O conceito de “gênero” e de “ideologia de gênero”: Suas origens, suas principais
ênfases, suas influências na educação e seus problemas, vistos a partir da perspectiva da palavra de Deus
Prof. Dr. Claus Schwambach
MEC – PNE – Gênero Em 2013, foi proposto a introdução da palavra “gênero” no Plano Nacional de Educação (PLC 103/2012) A inclusão foi rejeitada no PNE e na maioria dos estados brasileiros A questão levantou discussões muito intensas em todo o Brasil, pró- e contra O que é gênero? Apenas um sinônimo para sexo? Conceito que deverá promover melhor os direitos humanos de minorias Ideologia perniciosa, voltada para inclusão de valores contrários à compreensão biológica dos sexos, à maternidade, à família? Parada do orgulho gay – pressão social e midiática Marcha para Jesus – Fundamentalismo cristão? Confusão e dificuldade para se posicionar Tema polarizado na sociedade e igreja! Guerra de fundamentalismos Guerra de intolerâncias Fundamentalismo intolerante gay e LGBT Fundamentalismos intolerantes religiosos Há forte pressão social (mídia e massas) em favor do gênero Há imposição política do gênero (MEC) Quem ousa se posicionar publicamente contra é visto como homofóbico Propósitos desse workshop 1. Expor Alguns fundamentos históricos e filosóficos da IG e sua implantação nos aparatos políticos internacionais Ênfases da IG 2. Apresentar argumentos que sirvam de ferramenta de discernimento teológico e ideológico – e que ajudam a formar opinião 3. Apontar para os impactos do conceito de IG para a educação, numa ótica cristã Literatura SCHELB, Guilherme. Educação Sexual para crianças e adolescentes. Limites e desafios. Brasilia/DF, 2014 (disponível em pdf); PEETERS, Marguerite A. O gênero: uma norma política e cultural mundial. Ferramenta de discernimento. São Paulo: Paulus, 2015; SCALA, Jorge. Ideologia de gênero. O neototalitarismo e a morte da família. 2ª ed. São Paulo: Katechesis, 2015 O que é uma ideologia? Ideologia é um conjunto de ideias, crenças, opiniões ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos sobre algum ponto a discutir na sociedade A ideologia pode estar (e normalmente está) ligada a ações políticas, econômicas e sociais Pessoas que as defendem via de regra querem que tais ideias determinem a sociedade, a política, a economia etc Exemplos de ideologias do séc. XX: fascista, nacionalsocialista, comunista, democrática, capitalista, conservadora, anarquista Ideologia capitalista: surgiu na Europa durante o Renascimento Comercial e Urbano (século XV). Ligada ao desenvolvimento da burguesia, visa o lucro e o acumulo de riquezas Ideologia comunista: implantada na Rússia e outros países (principalmente do leste europeu), após a Revolução Russa (1917). Visava a implantação de um sistema de igualdade social Karl Marx (1818-1883) sobre ideologia O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx Marx ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) que, segundo ele, foram criados pela classe social dominante (burguesia) para dominar o proletariado (trabalhadores) Ideologia é um tipo de engodo da realidade – é apresentada como verdade, mas representa uma forma de dominação de um grupo da sociedade sobre os demais Para Marx, ideologia é uma ideia que, no fundo, resulta numa certa inversão de valores em relação ao que propõe Exemplo: O capitalismo defende a ideia de que “o trabalho produz riqueza”, e faz dessa ideia um chamariz para atrair adeptos Mas na verdade, o inverso é o que vale: no capitalismo, quem mais trabalha (a classe operária) são os mais pobres O que são “teorias de gênero”? Gênero é uma palavra que existe há muito tempo, usada no senso comum, entre outros, como sendo um sinônimo para a palavra sexo Teorias de gênero (e teorias queer) são teorias que foram elaboradas a partir dos anos 1950 por psicanalistas, sociólogos, filósofos da cultura e feministas de gênero, de acordo com as quais “a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais” <http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_queer>. Acesso em: 16 mar. 2015 Seus defensores querem que essa “ideia” ou conceito passe a determinar a visão da sociedade! Por que afirmamos que gênero é uma nova “ideologia”?
Resposta: porque essa “teoria”, enquanto ideia, foi
concebida pelos movimentos feministas de gênero como um projeto de poder: quer-se que ele seja adotado em todo o mundo como uma nova maneira de definir o que é “identidade sexual” e “família”: Tanto neste texto como em outros eu tenho tentado entender o que poderia ser uma ação política, dado que esta é indissociável da dinâmica de poder da qual é consequência. O repetível da performatividade é uma teoria da capacidade de ação, uma teoria que não pode negar o poder como condição de sua própria possibilidade.
Assim BUTLER, Judith. O gênero em disputa – o
feminismo e a subversão da identidade, 1999, p 29 Por que afirmamos que gênero é uma nova “ideologia”? A concepção de gênero como poder nos permite dar um passo mais adiante: Sugerir que toda nossa forma de pensar e falar sobre as pessoas se baseia no poder. As terminologias “homem e mulher” são um reflexo deste poder. Etiquetar as pessoas como mulheres ou homens é um exercício de poder, pois a etiqueta cria para alguns seres humanos um conjunto de expectativas sobre o que são e o que não são e que tipo de opção está disponível a eles.
O gênero como poder argumenta que a mulher o e homem se fazem,
não nascem. São criados por estas etiquetas – que abrem algumas portas a alguns e fecham outras. Etiquetar cria um ser fictício e perpetua as desigualdades porque os humanos que carregam uma etiqueta tem mais direitos e privilégios dos que levam outra.
BECKMAN, P. e AMICO, F. Women, Gender and World
Politics, 1994, p. 7 De onde surgiu o novo conceito de “gênero”? 1) O conceito foi forjado por psiquiatras e sociólogos (entre outros) nos anos 50 2) O conceito foi assumido pelos movimentos de liberação sexual dos anos 60 3) “Teorias” de gênero foram desenvolvidas e veiculadas globalmente pelo feminismo de gênero (anos 70 em diante) e outros movimentos sociais 4) ONU assumiu a terminologia de gênero em 1995 e desde lá faz pressão política sobre os países 5) Mídias globais tem assumido e divulgado a linguagem Flashes dessa história: Surgimento e elaboração do conceito por psiquiatras, psicólogos e psicanalistas americanos Sexólogo John Money (1921-2006), Harvard Diante de casos de hermafroditismo – traços biológicos dos 2 sexos – ele começa a usar a palavra “gênero” Gênero é uma “identidade sexual que não coincide com a identidade biológica” Famoso por cunhar a expressão gender role Distinguiu entre sexo (noção biológica) e gênero (papel social, experiências de masculinidade e feminilidade das pessoas, sentimentos subjetivos) Tese de Money: É possível escolher uma identidade de gênero diferente da identidade biológica [p. ex. homossexualidade] Transferência do conceito para as ciências sociais nas universidades dos EUA e da França 1958 – Criação do Gender Identity Research Project, que estuda casos de intersexuais e transexuais no Centro Médico da Universidade da Califórnia
Psiquiatra Robert Stoller (1925-1992) introduz o conceito
de identidade sexual, diferente da identidade biológica, no Congresso Psicanalítico de Estocolmo, Suécia, 1963 Maturação e transformação do conceito num projeto sociocultural (anos 1960-1980) Revolução estudantil de 1968... Usa-se a palavra “gênero” como expressão da liberação: eu não preciso ser o que sou naturalmente (biologicamente e psiquicamente) ou aquilo que estado ou religião querem me impor, sem que eu tivesse direito de escolher, mas posso me autodeterminar livremente, decidindo minha identidade de gênero e como quero praticar sexo – seja com o sexo oposto, com o mesmo sexo, a dois, em grupo... seja como for! Ao lado: Imagem clássica do movimento de revolução sexual (França): adolescentes e jovens protestam e pedem educação sexual dinâmica e direito ao orgasmo Maturação e transformação do conceito num projeto sociocultural (anos 1960-1980) Frase famosa de Simone de Beavoir (1908-1986): “Não se nasce mulher, torna-se mulher” Corpo biologicamente predisposto para ter filhos é como uma prisão para a mulher... Família, casamento e maternidade estão na origem da opressão e dependência femininas e são um empecilho para que vivam a sua liberdade Beavoir defende que a pílula anticoncepcional liberta as mulheres para exercerem o domínio de seus corpos e poderem dispor livremente deles “Nenhuma mulher deveria ser autorizada a ficar em casa criando filhos... As mulheres não deveriam ter essa opção exatamente porque, se existe essa opção, muitas mulheres optarão por elas” (cit. p. J. Scala, p. 67) Maturação e transformação do conceito num projeto sociocultural (anos 1960-1980) A feminista britânica Ann Oakley (1944-) em Sex, gender and society (1972) introduz o termo “gênero” nos glossários de ciências sociais e o difunde na cultura anglo-saxã O livro tornou-se no manual das feministas de gênero nos EUA nos anos 70 Difunde que o gênero de uma pessoa não é algo natural, mas uma opção social da pessoa – cada um deve decidir o gênero a que quer pertencer Nos anos 1980 são fundados em várias universidades dos EUA departamentos de gender studies Globalização do gênero (anos 90 até hoje) Feminista Judith Buttler, Gender trouble, 1990 Defende que não existe ligação nenhuma entre biologia e papel social – nossa opção sexual não tem nada a ver com o nosso corpo biológico “O gênero não é o resultado casual do sexo, nem é aparentemente tão fixo quanto o sexo. Ele é um estado construído, radicalmente independente do sexo... Um artifício em flutuação livre, que tem por consequência que homem e masculino podem tanto significar um corpo feminino quanto um corpo masculino e que a mulher e feminino podem tanto significar um corpo masculino quanto feminino” Globalização do gênero (anos 90 até hoje) Ser homem ou mulher não é “algo que se é, mas algo que se faz” – uma decisão livre que se deve tomar E como uma pessoa constrói socialmente seu gênero? Desprender-se do sexo como fato biológico natural Desprender-se de normas dadas (culturais ou religiosas) Por linguagem performativa ou autodeterminação i. é: a pessoa decide por não considerar a realidade biológica dada como referência, mas repete a sua “opção” sexual e ensaia pensar e viver de acordo com ela – ela se dá total liberdade de seguir seus impulsos sexuais Ético é tudo o que é tecnicamente realizável Se você quer mudar de sexo e há tecnologia para isso, faça! Butler propõe a prática transexual, como maneira lúdica de praticar a liberdade de opções sexuais Globalização do gênero (anos 90 até hoje) A feminista dos EUA, Shulamith Firestone (1945-), é defensora do PÓS-GÊNERO e quer quebrar a “tirania da família biológica”: Eliminação das classes sociais e dos sexos Mulheres devem tomar controle da fertilidade humana, das instituições sociais de concepção de uma criança e da educação das crianças = Revolução Feminista Diferenças genitais homem/mulher devem ser irrelevantes A reprodução deve ser artificial e crianças devem nascer dos 2 sexos (de homens e mulheres, a partir da técnica) A dependência da criança da mãe deve ser substituída pela dependência de um pequeno grupo de pessoas Eliminação completa do gênero [= autodestruição] Globalização do gênero (anos 90 até hoje) Donna Haraway (1944-), pós-gênero e transhumanista, escreveu A cyborg manifesto: Science, technology and socialist feminism in the late XX century (1991, best-seller) Libertação da mulher por meio de sua transformação em organismo pós-biológico e pós-gênero Mudança de sexo e indivíduos assexuados Libertação da mulher da função reprodutiva por meio de úteros artificiais Mulher poderá adquirir conhecimentos e fazer downloads em seu cérebro A libertação do gênero e do sexo será completa quando a mulher viver em espaço virtuais e cibernéticos O papel da ONU Após queda do muro de Berlim (1989) e início da era da globalização, ONU tomou a iniciativa de construir um novo consenso global sobre normas, valores e prioridades de cooperação internacional Isso aconteceu através de conferências internacionais entre 1990 e 1996 Por influência de feministas do gênero, que atuavam em parceria operacional com órgãos da ONU, a ONU acolheu, em seus documentos, novos conceitos e padrões, e o gênero é um deles 4ª Conferência Internacional da Mulher, Pequim, 1995 Abaixo de fortes controvérsias de bastidores entre movimentos pró-família e feministas de gênero, aconteceu a introdução do conceito de “gênero” e da “igualdade dos sexos” nos documentos da ONU Uma vez aprovados os documentos, fala-se que há um consenso global sobre esses temas Poderosas ONGs ajudam a ONU (Anistia Internacional, Planejamento Familiar Internacional, Organização para o desenvolvimento da Mulher, Greenpeace...) O texto do documento de Pequim da ONU Gênero corresponde “aos atributos sociais e [às] oportunidades associadas ao fato de ser homem ou mulher e às relações entre mulheres e homens, entre moças e rapazes, como também às relações entre mulheres e às relações entre homens. Esses atributos, oportunidades e relações são socialmente construídos e aprendidos no curso do processo de socialização. Eles são específicos de certos contextos e épocas e mutáveis” Gênero é construção social e inclui interpretação homossexual e queer Essa linguagem e definição tornam possível atacar politicamente a heteronormatividade Todos os programas, fundos e agências normativas da ONU assumem a linguagem! Mudança de linguagem nos governos A partir da adoção do conceito de “gênero” pela ONU e ONGs dos países filiados, há uma ruptura com a linguagem tradicional, usada na Declaração de Direitos Humanos (homens, mulheres, cônjuges, pais, mães, marido, mulher) na Carta Internacional de Direitos, que reconhece a família de um homem e uma mulher e o casamento como a união estável Desde Pequim, a linguagem do “gênero” foi se impondo politicamente em nível internacional, nacional e local ONU exerce pressão sobre países-membro e culturas e impõe o conceito globalmente, promovendo uma transformação cultural mundial em favor da ética do gênero Gênero nos Ministérios da Educação Em vários países – e muito intensamente no BRASIL! – os Ministérios de Educação Escola precisa ser lugar de promover diversidade de identidades de gênero, ensinar o/a aluno a escolher sua identidade de gênero e combater discriminações de gênero Revisaram livros de educação Promovem sensibilidade de gênero Introduziram o tema da orientação sexual e da identidade sexual nos currículos das escolas, e ali é associado a um direito Livros escolares desconstroem estereótipos masculino e feminino Banheiros da diversidade Tentou-se implantar ideologia de gênero através dos Planos Estaduais e Municipais de Educação Para que servem as “teorias” de gênero na sociedade hoje? A definição de gênero encontrada nas teorias de gênero e nas teorias queer quer principalmente servir de fundamentação “científica”: para legitimar a visão e estilo de vida dos movimentos LGBT, QUEER e similares para lutar pelos direitos e autonomia da mulher e minorias LGBT e combater “estereótipos sexistas” (maternidade, a feminilidade, o casamento heterossexual, a complementaridade homem/mulher) para convencimento das populações globais, visando provocar uma “revolução cultural do gênero” ou uma nova cultura global, favorável aos pleitos LGBT para convencer políticos a implantarem legislações favoráveis ao movimento LGBT (a partir da ONU) Gênero como categoria usada em discussões nas igrejas cristãs Conceito de “gênero” na Cartilha de Gênero da IECLB “Esse conceito nasce a partir do movimento das mulheres e sua luta por igualdade e justiça. É dentro desse contexto de lutas sociais que ele é gerado. Segundo os estudos das ciências humanas e sociais, o conceito de ‘relações de gênero’se refere à construção sócio-histórico-cultural do sexo anatômico e foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social. Isso significa, concretamente, que, na espécie humana, há machos e fêmeas, porém, a maneira de ser homem e de ser mulher é determinada pelo contexto histórico-cultural. Assim, gênero aponta para o fato de que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. Nós somos pessoas educadas para sermos mulheres ou para sermos homens, dentro de um determinado contexto ou realidade”(p. 9) Gênero como categoria usada em discussões nas igrejas cristãs Avaliação da proposta – apontamentos: A partir de várias preocupações legítimas e que todos partilhamos e vemos como muito boas e absolutamente necessárias (combate à violência contra a mulher, reconhecimento do papel e dos espaços da mulher na sociedade e na igreja, combate à injustiças sociais e à crimes sexuais contra mulheres etc), a IECLB optou por divulgar uma cartilha de gênero com instrumento para fomenter discussões sobre o assunto O problema é que a cartilha pressupõe exatamente o conceito de gênero, que foi absorvido (acriticamente demais? Ou de forma ideológica consciente?) para dentro da cartilha A intenção foi boa, mas o ferramental (ideológico) usado para articular causas humanitárias é problemático! Tese: Gênero é uma ideologia escondida sob a máscara de boas causas humanitárias Significados mais neutros da palavra, Palavra “GÊNERO” usados para alcançar adesão popular e consenso global: Luta contra estupro e violência contra a mulher Programas em favor da igualdade da mulher Direitos humanos (minorias, igualdade, liberdade de escolha) Luta contra violência, bullying e preconceito Defesa da não Núcleo ideológico escondido discriminação e dos >> manipulação da linguagem! direitos LGBT Avaliação crítica da ideologia de gênero Nossa tarefa como cristãos é discernir a vontade de Deus O problema da ideologia de gênero
A ideologia de gênero adota uma posição equivocada a
respeito da natureza humana. Para os defensores da ideologia de gênero, a natureza humana é marcada por um dualismo: a dimensão corporal é separada da dimensão psicológica. Assim, a ideologia de gênero concebe um ser humano totalmente desvinculado com a realidade, tendo como regramento último de sua vida, a autonomia absoluta de sua vontade. A crítica de uma feminista antifeminista Camile Paglia deu em 2015 uma entrevista no programa “Roda Viva Internacional”: https://www.youtube.com/watch?v=KlYR1isM2o8 Ela faz uma diagnose trágica da cultura ocidental e anuncia a decadência cultural do ocidente e do pós-modernismo Mesmo sendo feminista e até ateia, sem religião, ela propõe a revisão do feminismo do gênero por promover a decadência cultural e a destruição de valores que promovem a perpetuação da cultura e da vida humana Ela critica o feminismo de gênero por não levar a biologia à sério e por negar a realidade empírica Defende o valor das religiões, o valor da heterossexualidade, o valor de educar meninos como meninos e meninas como meninas como segredo da perpetuação da vida e da cultura A crítica de um documentário norueguês Em 2011 o Conselho Nórdico de Ministros – uma organização de cooperação interparlamentar entre Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia – cortaram fundos para o Instituto Nórdico de Gênero Motivo: O documentário apresentado em TV pelo sociólogo e humorista Harald Eia, chamado de “O paradoxo da igualdade” Na Noruega, apesar de haver liberdade de gênero, mulheres e homens optam por profissões mais adequadas ao seu sexo Eia confrontou pesquisadores de gênero com resultados de outros pesquisadores ingleses e norte-americanos, que apontaram para a falta de provas científicas para teorias de gênero O assunto “gênero” NÃO é consenso global NEM foi debatido, mas está sendo imposto “O pretenso conteúdo da norma mundial do gênero não foi submetido a debate democrático aberto: declarou-se um ‘consenso’, sem que o conceito tivesse sido definido. ... Esse processo distorce os princípios básicos da democracia. É fácil perceber aí coerção e manipulação” Marguerite Peeters Negação da realidade, do senso comum e da biologia Ao isolar e separar a identidade de gênero da identidade biológica – como se o corpo biológico fosse algo que se deixasse separar do EU e da psique da pessoa – as IG entram em contradição com a fenomenologia da vida e com os conhecimentos que temos da biologia Fenomenologicamente, cada pessoa já nasce como menino ou menina antes que alguém a ensine ou a eduque e antes que ela, como ser livre e responsável, decida algo sobre a vivência de sua sexualidade Uma pessoa cresce saudável quando se desenvolve de modo coerente com sua herança biológica Esvaziamento da compreensão universal e cristã de “homem” e “mulher” IG negam a natureza humana tal qual criada por Deus, e tentam “desessencializar a ideia de homem e mulher”, ao afirmar que “não existe o homem ‘natural’ ou a mulher ‘natural’ (J. Scala) IG quer seres humanos polimorfos e que todos modos de relação sexual tenham igual valor, mas o corpo humano não foi, em sua biologia, projetado para tal Ideologias de gênero promovem a destruição do conceito judaico-cristão de família Ideologias de gênero relativizam a polarização e mútua complementaridade do ser homem e do ser mulher em sua relevância para o convívio sexual e para a educação de filhos (cf. Kit Gay do MEC) Mas há incontáveis pesquisas que mostram: Nossos filhos, meninos e meninas, precisam urgentemente da presença, da referência, do amor e da aceitação tanto do pai quanto da mãe para serem felizes e crescerem saudáveis! Observações a partir das Escrituras Sagradas Relatos bíblicos de criação: Deus criou homem e mulher à sua imagem (Gênesis 1,26-28), com o propósito de estabelecerem cultura através dá constituição de famílias Cantares: polaridade homem/mulher e erotismo saudável Desigualdades sociais e injustiças sexuais são vistas como consequência da queda! Jesus confirma a visão dos relatos de criação do AT e a normalidade do casamento heterossexual monogâmico O princípio da igualidade soteriológica (Gál 3,26 a 28) reforça a igualdade de homens e mulheres sob o ponto de vista da salvação, mas não anula a diversidade sexual entre eles, como algo bom, criado por Deus A normalidade na criação de Deus é que o ser humano nasce como homem e mulher e com uma identidade sexual masculina e feminina biológica-, psicológica- e geneticamente dada Bíblia confirma a igualdade de homem/mulher como imagem de Deus em sua dignidade na criação e na redenção, mas mantém (e NÃO anula) a polaridade e mútua complementaridade de homem e mulher como pressuposto para a continuidade da vida e da cultura Criaturas “móbile” e seres “sistêmicos” – Contra o dualismo antropológico de espírito contra corpo Bíblia possui uma visão integral do ser humano – Ele não apenas “tem” corpo, alma e espírito, mas ele “é” a união indissolúvel de corpo, alma e espírito, como homem e como mulher Ao separar a identidade de gênero (espírito) da identidade biológica (corpo), IG defendem uma antropologia dualista e separam corpo e espírito – isso é tentar separar o inseparável! Fazer opções sexuais desconsiderando o corpo biológico sempre é algo que desumaniza a pessoa humana – somos criaturas “móbile”! Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 1. A sexualidade humana é um traço biológico binário objetivo: “XY” e “XX” são marcadores genéticos de saúde, não de um distúrbio. A norma para o design humano é ser concebido ou como macho ou como fêmea. A sexualidade humana é binária por design, com o óbvio propósito da reprodução e florescimento de nossa espécie. Esse princípio é auto-evidente. Os transtornos extremamente raros de diferenciação sexual (DDSs) — inclusive, mas não apenas, a feminização testicular e hiperplasia adrenal congênita — são todos desvios medicamente identificáveis da norma binária sexual, e são justamente reconhecidos como distúrbios do design humano. Indivíduos com DDSs não constituem um terceiro sexo. Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 2. Ninguém nasce com um gênero. Todos nascem com um sexo biológico. Gênero (uma consciência e percepção de si mesmo como homem ou mulher) é um conceito sociológico e psicológico, não um conceito biológico objetivo. Ninguém nasce com uma consciência de si mesmo como masculino ou feminino; essa consciência se desenvolve ao longo do tempo e, como todos os processos de desenvolvimento, pode ser descarrilada por percepções subjetivas, relacionamentos e experiências adversas da criança, desde a infância. Pessoas que se identificam como “se sentindo do sexo oposto” ou “em algum lugar entre os dois sexos” não compreendem um terceiro sexo. Elas permanecem homens biológicos ou mulheres biológicas. Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 3. A crença de uma pessoa, que ele ou ela é algo que não é, trata-se, na melhor das hipóteses, de um sinal de pensamento confuso. Quando um menino biologicamente saudável acredita que é uma menina, ou uma menina biologicamente saudável acredita que é um menino, um problema psicológico objetivo existe, que está na mente, não no corpo, e deve ser tratado como tal. Essas crianças sofrem de disforia de gênero (DG). Disforia de gênero, anteriormente chamada de transtorno de identidade de gênero (TIG), é um transtorno mental reconhecido pela mais recente edição do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V). As teorias psicodinâmicas e sociais de DG/TIG nunca foram refutadas. Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 4. A puberdade não é uma doença e hormônios que bloqueiam a puberdade podem ser perigosos. Reversíveis ou não, hormônios que bloqueiam a puberdade induzem a um estado doentio — a ausência de puberdade — e inibem o crescimento e a fertilidade em uma criança até então biologicamente saudável.
5. De acordo com o DSM-V, cerca de 98% de meninos e 88% de
meninas confusas com o próprio gênero aceitam seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade. Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 6. Crianças que usam bloqueadores da puberdade para personificar o sexo oposto vão requerer hormônios do outro sexo no fim da adolescência. Esses hormônios (testosterona e estrogênio) estão associados com riscos à saúde, inclusive, mas não apenas, aumento da pressão arterial, formação de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral e câncer. Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 7. Taxas de suicídio são vinte vezes maiores entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e se submetem à cirurgia de mudança de sexo, mesmo na Suécia, que está entre os países mais afirmativos em relação aos LGBQT. Que pessoa compassiva e razoável seria capaz de condenar jovens crianças a este destino, sabendo que após a puberdade cerca de 88% das meninas e 98% dos meninos vão acabar aceitando a realidade e atingindo um estado de saúde física e mental? Declaração da Associação Americana de Pediatras (21 de março de 2016) 8. Condicionar crianças a acreditar que uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto é normal e saudável, é abuso infantil. Endossar discordância de gênero como normal através da rede pública de educação e de políticas legais irá confundir as crianças e os pais, levando mais crianças a serem apresentadas às “clínicas de gênero”, onde lhes serão dados medicamentos bloqueadores da puberdade. Isso, por sua vez, praticamente garante que eles vão “escolher” uma vida inteira de hormônios cancerígenos e tóxicos do sexo oposto, além de levar em conta a possibilidade da mutilação cirúrgica desnecessária de partes saudáveis do seu corpo quando forem jovens adultos. A educação cristã diante das ideologias de gênero em nossa sociedade, nas escolas e nas igrejas O que podemos fazer hoje como educadores? Propostas de ação Informar-se e formar opinião própria Como educador/a, informe-se sobre as várias posições defendidas hoje na sociedade (pró- e contra), visando ter opinião própria e pessoal Leia estudos politicos, filosóficos e teológicos sobre o assunto; clareie e diferencie conceitos Leia os textos bíblicos que tratam da questão e lembre-se que as Escrituras apresentam o fundamento para nossa visão cristã O que apresentamos aqui é nossa avaliação e posição, como estímulo ao SEU pensar e decidir! Educar e instruir conforme princípios bíblicos na família e na igreja Usar mais regularmente os textos bíblicos sobre a criação do homem por Deus (homem e mulher foram criados à imagem de Deus e são igualmente dignos em valor) Enfatizar no culto infantil a família composta de homem/mulher/filhos Dialogar com as crianças do culto infantil (conforme suas idades) sobre os assuntos ligados a sexo e gênero que aprendem na escolar e na mídia e mostrar-lhes como pensamos como cristãos Ensinar que as diferenças de sexo são biológicas/cromossômicas e que devemos construir nossa identidade de acordo com a (e não ao avesso da) biologia Ensinar o respeito à diversidade na sociedade e ir mostrando que cristãos pensam em muitos pontos de modo diferente do que a mídia ensina – ensinar a lidar com pluralidade Defender os direitos da criança Cf. contribuição do Dr. Guilherme Zanina Schelb (atuou como Procurador da República), que se intitula “O Direito Fundamental da criança à sua identidade biológica de sexo” http://programaproteger.com.br/novo/?p=432. Acesso em: 24 de março de 2014 “A criança possui uma natureza biológica inata, todavia, sua consciência e autodeterminação estão extremamente limitadas. A consciência significa que o indivíduo tem o conhecimento da realidade para agir. A autodeterminação significa que o faz por iniciativa e vontade própria, e não manipulado ou coagido. Por carecer de habilidades e amadurecimento biológico e psicológico, a criança necessita de proteção, orientação e acompanhamento em sua formação, pois está em fase de desenvolvimento. Todas as teorias psicológicas do desenvolvimento infantil reconhecem a importância do pai e mãe biológicos na formação psicológica dos filhos. (...)” Defender os direitos da criança Assim, até desenvolver consciência e autodeterminação plenas, crianças e adolescentes possuem o direito universal de serem tratadas conforme sua identidade biológica de sexo. (...) A família, a escola e qualquer outra instituição ou pessoa que oriente, eduque ou cuide de crianças e adolescentes deve respeitar sua identidade biológica. Especificamente em relação à formação psicológica e sexual, é direito fundamental da criança e do adolescente ser tratado, educado e orientado conforme sua identidade biológica de sexo. Em decorrência deste princípio, constitui abuso contra a criança: · registrar ou tratar com nome feminino uma criança do sexo masculino, ou vice-versa, dar nome masculino a uma menina. · vestir de forma contumaz o filho com roupas de menina, ou a filha com roupa de menino. · injetar hormônios femininos em criança ou adolescente do sexo masculino para transformá-lo fenotipicamente em “menina”, ou vice versa. Defender os direitos da criança Todas estas situações, exemplificativamente apresentadas, revelam o direito fundamental da criança e do adolescente a ser informado, educado e tratado, desde o nascimento, conforme sua identidade biológica de sexo. (...) Se há consenso em relação à proteção da criança face a propagandas e publicidades comerciais – cujo objeto é o consumo de bens e serviços - mais razão há ainda para protegê-la da propaganda de ideias ou ideologias contrárias à sua identidade biológica de sexo, e que se destinam a persuadir a sua consciência e vontade. A simples apresentação de um tema ou fato impróprio à compreensão da criança já representa um fator imprevisível em sua formação. Contextualizando no âmbito da orientação e educação sexual, ao informar uma criança sobre a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo coloca-se uma questão que ela não é capaz de entender. Não se trata de nenhum preconceito ou discriminação com quem possui comportamento especial, pelo contrário, se trata de proteger a criança de uma situação que foge ao seu entendimento, e pode prejudicar seu desenvolvimento psíquico. (...) Defender os direitos da criança Em relação à ministração de aulas de educação sexual em escolas, poder-se-ia argumentar a contrario senso, que crianças e adolescentes estão expostos pela mídia ou na vida cotidiana a estes temas da sexualidade humana. Mas aqui há uma diferença fundamental: os alunos estão obrigados por lei a frequentar a escola e, nesta atividade, não estão submetidos à supervisão da família. As famílias podem orientar seus filhos individualmente, em decorrência do convívio e intimidade familiar, enquanto o professor se dirige a turmas de 40 ou mais alunos, de forma impessoal e despersonalizada. Neste sentido, a lei é clara ao estabelecer a primazia da família na orientação moral dos filhos. Dica de leitura SCHELB, Guilherme. Educação Sexual para crianças e adolescentes. Limites e desafios. Brasilia/DF, 2014 (disponível em pdf) Aqui se encontram muitas informações sobre as discussões políticas recentes no Brasil O autor também escreveu uma série de outros livros, articulando questões políticas e conceitos inspirados no cristianismo Talvez nem sempre dá para concordar com tudo o que ele escreve, mas vale a pena conhecer a opinião do autor Ensinar relações justas entre homens e mulheres a partir de conceitos cristãos A bíblia está cheia de impulsos para a justiça social, que promovem uma sadia relação entre os sexos – resgatar essas tradições A relação entre mulheres e homens vivida nas culturas deve estar em coerência com a identidade biológica entre homem e mulher Não devemos ficar presos a estereótipos culturais (patriarcais ou feministas) Incentivar pessoas a construirem sua identidade sexual na vivência social não em contradição, mas em coerência com a distinção biológica natural entre homem em mulher Desmascarar as injustiças sociais a partir de conceitos cristãos, e não a partir dos princípios da ideologia de gênero Envolver-se na discussão de políticas públicas Ser pessoa politicamente ativa na escola, na associação de moradores, em órgãos públicos e na atuação na cidade Quando é o momento de discutir os Planos Municipais de Educação, atuar na disponibilização de informações, na conscientização e na formação de opiniões junto a politicos e ao poder público Veicular opiniões cristãs publicamente faz parte da liberdade religiosa e também da liberdade de expressão de nosso país, desde que isso seja feito de modo pacífico (não violento) e respeitando a pluralidade de opiniões Publicamente defender valores cristãos! Defesa da tolerância como “virtude política“ (J. Habermas) „Quando devemos ser tolerantes?“ „Nós não precisamos ser tolerantes, quando nós de qualquer forma formos indiferentes à concepções e definições estranhas ou quando apreciamos o valor desse ‚outro‘... A virtude política da tolerância é requerida somente então, quando os envolvidos considerarem a sua própria reivindicação de verdade como algo ‚não negociável‘ no conflito com a reivindicação de verdade de um outro, e por isso permitem que o dissenso que permanece seja visto como questão não decidida, para que no nível da convivência política eles mantenham uma base comum de convívio“. Über die Konkurrenz von Weltbildern, Werten und Theorien, Berlin- Brandenburg. Akademie der Wissenschaften 29. 6. 2002 (palestra do autor diante da Academia de Ciências de Berlin-Brandenburg) – In: http://www.bbaw.de/schein/habermas.html Nossa tarefa como cristãos é discernir a vontade de Deus