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Comentário lição 10

DÁDIVA, PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES NA


NOVA ALIANÇA.

Chegamos agora ao fim de uma seção que foi iniciada no capítulo 8.1 e
estendeu-se até o capítulo 10.18. O autor da carta aos Hebreus, em uma longa
exposição argumentativa vem, desde o início desta carta, tratando a cerca do
ministério superior de Cristo em contraste com a antiga aliança. Destarte neste
capítulo, o mesmo se aplica a primeiro concluir o que fora exposto até agora e
posteriormente iniciar uma série de exortações para os destinatários.

R. N. Champlin introduz esta subseção da seguinte forma:

O autor se envolveu em um longo e intricado argumento, que


visa demonstrar a superioridade de Cristo, como Sumo
Sacerdote; e que, nessa qualidade, ele tem um ministério
superior ao levítico. Praticamente o tratado inteiro, até este
ponto, de algum modo mostrou alguma facete sobre esses
conceitos. A começar por Hb. 8.1, encontramos,
especificamente, a superioridade do ministério de Cristo. A
seção à nossa frente é continuação dessa discussão. O autor
sagrado conclui que a antiga aliança falhara, mas que a
perfeição pode ser dada aos homens por intermédio da nova
aliança, sendo esse o próprio objetivo do sacerdócio. O antigo
pacto falhou porque se baseou em um sistema ineficaz de
sacrifícios, cuja intenção nunca foi levar os homens a perfeição,
funcionando apenas como imitação daquele sistema que,
finalmente, seria eficaz. O novo pacto não se utiliza de animais
sacrificados, mas antes, conta com um Sumo Sacerdote, deste há
muito predito, que viria fazer a vontade de Deus, estabelecendo
a nova aliança. Ele é capaz de santificar-nos de uma vez por
todas, pois seu sacerdócio e sacrifício são poderosos, devido à
vontade de Deus. Sua obra foi final, tendo realizado seu
propósito; e então Cristo se assentou a mão direita de Deus.

Era objetivo do autor que os helênicos entendessem que já existira um


sacerdócio superior, de uma ordem superior, com um sacrifício superior e
perfeito. Ele sempre abordara essas questões buscando auxílio no AT, para que
sua exposição fosse preenchida com argumentos necessários afim de elucidar
àqueles que estavam pensando em deixar uma aliança maior e perfeita para
retornar aos rudimentos da antiga, a não cometer tal erro.

A seguir daremos início a um breve comentário visando conseguir atingir


os objetivos específicos de cada tópico da lição, a fim de trazer um auxílio,
debaixo da orientação de Deus e do Seu Santo Espírito, para cada um dos irmãos
e irmãs.

QUAL A DÁDIVA DA NOVA ALIANÇA

“Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata...”
Iniciando o capítulo, o autor da carta de imediato nos apresenta uma assertiva
importante, que nos ajudará no entendimento do presente capítulo. Champlin nos
diz:

“...a lei tem a sombra...” A lei de Moisés, que sustentava o


sacerdócio levítico, não exemplificava o verdadeiro e eterno
sacerdócio, que é o dos lugares celestiais, mas é apenas uma
“cópia” ou “sombra” de sua realidade.

O autor é claro quanto ao que nos passa. Nada que é apenas uma figura,
um exemplo, um tipo, pode se comparar a aquilo que se refere com exatidão. Por
isto que ele continua o versículo dizendo que “...nunca, pelos mesmos sacrifícios
que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se
chegam.” A cerca disso Champlin continua:

“...nuca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes...” Por quê?


Porque, na realidade, não lhes pode conferir o perdão dos
pecados e nem o verdadeiro acesso a Deus. Ora, mediante esse
acesso é que vem a perfeição do ser, por meio da participação
na natureza e nas perfeições do Filho de Deus... O primeiro
pacto, com sua lei e sacerdócio, indicava a necessidade de
perfeição; mas não tinha o poder de produzi-la; por isso mesmo,
falhou o primeiro pacto, tendo de ser substituído. É através da
transformação segundo a imagem de Cristo que chegamos a
perfeição divina, participantes de sua natureza (ver 2 Pe 1.4) e
de sua santidade (ver Mt 5.48). E assim sempre estaremos sendo
cheios de seus atributos e perfeições (ver 3.19).

O sangue de touros e dos bodes não era perfeito o suficiente para


promover tal redenção. Eles não eram o suficiente para remover o pecado dos
ministrantes. Necessitava-se de uma oferta maior e melhor. De um oficiante
perfeito. Que pudesse levar esta oferta a onde ela jamais teria ido antes. Por isto
entra na história um personagem que mudaria tudo. Que daria início a uma maior
e melhor aliança, que diferente da primeira, era suficiente para suprir as
“exigências” necessárias para aperfeiçoar a aqueles que estiverem debaixo deste
tão glorioso concerto.
A dádiva oferecida era diferente de qualquer outra dantes ofertada pela lei.
A palavra dádiva quer dizer: ação ou efeito de oferecer, voluntariamente, alguma
coisa valiosa a alguém; dar um presente a; oferta; a dádiva da nova aliança veio
por meio de Cristo, ou seja, Ele mesmo foi esta dádiva, onde veio para remir
àqueles que precisavam, Ele veio, como disse João Batista, tirar o pecado do
mundo.

Notemos então diferentes aspectos nesta dádiva a nós concedida. Em


primeiro lugar podemos destacar que foi apenas uma única oferta. Uma oferta
perfeita e definitiva, não carecendo mais de que anualmente sejam oferecidos
vários animais. A oferta de Cristo foi de sobremaneira muito superior a levítica.
Pois desde Sua natureza, até onde ela foi apresentada, proporciona-nos uma
maior segurança nEle, para chegarmos a Deus através dEle mesmo. O
comentarista da Bíblia de estudo Aplicação Pessoal nos fala acerca deste ponto
dizendo:

O caro sacrifício da vida de um animal imprimia no pecador a


seriedade do seu próprio pecado diante de Deus. Por Jesus ter
derramado o seu próprio sangue por nós, seu sacrifício é
infinitamente maior do que qualquer oferta do AT.
Considerando a dádiva incomensurável que Ele nos deu,
devemos responder oferecendo-lhe a nossa devoção e serviço.

O autor ainda cita em seu texto sagrado um trecho do que está escrito em
Salmos 40.6-8. Donald C. Stamps em sua Bíblia de Estudo Pentecostal nos diz a
cerda disso:

Salmos 40.6-8 é citado para comprovar que o sacrifício


voluntário e obediente de Jesus Cristo é melhor do que os
sacrifícios involuntários de animais, no AT.

E complemento utilizando mais uma vez o comentário da Bíblia de Estudo


Aplicação Pessoal:

Esta passagem não é citada em nenhum outro livro do NT.


Porém, um ensino central do AT é que Deus deseja obediência e
um coração reto, não uma complacência vazia ao sistema
sacrificial. O escritor aos Hebreus aplica a Cristo as palavras
do salmista em Salmos 40.6-8. Cristo veio para oferecer seu
corpo na cruz por nós, como um sacrifício completamente
aceitável a Deus. A nova e vivificante maneira que foi
estabelecida por Deus para que o agrademos não consiste
apenas em abstermo-nos do pecado ou mesmo em guardarmos
as suas leis. É chegar-se a Ele com fé para ser perdoado, e
então segui-lo em amorosa obediência.
Em segundo lugar observamos que do mesmo modo que a oferta foi única,
o ofertante também. Diariamente os sacerdotes ministravam muitas vezes ao dia.
Porém, o sacrifício perfeito de Cristo foi ministrado por um único ofertante. Um
ofertante perfeito que levou um sacrifício perfeito ao tabernáculo celestial, que
concluindo assim a oferta assentou-se a destra de Deus. Champlin, em seu
comentário versículo por versículo do novo testamento, registra:

Ao invés do ministério diário dos sacerdotes, o serviço de Cristo


foi aperfeiçoado com o único sacrifício; pelo que também Ele
está assentado à mão direita de Deus, com Rei Sacerdote, até
que seus inimigos lhe sejam subjugados. (Faucett, in loc.)

Por último destacamos que esta única oferta, feita por um único e perfeito
ofertante, foi realizada apenas uma vez e para sempre. Champlin, em seu
comentário versículo por versículo do novo testamento, também registra:

“Um único e para sempre. Esses dois aspectos são paralelos, na


missão expiatória de Cristo, em suas duas principais
manifestações. Em sua morte, em seu sacrifício, no
derramamento de seu sangue, tudo foi feito de uma vez por
todas. A propiciação pelo pecado, o tê-lo levado e o tê-lo
apagado foram coisas tão completas, que ninguém pode pensar
em uma nova oferta sua. (Andrew Murray, in loc.)

E concluo aqui utilizando as palavras do comentarista da Bíblia de Estudo


Aplicação Pessoal que nos trás:

A obra de Cristo é contrastada com a obra dos sacerdotes


judeus. A obra dos sacerdotes nunca terminava então estes
tinham que se submeter dia após dia e oferecer sacrifícios; o
sacrifício de Cristo (feito de uma vez para sempre, morrendo em
nosso lugar) está terminado, porque foi completo e perfeito, por
esta razão Ele está assentado à destra do Pai. Os sacerdotes
repetiam os sacrifícios frequentemente; Cristo sacrificou-se uma
vez por todas. O sistema sacrificial não podia remover
completamente o pecado; o sacrifício de Cristo nos purificou, e
purifica, de modo eficaz.

OS PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA

Esta dádiva nos garantiu alguns privilégios. Privilégios esses que jamais
seriam alcançados na antiga aliança. Através do Novo Concerto, alcançamos a
regeneração, ofertamos a Deus uma nova adoração que não segue ritos nem
liturgias, mas sim é feita em espírito e em verdade, e vivemos em comunhão com
a igreja de Cristo.

A Antiga Aliança fazia uma “cirurgia externa” na vida de seus


ministrantes. Na Nova, porém, esta “cirurgia” é interna, trabalhando através da
regeneração a parte espiritual do ministrante, o aperfeiçoando cada dia em
renovação de entendimento (Rm 12.2) e novidade de vida (2 Co 5.17). Champlin
nos fala a cerca do versículo 16 dizendo:

“...nas suas mentes...”, ou seja, na porção racional do homem,


que é a expressão inteligente da alma... A transformação do
espírito vem mediante a “renovação da mente”. Neste ponto é
indicado, particularmente, o “entendimento moral”; mas a
influência se dá sobre todas as funções racionais do homem.

“...sobre seus corações...” A palavra “coração”, na


Antiguidade, como hoje em dia, era usada para aludir à porção
emocional do homem, e, algumas vezes, para aludir ao intelecto
humano.

E ainda sobre esta regeneração o autor escreve-nos afirmando: E jamais


me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades (v 17). Quanto a isso a
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal escreve:

O escritor conclui seu argumento com esta poderosa declaração


de que Deus não se lembrará mais dos nossos pecados. Cristo
nos perdoa completamente; por esta razão, não há necessidade
de confessar os nossos pecados passados repetidamente. Como
crentes, podemos estar confiantes de que os pecados que
confessamos e renunciamos foram perdoados e esquecidos.

No Antigo Concerto o culto era voltado para a atividade levítica em si,


como vimos na aula passada. Porém este acesso era limitado apenas ao
sacerdócio levítico e o Santo dos Santos apenas ao sumo sacerdote. Cristo porém,
através do seu sacrifício, nos garantiu um acesso, através dEle, inatingível no
Antigo Concerto. Ele nos garantiu o acesso até Deus, pelo Seu precioso sangue.
Quanto a isso o comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, Donald C. Stamps,
diz:

Contrastando com o acesso limitado a Deus que os israelitas


tinham, Cristo, ao dar Sua vida por nós como sacrifício perfeito,
abriu o caminho para a própria presença de Deus e para o
Trono da Graça. Por isso, nós, como crentes, podemos
constantemente com gratidão chegar-nos a Deus em oração.
Esta dádiva ainda nos inseriu em um lugar que veio a existência somente
após o sacrifício de Cristo. Embora o povo de Israel formasse uma “congregação
no deserto”, a igreja só passou a existir após a morte de Cristo.

Nossa missão na congregação dos santos é de suma importância nesta


sublime caminhada até o grande dia. Congregar regularmente, nos ajuda no
encorajamento mútuo e na nossa firmeza em Cristo. Essa comunhão só foi-nos
possível através dAquele que nos amou primeiro. Devemos participar desta
comunhão constantemente, buscando forças e também fortalecendo àqueles que
necessitam dela. Buscando amor e demonstrando um amor não fingido. Quanto a
isso, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal expõe dizendo:

Negligenciar as reuniões cristãs é desistir do encorajamento e


da ajuda de outros cristãos. Nos reunimos para compartilhar
nossa fé e para fortalecermo-nos uns aos outros no Senhor. À
medida que nos aproximamos do dia em que Cristo voltará,
enfrentamos muitas lutas espirituais, e, até mesmo, tempos de
perseguição; as forças anticristãs crescem em poder. As
dificuldades jamais devem se tornar desculpas para perdermos
os cultos na igreja. Antes, quando as dificuldades surgirem,
devemos fazer um esforço ainda maior para sermos fiéis e
estarmos presentes.

AS RESPONSABILIDADES DA NOVA ALIANÇA

Chegamos então a parte final desta exposição sobre a presente lição. Aqui
trataremos a cerca das responsabilidades que o participante do Novo concerto
tem a partir da aceitação deste. Continuando o seu tratado no capítulo 10, o autor
nos expõe alguns aspectos dessa responsabilidade, onde abordaremos alguns
deles aqui.

“...retenhamos firmes a confissão da nossa esperança...”, o autor aqui de


imediato nos fala uma grande tarefa que devemos realizar. Devemos reter
firmemente aquilo que confessamos afim de não titubearmos em nossa jornada
rumo ao céu. O dicionário VINE trás o significado bíblico para a palavra reter
como: “manter resolutamente”, “segurar firmemente” metaforicamente, acerca
de “manter firme uma tradição ou ensino”. A Bíblia de estudo Palavras chave
ainda no ajuda dizendo: ter, segurar, guardar (na lembrança), deixar, possuir,
reter, apropriar-se de, permanecer, tomar; A Bíblia NVI trás o mesmo texto da
seguinte forma: Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos...

Em outras palavras o autor sacro estava dizendo: guardemos firmes,


vigiemos. Estamos vivendo os últimos dias da igreja do Senhor aqui nesta terra. E
esta exposição grita fortemente aos nossos dias. Devemos guardar firme aquilo
que já confessamos. A coisa tende a piorar, mas devemos estar cientes de uma
coisa: AQUELE QUE PROMETEU É FIEL. E a maior promessa da igreja é de
um dia ser arrebatada desta terra e morar para sempre com o Senhor.

No versículo 35 ele também nos exorta a confiar. Champlin quanto a isso


nos ensina dizendo:

“...vossa confiança...”, isto é, em Cristo e no Seu evangelho, na


eficácia de Seu Sumo Sacerdócio e na concretização final da
salvação. A palavra “confiança”, neste passo, é sinônimo
virtual de “fé”. A fé é a mãe da confiança. O grego diz
“parresia”, “coragem”, “ousadia”, “destemor”.
Trata-se do mesmo termo usado para descrever a natureza de
nossa aproximação do trono de Deus. Devemo-nos aproximar
dEle com “confiança” e “ousadia”, pois a Sua provisão é
perfeita e eficaz. Aqueles crentes judeus tinham mostrado
ousadia e coragem debaixo da pressão e das perseguições.
Agora deveriam exibir a mesma atitude na inquirição espiritual,
O autor sagrado, em consonância com a tese geral deste
tratado, quis dizer que o prêmio não poderá ser obtido sem a
constância. O prêmio é dado ao corredor que termina a
carreira.

Por fim encontramos uma mensagem de perseverança neste capítulo.


Perseverar é “ficar, continuar, permanecer”. O escritor no adverte a continuar
nesta jornada. Sabemos bem que a vida dos destinatários daquela carta estava
passando por momentos de grandes dificuldades e pressões, mas mesmo assim o
autor os adverte a continuar na caminhada. Do mesmo modo somos nós em nossa
caminhada. Encontraremos resistência da parte de alguns. Mas devemos ouvir a
voz do autor que diz em Hb. 10.37,38: Porque ainda um poucochinho de tempo,
e o que há de vir virá e não tardará. Nós, porém, não somos daqueles que se
retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma.

Concluo aqui com as palavras do comentarista da Bíblia de Estudo


Aplicação Pessoal:

O livro de Hebreus encoraja os crentes a perseverarem em sua


fé e conduta cristã, também ao enfrentarem perseguições e
pressões. Normalmente não pensamos no sofrimento como sendo
algo bom para nós, mas ele pode formar nosso caráter e nossa
paciência. Durante momentos de grande tensão, podemos sentir
a presença de Deus mais claramente e encontrar ajuda de
cristãos que pensamos que jamais se importariam conosco.
Saber que Jesus está conosco em nosso sofrimento e que um dia
retornará para colocar um fim em toda dor nos ajuda a
crescermos em nossa fé e em nosso relacionamento com Ele.
O escritor encoraja os seus leitores a não abandonarem a sua fé
em tempos de perseguição, mas mostrarem, por sua resistência,
que a sua fé é real. Ter fé significa descansar naquilo que Cristo
fez por nós no passado, mas também significa confiar naquilo
que Ele faz por nós no presente, e fará no futuro.

Chegamos ao fim de mais uma exposição. Que Deus abençoes a todos, e


que possamos reter firme a confissão, Fiel é Cristo que nos prometeu.

Esperando Jesus voltar hoje.


Dc. Antonio Vitor
IEADERN – Mário Lira 1
e-mail: antonio-vitor2011@hotmail.com
www.ebdemfoco.com.br

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Fontes de Consulta:
- O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, R. N. Champlin;
- Dicionário Bíblico VINE;
- Bíblia de Estudo Pentecostal, Donald C. Stamps;
- Bíblia de Estudo Palavras chave;
- Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.

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