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Deveriamos sempre
dizer a verdade?
A migração de pássaros
Conversa franca sobre
pureza sexual
A atitude de Cristo
para com os pobres
A história da Igreja
Volume 13 Adventista em selos
Número
postais

2
Conteúdo Diálogo Universitário, um
periódico internacional de fé,
pensamento e ação, é publicado
Editorial Artigos três vezes por ano em quatro
3 Desenvolvendo uma atitude de edições paralelas (espanhol,
gratidão francês, inglês e português) sob o
— Humberto M. Rasi 5 Deveriamos sempre dizer a verdade? patrocínio da Comissão de Apoio a
Universitários e Profissionais
3 Cartas Dizer a verdade é um imperativo bíblico e Adventistas (CAUPA), organismo da
Associação Geral dos Adventistas
Foro Aberto não apenas uma opção humana. do Sétimo Dia: 12501 Old
19 Por que me incomodar orando? Columbia Pike, Silver Spring, MD
— Don Driver — Ron du Preez 20904-6600, E.U.A.

Perfis 8 A migração de pássaros: VOLUME 13, NÚMERO 2.


20 Glória Diokno Copyright © 2001 pela CAUPA.
Outra evidência de desígnio divino Todos os direitos reservados.
— Linda Mei-Lin Koh
22 Barry C. Black Há um desígnio divino por trás de todas as DIÁLOGO afirma as crenças
— Stephen Chavez fundamentais da Igreja Adventista
maravilhas da Natureza. do Sétimo Dia e apóia sua missão.
Logos — Kyu Bong Lee Os pontos de vista publicados na
24 Vivendo com certeza em tempos revista, entretanto, representam o
de tribulação pensamento independente dos
12 Conversa franca sobre pureza sexual autores.
— Carole Ferch-Johnson
Seu conceito de Deus e o valor que você dá à Equipe Editorial
Livros
Editor-chefe: Humberto M. Rasi
26 Creation, Catastrophe & Calvary dignidade humana devem mostrar o caminho. Editor: John M. Fowler
(Baldwin) — Leonard Brand — Nancy L. Van Pelt Editor Associado: Richard
26 Sabbath Roots (Bradford) — Joan Stenbakken
Francis Gerente editorial: Julieta Rasi
15 A atitude de Cristo para com os pobres Consultores: James Cress, George
27 101 Questions Adventists Ask (Beach, Reid
Graz) — Mário Riveros “O mundo será convencido, não pelo que o púlpito Secretária editorial: Esther
28 José (Rojas) — Lourdes E. Morales- ensina, mas pelo que a igreja vive. O pastor no Rodríguez
Gudmundsson Secretárias editoriais internacionais:
Julieta Rasi (Espanhol)
púlpito anuncia a teoria do evangelho; a piedade
Para Sua Informação Corinne Hauchecorne e
29 Serviço Voluntário Adventista Louise Geiser (Francês)
prática da igreja demonstra seu poder”. César Luís Pagani (Português)
— Vernon B. Parmenter
— Walter Douglas Correspondência editorial:
Ponto de Vista 12501 Old Columbia Pike
Silver Spring, MD 20904-6600;
30 O ecumenismo no novo milênio 18 A história da Igreja Adventista E.U.A.
— Bert B. Beach em selos postais Telefone: (301) 680-5060
Fax: (301) 622-9627
32 Intercâmbio — Os Editores E-mail:
Em Ação 74617.464@compuserve.com e
104472.1154@compuserve.com
34 Progresso em Cuba
— Pedro Torres Comissão (CAUPA)
35 Testemunhando de Cristo Presidente: Léo Ranzolin
através da música Vice-Presidentes: Baraka G.
— Omar Rojas Muganda, Humberto M. Rasi,
Richard Stenbakken
Secretária: Julieta Rasi
Representantes Regionais Membros: John M. Fowler, Jonathan
Divisão Afro-Oceano Índico: Japheth L. Agboka. Endereço: 22 Boite Postal 1764, Abidjan, Costa do Marfim. Gallagher, Alfredo García-
Divisão da África Oriental: Hudson I. Kibuuka. Endereço: H.G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue. E-mail: Marenko, Clifford Goldstein, John
100076.3560@compuserve.com Graz, Allan R. Handysides, Bettina
Divisão Euro-Africana: Roberto Badenas. Endereço: P.O. Box 219, 3000 Berna, 32 Suíça. E-mail: Krause, Jonathan Kuntaraf,
74617.1776@compuserve.com Kathleen Kuntaraf, George Reid,
Divisão Euro-Asiática: Mario Veloso. Endereço: Krasnoyarskaya Street 3, Golianovo, 107589 Moscou, Federação Russa. Virginia L. Smith, Gary B.
E-mail: esdsda008@mtu-net.ru Swanson, Mario Veloso
Divisão Interamericana: Carlos Archbold e Bernardo Rodríguez. Endereço: P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0760,
EUA. E-mail: 74617.3457@compuserve.com e jovenes@interamerica.org CORRESPONDÊNCIA SOBRE
Divisão Norte-Americana: Richard Osborn, José Rojas e Richard Stenbakken. Endereço: 12501 Old Columbia Pike, CIRCULAÇÃO deve ser dirigida ao
Silver Spring, MD 20904-6600, EUA. E-mail: 74617.545@compuserve.com e 74617.760@compuserve.com e Representante Regional da CAUPA
74532.1614@compuserve.com na região em que o leitor reside.
Divisão Norte-Asiática do Pacífico: David S. F. Wong. Endereço: Koyang Lisan, P.O. Box 43, 783 Janghang-Dong, Os nomes e endereços destes
Lisan-Gu, Koyang City, Kyonggi-do 411-600, República da Coréia. E-mail: dsfwong@ppp.kornet21.net representantes encontram-se à
Divisão Sul-Americana: Roberto de Azevedo e José M. B. Silva. Endereço: Caixa Postal 02-2600, 70279-970 Brasília, DF, esquerda.
Brasil. E-mail: educa@dsa.org.br
Divisão do Sul do Pacífico: Gilbert Cangy e Nemani Tausere. Endereço: Locked Bag 2014, Wahroonga, N.S.W. 2076, ASSINATURAS: US$12,00 por ano
Austrália. E-mail: Gilbert_Cangy@SDASPD.adventist.org.au (três números). Ver cupom na
União Sul-Africana: Glen Africa. Endereço: P.O. Box 468, Bloemfontein 9300, Free State, África do Sul. pág. 11.
Divisão Sul-Asiática: Justus Devadas. Endereço: P.O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu, 635110 Índia.
Divisão Sul-Asiática do Pacífico: Oliver Koh. Endereço: P.O. Box 040, Silang, Cavite 4118, Filipinas. E-mail: Diálogo tem leitores em
okoh@ssd.org
Divisão Trans-Européia: Paul Tompkins e Orille Woolford. Endereço: 119 St. Peter’s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EY
2 111Diálogo
países 13:2
ao redor
2001do
Inglaterra. E-mail: 74617.1257@compuserve.com e 71307.1432@compuserve.com mundo.
Cartas
Desenvolvendo uma Exemplares antigos,
conteúdo sólido
O pastor de nosso distrito conseguiu

atitude de gratidão alguns números anteriores de Diálogo e


nô-los forneceu. Eles têm sido lidos
com avidez por todos os jovens de mi-
nha área. Quando alguém me pede algo

A panhado na rotina diária de trabalho ou estudo, a maioria de nós raramente


pára a fim de pensar sobre nossa dependência completa da bondade de Deus
e da bondade de outros seres humanos para a nossa existência e bem-estar.
Cada dia, dezenas de pessoas tocam nossas vidas prestando-nos serviços essenciais
— muitos deles de modo anônimo. Alguém cozinha, lava e mantém nosso aparta-
interessante e consistente para ler, sem-
pre recomendo Diálogo. Essa revista nos
permite entrar em contato com outros
estudantes e profissionais adventistas
de todo o mundo. Oro para que, se for a
mento limpo. Alguém dirige o veículo que nos leva à nossa destinação. Alguém
vontade de Deus, logo tenhamos acesso
responde ao telefone, procura informação de que necessitamos e paga as contas.
a números mais atuais de Diálogo, para
Estas e outras múltiplas ações rotineiras mantêm a harmonia da família, escola,
satisfazer-nos o desejo de saber e expan-
trabalho e sociedade.
dir nosso círculo de amizades adventis-
Tomamos nós tempo cada dia para expressar nossa apreciação do poder mante-
tas.
nedor de Deus e dos inúmeros atos que tornam a vida possível — mesmo agradá-
Josvani Borroto C.
vel?
Ciego de Ávila
Recentemente um amigo enviou-me uma mensagem eletrônica que me lem-
CUBA
brou de quão abençoados todos nós somos, a despeito de limitações, pressões e
desapontamentos da vida. Aqui está o artigo para sua reflexão:
Motivação e orientação
“Se você tem suficiente alimento para três refeições por dia, roupas decentes
Sou estudante de jornalismo e leitor
para usar, um telhado sobre a cabeça e um lugar limpo onde dormir, você é mais
assíduo de Diálogo por muitos anos.
abençoado que três bilhões de pessoas neste planeta.
Acho seus artigos, entrevistas e reporta-
“Se você tem uma Bíblia e pode lê-la diariamente à busca de orientação, inspira-
gens de alta qualidade profissional e
ção e poder transformador, você é abençoado porque um terço do mundo não tem
muito importantes para a vida cristã.
acesso à Bíblia.
Eles me servem de estímulo para per-
“Se você pode freqüentar uma reunião cristã sem impedimento, aprisionamen-
manecer fiel às minhas convicções, a
to, tortura ou morte, você é mais afortunado do que dois bilhões de pessoas no
despeito dos obstáculos, e também de
mundo.
orientação nas muitas escolhas que te-
“Se você nunca experimentou o perigo de guerra, a solidão de uma prisão, a dor
nho de fazer. Deus os abençoe!
da fome ou agonia da tortura, você leva vantagem sobre 500 milhões de pessoas
Omar Caizaluisa
no mundo.
Universidad Central
“Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença e com bastante
EQUADOR
energia para pensar e agir, você é mais afortunado que um milhão que não sobre-
Ocaizaluisa@hotmail.com
viverá esta semana.
“Se você tem algum dinheiro economizado e algum em sua carteira que você
Como podemos fazer
pode usar à vontade, você pertence à gente rica do mundo.
parte de sua lista de
“Se você crê que Jesus é o Filho de Deus e seu Salvador, você é parte de uma
distribuição?
minoria entre os milhões que ainda não O conhecem nem O amam.
Pela providência de Deus, em feve-
“Se você anda de cabeça erguida, com um canto no coração e um sorriso no
reiro de 2000, veio-me às minhas mãos
rosto porque você é realmente agradecido pelo que recebeu gratuitamente, você
um exemplar de Diálogo. Um amigo
pertence a uma minoria — muitos podem andar assim, mas a maioria não o faz.”
meu havia recebido um número de
O Apóstolo Paulo foi uma das personalidades destacadas da igreja cristã primiti-
1993, e ficamos realmente animados ao
va — um pensador profundo, um homem de ação, um orador persuasivo, um cora-
saber da existência dessa revista. Ela
joso embaixador de Cristo. Durante suas viagens missionárias pelo Mediterrâneo,
tem um bom material para se ler e dis-
ele muitas vezes enfrentou oposição e sofrimento por suas convicções religiosas
cutir.
(ver II Coríntios 11:23-28) — e eventualmente morte. Contudo, ele aconselhou
Sou um dos líderes de um grupo de
seus irmãos na fé: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque
jovens adventistas. Mais de 40 deles em
esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus, para convosco” (I Tessalonicenses 5:16-18).
Tem você, caro leitor, desenvolvido uma atitude de gratidão?

— Humberto M. Rasi, Editor-chefe

Diálogo 13:2 2001 3


Cartas
minha igreja freqüentam universidades Fazemos os melhores votos para o suces- passado organizamos a Associação de
públicas. Como ter nossos nomes na so de sua liderança, para uma íntima ami- Universitários Adventistas em Ji-Para-
lista de distribuição? Queremos estar a zade com Deus e pelo êxito em seus estudos ná, Roraima, Brasil (AUAJI). Essa nova
par dessas discussões e nos associar com avançados! organização fortalecerá nosso apoio
outros universitários adventistas. mútuo e nos preparará para a ação
César Gutiérrez Castillo Encorajados a prosseguir missionária no campus. Apreciaría-
Mérida, MÉXICO Faz algum tempo, graças à bondade mos fazer contato com outras associa-
cesar@adventista.zzn.com de um pastor, li Diálogo pela primeira ções de estudantes ao redor do mun-
vez. Agora a recebo regularmente e des- do. E-mail: moreira@pcnet.com.br
Os editores respondem: fruto imensamente seu conteúdo. João Gomes Moreira
Ficamos muito felizes por você nos haver Como adventista e estudante de uma Conselheiro
descoberto, César! Nossa revista circula em universidade pública, encontro em seus Ji-Paraná, Roraima
todo o mundo há 13 anos. A fim de ajudá- artigos e histórias encorajamento para BRASIL
lo, bem como a seus amigos, a terem os prosseguir na fé, guiado pela mão forte
números anteriores da Diálogo, enviar- de Deus. Obrigada, do fundo de meu Significativa para
lhes-emos gratuitamente vários exemplares coração! intelectuais adventistas
do último número (13:1). A publicação da Soledad Jitar Diálogo tem-se tornado um fator sig-
Diálogo é patrocinada pela Comissão AMI- Montevidéu, URUGUAI nificativo nas vidas dos intelectuais e
CUS da Associação Geral, e pelos líderes da sjitar@chasque.apc.org profissionais adventistas em meu país.
igreja em cada Divisão mundial. Agradou-me especialmente ler a cole-
Alguns de nós dedicam tempo como vo- Uma igreja que cuida ção de artigos escritos por diversos es-
luntários a fim de preparar a revista, de Diálogo me ajuda a filtrar e selecio- pecialistas e reimpressos sob o título
modo que ela tenha seu custo de produção nar as múltiplas idéias e informações Cristianismo y ciencia (em espanhol).
reduzido. Os líderes da igreja desejam que que diariamente nos bombardeiam, Eles são estimulantes e firmam a fé de
cada estudante universitário adventista te- não somente em nossos estudos como cientistas adventistas que, como eu, es-
nha acesso regular à revista, numa das também através da onipresente mídia. tão interessados na ciência da salvação.
quatro línguas em que é publicada (inglês, Fico animada e me sinto feliz por per- Williams Pitter
francês, espanhol e português). tencer a uma igreja que se preocupa Universidad de Zulia
Para receber os futuros números da Diá- com sua juventude, particularmente Maracaibo, Zulia
logo, você precisa comunicar-se com o De- com aqueles que freqüentam faculda- VENEZUELA
partamento de Jovens ou o diretor do De- des e universidades públicas, pondo
partamento de Educação de sua associa- gratuitamente esta revista à sua disposi- Os editores comentam: mais de 40 artigos
ção, e ter seu nome incluído na lista postal. ção! publicados na Diálogo foram reimpressos e
Eles, por sua vez, deverão fazer arranjos Celeste López apresentados em forma de coleção, que re-
com seus pares na União, para receber ARGENTINA cebeu o título Cristianismo y ciencia (em espa-
exemplares adicionais segundo suas neces- Celeste@logos.uncu.edu.ar nhol). Exemplares desse livro podem ser adqui-
sidades. Os nomes dos representantes regi- ridos ao preço de US$10,00, que já inclui tari-
onais de Diálogo estão publicados na pági- Outra associação de fa postal. Para mais informações, comunique-
na 2 de cada edição. Verifique quais os res- estudantes se com Linda Torske. Fax: 301-622-9627.
ponsáveis na Divisão Interamericana e en- Tenho o prazer de informar aos leito- E-mail: 110173.1405@compuserve.com
tre em contato com eles, se necessário. res da Diálogo, que em abril do ano

Escrevam-nos!
Cristão Apreciamos seus comentários, rea-
ções e perguntas, mas limitem suas
Estou entusiasmado com minha jornada
para o bem-estar. Meu alvo é Não. A cartas a 200 palavras. Escrevam
viver uma vida sadia, equilibrada, Este temporada de para Dialogue Letters: 12501 Old
cheia de atividade e interação beisebol. Columbia Pike; Silver Spring, MD
jogo de
com outros. Além disso, beisebol? 20904- 6600; EUA. Podem também
vou começar no minuto usar fax: 301-622-9627, ou E-mail:
em que isto aqui terminar. 105541.3200@compuserve.com
© Joel Kauffmann

Cartas escolhidas para publicação


poderão ser resumidas por questão
de clareza ou espaço.

4 Diálogo 13:2 2001


Deveríamos sempre dizer a verdade,
mesmo com risco de vida?
Ron du Preez

E la era uma cristã – uma cristã ad-


ventista do sétimo dia. Cria que
Jesus amava todas as pessoas.
Queria ser como Ele e viver tão-somen-
te uma vida tranqüila, prestando amo-
Para descrever um candidato que pro-
vavelmente estragaria qualquer projeto,
poder-se-ia dizer: “O que quer que ele
assuma – não importa quão pequeno –
ele estará cheio de entusiasmo.”1 Willi-
roso serviço aos que mais necessitas- am Lutz refere-se a essa forma de comu-
sem. Mas aquele não era um tempo co- nicação como “falar duplo” – uma lin-
mum. O exército de Hitler marchava guagem “destinada a fazer com que as
através da Áustria e a Gestapo estava mentiras pareçam verdadeiras.... a tor-
caçando judeus. Seu amor compassivo cer a realidade... a fazer o mau parecer
Dizer a verdade é um deu abrigo a Fritz, um menino de 12 bom, o negativo parecer positivo.”2 Jer-
anos. Nada errado com isso, exceto que ry White observa com perspicácia: “Pra-
ele era judeu. Um dia, a temível Gesta- ticamos engano quando levamos al-
imperativo bíblico e não po bateu à sua porta e lhe fez uma per- guém a crer numa mentira, mesmo fa-
gunta direta: “Sra. Hasel, o Fritz está em lando palavras verdadeiras.”3
sua casa?”
apenas uma opção humana. O que deveria ela dizer? A verdade, e Dizer a verdade: o que isso
permitir que o menino fosse sacrifica- significa?
do? Ou enganar aqueles assassinos? A O que significa “dizer a verdade”?
vida de uma criança inocente estava em Quando estudante de segundo grau
jogo! O que você diria se estivesse em compreendi essa frase num sentido es-
idêntica situação? tritamente “literal”. Eu era cuidadoso
A conjuntura pode parecer remota, para nunca dizer uma mentira (“Os lá-
mas todos enfrentam amiudadamente a bios mentirosos são abomináveis ao Se-
tentação de ser menos honestos: exage- nhor” Provérbios 12:22)4, mas não ti-
rar uma proeza atlética; apresentar o nha escrúpulos ao enganar alguém atra-
resumo de um livro baseado apenas vés de um encolhimento de ombros, ou
numa fração da leitura exigida; plagiar mediante a pergunta, “Como saberia
material de pesquisa; fazer insinuações eu?” Mais tarde aprendi que o mesmo
que atinjam o caráter de outrem, ou livro que condenava a desonestidade
adulterar números para melhorar seu verbal, também punia o engano não-
status. verbal. Mentiroso é alguém que “anda
Para alguns, a questão de dizer a ver- com a perversidade na boca, pisca os
dade se tem tornado um problema per- olhos, faz sinais com os pés e acena
turbador. Por exemplo, o que deveria com os dedos; perversidade há no seu
fazer um professor quando um ex-alu- coração...” (Provérbios 6:12-14). Sissela
no, que não merecia muita confiança, Bok observa que essa “manipulação in-
pede uma recomendação? Para evitar tencional de informação” pode ser feita
ser processado, Robert Thornton sugere “mediante gestos, dissimulação, por
uma resposta totalmente indefinida. Se meio de ação ou inação, e mesmo pelo
alguém foi sempre negativo, poder-se-ia silêncio.”5
dizer: “Sua contribuição foi sempre crí- É verdade que o nono mandamento:
tica.” Se a pessoa era melhor qualificada “Não dirás falso testemunho contra o
para trabalhos de zeladoria, poder-se-ia teu próximo” (Êxodo 20:16), é de natu-
dizer: “Se eu fosse você, eu não hesitaria reza legal, proibindo especificamente o
dar-lhe maiores responsabilidades.” perjúrio malicioso. Contudo a Bíblia,

Diálogo 13:2 2001 5


através de suas páginas, repetidamente “exemplos... escritos para aviso nosso” a praticar engano; sempre haverá um
condena o engano num sentido amplo, (I Coríntios 10:11a; conferir com Roma- modo moralmente correto de sair do
indicando assim que essa proibição não nos 15:4)? Alguns pretendem que “pa- problema. Ellen White nos diz que em-
devia ser limitada a casos meramente rece difícil evitar a conclusão de que es- bora toda pessoa seja um agente moral
judiciais. Por exemplo, Levítico 19:11: ses eram exemplos aprovados por Deus, livre, cuja lealdade precisa ser testada,
“Nem mentireis, nem usareis de falsida- de como Ele deseja que nos comporte- “ele nunca é levado a uma posição tal
de cada um com o seu próximo.” Ou mos em conflitos morais semelhan- em que render-se ao mal se torna coisa
Sofonias 3:13, falando do remanescen- tes.”12 Se for assim, mentir para salvar forçosa. Nenhuma tentação ou prova se
te: ele “não cometerá iniquidade, nem vida seria perfeitamente legítimo, e a permite vir àquele que é incapaz de re-
proferirá mentira, e na sua boca não se coisa moralmente correta a fazer.13 sistir”.14 Com efeito, o apelo de Deus é:
achará língua enganosa.” Ou a admoes- Mas seria isso o que I Coríntios 10:11 “Que eles tivessem tal coração que Me
tação de Paulo de abandonar a mentira queria realmente dizer? O verso é real- temessem, e guardassem todos os Meus
(Efésios 4:5) e falar “a verdade com mente um resumo da passagem prece- mandamentos” (Deuteronômio 5:29);
amor” (Efésios 4:15). Ou ainda a ênfase dente, na qual Paulo lembra os cristãos porque “os Seus mandamentos não são
de João de que não haverá mentirosos de Corinto: “E estas coisas foram-nos pesados” (I João 5:3) e o crente “pode
na Nova Terra (Apocalipse 21:8, 27; feitas em figura, para que não cobice- todas as coisas nAquele que o fortalece”
22:15).6 mos as coisas más, como eles cobiça- (Filipenses 4:13).
ram” (I Coríntios 10:6). Então o apósto- Assim, o que deve o cristão fazer
Honestidade absoluta: lo seletivamente enumera alguns desses quando em face de uma emergência de
é ela necessária? males, tais como idolatria e imoralidade vida ou morte? O que disse a Sra. Hasel
Ao se ler a Bíblia torna-se evidente sexual (versos 7, 8), juntamente com al- quando lhe perguntaram se Fritz estava
que as Escrituras insistem na veracidade guns dos castigos executados por Deus em sua casa? Confiando que Deus pro-
total, e na honestidade absoluta sob to- (versos 8-10). Claramente, então, longe duziria o melhor resultado, ela encarou
das as circunstâncias. John Murray afir- de sugerir que as pessoas deviam imitar o soldado e disse: “Como oficial do
ma: “Toda a Bíblia exige veracidade; as ações de caracteres bíblicos sem dis- exército alemão você sabe qual é sua
não podemos jamais mentir.”7 Agosti- cernimento, I Coríntios 10:11 está ape- responsabilidade, e você está convidado
nho admoesta: “Nem devemos supor lando a todos para evitarem a transgres- a cumpri-la.” Com a culpabilidade de
que haja uma mentira que não seja pe- são dos mandamentos morais de Deus, sua má ação agora inteiramente sobre
cado.”8 E a Sra. White adverte: “Falsida- o que também inclui o preceito de se seus ombros, o nazista deu meia-volta e
de e engano de toda espécie é pecado abster de todo engano. deixou a casa tranqüila.15
contra o Deus da verdade e da veracida- Alguns têm notado que a Bíblia em Tais relatos de fé inflexível, unida a
de.”9 parte alguma condena Raabe direta- uma obediência radical, podem ser
Ademais, dizer a verdade não é sim- mente, ou as parteiras hebréias por suas multiplicados. Considere, por exemplo,
plesmente uma questão externa. A Bí- mentiras. Contudo, um estudo cuida- outra história da Segunda Guerra —
blia diz: “Engano há no coração” (Pro- doso das Escrituras revela que a falta de essa agora vinda da Polônia. A Sra. Kna-
vérbios 12:20; conferir com 6:14; 23:7; uma condenação direta de ações não é piuk e sua filha Marion estavam viven-
Jeremias 17:9). Jesus mostra, no Sermão indicativa da legitimidade dos atos exe- do num quarto, quando uma menina
da Montanha, que todo pecado come- cutados. Por exemplo, não há condena- judia caçada por soldados alemães cor-
ça de fato na mente, antes de achar ex- ção registrada acerca do incesto envol- reu para dentro e escondeu-se debaixo
pressão em atos (ver Mateus 5:21, 22, vendo as filhas de Ló. Visto que a filha da cama. Elas estavam bem conscientes
27, 28). Portanto, como Bok correta- mais velha teve um filho chamado Mo- de quão perigoso isso poderia ser, por-
mente observa, engano é “aquilo que é abe, que se tornou o antepassado de que na casa adjacente, o dono de uma
feito com a intenção de iludir”10. Assim, Rute e finalmente de Jesus, dever-se-ia padaria e sua filha tinham sido presos e
“a intenção de enganar é o que consti- concluir que esse ato incestuoso fosse levados para um campo de concentra-
tui falsidade.”11 uma boa coisa? ção por ter ele vendido pão para um ju-
deu. A Sra. Knapiuk era uma mulher de
Histórias bíblicas: o que dizem? Deus é fiel: Ele protege os Seus muita fé, mas as coisas aconteceram tão
Naturalmente surge a questão: Que É importante notar que imediata- depressa que ela não teve tempo de
dizer de todas aquelas histórias bíblicas mente após I Coríntios 10:11 vem o pensar o que fazer. Assim, sentou-se à
onde pessoas usaram engano por causas lembrete de Paulo de que “Deus é fiel” e mesa, abriu sua Bíblia e começou a ler e
chamadas dignas? Sifrá e Puá, as duas que Ele “não vos deixará tentar acima orar. Quando um soldado alemão en-
parteiras hebréias, enganaram Faraó do que podeis, antes, com a tentação, trou, ele reconheceu imediatamente o
com respeito aos meninos que lhes ti- dará também o escape para que possais que ela estava lendo, e pronunciou so-
nha sido ordenado matar (Êxodo 1). suportar” (verso 13). Em outras pala- mente duas palavras: “Boa mulher”, e
Raabe mentiu ao esconder os dois espi- vras, Deus nunca permitirá que alguém prontamente deixou o quarto.
as israelitas (Josué 2). São essas histórias esteja numa situação onde seja forçado
6 Diálogo 13:2 2001
Conseqüências: passos,” mas especificamente realça: “O corrigida.
devem ser consideradas? qual não cometeu pecado, nem na Sua 5. Sissela Bok, Lying: Moral Choice in Public
and Private Life (New York: Vintage Books,
Histórias do século 20 tais como es- boca se achou engano” (I Pedro 2:21, 1978), págs. 9 e 14.
sas nos lembram Sadraque, Mesaque e 22). Falando mais diretamente, Raabe 6. Para mais informações sobre a definição
Abednego e sua lealdade impassível. não é nosso exemplo ético. Essa posição bíblica de engano, ver Ron du Preez, A
Conquanto esses três hebreus soubes- precisa ser reservada em definitivo para Holocaust of Deception: Lying to Save Life
and Biblical Morality”. Journal of the
sem que Deus tinha poder para livrá- nosso imaculado Salvador. Com efeito,
Adventist Theological Society 9 (1998)1-
los da fornalha ardente, informaram o os crentes “precisam viver como Jesus 2:202-205.
rei Nabucodonosor que, mesmo que viveu” (I João 2:6). 7. John Murray, Principles of Conduct: Aspects
Deus não escolhesse livrá-los, eles ainda Assim, a resposta à pergunta inicial: of Biblical Ethics (Grand Rapids, Michigan:
permaneceriam fiéis (Daniel 3:16-18). “Deveríamos sempre dizer a verdade?”, William B. Eerdmans, 1957), pág. 132.
8. Mencionado em Bok, pág. 34.
Comentando essa lealdade inabalável, encontra-se numa proclamação bíblica 9. Ellen G. White, Testimonies for the Church
Ellen White observa: “Princípios cris- inequívoca: “Não mintais uns aos ou- (Mountain View, Califórnia: Pacific Press
tãos verdadeiros não param para pesar tros” (Colossenses 3:9). Pois, “mentir é Publ. Assn., 1948), 4:336.
as conseqüências.”16 do diabo, é obra das trevas” (ver João 10. Bok, pág. 9; cf. págs. 6, 17.
11. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, (Tatuí,
Esse parece ser nosso problema 8:44).21 Esse compromisso com a veraci-
São Paulo: Casa Publicadora Brasileira,
quando confrontados com dilemas de dade é possível somente porque “vos 1993), pág. 309.
vida ou morte; tentamos imaginar o despojastes da velha natureza, com seus 12. Norman L. Geisler e Paul D. Feinberg,
que poderia acontecer se..., então faze- hábitos, e vos revestistes de uma nova Introduction to Philosophy: A Christian
mos decisões baseadas nessas especula- natureza que progredirá em direção do Perspective (Grand Rapids: Baker Book
House, 1980), pág. 417.
ções. Erwin Lutzer afirma com discerni- verdadeiro conhecimento, na medida 13. Ver, por exemplo, idem, pág. 425;
mento: “Queremos ser como o Altíssi- em que ela é renovada na imagem do Norman L. Geisler, The Christian Ethic of
mo, sujeitos a ninguém. Mas podemos seu Criador” (Colossenses 3:9). Ecoan- Love (Grand Rapids: Zondervan, 1973),
calcular os resultados eternos da retidão do essa perspectiva da indispensabilida- pág. 75; Geisler, Ethics: Alternatives and
Issues (Grand Rapids: Zondervan , 1971),
de nossas ações? Não podemos predizer de de um relacionamento dinâmico
pág. 136. Para uma resposta ampla a essas
nem mesmo os próximos cinco minu- com Jesus Cristo, Ellen White observa teorias, ver Ronald A. G. du Preez, “A
tos, muito menos o futuro.”17 Ellen que “não podemos falar a verdade a Critical Study of Norman L. Geisler’s Ethical
White aconselha: “Os embaixadores de menos que nossa mente seja continua- Hierarchicalism” (dissertação Th.D.)
Cristo nada têm que ver com as conse- mente dirigida por Aquele que é a ver- University of South Africa, 1997).
14. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, São
qüências. Devem cumprir seu dever e dade”. 22 Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1993),
deixar os resultados com Deus”.18 Jesus é realmente o “segredo” da pág. 332.
Como então deveríamos fazer deci- questão toda de dizer a verdade! Pois, 15. Dr. Gerhard F. Hasel contou essa história
sões morais? No livro do Apocalipse, “aqueles que têm a mente de Cristo, numa reunião da “Adventist Theological
Society” em novembro de 1994.
Cristo afirma: “Nada temas das coisas guardarão todos os mandamentos de
16. Ellen G. White, The Sanctified Life
que hás de padecer... Sê fiel até a morte Deus, a despeito das circunstâncias.” 23 (Washington, D.C.: Review and Herald
e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse Publ. Assn., 1937), pág. 39.
2:10). Ellen White escreveu: “Ao resol- Ron du Preez (D.Min. pela Andrews Uni- 17. Erwin Lutzer, The Necessity of Ethical
ver sobre qualquer caminho a seguir- Absolutes (Grand Rapids, Michigan:
versity, Th.D. pela University of South Áfri-
Zondervan, 1981), pág. 75.
mos em nossos atos, não devemos inda- ca) ensina teologia e ética na Solusi Univer- 18. Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí,
gar se podemos ver que resultará mal sity, Bulawayo, Zimbabwe. Ele é o autor de São Paulo: Casa Publicadora Brasileira,
do mesmo, mas se está de acordo com a Poligamia na Bíblia (Adventist Theological 1988), págs. 609 e 610.
vontade de Deus”.19 Chuck Colson tem Society, 1998) e de muitos artigos. E-mail: 19. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, São
Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1993),
razão: “O que Deus quer de Seu povo é dupreez@esanet. zw pág. 634.
obediência, não importam as circuns- 20. Chuck Colson, Loving God (Grand Rapids,
tâncias, não interessa quão desconheci- Notas e referências Michigan: Zondervan, 1983), pág. 36.
do seja o resultado.” 20 Em suma, preci- 1. Ver Robert Thornton, Lexicon of 21. Murray, pág. 128.
samos fazer todas as decisões morais Intentionally Ambiguous Recommendations 22. Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo
(New York: Simon & Schuster, 1988). (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora
não com medo do futuro, mas com fé Brasileira), pág. 68.
2. William Lutz, Doublespeak (New York:
em nosso Pai celestial! Harper & Row, 1989), págs. 18-20. 23. White, The Sanctified Life, pág. 67.
3. Jerry White, Honesty, Morality & Conscience
Jesus: nosso modelo supremo (Colorado Springs, Colorado: NavPress,
Nosso modelo supremo de moralida- 1979), pág. 56.
4. Todas as passagens bíblicas foram tiradas
de é Jesus Cristo. Pedro não somente da Bíblia de Almeida, edição revista e
indica que devemos “seguir em Seus

Diálogo 13:2 2001 7


A migração de pássaros:
outra evidência de desígnio divino
Kyu Bong Lee “Até a cegonha do céu conhece os seus que habitam a Eurásia e a América do
tempos determinados; e a rola, a andori- Norte cruzam o Equador para passar o
nha, e o grou observam o tempo de sua ar- inverno na África ou na América do Sul.
ribação.” – JEREMIAS 8:7 Por exemplo, uma andorinha do ár-
tico portando etiqueta de identificação

O outono está chegando ao fim.


Os ventos do Ártico sopram le-
vemente para o sul, anunciando
que o inverno não está longe. Logo as
terras boreais congelarão, cobertas de
foi capturada noventa dias mais tarde
na costa do sudeste da África, 14.481
km longe de sua habitação no norte.
Outra andorinha voou mais de 16.090
km, desde a Groenlândia, para alcançar
Há um desígnio divino por trás neve. Subitamente você ouve um ruído o sudeste da África. Ainda outra, previa-
no céu. Olha para cima e vê um bando mente identificada com anel na costa
de pássaros voando para o sul, fugindo ártica da Rússia, foi apanhada perto da
das temperaturas gélidas e procurando Austrália, a uma impressionante distân-
de todas as maravilhas da
terras mais quentes. Revoadas e bandos cia de, pelo menos, 22.526 km.
de pássaros continuam sua viagem por O maçarico de cauda branca fez o
milhares de quilômetros. Vem a prima- mesmo percurso outonal desde a costa
Natureza. vera e o inverso ocorre; os pássaros do Canadá até a extremidade mais dis-
voam rumo ao norte para se reproduzir tal da Antártica. Entre os pássaros ter-
e criar seus filhotes. A migração é anual restres, as tristes-pias percorrem 11.263
e rítmica, revelando umas das grandes km, ou mais, entre os campos de trevo
maravilhas do mundo natural. do Canadá e os relvados da Argentina.
Como se explicam tais migrações? A ave migratória mais famosa da Euro-
Por que os pássaros migram afinal? pa é a cegonha branca. Às vezes essas
Como sabem eles quando é tempo de aves se erguem a grande altura através
começar a longa viagem? O que guia das colunas termais, antes de planar so-
sua rota de vôo e direção? Como sabem bre as águas em direção à África.
eles seu destino, e como se preparam Alguns maçaricos têm tido sua velo-
para a viagem?1 cidade medida em mais de 161 km por
Essas e outras questões têm ocupado hora. E alguns pássaros migram por
as pesquisas científicas durante anos. longas distâncias sobre a água, e voam à
Algumas delas têm obtido respostas cla- altura de 4.267 m. A maior altura regis-
ras; outras ainda estão sendo estudadas. trada até o presente foi de 8.992 m, al-
Para um cientista comprometido com a cançada por gansos perto do noroeste
cosmovisão cristã, a migração de pássa- da Índia.
ros é outro exemplo revelador de um
desígnio divino por trás de todas as ma- Como os pássaros navegam durante
ravilhas da Natureza. a migração
Os biólogos propõem quatro teorias
Dispersão de pássaros migratórios e sugerem que os pássaros usam uma,
Para os pássaros a migração usual- ou uma combinação, dessas hipóteses
mente significa uma viagem anual de em sua navegação de longas distâncias.
ida e volta. Geralmente ela ocorre nas Uso de marcos visuais terrestres. Essa
grandes terras do hemisfério norte, que tem sido uma teoria popular há muito
são periodicamente cobertas de neve e tempo. Muitos pássaros parecem seguir
do gelo do inverno. Bandos de pássaros pistas visuais tais como rios, linhas da

8 Diálogo 13:2 2001


costa e cadeias de montanhas, a fim de
atingir seu correto destino. Contudo,
essa idéia não explica como os pássaros Migração do salmão:
evitam perder-se durante sua primeira
migração.
Usando o sentido magnético?
Uso do Sol. Segundo essa teoria, os

U
m dos mistérios da Natureza é Norte e do Mar de Bering), e porque os
pássaros, assim como as pessoas, possu- como o salmão consegue navegar peixes nadam à noite e movem-se em
em um relógio interno que lhes permite nos oceanos e voltar para se repro- águas mais profundas durante o dia, as
conhecer o ciclo diário de luz e escuri- duzir nos mesmos rios dos quais vieram. É pistas celestes nem sempre estão disponí-
dão. Juntamente com esse relógio inter- sabido que o cheiro ou o sabor de um rio veis. Por conseguinte, outro meio de cor-
no, os pássaros parecem usar as som- determinado desempenha seu papel. O rigir a navegação seja provavelmente usa-
bras do Sol para obter uma idéia de sua salmão pode orientar-se pelo cheiro de do. Suspeita-se fortemente que a capaci-
localização. Mediante o uso desses dois “seu” rio se estiver suficientemente próxi- dade de sentir o campo magnético da
recursos, eles seriam capazes de utilizar mo de sua embocadura, de modo que a Terra possa prover o método adicional...
o Sol como bússola. água não se tenha diluído a ponto de tor- Extrapolando esses achados no pro-
Os pássaros que viajam durante o dia nar impossível a identificação. cesso de migração, a conjetura é que, de-
se orientariam pela posição do Sol. Mas Mas como pode o odor desempenhar pois que um filhote do salmão cresceu
em dias nublados, quando não podem sua parte quando os peixes migram mi- até o estágio de smolt (quando de sua pri-
absolutamente ver o Sol, como haveri- lhares de quilômetros e atravessam corren- meira arribada ao mar) e entra nas águas
am eles de voar corretamente em for- tes oceânicas que destróem todo possível salgadas, ocorrem mudanças químicas e
mação? Eles possuem um relógio inter- traço que poderia levá-los de volta? De hormoniais que deixam marcas sobre o
no pelo qual são governados. Talvez qualquer modo, sabe-se que o salmão não sistema nervoso dos peixes, uma “memó-
isso possa ser explicado como resultado segue pistas tortuosas de volta para casa, a ria” da latitude e longitude magnéticas
da criação divina. fim de satisfazer o instinto de reprodução, do momento em que entraram no ocea-
Uso das estrelas. Por causa que muitos mas viaja diretamente para seu território no.
pássaros migram durante a noite, essas reprodutivo quando atinge a maturidade Parece haver dois modos possíveis pe-
migrações noturnas parecem tê-los en- sexual... los quais o campo magnético pode influ-
sinado o uso das estrelas como guia de O que os orienta na direção certa? Pro- enciar o sistema nervoso de um peixe. O
navegação. Eles podem orientar-se em vavelmente haja mais de um mecanismo primeiro é que o mineral ferromagnético
relação à Estrela Polar e diferentemente que o peixe usa para achar seu caminho. — magnetita — no cérebro da criatura
da bússola solar, essa “bússola astral” Uma “marca” olfativa é feita sobre o jovem pode funcionar como uma bússola bioló-
não depende do tempo. Pássaros jovens salmão em sua primeira saída para o mar, gica, acertada no momento de entrada
parecem usar esse tipo de movimento ao deixar ele seu rio nativo. Isso lhe permi- no oceano (a magnetita é encontrada no
para distinguir o Norte do Sul. Tal teo- te identificá-lo ao se aproximar mais tarde, espectro biológico dos seres, desde bac-
ria é apoiada num experimento feito vindo do oceano. Mas ao chegar perto da térias até golfinhos). A informação retida
com tentilhões anilados.2 corrente da embocadura, vindo do mar compõe-se de dados verticais e horizon-
Alguns pássaros são capazes de se aberto, pelo menos uma outra marca pre- tais do campo magnético da Terra naque-
utilizar das formações estelares ou da cisa ser feita a fim de poder chegar à área le ponto, e da inclinação do componente
Lua para determinar em que direção geral. Foi demonstrado que alguns peixes horizontal, que é a diferença entre o nor-
precisam voar. A desvantagem de usar percebem de modo notável o azimute so- te magnético e o verdadeiro norte, presu-
as estrelas para se orientar é que a Estre- lar e a sua altura, e que eles são mais sensí- mivelmente determinada pelo Sol. Esses
la Polar não pode ser vista no hemisfé- veis à hora do dia. Sob condições ideais, fatores em conjunto provêm a combina-
rio sul. Surge outro problema nas noites isso permitiria determinar o norte geográ- ção que é única para qualquer localidade
nubladas quando as estrelas não podem fico. Mas numa região onde céu encoberto geográfica.7
ser vistas. predomina (como é o caso do Pacífico —L ARRY GEDNEY
Uso do campo magnético da Terra. Os
biólogos têm duas diferentes teorias so-
bre como os pássaros podem usar o fato de que os cientistas descobriram níveis sobre o assunto. (É bastante inte-
campo magnético da Terra para se ori- minúsculos cristais de magnetita no ressante que alguns pesquisadores di-
entar. Uma é que essas aves são dotadas nervo olfativo do cérebro de alguns pás- zem serem os humanos dotados de ca-
de certos pigmentos em seus olhos, que saros. pacidade de igualmente perceber o
se tornam levemente magnéticos ao ab- Os biólogos ainda não sabem como campo magnético). Duas observações
sorverem luz, alterando assim os sinais os pássaros podem sentir a posição dos são dignas de nota. A primeira, com re-
que os olhos enviam ao cérebro.3 A se- cristais de magnetita em suas cabeças, e ferência aos pombos-correios:
gunda e mais popular teoria provém do há poucos dados experimentais dispo- “Testes cuidadosos com pombos-cor-

Diálogo 13:2 2001 9


reios e outros pássaros que exibem a Amazonas, e novamente retornam, ain- lharam-se à procura de alimento. A
habilidade de escolha de direção, mos- da não é bem compreendido pela ciên- maioria dos cientistas criacionistas têm
tram que eles são afetados pela mudan- cia. Mas meio século de pesquisa está defendido que a Era Glacial existiu por
ça de campos magnéticos... Se forem derramando alguma luz sobre essa pro- algumas centenas de anos em algumas
soltos onde o campo magnético da Ter- eza surpreendente. áreas depois do Dilúvio de Noé, por
ra é anormalmente forte, sua habilida- “Os pássaros podem rastear o Sol, a causa da mudança do clima. Depois do
de de orientar-se é inteiramente inter- Lua e as estrelas usando o seu movi- Dilúvio, muitos pássaros acharam ali-
rompida... mento aparente como bússola. Os pás- mento em abundância nas latitudes
“Próximo ao, ou essencialmente no saros também se utilizam de outros sen- mais elevadas, mas foram forçados a
crânio de cada pombo [os pesquisado- tidos. Eles podem detectar campos emigrar com a chegada do inverno.
res] localizaram uma pequena porção magnéticos fracos através dos cristais O que os estimula a empreender sua
de tecido de 1 x 2 mm que apresentava microscópicos de magnetita em suas ca- migração aproximadamente ao mesmo
pequeno magnetismo. Pesquisas feitas beças. Eles seguem odores leves, como tempo cada ano? Seria porventura um
nesse tecido com um microscópio ele- um salmão ao retornar do oceano para relógio interno ou quem sabe estímulos
trônico revelaram a presença de mais de seu rio de nascença. Eles podem ver luz externos? De um ponto de vista fisioló-
10 milhões de cristais microscópicos, polarizada e usam a pressão barométri- gico, sabemos que as glândulas endócri-
cada qual quatro vezes mais longo do ca. Juntamente com sua memória e o nas — os controles que fazem os ma-
que largo. Outros testes demonstraram impulso genético para se encaminhar chos cantar e as fêmeas pôr ovos — so-
que esses cristais eram de magnetita, em certa direção, os pássaros valem-se frem grandes mudanças antes da época
um composto de ferro e oxigênio do de uma combinação desses sentidos de nidificação. Outras mudanças ocor-
qual são fabricadas as agulhas das bús- para cruzar os continentes e os ocea- rem depois dessa época. Muitos pássa-
solas.”4 nos”.5 ros migram nesse período.
Segunda, uma pesquisa sobre imigra- Recentemente foi descoberto que as Embora os cientistas evolucionistas
ção feita desde o norte de Wisconsin até borboletas monarca têm uma bússola possam ter suas opiniões, nós, como ci-
o Amazonas: magnética interna que lhes permite fa- entistas cristãos, podemos atribuir to-
“Como os pássaros acham o seu ca- zer sua viagem de inverno sem a guia da dos esses mistérios magnéticos ao desíg-
minho desde um pinheiro no norte de luz solar.6 Como se mencionou nos pa- nio de Deus, do mesmo modo que faze-
Wisconsin até o sul, em direção ao rágrafos acima, ficou provado que al- mos com muitas outras espécies de mi-
guns peixes e borboletas também usam gração dos animais. Deus fez os pássa-
seus sentidos de detecção magnética. ros para se adaptarem a mudanças em
(Ver o quadro “Migração do Salmão”). seu ambiente. Por que os pássaros preci-
Lições de A despeito de todas as teorias e expe- sam de energia extraordinária para via-
rimentos ligados com a migração de jar longas distâncias, esses migrantes
providência e pássaros, há muito ainda que não é têm a capacidade de armazenar um vas-
confiança bem compreendido, como o fato de os
pássaros determinarem sua posição em
to suprimento de combustível em for-
ma de gordura, algumas vezes dobran-
relação a um alvo fixo. O fato é que eles do de peso. Além disso, a maior maravi-
“A andorinha e o grou observam as
continuam a migrar segundo um mode- lha da migração é a maneira como os
mudanças das estações. Emigram de
lo cíclico e previsível através dos sécu- pássaros acham o caminho — sua habi-
um país a outro para encontrar um cli-
los. lidade de navegação. Certamente,
ma apropriado à sua comodidade e feli-
pode-se ver um desígnio sobrenatural
cidade, conforme designou o Senhor
O que faz os pássaros migrarem? em tudo isso!
que fizessem.”8
O que faz os pássaros migrarem?
“Os pássaros são ensinadores da su-
Quando é que a prática da migração co- Conclusão
ave lição da confiança. Nosso Pai celes-
meçou? Alguns cientistas sugerem que A navegação é a parte da migração
tial lhes provê alimento; mas devem eles
as camadas de gelo durante a Era Glaci- que mais tem intrigado os cientistas.
recolhê-lo, construir o ninho e criar a
al poderiam ser originalmente respon- Como podem os pássaros achar seu ca-
prole. A cada instante se acham expos-
sáveis. Essa idéia parece plausível, mas minho com aparente facilidade nas vas-
tos a inimigos que procuram destruí-los.
não explica a migração em muitas par- tas distâncias permanece um enigma
Entretanto, quão animosamente prosse-
tes do mundo que nunca foram tocadas migratório não resolvido. Assim eles
guem com seu trabalho! Quão repletos
pelas glaciações. Conseqüentemente, a podem seguir seus invisíveis caminhos
de alegria são seus pequenos hinos”!9
maioria dos ornitologistas hoje rejeita com tanta precisão que os cientistas de
— ELLEN G. WHITE
essa teoria como a causa básica da mi- tempos em tempos têm suspeitado que
gração. os pássaros possuem um sentido especi-
Não há dúvida de que os pássaros al que nos é desconhecido. Pensou-se
que surgiram em climas quentes espa- outrora que eles possuíssem um sentido
10 Diálogo 13:2 2001
cinestésico pelo qual podiam reconhe- 4. T. Neil Davis, “Magnetic Navigation by
cer sua rota através de pressões exerci- Kyu Bong Lee (D.Sc. pela Sungjun Uni- Birds”, Alaska Science Forum, Artigo nº 345
versity) leciona física na Escola de Ciências (28 de setembro de 1979).
das sobre seu ouvido interno. Outra 5. Steve Tomasko, “Mystery of Bird Migration:
idéia era que os pássaros navegavam em Naturais, na Sahmyook University, Seoul,
How They Get Here from There”, em
resposta ao campo magnético da Terra, Coréia. E-mail: leekb@syu.ac.kr Science Café, Columns (4 de abril de 2000).
talvez mesmo aos seus efeitos rotatóri- 6. Orley Taylor, Jr., Mornarchs’ Migration. E-
os. Nenhuma dessas hipóteses têm, Notas e referências mail: chip@falcon.cc.ukans.edu
1. Ver Peter Berthold, Bird Migration: A 7. Larry Gedney, “Do Salmon Navigate by the
contudo, resistido a testes experimen- General Survey (Oxford University Press, Earth’s Magnetic Field”? Alaska Science
tais. 1993); Peter Berthold, Control of Bird Forum, Artigo nº 691 (23 de novembro de
A Bíblia, entretanto, nos convida a Migration (London: Chapman and Hall, 1984).
estudar as maravilhas da Natureza e ver 1996). 8. Ellen G. White, Conselhos aos Professores,
2. Ver www.channelone.com/ns/news/96/12/ Pais e Estudantes (Santo André, São Paulo:
nelas evidências da mão de um sábio Casa Publicadora Brasileira, 1975), pág. 170.
96/1205/story1.html; Como os pássaros
Criador: “Pergunta agora às alimárias, e migram, About Hummingbirds- 9. Ellen G. White, Educação (Santo André, São
cada uma delas te ensinará; e às aves users.vnet.net/joecool/hummer.fact.html Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1977),
dos céus, e elas to farão saber.” “Olhai 3. Stephen Day, “Migration”, New Scientist págs. 117 e 118.
para as aves do céu...e vosso Pai celesti- 135 (12 de Setembro de 1992).
al as alimenta”(Jó 12:7, 8; Mateus 6:26).
Assim, o que podemos aprender ob-
servando ou estudando a migração dos
pássaros? Primeiramente, que nem to-
Assinaturas

D
epois de um longo e árduo trabalho, você finalmente tem seu diploma
dos os pássaros migram. Portanto, mi-
na mão. Ótimo! E agora que está neste vasto mundo, você se esforça
gração não é a lei de todos os pássaros
para continuar sendo um cristão dedicado. Num aprendizado que dura
voadores. Em segundo lugar, eles se-
a vida toda. Não é fácil! Mantenha-se em contato com as atividades e os melho-
guem mais ou menos as mesmas rotas
res pensadores adventistas ao redor do globo. Participe do Diálogo!
de migração. Essa seleção não pode
ocorrer por acaso. Terceiro, antes do pe- Assinatura anual (3 números): US$12,00; Números anteriores: US$4,00 cada.
cado não havia migração porque no
Gostaria de me inscrever para Diálogo em:
mundo de antes da Queda não havia
❏ Inglês ❏ Francês ❏ Português ❏ Espanhol.
clima rigoroso exigindo que arribassem.
Números: ❏ Comece minha inscrição com o próximo número.
Considere a migração e sua relação
❏ Gostaria de receber os seguintes números anteriores:
com o campo magnético e gravitacio-
Vol.____ No___
nal da Terra. O campo magnético muda
Pagamento: ❏ Estou incluindo um cheque internacional ou ordem bancária.
de acordo com a latitude da Terra e a al-
❏ O número de meu cartão de crédito ❏ MASTERCARD ou ❏ VISA
tura. A força da gravidade também
é _______________________________________
muda segundo a latitude, embora usu-
Válido até (data) _____________
almente digamos, “a gravidade é cons-
Por favor use letra de forma.
tante.” Deus criou a Terra, populou-a
Nome: _____________________________________________________________
com todas as espécies de criaturas e de-
terminou que cada uma delas se adap- Endereço: _____________________________________________________________
tasse às suas circunstâncias. Também o
_____________________________________________________________
Sol emite luz e radiações eletromagnéti-
cas para todas as criaturas. Essas podem Envie para: Dialogue Subscriptions, Linda Torske; 12501 Old Columbia Pike;
ser afetadas pela energia total, embora Silver Spring, MD 20904-6600; EUA. Fax: 301-622-9627.
não o sintam. Deus determinou que os E-mail: 110173.1405@compuserve.com
pássaros fizessem bom uso de sua varia-
ção mínima de energia e também lhes
deu capacidades para detectar mesmo
os menores montantes de gravidade e
variações no campo magnético, por Procurando respostas para as
modos que nos são desconhecidos, e
para orientá-los em seu rumo. Na medi-
GRANDES QUESTÕES DA VIDA?
da em que isso acontece, a migração re- Verifique na web em
vela o desígnio inteligente de Deus e
Sua benevolente providência. Bibleinfo.com

Diálogo 13:2 2001 11


Conversa franca
sobre pureza sexual
Nancy L. Van Pelt

M ônica fora criada num lar cris-


tão com princípios morais que
ela prezava. Quando jovem,
começou a encontrar-se com Andrew.
Ele não era cristão, mas como não havia
sua necessidade emotiva de romance,
amor e segurança afetiva é satisfeita.
Espere um minuto!
Envolver-se em tal intimidade fora
do casamento, simplesmente pela exci-
rapazes cristãos disponíveis para namo- tação do prazer sexual; desfrutar a esti-
rar, ela continuou a vê-lo. Ele era en- mulação do momento, unicamente
graçado, interessante e educado, mas ti- para fazer com que você se sinta bem, é
nha um modo de ser diferente do de ser extremamente egoísta e centraliza-
Mônica. Eles estavam se envolvendo do em si mesmo. De igual modo, permi-
Seu conceito de Deus e o valor em intensas trocas de carícias, com An- tir que alguém acaricie seu corpo antes
drew pressionando-a cada vez mais. do casamento, tão-somente para se sen-
Mônica não gostava desse ponto de seu tir amada e segura, é igualmente um ato
que você dá à dignidade relacionamento, mas a fim de conservar de egoísmo. Isso é especialmente verda-
o namorado ela decidiu tolerá-lo e ser de no relacionamento casual, onde o
cuidadosa. Não demorou muito para casal não tem planos de unir-se em ma-
humana devem mostrar o que ele a forçasse mais do que jamais trimônio. Tal ação desvaloriza o relacio-
ela presumira que alguém o faria. Uma namento. Os riscos são altos e a recom-
acentuada amargura, porém, passou a pensa é baixa.
caminho. assediá-la desde então. Vamos esclarecer algo. Acariciar não
O acariciamento é uma força pode- é “sujo”. Dentro do casamento, o acari-
rosa. Aqueles que se envolvem nele ten- ciamento é uma bela experiência, uma
dem a formular as próprias regras de natural expressão de amor chamada de
ação, porque poucos conhecem os pre- preliminar, e que conduz diretamente
ceitos corretos. A troca de carícias é um ao intercurso sexual. Qual é então a di-
passo avante dos abraços e beijos, mas ferença entre carícia e a estimulação se-
sem atingir o intercurso sexual. Tal ati- xual que precede o intercurso? E seu
tude deixa uma ampla margem para a propósito? O acariciamento é explora-
exploração do corpo aberta à discussão, ção dos corpos, um do outro, por parte
suposição e negociação. de duas pessoas solteiras que não pre-
Quando um homem começa a afagar tendem que ocorra o intercurso.
o corpo de uma mulher, ele está son- Esse é o problema com o jogo de ca-
dando o terreno. Quão longe ela me rícias. Ele não permanece nisso. Progri-
deixará ir? — ele se pergunta. Ele gosta de naturalmente para as relações ínti-
imensamente desse processo de teste, mas. Por si mesmo e fora do casamento,
porque é sexualmente agradável. Sua é mais frustrante do que satisfatório.
mente se apressa em antecipar o que Nossos corpos foram planejados e cria-
possa estar pela frente. A essa altura ele dos por Deus para responder ao acarici-
pode recitar sua melhor cantada: “Nun- amento, com despertamento sexual e
ca amei ninguém como eu a amo, que- desejo de intercurso físico.
rida.” Seus hormônios estão extrava- Quando um casal de namorados se
sando e ele provavelmente dirá ou fará envolve em acariciamento, sem inten-
qualquer coisa para obter o que deseja. ção de chegar à penetração, precisa
O enfoque da moça é provavelmente constantemente vigiar para deter-se,
muito diverso. Ela aprecia abraçar e bei- com receio de ir longe demais. Acaricia-
jar. E ao render-se aos beijos e carícias, mento e excitação não foram progra-
12 Diálogo 13:2 2001
mados para serem suspensos por co- dade. Imediatamente se inicia um pro- mento, e despertam respostas sexuais
mando. Alguém que habitualmente cesso inconsciente de avaliação, classi- antes do tempo.
progride até beijar e acariciar intima- ficando a pessoa numa escala que vai de Passo 4: Mão na mão. O primeiro to-
mente e então pára, arrisca-se a possí- baixa até alta preferência. O primeiro que pode ser inocente — um aperto de
veis desajustes sexuais no casamento. olhar determina se o relacionamento mão ou um contato manual enquanto
O ato de acariciar pode ser compara- há de progredir ou não. o rapaz ajuda a moça a cruzar a porta.
do ao atravessamento de uma ponte so- Passo 2: Olhos nos olhos. Isso freqüen- Se ela recusa o toque, isso é indicativo
bre um grande abismo. De um lado está temente acontece numa biblioteca ou de que não está pronta a prosseguir.
a cópula e do outro a ausência de ex- escritório. Quando os olhos se encon- Mas se o toque é recebido calidamente,
pressão física do amor. Ao acariciar, tram, ocorre aceleração cardíaca segui- a relação pode progredir para o segurar
você pode estar a um quarto do cami- da de encabulação, que causa interrup- das mãos. Esse ato é evidência de uma
nho, em sua metade ou a nove décimos ção e desvio do olhar. O contato direto ligação crescente entre ambos. O pri-
do percurso. A coisa é tão excitante, dos olhos é reservado para aqueles que meiro toque é também uma afirmação
que é fácil você se encontrar do outro conhecemos e nos quais confiamos. As- social que diz: “Tenho alguém que gos-
lado da ponte antes mesmo de se dar sim, duas pessoas que se vêem pela pri- ta de estar comigo”.
conta. meira vez usualmente se fitarão alterna- Passo 5: Braço no ombro. Logo a emo-
A travessia da ponte nem sempre damente em vez de simultaneamente. ção de segurar as mãos diminui, e o al-
acontece de súbito. Mas o jogo de carí- A menos que os olhos indiquem uma cance de um novo patamar é necessário
cias é perigosamente progressivo. Cada mensagem de interesse, o relaciona- para mostrar interesse contínuo. Du-
nível de excitação apela para o passo mento provavelmente não terá conti- rante essa etapa, os corpos não estão
seguinte. É uma força poderosa para os nuidade. muito próximos, mas o braço no ombro
que sentem que sua química sexual está Passo 3: Voz a voz. Para começar a aproxima-os num contato mais íntimo
disparando. conversa, mencionam-se os nomes de e a emoção retorna. O abraço no ombro
um e de outro, onde moram, como ga- fala mais alto do que o segurar das
O ajustamento do casal nham a vida, o clima, etc. Um diálogo mãos. É um gesto de propriedade que
Os jovens cristãos sempre querem tal, contudo, permite mais observação e declara: “Essa relação vai dar resulta-
saber: “O que é certo ou errado antes do análise. Se os dois continuam conver- do.” Há, por enquanto, um contato li-
casamento?” A pergunta que fica por sando, podem realmente chegar a se mitado ao olhar e à conversação, segui-
fazer é: “Quão longe posso ir e ainda conhecer, incluindo suas opiniões, pas- do de um aproximar de corpos.
não pecar?” Há muitas áreas cinzentas satempos, idéias, gostos e desgostos, es- Passo 6: Braço na cintura. A excitação
para as quais a Bíblia não provê diretri- peranças e sonhos quanto ao futuro. A de segurar as mãos e de pôr o braço no
zes claras. Contudo, descobri algo ao compatibilidade pode ser determinada ombro logo se desvanece. Assim, para
pesquisar sobre ajustamento de casais, aqui. Os envolvidos deveriam gastar recuperar a excitação, o casal permite
que fornece um excelente fundamento muitas horas no passo 3. Eu recomendo que o braço siga para a cintura, o que
para a tomada de decisões. mil horas falando ao telefone, enquan- indica a maior propriedade do corpo. O
A harmonização de casais foi referida to adquirem conhecimento do que será braço em volta da cintura indica clara-
primeiramente pelo zoologista Des- crítico para seu relacionamento e possí- mente interesse romântico. Notem
mond Morris, em Intimate Behavior vel casamento mais tarde. Cada um está também que as mãos estão avançando e
(Comportamento Íntimo). Contudo, explorando seu íntimo e tornando-se ficando cada vez mais próximas dos ór-
foi uma palestra realizada pelo Dr. Do- vulnerável, uma tarefa importante gãos genitais. Você pode observar um
nald Joy sobre o assunto que abriu quando a intimidade está se desenvol- casal andando na rua, ambos usando
meus olhos para sua importância no vendo. Esse passo não pode e não deve jeans, na posição do passo 6. Às vezes,
namoro. A harmonia entre o casal com- ser ignorado. O relacionamento neces- um ou outro desliza o polegar para den-
preende componentes físicos e também sita de abrandamento antes da fase líri- tro do bolso de trás do companheiro,
emocionais, espirituais e intelectuais. ca começar. Depois que a afeição ro- com a mão pousando diretamente so-
mântica tem início, o par se relacionará bre seu traseiro. O moço sabe exata-
Quatro estágios, doze passos de modo diferente. mente onde sua mão está e pode estar
Os doze passos aqui listados acham- nutrindo pensamentos que lhe são in-
se consistentemente presentes em 80% Estágio 2: O primeiro toque teressantes: “Se eu posso tocá-la fora da
das 500 culturas que Morris estudou. Durante o segundo estágio de ajusta- roupa, pergunto-me se não poderia fa-
mento, o par de namorados gasta muito zer isso dentro da roupa.”
Estágio 1: Não tocar tempo falando, mas o contato visual O casal pode ser visto freqüentemen-
Passo 1: Olhar para o corpo. O primei- permanece limitado. O toque começa te, a essa altura do processo de ajusta-
ro olhar não é sexual, mas de descober- mas nada dele é diretamente sexual. mento, num campus escolar ou num
ta. No primeiro relance se percebem di- Um abraço prolongado e um beijo na parque. Seus corpos estão próximos,
mensões, forma, cor, idade e personali- boca apressam o processo de ajusta- mas eles parecem estar olhando para
Diálogo 13:2 2001 13
baixo, falando com os pés. Níveis pro- na-se longo e pronunciado. Comunica- Passo 11: Mão no órgão genital. As
fundos de comunicação se desenvol- ção verbal tende a silenciar enquanto o mãos descem abaixo da cintura. O des-
vem nesse passo. São feitas revelações par lê a face um do outro. Um casal sol- pertamento sexual está bem encami-
pessoais. As questões básicas da vida teiro precisa cuidar com sua exibição de nhado para o último e mais íntimo es-
são discutidas e avaliadas. Muitos segre- afeto físico de agora em diante, porque tágio de carícias: o órgão genital. O di-
dos pessoais são partilhados e os namo- todos os motores sexuais estão em seu cionário define virgem como “a pessoa
rados chegam a se conhecer bem em giro máximo. de um ou outro sexo que se mantém
profundo nível pessoal. Passo 8: Mão na cabeça. Nesse passo, em estado de castidade”. Essa explica-
Valores, alvos e crenças precisam ser a mão de um é usada para acariciar a ção mostra que a pureza se perde quan-
escrutinados bem de perto, porque é cabeça do outro, enquanto se beijam ou do casais solteiros atingem esse ponto.
agora que as decisões do relacionamen- falam. Esse gesto íntimo está reservado Tocar os órgãos genitais de um parceiro
to devem ser feitas — se ele deve ou não para aqueles que desenvolveram um não poderia ser considerado ato casto,
progredir. Suficientes revelações pesso- alto nível de confiança. Poucas pessoas puro ou virtuoso em qualquer cultura.
ais foram partilhadas de modo que a envolvem-se no afago de cabeça, a me- Tecnicamente é apenas um instante ou
compatibilidade pode ser avaliada. Se nos que se amem ou sejam membros da dois antes do intercurso sexual.
dúvidas ou questões sérias existem, família. Tal ato, por conseguinte, deno- Passo 12: Genital em genital. O pro-
agora é o momento de dizer adeus. ta proximidade emotiva, um profundo cesso de ajustamento do casal atinge
Avançar para o passo 7, ou além dele, e elo de amizade, amor e carinho. Os na- seu mais alto nível de desejo sexual, e se
depois separar-se, pode deixar cicatrizes morados que desejam proteger a san- completa com penetração e cópula. As-
profundas e penosas, porque o ajusta- tidade da ligação que se formou, devi- sim se estabelece um liame ao progredir
mento está muito bem conformado. am considerar as conseqüências de o relacionamento através desses 12 pas-
prosseguir até o passo 9. Depois de te- sos. Mas o alvo deveria ser mais do que
Estágio 3: Contato íntimo rem sido examinados todos os outros prazer sexual. O propósito da ligação é
Nesse estágio, o casal se vê confron- fatores de compatibilidade, deviam desenvolver um vínculo mais forte e in-
ta. Embora não ocorra contato sexual pensar sobre casamento ou cessar o pro- dissolúvel de compromisso e confiança
direto, a mudança nas posições dos cor- cesso de ligação. Em outras palavras, o entre marido e mulher.
pos colocam o sexo numa agenda ocul- casal devia parar de se ver, a menos que
ta, da qual ambos estão muito consci- estejam planejando o casamento para Os resultados de apressar
entes. Qualquer contato genital precipi- breve. ou saltar passos
taria uma intimidade sexual que pode- Passo 9: Mão no corpo. Agora as mãos Quando o processo de ajustamento
ria prejudicar a formação de um ajusta- exploram o corpo do parceiro. Acariciar dos 12 passos é antecipado, diversas
mento sadio, introduzir uma corrente o seio torna-se importante para o ho- coisas prejudiciais podem ocorrer:
de desconfiança e perseguir mais tarde mem. No estágio preliminar do passo 9, 1. Quando são omitidos ou apressa-
o par caso venham a contrair núpcias. as mãos ficam fora da roupa, mais tar- dos os passos, a ligação se enfraquece e
A comunicação é diferente. Até agora de, elas se moverão para dentro da rou- tende a romper-se ou deformar-se. Isso
eles estiveram desenvolvendo sua capa- pa, mas acima da cintura. O passo 9 é acontece porque o par não tomou tem-
cidade de comunicação. A essa altura, perigosamente progressivo e inclui o po para conversar sobre questões im-
as trocas verbais são suspensas e o con- friccionamento das costas e outros ti- portantes — valores, alvos e crenças — ,
tato dos olhos e expressões não-verbais pos de carícia. Toda vez que o casal sol- antes de se envolverem fisicamente.
entram em cena. teiro atinge o passo 9, pode ter dificul- Uma vez que os motores sexuais são li-
Passo 7: Face a face. À medida que o dade de parar nesse ponto. É geralmen- gados, as pessoas esquecem outros as-
casal está em comunicação assim dire- te aí que a mulher reconhece que deve pectos de formação do relacionamento.
ta, eles cruzam uma barreira importan- pôr um ponto final no processo, ou será É mais fácil e mais rápido chegar a co-
te. Cada um deles deve pensar cuidado- demasiado tarde. Esse é o ponto sem re- nhecer-se física do que emotiva, social e
samente se pára nesse ponto ou prosse- torno. espiritualmente. É isso que provavel-
gue. Três tipos de contato ocorrem nes- mente mais contribua para o aumento
sa altura: abraços, beijos profundos e Estágio 4: Uma só carne de divórcios.
prolongados, contato visual. O contato A intimidade final somente é apro- 2. Depois que um casal se separa, a
corporal próximo nessa posição frontal, priada no contexto da relação matrimo- tendência é de acelerar os passos com o
combinado com o beijo na boca, provo- nial. parceiro seguinte. Todo nível de excita-
ca um forte despertamento sexual, par- Passo 10: Lábios nos seios. O passo 10 ção é tão compensador que se torna
ticularmente quando repetido ou pro- requer que o seio feminino seja exposto quase impossível ficar satisfeito com ní-
longado. Se o casal tomou tempo para e isso exige privacidade total. O casal veis inferiores. A conseqüência da liber-
falar sobre questões importantes, a co- não só está interessado em prazer e des- dade sexual inibida a longo prazo é a
municação profunda pode ser feita com pertamento, mas pretende completar o
poucas palavras. O contato visual tor- ato sexual. Continua na pág. 25.

14 Diálogo 13:2 2001


Ele tinha compaixão deles:
A atitude de Cristo
para com os pobres
Walter Douglas

O ensino mais distintivo do cristia-


nismo é que Deus deixou a es-
fera do divino e entrou comple-
tamente na experiência humana. Nesse
tou para o verdadeiro problema de sua
vida: egoísmo e ganância. Ele poderia
ter resolvido o problema simplesmente
reconhecendo seu dever para com os
processo, Jesus mostrou ao mundo que pobres. Precisava aprender a lição que
os seres humanos podem ser santos me- Jesus tão claramente ensinou: Somos
diante compaixão prática em favor dos abençoados a fim de ser uma bênção
pobres, dos opressos, dos excluídos e para os outros; somos privilegiados em
“O mundo será convencido, dos estrangeiros. servir a outros. Jesus chamou o homem
Os evangelhos revelam a verdade ir- de louco e ensinou onde reside a verda-
resistível de que Jesus foi tocado pelas deira sabedoria: na ajuda aos necessita-
não pelo que o púlpito ensina, necessidades humanas, e atendeu-as dos.
por atos de misericórdia. Freqüente- Outro exemplo da profunda preocu-
mente Ele chamava a atenção para as pação de Jesus com os pobres é Seu diá-
mas pelo que a igreja vive. necessidades e preocupações dos pobres logo com o jovem rico. Esse homem
e desprezados. Cristo tinha um interes- não era somente poderoso economica-
se particular em alcançá-los e partilhar- mente, mas possuía também influência
O pastor no púlpito anuncia a lhes as boas-novas da salvação. Mas Je- religiosa e política. Evidentemente, a ri-
sus também atendia às suas carências queza e a influência não satisfaziam os
físicas, muitas vezes antes mesmo de anseios profundos do seu coração. As-
suprir-lhes as insuficiências espirituais. sim, aproximou-se de Jesus com a since-
teoria do evangelho; a piedade Ele desafiava aqueles que tinham recur- ra intenção de buscar a vida eterna. Je-
sos a cuidar dos pobres como sendo seu sus demonstrou solene interesse por ele
dever. Disse que eles nos proporciona- e, em resposta à sua pergunta, disse-lhe:
prática da igreja demonstra vam a oportunidade de fazer o bem; “Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o
eles são um teste de aptidão para o rei- aos pobres... e vem e segue-Me”. Mas
no (ver Mateus 25:31-46). essa exigência de discipulado era de-
seu poder”.7 mais para ele — pelo menos assim pen-
A preocupação de Jesus com sava. Era um preço muito alto a pagar
os pobres para seguir a Jesus. Por isso, o jovem
A empatia de Jesus pelos pobres é re- rico “retirou-se triste” (Marcos 10:21-
velada repetidamente nas páginas do 22).
Novo Testamento. Ele contou a história Dentre as muitas lições que podemos
do rico que pensava ter um problema tirar dessa história, pelo menos uma é
com a armazenagem inadequada de sua clara: Jesus repetidamente demonstrava
colheita. A preocupação desse homem preocupação com os pobres. Eles esta-
ficou expressa numa ansiosa declara- vam sempre em Sua mente e eram uma
ção: “Que farei? Não tenho onde arma- parte de Sua conversação. Ele começou
zenar minha colheita” (Lucas 12:17). Seu ministério público lendo o que o
Enquanto esse homem próspero tencio- profeta Isaías tinha predito acerca do
nava edificar celeiros maiores para ar- Messias: “O Espírito Santo é sobre Mim,
mazenar sua colheita abundante, pare- pois Me ungiu para evangelizar os po-
cia completamente esquecido das ne- bres, enviou-Me a curar os quebranta-
cessidades dos pobres. Mas Jesus apon- dos de coração, a apregoar liberdade aos
Diálogo 13:2 2001 15
cativos, e dar vista aos cegos; a pôr em O amor em ação ser pobres. Então lhes disse que, visto
liberdade os oprimidos; a anunciar o O apóstolo João diz: “Quem pois ti- não serem vítimas da pobreza e da in-
ano aceitável ao Senhor”. (Lucas 4:18, ver bens do mundo, e, vendo seu irmão justiça, eles deveriam tomar a sério sua
19). necessitado, lhe cerrar as suas entra- privilegiada posição de trabalhar em
Jesus estava consciente de que Sua nhas, como estará nele a caridade de prol dos menos favorecidos. Eles foram
messianidade incluía cuidar dos pobres Deus? Meus filhinhos, não amemos de abençoados para que, por sua vez, pu-
e necessitados. Por exemplo, quando palavra, nem de língua, mas por obra e dessem abençoar o mundo, particular-
João estava definhando na prisão e dú- em verdade” (I João 3:17). mente o mundo sofredor.
vidas começaram a surgir em sua mente “Muitos”, escreveu Ellen White, “po- Falando com convicção profunda,
a respeito de Jesus e de Sua pretensão de dem ser alcançados somente por atos Viv concluiu a reunião com este apelo:
ser o Messias, ele enviou alguns de seus de bondade desinteressada. Suas neces- “Deus está chamando, procurando ho-
discípulos a fim de inquirirem Jesus. Ao sidades físicas precisam ser primeiro sa- mens e mulheres que ouçam Sua voz e
se encontrarem com Cristo, pergunta- tisfeitas. Ao verem evidência do nosso que preguem Sua mensagem ao povo
ram-Lhe: “És Tu Aquele que havia de amor desinteressado, será mais fácil nessas cidades. Deus deseja quebrar-nos
vir, ou esperamos outro?” A resposta de para eles crer no amor de Cristo.”2 Em- para sermos grãos de trigo que morram
Jesus foi simple: “Ide e anunciai as coi- bora seja verdade de que a igreja ou o para si mesmos e demos nossas vidas
sas que ouvis e vedes: Os cegos vêm, e cristão individualmente não possam em favor dos pobres”.4
os coxos andam; os leprosos são lim- eliminar a pobreza e enfermidade deste
pos, e os surdos ouvem; os mortos são planeta, devemos cumprir nosso dever Indo além de palavras
ressucitados, e aos pobres é anunciado cristão e a responsabilidade social para “Tenho compaixão da multidão...
o evangelho” (Mateus 11:3-5). As obras com os menos afortunados, sendo sen- não têm o que comer”, disse Jesus (Mar-
de compaixão de Jesus testificavam ser síveis aos efeitos da pobreza, doença e cos 8:2). O desafio persistente que a po-
Ele o Messias. Os seguidores de Cristo injustiça na vida das pessoas. A Bíblia breza apresenta aos seguidores de Cristo
precisam demonstrar por suas obras afirma que melhorar as condições de é de ir além de simplesmente falar a
como eles cumprem sua responsabilida- vida dos pobres envolve mudanças reli- verdade sobre amor, compaixão e cui-
de para com os pobres e necessitados; giosas, sociais e econômicas. dado, para viver a verdade em atos de
não somente por palavras eloqüentes Viv Grigg estava falando num tom compaixão e bondade. Precisamos
concernentes à pobreza, mas por ações manso e quase reverente a um grupo de achar modos concretos de aliviar os far-
simples que aliviam seu sofrimento. vinte jovens idealistas em idade colegi- dos dos pobres e necessitados. Precisa-
Em outras palavras, nosso dever com os al e universitária sobre o desafio da po- mos vê-los como pessoas com as quais
pobres vai além do que dizemos, para breza e como os jovens cristãos deviam estamos unidos em Deus. Não podemos
incluir também o que fazemos. Com se relacionar com ele como uma opor- realmente “louvar a Deus de quem to-
efeito, “o verdadeiro culto consiste em tunidade para refletir a compaixão, o das as bênçãos fluem” e ignorar a reali-
trabalhar juntamente com Cristo. Ora- cuidado e a preocupação de Jesus. “Po- dade de um mundo de sofrimento e
ções, exortações e conversa são frutos breza”, disse Viv, “é o problema de nos- miséria. As bênçãos de Deus precisam
de baixo preço, freqüentemente ainda sa época. E entre os espectros de pobre- fluir através de nós, de modo a produzir
ligados à árvore; mas frutos manifestos za, poucos se comparam com os das diferença na vida dos necessitados.
em boas obras, no cuidado dos necessi- grandes cidades do Terceiro Mundo. A O apóstolo Tiago disse: “Se o irmão
tados, dos órfãos e viúvas, são genuínos migração urbana é o maior movimento ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta
e crescem naturalmente numa boa ár- de massa no mundo de hoje. Moradores de mantimento cotidiano, e algum de
vore”.1 rurais estão se encaminhando para es- vós lhe disser: ide em paz, aquentai-vos,
sas megalópoles, cuja população dobra e fartai-vos, e lhe não derdes as coisas
a cada dez anos. Lá pelo ano 2000, um necessárias para o corpo, que proveito
terço da população do mundo estará vi- virá daí? Assim também a fé, se não ti-
“Mas não necessitamos de ir a Nazaré, a vendo nessas cidades e 40% habitará ver as obras, é morta em si
Cafarnaum ou a Betânia para andar nos em favelas”.3 mesma”(Tiago 2:15-17).
passos de Jesus. Encontraremos Suas pega- Viv então passou a desafiar aquele Esse é um chamado para a ação. O
das ao pé do leito dos doentes, nas choças grupo a assumir sua responsabilidade lembrete de Ellen White é apropriado:
de pobreza, nos apinhados becos das gran- social como um chamado de Deus. Ele “Muitos dos que professam Seu nome
des cidades, e em qualquer lugar onde há os encorajou a considerarem onde po- deixaram de considerar o fato de que os
corações humanos necessitados de conso- deriam ter começado e por onde havi- cristãos têm de representar a Cristo. A
lação. Fazendo como Jesus fazia quando na am passado; e como, em seu conheci- menos que haja sacrifício prático pelo
Terra, andaremos nos Seus passos”.8 mento e experiência, poderiam travar bem de outros, no círculo da família, na
contato pessoal com a pobreza, e como vizinhança, na igreja e onde quer que
se relacionar com pessoas que sabiam estejamos, não seremos cristãos, seja

16 Diálogo 13:2 2001


qual for a nossa profissão... Ao vermos pria vida, e distribuindo vida a partir da A igreja e o seguidor de Cristo preci-
seres humanos em aflição, seja devido abundância que recebeu como legado sam responder à pergunta: “Sou eu
ao infortúnio, seja por causa do pecado, de Deus. E o evangelho declara que a guardador do meu irmão?” O sofrimen-
não digamos nunca: Não tenho nada vida eterna é a recompensa daqueles to de nossos semelhantes nos causa dor.
com isso”.5 que cuidam da vida. Aqueles que ali- Podemos tentar escondê-lo, negá-lo,
A melhor revelação de Deus, a ima- mentam os famintos, dão de beber aos encobri-lo ou descartá-lo, mas ainda as-
gem de Deus que nos saúda em toda a sedentos, abrigam o estrangeiro, vestem sim o sofrimento e a dor dos outros não
Escritura, é de um Deus compassivo e os nus e visitam os doentes e encarcera- nos podem deixar completamente im-
misericordioso que sempre favorece o dos tornam-se identificados com a cria- passíveis. Nossa fé cristã reforça isso.
pobre, o oprimido e o marginalizado. ção do reino de Deus neste mundo, e Como posso chamar-me de seguidor de
Temos a declaração da Escritura e de El- atuam em parceria com Deus no domí- Cristo quando não me preocupo com
len White, de que mais pessoas serão nio dos negócios humanos. Desobede- meus semelhantes? Como posso repre-
persuadidas a seguir a Cristo por nossa cer esse mandado bíblico é negar leal- sentar o reino de Deus e não me preo-
bondade, compaixão e devoção às ne- dade ao reino e ao Rei”.6 cupar profunda e praticamente com as
cessidades daqueles que estão desabri- À luz das terríveis histórias de crian- pessoas que são incluídas em Seu reino?
gados, famintos e nus do que por nos- ças famintas ao redor do mundo, os Na Palavra de Deus, a responsabili-
sas idéias elevadas sobre doutrinas cor- cristãos não podem dizer: “Isso não me dade do seguidor de Cristo pelos pobres
retas, que não tocam as vidas das pesso- diz respeito.” Não podemos ficar na de- e necessitados não é menos importante
as de um modo prático (ver Isaías 58; fensiva ao lidar com o desafio persisten- do que a pregação do evangelho, nem é
Mateus 25:31-46; Tiago 2). te da pobreza. Esse não é um programa opcional. É parte integrante de toda a
ou problema do governo. Há uma gera- história do evangelho, porque realmen-
O evangelho e responsabilidade ção, o governo dos Estados Unidos as- te vemos na face do pobre a face de
social sumira muitos dos programas de bem- Cristo: “Em verdade vos digo que,
A ligação entre o evangelho e a res- estar social, e os idealistas da nação quando o fizestes a um destes Meus pe-
ponsabilidade social é claramente re- acreditavam que a guerra à pobreza po- queninos irmãos, a Mim o fizestes”
presentada no ministério de Cristo, e deria ser ganha pelos funcionários pú- (Mateus 25:40).
tanto no Velho como no Novo Testa- blicos com o apoio dos impostos. Mas
mentos. Quando os estragos da pobre- algo estava faltando, algo que era essen- Walter Douglas (Ph.D. pela MacMaster
za, injustiça e opressão estão bem pre- cial ao sucesso e algo que os funcionári- University) preside o Departamento de His-
sentes, a Palavra de Deus insiste que os e programas do governo não podiam tória Eclesiástica do Seventh-day Adventist
uma fé que fala somente das necessida- prover — fé. A fé em Deus demonstrou- Theological Seminary e dirige o Instituto de
des espirituais do povo, mas deixa de se essencial em programas bem-sucedidos Diversidade e Multiculturalismo na An-
demonstrar sua compaixão mediante de livramento das pessoas de drogas e do drews University. Seu endereço postal: An-
auxílio prático é vista como um culto álcool, e de uma vida de pobreza. drews University; Berrien Springs, Michigan
falso (ver Isaías 58). Com efeito, como Nossa sociedade tem tentado desper- 49104; EUA.
Gandhi certa vez disse: “Precisamos vi- sonalizar a pobreza falando em termos
ver em nossas vidas as mudanças que de programas, organizações e estrutu- Notas e referências
queremos ver no mundo.” ras. Mas a pobreza é pessoal. As pessoas 1. Ellen G. White, The Signs of the Times (17
Um discípulo de Cristo verdadeira- é que são pobres. Essa é a gente da qual de fevereiro de 1887).
2. __________, Testimonies for the Church
mente crente não pode tratar com indi- Jesus falou repetidamente em Seu ensi-
(Mountain View, Calif.: Pacific Press Publ.
ferença as desigualdades materiais e a no e pregação. Ele tinha compaixão Assn., 1948), 6:83.
manifestação de poder e privilégio que dela e nos desafiou a reconhecê-la, e as- 3. Jenni M. Graig, Servants Among the Poor
atingem a tantos e leva ao empobreci- sumir nosso dever de lhe sermos uma (Manila, Filipinas: OMF Literature, 1998),
mento espiritual de outros. O evange- bênção. Assim sendo, um seguidor de pág. 27.
4. Ibidem.
lho convida o discípulo de Cristo e a Cristo não pode eximir-se do envolvi- 5. Ellen G. White, O Desejado de Todas as
igreja à solidariedade com todos os que mento com essa condição humana. Nações (Casa Publicadora Brasileira, Santo
sofrem, a fim de juntos podermos rece- Não podemos achar que não é nossa André, SP: 1979), pág. 484.
ber, incorporar e partilhar as boas-no- culpa que essas pessoas sejam pobres. É 6. Cheryl Sanders, Ministry at the Margins,
pág. 28.
vas de Jesus, a fim de melhorar a vida doloroso admitir que elas vivem em po-
7. Ellen G. White, Advent Review and Sabbath
de todos. Como Cheryl Sanders o ex- breza porque alguns de nós vivemos em Herald (20 de janeiro de 1903).
pressa: “O reino preparado desde a fun- conforto. A pobreza é uma crise huma- 8. __________, O Desejado de Todas as Nações
dação do mundo é um reino onde to- na. E para aqueles que são abençoados e (Casa Publicadora Brasileira, Santo André.
dos são satisfeitos, alimentados e livres. privilegiados, ignorar isso constitui SP: 1979), pág. 616.
Alguém se qualifica para entrar nesse uma contradição entre confissão e con-
reino exercendo boa mordomia da pró- duta.

Diálogo 13:2 2001 17


A história da Igreja
Adventista em selos postais
Os Editores1 para a emissão do selo canadense3, e Ore a respeito. “Uma coisa é ficar-
Robert Roach, presidente-fundador do mos animados sobre um projeto, mas

D
e Madagascar até o Canadá há Clube Filatélico Universitário4 e a não é senão quando você tem a bên-
uma longa distância. Mas os maior autoridade em selos adventis- ção do Senhor que o projeto será ver-
dois países estão ligados pela tas, vêem nos selos uma proclamação dadeiramente bem-sucedido.”
surpreendente história da Igreja Adven- potencial para a promulgação de Escolha o tema. “O tema deve ser
tista do Sétimo Dia, contada num selo quem são os adventistas. Por exem- algo que diga respeito ao país em ge-
postal. Essa ilha-república, situada plo, nosso compromisso com a missão ral”.
junto à costa leste da África, foi o pri- global remonta quase ao início de Use uma estratégia. “Você necessita-
meiro país a representar a Igreja Ad- nossa história. Um símbolo desse en- rá de um amplo campo de apoio – po-
ventista e sua obra mediante a emis- volvimento é o famoso barco Pitcairn, líticos, líderes de clubes, líderes de
são de um selo em 20 de fevereiro de que em 1890 navegou dos Estados outras igrejas, agências de desenvolvi-
1967. O Canadá tornou-se recente- Unidos até à ilha do Pacífico Sul com mento, etc. Estimule-os a escrever
mente mais uma nação a estampar o esse mesmo nome. O barco foi reme- para a agência emissora de selos de
logotipo adventista num selo, come- morado num colorido selo, em 22 de seu país, para apoiar a idéia do selo.”
morando a maior assembléia de uma julho de 1975. Outro selo comemora- Seja persistente.6
organização religiosa internacional, tivo da missão foi emitido pela Papua-
quando a Associação Geral realizou Nova Guiné em 1981, promovendo a Notas e referências
sua 57ª sessão em Toronto, no verão aviação adventista e proclamando ao 1. Os editores reconhecem a valiosa
de 2000. Entretanto, outros 17 selos mundo nosso permanente interesse cooperação de Robert Roach na
preparação deste artigo.
foram emitidos ao redor do mundo em transpor todo terreno e monta- 2. Pode ser adquirida uma coleção de 18
por países como Samoa, Ilha de Pit- nha, a fim de partilhar as boas-novas selos emitidos por 11 países em
cairn, Malawi, Bahamas, Ilhas Cook e do amor e cuidado de Deus. Em 1996, homenagem à Igreja Adventista do
Uruguai2, destacando o significado da o Uruguai celebrou o centenário de Sétimo Dia, sua história e missão, por
US$20.00. Faça contato com Robert
Igreja Adventista para sua pátria, co- nossa obra naquele país, emitindo um
Roach no site www.tagnet.org/stamps.
munidades, etnias e história. selo com o familiar ícone adventista: Nesse mesmo site você poderá achar
O que é um selo? O significado do três anjos com trombetas proclaman- informações sobre como tornar- se
selo mudou bastante desde seu come- do o evangelho eterno. membro de uma Sociedade Filatélica
ço em 1840, na Inglaterra, como meio Tais histórias podem se repetir. Mas Adventista do Sétimo Dia,
recentemente organizada.
de remessa de mala postal com porte o Canadá, mediante selo emitido por 3. Ver Barry W. Bussey, Seeking God’s Stamp
pago. Hoje ele é mais do que um dis- sua agência de correios e enfocando a of Approval: The Inside Story (Oshawa:
tribuidor de mensagens. Tornou-se Igreja Adventista do Sétimo Dia, é o Maracle Press, 2000), para uma história
um instrumento comemorativo de primeiro país ocidental a homenagear completa dos adventistas retratada em
selos.
grandes acontecimentos, personalida- a igreja e seu compromisso com o
4. Ver seu livro Postmarks and Pioneers:
des notáveis, eventos históricos, da bem-estar humano. Esta edição de Di- SDA History & Stamps, disponível no site
beleza da Natureza ou do desafio dos álogo, que apresenta um álbum de se- www.tagnet.org/stamps.
céus. Firmou-se também como um los adventistas, antecipa tais possibili- 5. Ver Bussey, págs. 81-83. E também
arauto proclamador da dignidade hu- dades em outros países, particular- Milton Murray, Um Homem, Um Sonho e
Um Selo Postal, Diálogo 10:3 (1998), pág.
mana, da liberdade nacional, do signi- mente onde os adventistas se desta- 35.
ficado do voto eleitoral, dos direitos cam por meio de seus serviços educa- 6. Um jornal filatélico russo anunciou que
humanos, das realizações nacionais, cionais, médicos e comunitários. a Igreja Adventista em Ryazan será
da missão aos pobres ou do cuidado Deseja você ver sua igreja represen- representada numa série de selos a ser
lançada em meados de 2001.
com o meio ambiente. tada num dos selos de seu país? Bus-
Dois filatelistas adventistas, Barrey sey destaca alguns passos iniciais que
W. Bussey, que tomou a iniciativa você deve dar5.

18 Diálogo 13:2 2001


Foro Aberto
Por que me
Don Driver
incomodar orando?

C reio em Deus e procuro viver a vida


cristã. Embora tenha aprendido que a
oração é um fator importante em nosso re-
baixar até nós, mas eleva-nos a Ele”.2
Segundo, Jesus, nosso exemplo,
orava. Se a oração não faz diferença,
porque os apóstolos oraram e porque
a oração me liga com a mente e o co-
ração de Deus.
lacionamento com Deus, pergunto-me se por que Jesus orava, às vezes, a noite
ela é realmente necessária. A Bíblia ensina toda, e no Getsêmani a ponto de ver- Don Driver é o pastor responsável pela
que Ele é onisciente, cheio de amor e sem- ter sangue como suor? Não estava Ele Igreja Adventista do Sétimo Dia em
pre pronto a dar-nos o que é melhor. Por ciente dos planos e propósitos de Seu Beltsville, Maryland, EUA. Seu e-mail:
que então deveríamos nós orar? Pai? A oração de Jesus mostra que orar ddriver4@juno.com
é mais do que pedir algo — é estar em

C erta vez eu estava discutindo ques-


tões espirituais com um jovem in-
teligente e bem falante. Subitamente,
constante comunhão com Deus. Ela
também mostra que somente pela de-
pendência de Deus podemos receber
Notas e referências
1. Todas as passagens bíblicas são
extraídas da Bíblia de Almeida revista e
corrigida.
ele me assustou com uma irrupção ira- força e poder para cumprir nossa mis-
2. Ellen G. White, Caminho para Cristo
da. “Essa idéia de oração é uma toli- são e propósito nesta vida. As orações (Santo André, São Paulo: Casa
ce!” Ele sabia o que é oração e o que a no Getsêmani e na cruz são exemplos Publicadora Brasileira, 1984), pág. 93.
Bíblia diz a respeito. Contudo, achei fundamentais.
de experimentá-lo um pouco. “O que Terceiro, devemos orar uns pelos
você quer dizer com a oração ser uma outros. Jesus disse certa vez a Pedro,
tolice?”, perguntei. “Bem”, disse ele, “Mas Eu roguei por ti, para que a tua
“a oração não afeta a Deus de modo
algum. A Bíblia diz que ‘Deus é o mes-
fé não desfaleça” (Lucas 22:32). Jesus
sabia que Pedro O haveria de negar
Diálogo grátis
mo ontem e hoje e sempre.’ Assim, três vezes, mas também sabia que há para você!
nada do que você Lhe diz vai mudá- poder na oração intercessória, e que é
Lo. Deus, de qualquer modo, sabe de importante a pessoa saber que alguém Se você é estudante adventista e fre-
tudo. Ele diz, por exemplo, ‘antes de- está orando por ela. Assim, a interces- qüenta uma universidade não-adventista,
les Me invocarem, Eu responderei’. são é outro aspecto importante da a igreja tem um plano que lhe permite re-
Que adianta orar se Ele conhece tudo? vida de oração do cristão. “A oração ceber Diálogo gratuitamente enquanto
É perda de tempo”. feita por um justo pode muito em seus você for estudante. (Aqueles que não são
Isso faz sentido, correto? Errado, e efeitos” (Tiago 5:16). mais estudantes podem assinar a revista
eis por quê. Naturalmente, a oração inclui a ex- Diálogo utilizando o cupom à pág. 11.) En-
Primeiro, Deus diz na Bíblia que posição de nossas necessidades diante tre em contato com o diretor do Departa-
devemos orar. “Quero, pois, que os de Deus. Daniel orou, plenamente mento de Educação ou do Departamento
homens orem em todo o lugar, levan- cônscio de que Deus conhece todas as de Jovens da sua União e solicite que seu
tando mãos santas, sem ira nem con- coisas. Paulo orava continuamente nome seja incluído na lista de distribuição
tenda” (I Timóteo 2:8). 1 “Orai sem em seu próprio favor, sua missão e da revista para aquele território. Inclua na
cessar” (I Tessalonicenses 5:17). “Não suas congregações, embora soubesse carta seu nome e endereço completos, o
estejais inquietos por coisa alguma, que todas elas estavam nas mãos de nome da universidade que freqüenta, o
antes as vossas petições sejam em Deus. A oração não é tanto para infor- curso que está fazendo e o nome da igreja
tudo conhecidas, diante de Deus, pela mar a Deus de nossas necessidades, de da qual você é membro. Pode também
oração e súplicas, com ação de graças” modo que Ele manipule as coisas a escrever para os nossos representantes
(Filipenses 4:6). A oração afeta a qua- nosso favor, mas para nos ligar com nos endereços fornecidos à pag. 2, envi-
lidade de nossas vidas. Como Ellen Sua mente e coração. Podemos então ando cópia da sua carta para os diretores
White escreve de modo tão belo: “A começar a pensar Seus pensamentos e departamentais de sua União, já mencio-
oração é o abrir do coração a Deus compreender Seu caminho, harmoni- nados acima. Caso todos esses contatos
como a um amigo. Não que seja ne- zando nossa oração com Sua vontade. deixem de produzir resultado, escreva
cessário a fim de informar a Deus o Assim, por que devo me preocupar para o nosso endereço eletrônico:
que somos, mas a fim de nos capacitar em orar? Porque Deus deseja que eu o 104472.1154@compuserve.com
a recebê-Lo. A oração não faz Deus faça, porque Jesus deixou o exemplo,
Diálogo 13:2 2001 19
Perfil
Glória Diokno
Diálogo com uma professora universitária,
conferencista e pesquisadora filipina.

G
lória Diokno é cientista social, professora universitária e pesquisadora. bém. Embora não me persuadissem a
Por quase 35 anos a Dra. Diokno tem sido uma educadora notável, ser professora, serviram-me de bons
dedicada ao desenvolvimento da comunicação e à pesquisa de tecnologia modelos durante aqueles importantes
avançada para a restauração da qualidade das florestas e terras de lavoura, anos de minha vida.
bem como em promover a utilização eqüitativa dos recursos naturais. Presente-
mente, ela trabalha como cientista social empenhada em pesquisa no Instituto ■ Poderia nos dizer algo de sua profis-
de Pesquisa de Florestas da Universidade das Filipinas, Los Banos. são?
Nascida nas Filipinas, ela se graduou na Adventist University of the Já sou preletora em inglês e ciênci-
Philippines (então Philippine Union College) com concentração em inglês. Suas as sociais por muitos anos numa das
consecuções acadêmicas notáveis grangearam-lhe bolsas de estudo integrais, que universidades estaduais das Filipinas.
lhe permitiram a obtenção do mestrado e doutorado na Universidade das Filipi- Dou aulas em cursos de jornalismo e
nas, Los Banos, em 1971 e 1978. redação, bem como em metodologia
Grandemente influenciada por seus pais adotivos que se haviam tornado de pesquisa nas ciências sociais. Além
adventistas no começo da década de 1950, a Dra. Diokno uniu-se à Igreja disso, trabalho como editora de uma
Adventista em 1954. Seu grande desejo de contribuir com a melhora da educa- publicação regional, e também de ou-
ção adventista e de servir à igreja inspiraram-na a participar ativamente de co- tros dois periódicos ligados a áreas de
missões administrativas, mesas e comissões executivas da União do Norte das pesquisa, comunicação global e ciên-
Filipinas, da Adventist University of the Philippines e do Adventist cia social. Presentemente, assumi mai-
International Institute of Advanced Studies. ores responsabilidades na universida-
Com a organização dos ministérios da mulher na Igreja Adventista, em de como pesquisadora em ciência so-
1995, a Dra. Diokno passou a liderar e inspirar outras mulheres, estimulando- cial.
as a “levantar-se, brilhar e servir”. Desde 1997, ela é presidenta da Associação
de Mulheres da Missão Sul-Central de Luzon, nas Filipinas. ■ Com que espécie de pesquisa se ocupa
Glória Diokno é casada com Joseph Ramos Diokno, da marinha mercante, e atualmente?
têm um filho que trabalha para o governo das Filipinas. Seu amor por Cristo e Faço bastante pesquisa para o Bu-
a paixão de partilhar Jesus com seus estudantes e colegas continua a inspirar reau de Pesquisa e Desenvolvimento
muitos membros, especialmente mulheres, a seguirem o Senhor como ela tem de Ecossistemas, que está vinculado
feito. ao Departamento de Recursos Ambi-
entais e Naturais das Filipinas. Por
exemplo, o governo está tentando re-
alocar em outras áreas do país os agri-
■ Dra. Diokno, como a senhora se inte- cultores que usam as técnicas de corte
ressou pela carreira magisterial e de pes- e queimada, e que estão depauperan-
quisa? do a terra pela incineração de suas co-
Creio que meus pais adotivos tive- lheitas. Faço vistorias para identificar
ram grande influência na escolha de meios de ajudá-los a adotar práticas
minha carreira. Quando eu tinha dez de conservação e a nova tecnologia de
anos, meus pais me adotaram. Tanto embalagem do carvão verde.
mamãe quanto papai foram professo-
res de escola paroquial por um tempo, ■ Fale-nos acerca de sua experiência
então, um ingressou no magistério de como adventista.
escolas públicas, enquanto outro con- Minha mãe era adventista, mas ela
tinuou a ensinar no sistema adventis- faleceu quando eu ainda era muito
ta. Eles amavam seu trabalho e estou criança. Então, providencialmente,
certa de que isso me contagiou tam- fui adotada por pais cristãos. Alguns

20 Diálogo 13:2 2001


anos mais tarde, eles aceitaram a fé quando tenho reuniões ou aulas, eles as lições de A Voz da Profecia. Então,
adventista e fui batizada juntamente deixam de servir alimentos entre as quando algum manifesta o desejo de
com eles. Meus pais adotivos observa- refeições. Em vez de café ou refrige- ser batizado, pedimos ao pastor local
vam fielmente a fé adventista e esta- rantes, servem água. Gosto quando ou ancião para completar o processo.
vam resolvidos a proporcionar-me me perguntam sobre o conceito do Também trabalho com as mulheres no
educação cristã. Sou adventista há 46 NEWSTART, um acrônimo que em in- planejamento de campanhas evange-
anos. glês significa os remédios naturais: lísticas em toda a missão.
Nutrição, Exercício, Água, Luz Solar,
■ Lecionar numa universidade pública Temperança, Ar Puro, Descanso e Fé ■ Sua dedicação ao trabalho evangelísti-
cria-lhe algum problema como adventis- em Deus. Ajudo a dar seminários base- co do ministério das mulheres não gera
ta? ados nesses princípios de saúde. conflito com sua profissão?
Absolutamente não! Não tenho De forma alguma! Com efeito, ele
problemas com o sábado porque te- ■ Como profissional pertencente ao laica- complementa meu trabalho na área
mos um programa de cinco dias de to da Igreja Adventista, em que ministéri- de ciências sociais. Participamos de
trabalho na universidade. O único os a senhora tem servido? projetos chamados Mulheres e Desen-
problema, não de muita importância, Tenho dirigido seminários em con- volvimento. Ajudo na área de saúde
é o programa de funções sociais nas venções, retiros e outras reuniões liga- apresentando às mulheres o NEWS-
noites de sexta-feira ou sábado. Mas das à igreja. Também tenho participa- TART. Outra área em que coopero é
porque a universidade sabe que guar- do como membro de mesas diretoras no ensino de atividades que ajudem
do o sábado do pôr-do-sol de sexta- de escolas, de comissões administrati- as mulheres a ganhar a vida, tais
feira ao pôr-do-sol de sábado, os ad- vas e mesas da união e da divisão por como: fazer sabão, costurar, etc. O
ministradores e colegas respeitam mi- muitos anos. Sinto-me feliz em pres- tipo de palestras que dou durante as
nha crença e prática. Com efeito, eles tar serviços à Igreja Adventista, embo- reuniões de evangelismo pode tam-
procuram achar o melhor horário ra não trabalhe diretamente para a de- bém ser usado quando estou dando
para colocar-me, e até procuram res- nominação. aulas.
peitar minhas preferências alimenta-
res. ■ Quando passou a se envolver com os ■ Que conselho gostaria de dar aos estu-
ministérios da mulher? dantes adventistas em universidades pú-
■ Como a senhora partilha sua fé com os Creio que quando fui nomeada co- blicas?
colegas e estudantes? ordenadora de ministérios da mulher Lembrem-se de permanecer firmes
Geralmente estou à procura de li- em Calamba, onde fica minha igreja. e praticar um estilo de vida adventista
vros bons e com desconto para com- No ano seguinte, o diretor na missão consistente. Não oculte sua fé; ao con-
prar. Dou-os de presente a meus cole- dos ministérios da mulher convocou trário, seja corajoso em praticar suas
gas e estudantes. Eis alguns deles: The uma reunião de todas as coordenado- crenças e valores adventistas. Faça o
Book That Cannot Be Destroyed (O Li- ras das várias igrejas, a fim de nos aju- melhor para partilhar sua fé. Deus o
vro Que Não Pode Ser Destruído), I dar a organizar-nos como uma associ- abençoará.
Love You (Eu o Amo), Energized (Ener- ação de mulheres. Fui então eleita
gizado), O Grande Conflito e Caminho presidente da Associação de Mulheres Entrevista concedida a
para Cristo. Peço-lhes para irem à mi- da Missão Sul-Central de Luzon. Si- Linda Mei-Lin Koh
nha igreja em dias especiais de visitas, multaneamente, fui também escolhi-
e dou a meus alunos lições de A Voz da para presidir a Associação de Mu- Linda Mei-Lin Koh (Ed.D. pela Andrews
da Profecia. Convido-os a cantar e lheres da província de Laguna, e sub- University) é diretora de ministérios de crian-
desfrutar comigo de alguns dos gran- seqüentemente, do distrito local. ças, famílias e mulheres da Divisão Sul-Asi-
des hinos de nosso hinário. ática do Pacífico. Seu endereço postal: P.O.
■ Em que espécie de atividades a senhora Box 040; Silang, Cavite, 4118; Filipinas.
■ O que lhe proporciona maior satisfação está envolvida, juntamente com outras E-mail: 102555.311@compuserve.com.
em seu trabalho na universidade? mulheres em sua associação? Endereço Postal da Dra. Glória Diokno:
Uma coisa que realmente me traz Organizo retiros de mulheres, semi- ERDB, University of the Philippines, Los Banos,
grande alegria e gratificação é notar nários de treinamento em compa- Laguna, Filipinas. E-mail: erdb@laguna.net
como alguns de meus colegas e alunos nheirismo e liderança para crescimen-
me tomam como modelo de vida sau- to e enriquecimento. Como ação mis-
dável. Eu lhes falo dos efeitos prejudi- sionária, começamos um ministério
ciais de comer entre as refeições, de de visitação regular de prisões, que já
tomar café ou chá e ingerir alimentos está em seu quarto ano de operação.
suculentos e ricos em gorduras. Assim, Semanalmente, ensinamos aos presos

Diálogo 13:2 2001 21


Perfil
Barry C. Black
Diálogo com um capelão adventista
da Marinha dos Estados Unidos

E
m outubro de 2000, quando o vaso de guerra USS Cole foi avariado por tunado em olhar para a frente ao sair da
um ataque terrorista no Iêmen, o contra-almirante Barry Black viajou cama pela manhã, e estar, durante os
para a base de Norfolk, Virgínia, a fim de participar na cerimônia de se- últimos 24 anos, em condições de me
pultamento das 17 vítimas da explosão. O então presidente norte-americano, dirigir a um trabalho que me entusias-
Bill Clinton, foi principal orador na cerimônia. ma, e cumprir um ministério maravi-
Em julho de 1999, quando os restos mortais de John F. Kennedy, Jr. e sua es- lhoso que nunca antes sonhara ser pos-
posa, Carolyn Bessette, foram sepultados no mar, perto da costa de sível.
Massachussetts, o capelão Black estava presente para confortar as famílias dos
mortos e ajudá-las a suportar a dor. ■ Que acontecimentos o encaminharam
Que Black estivesse ministrando à gente famosa e poderosa teria parecido para a capelania militar?
uma fantasia distante quando ele crescia num lar sem pai, vivendo com a mãe O que mais despertou meu interesse
solteira, num distrito de baixa renda em Baltimore, Maryland, nas décadas de no ministério militar foi o prazer de tra-
50 e 60. balhar com jovens. Cinco marinheiros
Contudo, a vida de Barry Black não é tanto uma história de boa sorte como adventistas do sétimo dia, que estavam
de devotamento cristão, apoio da família e da igreja, aconselhamento e abertu- servindo em Norfolk, Virgínia, dirigiam
ras providenciais. Deus colocou Black em situações onde ele se desenvolveria fí- dez horas, ida e volta, cada fim-de-se-
sica, emocional, social e espiritualmente; onde poderia vencer preconceitos e to- mana, só para me ouvir pregar. E mui-
mar posição em favor do cristianismo em geral e do adventismo em particular. tas vezes eles se apresentavam unifor-
Hoje Barry Black é o comandante dos capelães navais. Adventista e capelão mizados. Esse foi meu primeiro vínculo:
mais graduado da Marinha dos Estados Unidos, Black superintende a eu queria trabalhar com os jovens.
capelania de católicos romanos, ortodoxos, protestantes e judeus na Marinha; Disse àqueles jovens: “Por que vocês
também dos Fuzileiros Navais, da Guarda-Costeira e da Marinha Mercante — dirigem 10 horas nos fins-de-semana
cerca de 1.400 pessoas ao todo. Ele mora no Arsenal Naval em Washington, e para ir à igreja?”
tem seu escritório no Anexo da Marinha, próximo ao Pentágono, em Washing- Eles disseram: “Queremos ser fiéis
ton, D.C. Black e sua esposa, Brenda, têm três filhos: Barry II,Brendan e em nosso culto.”
Bradford. Perguntei-lhes: “Por que vocês não
Black freqüentou o Oakwood College, a Andrews University, North Carolina freqüentam umas das capelas? Ou uma
Central University, o Eastern Baptist Seminary, a Salve University e a United das igrejas na área de Norfolk?”
States International University. Ele concluiu mestrados em divindade, Eles responderam: “Bem, na capela
aconselhamento e administração, e doutorados em ministério e psicologia. nunca vimos um capelão afro-america-
no.” Isso despertou meu interesse —
■ Quando o senhor começou a sentir o ■ Que outras opções o senhor considerou? meu segundo vínculo.
chamado de Deus para o ministério? Medicina, advocacia, ou algo onde Por esse tempo, Clark Smith, que era
Eu sempre soubera, embora nem eu pensava poder fazer algum dinheiro. o diretor da então Organização Nacio-
sempre me entusiasmasse com isso, que Mas o poema, “O Cão de Caça do Céu”, nal de Serviço da Associação Geral, en-
fora chamado para pregar. Minha mãe de Francis Thompson, me chamou a viou uma carta dizendo que a igreja es-
dizia que eu tentava pregar antes de atenção e finalmente, em meu penúlti- tava interessada em pastores que esti-
conseguir falar. Esse chamado realmen- mo ano, ergui minhas mãos e disse: “Eu vessem dispostos a trabalhar no setor
te nunca teve rival em minhas afeições. me entrego.” Essa foi a melhor decisão militar. Li a carta e meu interesse, mais
Mas eu sabia que pregadores não ga- que eu poderia ter feito, pois se tornou os outros dois vínculos, se somaram.
nham muito dinheiro e, como resulta- para mim uma abençoada oportunida-
do, fugi dele como Jonas tentando eva- de e a mais compensadora vocação. ■ Qual a sua experiência como capelão mi-
dir-se na direção oposta. Mudei muitas Henry David Thoreau disse certa vez: litar que não teria podido desfrutar como
vezes minha concentração de estudos “A maioria dos homens leva uma vida pastor de uma paróquia?
no Oakwood College, procurando fugir de desespero mudo.” Sinto-me tão afor- Quando fui para a escola de capela-
dessa vocação.
22 Diálogo 13:2 2001
nia, o contexto pluralístico do treina- que eu era um adventista do sétimo dia, pessoas a se prepararem para encontrar-
mento e do ministério me entusiasma- eu lhes dizia: “Nem todos vocês estão se com Deus. Ellen White escreveu que
ram. Nunca tivera a oportunidade de prontos ainda. Não saberiam como li- Satanás excita as nações para a guerra, a
interagir com um rabino. Nunca me dar com isso.” fim de desviar as pessoas da obra de
havia encontrado com um sacerdote ca- Quando já estavam ameaçando ati- preparação para estar de pé no dia de
tólico romano ou me associado a pasto- rar-me ao mar caso não lhes contasse, Deus. Quero estar em posição de recu-
res de várias denominações protestan- eu entrava nas verdades bíblicas mais perar algumas dessas almas.
tes. Achei isso estimulante. Ferro afian- distintivas quanto ao estado dos mor-
do ferro, partilha de idéias e desmitifi- tos, o sábado, etc. O interessante é que ■ Como se mantém concentrado e conse-
cação de algumas noções que eles ti- eu sempre achara que o estado dos mor- gue equilibrar as exigências do serviço de
nham sobre o que nós cremos. tos seria um obstáculo maior do que o Deus e do serviço à pátria?
Eles chamavam os rabinos e eu de sábado. Depois das viagens que dura- O que trago para esta posição é uma
“os quatro rabinos”, porque nós sempre ram seis meses, batizamos 40 membros fome genuína de Deus. Quando eu era
tínhamos atenção dietética especial. Foi de nosso grupo de estudos bíblicos que criança, entrava na igreja sozinho e me
assim que uma ligação maravilhosa haviam basicamente estado expostos às ajoelhava para orar. Não sei de muitas
ocorreu entre mim e meus três amigos doutrinas da Igreja Adventista durante crianças que fariam algo parecido. Deus
judeus. esse tempo. reconhece isso.
Tenho sede de conhecer e aprender.
■ Fale sobre as oportunidades para teste- ■ Geralmente não estimulamos os jovens a Liderança serviçal envolve o ouvir, por-
munhar. se apresentarem como voluntários para o que antes de poder servir você precisa
Estou pregando para uma sala reple- serviço militar. Como o senhor vê, em geral, ouvir sobre as necessidades, e então
ta de não-adventistas. Eles sabem quem sua experiência no papel de capelão mili- achar um modo de atendê-las. Eu tenho
sou e estão me ouvindo falar. Depois de tar? essa capacidade. Tenho sido estudante a
três anos no ministério militar, fui esco- O serviço militar provê um modelo vida toda e penso que Deus aprova isso,
lhido para ser capelão na Academia Na- de pluralismo, um padrão de ministério dizendo: “Este é um instrumento que
val dos Estados Unidos. Fui a segunda pluralístico. Antes de entrar no serviço posso usar agora para servir no corpo de
pessoa de cor a servir nessa qualidade. E militar nunca pastoreei ou batizei al- capelães.”
o primeiro adventista. Imagine 2.500 guém que não fosse afro-americano, e Também penso que Deus me aben-
aspirantes da Marinha lotando a capela, nunca participei do lava-pés com al- çoou com a habilidade especial de co-
domingo após domingo, e a oportuni- guém que não fosse afro-americano. municar. A principal responsabilidade
dade de falar a esses brilhantes jovens Provavelmente eu não teria tido essa do capelão é, até certo ponto, o que
acerca do evangelho de Jesus Cristo. oportunidade de ministério pluralístico Theodore Roosevelt descreveu ser a pre-
em outros contextos. Penso que ele seja sidência: um púlpito provocativo. A ca-
■ Quão específico o senhor pode ser em ter- um modelo de pluralismo. O setor civil pacidade de comunicar uma visão e de
mos de nossas doutrinas num ambiente poderia aprender bastante da “coopera- entusiasmar as pessoas sobre ela é críti-
como esse? ção sem compromisso”, que é o lema de ca.
Temos muito em comum com outras tantos capelães militares. Assim, tenho sido abençoado com os
denominações. Se você examinar o Cre- tipos de experiências nos lugares para
do dos Apóstolos, poderíamos concor- ■ Todavia, a organização militar como ins- os quais fui designado. Como já referi,
dar com todos os seus pontos. Há muito tituição, usa de violência e força para atin- Deus vem preparando isso desde o co-
a ser dito e que é vivificante sem entrar gir seus objetivos. Pessoalmente, como o se- meço, de modo que trago o conheci-
nas doutrinas mais peculiares. Além nhor entende essa questão? mento básico exigido na tomada de de-
disso, o púlpito fornece um trampolim Em Romanos 13 temos o princípio cisões difíceis, e para não ser intimida-
para perguntas e estudos bíblicos. bíblico de Deus usando forças tempo- do pelos superiores hierárquicos das ca-
Durante algumas manobras militares rais para efetuar Sua vontade na Terra. tegorias às quais fui chamado para
tivemos estudos bíblicos todos os dias, Há um papel designado à autoridade aconselhar.
e eu simplesmente usei o livro Estudos governamental e Deus pode usá-la de
Bíblicos Para o Lar. Eu anunciava o títu- muitos modos para cumprir Seus defi- Entrevista concedida a
lo e o pessoal dizia: “Como o senhor nidos propósitos. Stephen Chavez
pode ter tempo de apresentar todos es- Precisamos admitir que a guerra é
ses títulos diferentes e todos esses estu- uma anomalia na experiência humana, Stephen Chavez é editor-assistente
dos?” (Naturalmente, nunca lhes contei como é o tirar a vida. Contudo, devo da Adventist Review. Seu e-mail:
meu segredo.) perguntar-me como membro do clero: chavez@gc.adventist.org
Quando chegávamos às verdades Onde quero estar? Minha escolha é es-
mais probantes, porque eles já sabiam tar numa situação onde posso ajudar as

Diálogo 13:2 2001 23


Logos
Vivendo com certeza
Carole Ferch-Johnson em tempos de
tribulação

H
istórias de tragédia e tribulação, para Murta se não fosse seu primo igualava à severidade da conspiração
dificuldades e provas, pontuam mais velho, Mardoqueu. Ele a levou de Hamã. Essa era uma “limpeza étni-
as páginas das Escrituras. De para sua casa e assumiu o papel de pai ca”, o extermínio sistemático de toda
José a Jeremias e de Jó a João Batista, substituto, enquanto ela crescia sob uma nação, um genocídio do qual não
essas crônicas falam de tribulações seu teto rumo à feminilidade. Mal sa- haveria livramento.
que afetavam os servos de Deus. Mes- biam eles que um dia Murta seria de- Encorajada por Mardoqueu, Ester
mo o Messias, a esperança de Israel, signada pelo Deus de Israel para lide- se ergue em defesa de seu povo e parte
cuja promessa e presença permeiam a rar Seu povo em meio a um tempo de numa perigosa missão de salvamento.
Bíblia, é descrito como servo sofre- aflição tal qual nunca houve. Há muitas incertezas. Ela precisa
dor—um homem de dores e experi- No tempo devido, Murta (Hadassa, estar sozinha na presença do rei. Não
mentado em trabalhos (Isaías 53:3). em hebraico) tornou-se Ester, rainha haverá mediador; nenhum advogado
Assim, não é surpreendente que as do império medo-persa, que se esten- para defendê-la. Será que Ester fez o
Escrituras falem do “dia de tribula- dia do norte do Sudão até a Índia. Os possível a fim de preparar-se para esse
ção”, “tempo” ou “tempos de tribula- historiadores nos dizem que seu mari- momento? Será ela bem-sucedida? Ela
ção” mais de 20 vezes. Através destas do Xerxes ou Assuero não estava in- sabe que é a esposa preferida do rei.
referências aos tempos de tribulação, teiramente à altura das exigências ad- Com suas próprias mãos, Xerxes já
a Bíblia conta uma história particular. ministrativas do império. Dependente pusera uma coroa em sua cabeça e lhe
O tema é: “Um tempo de aflição qual da sabedoria dos outros, ele tendia a dera um lugar ao lado direito do tro-
nunca houve”. A história começa com aceitar conselho de qualquer fonte no. Mas será que o rei a aceitará nessa
a sorte de uma mulher chamada “a disponível. Então a punha em prática ocasião? Cheia de pressentimentos,
desejável, a amada” que foi sumaria- com pouca análise ou ponderação. As- Ester luta com a dúvida e o conflito
mente rejeitada por seu marido e con- sim o rei caiu vítima das maquinações íntimo. Esse era seu tempo de tribula-
tinua com as aventuras de uma meni- astutas de Hamã, seu oficial favorito, ção tal como nunca houve. Ela sabe
nazinha chamada Murta. que o levou a baixar um decreto e fi- que pode sobreviver somente se sua
Em muitas línguas é comum dar o xar a data de sua execução. Por esse defesa for mais forte do que o maior
nome de flores conhecidas a meninas: decreto, não somente o primo de Es- desafio. Ela reúne seus recursos:
Margarida, Rosa, Violeta, Urze. Murta ter, Mardoqueu, por quem Hamã se 1. Possível acesso direto ao rei.
era um botão cor-de-rosa e branco que sentia desprezado, mas também todos 2. Apoio pessoal do primo Mardo-
adornava um arbusto cujos galhos os judeus das 127 províncias do impé- queu.
eram usados durante a Festa dos Ta- rio seriam mortos. 3. Apoio da comunidade e orações
bernáculos. Mas a Murta de nossa nar- dos judeus que jejuavam.
rativa aparece num desnível profundo Uma missão ousada 4. Sua própria fé no Deus de Israel.
da história judaica. A vida não lhe ha- Os judeus já haviam sofrido antes. Assim, Ester vai ao encontro do rei.
via sido fácil. Se alguma vez ouviu a A escravidão egípcia fora penosa. Um Ela faz o percurso até o salão de audi-
suave voz de sua mãe ou sentido seu faraó impiedoso reduziu Israel a um ência com passos medidos, com a es-
abraço gentil, não foi por muito tem- bando de escravos servis e ignorantes. perança de Israel brotando do coração
po. Privada de pai e mãe, ela não teve Perseguidos por suas carruagens até a e os princípios de sua fé perpassando
um genitor presente que se deleitasse beira do mar, quase foram destruídos; em seu cérebro. “Mas a salvação dos
em sua conversa infantil, ou se ale- mas sobreviveram. Eles suportaram o justos vem do Senhor; Ele é a sua for-
grasse com seu crescimento e progres- cativeiro babilônico. Seus bens foram taleza no tempo da angústia” (Salmo
so. Sentimento de perda, separação e pilhados e queimados, seu templo e 37:39). “O Senhor é bom, uma fortale-
pesar eram bastante familiares a essa cidade destruídos, e seu país ocupado za no dia da angústia, e conhece os
filha do infortúnio. por outro povo. Mas se mantiveram que confiam nEle” (Naum 1:7). “Ain-
O futuro também teria sido negro vivos. Porém, nada em seu passado se da que a figueira não floresça, nem

24 Diálogo 13:2 2001


haja fruto na vide; ainda que falhe o
produto da oliveira, e os campos não
mir? Não há uma grande imagem e
uma pedra cortada sem mãos para ele,
Conversa franca…
produzam mantimento; ainda que o nem mesmo uma pequena imagem? Continuação da pág. 14.
rebanho seja exterminado da malhada Onde estava Deus quando Seu
e nos currais não haja gado, todavia povo provou “um tempo de angústia dificuldade de ajuste a um parceiro de-
eu me alegrarei no Senhor: exultarei qual nunca houve”? Curiosamente, pois de múltiplas experiências.
no Deus de minha salvação. O Senhor não há menção dEle em parte alguma 3. Uma pessoa experimentada sexu-
Deus é minha força. Ele fará os meus dos dez capítulos do livro de Ester. almente tende a se apressar e seduzir o
pés como os da corça, e me fará andar Isso realmente não é tão surpreenden- novo parceiro ao intercurso. Quem se
sobre os meus lugares altos” (Habacu- te, pois Deus sempre parece oculto em acostuma a seguir através dos 12 passos
que 3:17-19). tempos de tribulação e Sua presença de despertamento sexual sem parar,
Quando o rei viu a rainha Ester no muito distante. Quanto maior a tribu- achará difícil moderar o processo ou
pátio, agradou-se dela e estendeu-lhe lação, menos capazes somos de vê-Lo. parar nos passos 7, 8 ou 9.
o cetro de ouro. Quando maior a prova, mais lutamos Agora que os 12 passos foram esbo-
para confiar no Senhor e crer em Sua çados, podemos determinar melhor o
Vitória para o povo de Deus infalível providência. que é apropriado para cada nível do na-
A trama termina com uma vitória Parecia que Ester e os judeus de seu moro. Seus valores devem estar com-
retumbante para Ester e o povo de tempo não usufruiriam de uma espe- promissados com Deus, juntamente
Deus. Seu temor cede lugar ao regozi- cial intervenção divina para socorrê- com tudo aquilo que você valoriza e
jo e o jejum se transforma em conten- los durante sua grande prova. Tiveram que dita suas escolhas. Ao você delinear
tamento. Uma festa anual é estabele- de apoiar sua fé na história, no regis- suas intenções, lembre-se que toda pes-
cida, fixando para sempre o triunfo na tro do trato de Deus com eles no pas- soa que atravessa o limite dos passos 6 e
memória de Israel. sado e em sua herança, e nas divinas 7, arrisca-se ao trauma que se segue a
Mas há algo faltando nesse livro. provisões em que poderiam suster-se um divórcio, devido à intensidade da
Onde está o capítulo contando que o no presente. Essas sempre estariam ligação. Os passos 9 a 12 não têm lugar
homem de Deus, o profeta, entrou na disponíveis ao povo de Deus durante num relacionamento adequado antes
cidadela de Susa usando um cinto de os séculos de aparente indiferença e da cerimônia de casamento.
couro e uma capa de pêlos de camelo? silêncio divino. O livro de Ester está
Onde está o olhar penetrante e o dedo na Bíblia para nos encorajar nesse Um convite à pureza sexual
ossudo apontando diretamente para o sentido. O plano de Deus para nossas vidas é
rei? Onde está o relato de sua mensa- perfeito e nunca mudou. Intimidade se-
gem que diz: “Assim diz o Senhor...” Carole Ferch-Johnson é a diretora do Minis- xual para pessoas casadas é o desígnio
Onde está o registro da visão que tério da Mulher na Divisão do Sul do Pacífico. especial de Deus para procriação e pra-
Xerxes teve quando não podia dor- E-mail: 104474.1575@compuserve.com zer do homem e da mulher. Esse é o
único estilo de vida que proporciona
felicidade completa. Aos olhos do mun-
Uma sugestão para você: do, a escolha de permanecer puro sexu-
almente antes do casamento pode não
parecer realista, mas os fatos que apói-
Pensando na sua felicidade, oferecemos a você gratuitamente os am tal escolha são-lhe favoráveis. Sua
seguintes cursos: sexualidade pode ser considerada um
❏ Encontro com a Vida ❏ Família Feliz valioso presente de Deus. “Para seu
Nome: _____________________________________________________________ maior prazer, não o abra antes de casar-
se.”
Endereço: _____________________________________________________________
_____________________________ No: ____________________________ Nancy L. Van Pelt é especialista em
vida familiar e apresentadora de seminá-
Estado: _____________________________ País: __________________________
rios que escreveu mais de 20 livros e mui-
CEP: _____________________________ Fone: _________________________ tos artigos sobre relacionamentos. Seu e-
mail: vanpelt5@juno.com Seu site:
Envie este cupom para A Voz da Profecia. heartnhome.com.
Caixa Postal 1189 ZC-00-20/001-97; Rio de Janeiro, RJ; Brasil

Diálogo 13:2 2001 25


Livros
Creation, Catastrophe Contudo, se aceitarmos a narrativa bíblica do Dilúvio,
and Calvary: podemos explicar o registro fóssil como tendo sido forma-
Why a Global Flood is Vital do durante essa catástrofe geológica global. Conseqüente-
to the Doctrine of Atonement mente, a Queda, o pecado, a morte do ser humano e a ne-
Editado por John T. Baldwin. (Hagerstown, cessidade da salvação têm sentido.
Maryland: Review and Herald Publ. Assn., Alguns argumentos usados neste livro parecem fracos,
2000; 219 págs.; encardenado). ou mesmo incorretos, mas esses envolvem pontos secun-
dários e não indispensáveis aos temas centrais tratados. A
Revisado por Leonard Brand relação entre a interpretação do registro de fósseis e as
crenças cristãs é um ponto vital que merece nossa atenção.
Um livro escrito por um só autor poderia ter tratado desse
ponto capital de modo mais convincente, mas por outro

É defensável o relato bíblico da Criação? Pode você real-


mente crer na catástrofe diluviana da maneira como está
relatada em Gênesis? A aceitação dessas narrativas bíblicas
lado, a abordagem de diversos autores traz maior varieda-
de de pontos de vista enfocando a questão central. Os au-
tores John Baldwin, Gerhard Hasel, Randall Younker, Ri-
é importante para a experiência da salvação revelada na chard Davidson, Ariel Roth, Norman Gulley, Ed Zinke e
cruz? Ou precisamos modificar a proclamação bíblica para Martin Hanna trazem ao livro erudição, credibilidade e
acomodá-la às opiniões advogadas pelo evolucionismo? Se afirmação de fé, da qual tanto necessitamos nestes dias de
não, estaremos nós cristãos, os que cremos na Bíblia, sujei- dúvida e incerteza concernentes às primeiras páginas da
tos ao ridículo e ao constrangimento intelectual? Bíblia.
Essas e outras questões vitais ligadas à doutrina bíblica Creation, Catastrophe & Calvary merece ser lido por qual-
das origens e ao acontecimento do Calvário são examina- quer pessoa interessada na relação entre fé e ciência.
das por oito teólogos e cientistas adventistas do sétimo dia
nesta obra editada por John Baldwin, professor de teologia Leonard Brand (Ph.D. pela Cornell University) ensina biologia e
no Seventh-day Adventist Theological Seminary, em Berri- paleontologia na Loma Linda University e participa de pesquisas
en Springs, Michigan, EUA. paleontológicas. É também o autor de Faith, Reason, and Earth History
Os primeiros quatro artigos discutem a credibilidade de (Fé, Razão e História Terrestre) (Andrews University Press, 1997).
uma cosmovisão baseada no relato bíblico das origens, in-
cluindo a criação literal de sete dias e o dilúvio universal.
Ao fazê-lo, os autores mostram que os dois relatos da Cria-
ção registrados em Gênesis 1 e 2 não são contraditórios,
mas complementares, e que as evidências bíblicas e arque- Sabbath Roots:
ológicas requerem a crença num dilúvio universal. The African Connection
O capítulo cinco apresenta evidências que põem em dú- Charles E. Bradford (Silver Spring, Maryland;
vida a opinião científica convencional, acerca dos milhões General Conference Ministerial Association,
de anos requeridos para a formação de maravilhas geológi- 1999; 234 págs.; brochura).
cas tais como o Grand Canyon. O capítulo sete é uma ma-
téria associada que discute os modernos problemas cientí- Revisado por Joan Francis
ficos enfrentados pela evolução darwiniana. Esses dois ar-
tigos concluem que os dados disponíveis podem ser inter-
pretados com o propósito de apoiar a leitura literal de Gê-
nesis.
Os capítulos seis e oito apresentam a mensagem central
do livro: Como a crença na criação de sete dias e num dilú-
vio universal está relacionada com a compreensão evangé-
lica da expiação. Se os seres humanos surgiram perto do
C harles E. Bradford, antigo presidente da Divisão Norte-
Americana e dinâmico pregador adventista do sétimo
dia, legou ao mundo adventista um livro sem par que ras-
fim dos 540 milhões de anos de evolução (como afirmado treia “a consciência do sábado” na África. Ele escreveu o
pela evolução teísta), então a morte e a sobrevivência do livro para demonstrar como o sábado, freqüentemente ol-
mais apto, observadas mediante os fósseis, não foram o vidado na cultura ocidental, sempre foi significativo para
resultado do pecado mas parte do plano de Deus. Isso sig- os adoradores nos países africanos. Além disso, ele estabe-
nifica que os humanos estão evoluindo em direção a um lece para africanos e africanos da Diáspora, o conhecimen-
nível mais elevado, e assim a queda do homem e o plano to de que possuem um grande legado de observância sabá-
da salvação são irrelevantes. Logo, as implicações da evo- tica.
lução — teísta ou não — são enormes e subvertem a crença O tom de pregador é dominante ao Bradford registrar
cristã mais importante: a relevância da cruz. uma história esquecida, em uma terra há muito negligen-

26 Diálogo 13:2 2001


ciada. O livro se abre com uma análise da universalidade e sociedade, o governo e outras igrejas. O livro também trata
função do sábado. Prossegue com o desenvolvimento e di- da compreensão básica da cosmovisão adventista, com ên-
fusão do sábado no mundo desde os tempos bíblicos, com fase particular sobre nosso enfoque denominacional acer-
ênfase no Egito e na Etiópia. Segundo o autor, “a África ca dos acontecimentos futuros e finais.
não tem tradição dominical” (pág. 104). A evidência de A primeira seção enfatiza o fato de que os adventistas
como o sábado foi preservado na Etiópia e em outras par- do sétimo dia “operam doutrinária e administrativamente
tes da África é o tema do livro. O autor mostra que em uma igreja mundial”; que sua “igreja é um movimento que
muitos países africanos o termo utilizado para domingo abarca todos os povos” e está comprometida com uma
tem conexões lingüísticas com o sábado. missão global. A unidade de estrutura não afeta a distribui-
Bradford afirma que a guarda do sábado na África decli- ção das responsabilidades da liderança entre um grande
nou como resultado da ação de uma tríplice força: mao- número de homens e mulheres, através de culturas em
metanos, cristãos ortodoxos e políticos, mas um núcleo todo o mundo.
permaneceu leal. A intrigante seção final do livro explica o Os autores são experientes líderes da igreja que devota-
aumento dramático da observância do sábado na África ram sua vida ao relacionamento com o mundo eclesiásti-
Central, no Quênia e na Libéria, dentro do século 20. O co e secular, enquanto exercendo um ministério efetivo.
número fenomenal de pessoas que foram guiadas pelo “Es- Não admira que eles insistam que a igreja deva se projetar
pírito” para guardar o sábado é notável, embora a conexão numa “prática ética apropriada ao conduzir o evangelismo
entre esse e a antiga tradição do sábado não seja clara. público”, e que ao mesmo tempo mantenha a “veracidade,
O autor se empolga ao descrever os resultados da inter- a transparência e a equidade vis-à-vis com outros corpos
seção religião, cultura e política. Ele se vale de um vasto religiosos”. Beach e Graz afirmam o direito dos adventistas
elenco de fontes, incluindo a tradição oral e a pesquisa tra- do sétimo dia de fazer prosélitos, contanto que esse prose-
dicional da África. Contudo, as sentenças são por vezes litismo seja compreendido como a proclamação plena e
longas e difíceis de compreender. Embora escrita com sim- fiel do evangelho. Quanto à posição da igreja com relação
plicidade a obra é difícil em termos de uma leitura superfi- a política, causas sociais e questões morais, esses tópicos
cial, por causa das citações muito longas, e do volume de são discutidos dentro dos limites dos princípios bíblicos e
informações condensado em apenas 200 páginas. do bom senso.
O livro destrói o mito de que o cristianismo é um re- No tocante à liberdade religiosa, os autores enfatizam
cém-chegado à África, e mostra como o sábado foi preser- que se trata de um “direito humano fundamental”. Eles
vado através dos séculos. Esta obra deveria despertar a pes- examinam a situação geral do mundo a respeito da liberda-
quisa sobre a história do sábado em diferentes países. É um de religiosa, identificando focos de dificuldade e provendo
livro que precisa ser lido por todos os que crêem na conti- conselho sobre como promovê-la e defendê-la. Além disso,
nuidade histórica do sábado do sétimo dia. eles exploram a área de relações com outras igrejas, com
atenção especial no movimento ecumênico. Descrevem os
Joan A. Francis (D.A. pela Carnegie-Mellon University) ensina história adventistas como abertos ao diálogo com outras igrejas,
e estudos femininos no Atlantic Union College. Seu endereço postal: P.O. sem se envolver essencialmente com a presente corrente
Box 1000; South Lancaster, Massachussetts 01561-1000; EUA. ecumênica. Dizem que isso se deve ao fato de a igreja não
querer abandonar princípios bíblicos e doutrinas por amor
da assim chamada unidade.
101 Questions Adventists Ask O livro se encerra com uma forte ênfase na interpreta-
B. B. Beach e John Graz (Nampa, Idaho: ção adventista da escatologia bíblica, insistindo ao mesmo
Pacific Press Publ. Assn., 2000; 138 págs.; tempo numa abordagem cautelosa e não sensacionalista
encadernado) na identificação dos acontecimentos finais.
Algumas das questões tratadas poderiam ter sido benefi-
Revisado por Mário Riveros ciadas com um exame mais profundo, mas os autores me-
recem louvor por terem conseguido comprimir tantas res-
postas bem equilibradas e incitantes em tão poucas pági-
nas.

Mário Riveros (Doutor em Teologia pela Universidad Peruana Unión) é


diretor da Divisão Graduada da Escola de Teologia, Peruvian Union
University.

E ste é um livro que todo adventista do sétimo dia deveria


ler. As 101 perguntas cobrem um amplo elenco de ques-
tões sobre identidade, natureza e caráter da Igreja Adven-
tista do Sétimo Dia e o modo como ela se relaciona com a

Diálogo 13:2 2001 27


José: Deus de fazer o impossível. O livro, escrito ao estilo de
God Found Me in Los Angeles conversação, oferece uma agradável, comovedora e humo-
José Vicente Rojas (Hagerstown, Maryland: rística descrição de uma jornada individual no cumpri-
Review and Herald Pub. Assn., 1999; 150 mento de sua missão (e de Deus) em sua vida.
págs.; brochura). Você não pode perder esse lançamento!

Revisado por Lourdes E. Morales- Lourdes E. Morales-Gudmundson (Ph.D. pela Brown University) leciona
Gudmundson espanhol e literatura na La Sierra University. Seu endereço postal: 4700
Pierce Street; Riverside, Califórnia 92515; EUA.

O triunfo sobre a tragédia. A vitória em face a penosos


obstáculos. O poder do amor contra o arrasto do de-
sespero. Reúna esses elementos, siga o delineamento da
história de um jovem lutando na jângal de concreto de
uma cidade, e você terá a autobiografia inspiradora de José
Vicente Rojas. Essa não é apenas mais uma história, mas a
modelagem de um rijo líder espiritual.
A jornada de José começa com sua infância de conflitos
a este de Los Angeles: o alcoolismo e os excessos paternos,
os preconceitos raciais e a intolerância, as questões de
identidade e auto-estima. Na luta de José com esses desafi-
os, o leitor começa a ver um enredo que caracteriza o res-
tante de sua vida: um conselheiro oportuno e amável, sua
Aprenda inglês e muito
fé indomável em Deus, e seu potencial humano.
Durante os anos formativos de José, sua mãe surge
mais durante o verão nos
como uma luz forte e orientadora, encorajando sua criati- EUA!
vidade e ao mesmo tempo moldando-lhe o vigor e a lide-
rança espirituais. Depois de sua conversão ao adventismo, Instrução na língua inglesa aléin de
sua vida familiar alcança certa normalidade, com um pai
amoroso depois de sua vitória sobre o alcoolismo. José
viagens de estudos da Historia
agora se lança numa jornada de experiências incríveis e Adventista e visitas en Massachussets,
encontros que o levaram a pregar seu primeiro sermão aos Boston e Nova Iorque!
16 anos, e pastorear sua própria igreja aos 18.
O livro sublinha a importância dos conselheiros sábios Inclui: hospedagem, refeições, livros
na vida dos jovens. Os conselheiros de José ensinaram-lhe didáticos, todas as excursões e 20 horas
a importância da oração. Fizeram o polimento de sua iden- de instrução semanal em inglês.
tidade. Propuseram-lhe altas normas como estudante. Eles
o estimularam a pôr sua confiança em Deus e a fazer uso The English Language Institute
de seus próprios talentos. E o ajudaram numa experiência at Atlantic Union College
decisiva que ameaçava desencaminhar sua vocação. 338 MAIN STREET, SOUTH LANCASTER, MA 01561, EUA
O irmão e “herói”, Gerry, morreu vítima de homicídio.
A morte de seu irmão fez José propor em seu coração Telefone: 978-368-2444
“nunca mais permitir-se o descuido de fazer somente ‘pe- 1-800-282-2030
quenas coisas’ pelos indefesos”. Ele dedicou os anos se- (discagem gratuita nos Estados Unidos)
guintes ao trabalho em favor de “rapazes com raiva e ar- Fax: 978-368-2015
mados” em Fresno, Califórnia. Casualmente, a experiência E-mail: eli@atlanticuc.edu
do “campo missionário” em Fresno tornou-se o catalisador www.atlanticuc.edu
de seu trabalho atual com a juventude, o que lhe granjeou
atenção nacional.
O que impressiona mais neste livro é o próprio homem.
José tem uma capacidade incrível de amar e perdoar as
pessoas, e uma fé invencível e quase infantil no poder de

28 Diálogo 13:2 2001


Para Sua Informação
Serviço Voluntário
Vernon B. Parmenter Adventista: Você está
pronto para a aventura?

V ocê está pronto para uma aven-


tura de verdade? Se está, o Progra-
ma de Serviço Voluntário Adven-
tista é o que está procurando. Muitos já
testificaram que servir como voluntário
faça parte do plano de Deus para os
membros da igreja unir-se aos pastores
nessa obra, e que pelo poder do Espírito
Santo o fim virá rapidamente.
O CAV estabeleceu uma página na
sidades urgentes que não estão sendo
cuidadas porque não há recursos finan-
ceiros para bancar um chamado de pes-
soal. Que diferença faria em nossos
campos missionários se os voluntários
adventista tem proporcionado uma ex- Internet como ponto central de opera- pudessem oferecer seus serviços no sen-
periência transformadora em sua vida e ção, onde centenas de postos são acres- tido mais verdadeiro do termo!
na daqueles cujas existências foram to- centados regularmente para pessoas de O que quer que tenha de fazer, não o
cadas através de seu serviço e testemu- todas as idades, qualificações, dons e adie mais. Comece a aventura de sua
nho. talentos. Se você visitar o site http:// vida agora. “O Senhor chama voluntários
Há tantas histórias que eu lhes pode- volunteers.gc.adventist.org logo des- que se coloquem firmemente ao Seu lado, e
ria contar. Penso em Bob Robbins, que cobrirá como se tornar parte do grande façam o voto de unirem-se a Jesus de Na-
foi para a ilhota de Pohnpei trabalhar exército de jovens, adultos e velhos, zaré, para fazer justamente o serviço que
em nossa escola local. Durante seu tem- que estão indo para além-mar a fim de necessita ser feito agora, e exatamente ago-
po de folga, Bob deu estudos bíblicos viverem uma das maiores aventuras de ra” (Ellen G. White, Fundamentos da
numa repartição correcional próxima, e sua vida. Você pode escolher o país para Educação Cristã, pág. 488).
dentro de quatro meses quatro detentos o qual deseja ir, a tarefa ou profissão
responderam ao convite do evangelho. que mais lhe convenha e quando deseja
Eles foram trazidos algemados até a ir. Então, simplesmente preencha o for-
igreja adventista para serem batizados. mulário disponível na tela. Há varias
Eu podia levar vocês até o Casaquistão espécies de necessidades: preceptores de
(e a muitos outros lugares) e mostrar- colégios/escolas, professores de línguas,
lhes uma nova igreja com aproximada- serviços de manutenção, cozinheiros,
mente sessenta membros presentes pastores de jovens, professores, conta-
cada sábado. E tudo aconteceu por que bilistas, enfermeiras, médicos, especia-
voluntários adventistas se preocupa-
vam o bastante para deixar os confortos
listas em computação, mecânicos de
aviação e de motores, obreiros da
Assinatura
do lar e ensinar essa gente a falar inglês. ADRA, secretárias...e a lista pode ser gratuita para a
A Igreja tem sempre sido abençoada prolongada indefinidamente.
com voluntários que estão prontos para Antes de preencher o formulário, te- biblioteca de sua
conquistar o mundo. Estudantes missi-
onários adventistas têm servido além-
nha certeza de checar os arranjos finan-
ceiros para cada período de férias. Você
faculdade
mar por mais de trinta anos. Mas so- notará que algumas vagas provêm re- ou universidade!
mente há quatro anos é que a Associa- muneração significativa, enquanto ou-
ção Geral estabeleceu o Centro Adven- tras oferecem muito pouco ou nada. Se Deseja ver Diálogo disponível na biblio-
tista de Voluntários (CAV). você não tem recursos suficientes para teca de sua faculdade ou universidade, de
O objetivo principal do CAV é coor- se manter num dado posto, pode recor- modo que seus amigos não-adventistas
denar as necessidades do campo mun- rer à sua igreja e aos amigos para ajudá- possam ter acesso à revista? Procure o bibli-
dial com o número de voluntários ansi- lo a levantar a importância. Também, otecário e sugira que peça uma assinatura
osos para supri-las. Imaginamos que antes de você se demitir do emprego ou gratuita, usando papel timbrado da institui-
multiplicando o corpo de obreiros desse deixar os estudos por um ano, certifi- ção. Cuidaremos do resto!
modo, economizar-se-ão os recursos da que-se de que seu trabalho esteja con- A carta deve ser endereçada a Dialogue
igreja. Melhor ainda, a obra de difundir firmado e quanto tempo vai levar para Editor-in-chief, 12501 Old Columbia Pike;
o evangelho a todo o mundo será com- obter um visto. Silver Spring, Maryland 20904; E.U.A.
pletada mais rapidamente. Cremos que Muitas de nossas missões têm neces-

Diálogo 13:2 2001 29


Ponto de Vista
O ecumenismo
Bert B. Beach no novo milênio
Será mantida a euforia do passado? Um exame da realidade

H á setenta e cinco anos, William


Temple, o então arcebispo de
Cantuária, denominou o movi-
mento ecumênico de “o grande fato
novo de nossa era”. Todavia, com a
mana voltou atrás e em 1964 aceitou
o ecumenismo no Concílio Vaticano
II. Um ano mais tarde, outro avanço
ocorreu quando o Concílio Vaticano
admitiu o conceito de liberdade religi-
das como as mais envolvidas no Concí-
lio de Igrejas — entraram em declínio.
Seria mais correto chamá-las de igrejas
da “velha linha” ou “linha marginal”,
especialmente com perda considerável
passagem do tempo, o ecumenismo osa. Essas duas modificações radicais de membros em certos países.
tornou-se não mais novo, mas menos da política anterior estão correlacio- O crescimento da igreja pertence
original e vital. Ele atingiu o zênite nadas. É difícil concordar com o ecu- agora aos evangélicos conservadores,
por volta de 1970. Reinava certa eufo- menismo sem ao menos alguma for- pentecostais, batistas e adventistas do
ria após o Concílio do Vaticano II. A ma de liberdade religiosa. Hoje Roma sétimo dia. Essas igrejas tendem geral-
unidade organizada das igrejas era vis- desempenha um papel de liderança mente a ser hesitantes ou mesmo po-
ta como uma possibilidade real. Espe- no movimento ecumênico e é a igreja sitivamente adversas ao ecumenismo.
rava-se que a Igreja Católica Romana mais envolvida em diálogos inter-con-
logo se uniria ao Concílio Mundial fessionais e institutos ecumênicos. De Exame de realidade 3:
das Igrejas. Estavam florescendo entre alguma maneira, isso era de se esperar, O perigo do fundamentalismo
as igrejas diversas e significativas uni- visto ser ela de longe a maior igreja Ao entrarmos no novo século, tem-
ões e diálogos. cristã. se tornado mais e mais claro que o
Muitos observadores do cenário Mas a grande questão ecumênica crescente fundamentalismo religioso
ecumênico consideravam a Conferên- que agora nos confronta é: Quão real ou extremismo é um poder que preci-
cia Missionária Internacional de e quão forte é o movimento ecumêni- sa ser levado em consideração. Sob
Edimburgo, em 1912, como o berço co hoje, ao enfrentarmos os incertos certos aspectos, ele é uma reação tan-
do movimento ecumênico. A partir anos do novo milênio? É tempo de to contra o ecumenismo como contra
dela, desenvolveram-se três correntes um reexame de realidades. a secularização. O fundamentalismo é
ecumênicas independentes (embora perigoso para a liberdade religiosa
inter-relacionadas): (1) o Conselho Exame de realidade 1: porque seus sectários não somente es-
Missionário Internacional, (2) A Co- Ilusão de unidade organizada tão convencidos de que possuem a
missão de Fé e Ordem (teologia), e (3) A realidade está finalmente come- verdade, mas se sentem na obrigação
O Movimento de Vida e Obra (ques- çando a ser reconhecida no movimen- de impô-la aos outros. O nacionalis-
tões socio-econômicas). Essas corren- to ecumênico. Hoje, a maioria dos mo é outra tendência contemporânea.
tes uniram-se em 1948 e 1961 para ecumenistas parece reconhecer que a E quando o nacionalismo se une com
formar o Concílio Mundial das Igrejas unidade mundial organizada das igre- o fundamentalismo religioso, como é
(CMI), com sede em Genebra, Suíça. jas cristãs é uma ilusão. Além disso, a o caso em muitos países hoje, formam
O CMI teve início em 1948 com 147 Igreja Católica não se unirá ao Concí- uma mistura explosiva que é contrária
igrejas e conta mais de 330 como filia- lio Mundial de Igrejas como constituí- tanto à liberdade religiosa como ao
das, na maioria igrejas nacionais. Fo- do presentemente. Embora tenha ha- ecumenismo, para não dizer destruti-
ram realizadas oito assembléias, a últi- vido muitos diálogos bem-sucedidos va de ambos. De fato, há em certas
ma em Harare, Zimbábue, em dezem- entre os teólogos, houve entre as igre- partes do mundo o perigo real de
bro de 1998. jas relativamente pouco interesse na “limpeza” não somente étnica como
Nos anos formativos do movimen- unidade organizada, e apenas um efei- também religiosa.
to ecumênico, a Igreja Católica Roma- to muito modesto sobre a vida e a
na ficou de fora e mostrava-se geral- doutrina da igreja. Exame de realidade 4: Unidade
mente hostil ao CMI. Com efeito, orgânica versus unidade visível
houve diversas advertências tanto do Exame de realidade 2: Declínio O sonho de “unidade organizada”
Papa como do Santo Ofício quanto às Outro aspecto da realidade no novo entre as igrejas está agora sendo subs-
relações ecumênicas. Então, de um milênio é que as chamadas igrejas da tituído nos círculos da CMI pela visão
modo dramático, a Igreja Católica Ro- corrente central — as igrejas considera- de unidade visível com enfoque em
30 Diálogo 13:2 2001
três pontos essenciais: (1) aceitação Exame de realidade 6: Como já referido, a Igreja Católica
do batismo de uns pelos outros, (2) O problema do proselitismo Romana não tem planos de juntar-se
intercomunhão (aceitação do serviço Uma questão com implicações ecu- ao Concílio e tornar-se uma igreja en-
eucarístico entre as igrejas) e (3) reco- mênicas que vem sendo cada vez mais tre outras 300. Como poderia? Roma é
nhecimento mútuo de cada ministé- discutida diz respeito ao proselitismo. muito mais poderosa e influente do
rio ordenado. Nesse contexto, deve Outrora um termo de boa conotação, que Genebra, onde o Concílio tem sua
ser dito que embora os adventistas do “proselitismo” tem recebido sentidos sede! Tem-se a impressão crescente de
sétimo dia pratiquem comunhão aber- pejorativos em anos recentes. No pas- que talvez o Concílio Mundial das
ta, eles só aceitam o batismo por imer- sado, referia-se essencialmente à con- Igrejas precise da Igreja Católica para
são como válido. A despeito de reco- versão de uma pessoa de uma crença fazer funcionar a máquina ecumênica.
nhecerem que os ministros de outras para outra, que é precisamente do que É sempre perigoso profetizar, espe-
igrejas que exaltam a Cristo são “pas- trata o evangelismo. Hoje ele é por cialmente sobre o futuro! Contudo,
tores do rebanho” e estão envolvidos vezes usado com referência a testemu- algumas coisas parecem claras. Os ad-
no plano divino para a evangelização nhos corruptos — isto é, ao uso da co- ventistas do sétimo dia têm tradicio-
do mundo, a Igreja Adventista não re- erção e de incentivos materiais, ou à nalmente atribuído um papel apoca-
conhece simplesmente a ordenação divulgação de informações falsas a líptico, tanto aos Estados Unidos da
ministerial de outros grupos religiosos fim de conquistar conversos. Alguns América como ao Papado. Há agora
e particularmente o conceito de “sa- indivíduos vão ao ponto de usar o ter- somente uma super-potência política
cerdócio” com todas as suas conota- mo “proselitismo” para se referir a — os Estados Unidos — e uma só su-
ções históricas e teológicas. qualquer evangelismo entre pessoas já perpotência político-religiosa — o Pa-
batizadas, não importando se têm pado, a Igreja Católica Romana.
Exame de realidade 5: uma ligação viva com Cristo ou com Dentro dessa contextuação, para
O consenso ecumênico de Roma uma igreja cristã. usar um termo esportivo, o Concílio
Presentemente, o consenso ecumê- É melhor falar-se de “proselitismo Mundial das Igrejas está realmente jo-
nico dentro da Igreja Católica Roma- falso” quando se referindo a métodos gando nas “ligas menores”. O crescen-
na é de buscar ao menos uma medida errôneos de evangelismo. De outro te papel geopolítico de Roma é evi-
de acordo em cinco áreas principais: modo, há o perigo de condenar o dente. Cada vez mais, o Papa é visto
(1) a relação entre a Escritura e a tradi- evangelismo em geral, pelo menos em como o porta-voz do cristianismo e,
ção; (2) a Santa Ceia como um sacrifí- algumas partes do mundo. Tal posição talvez, das religiões do mundo. Mes-
cio memorial envolvendo a presença é inaceitável, porque testemunho e mo os muçulmanos o chamam agora
real de Cristo; (3) a ordenação tríplice evangelismo são mandados divinos “Santo Padre”. O cenário escatológi-
de diácono, presbítero e bispo na su- para os cristãos. Ademais, o direito de co-profético está se erguendo.
cessão apostólica; (4) o magistério ou alguém ensinar e disseminar sua reli-
autoridade magisterial do Papa e dos gião é reconhecido hoje como um di- Bert B. Beach (Ph.D. pela Universidade
bispos, incluindo a primazia papal reito humano. Igualmente o é o direi- de Paris, Sorbonne) é diretor de relações en-
universal; e (5) o papel da Virgem Ma- to de receber informação religiosa e tre igrejas da Associação Geral de Adventis-
ria como mãe e intercessora. mudar de religião. O evangelismo tor- tas do Sétimo Dia. Seu endereço: 12501 Old
É aqui que surge um vasto obstácu- na-se proselitismo falso quando uma Columbia Pike; Silver Spring, Maryland,
lo teológico. Protestantes e católicos pessoa ou grupo fazem afirmações fal- 20904; EUA.
estão ainda muito distanciados em vá- sas e acusações, quando há bajulação
rios pontos, embora não tão longe e são dados incentivos materiais como
como pareciam estar no passado, estímulo para mudar ou manter uma
como foi recentemente indicado pela religião, e quando disputas, ódio,
declaração de acordo entre a Igreja Ca- competição antagonís rejas por maio-
tólica e a Federação Luterana Mundial ria de voto. Preferem que as decisões
com respeito à justificação pela fé. Com sejam tomadas consensualmente. Al-
efeito, tem havido uma reaproximação guns líderes ortodoxos têm mesmo su-
surpreendente entre evangélicos con- gerido a criação de uma segunda câ-
servadores e católicos romanos. Embora mara (como muitos parlamentos
essa convergência não deva ser exagera- têm), e propõem que a representação
da e o abismo doutrinário ainda seja seja feita mediante quatro famílias de
grande, é preciso reconhecer que há igrejas: Catolicismo Romano, Ortodo-
uma cooperação crescente em termos xos, Reformados e Livres. De outro
de linhas sócio-políticas, especial- lado, as igrejas ortodoxas fazem uma
mente quanto ao aborto, casamento e contribuição financeira diminuta para
valores familiares. o Concílio.
Diálogo 13:2 2001 31
Intercâmbio
Amplie Sua
KA 9358; Airport, Accra; GANA. E-mail: Sanitarium and Hospital; P.O. Box 309;
glcasumeng@hotmail.com 6100 FILIPINAS. E-mail: Khennjo@usa.net
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Rede de tuda ciência de computação; interesses:


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de ciência agrícola; interesses: ouvir músi-
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inglês. Endereço: 9 Belfield H/Scheme;

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tuda enfermagem na Universidad Adven-

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Hastings Banda: 45; casado; trabalha tista del Plata; interesses: música, viajar e
studantes universitários e profissio-
em pesquisa clínica; interesses: tocar vio- fazer novos amigos; correspondência em
nais adventistas, leitores de Diálogo,
lão, escrever poemas, correr e promoção espanhol. Endereço: Bolivia 168; 3103 Li-
interessados em trocar correspon-
de saúde; correspondência em inglês. En- bertador San Martin, Entre Rios; ARGEN-
dência com colegas em outras partes do
mundo. dereço: Chichiri, Blantyre 3; MALÁUI. E- TINA. E-mail: rofarper@LatinMail.com
mail: moip@malawi.net Nury Fernandez Perez: solteira; amiga
Kwaku Akuoko Afram: 25; solteiro, Daniel Banez Caro: 25; solteiro; estuda de adventistas, tem um filha, possui um
estuda ciência política e sociologia; interes- contabilidade na Universidad de Carabobo; diploma em agronomia; interesses: litera-
ses: música e esportes; correspondência em passa- tempos: ler, viajar, acampar e colecio- tura, progressos em agricultura, música
inglês. Endereço: University of Ghana; nar selos; correspondência em espanhol ou suave e fazer novos amigos; correspon-
Commonwealth Hall, Room K-35; Legon; português. Endereço: Calle San Juan 183- dência em espanhol. Endereço: Bartolome
GANA. E-mail: kaafram@hotmail.com 71, Urb. Caprenco; Valencia; VENEZUELA. Maso 30, entre Pastor Martinez y Reinaldo
Rossinni Andrada: 25; solteira; enge- E-mail: danieldbc@hotmail.com ou Gongora; Jamaica, Guantanamo; CUBA.
nheira química ensinando química e ma- danieldbc@latinmail.com Oscar Alexander Frias: 23; solteiro;
temática; interesses: ler, cozinhar, e explo- Festus Bazira: 43; casado; professor; completa um diploma em computação;
rar a internet; correspondência em inglês. interesses: ajudar crianças necessitadas, interesses: esportes e natação; correspon-
Endereço: South Philippine Adventist música, acampar, e aprender de outras dência em espanhol ou inglês. Endereço:
College; P.O. Box 3749; 8002 Digos, Da- culturas; correspondência em inglês ou Apartado 13; 3205-A Nirgua; VENEZUE-
vao del Sur; FILIPINAS. kiswahili. Endereço: P.O. Box 36; Luwero; LA. E-mail: frias32@cantv.net
Petra Antoine: 31; solteira; estuda UGANDA. Alpha Joy Galve: 29; solteira; comple-
contabilidade; interesses: atividades de jo- Jessa Bush: 23; solteiro; estuda conta- tou estudos de medicina; passa-tempos:
vens e aprender de outras culturas; corres- bilidade na University of Papua New Gui- música, costurar e cozinhar; correspon-
pondência em inglês. Endereço: Belle Vue nea; interesses: estudar a Bíblia, ativida- dência em inglês. Endereço: 114 Amys-
Post Office; Vieux Forte; SANTA LUCIA, des ao ar livre e cozinhar; correspondên- ville Subdivision, Guzman St.; Mandur-
Índias Ocidentais. cia em inglês. Endereço: P.O. Box 8590; riao, Iloilo City; FILIPINAS. E-mail:
Armalyn S. Argcahan: 19; solteira; es- Boroko, NCD III; PAPUA NOVA GUINÉ. alphajoy@eudoramail.com
tuda inglês e planeja ser professora; passa- Ruby T. Campos: 32; solteira; leciona Alexis Garcia Rodriguez: 29; solteiro;
tempos: música clássica e leitura; corres- inglês em uma escola secundária adven- tem diploma em educação elementar e em
pondência em inglês ou tagalog. Endere- tista e estuda para um mestrado em peda- computação; interesses: leitura, futebol e
ço: Adventist University of the Philippi- gogia; passa-tempos: trocar selos, viajar, escrever criativamente; correspondência
nes; P.O. Box 1834; Manila; 1099 FILIPI- ler e jardinagem; correspondência em in- em espanhol ou inglês. Endereço: Edifício
NAS. glês. Endereço: East Visayan Adventist 14 apartamento 18, Micro “A”, Reparto Vi-
Marcelo Armi: 21; solteiro; completa Academy; P.O. Box 242; Tacloban City; lla Hermosa; Ciego de Avila; 65100 CUBA.
um diploma em teologia; interesses: na- 6500 FILIPINAS. E-mail: economia@lacteo.caav.cyt.cu
dar, voleibol e usar a internet; correspon- Danielle R. Cometa: 20; solteira; com- Kingsley Ofori Gyimah: 29; solteiro;
dência em inglês, português ou espanhol. pleta um curso em computação; passa-tem- estuda agricultura na Universtiy College
Endereço: IAENE; Caixa Postal 18; 44300- pos: colecionar selos, cantar, tocar violão e of Education; interesses: estudar a Bíblia,
000 Cachoeira, Bahia; BRASIL. E-mail: piano; correspondência em inglês ou filipi- música cristã, viajar e Natureza; corres-
marceloarmi@ig.com.br no. E-mail: lilidanielle@icqmail.com pondência em inglês. Endereço: Emma-
Gabriel Asument: 23; solteiro; estuda Kenneth Jo Deles: 24; solteiro; completa nuel Brinklow SDA Church; P.O. Box 289;
teologia; interesses: leitura, música um curso de contabilidade; passa-tempos; Bekwai, Ashanti; GANA.
evangélica, computadores e testemu- colecionar selos e cartões postais, viajar, Miesso Hassen: 27; solteiro; estuda en-
nhar; correspondência em inglês. Ende- computação e atividades ao ar livre; corres- genharia comercial; interesses: boa músi-
reço: Valley View University; P.O. Box pondência em inglês. Endereço: Bacolod ca, viajar, voleibol e fazer novos amigos;

32 Diálogo 13:2 2001


correspondência em espanhol ou inglês. fé; correspondência em inglês. Endereço: 7062; Kampala; UGANDA. E-mail:
Endereço: 9 Norte 998; Vina del Mar; Cape Coast Polytechnic; P.O. Box AD 50; ensubuga@techmuk.ac.ug
CHILE. Cape Coast; GANA. Ana Nunez E.: 24; solteira; estuda para
Edith E. Hein: 20; solteira; estuda direi- Gulielmo Martinez: 25; solteiro; estu- tornar-se professora de escola elementar;
to na Universidad del Nordeste; interes- da sistemas de engenharia em El Salvador; interesses: atividades de jovens, pintura,
ses: tocar piano e flauta, trocar cartões interesses. futebol, viajar, acampar e mú- decoração interior e viajar; correspondên-
postais, acampar e fazer amigos; corres- sica cristã; correspondência em espanhol. cia em espanhol ou inglês. Endereço: Av.
pondência em espanhol. Endereço: Bo. E-mail: gem2@usa.com Colon N 31; Puerto Plata; REPÚBLICA
Sta. Rosa, Monoblock No. 38, Dpto. A; Katia Martins: 37; solteira; estuda DOMINICANA.
Corrientes Capital; 3400 ARGENTINA. contabilidade na Universidade Federal; Charmaine Joy Obedencio: 22; solteira;
Benjie B. Hornales: 19; solteiro; estuda interesses: viajar, música e Natureza; estuda administração nas Filipinas; passa-
na Mindanao State University, Filipinas; correspondência em português. Endere- tempos: reuniões campais de jovens, espor-
passa-tempos: tocar instrumentos musi- ço: Rua Panamá, 3865; Esquina com tes e leitura; correspondência em inglês. E-
cais e viajar; correspondência em inglês. Jacy Paraná, Bairro Nova; 78900 Porto mail: charmainejoy@mailcity.com
E-mail: hornales.benjie@eudoramail.com Velho, Rondônia; BRASIL. E-mail: Erick Ombuya Ombego: 20; solteiro;
Laura Jurczuk: 22; solteira; estuda di- katia-capv@bol.com.br estuda pedagogia com ênfase em inglês e
reito; interesses: música, acampar, foto- Adrianne Monteiro: 23; solteira; es- literatura; interesses: música, viajar, tênis
grafia e viajar; correspondência em espa- tuda enfermagem no Centro Universita- e basquete; correspondência em inglês ou
nhol. Endereço: Mexico 830; C.P. 3400 rio Adventista de São Paulo; interesses: kiswahili. Endereço: P.O. Box 141; We-
Corrientes Capital; ARGENTINA. música, esportes e leitura; correspon- buye; QUÊNIA.
Bian Liu Koh: 28; solteira; trabalha dência em português ou espanhol. En- Abednego Ominde: 22; solteiro; estu-
como enfermeira e estuda para um bacha- dereço: Estrada de Itapecerica, 5859; Ca- da ciência e tecnologia na Egerton Uni-
relado em enfermagem no Disted College; pão Redondo, São Paulo; BRASIL. E-mail: versity; passa-tempos: viajar, música
interesses: viajar, canoagem, tênis e parti- drika03@hotmail.com evangêlica, saúde e temperança e fazer
lhar minha fé; correspondência em inglês; Liliane N. Mounchikpou: 29; solteira; novos amigos; correspondência em in-
mandarin, ou bahasa malaysia. Endereço: tem um diploma em marketing; interesses: glês ou kiswahili. Endereço: P.O. Box
Room 406, Nurses’ Hostel; 465 Brumah partilhar minha fé, viagem missionária, 3160; Nairobi; QUÊNIA. E-mail:
Road; 10350 Penang; MALÁSIA. E-mail: nadar e música; correspondência em fran- bedi@egerton.ac.ke
bianliu@tm.net.my cês ou inglês. Endereço: a/c Dr. Mounchi- Enock Ondara: 25; solteiro; engenheiro
Sergio Adrian de Lima: 20; solteiro; kpou; B.P. 332; Douala, Bonandjo; CAMA- civil; passa-tempos: viajar, fotografia, músi-
estuda contabilidade na Universidad de RÕES. ca e nadar; correspondência em inglês. En-
Misiones; interesses: música, leitura e Stevie Namadingo: 24; solteiro; estuda dereço: P.O. Box 3483; Kisii; QUÊNIA.
Natureza; correspondência em espa- engenharia de automóveis; interesses:
nhol, inglês, alemão ou italiano. Ende- cântico evangélico, estudar a Bíblia, parti-
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reço: Chacra 139, Calle 58 No. 6955; lhar minha fé e tênis de mesa, corespon-
ventista e quer ter seu nome alistado aqui,
3300 Posadas, Misiones; ARGENTINA. E- dência em inglês. Endereço: University of envie-nos seu nome e endereço postal, in-
mail: sergio_de@lettera.net Malawi, The Polytechnic; P. Bag 303; Chi- dicando sua idade, sexo, estado civil, estu-
Karen L. Lizama: 20; solteira; estuda chire, Blantyre 3; MALÁUI. E-mail: dos correntes ou diploma obtido, faculda-
engenharia civil; interesses: poesia, músi- snamadingo@yahoo.com de ou universidade que está freqüentando
ca, leitura e fazer novos amigos; corres- Isaque Costa do Nascimento: 20; soltei- ou da qual graduou-se, passa-tempos ou
pondência em espanhol. Endereço: Mu- ro; estuda literatura na Universidade Esta- interesses e língua(s) nas quais quer corres-
nich 2654, Población Alemania; Calama, dual do Maranhão; interesses: partilhar mi- ponder. (Vamos indicar seu endereço no
II Region; CHILE. nha fé, esportes, Natureza e aprender de ou- “e-mail”, se no-lo fornecer.) Envie sua carta
Roberta Cristina Lopes: 29; solteira; tras culturas; correspondência em portu- a Dialogue Interchange: 12501 Old Colum-
completa um diploma em trabalho social; guês. Endereço: Rua 04, No. 20, Bairro Po- bia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600;
interesses: leitura, fotografia e acampar; tosi; 65800-000 Balsas, Maranhão; BRASIL. EUA. Você pode também usar e-mail:
correspondência em português ou espa- E-mail: isaque2@bol.com.br 104472.1154@compuserve.com Por favor,
nhol. Endereço Av. Dr. Roberto Rocha Bri- Emmanuel Nsubuga: solteiro; estuda en- datilografe ou use letra de imprensa clara.
to, 377, Jd. Eulina; 13063-480 Campinas, genharia mecânica; passa-tempos: aprender Só alistaremos aqueles que fornecerem
SP; BRASIL. de outras culturas, esportes, música evangé- toda informação pedida acima. A revista
Frimpong Manso: 23; solteiro; estuda lica e atividades de jovens; correspondência não assume responsabilidade pela exatidão
da informação dada ou pelo conteúdo da
engenharia civil; passa-tempos: música em inglês. Endereço: Makerere University;
correspondência que possa resultar.
cristã, viajar, esportes e partilhar minha Dept. of Mechanical Engineering; P.O. Box

Diálogo 13:2 2001 33


Em Ação
Progresso em Cuba

Pedro Torres

E m outubro de 2000, a Federação


Cubana dos Universitários e Profis-
sionais Adventistas (ACUPA, em
espanhol) organizou três centros regio-
nais e fez significativos progressos na
direção de operacionalizar um amplo
programa de atividades através da ilha.
Como parte do processo de organiza-
ção, os professores Humberto Rasi, Juli-
eta Rasi e Enrique Becerra, representan-
do a comissão CAUPA da Associação
Geral, e Prof. Carlos Steger, do Instituto
de Pesquisas Geocientíficas da América
do Sul, apresentaram palestras devocio-
nais e conferências sobre evangelho e
cultura, tendências contemporâneas
em teologia, criação versus evolução e
tópicos relacionados.
Acompanhados pelos visitantes fo- “Capacitados para Servir” foi o tema da reunião da ACUPA realizada o perto de Havana.
mos primeiro para Holguín, na Associa-
ção Leste de Cuba, onde 120 membros pessoas. O entusiasmo pelo aconteci- cresceu até 27 membros batizados, os
elegeram seus líderes regionais da ACU- mento era tal que, a despeito do limita- quais estão estudando a Bíblia com 30
PA, e participaram ativamente de dis- do transporte público no segundo dia de seus colegas. Ver a história referida
cussões, cantos, oração e planejamento do encontro, os estudantes vieram de na página 35 desta edição.
sobre modos de viver e partilhar suas bicicleta ou a pé para participar das dis- A visita de nossos representantes in-
convicções cristãs. Os delegados elege- cussões e desfrutar o companheirismo ternacionais deixou uma lembrança du-
ram Jorge Rodriguez como presidente cristão. A liderança regional da ACUPA, rável e revigorou nosso ministério com
do centro regional. (Endereço: 3a #103 eleita durante a reunião, apresentou e pelos universitários e profissionais ad-
entre Hermanos Marin e R. Sánchez; um animado programa de atividades. ventistas de Cuba. Nossas convicções
Veguita de Galo; Santiago de Cuba; Seu presidente: Florencio Bueno (e- cristãs foram fortalecidas e, em meio a
90100 Cuba). mail: jcme@cce.org.cu). limitações e obstáculos, continuaremos
Nossa segunda parada foi em Cama- Durante a visita dos representantes a trabalhar, orar e nos preparar para a
güey, na Associação Central de Cuba, da CAUPA foi feito um acordo para im- gloriosa volta de Cristo à Terra.
onde mais de 40 estudantes e profissio- primir, em Cuba, a edição espanhola de Gostamos de fazer contato com ad-
nais adventistas se reuniram num, sítio Diálogo, a fim de facilitar uma distribui- ventistas de outras partes do mundo!
histórico — a vila colonial de Amalia Si- ção mais ampla da revista entre os
moni, esposa de Ignacio Agramonte, membros da ACUPA. Os visitantes tam- Pedro Torres é diretor do Departamen-
um respeitado líder da independência bém tiveram um encontro com os to de Ministérios Jovens da União Cuba-
cubana. Os membros elegeram como membros do grupo musical “Criação”, na e patrocinador da ACUPA (e-mail:
presidente da ACUPA regional, Lumey que é composto de estudantes e profes- uciads@p.etecsa.cu).
Moral (Endereço: Av. Libertad # 268; La sores da Escola Nacional de Artes e do
Caridad, Camagüey; 70300, Cuba). Instituto Superior de Artes. Além de
O circuito culminou na Associação apresentarem vários números, os músi-
Ocidental de Cuba, perto de Havana, cos relataram como, iniciando com
com uma assistência de mais de 250 apenas dois jovens adventistas, o grupo

34 Diálogo 13:2 2001


Testemunhando
de Cristo através
Omar Rojas
da música

E m 1993 eu era um jovem professor


de percussão na Escola Nacional
de Música em Havana, Cuba. O
mundo da música popular acenava com
oportunidades de ganhar dinheiro,
estudantes na Escola de Música.
Logo sete estudantes da escola abra-
çaram a fé adventista. Com eles organi-
zamos um grupo instrumental a que de-
nominamos “Criação”, com o propósi-
são na Escola de Música. O “Criação” é
bem conhecido pela qualidade de seus
programas, pelas fortes convicções cris-
tãs de seus membros, e por nossa pai-
xão em atrair outros ao amor de Cris-
prestígio e viagens internacionais. Na- to de glorificar a Deus e testemunhar de to.*
quele ano, meu irmão mais velho, um Sua majestade, misericórdia e beleza
engenheiro da marinha mercante, par- através da música. Por causa de nossos *Leitores dispostos a doar instrumentos
tilhou comigo e com minha noiva recursos limitados, usamos instrumen- musicais ao “Criação” ou contribuir com
Manyú, sua recém-encontrada fé em tos emprestados e reformados para to- fundos para a aquisição de instrumentos
Cristo e suas convicções adventistas. car em reuniões regionais e nacionais para o grupo podem contatar Pedro Torres
No início de 1996, depois de uma sé- organizadas pela Igreja Adventista de (e-mail: ucasd@ip.etecsa.cu) ou os editores
rie de aprofundados estudos e difíceis Cuba e em outros pontos de encontro. de Diálogo.
escolhas, uni-me pelo batismo à Igreja Desde o começo encontramos obstá-
Adventista em Marianao. Juntamente culos em nossa missão. Embora todos
com Manyú, agora minha esposa, acei- os estudantes que pertencem ao “Cria-
tamos o desafio de apresentar o amor e ção” tenham sido cuidadosamente sele-
os ensinos de Cristo a nossos colegas e cionados por seu superior talento musi-
cal, eles provêm de lares modestos e re-
sidem nos dormitórios da escola, tendo
programas e cardápios conflitantes com
nossos princípios de saúde. Nosso gru-
Escritor po não tem um lugar conveniente para Atenção,
ensaiar. Não temos um veículo para
Adventista transporte de nossos instrumentos. As- Profissionais
Ganha Prêmios sim, os levamos em ônibus, bicicletas
ou a pé. Além disso, todos nós sofremos
Adventistas!
Enrique Zainz, escritor cubano, rece- a pressão de nossos colegas, alguns dos Se você tem grau de mestrado ou seu
beu dois prêmios na Feira Internacional quais ainda não compreendem a pro- equivalente em qualquer campo, nós o
de Livros realizada em Havana: Seu livro fundidade de nosso compromisso cris- convidamos a unir-se à Rede de Profissio-
Indagaciones (1999) foi selecionado como tão. nais Adventistas (APN). Patrocinado pela
uma das dez melhores obras literárias cu- Não obstante, Deus tem continuado Igreja Adventista, esse registro eletrônico
banas do ano, e Angustia y Poesía de Virgi- a abençoar nossas iniciativas testemu- global ajuda as instituições e agências
lio Piñera recebeu o prêmio Alejo Carpen- nhais em meio às dificuldades. Primei- participantes a localizar consultores com
tier para artigos excelentes. O Sr. Zainz, ro, oito estudantes, e no último ano, perícia, voluntários para breves trabalhos
um membro da Associação Nacional de doze jovens artistas, incluindo um pia- missionários e candidatos para postos de
Escritores Cubanos, uniu-se à Igreja Ad- nista concertista, uniram-se à Igreja Ad- ensino, administração ou pesquisa. Regis-
ventista do Sétimo Dia há três anos e fre- ventista e ao nosso grupo musical. So- tre suas informações profissionais direta-
qüenta uma de nossas congregações em mos agora 27 músicos e cantores, reuni- mente no site da APN:
Havana. Embora sua produção literária dos pela misericórdia e graça de Deus.
Seu amor nos mantém unidos e por http://apn.adventist.org
não trate diretamente de tópicos religio-
sos, os valores bíblico-cristãos que ele nosso intermédio brilha sobre outros. Estimule outros profissionais adventistas a
abraçou constituem o fundamento de Minha esposa levou seus pais e irmã a se registrarem!
seus escritos. aceitarem a Jesus como seu Salvador
pessoal. Eu continuo a ensinar percus-

Diálogo 13:2 2001 35


36 Diálogo 13:2 2001
MADAGASCAR
(1967) foi o pri-
meiro país a emi-
tir um selo dando
destaque à obra
da Igreja Adven-
tista do Sétimo
Dia. A coleção,
que incluía outros
dois templos, re-
tratava a excelen-
Os
te arquitetura da
Igreja Adventista
em Tanambao,
Adventistas
em Selos
Tamatave, dedica-
da em 1958.

ILHA NORFOLK
(1968). Este selo
Apresentamos uma coleção
comemora a visita
do Pitcairn à Ilha
de selos postais com motivos
de Norfolk, em adventistas, por ordem de
1891. Alguns dos
descendentes dos emissão. Alguns selos foram
amotinados do
HMS Bounty que se ampliados para melhor
haviam estabeleci-
do em Pitcairn, fo- visualização de sua arte.
ram transferidos
para Norfolk por
causa do excesso
populacional. Con-
tudo, muitos deles,
sentindo-se saudo-
sos , retornaram à
sua ilha natal.

SAMOA ISIFO (1970). A Samoa Oci- ILHAS PITCAIRN (1975). A escuna Pit- ILHAS PITCAIRN (1977). Este selo faz
dental emitiu uma série de quatro se- cairn deixou Oakland, Califórnia, em parte de uma coleção de 11 exempla-
los representando a obra das denomi- 20 de outubro de 1890, e chegou à ilha res, os quais retratam vários aspectos
nações cristãs. Um deles retrata o Hos- principal em 25 de novembro, como da vida na ilha principal. Houve qua-
pital Adventista de Apia, inaugurado parte de um programa missionário li- tro templos sucessivos na história da
em 1895, cujo staff se compunha de derado por John Tay. Depois dos estu- ilha. O último, retratado neste selo, foi
dois médicos adventistas que haviam dos bíblicos, toda a população se uniu erigido em 1954.
chegado no Pitcairn. à Igreja Adventista através do batismo.

Diálogo 13:2 2001 Inserção37


A
TONGA (1979). Estas “ilhas amigas”
foram visitadas pelo Pitcairn em 1895.
O selo comemora o impacto do cristia-
nismo naquelas regiões, mostrando
igrejas de quatro denominações. A
Igreja Adventista é vista à direita, em
baixo. (Ilustração feita sem base no
original).

MALAWI (1980). A missão adventista


em Malamulo é um dos programas de
ação missionária mais bem conhecidos
e estabelecidos por nossa igreja na
África. O templo adventista foi apre-
sentado juntamente com três outros
numa série de Natal.

PAPUA-NOVA GUINÉ (1981). Essa jo-


vem nação emitiu uma série de cinco
selos retratando os aviões missionários
de várias igrejas cristãs. A aeronave ad-
ventista aqui representada foi doada
pelo programa de rádio The Quiet Hour
de Redlands, Califórnia, para ativida-
des missionárias.

ILHA NORFOLK (1981). Entre as quatro


igrejas da ilha incluídas nesta série na-
talina, está uma bela igreja adventista.
A Ilha Norfolk constitui um campo mis-
sionário mantido pela Associação de BAHAMAS (1982). Essa ilha caribenha emitiu uma sé-
Grande Sydney, Austrália. rie natalina de cinco selos postais. A coleção incluía
uma foto da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Cen-
treville.

Inserção B
38 Diálogo 13:2 2001
ILHAS PITCAIRN (1986). John Tay inaugurou a missão adven-
tista local, viajando em 1886 para Pitcairn, onde encontrou os
descendentes dos amotinados do navio HMS Bounty. Sua visita
de duas semanas preparou o caminho para a construção do Pi-
tcairn, a escuna que mudou a história da ilha.

ILHAS PITCAIRN (1986). A escuna missi-


onária Pitcairn com as velas enfunadas.
Essa série de quatro selos também mostra,
acima do desenho principal, os quatro
prédios das igrejas adventistas erigidas su-
cessivamente na ilha e suas respectivas
datas de fundação.

ILHAS PITCAIRN (1986). Esse é o ILHAS PITCAIRN (1986). Um barca lotada


primeiro selo postal que retrata de habitantes locais entoando uma can-
um batismo adventista do sétimo ção de despedida para a tripulação e os
dia, como ministrado em todo o passageiros de um navio de carga que dei-
mundo. A cerimônia nele retrata- xa Pitcairn. Os moradores da ilha são fa-
da realizou-se na Baía de Bounty. mosos por causa desse ritual musical, que
é repetido quando navios trazem merca-
dorias para essa ilha isolada.

ILHAS COOK (1990). Quatro socie-


dades missionárias operantes nes-
sas ilhas localizadas ao sul do Pací-
fico, foram agraciadas com uma
série de selos. O Dr. J. E. Caldwell,
um pioneiro adventista, estabele-
ceu um pequeno hospital em Ava-
rua.

Diálogo 13:2 2001 Inserção39


C
ILHAS PITCAIRN (1999). Este selo faz
parte de uma série de quatro que home-
URUGUAI (1996). Esta nação de fala espa- nageia as atividades educacionais na
nhola comemorou o centenário da Igreja ilha. O nome da Profa. Hattie Andre,
Adventista do Sétimo Dia, retratando os uma missionária adventista que lá se
três anjos de Apocalipse 14 circundando domiciliou por volta de 1893, é mencio-
o globo. A estrela marca a localização do nado entre aqueles que trabalharam em
país na América do Sul. Pitcairn. Anos mais tarde, Hattie foi pre-
ceptora no Pacific Union College.

ILHAS VIRGENS BRITÂNICAS (1999). O edifício da Igreja CANADÁ (2000). A 57ª assembléia mundial da Igreja Ad-
Adventista do Sétimo Dia retratado neste selo, foi inaugura- ventista do Sétimo Dia foi realizada em Toronto. Esse selo
do em 1982 e se localiza na Baia de Fat Hogs. comemorativo mostra o logotipo adventista – uma Bíblia,
uma cruz e as listas representando o Espírito Santo. As
Montanhas Rochosas canadenses podem ser vistas ao fun-
do.

Diálogo reconhece a generosidade de Robert A. Roach em prover


os selos, o envelope comemorativo e os comentários inclusos neste
suplemento. Em 1948, o Sr. Roach lançou “Envelopes com um Pro-
pósito” (ver modelo à direita), como maneira eficiente de atrair a
atenção das pessoas para as muitas instituições e atividades patroci-
nadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.
As três sociedades filatélicas mais importantes para os adventistas
interessados nesse passatempo educacional são:
• Seventh-day Adventist Philatelic Society International
• Pitcairn Island Study Group
• American Topical Association
Para maiores informações sobre selos e “Envelopes com um
Propósito”, fazer contato com Robert A. Roach: P.O. Box 1177;
Loma Linda, Califórnia, 92354; EUA. Telefone: 909-825-7536.
Site: www.tagnet.org/stamps

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