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“Teoria e Harmonia Essencial para Iniciantes”

Por Alex Martinho

A parte teórica é para muitos iniciantes na música um enorme problema. O que estudar? Por onde começar? O que
realmente se precisa saber de teoria para estar apto a dar os primeiros passos com o seu instrumento?

Esse método vem para esclarecer tudo isso de forma descomplicada e prática.

Vamos então ao que interessa!

1 – As Notas Musicais Naturais

A primeira coisa que você tem que saber são os nomes das notas musicais naturais. “Naturais” pois são as que originam
tudo. Há também os acidentes que modificam essas notas, e que vou trazer daqui a pouco.

São sete notas naturais no total: Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si

Cada nota é identificada por uma LETRA, da seguinte forma:

C D E F G A B

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

A letra A significa LÁ, a letra B significa SI, a letra C significa DÓ, a letra D significa RÉ, a letra E significa MI, a letra F
significa FÁ e a letra G significa SOL.

2 – As Distâncias entre as Notas Musicais Naturais

Agora que já sabemos os nomes das notas vamos aprender a identificá-las em um piano. As notas naturais são
facilmente identificadas nesse instrumento, pois são exatamente todas as teclas na cor branca.

Observe que entre algumas notas naturais há uma tecla na cor preta, e entre outras não há.

Observe atentamente na figura: entre as notas E e F e entre as notas B e C não há nenhuma tecla preta. Já entre todas as
outras notas naturais há uma tecla preta.

Essas teclas pretas também são notas, notas essas que por estarem sempre no meio do caminho entre duas notas
naturais são denominadas a partir dessas naturais, mas com a ajuda dos acidentes.

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Vamos aprender dois acidentes: o bemol (representado pela letra b) e o sustenido (representado pelo símbolo #).

Se pegarmos uma nota natural e colocarmos o símbolo de bemol ao lado dela, queremos representar a nota que fica
imediatamente antes dela.

Já se pegarmos uma nota natural e colocarmos o símbolo de sustenido ao lado dela, queremos representar a nota que
fica imediatamente depois dela.

Sendo assim, temos agora uma maneira de identificar todas as notas intermediárias, ou seja, as notas das teclas pretas
que se localizam entre duas notas naturais. Observe atentamente a próxima figura:

Note que cada nota intermediária pode então sempre ser identificada por dois nomes diferentes – por exemplo, a nota
que fica entre as notas C e D tanto pode ser chamada de C# (dó sustenido) como de Db (ré bemol).

Cada distância (ou “intervalo”) entre uma nota e a próxima – sendo ela natural ou não, seja tecla branca ou tecla preta –
é considerada como sendo de meio tom. Sendo assim, nós temos as seguintes distâncias entre as notas naturais:

De C até D a distância é de um tom.

De D até E a distância é de um tom.

De E até F a distância é de meio tom.

De F até G a distância é de um tom.

De G até A a distância é de um tom.

De A até B a distância é de um tom.

De B até C a distância é de meio tom.

Resumindo, entre quase todas as notas naturais a distância é de um tom, exceto entre E e F e entre B e C, onde temos
meio tom apenas.

Trago abaixo uma figura demonstrando a localização de todas as notas no braço de uma guitarra ou violão. Se o seu
instrumento é o contrabaixo também pode usar essa figura como referência, basta ignorar as cordas a mais.

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3 – A Escala Maior Natural

Podemos então resumir todo o visto até o momento na figura abaixo. Observe todos os detalhes atentamente:

Note que a única novidade presente na figura é a denominação “graus”, onde eu coloquei um número em
algarismos romanos para cada nota natural. Começando pela nota C (que é o grau I) e passando por todas as
outras seis notas naturais até voltar ao C novamente, que é o grau VIII (poderíamos também chamar essa nota
C de “uma oitava acima” da primeira nota C).

Todas as notas naturais que temos do primeiro C até a sua oitava acima formam a escala de C maior, também chamada
de “escala maior natural”.

A melhor definição para “escala” é “uma sucessão de notas que tem distâncias fixas específicas entre elas”.

Temos então que a escala maior é a que apresenta a seguinte sucessão de distâncias fixas (intervalos) entre suas notas:

Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Tom – Semitom.

Também podemos dizer que essa é a fórmula de toda escala maior.

Resumindo, qualquer escala maior deve ter sete diferentes notas, enumeradas pelos graus I-II-III-IV-V-VI-VII e depois
terminando no grau VIII que será a mesma nota que iniciou a escala. Além disso, toda escala maior deve
obrigatoriamente ter as distâncias (ou intervalos) entre seus graus de forma idêntica à fórmula acima.

Vamos então, passo-a-passo, construir escalas maiores de diferentes tonalidades. Começaremos pela escala de A. Toda
escala maior têm que ter todas as sete notas musicais, logo o primeiro passo é anotarmos, da nota A (que é a primeira
nota da escala, também chamada “tônica”) até a próxima nota A (ou seja, uma oitava acima), todas as notas naturais:

A–B–C–D–E–F–G–A

Mas essa ainda não é a escala de A maior – ainda falta ajustarmos as notas para que cumpram a “fórmula intervalar” de
qualquer escala maior, ou seja, “Tom-Tom-Semitom-Tom-Tom-Tom-Semitom”. Após o ajuste das distâncias - no qual
será necessário o uso de alguns sustenidos - aí sim temos a escala final:

A – B – C# – D – E – F# – G# – A

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Vamos agora construir a escala de Eb maior. O primeiro passo, mais uma vez, é começar pela tônica (Eb) e colocar todas
as notas naturais até o próximo Eb:

Eb – F – G – A – B – C – D – Eb

Analisando os intervalos, observamos que há a necessidade de usarmos alguns bemóis para ajustarmos à fórmula da
escala maior. O resultado final é:

Eb – F – G – Ab – Bb – C – D – Eb

Vamos fazer um último exemplo, a escala de F#. É sempre o mesmo caminho! Vamos começar pela tônica (F#) e colocar
todas as notas naturais até o próximo F#:

F# – G – A – B – C – D – E – F#

Temos agora que ajustar as distâncias entre os graus, conforme a fórmula da escala maior (T – T – ½T – T – T – T – ½T).
Para isso necessitaremos acrescentar alguns sustenidos, e o resultado final fica:

F# – G# – A# – B – C# – D# – E# – F#

Você pode estar pensando: “mas como assim ter surgido um E#? A próxima nota depois da E é direto a F”.

Sim, faz sentido! Meio tom acima da nota E temos imediatamente a nota F, não existindo uma nota intermediária. No
entanto, devemos ao construir essa escala “no papel” manter por escrito o E#, e só na hora de tocarmos essa nota em
um instrumento tocaremos a nota F. Isso se dá pelo fato de que, na teoria musical, toda escala maior tem
obrigatoriamente que ter todas as sete notas musicais – mesmo que, nesse caso acima por exemplo, a gente mantenha
escrito E# e toque F na prática. Resumindo, E# é a mesma coisa que F, assim como, por exemplo, Fb seria a mesma coisa
do que E, Cb a mesma coisa que B e B# a mesma coisa que C.

Com essas explicações você já está apto a construir escalas maiores em diversos outros tons! Treine construí-las “no
papel” e também tocá-las em seu instrumento na prática.

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4 – Intervalos e suas denominações

Intervalo, como já vimos anteriormente, é o espaço ou distância entre duas notas. Vamos agora ir um pouco além,
aprendendo como denominar corretamente os intervalos entre notas de distâncias de até uma oitava entre elas.

Vamos partir da escala de C como referência. Abaixo, eu vou sempre partir da nota C e observar a distância total entre
essa nota e cada uma das demais notas da escala. Da nota C até a segunda nota da escala (ou seja, até a nota D) eu terei
um tipo de “intervalo de segunda”, da nota C até a terceira nota da escala (ou seja, até a nota E) eu terei um tipo de
“intervalo de terça” e assim por diante. Fica assim:

- Entre C e D: intervalo chamado de “2ª Maior” (distância entre as notas: 1 Tom)

- Entre C e E: “3ª Maior” (2 Tons)

- Entre C e F: “4ª Justa” (2 e ½ Tons)

- Entre C e G: “5ª Justa” (3 e ½ Tons)

- Entre C e A: “6ª Maior” (4 e ½ Tons)

- Entre C e B: “7ª Maior” (5 e ½ Tons)

- Entre C e o próximo C: “8ª Justa” (6 Tons)

Note que há duas qualificações iniciais nos intervalos: os intervalos “maiores” (são os de 2ª, 3ª, 6ª e 7ª) e os intervalos
“justos” (são os de 4ª, 5ª e 8ª). Mas tanto os intervalos maiores quanto os justos podem se transformar em outras
qualificações se mudarmos a sua distancia para cima ou para baixo, conforme as explicações abaixo:

- Quando um intervalo maior desce meio tom ele passa a se chamar menor. Por exemplo, observe acima que um
intervalo de 3ª maior tem uma distância de dois tons entre as suas notas, e sendo assim um intervalo de 3ª menor teria
meio tom a menos, ou seja, um tom e meio de distância. De C até Eb seria um exemplo de intervalo de terça menor. De
D até F seria outro exemplo de terça menor, e por aí vai, sempre um tom e meio de distância.

- De forma oposta, quando um intervalo menor sobe meio tom ele passa a se chamar maior.

- Quando um intervalo menor ou justo desce meio tom ele passa a se chamar diminuto. Por exemplo, observe acima
que um intervalo de 5ª Justa tem uma distância de três tons e meio entre as suas notas, e sendo assim um intervalo de 5ª
diminuta teria meio tom a menos, ou seja, três tons de distância. De C até Gb seria um exemplo de intervalo de quinta
diminuta. De B até F seria outro exemplo de quinta diminuta, e por aí vai, sempre três tons de distância.

- Quando um intervalo maior ou justo sobe meio tom ele passa a se chamar aumentado.

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5 - Harmonização da escala maior

“Acorde” é o nome que se dá quando tocamos várias notas simultaneamente. Chama-se harmonização a criação de
acordes usando-se as notas de uma determinada escala. Vamos aprender a harmonizar a escala maior.

5.1 - Harmonização em tríades

Um acorde deve ter, no mínimo, três notas distintas – e nesse caso é chamado de tríade. Uma das maneiras mais
tradicionais de montarmos acordes (ou seja, harmonizarmos) é utilizando uma sucessão de intervalos de terças a partir
de cada nota da escala. Nesse caso, cada acorde formado teria as notas “Tônica - Terça - Quinta”.

Vamos exemplificar utilizando a escala de C. Essas serão as tônicas (ou seja, as primeiras notas) de cada acorde.

O próximo passo é pegar as terças e quintas a partir de cada um dos graus da escala (ou seja, de cada tônica):

TÔNICAS C D E F G A B

TERÇAS E F G A B C D

QUINTAS G A B C D E F

Se pegarmos cada nota da escala maior e contarmos a distância até a nota que está uma terça acima, encontraremos
tanto terças maiores (ou seja, com distância de dois tons entre as notas) como terças menores (ou seja, com distância
de apenas um tom e meio entre as notas). Temos que analisar cada intervalo de terça da tabela acima para ver se ela é
maior ou menor. Por exemplo, no primeiro acorde o intervalo de terça é entre as notas C e E, que tem dois tons de
distância sendo assim uma terça maior. Já no segundo acorde o intervalo de terça é entre as notas D e F, e contando a
distância acharemos que é de apenas um tom e meio sendo assim uma terça menor.

Fazendo a analise em todos os acordes teremos que na tabela acima as terças maiores aparecem nos acordes I, IV e V, e
as menores estão presentes nos acordes II, III, VI e VII. As terças são as únicas e exclusivas responsáveis pela qualidade
do acorde ser maior ou menor – acordes com terças maiores são maiores, e acordes com terças menores são menores.

Vamos agora analisar as quintas. Descobriremos que os acordes I, II, III, IV, V e VI tem quinta justa (lembrando, é quando
o intervalo da tônica até a quinta é de três tons e meio). Somente o acorde de grau VII não tem quinta justa e sim quinta
diminuta (ou seja, são apenas três tons de distância entre a tônica e a quinta, nesse caso entre a nota B e a nota F).

Estamos agora aptos a analisar todas as tríades por completo. Observe os resultados finais na tabela abaixo:

GRAU I II III IV V VI VII

ACORDE C Dm Em F G Am Bdim

Temos então pronto o que é considerado o “campo harmônico” do tom de C maior, ou seja, os acordes formados a
partir da escala de C. Havendo esses acordes em um trecho musical podemos usar essa escala para criar solos e
melodias.

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Os acordes maiores são o I, o IV e o V. Os menores são o II, o III e o VI (note que basta colocar a letra “m” minúscula para
representá-los). Já o acorde VII além de menor também tem a quinta diminuta e com isso o chamamos de “diminuto”.

Esse resultado nos dá uma fórmula que funciona para a harmonização em tríades de qualquer escala maior:
I – IIm – IIIm – IV – V – VIm – VIIdim

Podemos usar essa fórmula para, por exemplo, descobrir os acordes (ou campo harmônico) em tríades do tom de A
maior. Nós já vimos anteriormente que as notas dessa escala seriam:

A – B – C# – D – E – F# – G#

Para achar o campo harmônico basta colocar a qualidade de cada acorde conforme a fórmula acima:

A – Bm – C#m – D – E – F#m – G#dim

Em outras palavras, o campo harmônico ou acordes pertencentes ao tom de A maior são os acordes de “lá maior”, “si
menor”, “dó sustenido menor”, “ré maior”, “mi maior”, “fá sustenido menor” e “sol sustenido diminuto”.

Com essa fórmula você já pode descobrir os acordes de qualquer escala maior, basta aplicá-la sobre as notas de cada
escala!

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5.2 - Harmonização em tétrades

Chamamos de tétrades os acordes que tem quatro notas. Se partirmos das tríades que estudamos anteriormente e
adicionarmos mais um intervalo de terça após a quinta teremos a sétima e com isso uma tétrade. Nesse caso, cada
acorde formado teria as notas “Tônica – Terça – Quinta – Sétima”. Vamos adicionar a sétima na tabela anterior, e
teremos a tabela abaixo:

TÔNICAS C D E F G A B

TERÇAS E F G A B C D

QUINTAS G A B C D E F

SÉTIMAS B C D E F G A

Vamos então analisar a novidade que entrou em cada acorde, as sétimas. Sempre que a sétima estiver a uma distância
de meio tom atrás da oitava temos uma sétima maior. Já se a distância for de um tom atrás da oitava temos uma sétima
menor. Por exemplo, no primeiro acorde a sétima é a nota B, e como ela está meio tom atrás da C é uma sétima maior.
Já no segundo acorde a sétima é a nota C, e como ela está um tom abaixo da nota D é uma sétima menor.

Estamos agora aptos a analisar as tétrades por completo. Observe os resultados finais na tabela abaixo:

GRAU I II III IV V VI VII

ACORDE C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7 b5

Lê-se assim: “dó com sétima maior”, “ré menor com sétima”, “mi menor com sétima”, “fá com sétima maior”, “sol com
sétima”, “lá menor com sétima” e “si menor com sétima e quinta bemol”.

Esse resultado nos dá uma fórmula que funciona para a harmonização em tétrades de qualquer escala maior:
I7M – IIm7 – IIIm7 – IV7M – V7 – VIm7 – VIIm7b5

Podemos usar essa fórmula para, por exemplo, descobrir os acordes (ou campo harmônico) em tétrades do tom de A
maior. Basta pegar a escala, que já aprendemos, e colocar nas notas a qualidade de cada acorde conforme a fórmula:

A7M – Bm7 – C#m7 – D7M – E7 – F#m7 – G#m7b5

Usando essa fórmula você pode então descobrir as tétrades de qualquer tom!

Alguns estilos musicais utilizam mais as tríades (como o rock, por exemplo), outros estilos musicais utilizam mais as
tétrades (o jazz, por exemplo). Você pode, ainda, misturar em uma mesma música acordes sem sétima (tríades) e
acordes com sétima (tétrades). Não há uma regra, fica ao gosto do compositor e/ou do intérprete usar tríades ou
tétrades. Há ainda acordes com outras extensões (nona, décima primeira, décima terceira) que fogem do escopo dessa
apostila, mas também podem ser usados.

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6 - A escala menor natural

Existem vários tipos de escalas menores, mas a escala menor “padrão” é a escala menor natural. Vamos aprendê-la.

A tonalidade da escala menor natural que é a referência para construirmos quaisquer dessas escalas é a de Am. Trago
abaixo a composição da escala, e repare que as notas são as mesmas da escala de C maior natural, mas começando do
seu sexto grau (a nota A).

Escala de Am: A – B – C – D – E – F – G – A

De fato, sempre podemos fazer essa relação da escala menor começar do sexto grau de uma determinada escala maior.
Por exemplo: a escala de Dm contém as mesmas notas que a de F, e a de Em contém as mesmas notas que a de G. A
essa relação específica damos o nome de tons relativos - exemplo: “a escala de A menor é relativa (contém as mesmas
notas que) a de C”. A distância entre uma escala maior e sua relativa menor é sempre de um tom e meio.

Além das escalas relativas, podemos também descobrir as notas de uma determinada escala menor partindo de uma
determinada escala maior e descendo em meio tom a terceira nota, a sexta nota e a sétima nota da escala.

Por exemplo, nós já vimos que a escala de A maior contem as notas A – B – C# – D – E – F# – G#. Se descermos em meio
tom os graus III, VI e VII da escala teremos as notas A – B – C – D – E – F – G que formam a escala de A menor.

Vamos fazer outro exemplo para formar uma escala menor utilizando esse caminho: a escala de F# maior nós já
descobrimos que tem as notas F# – G# – A# – B – C# – D# – E#. Se descermos em meio tom os graus III, VI e VII da escala
teremos as notas F# – G# – A – B – C# – D – E que são as notas que formam a escala de F# menor.

Resumindo, os graus que teremos em uma escala menor (comparativamente à estrutura da escala maior) serão sempre:
I – II – bIII – IV – V – bVI – bVII
(os bemóis da fórmula indicam que temos que descer em meio tom as notas III, VI e VII)

Há ainda um terceiro caminho, que seria nós decorarmos os intervalos entre as notas da escala menor e com isso
descobrirmos a fórmula intervalar da escala. Esse foi o mesmo caminho que usamos para descobrir as escalas maiores –
o que vai mudar aqui é a ordem dos intervalos, ou seja, teremos uma nova fórmula.

Trago mais uma vez a escala de Am como referência: A – B – C – D – E – F – G – A.

Observando os intervalos entre as notas dessa escala, tiramos que a fórmula de uma escala menor é a que apresenta a
seguinte sucessão de intervalos:

Tom – Semitom – Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom

Vamos então, passo-a-passo, construir uma escala menor utilizando essa fórmula. Vamos fazer a escala de Bm. Toda
escala menor, assim como ocorre com as maiores, têm que ter todas as sete notas musicais, logo o primeiro passo é
escrevermos da nota B (que é a primeira nota da escala, também chamada “tônica”) até a próxima nota B (ou seja, uma
oitava acima) todas as notas naturais:

B–C–D–E–F–G–A–B

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Mas essa ainda não é a escala de Bm – falta ajustarmos as notas para que cumpram a “fórmula intervalar” de qualquer
escala menor, ou seja, “Tom-Semitom-Tom-Tom-Semitom-Tom-Tom”. Após o ajuste das distâncias - no qual será
necessário o uso de alguns sustenidos - aí sim temos a escala final, com os intervalos corretos:

B – C# – D – E – F# – G – A – B

Com essas explicações você já está apto a construir escalas menores em diversos outros tons! Treine construí-las “no
papel” e também tocá-las em seu instrumento na prática.

7 – Harmonização da escala menor natural

Uma maneira prática de encontrarmos o campo harmônico (os acordes) de um tom menor é através do seu tom relativo
maior (relembrando, relativo é o tom maior que se encontra um tom e meio a frente). Por exemplo, a partir do
momento que sabemos os acordes do tom de C temos que o campo harmônico de seu tom relativo menor (ou seja, Am)
contém os mesmos acordes, apenas mudando a posição (o grau) deles.

Observe como exemplo os campos harmônicos abaixo (as sétimas estão entre parênteses, pois são opcionais):

Campo harmônico de C maior

GRAU I II III IV V VI VII

ACORDE C(7M) Dm(7) Em(7) F(7M) G(7) Am(7) Bm(7) b5

Campo harmônico de A menor

GRAU I II III IV V VI VII

ACORDE Am(7) Bm(7) b5 C(7M) Dm(7) Em(7) F(7M) G(7)

Note que são exatamente os mesmos acordes, no entanto o acorde de Am(7) que era o grau VI no campo harmônico de
C passa a ser o grau I no campo harmônico de Am, o acorde de Bm(7) b5 que era o grau VII no campo harmônico de C
passa a ser o grau II no campo harmônico de Am e assim por diante.

Podemos então utilizar a seguinte fórmula para a harmonização de qualquer escala menor:
Im(7) – IIm(7) b5 – III(7M) – IVm(7) – Vm(7) – VI(7M) – VII(7)

Aplicando-se por exemplo essa fórmula na escala de Bm, teríamos os acordes de seu campo harmônico:
Bm(7) – C#m(7) b5 – D(7M) – Em(7) – F#m(7) – G(7M) – A(7)

Na prática, o que diferencia um tom de ser maior ou ser seu menor relativo é o acorde no qual a música vai resolver
(repousar) mais. Por exemplo, como saber se uma música está no tom de C ou no de Am já que ambos os tons utilizam
exatamente os mesmos acordes? A resposta é: em uma música que se concentre em torno da resolução no acorde de C
estaremos no tom de C maior, e em outra que resolva mais no acorde de Am será esse o tom da música.

Na progressão de acordes “C – G – Am – F – C” o tom é C, já em uma progressão “Am – C – G – F – Am” o tom é Am.


Ambas as músicas utilizam exatamente os mesmos acordes, mas as resoluções (repousos) definem qual é o tom.

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8 - As escalas pentatônicas

Provavelmente a escala mais utilizada na história da música, a pentatônica (ou simplesmente penta) é formada - como o
nome indica - por cinco diferentes notas. Ela existe em duas diferentes versões, maior e menor.

8.1- A pentatônica maior

A escala pentatônica maior deriva-se da escala maior natural – basta tirarmos os graus IV e VII dessa escala e as cinco
notas que restam (I, II, III, V e VI) formam a pentatônica. Por exemplo, a penta maior de C é C – D – E – G – A.

Assim, as distâncias entre as notas da pentatônica maior são: Tom – Tom – Tom e ½ – Tom – Tom e ½

Note que os meio-tons não existem na penta, pois eles foram tirados quando extraímos os graus IV e VII. Assim, a
pentatônica é uma escala bem mais “aberta” em sonoridade que a diatônica, pois os meio tons muitas vezes soam
dissonantes (por exemplo, soa muito mal pararmos na nota de grau IV da escala em cima do acorde I).

8.2- A pentatônica menor

A penta menor deriva-se da escala menor natural, após extrairmos os graus II e bVI dessa última. Assim, as notas que a
formam são I – bIII – IV – V – bVII. Assim como ocorre com a penta maior, ficam de fora os meio-tons (só restando
intervalos de tom e de tom e meio). Por exemplo, a penta de Am é A – C – D – E – G.

Assim, as distâncias entre as notas da pentatônica menor são: Tom e ½ – Tom – Tom – Tom e ½ – Tom

As escalas pentatônicas maiores e menores também têm – assim como as diatônicas – as suas relativas. Assim, a penta
de C maior tem as mesmas notas da de A menor, a de F maior é idêntica à D menor, a de G é idêntica à de Em, etc. – é
sempre um intervalo de um tom e meio entre os tons relativos maior e menor.

8.3- A escala blues

Uma variação muito importante da pentatônica menor é a escala blues. Ela é construída adicionando-se uma nota,
conhecida como “nota blues”, à penta menor. Essa nota é a b5 (quinta bemol ou quinta diminuta).

Exemplo – Escala de A blues: A – C – D – Eb – E – G

A fórmula completa da escala blues fica I – bIII – IV – bV – V – bVII. Assim, as distâncias entre as notas da escala são:
Tom e ½ – Tom – ½ Tom – ½ Tom – Tom e ½ – Tom

9 – Considerações finais

Ainda há muita coisa para você aprender sobre teoria musical e harmonia! Isso acima foi só o começo. Meu intuito foi
trazer nessa apostila o mínimo do mínimo - por exemplo, deixei de fora a escrita e a leitura das notas em partitura, que
dependendo do instrumento que você toca também seria essencial. Mas se você conseguir entender todos os assuntos
que eu trouxe aqui tenho certeza de que terá dado um passo significativo no conhecimento básico necessário!

Se quiser ir muito além em todos os assuntos e aprender muito mais comigo conheça as aulas que disponibilizo nos sites
www.teoriaeharmonia.com e www.alexmartinho.com.br. Um ótimo aprendizado musical para você, hoje e sempre!

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