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O Livro de

DANIEL
'11]
·. I!'
Autor A autoria e data de Daniel têm sido objeto
1 de muita polêmica entre os estudiosos do texto
medo" (6.1, nota). Eles afirmam que os quatro impérios preditos
por Daniel (caps. 2; 7) referem-se aos reinos babilônico, medo.
' ;,, ~ : bíblico. A disputa se concentra na forma como as persa e finalmente grego (que incluiria as dinastias selêucida e
'-""--- --.-- visões e profecias de Daniel enfocam quatro impérios ptolemaica). No entanto, essa identificação é questionável, porque
antigos em sucessão. iniciando pela Babilônia (caps. 2; 7; 11 ). Da- não há evidência de um reinado medo no intervalo entre os reinos
niel descreve com grandes detalhes as relações históricas entre o babilônico e persa. Ciro. o rei da Pérsia (550-530 a.C.). con-
reino selêucida e o ptolemaico no período imediatamente anterior quistou os medos em 549 a.e. e os babilônios em 539 a.e. (5.1,31,
e durante o tempo de Antíoco IV Epifânio (cap. 11) Tentando notas).
justificar tal conhecimento detalhado, muitos estudiosos concluem Por outro lado, os estudiosos que datam o livro no tempo de
que o livro deve ter sido escrito por um autor desconhecido por Daniel entendem que a seqüência de re·1nos refere-se aos impérios
volta de 170 a.C., durante a vida de Antíoco IV Epifânio, e não no babilônico. medo-persa. grego e, por último, romano. Eles indicam
tempo de Daniel, que foi levado para a Babilônia em 605 a.e. a referência aos "medos e persas" em 5.28 como uma prova de
Contudo, informações do próprio livro indicam Daniel como o seu que Daniel os considerava, conjuntamente, como um só reinado.
autor (9.2; 10.2) e sugerem que o texto foi escrito pouco tempo No tocante à datação do idioma utilizado em Daniel, deve-se
após a vitória de Ciro sobre a Babilônia, em 539 a.C. Além disso. notar, em primeiro lugar, que um grande bloco do texto (2.4--7.28)
Jesus menciona a predição do "abominável da desolação" está escrito em aramaico, não em hebraico. A razão para a
encontrada neste livro como tendo sido proferida pelo "profeta mudança de idioma é desconhecida. Alguns estudiosos têm argu-
Daniel" (Mt 24.15). mentado que o aramaico utilizado é tardio. Uma outra evidência de
data posterior do texto seria o uso de diversos vocábulos empres-
,~ Data e Ocasião º' e<gomeot" ''""" tados da língua grega ao referir-se a instrumentos musicais (3.5,
~ ..... ~ tad~s. para
datar o,livro no te,m_po de Antíoco IV nota). No entanto, nenhum dos argumentos é realmente convin-
· -=:::-
1

Ep1farno envolvem tres pontos bas1cos: (a) a natureza cente. Há inúmeras evidências de contatos entre os gregos e o
- --=--=--=---- da profecia do Antigo Testamento; (b) problemas Oriente Próximo anteriores ao tempo de Alexandre, o Grande. Ess-
históricos; e (c) as línguas hebraica e aramaica do livro. Cada um es contatos são suficientes para justificar o aparecimento de
desses pontos deve ser considerado separadamente. vocábulos emprestados da língua grega. O aramaico e o hebraico
Em termos gerais, os profetas de Israel estavam preocupados, de Daniel podem ser datados em qualquer ocasião situada entre o
em primeiro lugar, com as circunstâncias religiosas e sociais nas final do século VI e o início do século li a.e. Em outras palavras. o
quais viviam os seus contemporâneos. ao invés de ficar fazendo argumento da língua não tem peso significativo para a determina-
predições a respeito de acontecimentos futuros. Quando efetiva- ção duma data anterior ou posterior.
mente prediziam o futuro, tratava-se normalmente de eventos a
curto prazo, como as profecias de Jeremias sobre a queda iminen- Dificuldades de Interpretação A au-
te de Jerusalém diante dos babilônios. A visão de Daniel referente toria e a data do Livro de Daniel não são as únicas
ao "rei do Norte" e ao "rei do Sul" traça um paralelo exato à história dificuldades do texto. Há divergências significativas
das relações existentes entre os impérios selêucida e ptolemaico - - - - na abordagem do livro. Essas divergências se
no tempo de Antíoco IV Epifânio (11.2-39 e notas). Por outro lado, a dividem em três categorias principais. A primeira abordagem é
descrição das circunstâncias que cercam a morte do rei feita por aqueles que concluem que o livro foi escrito no tempo de
(11.40-12.3) não correspondem ao que se conhece sobre o Antíoco Epitânio. De acordo com esse ponto de vista. todas as
falecimento de Antíoco. Com base nesses dados. alguns reterências a eventos anteriores a Antíoco são mera história,
estudiosos argumentam que o Livro de Daniel foi escrito no tempo escritas em ocasião posterior aos acontecimentos. A única
de Antíoco, um pouco antes de sua morte. Contudo, a idéia de que predição genuína no livro seria antecipação da morte de Antíoco e
os profetas israelitas não predisseram acontecimentos num futuro a esperada intervenção de Deus para estabelecer o seu Reino.
mais distante depende do pressuposto de que as profecias de Da- Contudo, Antíoco não morreu da forma como foi descrito (11.36--
niel são tardias, como também as de Isaías que se referem a Ciro 12.3, nota). e o Reino não se materializou como se diz que havia
(Is 44.28; 45.1 ). Isso também pode ser o resultado duma rejeição sido antecipado. Ver notas em 2.44; 7.14, 18.
da protecia em geral. Um segundo e mais tradicional ponto de vista atribui a êntase
Os intérpretes de Daniel que advogam uma data tardia para a principal das predições contidas no livro ao primeiro advento de
redação do texto também afirmam a existência de sérios proble- Cristo. Essa abordagem está geralmente associada a uma
mas históricos nas narrativas das experiências de Daniel na compreensão escatológica amilenista ou pós-milenista.
Babilônia, particularmente no tocante ao relacionamento entre Um terceiro ponto de vista considera que Antíoco Epifânio e a
Belsazar e Nabucodonosor (5.2, nota) e à identidade de "Dario, o perseguição ao povo de Deus durante o seu reinado constituem o
enfoque primário do livro. O segundo é a intervenção divina no
curso da humanidade ao final dos tempos, quando Deus estabele-
983

cerá o seu Reino. A ênfase do livro não se acha no primeiro advento


DANIEL

Selêucida de 175-164 a.C. Antíoco tentou forçar os judeus a


aceitarem a cultura do helenismo e a abandonarem suas práticas
l
religiosas. Muitos 1udeus se submeteram, mas outros recusa-
de Cristo (caps. 2; 9, notas), mas sim em Antíoco e na segunda ram-se a fazê-lo e sofreram grande perseguição. Uma das
vinda de Cristo. Essa abordagem é geralmente associada a uma principais razões para a redação do Livro de Daniel foi a de preparar
posição escatológica pré-milenista. Nessa compreensão, há gran- o povo de Deus para os tempos de Antíoco Epifânio e encorajá-los
de divergência entre os comentaristas quando se trata da interpre- durante esse período de perseguição. Ao mesmo tempo, o livro se
tação dos detalhes do texto. volta para o período subseqüente a Antíoco Epifânio, para a vinda

;AI
:
Características e Temas o Livro de Da-
niel contém dois tipos distintos de texto. Seis
de Cristo. ÉCristo quem destruirá todos os reinos dos homens e
instituirá o seu reino eterno de justiça e paz.
Além desses temas abrangentes de Daniel, alguns concei-
: narrativas históricas estão registradas nos caps. tos-chave são relevantes para o estudo do livro. Um deles é o
· 1-6, e quatro visões, nos caps. 7-12. As visões "tempo de angústia" (12.1), geralmente denominado a "grande
são quase exclusivamente predições. Entre as seis narrativas, o tribulação", que precederá o segundo advento de Cristo (Mt 24.21;
cap. 2 contém uma visão revelada a Nabucodonosor e a sua Lc 21.23; Ap 2.22; 7.14). Mateus relaciona essa grande tribulação
interpretação conforme enunciada por Daniel. com o "abominável da desolação" (Mt 24.15) predito por Daniel
Reflexões sobre o conteúdo das narrativas históricas revelam (cf. Dn 9 27; 12.11) e cumprido pelo anticristo (o "homem da
que elas não constituem um tratado histórico integrado, mas iniqüidade" em 2Ts 2.3-4).
tratam-se de unidades independentes reunidas com um propósito O "anticristo" pode também ser incluído na teologia de Daniel
específico. As narrativas não apresentam uma história de Israel (Dn 7.8,20-22,24-27; 11.36-45). Essa palavra só aparece nas
sob o domínio da Babilônia ou da Pérsia, tampouco se constituem epístolas de João (1Jo 2.18,22; 4.3; 2Jo 7), porém referências a
em uma biografia histórica de Daniel ou de seus amigos. O uma pessoa de ódio satânico que surgirá no fim dos tempos da
elemento comum subjacente a estes textos é a ênfase na forma história humana, antes da segunda vinda de Cristo, são encontra-
pela qual a soberania absoluta de Deus opera na vida de todas as das em ambos os testamentos. Oanticristo estabelece a "abomi-
nações (2.47; 3.17-18; 4.28-37; 5.18-31; 6.25-28). Jerusalém nação desoladora" (Dn 11.31; Mt 24.15), exalta a si mesmo como
pode ser destruída e ter seu templo reduzido a ruínas, o povo de um deus (Dn 11.36-39; 2Ts 2.3-4) e é finalmente destruído por
Deus pode ser exilado, e os maus governantes podem parecer Cristo em sua volta (Dn 11.45; 2Ts 2.8 [cf. Is 11.4]; Ap 19.20).
triunfantes, mas Deus permanece supremo. Deus é maior que A idéia do milênio também ocorre nas elaborações de Daniel.
todas as circunstâncias, e o seu povo deve ser-lhe fiel em qualquer Otermo "milênio" é derivado da palavra latina que significa "mil" e
situação que se encontre. A descrição dessa verdade é o princípio designa o período de mil anos descrito em Ap 20. O caráter desses
orientador de Dn 1-6. mil anos é compreendido de maneira distinta por três escolas de
A visão de Nabucodonosor no cap. 2 demonstra que os outros interpretação, classificadas como segue: (a) Os pré-milenistas
deuses não controlam a história e que o seu mistério não pode ser acreditam que o milênio é um reino mundial de paz e justiça sobre a
descoberto pela manipulação dos homens. A história está sob o terra, que será estabelecido após a segunda vinda de Cristo (Is
controle de Deus, que é totalmente livre para dirigi-la e revelá-la 2.1-5; 11.1-1 O). (b) Os pós-milenistas acreditam que o milênio é
como melhor lhe aprouver (Ap 5.9). De acordo com a sua soberana um período de paz e justiça que será estabelecido pela pregação
vontade, Deus intervirá nos reinos deste mundo e estabelecerá um do evangelho em todo o mundo, resultando nas condições
Reino universal que permanecerá para sempre. descritas em passagens como Is 2.1-5; 11.1-1 O. (c) Os amilenistas
As visões (caps. 7-12) contêm predições de tempos futuros, acreditam que o milênio é uma referência figurada ao tempo
quando esta verdade será de suma importância para o povo de presente do evangelho. Dessa forma, o milênio não é visto como
Deus. Embora os judeus tenham sido perseguidos durante o tempo uma ordem política futura, mas como o reino espiritual do governo
da sua sujeição aos dominadores babilônicos e persas, não houve de Cristo sobre a Igreja.
nenhuma tentativa abrangente e sistemática de abolir a sua fé. Na visão dos pós-milenistas e amilenistas, o número "mil" é
Isso não aconteceu até o tempo de Antíoco IV, que se denominou geralmente considerado como uma forma figurativa de representar
"Epifânio", que significa "Deus manifesto", e governou no Império um longo período de tempo, em lugar de mil anos literais.

! Esboço de Daniel
1. As narrativas (caps. 1-6) F. Deus tivra Daniel da cova dos leões (cap. 6)
A. Deus favorece Daniel e seus amigos pela sua li. As visões de Daniel (caps. 7-12)
fidelidade (cap. 1) A. A visão dos quatro animais e do estabelecimento do
8. Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor reino de Deus (cap. 7)
(cap. 2) 8. A visão do carneiro e do bode (cap. 8)
C. Deus livra os companheiros de Daniel da fornalha de C. A visão das setenta semanas (cap. 9)
fogo (cap. 3) D. A visão do anjo e da história futura do povo de Deus
D. Deus julga Nabucodonosor (cap. 4) (caps. 10-12)
E. Deus julga 8elsazar (cap. 5) 1. A mensagem do anjo a Daniel (10.1-11.1)
DANIEL 1 984
-------------------- ----.

2. A história do Oriente Próximo desde o tempo de 4. Oreinado do anticristo (11.36-12.3)


Daniel até Antíoco IV Epifânio (11.2-20) a. Seu caráter (11.36-39)
3. Oreinado de Antíoco IV Epifânio (11.21-35) b. Suas atividades (11. 40-45)
1 a. Sua subida ao trono e caráter (11.21-24) e. Odestino do povo de Deus durante o seu reinado
Sua carreira (11.25-31) (12.1-3) 1
O destino do povo de Deus durante o seu reinado 5. Uma mensagem final a Daniel
(11.32-35) (12.4-13)
_ _ _ _ __ _ J
- -------- ----

A educação de Daniel e de seus companheiros as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então,
No ano terceiro do reinado de ªJeoaquim, rei de Judá, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contami-
1 veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a
sitiou. 2 O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de
nar-se. 9 Ora, moeus concedeu a Daniel misericórdia e 3 com-
preensão da parte do chefe dos eunucos. 10 Disse o chefe dos
Judá, e balguns dos utensílios 1 da Casa de Deus; a estes, eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que
°levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, d e os determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois,
pôs na casa do tesouro do seu deus. 3 Disse o rei a Aspenaz, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jo-
chefe dos seus eunucos, que trouxesse ealguns dos filhos de vens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça
Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, 4 jovens/sem para com o rei. 11 Então, disse Daniel ao 4 cozinheiro-chefe, a
nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de
sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12 Experimenta, peço-te,
que fossem competentes para assistirem no palácio do rei g e os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e
lhes ensinasse a cultura e a 2 língua dos caldeus. s Deter- água a beber. 13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e
minou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo
e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por vires, age com os teus servos. 14 Ele atendeu e os experimen-
três anos, ao cabo dos quais h assistiriam diante do rei. 6 Entre tou dez dias. 15 No fim dos dez dias, a sua aparência era me-
eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael lhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
e Azarias. 7 iQ chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, asa- comiam das finas iguarias do rei. 16 Com isto, 5 o cozinhei-
ber: ja Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a ro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam be-
Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego. ber e lhes dava legumes.
8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se 1com 11 Ora, a estes quatro jovens nDeus deu o ºconhecimento

• CAPÍTULO;
livro ShDn1.19
ª
1 2Rs ;~ 1-2 2 b-; 27 19-20 czc 5810s9.3
7 12Rs24.171Dn226;48;5.12
11 d2Cr36 7 1Do templo 3 e Is 39; 4/Lv 24 19-20 At 7 22 ~ L1t eswta ou
9mGn39.213bondade 1140uMe/zar 1650uMe/zar J7n[Tg
g

1.5-7] ºAt7.22
•1.1 No ano terceiro. O terceiro ano do reinado de Jeoaquim foi o ano de 605 tarde era levada ao forno. para torná-la um documento permanente. Os
a.e. Naquele ano, Nabucodonosor derrotou uma coligação entre a Assíria e o arqueólogos têm encontrado milhares dessas tábuas de argila. Os babilônios
Egito, em earquemis. e assim teve início a ascensão da Babilônia como uma adoravam muitos deuses. e a cultura deles era repleta de artes mágicas. feitiçaria
potência internacional. Depois da batalha de earquemis, Nabucodonosor e astrologia. A língua comum da Babilônia era o aramaico 12.4 e nota)
avançou contra Jeoaquim 12Rs 24.1-2; 2er 36.5-7) e levou cativos alguns judeus, •1.5 finas iguarias da mesa real. Jeoaquim, mais tarde, recebeu tal provisão
incluindo Daniel. Esta foi a primeira das três invasões de Judá por parte de alimentar. sob o governo do rei babilônio, Evil-Merodaque 12Rs 25.27-30)
Nabucodonosor. A segunda ocorreu em 597 aC.12Rs 24.10-14), e a terceira
•1.6 Daniel. Hananias, Misael e Azarias. Nestes nomes pessoais hebraicos.
delas teve lugar em 587 a.e. 12Rs 25.1-24) No Livro de Jeremias. o ataque de
Nabucodonosor ocorreu no quarto ano de Jeoaquim e não no seu terceiro ano IJr o componente e/ significa "Deus", ao passo que yah é uma forma do nome de
25.1; 46.2). A diferença de um ano ocorre por causa da cronologia babilônica, que Deus, "Javé" ISI 50.1, nota). Portanto, Daniel significa "meu juiz é Deus";
Daniel, segundo parece. usou. pois o reinado dos reis babilônicos era contado a Hananias. 'javé é gracioso"; Misael, "Quem é o que Deus é?"; e Azarias, ':Javé
partir do primeiro dia do ano seguinte e não da data real da ascensão ao trono. tem ajudado"
Nabucodonosor, rei da Babilônia. Nabucodonosor conduziu os babilônios à •1.7 Beltessazar... Sadraque ... Mesaque ... Abede-Nego. As sugestões
vitória em Carquemis, como príncipe coroado e comandante do exército quanto aos significados destes nomes incluem: Beltessazar. "que Bel proteja a
babilônico. Pouco depois dessa vitória, ele assumiu o trono da Babilônia, quando sua vida"; Sadraque, "o mandamento de Acu" !deus-lua dos sumérios);
morreu seu pai, Nabopolassar, 1626-605 a.e.) O reinado de Nabucodonosor Mesaque, "quem é o que Acu é?"; e Abede-Nego é "servo de Nebo"' (uma
1605-562 a.e.) é o contexto histórico de grande parte dos livros de Jeremias. divindade babilônica). Bel é um outro nome para Marduque, a principal divindade
Ezequiel e Daniel. babilônica lcf 4 8)
•1.2 O SENHOR lhe entregou nas mãos. A derrota de Israel pelos babilônios •1.8 não contaminar-se. Não se encontra explícita a razão para a conclusão de
não pode ser explicada simplesmente pela análise de fatores militares e políticos. Daniel de que ele e seus amigos se contaminariam por causa da comida do rei.
Deus estava operando nas atividades das nações e ele usou os babilônios para Talvez isso envolvesse a violação das leis dietéticas de Moisés llv 11; 17).
julgar o seu próprio povo de Israel, por causa das suas transgressões 12Rs •1.15 A sua aparência era melhor. A obediência a Deus, por parte de Daniel e
17.15,18-20; 21.12-15; 24.3-4). seus amigos, e a recusa deles de comprometerem a sua fé em um ambiente
casa do tesouro do seu deus. Marduque era a principal divindade do panteão pagão, foram recompensadas com a bênção divina lcf. Dt 8.3 e Mt 4.4).
babilônio lcf. Jr 50.2 e as notas textuais) •1.17 Deus deu o conhecimento e a inteligência. A bênção divina não se
•1.4 a cultura ... dos caldeus. A escrita dos caldeus era feita com caracteres limitou ao bem-estar físico, mas incluiu, igualmente, um desenvolvimento
cuneiformes modelados com a ajuda de um estilete sobre a argila mole, que mais intelectual notável durante seus três anos de educação babilônica.
985 DANIEL1, 2
e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvi-
Pinteligência de todas as visões e sonhos. 18 Vencido o tempo do, 9 isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença
determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perver-
eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19 Então, o sas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a
rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros 4 situação; portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me po-

como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, qpassaram deis 5 dar-lhe a interpretação. to Responderam os caldeus na
a assistir diante do rei. 20 rEm toda matéria de sabedoria e de presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que
inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por
vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante
havia em todo o seu reino. 21 5 Daniel continuou até ao pri- coisa de algum mago, encantador ou caldeu. t t A coisa que
meiro ano do rei Ciro. o rei exige é 6 difícil, e ninguém há que a possa revelar dian-
te do rei, gsenão os deuses, e estes não moram com os ho-
Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor mens.
No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve 12 Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
2 este um sonho; ªo seu espírito se perturbou, e bpas-
sou-se-lhe o sono. 2 cEntão, o rei mandou chamar os magos,
matassem a todos os sábios da Babilônia. 13 Saiu o decreto,
segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a
os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declaras- hDaniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
sem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apre- 14 Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque,
sentaram diante do rei. 3 Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios
para 1sabê-lo está perturbado o meu espírito. 4 Os caldeus dis- da Babilônia. 15 E disse a Arioque, encarregado do rei: Por
seram ao rei em aramaico: dó 2 rei, vive eternamente! Dize o que é tão 7 severo o mandado do rei? Então, Arioque expli-
sonho a teus servos, e daremos a interpretação. 5 Respondeu cou o caso a Daniel. 16 Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu
o rei e disse aos caldeus: 3 Uma coisa é certa: se não me fizer- designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.
des saber o sonho e a sua interpretação, sereis e despedaça- 17 Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hanani-
dos, e as vossas casas serão feitas monturo; ó/mas, se me as, Misael e Azarias, seus companheiros, 18 ipara que pedis-
declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim sem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim
dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o
sonho e a sua interpretação. 7 Responderam segunda vez e resto dos sábios da Babilônia. 19 Então, foi revelado o misté-
disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a in- rio a Daniel inuma visão de noite; Daniel bendisse o Deus
terpretação. 8 Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis do céu. 20 Disse Daniel: 1Seja bendito o nome de Deus, de

• P2Cr26.5 19qGn41.46 2or1Rs10.1 2l5Dn628,101


CAPÍTULO 2 1ªGn40.5-8; 41.1,8 bEt 6.1 2 CÊx 7 11 3 1 Ou compreendê-lo 4 d1Rs 1.31; Dn 3.9; 5.10; 6.6,21 2Deste ponto até
7.28, inclusive, a língua original é o Aramaico 5 e 2Rs 10.27; Ed 6.11, Dn 3.29 3 A ordem ou decisão do rei 6/Dn 5.16 9 4 Lit. o tem-
po sou declarar-me a sua 11 gGn 41.39; Dn 5.11 6 Ou rara 13 h Dn 1.19-20 15 70u duro 18 i[Dn 9 9; Mt 18.19] 19 iNm 12.6;
Jó 33.15; [Pv 3.32]; Am 3.7 20 ISI 113.2
visões e sonhos. Tendo em vista o que se segue no livro (caps. 2; 4-5), Daniel passou-se-lhe o sono. Era largamente crido no antigo Oriente Próximo que os
deuses falavam aos seres humanos por meio de sonhos.
se destaca de seus companheiros pela sua habilidade de interpretar sonhos e
visões, mais ou menos como aconteceu a José, estando ele no palácio de Faraó •2.2 os magos, os encantadores. Ver a nota em 1.20.
(Gn 408; 41.16).
os feiticeiros e os caldeus. Os "feiticeiros" praticavam a adivinhação ou a
•1.18 Vencido o tempo determinado. Ou seja, terminados os três anos
feitiçaria (Êx 22.18; Dt 18.1 O; Is 47.9, 12; Jr 27.9). "Caldeus", palavra encontrada
mencionados no v. 5.
aqui, provavelmente, signifique uma classe de adivinhadores e astrólogos, não
•1.20 magos e encantadores. Otermo traduzido aqui por "magos" também é sendo o nome de um grupo étnico !conforme se vê em 1.4; 3.8; 5.30; 9.1 ).
usado em Gn 41.8,24 e Êx 7.11. E a palavra aqui traduzida por "encantadores"
pode ser encontrada somente aqui e em 2.2, podendo ser traduzida por •2.4 aramaico. Daqui até o fim do cap. 7 do livro, o texto foi escrito em aramaico
"feiticeiro" ou "adivinhador" Sem importar o método usado por estes conselhei- e não em hebraico. Os trechos de Ed 4.8-6.18; 7.12-26 também foram escritos
ros reais para adquirir conhecimento, Daniel e seus amigos foram capazes de em aramaico. Tem havido muita especulação sobre a razão pela qual esses
demonstrar um discernimento superior nas questões sobre as quais foram trechos foram escritos em aramaico, mas não se chegou ainda a nenhuma
interrogados. conclusão comumente aceitável.
•1.21 até ao primeiro ano do rei Ciro. A Babilônia caiu diante de Ciro em 539 •2.5 saber o sonho. Nabucodonosor formulou um teste para ver se os
a C., ou seja 66, anos depois que Daniel foi levado cativo para a Babilônia. Daniel conselheiros da corte tinham mesmo acesso ao conhecimento oculto, conforme
viveu durante o período inteiro do cativeiro babilônico. No primeiro ano de seu reivindicavam. Se eles não lhe fizessem saber o sonho, então ele não teria
governo, Ciro publicou um decreto permitindo que os israelitas voltassem do confiança na interpretação deles (cf o v. 9).
cativeiro, levando consigo os utensílios do templo que tinham sido tomados por •2.11 difícil. Os magos e encantadores confessam que não podem fazer o que o
Nabucodonosor (Ed 1. 7-11). Esta declaração não quer dizer que Daniel morreu no rei lhes solicita. Somente os deuses têm tais poderes; mas os deuses, segundo
primeiro ano do reinado de Ciro (10.1). eles protestam, não revelam tais coisas a ninguém (cf. Êx 8.18-19).
•2.1 No segundo ano. Visto que o sistema babilônico começou a contar o
•2.18 pedissem misericórdia ao Deus do céu. Daniel também percebeu que
reinado de Nabucodonosor oficialmente no começo do ano seguinte, o "segundo
a sabedoria humana era insuficiente para poder atender à solicitação do monarca
ano" do reinado de Nabucodonosor poderia significar o fim dos três anos de
(v. 11, nota). Somente a revelação divina poderia prover a resposta.
treinamento de Daniel (1.5). De outro modo, os eventos aqui historiados teriam
acontecido durante o treinamento de Daniel. •2.20 Ver a nota teológica "A Sabedoria e a Vontade de Deus".
DANIEL 2 986
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A SABEDORIA E A VONTADE DE DEUS


Dn 2.20
"Sabedoria", nas Escrituras, significa escolher os melhores e mais nobres fins a serem alcançados, empregando os mais
apropriados e efetivos meios que permitam alcançar esses fins. A literatura de sabedoria, no Antigo Testamento, incluindo Jó,
Provérbios, Eclesiastes e alguns dos Salmos (19; 37; 104; 107; 147; 148), trata não apenas da vida do culto ou do exercício
religioso no sentido restrito, mas também de comportamentos morais diários na família, nos relacionamentos sociais e nos
negócios. No Novo Testamento, a Carta de Tiago também pode ser considerada "literatura de sabedoria'', com sua descrição
em linguagem direta da vida cristã prática. À luz da literatura de sabedoria das Escrituras, a sabedoria cristã consiste em fazer
do "temor do Senhor" - cultuá-lo com reverência e servi-lo - o objetivo da vida (Pv 1. 7; 9.1 O; Ec 12.3).
A sabedoria de Deus é vista nas suas obras de criação, preservação e redenção: é a escolha de sua própria glória como seu
objetivo (SI 46.1 O; Is 42.8; 48.11) e sua decisão de alcançar esse objetivo, primeiro, pela criação de uma maravilhosa
variedade de coisas e de pessoas (SI 104.24; Pv 3.19-20); em segundo lugar, pelas graciosas providências (SI 145.13-16; At
14.17); e, em terceiro lugar, pela "sabedoria" redentora de "Cristo crucificado" (1Co 1.18-2.16) e a resultante Igreja cristã no
mundo (Ef 3.10).
A concretização da sabedoria de Deus envolve a expressão de sua vontade em dois diferentes sentidos. No primeiro, a
vontade de Deus é "seu eterno propósito, segundo o conselho de sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele
preordenou tudo o que acontece" (p. 7, Breve Catecismo de Westminster). Esse "eterno propósito" é a vontade decretatória
de Deus referida em Ef 1.11. No segundo sentido, a vontade de Deus são seus mandamentos, isto é, suas instruções dadas
nas Escrituras, concernentes a como seu povo deve crer e comportar-se. Esta é, às vezes, chamada de sua "vontade
preceptiva" e é referida em Rm 12.2; Ef 5.17; CI 1.9; 1Ts 4.3-6. Algumas dessas exigências estão enraizadas no seu santo
caráter, que devemos imitar: tais são os princípios do Decálogo e os dois grandes mandamentos (Êx 20.1-17; Mt 22.37-40; cf.
Ef 4.32-5.2). Algumas dessas exigências surgem simplesmente da instituição divina. Tais eram a circuncisão e as leis
sacrificais e de purificação do Antigo Testamento, e tais são o Batismo e a Ceia do Senhor, hoje. Porém, todas, em seu
respectivo tempo, são obrigatórias para a consciência, e o plano de Deus nos acontecimentos (seu "eterno propósito") já
inclui as "boas obras" de obediência que os que crêem praticarão (Ef 2.1 O).
Às vezes, é difícil e mesmo impossível, para seres humanos mortais, compreender como a obediência - que nos põe em
desvantagem no mundo - é parte de um plano predestinado que promove não só a glória de Deus, mas também nosso bem
(Rm 8.28). Nós, porém, glorificamos a Deus por crermos que é assim, pois Deus, que não pode mentir, assim o disse. Um dia,
veremos que, de fato, é assim, porque a sua sabedoria é perfeita e nunca falha.
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eternidade a eternidade, mporque dele é a sabedoria e o po- disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual
der; 21 é ele quem muda no tempo e as estações, ºremove revelará ao rei a interpretação. 26 Respondeu o rei e disse a
reis e estabelece reis; Pele dá sabedoria aos sábios e entendi- Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o
mento aos inteligentes. 22 qEle revela o profundo e o escon- que vi no sonho e a sua interpretação? 27 Respondeu Daniel
dido; 'conhece o que está em trevas, e 5 com ele mora a luz. na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem
23 A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar
porque me deste sabedoria e poder; e, agora, me fizeste sa- ao rei; 28 "mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios,
ber o que te 1pedimos, porque nos fizeste saber 8 este caso pois fez saber ao rei Nabucodonosor vo que há de ser nos
do rei. últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando
24 Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha estavas no teu leito, são estas: 29 Estando tu, ó rei, no teu
constituído para exterminar os sábios da Babilônia; entrou e leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser
lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na depois disto. x Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o
presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. 25 Então, que há de ser. 30 2 E a mim me foi revelado este mistério, não
Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os

• m[1Cr 29.11-12; Já 12.13; SI 1~7 5; Jr 3219; Mt 6.13; Rm 11 33] - 21 n SI 31.15; Et 1.13; Dn 2_9, 7.25 ºJá 12.18; [SI 75.6-7; Jr 27.5; Dn
4.35] P 1fls 3.9-10; 4.29; [Tg 1.5] 22 q Já 12.22; SI 25.14; [Pv 3.22] rJá 26.6; SI 139.12; [Is 45_ 7; Jr 23.24; Hb 4_ 13] s [SI 36.9]; Dn 5.11.14;
[1Tm 6_16; Tg 1.17; 1Jo 1.5] 23 ISI 21.2,4; Dn 2_ 18,29-30 8 Lit esta palavra 28 "Gn 40.8; Am 4.13 VGn 49.1; Is 2.2; Dn 10.14; Mq 4.1
29 x [Dn 2.22.28] 30 z At 3_ 12
•2.21 remove reis e estabelece reis. Daniel alude ao conteúdo do sonho de •2.28 há um Deus no céu, o qual revela os mistérios. Da mesma forma que
Nabucodonosor. José tinha feito no Egito (Gn 40.8; 41.16). assim também Daniel atribui a Deus
•2.22 Ele revela o profundo e o escondido. O cap_ 28 do Livro de Já é um seu conhecimento sobre o sonho de Nabucodonosor. ODeus de Daniel revelou ao
quadro cuidadosamente traçado da sabedoria que "está encoberta aos olhos de jovem Daniel o que a astrologia. a magia e as artes ocultas não puderam
todo vivente" (Jó 2821 I. a qual é inacessível sem a ajuda de Deus. descobrir
•2.24 Não mates os sábios da Babilônia. Daniel exorta o rei a mostrar-se nos últimos dias. Esta expressão parece variar em significado do "tempo do
misericordioso com os sábios da Babilônia, apesar da incapacidade de eles saberem fim". tecnicamente chamada de "o eschaton" (Ez 38 16). para simplesmente o
qual o sonho de Nabucodonosor. conforme ficou claramente demonstrado. futuro em geral (Gn 49 1; Dt 4.30; 31.29).
987 DANIEL 2, 3
viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, em parte, de barro, q assim, por uma parte, o reino será forte e,
ªe para que ºentendesses 1 as cogitações da tua mente. por outra, será 3 frágil. 43 Quanto ao que viste do ferro
31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante
esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o
pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32 b Acabeça era ferro não se mistura com o barro. 44 Mas, nos dias destes reis,
de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os 'o Deus do céu suscitará um reino 5 que não será jamais
quadris, de bronze; 33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de destruído; este reino não passará a outro povo; 1esmiuçará4 e
ferro, em parte, de 2barro. 34 Quando estavas olhando, uma 5 consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para
pedra foi cortada csem auxílio de mãos, feriu a estátua nos sempre, 45 "como viste que do monte foi cortada uma pedra,
pés de ferro e de barro e os esmiuçou. 35 dEntão, foi junta· sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro,
mente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de
os quais se fizeram e como a palha das eiras no estio, e o vento ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.
os levou, !e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra 4ó vEntão, o rei Nabucodonosor se inclinou, e se prostrou
que feriu a estátua se 8tornou em grande montanha, hque rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem
encheu toda a terra. oferta de manjares xe suaves perfumes. 47 Disse o rei a Da·
36 Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao niel: Certamente, o zvosso Deus é o Deus dos deuses, e o
rei. 37 iTu, ó rei, rei de reis, ia quem o Deus do céu conferiu o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste reve·
reino, o poder, a força e a glória; 38 a cujas mãos foram lar este mistério. 48 bEntão, o rei engrandeceu a Daniel, ce
entregues os filhos dos homens, 1onde quer que eles habitem, lhe deu muitos e grandes presentes, e o pôs por governador
e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses de toda a província da Babilônia, como também o fez d chefe
sobre todos eles, mtu és a cabeça de ouro. 39 Depois de ti, se supremo de todos os sábios da Babilônia. 49 A pedido de Da·
levantará "outro reino, ºinferior ao teu; e um terceiro reino, de niel, e constituiu o rei a Sadraque, Mesaque e Abede·Nego so-
bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. 40 PO quarto bre os negócios da província da Babilônia; Daniel, porém,
reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e !permaneceu 6 na corte do rei.
esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em
pedaços e esmiuçará. 41 Quanto ao que viste dos pés e dos Li\IT'ados os companheiros de Daniel
artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será da fornalha de fogo
esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que ti·
firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de 3
nha 1 sessenta côvados de altura e seis de largura; le·
lodo. 42 Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, vantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia.

A ªDn2.47 9Conhecesses lospensamentos 32bDn2.38,45 332Dubarroqueimado 34C[Zc4.6] 35d[Ap16.14] 8 0s13.3ÍSI


37 10,36 g[ls 2.2-3] h SI 80.9 37 i Jr 27.6-7 /Ed 1.2 38 IDn 4.21-22 m Dn 2.32 39 n Dn 5.28.31 o On 2.32 40 P Dn 7.7,23 42 q Dn
7.24 3Qu quebradiço 44 'Dn 2.28.37 s[Lc 1.32-33] tis 60.12 4Qu esmagará 5Ut.porá um fim a 45 uDn 2.35 46 VAt 10.25; 14.13 XEd
6.1 o 47 ZDn3.28-29; 4.34-37 ª[Dt 1o17] 48b[Pv14.35; 211] CDn 2.6 dDn 4.9; 5.11 49 8 Dn 1.7; 3.12/Et 2.19,21; 3.2 óUt.noportão
CAPÍTULO 3 1 1 27 m. aproximadamente
•2.32-33 ouro ... ferro ... barro. Há uma diminuição progressiva no valor dos um reino que não será jamais destruído. O reino eterno é o reino de nosso
materiais na imagem, da cabeça para os pés. Senhor Jesus Cristo (Is 9.7; Lc 1.33; Hb 1.8; Ap 11.15). Esse reino foi inaugurado
•2.34 pés de ferro e de barro. Alguns intérpretes vêem a mistura de ferro e e pregado por ocasião do primeiro advento de Cristo (Me 1.15; Mt 12.28; 24.14).
barro, nos pés da imagem. como representativa de uma segunda fase do quarto mas só chegará à sua plenitude por ocasião do segundo advento de Cristo. Ver "O
reino. diferente das pernas de ferro sólido (cf. os vs. 41-43). Reino de Deus", em Lc 17.20.
•2.46 o rei Nabucodonosor... se prostrou rosto em terra perante Daniel. Em
•2.37-40 rei de reis ... O quarto reino. Os quatro reinos têm sido geralmente
uma reversão de papéis, Daniel é exaltado a uma posição de honra pela intervenção
entendidos desde Josefa (século 1d.C 1 como sendo os impérios da Babilônia.
do Senhor em seu favor. Quamo à reação do rei, comparar com At 14.11; Ap 22.8.
medo-persa, Grécia e Roma. Mas outros os entendem como sendo os reinos da
Babilônia, da Média, da Pérsia e da Grécia, uma seqüência em consonância com o •2.47 Deus dos adeuses. A declaração de Nabucodonosor não significa,
ponto de vista crítico segundo o qual o livro foi escrito, depois dos fatos, por uma necessariamente. que ele tivesse reconhecido o Deus de Israel como sendo o
testemunha viva durante o período da ascendência dos gregos, no Oriente único Deus. A sua exclamação reconhece tão-somente que o Deus de Israel é su-
Médio. Entretanto. os símbolos dos animais, em Dn 7.4-7, ajustam-se, perior aos outros deuses.
historicamente. à estrutura anterior de um Império Medo-Persa combinado, o Senhor dos reis. Nabucodonosor confessa que o Deus de Israel é o Deus su-
deixando a Grécia como o terceiro e Roma como o quarto reino. Oapelo de Dario premo sobre os governantes e os reinos humanos. Este é o tema unificador de Dn
à única "lei dos medos e dos persas" (Dn 6.12; cf. 5 28) concorda com a primeira 1-6 (Introdução: Características e Temas).
ordem dos quatro impérios mundiais. •2.48 toda a província da Babilônia. O Império Babilônico estava dividido em
•2.43 misturar-se-ão ... mas não se ligarão um ao outro. Os elementos províncias. Daniel foi nomeado governante (cf. 3.2) da província onde estava a capi-
formadores do quarto reino não podem preservar sua união. Uma interpretação tal do império. José e Mordecai também foram elevados. como judeus, ao poder
possível da imagem é que o ferro representa a cultura e as leis da Roma imperial. político em uma terra estrangeira. Ver Gn 41.37-44 (José) e Et 8.1-2 (Mordecai)
enquanto que o barro representa as tradições políticas e sociais divergentes das •3.1 uma imagem de ouro. Embora as proporções da largura pudessem sugerir
suas muitas partes formadoras. O quarto reino, embora poderoso, é temporário. um obelisco e não uma estátua, o monumento é chamado de "imagem".
•2.44 destes reis. A interpretação mais natural é que os reis são os governan- Provavelmente, se tratasse de uma figura em pé sobre um pedestal.
tes das quatro potências mundiais que compõem a imagem que acaba de ser Provavelmente, fosse banhado a ouro, pois a imagem se parecia muito com
descrita. A outra possibilidade é que eles são uma seqüência de diversos aquela descrita em Is 40.19; 41.7; Jr 10.3-9.
governantes somente do quarto reino. campo de Dura. Situado. provavelmente, 1Okm ao sul da cidade de Babilônia.
DANIEL 3 988
2 Então, o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os estes homens perante o rei. 14 Falou Nabucodonosor e lhes
prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magis- disse: É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que
trados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro
que viessem à consagração da imagem que o rei Nabucodo- que levantei? 1s Agora, pois, estai dispostos e, quando
nosor tinha levantado. 3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do
prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magis- saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que
trados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante,
a consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha le- lançados na fornalha de fogo ardente. hE quem é o deus que
vantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodo- vos poderá livrar das minhas mãos? 16 Responderam
nosor tinha levantado. 4 Nisto, o arauto apregoava 2 em alta Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor,
voz: Ordena-se a vós outros, ªó povos, nações e homens de iquanto a isto não necessitamos de te responder. 17 Se o
todas as línguas: 5 no momento em que ouvirdes o som da nosso iDeus, a quem servimos, quer 1livrar-nos, ele nos
trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei.
de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis 18 Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus
a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou. 6 Qual- deuses, mnem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.
quer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo ins- 19 Então, Nabucodonosor se encheu de fúria e, trans-
tante, blançado na fornalha de fogo ardente. 7 Portanto, tornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e
quando todos os povos ouviram o som da trombeta, do pífaro, Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes
da harpa, da cítara, do saltério e de toda sorte de música, se mais do que se costumava. 20 Ordenou aos homens mais
prostraram os povos, nações e homens de todas as línguas e poderosos que estavam no seu exército que atassem a
adoraram a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tinha Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha
levantado. de fogo ardente. 21 Então, estes homens foram atados com os
8 Ora, no mesmo instante, se e chegaram alguns homens seus mantos, suas túnicas e chapéus e suas outras roupas e
caldeus e acusaram os judeus; 9 disseram ao rei Nabu- foram lançados na fornalha sobremaneira acesa. 22 Porque a
codonosor: dó rei, vive eternamente! 10 Tu, ó rei, baixaste palavra do rei era 3 urgente e a fornalha estava sobremaneira
um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da acesa, as chamas do fogo mataram os homens que lançaram de
trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. 23 Estes
de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, caíram
imagem de ouro; 11 e qualquer que não se prostrasse e não atados dentro da fornalha sobremaneira acesa.
adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente. 12 eHá 24 Então, o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou
uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da depressa, e disse aos seus 4 conselheiros: Não lançamos nós
província da Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É
estes homens, ó rei/não fizeram caso de ti, a teus deuses não verdade, ó rei. 25 Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro
servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste. homens soltos, que n andam passeando dentro do fogo, sem
13 Então, Nabucodonosor, girado e furioso, mandou nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ºa 5 um
chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a filho dos deuses. 26 Então, se chegou Nabucodonosor à porta

• 4 ª Dn 4.1. 625 -; L1;~com f;~ -6 b~~;~~2;, Ez-;218-22~ Mt 13 ~2.~0; ~p 13,;5~14.11~~d


9 2; 4.12-16; Et 3.89;
9 dDn 24; 5.10; 6.6,21 12 e Dn 249/Dn 1.8; 6.12-13 13 gDn 2.12; 3.19 15 h Ex 5 2; 2Rs 18.35; Is 36 18-20; Dn 247 16 i[Mt
Dn~12-13 ~
10.19] 17 I Jó 5.19; [SI 27.1-2; Is 26.3-4]; Jr 1.8; 15.20-21; Dn 6.19-22 t 1Sm 17.37; Jr 1.8; 15.20-21; 42.11; Dn 6.16, 19-22; Mq 7.7; 2Co
1.1 O 18 m Já 13.15 22 3 Ou áspera 24 4 Altos oficiais 25 n [SI 913-9]; Is 43.2 o Jó 1.6; 38. 7; [SI 34. 7]; Dn 3.28 5 Ou um filho de
Deus ou um anjo
•3.2 sátrapas... oficiais. Não são conhecidas as responsabilidades precisas •3.12 Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Ver a nota em Dn 1.7. Ou Daniel
destes diferentes oficiais. Cinco dos sete termos são de origem persa. o que não estava presente ou foi isentado, por causa de sua elevada posição, de ter que
parece indicar que Daniel não terminou de escrever o.relato senão depois do demonstrar a sua lealdade (2.48-49).
começo do governo persa, que se deu em 539 a C.
•3.15 quem é o deus. Da perspectiva politeísta de Nabucodonosor, não havia
•3.5 trombeta ... saltério. Dentre os seis vocábulos usados para indicar deus capaz de tal livramento. Sem sabê-lo. Nabucodonosor desafiou o poder do
instrumentos musicais, os três traduzidos aqui por "harpa". "saltério" e "gaita de Deus de Israel.
foles" foram tomados por empréstimo dos gregos. Isso não surpreende, visto que •3.17-18 Se ... quer livrar-nos... Se não ... Estes versículos expressam o tema
a troca internacional de músicos e instrumentos musicais. nas cortes reais, era central deste capítulo. A idéia não é que Deus sempre protegerá o seu povo dos
um costume de longa data. A presença desses três termos gregos não danos físicos lls 43.1-2). Ele pode fazer isso e. sem dúvida, é capaz de tanto A
estabelece que a narrativa tivesse sido escrita após o tempo de Alexandre, o idéia central é que o povo de Deus devia ser obediente a ele, sem se importar
Grande. conforme tem sido. algumas vezes, argumentado. quais fossem as conseqüências.
•3.6 fornalha de fogo ardente. Fornalhas ou fornos eram usados na Babilônia •3.25 um filho dos deuses. Como Nabucodonosor reconheceu a quarta
para cozer tijolos !Gn 11.3). Execuções na fornalha não eram incomuns IJr 29.22; pessoa na fornalha como um ser divino, não ficou explicado (v. 28, nota). Talvez a
cf. Heródoto 1.86; 4.69; 2 Macabeus 7) aparição miraculosa fosse, por si mesma. suficiente para que o rei tivesse
•3.8 caldeus. Ver 2.2, nota; aqui, "caldeus", provavelmente. indique a questão da chegado a essa conclusão.
nacionalidade. Os informantes tinham preconceitos contra os judeus lv 12; cf. Et •3.26 Deus Altíssimo. Este é um título que exprime a autoridade universal de
3.5-6). provavelmente. porque tinham inveja da posição privilegiada dos judeus. Deus. Tal como no v. 29 e em 2.47, tal confissão. nos lábios de um pagão, não é
da fornalha sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, servos do PDeus Altíssimo, saí e
vi.nde\ Então, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do
meio do fogo. 27 Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os
989
quando estava no meu leito, eos pensamentos e as visões da
minha cabeça me !turbaram. 6 Por isso, expedi um decreto,
pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os
DANIEL 3, 4
l
sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpreta-
governadores e conselheiros do rei e viram que o fogo não ção do sonho. 7 gEntão, entraram os magos, os encantadores,
teve poder algum Qsobre os corpos destes homens; nem os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me
foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus fizeram saber a sua interpretação. 8 Por fim, se me apresen-
mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles. tou Daniel, hcujo nome é Beltessazar, segundo o nome do
28 Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de meu deus, e 1no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu 'anjo e contei o sonho, dizendo: 9 Beltessazar, ichefe dos magos, eu
livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum
cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive;
servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu dize-me a sua interpretação. to Eram assim as visões da
Deus. 29 5 Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava
nação e língua que disser blasfêmia contra o 1Deus de olhando e vi 1uma árvore no meio da terra, cuja altura era
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja "despedaçado, e as grande; 11 crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que
suas casas sejam feitas em monturo; vporque não há outro a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da
deus que possa livrar como este. 30 Então, o rei fez prosperar terra. 12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto,
a Sadraque, Mesaque e Al:jede-Nego na província da Babilô- abundante, e havia nela sustento para todos; mdebaixo dela
nia. os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu
faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se
A loucura de Nabucodonosor mantinham dela. 13 No meu sonho, quando eu estava no
O rei Nabucodonosor ªa todos os povos, nações e meu leito, vi num vigilante, ºum santo, que descia do céu,
4 homens de todas as lfnguas, que habitam em toda a terra:
Paz vos seja multiplicada! 2 Pareceu-me bem fazer conheci-
14 clamando 1 fortemente e dizendo: P Derribai a árvore,
cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto;
dos os sinais e maravilhas bque Deus, o Altíssimo, tem feito qafugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus
para comigo. 3 couão grandes são os seus sinais, e quão ramos. 15 Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada
poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino d sempiter- com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela
no, e o seu domínio, de geração em geração. molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os
4 Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa e animais, a erva da terra. 16 Mude-se-lhe o coração, para que
feliz no meu palácio. s Tive um sonho, que me espantou; e, não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de

• 26 P [Dn 4.2-3, 17,34-35] 27 q [Is 43.2]; Hb 11.34 28 r [SI 34.7-8]; Is 37.36; [Jr 17.7]; Dn 6.22-23; At 5.19; 12.7 29 s Dn 6.26 t Dn
2.46-47; 4.34-37 UEd 6.11; Dn 2.5 von 6.27
CAPÍTULO 4 1 aEd 4.17; Dn 3.4; 6.25 2 b Dn 3.26 3 e 2Sm 7.16; SI 89.35-37; Dn 6 27; 7.13-14; [Lc 1.31-33] d [Dn 2.44; 4.34; 6.26]
5 e Dn 2.28-29/Dn 2.1 7 8Dn 2.2 8 h Dn 1.7 ils 63.11; Dn 2.11; 4.18; 511,14 9 iDn 2.48; 5.11 10 IEz 31.3; Dn 4.20 12 m Jr
27.6; Ez 17.23; 31.6; Lm 4.20 13 n [Dn 4.17.23] ºDt 33.2, SI 89.7; Dn 8.13; Zc 14.5; Jd 14 14 PEz 31.10-14; Dn 4.23; [Mt 3.10; 7.19; Lc
13 7-9] QEz 31.12-13; Dn 4.12 1 Lit. com força
um reconhecimento de que o Senhor de Daniel é o único Deus, mas tão-somente 34-35, comunica o tema central do Livro de Daniel, ou seja, a absoluta soberania
que ele é supremo sobre todos os deuses 14.2, 17,34). Para um judeu, porém. isso do Deus de Israel.
significa que só existe um Deus 14.24-32; 5.18,21; 7.18-27). •4.6-7 Ver as notas em 1.20; 2.2.
•3.28 anjo. O "anjo" pode ser identificado com o Anjo do Senhqr (Gn 16.7).
•4.8 Beltessazar. Ver a nota em 1.7.
Nesse caso. teria sido uma manifestação visível do próprio Deus IEx 3.2). Deus
prometeu a sua presença, quando Israel passasse pelo fogo lls 43.1-3). o espírito dos deuses. O Espírito Santo era o autor imediato do extraordinário
•4.1 Orei Nabucodonosor. Este incidente final, no Livro de Daniel, associado a poder de Daniel para conhecer e interpretar segredos 12.19, nota). As palavras de
Nabucodonosor, deve ser colocado perto do fim do seu reinado de quarenta etrês Nabucodonosor concordam com isso, embora ele pudesse estar pensando em
anos. quando seus projetos de construção estavam terminados e o seu poderes- um outro deus conhecido por ele e não no Deus de Daniel.
tava no auge lcf. vs. 4,30). Ele representa o mais poderoso reino da terra lvs. •4.10-12 Uma árvore. Ver Ez 31 quanto a uma extensa descrição da Assíria,
10-12, nota). em oposição ao governo do Deus Altíssimo. Os registros babilônicos que usa a figura de uma árvore. Um simbolismo imaginário é usado tanto com
de longos períodos de ausência e de atos blasfemos por parte do rei Nabonido relação a indivíduos justos, quanto a indivíduos ímpios e também sobre nações
!governou entre 556-539 a.C.; 5.1, nota) assemelham-se. de algumas maneiras. ISI 1.3; 37.35; 52.8; 92.12; Jr 11.16-17; 17.8).
à narrativa de Daniel sobre Nabucodonosor. Uma outra composição escrita, cha-
•4.11 a sua altura chegava até ao céu. A palavra "céu" é um vocábulo-chave
mada de "Oração de Nabonido", foi descoberta entre os Manuscritos do Mar
neste capítulo. Embora o reino de Nabucodonosor chegasse, em sua altura, da
Morto !documentos escondidos antes do ano 70 d.C. por uma comunidade ju-
terra ao céu, o céu condena o seu orgulho, relembrando-lhe que sua autoridade e
daica em Qumran e encontrados em 1947). Essa "oração" também é seme-
até sua sanidade mental são dádivas de Deus.
lhante àquilo que Daniel disse sobre Nabucodonosor. Nabonido é separado da
sociedade por um período de sete anos e restaurado com a ajuda de um exilado •4.13 vigilante. Um nome usado somente aqui no Antigo Testamento para
judeu. após a confissão de seus pecados. Entretanto, a sua aflição é descrita indicar um anjo.
como uma forma de enfermidade da pele e não como um distúrbio mental. •4.16 coração de animal. O distúrbio mental mediante o qual uma pessoa se
•4.2 Deus, o Altíssimo. Ver as notas em 2.47; 3.26. imagina um animal é chamado de "zoantropia" lum nome composto das palavras
•4.3 Quão grandes. A confissão de Nabucodonosor. neste versículo e nos vs. gregas que significam "animal" e "homem").
DANIEL 4 990
animal; e passem sobre ela sete rtempos 2 . 17 Esta sentença é teu, depois que tiveres conhecido que o ncéu 5 domina.
por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos 27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e ºpõe termo,
santos; a fim de 'que conheçam os viventes 1 que o Altíssimo pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades,
tem domínio sobre o reino dos homens; e o "dá a quem quer usando de misericórdia para com os pobres; e Ptalvez se
e até ao vmais humilde dos homens constitui sobre eles. prolongue qa tua tranqüilidade.
18 Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó 28 Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor.
Beltessazar, dize a interpretação, xporquanto todos os 29 Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da
sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpre- cidade de Babilônia, 30 rfa]ou o rei e disse: Não é esta a
tação, mas tu podes; 2 pois há em ti o espírito dos deuses grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o
santos. meu grandioso poder e para glória da minha majestade?
19 Então, Daniel, ªcujo nome era Beltessazar, esteve 31 ·1 Falava ainda o rei quando desceu 1 uma voz do céu: A ti
atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino.
bturbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não 32 "Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será
te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os
Beltessazar e disse: Senhor meu, e o sonho seja contra os bois, e passar-se-ão sete 6 tempos por cima de ti, até que
que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
inimigos. 20 d A árvore que viste, que cresceu e se tornou homens e o dá a quem quer. 33 No mesmo instante, se
forte, cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de
toda a terra, 21 cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu
abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram
da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as
ramos as aves do céu faziam morada, 22 eés tu, ó rei, que das aves.
cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e 34 vMas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor,
chega até ao céu, !e o teu domínio, até à extremidade da levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e
terra. 23 gOuanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao xque vive
que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, para sempre, 2 cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de
mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com geração em geração. 35 ªTodos os moradores da terra são
cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, bele
molhada do orvalho do céu, "e a sua porção seja com os opera com o exército do céu e os moradores da terra; cnão
animais do campo, até que passem sobre ela sete 3 tempos, há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: d Que fazes?
24 esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do 36 Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, epara
Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor: 25 serás a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha
;expulso de entre os homens, e a tua morada será com os majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus
animais do campo, e dar-te-ão a icomer ervas como aos conselheiros e os meus grandes; fui !restabelecido no meu
bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão reino, e a mim se me gajuntou extraordinária grandeza.
sete 4 tempos por cima de ti, 1até que conheças que o 37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, "louvo, exalço e glorifi-
Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o m dá a co ao Rei do céu, porque ;todas as suas obras são verdadei-
quem quer. 26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a ras, e os seus caminhos, justos, ie pode humilhar aos que
cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser andam na soberba.

16 rDn 11.13; 12.7 2Possivelmente. anos 17 ss1 9 16; 83.18 tOn 2.21, 4.25.32; 5.21 u Jr 27.5-7; Ez 29.18-20; Dn 2 37; 5.18 v1 Sm 2.8; Dn
11.21 18 x Gn 41.8, 15; Dn 5.8.15 z Dn 4.8-9; 5.11.14 19 a Dn 4.8 b Jr 4 19; Dn 7.15.28; 8.27 CZSm 18.32; Jr 29. 7; Dn 4.24; 10.16
20 dDn 4.10-12 22 eon 2.37-38 /Jr 27.6-8 23 g Dn 4.13-15 h Dn 5.21 3 Possivelmente, anos 25 iDn 4.32; 5.21 iSI 106.20 ts183.18;
Dn 4.2.17,32 m Jr 27.5 4 Possivelmente, anos 26 n Mt 21.25; Lc 15.18 5 Deus 27 o [Pv 28.13]; Is 55.7; Ez 18.21-22; [Rm 2.9-11; 1Pe
4 8) P [SI 41 1-3); Is 58.6-7, 10 q 1Rs 21.29 30 rPv 16.18; Is 13.19; Dn 5.20 31 s On 5 5; Lc 12.20 tOn 4.24 32 u [On 4.25) ô Possivelmente.
anos 34 v Dn 4.26 x SI 102.24-27; Dn 6.26; 12.7; [Ap 4 1O] z [SI 1O16]; Dn 2 44. 7.14; Mq 4.7; [Lc 1 33] 35 a SI 39.5; Is 40.15, 17 b SI
115.3; 135 6; Dn 6.27 e Já 34.29; Is 43.13 d Já 9.12; Is 45 9; Jr 18 6; Rm 9.20; [1 Co 2 16] 36 e Dn 4.26 /2Cr 20.20 g Já 42.12; [Pv 22.4; Mt
633] 37 h Dn 246-47; 3.28-29 i Dt 324; [SI 334]; Is 5 16; [Ap 153] i Êx 18 11. Já 40.11-12; Dn 5.20

passem sobre ela sete tempos. Isso significa sete períodos de duração não apesar da seve11dade e da duração de sua enfermidade, ele recuperaria o trono,
especificada lcf. vs. 23.25). como estações. anos ou meses. quando reconhecesse a soberania de Deus.
•4.22 és tu, ó rei. Com esta decla1 ação, mais ou menos como Natã fez com o céu domina. Ver a nota textual. Esta é a primeira vez nas Escrituras em que a
Davi l2Sm 12. 7). Daniel aplica o sonho a Nabucodonosor. palavra "céu" é usada como substituição para "Deus" 14.37) Comparar Mt 5.3
•4.25 a tua morada será com os animais do campo. Com detalhes vívidos, com Lc 6.20.
Daniel explica como a mente de Nabucodonosor entra11a em colapso. Ele seria
privado de seu trono e perderia a sua dignidade de ser humano. criado para •4.34-35,37 Embora Nabucodonosor confesse a soberania de Deus. ele não
controlar os animais e não para imitá-los. confessa a crença que o Deus de Israel é o único Deus. Ver a nota teológica "Deus
Reina: A Soberania Divina".
o Altíssimo tem domínio. Opropósito da humilhação de Nabucodonosor era o
de compeli-lo a reconhecer a soberania de Deus. •4.37 Rei do céu. Este título ímpar sintetiza o tema do capítulo: o governo divino
•4.26 o teu reino tornará a ser teu. A Nabucodonosor foi prometido que, exercido do céu lvs. 3.26 e notas).
DEUS REINA: A SOBERANIA DIVINA
Dn 4.34
991

A afirmação de que Deus é absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e ao
---1 DANIEL 5

louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; cf. SI i

11.4; 45.6; 47 .8-9; Hb 12.2; Ap 3.21 ). Somos constantemente lembrados, em termos explícitos, que o Senhor (Javé) reina
como rei, exercendo o seu domínio sobre grandes e pequenos, igualmente (Êx 15.18; SI 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5; 146.10; Pv
16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt 10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele
mesmo escolhe e realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os seus planos. Ele exerce o seu
governo no curso normal da vida, bem como nas mais extraordinárias intervenções ou milagres.
As criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é, têm o poder de tomar decisões pessoais
quanto àquilo que desejam fazer. Não seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim. Nem
seria possível distinguir - como as Escrituras fazem - entre os maus propósitos dos agentes humanos e os bons
propósitos de Deus, que, soberanamente, governa a ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At
2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. Ocontrole de Deus sobre os nossos atos livres
- atos que praticamos por nossa própria escolha - é tão completo como o é sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos
como isso pode ser feito. Apesar desse controle, Deus não é e não pode ser autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade
aos agentes morais, no que concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo sua justiça. O SI 93 ensina que o
governo soberano de Deus (a) garante a estabilidade do mundo contra todas as forças do caos (vs. 1-4); (b) confirma a
fidedignidade de todas as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v. 5). O Salmo inteiro
1 expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.
- · - - - - - - - - - - - - -------

A escritura na parede relaxaram, e os seus !joelhos batiam um no outro. 7 80 rei


O rei Belsazar ªdeu um grande banquete a mil dos seus ordenou, 2em voz alta, que se introduzissem hos encantado-
5 grandes e bebeu vinho na presença dos mil. 2 Enquanto
Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os
res, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da
Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua
utensílios de ouro e de prata bque Nabucodonosor, seu 1 pai, interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de
tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles ouro ao pescoço 1e será o terceiro no meu reino. B Então,
bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e entraram todos os sábios do rei; !mas não puderam ler a
concubinas. 3 Então, trouxeram os cutensílios de ouro, que escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. 9 Com
foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em isto, se 1perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o
Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas semblante; e os seus grandes estavam 3 sobressaltados.
mulheres e concubinas. 4 Beberam o vinho d e deram 10 A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei
louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: ó rei,
madeira e de pedra. vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem
s eNo mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de se mude o teu semblante. 11 mHá no teu reino um homem
homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu 4 pai, se
parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria
escrevendo. 6 Então, se mudou o semblante do rei, e os seus dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o
pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e

A~ l~
CAPÍTULO 5 1 a Et 1.3; 22.12-14 2 b 2Rs; 13; 25~ 1-;~11,
Ed Jr 52.19; D~
1.2 1 Du antepassado 3 e2Cr 36.1 O- 4 d Is 42.8;
Dn 5.23; Ap 9.20 5 eDn 4.31 6/Ez 7.17; 21.7 7 gDn 4.6-7; 5.11, 15 h Is 47.13 iDn 6.2-3 2 Lit com força 8 J Gn 41.8; Dn 2.27; 4.7;
5.15 9 1Jó 18.11; Is 21.2-4; Jr 6.24; Dn 2.1, 5.6 3 perplexos 11 m Dn 2.48; 4.8-9, 18 4 Du antepassado
•5.1 O rei Belsazar. Onome "Belsazar" significa "Bel protege o rei" (não deve ser contaminados não somente por terem sido utilizados para finalidades profanas,
confundido com "Beltessazar", o nome babilônico que foi dado a Daniel, 1.7, nota). mas também por terem sido usados para honrar os deuses falsos da Babilônia.
Com base em fontes babilônicas, sabemos que Belsazar foi encarregado dos •5.7 os encantadores, os caldeus e os feiticeiros. Ver as notas em 1.20;
negócios na Babilônia, enquanto seu pai, Nabonido, o último rei da Babilônia, 2.2; cf 2.27; 4. 7.
passava extensos períodos de tempo em Tema. na Arábia. Os acontecimentos me declarar a sua interpretação. Uma vez mais, um rei requer a ajuda de Daniel
deste capítulo ocorreram em 539 a.C., o ano em que os babilônios caíram diante para compreender o que uma mensagem de Deus significava para ele (25, nora/_
dos persas. quarenta e dois anos depois da morte de Nabucodonosor, em 563 a.C.
terceiro no meu reino. Ou seja, próximo, quento à autoridade, a Nabonido e
•5.2 bebia e apreciava o vinho. Sob a má influência do vinho, Belsazar Belsazar (5.1, nota). "Terceiro no reino" é a designação oficial de uma alta
cometeu um ato de sacrilégio. autoridade, embora não necessariamente a literal terceira autoridade no trono.
seu pai. O pai verdadeiro de Belsazar era Nabonido e não Nabucodonosor. Mas •5. 1OA rainha-mãe. Éimpossível que esta fosse uma esposa de Belsazar, visto
não era incomum que os termos "pai" (vs. 11, 13, 18) e "filho" (v. 22) fossem que ela já estava presente no banquete (vs. 2-3). Provavelmente, deva ser
usados. respectivamente, como equivalentes de "antepassado" (nota textual) e identificada como uma das poucas mulheres que tinham poder significativo nas
"descendente" antigas cortes reais (cf. 1Rs 15.3; 2Rs 11.1-3; 24.12; Jr 13.18).
•5.4 deram louvores aos deuses. Os utensílios do templo de Jerusalém foram •5. 11 o espírito dos deuses santos. Ver a nota em 4.8. Não é de surpreender
DANIEL 5 992
dos feiticeiros, 12 porquanto espírito excelente, conhecimen- gante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua
to e inteligência, interpretação de sonhos, 5 declaração de glória. 21 Foi vexpulso dentre os filhos dos homens, o seu
enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada
na quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como
a Daniel, e ele dará a interpretação. aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, xaté
13 Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou que 2conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o
o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, 6 dos cativos de reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele. 22 Tu,
Judá, que o rei, meu 7 pai, trouxe de Judá? 14 Tenho ouvido Belsazar, que és seu filho, znão humilhaste o teu coração,
dizer a teu respeito que 0 o 8 espírito dos deuses está em ti, e ainda que sabias tudo isto. 23 ªE te 3 levantaste contra o
que em ti se acham luz, inteligência e excelente sabedoria. Senhor do céu, pois foram trazidos os butensílios da 4 casa
15 Acabam de ser introduzidos à minha presença Pos sábios dele perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e
e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste
saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpre- louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de
tação destas palavras. 16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti madeira e de pedra, e que não vêem, não ouvem, nem sabem;
que podes dar interpretações e 9 solucionar casos difíceis; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida de todos os teus
qagora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua caminhos, a ele não glorificaste.
interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro 24 Então, da parte dele foi enviada aquela 5 mão que traçou
ao pescoço e serás o terceiro no meu reino. esta escritura. 25 Esta, pois, é a escritura que se traçou: 6 MENE,
17 Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os MENE, 7TEOUEL e 8 PARSIM. 26 Esta é a interpretação daquilo:
teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele. 27 TEOUEL:
todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpre- e Pesado foste na balança e achado em falta. 28 PERES: Dividido
tação. 18 ó rei! Deus, 'o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu foi o teu reino e dado aos !medos e aos gpersas 9 •
1 pai, o reino e grandeza, glória e majestade. 19 Por causa da 29 Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de
grandeza que lhe deu, 5 povos, nações e homens de todas as púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e
línguas tremiam e temiam diante dele; 1 matava a quem proclamassem h que passaria a ser o terceiro no governo do
queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria seu reino. 30 íNaquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei
exaitava e a quem queria abatia. 20 "Quando, porém, o seu dos caldeus. 31 iE Dario, o medo, com cerca de sessenta e
coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arro- dois anos, se apoderou do reino.

• 12 n Dn 1.7; 4.8 5 Lit. desatar de nós 13 ó Lit. que és dos filhos do cativeiro 70u antepassado 14 o Dn 4.8-9, 18; 5.11-12 8 Ou seja, o
Espírito de Deus 15 P Dn 5.7-8 16 q Dn 5.7,29 9 Lit. desatar nós 18 r Dn 2.37-38; 4.17,22,25 1 Ou antepassado 19 s Jr 27.7 t Dn
2.12-13; 3.6 20 u Dn 4.30,37 21 v Dn 4.32-33 x Ez 17.24 2 Reconheceu 22 z 2Cr 33.23; 36.12 23 a Dn 5.3-4 b Êx 40 9 e SI
115.5-6 d[Jr 10.23] 3Exaltaste 4Templo 24 5Lit.palma 25 ó Lit.umamina [50 unidade de shekel). do verbo "contar" 7Lit. umshekel, do
verbo "pesar" BLit. e metade de um shekel, do verbo "dividir;" plural de Peres, v. 28 27 es162.9 28/Dn 5.31, 9.1 gDn 6.28 9 Aram. Paras
consoante a Peres 29 h Dn 5.7, 16 30 i Jr 51.31,39,57 31 iDn 2.39; 9.1
que a rainha-mãe estivesse mais familiarizada com a vida e a proeminência de apresentado pelo orgulho de Belsazar e seu desafio ao Deus que tinha
Daniel do que estava Belsazar. Daniel estaria na sua nona década de vida em demonstrado sua existência e soberania nos dias de Nabucodonosor.
539 a.C. Ele tinha sido trazido para a Babilônia sessenta e seis anos antes, •5.25 MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. O aramaico, como o hebraico,
quando jovem (605 a.C.; 1.1, nota). geralmente é escrito sem as vogais, e esta brevíssima inscrição teria sido ambígua.
•5.12 acharam neste Daniel. Estas dádivas divinas podem ser entendidas •5.26 MENE. Esta palavra aramaica poderia ser um verbo com o sentido de
como a presença do Espírito de Deus em alguém ou, simplesmente, como uma "contado" ou um substantivo que significa "mina", uma unidade de valor monetário.
característica espiritual notável desse indivíduo. Daniel a lê como se fosse verbo, para indicar que a duração do reinado de Belsazar
Beltessazar. Ver a nota em 1.7. tinha sido determinada por Deus e estava prestes a terminar (Jr 50.18).
•5.16 o terceiro no meu reino. Ver a nota no v. 7. •5.27 TEQUEL. Este vocábulo também é ou um verbo ou um substantivo. Daniel o
•5.17 Os teus presentes fiquem contigo. Daniel rejeita o oferecimento de lê como um verbo com o sentido de "pesado", significando que Belsazar não
Belsazar porque tem consciência de que somente através da misericórdia divina estava à altura dos padrões divinos de retidão.
ele é capaz de responder ao pedido do rei e ele não quer usar o dom divino, que •5.28 PERES. Se os convidados para o banquete entenderam os três termos
Deus lhe deu, para efeito de ganho pessoal (cf Gn 14.23; 1Sm9.7, nota). Mas por como substantivos que indicavam várias unidades de dinheiro \mina ou sessenta
qual razão ele aceitou presentes em ocasião anterior (2.48) e também sidos; teque/, um sido; peres, meio siclo). não é de surpreender que não tenham
posteriormente (v. 29)? Alguns intérpretes acreditam que esteja aqui evitando a podido entender a inscrição.
pressão real para modificar sua terrível mensagem (Nm 22.18; Mq 3.5, 11) medos e aos persas. Ver a Introdução: Data e Ocasião.
•5.18 Nabucodonosor, teu pai. Ver a nota no v. 2. •5.29 mandou Belsazar. À semelhança de Nabucodonosor, Belsazar honra a
•5.21-28 Ver "Deus Re1na: A Soberania Divina", em 4.34. Daniel (2.48), mas. diferentemente de seu antecessor, ele não honrou ao Deus de
Daniel (2.46-4 7)
•5.21 Deus, o Altíssimo, tem domínio. Esta declaração resume a teologia do
Livro de Daniel (Introdução: Características e Temas). •5.30 foi morto Belsazar. Não se sabe como Belsazar foi executado.
Entretanto. os historiadores gregos Heródoto e Xenofonte deixaram registrado
•5.22 que és seu filho. Ver a nota no v. 2. que a Babilônia foi conquistada de surpresa pelos persas, enquanto os babilônios
ainda que sabias tudo isto. Visto que o rei está sem desculpa, até mais do que se ocupavam com a orgia e com as danças.
o seu pai, o tempo da misericórdia tinha passado (contrastar com um caso •5.31 Dario, o medo. Há muito tempo vem sendo alegado que esta e outras
diferente em 1Tm 1.13) referências a Dario, o medo, no Livro de Daniel (6.1,6,9,25,28; 9.1; 11.1 ), são
•5.24 Então. A escrita na parede é a resposta de Deus ao desafio arrogante equívocos históricos. Quanto a esse debate, ver a nota em 6.1.
993 DANIEL 6

Daniel na cova dos leões foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar,
Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e diante do seu Deus, 12 hse apresentaram ao rei, e, a respeito
6 vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; 2 e sobre do interdito real, lhe disseram: Não assinaste um interdito
eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes que, por espaço de trinta dias, todo homem que fizesse
sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano. petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó
3 Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse:
sátrapas, ªporque nele havia um espírito excelente; e o rei Esta palavra é certa, 'segundo a lei dos medos e dos persas,
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. 4 bEntão, os 2 que se não pode revogar. 13 Então, responderam e disseram
presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a ao rei: Esse Daniel, ique é 3 dos exilados de Judá, 1não faz
Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes, três
culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele vezes por dia, faz a sua oração.
nenhum erro nem culpa. 5 Disseram, pois, estes homens: 14 Tendo o rei ouvido estas coisas, mficou muito pena-
Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, lizado e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e, até ao
se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus. pôr-do-sol, se empenhou por salvá-lo. 15 Então, aqueles
6 Então, estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei e homens 4 foram juntos ao rei e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é
lhe disseram: có rei Dario, vive eternamente! 7 Todos os nlei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto
presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e que o rei sancione se pode mudar. 16 Então, o rei ordenou
governadores dconcordaram em que o rei estabeleça um que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões.
decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente
espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus ou a serves, que ele te livre. 17 ºFoi trazida uma pedra e posta
qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos sobre a boca da cova; Pselou-a o rei com o seu próprio anel e
leões. 8 Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito e assina a com o dos seus grandes, para que nada se mudasse a respeito
escritura, para que não seja mudada, segundo a e lei dos de Daniel. 18 Então, o rei se dirigiu para o seu palácio, passou
medos e dos persas, 1 que se não pode revogar. 9 Por esta a noite em jejum e não deixou trazer à sua presença 5 instru-
causa, o rei Dario assinou a escritura e o interdito. mentas de música; qe 6 fugiu dele o sono.
10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava 19 Pela manhã, ao romper do dia, r1evantou-se o rei e foi
assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde com pressa à cova dos leões. 20 Chegando-se ele à cova,
havia janelas abertas do fiado de Jerusalém, gtrês vezes por chamou por Daniel com voz 7 triste; disse o rei a Daniel: Da-
dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu niel, servo do Deus vivo! soar-se-ia o caso que o teu Deus, a
Deus, como costumava fazer. 11 Então, aqueles homens quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos

.°7APrTU~6 ;.-D~~12~4 bE;4~-6 CNe23;~D~;; 62~ ;~s~~3~24; 64;-6 ;-:-Et 1~9; 8;D~ 612-.~~~-
perece 1O!1 Rs 8.29-30.46-48; SI 5.7; Jn 24 g SI 55.17; At 2.1-2.15; [Fp 4.6J; 1Ts 5.17-18 12 h Dn 3.8-12; At 16.19-21 ; Et 1.19; Dn
6 8.15 2 Lit que não perece 13 i Dn 1.6; 5.13 1Et 38; Dn 312; At 5.29 3 Lit. dos filhos do cativeiro 14 m Me 6.26 15 n Et 8.8; SI
94.20-21, Dn 6.8.12 4 Lit tumultuaram-se perante o 17 o Lm 3.53 P Mt 27.66 18 q Et 61. SI 77.4; Dn 2.1 5 Significado exato
desconhecido ó Ou foi-se 19 rDn 3.24 20 5 Gn 18.14; Nm 11.23; Jr 32.17; Dn 317; [Lc 1.37] 70u lastimosa

sessenta e dois anos. Éprovável que uma mina pesasse sessenta siclos. Isso, irmãos também é confirmada nos escritos extrabíblicos. Oefeito do decreto foi
com o siclo e os dois meios siclos (v. 25, nota). resultava em sessenta e dois; vis- criar um conflito. para Daniel, entre a lealdade a Deus e a obediência ao governo
to que esta era a idade de Dario, é possível que ele tivesse sido referido na pro- humano.
fecia. •6.1 Opunha de joelhos. Ficar em pé pode ter sido uma postura regular em ora-
•6.1 Dario. Ver a nota em 5.31. Dario. o medo. não aparece nos informes his- ção 11Cr23.30; Ne 9 2-5). enquanto que a posição de orar de joelhos era reserva-
tóricos fora das Escrituras, e também não há intervalo de tempo entre Belsazar da para circunstâncias de solenidade específica (1 Rs 8.54; Ed 9.5; SI 95.6; Lc
e Nabonido (5.1. nota) e a ascensão ao trono de Ciro. da Pérsia. Os estudiosos 2241; At 7.60; 940). por ser um sinal de humildade.
têm sugerido que "Dario, o medo" pode ter sido: um nome oficial para Ciro. o
como costumava fazer. É evidente que os hábitos de oração de Daniel ti-
fundador do Império Persa (v. 28. nota); um título; ou uma designação de Go-
nham-se tornado públicos.
brias. um general que foi infiel a Nabucodonosor e se bandeou para Ciro, poste-
riormente capturando a cidade da Babilônia. Ciro fez de Gobrias o governador •6.13 Esse Daniel... dos exilados de Judá. Esta identificação étnica de Daniel
dos territórios que os persas tomaram dos babilônios. talvez indique preconceitos contra os judeus por parte dos outros oficiais de Dario
•6.3 nele havia um espírito excelente. Ver 1.17; 4.8; 5.12. 138).
•6.5 lei do seu Deus. Os adversários de Daniel. sem querer. afirmam não •6.14 determinou consigo mesmo livrar a Daniel. Dario percebeu imediata-
somente a sua integridade moral, mas também a natureza visível de sua piedade mente que ele havia se tornado uma vítima das intrigas de seus próprios oficiais.
e dedicação ao Deus de Israel. que queriam que Daniel caísse em uma armadilha. A lealdade de Dario a Daniel
•6.7 concordaram. A falsa implicação é que Daniel também tinha concordado permaneceu inabalável.
com a proposta. Estes oficiais mostram-se hipócritas em sua aparente lealdade a •6.16 Oteu Deus ... que ele te livre. Contra sua própria vontade, Dario foi for-
Dario. O esquema deles é a tentativa de manipular o imperador. visando ao çado a submeter-se ao decreto. Não obstante. ele confia que o Deus de Daniel in-
próprio desígnio deles. tervirá em favor de seu servo fiel.
1
qualquer deus ... e não a ti. A proposta pareceria a Dario mais política do que •6.17 selou-a o rei com o seu próprio anel. Anéis de selar e cilindros de selar
religiosa, servindo para consolidar a sua autoridade sobre territórios recém- eram usados pelos assírios, babilônios e persas. Ocilindro de selar era pressiona-
conquistados. do sobre a argila ainda mole, para deixar nela a marca do proprietário do selo.
•6.8 a lei dos medos e dos persas. A imutabilidade da lei destes povos Romper esses selos era uma violação da lei.

J
DANIEL 6, 7 994
leões? 21 Então, Daniel falou ao rei: 1ó rei, vive eternamente! seu leito; escreveu logo o sonho e relatou 2 a suma de todas
22 O "meu Deus enviou o seu anjo e Vfechou a boca aos leões, as coisas. 2 Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante
para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agi-
inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi tavam o mar Grande. 3 Quatro animais, grandes, diferentes
delito algum. 23 Então, o rei se alegrou sobremaneira e uns dos outros, csubiam do mar. 40 primeiro era dcomo
mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe ar-
cova, e nenhum dano se achou nele, xporque crera no seu rancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés,
Deus. 24 Ordenou o rei, z e foram trazidos aqueles homens como homem; e lhe foi dada emente de homem. 5 Continu-
que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos ei olhando, /e eis aqui o segundo animal, semelhante a um
leões, eles, ªseus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca,
chegado ao fundo da cova, e já os leões se apoderaram deles, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levan-
e lhes esmigalharam todos os ossos. ta-te, devora muita carne. 6 Depois disto, continuei olhan·
25 bEntão, o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens do, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas
de todas as línguas que habitam em toda a terra: Paz vos seja costas quatro asas de ave; tinha também este animal gquatro
multiplicada! 26 cFaço um decreto pelo qual, em todo o domí· cabeças, e foi-lhe dado domínio. 7 Depois disto, eu continu-
nio do meu reino, os homens dtremam e temam perante o ava olhando nas visões da noite, e eis aqui o hquarto animal,
Deus de Daniel, eporque ele é o Deus vivo e que permanece terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes
para sempre; o seu reino não será/destruído, e o seu domínio dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava
não terá fim. 27 Ele livra, e salva, g e faz sinais e maravilhas no aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais
céu e na terra; foi ele quem livrou a Daniel 8 do poder dos que apareceram antes dele 1e tinha dez chifres.
leões. a Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles isu-
28 Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario h e no biu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres
reinado de 1Ciro, o persa. foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como
os 1de homem, me uma boca que falava 3 com insolência.
O sonho sobre os quatro animais 9 ncontinuei olhando, até que foram 4 postos uns tronos, e
No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, 1teve ªDa- ºo Ancião de Dias se assentou; Psua veste era branca como a
7

niel um sonho e bvisões ante seus olhos, quando estava no neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono

21 1 Dn 2.4; 6.6 22 u Nm 20.16; Is 63.9; Dn 3.28; At 12.11; [Hb 114] V SI 91.11-13; 2Tm 4.17; Hb 11.33 23 X Hb 11.33 24 ZDt
19.18-19; Et 7.1OªDt24. 16; 2Rs 14.6; Et 9. 10 25 bEd 1.1-2; Et 3.12; 8.9; Dn 4.1 26 CEd 6.8-12; 7. 13; Dn 3.29 d SI 99. 1 eon 4.34; 6.20;
Os 1.10; Rm 926/Dn 2.44; 4.3; 7.14,27; [Lc 1.33] 27 gDn 41,3 BLit. da mão 28hDn1.21iEd1.1-2
ª
CAPÍTULO 7 1 Nm 12.6; [Am 3.7] b [Dn 2.28] 1 Lit. viu 2 Lit. a cabeça ou o pnnc1pal das palavras 3 cDn 7.17; Ap 13.1; 17.8 4 dDt
28.49; 2Sm 1.23; Jr 48.40; Ez 17.3; Hc 1.8 eDn 4.16,34 S /Dn 2.39 6 gDn 8.8,22 7 h Dn 2.40 iDn 2.41; Ap 12.3; 13.1 8 iOn 8.9 1Ap
9.7 m SI 12.3; Ap 13.5-6 3 Lit. grandes coisas 9 n [Ap 20.4] o SI 90.2 PSI 104.2; Ap 1.14 4 Ou ergwdos
•6.22 O meu Deus enviou o seu anjo. Possivelmente, embora isso não se faça •7 .5 o segundo animal, semelhante a um urso. O reino medo-persa é
necessário no contexto, tenhamos aqui uma menção ao Anjo do Senhor. Ver a simbolizado por um animal dotado de um apetite voraz. O lado levantado pode
nota em 3.28. representar a posição superior da Pérsia, e "três costelas", provavelmente,
•6.23 o rei ... mandou. Dario podia mandar tirar a Daniel da cova, sem violar o represente as conquistas persas da Lídia 1546 a.C), da Babilônia 1539 a.C.) e do
decreto, visto que as exigências da lei se tinham cumprido. Egito 1525 a.C.). Ver a nota em 8.3.
•6.26 um decreto. Comparar 2.47; 3.28-29; 4.2-3,34-37; 5.18-29. Como nas •7.6 outro, semelhante a um leopardo. O Império Grego é simbolizado pelo
narrativas anteriores, Deus mostra a sua soberania mediante o controle sobre a "leopardo", conhecido pela sua velocidade no ataque. Alexandre, o Grande
natureza e a história, sobre os reinos e os reis. Odecreto é um testemunho eloqüente 1356-323 a.C.), conquistou o Império Persa com grande rapidez. Alexandre
ao "Deus vrvo" e seu reino indestnutível. Este é um reconhecimento oficial ao Deus de morreu de repente, com a idade de trinta e três anos, e o império que ele
Daniel, embora não reflrta necessariamente a fé salvadora por parte de Dario. estabeleceu foi dividido em quatro partes la Macedônia ficou com Cassandro; a
•6.28 Daniel, pois, prosperou. Embora o governo imperial tenha trocado de Trácia e a Ásia Menor, com Lisímaco; a Síria, com Seleuco; e o Egito, com
mãos, ofavor de Deus sustentou a Daniel e deu prosseguimento à sua autoridade. Ptolomeu)
•7.1 No primeiro ano de Belsazar. Ver a nota em 5.1. A administração de •7, 7 o quarto animal. Este animal, que não é identificado, representa "Roma",(\
Belsazar, sob Nabonido, pode ter começado ao mesmo tempo em que seu pai reino que, finalmente, assimilou as várias divisões do reino grego dividido.
subiu ao trono (556 a.C.) ou poucos anos depois. Em ambos os casos, as visões dos tinha dez chifres. A expressão "dez chifres" simboliza dez reis ou reinos
caps. 7--B estão cronologicamente entre os acontecimentos dos caps. 4-5. associados com o Império Romano \v. 24). Alguns intérpretes têm sugerido que
•7.2 mar Grande. D mar é uma figura comum para o tumulto agitado e perigoso uma segunda fase do quarto reino, um Império Romano reavivado, deve ser
de homens e nações pecaminosas (ver o v. 17; cf. Is 17.12-13; 57.20). esperado, do qual procederão os dez chifres, ou todos ao mesmo tempo, ou um
•7 .3 Quatro animais, grandes. Estes quatro "animais" representam quatro depois do outro 12.44, nota; cf. Ap 13.1-10; 17.3,12).
reinos lvs. 17,23), correspondendo de perto aos quatro reinos do sonho de •7.8 outro pequeno. A expressão "dez chifres" aparece antes de "pequeno
Nabucodonosor, no cap. 2 do Livro de Daniel. Quanto à identificação dos quatro chifre", que arranca três dos dez, simbolizando outra face do quarto reino. Muitos
reinos, ver a nota em Dn 2.37-40 e a Introdução: Data e Ocasião. intérpretes têm sugerido que "pequeno chifre" representa o "anticristo" l2Ts
•7.4 como leão. O"leão" com "asas de águia" é um símbolo apropriado do Império 2.3-4,8). Esta seria a primeira referência ao anticristo nas Escrituras.
Babilônico lcf. Jr 50.44; Ez 17.3, 12). Leões alados com rostos humanos eram comuns •7.9 o Ancião de dias se assentou. Otítulo "Ancião de dias" ocorre na Bíblia
na arte dos babilônios e eram colocados na entrada de importantes edifícios públicos. somente neste capítulo lvs. 13,22). Trata-se de uma designação para Deus no
foram-lhe arrancadas as asas. Talvez esta seja uma referência à humilhação seu trono e julgamento.
de Nabucodonosor e à restauração da sua saúde, após um período de sete anos o seu trono ... suas rodas. A descrição do trono de Deus assemelha-se ao que
de insanidade lcap. 4). Ezequiel viu em sua visão sobre o trono, com rodas, de Deus IEz 1.15-28).
995 DANIEL 7, 8

~xam chamas de fogo, e qsuas rodas eram fogo ardente. subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos
10 rum rio de fogo manava e saía de diante dele; smilhares de e uma boca que falava 9 com insolência e parecia mais robusto
milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante do que os seus companheiros. 21 Eu olhava ceeis que este chifre
dele; 1assentou-se o 5 tribunal, e se abriram os livros. 11 Então, fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles, 22 até que
estive olhando, por causa da voz das 6 insolentes palavras que veio o Ancião de Dias ªe fez justiça aos santos do Altíssimo; e
o chifre proferia; "estive olhando e vi que o animal foi morto, veio o tempo em que os santos possuíram o reino.
e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. 23 Então, ele disse: O quarto animal será eum quarto reino na
12 Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a
todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24/Qs dez chifres
tempo. 13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo
que vinha com as nuvens do céu vum como o Filho do reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente
Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar dos primeiros, e abaterá a três reis. 25 gProferirá palavras contra
até ele. 14 xFoi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que o Altíssimo, hmagoará 1 os santos do Altíssimo e icuidará em
os 2 povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o mudar os tempos e a lei; e ios santos lhe serão entregues nas
seu domínio é ªdomínio eterno, que não passará, e o seu mãos, 1por um tempo, dois tempos e metade de um tempo.
reino jamais será destruído. 26 mMas, depois, se assentará o tribunal para lhe ntirar o
15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado domínio, para o destruir e o consumir até ao fim. Z7 O ºreino, e
7 dentro de mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram. o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão
16 Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Pseu reino será reino
verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber eterno, qe todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.
a interpretação das coisas: 17 Estes grandes animais, que são 28 Aqui, terminou 2 o assunto. Quanto a mim, Daniel, os rmeus
quatro, são quatro 8 reis que se levantarão da terra. 18 Mas bos pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empali-
santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o deceu; mas sguardei estas coisas no coração.
sempre, de eternidade em eternidade. 19 Então, tive desejo de
conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era A 11isão sobre um carneiro e um bode
diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram /
No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel,
de ferro, cujas unhas eram de bronze, que devorava, fazia em 8
tive uma visão depois daquela que eu tivera ªa princípio.
pedaços e pisava aos pés o que sobejava; 20 e também a 2Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na 2 cidadela
respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que de bSusã 3 , que é província de Elão, e vi que estava junto ao

• ~Ez ~~5--10 rs150 3, Is 30 33, 66 15 ~t 33 2, 1Rs ~9. SI 6817, Ap ~ 1 I~ 12 1, [Ap ;0-11-15] 50u1ulga~nto 11 U[Ap 19 20,
20 10] 6 Lit grandes 13 VEz 1.26; [Mt 2430; 26 64; Me 1326; 14.62; Lc 21.27; Ap 1.7, 13; 14 14] 14 xs1 2.6-8; Dn 727; [Mt 28.18; Jo
3.35-36; 1Co15.27; Ef 1.22; Fp 2.9-11; Ap 1.6; 11.15] ZDn 3.4 a SI 145.13; Mq 4.7; [Lc 1.33]; Jo 12.34; Hb 12.28 15 7Ut no meio de sua
bamha 17 8 Representando seus reinos, v. 23 18 b SI 149.5-9; Is 60 12-14; Dn 7.14; [2Tm 2.11; Ap 2.26-27; 20.4; 22 5] 20 9 Lit
grandes coisas 21 e Ap 11.7; 13.7; 17.14 22 d [Ap 1 6] 23 e Dn 2.40 24/Dn 7.7; Ap 13.1; 17.12 25 g Is 3723; Dn 11.36; Ap
13.1-6 h Ap 17.6 i Dn 2.21iAp13.7; 18.241 Dn 12.7; Ap 12.14 1 Lit gastar 26 m [Dn 235; 7.10,22] n Ap 19.20 27 o Is 54.3; Dn
7 14, 18,22; Ap 204 P2Sm 7.16; SI 8935-37; Is 9 7; Dn 2.44; 434; 7.14; [Lc 133-34]; Jo 1234; [Ap 11.15; 22 5] qs126-12; 22.27; 72.11; 86.9;
Is 60.12; Ap 11.1 28 rDn 8.27 5 Lc 2.19,51 2Lit a palavra
CAPÍTULO 8 1 aDn 7.1 1A partir deste ponto, a língua hebraica volta a ser usada 2 bNe 1.1; Et 1.2; 2.8 2 Ou palácio fortificado 3 Ou Susa
•7 .11-12 Um contraste é traçado entre a completa destruição do quarto reino e •7.21 fazia guerra contra os santos. Daniel nos presta mais algumas informa-
uma certa medida de continuação concedida aos três reinos anteriores, quando ções sobre a hostilidade do pequeno chifre, que talvez seja o anticristo (v. 8), con-
seu povo e seus costumes foram absorvidos nos reinos sucessivos. tra o povo de Deus (cf. Ap 13. 7).
•7 .13 um como o Filho do Homem. Ooriginal aramaico para "Filho do Homem" •7.22 até que veio o Ancião de dias. Embora o anticristo vá prevalecer duran-
significaria "um ser humano", em contraste com os "animais" anteriores. Oequiva- te algum tempo contra o povo de Deus, no fim, ele cairá sob o julgamento divino
lente é usado para indicar Daniel, em Dn 8.17, e muitas vezes para indicar o con- (Zc 141-4; Ap 13.7-17; 19.20).
temporâneo de Daniel, Ezequiel (p. ex., Ez 2.1,3,6). Porém, em contraste com os •7.25 por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. A palavra "tem-
"animais" que desgovernarão a terra. o Filho do Homem governará a terra conforme po" é o mesmo vocábulo usado em 4.16,23 e, como ali, pode significar"um ano".
Deus pretendeu que fosse, antes da queda da humanidade no pecado (Gn 1.26-28; Alguns interpretam este versículo como uma indicação da última metade da sep-
SI 8.4-6). A expressão "Filho do Homem" é usada sessenta e nove vezes nos Evan- tuagésima semana do cap. 9 (ver 9.27). Outros estudiosos não atribuem uma du-
gelhos sinóticos e doze vezes no Evangelho de João para referir-se a Cristo. Este é o ração específica à expressão, mas consideram-na um período de tempo que é
título que Jesus usou com maior freqüência para indicar a si mesmo. abreviado por causa da intervenção de Deus.
vinha com as nuvens do céu. Em outras porções do Antigo Testamento, so- •7.27 santos do Altíssimo. Ver a nota no v. 18.
mente Deus Pai aparece entre nuvens (SI 1043; Is 19.1). De acordo com esse
•8.1-12.13 Daniel volta a escrever em hebraico nos últimos cinco capítulos.
princípio, o "Filho do Homem" é originário do céu e vem por iniciativa divina.
Ele tinha usado o aramaico entre 2.4-7.28 (2.4, nota).
•7.14 os povos ... o servissem. O"Filho do Homem" é Cristo, o Messias. Jesus
aplicou esta passagem à sua pessoa, e, ao fazê-lo, isso levou os líderes religiosos •8.1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar. Ou seja, dois anos após o
de Israel, em seus dias, a acusá-lo de blasfêmia (Mt 26.64-65; Me 14 62-64). sonho tido por Daniel, registrado no cap. 7 de seu livro (7 1, nota).
domínio eterno. Ele recebe a soberania de Deus e exerce o governo simbolizado •8.2 Quando a visão me veio ... estar eu. Daniel fez uma jornada visionária pa-
pela pedra que caiu do céu, no sonho de Nabucodonosor (Dn 234-35,44-45). recida com a de Ezequiel (Ez 3.10-15)
•7.18 os santos do Altíssimo. Ver os vs. 21-22,25,27. Os "santos" não são an- na cidadela de Susã. Nos tempos de Daniel, Susã (ou Susa) era a capital do
jos, mas crentes em Deus, que compartilharão do Reino de Cristo (Mt 19.28; 1Co Elão, situada cerca de 360 km a leste da Babilônia. Não fica claro se Elão era uma
61-3; 2Tm 2.12; Ap 22.5) nação independente, ou aliada à Babilônia, ou à Média. Mais tarde, entretanto, na
DANIEL 8 996
rio Ulai. 3 Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante
rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder.
chifres eram altos, mas um, cmais alto do que o outro; e o 7Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o
mais alto subiu por último. 4 Vi que o carneiro dava marradas feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no
para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos carneiro para lhe resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou
animais 4 lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder
do seu poder; ele, dporém, fazia segundo a sua vontade e, dele. 8 O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força,
assim, se engrandecia. quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram f quatro
s Estando eu observando, eis que um bode vinha do chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.
ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode 9 gDe um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou
tinha um e chifre notável entre os olhos; 6 dirigiu-se ao muito forte para o sul, hpara o oriente e para a ;terra gloriosa.

qualidade de uma das três cidades reais, Susã tornou-se o centro diplomático e sobre toda a terra, mas sem tocar no chão. Estas palavras descrevem a no-
administrativo do Império Persa (cf. Ne 1.1, Et 1.2). tável velocidade e extensão das conquistas de Alexandre (7 6, nota). Em apenas
três anos, ele derrotou o poderoso Império Persa.
rio Ulai. Este canal, situado próximo de Susã, ligava dois rios que fluíam para o
golfo Pérsico. •8.8 O bode se engrandeceu sobremaneira. Oimpério de Alexandre, o Gran-
•8.3 um carneiro ... o qual tinha dois chifres. De acordo com o v. 20, o carnei- de, logo ultrapassou o Império Persa em extensão territorial. Aí por volta de 327
ro e seus dois chifres representam os reis do Império Medo-Persa. a C., Alexandre tinha chegado ao atual território do Afeganistão e, então, chegou
ao rio Indo.
um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. A história do
Império Medo-Persa esclarece o simbolismo. Os medos tornaram-se indepen- quebrou-se-lhe o grande chifre. Alexandre morreu na Babilônia, com a idade
dentes da Assíria depois do ano 612 a.C. Os persas estavam sob o controle dos de 33 anos.
medos, mas, finalmente, tornaram-se proeminentes, quando Ciro de Ansã derro- em seu lugar saíram quatro chifres notáveis. De acordo com o v. 22, estes
tou seu suserano medo em 550 a.C. Ciro (que governou entre 559-530 a C.J cha- chifres são quatro reinos que emergiram do império de Alexandre, mas que eram
mava a si mesmo de "Rei do Mundo". inferiores ao mesmo quanto à força. Após um período de conflitos internos, qua-
•8.4 dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul. Ou seja, tro dos generais de Alexandre tomaram partes do Império Grego corno seus pró-
suas costas estavam voltada~ para o oriente, de onde ele tinha vindo (Is 41.2) C1rü, prios reinos. Ver a nota em Dn 7.6.
primeiramente, conquistou a Asia Menor e, então, o Norte e o Sul da Mesopotâmia
•8.9 um chifre pequeno. Em consonância com o v. 23 deste capítulo, este "chi-
Governantes subseqüentes estenderam o controle medo-persa bem para o Oriente.
fre pequeno" simboliza um governante ímpio que se levantaria de um dos quatro
se engrandecia. OImpério Persa se tornou maior do que qualquer outro 1mpéno reinos gregos, após um longo intervalo de tempo ("no fim do seu reinado"). As
anterior da história do Oriente Médio. descrições das ações desse governante (vs 9-14,23-25) indicam que esse rei foi
Antíoco IV Epifânio, governante do reino selêucida de 175-164 a.C. Este "chifre
•8.5 um bode vinha do ocidente ... tinha um chifre notável. De acordo com
pequeno" deve ser distinto daquele outro "chifre pequeno" de Dn 7.8, se esse ca-
o v. 21, o bode representa a Grécia, e o grande chifre que ele tinha entre os olhos
pítulo se refere ao período romano e não ao período grego.
representa o seu primeiro monarca. Esse simbolismo retrata claramente o Impé-
rio Grego de Alexandre, o Grande (356-323 a C) para a terra gloriosa. Ou seja, na direção da Palestina.

O império grego
de Alexandre (323 a.C.)
Em 334 a C.. Alexandre, filho de
Filipe li da Macedônia, iniciou uma ex-
pedição militar para destruir o Império
Ecbátana• Persa. Avançando do oeste para o les-
te, ele se sagrou vitorioso na batalha
de Isso, em 333 a.e .. contra Dario Ili.
Avançando para o sul, Alexandre ven-
.sud ceu os fenícios em Tiro, em 332 a.e ..
alcançou-a através da Palestina e con-
quistou o Egito em 331 a.e. Atraindo
Dario Ili para perto de Nínive, Alexan-
ARÁBIA dre venceu-o novamente. Sua campa-
nha continuou no leste da Índia,
200mi assegurando um vasto território para o
200km Império Grego. Alexandre morreu na
Babilônia em 323 a.e.
997 DANIEL 8
lOiCresceu até atingir 1o exército dos céus; a alguns do me achava; 19 e disse: Eis que te farei saber o que há de
exército e das estrelas m1ançou por terra e os pisou. 11 nsim, acontecer no último tempo da ira, eporque esta visão se refere
engrandeceu-se até ao ªpríncipe do exército; Pdele tirou qo ao tempo determinado do fim. 20 Aquele carneiro com dois
sacrifício diário e o lugar do 5 seu santuário foi deitado abaixo. chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia; 21 mas o
12 ro exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por 7bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos I é

causa das transgressões; e 5 deitou por terra a verdade; e o que o primeiro rei; 2280 ter sido quebrado, levantando-se quatro em
1fez prosperou. 13 Depois, ouvi "um santo que falava; e disse lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo,
outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do mas não com força igual à que ele tinha. 23 Mas, no fim do seu
sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é reinado, quando os prevaricadores acabarem, levantar-se-á um
entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? rei h de feroz 8 catadura e especialista em intrigas. 24 Grande é o
14 Ele me disse: Até duas mil e trezentas 6 tardes e manhãs; e seu poder, imas não por sua própria força; causará 9 estupendas
o santuário será purificado. destruições, iprosperará e fará o que lhe aprouver; 1destruirá os
15 Havendo eu, Daniel, tido a visão, vprocurei entendê-la, poderosos e o povo santo. 25 mpor sua astúcia nos seus em-
e eis que se me apresentou diante xuma como aparência de preendimentos, fará prosperar o engano, nno seu coração se
homem. 16 E ouvi uma voz de homem de 2 entre as margens engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreo-
do Ulai, a qual gritou e disse: ªGabriel, dá a entender a este a cupadamente; ºlevantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes,
visão. 17 Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, mas será Pquebrado sem esforço de mãos humanas. 26 A visão
fiquei amedrontado e bprostrei-me com o rosto em terra; mas da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; qtu, porém,
ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.
refere ao tempo do fim. 27 rEu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias;
18 cpaJava ele comigo quando caí sem sentidos, rosto em então, me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me
terra; dele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu com a visão, e não havia quem a entendesse.

10 iDn 11.28 lls 14.13 mAp 12.4 11 nDn 8.25; 11.36-37 ªJs 5.14 PDn 11.31; 12.11 qÊx 29.38 5Do templo 12 rDn 11.31 s1s 59.14 tDn
8.4;11.36 13"Dn4.13,23 14ôOias 15V1Pe11QXEz126 16ZDn126-7ªLc1.19,26 17bAp117 18CLc9.32dEz2.2
19 eHc 2.3 21!Dn11.3 7Ut. orei, representando seu reino. Dn 7.17,23 22 l?Dn 11.4 23 hDt28.50 BLit.aspecto 24 iAp 17.13 iDn
11.361Dn725 9Duterríveis 25mDn11.21nDn8.11-13;11.36; 12.7ªDn11.36; Ap 1919-20PJó34.20; Lm4.6 26Hz12.27; Dn
12.4.9; Ap 22.10 27 rDn 7.28; 8.17; Hc 3.16

•8.10 o exército dos céus. A expressão "exército dos céus" ou "estrelas" (cf. pode ser simplesmente um símbolo de um período fixo. como nos apocalipses
Jr 33 22) simboliza o povo de Deus (cf 12.3; Gn 15.5) ou um exército celestial (Is extrabíblicos (cf. as "sessenta e nove·· - 23 x 3 - semanas, em 9.25-26).
14.13; ver também 2 Macabeus 9.10). Oataque contra o povo de Deus equivale a e o santuário será purificado. D templo foi purificado e rededicado sob a lide-
um ataque contra o próprio céu. rança de Judas Macabeus em dezembro de 164 a.e. (11.34. nota; cf. Zc 9 13-17).
a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. Esta é uma •8.16 Gabriel. Este anjo é mencionado quatro vezes nas Escrituras (aqui e em Dn
descrição simbólica da severa perseguição do povo de Deus sob Antíoco IV 9.21; Lc 1.19,26). O nome significa "poderoso de Deus" ou "Deus é poderoso".
Epifânio. o qual tentou abolir a adoração tradicional deles e seu modo de viver, •8.17 filho do homem. Ver a nota em 7.13. O "forte homem de Deus" estava
tentando helenizá-los (ver 11.21-35 e 1Macabeus 1.10-64 quanto a detalhes falando para este distinto "mortal".
adicionais; ver também a Introdução ao Período lntertestamentário). tempo do fim. Ver também o v. 19 ("esta visão se refere ao tempo determinado do
•8.11 até ao príncipe do exército. O termo "príncipe" deve ser entendido fim"). Esta expressão não é necessariamente escatológica (referente ao fim da his-
como sendo o próprio Deus (ver o v. 25. onde a designação é "Príncipe dos tória). Ela ocorre em 11.27,35, em contextos que. claramente, não são escatológi-
príncipes"). Antíoco IV adotou o título de Epifânio (''Deus manifestado") e pensava cos. Aqui, o '"fim" pode ser o final das perseguições movidas por Antíoco IV.
em si mesmo como uma manifestação de Zeus. •8.19 tempo da ira. A expressão "tempo da ira" pode referir-se ao período do
dele tirou o sacrifício diário. Ver os vs. 12-13; 11.31 Antíoco IV. sumariamen- julgamento divino de Israel. durante a subjugação deles aos babilônios, aos
te, proibiu todas as cerimônias e a adoração a Deus no templo de Jerusalém e persas e aos gregos.
nas cidades de Judá. •8.20 carneiro. Ver as notas nos vs. 3-4.
o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. Antíoco IV entrou no Santo dos •8.21 bode ... chifre. Ver as notas nos vs. 5,8.
Santos e saqueou os utensílios de prata e de ouro. Ele erigiu um altar ao Zeus do •8.22 quatro. Ver a nota no v. 8.
Olimpo sobre o altar de Deus. no átrio do templo, e ali sacrificou porcos (11.31. •8.23-25 Ver as notas nos vs. 9-14. Alguns intérpretes percebem o anticristo nas
nota). descrições sobre o "pequeno chifre", neste capítulo. Antioco IV é visto como um
•8.12 deitou por terra a verdade. Entre as suas transgressões, Antioco IV tipo que aponta para uma manifestação posterior do poder de Satanás, na pessoa
destruiu cópias das Escrituras (1 Macabeus 1.56-57). do anticristo.
e o que fez prosperou. A visão de Daniel retrata o aparente sucesso dos atos •8.25 Príncipe dos príncipes. Esta é uma referência a Deus (v. 11, nota).
ímpios de Antíoco IV. o pequeno chifre. sem esforço de mãos humanas. Antioco IV morreu de desordens nervosas ou
•8.14 Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Cf. "a visão da tarde e da físicas em 164 a.C. Quanto à narrativa de sua morte. ver 1Macabeus 6.1-16;
manhã" no v. 26. Mas alguns intérpretes vêem isso simplesmente como uma 2Macabeus 9.
referência aos sacrifícios vespertinos e matinais como oferendas separadas (cf. •8.26 preserva a visão. Otermo hebraico aqui traduzido por "preservar" pode
Êx 29.38-42). Nessa base. isso representaria 1.150 dias. mas esses sacrifícios significar autenticar ou certificar alguma coisa ou mesmo fechar para manter seu
em pares eram tradicionalmente considerados como sendo uma única oferenda conteúdo confidencial e a salvo. Dsegundo sentido parece melhor neste contexto
diária. Outros compreendem a questão como simplesmente uma expressão para 16.17, nota).
indicar 2.300 dias. Visto que as perseguições movidas por Antíoco IV podem ser se refere a dias ainda mui distantes. As conquistas de Alexandre (333-323
vinculadas a qualquer um entre vários incidentes ocorridos, a começar em 171 a.C.) ocorreram mais de dois séculos depois de Daniel ter recebido as suas visões
a.e. e terminando com a rededicação do templo em 164 a C . é difícil determinar lc 550 a.e.). As atividades de Antíoco IV ocorreram cerca de um século e meio
qual compreensão da frase deve ser preferida. A multiplicação do número 23 depois de Alexandre (171-164 a.e.).
DANIEL 9 998
A oração de Daniel pelo povo favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nos-
No primeiro ano ªde Dario, filho de Assuero, da linhagem sas iniqüidades e nos aplicarmos à tua verdade. 14 Por isso, o
9 dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos
caldeus, 2 no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi,
SENHOR Pcuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre
nós; pois justo é qo SENHOR, nosso Deus, em todas as suas
pelos livros, que o número de anos, de que falara o SENHOR ao obras que faz, pois não obedecemos à sua voz. 15 Na verdade,
profeta bJeremias, que haviam de durar as assolações de ó Senhor, nosso Deus, 'que tiraste o teu povo da terra do Egito
Jerusalém, era de setenta anos. 3 cvoltei o rosto ao Senhor com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste srenome, como
Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente. 16ó Se-
saco e cinza. nhor, 'segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu
40rei ao SENHOR, meu Deus, confessei e disse: dah! Se- furor da tua cidade de Jerusalém, do "teu santo monte, por-
nhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a mise- quanto, por causa dos nossos pecados ve por causa das iniqüi-
ricórdia para com os que te amam e guardam os teus man- dades de nossos pais, se tornaram xJerusalém e o teu povo
damentos; s eternos pecado e cometido iniqüidades, procede- zopróbrio para todos os que estão em redor de nós. 17 Agora,
mos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súpli-
mandamentos e dos teus juízos; 6/e não demos ouvidos aos cas e sobre 1o teu santuário ªassolado 2 faze resplandecer o ros-
teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos to, bpor e amor do Senhor. 18 Inclina, dó Deus meu, os ouvidos
reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o e ouve; abre os olhos e e olha para a nossa desolação e para a ci-
povo da terra. 7 A ti, ó Senhor, gpertence a justiça, mas a nós, o dade !que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as
corar de vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças,
moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer mas em tuas muitas misericórdias. 19ó Senhor, ouve; ó Se-
os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por nhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por
causa das suas transgressões que cometeram contra ti. 8 ó amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu
SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, povo são chamados pelo teu nome.
aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado
contra ti. 9 h Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e A profecia das setenta semanas
o perdão, pois nos temos rebelado contra ele 10 e não obedece- 20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o
mos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas suas pecado do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica
leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas. perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu
11 Sim, 1todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para Deus. 21 Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o
não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações homem gGabriel, que eu tinha observado na minha visão ao
que estão escritas na /Lei de Moisés, servo de Deus, se derra- princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à hora do
maram sobre nós, porque temos pecado contra ti. 12 Ele 1con- sacrifício da tarde. 22 Ele queria instruir-me, falou comigo e disse:
firmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. 23 No
juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, mpor- princípio das tuas súplicas, saiu a 3 ordem, e eu vim, para to
quanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu declarar, porque és mui hamado; 'considera, pois, a coisa e
em Jerusalém. 13 ncomo está escrito na Lei de Moisés, todo entende a visão.
este mal nos sobreveio; ºapesar disso, não temos implorado o 24Setenta 4 semanas estão determinadas sobre o teu povo

·-CAPÍTULO 9 1 ªDn 1.21 b~Cr36


; ;-;,-Jr2~ 11-1;-29~0; 7~c~e14;
;; Ed Zc Dn 6 10; 10 15 4 dÊx 20.6 -5 e1Rs
Ne 9.33; SI 106.6; Is 64.5-7; Jr 14.7 6f2Cr 36 15; Jr 444-5 n Ne 9.33 9 h [Ne 9 17; SI 1304.7] 11 /is 1.3-6 iLv 26.14 12 tzc
84~48;
J.6mLm1.12;2.13 1JnDt28.15-68º1s9.13 14PJr31.28;4427qNe9.33 15'Ne110SNe910 161JSm12.7"Zc8.3VÊx
20.5 X Lm 2.16 zs1 79.4 17 a [Jo 16.24] bNm 6.24-26 Clm 5.18 1 Dtemplo 2 Sê gracioso 18 dls 37.17 e Êx 37 f Jr 25.29 21 gDn
8.16 23 h Dn 10.11.19 iMt 24.15 3 Lit. palavra 24 4 Lit. setes. e assim no restante do capítulo
•9.1-27 Daniel conta a revelação que recebeu a respeito da profecia de Jeremias •9.4-19 Aoração de Daniel está arraigada numa compreensao da aliança que
acerca dos setenta anos de desolação de Jerusalém !Jr 25.11-12; 29.10) envolvia o relacionamento entre oSenhor e oseu povo !bênção pela obediência e
Significativamente. à oração de Daniel segue-se a revelação em que ele confessou maldição pela desobediência, especialmente os vs. 5. 7.11-12, 14; cf Lv
a pecaminosidade do povo de Deus. e viu justiça na desolação de Jerusalém. e 26.14-45; Dt 28.15-68; 30.1-5) Quanto a uma oração semelhante. ver Ne 9. Esta
buscou ofavor de Deus visando à restauração da cidade e do seu templo. oração divide-se em quatro partes: la) adoração lv. 4); lb) confissão de pecado
•9.1 No primeiro ano de Dario, filho de Assuero. Ver a nota em 6.1. A lvs 5-11 ); lei reconhecimento da justiça de Deus em seu julgamento contra o
palavra ""Assuero"" (não o mesmo indivíduo mencionado em Et 1.1) pode ser um pecado lvs 11-14); e ldl um apelo pela misericórdia de Deus com base na
título real e não um nome pessoal. Oprimeiro ano de Dario foi 539 a.C. preocupação pelo seu nome. pelo seu Reino e pela sua vontade lvs. 15-19). Esta
•9.2 assolações de Jerusalém, era de setenta anos. Certos intérpretes oração está alicerçada nas promessas de Deus lv. 2). oferecida com base em um
divergem quanto ao começo e ofim do período de setenta anos. ou se isso deve espírito de contrição e humildade lv. 3). Ela é um modelo para os elementos
ser entendido como um número arredondado para uma vida humana, ou se se apropriados da oração eficaz.
trata de exatamente setenta anos. Alguns estudiosos datam o período a partir de •9.21 Gabriel. Ver a nota em 8.16.
586 a.C. (quando Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor) até 516 a.C . •9.24-27 Ainterpretação destes versículos é discutida em muitos pontos
quando a restauração do templo foi terminada por Zorobabel IEd 6.13-18). Outros particulares. Há duas abordagens fundamentais quanto à interpretação das
estudiosos datam ocomeço do período ao ano do próprio cativeiro de Daniel (605 ""semanas" (lit. ""setes"): períodos simbólicos de tempo ou períodos literais de
a.C., 1.1. nota). oque sugeriria que Daniel reconheceu que ofim dos setenta anos tempo. No ponto de vista simbólico. os setenta anos de punição (v. 21 foram
estava iminente. multiplicados por sete vezes em consonância com as maldições da aliança llv
999 DANIEL 9, 10

e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, taliança com "muitos, por uma semana; na metade da
1

para 5 dar fim aos pecados, ipara expiar a iniqüidade, 'para semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a
trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia me para asa das abominações virá o assolador, vaté que a destruição,
ungir 6 0 Santo dos Santos. 25 Sabe e entende: desde a saída que está determinada, se derrame sobre 2 e1e.
da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao
nungido, ºao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas A Yisão de Daniel no rio Tigre
semanas; as 7 praças e as 8 circunvalações se reedificarão, mas No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada
em tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas 1O
uma palavra a Daniel, cujo ªnome é Beltessazar; a
semanas, 9 será morto o PUngido qe já não estará; e ro povo palavra era verdadeira e envolvia grande 1 conflito; ele
de um príncipe que há de vir 5 destruirá a cidade e o entendeu a palavra e teve a inteligência da visão. 2 Naqueles
santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. 3 Manjar
guerra; desolações são determinadas. 27 Ele fará firme desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na

6 ~5 Conforme Q, LXX. S e V; ~e Theodotion selar 6 O-Lugar-;a~tíss:o i [Is ~~·.1 O] 7;p 14.6 ;,, SI 45-7 25 n Lc 2.1-2; Jo 1.41; 4.25 o Is
55.4 70upraçasabertas BOufossos. ou muros 26 P[ls 538]; Mt 27.50; Me 9.12; 15.37; [Lc 23.46; 24.26]; Jo 19.30; At 8.32 q(lPe 2.21] 'Mt
22.7 s Mt 24.2; Me 13.2; Lc 19.43-44 9 Sofrerá pena de morte 27 lls 42.6 u [Mt 26.28] von 11.36 1 Ou tratado 20u o assolador
CAPÍTULO 1O 1 a Dn 1. 7 1 Guerra. lit Exército
26.18.21.24,28). OJubileus, um livro judaico pertencente ao período entre os rante o qual a cidade seria reconstruída. mais ou menos entre 538 a.C. e 70 d.C.
Testamentos, também estrutura a história em períodos de 490 anos. Os !quando Jerusalém foi destruída pelos romanos). De conformidade com esse
defensores do ponto de vista literal são de três categorias. Tal como outras ponto de vista. um intervalo de tempo se faz mister entre os dois períodos de
profecias de Daniel. alguns estudiosos interpretam estes versículos como se eles "semanas''.
se reportassem aos tempos de Antíoco IV. Outros intérpretes podem ser •9.26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido. Muitos
divididos em dois grupos: la) aqueles que interpretam a passagem como se o intérpretes compreendem que estas palavras se referem à crucificação de Cristo.
enfoque primário sobre os acontecimentos estivesse associado com o primeiro De acordo com o ponto de vista lb). acima. o "Ungido" deste versículo é Cristo. ao
advento de Cristo e pouco depois !ponto de vista do primeiro advento); lbl passo que o "Ungido" do v. 25 é Ciro
aqueles que interpretam a passagem como tendo referência aos acontecimentos
o povo de um príncipe. Muitos estudiosos concordam que a ofensiva seria dos
associados tanto com o primeiro como com o segundo advento de Cristo. com
exércitos de Tito. que destruiu Jerusalém no ano 70 d.C. Entretanto. alguns que
um intervalo não declarado entre os dois adventos (ponto de vista do segundo
aderem ao ponto de vista sobre o segundo advento 19.24-27. nota). contudo. ar-
advento). Dentro de cada uma dessas categorias. os intérpretes individuais
gumentam que. embora os agressores sejam os exércitos comandados por Tito.
diferem quanto a detalhes.
o "príncipe" mesmo é o anticristo. Essa identificação provê uma transição para a
•9.24 Setenta semanas. A maioria dos intérpretes vêem as unidades de interpretação sobre o segundo advento, que aparece no próximo versículo.
"setenta semanas" como se representassem 490 anos 19.24-27. nota) Essas •9.27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana. Os defensores
setenta semanas de anos são então divididas em três subunidades de 49 anos do ponto de vista sobre o primeiro advento 19.24-27, nota) compreendem que o
!"sete semanas". v. 25); 434 anos !"sessenta e duas semanas". v. 26); e sete "Ungido" "fará firme aliança", ou seja, poria em execução seu ministério público
anos ("uma semana", v. 27). Os intérpretes diferem somente acerca da pergunta Entretanto. os defensores do ponto de vista do segundo advento postulam um in-
se essas subunidades devem ser vistas como uma seqüência contínua ou se há tervalo de tempo entre os vs. 26-27. compreendendo que o "príncipe" faria "firme
intervalos entre elas. aliança" com muitos. Além disso. eles interpretam que o "príncipe" será o anti-
•9.25 a saída da ordem. O termo hebraico aqui traduzido por "ordem" pode cristo. o qual estabelecerá uma aliança com o povo judeu. reunido no território de
significar apenas "palavra". Esta ambigüidade tem dado origem a duas Israel durante um período de "tribulação" (12.1; Mt 24.21; Ap 7.14) de sete anos
interpretações primárias para o começo das "setenta semanas": (a) alguns la septuagésima "semana").
intérpretes entendem que se trata de um decreto baixado por Artaxerxes 1, no cessar o sacrifício. De acordo com os defensores do ponto de vista do primeiro
sétimo ano de seu governo. ou seja, 457 a.C. IEd 7 12-26). "Quarenta e nove advento (924-27, nota). isso se refere ao término do sistema de sacrifícios do
anos" depois (408 a.C.). as ruas e as muralhas ao redor de Jerusalém tinham sido Antigo Testamento. por motivo da morte de Cristo. De conformidade com os de-
terminadas (v. 25). lbl Outros estudiosos compreendem as "setenta semanas" fensores do ponto de vista do segundo advento. há aqui uma referência à proibi-
como urn período que começou ern 587 a.C., o tempo da predição de Jeremias la ção. determinada pelo anticr'rsto. do "sacrifício e a oferta de manjares" !talvez
sua "palavra") de que Jerusalém seria reedificada \Jr 31.38; 32.15.37,44). representando a prática religiosa em geral) pelo povo judeu reunido após três
"Quarenta e nove anos" depois seria o ano de 538 a.e .. o ano ern que Ciro anos e meio IAp 11.2; 12.6, 14) do período da tribulação.
permitiu que os judeus cumprissem a profecia de Jeremias retornando à
o assolador. De acordo com o ponto de vista do primeiro advento 19.24-27,
Palestina IEd 1.1-4).
nota). isso descreve a destruição de Jerusalém, ocorrida em 70 a.C. De acordo
até ao Ungido. Os defensores da interpretação la). acima. compreendem o com o ponto de vista do segundo advento. ·isso descreve uma catástrofe que atin-
"Ungido" como sendo uma referência a Jesus. Ligando as "sete semanas" 149 girá a cidade de Jerusalém em conexão com as atividades do anticristo. Frases
anos) e as "sessenta e duas semanas" 1434 anos) como uma seqüência contí- semelhantes a "asa das abominações" ocorrem em Dn 8.13; 11.31; 12.11 Ina-
nua, resulta em 483 anos, a correrem de 457 a.C. até 27 d.C .. ou seja, até apro- tas). bem como em 1Macabeus1.54. Dn 8.13 e 1Macabeus1.54 são claras refe-
ximadamente o começo dos três anos de ministério público de Cristo. Mas rências às atividades de Antíoco IV. Jesus refere-se a essa "abominação" em sua
outros intérpretes entendem os 483 anos como se começassem com o "man- predição de eventos futuros IMt 24.15; Me 13.14).
damento" de Artaxerxes 1, no ano vigésimo de seu reinado INe 2.1). ou seja, o •10.1-12.13 Oprofeta revela uma visão final concernente ao reinado futuro de
ano de 444 a.C .. em lugar do sétimo ano de seu governo. IEd 7.12-26). em 457 Antíoco IV Epifânio. mas olhando para além do reinado dele para outro que culmi-
a.C. Usando-se o ano lunar de 360 dias !como acontece no calendário judaico). na no fim de nossa era.
essa aproximação atinge a data da crucificação em 33 d.C. Essa data da crucifi-
cação de Jesus é possível. embora não seja indiscutível. Os defensores da in- •10.1 No terceiro ano de Ciro. Ou seja, em 537 a.C. Ver a nota em 1.21 Os
terpretação lb). acima. compreendem aqui o "Ungido" como se fosse Ciro exilados repatriados retornaram à terra para reconstruir o templo IEd 1.1-4;
!também denominado o "ungido" do Senhor. em Is 45.1). Esse ponto de vista 3.8). mas em breve teriam de cessar. temporariamente. os seus esforços (Ed
separa as "sete semanas" e as "sessenta e duas semanas" As "sete sema- 4.24)

j
nas" se passaram entre a destruição de Jerusalém, em 586 a.C .. e o decreto de •10.2 pranteei. Éprovável que Daniel tenha pranteado por causa da condição de
Ciro. em 538 a.C. E "sessenta e duas semanas" 1434 anos) seria o tempo du- Jerusalém INe 1.4; Is 61.3-4; 64.8-12; 66.10).
DANIEL 10 1000
minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram tremendo. 12 Então, me disse: gNão temas, Daniel, porque,
as três semanas inteiras. 4 No dia vinte e quatro do primeiro desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a com-
mês, estando eu à borda do grande rio 2 Tigre, s levantei os preender e a humilhar-te perante o teu Deus, hforam ouvidas
olhos e olhei, e eis um homem vestido de bJinho, cujos ombros as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.
estavam ccingidos de ouro puro de Ufaz; 60 seu corpo era 13 ;Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um
como o bert1o, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, dias; porém /Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para
como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. 14 Agora,
como bronze polido; de a voz das suas palavras era como o vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo
estrondo de muita gente. 7 Só eu, Daniel, tive aquela visão; os 'nos últimos dias; mporque a visão se refere a dias ainda
homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu distantes. 15 Ao falar ele comigo estas palavras, n dirigi 5 o olhar
sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam. 8 Fiquei, para a terra e calei. 16 E eis que uma ºcomo semelhança 6 dos
pois, eu só e contemplei esta grande visão, e não restou força filhos dos homens me Ptocou os lábios; então, passei a falar e
em mim; o meu 3 rosto mudou de cor e 4 se desfigurou, e não disse àquele que estava diante de mim: meu senhor, por causa
retive força alguma. 9 Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, da visão qme sobrevieram dores, e não me ficou força alguma.
ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra. 17 Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu
senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma,
Daniel é consolado nem fôlego ficou em mim.
10 eEis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre 18 Então, me tornou a tocar aquele semelhante a um
os meus joelhos e as palmas das minhas mãos. 11 Ele me disse: homem e me fortaleceu; 19 re disse: 5 Não temas, homem
Daniel, !homem muito amado, está atento às palavras que te muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte. Ao falar ele
vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu senhor, pois me
enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, eu me pus em pé, fortaleceste. 20 E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu

A 4 2Heb~ hi;dekel 5 ~E; 9;~102cA~113; 156 6 d[Ap 1-15] 8 JL~;esple.ndor 4Litr=--~n-9 21 -11.fon 9 ;3 lUAp
1.17 hDn 93-4,22-23; At 10.4 13 íDn 10.20 /On 10 21; 12 1; Jd 9; [Ap 12.7] 14 IGn 49.1; Dt 31.29; Dn 2.28 m Dn 8 26; 10.1 15 n Dn
8.18; 10.9 5Litfixei 16 °Dn 8.15PJr1.9; Dn 10.10 qon 10.8-9 ó Teodósio e Vo filho; lXX uma mão 19 ron 10.11 SJz 6 23; Is 43.1, Dn
10.12
•10.5 um homem vestido de linho. Os vs. 5-6 oferecem uma descrição •10.13 o príncipe do reino da Pérsia me resistiu. Este "príncipe" é um ser
detalhada de um anjo, talvez aquele que tenha falado ao anjo Gabriel (Dn 8.16) ou espiritual mau e poderoso (cf. Is 24.21, Lc 11.14-26) que afetava o governo impe-
o próprio Gabriel (9 21) Sua aparência é muito parecida com a da glória do rial da Pérsia.
Senhor (Ez 1.26-28; Ap 1 12-16) üuanto a outras referências a anjos, ver Jz 13.6; Miguel. "Miguel", em outras passagens das Escrituras, é retratado como
Ez 9.2-3; 10.2; Lc 24.4. comandante dos santos anjos (Jd 9; Ap 12.7; cf 2Rs 6.15-17). Ternos aqui um
•10.7 grande temor. Ver Is 6.5; Lc 5.8. vislumbre das batalhas espirituais desfechadas nas "regiões celestes", que
afetam os acontecimentos na terra (cf Ef 6.12; Ap 12.7-9). O poder dos anjos
•10.12 por causa das tuas palavras, é que eu vim. Avisão e a revelação que caídos é limitado por Deus, conforme fica claro em outras passagens bíblicas (Já
Daniel recebeu vieram como resposta direta a suas orações. 1 12; 2 6)

O domínio ptolemaico
sobre a Palestina (270 a.C.) EClbilana
0

Amorte de Alexandre resultou na


divisão do seu império em reinos
menores comandados por seus gene- .sueã
rais. Dois desses generais, Ptolomeu e
Seleuco. estabeleceram-se em re-
giões ao redor da Palestina. Por volta
de 275 a.e .. os ptolomeus controla-
vam o Egito, a Palestina, Cirene, a
Fenícia, Chipre e a costa da Ásia ARÁBIA
Menor. Os selêucidas controlaram a 200mi
Mesopotâmia, a Síria e a maior parte 200km

da Ásia Menor e do Irã.


1
tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis
que virá o principe da Grécia. 21 Mas eu te declararei o que
1001
domínio e dfará o que lhe aprouver. 4 Mas,
DANIEL 10, 11
no auge, o eseu
reino será quebrado e repartido para os quatro ventos do céu;
l
está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja mas não para a sua posteridade, !nem tampouco segundo o
ao meu lado contra aqueles, a unão ser Miguel, vosso principe. poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e
passará a outros fora de seus descendentes.
Os reis do Norte e do Sul s O rei do Sul será forte, como também um de seus prín-
Mas eu, ªno primeiro ano de bDario, o medo, me cipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será gran-
11 levantei para o fortalecer e animar.
2 Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis
de o seu domínio. 6 Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão
um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do
se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes Norte, para estabelecer a concórdia; ela, porém, não con-
riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas servará a força do seu 1 braço, e ele não permanecerá, nem
riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia. 3 Depois, o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a
se levantará um crei poderoso, que reinará com grande trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por sua naqueles

• 20 IOn 10.13 21uon10.13; Jd 9; [Ap 12.7]


CAPÍTULO 11 1 a Dn 9.1 b Dn 5.31 3 e Dn 7.6; 8.5 d Dn 8.4; 11.16,36 4 e Jr 49.36; Ez 37.9; Dn 7.2; 8.8; Zc 2.6; Ap 7.1 !On 8.22
6 1 A sua autoridade
•10.20 o príncipe dos persas. Ver a nota no v. 13. contra o reino da Grécia. Xerxes empreendeu uma série de campanhas
o príncipe da Grécia. Este anjo afeta os negócios do reino da Grécia lv. 13, nota). militares contra a Grécia, começando em 480 a.C.
Embora tanto a Pérsia quanto a Grécia governassem o povo de Deus, Daniel tem de •11.3 se levantará um rei poderoso. Alexandre, o Grande 1336-323 a.e.). Ver
compreender que o poder desses príncipes é limitado pelo poder de Deus. as notas em 7.6; 8.5,8.
•10.21 escritura da verdade. Esta é uma metáfora que representa o conheci- •11.4 o seu reino será quebrado. Ver as notas em Dn 7.6; 8.8.
mento de Deus e seu controle sobre a história inteira. •11.5 rei do Sul. Ptolomeu 1Soter, 322-285 a.e.
a não ser Miguel. vosso príncipe. D interesse de Miguel em proteger a Israel
um de seus príncipes. Seleuco 1Nicator 1312-280 a.e.). Seleuco rompeu com
lv. 13, nota; cf. 12.1) corresponde ao interesse do mensageiro, que está direta-
Ptolomeu, tornou-se rei da Babilônia e controlou territórios do rio Indo, do leste
mente preocupado com os propósitos de Deus.
até à Síria, no ocidente.
•11.1 no primeiro ano de Dario, o medo. Dois anos antes 110 1, nota). o anjo
•11.6-20 Estes versículos contêm predições detalhadas dos relacio-
que estava falando com Daniel tinha dado assistência a Miguel 110.13, nota), tal-
namentos entre o rei do Norte lo reino selêucida) e o rei do Sul lo reino
vez em conexão com o decreto persa de permitir aos judeus retornarem à sua ter-
ptolemaico). Esta seção diz respeito a acontecimentos que envolviam
ra natal.
Laodice e Berenice lvs. 6-9). a carreira de Antíoco 111 lvs. 10-19) e o reinado de
•11.2-12.4 A revelação que foi dada a Daniel em 11.2-12.4 divide-se em
Seleuco IV lv. 20).
três partes: Dn 11.2-20 retrata a história do Oriente Próximo desde o tempo de
Daniel até o tempo de Antíoco IV Epifânio; Dn 11.21-35 descreve o governo de •11.6 a filha do rei. Berenice, a filha de Ptolomeu li Filadelfo, 285-246 a e.
Antíoco IV; e Dn 11.36-12.4, aparentemente, descreve o tempo do anticristo. estabelecer a concórdia. Temos aqui uma aliança por casamento lc. 250 a.e.)
•11.2 ainda três reis. Estes reis foram: eambises, 529-523 a.e.; Pseudo- entre Antíoco li Teós 1261-246 a.e.). da Síria, e Ptolomeu li, do Egito.
Esmerdis IGaumata), 523-522 a.e.; e Dario 1, 522-486 a.e. ele não permanecerá, nem o seu braço. Laodice, a ex-esposa de Antíoco li,
o quarto. Xerxes I, 485-464 a.e., conhecido no Antigo Testamento como Assuero. liderou uma conspiração que resultou na morte, por envenenamento, de Bereni-
suas riquezas. Ver Et 1.4. ce, de Antíoco li e do pequeno filho deles.

O domínio selêucida
sobre a Palestina (190 a.C.)
Antíoco Ili, rei da Síria, expandiu
as fronteiras do reino selêucida em
numerosas batalhas contra os ptolo-
meus. Em 221 a e., ele capturou parte
da Palestina, para perder a maior parte
dela em 217 a.e. Retornando em 201
a.e., ele finalmente venceu os ptolo-
meus, em 198 a.e., com a ajuda e
apoio dos judeus. A Palestina esteve
livre da dominação egípcia até 175
a.e., quando um novo líder, Antíoco IV,
ARÁBIA t tornou-se rei da Síria. Sua opressão
-N- sobre os judeus resultou na Revolta
O 200ml
o 200l<m dos Macabeus, em 167 a.e., e na
1
autonomia dos judeus em 164 a.e.
DANIEL 11 1002
tempos. 7 Mas, de um renovo da linhagem dela, um se le· vingará, qnem será para a sua vantagem. 18 Depois, se voltará
vantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe fará
Norte, e entrará na sua fortaleza, e agirá contra eles, e preva- cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre
lecerá. ªTambém aos seus deuses com a multidão das suas aquele. 19 Então, voltará para as fortalezas da sua própria
imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e terra; mas 'tropeçará, e cairá, se não será achado.
ouro levará como despojo para o Egito; por alguns anos, ele 20 Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará pas-
deixará em paz o rei do Norte. 9 Mas, depois, este avançará sar um exator pela terra mais gloriosa do seu reino; mas, em
contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra. poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha.
to Os seus filhos farão guerra e reunirão numerosas forças; 21 Depois, se IJevantará em seu lugar um homem vil, ao
um deles virá apressadamente, garrasará tudo e passará qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá calada-
adiante; e, voltando à guerra, a levará até h à fortaleza do rei mente e tomará o reino, com intrigas. 22 6 As forças ºinun-
do Sul. t t Então, este se i exasperará, sairá e pelejará contra dantes serão arrasadas de diante dele; serão quebrantadas,
ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande vcomo também o príncipe da aliança. 23 Apesar da aliança
multidão, mas a sua imultidão será entregue nas mãos com ele, xusará de engano; subirá e se tornará forte com
daquele. 12 A multidão será levada, e o coração dele se pouca gente. 24 Virá também caladamente aos lugares mais
2 exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá. férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais,
13 Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão nem os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os des-
maiot do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de pojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as torta·
anos, virá à pressa com grande exército e abundantes lezas, mas por certo tempo. 25 Suscitará a sua força e o seu
provisões. 14 Naqueles tempos, se levantarão muitos contra o ânimo contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei
rei do Sul; também os 3 dados à violência dentre o teu povo se do Sul sairá à batalha com grande e mui poderoso exército,
levantarão para 4 cumprirem a profecia, mas 1cairão. 15 O rei mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra
do Norte virá, m1evantará baluartes e tomará cidades fortifica- ele. 26 Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o
das; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo exército dele será 7 arrasado, e muitos cairão traspassados.
escolhido, pois não haverá força para resistir. 16 O que, pois, 27 Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a
vier contra ele nfará o que bem quiser, e ºninguém poderá uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará,
resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas porque o fim virá no 2 tempo determinado. 28 Então, o ho·
mãos. 17 PResolverá vir com a força de todo o seu reino, 5 e mem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu
entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em coração será contra a santa aliança; ele fará o que lhe aprou·


casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não ver e tornará para a sua terra .

10 g1s 8.8; Jr46.7-8; 51.42; Dn 9.26; 11.26,40 hDn 11.7 11 iPv 1614/[SI 3310,16] 12 2Ele se tornará orgulhoso 14 IJó 9.13 3Du
ladrões, lit. os filhos de arrombamento 4 estabelecer 15 m Jr 6.6; Ez 4.2; 17.17 16 n Dn 8.4,7 o Js 1.5 17 P 2Rs 12.17; 2er 20.3; Ez
4.3.7 qon 9.26 seompare com v. 6; TM e homens retos com ele 19 rs1 27.2; Jr 46.6 SJó 20.8; SI 37.36; Ez 26.21 21 IDn 7.8 22 ºDn
9.26 v Dn 8.10-11 ó Lit Os braços 23 x Dn 8.25 26 7 Ou inundado 27 z Dn 8.19; Hc 2.3
•11.7 de um renovo da linhagem dela. Ptolomeu Ili Euergetes, 246-221 a C., para o lado egípcio, buscando a ajuda dos romanos contra a tentativa do pai dela
irmão de Berenice lv. 6, nota). de tomar as cidades costeiras da Ásia Menor que eram controladas pelo Egito.
entrará na sua fortaleza. Ptolomeu 111 atacou o reino selêucida, executou •11.18 um príncipe. Trata-se do general romano Lúcio Cornélia Scipio, que
Laodice lv. 6, nota) e retornou ao Egito com consideráveis despojos. derrotou Antíoco Ili em várias batalhas e forçou-o a ceder a Ásia Menor ao
•11.8 o rei do Norte. Selêuco li Calínico 1246-226 a.C ), filho de Laodice, liderou controle dos romanos la paz de Apaméia, 188 a C ) Nesse tempo, o segundo
uma campanha militar sem sucesso contra o reino ptolemaico em 240 a.e. filho de Antíoco Ili, que se tornou Antíoco IV Epifânio, foi levado como refém para
•11.1 O Os seus filhos. Selêuco Ili eerauno 1226-223 a C ) e Antíoco Ili, o Roma.
Grande 1223-187 a.e.). •11.20 em lugar dele. Seleuco IV Filópater, 187-175 a.e. lo filho mais velho de
farão guerra. Antíoco Ili começou a lutar contra os ptolomeus em 219 a.C. e, du- Antíoco 111).
rante algum tempo, obteve o controle sobre a Palestina e a Síria ocidental. exator pela terra mais gloriosa do seu reino. Quanto a um relato da tentativa
fortaleza. Provavelmente, esta fortaleza fosse Ráfia, uma fortaleza ptolemarca de Heliodoro de cobrar impostos de Seleuco, ver 2 Macabeus 3.7-40.
situada no sul da Palestina. onde uma grande batalha foi travada em 217 a.C. •11.21 um homem vil. Antíoco IV Epifânio, 175-164 a.e., que não foi o sucessor
•11.11 este. Orei do Sul, Ptolomeu IV Filópater, 221-203 a.e. legítimo de seu irmão, Seleuco IV, visto que Seleuco IV tinha um filho. Ver as notas
o rei do Norte. Antíoco Ili. Antíoco sofreu grandes perdas, isto é, mais de em 8.9-14.
catorze mil homens, na batalha de Ráfia, em 217 a.C •11.22 também o príncipe da aliança. Talvez tenhamos aqui uma referência
•11.13 o rei do Norte. Em aliança com Filipe V, da Macedônia, Antíoco Ili ao assassinato, em 171 a.e .. do sumo sacerdote Onias 111, por apoiadores de
organizou um exército ainda maior para invadir o reino ptolemaico. Ptolomeu IV Antíoco IV, fixados em Jerusalém (ver 2 Macabeus 4.32-43)
morreu em circunstâncias misteriosas e foi substituído por Ptolomeu V Epifânio, •11.25 o rei do Sul. Ptolomeu VI Filómeter, 181-146 a.e., filho de Ptolomeu V e
203-181 a.e .• seu filho de quatro anos de idade. Cleópatra e sobrinho de Antíoco (v 17, nota)
•11.15 tomará cidades fortificadas. A vitória de Antíoco Ili sobre o general não prevalecerá. Antíoco IV derrotou Ptolomeu VI em Pelúsio, na fronteira com
egípcio Scopas, em Sidom, em 198 a.e., assinalou o fim do governo ptolemaico o Egito lcl. 1Macabeus1.16-19).
na Palestina.
•11.28 tornará para a sua terra ... e o seu coração será contra a santa
•11.16 terra gloriosa. A Palestina. Ver os vs. 41,45; 8.9. aliança. Em reação às intrigas ocorridas em Jerusalém contra seus apoiadores,
•11.17 não vingará, nem será para a sua vantagem. Depois que Cleópatra Antíoco IV saqueou o templo de Jerusalém quando retornava do Egito para a
foi dada em casamento a Ptolomeu V pelo pai dela, Antíoco Ili, ela se bandeou Antioquia da Síria lcl 1 Macabeus 1.20-28).
1003 DANIEL 11, 12
29 No tempo determinado, tornará a avançar contra o agradáveis. 39 Com o auxílio de um deus estranho, agirá con-
Sul; mas não será nesta última vez como foi na primeira, tra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem,
30 ªporque virão contra ele navios de 80uitim, que lhe cau- multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e
sarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa aliança, lhes repartirá a terra por 3 prêmio.
e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que 40 No /tempo do fim, o rei do Sul lutará com ele, e o rei do
tiverem desamparado a santa aliança. 31 Dele sairão 9forças Norte arremeterá contra ele gcom carros, hcavaleiros e com
bque profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sa- muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e
crifício diário, estabelecendo a abominação desoladora. passará. 41 Entrará também na terra gloriosa, e muitos
32 Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, 1 perverterá, sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: iEdom, e
mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ati- Moabe, e 4 as primícias dos filhos de Amam. 42 Estenderá a
vo. 33 Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, mão também contra as terras, e a terra do iEgito não esca-
cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, pará. 43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de
por algum tempo. 34 Ao caírem eles, serão ajudados com pe- todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes 1o
queno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com 2 1ison- seguirão. 44 Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será
jas. 35 Alguns dos sábios cairão e para serem provados, perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exter-
purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque minar a muitos. 45 Armará as suas tendas palacianas entre os
se dará ainda no tempo determinado. mares contra mo glorioso monte santo; nmas chegará ao seu
36 Este rei fará segundo a sua vontade, e se dlevantará, e se fim, e não haverá quem o socorra.
engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses
falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a O tempo do fim
indignação; porque aquilo que está determinado será feito. Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe,
37 Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de
mulheres, enem a qualquer deus, porque sobre tudo se
12 o defensor dos filhos do teu povo, ªe haverá tempo
de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até
engrandecerá. 38 Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus àquele tempo; mas, naquele tempo, bserá salvo o teu povo,
das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, todo aquele que for achado °inscrito no livro. 2 Muitos dos
honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas que dormem no pó da terra ressuscitarão, duns para a vida
Am.~~~~~~~~~~~
~ 30 a Gn 10.4; Nm 24.24; Is 23.1.12; Jr 2.1 O8 Hebr. Ouitim terras ocidentais, especialmente Chipre 31 b Dn 8.11-13; 12.11 9 Lit. braços
32 1contaminará 34 2Qu intrigas !compare com v. 21 J 35 C(Dt 8 16; Pv 173]; Dn 12.10; Zc 13.9; MI 3.2-3 36 dOn 7.8,25 37 eis
14.13; 2Ts 2.4 39 3Lit. preço 40/Dn 11.27,35; 12.4,9 8ls 21.1 hEz 38.4; Ap 9.16 41 ils 11.14 4Qu os chefes 42 i JI 3.19 43 IÊx
11.8 45 m SI 48.2 n Ap 19.20
CAPÍTULO 12 1 a Is 26.20; Jr 30.7; Ez 5.9; Dn 9.12; Mt 24.21; Me 13.19 b Rm 11.26 e Êx 32.32; SI 56.8 2 d [Mt 25.46; Jo 5.28-29; At
2415]
•11.29 contra o Sul. Antíoco IV invadiu novamente o Egito em 168 a.C Antíoco; os vs. 40-45, como uma descrição de como a sua ambição o levaria à
•11.30 virão contra ele navios de Quitim. Exércitos romanos. comandados sua derrota; e, Dn 12.1-3, como uma previsão de sua derrota. A invasão previs·
por Caio Popílio Lenas, forçaram Antíoco IV a retirar-se do Egito. ta da Terra Santa pode ser apresentada como um paralelo da invasão anterior
por parte de Nabucodonosor. usando os nomes das nações da época, pou-
se indignará contra a santa aliança. Antíoco IV resolveu exterminar a religião
pando os antigos inimigos de Israel (v 41 J e atingindo o seu clímax na derrota
judaica. Ver a nota em 8.11.
prevista do próprio Egito lvs. 42-43; cf. Ez 29). Em seu momento de maior jac-
•11.31 a abominação desoladora. A profanação do templo ocorreu em tância, Antíoco é destruído no monte Sião, no coração da Terra Santa (vs.
dezembro de 168 a.C .. por ordem de Antíoco IV lcf. 1 Macabeus 1.54.59; 2 44-45) A derrota de Antíoco, em Dn 12.1-3, é descrita em termos do fim ab-
Macabeus 6.2) Ver as notas em 8.11; 9.27; 12.11 soluto da história. Visto que as profecias de Dn 11.40-12.3 não foram cum-
•11.32 o povo que conhece ao seu Deus. Daniel fala sobre aqueles que se pridas historicamente, é difícil discernir quão literais ou metafóricas elas são.
opuseram aos helenizantes e estavam prontos para morrer pela sua fé 11 e a interpretação das mesmas forçosamente será especulativa. A interpreta-
Macabeus 1.60-63) ção de que está em foco o futuro anticristo será seguida nas notas expositivas
•11.34 serão ajudados. Provavelmente. isso seja uma referência a Matatias, restantes.
um sacerdote idoso. e a seus cinco filhos: João. Simão, Judas. Eleazar e Jôna- •11.36 até que se cumpra a indignação. Tal como foi no caso de Antíoco IV
tas, os quais desfecharam uma batalha de guerrilhas contra a helenização for- Epifânio 18.17, nota; 11.35). o tempo de perseguição está su1e1to ao controle di-
çada dos judeus. Matatias morreu em 166 a.e. Seus filhos, conhecidos como vino.
os macabeus, levaram avante a luta. A vitória foi obtida por Judas Macabeu.
•11.40 No tempo do fim. Aqui, "fim" tem um sentido escatológico e refere-se
em dezembro de 164 a.C .. quando o templo de Jerusalém foi purificado e os sa-
ao fim da era presente 18 17. nota).
crifícios diários foram restaurados 11 Macabeus 4.36-39).
•11.35 tempo do fim ... no tempo determinado. Ver a nota em 8.17. •11.41 tem gloriosa. A Palestina (cf. os vs. 16.45; 8 9)
•11.36-12.3 Certos detalhes, em 11.36-12.3, não podem ser harmoniza- •11.45 seu fim. Ver JI 3; Zc 14.1-4; 2Ts 2.8; Ap 16.13-16; 19.11-21.
dos com os acontecimentos que cercaram a morte de Antíoco IV. Por essa ra- •12.1 Miguel. Ver a nota em 10.13.
zão, alguns intérpretes entendem que estes versículos descrevem o anticristo,
tempo de angústia. Este tempo de tribulação sem paralelos identifica-se, algu-
o qual, imitando Antíoco IV, perseguirá o povo de Deus imediatamente antes do
mas vezes. com a "grande tribulação" predita pelo Senhor Jesus IMt 24.21; Me
segundo advento de Cristo lcf. 12.1-3). Estes versículos descrevem o caráter
1319).
do anticristo, as suas atividades e o destino do povo de Deus. Essa compreen-
são exige um intervalo de tempo entre os acontecimentos retratados em Dn será salvo o teu povo. Este livramento não é. necessariamente, do martírio lv.
11.21-35 e aqueles de Dn 11.36-12.3. Conseqüentemente. outros intérpre- 2), mas do poder de Satanás. compreendido como as suas tentativas de destruir
tes têm entendido os vs. 36-39 como um sumário das políticas religiosas de a fé e a confiança do povo durante o tempo de tribulação.
DANIEL 12 1004
eterna, e outros para vergonha e e / horror eterno. 3 Os que fo- quando se acabar a destruição do poder 5 do povo santo, es-
rem sábios, pois, !resplandecerão como o fulgor do firma- tas coisas todas se cumprirão. 8 Eu ouvi, porém não entendi;
mento; ge os que a muitos conduzirem à justiça, hcomo as então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas?
estrelas, sempre e eternamente. 4 Tu, porém, Daniel, iencer- 9 Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão en-
ra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o ies- cerradas e seladas até ao tempo do fim. 10 1Muitos serão pu-
quadrinharão, e o saber se multiplicará. rificados, embranquecidos e provados; "mas os perversos
5 Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas
dois, um, de um lado do rio, o outro, 1do outro lado. 6 Um v 0 s sábios entenderão. 1t Depois do tempo em que o sacrifí-
deles disse ao homem vestido de mlinho, que estava sobre as cio diário for tirado, e posta a abominação desoladora, have-
águas do rio: nouando se cumprirão estas maravilhas? rá ainda mil duzentos e noventa dias. 12 Bem-aventurado o
7 Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.
do rio, quando ºlevantou a mão direita e a esquerda ao céu e 13 Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; xpois descan-
jurou, por aquele Pque vive eternamente, qque isso seria de- sarás e, ao fim dos dias, 2 te levantarás para receber a tua he-
pois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. rE, rança.

• e [Is 66.24; Rm 9.21] 1 Lit. Aversão 3 /Pv 3.35; Dn 11.33,35; Mt 13.43 g Pv 11.30; [Tg 5.19--20] h 1Co 15.41 4 i Is 8.16; Dn 12.9; Ap
22.101Am8.12 5 iDn 10.4 6 mEz 9.2; Dn 10.5 n Dn 8.13; 12.8; Mt 24.3; Me 13.4 7 o Dt 32.40 P Dn 4.34 q Dn 7 25; Ap 12.14 'lc
21.24 son 8.24 10 tzc 13.9 u Is 32.6-7; Ap 22.11 von 12.3; Os 14.9; Jo 7.17; 8.47 13 Xls 57 2; Ap 14.13 z SI 1.5
•12.2 vida eterna ... e horror eterno. Este versículo é uma clara prediçáo •12.11 posta a abominação desoladora. Ver a terceira nota em 9.27. As
acerca da ressurreição do corpo dos justos e dos ímpios, tendo em vista o atividades semelhantes de Antíoco IV prefiguravam as atividades do anticristo
julgamento final jMt 25.46; Jo 5.28-29). (813)
•12.4 sela o livro. Selar um livro o mantém inalterado, enquanto o mesmo mil duzentos e noventa dias. Éobscura a significaçáo destes limites de tempo.
espera seu cumprimento (8.26, nota). Três anos e meio são 1.260 dias de um ano com 360 dias ou 1.278 dias de um
•12.7 um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Vera nota em 7.25. ano de 365 dias.

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