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7.1.1.

2 Evolução Geológica da Baixada de Jacarepaguá

• Embasamento Neoproterozóico/Cambriano

O substrato proterozóico da região circundante à Baixada de Jacarepaguá pode ser descrito de forma
simplificada como um terreno de alto grau metamórfico, constituído por diversos tipos de gnaisses
(Archer, facoidal, leptinito, kinzigito e biotita-gnaisse) e quartzitos subordinados, intrudidos por
diversos episódios de magmatismo granítico. Diques de basalto e de rochas alcalinas (traquitos e
fonolitos) de idade mesozóica estão associados à tectônica rúptil decorrente do processo de
separação entre os continentes sul-americano e africano, iniciado a cerca de 140 milhões de anos.
Fases erosivas subseqüentes esculpiram o atual relevo caracterizado por escarpas rochosas abruptas
e vales profundos.

O Maciço da Tijuca, que constitui o limite E e NE da planície, é formado principalmente por


gnaisses (biotita-gnaisses e gnaisse Archer, segundo Heilbron et al., 1993), e um extenso corpo de
natureza granítica de direção NNW-SSE que se estende da Pedra Bonita até a altura do Rio Quitite,
ao longo da vertente superior do maciço, incluindo os picos do Cocanha, da Taquara e do Papagaio.

O biotita-gnaisse, aflorante nas partes mais elevadas no maciço, constitui um paragnaisse (gnaisse
de origem sedimentar) caracterizado pelo bandamento de faixas claras e escuras, e pela forte
foliação. As bandas claras são ricas em quarzto e feldspato, enquanto as bandas escuras são ricas em
biotita e quartzo. No pacote de biotita-gnaisses, são comuns intercalações de quartzitos e rochas
calcissilicáticas.

Na vertente do Maciço da Tijuca em contato com a Baixada de Jacarepaguá, a principal litologia é o


denominado gnaisse Archer, que constitui um ortognaisse (gnaisse de origem ígnea) de
composição granodiorítica a tonalítica e, localmente, granítica. Rochas de composição básica como
dioritos, quartzo-dioritos (“granito preto da Tijuca”) e gabros ocorrem como lentes de espessura
métrica a centimétrica, que nas zonas mais deformadas conferem a rocha uma textura bandada.

O Maciço da Pedra Branca, que conforma os limites W e NW da planície, é formado principalmente


por granitos e granodioritos e, subordinadamente, biotita-gnaisses. Estas litologias são formadas
predominantemente por quartzo, plagioclásio, micloclina e biotita, sendo a allanita, titanita, apatita,
opacos e zircão os acessórios mais comuns. A microclina constitui um mineral importante,
desenvolvendo-se em fenocristais que chegam a ter 5 cm de comprimento, imprimindo à rocha uma
textura porfirítica. Outro aspecto bastante freqüente é a presença de enclaves (xenólitos) de natureza

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gnáissica e com formato anguloso ou parcialmente assimilados pelo granito. Dados geocronológicos
disponíveis situam as rochas graníticas do maciço da Pedra Branca no período Cambriano, com
idades em torno de 537 M.a.

Todas as rochas do embasamento são cortadas extensivamente por corpos pegmatíticos e aplíticos
com espessuras máximas de 1m, que possuem mineralogia simples (quartzo, microclina, biotita e
plagioclásio). Alguns pegmatitos mais antigos possuem mineralogia mais complexa, sendo às vezes
foliados, podendo conter carbonatos, muscovita, sulfetos, berilo, allanita e afrisita.

Segundo Cabral (1979), as direções de fraturamento e falhamento do embasamento seguem


dominantemente as direções gerais N50oE, N40oW e E-W

• Magmatismo Mesozóico

Corpos básicos (diques de diabásio) e, mais raramente, alcalinos (diques de traquito e lamprófiro)
de idade mesozóica são observados nos maciços litorâneos, apresentando direção conspícua NE-
SW. Os primeiros são associados ao magmatismo contemporâneo a separação entre a América do
Sul e a África e os segundos, a intrusão sienítica do Mendanha-Marapicu. Os diques de diabásio
variam de alguns poucos centímetros até dezenas de metros.

• Sedimentação Cenozóica

A planície costeira de Jacarepaguá possui cerca de 120km2, dos quais 89 km2 correspondem à terra
firme e 13 km2 são ocupados por lagunas. Roncarati & Neves (1976) elaboraram a coluna
estratigráfica da bacia, mostrada abaixo, que engloba desde os sedimentos basais até os depósitos
atuais e subatuais. A descrição sumária dos depósitos sedimentares da área da Bacia Hidrográfica
de Jacarepaguá (conforme mapa mais adiante), abrange (1) Sedimentação Pliocênica, (2)
Sedimentação Pleistocênica e (3) Sedimentação Holocênica, conforme indica croquis abaixo

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Fonte: Roncarati & Neves (1976).

Coluna Estratigráfica da Bacia Sedimentar da Baixada de Jacarepaguá

• Sedimentação Pliocênica

O conhecimento atual da geologia da Baixada de Jacarepaguá indica que a sedimentação iniciou-se


durante o Plioceno (entre 5,3 e 1,8 milhões de anos atrás), através de fluxos gravitacionais
provenientes das áreas elevadas circundantes, depósitos estes que foram correlacionados á
Formação Barreiras (Souza Cruz & Barrocas, 1976). Estes depósitos são constituídos por
conglomerados / brechas formadas por seixos e blocos de rochas ígneas e metamórficas,
sedimentados sobre um paleo-relevo irregular. A esse rudito basal, sobrepõem-se camadas gradadas
de areia médias a grossas, imersas em matriz argilosa (areias lamosas). Estes depósitos foram
sedimentados em ambiente de leques aluviais formados em condições de clima mais seco que o
atual, que preencheram através de fluxos de detritos e corridas de lama, provenientes das áreas
periféricas, depressões em um embasamento cristalino arrasado por diversos episódios erosivos ao
longo do Cenozóico. Os afloramentos remanescentes da sedimentação pliocênica mais notáveis são
observados nos cortes ao redor da base da colina onde está situada a antiga Fazenda Engenho
d’Água, sendo visíveis tanto a partir da Linha Amarela, como da Estrada do Gabinal.

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• Sedimentação Pleistocênica

Antecedendo a sedimentação pleistocênica, houve um período de erosão que entalhou


profundamente o relevo do embasamento, época em que foram removidos parcialmente os
depósitos sedimentares pliocênicos. No final do Pleistoceno (entre 30.000 e 10.000 anos atrás),
quando o nível do mar estava bem mais baixo que o atual (alcançou mais de 100m abaixo do nível
atual no auge do período glacial, a cerca de 17.000 anos), desenvolveu-se em toda a baixada um
novo ciclo de deposição continental, que teve início com depósitos conglomeráticos, arenosos e
lamosos de um sistema fluvial de tipo entrelaçado, cujas exposições são raras na planície, sendo
registrada uma espessura máxima de 6m para este pacote.

Sobre estes depósitos fluviais, formaram-se leques aluviais em toda a periferia da baixada,
caracterizados por pacotes de areias lamosas com grânulos e seixos, oxidada, com espessura
máxima em torno de 2m. No extremo norte da área, sobre estes depósitos de fluxos gravitacionais,
foram registradas camadas de areias pretas, ricas em matéria orgânica, depositadas em leques
aluviais sob clima mais úmidos que os leques anteriores.

• Sedimentação Holocênica

A maior parte da Baixada de Jacarepaguá é recoberta por depósitos sedimentares de idade


holocênica, conforme observado no Mapa Geológico da Baixada de Jacarepaguá e na figura
apresentados mais adiante.

A evolução geológica da Baixada de Jacarepaguá está intimamente relacionada aos eventos de


subida (transgressão) e descida (regressão) do nível médio do mar a partir do final do Pleistoceno,
denominado por Amador (1980) como Transgressão Guanabarina. Esta transgressão, relacionada ao
aquecimento global do clima e conseqüente derretimento das geleiras continentais, produziu o
afogamento da plataforma continental e dos vales fluviais pleistocênicos por águas marinhas. A
história evolutiva da região da Baixada de Jacarepaguá pode ser sintetizada em quatro estágios
principais, conforme descrito mais adiante.

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INSERIR MAPA AII _ GEOLOGIA

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Distribuição dos Sedimentos por Idade na Baixada de Jacarepaguá

Fonte: Souza Cruz & Barrocas (1976).

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ƒ Estágio I

Por volta de 17.000 anos A.P. (antes do presente), o nível do mar, que se encontrava cerca de 120m
abaixo do atual começou a subir, caracterizando uma transgressão cujo máximo ocorreu em torno
de 5.100 anos A.P. (antes do presente), atingindo cotas entre 4 e 5m acima do nível atual, como
ilustra gráfico abaixo.

Curvas de Variação Relativa do Nível do Mar durante o Holoceno na Costa Sudeste do Brasil

Fonte: Suguio et al. (1985), Turq et al. (1999).

Durante a fase final da transgressão, entre 7.000 e 6.000 anos A.P, formou-se uma ilha-barreira que
isolou do mar aberto uma ampla laguna. Com a elevação contínua do nível do mar, a ilha-barreira
migrou em direção ao continente, estabilizando-se no máximo transgressivo de 5.100 A.P, na
posição hoje ocupada pela restinga interna, cuja crista está atualmente alinhada com a Avenida das
Américas.

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Estágio I – 7.000 a 5.000 anos A.P – estabelecimento da primeira ilha-barreira e da primeira
zona lagunar .

Fonte: (Maia et al., 1984).

Associados a esse estágio ocorrem nas partes mais internas da planície em contato com os depósitos
continentais (tálus e aluviões) antigos cordões de praia lagunares, formadas durante o máximo
transgressivo há cerca de 5.000 anos A.P. pela ação das ondas nessa antiga laguna. Tais cordões são
formados por areias médias bem selecionadas, mas localmente podem exibir má seleção, quando
derivadas do retrabalhamento de depósitos fluviais (Maia et al., 1984; Turq et al., 1999).

ƒ Estágio II

Após o máximo transgressivo de 5.100 A.P., iniciou-se uma fase regressiva durante a qual a ilha-
barreira sofreu uma progradação, formando a restinga interna.

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Estágio II – Regressão de 5.100 a 3.800 anos A.P, construção da primeira zona de
progradação.

Fonte: (Maia et al., 1984).

ƒ Estágio III

Por volta de 3.800 anos A.P, o nível do mar elevou-se novamente, atingindo o máximo em 3.500
anos A.P. Durante esta transgressão, a restinga interna foi parcialmente erodida. A oeste, onde
existe uma região de alta energia hidrodinâmica, efeitos de marés de sizígia e de tempestades
arrombavam o extremo oeste da restinga, formando os depósitos de leques de arrombamento. Antes
do máximo transgressivo, há aproximadamente 3.700 anos A.P, já estava formada uma segunda
illha-barreira, isolando do mar uma nova laguna (a atual Lagoa de Marapendi), consideravelmente
menor que a anterior.

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Estágio III – Máximo de 3.500 anos A.P, estabelecimento da segunda ilha-barreira e da
segunda laguna.

Fonte: (Maia et al., 1984).

ƒ Estágio IV

Após o máximo transgressivo, o nível marinho começou a baixar lentamente até atingir o atual. A
segunda ilha-barreira, assim como a primeira, sofreu progradação, porém em menor escala. A
restinga resultante chamada de restinga externa, é estreita e, apenas na extremidade oeste, é
perceptível algum vestígio dos cordões litorâneos paralelos.

O assoreamento das lagunas efetuou-se, principalmente, devido ao abaixamento do nível do mar


durante as fases regressivas. Este se dá principalmente por sedimentos de origem biodetrítica, como
vasas orgânicas nas partes mais profundas, as turfas nas margens mais rasas e de água doce e os
depósitos de manguezais nas margens de águas salobras.

Outros sedimentos holocênicos de origem continental são os depósitos de tálus, formados no sopé
do relevo montanhoso por escorregamentos do material desagregado do embasamento cristalino e
constituído por seixos e matacões imersos em argila e areia.

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7.1.1.3. Geomorfologia

A planície costeira de Jacarepaguá localiza-se no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, limitada
pelos paralelos 22°55’00’’S e 23°05’00’’S e pelos meridianos 43°18’30’’W e 43°32’30’’W,
possuindo uma extensão máxima de 33km na direção E-W, e 13km na direção N-S. Segundo
Dantas (2000), essa região é constituída por quatro sistemas de relevo distintos, quais sejam, (1)
Compartimento dos Maciços Costeiros, (2) Clinoplano Periférico, (3) Planícies Paludiais e (4)
Restingas, conforme indica o Mapa a seguir.

• Compartimento dos Maciços Costeiros

Os maciços da Pedra Branca e da Tijuca consistem um arco montanhoso cujas altitudes máximas
superam os 1.000m, formado por rochas do embasamento cristalino e que circunda toda a Baixada
de Jacarepaguá. São caracterizados por vertentes e encostas abruptas voltadas para o mar cujos
alinhamentos estruturais possuem orientação segundo a direção NE-SW, possivelmente
correspondendo a escarpas de falhas (Cabral, 1979), bastante entalhadas pelos rios que as
dissecaram.

Nas bordas interiores do arco formado pelas linhas de cristas dos maciços costeiros, ocorre o
compartimento dos morros e colinas, comumente intercaladas com as planícies, chegando por
vezes, a atingir a costa, formando pontões, tais como o da Joatinga. As colinas têm forma
arredondada, como meias-laranjas, e possuem altitudes muito inferiores às dos maciços.

Nos maciços costeiros ocorre a maioria dos episódios de movimento de massa, responsáveis pelo
fornecimento da maior parte da carga sedimentar para os canais fluviais que deságuam nas lagunas.
Todos esses eventos estão associados a períodos de grande volume e intensidade de chuvas,
indicando ser a água um importante componente para ocorrência desse tipo de processo. Dos fatores
comumente apontados como capazes de predispor o ambiente para esse processo podem ser citados
(1) a topografia com declives elevados, (2) as encostas com mantos espessos de material
decomposto, (3) os blocos soltos em superfície ou embutidos em material fino, (4) a pouca coesão
do material existente nas encostas, (5) a presença de fraturas, diques e contatos litológicos, (6) a
ocorrência de planos de deslizamento no contato dos afloramentos com o regolito, (7) as
sobrecargas nas encostas por acúmulo de água, edificações, construção de estradas e arruamentos,
(8) as modificações na circulação de águas em superfície e subsuperfície, (9) o solapamento da base
das encostas por erosão natural e cortes na base de tálus e colúvios (SONDOTÉCNICA, 1998).

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Nos movimentos de massa ocorridos no Rio de Janeiro, em 1966 e 1967, muitos desses fatores, com
maior ou menor importância, estiveram presentes. Os movimentos eclodiram principalmente no
Maciço da Tijuca, durante um período com alto índice pluviométrico, sendo alguns eventos de
excepcional intensidade. O evento ocorrido nas Furnas da Tijuca foi um dos maiores já ocorridos,
tendo produzido uma cicatriz com 600 metros de eixo longitudinal por cerca de 40 metros de eixo
transversal. Foram mobilizados materiais grosseiros, incluindo matacões de grande porte,
embebidos numa matriz fina, composta por materiais de fração argilosa. O material desceu a
encosta em duas corridas sucessivas em um intervalo de 15 horas, tendo alcançado o canal do Rio
Cachoeira, represando-o temporariamente. O destino final dos materiais mais finos foi a Lagoa da
Tijuca (Meis & Silva, 1968).

Quanto ao uso do solo neste compartimento, no sopé dos maciços costeiros, existem pequenas áreas
de pastagem e faixas urbanizadas de dimensões limitadas que começam a galgar os principais vales
que cortam esta região. Os principais processos geomorfológicos que ocorrem nesta unidade são os
movimentos gravitacionais de massa, condicionados pela declividade acentuada dos terrenos e
deflagrados por condições de alta pluviosidade. De fato, as bacias hidrográficas desta unidade
possuem um elevado potencial de geração de corridas de massa, fato observado nos maciços da
Pedra Branca e Tijuca.

Atualmente, ocorrem nessas encostas processos naturais de erosão laminar, sulcamentos e


ravinamentos em razão da ocupação ainda incipiente, porém, o incremento desta ocupação pode
provocar acidentes de maiores proporções e freqüência, dentre os quais destacam-se, (1)
escorregamentos em solos, com geometria predominantemente planar, (2) quedas de blocos de
rocha e (3) desplacamento nos trechos de encosta com afloramentos rochosos.

No sopé do Maciço da Tijuca, em áreas de substrato gnáissico cuja declividade varia de 20 a 58%, a
ocupação predominante nessa unidade é formada por pastagens e, eventualmente, por matas
secundárias. Algumas manchas urbanas ocupam terrenos dessa unidade, inicialmente nas faixas de
menor declividade, com início de expansão em terrenos mais abruptos e inclinados. Os solos que
ocorrem sobre as rochas metamórficas apresentam horizonte C (solo de alteração) de composição
granulométrica heterogênea e alto grau de erodibilidade, sendo observados nestas áreas processos
erosivos generalizados, como sulcos, ravinas e voçorocas. O assoreamento dos corpos d´água é
freqüente, sendo que outros processos induzidos pela ocupação, como queda de blocos,
escorregamentos de taludes de corte/aterro e vazadouros de lixo contribuem para aumentar a

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sobrecarga de sedimentos, impossível de ser transportada nas vazões médias observadas pelos
pequenos rios e córregos que nascem nos maciços costeiros.

Várias formas de escorregamento estão presentes e associadas ao relevo de morros gnáissicos,


dentre as principais que podem ser observadas destacam-se, (1) escorregamentos planares de solo,
geralmente no contato solo/rocha, nos trechos de declividades maiores que 40%, (2)
escorregamentos circulares restritos a trechos de solo espesso e saprolito muito fraturado,
geralmente induzidos por escavações na base de taludes, (3) rastejamentos associados a depósitos
detríticos (tálus/colúvio), principalmente nos setores localizados abaixo das zonas de maior
declividade e, finalmente, (4) escorregamentos associados à presença de estruturas de alteração
(rochas decompostas associadas à foliação, xistosidade e fraturas) muito próximas da superfície do
solo.

Terrenos que se situam nas franjas dos maciços costeiros devem ser considerados como possíveis
áreas de espera de material de escorregamento sendo necessário, portanto, disciplinar as
intervenções que resultam em modificações drásticas na geometria e dinâmica das águas nas
encostas. Deve-se dispensar muita atenção às reformas e recuperação de sistemas viários que
realizem terraplenagens ou cortes e aterros em geral. O mesmo raciocínio pode ser aplicado nos
trechos onde podem ocorrer escorregamentos estruturados. A presença de formações geológicas,
com orientações desfavoráveis à estabilidade, obriga a realização de maiores cuidados na execução
de cortes, inclusive a realização de obras de contenção.

O compartimento dos morros e colinas é composto por relevos residuais de rochas cristalinas e, em
geral, apresenta-se bastante degradado em termos ambientais e intensamente ocupado por
construções. Prevalecem declividades inferiores a 20% e ocorrem preferencialmente nas franjas dos
maciços costeiros. Seu substrato do compartimento de colinas e morros é geralmente metamórfico,
eventualmente granítico nas fraldas do Maciço da Tijuca, sendo os solos altamente desenvolvidos,
com espessura média acima de 10m, em geral de textura siltosa, sendo altamente suscetíveis à
erosão quando expostos. São regiões de ocupação urbana e viária antiga e intensa, não existindo
mais nenhuma mancha expressiva de cobertura vegetal natural nos terrenos desta unidade. Nas
colinas mais isoladas e interiorizadas, ao longo de estradas secundárias podem ser observados
vários pontos de áreas antigas de mineração (saibro) que são abandonadas à medida que a
urbanização avança e se consolida.

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Nos contrafortes do Maciço da Pedra Branca a ocupação rural se faz, principalmente, com
pastagem, reflorestamentos isolados e vegetação de mata secundária que ocorrem com alguma
freqüência. Eventualmente, algumas atividades agrícolas de pouca representatividade, tanto em
termos de área como do valor da produção, podem ocorrer.

Várias formas de processos erosivos podem ser geradas nesta unidade, dentre as quais destacam-se
os sulcos e ravinas no solo de alteração, devido a sua exposição por longos períodos, erosão pouco
significativa nos solos superficiais (horizontes A e B) lateríticos e erosão acelerada por sulcos e
ravinas, desenvolvidas a partir da concentração das águas do escoamento superficial. O
assoreamento é generalizado tanto nos canais de drenagem naturais e artificiais em conseqüência da
erosão das áreas de montante.

Os colúvios e tálus constituem áreas onde há o acúmulo de material detrítico proveniente das
encostas. Rampas de colúvio (predomínio de material fino) e depósitos de tálus (predomínio de
material grosseiro) ocorrem junto à base e à meia-encosta de morros, montanhas e serras. Estas
formações são constituídas por depósitos de espessura, extensão e granulometria variada, que
envolve desde argila até blocos e matacões, e substrato de rochas cristalinas.

O caráter inconsolidado e heterogêneo deste material propiciam uma alta suscetibilidade à erosão
por sulcos e ravinas, caracterizando a frágil capacidade de suporte dos terrenos, mesmo em áreas
cobertas por florestas. Na região em estudo a ocupação predominante é a urbana que avança sobre
os terrenos mais inclinados.

Rastejos e escorregamentos como conseqüência de terraplenagens e mudanças no regime de


circulação d’água são comumente observadas ao longo das principais estradas e, em alguns trechos,
observa-se certa dificuldade nas escavações e implantação de infra-estruturas subterrâneas, quando
o material detrítico é formado por blocos de rochas e matacões.

Estas áreas, com declividade superior a 20% deveriam ser utilizadas como áreas de reflorestamento,
admitindo-se a presença de pastagens e culturas perenes desde que praticadas com o objetivo de
conservação das propriedades físicas e químicas dos solos, sendo recomendadas medidas com o
objetivo de proteger as cabeceiras de drenagem através de sistema adequado de drenagem, para
evitar reativações do processo erosivo.

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• Clinoplano Periférico

A Planície Colúvio-Alúvio-Marinha ou, como é também denominada por Roncarati & Neves
(1976), Clinoplano Periférico, é a área de transição entre os Maciços Costeiros e a Planície Flúvio-
Lagunar. Essa área é marcada por uma superfície ligeiramente inclinada em direção à baixada,
sendo constituída por sedimentos continentais. São pouco significativos nos vales encaixados, e
ocorrem em pequenos trechos junto aos baixos cursos das drenagens que cortam a região, sobretudo
aquelas que descem do Maciço da Pedra Branca.

As aluviões são pacotes sedimentares com matéria orgânica e textura que varia de argilosa a
arenosa, eventualmente com cascalheiras, construídos predominantemente por solos hidromórficos
e Gleissolos Háplicos. Existe, aqui, a possibilidade de ocorrência de turfeiras já que o nível d'água é
aflorante ou próximo da superfície. Nos pacotes aluvionares chegou-se a plantar culturas perenes
como a da laranja e algumas outras temporárias como a da mandioca. Em alguns sítios mais
arenosos a prática de extração de areias para a construção civil também foi muito freqüente. Hoje
em dia as manchas de aluvião estão servindo de palco para o avanço da expansão urbana não
planejada, acompanhada de sistemas precários de aterros e infra-estrutura.

A rigor, as aluviões constituem solos periodicamente inundados e saturados de água, decorrência do


relevo muito plano que dificulta o escoamento, bem como do elevado excedente hídrico regional.
Situam-se nos leitos maiores dos rios e o processo genético destas áreas está associado ás cheias
periódicas, quando as drenagens depositam novos sedimentos sobre as superfícies mais antigas.
Como pode ser observado ao longo de toda a bacia, os alagamentos e inundações estão sendo
amplificados já que em muitos pontos as calhas dos rios são ocupadas por moradias, instalações
comerciais e industriais, além do acelerado assoreamento da rede de drenagem e a
impermeabilização de vastas superfícies da bacia hidrográfica. O solapamento das margens e o
assoreamento dos canais foram observados em praticamente todos os rios e córregos que
atravessam zonas urbanizadas, tendo como agravante a contaminação das águas subterrâneas e de
superfície, por lançamento de esgoto doméstico e industrial.

• Planícies Paludiais

São registradas na Bacia de Jacarepaguá duas planícies: uma maior ao norte, englobando as lagoas
de Jacarepaguá, Tijuca e Camorim, bem como a extensa superfície entre estas e o Canal de
Sernambetiba, e uma planície menor englobando a Lagoa de Marapendi. Estas apresentam cotas
máximas de 3 a 4m e mínimas próximas ao nível do mar, e são caracterizadas por uma superfície

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plana formada por depósitos marinhos e lagunares. Estas planícies ocorrem nas cotas mais baixas da
Baixada de Jacarepaguá, próximo aos rios e canais artificiais de drenagem. Geomorfologicamente
são formadas por solos hidromórficos de origem flúvio-lagunar, apresentando capas de argila, com
espessura normalmente inferior a 3m, alcançando em alguns locais mais de 15m de espessura,
sobrepostas a camadas arenosas de origem marinha ou diretamente sobre o embasamento alterado.

Os solos encontrados nos alagadiços são muito compressíveis, com alta plasticidade. O nível do
lençol d'água é bastante elevado, aflorante em muitos pontos, formando brejos e pântanos. Como os
terrenos possuem declividade muito baixa, apresentam má drenabilidade, o que favorece o
aparecimento de solos turfosos e orgânicos.

Toda a porção litorânea no reverso da Restinga de Sernambetiba, desde Vargem Grande até o setor
mais ocidental da Laguna de Marapendi apresenta terrenos brejosos, hoje em acelerado processo de
desaparecimento. Outras manchas importantes ocorrem nos baixos cursos dos rios Arroio Fundo, do
Anil, das Pedras, Cachoeira e da Barra. Vários canais de drenagem foram abertos, principalmente
na década de 40, na tentativa de regularizar as freqüentes inundações que ocorriam na região e, ao
mesmo tempo, buscar-se uma melhoria na drenabilidade dos solos, transformando charcos em
pastos mais secos, liberando áreas inclusive para a agricultura. Hoje, grande parte destes terrenos
apresenta-se coberta por pastagens, e como estão localizados na periferia de bairros já bastante
ocupados, já sofrem os efeitos da ocupação urbana.

As inundações e alagamentos são freqüentes durante os verões mais chuvosos, devido às


dificuldades de escoamento das águas superficiais associadas ao intenso assoreamento dos canais
que cortam a região. Como os canais também servem como vazadouros de lixo, durante as fortes
chuvas, muitas obstruções do fluxo das águas ocorrem sob pontes. Desta forma, os vãos passam a
funcionar como um verdadeiro funil, promovendo o barramento das águas e agravando a vocação
natural desta unidade para sofrer alagamentos.

Em muitos pontos da região foram observados processos irregulares de ocupação das margens dos
canais de drenagem, promovidos por ocupações subnormais (favelas) ou por instalações comerciais.
A ocupação inadequada destas regiões alagadiças promove o recalque em fundações, aterros, infra-
estrutura subterrânea e pavimentos viários, por adensamento dos pacotes argilosos. A má utilização
do solo em grandes parcelas da região reforça os processos naturais de assoreamento do sistema de
drenagem, acentuando as condições de inundação e comprometendo a qualidade de praias

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adjacentes, uma vez que a contaminação do lençol freático é processada pela inexistência de um
sistema eficiente de tratamento de águas servidas.

• Restingas (“Barreiras Alongadas”)

A porção setentrional da baixada é representada por sedimentos exclusivamente marinhos e


lagunares, resultantes da colmatagem de uma antiga enseada isolada do mar por uma sucessão de
cordões litorâneos, ou sejam, barreiras arenosas alongadas, sendo duas das quais podem ser
identificadas por suas destacadas posições topográficas (Cabral, 1979), quais sejam, a Restinga de
Marapendi e a Restinga de Jacarepaguá-Itapeba, referidas como Barreiras Alongadas na figura
apresentada no início deste sub-item, conforme descritas abaixo:

ƒ A Restinga de Marapendi (externa), que é mais extensa (18km), intercalando-se entre a lagoa
homônima e a praia, apoiada a oeste no promontório de Sernambetiba, junto ao Recreio dos
Bandeirantes, e a leste na Ponta dos Mariscos, na Barra da Tijuca.

ƒ A Restinga de Jacarepaguá-Itapeba (interna), que serve de limite para as lagoas da Tijuca,


Camorim e Jacarepaguá, atuais remanescentes de antigas lagunas litorâneas. Essa restinga
interna se interpõe a depressões, que se mantém quase que permanentemente alagadas (hoje em
boa parte aterradas), constituídas por solos argilosos orgânicos, escuros, turfosos, o que
favoreceu o entulhamento por detritos vegetais de manguezais e mesmo vasas orgânicas de
fundo de lagunas. Nessas baixadas turfosas, ou nas suas periferias, ocorrem, atualmente em
grande parte obliteradas pela ocupação antrópica (o Autódromo Nelson Piquet e o Aeroporto de
Jacarepaguá, por exemplo), faixas arenosas alongadas correspondentes a antigas linhas de costa,
com grande quantidade de conchas, resultantes do retrabalhamento dos depósitos aluviais, em
fundos de enseadas, com os quais estão em contato direto.

O principal cordão de restinga tem como eixo a Avenida Sernambetiba, porém, outros paleo-
cordões podem ser identificados em sub-superfície ou até mesmo nas áreas mais interiorizadas, ao
norte das lagunas de Jacarepaguá e Tijuca, o que prova as diversas flutuações do nível relativo do
mar que afetaram a região.

As restingas podem possuir dezenas a centenas de quilômetros de extensão e, geralmente, são


formadas por terrenos de baixa declividade, compostas por dunas ou superfícies de deposição eólica
móveis ou fixas, sendo que suas faces externas formam praias, constituídas predominantemente por
areias marinhas. As restingas possuem o lençol freático muito próximo da superfície em função do

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elevado nível hidrostático provocado pelo mar. Os aqüíferos são abundantes, porém, existe uma
forte presença de água salobra devido à intrusão da cunha salina.

A Restinga de Sernambetiba-Itapeba, apesar da intensa especulação imobiliária que está sofrendo,


ainda possui algumas manchas relativamente preservadas, sobretudo ao longo da porção mais
ocidental da laguna de Marapendi. Problemas eventuais de fundação ligados principalmente a
recalques podem ocorrer em alguns terrenos isolados em toda a formação, principalmente quando
ocorrem lentes argilosas intercaladas por pacotes arenosos. Este tipo de ocorrência é muito
freqüente nas proximidades dos corpos lagunares.

Existem evidências de modificação na dinâmica de sedimentação/erosão costeira em todo o litoral


do Estado do Rio de Janeiro e, foi particularmente notável o ataque que a face externa da Restinga
de Sernambetiba sofreu durante as ressacas de inverno de 1997. Alguns postos de observação do
Corpo de Bombeiros (Salvamar) foram duramente atingidos, tendo sido ameaçadas as fundações em
pelo menos dois deles.

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INSERIR MAPA AII GEOMORFOLOGIA

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7.1.1.4. Solos

A área da Bacia Hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá constitui-se de variados tipos de


ambientes, compondo paisagens específicas: baixada, restingas, manguezais, serras e colinas.
Identificam-se, de uma maneira geral, as baixadas e os morros e serras como os dois grandes
domínios geomorfológicos na área da bacia. A influência das formas de relevo é marcante na
configuração e na distribuição dos diversos tipos de solos que constituem esses ambientes e que
podem ser divididos como solos das baixadas e solos das encostas (vide Mapa de Solos adiante).

Os solos predominantes nos terrenos mais elevados dos maciços estão associados às ocorrências
dominantes do Latossolo Vermelho Amarelo associado ao Cambissolo. O Latossolo Vermelho
Amarelo apresenta-se com boa permeabilidade, bastante profundo e sua textura varia de argilosa a
muito argilosa sendo, também, muito resistente à erosão. O Cambissolo é menos profundo, está
relacionado às ocorrências de afloramentos rochosos, possui um horizonte B rico em minerais
primários e com boa drenagem, sendo bem mais susceptível à erosão que os Latossolos.

No Maciço da Tijuca, nas áreas que margeiam os terrenos elevados dos maciços, o predomínio é do
Argissolo Vermelho-Amarelo (antes denominados Solos Podzólicos). Já nas áreas equivalentes do
Maciço da Pedra Branca a predominância é Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico. Com texturas
e estruturas bastante variadas, esses solos pouco profundos possuem um horizonte B arenoso, sendo
muito susceptíveis à erosão.

Na Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas zonas de relevo mais rebaixado que ocorre entre os
dois maciços, existem associações do Latossolo Vermelho Amarelo com o Argissolo Vermelho.
Estes solos são muito profundos e intemperizados, não apresentando muitos vestígios de minerais
primários.

Já a planície costeira é recoberta por solos do tipo Espodossolo Hidromórfico (antes denominado
Podzol Hidromórfico) que apresenta horizonte B normalmente arenoso e de espessura variável, e
Neossolos Quartzarênicos (antes denominados Solos Areno-Quartzosos), ambos derivados de
sedimentos areno-quartzosos oriundos da acumulação marinha ao longo do Holoceno. São muito
porosos e extremamente permeáveis. Esses solos, no reverso do cordão mais recente e na frente e
reverso do cordão mais antigo, encontram-se em posições topográficas mais baixas. No entanto,
como estão muito próximos do nível das lagunas possuem algum teor de umidade, assim como um
horizonte superficial mais espesso.

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Na região do Bairro de Vargem Grande, mais precisamente nos campos inundáveis de
Sernambetiba, as planícies são constituídas por Organossolos (antes denominados Solos Orgânicos)
Distróficos, que agrupam os solos de coloração escura, hidromórficos, mal drenados e pouco
evoluídos, originados de depósitos de material vegetal em diferentes estágios de decomposição
sobre os sedimentos flúvio-lacustres. Nesta região ocorre a maior e mais espessa área de turfa da
baixada.

Na área de domínio das margens das lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca ocorrem solos de
Mangue e Salinos Tiomórficos (Gleissolos), bem como turfas. Mais em direção aos maciços e
relacionados aos baixos cursos fluviais, aparecem os Gleissolos Distróficos e Neossolos Flúvicos
(antes denominados Solos Aluviais) Eutróficos e Distróficos.

Entre os maciços, onde predomina um relevo plano ou levemente ondulado, ocorrem Planossolos,
muito lixiviados e mal drenados, relacionados à presença de depósitos sedimentares antigos. Assim
como o clima exerce sua influência na pedogênese local, seus efeitos podem ser sentidos no
desenvolvimento das formações vegetais. As condições normais médias de temperatura e
pluviosidade determinam a distribuição das grandes formações de vegetação, como será abordado
oportunamente nos estudos bióticos. Em micro-escala, clima, relevo, solo e vegetação inter
relacionam-se criando fisionomias próprias para cada paisagem natural.

Neste cenário tem-se como principais tipos de solos na AII:

• Neossolos Quartzarênicos

Os Neossolos Quartzarênicos, anteriormente denominados Areias Quartzosas Marinhas, constituem


solos essencialmente quartzosos, podendo apresentar fragmentos de conchas, excessivamente
drenados, geralmente profundos, de textura arenosa (menos de 15% de argila), com horizonte A
pouco espesso ou ausente, horizonte B inexistente ou muito pouco desenvolvido, configurando uma
seqüência típica A-C, com horizonte C de grande espessura e com textura das classes areia ou areia
franca (RADAMBRASIL, 1983). São solos bastante permeáveis, apresentando problemas de
retenção de água, possuem baixa capacidade de troca de cátions e poucos nutrientes. Apresentam
grande susceptibilidade à erosão em virtude da fraca coerência do substrato arenoso.

Em algumas áreas estas areias ocorrem contíguas aos Espodossolos Hidromórficos que são solos
com horizonte B espódico (ou B podzol, que constiui horizonte mineral, subsuperficial, com
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acumulação iluvial de matéria orgânica e compostos de alumínio amorfo, acompanhados ou não por
ferro), também muito profundos e que se desenvolvem sobre os sedimentos areno-quartzosos de
origem marinha. Os Neossolos Quartzarênicos desenvolvem-se em áreas mal drenadas, com
excesso de água permanente ou temporária. São solos ácidos, de baixa fertilidade natural, e
apresentam uma dominância da vegetação natural em suas áreas (EMBRAPA, 1980). Pela sua
textura arenosa, especialmente no horizonte A, apresenta susceptibilidade à erosão moderada.

• Gleissolos

Os solos predominantemente hidromórficos caracterizam-se pela presença de um horizonte


subsuperficial de coloração cinzenta e/ ou mosqueada, evidenciando a sua formação por reações de
oxi-redução. A abundante presença de matéria orgânica no horizonte A, evidencia a má drenagem
do terreno e a condição de hidromorfogenia. Os Gleissolos são, em geral, pouco profundos
(espessura mínima de 15cm), com o horizonte superficial espesso pelo acúmulo de matéria
orgânica, de coloração escura (preta ou cinza-escura) e os horizontes subsuperficiais de cores
cinzentas e neutras, de textura argilosa ou muito argilosa e estrutura maciça. Ocorrem comumente
nas várzeas dos rios. Os sedimentos constituintes desses solos em geral são de origem flúvio-
lagunar. Podem ser identificadas duas classes de Gleissolos: Gleissolo Melânico e Gleissolo
Háplico. Estas se diferenciam basicamente pelo teor de matéria orgânica no horizonte A, que é
maior na primeira do que na segunda.

• Solos de Manguezal

Como ambiente de transição entre o continente e o mar, os manguezais recebem grande carga de
sedimentos provenientes de transporte fluvial. São formados de sedimentos arenosos a muito
argilosos, com grande quantidade de matéria orgânica com restos de conchas e vegetais, com
intercalação de areias finas. A coloração típica desses sedimentos é a acinzentada, evidenciando as
condições redutoras desse ambiente. A sua vegetação típica possui um fundamental papel na
deposição e fixação desses sedimentos. Pelas características desse ambiente, a vegetação assenta-se
sobre solos compatíveis com os Gleissolos Salinos. Também podem ser encontrados associados aos
Organossolos tiomórficos (EMBRAPA, 1980).

• Neossolos Flúvicos

Os Neossolos Flúvicos, anteriormente denominados Solos Aluviais, são pouco desenvolvidos, de


seqüência de horizontes A e C, com um horizonte A diferenciado sobre um C de camadas

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estratificadas, não consolidadas e em geral gleizadas. Ocorrem nas várzeas dos rios, em relevo
plano, e podem variar em relação à textura, coloração, consistência e estrutura de acordo com a
natureza dos sedimentos depositados (RADAMBRASIL, 1983).

• Organossolos

Os Organossolos, anteriormente denominados Solos Orgânicos, são solos hidromórficos, pouco


evoluídos pelo fato do horizonte B ser inexistente ou pouco desenvolvido. Sua composição
orgânica, em graus de decomposição variável, provém da acumulação de restos vegetais em
ambiente palustre. São solos muito ácidos, com teores elevados de carbono e de hidrogênio, de
coloração escura (preta), textura orgânica e com estrutura ausente ou fraca angular. Estão situados
principalmente em áreas embaciadas, onde a matéria orgânica se acumula sobre sedimentos flúvio-
lacustres (EMBRAPA, 1983).

• Planossolos Hidromórficos

Os Planossolos Hidromórficos constituem solos com horizonte B textural, ou seja, uma mudança
textural abrupta entre os horizontes A (menos argila) e B (mais argila) e características de
hidromorfismo, como cores cinzentas e mosqueado nos horizontes subsuperficiais. O acúmulo de
argila no horizonte B diminui sensivelmente a permeabilidade desses solos. Esses solos variam
ainda devido à textura, estrutura e consistência no horizonte B, e sofrem um excesso de umidade no
período de chuvas e um grande ressecamento nos períodos secos. Ocorrem em relevo praticamente
plano e a sua susceptibilidade à erosão é praticamente nula.

• Argissolo Vermelho-Amarelo

O Argissolo Vermelho-Amarelo constitui um solo mineral, bem a moderadamente drenado, em


geral profundo, com seqüência de horizontes A, Bt e C, sendo a principal característica a presença
do horizonte B textural (Bt), ou seja, horizonte de natureza mineral que se caracteriza por apresentar
estrutura em blocos ou prismática relativamente desenvolvida. O horizonte A é um horizonte
mineral com matéria orgânica, moderadamente desenvolvido, e de tonalidades escuras. A textura
varia de franco arenoso a franco argilo-arenoso, podendo ocorrer cascalhos, predominando estrutura
do tipo granular. Possuem poros pequenos a grandes, médios e grandes; consistência ligeiramente
dura (seco), muito friável a friável (úmido) e plástico e pegajoso (molhado). O horizonte B textural
(Bt), é iluvial, com acúmulo de material lavado da parte superior, de textura argilosa ou muito
argilosa. Possui uma coloração vermelho-amarelada, com teores de ferro significativos, podendo

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ocorrer em alguns perfis mosqueados provenientes do material de origem. O horizonte C apresenta
menos argila do que o Bt, maior relação silte/argila dentro do perfil e a coloração mais freqüente é a
variegada. (EMBRAPA, 1980).

Em geral, a descontinuidade textural abrupta entre os horizontes A e B, os tornam solos susceptíveis


à erosão. A existência de argila dispersível em água e o tipo de estrutura, entre outros fatores,
contribuem também para aumentar esta susceptibilidade. Dentro dos graus de limitação do uso do
solo, a susceptibilidade desses solos à erosão vai de moderada a muito forte, dependendo da
declividade e da classe de textura do horizonte B. No caso do relevo suave ondulado, a
susceptibilidade dos Argissolos Vermelho-Amarelos enquadra-se no grau moderado.

• Latossolo Vermelho-Amarelo

A classe dos Latossolos Vermelho-Amarelos compreende solos minerais, não hidromórficos, com
sequência de horizontes A, B, C, apresentando estágio avançado de intemperismo, sendo
normalmente muito profundos ou profundos. O horizonte B é latossólico, o que significa um
horizonte subsuperficial com pouca quantidade de minerais primários de fácil intemperização, com
concentração de argila, tipo 1:1 (caulinita). São solos de textura muito argilosa e argilosa, sendo que
o contraste textural não é muito nítido (RADAMBRASIL, 1983). Em relação à estrutura, o
contraste é mais nítido, sendo do tipo granular no horizonte A e nos horizontes B e C de aspecto
maciça pouco coesa in situ. São solos friáveis, fofos, muito porosos, bem drenados e com boa
aeração. O tipo de horizonte A predominante é o moderado, ocorrendo também o húmico e o
proeminente. O horizonte B apresenta cores que variam de bruno-forte, vermelho-amarelada e
vermelha.

• Afloramentos de Rocha

Os afloramentos de rocha que aparecem em associação nos relevos fortemente ondulados, referem-
se à exposição de rochas nuas ou com reduzidas porções de materiais detríticos grosseiros, largas
porções de fragmentos provenientes da desagregação das rochas locais com algum material terroso
(RADAMBRASIL, 1983).

• Chernossolos

O Chernossolo Argilúvico Órtico, anteriormente denominado Brunizém Avermelhado, é uma classe


de solos que ocorre predominantemente em relevo forte ondulado, e suas características são a alta

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atividade da argila, pouco profundos, com espessura entre o horizonte A e o B entre 1 e 1,5m, com
horizonte A chernozêmico e horizonte B iluvial de acumulação de argila. A transição do A para o
Bt é gradual e do B para o C, o percentual de argila decresce acentuadamente. São solos bem
estruturados, do tipo granular (estrutura forte) no horizonte A e do tipo blocos angulares e sub-
angulares. Possui altos valores de base trocável ao longo do perfil. Tem origem na decomposição de
rochas graníticas e gnaisses, com intrusões de rochas básicas e intermediárias. O horizonte A possui
cores que variam do bruno escura a bruno acizentada muito escura (EMBRAPA, 1980). São solos
naturalmente férteis e com boas condições físicas, porém pelas altas declividades, apresenta uma
forte susceptibilidade à erosão.

• Espodossolos

É constituído por solos com horizonte B muito profundo, arenoso, ácido a moderadamente ácido,
com saturação de bases baixa e saturação com alumínio trocável alta. São desenvolvidos sobre
sedimentos areno-quartzosos holocênicos de origem marinha, em áreas de relevo plano e
suavemente ondulado da Baixada de Jacarepaguá (EMBRAPA, 1980).

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INSERIR MAPA AII SOLOS

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