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alunos que o conhecimento é construído e que eles fazem parte desse processo,
procurando integrá-los na busca do conhecimento, preparando-os para enfrentar e
resolverem problemas e analisar as conseqüências sociais da ciência e da tecnologia na
sociedade moderna.
Para que essa perspectiva ocorra de uma maneira eficiente em sala de aula, o
professor deve buscar elaborar atividades, situações práticas, problematizações que
desafiem os conhecimentos prévios dos alunos e os estimulem a reorganizar e
desenvolver novas teorias sobre o assunto, fazendo com que os alunos sintam a
necessidade de obter novos conhecimentos, de investigar e encontrar novas soluções. É
importante que o professor perceba seu papel de agente transformador, estimulando e
ajudando os alunos a desenvolverem o pensamento crítico, questionarem e buscarem
soluções para a realidade na qual estão inseridos.
Cabe ao professor questionar e criticar a forma repetitiva, acrítica e dogmática que o
ensino de Biologia vem sendo ministrado, com visões simplistas e superficiais
relacionadas ao senso comum. Essas ideias simplistas podem estar relacionadas ao que
o professor vivenciou ao longo do período em que foi aluno e acabou levando e
inserindo na sua prática docente (DRIVER, et al, 1999).
O modo como os professores ensinam Biologia e suas concepções sobre os
conhecimentos científicos podem influenciar as concepções, atitudes e motivações dos
alunos em relação a aprender Biologia. Os pensamentos, crenças, teorias pessoais e
concepções dos professores influenciam nas suas decisões acerca do currículo e da
prática em sala de aula, bem como podem influenciar a forma como o aluno aprende. A
maneira como o professor aprendeu enquanto aluno, reproduzindo eventos que seu
professor fazia, pode afetar a maneira como seus alunos estão entendendo a matéria
(MIZUKAMI, 2004).
Muitas vezes o professor de Biologia não percebe que algumas deficiências da sua
ação pedagógica, por exemplo, a forma como os conteúdos são trabalhados, interferem
no ensino e na compreensão por parte dos alunos, trazendo problemas para o
desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.
Diante dessa problemática é interessante refletir sobre a formação inicial desse
profissional, seu processo de atualização frente aos avanços dos conteúdos, bem como a
situação da educação atual, que interfere diretamente na forma como o professor conduz
sua prática. A formação inicial e também a continuada de qualidade são condições para
que o professor possa desenvolver sua prática pedagógica, com qualidade.
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Metodologia
Os dados apresentados foram obtidos em um estudo piloto, em abril de 2016,
sendo objeto de análise preliminar que será aprofundada posteriormente em minha
dissertação de mestrado. A pesquisa sustenta-se na abordagem qualitativa, que se
preocupa em responder questões particulares que não podem ser medidas
quantitativamente, como por exemplo, crenças, anseios, valores e atitudes, portanto
trata-se da investigação no mundo dos significados das ações e nas relações humanas
(MINAYO, 1999).
Para a obtenção dos dados foi utilizado um questionário como instrumento de
pesquisa estruturado com base nas questões citadas anteriormente. Os professores que
participaram dessa etapa da pesquisa ministraram aulas de Biologia para o Ensino
Médio da rede estadual e particular do interior de São Paulo durante o ano letivo de
2015.
Os dados obtidos através do questionário foram organizados segundo os
seguintes tópicos: perfil dos professores e as dificuldades dos professores com os
conteúdos de Biologia. Cada um destes aspectos será exposto e discutido a seguir.
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Categorias N° de indicações P
Aluno Motivação 2 P2, P3
Dificuldade de abstração 2 P1, P2
Conteúdo Conhecimento prévio 1 P1
Conteúdo abstrato 3 P1, P2, P3
Conteúdo decorativo 1 P2
Formação inicial Formação inicial 1 P3
Estrutura Falta de materiais 2 P2, P3
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Considerações Finais
Os dados apresentados no presente trabalho são preliminares e correspondem à
etapa piloto de um projeto de mestrado, cujo objetivo principal é o de identificar quais
conteúdos de biologia os professores têm maior dificuldade em ministrar e como
enfrentam essas dificuldades, revelando articulações com a formação inicial e
continuada.
No decorrer da pesquisa de mestrado, serão aprofundados aspectos da formação
inicial do professor de Biologia, as estratégias utilizadas para superar dificuldades
encontradas e a relação entre essas dificuldades e a prática docente. Após a utilização do
questionário, será realizada entrevista com os professores.
Os resultados da análise dos questionários realizados com três professores
formados no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade pública
mostraram que esses profissionais identificam as causas de sua dificuldade em ministrar
determinados conteúdos. A maioria delas se relaciona com o conteúdo, sua
complexidade e quantidade de informações, o que dificulta transmitir para o aluno.
Também relaciona-se diretamente com o aluno, sua defasagem no ensino fundamental
II, a falta de interesse, a capacidade de abstrair certos temas mais complexos. Apenas
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um professor as relacionou com a sua formação inicial. A análise dos dados também
permitiu a identificação de algumas alterações necessárias no questionário.
Os dados apresentados, ainda que limitados, parecem apoiar pesquisas
significativas que apontam fragilidades nos cursos de formação de professores, uma vez
que mostram uma divergência entre a formação e a prática escolar, ou seja, o que está
sendo ensinado nos cursos de formação pode não estar subsidiando de forma efetiva e
adequada o trabalho dos docentes no ensino fundamental e médio e também apontam
para a necessidade de investimento em cursos de formação continuada para professores
de Biologia que ajudem a sanar as dificuldades e permita que esses docentes se
mantenham atualizados frente o avanço da ciência e consigam ensinar esse
conhecimento na sala de aula de forma clara que propicie uma aprendizagem efetiva dos
alunos.
De acordo com Menezes (1996, p. 152) a primeira necessidade formativa do
professor é conhecer a matéria a ser ensinada e “mesmo naqueles casos que houve
formação inicial, é necessário completá-la, rompendo com a visão habitual de “conhecer
a matéria a ensinar””. Além dos conteúdos fundamentais da Ciência, o professor precisa
conhecer a História da Ciência, as estratégias do trabalho científico, as interações entre
Ciência/Tecnologia/Sociedade, conhecer as relações com as outras disciplinas e saber
selecionar os conteúdos adequados.
A formação do professor não se encerra com a obtenção do título, mas é um
processo a longo prazo de constante atualização, pois é um processo complexo que
exige muitos conhecimentos e habilidades que vão sendo adquiridos ao longo do
desenvolvimento e atualização da prática docente.
Assim, é preciso que os docentes possuam possibilidades de formação e
atualização permanente, diversificada e de qualidade. Uma política adequada de
formação tanto inicial quando permanente, que leve em conta as pesquisas educacionais
e supere o reducionismo que contempla somente a preparação científica e uma
superficial qualificação pedagógica (MENEZES, 1996).
Pesquisas têm mostrado uma preocupação com a formação continuada dos
professores (CUNHA e KRASILCHIK, 2000; BONZANINI e BASTOS, 2007; DINIZ,
CAMPOS, SILVA e ESTEVES, 2005; SANTOS, SANTOS, JUNIOR, SOUZA e
FARIA, 2013; DINIZ, CAMPOS e KÜLH, 2004), propondo ações de formação de
qualidade que possam investigar coletivamente os problemas de ensino-aprendizagem
encontrados durante o exercício da profissão, atendendo as demandas da prática
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Referências
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