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7.3.1.3.

Recursos Hídricos Superficiais

• Perfis Longitudinais dos Canais de Sernambetiba, Taxas, Cortado e Portelo/Marinho

Canal de Sernambetiba

A Figura a seguir apresenta o perfil longitudinal das cotas no eixo do Canal de Sernambetiba, sendo
o mesmo baseado no relatório “Estudo de Estabilização da Barra do Canal de Sernambetiba e
Recuperação da Praia da Macumba, Rio de Janeiro, RJ” elaborado pela COPPETEC, em 2000.

Perfil Longitudinal do Canal de Sernambetiba.

Canal de Sernambetiba - Perfil do fundo

-1.5

Rio Morto

-2.0

Rio Cascalho
Canal do Portelo
Cota IBGE (m)

Rio Bonito

-2.5
Rio Piabas
Canal do Cortado

Canal das Taxas

-3.0

-3.5
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000

Distância a foz (m)

Fonte: COPPETEC, 2000.

De acordo com os valores das cotas de fundo, verifica-se que a foz do canal é caracterizada por um
fundo plano na cota –3,0 m (IBGE), estendendo-se por cerca de 400 m da foz. Caminhando-se para
montante, com aproximadamente 3,2 km, apresenta uma declividade de 0,2 m/km, chegando até a
cota –2,3 m. Por fim, tem-se um trecho mais íngreme, de aproximadamente 1 km, com declividade
de 0,6 m/km que alcança a cota final de –1,8 m.

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Na figura também estão representadas, de forma aproximada, as distâncias das desembocaduras dos
canais das Taxas, Cortado e Portelo/Marinho até a foz do Canal de Sernambetiba, sendo as mesmas,
respectivamente de: 1,6; 2,5 e 4,0 km. Em relação aos rios Piabas, Bonito, Cascalho e Morto, as
distâncias são, respectivamente de: 1,5; 2,5; 3,5 e 4,4 km.

Canais das Taxas

A Figura a seguir apresenta o perfil longitudinal do canal das Taxas, sendo baseado no “Projeto
Executivo de Retificação, Canalização, Pontes e Vias Canais da Bacia de Jacarepaguá”, realizado
pela PRODEC, em 1999. O perfil de fundo abrange desde a Lagoa de Marapendi até a Lagoinha,
totalizando uma extensão de cerca de 1,7 km. As cotas de fundo variam entre os valores de –2,0 m e
0,21 m (IBGE).

Perfil Longitudinal do Canal das Taxas.

Canal das Taxas - Perfil do fundo

0.5

0.0

-0.5
Cota IBGE (m)

Lagoinha
-1.0

-1.5

-2.0

-2.5
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Distância a Lagoa de Marapendi (m)

Fonte: PRODEC, 1999.

Canal do Cortado

Na Figura abaixo apresenta o perfil de fundo do Canal do Cortado, desde a Lagoa de Jacarepaguá
até o Canal de Sernambetiba, o que totaliza aproximadamente 9,0 km. Verifica-se que a maioria dos

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valores das cotas de fundo está entre –4,0 e –2,0 m, havendo alguns poucos valores fora deste
intervalo mencionado. O Rio Marinho desemboca no Canal do Cortado a uma distância de mais ou
menos 1,3 km da Lagoa de Jacarepaguá, e o Canal dos Urubus a cerca de 4,0 km.

Perfil Longitudinal do Canal do Cortado.

Canal do Cortado - Perfil do fundo

4.0

2.0

0.0
Canal de
Sernambetiba
Cota IBGE (m)

-2.0

-4.0
Canal do Urubu

Rio Marinho
-6.0

-8.0

-10.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Distância a Lagoa de Jacarepaguá (m)

Fonte: PRODEC, 1999.

Canal do Portelo/Marinho

O perfil de fundo do Canal Portelo/Marinho é apresentado na Figura a seguir, sendo o mesmo


iniciado no canal do Cortado a 1,2 km da Lagoa de Jacarepaguá, com uma extensão total de
aproximadamente 8,2 km. As desembocaduras dos rios Calembá, Cancela e Vargem Pequena,
situam-se, respectivamente, a uma distância da Lagoa de Marapendi de: 4,8; 5,2 e 5,5 km. A maior
parte dos valores das cotas de fundo situa-se na faixa de –5,0 a –1,0 m.

609
Perfil Longitudinal do Canal do Portelo/Marinho.
Canal do Portelo / Marinho - Perfil do fundo

1.0

0.0

-1.0

-2.0
Cota IBGE (m)

Rio Cancela

Canal do Portelo
-3.0
Rio Marinho

-4.0
Rio Vargem Pequena

Rio Calembá
-5.0

-6.0

-7.0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Distância a Lagoa de Jacarepaguá (m)

Fonte: PRODEC, 1999.

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• Qualidade das águas nos canais de Sernambetiba, Taxas, Portelo e Cortado

A caracterização da qualidade das águas dos canais de Sernambetiba, Taxas, Cortado e Portelo,
situados na ADA, foi realizada com o objetivo de subsidiar a análise dos impactos a serem gerados
pelo projeto.O diagnóstico foi baseado em monitoramentos e estudos desenvolvidos pela Secretaria
Municipal de Meio Ambiente (SMAC) no Canal de Sernambetiba e no Canal das Taxas. Também
foram obtidos dados das variáveis ambientais através de campanha de campo realizada em janeiro
de 2006, complementado informações sobre os canais do Cortado e Portelo (Quadro a seguir).

Relação dos dados sobre qualidade das águas dos canais.

Período
Variável início fim unidade metodologia fonte
Temperatura nov/1997 ago/2005 SMAC
°C
Jan/2006 campo
Salinidade nov/1997 ago/2005 SMAC
g/l
Jan/2006 campo
pH nov/1997 ago/2005 sonda SMAC
Jan/2006 campo
OD nov/1997 ago/2005 SMAC
mg/l
Jan/2006 campo
Condutividade Jan/2006 μS/cm campo
método
Jan/2006 campo
Ortofosfato fosfomolibídico
Fósforo Total Jan/2006 método persulfato campo
Amônia nov/1997 ago/2005 SMAC
μM método indofenol
Jan/2006 campo
Nitrito Jan/2006 método campo
Nitrato Jan/2006 sulfanilamida campo
Nitrogênio Total Jan/2006 método persulfato campo
Clorofila Jan/2006 espectrofotometri campo
μg/l
Feofitina Jan/2006 a campo
Óleos e Graxas Jan/2006 - campo
mg/l
DBO Jan/2006 - campo
membrane
Coliformes fecais nov/1997 ago/2005 NMP/100ml SMAC
filtrante

O quadro a seguir apresenta as coordenadas dos pontos onde foram coletadas as amostras, nos
canais do Cortado, Portelo e Sernambetiba. Durante a campanha, o tempo estava bom e com sol.
Verificou-se que no Canal do Cortado havia muita vegetação, estando o mesmo tomado por
macrófitas emersas. Tal situação também foi verificada no Canal do Portelo, havendo ainda, a
presença de esgoto.

611
Localização dos pontos da campanha de janeiro de 2006.

Localização do Coordenadas
ponto E N
C Cortado 658.305 7.455.264
C Portela 659.101 7.456.305
C Sernambetiba 654.448 7.454.558

A abordagem utilizada para caracterização da qualidade das águas objetivou uma comparação dos
dados disponíveis com os padrões estabelecidos pela Resolução N°357/2005 do CONAMA.

Comentários sobre a campanha de campo

A campanha de campo teve como objetivo principal a obtenção de dados complementares ao


monitoramento da SMAC. Foram então coletadas amostras para análise de algumas variáveis não
contempladas pelo monitoramento, porém necessárias para a elaboração de um diagnóstico
completo.
Contudo, a situação atual dos canais de drenagem associados ao complexo lagunar é bastante
peculiar e merece, portanto, que sejam tecidos comentários visando um melhor entendimento da
situação atual desses sistemas.

No geral, todos os canais estão bastante assoreados em quase todo ou na maior parte de seu curso. A
situação é mais crítica nos canais do Cortado e Portelo, os quais se encontram também totalmente
cobertos por vegetação aquática flutuante (aguapés) ou mesmo enraizadas (Typha sp. e
Acrostichum sp.) (Figura abaixo). Cabe destacar que nestes canais, somente foi possível realizar a
coleta de amostras de água sob as pontes, já que em tais locais, devido à falta de luminosidade, não
há proliferação da vegetação, possibilitando que o espelho d’água fique visível.

612
Vista do Canal do Cortado na altura da ponte na estrada Benvindo de Novaes (janeiro/2006).
Notar a densa vegetação cobrindo todo o canal.

O Canal das Taxas apresenta uma situação muito comum em sistemas de drenagem deste tipo, que
cortam regiões urbanizadas, sendo transformado num grande valão de esgoto a céu aberto. Em sua
porção entre a Lagoa de Marapendi e a Lagoinha, embora não estando aparentemente assoreado e
com as vias no seu entorno devidamente asfaltadas e urbanizadas, recebe os esgotos das construções
próximas. Em seu trecho após a Lagoinha, a situação é mais crítica ainda. A estrutura urbana é
precária e a ocupação totalmente desordenada, sendo o lançamento de esgotos in natura, facilmente
verificado na Figura abaixo. As condições se agravam com o estreitamento do canal, embora este
apresente taludes com estrutura em concreto, sendo inclusive interrompida pelo lançamento de
entulho e por uma construção (Figura a seguir). Devido a essas condições não foram coletadas
amostras no Canal das Taxas na campanha de campo.

613
Canal das Taxas após a Lagoinha. Notar o lançamento de esgotos in natura e
diversos pontos.

614
Canal das Taxas após a Lagoinha. Notar a presença de entulho e de uma
construção interrompendo o canal.

O Canal de Sernambetiba talvez seja o único que ainda possa ser considerado um canal de
drenagem. Nele observa-se a presença de macrófitas aquáticas, porém, em virtude de ações de
limpeza por parte dos poderes públicos municipais e estaduais, verifica-se a remoção periódica da
cobertura de Eichhornia crassipes, visto que a mesma funcionava como importante elemento
dificultador na drenagem das águas do canal e consecutivamente de toda a região. Na campanha de
campo foram coletadas amostras no ponto próximo ao canal das taxas (Figura abaixo).

615
Canal de Sernambetiba – Local de coleta de amostras da campanha de campo.

A temperatura da água nos canais segue um padrão sazonal de variação entre verão e inverno
(Figura a seguir), com valores mínimos e máximos oscilando entre de 17°C e 34°C, conforme
observado na campanha realizada em janeiro/2006 (Quadro).

Série temporal de valores mensais de temperatura medidos no Canal de Sernambetiba e


Canal das Taxas.
Temperatura - C. Sernambetiba Temperatura - C. das Taxas
40 40

35 35

30 30
°C

25
25
°C 20
20 SE01
TX01
TX02
SE02 15
15 SE03
SE04 10
10 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

616
Os canais do Portelo, Cortado e Taxas possuem águas doces ou levemente salobras, apresentando
em geral, valores de salinidade inferiores a 2 g/L (Figura abaixo). Por outro lado, a influência
marinha é marcante no Canal de Sernambetiba, onde verifica-se valores oscilando entre 0 e 34 g/L.
Esta variação está condicionada à influência das marés e do aporte de água doce da bacia de
drenagem, especialmente durante a estação chuvosa.

Série temporal de valores mensais de salinidade medidos no Canal de Sernambetiba e


Canal das Taxas.

Salinidade - C. Sernambetiba Salinidade - C. dasTaxas


40 SE01
40
SE02 TX01
SE03 TX02
30 SE04
30

20
g/L

g/L
20

10
10
0
0
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

O pH nos canais do Portelo, Cortado, Taxas e Sernambetiba não apresentam sazonalidade


característica, tendo os valores de pH oscilando entre valores levemente ácidos (> 5) a alcalinos
(Figura abaixo, Quadro). Estes valores estão de acordo com os limites estabelecidos pela Res.
CONAMA 357/2005.

Série temporal de valores mensais de pH medidos no Canal de Sernambetiba e Canal das


Taxas.

pH - C. Sernambetiba pH - C. das Taxas


9 9

8
8
7
7
6
SE01 TX01
SE02 6 TX02
5 SE03
SE04
4 5
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

A concentração de OD nos canais do Portelo, Cortado, Taxas e Sernambetiba não apresentam


sazonalidade característica, mas refletem o grau de contaminação e excesso de matéria orgânica
presente nestes sistemas. Os valores oscilam desde 0 até concentrações elevadas (> 10mg/L),
comportamento característico de sistemas altamente eutrofizados (Figura abaixo, Quadro). Estes
valores constituem-se em violações dos limites estabelecidos pela Res. CONAMA 357/2005.

617
Série temporal de valores mensais de OD medidos no Canal de Sernambetiba e Canal das
Taxas.

OD - C. Sernambetiba OD - C. das Taxas


18 SE01
15
SE02 TX01
15 SE03 12 TX02
SE04
12 9
mg/L

mg/L
9
6
6
3
3
0
0
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

As concentrações de nitrogênio e fósforo nos canais do Portelo, Cortado, Taxas e de Sernambetiba


são elevadas e características de ambientes eutrofizados. Valores elevados das formas dissolvidas e
totais de nitrogênio e fósforo foram observados na campanha de janeiro/2006 (Quadro).
Concentrações elevadas de amônia também têm sido registradas nos canais de Sernambetiba e
Taxas (Figura a seguir).

Série temporal de valores mensais de amônia medidos no Canal de Sernambetiba e Canal


das Taxas.
N Amoniacal - C. Sernambetiba N Amoniacal - C. das Taxas
30 100
SE01
25 80 TX01
SE02
SE03 TX02
20
SE04 60
μΜ

μM

15
40
10
5 20

0 0
00 01 02 03 04 05 06 00 01 02 03 04 05 06

O excesso de matéria orgânica presente nos canais da ADA se reflete nos teores de OD e nutrientes,
mas também em valores elevados de pigmentos fitoplanctônicos (clorofila e feofitina), demanda
bioquímica de oxigênio (DBO), como registrados em janeiro/2006 (Quadro) e elevadas
concentrações de coliformes fecais. As concentrações de coliformes nos canais estão
freqüentemente acima do limite máximo admissível (para usos de recreação de contato primário) de
2000 NMP/ 100 ml para E. coli (Figura abaixo). Estes resultados evidenciam uma situação de
contaminação crítica nos canais, especialmente no Canal das Taxas.

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Série temporal de valores mensais de coliformes totais e E. coli no Canal de Sernambetiba
e Canal das Taxas. A linha indica o limite admissível segundo Res. CONAMA
274/2000.

E. Coli - C. Sernambetiba

1e+6 SE01
SE02
Log (NMP/100ml)

1e+5 SE03
SE04
1e+4 Limite

1e+3

1e+2

1e+1
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

E. Coli - C. das Taxas

1e+9 TX01
TX02
Log (NMP/100ml)

1e+8
1e+7
1e+6
1e+5
1e+4
1e+3
1e+2
1e+1
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

619
Variáveis físicas, químicas e biológicas nos canais do Portelo, Cortado e Sernambetiba em
janeiro/2006.

RESULTADOS C. C. C.
Cortado Portelo Sernambetiba

Temperatura (°C) 24,9 26,6 30,9


pH 5,9 6,5 7,0
OD (mg/L) 0,4 0,6 4,2
Condutividade
(μS/cm) 491,0 - 146,6
Ortofosfato (µM) 15,60 12,53 3,46
Fósforo Total (µM) 16,33 12,54 5,09
Amônia (µM) 58,57 19,60 9,67
Nitrito (µM) 0,79 0,55 1,95
Nitrato (µM) ND 0,10 ND
Nitrogênio Total
41,32 11,06 74,04
(µM)
Clorofila (µg/L) 6,4 4,0 14,70
Feofitina (µg/L) 19,8 3,7 0,0
Óleos e Graxas
ND ND ND
(mg/L)
DBO (mg/L) 49 93 13

620

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