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APRESENTAÇÃO
Prezado aluno...
Estamos chegando ao final do curso, e neste material vamos complementar a Análise das
Demonstrações Contábeis que já iniciamos na etapa anterior. Neste material vamos
aprender a extrair índices das demonstrações contábeis, verificar o risco de falência da
empresa e também fazer o relatório de conclusão da análise. É a etapa final do trabalho do
analista e assim como todo o trabalho, de grande importância.
Durante o período do curso estivemos juntos e agora que o curso está terminando,
espero que ele seja útil e permita o crescimento profissional de para cada um de vocês.
Não posso negar que vou sentir saudades! Mesmo não os vendo, pude sentir através
das ligações recebidas, emails, scraps no orkut, conversas no msn, o carinho de muitos
alunos e isto é gratificante. Espero um dia ter a oportunidade de conhece-los e para tanto
coloco-me à disposição na Escola Técnica da UFPR para recebe-los quando puderem e
quiserem nos visitar.
O saber é um diferencial na vida de qualquer pessoa, mas não é o único. É preciso saber e
fazer, ou saber e mostrar nosso conhecimento. Há uma frase que não esqueço, mesmo
desconhecendo o autor: “O sábio que não fala o que sabe é como a nuvem que passa e não
traz a chuva”. Vamos fazer a diferença onde estivermos passando nosso conhecimento!
Um grande abraço a todos, faço voto que sua vida seja marcada pelo sucesso em toda a
jornada que Deus nos permite. Acredite em você! Lute e vença, mas escolha bem seu
aliado. O apóstolo Paulo escreveu no livro de Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me
fortalece” e em Romanos 8:31 “Se Deus é por nós quem será contra nós”.
Que Deus abençoe a cada um de vocês!
Ciro Bächtold
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 2
AULA 01
INTRODUÇÃO
A partir de agora vamos estudar os demais itens necessários para uma boa análise.
Você verá que as regras apresentadas são úteis e servem para qualquer tipo de empresa,
desde que na contabilidade os registros efetuados sejam o retrato fiel da realidade. Como é
de imaginar, o trabalho todo realizado perde a eficácia se as informações das
demonstrações contábeis não forem à expressão da realidade vivida pela empresa.
Você verá que através de técnicas utilizadas em análise, e algumas fórmulas,
podemos aprender muito sobre a empresa e sua situação. Vamos aprender a distinguir entre
a situação de capacidade de pagamento, o retorno que os sócios tem sobre o investimento,
qual o grau de investimento de recursos no seu imobilizado, qual a situação do
endividamento da empresa, como está à margem de lucro e também a rotatividade dos
estoques, pagamentos e recebimentos da empresa.
R E A L IZ Á V E L A L /P 1 93 .43 6 1 1 4 .3 85
IR P J e C S L L 77 .83 1
C o ntribu iç ã o sin d ic al d if erid o 1 15 .60 5 1 1 4 .3 85
O u tras c o n ta s a re c e be r
T O T AL 7 .7 16 .94 6 7 .8 2 1 .8 00
P A S S IV O 2 0 04 2003
C IR C U L A N T E 1 .3 59 .67 4 1 .0 9 2 .4 29
F in a nc ia m e n to s e E m p réstim o s 4 95 .27 4 1 57
F orn ec e d ore s 1 24 .87 3 3 1 4 .9 37
O b rig a ç õe s S o c ia is e E n c arg os 7 04 .89 9 9 7 .3 57
Im p o sto s e C o ntribu içõ e s a re c o lh e r 34 .62 8 6 2 7 .3 64
C o m issõ e s a p a ga r 5 2 .6 14
E X IG ÍV E L A L /P 2 .8 17 .84 0 4 .8 0 6 .1 00
F in a nc ia m e n to s e p a rtes re la cio na d a s - 1 .4 1 8 .1 93
F orn ec e d ore s e p arte s relac io n a da s 2 .2 12 .15 3 2 .2 9 4 .7 02
Im p o sto s e c on trib u iç õ es a re c olhe r 6 05 .65 5 1 .0 9 3 .1 73
O u tras c o n ta s a p ag a r 32 32
P A T R IM Ô N IO L ÍQ U ID O 3 .5 39 .43 2 1 .9 2 3 .2 71
C a pita l so c ia l su b sc rito 3 .1 25 .39 6 1 .7 1 0 .0 00
C a pita l so c ia l a in te g ra liza r - (5 .5 0 4)
R e se rv a leg a l 29 .17 0 -
L uc ro s a c u m ula do s 3 84 .86 6 2 1 8 .7 75
T O T AL 7 .7 16 .94 6 7 .8 2 1 .8 00
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 4
Balanço Patrimonial
ATIVO 31/12/05 31/12/06 PASSIVO 31/12/05 31/12/06
Circulante 76.067 74.702 Circulante 57.424 64.138
Disponibilidades 12.652 16.652 Fornecedores 26.420 32.652
Duplicatas a Receber 35.350 26.251 Salários a Pagar 5.652 6.854
Estoques 25.356 28.685 Encargos Sociais 4.985 5.357
Impostos a Recuperar 2.159 2.654 IR e CSLL a Pagar 1.968 2.321
Despesas Exerc. Seg. 550 460 Empréstimos 14.652 12.585
Contas a Pagar 3.747 4.369
Realizável a L. Prazo 5.670 4.330
Dupl. a Receber 4.310 3.520 Exigível a L. Prazo 18.450 14.333
Outros direitos 1.360 810 Financiamentos 18.450 14.333
AULA 02
CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
O estudo do Capital Circulante Líquido é importantíssimo. Tanto o é, que existe
uma demonstração que permite, com o já vimos quando tratamos da DOAR, identificar a
origem e a aplicação de recursos, mostram o aumento ou redução do capital circulante
líquido, conhecido também como capital de giro líquido ou capital de giro próprio, como
preferem alguns autores.
Você sabia que a DOAR era chamada antigamente de Demonstração de Fontes e Usos de
Capital de Giro Líquido? Pois é isso retrata bem a importância do capital circulante líquido.
Observações Importantes:
É importante a análise considerar a média de tempo que empresa leva para vender e
receber os valores em estoque, já que estamos considerando os estoques no cálculo do
CCL. E devemos estar conscientes que se a empresa demorar para vender e receber o
valor das vendas, possivelmente deve considerar o índice de liquidez seca, ou seja,
desconsiderar os estoques, mais adequado para medir a solvência desta empresa;
Dentro do ativo circulante existem contas que não se transformam em dinheiro, como as
contas do Ativo Diferido e Despesas do Exercício Seguinte ou Despesas Pagas
Antecipadamente como alguns assim o chamam, que pela própria natureza destas contas,
o pagamento antecipado das despesas não produzirão caixa para a empresa, mas somente
a garantia de ter os serviços prestados ou materiais entregues no próximo exercício.
Assim, devemos tirar esses valores do cálculo da liquidez;
Impostos a recuperar, não serão traduzidos em dinheiro e sim a compensação dos valores.
Ou seja, não produzirão caixa para pagamento das obrigações, portanto são valores que
também deverão ser desconsiderados caso o analista seja mais conservador ou prudente.
AC PC AC PC
1.092.429,00 1.359.674,00
3.937.629,00 3.693.383,00
CCL = CCL =
2.845.200,00 2.333.709,00
CCL 2005 =
CCL 2006 =
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 9
AULA 03
INDICES DE LIQUIDEZ
LIQUIDEZ CORRENTE
Interpretação = Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possuía R$ 1,27
em 2005 e R$ 1,57 em 2006 de valores de curto prazo, para saldar esta dívida.
Conclusão – O índice melhorou de 2005 para 2006, mas é preciso conhecer o índice-
padrão para concluir se a situação da empresa é boa ou não.
LIQUIDEZ IMEDIATA
É conhecida como liquidez instantânea, e tem importância limitada ou usando uma
linguagem mais simples, de todos os índices de liquidez é o que tem menor importância, já
que compara as obrigações de curto prazo (num período que vai até o final do próximo
exercício) com as disponibilidades da empresa.
O professor Osni Moura Ribeiro no livro Estrutura e Análise de Balanços, apresenta
o seguinte comentário, justificando porque este índice tem pouca validade para o cálculo da
liquidez da empresa:
a) Não adota boa política financeira a empresa que mantém elevadas importâncias em
disponibilidade (Caixa, Bancos e Investimento de Liquidez Imediata), em
detrimento de aplicações mais produtivas, como em estoques, no financiamento de
vendas a prazo, etc;
b) Conforme já estudamos, o Passivo Circulante é composto por obrigações que
possuem prazos de vencimentos superiores a seis meses. Por esse motivo, não é
recomendado ter disponibilidades imediatas suficientes para saldar compromissos
seis meses antes do vencimento;
c) Já estudamos, também, que é importante que a empresa mantenha equilíbrio entre as
entradas e saídas de dinheiro, sendo aceitável a manutenção de saldos elevados em
caixa quando representarem provisionamentos para pagamentos e obrigações que
vençam em poucos dias;
d) Mesmo que este quociente seja inferior a um, poderá não representar situação e
insolvência, pois as obrigações constantes do Passivo Circulante poderão ter prazos
de vencimentos que permitam à empresa obter recursos financeiros para pagá-los,
com o desenvolvimento normal de suas atividades, sem a necessidades de manter
saldos elevados em caixa.
AULA 04
LIQUIDEZ SECA
O índice de liquidez seca mostra a capacidade de pagamento da empresa, sem
considerar a venda dos produtos que a empresa tem em estoques.
É um índice conservador, mas que deve ser levado em consideração estudando-se
também o prazo que a empresa leva para vender o seu produto em estoque e o prazo de
tempo que leva para receber o valor desta venda. Em determinados casos em que os prazos
de venda do estoque e recebimento são elevados, este índice pode ser mais adequado do
que o de liquidez corrente, para avaliar a capacidade de pagamento da empresa a curto
prazo.
Alguns autores, ainda para fins de cálculo dos índices de liquidez, preferem alguns
itens que não se converterão em dinheiro como Impostos a recuperar e Despesas do
Exercício Seguinte, como já estudamos, para assim dar maior segurança ao cálculo. Isto
serve para o cálculo do índice de liquidez seca também.
Este índice é bastante apreciado por seu conservadorismo, principalmente para
quem irá conceder o empréstimo, pois não leva em consideração o esforço da empresa em
vender e receber os valores que estão em estoques. Sem contar que os estoques permitem
manipulação de valores ou incertezas quanto à qualidade dos produtos que compõem este
ativo e o prazo em que este ativo se tornará líquido e certo (dinheiro em caixa).
Como em todos os casos, devemos levar em consideração o ramo de atividade da
empresa, pois em alguns casos é normal a empresa ter elevados valores em estoques, como
no caso dos supermercados e algumas lojas comerciais. Como é de imaginar, ao retirar os
estoques haverá uma queda significativa da capacidade de pagamento, o que é normal
nesses casos específicos.
A liquidez seca encontra-se com a fórmula:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 13
LS = AC – Estoques
PC
Legenda: LS – Liquidez seca; PC – Passivo Circulante.
Vamos estabelecer como padrão, a primeira metodologia, por ser a mais usual.
Interpretação = Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possuía R$ 1,83
em 2003 e R$ 1,59 em 2004 de valores de curto prazo, sem considerar os estoques, para
saldar esta dívida.
Conclusão = Houve redução no índice de 2003 para 2004 e mesmo assim a empresa
apresenta capacidade de pagamento com sobre de recursos.
LIQUIDEZ GERAL
É o índice, como o próprio nome diz, que está levando em consideração a situação
de pagamento da empresa de uma forma geral, levando em consideração todos os recursos
de curto e longo prazo para fazer frente a todas as obrigações de curto e longo prazo.
Faça uma planilha semelhante para as empresas Ensino à Distância Ltda e Agora é a
Sua Vez Ltda.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 16
AULA 05
ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
ENDIVIDAMENTO GERAL
Avalia a quantidade da dívida da empresa com relação a origem de recursos,
comparamos o total das obrigações, com o total da origem de recursos.
O endividamento geral mostra a quantidade da dívida, indicando a dependência de recursos
de terceiros no financiamento do ativo.
O endividamento geral é também conhecido como Participação de Capital de
Terceiros sobre os Recursos Totais.
Observação: Neste índice, quanto menor melhor, pois é sinal que a empresa depende
menos do capital de terceiros do que de capital próprio. Valores acima de 1 (um) é sinal que
há dependência financeira do capital de terceiros, o que gera desconforto, pois a empresa
está endividada, o que além de comprometer a obtenção de créditos externos, denota
também que a empresa está sujeita a capitais externos e seus prazos de vencimento e
geralmente, juros altos, ou seja, boa parte do lucro deve ser utilizado para pagamento
desses empréstimos.
GCT = PL .
PC + ELP
Legenda: GCT – Garantia do Capital de Terceiros; PL = Patrimônio Líquido;
PC – Passivo Circulante; ELP = Exigível a Longo Prazo
AULA 06
COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO
Este índice demonstra a qualidade da dívida. No seu caso, você prefere ter dívida de
curto ou longo prazo? É evidente que a dívida de longo prazo é melhor, pois há mais tempo
para a obtenção de recursos para quitar as obrigações. Pois bem, ao comparar a dívida de
curto prazo com o total das exigibilidades, verifica-se a qualidade das obrigações.
Este índice quanto menor for, melhor será para a empresa, pois demonstra que a
empresa tem mais tempo para quitar suas obrigações. Mas como todos os índices,
recomendamos o estudo conjunto com os demais. Pois é possível que a empresa tenha
100% de suas obrigações como de curto prazo, sem comprometer sua situação de liquidez,
como é possível ter um índice baixo de dívidas de curto prazo, porém não ter capacidade de
pagamento.
Interpretação = Para cada R$ 1,00 de dívida, R$ 0,69 em 2005 e R$ 0,73 em 2006, refere-
se a obrigações de curto prazo, ou do total de capital de terceiros, 69% em 2005 e 73% em
2006, tem vencimento à curto prazo.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 21
Conclusão – O índice piorou de 2005 para 2006, onde a dívida de curto prazo aumentou
com relação ao total das exigibilidades. Perceba que apesar deste índice haver piorado, não
significa que a situação é preocupante, já que há recursos de curto prazo para pagamento
das dívidas de curto prazo (veja o índice de liquidez corrente = 1,57 em 2006). Esta é a
importância da análise em conjunta dos índices, pois uma composição de endividamento
alta aliada a uma liquidez corrente baixa, enseja uma situação preocupante, pois além da
maior parte da dívida ser de curto prazo, ainda temos poucos recursos de curto prazo para
pagar esta divida.
Utilizando a fórmula:
CGP = PL - AP
Legenda: CGP – Capital de Giro Próprio; PL – Patrimônio Líquido; AP – Ativo Permanente
AULA 08
OUTROS ÍNDICES DE IMOBILIZAÇÃO
Dependendo da situação da empresa e achando o analista ser relevante, é possível
ainda fazer outras comparações com a aplicação de recursos no Ativo Permanente. Quando
se considera o ativo permanente como um todo, sabemos que há contas de investimentos,
contas de imobilizado e contas de diferido. É possível fazer uma análise individual de cada
sub-grupo, com resultados interessantes, ou até mesmo descontar o diferido por se tratar de
gastos que serão apropriados futuramente como despesas, conforme a realização dos lucros.
INDICES DE ROTATIVIDADE
Outro grupo de índices de grande importância diz respeito aos prazos de
permanência dos produtos em estoque, prazo de recebimento das vendas e prazo de
pagamento das compras. São também conhecidos com índices de atividade, por demonstrar
o ritmo de atividade da empresa, ou velocidade em que algumas contas patrimoniais
importantes de movimentam em virtude das atividades operacionais da empresa.
Um alerta deve ser feito agora, que estes índices não devem ser usados por
empresas que não apresentam vendas e compras uniformes durante o período de análise.
Pois algumas distorções poderão ocorrer invalidando a conclusão.
A importância dos índices de rotatividade pode ser percebida ao ler o comentário do
Professor Hilário Franco no livro Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços (1992),
quando explica os fatores que influem e determinam a medida de solvência da uma
empresa:
a) Política de Vendas (à vista, a prazo ou a prestação);
b) Ramo de negócio (comércio, indústria, agricultura ou prestação de serviços), atentando-se para o
fato de que os artigos de primeira necessidade geralmente são vendidos em prazos mais curtos;
c) Ciclo econômico da empresa – As indústrias tem geralmente um ciclo econômico mais longo que
o comércio ou a prestação de serviços, pois tem de comprar a matéria-prima, transformá-la e
vende o produto, ao passo que as empresas comerciais o compram e revendem no mesmo estado.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 25
Além disso, de acordo com a própria natureza da indústria, ou do ramo de comércio, o ciclo
econômico pode variar. O mesmo pode-se dizer das empresas agrícolas.
d) Política de compras – Há indústrias que precisam manter maiores estoques de matéria-prima, em
virtude de dificuldade para sua obtenção, ou em razão da complexidade de sua produção, tendo
seu estoque, portanto, rotação mais demorada que as demais. Nas próprias empresas comerciais a
política de compra pode variar, de acordo com o ramo de negócio, pois algumas precisam
trabalhar com maiores estoques, ao passo que outras operam com estoques reduzidos, havendo
portanto grandes diferenças na rotação dos estoques em ambos os casos.
e) Volume de capital da empresa – Como dissemos, há empresas que trabalham com grandes folgas
de capitais, utilizando ao mínimo os capitais de terceiros, ao passo que outras operam com
capitais deficientes e utilizam ao máximo capitais alheios.
Daí se conclui que a possibilidade de solvência de uma empresa poderá variar de acordo
com o prazo tomado como base para o cálculo.
(FRANCO – 1992)
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 27
RE = CPV(indústria)
EMPA
Legenda: RE – Rotação dos Estoques; EMPA – Estoque médio de Produtos Acabados,
CMV– Custo da Mercadoria Vendida.
Obtemos o EMPA através do cálculo: (Estoque Inicial PA + Estoque Final PA)/2.
PMRE = 360
RE
Legenda: PMRE – Prazo médio de Rotação de Estoques, RE – Rotação de Estoques.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 28
Interpretação:
Conclusão:
Outra observação importante com relação ao tempo de rotação dos estoques, diz
respeito ao cálculo da liquidez da empresa. Sabendo quanto tempo em média a empresa vai
permanecer com o produto em estoque, é possível fazer projeções sobre quando a empresa
poderá contar com a receita proveniente da venda de seus estoques. Outro índice importante
neste aspecto diz respeito ao prazo médio de recebimentos, que será visto agora. Pois além
de vender, a empresa deverá esperar o pagamento ocorrer, para que o dinheiro ingresse no
caixa da empresa.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 29
AULA 10
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTOS
Com toda a certeza você já deve ter concluído que quanto menor for o prazo para
recebimento das vendas, melhor é para a empresa. Então sei que para a quantidade de dias
diminuir, é preciso aumentar o número de vezes em que os valores de duplicatas a receber
são renovados no ativo. Calma, não se assuste, através dos cálculos abaixo você vai
entender melhor este raciocínio.
Com relação ao Prazo Médio de Recebimentos é importante consideração algumas
considerações levantadas pelo Professor José Carlos Marion:
a) Quando falamos em Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV), não estamos
considerando apenas as vendas a prazo, mas o total de vendas. Se uma empresa vende
50% a prazo (e o restante a vista), com prazo de faturamento em torno de 60 dias, o
PMRV deverá girar em torno de 30 dias (50% x 60 dias). Se quisermos trabalho com
prazo médio de recebimento de vendas a prazo, teremos muitas dificuldades, pois nem
sempre (quase nunca) encontraremos discriminado o total de vendas a prazo. O mesmo
esquema é válido para compras.
b) O total de vendas a ser utilizado para o cálculo do PMRV é a Receita Bruta, deduzida
de Devoluções, por um lado (incluindo IPI, ICMS,etc), e o total de Duplicatas a
Receber, por outro (sem excluir Provisão para Devedores Duvidosos e Duplicatas
Descontadas). Assim, seremos consistente na mesma base de cálculo.
(MARION – 2002)
A Receita Operacional Bruta pode ser traduzida por Faturamento Bruto ou Vendas Brutas.
O valor de Duplicatas a Receber Média encontra-se assim:
(Saldo inicial de duplicatas a receber + saldo final de duplicatas a receber)/2.
Para encontrar o prazo médio de recebimento (PMR) basta dividir 360 pela rotação de
recebimentos.
PMR = 360
RREC
Legenda: PMR – Prazo médio de Recebimentos.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 30
Observe que este cálculo da forma como foi feito apresenta algumas subjetividades,
portanto para que o cálculo seja feito de forma mais adequada e precisa, é importante o
acompanhamento detalhado das contas, com o maior número de meses possível.
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 31
AULA 11
PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTOS
Este índice mostra quantas vezes a empresa renovou sua dívida durante o período.
Este índice quanto menor melhor, desde que a empresa seja pontual com o
pagamento de suas obrigações, demonstrando que a empresa está obtendo um tempo maior
para efetuar o pagamento de suas compras.
Se o índice de rotação é baixo, mas em virtude de atrasos em pagamentos de
fornecedores, acumulando baixos índices de liquidez, pode representar dificuldades
financeiras e alto risco de falência da empresa.
Quanto maior for o quociente da rotação, mais rápido a empresa está pagando seus
fornecedores e se descapitalizando.
Agora o cálculo ficou um pouquinho mais complicado, pois o valor das compras deverá ser
encontrado através da Fórmula:
CMV = Ei + C – EF, ou seja, C = CMV – Ei + EF
Legenda: C= compras, CMV=Custo da Mercadoria Vendida, Ei=Estoque Inicial e
EF=Estoque Final.
Interpretação = A empresa renovou suas duplicatas a pagar em média 1,3 em 2005 e 1,52
em 2006. Ou seja, conseguiu negociar um prazo para pagamentos de duas obrigações de
277 dias em 2005 e 237 dias em 2006.
Conclusão – A empresa reduziu o prazo para pagamento aos seus fornecedores em 40 dias,
o que não é bom para a empresa, antecipar o pagamento de suas obrigações.
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 33
AULA 12
POSIÇÃO RELATIVA OPERACIONAL
É um indicador que demonstra a relação entre o prazo de recebimento e de venda do
produto em estoque e pagamento. Evidencia se a empresa está recebendo ou pagando antes.
Quanto menor for este índice, melhor é para a empresa. Quando o índice de posição relativa
operacional é muito elevado, quer dizer que a empresa está se descapitalizando, ou seja,
está antecipando o pagamento a fornecedores antes de receber o valor da venda das
mercadorias. Em compensação, índice abaixo de 1 indica que a empresa vende e recebe de
seus clientes antes e pagar a seus fornecedores, estando em situação confortável de
trabalhar com recursos de terceiros sem pagar juros e ainda obtendo lucro operacional.
Interpretação = A empresa no exercício de 2003 levou 166 dias para vender o produto
adquirido e mais 50 dias para receber os valores, e conseguiu um prazo de 224 para pagar
seus fornecedores, ou seja, vendeu e comprou antes de pagar suas compras em 8 dias. No
exercício de 2004 a empresa esperou 136 para vender os produtos em estoques e 46 dias
para receber o valor da venda, conseguindo um prazo de 212 para pagar o valor de suas
compras, trabalhando 30 dias com capital de terceiros.
Calculo da Posição Relativa Operacional para a empresa Agora é a Sua Vez Ltda.
PRO(2005) =
PRO(2006) =
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 35
AULA 13
ÍNDICES DE RENTABILIDADE
O que é rentabilidade? Rentabilidade lembra a rendimento e em finanças significa o
lucro sobre o valor investido na empresa. Por isso são também conhecidos como índices de
lucratividade. Estes índices são de grande importância e envolvem o resultado da empresa
retratando a situação econômica da empresa.
Os índices de rentabilidade mostram o retorno que a empresa teve, comparando com
os esforços operacionais da empresa. Quando se fala em retorno, devemos lembrar que ao
realizar todo o esforço operacional, demonstrado na contas de resultado expressas na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) a parcela que retorna para a empresa é o
lucro para aumentar o patrimônio da empresa, ou o prejuízo que deverá ser absorvido e
diminuirá o patrimônio.
Ao calcular os índices de lucratividade (rentabilidade) a empresa pode comparar se
o seu resultado econômico no exercício foi satisfatório. Lembramos sempre que antes de
qualquer conclusão sempre vamos comparar com os padrões de mercado. Para avaliar a
eficiência operacional comparando com os concorrentes do mesmo porte e ramo de
atividade.
A rentabilidade interessa também aos credores da empresa, pois é através do lucro
que a empresa aumenta sua capacidade de pagamento, sem sacrificar o patrimônio para
honrar compromissos assumidos. Quanto mais lucrativa for a empresa, mais origens de
recursos para serem aplicados ou no aumento dos ativos da empresa ou na redução das
obrigações da empresa, diminuindo a dependência do capital de terceiros.
Os indicadores de rentabilidade são os que mais chamam a atenção dos investidores,
e por isso deve o analista ter um cuidado especial na análise deles, pois são assim como
todos os demais índices, sujeitos a contabilidade criativa ou maquiagem, como estudado no
material Analise das Demonstrações Contábeis I, em que uma das finalidades pode ser
tornar a empresa mais atrativa para a captação de recursos, visando a manutenção das
atividades operacionais.
Quando tratamos de rentabilidade ou lucratividade, quanto maior for o índice,
melhor será para a empresa.
No que se refere ao lucro, por sua vez, muitas variantes podem ser empregadas:
lucro operacional, lucro líquido, lucro antes ou após o imposto sobre a renda, etc. É
importante que o conceito usado no numerador seja compatível com o empregado no
denominador. Se estivermos interessados no quociente de retorno sobre o ativo operacional,
devemos usar no numerador o lucro operacional e não o lucro líquido. O fato é que, para
determinadas finalidades, certos conceitos são melhores. Se quisermos calcular o retorno
para efeito preditivo do que possa ocorrer com a rentabilidade da empresa no futuro, em
termos de tendência, será melhor excluir do numerador e denominador contas e valores não
repetitivos ou não operacionais. Se, outro lado, desejarmos ter uma idéia da lucratividade
como um todo, será conveniente relacionar o lucro líquido com o investimento total. Se
quisermos ter uma idéia do retorno para os acionistas, o melhor será relacionarmos o lucro
líquido (após o imposto de renda) com o patrimônio liquido. (IUDÍCIBUS – 1991).
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 36
RENTABILIDADE DO ATIVO
Este índice mostra a relação entre os valores aplicados no ativo e o retorno que a
empresa obteve no exercício. Esta relação aplicação e retorno, é de interesse da empresa em
geral e algumas distorções podem ocorrer, em virtude de comparar elementos de alta
rotatividade no circulante, de giro mais lento ou de longo prazo e aplicações no permanente
da empresa. É de se imaginar que raramente a rentabilidade será maior que 1. Isto indicaria
que a empresa teve um lucro maior que todo a aplicação feita no ativo da empresa, o que só
justificaria pelo ramo de atividade ou um patrimônio muito baixo.
Este índice também é conhecido como Taxa de Retorno sobre o Investimento
(TRI).
É importante também ressaltar que se queremos verificar estritamente a relação
entre aplicação operacional e lucro resultante desta aplicação, devemos excluir os
elementos que não tem esta relação operacional. É o caso por exemplo, da valorização de
ações no grupo investimento do Ativo Permanente, isto não tem a ver com a atividade
operacional da empresa, então nem o investimento e nem o resultado deveriam ser objeto
da composição do índice. Então o analista deve adequar os elementos que serão analisados
de acordo com a necessidade.
Sabendo que durante o exercício as contas do ativo sofrem mutações, é provável
que o valor aplicado no início do exercício seja diferente do valor do final do exercício,
portanto o mais justo é verificar o retorno sobre a média de aplicação no ativo durante este
período.
Interpretação = Para cada R$ 1,00 de capital aplicado na empresa o retorno foi de R$ 0,06
em 2005 e R$ 0,07 em 2006. Ou seja, do total de recursos aplicados na empresa o retorno
foi de 6,2% em 2005 e 7,6% em 2006.
Conclusão – A rentabilidade sobre as aplicações no ativo aumentaram de 2005 para 2006
e o tempo de espera para retorno dos recursos aplicados no ativo estimado em 16 anos 1
mês e 16 dias em 2005, com o resultado de 2006 passou a ser estimado em 13 anos 2
meses e 3 dias.
AULA 14
RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Se o índice de retorno do ativo tem importância por demonstrar a eficiência na
aplicação dos recursos do ativo, imagine a importância que tem para os sócios, verificar o
retorno comparado com os seus investimentos na empresa.
Este índice também é conhecido como taxa de retorno do capital próprio (TRCP) ou
taxa de retorno do Patrimônio Líquido (TRPL).
Por tratar de resultado mediante o investimento de capital próprio, tem maior valor
perante o olhar dos acionistas ou sócios. Esta afirmação é tão verdadeira a ponto de ser ver
muitas empresas com dificuldades expansão operacional e remunerando bem os
investimentos dos sócios, ou em outras palavras, em muitos casos mais interessa a saúde do
investimento do que a da própria empresa.
É claro generalizando, muitos são estigmatizados sem merecer. Então aqui vai o
pedido de desculpas aos sócios ou acionistas que tem outros objetivos como visão de
futuro, bem-estar dos funcionários, compromissos sociais, enfim quaisquer outros objetivos
e não seja o lucro do seu investimento a preocupação principal.
Interpretação = Para cada R$ 1,00 de capital aplicado na empresa o retorno foi de R$ 0,13
em 2005 e R$ 0,15 em 2006. Ou seja, do total de recursos aplicados na empresa o retorno
foi de 13,66 % em 2005 e 15,83 % em 2006.
Conclusão – A rentabilidade sobre as aplicações no Patrimônio Líqudo aumentaram de
2005 para 2006 e o tempo de espera para retorno dos recursos próprios aplicados que eram
de 7 anos 3 mês e 25 dias em 2005, com o resultado de 2006 passou a ser estimado em 6
anos 3 meses e 24 dias.
AULA 15
RENTABILIDADES OPERACIONAIS
Muitas são as comparações que podemos fazer, para avaliar o desempenho
(eficiência) operacional. Ao comparar o retorno com a receita e também sobre os elementos
de resultado. Podemos avaliar o sacrifício realizado em cada etapa para atingir o resultado
obtido.
Quando comparamos o resultado com relação a receita, tem o que se chama
tecnicamente de margem de lucro.
Outros cálculos podem também ser efetuados para avaliar o resultado, como por
exemplo, o retorno sobre o custo da mercadoria vendida. Ou ainda comparar as despesas
operacionais com o lucro líquido. Enfim, o analista poderá encontrar os resultados que
forem mais adequados à realidade da empresa. Uma empresa por exemplo que tenha uma
despesa alta com vendas, pode relacionar as despesas com vendas e o retorno obtido.
Enfim, aluno, saber o que está fazendo é melhor do que simplesmente fazer. E o que pode
ser mais relevante para uma empresa pode não ser para outra.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 40
MARGEM LÍQUIDA
A margem líquida indica a lucratividade obtida pela empresa em função da sua
receita líquida. O acompanhamento histórico (análise horizontal) da margem líquida
permite, desde que as variações não sejam grandes, estimar o lucro que será apurado no
exercício pelo comportamento da receita operacional líquida (vendas líquidas).
Encontra-se a Margem Líquida utilizando-se a fórmula:
ML= LL
ROL
Legenda: ML – margem líquida; LL – lucro líquido; ROL – receita operacional líquida.
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 41
MARGEM BRUTA
A margem bruta mostra indica a lucratividade bruta, comparada com a receita
líquida. Novamente comparamos a receita operacional líquida como parâmetro pelo motivo
já explicado que a receita operacional bruta não é adequada para a análise, por conter
valores que não são receitas da empresa como descontos incondicionais e vendas
canceladas, ou receita do governo (impostos sobre a venda).
Ao comparar o lucro bruto (aquele encontrado antes de retirar as despesas
operacionais), saberemos por dedução, quanto do lucro representam as despesas
operacionais.
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 42
AULA 16
MARGEM OPERACIONAL
Este índice avalia a margem operacional, ou seja, o lucro operacional líquido
(aquele depois da dedução de todas as despesas operacionais), avaliando o desempenho
operacional.
Caso a empresa tenha por objetivo avaliar estritamente os resultados operacionais,
algumas contas devem ser expurgadas, como as receitas e despesas financeiras.
Interpretação:
Conclusão:
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 43
Através deste índice, fazemos uma relação entre o lucro e o valor de custo desta
mercadoria que proporcionou o resultado.
É também conhecida como Retorno Sobre o Capital Investido em Estoque (RCIE),
já que demonstra quanto de lucro a empresa obteve com a venda do produto que estava em
estoque.
Caso a empresa mantenha uma série histórica de Retorno Sobre o Custo da
Mercadoria Vendida constante, é possível fazer uma projeção de lucro já no momento em
que empresa efetua a venda de sua mercadoria.
MODELO DUPONT
Em 1930 a empresa Du Pont desenvolveu uma combinação de índices para avaliar a
rentabilidade do investimento feito pela empresa, chamado de ROI – Return on
Investiment ou Retorno sobre o Investimento, quando a análise das demonstrações
contábeis ainda eram uma novidade, basta lembrar que Alexander Waal (considerado o pai
da análise de balanços) desenvolveu um modelo de análise baseado em índices extraídos de
balanços apenas em 1.919.
A análise de retorno sobre o investimento no ativo, já estudamos pela fórmula:
RA = LL / AT
Legenda: RA – Retorno do Ativo; LL – Lucro Líquido; AT – Ativo Total.
O que descobriram foi que analisando o Giro do Ativo com a rentabilidade líquida,
obtemos a mesma fórmula do Retorno do Ativo. Observe abaixo:
O Modelo Du Pont, faz esta relação tomando como base a sequinte fórmula:
ROI – ML x GA
Legenda: ROI = Returno on Investimento (Retorno sobre o Investimento);
ML – Margem Líquida; GA – Giro do Ativo.
ROI = LL X ROL = LL
ROL AT AT
ROI – Modelou Du Pont para a empresa Análise das Demonstrações Contábeis Ltda.
ROI(2003) = 0,98 x 0,05 = 0,049 ou 4,9%
ROI(2004) = 1,12 x 0,067 = 0,0752 ou 7,51 %
AULA 17
MODELO KANITZ
Em 1974 um brasileiro, o professor Stephen Kanitz, conseguiu através da
conjugação de índices, desenvolver um modelo que permite prever falências de empresas
comerciais e industriais, não devendo ser utilizado para outros tipos de empresas.
Kanitz desenvolveu um este modelo bastante interessante, principalmente pelo
grande número de variáveis e pesos atribuídos aos índices. O Professor Kanitz não explicou
como chegou a estes resultados, mas ao fazer a análise de diversas empresa que realmente
faliram, constatou-se que o modelo é adequado e verdadeiro.
Devemos lembrar que qualquer índice tem validade quando as demonstrações
contábeis apresentadas expressam a realidade da empresa.
7 --------------
INTERVALO DE SOLVÊNCIA
(Reduzidas possibilidades de falência)
0 --------------
PENUMBRA
(Situação Indefinida)
-3 --------------
INSOLVÊNCIA
(Propensão à falência)
-7 --------------
AULA 18
ÍNDICES DIVERSOS
Foram apresentados os índices mais comumente usados, veja que não chamei os
índices apresentados como os principais, pois dependendo da situação, é possível que para
quem está solicitando o relatório de análise, tenha algum índice mais importante.
As possibilidades são muitas, e aqui registro alguns que podem ser importantes, quer
seja para o investidor, para os bancos, para os fornecedores ou para outros. É possível
encontrar índices em todas as demonstrações, inclusive na DOAR, DFC, DVA, enfim, a
criatividade do analista, permitirá efetuar a relação entre contas ideal para o momento.
Segue a relação de alguns índices:
RECIPROCIDADE BANCÁRIA
Mostra quanto a empresa mantém investido no banco, pela quantidade de recursos tomados
do banco em operações de empréstimo, inclusive feito através da garantia de duplicatas de
terceiros.
RB = bancos conta movimento
dupl. descontadas + empr.bancários
GRAU DE SOLVÊNCIA
É a capacidade da empresa em pagar todas as obrigações no caso de falência, inclusive
utilizando os recursos do ativo permanente.
GS = ativo total
passivo exigível
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 48
A idéia aqui não é esgotar o assunto, pelo contrário, mostrar que a Análise das
Demonstrações é uma disciplina nova e cheia de possibilidades, com informações
importantes a serem descobertas.
AULA 19
ÍNDICES-PADRÃO
Antes de iniciar o estudo sobre os índices, alertamos ser possível através da análise
horizontal, verificar se a empresa apresentou bons resultados, comparando-se com o(s)
exercício(s) anterior(es), mas para saber se o desempenho da empresa foi satisfatório
precisamos ultrapassar as fronteiras da empresa e buscar um parâmetro de mercado. Análise
como já falamos é comparação, e para que possamos saber se um índice é bom ou ruim,
precisamos compará-lo com o mesmo índice de seus concorrentes.
A dúvida agora é como fazer esta comparação se cada concorrente pode apresentar
um valor diferente de resultado, neste caso a empresa estará numa boa situação se o índice
for melhor do que de todos os concorrentes e numa situação ruim se seu índice estiver
abaixo dos concorrentes? Não é isso, a isto considero como extremismo e entre o excelente
e o péssimo temos outros valores que também servem como parâmetro.
Devemos elaborar o que chamamos de índices-padrão, ou seja, um padrão que reflete
o desempenho dos principais concorrentes. Para compor o índice padrão, deve-se levar em
consideração o mesmo ramo de atividades e preferencialmente o mesmo porte e ainda se
possível à região geográfica onde está situada a empresa. Estes critérios são importantes por
ter influência nos resultados obtidos pela empresa. Imagine querer comparar o desempenho
de um supermercado com uma perfumaria, ou de um supermercado grande com outro
pequeno, ou ainda tentar comparar um comércio localizado em uma cidade grande com um
outro localizado em uma cidade pequena com baixa população. Perceberam a diferença?
Espero que sim, em análise use a razão e desta forma seja sincero e justo na avaliação. Daí
a importância de ter critérios também na escola dos índices-padrão para poder comparar o
resultado da empresa e avaliar seu desempenho.
Média – É o cálculo mais fácil para se fazer, mas perde em qualidade por apresentar apenas
os critérios de avaliação: regular, na média e bom. Alguns fazem uma média dos valores
encontramos, e o que estiver acima da média é um bom resultado, o que estiver abaixo da
média é um mau desempenho.
Moda – É tomar como base o elemento que se repetem por mais vezes, entre os elementos
que fazem parte da análise.
Quartil - Outros preferem trabalhar com uma escala que vai de péssimo, ruim, regular,bom
e ótimo. É uma escala de quatro valores, portanto chamado de quartil. Onde o cálculo é um
pouco mais complicado, mas apresenta a vantagem de apresentar uma escala maior do que a
da média para avaliação. É o sistema indicado pelo professor José Carlos Marion em seu
livro Análise das Demonstrações Contábeis.
Decil – Apresenta uma escala onde a empresa é avaliada no critério decimal de 1 a 10, ou
seja, podemos situação o desempenho com uma riqueza maior de classificação. Tem um
inconveniente de precisar ter no mínimo a coleta de 10 índices de concorrentes, para criação
da escala. É o método ensinado pelo professor Osni Moura Ribeiro no livro Estrutura e
Análise de Balanços fácil e também pelo professor Dante C. Matarazzo no livro Análise
financeira de Balanços.
Liquidez Corrente: 0,95 – 1,01 – 0,86 – 1,20 – 1,60 – 1,96 – 1,00 – 1,20 – 1,15 – 1,14 – 0,90
– 2,10 – 2,60 – 3,5 – 1,10 – 1,54 – 1,43 – 1,80 – 1,35 – 1,70.
Ruim Bom
1,50
Mediana = Entre 1,20 e 1,35 (são os elementos que estão no centro do grupo índices)
Observe que podem haver índices entre 1,01 e 1,0, como vamos classificar estes índices
intermediários? Assim, fazemos uma média entre o último elemento da classe com o
próximo elemento da outra classe, para estabelecer a média. O que estiver abaixo vem para a
classe anterior e o que estiver acima vai para a classe seguinte.
1º Quartil = 1,01 + 1,10 = 1,05 = Abaixo de 1,05 = Péssimo
2
2º Quartil = 1,20 + 1,35 = 1,27 = Acima de 1,05 e abaixo 1,27 = Ruim
2
3º Quartil = 1,70 + 1,80 = 1,75 = Acima de 1,27 e abaixo 1,75 = Regular
2
4º Quartil = 1,80 + 3,50 = 2,65 = Acima de 1,80 e abaixo 2,65 = Bom
2
Acima de 2,65 é um resultado ótimo ou excelente!
Decil = Dividir os índices por 10: haverá 2 índices em cada classe.
1º Classe = 0,86 – 0,90; 2º Classe = 0,95 – 1,00; 3º Classe – 1,01 - 1,10;
4º Classe = 1,14 – 1,15; 5º Classe = 1,20 – 1,20; 6º Classe= 1,35 – 1,43;
7º Classe = 1,54 – 1,60; 8º Classe = 1,70 - 1,80; 9º Classe= 1,96 – 2,10;
10º Classe= 2,60 – 3,50
Até mesmo o critério usado para a elaboração do índice-padrão, está subordinado aos
parâmetros estabelecidos pelo analista, que poderá adotar o mais adequado às necessidades
da empresa, de acordo com a quantidade de índices encontrados e também o critério que
julgar ser o melhor.
Existem empresas que divulgam índices de mercado. Há uma revista quinzenal
chamada Exame da editora Abril, que costuma divulgar uma classificação das Melhores e
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 51
Maiores empresas, da qual o professor Stephan Kanitz foi um dos precursores, utilizando
além outros, critérios baseados nos números das demonstrações contábeis.
AULA 20
RELATÓRIO DE ANÁLISE
Não há um modelo de relatório de análise. Mas existem recomendações para a
emissão do trabalho de conclusão da análise das demonstrações contábeis. Como se pode
imaginar, é fundamental para o analista saber concluir o seu trabalho. Agora entra em cena o
poder de persuasão para convencer a quem contratou os seus serviços que o relatório foi
elaborado de acordo com técnicas apropriadas, a situação evidenciada reflete a realidade da
empresa e atende a necessidade de quem contratou o seu serviço.
Embora os bancos comerciais tenham por praxe conceder a maior parte dos
empréstimos a curto prazo, além de conhecer a situação atual querem também saber acerca
da situação futura, pois o cliente, ao efetuar um empréstimo de curto prazo, normalmente
renegocia sua dívida, permanecendo sob a dependência do banco por um longo período.
O analista de balanços precisa ter em mente que uma empresa se dirige a um
estabelecimento bancário para solicitar empréstimos porquês está atravessando problemas
de liquidez. Por isso, interessa aos bancos conhecer o grau de rentabilidade do cliente, que
evidenciará se a empresa poderá ou não, em pouco tempo, reverter o quadro, utilizando
apenas os lucros. Quando esta situação é conformada, os bancos não hesitarão em oferecer
créditos. (RIBEIRO – 2004)
O relatório pode ser breve ou detalhado, dependendo da situação e preferência do
cliente. Alguns preferem informações sucintas, bem objetivas, enquanto outros preferem
riqueza de argumentos e detalhes. O analista deve estar preparado para ambas as situações.
QUADRO RESUMO DOS ÍNDICES
Empresa Análise das Demonstrações Contábeis Ltda.
Índice Ano Resultado Índice Ano Resultado Conclusão
LC 2003 3,6 LC 2004 2,71 Piorou
LI 2003 0,25 LI 2004 0,15 Piorou
LS 2003 1,83 LS 2004 1,59 Piorou
LG 2003 0,69 LG 2004 0,93 Melhorou
EG 2003 0,75 EG 2004 0,54 Melhorou
PCT 2003 3,07 PCT 2004 1,18 Melhorou
GCT 2003 0,33 GCT 2004 0,85 Melhorou
CE 2003 0,19 CE 2004 0,32 Piorou
IPL 2003 1,96 IPL 2004 1,08 Melhorou
IRP 2003 0,56 IRP 2004 0,60 Melhorou
GA 2003 0,98 GA 2004 1,12 Melhorou
PMRE 2003 166 dias PMRE 2004 136 dias Piorou
PMRec 2003 50 dias PMRec 2004 46 dias Melhorou
PMPag 2003 224 dias PMPag 2004 212 dias Piorou
Prel 2003 + 8 dias Prel 2004 +30 dias Melhorou
RA 2003 4,93 % RA 2004 7,51 % Melhorou
RPL 2003 20 % RPL 2004 21,36 % Melhorou
ML 2003 5% ML 2004 6,72 % Melhorou
MB 2003 45,18 % MB 2004 46,71 % Melhorou
MO 2003 6,27 % MO 2004 7,29 % Melhorou
RCMV 2003 9,18 % RCMV 2004 12,62 % Melhorou
Du Pont 2003 4,93% Du Pont 2004 7,51% Melhorou
Kanitz 2003 2,82 Kanitz 2004 3,92 Melhorou
RELATÓRIO BREVE
Levando em consideração as demonstrações contábeis apresentadas pela empresa Análise das
Demonstrações Contábeis Ltda – ME, CNPJ 11.111.111/0001-00, em anexo, referente ao exercícios de 2004,
apresentamos as informações a seguir, resguardando nossa responsabilidade se alguma informação for
incorreta, não refletindo a realidade da empresa:
Situação Financeira
A empresa possui capacidade de pagamento de suas dívidas a curto prazo, e permanecendo as
atividades operacionais no mesmo ritmo de crescimento em breve obterá capacidade de pagamento para as
dívidas de longo prazo. Esta situação é normal comparando com as empresas do mesmo porte e ramo de
atividade.
O endividamento é compatível com a média de mercado, apesar da empresa depender mais do capital
de terceiros do que próprio, sendo 1/3 da dívida de curto prazo.
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 53
Situação Econômica
A empresa apresentou em 2004 números positivos quanto ao retorno do capital investido na empresa.
O prazo estimado para os sócios obterem o retorno do capital investido na empresa é de 4 anos e 8 meses,
tornando a empresa atrativa.
O desempenho poderia ser melhor se o estoque fosse renovado em um prazo menor, melhorando as
vendas, que estiveram um pouco abaixo da média dos concorrentes.
Do faturamento líquido, o retorno líquido é de 6,72%, número considerado bom, comparando com o
mercado, para empresas do mesmo porte e ramos de atividade.
Outro ponto positivo no exercício foi conseguir vender e receber 30 dias antes de pagar os
fornecedores, trabalhando com capital terceiros.
A situação de solvência da empresa é boa, com reduzidas possibilidades da empresa ir à falência
O desempenho da empresa no exercício foi bom, superando o resultado do exercício anterior, e com
tendência de crescimento para os próximos exercícios.
Assinatura do Analista.
Empresa Ensino à Distância Ltda.
Índice Ano Resultado Índice Ano Resultado Conclusão
LC 2005 1,27 LC 2006 1,57 Melhorou
LI 2005 0,26 LI 2006 0,17 Piorou
LS 2005 0,64 LS 2006 0,79 Melhorou
LG 2005 0,94 LG 2006 1,20 Melhorou
EG 2005 0,55 EG 2006 0,49 Melhorou
PCT 2005 1,20 PCT 2006 0,98 Melhorou
GCT 2005 0,83 GCT 2006 1,02 Melhorou
CE 2005 0,69 CE 2006 0,73 Piorou
IPL 2005 1,06 IPL 2006 0,80 Melhorou
IRP 2005 0,77 IRP 2006 0,64 Melhorou
GA 2005 0,45 GA 2006 0,51 Melhorou
PMRE 2005 297 dias PMRE 2006 286 dias Melhorou
PMRec 2005 101 dias PMRec 2006 112 dias Piorou
PMPag 2005 277 dias PMPag 2006 237 dias Melhorou
Prel 2005 - 121 dias Prel 2006 - 161 dias Piorou
RA 2005 6,2 % RA 2006 7,59 % Melhorou
RPL 2005 13,66 % RPL 2006 15,83 % Melhorou
ML 2005 13,63 % ML 2006 14,8 % Melhorou
MB 2005 37,03 % MB 2006 36,67 % Piorou
MO 2005 16,67 % MO 2006 18,73 % Melhorou
RCMV 2005 21,64 % RCMV 2006 23,37 % Melhorou
Du Pont 2005 6,2% Du Pont 2006 7,59% Melhorou
Kanitz 2005 2,08 Kanitz 2006 2,81 Melhorou
RELATÓRIO BREVE
Situação Financeira
A empresa apresenta capacidade de pagamento de suas contas de curto prazo e neste
exercício alcançou também capacidade de pagamento de longo prazo, apresentando uma
tendência de aumentar ainda mais sua margem de segurança com relação a sua liquidez.
Garantindo os recursos necessários para cumprir suas obrigações com terceiros.
A empresa deve cuidar com as dividas de curto prazo que representam 73% do total
das obrigações, se possível alongando o prazo para pagamento da dívida, gerando um maior
conforto no prazo para a obtenção de recursos.
A empresa que antes dependia mais do capital externo, sacrificou o ativo permanente
para reduzir as obrigações, passando a depender mais do capital próprio. Agora o capital
próprio financia todo o imobilizado da empresa e ainda há uma folga de 20% dos recursos
próprios para investimento no capital de giro da empresa.
A situação de solvência da empresa é boa, com reduzidas possibilidades da empresa
ir à falência.
Situação Econômica
A empresa melhorou o volume de vendas e aumentou sua rentabilidade. No
exercício observou-se uma significativa redução das despesas administrativas. E a margem
de líquida de lucro aumentou, bem como o retorno do investimento feito no ativo e pelos
sócios no patrimônio líquido.
A empresa deve negociar melhor seu prazo para pagamento dos fornecedores e
recebimento das vendas. Em virtude do descontrole, hoje a empresa após pagar os seus
fornecedores precisa esperar um prazo de 161 dias para receber o valor de suas vendas,
descapitalizando a empresa neste período de espera.
Com a análise das demonstrações contábeis estimamos que o prazo de retorno do
investimento dos sócios na empresa é de 6 anos e 3 meses. Resultado um pouco abaixo da
média dos concorrentes, mas que apresenta margem para uma boa recuperação, desde que a
empresa consiga reduzir suas despesas financeiras em virtude da demora na venda de seus
produtos, necessitando negociar melhor o prazo de pagamento de suas compras e
recebimento de suas vendas.
A empresa está em uma situação satisfatória e com capacidade para honrar seus
compromissos, a rentabilidade apesar de haver melhorado, obteve desempenho tímido e foi
afetado pela baixa rotatividade dos elementos em estoque. A tendência é de melhorar seu
desempenho nos próximos exercícios, desde que consiga equilibrar o prazo entre a venda e
recebimento de seus clientes e o de pagamento de seus fornecedores.
Assinatura do Analista
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 55
Faça o Seu Relatório de Análise baseado nos índices encontrados para a empresa
Agora é a Sua Vez Ltda.
RELATÓRIO
Análise das Demonstrações Contábeis II – Prof. Ciro Bächtold Página 56
CONCLUSÃO
Onde você estiver, receba nosso cumprimento e votos de uma vida feliz!