU UM PEDAÇO
DE PAU QUE CHORAVA E RIA COMO UMA CRIANÇA

Era_mavez...
- Um rej Dirão Io_o os meu_ pequenos leítJes-
Preencha os espaços vazios com as palavras que faltam: - Não. __océs se en_anaram. Era u_a vez um peda_o de pau.
Uma viajante que fazia sua. a cavalo chegou a urna estalagem hora do N_o era _au de lu_o, mas simples_edaço de lenha para queimai; desces que, no Invjno,
almoço e se nela com a intenção tomar algo seguir seu caminho. se bot_m nas estufas _ nas lareiras, pa_a se acender o f_go e para se aquecerem as sa_as. _
queria chegar antes anoitecer no final de_ viagem. Amarrou seu. Não sei co_o aquilo se passou. Mas _ fato é que, _m belo dia, ess__ pedaço de p_u foi
em uma argola da entrou nela e, depois de pedir que . servissem parar na _fícina de um _eího carpinteiro, _ue se chamava M_stre António. Apesar disso,
alguma coisa para. , sentou-se perto da lareira. to_os o cham_vam de Mestre C_reja, devido à po_ta de seu nariz, que se apresentava
sempre lu_trosa _ avermelhada, co_o cereja _adura.
Mas acontece . naquele dia havia uma , animação, a estalagem estava Ass_m que Mestre Cere_a viu aque_e pedaço de _au, alegrou-se todo imejatamente.
. de gente que queria e os estalajadeiros, pouco a tanto movimento, __, es_regando as mãos, de contentamento, resmun_ou à meia voz:
não davam conta de servir a toda _ gente. Nosso cheirava com visEvel satisfação - Esse pedaço de pa__ che_ou a tempo. Quero servir-me dele para f__zer uma_erna
, diferentes pratos que _ . diante dele, que exalavam aroma excitante, mas de m_sinha.
via que sua nunca . Até que se deu conta de _ . era muito tarde e que se
demorasse mais a noite . sobre ele no caminho .de avançar. (C. Collodi. Asaventuras'dePinóquty

c) Muitos jogos de linguagem consistem justamente em evidenciar


elementos que faltam em um texto. Um exemplo é o tradicional
b) Nos exercícios em que é preciso completar os espaços vazios com jogo da forca:
letras que faltam, comprova-se que as letras não proporcionam
todas elas a mesma quantidade de informação. Como se pode
comprovar, as consoantes proporcionam muito mais informação O jogo da forca
que as vogais: Esse jogo também baseia-se na capacidade de adivinhar uma palavra sem ter todas as
suas letras para não ser "enforcado".

Quem sabe ler estas palavras sem vogais? Leia como se joga.
Um jogador escolhe uma palavra, escreve-a em um papel e numera as letras:
c_lç_s c_mp_n ___ r __
B A R C O
_ss_nr_
_v_nt_r_ tr_nq __ l d_d_ 1 2 3 4 5
fr_gj
b_l_ch_ pr_bl_m_ Aos demais jogadores diz apenas quantas letras há para que possa numerar os espaços
PJ-J-
_scr_v c st s
TTTTT
Vocês são capazes agora de recompor as palavras a seguir somente a partir das vogais? Os participantes desenham uma forca ern sua folha:

J_ua_ao a_ia_ão
_a_e _a_
e_o

Podemos ver que as consoantes nos ajudam mais a distinguir umas palavras das outras.
E o jogo começa

[Guasch; Punt, Barcelona, Editorial Teide, 1984.)


142 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

d) Uma variante desses exercícios são os que consistem em escolher A parte os exemplos que acabamos de ver, no item que trata de exer-
entre alternativas, como se pede no exercício seguinte: cícios de percepção rápida (p. 146 e ss.) há alguns que também são de
exercitação da capacidade de antecipação. Na descrição do processo lei-
tor, já se explica a estreita relação e interdependência de ambas as opera-
De cada grupo de palavras, escolha as que mais convêm para que a explicação tenha ções, e nesses exercícios destaca-se justamente essa inter-relaçao.
sentido:

Exercícios de pressuposição e inferência


se foi
chegou
A emissão de hipóteses de pressuposição é constante no processo de
ontem
um dia voltou leitura. Muitas vezes, os problemas de compreensão de um texto residem m
todo dia emissão de hipóteses não-confirmadas que os alunos não lembram ter feito/
mas que condicionam sua imagem mental do que estão lendo. As diferenças
na interpretação de uma mesma história por parte dos alunos evidencia a
projeção de seus próprios conhecimentos e sistemas de valores da história.
dos Penkamuskas
Muitas vezes, quando os alunos percebem o erro, não têm consciência
de onde ocorreu a ruptura e não podem retificá-lo. Os exercícios de expliatação
das antecipações pressupostas podem ajudar a evitar tal problema.

Tente resolver este enigma:


Um pai e um filho sofrem um acidente no qual o pai morre e o filho fica ferido. Já no
o rechaçaram hospital, a equipe médica analisa a situação e decide fazer uma cirurgia. Ao ver o restado
o receberam
menino, no entanto, quem faria a operação diz: "Não posso, é meu filho".
o saudaram [É preciso encontrar a solução no fato de que o cirurgião é uma mulher e, normal-
mente, pressupõe-se que se fala de um homem se não se diz o contrário.)

reverencias muitas Podem-se realizar outras atividades na mesma linha, fazendo com
saudações calorosas que os alunos tirem conclusões que se prestam a isso, especialmente: rela-
palmadas grandes
tos de mistério, artigos de opinião, reportagens, etc. A partir dosdados
acumulados, devem-se formular conclusões e comprovar que todos os
elementos se encaixam entre si.
Toda a linguagem está cheia de informações implícitas que sedevem
não sabia com que cara ficava deduzir do significado das palavras, da construção da frase, etc. Os alu-
estava preocupado
estava com o nariz pintado
nos podem tomar consciência desses mecanismos de pressuposição me-
diante exercícios como;
todos
a que alguns
de quando em quando Quando dizemos a frase:
"Surpreendeu-nos que o Barcelona tenha ganho",
além do que dizemos de maneira direta, tarnbérn damos uma informaçãsdoque
apertavam seu nariz pensávamos, do que pressupúnhamos. Nessa frase, a informação que damos é:

1. O Barcelona ganhou,
2. A vitória do Barcelona nos surpreendeu.
\Terrabastall, Barcelona, Editorial Tefde, 1980.] 3. Nós acreditávamos (supúnhamos) que o Barcelona não ganharia.
144 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreende

Que informações nos dão as seguintes frases?


Mamãe se assustou por Marcos ter ficado em casa a Carde toda.
Muitos se espantam que Pedro e Paulo voltem a ser amigos.
Surpreendeu-nos que em uma hora fizessem todo o trabalho.
O treinador não podia crer que todos estivessem bem.
Os colegas acham estranho que Agustfn não tenha chegado primeiro.
A avó ficou admirada de como seu neto tinha crescido.

(Espetec, Barcelona, Editorial Teide, 1984.]

Também se pode ir lendo um texto em voz alta que os alunos acom-


panhem com atenção para descobrir e verbalizar todas as inferências ou
as de um tipo determinado (mudanças de tempo ou de lugar, sentimentos
e estados de ânimo dos personagens, etc.). Todas as inferências indicadas
devem justificar-se a partir da informação explícita no texto. Assim, a lei-
tura de conteúdos implícitos é o objetivo de exercícios como os seguintes:

EVTRAMUROS

Voltam os pardals a recolher-se no ninho do cipreste, e o sol cai, flor da árvore do dia. O
campo, com a sombra, parece que se foi. Meninas e anjos cruzam sua aguda gritaria.
As vezes, entre o pó malva, um rufdo de guizos passa, de carroças que voltam das vinhas
verdes, deixando rastros fragrantes de desejo, que fazem tremer, um instante, as vozes das
meninas.
As estrelas começam a contemplar o mundo.
-Homens tristes retornam junto ao muro cor de amora.
No fim é somente a brisa a dona do profundo momento, e é mar de ilha de povo As imagens também nos sugerem coisas que não vemos. Quais destas frassta
amuralhado. coisas que encontramos na fotografia e que outras podemos imaginar?
(Juan RamónJiménez]
A menina abre a janela para pegar a cesta.
O poeta nos diz muitas coisas de uma paisagem que contempla ao anoitecer. Algumas ele A cesta está pendurada.
diz diretamente, por exemplo: os pardals fizeram um ninho no cipreste; outras, podemos adivinhar Na cesta há pão.
porque as diz indiretamente: podemos supor que os habitantes do povoado são camponeses que A menina usa um vestido estampado.
cultivam vinhas porque se refere a "carroças que voltam das vinhas". A menina está com a mão no parapeito.
Quais destas frases dizern coisas que encontramos no poema e quais não? A menina está com fome.
O vizinho de cima é amigo da menina.
Descreve-se o entardecer
Há um relógio sobre o aparador.
O céu está limpo
Ouvem-se as meninas que brincam A parede do quarto tem forro de papel.
O sol se põe O parapeito é de ferro forjado.
Já não se vêem os campos A menina tern sete anos.
A poesia descreve os arredores de um povoado O vizinho lhe dá comida escondido de seus pais.
O povo está amuralhado A casa é grande.
Quando escurece, cessam todos os ruídos O vizinho de cirna tirou o cinto para segurar a cesta.
Ocorreu alguma desgraça A esquadria da janela é de pedra.
É primavera A casa é velha.
As meninas sentem frio
Aparecem estrelas no céu [Brunzit. Barcelona, Editorial Teide, 198 i.)
Os camponeses regressam ao povoado
Caem as flores das árvores
146 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender^

U Exercícios de percepção e discriminação rápida de indícios arduamente calefação constituição


concerto
antigamente bonificação
explicação conduzir
Condicionado pela percepção do que espera encontrar, o leitor terá de naturalmente condicionado
infelizmente população
fixar-se em indícios suficientes para comprovar qual das opções possíveis o injeção considerado
amavelmente
texto lhe apresenta. A habilidade para selecionar os indícios mais significa- placidamente extração constante
tivos e da forma mais rápida possível pode ser melhorada mediante um condução conceito
passivamente consciente
bom treinamento percepíivo e do desenvolvimento de técnicas para uma antigamente putrefação
conserva
exploração adequada do texto. Trata-se de propor atividades voltadas a: placidamente solução
poluição consulado
rapidamente
provocação contribuir
1. Facilitar a leitura instantânea da maior quantidade de texto possí- alegremente
calefação contrário
voluntariamente
vel mediante a ampliação do próprio campo visual de cada leitor. supostamente distração contraponto
2. Agilizar os saltos visuais no texto e evitar as regressões desne- insurreição consideração
possivelmente
contente
cessárias do olhar sobre o que já se leu. antigamente perdição
3. Discriminar os detalhes diferenciadores das unidades linguísticas cantar
para conseguir sua identificação de uma maneira mais imediata. contrário fácil
4. Saber orientar-se pelos indícios. fácil canto
entrar
favor canção
corsário
facho cantina
Muitos exercícios desses itens têm como objetivo a melhora da velo- contrário
cantor
sumário fato r
cidade de leitura mediante a automatização efetiva da exploração dos ní- facial cansar
sudário
veis inferiores do texto, já que o desenvolvimento e a automatização des- maltratar fácil cantar
sa habilidade tornam-se indispensáveis para que o leitor possa dedicar falso canteiro
armário
facção cantava
sua atenção à construção do significado, evitando o que se conhece como contrato
candil
efeito túnel, que descrevemos anteriormente. entrada faceta
A diversidade de exercícios pode ser muito grande. Destacamos ape-
nas alguns tipos e damos alguns exemplos ilustrativos. Os manuais de
leitura oferecem muitas ideias que se aproveitam para o ensino escolar. 2. Percepção global
Em muitos desses exercícios, convém levar em conta a velocidade Estes exercícios são voltados a possibilitar a percepção rápida das
progressiva com que os alunos e as alunas os realizam. Podem ser leva- palavras. É aconselhável que o número de palavras ou frases seja sito
dos a cabo tanto em forma de jogos coletivos como de prática individual, temente Brande para permitir o cálculo da diferença de velocidade entre
em que cada aluno pode ir controlando seu progresso. ^SeJvas realizações. Por esse motivo, oferecemos o p r i m a i -
pio, como poderia ser dado aos alunos de ensino fundamental.
1. Discriminação visual mais exemplos, limitamo-nos a algumas linhas ilustrativas.
Estes exercícios tendem a possibilitar que o aluno distinga entre pa-
lavras cada vez mais parecidas por sua forma a partir da captação global Encontre e sublinhe o mais rapidamente possível o nome do dês enh o
rápida da palavra ou inclusive de frases inteiras: Se não houver nenhum que lhe corresponda, sublinhe o número da linha corres pmdente.

Quantas vezes encontramos repetida a palavra que encabeça cada coluna?

antigamente calefação concerto


geralmente estação congelado
totalmente habitação contrato
paralelamente doação concentro
primitivamente exploração condenso
148 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender 149

5. feliz deslize perdiz feliz


4' caçador mandril crocodilo
6. fome cume lume
homem
7. caminhar caminhão caminharás caminhar
capa copo cepa sobejo sapato
8. sapato sapo
5' f 9. bruto bruto brusco busco

bicicleta bicolor botelha 1 0. fácil fóssil fútil fácil


6' ^&
amplo ângulo gargalo
7 ô t
i Quantos nomes de animais há nesta lista? E de flores? E de peças de vestir?
8. g sopa cogumelo sesta "' !
arada ojuiz a criança a galinha
S

•!; o asno o porco a navalha a blusa


9- K gasto grilo galo
1 o nariz a abelha a hora a barca
•0$
^•3- i a cova o sonho abola o pato
1 0. >-, chama chave chora .^ t a rosa a saúde o artigo a maleta
í o sapato o piano o balcão o azulejo

derrota
1
as violetas 3 corda a mimosa o pombo
barreira barra . ",, '•;

"' ,-,'i1
a onda a vaca a metade o operário
i
o orvalho o gesso o cavalo as meias
i
cesta casta costa ..,.1, i. a verdura
12' ^ ; a lebre a tulipa o papel
o coelho o motor a laranja a caverna
(
i
pente cavalo diferença ;"
l3 ' |@* : -**
t
J
14. •* \ nariz verniz narrar i;
;1
Quantas vezes encontramos repetida a seguinte frase?
' ' í'5'ií Amanhã iremos patinar.
15 ,-n -v-^- _ martelo castelo amarelo ';-£
'^
•KM*!»"^'
^=^"^° Amanhã iremos patinar. Amanhã iremos ao parque. Depois iremos patinar.
. -. eç Amanhã iremos passear. Montaremos depois de patinar. Hoje Iremos patinar.

16' Qi
potro barraca poltrona .óí(| Amanhã começaremos a patinar. Marcaremos onde patinar. Amanhã iremos patina
,(..m

(H Richaudeau. Je deviens un vrai /ecteur.)


Para exercitar a captação global de signos/ podemos usar exercidos
•í^SÍ
com desenhos ou outros elementos. Embora a captação dossignos
linguísticos tenha características específicas, o hábito de exercitara visão
Encontre o mais rapidamente possível a palavra de cada linha que é igual à primeira.
Se não houver nenhuma, sublinhe o número que há no início. i
nas diferenças gráficas, ou na relação de elementos com seu conjunfOj
poderia favorecer a capacidade perceptiva visual dos alunos. Os jogos
- • • £v que se encontram em muitos livros ou cadernos de "passatempo"podem
1. sopa copa sopa sapo 1 •••*- ;•'
2. fogo rogo logo fogo \. • ser muito úteis.
3. coelho colo coelho cotejo >£••
4. carnaval carnaval cabedal cavalo í '. i
150 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

4. Agilidade visual
É preciso igualmente aumentar a agilidade visual e saber desligar-se
da linha para saltar com rapidez no papel. É verdade que no inídoda
aprendizagem é difícil, para as crianças, não se perderem no texto/ e essa
foi uma das justificativas escolares para propor apoios, como acompa-
nhar a leitura com o dedo, etc. Mas, na realidade, todas essas dificuldades
referem-se à falta de controle do leitor em sua exploração visual/tanto
quando se traduz em saltar a linha como em operar muita colado nela, de
maneira que o treinamento perceptivo terá de incidir no aumentodesse
controle. Assim, exercícios como ter de sair da linha para encontraiain-
formação que falta e em seguida voltar a ela incidirão na agilidade e na
precisão da exploração visual.
Nos exercícios a seguir, o aluno deve procurar ler os textos oralmente
e de forma contínua, embora muito lentamente. Se não conseguir preverá
palavra que falta, terá de erguer os olhos e procurá-la.
Leia este conto de G.Rodari. As palavras que faltam, você as encon-
trará, pela ordem de que necessita, nas três colunas abaixo do texto.

O SOL E A NUVEM
Entre estes desenhos há l O diferenças. Quais são?
O sol viajava pelo. _, alegre e triunfante no carro de fogo,, .sejs raios
(Picanyol: Mussoi] _e a direito, o. provocava a indignação de. nuvem de humor tempestuoso,
resmungava:
-Esbanjador, dissipador, todos os teus raios, e verás, logo, quantos .
3. Percepção dos elementos mais significativos sobrarão no final!
das letras das palavras vinhas, cada cacho , uva que amadurecia nas roubava umraiopor
, ou mesmo ; e não havia um filamento de erva, uma aranha, nem
Segundo a opinião de Smith (1971), o leitor faz um uso seletivo dos uma , nern uma gota de que nãofizesseo .
indícios gráficos. Pode-se comprovar facilmente que a parte superior da -Tu mesmo deixas que os roubem; logo como te agradecerão, já
letras traz mais informação gráfica que a inferior: não tiveres nada para deixar-te roubarl
.sol continuava alegremente, _viagem, ofertando. .raiosa miares,a
Ti X A TDTTTT C\r esse motivo, parece interessante treinar os leitores a pôr os olhos milhões,. .nem sequer _
Somente ao anoitecer _ . os raios que lhe ,: mas veja,. lhe faltara nern
,. A nuvem, de tão , desfez-se em. . E o sol. .alegremente no mar.

nessa parte das palavras, com exercícios de leitura como o seguinte: cepas
minuto
dois
Kathult era uma casa de campo ™' >'*« bonita; era pintada de vermelho e ficava em
nem
uma colina entre macieiras e »!«'«>*•>«•. E ern torno dela havia sementeiras, prados, pequenos
bosques, um lago e um bosque .nrar"HQ muito grande.
nem
flor
Kathult «•<"•!•> um lugar tranquilo e plácido se Miguel não »ÍWAC« neje. água
mesmo
- Este menino r*™™* faz travessuras - dizia 'In:t. E se não é ele, por azar sempre se todos
passa algo à sua volta. Eu vi um menino igual. verás
quando
(A. Lindgren: Miguel de Lônnenberga.] mais
152 T. Colomer & A. Camps
Ensinar a ler, ensinar a compreendei

Leia este texto. As palavras que faltam, você as encontrará abaixo, No exercício seguinte, combinam-se a agilidade para mover osolhos
em ordem alfabética.
das palavras aos números e ao desenho com a rapidez de ler globalmente
as palavras. Não se trata de um exercício de vocabulário, embora também
O ratinho Martin fazia urna sesta do tronco de uma árvore foi despertado
possa servir para recordar os nomes das partes do corpo. Porém, quasido
por fortes golpes. parede. E não eram apenas os . O ratinho Martin sentiu que se faz o exercício de leitura rápida já se deveria saber isso, porque os alu-
sobre eie estilhaços e serragem que fizeram saltar como se tivesse entrado nos devem encontrar justamente os erros.
raio. Oihou pelo buraco e viu pica-pau que picotava um pouco mais . "El,
mestre", advertiu o ratinho. "Você toma por um sino?" "Oh, perdão!ir, o pica-
pau. "Não sabia , o tronco era habitado. Vou pegar pedaços e os colarei. O desenhista cometeu erros. Assinale o mais rapidamente possível no desenho os
um pouco de saliva." o
o ratinho
ratinho se
se deu
deu conta
conta c'
de que buraco aberto pelo pica- números que não correspondem à lista abaixo.
pau, entrava maravilhoso raio de sol e disse: .se preocupe, pica-pau, vamos
deixá-lo assim. Um pouco de luz . irá bem para
, . _ eu
__....
ler o jornal." Mas o não o
ouvia porque estava uma fileira de formigas e pulgas tinha se formado para
contemplar. incidente. O rato, ao ver isto, muito contente: "Isto é magnífico!
pica-pau me abre uma janela quando necessito e depois me tira de as
formigas e as pulgas que molestam. É urna jóial". E ratinho Martin convidou o
pica-pau a com ele na árvore. Mas, ideia não era tão boa. toc-toc do bico na
madeira. a tornar-se tão insuportável que o teve de fazer as malas e para
outra árvore. "Não se , ter tudo!", exclamava descendo pelo entre os toc-toc do
pica-pau.

Palavras que foram tiradas, em ordem alfabética:


a, a, acima, caíam, chegou, com, comendo, dela, dentro. Ele, Ele, ele, ele, em cima, ficou,
golpes, Mas, me, me, mudar-se, na, Não, o, os, para, pelo, pica-pau, pode, por, quando,
que, que, rato, respondeu, seu, tanto, tronco, um, um, um, viver,

Leia o texto a seguir. Escolha a palavra que falta em cada caso entre as duas que estão
em cada lado da linha que esteja lendo:

Os invernos, na latitude da ilha


quase de Sullivan,. . nunca são rigorosos, e é uma
que sempre
raridade . no final do ano se tenha de quem
metade acender o fogo. Por volta de de outubro
noite meados
de 18.., no entanto, houve um frio de dia
sol verdade. Pouco antes do põr-do- , abri
o tarde pálpebra [44], pescoço [40), boca [2], punho [47], cabelo [12], queixo (51), calcstojii),
caminho pelo mato até cabana de meu a
meses cotovelo [31], quadril [13), dedão [17], nariz (15), sobrancelhas (20), ombro jH],piia
amigo, que há muitas não via, porque semanas
em (i Í], olho (18), polegar (24], joelho (7], dentes [50], coxa [3), mínimo (1), Índi0dor|l9),
naquela época eu vivia em Charleston, a
voltar nove milhas da ilha, e as facilidades para. fronte [37], maçã [34], peito (42), tornozelo (25), orelha [68], braço (5).
hoje ir
vir estavam muito longe das que existem . comumente
porta Ao chegar à cabana bati tinha o hábito de (F. Richaudeau. Je deviens un vraílecteur]
animai como
fazer e, não obtendo , procurei a chave no resposta
esconderijo onde costumava 5. Fixação da vista

deixá-la , abri a porta e entrei na cabana. Na lareira, a) A leitura rápidabaseia-se na capacidade de captar unididesgb-
bom descansá-la
havia um fogo. Era uma novidade, e nada aceso bais mais amplas que a palavra. Muitos exercícios que fomentam
desagradável, certamente. a velocidade leitora são voltados a ampliar o campo visu^iab
(E. A. Põe: O escaravelho de ouro] -zindo o número de fixações por linha de texto. Esse é oobjetívo
de um exercício como o seguinte:
154 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

rainha - couve - multiplicação


Prova de mover os olhos saltando de asterisco ern asterisco: copiar - guerra - felizmente - couve
condutor - governador - parede - isto
moto - ponto - apartamento - ferida - canção
Sara e Eva eram amigas; compartilhavam composição - construção - peruca - alegre
imprudente - imaginação - mentira - couve - bonita
bandido - surpresa - coar - papeleira - construção
seus contos e seus sonhos, suas visões

c) Ler textos reais de maneira rápida para encontrar palavras ou


de cada coisa. O que lhes parecia importante responder a perguntas prévias são ativídades voltadas a aumen-
tar a velocidade leitora e a agilidade na escolha. Podem-sereali-
zar buscas rápidas de informações determinadas como as dos
Sara anotava em um caderno grosso seguintes exercícios:

de capa azul que ficava guardado muito em segredo Procure em uma receita de cozinha os elementos necessários para cozinhar um prato e
anote-os

em urna caixa com chineses pintados Busque no seguinte verbete de dicionário o significado de espelho de corpo intim, da
locução olhar-se como em um espelho e de que palavra latina provém a palavra r1"**1

b) A leitura de palavras em colunas cada vez mais longas ajudará a Espelho (ê). [Do lat. Gráf. Desenho ou esquema 10. Brás. Nas máquinas a
ampliar o campo visual e acostumar-se a reduzir o número de fixa- specithi.] S. m. 1. Ôpt. Super- que orienta a paginação de vapor, a parte .do cilindro
ções oculares. Pode-se preparar um material muito graduado em fície refletora constituída um impresso em conformi- sobre a qual deslizaosula-
sua progressão; tanto no número de colunas (uma, duas, três) como por uma película metálica dade com a diagramação que, 11. Bros. Destjnação
no número de letras de cada coluna (quatro, cinco, seis, sete, etc.). depositada sobre um dielé- estabelecida. 7, Encaâ. comum às placas aiferiore
trico (geralmente vidro) po- Charneira (5). 8. Típ. Plani- posterior das caldaras^s
lido, ou pela superfície de lha (1). 9. Turfe. Linha de quais são presos acabos.
Quantas vezes está escrita a palavra couvél E coafi E colar! E as palavras papeleira
um corpo metálico polido. chegada das corridas de 12, Zoo/. Mancham área
e construção? 2. Objeto que serve para cavalos, assim chamada transparente nas aasdeal-
refletir as imagens das pes- porque nela realmente exis- guns lepdópteros.B.Zooí.
couve soas e das coisas. 3. Kg. te um espelho, através do Mancha nas asas è certas
coar Modelo, exemplo: espelho de qual se pode observar na aves, formadaporrenasde
paz
virtudes, í. Fig. Imagem, re- fotografia a chegada pelos colorido brUhante.14.lfe
cor
fosso
presentação, reflexo: Os dois lados e dirimir possí- Num trocador dt calor,
iista
olhos são o espelho da alma. 5. veis dtividas quanto ao peça onde se soldam os tu-
pastor Arquil. A parte vertical do vencedor ou às colocações bos.
coar degrau da escada. 6. ArL posteriores; disco final.
estudante
solo - couve
lebre - cal
cama - papeleira d) A necessidade de conhecer os indicadores convencionais de or-
porco - circo - colar denação informativa (o alfabeto, os diversos tipos de dicionários,
explicação - mistura - couve listas telefónicas, índices, catálogos de biblioteca, etc.) já Mmetv
folga - representação - cal cionada no item sobre a explicitação da intenção leitora e do
colar - maquinista - papeleira
corrida- coar- muitíssimo
planejamento dos passos a realizar. Sua inclusão também neste
item deve-se à necessidade de treinar em seu uso e ganhar segu-
Ensinar a ler, ensinar a compreender_M
156 T. Colomer & A. Camps

rança e velocidade. De fato, todos sabemos que não é suficiente a) O exercício seguinte consiste em escolher as palavras ^cessarias
saber que devemos buscar uma informação a partir da ordem para compor uma frase que possa responder a um dos temas pro-
alfabética, mas é preciso ter muito interiorizado que o F vem an- postos.
tes do G ou o I depois do H (e não apenas na primeira letra da
palavra como às vezes crêem as crianças!) para não perder muito Escolha uma das duas palavras de cada coluna que sirvam para compor uma frase e indique
tempo. Assim, o mesmo tipo de atividades anteriores nos servirá o título que lhe corresponde.
aqui, porém voltadas à aquisição de rapidez na busca ou na ex-
plicação das operações realizadas. [Õntêml melhor [pãj] janela azeite por [no] .cinzeiro

Convém que esse tipo de exercitação se faça sobre material real: jornais, nunca [meu"] pão [plantou] [rosis] em a Qardimj
revistas, anuários, etc., e através de perguntas orais para acostumar os alunos
[ ] O desjejum
a moverem-se entre eles comfacilidade e é importante também que o material [X] Jardinagem
não seja excessivo para a duração do exercício. A condição evidente é que a
escola disponha normalmente de jornais diários e semanais. O armário toca uma boina com o máquina
Mais palhaço tigre a canção por a sanfona
Estreou o filme O mistério da libêlula. De que nacionalidade é e em que cinemas está pas- ( ] O circo
sando? [ ] O trabalho
Quem é o diretor e de que trata o filme A era do gelo!
O folha azul o gato ontem dorme
estreias
A menino olha uma vaso que perto
A Era do Gelo O Mistério da Libêlula [ ] Desjejum
(EIW2001) De Chris Wedge. Bichos ten- (EUA/2002) Com Kevin Costner. De Tom [ j Sesta
tam devolver um bebé humano paca seu Shadyac. Médico acredita que sua esposa
pai. Animação, Livre, 115 min. morta quer falar com ele. Drama. 12 anos.
Aeroõne 3 (15h3G) Dublado. 101 min. Este comerei espinafres no parar
Onemark 5 (13h35) Dublado. AerocJne1(10h-12h45-l5h3D-18h15-2lh).
Iguatemi 9 (13h30- 16h- 18h30) Dublado. C«lteM(13h30-16htO-18h5Q-21ri30). Hoje bonito tesouras para jantar
Iguatetiit9(21h). Cent* 4 Í15h - 17M5-20h30).
CInen»rk3(14h-17h10-20h30-23h40).
( | Bom proveito
RuadaíYaia2(15!i3Q),
Victoria 2 (12h- 16M5) Dublado. Cinema* 4 (I4h50-18h15-2lh30). ( ) Boa viagem
GNC Bourbon 1 (I3H30- 16h15- 19h-22h}.
A Festa de M aro are tt e Sempre cavalo tinteiro o cavaleiro durante a água
(BFW2000) Com Hique Gomez. De Rena- O Grilo Feliz
to Falcão. Homem sonha em realizarfesta (BRA/2001) De Walbercy Ribas. Grito O papel tirou ao carro estrela o corrida
para a esposa. Comédia. Livre. 80 min. compõe músicas e dá lições ecológicas a
PSB. seus amigos. Animação. Uvre. 82 min. [ ] Um acidente
GNC Undóia 1 (13h30- 16h15-19h-22h). [ | • O ganhador
GNC Moinhos 4 (14h). GNCMoinhos2(13h30-16hl5-19h-21h45).
GNC praia de telas 1(22h}. GNC hnia de telas 3 (13h30- 16h15- 19h-22h).
Iguatemi 5(13h20-16h-18h40-2lh20). Lguatemi6{14b-17h-2Dh}.
Center2(16h-17h50-19h40). Iguatemi 7 {14H30- 17h30-20h3Q).
Cinemark S (16MS- 18h50-H W5-23h55). Imperial (13h4S-16h30-19hl5). b) Em outros exercícios/ pode-se comprovar que a escolha dapala-
vra adequada depende de diversas condições:
6. Relação entre antecipação e captação rápida das palavras .
1. Ser capaz de antecipar. .
Em alguns dos exercícios anteriores/ a percepção gráfica era exercitada 2. Ser capaz de avançar o olhar além do que se esta lenèoral-
em si mesma/ sem relação com o significado. Em outros/ no entanto/ era pre- mente.
ciso reconhecer o que queriam dizer as palavras. Nos que seguem/ a signifi- 3. Ir elaborando o significado do texto.
cação do texto baseia-se em uma adequada percepção das palavras.
158 T. Colomer & A. Camps

A neve provoca muitos acidentes.


Dessas condições dependerá a possibilidade de uma percepção rápi- A neve matinal cobre as montanhas. ano _
da e global das palavras. Os pinheiros e os abetos tem folhas durante
Não há dois flocos de neve iguais.
Para ler este texto, você terá de escolher às vezes entre duas palavras; procure esco-
lher a boa e risque a outra. ^u^Tpapel e depois leia;
Leid di uciics uu piiiii^ii- a--r— •
lembra quais são as palavras que faltam/
Ao lado dos correios há uma papelaria
A estação de trem da vizinhança não fica muito longe.
lsse S o carpinteiro, /5em \s para levantar-se.Embora tenha me apressado, perdi Ç oníbus
cantou/ r \por /
As ruas antigas desta cidade são muito estreitas.
Então < saltou > na oficina um< velhinho *y muíto Anda não pudemos visitar o Museu da C.enaa.
\/
• entrou ^arvnrwmha /
Ao lado dos há uma papelaria.
A estação de trem da não fica muito longe.
esperto que se <"chamava N pepe; mas os meninos
r ^ \a / r Embora tenha me . perdi o °n'^.
As antigas desta cidade são muito estreitas.
:. . .;_:,--.. « íiín«i| ( Ha
do< bairro>quando queriam < Perturbf'0 ,
N cinema / \encontra-Io

chamavam-no com o <f "j"? ^> de Mingau, por causa de sua


No exercício seguinte, os aluBos tem de co^a«r d ^^
^ems
^
distintas de descrições de objetos e ^ ^^ pod ems
um caso e em outro é a mesma ou não As• du*^torm de
cabeleira amarela que tinha o <^ 2n/,nci0^> do mingau de milho. segll,
apresentadas em duas folhas separadas para^compro
retenção da informação. Também se pode fazer com
Pepe era muito suscetívei. AÍ de S ^ue N o chamasse de Mingau!
r \m / a dos para compará-los.
Ficava feito uma <" ^nas> e não
\/ Comparemos os textos:
Bola de futebol , de competição. Foi
navía Squemo</ escutasse Esta bola de futebol que lhes Apresentamos;é ^ tas e brancas,
cabia X \e
couro natural e costurada à mão. É formada por
um produto impermeável.
Esquis de fundo dosamente com ^
Excrcitacão da memória a curto prazo des
Estes esquis de fundo são para bons esquiador
base de madeira coberta por d.versas cam ^de addentados.
O trabalho sobre a memória a curto prazo tem uma repercussão dire- lizar facilmente e girar com segurança, inclusive em
ta nas atividades de exploração do texto e de elaboração imediata da in-
formação. Por esse motivo, proporemos atividades voltadas a aumentar a Relógio de criança . m ca|endário que'
capacidade de retenção de palavras ou frases. A caixa deste relógio é de aço cromado. Te.i uma es^ra n ^^e um ^
o dia da semana e o do mês. Todos «= P«^ '^^rpode mergulhar até uma Pr°
uma pilha elétrica que deve ser trocada uma vez por ano.
eira é metálica.
Leia as frases seguintes. Depois disso, tape-as com um papel e leia as seguintes. Que
frase é exatamente igual a alguma primeiras? Comprove se as informares ^ *"*
guir oferecem a mesma informação que os textos
O gelo é responsável por muitos acidentes.
A neve da manhã é sinai de bom tempo. Bola de futebol da a mão, 32 peças p reta
Não há dois flocos de neve iguais. Bola de futebol, modelo de competição. Couro natural costurada
Os pinheiros e os abetos não perdem as folhas no inverno. 'brancas, revestimento impermeável.
160 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler/ ensinar a compreender 161

Esquis de fundo Identificar as incoerências


Esquis de fundo para bons esquiadores. Fabricação cuidadosa. Base de madeira coberta
por diversas camadas de fibra de vidro. Seguros e manejáveis em todo tipo de terreno. Urn tipo de exercício frequente e que ativa o mecanismo de controle
Relógio de criança
consciente da compreensão consiste em assinalar a parte do texto que fal-
Relógio de criança. Caixa de aço cromado. Esfera central. Calendário que indica o dia do
ta/ que sobra ou que não está de acordo. Por exemplo:
mês. Ponteiro e números luminosos. Pilhas fdois anos de duração). Pulseira de couro.
Nesta história há um balão com o texto equivocado. Qual é? O que teria de dizer?

Se você deixar o carro debaixo desse andaime


Estratégias de controle e compensação de erros dos pintores, você pode encontrá-lo cheio )
de manchas de Unta. ^

As estratégias de previsão e verificação do texto são utilizadas pelo lei-


tor para ir configurando sua representação mental do significado do que lê. O
leitor deve estar consciente o tempo todo do que está entendendo/ de quando
ocorre uma falta de compreensão e da importância dessa confusão para/ en-
tão/ poder recorrer à estratégia adequada para compensá-la. Normalmente/
em uma leitura fluida/ os leitores não são conscientes do controle que têm
sobre a própria compreensão/ nem mesmo de alguns pequenos problemas
com que podem se deparar/ porque aplicam de maneira automática algumas O que esse homem esta
estratégias úteis. Somente quando o problema é importante se tornam cons- pensando! Tenho de lhe dar
uma multa por ter deixado
cientes dele. Os textos com erros podem ser um instrumento útil para tomar seu carro muito perto do meu

consciência do mecanismo que se segue na compreensão e também para apli-


car explicitamente estratégias para resolver a falta de compreensão que se
produz. E evidente que/ no momento de resolvê-la/ se põe em funcionamen-
to todo o processo de elaboração de hipóteses do qual falamos.
A graça de muitas piadas baseia-se na transgressão das regras de pres-
suposição/ na atribuição de um significado diferente do que se esperaria
do contexto para uma frase ou palavra determinada. Assim/ pode-se pe-
dir aos alunos que expliquem qual é o erro de interpretação que produz a
graça de piadas como as seguintes:

Explique qual é a graça destas piadas:

O juiz diz ao acusado:


-Você pode escolher entre dois dias de prisão ou cinco mii reais.
-Pois, quer saber? Me dê as cinco mil reais. Quando ler minha notificação, o
jroprietário do cairo dirá; veja, els aqui
uma pessoa que lern senso de
L responsabilidade
Um senhor comia no restaurante e, quando terminou, o maftrelhe disse:
A-
-Como achou o bife?
-Pois, olhe, casualmente, debaixo de uma batata.

Embora os exercícios que se oferecem como exemplo pudessem ser re-


solvidos de maneira rápida e silenciosa pelos alunos como exercícios de aula/
o mais interessante é explicar por que se consideram equivocados/ verbalizar
o significado do que foram construindo e os caminhos seguidos para fazê-lo. (Cava!!Fort. n°. 553/554.]
162 T. Colomer & Á. Camps
Ensinar a ler, ensinar a compreendei

Nesta história acrescentou-se uma fala que sobra. Sabe dizer qual é?
Indique a palavra que não combina com o sentido do texto:
O õnibus chegou pontualmente na porta de casa. Como na véspera as criançaifinhara
e estão com vontade de correi;
iof que riflo v3o atrás do trem e
ido para a cama muito cedo, levantaram tarde. Por isso, não estavam prontos e o Girafa
não deniro dos vagões? Nem se embora sem esperar por eles.
desculpam de nadai

Resolver a falta de compreensão


Ao fazer alguns destes exercícios, pode-se pedir aos alunos que si-
gam determinadas estratégias para resolver a dificuldade de compreen-
são que a palavra ou frase comporta, ou inclusive o erro que o professor
introduziu voluntariamente.

Reconer ao contexto
a) No exercício seguinte, é necessário advertir que os alunos pth
dem escolher entre os significados possíveis das palavrasilceis
de cada frase pelo contexto no qual aparecem, sem necessidade
de recorrer ao dicionário.

Escolha na lista abaixo de cada frase qual deve ser o significado de cada palavra finfâm:

"Aproxirna-se uma época de emergência, durante a qual teremos de etf/masme-


dídas de segurança."

Extremar: deixar à parte


começar pelo extremo
aumentar
suavizar

"Não gosto de falar com tanta dureza nesses momentos em que ele sofre pesoaliWr
te os efeitos da perniciosa política que o país seguiu nos últimos anos."

perniciosa: que faz falta



que pertence aos que perderam a guerra
metálica

"Se você quer saber onde fica a rocha de Vacamuerta pergunte a qua [quebra os
\CavaIIFort, n°. 553/554.1 nomes dos acidentes geográficos daquelas paragens"

paragens: tipo de veículo puxado por urn animal


verdadeiros
pessoas que trabalham no campo
lugar ou parte de um povoado ou região
164 T. Colomer & Á. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

b) Muitas vezes, embora o texto contenha erros, eles podem ser cor- O FANTASMA DE KANSAS
rigidos com a ajuda do contexto
"Meu banco é o ArchimedeTrustAssodation. É um estabelecimento que oferece todas
as garantias de segurança. Seu pessoal é educado e tem seu serviço médico própró,cuja
única função é estabelecer os registros que em seguida são armazenados nas caixatfortes.
Neste texto, foram mudadas algumas palavras por outras que não se encaixam nele.
"E faz duas semanas que os roubaram.
"Isso rne causou alivio. A data de meu controle de rotina se aproximava e eu fensava
De quaiquer modo, tente entender a história:
com inquietação no corte que imporia a minhas economias. E eis que alguns ladrõerouba-
vam meu banco, apoderavam-se de uma quantidade considerável de valores e, toados
Nesse ponto de minhas reflexões, fiz um esforço para lembrar e lembrei mesmo, niti- pelo entusiasmo, destruíam todos os cubos-mernória. Todos, até o úkimo. Só réstia uma
damente, todos os volumes que ocorreram naquela noite. O tempo estava fresco (oh rara e poeira de minúsculos fragmentos de plástico. Naturalmente, teriam de ser substititera
feliz circunstancial] e na lareira havia um bom fogo. A caminhada tinha me reanimado e me sua totalidade, e no tempo mais breve possível. Os banqueiros não eram idiotas. Nfoeraa
sentei perto da juventude. Mas você tinha habitado uma cadeira para perto da lareira. No primeira vez que o assalto a um banco servia para facilitar um assassinato. TambénoATA
exato momento em que ia dar-lhe um pergaminho, Wolf, o cão terra-nova, entrou e pulou tinha de inventariar todos os titulares de contas, e isto no espaço de poucos as. Um
sobre seus ombros. Enquanto o acariciava e detinha com a farinha esquerda, a mão direita,
trabalho que seguramente lhes custou mais caro que o roubo.
na qual segurava o pergaminho, resvalou entre seus joelhos e ficou muito perto do perdão. "Duas palavras de passagem para explicar o mecanismo desse tipo de operação. O
Por urp instante, achei que o resultado ia pegar fogo, mas, antes que pudesse avisá-lo, você ladrão não está nem um pouco preocupado com o dinheiro que roubou. De qualquer
o afastou e começou a examiná-lo.
maneira, em geral é muito arriscado dar saída a um produto desse tipo. É preciso ser um
delinquente muito excepcional para causar um revés nos programas incorporados dos com-
(E. A. Põe. O escaravelho de ouro.} putadores financeiros de hoje. Assim, o dinheiro obtido dessa maneira tem de serdeixado
de lado durante cerca de um século, se desejamos tirar algum proveito dele. Nãoíimpos-
sfvel, naturalmente, mas a polícia constatou que os criminosos suficientemente pacientes
Continuar lendo não são muitos. O motivo profundo do ladrão, quando há destruição de cubos-memôria
não é o roubo: é o assassinato.
Uma das estratégias que aplicamos com mais frequência quando não "De tempos em tempos alguém comete urn crime passional. Há poucas possilidades
chegamos a entender o texto é continuar lendo, já que o próprio texto nesse terreno, e o assassinato é a rnenos satisfatória. Simplesmente porque matar ima pes-
soa que voltaremos a encontrar seis meses depois passeando em perfeito estado tesaúde
esclarecerá a incoerência mais adiante. Aconsciência dessa conduta é fun- não é nada gratificante.
damental no controle da construção do significado, já que deve ser segui- "E quando a vítima contesta na justiça seu assassino por alienação de persoraldade-
da habitualmente na maioria das leituras. e obtém até 90% dos bens terrestres deste a titulo de perdas e danos -, isso signíEca voltar
Às vezes, há crianças capazes de detectar rapidamente a informação a faca contra a ferida. Além disso, quando se odeia verdadeiramente uma pessoa, Ê muito
que as surpreende ou qtie não sabem como relacionar, mas em compensa- grande a tentação de matá-la de verdade, definitivamente, como nos velhos tenpos, prh
meiro destruindo seu cubo-memória e depois suprimindo-a fisicamente.
ção ainda não aprenderam a suspender seu juízo e continuar lendo, reten- Isto é o que temia a ATA e, na última semana, eu teria tido direito a um guafeostas
do os dados soltos na memória. Como consequência, tendem a interrom- pessoal conforme as cláusulas previstas em meu contrato. Isso é uma espécie deprivilÊgio
per a leitura com a sensação de que não a entendem e, muitas vezes, ainda social que pega bem perante meus amigos, mas que não me impressionou deraisaléo
que peçam ajuda para retomá-la, o intervalo de tempo transcorrido faz momento em que me dei conta de que o banco ia deixar, por conta de seus gatos.meu
com que já não recordem com precisão qual era a dificuldade. próximo arquivo no âmbito do programa de urgência que havia implementado pafa insere-
ver em um repertório todos os titulares de apólices de seguros. Eles tinham se coopiometí-
Assim será preciso insistir no hábito de não interromper tão rapida- do a manter-me eternamente vivo e, ainda que rneu arquivo estivesse previsto apínaspara
mente a leitura e na exercitação dos mecanismos de controle da coerência. três semanas depois, eram obrigados a pagar de seu bolso. A jurisprudência eraforrnal:a
empresa tinha o dever de substituir o mais rapidamente possível os cubos extraiadosou
deteriorados.
Este é o início de um romance. Leia-o detendo-se depois de cada parágrafo para "Assim, eu deveria estar muito contente. Não estava, mas procurava serváenle.'
comentar o que entendeu que está se passando e vá assinalando a informação que ainda
não sabe como interpretar.
Por exemplo, no primeiro parágrafo fala-se de urn banco. Esse banco parece seguro,
eficiente, etc, mas não fica claro o que são esses registros feitos pelos médicos e guardados Recorrer a uma fonte externa
com tanto cuidado. Nada do que sabemos sobre os bancos tem relação com essa informa-
ção; portanto, sublinhe-a e espere para ver se mais adiante há alguma informação que lhe O termo desconhecido é essencial para a compreensão e deve-secon-
permita saber do que se trata. stútar o dicionário, outra pessoa, etc., para poder continuar.
Ensinar a ler, ensinar a compreender
166 T. Colomer & A. Camps

Imaginemos, por exemplo, que lemos pela primeira vez o texto se- "E o que devemos fazer, então?", lamentava o senhor Flarnbó,
um dia em que seu circo parou em uma cidade encantadora.
guinte e que não sabemos o que querem dizer as palavras interação e roti-
neiro. É possível que o primeiro problema pudesse ser resolvido pelo con- "Se ao menos tivesse o Leão Feliz,
esse famoso Leão Feliz que todo mundo ama
texto (um adulto e urna criança fazem coisas para o outro e com o outro). e que todo mundo vai ver em sua casa no parque zoológico,
Entretanto, o segundo problema parece mais difícil de resolver desse modo então não haveria cadeiras vazias!"
e, seguramente, seria preciso recorrer a uma fonte de informação externa. E foi por esse motivo que o senhor Flambó raptou o Leão Feliz.
Numa noite sem lua entrou no parque com uma jaula de leões.
"Um formato é uma interação constante e que se tornou rotineira, na qual um adulto Vem, pequeno, vem", chama com uma voz carinhosa,
e uma criança fazem coisas um para o outro e corn o outro. Visto que esses formatos sur- depois de abrira porta da casa do leão.
gem antes da fala léxico-gramatical, são veículos cruciais na passagem da comunicação à O Leão Feliz, que sempre fica alegre ao ver um amigo,
linguagem." salta dentro da jaula... e lá está!
No dia seguinte, toda a cidade se entristece.
[J. Bruner. A fala da críanç^.
As pessoas comentam a notícia pelas esquinas.
Ativcir a capacidade de controle da compreensão "Que horror!", dizem, "nosso Leão Feliz nos abandonou!"

Para acostumar-se a julgar a coerência dos elementos do texto; No jardim do Leão Feliz,
Francisco, o filho do guarda, está sentado em uma pedra e chora.
"Meu.querido Leão Feliz, onde pode ter ido?"
a) Podem-se fazer exercícios como, por exemplo, buscar um critério
semântico comum a um conjunto de palavras e encontrar as que "Onde este homem está me levando?", lamenta-se o Leão Feliz.
não combinam com ele: "E pensar que eu o tomei por um amigo!"
O senhor Flambó leva a jaula até o cais,
Em cada grupo há uma palavra que sobra. Qual é? onde há grandes barcos, com as chaminés soltando fumaça.
1. Fevereiro, julho, maio, primavera, abril, janeiro, março, setembro, outubro. O carro pára de repente e a jaula se abre.
2. Agradável, leal, amável, bonito, mentiroso, simpático, limpo, prestativo, manhoso. O Leão Feliz sai de um saito
3. Judo, equitação, esqui, futebol, pingue-pongue, natação, turismo, boxe. e corre a se esconder no primeiro buraco que encontra.
É um buraco mais escuro que a noite.
b) Também se podem apresentar textos que não correspondem ao É a adega de um barcol
nosso conhecimento do mundo, que contêm parágrafos erróneos,
apresentam finais narrativos incoerentes, etc. Se tais atividades
estão relacionadas a refazer o texto equivocado ou a imaginar o Quando o senhor Lentilla, o famoso fotógrafo de animais selvagens,
que poderia ocorrer nele, é preciso ter presente que continuar volta ao acampamento, levanta os braços surpreso,
uma narrativa costuma ser mais simples do que a operação in- ao ver um leão deitado em sua cama.
versa, isto é, pensar o início a partir de seu final, e ainda é mais De repente exclama:
difícil imaginar o meio, já que o aluno deverá julgar a coerência "Mas é o Leão Feliz! Caramba, eu o conheço!
tanto em relação ao que está antes quanto ao que está depois: Eu o fotografei muitas vezes em seu jardim.
Que aventura!"
Desperta o Leão Feliz depois de fazer uma foto dele,
Neste conto, falta o meio. Como você acha que poderia ser?
e se abraçam como dois velhos amigos.
O 1EÃO FELIZ NA ÁFRICA
Alguns dias mais tarde, um telegrama enche de alegria
O senhor Flarnbó percorria a França com seu circo. a cidade do Leão Feliz:
Porém, em todos os lugares "CHEGO DE AVIÃO COM O LEÃO FELIZ. LENTILLA."
os palhaços e os acrobatas faziam seus números diante de cadeiras vazias "Viva o Leão Feliz!", grita em uníssono a multidão
e não havia ninguém para aplaudir quando a foca tocava a trombeta. enquanto a banda roda La Marselhesa
168 T. Colomer & A. Camps Ensinar a ler, ensinar a compreender

"Bem-vindo ao lar. Leão Feliz!"


. E, finalmente, Francisco pôde abraçar seu amado leão. Diga se as seguintes frases são corretas ou não. Se não forem, diga por quê:
O menino caiu da bicicleta porque foi para o hospital.
Depois, o Leão Feliz volta ao parque
O camponês rega a horta porque quer que as plantas sequem.
com um esplêndido desfile ao som de marchas militares.
Vou lhe trazer o livro em casa se eu tiver vontade de lê-lo.
(L. Fatio, O Leão Feliz.) Sairei para passear embora o tempo-esteja muito bom.
O dia está bom, mas o sol está muito agradável.
É o dia de meu aniversário, portanto Ernesto se machucou na bicicleta.
Nesse sentido, é interessante também o livro de Contos para brincar,
de G. Rodari, que propõe três finais diferentes para cada narrativa/ a fim
de que o leitor julgue qual é a mais adequada. Ao final do livro, o autor dá Em geral, todas as atividades analíticas dos textos contribuem para
sua opinião a respeito. fomentar a capacidade de controle que tem suas raízes ras funções
metacognitivas e métalinguísticas do funcionamento da mente humana.
Descobrir a necessidade de conhecimentos prévios Por esse motivo, todas as atividades de reflexão sobre a leitura e de
O leitor deve poder decidir também de que conhecimentos prévios exerci tacão das diversas estratégias leitoras e especialmente a verbalização
necessita para entender uma informação em um sentido mais amplo que das operações que se realizam contribuem de maneira decisiva para de-
o do estrito significado de uma palavra desconhecida. Um bom exemplo senvolver a capacidade de perceber tanto o que não se entende como o
da grande quantidade de informação prévia de que o leitor necessita para nível de compreensão. Portanto, isso dificulta a delimitação dos exercícios
entender o texto são as notícias de jornal, e particularmente os títulos e que levam ao desenvolvimento dessa capacidade. Demos alguns exem-
subtítulos, jã que sintetizam o que há de novo em fatos sobre os quais já se plos que se referem claramente a isso. Em última instância, é o caso de
informou em dias anteriores. todos os que propomos neste trabalho.

Estes títulos de jornal não podem ser entendidos se não soubermos muitas coisas que não
se explicam aqui. O que necessitaríamos saber para poder entendê-las?
"Os dirigentes alemães tentam tranquilizar os europeus"
"Gorbachov pede apoio dos intelectuais para aprofundar a perestrofktf
"Israel pede explicações a Washington sabre o discurso de Bush na ONU"
"Os sindicatos dos agricultores anunciam novas ações contra o pedágio"
"Os quatro diplomatas iraquianos expulsos pelo Governo central abandonam a Espanha"

Corrigir incoerências
Corrigir mensagens mal-construídas por causalidade mal-atríbuída,
generalização incorreta, ou por muitas outras causas, ajuda a sensibilizar
os alunos nessas questões e acostuma-os a julgar a coerência do texto.

COLOMER, Teresa. CAMPS, Anna. Ensinar a ler ensinar a compreender -Porto


Alegre: Artmed, 2002.

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