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Os aqüíferos que compõem a Baixada de Jacarepaguá apresentam um caráter variado, devido à sua
grande complexidade deposicional e ciclos de transgressão e regressão marinhas que até o presente
momento influenciam suas características hidrogeológicas (Cardoso, 1996).
Do ponto de vista hidrogeológico, as áreas de baixada próximas aos maciços costeiros são
fortemente condicionadas pela presença das rochas graníticas e gnáissicas, pois a geometria e
composição das camadas aqüíferas são influenciadas pela presença das elevações, que através do
sistema de fraturas do maciço abastecem os materiais sedimentares adjacentes, compostos
predominantemente de materiais fluviais.
O artesianismo ocorre freqüentemente nos aqüíferos situados no contato com os maciços costeiros,
da Baixada de Jacarepaguá. Do ponto de vista químico, as águas em geral são pouco mineralizadas,
mas pode haver problemas de salinização nas zonas mais baixas e próximas aos bolsões de material
argiloso/orgânico, comuns nos setores internos da planície.
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Perfil esquemático com a disposição das lentes aqüíferas com a representação das reservas de água
doce sobrepostas às camadas com águas salobras ou hipersalinas.
As transmissividades nos aqüíferos aluviais não são muito elevadas, variando de 5 a 60 m2/ dia,
apresentando contudo expressiva variabilidade. A definição das características hidrodinâmicas
desses sedimentos é dificultada pela complexidade advinda da influência mútua entre o sistema de
fraturas das rochas circundantes e dos sedimentos propriamente ditos.
Nos materiais que correspondem à fase transgressiva, de caráter variável no que diz respeito à sua
composição e granulometria, respondendo, porém, por uma sedimentação marinha, geralmente as
águas subterrâneas apresentam-se salinizadas, especialmente quando próximas aos depósitos
lagunares (argilas orgânicas e turfas). Aparentemente, uma parte das águas que percolam esses
materiais são antigas e encontram-se aprisionadas nos sedimentos, havendo inclusive poços
hipersalinos. Os materiais transgressivos encontram-se na parte central da Baixada de Jacarepaguá,
em pacotes que podem chegar a mais de 60 m de profundidade (Cabral, 1979). Os poços aí
perfurados têm menores transmissividades (entre 1 e 40 m2 /dia) e freqüentemente não podem ser
aproveitados devido a má qualidade da água.
A captação de água subterrânea é observada com mais freqüência nessa região de substrato arenoso,
sendo suas águas em geral pouco mineralizadas, sendo, entretanto relatados casos de salinização em
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poços que fazem a captação de água nas zonas próximas a materiais argilo-orgânicos. No cordão
arenoso que constitui a Barra da Tijuca (Restinga de Itapeba), ocorre um aqüífero mais superficial
com águas de boa qualidade, porém com teores elevados de ferro, bastante vulneráveis à
contaminação.
Nos setores mais próximos ao maciço montanhoso, o padrão de sedimentação é mais complexo com
a ocorrência de materiais argilosos orgânicos freqüentemente hipersalinos. Comparações de dados
recentes de potenciometria e hidroquímicos com dados das décadas de 1960 e 70, indicam poucas
variações químicas, mas a crescente urbanização e o aumento da exploração fazem prever futuros
problemas de salinização e contaminação daqueles aqüíferos.
Segundo Cabral (1979), o nível freático possui uma profundidade média de 1,20m em toda a
Baixada, sendo de 2,00m para as areias da restinga; 1,80m para os solos aluviais; 0,60m para as
areias de fundo de enseada e finalmente 0,50m para os solos orgânicos (vide Capítulo 7 _
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Diagnóstico Ambiental / Meio Físico/ Áreas Diretamente Afetadas_ Aspectos Geológico-
Geotécnicos ).
Uma grande parte da água subterrânea na região da Barra da Tijuca está com os seus parâmetros
bacteriológicos e físico-químicos fora da potabilidade de acordo com a Portaria No 1469/00 do
Ministério da Saúde. Exemplo disso é o abastecimento de água do Barra Shopping (vide tabela
abaixo). Em geral, essas águas subterrâneas na área urbanizadas contêm alto teor de coliformes
fecais, além de elevados teores de ferro (+2) e turbidez. Essas águas, para consumo humano, devem
ser submetidas sempre a uma filtração e cloração sistemática, ou seja, numa ETA – Estação de
Tratamento de Água. Nota-se que água nessa área é alcalina e às vezes algo salobra.
Quimismo da Condutivi
Local Poço Prof.m NE ND Vazão (l/s)
Água dade
New York Fe total
1 20.00 1.80 8.50 1.11 560
City elevado
New York Fe total
2 20.00 1.50 8.50 1.05 572
City elevado
Barra
Shopping
1 20.00 4.80 8.30 3.23 Boa qualidade 536
Teco
Consult
Fe total
Idem 2 20.00 4.50 6.80 4.00 540
elevado
Fe total
Idem 4 20.00 4.00 8.10 5.50 542
elevado
Fe total
Idem 5 20.00 4.00 7.00 4.15 572
elevado
Fe total
Idem 6 20.00 4.20 10.30 3.38 556
elevado
Fe total
Idem 7 20.00 4.00 9.50 4.58 elevado 541
PH baixo
Fonte: SERLA._Fundação Secretaria de Rios e Lagoas do Rio de Janeiro
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