Professional Documents
Culture Documents
Análise Matemática
por
Cajazeiras
2016
Sumário
2 Números Reais 16
2.1 R é um Corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 R é um Corpo Ordenado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 R é um Corpo Ordenado Completo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4 Noções de Topologia 48
4.1 Conjuntos abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2 Conjuntos fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 Pontos de acumulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
ii
4.4 Conjuntos compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5 Trabalho 55
Capítulo
1
Conjuntos Finitos e Infinitos
Neste capítulo, será estabelecida com precisão a diferença entre conjunto finito e
conjunto infinito. Será feita também a distinção entre conjunto enumerável e conjunto
não-enumerável. O ponto de partida é o conjunto dos números naturais.
Exemplo 1.3 (Demonstração por indução). Para todo n ∈ N, tem-se s(n) 6= n. Esta
afirmação é verdadeira para n = 1 porque, pelo axioma 2, tem-se 1 6= s(n) para todo
n ∈ N, logo, em particular, 1 6= s(1). Supondo-a verdadeira para um certo n ∈ N, vale
n 6= s(n). Como a função s é injetiva, daí resulta s(n) 6= s(s(n)), isto é, a afirmação é
verdadeira para s(n).
m + 1 = s(m);
m + s(n) = s(m + n), isto é , m + (n + 1) = (m + n) + 1;
m · 1 = m;
m · (n + 1) = m · n + m.
Noutros termos:
Observação 1.4. As duas primeiras igualdades significam que a soma de dois números
naturais é o sucessor de um número natural, pois, conforme o axioma 2, dado n ∈ N,
1.1 Numeros Naturais 3
tem-se que n = 1 (neste caso, usamos a primeira igualdade) ou n = s(m) (neste caso,
usamos a segunda igualdade).
A demonstração da existência das operações + e · com as propriedades acima, bem
como sua unicidade, se faz por indução. Para tal, consulte o “Curso de Análise, Vol.
1, ou suas referências bibliográficas, onde são demonstradas (por indução) as seguintes
propriedades da adição e multiplicação:
2. Seja m ∈ N e seja
1 + n0 = n0 + 1 = s(n0 ) = m.
1.1 Numeros Naturais 4
m = n + q = n + (q0 + 1) = n + (1 + q0 ) = (n + 1) + q0 = s(n) + q0 .
Exemplo 1.7. A lei do corte pode ser utilizada para provar um fato sempre admitido
e raramente demonstrado, que é o seguinte: para qualquer n ∈ N, não existe p ∈ N tal
que n < p < n + 1. Suponhamos por absurdo que um tal p ∈ N exista. Então teremos
p = n + r e n + 1 = p + s, com r, s ∈ N. Daí resulta que p + 1 = n + 1 + r = p + s + r
e (cortando p) 1 = r + s. Isto é um absurdo pois, pela definição de adição (Observação
1.2 Conjuntos Finitos 5
1.4), a soma de dois números naturais é sempre um sucessor de algum número, logo não
pode ser 1, pelo axioma 2.
X = {n ∈ N : n < a, ∀ a ∈ A},
Como 1 6∈ A, vemos que 1 ∈ X. Por outro lado, como A não é vazio, concluímos que
X 6= N. Logo, a conclusão do axioma 3 não é válida. Segue-se que deve existir n ∈ X tal
que n + 1 6∈ X, logo existe a ∈ A tal que n < a ≤ n + 1. Como não existe número natural
entre n e n + 1 (Cf. Exemplo 1.7) segue que a = n + 1 ∈ A é o menor elemento de A,
pois qualquer número natural ≤ n pertence a X.
O Corolário abaixo prova que o número cardinal está bem definido, isto é, não depende
da particular contagem f .
Corolário 1.14. Não pode existir uma bijeção entre um conjunto finito e uma sua parte
própria.
Corolário 1.23. Um conjunto X é infinito se, e somente se, existe uma bijeção ϕ : X →
Y sobre um subconjunto próprio Y ⊂ X.
Demonstração. Exercício!
Demonstração. Exercício!
O Teorema 1.22 acima significa que o enumerável é o “menor” dos infinitos, isto é Todo
conjunto infinito contém um subconjunto infinito enumerável.
Demonstração. Exercício!
1.5 Exercícios Resolvidos 10
(b) 1 + 3 + 5 + · · · + 2n − 1 = n2 .
X ∪ Y = X ∪ [Y − (X ∩ Y )],
Portanto
card (X ∪ Y ) = card X + card Y − card (X ∩ Y ),
X × Y = X1 ∪ X2 ∪ · · · ∪ Xn ,
2. Seja P(X) o conjunto cujos elementos são os subconjuntos de X. Prove por indução
que se X é finito então card P(X) = 2card X .
3. Seja F(X; Y ) o conjunto das funções f : X → Y . Se card X = m e card Y = n, prove
que card F(X; Y ) = nm .
4. Prove que todo conjunto finito não-vazio X de números naturais contém um elemento
máximo (isto é, existe x0 ∈ X tal que x ≤ x0 , ∀ x ∈ X).
Solução: Seja a o menor elemento de X (pelo P.B.O.). Como X é finito, A =
N − (X ∪ Ia ) 6= ∅, onde Ia = {p ∈ N : p ≤ a}. Seja, então, b o menor elemento de
A. Então, b − 1 ∈ X ∪ Ia .
Afirmação: x0 = b − 1.
De fato, qualquer número natural maior do que b−1 pertence a A. Logo, tudo o que temos
de provar é que b − 1 ∈ X. Se b − 1 ∈ Ia , isto é, b − 1 ≤ a, temos que, ou b − 1 = a ∈ X, e
a prova termina; ou b − 1 < a, que implica a existência de p ∈ N tal que (b − 1) + p = a.
Daí b = (b − 1) + 1 ≤ (b − 1) + p = a ⇒ b ∈ Ia . Mas isto contradiz b ∈ A. Portanto,
b − 1 ∈ X, e a Afirmação está mostrada.
Solução:2 Como X é finito, então é limitado, isto é, existe p ∈ N tal que p > x para todo
x ∈ X. Considere o conjunto A = {p ∈ N : p > x, ∀ x ∈ X} 6= ∅. Pelo P.B.O., A possui
um menor elemento, digamos, p0 ; então p0 − 1 ∈ X. Agora, basta tomar x0 = p0 − 1.
5. Prove o Princípio das Casas de Pombo: se m > n não existe função injetiva f : Im → In .
(quando m > n, para alojar m pombos em n casas é preciso que pelo menos uma casa
abrigue mais de um pombo).
Seção 3: Conjuntos Infinitos
1. Dada f : X → Y , prove:
1.5 Exercícios Resolvidos 13
2. Sejam X um conjunto finito e Y um conjunto infinito. Prove que existe uma função
injetiva f : X → Y e uma função sobrejetiva g : Y → X.
3. Prove que o conjunto P dos números primos é infinito.
4. Dê exemplo de uma sequência decrescente X1 ⊃ X2 ⊃ · · · ⊃ Xn ⊃ · · · de conjuntos
infinitos cuja intercesão ∞
T
n=1 Xn seja vazia.
Seção 4: Conjuntos Enumeráveis
1. Defina f : N × N → N pondo f (1, n) = 2n − 1 e f (m + 1, n) = 2m (2n − 1). Prove que
f é uma bijeção.
Solução: Sendo k ∈ N um número natural qualquer, podemos escrever esse número como
produto dos seus fatores primos
r
Y r
Y
k= pαi i α1
=2 pαi i , αi ∈ N ∪ {0}.
i=1 i=2
Use estes resultados para concluir que Todo conjunto infinito possui um
subconjunto infinito enumerável. Isto é: o enumerável é o “menor” dos infinitos.
2
Números Reais
O conjunto dos números reais será indicado por R. Faremos aqui uma descrição de
suas propriedades que, juntamente com suas consequências, serão utilizadas nos capítulos
seguintes.
2.1 R é um Corpo
Definição 2.1. Dizer que R é um corpo significa que estão definidas em R duas operações,
chamadas adição e multiplicação, que cumprem certas condições, abaixo especificadas.
2. (Comutatividade) x + y = y + x e xy = yx;
Dos axiomas acima resultam todas as regras familiares de manipulação com os números
reais.
6. Se dois números reais x, y têm quadrados iguais, então x = ±y. Com efeito, de
x2 = y 2 decorre que 0 = x2 − y 2 = (x + y)(x − y) e, da regra 4 acima, obtemos
x = ±y.
Definição 2.4 (Relação de Ordem). Escreve-se x < y e diz-se que x é menor do que y
quando y − x ∈ R+ , isto é, y = x + z, onde z ∈ R+ . Neste caso, escreve-se também y > x
e diz-se que y é maior do que x. Em particular, x > 0 (x − 0 ∈ R+ ) significa que x ∈ R+ ,
isto é, que x é positivo, enquanto x < 0 (0 − x ∈ R+ ) quer dizer que x é negativo, ou seja,
que (−x ∈ R+ ).
Demonstração:
2. Dados x, y ∈ R, ou y − x ∈ R+ , ou y − x = 0 ou y − x ∈ R− (isto é, x − y ∈ R+ ). No
primeiro caso tem-se x < y, no segundo x = y e no terceiro y < x. Estas alternativas
se excluem mutuamente, por (P 2).
• Analogamente, 0 < x < y e 0 < x0 < y 0 implicam xx0 < yy 0 pois yy 0 − xx0 =
yy 0 − yx0 + yx0 − xx0 = y(y 0 − x0 ) + (y − x)x0 > 0.
• Se 0 < x < y então y −1 < x−1 . Para provar, nota-se primeiro que x > 0 ⇒ x−1 =
x · (x−1 )2 > 0. Em seguida, multiplicando ambos os membros da desigualdade x < y
por x−1 y −1 vem y −1 < x−1 .
Demonstração. Isto se prova por indução sobre n, sendo óbvio para n = 1, pois ficaria:
(1 + x)1 = 1 + 1 · x. Supondo a desigualdade válida para n, multiplicamos ambos os
membros pelo número 1 + x ≥ 0 e obtemos
n
Pelo mesmo argumento, vê-se que (1 + x) > 1 + nx quando n > 1, x > −1 e x 6= 0. Com
efeito, para n = 2, segue-se (1 + x)2 > 1 + 2x. Supondo (1 + x)n > 1 + nx válida para n,
como em (2.1), para x + 1 > 0 e x 6= 0, obtemos
Exercício 2.7. Use (P 1) e (P 2) para mostrar que |x| é o único número ≥ 0 cujo quadrado
é x2 .
Demonstração. Como |x − a| é o maior dos dois números x − a e −(x − a), afirmar que
|x − a| < δ equivale a dizer que se tem x − a < δ e −(x − a) < δ, ou seja, x − a < δ e
x − a > −δ. Somando a, vem:
.
|x − a| ≤ δ ⇔ a − δ ≤ x ≤ a + δ.
[a, b] = {x ∈ R : a ≤ x ≤ b} (−∞, b] = {x ∈ R : x ≤ b}
(a, b) = {x ∈ R : a < x < b} (−∞, b) = {x ∈ R : x < b}
[a, b) = {x ∈ R : a ≤ x < b} [a, +∞) = {x ∈ R : a ≤ x}
(a, b] = {x ∈ R : a < x ≤ b} (a, +∞) = {x ∈ R : a < x}
(−∞, +∞) = R.
Os quatro intervalos da esquerda são limitados, com extremos a, b. [a, b] é um intervalo
fechado, (a, b) é aberto. [a, b) é fechado à esquerda e (a, b] é fechado à direita. Os cinco
intervalos à direita são ilimitados: (−∞, b] é a semi-reta esquerda fechada de origem b.
Os demais têm denominações análogas. Quando a = b o intervalo fechado [a, b] reduz-se
a um único elemento e chama-se um intervalo degenerado.
2.3 R é um Corpo Ordenado Completo 21
Em termos de intervalos, a Proposição 2.9 diz que |x − a| < δ se, e somente se,
x ∈ (a − δ, a + δ). Analogamente,
|x − a| ≤ δ ⇔ x ∈ [a − δ, a + δ].
É muito conveniente imaginar o conjunto R como uma reta (a reta real) e os números
reais como pontos dessa reta. Então a relação x < y significa que o ponto x está à esquerda
de y (e y à direita de x), os intervalos são segmentos de reta e |x − y| é a distância do
ponto x ao ponto y. O significado da Proposição 2.9 é de que o intervalo (a − δ, a + δ) é
formado pelos pontos que distam menos de δ do ponto a.
e escreve-se a = inf X quando é a maior das cotas inferiores de X. Isto equivale às duas
afirmações:
I1. a ≤ x ∀ x ∈ X;
I2. Se c ∈ R é tal que c ≤ x ∀ x ∈ X, então c ≤ a.
Definição 2.12. Diz-se que um número b ∈ X é o maior elemento (ou elemento máximo)
do conjunto X quando b ≥ x, ∀ x ∈ X. Isto quer dizer que b é uma cota superior de X,
pertencente a X.
Por exemplo, b é o elemento máximo do intervalo fechado [a, b], mas o intervalo [a, b)
não possui maior elemento.
Exercício 2.13. Se um conjunto X possui elemento máximo, este será seu supremo.
Entretanto, o contrário nem sempre é verdade.
Definição 2.14. A afirmação de que o corpo ordenado R é completo significa que todo
conjunto não-vazio, limitado superiormente, X ⊂ R possui supremo b = sup X ∈ R.
Exercício 2.15 (Resolvido). Mostre que todo conjunto não-vazio, limitado inferiormente,
X ⊂ R possui ínfimo a = inf X ∈ R.
I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . .
a1 ≤ a2 ≤ . . . ≤ an ≤ . . . ≤ b n ≤ . . . ≤ b 2 ≤ b 1 .
Definição 2.19. Um número real chama-se irracional quando não é racional. O conjunto
dos números irracionais será indicado por R\Q.
e mostremos que ela vale para n = p+1. Multiplicando ambos os membros da desigualdade
acima por x + 1 > 0 e usando que x ≥ 0, obtemos
como queríamos.
Xn n
X n
X
( xi yi )2 ≤ x2i · yi2 .
i=1 i=1 i=1
Prove ainda que vale a igualdade se, e somente se, existe λ ∈ R tal que xi = λyi para
todo i = 1, . . . , n ou y1 = y2 = . . . = yn = 0.
Solução: Temos que
n
X n
X
(xi − λyi )2 = (x2i − 2xi yi λ + yi2 λ2 )
i=1 i=1
n
X n
X n
X
= x2i + (−2 xi yi )λ + ( yi2 )λ2
i=1 i=1 i=1
= aλ2 + bλ + c ≥ 0,
Xn n
X n
X
2 2
4( xi y i ) ≤ 4 yi · x2i ,
i=1 i=1 i=1
Xn n
X n
X
( xi yi )2 ≤ x2i · yi2 .
i=1 i=1 i=1
Além disso, a igualdade vale se, e somente se, ∆ = 0; ou melhor, se, e somente
se, existe raiz para o trinômio f (λ) = aλ2 + bλ + c, isto é, existe λ ∈ R tal que
f (λ) = ni=1 (xi − λyi )2 = 0. Mas, pelo Exercício 3 acima, isto equivale a xi − λyi =
P
√ x+y
(b) Se x, y > 0, mostre que xy ≤ . Essa desigualdade diz que a média
2
geométrica de dois números reais positivos é menor do que ou igual à média
aritmética desses mesmos números.
(c) Mostre que, geometricamente, essa desigualdade expressa o fato de que a altura
de um triângulo retângulo tendo por base a hipotenusa é menor do que ou igual
à metade da hipotenusa.
(d) Quando é que as médias aritmética e geométrica são iguais? Que quer dizer
isso geometricamente?
6. (a) Prove por indução que |a1 + a2 + . . . + an | ≤ |a1 | + |a2 | + . . . + |an | quaisquer
que sejam os números a1 , a2 , . . . , an ∈ R.
(b) Prove por indução que |a1 + a2 + . . . + an | ≥ |a1 | − |a2 | − . . . − |an | quaisquer
que sejam os números a1 , a2 , . . . , an ∈ R.
√ √
(f ) Sejam a, b números racionais positivos. Prove que a + b é racional se,
√ √
e somente se, a e b forem ambos racionais. (Sugestão: multiplique por
√ √
a − b)
(g) Prove que se x e y forem números irracionais tais que x2 − y 2 ∈ Q − {0}, então
√ √ √ √
x + y e x − y são ambos irracionais. Exemplo: 3 + 2 e 3 − 2.
(Sugestão: Em algum momento, use x = (x+y)+(x−y) 2
e y = (x+y)−(x−y)
2
.)
p s1
10. Prove que, se p1 , . . . , pr forem números primos distintos, então p1 · · · psrr é
irracional se algum dos expoentes s1 , . . . , sr for ímpar.
11. (a) Prove que entre dois números reais distintos há uma infinidade de números
racionais.
(b) Prove que entre dois números reais distintos há uma infinidade de números
irracionais.
(c) Sabendo que o conjunto R dos números reais não é enumerável, prove que o
conjunto dos números irracionais não é enumerável.
15. (a) Prove que todo conjunto não-vazio de números reais, limitado inferiormente,
tem ínfimo. Em outras palavras, dado A ⊂ R não-vazio, limitado inferiormente,
seja −A = {−x : x ∈ A}. Prove que −A é limitado superiormente e que
sup(−A) = − inf A.
(b) Dados A ⊂ R não-vazio, limitado, e c ∈ R, definimos o conjunto cA = {ca :
a ∈ A}. Mostre, então, que
( (
sup cA = c sup A sup cA = c inf A
c≥0⇒ e c<0⇒
inf cA = c inf A. inf cA = c sup A.
2.5 Exercícios Propostos 30
17. Sejam A ⊂ B ⊂ R não-vazios e limitados. Prove que inf B ≤ inf A ≤ sup A ≤ sup B.
(a) A + B é limitado.
(b) sup(A + B) = sup A + sup B.
(c) inf(A + B) = inf A + inf B.
22. Sejam x, y ∈ R e n ∈ N.
23. Responda se são verdadeiras ou falsas as afirmações abaixo (se verdadeira, dê uma
justificativa breve; se falso, dê um contra-exemplo).
1
(l) ( ) Se X = : n ∈ N , então inf X = 0.
n
(m) ( ) Se X ⊂ N é limitado, então X possui um supremo em N
(n) ( ) Se X ⊂ N é limitado, então X possui um supremo em R
(o) ( ) Se X ⊂ N, então X possui um ínfimo em R
(p) ( ) Se X ⊂ N, então X possui um mínimo em N
2.5 Exercícios Propostos 31
3
Sequências de Números Reais
Neste capítulo será apresentada a noção de limite, que tem um papel central no estudo
da Análise Matemátca, sob sua forma mais simples, o limite de uma sequência. A partir
daqui, todos os conceitos importantes da Análise, de uma forma ou de outra, reduzir-se-ão
a algum tipo de limite.
Definição 3.4. Dada uma sequência x = (xn )n∈N , uma subsequência de x é a restrição
da função x a um subconjunto infinito e, portanto, ilimitado, N0 = {n1 , n2 , . . . , nk , . . .}.
• Escreve-se x0 = (xn )n∈N0 ou (xn1 , xn2 , . . . , xnk , . . .), ou (xnk )k∈N para indicar a
subsequência x0 = x | N0 .
• A notação (xnk )k∈N mostra como uma subsequência pode ser considerada como uma
sequência, isto é,uma função cujo domínio é N.
Definição 3.6. Diz-se que um número real a é limite da sequência (xn ) quando, para
todo número real > 0, dado arbitrariamente, pode-se obter n0 = n0 () ∈ N tal que todos
os termos xn com índice n > n0 cumprem a condição |xn − a| < . Simbolicamente,
escreve-se
.
a = lim xn = ∀ > 0, ∃ n0 ∈ N; n > n0 ⇒ |xn − a| < .
• Esta importante definição significa que, para valores muito grandes de n, os termos
xn tornam-se e se mantêm tão próximos de a quanto se deseje. Mais precisamente,
estipulando-se uma margem de erro > 0, existe um índice n0 ∈ N tal que todos
os termos xn da sequência com índice n > n0 são valore aproximados de a com erro
menor do que .
Convém lembrar que |xn −a| < é o mesmo que a− < xn < a+, isto é, xn ∈ (a−, a+).
Assim, dizer que a = lim xn significa afirmar que qualquer intervalo aberto de centro a
contém todos os termos xn da sequência, salvo para um número finito de índices n (a
saber, os índices n ≤ n0 , onde n0 é escolhido em função do raio do intervalo dado. Em
3.1 Limites de uma Sequência 34
Teorema 3.7. Uma sequência não pode convergir para dois limites distintos.
Demonstração. Seja a = lim xn . Dado b 6= a, podemos tomar > 0 tal que os intervalos
abertos I = (a − , a + ) e J = (b − , b + ) sejam disjuntos. Basta tomar ≤ |b − a|/2.
Existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ I. Então, para todo n > n0 , temos xn 6∈ J.
Logo, não pode ser lim xn = b.
Teorema 3.8. Se lim xn = a, então toda subsequência de (xn ) converge para o limite a.
Demonstração. Seja a = lim xn . Fixado > 0, vemos que existe n0 ∈ N tal que
n > n0 implica xn ∈ (a − , a + ). Sejam b o menor e c o maior elemento do conjunto
{x1 , . . . , xn0 , a − , a + }. Isto significa que
• b ≤ x1 , . . . , xn0 ≤ c,
Isto é, todos os termos xn da sequência estão contidos no intervalo [b, c], logo ela é limitada.
Exemplo 3.11. A sequência (1, 2, 3, . . .), com xn = n, não converge por que não é
limitada.
Lema 3.13. A fim de que uma sequência monótona seja limitada é suficiente que possua
uma subsequência limitada.
Demonstração. Com efeito, seja (xn )n∈N0 uma subsequência limitada da sequência
monótona (digamos, não-decrescente) (xn ). Temos xn0 ≤ c, ∀ n0 ∈ N0 . Dado qualquer
n ∈ N, existe n0 ∈ N0 tal que n < n0 . Então, x1 ≤ xn ≤ xn0 ≤ c.
O teorema seguinte dá uma condição suficiente para que uma sequência convirja. Foi
tentando demonstrá-lo ao preparar suas aulas, na metado do século XIX, que R. Dedekind
percebeu a necessidade de uma conceituação precisa de número real.
Demonstração. Tendo em vista o Teorema 3.14, basta mostrar que toda sequência
limitada (xn ) possui uma subsequência monótona.
Digamos que um termo xn da sequência dada é destacado quando xn ≥ xp ∀ p > n.
Seja
D = {n ∈ N : xn é destacado }
• Se D for infinito, D = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .}, então a subsequência (xnk )nk ∈D
será monótona não-crescente.
3.2 Limites e Desigualdades 36
Teorema 3.19. Seja a = lim xn . Se b < a então, para todo n suficientemente grande,
tem-se b < xn . Analogamente, se a < b, então xn < b para todo n suficientemente grande.
Corolário 3.20. Seja a = lim xn . Se a > 0 então, para todo n suficientemente grande,
tem-se xn > 0. Analogamente, se a < 0, então xn < 0 para todo n suficientemente grande.
Demonstração. Se fosse b < a, então tomaríamos c ∈ R tal que b < c < a e teríamos,
pelo Teorema 3.19, yn < c < xn para todo n suficientemente grande, contradizendo a
hipótese.
Observação 3.22. Se fosse xn < yn não se poderia concluir a < b. Por exemplo, se
xn = 0 e yn = 1/n, temos, para todo n ∈ N, que xn < yn . Mas lim xn = lim yn = 0.
3.3 Operações com Limites 37
Demonstração. Como (yn ) é limitada existe c > 0 tal que |yn | ≤ c para todo n ∈ N.
E como lim xn = 0, dado arbitrariamente > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 ⇒ |xn | < /c.
Então n > n0 ⇒ |xn yn | = |xn | · |yn | < (/c) · c. Assim, lim xn yn = 0.
Exemplo 3.25. Se xn = 1/n e yn = sin n, então (yn ) não converge, mas, como
−1 ≤ yn ≤ 1, tem-se lim(xn yn ) = lim sinn n = 0. Por outro lado, se lim xn = 0, mas (yn )
não é limitada, então o produto pode divergir (tome xn = 1/n e yn = n2 ) ou convergir
para um valor qualquer (tome xn = 1/n e yn = c · n).
Observação 3.26. Para uso posterior, observemos que, segundo resulta diretamente da
definição de limite, tem-se
De fato,
1. lim(xn ± yn ) = a ± b.
2. lim xn yn = ab.
3.3 Operações com Limites 38
xn a
3. lim = se b 6= 0.
yn b
Demonstração.
|xn ± yn − (a ± b)| = |xn − a ± (yn − b)| ≤ |xn − a| + |yn − b| < /2 + /2 = .
Logo, lim(xn ± yn ) = a ± b.
2. Note que
|xn yn −ab| = |xn yn −xn b+xn b−ab| = |xn (yn −b)+(xn −a)b| ≤ |xn ||yn −b|+|xn −a||b|.
|xn yn − ab| ≤ |xn ||yn − b| + |xn − a||b| < c · + · |b| = .
2c 2|b|
Exemplo 3.28. Se xn > 0 para todo n ∈ N e lim(xn+1 /xn ) = a < 1, então lim xn = 0.
Com efeito, tomemos c ∈ R com a < c < 1. Então 0 < xn+1 /xn < c para todo n
suficientemente grande. Segue-se que 0 < xn+1 = (xn+1 /xn )xn < c · xn < xn ; logo, para n
suficientemente grande, a sequência (xn ) é monótona e limitada, daí possui limite (pelo
Teorema 3.14). Seja b = lim xn . De xn+1 < c · xn para todo n suficientemente grande
3.3 Operações com Limites 39
Exemplo 3.29. Como aplicação do exemplo anterior, vê-se que, se a > 1 e k ∈ N são
constantes, então
nk an n!
lim n = lim = lim n = 0.
n→∞ a n→∞ n! n→∞ n
√
Exemplo 3.30. Dado a > 0, mostremos que a sequência dada por xn = n a = a1/n tem
limite igual a 1. De fato, trata-se de uma sequência monótona (decrescente se a > 1,
crescente se a < 1), limitada; portanto, existe L = limn→∞ a1/n . Tem-se L > 0. Com
efeito, se 0 < a < 1 então a1/n > a para todo n ∈ N, donde L ≥ a. Se, porém,
a > 1, então a1/n > 1 para todo n ∈ N, donde L ≥ 1. Consideremos a sequência
(a1/n(n+1) ) = (a1/2 , a1/6 , a1/12 , . . .). Como 1/n(n + 1) = 1/n − 1/(n + 1), o Teorema 3.8 e
o item (3) do Teorema 3.27 nos dão
a1/n L
L = lim a1/n(n+1) = lim = =1
a1/(n+1) L
1 1
an = 1 + 1 + + ... +
2! n!
1 1 1
2 ≤ an = 1 + 1 + + + ... +
2! 3! n!
1 1 1
≤ 1 + 1 + + 2 + . . . + n−1
2 2 2
< 3.
3.3 Operações com Limites 40
Logo, bn é uma soma de parcelas positivas. O número dessas parcelas, bem como cada
uma delas, cresce com n. Portanto a sequência (bn ) é crescente. É claro que bn < an do
Exemplo ?? anterior. Segue-se que bn < 3 para todo n ∈ N.
Afirmamos que lim bn = lim an = e.
Com efeito, quando n > p vale
1 1 1 1 2 p−1
bn ≥ 1 + 1 + (1 − ) + . . . + (1 − )(1 − ) · · · (1 − ).
2! n p! n n n
1 1
lim bn ≥ 1 + 1 + + . . . + = ap .
2! p!
Como esta desigualdade vale para todo p ∈ N, segue-se que limn→∞ bn ≥ limp→∞ ap = e.
Mas já vimos que bn < an para todo n ∈ N. Logo limbn ≤ lim an (Cf. Corolário 3.21).
Isto completa a prova de que lim bn = e.
√
Exemplo 3.34. Consideremos a sequência cujo n-ésimo termo é xn = n n = n1/n . Temos
xn ≥ 1 para todo n ∈ N. Esta sequência é decrescente a partir do seu terceiro termo. Com
√ √
efeito, a desigualdade n n > n+1 n + 1 é equivalente a nn+1 > (n + 1)n , que dividindo por
nn , se torna equivalente a n > (1 + 1/n)n , o que é verdade para n ≥ 3 pois, como vimos
acima, (1 + 1/n)n < 3 para todo n ∈ N. Portanto, existe L = lim n1/n e tem-se L ≥ 1.
3.4 Limites Infinitos 41
√
(Cf. Exemplo 3.30). Como L 6= 0, de L2 = L resulta L = 1. Portanto, lim n
n = 1.
Observação 3.36. (i) Deve-se observar que +∞ e −∞ não são números e que, se
lim xn = +∞ e lim yn = −∞, as sequências (xn ) e (yn ) não são convergentes.
(ii) Com lim xn = +∞ ⇔ lim(−xn ) = −∞, limitaremos nossos comentários ao
primeiro caso.
(iii) Se lim xn = +∞ então a sequência (xn ) não é limitada superiormente. A recíproca
é falsa. Por exemplo, a sequência xn = n + (−1)n n é ilimitada superiormente, porém,
não se tem lim xn = +∞, pois x2n−1 = 0 para todo n ∈ N. Mas se (xn ) é não-decrescente
então xn ilimitada implica lim xn = +∞.
Observação 3.38. As hipóteses feitas nas diversas partes do teorema anterior têm por
objetivo evitar algumas das chamadas expressões indetermindas. No item 1. procura-se
evitar a expressão +∞−∞. De fato, se lim xn = +∞ e lim yn = −∞ nenhuma afirmação
geral pode ser feita sobre lim(xn + yn ). Este limite pode não existir (como no caso em que
xn = n + (−1)n e yn = −n), pode ser igual a +∞ (se xn = 2n e yn = −n), pode ser −∞
(tome xn = n e yn = −2n) ou pode assumir um valor arbitrário c ∈ R (por exemplo, se
xn = n + c e yn = −n). Por causa desse comportamento errático diz-se que +∞ − ∞ é
uma expressão indeterminada. Nos itens 2., 3. e 4., as hipóteses feitas excluem os limites
do tipo 0 · +∞ (também evitado no Teorema 3.24), 0/0 e ∞/∞, respectivamente, os
quais constituem expressões indeterminadas no sentido que acabamos de explicar. Outras
expressões frequentemente encontradas são ∞0 , 1∞ e 00 .
Os limites mais importantes da Análise quase sempre se apresentam sob forma de uma
expressão indeterminada. Por exemplo, o número e = limn→∞ (1 + 1/n)n é da forma 1∞ .
E, como veremos mais adiante, a derivada é um limite do tipo 0/0.
Agora, uma observação sobre ordem de grandeza. Se k ∈ N e a ∈ R, a > 1,
então limn→∞ nk = limn→∞ an = limn→∞ n! = limn→∞ nn . Todas estas expressões
têm limite. Mas o Exemplo 3.29 nos diz que, para valores muito grandes de n, temos
nk an n! nn , onde o símbolo quer dizer “é uma fração muito pequena de”
ou “é insignificante diante de”. Por isso, diz-se que o crescimento exponencial supera
o polinomial, o crescimento fatorial supera o exponencial com base constante, mas é
superado pelo crescimento exponencial com base crescente.
Por outro lado, o crescimento de nk (mesmo quando k = 1) supera o crescimento
ln n
logarítmico, como veremos agora, provando que lim = 0. Para todo n ∈ N, temos
√ √ √ n→∞ n√
ln n < n. Como ln n = 12 ln n, segue-se que ln n < 2 n. Dividindo por n resulta que
√ ln n
0 < ln n/n < 2/ n. Fazendo n → ∞, vem lim = 0.
n→∞ n
3.5 Exercícios Resolvidos 43
(a) A fim de que o número real a seja valor de aderência de (xn ) é necessário e suficiente
que, para todo > 0 e todo k ∈ N dados, exista n > k tal que |xn − a| < .
(b) A fim de que o número real b não seja valor de aderência de (xn ) é necessário e
suficiente que existam n0 ∈ N e > 0 tais que n > n0 ⇒ |xn − b| ≥ .
(b) Prove que uma sequência de Cauchy não pode ter dois valores de aderência distintos.
(c) Prove que uma sequência (xn ) é convergente se, e somente se, é de Cauchy.
x2 < x4 < . . . < x2n < . . . < c < . . . < x2n−1 < . . . < x3 < x1 ,
e que lim xn = c. O número c pode ser considerado como a soma da fração contínua
1
1
a+
1
a+
1
a+
a + ...
n!
lim .
nk· an
3.6 Exercícios Propostos 45
an · n! nk · an · n!
lim e lim .
nn nn
lim(t1 + · · · + tn ) = +∞,
prove que
t1 x1 + · · · + tn xn
lim = a.
t1 + · · · + tn
x1 + · · · + xn
Em particular, se yn = tem-se ainda lim yn = a.
n
3. O Teorema dos Intervalos Encaixados diz que dada uma sequência decrescente
I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . . de intervalos limitados e fechados In = [an , bn ]. Existe, pelo
T
menos, um número real c tal que c ∈ In , ∀ n ∈ N, isto é, c ∈ n∈N In . Prove que se
T
os comprimentos dos intervalos tendem a zero quando n cresce, então n∈N In = {c}.
[Cf. Demonstração do Teorema 4.17.]
5. Seja lim xn = 0. Para cada n, ponha yn = min{|x1 |, |x2 |, . . . , |xn |}. Prove que
lim yn = 0.
3.6 Exercícios Propostos 46
√ √
6. Prove que a sequência xn = n + h − n converge para 0.
8. Defina sequência de Cauchy. Seja 0 < c < 1 e (xn ) uma sequência tal que
|xn+1 − xn | ≤ c|xn−1 − xn−2 |. Mostre que (xn ) é uma sequência convergente.
√ √
10. Dado a > 0, considere os seguintes limites: lim n
a = 1, lim n
n = 1, lim an /n! = 0.
Prove que:
√
(a) se a ≤ xn ≤ n para todo n, então lim n xn = 1;
√
(b) para todo p ∈ N, tem-se lim n+p n = 1.
√
(c) lim n n! = +∞.
p√
11. Prove que n n n → 1.
√
(c) Generalize o item (b) considerando a sequência assim definida: x1 = a,
√
xn = a + xn−1 , onde a > 0.
14. Prove que uma sequência (xn ) que não é limitada possui uma subsequência (xnj )
tal que 1/xnj → 0.
15. Dê exemplo de uma sequência não limitada que tenha subsequências convergentes;
e de sequência não limitada que não tenha uma única subsequência convergente.
16. Responda se são verdadeiras ou falsas as afirmações abaixo (se verdadeira, dê uma
justificativa breve; se falso, dê um contra-exemplo).
4
Noções de Topologia
Demonstração.
(b) Se x ∈ A então existe λ ∈ L tal que x ∈ Aλ . Como Aλ é aberto, existe ε > 0 tal
que (x − ε, x + ε) ⊂ Aλ ⊂ A. Logo, todo ponto x ∈ A é interior, isto é, A é aberto.
Teorema 4.7. Um ponto a é aderente ao conjunto X se, e somente se, toda vizinhança
de a contém algum ponto de X.
(b) Se (Fλ )λ∈L é uma família qualquer de conjuntos fechados, então a interseção
T
F = λ∈L Fλ é um conjunto fechado.
Demonstração.
S
(b) Para cada λ, Aλ = R − Fλ é aberto. Segue-se que A = λ∈L Aλ é aberto. Mas
A = R − F ; logo F é fechado.
Observação 4.14. Uma reunião infinita de conjuntos fechados pode não ser um conjunto
fechado. Com efeilo, todo conjunto (fechado ou não) é reunião dos seus pontos, que são
conjuntos fechados.
Demonstração. Suponhamos, por absurdo, que o intervalo I admita a cisão não trivial
I = A ∪ B. Tomemos a ∈ A, b ∈ B, digamos com a < b, logo [a, b] ⊂ I. Seja c o
ponto médio do intervalo [a, b]. Então c ∈ A ou c ∈ B. Se c ∈ A, poremos a1 = c,
b1 = b. Se c ∈ B, escreveremos a1 = a, b1 = c. Em qualquer caso, obteremos
um intervalo [a1 , b1 ] ⊂ [a, b], com b1 − a1 = (b − a)/2 e a1 ∈ A, b1 ∈ B. Por sua
vez, o ponto médio de [a1 , b1 ] o decompõe em dois intervalos fechados justapostos de
comprimento (b − a)/4. Um desses intervalos, que chamaremos [a2 , b2 ], tem a2 ∈ A e
b2 ∈ B. Prosseguindo analogamente, obteremos uma seqüência de intervalos encaixados
[a, b] ⊃ [a1 , b1 ] . . . ⊃ [an , bn ] ⊃ . . . com bn − an = (b − a)/2n , an ∈ A e bn ∈ B para todo
n ∈ N. Pelo Teorema 2.17, existe d ∈ R tal que an ≤ d ≤ bn para todo n ∈ N. Este d é
único, pois as sequências (an ) e (bn ) são monótonas, limitadas e, portanto, convergentes,
4.3 Pontos de acumulação 52
lado, supondo (2), então, para qualquer n0 ∈ N, o conjunto {xn : n > n0 } é infinito porque,
do contrário, existiria um termo xn1 que se repetiria infinitas vezes e isto forneceria uma
sequência constante com limite xn1 6= a. Pela definição de limite, vê-se portanto que
(2) ⇒ (3). Finalmente, a implicação (3) ⇒ (1) é óbvia.
Teorema 4.22. Todo conjunto infinito limitado de números reais admite pelo menos um
ponto de acumulação.
5
Trabalho
4. Prove o Princípio das Casas de Pombo: se m > n não existe função injetiva
f : Im → In . (quando m > n, para alojar m pombos em n casas é preciso que
pelo menos uma casa abrigue mais de um pombo).
5. Dada f : X → Y , prove:
6. Sejam X um conjunto finito e Y um conjunto infinito. Prove que existe uma função
injetiva f : X → Y e uma função sobrejetiva g : Y → X.
10. Use o fato de que o trinômio do segundo grau f (λ) = ni=1 (xi − λyi )2 é ≥ 0 para
P
Prove ainda que vale a igualdade se, e somente se, existe λ ∈ R tal que xi = λyi
para todo i = 1, . . . , n ou y1 = y2 = . . . = yn = 0.
13. Nas mesmas condições do exercício anterior, mostre que sup(f 2 ) = (sup f )2 e
inf(f 2 ) = (inf f )2 .
14. Dados a, b ∈ R+ com a2 < 2 < b2 , tome x, y ∈ R+ tais que x < 1, x <
(2 − a2 )/(2a + 1) e y < (b2 − 2)/2b. Prove que (a + x)2 < 2 < (b − y)2 e b − y > 0.
Em seguida, considere o conjunto limitado X = {a ∈ R+ : a2 < 2} e conclua que o
número real c = sup X cumpre c2 = 2.
15. Prove que um conjunto I ⊂ R é um intervalo se, e somente se, a < x < b,
a, b ∈ I ⇒ x ∈ I.
√
16. (a) Prove que, se p e q forem números primos distintos, então pq é irracional.
√
(b) Prove que, se p1 , . . . , pr forem números primos distintos, então p1 · · · pr é
irracional.
17. (a) Se a e b são números irracionais, é verdade que (a + b)/2 é irracional? Prove
a veracidade dessa afirmação ou dê um contra-exemplo, mostrando que ela é
falsa.
(b) Prove que a soma ou a diferença entre um número racional e um número
irracional é um número irracional. Mostre, com um contra-exemplo, que o
produto de dois números irracionais pode ser racional.
57
(c) Prove que o produto de um número irracional por um número racional diferente
de zero é um número irracional.
(d) Prove que se r for um número irracional então 1/r também o será.
(e) Sejam a, b, c, d números racionais. Prove que
√ √
a + b 2 = c + d 2 ⇐⇒ a = c e b = d.
√ √
(f ) Sejam a, b números racionais positivos. Prove que a + b é racional se,
√ √
e somente se, a e b forem ambos racionais. (Sugestão: multiplique por
√ √
a − b)
(g) Prove que se x e y forem números irracionais tais que x2 − y 2 ∈ Q − {0}, então
√ √ √ √
x + y e x − y são ambos irracionais. Exemplo: 3 + 2 e 3 − 2.
(Sugestão: Em algum momento, use x = (x+y)+(x−y) 2
e y = (x+y)−(x−y)
2
.)
p s1
18. Prove que, se p1 , . . . , pr forem números primos distintos, então p1 · · · psrr é
irracional se algum dos expoentes s1 , . . . , sr for ímpar.
19. (a) Prove que entre dois números reais distintos há uma infinidade de números
racionais.
(b) Prove que entre dois números reais distintos há uma infinidade de números
irracionais.
(c) Sabendo que o conjunto R dos números reais não é enumerável, prove que o
conjunto dos números irracionais não é enumerável.
22. (a) Prove que todo conjunto não-vazio de números reais, limitado inferiormente,
tem ínfimo. Em outras palavras, dado A ⊂ R não-vazio, limitado inferiormente,
seja −A = {−x : x ∈ A}. Prove que −A é limitado superiormente e que
sup(−A) = − inf A.
58
(a) A + B é limitado.
(b) sup(A + B) = sup A + sup B.
(c) inf(A + B) = inf A + inf B.
26. Sejam x, y ∈ R e n ∈ N.
27. Dadas as sequências (xn ) e (yn ), defina (zn ) pondo z2n−1 = xn e z2n = yn . Se
lim xn = lim yn = a, prove que lim zn = a.
(a) A fim de que o número real a seja valor de aderência de (xn ) é necessário e
suficiente que, para todo > 0 e todo k ∈ N dados, exista n > k tal que
|xn − a| < .
(b) A fim de que o número real b não seja valor de aderência de (xn ) é necessário
e suficiente que existam n0 ∈ N e > 0 tais que n > n0 ⇒ |xn − b| ≥ .
30. Se o número real a não é o limite da sequência limitada (xn ), prove que alguma
subsequência de (xn ) converge para um limite b 6= a.
31. Prove que uma sequência limitada converge se, e somente se, possui um único valor
de aderência.
√
32. Dados a, b ∈ R+ , defina indutivamente as sequências (xn ) e (yn ) pondo x1 = ab,
√
y1 = (a+b)/2 e xn+1 = xn yn , yn+1 = (xn +yn )/2. Prove que (xn ) e (yn ) convergem
para o mesmo limite.
33. Diz-se que (xn ) é uma sequência de Cauchy quando, para todo > 0 dado, existe
n0 ∈ N tal que m, n > n0 ⇒ |xm − xn | < .
n!
lim .
n k · an
an · n! nk · an · n!
lim e lim .
nn nn
37. Sejam (xn ) uma sequência arbitrária e (yn ) uma sequência crescente, com lim yn =
+∞. Supondo que lim(xn+1 −xn )/(yn+1 −yn ) = a, prove que lim xn /yn = a. Conclua
que se lim(xn+1 −xn ) = a então lim xn /n = a. Em particular, de lim ln(1+1/n) = 0,
conclua que lim(ln n)/n = 0.
60
lim(t1 + · · · + tn ) = +∞,
prove que
t1 x1 + · · · + tn xn
lim = a.
t1 + · · · + tn
x1 + · · · + xn
Em particular, se yn = tem-se ainda lim yn = a.
n
39. Use a definição de limite de sequência para provar que
n 2n2 √ √
(i) lim 2 = 0; (ii) lim 2 = 2; lim( n + h − n) = 0.
n +1 n +7
40. Sejam (xn ) e (yn ) duas sequências tais que |xn − a| < C|yn |, onde a ∈ R e C > 0.
Usando a definição de limite, mostre que se yn → 0 então xn → a.
41. O Teorema dos Intervalos Encaixados diz que dada uma sequência decrescente
I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . . de intervalos limitados e fechados In = [an , bn ]. Existe, pelo
T
menos, um número real c tal que c ∈ In , ∀ n ∈ N, isto é, c ∈ n∈N In . Prove que se
T
os comprimentos dos intervalos tendem a zero quando n cresce, então n∈N In = {c}.
[Cf. Demonstração do Teorema 4.17.]
42. Seja lim xn = 0. Para cada n, ponha yn = min{|x1 |, |x2 |, . . . , |xn |}. Prove que
lim yn = 0.
43. (a) Se lim xn = a, mostre que lim |xn | = |a|. Dê um contra-exemplo mostrando
que a recíproca é falsa, salvo quando a = 0.
(b) Se lim xn = a e lim(xn − yn ) = 0, mostre que lim yn = a.
44. Defina sequência de Cauchy. Seja 0 < c < 1 e (xn ) uma sequência tal que
|xn+1 − xn | ≤ c|xn−1 − xn−2 |. Mostre que (xn ) é uma sequência convergente.
√ √
46. Dado a > 0, considere os seguintes limites: lim n
a = 1, lim n
n = 1, lim an /n! = 0.
Prove que:
√
(a) se a ≤ xn ≤ n para todo n, então lim n xn = 1;
√
(b) para todo p ∈ N, tem-se lim n+p n = 1.
√
(c) lim n n! = +∞.
p√
47. Prove que n n n → 1.
50. Dê exemplo de uma sequência não limitada que tenha subsequências convergentes;
e de sequência não limitada que não tenha uma única subsequência convergente.