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PROGNÓSTICO AMBIENTAL

Introdução

Este Capítulo aborda o prognóstico das condições ambientais emergentes, com e sem as
intervenções previstas para a sua região de inserção considerando as diferentes áreas de influência –
Indireta, Direta e aquelas que poderiam vir a ser Diretamente Afetadas, tendo como foco os
aspectos temáticos dos meios Físico, Biótico e Antrópico. Este Capítulo visa a atender ao que
determina a Instrução Técnica 013/2005 no que concerne a análise sobre “o prognóstico da
qualidade ambiental da área de influência, no caso de adoção do projeto e suas alternativas e na
hipótese da sua não implantação, determinando e justificando o horizonte de tempo considerado”.

Como abordado no Capítulo 4 - Caracterização do Empreendimento - a SERLA apresentou 5


alternativas de projeto para as intervenções pretendidas, quais tenham sido - Alternativa 1: a
dragagem na desembocadura do Canal de Sernambetiba e a implantação dos guias-correntes,
Alternativa 2:: a dragagem na desembocadura do Canal de Sernambetiba e a implantação dos
guias-correntes somadas à interligação dos canais das Taxas, Cortado e Portelo ao Canal de
Sernambetiba, Alternativa 3: a dragagem na desembocadura do Canal de Sernambetiba e a
implantação dos guias-correntes somadas à interligação apenas dos canais das Taxas e do Cortado
ao Canal de Sernambetiba e Alternativa 4: a manutenção da situação atual.

Frente às intervenções que considera importantes não só para a estabilização da Barra do Canal de
Sernambetiba como para o complexo lagunar da região da Barra da Tijuca ( contemplando as lagoas
de Jacarepaguá, Tijuca e Marapendi, a SERLA optou por que fosse adotado o conjunto de
intervenções considerado na Alternativa 3 - a dragagem na desembocadura do Canal de
Sernambetiba e a implantação dos guias-correntes somadas à interligação apenas dos canais das
Taxas e do Cortado ao Canal de Sernambetiba.

No entanto, embora o Empreendedor tenha como intenção implementar as intervenções pensadas na


Alternativa 3, A análise das condições ambientais emergentes será apresentada para cada uma das
alternativas pensadas, de modo seqüencial (na ordem apresentada acima) para os seguintes
horizontes de tempo - 2006/2007 (retratando a situação atual) e para 2012 (buscando entender
cenário de médio para longo prazo). Estes recortes temporais são justificados a partir de duas
premissas básicas de análise, quais sejam, (1) o objetivo de proceder-se à comparação de momentos

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distintos na Cidade do Rio de Janeiro, quando vários projetos e / ou planos previstos atualmente ou
em andamento já deverão estar em operação e (2) o fato de que qualquer análise prospectiva sob o
ponto de vista ambiental para a região em foco perpassará pelos avanços que possam ter ocorrido
sobre o atendimento urbanístico nestes bairros por parte das esferas públicas de competência no
âmbito dos investimentos em infra-estrutura física urbana - sistema viário / transportes e,
principalmente, esgotamento sanitário. .Assim, tendo em vista as incertezas que permeiam as
análises pretendidas, optou-se por considerar apenas os cenários de curto e médio prazo, evitando-
se horizontes temporais mais longos.

Dentro deste contexto, alguns prognósticos sobre a qualidade ambiental na região de inserção das
intervenções estão vinculados à consolidação e à entrada em operação de outras intervenções que
terão interferência direta sobre a região, qual seja prioritariamente, o esgotamento sanitário de toda
a região da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá. Especificamente, no que concerne à região de
interesse desses estudos, será fundamental focar maior atenção sobre os bairros de Grumari,
Camorim, Vargem Grande, Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes, por alguns destes terem
apresentado as maiores taxas de crescimento populacional aferidas pelo IBGE no período
2000/1991 – Recreio dos Bandeirantes (11,29%), Vargem Pequena ( 14,56%) e Camorim (20,66%).
Apenas para efeito comparativo, o bairro da Barra da Tijuca, cujo crescimento vem sendo
considerado alto, apresentou índice de 4,24% Trata-se, portanto, de situação condicionante que se
apresenta comum a todas as alternativas analisadas.

O Desenvolvimento Condicionado: Investimentos Públicos e Privados: Uma Consideração


Relevante

O território da região da Barra da Tijuca vem passando por transformações promovidas tanto pelo
governo, nos seus três níveis de atuação, quanto pela iniciativa privada. Embora os investimentos
governamentais tenham rareado, os empresários continuaram investindo e, até, muitas vezes têm
suplementado os gastos de responsabilidade do poder público municipal, como foi o caso da
construção da Linha Amarela, uma concessão à empresa que a construiu em parte com recursos
próprios dos quais se ressarce através de pedágio, e mais recentemente o anel de acesso entre as
avenidas Ayrton Senna e Embaixador Abelardo Bueno, quando empresas proprietárias de terrenos
na região contribuíram diretamente para os cofres públicos na execução das obras.

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Quando se pensa no futuro da Barra da Tijuca não há como ficar na utopia. Em contrapartida aos
avançados investimentos feitos pela iniciativa privada, os poderes públicos não têm correspondido
naquilo que lhes diz respeito. Por isso persistem sem solução vários problemas urbanísticos
derivados do crescimento exponencial. Três são de enorme gravidade:

1) O esgotamento sanitário da Baixada de Jacarepaguá, pois as lagoas ainda vem recebendo todo o
tipo de dejetos, estando em processo de extinção toda a vida aquática, além de assoreados os
espelhos d’água, que em grandes extensões não tem mais que poucos centímetros de
profundidade. Para resolver o problema é necessário (1) refazer parte da rede de coleta de
esgotos (no bairro da Barra da Tijuca) e implantar a rede em bairros até então não atendidos
(Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim, Grumari, dentre
outros) em toda a região da Barra da Tijuca (e não somente no bairro da Barra da Tijuca), (2)
criar galerias de cintura que evitem o despejo nas lagoas e (3) executar o emissário submarino que
afastará os efluentes do tratamento dos esgotos para cinco quilômetros mar adentro e a entrada
em operação da Estação de Tratamento de Esgoto na Av. Ayrton Senna, como se espera do
projeto iniciado há quase 20 anos, cujas previsões mais recentes dadas pela CEDAE indicam a
entrada de operação do emissário para final de 2006 (embora sem a Estação de Tratamento de
Esgoto da Av. Ayrton Senna ainda sem previsão de data).

2) O transporte de massa que interligue esse espaço a todo o território do Município do Rio de
Janeiro e da sua região metropolitana, favorecendo os movimentos de pessoas que residem em
outras áreas e querem se beneficiar das atividades proporcionadas pela região da Barra da
Tijuca, seja do lado da oferta de comércio e serviços, seja da oferta de postos de trabalho. A
implantação de linha do metrô ou de outro sistema de transporte sobre trilhos, dados os
carregamentos esperados, também concretizará os fluxos inversos, isto é, dos que ali moram e
têm destino para fora dessa área. Também são iniciativas muito anunciadas porém longe de
serem concretizadas, pois são gastos que superam a ordem de U$ 1 milhão, podendo chegar a
US$ 1,5 milhão conforme a alternativa adotada, pois envolvem a abertura de extensos túneis
para vencer o hiato do Maciço da Tijuca, como foi o caso dos projetos rodoviários na década de
1960. Exigem portanto a participação conjunta dos governos federal, estadual e municipal,
somada a empresas privadas, para buscar uma equação financeira que possa atender à execução
de investimentos de tal vulto;

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3) A habitação popular pode ser considerada a outra face do transporte de massa, pois os terrenos
mais afastados tornam-se atrativos quando os meios de transporte são rápidos, baratos e
confortáveis. Entretanto, há que se considerar também a produção maciça de moradias para
resolver o problema das favelas que se formaram em cinturão na margem norte das lagoas e
começam a subir as encostas dos maciços, sem solução dos poderes públicos há mais de vinte
anos. Na Baixada de Jacarepaguá eram 145 mil pessoas vivendo em condições sub-humanas no
ano 2000, ou 21% do total da população, número que dobrou desde 1991. A mera urbanização
de alguns desses aglomerados, como vem sendo feita pela administração municipal com
financiamento de agências internacionais de crédito, não tem resolvido o cerne da questão que é
a produção de novas moradias, singelas porém atraentes, em condições de financiamento
compatíveis com a renda das famílias carentes.

Somente com altos investimentos governamentais na sua infra-estrutura, aplicados de forma


continuada, a região da Barra da Tijuca poderá desempenhar plenamente a sua função de
articulação dos pólos de crescimento da Cidade do Rio de Janeiro.

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