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04/03/2018 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

25th March 2012 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA


DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Cidadania é o exercício pleno dos direitos civis, políticos e sociais, é saber
dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário.
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É poder votar
em quem quiser sem constrangimento. É processar um médico que
cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro
de volta. É o direito de praticar uma religião sem ser perseguido. Há
detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de
cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar lixo fora da
lixeira, não destruir o patrimônio público ou de uso público, etc. É lutar
por seus direitos, mas também é cumprir seus deveres.

Por trás desse comportamento, está o respeito aos demais, pois a prática
da cidadania envolve muito mais a coletividade do que o individual
(embora também o seja). O direito de ter direitos é uma conquista da
humanidade e não uma dádiva dos poderosos. Da mesma forma que a
anestesia, as vacinas, o computador, a máquina de lavar, a pasta de
dente, o transplante do coração. Foi uma conquista dura. Muita gente
lutou e morreu para que tivéssemos direitos trabalhistas e o direito de
votar. Lutou-se pela ideia de que todos os homens são iguais diante da
lei (embora no Brasil isso ainda não seja uma realidade). Pessoas deram
a vida combatendo a ideia errada de que o rei tinha direitos divinos e
podia fazer tudo, cabendo ao povo obedecer cegamente.

DIREITOS DE CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS:


Em relação aos direitos do cidadão eles fazem parte dos direitos
humanos, mas são basicamente os direitos civis (liberdade de
pensamento, de religião, de ir e vir, direito a propriedade, direito a
liberdade contratual, direito a justiça, etc.), os direitos políticos (direitos
eleitorais, direitos de participar de partidos e sindicatos, direito de
protestar, fazer passeatas, greves, etc.) e direitos sociais (moradia
digna, educação, saúde, transporte coletivo, sistema previdenciário,
lazer, acesso ao sistema judiciário, etc.), os quais nada mais são do que
a amplificação dos direitos humanos que ao longo do tempo foram sendo
incorporados, geralmente após muita luta, inclusive com derramamento
de sangue.
Mas, explicitamente em relação aos direitos humanos, há uma má
interpretação, no sentido de relacioná-lo apenas aos direitos dos
bandidos. É importante deixar claro que estamos falando da ideia central
de democracia; nos países democráticos e desenvolvidos, a ideia e a
prática dos direitos humanos já estão incorporadas à vida política e aos
valores do povo. Mas, nos países que mais violam os direitos humanos,
nas sociedades que marcadas pela discriminação e intolerância, a ideia
de direitos humanos permanece ambígua e deturpada. É o caso do Brasil.
As gerações mais jovens não viveram os anos da ditadura militar, mas
certamente ouviram e leram a respeito da defesa dos direitos humanos
em benefício daqueles que estavam sendo perseguidos por suas
convicções ou militância política, daqueles que foram presos, torturados,
assassinados, exilados, banidos. Mas talvez não saiba como cresceu,
naquela época, o reconhecimento de que aquelas pessoas perseguidas
tinham direitos invioláveis. Mesmo sendo julgadas e apenadas, estas

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pessoas continuavam portadoras de direitos humanos básicos: o direito a


ter direitos (não ser torturado, ter um julgamento justo, direito a vida,
etc.).
Infelizmente, após o fim do regime militar, a ideia de que todos,
independentemente da posição social, tem seus direitos fundamentais
garantidos, não prosperou. A defesa dos direitos humanos (DH) passou a
ser associada à defesa dos criminosos comuns, os quais são, em sua
maioria, oriundos da classe pobre. Essa questão deixou, por este motivo,
de ter o mesmo interesse para a classe média.
O tema dos DH foi prejudicado pela manipulação da opinião pública, no
sentido de associar direitos humanos com a bandidagem, com a
criminalidade. Somos uma sociedade profundamente marcada pela
desigualdade social e péssima distribuição de renda. As classes populares
são geralmente vistas pelos mais ricos como “classes perigosas”. São
ameaçadoras pela feiura da miséria, pelo medo atávico das “massas”.
Assim, parece bem às classes dominantes criminalizar as classes
populares associando-as ao banditismo, à violência e à criminalidade;
porque esta é uma maneira de circunscrever a violência, que existe em
toda a sociedade, apenas aos “desclassificados”, que, portanto,
mereceriam todo o rigor da polícia, da suspeita permanente, da
indiferença diante de seus legítimos anseios.
É por isso que se dá nos meios de comunicação de massa (geralmente
tendenciosa), ênfase especial à violência associada à pobreza, à
ignorância e à miséria. É o medo dos de baixo - que, um dia, podem se
revoltar - que motiva os de cima a manterem o estigma sobre a ideia de
direitos humanos.

A questão dos direitos da cidadania diz respeito a ordem jurídica-política


de um país, no qual uma Constituição define e garante quem é cidadão,
que direitos e deveres ele terá em função de uma série de variáveis tais
como a idade, o estado civil, a condição de sanidade física e mental, o
fato de estar ou não em dívida com a justiça penal etc.
Atenção: Os direitos do cidadão e a própria ideia de cidadania não são
universais no sentido de que eles estão fixos a uma específica e
determinada ordem jurídico-política. Daí, identificamos cidadãos
brasileiros, norte-americanos e argentinos, e sabemos que variam os
direitos e deveres dos cidadãos de um país para outro. A ideia da
cidadania é uma ideia eminentemente política que não está
necessariamente ligada a valores universais, mas a decisões políticas.
Um determinado governo, por exemplo, pode modificar as penalidades
do código penal; pode modificar o código civil para equiparar direitos
entre homens e mulheres; pode modificar o código de família no que diz
respeito aos direitos e deveres dos cônjuges em relação aos filhos, etc.
Tudo isso diz respeito à cidadania. No entanto, em muitos casos, os
direitos do cidadão coincidem com os direitos humanos, que são mais
amplos e abrangentes. Em sociedades democráticas é, geralmente, o que
ocorre e, em nenhuma hipótese, direitos ou deveres do cidadão podem
ser invocados para justificar violação de direitos humanos fundamentais.
Os Direitos Humanos são universais e naturais. Os direitos do cidadão
não são direitos naturais, são direitos criados e devem necessariamente
estar especificados num determinado ordenamento jurídico. Já os
Direitos Humanos são universais no sentido de que aquilo que é
considerado um direito humano no Brasil, também deverá sê-lo em
qualquer país do mundo, porque eles se referem à pessoa humana na
sua universalidade. Por isso são chamados de direitos naturais, porque
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dizem respeito à dignidade da natureza humana, porque existem antes


de qualquer lei, e não precisam estar especificados numa lei, para serem
exigidos, reconhecidos, protegidos e promovidos.
Evidentemente, é ótimo que eles estejam reconhecidos na legislação, é
um avanço, mas se não estiverem, deverão ser reconhecidos assim
mesmo. Poder-se-ia perguntar: mas por quê? Por que são universais e
devem ser reconhecidos, se não existe nenhuma legislação superior que
assim o obrigue? Essa é a grande questão da Idade Moderna. Porque é
uma grande conquista da humanidade ter chegado a algumas conclusões
a respeito da dignidade e da universalidade da pessoa humana. É uma
conquista universal que se exemplifica no fato de que hoje, pelo menos
nos países filiados à tradição ocidental, não se aceita mais a prática da
escravidão nem o trabalho infantil nem a tortura.
É claro que existe o ideal e o real; a escravidão é um absurdo, mas ainda
há trabalho escravo em lugares distantes no interior do Brasil. O trabalho
infantil é outro absurdo, mas há crianças vivendo e sendo exploradas nas
ruas das maiores capitais do Brasil.
Assim, percebemos que os direitos naturais e universais são diferentes
dos direitos ligados às ideias de cidadão e cidadania. Exemplo: uma
criança ainda não é uma plena cidadã, no sentido de que ela não tem
certos direitos do adulto, responsável pelos seus atos, nem tem deveres
em relação ao Estado, nem em relação aos outros; no entanto, ela tem
integralmente o conjunto dos Direitos Humanos. Um doente mental não é
um cidadão pleno, no sentido de que ele não é responsável pelos seus
atos, portanto ele não pode ter direitos, como, por ex., o direito ao voto,
o direito plena à propriedade e muito menos os deveres, mas ele
continua integralmente credor dos Direitos Humanos. Outro exemplo
seria o dos grupos indígenas.

Quais são esses DH? Direito à vida, à liberdade, a ser tratado com
dignidade (sem tortura ou crueldade), direito a uma justiça verdadeira,
ou seja, são os mais básicos direitos básicos que todo ser humano deve
ter, sem distinção de etnia, nacionalidade, sexo, raça, classe social, nível
de instrução, cor, religião, opção sexual, ou de qualquer tipo de
julgamento moral. Mas a não-discriminação por julgamento moral é uma
das mais difíceis de aceitar; é justamente o reconhecimento de que toda
pessoa humana, mesmo o pior dos criminosos, continua tendo direito ao
reconhecimento de sua dignidade como pessoa humana. É o lado mais
difícil no entendimento dos Direitos Humanos.
É bom lembrar que esse julgamento moral pode ser de vários tipos, pode
ser, por exemplo, aquele que exclua determinados militantes políticos
como o "terrorista" (aliás, o que é chamado de terrorismo pode ser, por
mais ignóbil que seja, a continuação da guerra por outros meios). O
terrorista pode perder a cidadania, mas continua fazendo parte da
comunidade dos seres humanos e, portanto, pode ser preso e execrado
pela opinião pública, mas continuará portador de direitos fundamentais,
ou seja, não deve ser torturado, deve ter um julgamento imparcial, ter
direito a advogado etc. É bom lembrar, também, que muitos dentre
grandes Estados que hoje orgulhosamente defendem a democracia e os
Direitos Humanos começaram em seguida a revoluções e atos que hoje
nós chamaríamos de atos terroristas.
Além de serem naturais e intrínsecos à natureza humana e universais, os
DH também são históricos, no sentido de que mudaram ao longo do
tempo. O núcleo fundamental dos Direitos Humanos é, evidentemente, o
direito à vida, porque de nada adiantaria os outros direitos se não
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valesse o direito à vida. Quando se admite, por exemplo, o direito de se


escravizar outra pessoa, se está colocando em dúvida o direito à vida,
pois a pessoa que tem o direito de propriedade sobre outra tem também
o direito sobre a vida e a morte dessa outra pessoa, que é sua
propriedade.

EXERCÍCIOS
1- Comente a expressão: “...a prática da cidadania envolve muito mais a
coletividade do que o individual (embora também o seja)...”
2- O direito de ter direitos foi uma conquista da humanidade ou foi uma
dádiva dos poderosos? comente.
3- O texto estabelece diferença entre direitos humanos e direitos do
cidadão? Comente.
4 – Em relação ao nosso direito de ir e vir, eles são plenamente
respeitados? Comente.
5- o que o texto quer dizer com a expressão “...explicitamente em
relação aos direitos humanos, há uma má interpretação, no sentido de
relacioná-lo apenas aos direitos dos bandidos...”?
6 – Por que o texto diz que os direitos humanos são direitos universais e
naturais?
7 - Por que o texto afirma que os direitos do cidadão e a própria ideia de
cidadania não são universais?
8– Todas as pessoas devem ter direitos humanos inalienáveis, mesmo os
piores criminosos? Comente.l
9 – Comente a expressão “...A ideia da cidadania é uma ideia
eminentemente política que não está necessariamente ligada a valores
universais, mas a decisões políticas...”
10 -Você é a favor ou contra a pena de morte? Justifique sua resposta
11 – Você é a favor ou contra a prisão perpétua? Justifique sua resposta
12– É possível existir grupos humanos em um país democrático que não
são cidadãos plenos e assim permanecerão? Comente.
13 – O que o texto quer dizer com a expressão “...nos países que mais
violam os direitos humanos, nas sociedades que marcadas pela
discriminação e intolerância, a ideia de direitos humanos permanece
ambígua e deturpada...”
14 – A cidadania começa já na escola, ou seja, já podemos exercê-la
ainda como estudantes? Comente e dê exemplos.
15 – Cidadania envolve apenas direitos ou também deveres? Comente.

Postado há 25th March 2012 por Indignado

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