Professional Documents
Culture Documents
Novo Hamburgo
2017
1
.
Novo Hamburgo
2017
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
1.1 Definição do Tema e Problema .......................................................................... 4
1.2 Objetivos .............................................................................................................. 4
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 4
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 4
1.3. Justificativa ......................................................................................................... 5
1.4 Hipótese ............................................................................................................... 5
2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 6
2.1 DOMINAÇÃO E IMPOSIÇÃO DE VALORES........................................................6
2.2 CAPITAIS SOCIAIS DOMINANTES......................................................................7
2.3 INSTITUIÇÕES REPRODUTORA E REPRODUÇÃO ESCOLAR......................10
2.4 PIAGET E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL..................................................11
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 13
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 16
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 22
6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 23
3
1 INTRODUÇÃO
1.2 Objetivos
1.3. Justificativa
1.4 Hipótese
“Não podendo o legislador empregar nem a força nem o raciocínio, é uma necessidade que ele
recorra a uma autoridade de outra ordem, que possa conduzir sem violência e persuadir sem
convencer. Eis que forçou em todos os tempos os chefes das nações a recorrer à intervenção do céu.”
Esta citação compôs, entre tantas, a base das teorias Bourdieanas. J.J.-
Rousseau explica perfeitamente a finalidade do meio de imposição simbólica ao expor
a religião entre as principais formas de dominação dos chefes de estado.
Caracterizando um poder que não agride fisicamente, porem castiga, não emprega a
razão, mas doutrina, e que age nas entrelinhas sociais, mesclando-se a própria cultura
daquela sociedade.
Na obra “A Reprodução” (1970), Bourdieu e Passeron expõem como essa
dominação simbólica se traduz na sociedade contemporânea a partir de crenças,
tradições, costumes e qualquer outro tipo de valor histórico que sobrevive ao passar
de gerações que por sua vez manifesta-se em forma de imposição social como o
machismo, homofobia, racismo, discriminação intelectual e cultural.
Bourdieu também comenta na legitimação desta violência que se concretiza
por meio da negação de sua existência. Um verdadeiro disfarce social acontece para
que a violência simbólica ajunte forças e somente com a cumplicidade, ou ignorância
da parte oprimida, entre oprimido e opressor que ela toma força.
Bourdieu (1996, p.16) afirma assim em
“A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita daqueles que
a sofrem e também, frequentemente, daqueles que a exercem na medida em que uns e outros são
inconscientes de a exercer ou a sofrer. ”
7
2.2 CAPITAIS SOCIAIS DOMINANTES
A ideia de capital para Bourdieu difere das teorias marxistas, por exemplo. Para
Bourdieu capitais não se baseiam na ideia econômica e sim como moedas de troca
social, onde o indivíduo que os possui ascende dentro da cadeia de dominância, assim
como um rico “homem de negócios’ possui mais capital econômico para investimento.
Estes capitais culturais, sociais e econômicos legitimam e justificam a ideia de
superioridade de quem os possui e que por sua vez são estabelecidos como valiosos
pelas classes que se encontram no poder econômico. Criando um processo vicioso
onde quem encontra-se no poder, dita o certo ou errado a partir dos valores os
mesmos compõem. Bourdieu sobre o capital social em:
“O capital cultural, que compreende o conhecimento, as habilidades, as informações etc.,
correspondente ao conjunto de qualificações intelectuais produzidas e transmitidas pela família, e pelas
instituições escolares, sob três formas: o estado incorporado, como disposição durável do corpo (por
exemplo, a forma de se apresentar em público); o estado objetivo, como a posse de bens culturais (por
exemplo, a posse de obras de arte); estado institucionalizado, sancionado pelas instituições, como os
títulos acadêmicos[...]”
Bourdieu separa estes capitais em três divisões onde expressam e dominam
partes distintas dos processos sócias. O “capital social” para Bourdieu é baseado na
influência exercida pelo indivíduo, determinada muitas vezes pelo seu alcance de
dominação perante as outras classes, ou seja, o quanto aquele indivíduo dita quais
são os capitais considerados importantes, dominantes. Bourdieu comenta brevemente
sobre o assunto:
“O capital social, correspondente ao conjunto de acessos sociais, que compreende o
relacionamento e a rede de contatos[..]”
Bourdieu também fala sobre o capital simbólico, conjunto dos três capitais, que
estabelece dominância através das atividades passadas do indivíduo, sua posição
econômica e sua propriedade intelectual, ou seja, cria a noção de mérito ou
merecimento de glorias ao indivíduo, como se suas ações o tornam-se melhor que os
outros. Bourdieu comenta:
“O capital simbólico, correspondente ao conjunto de rituais de reconhecimento social, e que
compreende o prestígio, a honra etc. O capital simbólico é uma síntese dos demais (cultural, econômico
e social). ”
O “capital econômico” da importância ao poder monetário do indivíduo, sua
acumulação de posses e riquezas que o caracterizam como mais poderoso que os
8
demais. A presença de capital econômico muitas vezes se traduz no controle social
de indivíduos que não fazem parte desta classe social, criando uma grande relação
de patrão-operário dentro do ambiente social.
O “capital cultural” se baseia na propriedade intelectual do indivíduo, isto é, seu
nível de instrução, suas experiências passadas, seu engajamento com a cultura
erudita e principalmente seu relacionamento com a preservação destes
conhecimentos julgados superiores, ou seja, a luta para que o aprofundamento
intelectual continue nas mãos dos poderosos.
A dissipação de violência simbólica, dominação e imposição de valores é
apenas de interesse das classes dominantes, ativamente envolvidas nos processos
de reprodução de valores, em prol da sua permanência nesta posição social e
eventualmente a preservação do status quo. Estes valores reproduzidos são
exatamente os mesmos que as compõem sendo o modo como se portam, se vestem
e o que consumem, também mencionando suas experiências passadas e o que as
caracterizam como superiores – como venturas turísticas, opções de carreiras
profissionais e posição intelectual. Também considerando a posição de raça, religião,
sexualidade, sexo e entre outras características. Bourdieu denomina estes valores
como habitus que por sua vez é dividido em hexis, ethos e eidos.
Thiry-Cherques (2006) explica esta relação:
“O habitus constitui à nossa maneira de perceber, julgar e valorizar o mundo e conforme a
nossa forma de agir, corporal e materialmente. ”
Menciona os meios sociais do indivíduo, como é formado seu método de
absorção de informação e ele interpreta o ambiente a sua volta, como ele difere o
certo do errado e como são suas ações nos meios sociais, através de reprodução ou
imposição de seus próprios valores.
O ethos por Thiry-Cherques (2006):
“ [...] pelo ethos, os valores em estado prático, não-consciente, que regem a moral cotidiana
(diferente da ética, a forma teórica, argumentada, explicitada e codificada da moral, o ethos é um
conjunto sistemático de disposições morais, de princípios práticos) [...] “
Ou seja, o ethos expressa a formação moral do indivíduo, as ações no ambiente
social que ele se encontra consideradas morais ou imorais, exemplo disso é a
homofobia na sociedade, onde o comportamento homossexual por muitas vezes é
consideras imoral por classes que possuem certos capitais culturais.
9
Thiry-Cherques (2006) continua sua interpretação do habitus:
“[...] pelo hexis, os princípios interiorizados pelo corpo: posturas, expressões corporais, uma
aptidão corporal que não é dada pela natureza, mas adquirida [...]”
O hexis expressa o comportamento físico adquirido na formação,
caracterizando os modos de agir do indivíduo como certos ou errados, o ato de “portar-
se educadamente” estabelecido pela sociedade. Esta ideia compõe os modos à mesa,
em encontros sociais, na comunicação e etc.
O eidos abordado por Thiry-Cherques em seguida:
“[...] pelo eidos, um modo de pensar específico, apreensão intelectual da realidade, que é
princípio de uma construção da realidade fundada em uma crença pré-reflexiva no valor indiscutível
nos instrumentos de construção e nos objetos construídos [...] ”
O eidos traz a ideologia ao âmbito social. Pode ser exemplificado como uma
religião, é uma ideia predeterminada das ações morais sociais, criando verdades
absolutas, ideias irrefutáveis que através delas ocorrerão a interpretação da realidade
e do mundo a volta.
Capitais sociais dominantes baseiam-se nas expressões sociais e culturais que
as classes que estão no poder, com maior poder aquisitivo, expõem e que
eventualmente são expostos como valores morais superiores às outras classes.
Esmagando assim indivíduos que não se adequam nestas definições, agredindo-os
simbolicamente.
10
2.3 Instituições reprodutoras e reprodução escolar
III. Auto percepção; Trabalho em grupo é importante, mas aprendo melhor sozinho;
O correto é meninos gostarem de meninas e meninas gostarem de
Avalia a opinião que o meninos;
indivíduo demonstra de Meninos jogam bola enquanto meninas fazem outras brincadeiras;
Meninas são mais fracas que meninos;
si mesmo e como os Posso falar tudo o que penso dentro da sala de aula;
processos reprodutores Minha opinião é importante dentro da sala de aula;
Às vezes é melhor não falar minha opinião;
podem inflar ou diminuir
Não me sinto confortável em responder perguntas em voz alta;
sua autovalorização; Na maioria das vezes me sinto errado;
Se não concordo com a maioria, provavelmente estou errado.
IV. Habilidade de Trabalhos em grupo são divertido e aprendo melhor com eles;
É natural alguns alunos serem menos inteligentes;
socialização; Alguns colegas possuem opiniões erradas;
Posso falar tudo o que penso dentro da sala de aula;
Esclarece o quão apto o Engraçado quando alguém erra uma pergunta.
indivíduo encontra-se
para realizar processos
sociais e como lida com
situações em grupo,
assim determinando
habilidade empática do
mesmo.
5%
23%
72%
0%
26%
74%
Gráfico 2: A maioria dos alunos (74%) compõem a categoria de classe média alta
na organização de poder econômico enquanto 24% possuem poder econômico
maior, compondo a categoria de classe alta. As teorias Bourdieanas
contextualizam-se na análise de instituições pedagógicas estatais e gratuitas,
que naturalmente compõem-se de alunos de diversas origens. Nesta analise
leva-se em consideração o processo de privatização escolar que sofre imposição
direta, pois, como qualquer instituição privada, se mantém ativa através de
capital econômico, que é concentrado evidentemente nas classes dominantes.
Deste modo a escola é distorcida e corrompida a um negócio, onde há seleção
sistemática de seus clientes, estudantes, através de seu poder econômico, seu
nível de dominância social. Esclarecendo a ausência de alunos de classe baixa,
ou até mesmo classe média, no ano letivo analisado.
18
19%
81%
Grau de reprodução
2,85
2,8
2,75
2,7
2,65
2,6
2,55
2,5
2,45
2,4
2,35
Relação com Hierarquia de Auto percepção Habilidade de Violência simbólica
autoridade inteligências socialização
Grau de reprodução