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CONTABILIDADE DE CUSTOS

Instituto Federal do Paraná


Professor: Ciro Bächtold

APOSTILA DE CONTABILIDADE DE CUSTOS

Autor: Ciro Bächtold


Colaboradora: Ester dos Santos Oliveira

CURITIBA
FEVEREIRO/2015

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Professor: Ciro Bächtold

Introdução ao estudo da Contabilidade de Custos


Quando ouvimos a expressão “custos” já torcemos o nariz e imaginamos que é
algo ruim. Isto é natural, crescemos em um ambiente em que custo é sinônimo de
“valor; que vamos ter que pagar para ter algo”, e sinceramente às vezes também é
sinônimo de frustação, pois pode representar algo que queremos e o valor
necessário para adquirir.

É comum ouvirmos as expressões: “Eu gostaria de fazer essa viagem,


mas custa caro”, ou “Não posso comprar porque o custo é muito alto, não cabe no
meu bolso”.

Então, “custo” é uma expressão do nosso uso cotidiano.

Charge Pelicano para a Rede Bom Dia


http://www.diariosp.com.br/diariosaopaulo/upload/blog_conteudo/1359058314charge_25-1.jpg

Assim como fazemos ginástica para que a nossa receita possa cobrir os
custos necessários à satisfação de nossas necessidades, seja através de
pesquisa de preços ou postergando a compra de alguns produtos, nas empresas o

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estudo sobre custos também tem fundamental importância, não apenas por levar
ao fornecedor que tem produtos ou serviços com melhor preço, mas também por
controlar toda a etapa de produção, levando a empresa a conhecer o “preço de
custo do produto fabricado” e assim calcular a margem de lucro de seus produtos.

Atenção: O estudo dos componentes dos custos é de vital importância para a


sobrevivência da empresa no mercado competitivo.

HISTÓRICO
A Contabilidade é uma ciência social que através da execução de serviços
técnicos: controla, organiza, estuda e avalia, permanentemente, o patrimônio de
uma entidade (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica).

Para atender a esta ampla missão, é necessário que existam campos


específicos de estudos chamados de especializações ou ramificações. É aqui que
entra a Contabilidade de Custos. Mas antes de definir contabilidade de custos
vamos a um breve histórico para que possamos entender os motivos que levaram
ao seu surgimento.

O professor Eliseu Martins, em seu livro Contabilidade de Custos, assim retrata


o início da contabilidade de custos: “Até a Revolução Industrial (século XVIII),
quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que desenvolvida na Era
Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais...”.
(MARTINS, 2009, p.19).

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http://www.not1.xpg.com.br/wp-content/uploads/2011/06/resumo-absolutismo-conceitos.gif

Vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=meSQG6bNvOM

Saiba mais sobre a Revolução Industrial

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Conjunto de transformações técnicas, econômicas e sociais que assinalaram a plena configuração


do sistema capitalista (ou modo de produção capitalista).

ETAPAS DO MODO DE PRODUÇÃO:


1ª - Artesanato: forma mais simples de produção industrial. O artesão fazia tudo sozinho.
2ª - Manufatura: caracteriza-se pela divisão de tarefas. Cada pessoa executa uma parte do
trabalho, sendo que todas as operações essenciais eram feitas à mão com ajuda de ferramentas
manuais.
3ª - Mecanização: forma mais complexa de produção industrial. Consiste na utilização das
máquinas em substituição às ferramentas e ao próprio trabalho do homem.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:


a) Expansão do comércio: acumulação de capital nas mãos da burguesia;
b) Crescimento do mercado consumidor: exigências de novos produtos;
c) Abolição das restrições impostas pelo mercantilismo e abandono das práticas absolutistas de
governo;
d) Novas descobertas.

1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1780 - 1850)


- Revolução do carvão e ferro;
- Desenvolvimento do capitalismo industrial/ liberal;
- Liberdade de comércio e produção;
- Livre concorrência e livre iniciativa.

2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1850 - 1914)

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- Revolução do aço e da eletricidade;


- Capitalismo monopolista;
- Grandes monopólios.

PIONEIRISMO INGLÊS:
Causas:
Acumulação de capital;
Mão-de-obra abundante e disponível;
Supremacia naval
Monarquia Parlamentar;
Liberalismo político e econômico;
Posição geográfica;
Inovações técnicas.
CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
Utilização constante da máquina;
Divisão do trabalho;
Aumento de produção;
Crescimento da urbanização e despovoamento dos campos;
Ruína dos artesãos;
Surgimento de novas classes: Burguesia industrial e proletariado;
Expansão do colonialismo;
Evolução dos meios de transporte e das comunicações;
Expansão do capitalismo por toda Europa e suas colônia.

http://blog.educacaoadventista.org.br/historiaprofsolange/

Algumas imagens sobre a revolução industrial


http://imagenshistoricas.blogspot.com.br/2012/04/revolucao-industrial.html

Exploração do trabalho infantil Linha de produção

Vídeo do Filme: Tempos Modernos - CHAPLIN


http://www.youtube.com/watch?v=Mof9lCrn0hE

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Com o advento das indústrias, tornou-se mais complexa a função do contador


que, para levantamento do balanço e apuração do resultado, não dispunha agora
tão facilmente dos dados para poder atribuir valor aos estoques; o seu valor de
“compras” na empresa comercial estava agora substituído por uma série de
valores pagos pelos fatores de produção utilizados. Foi necessária a adaptação e
formação dos critérios de avaliação de estoques no caso industrial.

O valor dos produtos em estoque na empresa comercial é encontrado pela


fórmula:

ESTOQUES FINAIS = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS – CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA

Assim, para encontrar o custo da mercadoria vendida basta adaptar a fórmula:

CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS – ESTOQUES FINAIS

Com a industrialização foi preciso repassar para o produto todo o custo


necessário para a fabricação, e esta tarefa não é tão simples.

Desta forma nasceu a contabilidade de custos, da necessidade de atribuir


valores aos produtos em estoque das indústrias. Levando em conta o valor das
compras, mais os custos do processo de fabricação.

Nada mais normal do que buscar uma adaptação do modelo já consagrado, e


foi isso que aconteceu. Os valores que na empresa comercial eram considerados
como despesas assim permaneceram, e o custo do produto passou a ser
composto pelos valores de compras mais os custos de produção.

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O desenvolvimento da contabilidade de custos foi prejudicado porque durante


muito tempo, estabelecer o valor do custo de produção foi a principal finalidade da
contabilidade de custos. Hoje diversas são as finalidades da contabilidade de
custos, tornando-a indispensável nas empresas.

DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE DE CUSTOS


A contabilidade de custos é também conhecida como contabilidade industrial, e
trata-se de uma especialização da contabilidade aplicada principalmente, mas não
somente, às empresas industriais.

Contabilidade de custos é o conjunto de procedimentos necessários para


identificar, mensurar e informar quanto custou para a empresa a fabricação dos
seus produtos.

Tem a função de gerar informações que serão utilizadas na tomada de


decisões.

Principais Objetivos
 Apuração dos custos dos produtos vendidos;
 Apuração do resultado do exercício;
 Valorização do estoque;
 Atender a legislação vigente e exigências fiscais;
 Elaboração de relatórios para o planejamento, controle e tomada de
decisão gerencial;
 Formação do preço de venda;
 Estabelecimento de parâmetros de produção;
 Controle operacional;
 Avaliação de desempenho;
 Análise de alternativas;
 Obtenção de dados para orçamentos.

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IMPORTÂNCIA
A contabilidade de custos, além de atender a necessidade gerencial da
empresa com informações que vão possibilitar a tomada de decisões, também é
necessária para o cumprimento da legislação em vigor e atender às exigências do
fisco (nome popular dado à fiscalização governamental).

Exigência Legal
Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas
Lei 10.303/2001 – Altera e acrescenta dispositivos na Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei n o 6.385,
de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e
cria a Comissão de Valores Mobiliários.
Lei 10.411/2002 - Altera e acresce dispositivos à Lei no 6.385, de 7 de dezembro
de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de
Valores Mobiliários.

Art. 183 – No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os


seguintes critérios:
I (...)
II - Os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos de
comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em
fabricação e bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de
aquisição ou produção; deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de
mercado, quando este for inferior.

Lei 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro


Art. 1.187 – Na coleta dos elementos para o inventário, serão observados
os critérios de avaliação a seguir determinados:
I (...)
II – os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação,
ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da
empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação,
ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e
quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor de custo de
aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente,
a diferença entre este e o preço de custo não será levado em conta para
a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes aos fundos
de reserva.

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Exigência Fiscal
Decreto 3000/99 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99):

Art. 292. Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa


jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques.
Art. 293. As mercadorias, as matérias-primas e os bens em almoxarifado
serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, §§
3º e 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, inciso II).
Art. 294. Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados pelo
custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º, e Lei nº 6.404, de
1976, art. 183, inciso II).
§ 1º O contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo
integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os
custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação
e acabados (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 1º).
§ 2º Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e
coordenado com o restante da escrituração aquele:
I – apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-
prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação);
II – que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos
estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração
e produtos acabados;
III – apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de
apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de registros coincidentes
com aqueles constantes da escrituração principal;
IV – que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento
do período de apropriação de resultados segundo os custos efetivamente
incorridos.
Art. 295. O valor dos bens existentes no encerramento do período de
apuração poderá ser o custo médio ou o dos bens adquiridos ou
produzidos mais recentemente, admitida, ainda, a avaliação com base no
preço de venda, subtraída a margem de lucro (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, art. 14, § 2º, e Lei nº 7.959, de 21 de dezembro de 1989, art. 2º, e
Lei nº 8.541, de 1992, art. 55).

CONCEITOS
A contabilidade de custos possui termos técnicos próprios, chamados de
terminologia ou nomenclatura. Certamente, você já ouviu falar em palavras como:
despesa; custo; gasto; investimento; desembolso, entre outros. Estes são termos
importantes que merecem nossa atenção. Portanto, é preciso estudar a definição
dos principais termos utilizados, para que possamos entender a disciplina que
vamos estudar.
Definições dos termos:

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Gasto ou Dispêndio – Sacrifício financeiro (desembolso) para obtenção de bens


ou serviços, independentemente de sua destinação dentro da empresa.

Desembolso – Pagamento antes, no momento ou depois da ocorrência dos


gastos.

Custo ou Custo industrial – Compreende a soma dos gastos com bens e


serviços aplicados ou consumidos na produção de outros bens ou serviços. De
acordo com Bórnia (2002, p. 39), o custo de fabricação diferencia-se do gasto,
pelo fato de se referir aos insumos efetivamente utilizados na produção.
“Custo é a expressão monetária do consumo, da utilização ou da
transformação de bens ou serviços no processo de produção de outros
bens ou serviços.que um evento seja caracterizado como custo há que
satisfazer a dois requisitos: a) ocorrência de consumo, utilização ou
transformação de um recurso econômico e b) objetivo de produzir bens
ou serviços. Observe-se que o que caracteriza um custo é a utilização de
recursos – bens ou serviços; e a utilização pode se dar por consumo
(energia), transformação (matéria-prima) ou uso, propriamente
(máquinas, via depreciação). Note-se que, se não ocorrer consumo, uso
ou transformação de recursos, não se trata de custo; todavia, isso só não
é suficiente: para ser considerado custo, é preciso que a utilização,
consumo ou transformação de recursos seja normal, recorrente,
previsível e estimável; se determinado consumo ou utilização ocorrer de
forma anormal, esporádica e imprevisível – em decorrência de um
incêndio, por exemplo, - a literatura contábil denomina-o e o classifica, de
maneira correta, como perda, pois ele não é necessário à produção.”
(MARTINS, ROCHA; 2010; p. 9-10)

Despesa – São os gastos ocorridos fora da produção nas atividades da empresa,


que direta ou indiretamente visam à obtenção de receitas, sem aumentar o ativo
da empresa. “É a expressão monetária do consumo ou da utilização de bens ou
serviços no processo de administração geral da organização e da transferência de
produtos, mercadorias e serviços aos clientes, no processo de geração de
receita”. (MARTINS e ROCHA, 2010, p.17).

Investimentos – São os gastos com a obtenção de bens com objetivo de retorno


futuro ou em função de sua utilização na empresa. Eles aumentam o ativo da
empresa.

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Decisão de Gasto Desembolso


Adquirir (Pagamento)

Bens Para Troca No processo Nas demais áreas


Uso/Consumo de Fabricação da empresa

Investimento Custo Despesa

Gasto sem não consumido Gasto utilizado/consumido


Aumenta o Ativo 1ºEstoque DRE
2ºDRE (CPV/CSP)

Bruni (2008, p.40-41), explica que os investimentos são gastos ativados em


função da sua vida útil ou benefícios futuros, que ficam temporariamente
congelados (na gaveta do ativo)* e, posteriormente e de forma gradual são
descongelados e incorporados aos custos e despesas (pela depreciação – ex:
máquinas, pelo consumo – ex: matéria-prima, ou venda – ex: veículo)*.
* Comentários meus, não do autor citado.

É importante ressaltar que quando compramos a matéria-prima, por exemplo,


neste primeiro momento estamos fazendo um investimento. Ela será computada
como custo, somente quando for utilizada no processo de fabricação.
É comum a dificuldade em separar investimentos, custos e despesas. Mas a
regra para a separação é fácil. Basta observar que o custo inicia somente com a
produção e termina quando o produto está pronto para a venda.

Lembre-se!
O Gasto não consumido é INVESTIMENTO;
O Gasto consumido na fabricação é CUSTO,
O Gasto consumido fora da produção ou fora da fábrica é DESPESA.

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Exceção à regra na separação entre custo e despesa


Outra observação importante a ser feita é que esta regra tem sua exceção. Há
a possibilidade que seja realizado serviço na fábrica que não será computado
como custo, por exemplo, a utilização das máquinas da fábrica para a produção
de bens que não serão vendidos, ou a utilização do pessoal da produção para
manutenção no prédio da administração. Nestes casos, mesmo que seja utilizada
a mão de obra de funcionários da produção, ou as máquinas da fábrica,
claramente a finalidade não é a de fabricação de bens para venda, então não são
custos e sim despesas.

Os Encargos Financeiros e sua classificação.


O registro de encargos financeiros como juros, correções e outros decorrente
de empréstimos e financiamentos, não são incluídos ao custo do produto, devendo
ser lançados como despesas do período (MARTINS, 2009).

A Difícil Separação, na prática, de Custos e Despesas


Há situações em que a separação entre custos e despesas necessita de análise
e técnicas a sua separação. Por exemplo, quando há uma única gestão, sem
distinguir o tempo dedicado à produção e às demais atividades da empresa, o
gasto do departamento de recursos humanos ou da contabilidade que atende a
toda a empresa. Há a necessidade de se criar uma forma de distribuir esse custo,
o que se chama de critério de rateio, que pode ser pelo número de pessoas na
empresa, por m2, pela proporcionalidade com os demais gastos, ou em
porcentagens fixadas pela diretoria. O rateio é muitas vezes, arbitrário, pela
dificuldade prática de uma separação mais adequada (MARTINS, 2009).
De acordo com Martins (2009, p.40) e Bruni (2008, p.46) é possível a utilização
de algumas regras para simplificar a distribuição:
 Valores irrelevantes não devem ser rateados, quando o gasto em relação
aos gastos totais forem considerados insignificantes, devem ser

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considerados como despesas (Princípio Contábil do Conservadorismo e


Materialidade);
 Valores relevantes que tem a maior parte considerada como despesa,
repetindo-se a cada período, consideram-se como despesa por seu
montante integral (Princípio Contábil do Conservadorismo e Materialidade);
 Valores com rateio altamente arbitrário devem ser considerados como
despesa do período.

Os Gastos com Projetos de Novos Produtos


Os gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos podem ter dois
tratamentos: ser considerados como despesa do período ou como investimento
para amortização como custo dos produtos numa expectativa de produção futura –
semelhante ao processo da depreciação (MARTINS, 2009, p.41; BRUNI, 2008,
p.47).
Considerar os gastos para desenvolvimento de novos produtos para apropriar
aos custos dos produtos tem o inconveniente de ter um controle adequado de
previsão e produção, e quando há variação da projeção executada é preciso
adequar à amortização.
Considerando a aleatoriedade e arbitrariedade, há uma tendência entre os
auditores independentes e em alguns países, como os EUA, deve-se tratar esses
gastos como despesas do período. E no Brasil, há esta tendência por ser aceito
para efeito do Imposto de Renda.
Para fins gerenciais, é possível um controle para decisões da gestão,
considerando a vida útil do projeto e a produção, mas seguindo as tendências
internacionais, recomenda-se a classificação como despesa do período em que
ocorrerem.

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Os Desperdícios/Perdas no Processo Produtivo


É importante diferenciar o tratamento dado para perda no processo de
fabricação.
Sempre que falamos em perda, sabemos que é algo que desapareceu ou foi
que extraviado. Mas em custos esta definição é ampliada.

Desperdício – São os custos ou despesas realizadas de forma não eficiente. São


as atividades que não geram valor e resultam em gasto de recursos (tempo,
dinheiro, etc).
De acordo com Fontoura (2013, p.13), a diferença entre a perda e o
desperdício, é que a perda anormal não deve ser adicionada ao custo dos
produtos ou serviços, enquanto o desperdício é normal dentro de um limite de
acordo com o produto/serviço a ser realizado e deve ser incorporado ao custo.

Perda – é o desperdício que ocorre durante o processo de fabricação e não fará


parte do produto. Pode ser classificada em Normal e Anormal.

Perda normal – É o desperdício já previsto no processo de fabricação e pode


ocorrer por diversos motivos, como: evaporação, reações químicas, quebras ou
sobras de material (restos), entre outros. Como as perdas normais já estão
previstas, acabam compondo o preço de custo do produto.

Perda anormal – É o desperdício que não estava previsto. E pode ocorrer por
motivos como incêndio e inundações, produtos com defeitos de fabricação, salário
dos funcionários da produção enquanto as máquinas estavam em manutenção,
obsolescência de produtos, roubos e outros.
As perdas anormais, por não estarem previstas, são consideradas despesas no
período em que ocorrerem, não fazendo parte do custo do produto.

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Resumindo
Perda normal = CUSTO
Perda anormal = DESPESA

Retrabalho – Para Fontoura (2013, p.13):

“O retrabalho pode ser entendido como o desperdício de operação que


se estiver em um padrão normal pode ser incorporado ao custo dos
produtos ou serviços. Um exemplo que pode ser citado é uma fábrica de
biscoitos que tem produtos com problemas de qualidade e que tem
condições de serem remoídos e devolvidos para o processo como farinha
de biscoitos, essa parte da produção tem um retrabalho, ou custo de
transformação incorrido duas vezes”.

É possível que você pergunte: Mas e a sobra de material que pode ser
vendida? Nas indústrias, é comum as sobras de materiais gerar receita. Podem
ser classificadas em subprodutos ou sucatas.

Co-produtos, Subprodutos ou Sucatas.

Co-Produtos – São os produtos fabricados de uma mesma matéria-prima


(MARTINS, 2009). Respondem pelo faturamento da empresa e faz parte da
produção principal.

Subproduto – É a sobra de material que após o processo de fabricação, pode ser


revendido, gerando receita para a empresa. Chama-se de subproduto porque não
se trata da produção principal, porém sua venda é rotineira como os próprios
produtos da empresa. A venda dos subprodutos está em segundo plano, até
mesmo pelo baixo valor. A receita gerada da venda do subproduto deve deduzir
os custos de fabricação por seu preço de venda de mercado.
Exemplo: CPV Estoque de Subproduto
5.000 1.200 1.200

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Sucatas – São as sobras de produção vendida de forma esporádica. Por não ter
valor certo de venda só aparecem na contabilidade após a sua venda, com o título
de Outras Receitas Operacionais.

Insumos – São bens adquiridos para consumo no processo de produção.

Para Refletir
“O gasto realizado para investir na amizade pode trazer custos e despesas. Aqui
não importa se é custo ou despesa, prejuízo maior é a perda de um amigo.”
Ciro Bächtold
“Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.”
Arthur Lewis

Agora chegou a hora de verificar na prática se aprendemos bem a definição dos


termos acima mencionados.
1- Exercício
Com relação às situações abaixo discriminadas, classifique se os gastos são:
custos (C), despesas (D), investimentos (I). No caso de Perda se ela foi normal
(Pn) ou anormal (Pa).
Fatos Gastos Perda
(C/D/I) (Pn/Pa)
Salário dos funcionários da produção durante período de D Pa
greve.
Compra a prazo de matéria-prima. I* Não há
Utilização de matéria-prima na produção. C Pn
Produtos danificados por inundação na fábrica D Pa
Pagamento de salário dos funcionários da administração. D Não há
Compra de material de embalagem à vista. I* Não há
Sobra prevista de material na produção, não podendo ser C Pn
reutilizado.

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Compra de um computador para a fábrica à vista. I* Não há


Depreciação das máquinas da fábrica. C Não há
Sobra prevista de material no corte. Não podendo ser C Pn
reutilizado.
Evaporação anormal de produto durante o processo de C Pn
fabricação.
Provisão de salário dos funcionários da fábrica. C Não há
Pagamento de material de expediente para entrega futura D Não há
no departamento de vendas.
Pagamento de óleo para aplicação na máquina da C Pn
fábrica.

* Os profs. Eliseu Martins, Antonio Cezar Bórnia, Fernando Batista Bandeira da


Fontoura, Adriano Leal Bruni e Osni Moura Ribeiro consideram a compra de
materiais para a produção como investimento, considerando como custo somente
quando for utilizado na produção.

COMPOSIÇÃO DO CUSTO INDUSTRIAL

O custo industrial é composto por três elementos, para qualquer fabricação, seja
um anzol ou a fabricação de um moderno veículo. São eles:

Materiais M.O G. G. F
 Materiais
 Mão de obra (M.O)
 Gastos gerais de fabricação (G. G. F) Custo Industrial

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MATERIAIS
Chamamos de materiais os bens que possuem corpo (matéria).

Os materiais utilizados na indústria podem ser classificados em:


1 - Matérias-primas: Principais materiais utilizados no processo de fabricação.
São essenciais na fabricação, pois o produto é composto principalmente pela
matéria-prima.
Exemplos: madeira, aço, tecido, plástico, trigo, leite, enfim varia de acordo com o
produto fabricado.

2 – Materiais secundários: Materiais que são aplicados ao produto de forma


complementar ou para dar um acabamento. São utilizados em quantidade menor
no produto.
Exemplos: cola, verniz, prego, parafuso, lixa, fermento, zíper, botão, entre outros.

3 – Materiais de embalagem: Assim denominados por embalar os produtos após


a fabricação. Se a embalagem ocorrer ainda na produção é um CUSTO. Se a
embalagem ocorrer após a etapa da produção considera-se como DESPESA.

Na prática, costuma-se incluir como custo de embalagem quando ela é


necessária para acondicionar o produto ou realizada ainda no processo de
fabricação visando o transporte do produto aos clientes. E despesa quando a
embalagem for realizada posteriormente por motivos diversos.

MÃO DE OBRA (M.O.)


É o nome técnico dado para os serviços prestados pelos funcionários na
fabricação e envolve gastos com salários, encargos sociais (INSS, FGTS),
refeições, vale-transporte. Enfim, todos os gastos que envolvem os funcionários
da área de produção, ou todos os gastos com o seu pagamento é custo de mão
de obra.

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GASTOS GERAIS DE FABRICAÇÃO (G. G. F)


São os demais gastos que ocorrem durante a produção. Podem ser os mais
variados como: aluguéis, água, energia elétrica, seguros, materiais de limpeza,
materiais de expediente. Enfim, todos os custos que mesmo não sendo
incorporados ao produto, ocorrem na FÁBRICA.

Uma forma mais simples de classificar é a seguinte: Se for custo e não


pudermos enquadrar nem como material e nem como mão de obra,
consequentemente, será gasto geral de fabricação.

CLASSIFICAÇÃO DO CUSTO

Com relação aos produtos ou facilidade de alocação, os custos classificam-se


em:
Custos diretos – São os custos (materiais, mão de obra e gastos gerais de
fabricação) que permitem a perfeita identificação de quantidade e valor aplicados
no produto. Ou seja, sabemos perfeitamente quanto foi aplicado no produto. Há
uma relação direta com a produção.
Exemplos: 20 horas de mão de obra para a fabricação de 100 unidades.
200 m3 de madeira para a produção de 100 peças.

Custos indiretos – São os custos (materiais, mão de obra e gastos gerais de


fabricação) que não podem ser precisamente identificados com o produto. Ou
seja, não sabemos ao certo quanto deve ser atribuído a cada produto.

Há casos em que mesmo integrando o produto, o material pode ser


considerado como custo indireto, como é o caso de materiais secundários de
pequeno valor (utiliza-se o princípio contábil da materialidade ou relevância).

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Na contabilidade de custos são os custos indiretos que mais dão trabalho. Pois
distribuir os custos indiretos para os produtos passa ser uma missão que
requer critérios técnicos. Essa distribuição recebe o nome técnico de rateio, e o
critério adotado chama-se critério de rateio ou base de rateio. Assim os recursos
são alocados ao produto.

Alocação – Direcionamento de itens de receita ou de custos para o centro de


resultados a que pertencem, para obter uma análise do resultado mais adequada.
Exemplos: - O salário do supervisor da fábrica que produz mais de um produto.
- O aluguel da empresa que fabrica mais de um produto.

Repare que nos dois exemplos acima temos um custo (salário e aluguel) e não
sabemos ao certo como atribuir este custo aos produtos (por isso é custo indireto).
Será necessário criar um critério para fazer a alocação deste custo indireto para
os produtos.
Não há uma regra fixa para o rateio; portanto, caberá, na prática, ao
responsável pela gerência de custos, executar o método que achar mais
adequado à realidade da empresa. Contudo, deverá haver controle e justificativa
para esta apropriação. Quanto mais justos forem os critérios adotados, maior será
a precisão do preço de custo do produto da empresa.

Esta é uma ferramenta gerencial importantíssima, principalmente nos


tempos modernos, onde a competitividade é elevada e a margem de lucro
reduzida.

Erro na composição do preço de custo pode levar a venda de produtos com


prejuízo, ou fazer com que a empresa deixe de ser competitiva, estabelecendo-se
preço muito alto para os produtos.

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Prod. A

?
Custo Custo
Direto Indireto
?
Prod. B

Conforme mencionado anteriormente, deve-se avaliar a relevância e de acordo


com a situação, identificar a melhor maneira de distribuir o Custo Indireto, usando
o critério de rateio mais justo e adequado.

Esquema de contabilização dos custos

Gastos

Investimentos Despesas
Custos

Diretos Indiretos

Departamentos Rateio

Produtos Produtos

Estoque

Venda Custo dos Despesas Resultado do


Produtos ( - ) Produtos ( - ) = Exercício
Vendidos

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DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Muitas vezes não há como estabelecer uma relação dos custos indiretos com
os produtos, porém é possível estabelecer bases de rateio para os departamentos.
Na maioria das vezes um departamento é um Centro de Custos, ou seja, nele
são acumulados os custos indiretos para depois alocar aos produtos. Em outras
situações podem existir diversos centros de custos dentre de um mesmo
departamento (MARTINS, 2009, p.66).

Centro de Custos – “É a unidade mínima utilizada para acumulação dos custos


indiretos de fabricação. Um departamento poderá ter mais de um centro de
custos” (RIBEIRO, 2001, p.182).

Custo departamental – É o custo do departamento. Consiste em se atribuir os


custos indiretos aos departamentos, para que posteriormente estes custos
indiretos sejam alocados aos produtos.

Departamento – É a mínima unidade administrativa e pode ser dividido em:


 Departamentos produtivos – São aqueles que têm uma relação direta
com a produção. Ou seja, os produtos passam por esses departamentos
e neles sofrem alguma modificação.
Exemplos: corte, costura, pintura, montagem, acabamento, produção,
entre outros.
 Departamentos auxiliares – Também conhecidos como departamentos
de serviços. Normalmente os produtos não passam por estes
departamentos, porém estes prestam serviços necessários à fábrica.
Exemplos: almoxarifado, segurança, manutenção, refeitório, entre outros.

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Exemplo de Rateio
A empresa Ensino a Distância Ltda, no mês passado, apresentou os
seguintes custos indiretos:
a) Conta de água e esgoto: R$ 200,00; Critério de rateio: nº funcionários;
b) Conta de energia elétrica: R$ 1.000,00; Critério de rateio: % estimada de
consumo;
c) Aluguel do mês: R$ 5.000,00; Critério de rateio: m2
A empresa apresenta as seguintes características:
Departamento Funcionários Estimativa de Consumo de Tamanho em m2
energia
Administração 8 5% 30
Refeitório 4 5% 70
Almoxarifado 3 10 % 100
Corte 10 40 % 80
Montagem 5 15 % 120
Acabamento 10 25 % 100
Total Fábrica 40 100 % 500
Vamos fazer o Rateio do Custo Indireto de acordo com os critérios escolhidos:
Departamento Água por Energia por Aluguel por TOTAL
Func. Estimativa. m2.
Administração
Refeitório
Almoxarifado
Corte
Montagem
Acabamento
Total R$ 200,00 R$ 1.000,00 R$ 5.000,00 R$ 6.200,00

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MÉTODOS DE RATEIO
Após o rateio do custo indireto aos departamentos através dos critérios de
rateio escolhido, passamos para uma outra etapa. Agora os departamentos
auxiliares deverão distribuir os custos recebidos até que restem apenas os
departamentos produtivos. Vários são os critérios que podem ser utilizados. O
professor Osni Moura Ribeiro, no livro Contabilidade de Custos Fácil (2001, p.183)
cita os seguintes métodos: direto, algébrico ou da reciprocidade e da
hierarquização ou dos degraus.

Método direto – Neste método, os custos dos departamentos auxiliares são


rateados diretamente para os departamentos produtivos beneficiados pelos
serviços. Assim, os departamentos auxiliares não recebem distribuição de custos
de outros departamentos.

Corte

Almoxarifado Montagem Manutenção

Acabamento

Método algébrico ou da reciprocidade – Os departamentos auxiliares e


produtivos fazem os repasses de custos de acordo com os departamentos que
são beneficiados por seus serviços. Não é recomendado o seu uso por sua
complexidade. Um departamento pode estar recebendo de outra parte do custo
que havia sido repassado anteriormente pelo mesmo departamento.

Corte

Almoxarifado Acabamento

Manutenção Montagem

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Método da hierarquização ou dos degraus – É o método mais utilizado.


Necessita-se estabelecer uma ordem de prioridade entre os departamentos
auxiliares. Estabelecendo-se a ordem dos departamentos que farão a distribuição
dos custos, um após o outro distribui os custos recebidos para os demais
departamentos, de acordo com o critério estabelecido. Desta forma, o
departamento que já rateou os seus custos não recebe mais a distribuição de
custos dos demais departamentos. Este método só termina quando restarem
apenas os departamentos produtivos.

Almoxarifado Corte

Montagem
Manutenção
Acabamento

Rateio de Custo para os Produtos


Agora que só restaram custos nos departamentos produtivos é só ratear os
custos proporcionalmente a utilização que cada produto faz do departamento. Por
exemplo:
Corte Montagem Acabamento CORTE MESA
Mesa 30 % 40 % 30%
Cadeira 60 % 20 % 20 % MONTAGEM

ACABAMENTO
CADEIRA

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Classificação com relação ao volume da produção


ou comportamento dos custos

Com relação ao volume de produção ou comportamento, os custos classificam-se


em:
Custos fixos - São aqueles que não variam, independentemente da quantidade
produzida. Se a empresa produzir 100 ou 1.000 produtos no período, o custo
permanecerá o mesmo. É verdade que em épocas de alta inflação, há constante
mudança nos preços, mas aqui cabe ressaltar que a avaliação de custos fixos é
feita tomando como base a quantidade produzida.
Exemplos: aluguel, seguro da fábrica, salário do gerente de produção.

Custos variáveis – São aqueles que variam de acordo com a quantidade


produzida. Aumentando a produção, irá aumentar o custo proporcionalmente.
Exemplos: matéria-prima, material de embalagem, material secundário.

Custos semifixos - São aqueles fixos que possuem uma parte variável.
Permanecem inalterados em função do volume de produção, alterando a partir de
determinada faixa de consumo.
Exemplos: conta de energia elétrica, água, telefone (há uma parte fixa,
independente de consumo).

Custos semivariáveis – São aqueles variáveis que possuem uma parte fixa.
Variam em relação às variações do volume de produção, mas a variação não é
feita de forma proporcional.
Exemplos: almoço de funcionários da produção (até determinado peso é variável;
após, fixo); remuneração por produtividade até o limite tal; após, acréscimo por
faixa de produção; gráfico dos custos de acordo com o volume de produção.

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C
u
s Variável
t
o
Semifixo
T
o
Semivariável
t
a
l
Fixo

Volume de produção

Gerencialmente é uma das classificações mais importantes. Permite a tomada de


decisões, através de cálculos do ponto de equilíbrio e margem de segurança.

Classificação do custo com relação à estrutura

Os custos podem ser classificados de acordo com a sua estrutura em:


Custos primários – É a soma de gastos com as matérias-primas e a mão de obra
direta. Diferem de custos diretos por não englobar custos, como embalagens e
materiais secundários. Assim o custo de embalagem é direto, não primário.

Custos de transformação – É o esforço realizado pela empresa para a


elaboração de seus produtos em um período. Aqui são retirados dos custos os
valores dos materiais, quer seja diretos ou indiretos.

Custos de fabricação do período – É a soma dos custos de produção (materiais,


mão de obra e gastos gerais de fabricação), exceto o valor do estoque inicial dos
produtos em elaboração.

Custo de produção – É a soma do custo de fabricação do período mais o


estoque inicial de produtos em elaboração.

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Custo dos produtos vendidos – É o valor de custo dos produtos que foram
vendidos e já não fazem mais parte dos bens da empresa, pois já saíram do
estoque. É o valor que vai ser lançado contabilmente, e sua apuração é
importantíssima para cumprir as exigências fiscais e legais.
Pode ser encontrado pela fórmula:

CPV = (estoque inicial + custo de produção – estoque final) de produtos acabados.

Obs.: Eventualmente, se a empresa efetuar a venda de materiais ou produtos em


elaboração, o custo dos materiais e produtos em elaboração vendidos também
farão parte do CPV.

Bruni (2008, p.61) apresenta a seguinte ilustração:

Materiais Diretos MOD CIF – Todos os Despesas


custos indiretos

Custo primário ou direto Custo de transformação

Custo total, contábil ou fabril


Gastos totais ou custo integal

APURAÇÃO DO CPV APURAÇÃO DOS CUSTOS PRIMÁRIOS


1 Estoque Inicial de Materiais Diretos (EIMD) 1 Estoque Inicial de Matérias-primas (EIMP)
2 (+) Compras de Materiais Diretos 2 (+) Compras de Matérias-Primas
3 (-) Estoque Final de Materiais Diretos (EFMD) 3 (=) Custo das Matérias-Primas Disponíveis (CMPD)
4 (=) Materiais Diretos Consumidos (MDC) 4 (-) Estoque Final de Matérias-primas (EFMP)
5 (+) Mão-de-obra Direta (MOD) 5 (=) Custo das Matérias-Primas Consumidas (CMPC)
6 (+) Custos Indiretos de fabricação (CIF) 6 (+) Mão-de-Obra Direta (MOD)
7 (=) Custo de Fabricação do Período (CFP) 7 (=) Custo Primário (CP)
8 (+) Estoque inicial de produtos em elaboração (EIPE) * Adaptado do Livro Contabilidade de Custos Fácil
9 (-) Estoque final de produtos em elaboração (EFPE) do Prof. Osni Moura Ribeiro, 2001, pág. 37.
10 (=) Custo produção acabada (CPA)
11 (+) Estoque inicial de produtos acabados (EIPA)
12 (-) Estoque final de produtos acabados (EFPA)
13 (=) Custo dos Produtos Vendidos (CPV)

Adaptado de Ribeiro (2001, p.37)

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Ex: Em Quantidades
0 100 400
Estoque inicial Produção do Período

Custo do Produto Vendido Custo em Estoque

Venda do Período Estoque Final


0 150 250

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DO CUSTO

Quanto à Controlabilidade

Custos controláveis – São aqueles que podem ser previstos, realizados e


organizados por uma pessoa que será responsabilizada por diferenças ocorridas.
Ou seja, o custo é controlado por alguém na escala hierárquica.

Custos não controláveis – São aqueles em que o responsável pelo


departamento não tem poder de controle, como o salário do seu superior
hierárquico.

Com Relação a Decisões Futuras

Custos incrementais – São os custos adicionais que a empresa vai ter, por haver
tomado uma decisão. É um fator importante a ser considerado no planejamento,
antes da implantação da mudança.

Custos de oportunidade – Estes custos embora não apareçam na contabilidade,


são importantes. São as vantagens perdidas pela empresa por não utilizar
alternativas. Ou seja, é o que deixamos de ganhar por não haver optado por outra
linha de ação. O seu estudo é importante para o planejamento.

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Custos evitáveis – São os custos que podem ser eliminados, caso a empresa
deixe de realizar ou altere alguma operação (atividade).

Custos inevitáveis – Independentemente das decisões da empresa, estes custos


irão permanecer.

Custos irreversíveis – Alguns conhecem como custos empatados, afundados ou


perdidos. São aqueles que já ocorreram, portanto não é possível mais controle
sobre eles, somente são considerados para análise e decisão gerencial.

Custos relevantes – Diz respeito à importância financeira para a empresa. São


aqueles que influenciam muito o custo do produto, e devem ser analisados com
mais cuidado.

Custos irrelevantes – São aqueles que pouco influenciam no custo do produto,


portanto com importância reduzida.

Com Relação à Base Monetária

Custos históricos – São os custos originais, ou da época em que ocorreram. São


aqueles que aparecem na nota fiscal de compra.

Custos históricos corrigidos – São aqueles traduzidos monetariamente para o


valor atual.

Custos correntes – É o custo que haveria para repor os produtos que estão na
empresa, por isso também são conhecidos como custo de reposição.

Custos orçados – Destinam-se a resolver problemas de controle e planejamento.


Faz-se o orçamento para a verificação da viabilidade econômica do projeto.

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Custos estimados – São os custos baseados em suposições. São calculados


com base no preço estimado de mercado. Ocorre geralmente quando a fabricação
não é padronizada, e sim sob encomenda. Por exemplo, quando o veículo vai
para oficina, a primeira preocupação é com o custo do reparo, e o latoeiro ou o
mecânico passarão o custo estimado do reparo.

Custo padrão – É o custo predeterminado através de estudos, técnicas e


métodos aceitos pela legislação e práticas contábeis vigentes, formando como
modelo ideal a ser alcançado. É estabelecido um padrão que será perseguido pela
empresa. A principal diferença do custo padrão para o estimado é que no padrão,
o cálculo é feito com base em informações padronizadas.
O custo-padrão tem grande importância para a contabilidade de custos,
principalmente para fins gerenciais e aceito para fins legais, desde que usado no
princípio do custeio por absorção.
Quando se fala em padrão, imaginamos algo dentro da normalidade. De
padrão surgiu a palavra padronização, ou procedimentos normais. E custo padrão
o que significa São os custos obtidos dentro da normalidade. Assim, os custos
são predeterminados antes mesmo do inicio de fabricação. Os principais tipos são:

a) Custo-Padrão Corrente ou Standard  É o custo que leva em consideração o


histórico de custo de períodos anteriores. Aqui a empresa trabalha levando em
consideração inclusive as perdas normais que ocorrem no processo, tanto de
material como de tempo dos funcionários.

b) Custo-Padrão Ideal  É o custo que a empresa deseja alcançar, aquele que a


empresa alcançaria em perfeitas condições. É útil para ser usado como parâmetro
de longo prazo. Aqui os desperdícios são reduzidos ou eliminados para se chegar
na condição ideal. Há quem diga que o Custo-Padrão Ideal está em desuso,
beirando à extinção por ser utópico, além de desmotivar os funcionários, já que
não vão conseguir atingir o padrão estabelecido.

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É importante para a gestão de custos permitindo a comparação com os custos


reais, verificando as melhorias ou falhas que ocorrem no processo produtivo. No
caso de falhas, ajuda a identificar os motivos que levaram a empresa à não atingir
o padrão esperado.
Para que cumpra o seu principal papel que é subsidiar a gerência com
informações a respeito do comportamento dos custos, quanto maior for o
detalhamento em cada etapa do processo, atribuindo os padrões em quantidade e
valores, maior será a facilidade da empresa em verificar os pontos falhos.
Quando o Custo-Padrão é superado, o Custo Real (custo que ocorreu no
período) passará a ser o Custo-Padrão para os próximos exercícios.
Alguns autores não classificam o Custo-Padrão como sendo um método.
Mesmo porque não é estabelecido um processo de como fazer, apenas compara
os resultados com o pré-determinado. Assim, o Custo-Padrão é mais um
instrumento de controle do que um instrumento operacional.
O Custo-Padrão não pode ser classificado nem como princípio, nem como
método por não apresentar orientações específicas de procedimento. Ele é um
referencial, criado para comparado e pode ser utilizado em qualquer sistema,
princípio e método.

Exemplo:

Lista de Custos Custo Real Custo Padrão Situação O que fazer


Materiais R$ 80.000,00 R$ 70.000,00 Piorou Verificar
Depart. Corte R$ 15.000,00 R$ 14.000,00 Melhorou Usar como Padrão
Depart. Montagem R$ 21.500,00 R$ 20.000,00 Melhorou Usar como Padrão
Depart. Acabamento R$ 10.000,00 R$ 8.000,00 Piorou Verificar
Aluguel R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 Padrão
Energia Elétrica R$ 2.000,00 R$ 2.010,00 Piorou Alteração Irrelevante

Custos imputados ou implícitos – É o custo que, apesar de não existir pela


situação privilegiada da empresa, pode ser acrescentado (imputado) para fins
gerenciais. Não é permitida sua contabilização, simplesmente porque ele não
existe, é fictício. Ou seja, não há pagamento para terceiros, equivale a dizer que
não houve custo.

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Um exemplo de fácil compreensão é o caso da empresa que tem sede própria. A


empresa poderia alugar o seu espaço físico e com isso obter uma receita de
aluguel. Porém a opção é por utilizar o espaço físico para a fabricação. Assim,
acrescenta-se o valor do aluguel aos custos para fins gerenciais, não contábeis. A
legislação não permite a utilização dos custos imputados para fins fiscais.

Diferença entre Sistema, Princípio e Método de Custo.

Quando se fala em sistema, princípio e método de custos, é natural a


dificuldade de identificação entre eles para quem não está acostumado com eles.
Entre os consagrados autores de livros sobre o assunto, não há consenso. Para
tentar esclarecer esta dúvida frequente vou recorrer aos ensinamentos do
professor Antonio Cezar Bórnia que no livro Análise Gerencial de Custos (2002),
que os distingue assim:
Sistema = Princípio + Método.
Sistema
Sistema

Princípio Princípio Custo

Método
Indireto Direto
Método

Produto Informações

Vamos definir a cada uma dessas expressões para facilitar a compreensão.

Sistema  É o complexo formado por um conjunto de partes e componentes,


que foram estruturados para atingir um objetivo. Quando se diz que vai ser
implantado um sistema de custos em uma empresa, quer dizer que vai ser criado
um conjunto utilizando-se de princípio e método para atingir um objetivo. Por
exemplo: sistema de acumulação de custos por ordem ou encomenda, sistema de
acumulação de custos por processo ou produção contínua.

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Princípio  É a regra que deve ser seguida. O princípio diz respeito a como
vamos proceder para dar às informações que são necessárias ao sistema. É a
forma como vamos identificar os custos. São dois os principais princípios
utilizados em contabilidade de custos: O Princípio do Custeio por Absorção e o
Custeio Direto ou Variável.

Método  Diz respeito aos procedimentos a serem adotados para apropriação


dos custos. É o caminho usado para se atingir os resultados. É como será
distribuído o custo para os produtos, principalmente, a apropriação dos custos
indiretos. Os mais conhecidos são: Centro de Custos ou RKW (reichskuratorium
für wirtschaftlichkeit), Custeio baseado em Atividades (ABC) e Unidade de esforço
de produção (UEP).

De um modo mais geral, o sistema de custo vai primeiramente, decidir o que


deve ser levado em consideração (qual informação é importante), para em
seguida, analisar como a informação será obtida - de que forma será feita a
operacionalização do sistema (BÓRNIA, 2002).

Então, primeiramente preciso saber como será executada a produção em minha


indústria, para avaliar como devo organizar meu sistema de custos visando
fornecer as informações necessárias para atender a necessidade da empresa.
Depois através do princípio vou estabelecer as regras para a obtenção das
informações, inclusive classificando as informações e separando quais farão parte
do custo atendendo ao sistema. Alguns cálculos deverão ser feitos para
apropriação dos custos indiretos, mas para isso, devo criar o Método que será
utilizado para essa distribuição.

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Sistemas de Acumulação de Custos

Sistema de Acumulação de Custos é a forma como os custos são acumulados


e apropriados aos produtos. Basicamente existem dois sistemas:

1. Produção por ordem ou encomenda – Ocorre quando a empresa produz a


partir de encomendas específicas de cada cliente. Os produtos são
personalizados de acordo com determinações especiais, sendo
diferenciados dos demais produtos. Neste tipo de produção, os custos são
acumulados de acordo com cada ordem de produção, e só deixam de
receber custos quando a produção relativa a esta ordem estiver totalmente
concluída. Se no encerramento do exercício o produto ainda não estiver
concluído, os custos acumulados serão registrados em produtos em
elaboração até sua conclusão definitiva, quando passará a compor o saldo
de produtos acabados.

São exemplos: indústria naval, de aviões, construtoras, entre outras.

Cliente Encomenda Custos por Ordem Produção

Contabilizando os Custos por Ordem de Produção


Por tratar-se de produção personalizada, os custos são identificados
separadamente. Exemplo:

a) Ordem de Produção: Encomenda de serviço dos clientes: alunos e


professores. Vamos abrir um controle separado para cada cliente
Ex: Alunos Prod.Elab.(OP1) Professores Prod.Elab. (OP2)

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Para simplificar os registros, cada um é identificado com um número de ordem


de produção, assim os Alunos seriam identificados como ordem de produção 1 e
os professores como ordem de produção 2.

Materiais - Agora todas as requisições de materiais são identificadas por ordem


de produção. Exemplo:

Data Solicitação Ordem de Tipo Quantidade Unidade Valor


Produção
15/10/2006 Requisição 001 Lista de 200, 100, Kg, unid. R$ 2.000,00
10.505 Materiais 50, 20, etc litros, etc.
18/10/2006 Requisição 002 Lista de 20, 40, 30, metros, R$ 10.000,00
10.506 Materiais 18, etc caixas, etc
20/10/2006 Requisição 001 Lista de 30, 80, 10, Dúzia, gotas, R$ 15.000,00
10.507 Materiais 45, 90, etc latas, etc.

b) Mão-de-Obra – Também é separada de acordo com o tempo trabalhado em


cada ordem de produção.

Data Ordem de Produção Quantidade Horas Custo MOD


16/10/2006 001 120 horas R$ 1.500,00
19/10/2006 002 160 horas R$ 2.100,00
21/10/2006 001 180 horas R$ 2.400,00

c) Gastos Gerais de Fabricação – Se possível, será identificado com a ordem de


produção. Na maioria das vezes os G.G.F. são custos indiretos e não é possível
relacionar com a produção. Então será necessário estabelecer critérios de rateio
para apropriação às ordens de produção.

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Est. Mat. Prima Estoque de Produto em Elaboração


Fornecedores
D C- OP1 D- OP1 C- OP1
Baixa pelo C- OP2 D- OP2 C- OP2
pgto D C
Est. Mat. Secund.

D C- OP1
IPI a Recuperar C- OP2
Est. Mat. Embalagem
D C- OP1
D C-OP2
ICMS a Recuperar Estoque de Prod. Acabados
D Mão de Obra
D C-OP1 D-OP1 C-OP1
C-OP2 D-OP2 C-OP2
Custo Folha a PG
C Gastos Ger. de Fabr. Custo dos Produtos Vendidos

Custos Gerais Fabr.a PG D C-OP1 D-OP1 C-OP1


C C-OP2 D-OP2 C-OP2

2. Produção contínua ou em série – É também conhecida como produção por


processo ou produção em massa. Ocorre quando a empresa produz produtos
iguais, produzidos de maneira contínua. A produção neste sistema normalmente
passa pelo estoque, não sendo realizada sob a encomenda de clientes. Podemos
dizer que uma indústria é de produção contínua quando os seus produtos são
padronizados. Neste caso, os custos são acumulados de acordo com a produção,
e o encerramento ocorre somente no fim do período. A apuração do custo não é
feita por unidade, mas pela média dividindo-se o custo total pela quantidade
produzida.
São exemplos: indústria alimentícia, têxtil, automobilística, entre outras.

Custos Produção Estoques Clientes


Contínuos Contínua

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Contabilizando os Custos da Produção Contínua ou em Série


É feito normalmente, sem a separação que é feita por ordem de produção.
Est. Mat. Prima Estoque de Produto em Elaboração
Fornecedores
D C D C
Baixa pelo
pgto D C
Est. Mat. Secund.

D C
IPI a Recuperar
Est. Mat. Embalagem
D
D C
ICMS a Recuperar Estoque de Prod. Acabados
D Mão de Obra
D C D C

Custo Folha a PG
C Gastos Ger. de Fabr. Custo dos Produtos Vendidos

Custos Gerais Fabr.a PG D C D C


C

Há casos em que uma mesma empresa trabalha com os dois sistemas de


acumulação de custos, trabalhando com produtos personalizados e produtos
padronizados.
Princípios de Custeio

É a filosofia utilizada pela empresa para apropriação dos custos. Basicamente


dois métodos se destacam: custeio por absorção e custeio variável.

Custeio por Absorção – Martins e Rocha (2010, p.61) registram a


possibilidade de variações do custeio por absorção, podendo ser: parcial, parcial
modificado ou integral (pleno). É o método utilizado pela legislação fiscal para fins
tributários no Brasil, é também compatível com os princípios da contabilidade.
Assim, este método é válido para a elaboração das demonstrações contábeis e
para o pagamento do imposto de renda. Por isso, necessariamente, as indústrias
no país são obrigadas a utilização desta filosofia em sua contabilidade.

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O primeiro registro de utilização ocorreu na forma na Alemanha no início do


século 20, conhecido pelas siglas RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit),
e adotou o princípio de que devem ser considerados como custos de produção
todos os custos e despesas, quer sejam diretos ou variáveis, quer sejam indiretos
ou fixos, por isso ficou também conhecido como custeio integral, custeio pleno ou
método dos centros de custos.
De acordo com Fontoura (2013) os métodos ABC – Activity based Costing ou
custeio baseado em atividades e UEP – Unidade de Esforço de Produção, são
aperfeiçoamentos ou variações derivadas do princípio do Custeio por Absorção.

Custeio por Absorção Parcial – Não distribui aos produtos os gastos gerais da
administração da empresa sob os seguintes fundamentos:
a) Os gastos da administração geral não fazem parte do processo produtivo,
existem para dar suporte à gestão da empresa;
b) As atividades da administração por estarem distantes do processo
produtivo exigem uso de critério de rateio arbitrários, subjetivos e
ambíguas, que comprometem a objetividade da distribuição dos custos
indiretos;
c) Por sua subjetividade de distribuição os gastos da administração pode não
trazer informações úteis para composição do custo dos produtos;
d) O rateio de gastos fixos de administração não é compatível com os
princípios contábeis para valorização de estoques para fins societários e
tributários;
e) A distribuição dos gastos fixos da administração prejudicaria sua
controlabilidade;
f) Os gastos de administrar e vender são distintos do esforço de produção, não
devendo contaminar essas informações de custo de produção.
(Adaptado de MARTINS, ROCHA; 2010, p. 102-103).

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De acordo com Martins e Rocha (2010, p.109), “há registro de uso do Custeio
por Absorção Parcial desde a Revolução Industrial, no século XVIII, passando pela
França no século XIX e, mais fortemente nos EUA, no século XX”. Os autores
ainda informam que houve maior aplicação após a crise de 1929 nos EUA, quando
houve maior exigência nos procedimentos para elaboração das demonstrações
contábeis para usuários externos, visando valorização dos estoques e custo dos
produtos vendidos para a DRE.

Custeio por Absorção Parcial Modificado – Segue o princípio do Custeio por


Absorção Parcial retirando do rateio os custos fixos estruturais, ou seja, distribui
os custos variáveis e fixos operacionais. Para Martins e Rocha (2010, p.122) este
método situa-se entre os extremos dos métodos de Custeio Variável e Custeio por
Absorção Parcial, e vem preencher a seguinte lacuna: Não fica restrito apenas aos
custos variáveis, mas ao mesmo tempo não faz rateios totalmente arbitrários dos
custos fixos estruturais, o que os autores classificam: “cuja rastreabilidade aos
produtos é impraticável e conceitualmente incorreta. Dessa forma, considerando-
se que o conceito de rateio de custos carrega o estigma de arbitrariedade, o
método é isento desse problema” (MARTINS, ROCHA, 2010, p.122).
O uso deste método apresenta os seguintes fundamentos:
a) Os custos fixos estruturais existem para dar suporte à toda a produção, não
considerando os custos dos produtos individualmente;
b) Geralmente uma estrutura de produção compartilha mais de um produto, ou
seja, os custos fixos estruturais podem ser comuns a vários produtos, sendo
indiretos e não rastreáveis, o que torna a sua alocação arbitrária. (MARTINS,
ROCHA, 2010, p.119).

Custeio por Absorção Integral – É também conhecido por Custeio Pleno, por
contemplar todos os custos de produção e também os gastos fixos de
administração e vendas, que na sua versão extrema (RKW), inclui também os
encargos financeiros e juros no custo do produtos (MARTINS, ROCHA, 2010).

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Conforme explicam Martins e Rocha (2010, p.134-135):


O Custeio por Absorção Integral (Custeio Pleno) nasceu na Alemanha, no
século XVII; ganhou impulso na segunda metade do século XIX, na
França, na industria têxtil inglesa e em metalúrgicas norte-americanas. O
auge da sua utilização deu-se na primeira metade do século XX,
principalmente por influência do alemão Eugen Schmalenbach. Ganhou
mais um impulso a partir de 11 de novembro de 1937, quando o governo
nazista, no contexto da centralização da sua política econômica, passou
a exigi-lo, por meio do Reichskuratorim fur Wirtschaftlichtkeit, ou RKW,
como se tornou universalmente conhecido, inclusive no Brasil. Entrou em
declínio a partir do fim da Segunda Guerra Mundial devido, entre outros
fatores, à derrota da Alemanha, que teve como consequência a perda de
relevância do idioma germânico no mundo e a diminuição das relações
com universidades alemãs. A partir de então, a hegemonia passa a ser
norte-americana, por meio do Custeio por Absorção Parcial e, em menor
proporção, do Custeio Variável.

Custeio Variável – Adota o princípio em que devem ser separados os custos


variáveis dos custos fixos. Os custos variáveis são contabilizados como custo do
período e os custos fixos são considerados como despesas operacionais da
empresa. No caso de custos semivariáveis, a parte fixa é tratada como despesa
operacional e a parte variável como custo. Geralmente os custos variáveis são
custos diretos, por isso este método é também conhecido como custeio direto,
mas não devemos confundir com o custo direto (material direto + mão de obra
direta). Por ser utilizado para fins gerenciais, podemos ressaltar a sua
importância, já que permite a análise retorno financeiro sobre o volume de
produção, cálculo do ponto de equilíbrio e margem de segurança.
O professor Silvio Aparecido Crepaldi, no livro “Contabilidade de Custos”
(2002), menciona que a defesa do custeio variável se baseia em alguns
argumentos:
 Os custos fixos são necessários sem depender da produção para existir;
não estão vinculados a qualquer produto ou quantidade produzida, e são
rateados aos produtos arbitrariamente;
 Tomar decisão sabendo que custos indiretos foram lançados em produtos,
através de critérios lógicos, pode induzir ao erro. Um erro no critério
pode fazer um produto rentável tornar-se o causador de prejuízos à
empresa.

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 O volume de produção produz alterações no preço do produto, merecendo


destaque o seu estudo separado, sem inclusão do custo fixo. Quanto
mais a empresa produzir e vender, menor será a influência do custo fixo
no preço do produto.
 Não é aceito para fins legais e fiscais, e deve ser utilizado apenas
gerencialmente. Este método não atende aos princípios da contabilidade.

Gasto Custo Variável D.R.E.

Receita Operacional Bruta


Investimento Após a Venda
(Custo do Produto Vendido)
Imediatamente
Custo Fixo
(Despesa )
Lucro Operacional
Despesa

Princípios, Convenções e Teorias Contábeis Aplicados à


Contabilidade De Custos

No livro de Contabilidade Básica, foram estudados os princípios contábeis. Estes


princípios têm grande importância para a contabilidade, a ponto do Conselho
Federal de Contabilidade publicar a Resolução 750/93 com as seguintes
referências:

Art. 1º § 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória


no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das
doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o
entendimento predominante nos universos científico e profissional de
nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo
de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. (CFC, 1993).

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Especificamente na Contabilidade Custos, alguns princípios, por suas


características, têm uma aplicação maior, e por isso merecem atenção especial.
Inclusive há um princípio, o Princípio da Causação, que mesmo não fazendo parte
daqueles relacionados na Resolução 750/93, é de grande importância.
Estudaremos, a partir de agora, os princípios mais relevantes para a contabilidade
de custos.
Princípio da Causação
“O Princípio da Causação ordena que o agente causador da consumação
ocorrida, correspondente a determinada variação patrimonial qualitativa, seja
debitado pelo respectivo valor”.

Este princípio atribui ao responsável pelo custo a obrigação por ele, ou seja,
quem causou o custo deve arcar com ele.

Desde a década de vinte, a literatura contábil germânica afirma o


"Verursachungsprinzip" - princípio da causação - como pedra angular de qualquer
sistema de apropriação de custos. Através deste princípio chegamos à avaliação
qualitativa dos sistemas de custeio com mais perfeição. Receberá o custo, o
departamento da fábrica que for responsável por ele.

Princípio da Prudência ou Conservadorismo


“Art. 10º. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os
componentes do ativo e do maior para os Passivos, sempre que se apresentarem
alternativas igualmente válidas para as quantificações patrimoniais que alterem o
Patrimônio Líquido”.

Este princípio determina que em caso de dúvida, vamos sempre utilizar a


alternativa mais prudente, ou seja, aquela que resultar menor valor para ativo ou
maior valor para passivo. A opção será feita sempre de modo a oferecer menor
risco, por precaução. É importante ressaltar que este princípio somente é aplicado
em situações extremas, e seu uso indiscriminado poderá ocorrer em fraudes e
vícios contábeis puníveis pela legislação, além de ser prejudiciais à boa prática
contábil e à empresa.

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Convenção da Materialidade ou Relevância

Não há uma fórmula para avaliar a materialidade. Ela desobriga o tratamento mais
rigoroso de itens que é de pequeno valor dentro dos gastos totais e não
representam variações importantes. É preciso analisar a relação custo x benefício,
para então registrar ou não; é princípio do bom senso.

Aplicando à contabilidade de custos, alguns gastos de pequeno valor e


irrelevantes no processo produtivo, poderão ser considerados como despesas e
lançados no resultado imediatamente, pois sua influência será mínima e os gastos
para controle injustificáveis. Alguns custos são apropriados na proporção de sua
utilização, mas por ser de valor irrelevante são considerados como custos do
período em que ocorreram. Gastos irrelevantes não são rateados.

Princípio da Competência
“Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado
do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento”.

§ 3º As receitas consideram-se realizadas:


I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou
assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade
de bens anteriormente pertencentes à entidade, quer pela fruição de serviços por
esta prestados;
II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o
motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;
III - pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de
terceiros;
IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções
§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:
I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua
propriedade para terceiro;
II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;
III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

Através deste princípio, os valores gastos vão sendo acumulados e registrados


sob a forma de estoques e, só serão considerados custos futuramente na
realização da receita.

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Princípio do Registro Pelo Valor Original


“Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores
originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na
moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais
posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no
interior da Entidade”.

Os valores que serão lançados na contabilidade são aqueles que efetivamente


aparecem na data da aquisição/venda, e que constam nos documentos. Por isso
são conhecidos como valores de entrada/saída ou históricos.

Convenção da Consistência ou Uniformidade

Quando ocorrerem alternativas válidas para o registro contábil, assim que houve a
opção de uma alternativa, esta deve permanecer. Não é possível a mudança de
critérios a cada exercício. É comum a utilização de métodos de avaliação de
estoques e critérios para o rateio dos custos indiretos na contabilidade de custos
que após definidos deverão permanecer, salvo quando houver justificativa para a
mudança de cálculo.

Convenção da Objetividade
Os valores apropriados ao custo da produção devem apresentar alguns requisitos
obrigatórios:
 Documentos que comprovem a natureza e o valor do registro;
 Critérios objetivos, principalmente, na determinação dos rateios de custos
indiretos; ou
 Critérios geralmente aceitos pela classe contábil, como por exemplo, a
adoção da vida média estimada para cálculo da depreciação.

Além dos princípios da contabilidade, é importante conhecer toda a


legislação relativa ao exercício da profissão. Acesse os sites:

www.cfc.org.br www.crcpr.org.br

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Valores que Alteram o Custo da Aquisição

Quando tratamos dos princípios contábeis aplicados à contabilidade de custos,


comentamos que os valores devem ser registrados na contabilidade por seu valor
original, é o Princípio pelo Valor Original. Agora chegou o momento de saber qual
é este valor. Ao adquirirmos um produto ou serviço, no corpo da Nota Fiscal
percebemos alguns custos ou deduções, que modificam o valor do custo do
produto. Também é normal ocorrer custos adicionais, aqueles que acorrem além
da compra, até que o produto chegue à indústria.

O professor Eliseu Martins, no livro Contabilidade de Custos (2009, p. 117), faz a


seguinte menção: Todos os gastos incorridos para a colocação do ativo em
condições de uso (equipamentos, matérias-primas, ferramentas, outros...) ou em
condições de venda (mercadorias, etc...) incorporam o valor desse mesmo ativo.

A dúvida passa a ser: o que registrar como valor original? A resposta parece óbvia
quando usamos por dedução a regra “valor original é o custo para deixar o
bem em condições para uso na produção”.

Para tanto, analisaremos algumas situações que interferem no valor de custo da


aquisição e assim, no registro do valor original, que é o valor que será lançado em
estoque.

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DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS


São os descontos concedidos pelo fornecedor sem restrições. Ou seja, aquele que
aparece no corpo da Nota Fiscal (NF) sem mencionar critério ou motivo.
Exemplo:
Camisa IFPR (colorida c/ foto dos professores)........... R$ 50,00
Desconto ...................................................................... R$ 5,00
Total da NF .................................................................... R$ 45,00
O desconto foi concedido sem impor qualquer condição.
Em nosso país, os descontos incondicionais são retirados da base de
cálculo para fins tributários.

DESCONTOS CONDICIONAIS
Os descontos condicionais que são aqueles fornecidos mediante o cumprimento
de algum requisito. Estes não deverão ser deduzidos do preço de custo.

Exemplo:
Se pagar até o dia 10/06/2006, desconto de 20%. Se pagar até o dia
20/06/2006, desconto de 10%. No vencimento, o valor da fatura sem
desconto.

A legislação tributária não reconhece estes descontos para fins de tributação. O


desconto condicional na compra considera-se como receita financeira, na venda
parte integrante da receita para cálculo de impostos.

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DEVOLUÇÃO DE COMPRAS
O professor Osni Moura Ribeiro, no livro Contabilidade de Custos Fácil (2001),
assim define os principais motivos da devolução de compras: “Uma vez efetuada a
compra, poderá ocorrer a sua anulação total ou parcial, por motivos variados,
como: materiais recebidos de qualidade inferior aos adquiridos; quebra ou danos
no transporte; ou qualquer outro motivo desconhecido no momento da compra”.

Ao ser devolvida a mercadoria é evidente que deverá ser registrado o estorno da


compra no valor correspondente a devolução.
Exemplo:
Compra de matéria-prima R$ 500,00.
Matéria-prima devolvida por falta de qualidade R$ 300,00.
Registro de entrada de matéria-prima R$ 200,00 ( o saldo).

Mas, e se já havia sido registrado o valor?


Deverá ser efetuado o estorno parcial do lançamento
Fornecedor Estoque mat. prima Devolução Compra

300,00 (3) 500,00(1) 500,00(1) 300,00(2) 300,00 (2) 300,00 (3)

CUSTO ADICIONAL
Quando efetuamos a compra de materiais para nossa indústria, estamos
conscientes que alguns custos “adicionais” poderão ocorrer. São exemplos: frete,
pedágio, seguro do material, entre outros. Consideramos como custos adicionais
(alguns autores chamam de despesas acessórias) todos os valores que vamos
pagar, além da mercadoria, para que este produto chegue até a nossa indústria.
Cabe fazer a ressalva que somente será contabilizado como custo, se o
pagamento for feito pelo comprador, e sem reembolso. Quando o pagamento
é efetuado pelo fornecedor, não há custo para o comprador, portanto não há
custo adicional.

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Exemplo:
Empresa Valor Compra Frete/Seguro Frete Pago Por Custo Compra
A R$ 10.000,00 R$ 500,00 Comprador R$ 10.500,00
B R$ 5.000,00 R$ 200,00 Fornecedor R$ 5.000,00
C R$ 2.000,00 R$ 100,00 Comprador R$ 2.100,00

EXERCÍCIO Calcule o valor de custo da compra


Empresa Valor Compra Frete/Seguro Frete Pago Por Custo Compra
A R$ 20.000,00 R$ 1.000,00 Comprador R$ 21.000,00
B R$ 15.000,00 R$ 800,00 Comprador R$ 15.800,00
C R$ 50.000,00 R$ 5.000,00 Fornecedor R$ 50.000,00

Valores que alteram o custo do produto


Impostos Recuperáveis
Quando compramos uma mercadoria, sabemos que - embutidos no preço de
compra - existem impostos. Porém, alguns impostos que pagamos na compra
podem gerar créditos quando da venda, para que não haja cobrança em “cascata”
(jargão que significa tributação cheia em cada etapa do fato gerador).

Assim, quando o imposto pode ser recuperado, deve ser subtraído do preço
de compra do produto. Não é custo, pois é reembolsado na forma de crédito
de imposto, e deduzirá o valor a ser pago de imposto com as vendas. Porém
quando não podemos creditar do imposto, este integrará o custo da aquisição.
Vários são os impostos e taxas que podem incidir sobre os produtos, inclusive o
imposto sobre importação, e como sempre todos são repassados para o
consumidor final, porém os dois impostos que mais se destacam são o ICMS e o
IPI.

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ICMS - Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de
comunicação, é de competência dos Estados e do Distrito Federal.

É calculado mediante a aplicação de alíquota que varia de acordo com a


mercadoria. Há uma legislação específica que trata do assunto, o RICMS
(Regulamento do ICMS) onde há casos de imunidade, isenção, diferimento
(postergação do pagamento), redução de alíquota, e claro, tributação normal do
imposto. É chamado de imposto por dentro, pois no valor da mercadoria já
está embutido o ICMS. Por este motivo, o professor Hilário Franco, em seu livro
Contabilidade Industrial (1991), chama o ICMS de imposto indissociável do preço
do produto. Assim, quando compramos qualquer produto já está incluso o ICMS.

Quando a empresa não pode utilizar o ICMS pago como crédito, este comporá o
preço de custo do produto. Inversamente, quando a empresa puder ressarcir o
valor pago de ICMS na compra, este valor deve ser deduzido do preço de custo do
produto.
Situação Custo ICMS Valor ICMS Venda ICMS a
ICMS Material Compra Venda Pagar
Com Crédito R$ 1.000,00 R$ 120,00 1.500,00 R$ 180,00 R$ 60,00
Sem Crédito R$ 1.000,00 R$ 120,00 1.500,00 R$ 180,00 R$ 180,00
 Consideramos a alíquota de ICMS de 12% tanto para compra como para
venda.
 Observe que no primeiro caso, foi deduzido o imposto pago na compra, ou
seja, somente será pago imposto sobre o valor adicional.
 No segundo caso, foi pago imposto na compra e na venda sem dedução, é
o que chamamos de “imposto em cascata”, paga-se em cada etapa o valor
sem deduzir o que já foi pago na etapa anterior.

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IPI – Imposto sobre produtos industrializados é de competência da União (governo


federal). Produto industrializado é o resultante da industrialização, mesmo
incompleta, parcial ou intermediária. Segundo o RIPI (Decreto 87.981/1982 -
regulamento do IPI) no Art. 3º: “Caracteriza-se industrialização qualquer operação
que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a
finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo...”. A incidência abrange
todos os produtos com alíquota, relacionados na Tabela de Incidência do IPI
(TIPI). É chamado de imposto por fora, pois o seu valor é acrescido ao
produto para compor o valor da nota fiscal.

Situação Custo Alíquot Valor NF Valor IPI s/ IPI Valor NF


IPI Material a compra Venda Venda a Recolher Venda
IPI
Com 10 %
Crédito 1.000,00 100,00 1.100,00 1.500,00 150,00 50,00 1.650,00
Sem
Crédito 1.000,00 10 % 1.100,00 1.500,00 150,00 150,00 1.650,00
100,00

Agora vamos calcular o valor da nota fiscal do produto, e também o valor que
deverá ser registrado em estoque como custo da mercadoria adquirida:

Valor do Alíquot Valor NF Custo Adicional ICMS alíquota IPI alíquota % Valor para
Produto a IPI % (frete) /pago por: % Recuperável? Estoque
Recuperável?

2.000,00 10 2.200,00 400,00/Fornecedor 12 % / Sim 10 % / Não 1.960,00


30.000,00 20 36.000,00 300,00/Empresa 18 % / Não 20 % / Não 36.300,00
10.000,00 10 11.000,00 500,00/Fornecedor 12 % / Sim 10 % Sim 8.800,00
5.000,00 10 5.500,00 200,00/Empresa 17 % / Não 10 % Sim 5.200,00
10.000,00 10 11.000,00 300,00/Empresa * 18 % / Sim 10 % Sim * 8.464,00

* Cálculo passo a passo do último lançamento:

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Etapas do Cálculo Valorem R$ Ocorrência


Valor do Produto + 10.000,00 Custo (vai para estoque)
Valor do IPI + 1.000,00 Custo (não é recuperável, vai para estoque)
Custo Adicional + 300,00 Custo (vai para estoque, foi pago pela empresa)
ICMS s/ frete 12% - 36,00 ICMS recuperável s/ frete (deduzir)
ICMS recuperável - 1.800,00 Imposto recuperável (deduzir)
IPI recuperável - 1.000,00 Imposto recuperável (deduzir)
Total para estoque 8.464,00 Valor a ser registrado em estoque

Sistemas e métodos de avaliação de estoques


No livro Análise Gerencial de Custos, Antonio Cezar Bornia faz a seguinte citação:
“O primeiro objetivo básico da contabilidade de custos é a avaliação de estoques,
permitindo, deste modo, a determinação do resultado da empresa pela
contabilidade financeira” (BORNIA, 2002, p.53). O controle de estoque gera
informações financeiras importantes para a empresa, para o governo, acionistas e
bancos. A determinação dos custos em estoques é um dos aspectos mais
complexos da área contábil, pelo fato de ser um ativo significativo e também pelo
reflexo que produz na apuração dos resultados.

Por isto a avaliação de estoques é um dos temas importantes da contabilidade de


custos. Há dois sistemas de custos ou sistemas de controle de estoques: periódico
ou permanente.

É obrigatória a escrituração do Livro Registro de Inventário, escriturado no fim de


cada trimestre ou ao término do ano-calendário, conforme o caso, inclusive com
autenticação em órgão fiscal competente para o cumprimento da legislação.

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Modelo de Livro Registro de Inventário

Controle de Estoques Periódico


É aquele realizado geralmente no final do exercício quando há necessidade da
obtenção dos valores em estoque e o custo da mercadoria vendida, para compor o
Balanço Patrimonial. Não há manutenção dos lançamentos por ocorrências. Assim
não podemos dizer que o sistema de contabilidade de custo está integrado e
coordenado com o restante da escrituração. Os registros no livro são efetuados
para cumprir o período estabelecido na legislação fiscal ou em determinado
momento, desde que exista interesse dos sócios, como a realização de uma
auditora.
Os valores são registrados através de contagem física dos produtos, por não
haver controle individualizado da fabricação e separação de seus respectivos
custos. Assim os valores de materiais são registrados por seus últimos valores de
compra. Os produtos em elaboração e acabados por arbitramento, conforme
determina a legislação no art.296 do RIR/1999:

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I - Produtos em elaboração:
a) por uma vez e meia (150%) o maior custo das matérias-primas adquiridas no
período-base (sem ICMS/IPI quando recuperáveis);
b) 80% (oitenta por cento) do valor dos produtos acabados, determinado segundo
o critério do item II.
II - Produtos acabados:
70% (setenta por cento) do maior preço de venda do período-base, sem inclusão
do IPI, mas com ICMS incluso (Parecer Normativo CST nº 14/1981). A utilização
desse critério penaliza a empresa, modificando a apuração do resultado, pois 70%
do maior preço de venda é elevadíssimo e supervaloriza o estoque no período.
Outra desvantagem da utilização deste método é que ele não permite apurar o
valor do custo unitário do produto individualizado. Por isso geralmente é utilizado
apenas pelas pequenas indústrias.

Controle de Estoque Permanente


Como o próprio nome sugere, o controle de estoques permanente é aquele em
que as alterações no estoque são registradas simultaneamente ao seu
acontecimento. As alterações no registro acontecem no exato momento da
entrada ou saída de material do estoque.

Os principais métodos de avaliação de estoque permanente são: MPM, PEPS,


UEPS e Preço Específico. Vamos estudar cada um deles:

MPM – Média Ponderada Móvel → É feita a atualização dos valores estocados


(média) a partir de cada aquisição de materiais. Cada entrada, desde que o preço
unitário de compra seja diferente da média em estoque, provoca alteração no
preço médio dos produtos em estoque.

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ENTRADA SAÍDA SALDO


Histórico QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL
DATA Saldo R$ R$ R$
01/01/06 Inicial - - TOTAL
- - - - 100 5,00 500,00
R$
05/01/06 Compra 100 6,00 600,00 - - - 200 5,50 1.100,00
10/01/06 Venda - - - 100 5,50 550,00 100 5,50 550,00
25/01/06 Compra 40 6,25 250,00 140 5,71 800,00
TOTAL 140 850,00 100 550,00 140 800,00
Compras do Mês Custo Merc. Vendida Estoque Final

Há também o Método da Média Ponderada Fixa, onde os materiais consumidos


são baixados pelo custo médio do final do mês. Ou seja, mesmo consumindo os
materiais durante o mês, em qualquer data do mês, a saída do estoque será
registrada apenas no final do mês.

PEPS – Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai → Também conhecido como
FIFO, do inglês First In First Out. É o método em que a empresa sempre atribui ao
estoque os valores de custo mais recentes. Para cada saída atribui-se o preço de
custo mais antigo, permanecendo em estoque os mais recentes.
ENTRADA SAÍDA SALDO
Histórico QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL
DATA Saldo R$ R$ R$
01/01/06 Inicial - - -
TOTAL - - - 100 5,00 500,00
R$ 100 5,00 500,00
05/01/06 Compra 100 6,00 600,00 - - - 100 6,00 600,00
10/01/06 Venda - - - 100 5,00 500,00 100 6,00 600,00
25/01/06 100 6,00 600,00
Compra 40 6,25 250,00 40 6,25 250,00
TOTAL 140 850,00 100 500,00 140 850,00

Compras do Mês Custo Merc. Vendida Estoque Final

UEPS – Último que Entra é o Primeiro que Sai → Também conhecido como
LIFO, do inglês Last In First Out. É o método em que a empresa atribui ao estoque
os valores de custos mais antigos. Para cada saída consideram-se os custos mais
recentes, permanecendo em estoque os mais antigos. É a situação inversa do
PEPS. Não é aceito pela legislação do Imposto de Renda, por atribuir aos
Custos de Vendas valores maiores.

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ENTRADA SAÍDA SALDO


DATA Histórico QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL QTDE UN. R$ TOTAL
Saldo R$ R$ R$
01/01/06 Inicial - - -
TOTAL - - - 100 5,00 500,00
R$ 100 5,00 500,00
05/01/06 Compra 100 6,00 600,00 - - - 100 6,00 600,00
10/01/06 Venda - - - 100 6,00 600,00 100 5,00 500,00
25/01/06 100 5,00 500,00
Compra 40 6,25 250,00 40 6,25 250,00
TOTAL 140 850,00 100 600,00 140 750,00

Compras do Mês Custo Merc. Vendida Estoque Final


QUADRO COMPARATIVO

Método Valor Compra Custo Prod. Valor Final


Vendido Estoque

MPM 850,00 550,00 800,00

PEPS 850,00 500,00 850,00

UEPS 850,00 600,00 750,00

Observe que o método que apresenta o custo maior (UEPS) não é aceito pela
legislação. Então, o método mais vantajoso para a empresa é o MPM, pois o custo
do produto vendido (CPV) é maior. E quanto maior o custo, menor é a base de
cálculo para impostos sobre o lucro (imposto de renda - IRPJ e Contribuição social
sobre o lucro líquido - CSSL).

Receita ( - ) Custos ( - ) Despesas = Lucro (base de cálculo para IRPJ e CSSL)

Método do Preço Específico → É pouco utilizado. Justifica-se a sua aplicação


em empresas que tem poucos itens em estoque, com um valor muito alto. Assim o
controle é feito item a item.
Por exemplo: concessionária de veículos, indústria naval. Assim os registros são
lançados

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Adaptando o plano de contas para uma indústria

Uma empresa industrial por sua característica de transformar bens e serviços em


outros bens apresenta algumas contas que outras empresas não possuem. Então,
veremos agora algumas contas que deverão constar no plano de contas de uma
empresa industrial.

Já mencionamos que a empresa ao adquirir material para a fábrica,


primeiramente está fazendo um investimento. Este investimento deverá constar
no Balanço Patrimonial da empresa. Neste caso, deverá o valor ser registrado no
Ativo, na conta de estoques, pois se trata de um material que temporariamente
está guardado, esperando o momento da industrialização. “Quando este material
passa para a fabricação, deixa de fazer parte do estoque e passa a integrar o
produto em elaboração, que depois de concluído o processo de fabricação dá
origem ao produto acabado”.
Para facilitar o entendimento, analise o exemplo abaixo em cada etapa:
Estoque de
Estoque de Produto em Estoque de Produto
Fornecedor Matéria- Prima Elaboração Acabado
5.000 1 1 5.000 4.000 2 2 4.000 3.500 3 3 3.500
sf 1.000 sf 500 sf 3.500

Neste exemplo, os saldos das contas de estoque registradas no Ativo seriam os


seguintes:
Estoque de Matéria-Prima...................... R$ 1.000,00
Estoque de Produtos em Elaboração...... R$ 500,00
Estoque de Produtos Acabados.............. R$ 3.500,00

Perceba que o valor entrou primeiramente em estoque de mercadoria; após, uma


parte deste material foi para a produção, permanecendo um saldo em estoque de
material. Uma parte do material que foi para produto em elaboração passou para
produto acabado quando da conclusão do processo de fabricação, permanecendo
a parte do material que ainda está no processo de fabricação.

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Não há um plano de contas que possa ser apresentado como sendo o ideal, pois
deverá cada empresa adequá-lo as suas necessidades. Mas segue uma relação
de contas que aparecem na maior parte das indústrias, com a observação que
apresentamos aqui as contas sintéticas, pois a lista de contas analíticas seria
muito extensa.

1.4. ESTOQUES
1.4.1 Materiais
1.4.1.1 Estoque de Matérias-primas
1.4.1.1.1 Madeira
1.4.1.1.2 Suporte de Metal
1.4.1.1.3 Vidro
1.4.1.1.4 Fórmica
1.4.1.2 Estoque de Materiais Secundários
1.4.1.2.1 Cola
1.4.1.2.2 Verniz
1.4.1.2.3 Pregos
1.4.1.3 Estoque de Materiais de Embalagem
1.4.1.3.1 Caixas de Papelão
1.4.1.3.2 Plástico
1.4.2 Estoque de Produtos em Elaboração
1.4.2.1 Mesas
1.4.2.2 Cadeiras
1.4.2.3 Estantes
1.4.2.4 Armários
1.4.3 Estoque de Produtos Acabados
1.4.5.1 Mesas
1.4.5.2 Cadeiras
1.4.5.3 Estantes
1.4.5.4 Armários
1.4.4 Estoque de Subprodutos
1.4.4.1 Serragem
1.4.4.2 Madeira em pedaços
1.4.4.3 Fórmica em pedaços
1.4.4.4 Brinquedos de madeira

Estes são exemplos de desdobramento das principais contas de estoque que


deverão ser realizadas de acordo com a peculiaridade de cada empresa.

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Quando efetuamos a venda dos produtos que foram fabricados, registramos a


receita desta venda, mas também é preciso apurar o custo dos produtos vendidos
(CPV). Para auxiliar neste processo serão incluídas no plano de contas para
registro dos custos em todas as suas etapas. Já estudamos que o custo industrial
engloba materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação, e que a empresa
pode fabricar diversos produtos, necessitando saber o custo de cada um de seus
produtos. Assim, o plano de contas deve ajustar-se à complexidade do processo
produtivo, para atender às necessidades da empresa.
CUSTO INTEGRADO
4. Custo dos Produtos Vendidos (CPV)
4.1 Custo do Produto X
4.1.1 Materiais
4.1.1.1 Matérias-primas
4.1.1.2 Materiais secundários
4.1.1.3 Materiais de embalagem
4.1.2 Mão de obra
4.1.3 Gastos Gerais de Fabricação
4.2 Custo do Produto Z
4.2.1 Materiais
4.2.1.1 Matérias-primas
4.2.1.2 Materiais secundários
4.2.1.3 Materiais de embalagem
4.2.2 Mão de obra
4.2.3 Gastos Gerais de Fabricação

CUSTO SIMPLIFICADO
4. Custo dos Produtos Vendidos (CPV)
4.1 Materiais
4.1.1 Matérias-primas
4.1.2 Materiais secundários
4.1.3 Materiais de embalagem
4.2 Mão de obra
4.3 Gastos Gerais de Fabricação

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Vários são os modelos de plano de contas para indústria. Havendo variação de


detalhamento e mesmo de estrutura, porém a elaboração deve, além de atender
as necessidades da empresa, permitir o cumprimento da legislação vigente.
O plano de contas pode ser comparado aos ossos do corpo humano que,
apesar de não estarem aparentes, dão sustentação a todo o corpo. Assim o plano
de contas estabelece a estrutura das informações, dando sustentação à gestão
das informações.

Contabilização dos Custos

Os materiais deverão ser contabilizados em estoque de material no primeiro


momento. Após ir para a etapa de produção eles serão contabilizados como
Produto em Elaboração, e concluído todo o processo de fabricação em produto
acabado (conforme descrição da página anterior).
Estoque de Estoque de Produto Estoque de Produto
Fornecedor Matéria- Prima em Elaboração Acabado
5.000 1 1 5.000 4.000 2 2 4.000 3.500 3 3 3.500 2.000 4

Sabemos que além do material, o custo industrial tem outros componentes e


devem ser contabilizados conforme segue:

Mão de obra é outro componente do custo industrial, porém tem uma


característica que a difere do material. Não há como estocar mão de obra sem
agregar valor ao produto, ou seja, a mão de obra inicia-se na fábrica e passará a
compor o produto após o processo de fabricação. Quando nos referimos à mão de
obra, estamos englobando todos os custos com a folha de pagamento: salários,
encargos sociais da fábrica (INSS, FGTS), horas-extras, refeições, estadias, vale
transporte, enfim todos os valores que a empresa necessite pagar aos
empregados. A contabilização dos custos com mão de obra pode ser assim
especificada:

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Custo Mão de Produto em


Salários a Pagar Obra Elaboração Produto Acabado
5.000 1 1 5.000 5.000 2 2 5.000 3.000 3 3 3.000

Para completar, vamos agora aprender a contabilizar os gastos gerais de


fabricação, que são os custos industriais que não conseguimos classificar nem
como materiais, nem como mão de obra. Assim como a mão de obra, não é
possível estocar o custo dos gastos gerais de fabricação, a não ser no processo
de fabricação.
Energia Elétrica Produto em
Aluguel Pg PG G.G.F Elaboração Produto Acabado
500 1 200 2 1 500 500 3 3 700 500 4 4 500
2 200 200 3

Analisando mais detalhadamente, podemos observar que há estoque inicial


apenas de materiais. Tanto a mão de obra como os gastos gerais de fabricação
serão automaticamente vinculados aos produtos que estão sendo fabricados no
período. Portanto, em estoque de produtos em elaboração temos: materiais, mão
de obra e gastos gerais de fabricação.

Os custos serão dedutíveis da receita da empresa no período em que for efetuada


a venda dos produtos.

Segue em anexo um modelo básico de contabilização, feito de forma didática em


razonetes, que irá facilitar a compreensão do assunto.

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Est. Mat. Prima Estoque de Produto em Elaboração


Fornecedores
D C D C
Baixa
pelo
pgto D C
Est. Mat. Secund.

D C
IPI a Recuperar
Est. Mat. Embalagem
D D C
ICMS a Recuperar Estoque de Prod. Acabados
D Mão de Obra
D C D C

Custo Folha a PG
C Gastos Ger. de Fabr. Custo dos Produtos Vendidos

Custos Gerais Fabr.a PG D C D C


C

Exercício
Faça a contabilização dos lançamentos abaixo discriminados, encontrados no final
do período para responder as próximas questões:

a) Saldo inicial:
Estoque de matérias-primas R$ 60.000,00;
Estoque de Materiais secundários R$ 20.000,00;
Estoque de Materiais de Embalagem R$ 30.000,00.
Estoque de prod. em elaboração R$ 20.000,00;
Estoque de prod. acabados R$ 40.000,00.
b) Compra do Fornecedor Tudo para Indústria de:
Matérias-Primas R$ 25.000,00;
Materiais Secundários R$ 10.000,00;
Materiais de Embalagem R$ 20.000,00.
c) Foram transferidos para a produção em materiais:
Matérias-primas R$ 70.000,00;
Materiais Secundários R$ 20.000,00;
Materiais de Embalagem R$ 40.000,00.
d) O Valor da Mão-de-Obra do período foi de:
Mão-de-Obra Direta R$ 30.000,00;
Mão-de-Obra Indireta R$ 20.000,00.

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e) Outros Gastos de Fabricação:


Aluguel do mês R$ 5.000,00;
Energia Elétrica do mês R$ 500,00;
f) O Saldo final de Produtos em Elaboração é de R$ 12.500,00;
g) O Saldo final de Produtos Acabados é de R$ 52.500,00.

Responda:

1) Qual o valor de Saldo Final do Estoque de Matérias-Primas? 15.000,00


2) Qual o valor de Saldo Final do Estoque de Materiais Secundários? 10.000,00
3) Qual o valor de Saldo Final do Estoque de Embalagens? 10.000,00
4) O Valor transferido para Produtos acabados no período: 193.000,00
5) Qual o valor do Custo dos Produtos vendidos? 180.500,00

Resolução
Estoque de Estoque de
Estoque de Materiais Materiais de Estoque de Produto
Matéria-prima Secundários Embalagens em Elaboração
si 60.000 70.000 c si 20.000 20.000 c si 30.000 40.000 c si 20.000 193.000 f
b 25.000 b 10.000 b 20.000 c 70.000
c 20.000
T 85.000 70.000 T 30.000 20.000 T 50.000 40.000 c 40.000
sf 15.000 sf 10.000 sf 10.000 d2 50.000
e2 5.000
e2 500

T 205.500 193.000
sf 12.500
Estoque de
Produtos Custos com a Mão
Acabados FORNECEDOR Salários a pagar de Obra
si 40.000 180.500 g 25.000 b 50.000 d1 d1 50.000 50.000 d2
f 193.000 10.000 b sf 0
20.000 b
T 233.000
sf 52.500 55.000 sf

Energia Elétrica a
Aluguel a pagar pagar G.G.F C.P.V
5.000 e1 500 e1 e1 5.000 5.000 e2 g 180.500
e1 500 500 e2
sf sf
T 5.500 5.500
sf 0

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MÉTODOS

1 – Unidade de Esforço de Produção (UEP):

Surgiu na França, na época da Segunda Guerra mundial, seu criador, o


engenheiro francês Georges Perrin, encontrou um método que chamou de GP
para atribuição custos os produtos. Este método caiu no esquecimento após a
morte de seu criador. Mas tarde Franz Allora ressuscitou e rebatizou o método
para UEPs, trazendo-o para o Brasil na década de 60 (BÓRNIA, 2002).
Este método preocupa-se apenas com os custos de transformação, ou seja,
mão-de-obra e os gastos gerais de fabricação. Já que os materiais empregados
são mais fáceis de serem alocados. E a idéia principal é criar uma unidade de
medida comum a todos os produtos da empresa, funcionando como um indexador.

Procedimentos de Implantação da UEP:


O Professor Antonio Cezar BÓRNIA no livro Análise Gerencial de Custos (2002,
p.144-146) apresenta cinco procedimentos para implantação da UEP.
a) Divisão da fábrica em postos operativos
b) Cálculo dos índices de custos;
c) Escolha do produto-base;
d) Cálculo dos potenciais produtivos;
e) Determinação dos equivalentes dos produtos.

Explicando os procedimentos
a) Divisão da fábrica em postos operativos  Significa dividir a empresa em
locais que tem participação direta na fabricação do produto, ou seja, que
apresentam esforço de produção, os demais esforços repassam os seus custos
para essas atividades. É semelhante ao que ocorre na departamentalização no
Método de Centro de Custos.

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b) Cálculo dos índices de custos  É feita a distribuição dos Custos para os


Postos operativos.
Por Exemplo:
Custos PO 1 PO 2 PO 3
Mão-de-Obra R$ 20.000,00 R$ 13.000,00 R$ 20.000,00
Manutenção R$ 5.000,00 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00
Energia Elétrica R$ 500,00 R$ 300,00 R$ 400,00
Aluguel R$ 600,00 R$ 200,00 R$ 200,00
Demais Custos R$ 300,00 R$ 700,00 R$ 400,00
Horas Trabalhadas 220 horas 180 horas 220 horas
Custo Por Hora R$ 120,00 R$ 90,00 R$ 100,00

c) Escolha do Produto-base: Aqui são listados os produtos da empresa e o tempo


que eles passam nos Postos operativos.
Produtos PO 1 PO 2 PO 3
A 1,5 hora 0,5 hora 0,2 hora
B 0,5 hora 1,0 hora 0,5 hora
C 1 hora 0,2 hora 1,5 hora
Escolha do produto-base: Pode ser qualquer produto.
Neste exemplo vamos usar o produto B como base.
Então vou calcular agora o custo da UEP tomando como base o produto B =
meia-hora em PO1 ( 0,5 x 120,00) + 1 hora em PO2 (1 x 90,00) + meia-hora em
PO3 (0,5 x 100,00) UEP = R$ 200,00.

d) Cálculo do Potencial produtivo

Postos Operativos PO 1 PO 2 PO 3
Custo-hora (R$/h) 120,00 90,00 100,00
Valor-base UEP (Prod.B) 200,00 200,00 200,00
Potencial Prod.(UEP/hora) 0,60 0,45 0,50

e) Determinação dos equivalentes dos produtos


Para achar os valores é necessário multiplicar o tempo que cada produto passou
em cada PO pelo Potencial Produtivo encontrado na tabela anterior.

Produto PO 1 PO 2 PO 3 TOTAL
A 0,90 0,23 0,10 1,23 UEPs
B 0,30 0,45 0,25 1 UEP
C 0,60 0,09 0,75 1,44 UEPs

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Calculando o Custo de Transformação do Período:


Agora que já sabemos quanto cada produto consome de Unidade de Esforço de
transformação, sabemos custo de total de transformação do período facilmente,
encontramos o custo de cada produto fabricado por seu equivalente em UEP.
Exemplo: Levando em consideração que o Custo de Transformação Total em
Outubro/2006 foi de R$ 65.000,00 e foram produzidos no período:

Produto A Produto B Produto C TOTAL


Quantidade Produzida 3 unidades 2 unidades 3 unidades 8 unidades
Quantidade UEPs 1,23 1 1,44
TOTAL de UEPs 3,69 UEPs 2 UEPs 4,32 UEPs 10,01 UEPs
UEP = R$ 65.000,00 / 10,01 (total de UEPs) = R$ 6.493,51

Prod A Prod. B Prod. C Total


Quantidade UEPs 1,23 1 1,44
UEP do Período R$ 6.493,51 R$ 6.493,51 R$ 6.493,51
Custo Unitário R$ 7.987,02 R$ 6.493,51 R$ 9.350,65
Custo Total R$ 23.961,06 R$ 12.987,02 R$ 28.051,92 R$ 65.000,00

Agora é sua vez:

Calcule o custo de transformação dos produtos: mesa e cadeira, sendo que:


A empresa possui três Postos Operativos com as informações abaixo
discriminadas:

Custos PO 1 – Corte PO 2 - Montagem PO 3 - Acabamento


Mão-de-Obra R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 R$ 32.000,00
Manutenção R$ 3.000,00 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00
Limpeza R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Energia Elétrica R$ 1.400,00 R$ 500,00 R$ 400,00
Aluguel R$ 1.000,00 R$ 500,00 R$ 600,00
Demais Custos R$ 2.000,00 R$ 5.600,00 R$ 5.000,00
Horas Trabalhadas 220 horas 220 horas 200 horas
Custo Por Hora R$ 220,00 R$ 180,00 R$ 200,00

Produtos Corte Montagem Acabamento


Mesas 0,1 horas 0,1 horas 0,1 horas
Cadeiras 0,2 horas 0,2 horas 0,2 hora
Camas 0,3 horas 0,3 hora 0,2 hora
Produto-Base: Mesas

Cálculo do Potencial produtivo


Postos Operativos PO 1 PO 2 PO 3
Custo-hora (R$/h)
Valor-base UEP (Mesa)
Potencial Prod.(UEP/hora)

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Determinação dos equivalentes dos produtos


Produto PO 1 PO 2 PO 3 TOTAL
Mesa
Cadeira
Cama

Mesa Cadeira Cama TOTAL


Quantidade Produzida 1.300 unidades 300 unidades 100 unidades 1.700 unidades
Quantidade UEPs
TOTAL de UEPs

UEP = R$ 128.000,00 / (total de UEPs) = R$

Mesa Cadeira Cama Total


Quantidade UEPs
UEP do Período
Custo Unitário
Custo Total

Comparando os produtos em quantidade de UEPs, sabe-se qual exige da


empresa um custo de transformação maior, identificando o produto mais
interessante levando em consideração a capacidade de produção da empresa em
seus postos operativos.

Observação:

 A implantação do método tem um grau de complexidade que é


compensada pela facilidade da empresa na realização dos cálculos de
custo de transformação.
 Para cálculo do preço de custo do produto é necessário acrescentar o
custo de materiais, não incluído no método de UEPs.
 Qualquer mudança que ocorra nos Postos Operativos, exigem que seja
refeito o cálculo de UEPs por produto. O que pode ser inviável,
principalmente nos tempos atuais em que rotinas são alteradas
constantemente buscando a melhorias e redução de custos.

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MÉTODOS

2 – Custeio Baseado em Atividades (ABC)

O Custeio baseado em Atividades, conhecido como ABC (Activity-Based


Costing) é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções
provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos[...]. Com o avanço
tecnológico e a crescente complexidade dos sistemas de produção, em muitas
indústrias os custos indiretos vêm aumentando continuamente, tanto em valores
absolutos quanto em termos relativos, comparativamente aos custos diretos -
destes, o item Mão-de-Obra Direta é o que mais vem decrescendo. (MARTINS,
2009).
É um sistema de custeio fundado na análise das atividades desenvolvidas na
empresa. Seu interesse baseia-se nos gastos indiretos ao bem ou serviço
produzido na empresa, uma vez que os custos primários (matérias-primas e mão-
de-obra) não representam problemas de custeio em relação ao produto.
(OLIVEIRA & PEREZ JR,2000).
O ABC talvez seja, hoje, o mais famoso método de custos no mundo. No
entanto, talvez também seja o que é apresentado de forma mais confusa e
diversificada na literatura. O principal motivo dessa variedade de abordagens e
que as diferenças mais contundentes entre o ABC e o RKW não estão no campo
do método (cálculo dos custos), mas no campo do princípio (que informações são
obtidas e para que são utilizadas). A separação clara entre princípio e método não
é feita pela maioria dos autores, que reúnem nas análises elementos dos dois
conceitos. (BORNIA, 2005).
Este método diferencia-se dos demais por separar os custos indiretos de
acordo com a atividade realizada. Ou seja, enquanto nos demais métodos os
custos indiretos são repassados para departamentos ou centros de custos. No
método ABC, os custos indiretos são repassados para as atividades independente
do local onde o serviço é prestado.

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Exemplificando, o que consume bens e serviços dentro da empresa são as


atividades e não os locais de trabalho. Este método procura fazer uma
identificação dos custos com as atividades realizadas na empresa. Assim, o custo
de vigilância por exemplo, não vai ser rateado para os departamentos, mas será o
serviço de vigilância considerado um centro de custos.

Recursos Direcionadores de Atividades Direcionadores de Objetos de


Custos atividades custeio
Gastos Indiretos Indicadores de Eventos Indicadores de Processos
consumo de executados por consumo de operacionais que
gastos pelas homens, atividades pelos geram bens ou
atividades máquinas, processos serviços.
equipamentos e
instalações que
consomem
recursos
(Fonte: OLIVEIRA & PEREZ JR, 2000)

Atividade – É qualquer evento que consome recursos da empresa. Uma atividade


é uma combinação de recursos humanos, materiais tecnológicos e financeiros
para produzir bens e serviços. É composta por um conjunto de tarefas necessárias
a seu desempenho. As atividades são necessárias para a concretização de um
processo, que é uma cadeia de atividades correlatas e inter-relacionadas.

Processo – Conjunto de atividades logicamente relacionadas e coordenadas


visando à obtenção de resultados, para as quais são consumidos recursos.

Direcionadores de Custos – Parâmetros de atividades, por meio dos quais ao


identificados e avaliados os recursos gastos na execução de uma atividade.

Direcionador de atividades – Parâmetros de atividades, mediante os quais são


identificadas e avaliadas as atividades consumidas no desenvolvimento de um
processo.
(Fonte: Oliveira & Perez Jr, 2000).

Página 69
CONTABILIDADE DE CUSTOS
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Fases para Implantação:


a) Identificar as atividades;
b) Atribuir os custos às atividades;
c) Identificação e seleção dos direcionadores de custos;
d) Atribuir os custos às atividades produtivas e auxiliares;
e) Atribuir os custos aos produtos.
Fonte: (adaptado de MARTINS, 2009)

Custos do Período

Indiretos em Relação aos produtos Diretos em relação aos produtos

Direcionados às funções Apropriados aos produtos por


meio de critérios e controles
objetivos

Direcionados de custos

Atividades Atividades
Produtivas Auxiliares

Direcionadro de Direcionador de
Atividades Atividades
Produtivas

PRODUTO

(Fonte: Oliveira & Perez Jr, 2000)

Vantagens:
A vantagem básica do ABC é proporcionar uma forma mais precisa de encarar
despesas e custos indiretos, incluindo os gerados fora do chão de fábrica, e não
tipicamente ponderados nos cálculos de custos produto a produto atividades como
marketing, distribuição e manutenção.

a) Obtêm um quadro que explica “por que” e “como” os custos são incorridos;
b) Separa os custos que agregam e não valor ao produto;
c) Percebe desperdícios e a geração dos custos;
d) Avalia as possibilidades de influencia e modificações dos geradores de custos.
(FAGUNDES, 2005)

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CONTABILIDADE DE CUSTOS
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Desvantagens:
1. Não encontra viabilidade em empresas de pequeno/médio porte;
2. Muito burocrático;
3. Transforma custos fixos em variáveis – tendo em vista que a tecnologia
moderna de produção tem aumentado os custos fixos proporcionalmente aos
custos variáveis, esse método de custeio conduzirá a resultados
proporcionalmente mais errados.
(FAGUNDES, 2005)

Exemplo:

A empresa Fabrica Qualquer Coisa Ltda, apresentou os seguintes custos diretos:


Mesa = R$ 120.000,00, Cadeiras = R$ 80.000,00.
Sabendo que durante o período foram fabricadas 1.500 mesas e 3.800 cadeiras
Calcule o preço de custo total e o custo unitário dos produtos.

Identificando As atividades
Departamentos Atividades Custos
Administração Gerenciar a produção R$ 12.000,00
Gestão de Recursos Humanos R$ 5.500,00
Almoxarifado Recebimento de Materiais R$ 4.000,00
Controle de Estoques R$ 500,00
Produção Corte R$ 80.000,00
Montagem R$ 30.000,00
Acabamento R$ 45.000,00
Expedição Despacho de mercadorias R$ 5.000,00
Refeitório Preparo de refeições R$ 12.000,00

Direcionadores de atividades
Departamentos Atividades Direcionadores
Administração Gerenciar a produção nº produtos fabricados
Gestão de Recursos Humanos nº funcionários
Almoxarifado Recebimento de Materiais Requisições de materiais
Controle de Estoques Requisições de materiais
Produção Corte Quantidade produzida
Montagem Quantidade produzida
Acabamento Quantidade produzida
Expedição Despacho de mercadorias Quantidade Vendida
Refeitório Preparo de refeições nº funcionários

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Identificando o Direcionador com o Produto


Direcionadores Produto Mesa Produto Cadeira TOTAL
nº produtos fabricados 400 800 1.200
nº funcionários 10 8 18
Requisições de materiais 30.000 50.000 80.000
Requisições de materiais 30.000 50.000 80.000
Quantidade produzida 400 800 1.200
Quantidade produzida 400 800 1.200
Quantidade produzida 400 800 1.200
Quantidade Vendida 350 700 1.050
nº funcionários 10 8 18

Atividades Custos Produto Produto


Mesa Cadeira
Gerenciar a produção R$ 12.000,00 4.000,00 8.000,00
Gestão de Recursos Humanos R$ 5.500,00 3.055,56 2.444,44
Recebimento de Materiais R$ 4.000,00 1.500,00 2.500,00
Controle de Estoques R$ 500,00 187,50 312,50
Corte R$ 80.000,00 26.666,67 53.333,33
Montagem R$ 30.000,00 10.000,00 20.000,00
Acabamento R$ 45.000,00 15.000,00 30.000,00
Despacho de mercadorias R$ 5.000,00 1.666,67 3.333,33
Preparo de refeições R$ 12.000,00 6.666,67 5.333,33
TOTAL R$ 172.000,00 8.333,34 8.666,66

Produto Custo Indireto Custo Direto Total Custo Unitário


Mesa 60.000,01 120.000,00 180.000,01 R$ 120,00
Cadeira 111.999.99 80.000,00 191.999,99 R$ 50,00

Os sistemas tradicionais geralmente refletem os custos segundo a estrutura


organizacional da empresa, na maioria dos casos estrutura funcional. O ABC,
nesta visão horizontal, procura custear processos; os processos são via de regra,
interdepartamentais, indo além da organização funcional. O ABC, assim, pode ser
visto como uma ferramenta de análise dos fluxos de custs, e quanto mais
processos interdepartamentais houver na empresa, tanto maiores serão os
benefícios do ABC. Uma observação importante: quando se tem por objetivo
calcular os custos dos processos, é preciso decidir sobre a inclusão, ou não, nos
custos das atividades que compõem os processos, de determinados itens de
custos diretamente alocáveis a produtos ou linhas, como por exemplo, materiais
diretos, sucatas, refugos, comissões, etc. (MARTINS, 2009).

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Portanto, existe mais de um modelo para o ABC, dificultando que se entende


por custeio baseado em atividades. Para alguns autores, o enfoque é dado mais
para o cálculo de custos (o lado do método) enquanto que, para outros, o ABC
está mais relacionado com decisões no âmbito estratégico, passando, ainda pela
melhoria dos processos. Essas confusões e divergências de visão estão
relacionadas com a própria origem do ABC, que começou a ser amplamente
divulgado em ambientes de discussões sobre a empresa moderna, o que o ligou,
naturalmente, a essa problemática (BORNIA, 2005).

Uma das grandes vantagens do ABC frente a outros sistemas e custos mais
“tradicionais” é que ele permite uma analise que não se restringe ao custo do
produto, sua lucratividade ou não, sua continuidade ou não, etc., mas permite que
os processos que ocorrem dentro da empresa também sejam custeados. Aliás,
talvez aqui estejam seus maiores méritos. Uma vez que os processos são
compostos por atividades que se inter-relacionam, tal análise permite uma
visualização das atividades que podem ser melhoradas, reestruturadas ou até
mesmo eliminadas dentro de um processo, de forma a melhorar o desempenho
competitivo da empresa. (MARTINS, 2009)

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1 – Método RKW

O método RKW (Reichskuratorium Für Wirtschaftlichkeit) é também


conhecido como método dos centros de custos e surgiu na Alemanha no século
XX. O RKW consiste no rateio dos custos de produção e de todas as despesas da
empresa, inclusive financeiras, a todos os produtos. O RKW apropria os custos à
produção em determinado período utilizando-se da estrutura organizacional da
empresa. O custo indireto é alocado de acordo com os critérios considerados mais
justos, procurando uma melhor distribuição dos custos indiretos.
Através da estrutura organizacional, é possível identificar quais os
departamentos da empresa, geralmente um departamento é um centro de custos,
ou seja, nele são alocados custos para posterior apropriação aos produtos.

Etapas do Método RKW


a) Separação dos custos em itens;
b) Divisão da empresa em centros de custos;
c) Identificação dos custos com os centros (distribuição primária);
d) Redistribuição dos custos dos centros indiretos até os diretos (distribuição
secundária);
e) Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos (distribuição final).
(Fonte: BÓRNIA, 2002)

a) Separação dos custos em itens – Consiste na identificação dos custos,


relacionando-os com os produtos ou com os centros de custos.

b) Divisão da empresa em Centros de Custos – Identificar quais são os centros


de custos em uma empresa. Um departamento pode ter mais de um centro de
custos (comum), assim como pode ser que um centro de custos seja composto
por mais de um departamento (não é comum).

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c) Identificação dos custos com os centros – É a relação dos custos com cada
centro de custo. Por exemplo, o rateio do aluguel (custo) com cada departamento
(centro de custos);

d) Redistribuição dos custos dos centro indiretos até os diretos – É repassar


os custos dos centros auxiliares (indiretos, que não tem relação com o produto),
para os centros de custos produtivos (diretos, que tem identificação com a
produção), como estudamos na departamentalização, que nada mais é do que
atribuir o nome de departamento ao centro de custos;

e) Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos – Por ter uma
clara identificação com a produção, os centros de custos diretos permitem o
repasse de custos para os produtos.

Com a devida adaptação de separar os custos e despesas, diferente de sua


concepção onde tanto custos como despesas eram repassados aos produtos, o
método RKW é o método mais utilizado no Brasil, inclusive academicamente. Tem
a vantagem de ser um método simples. Porém a desvantagem de que nem
sempre os critérios utilizados para a realização dos rateios são os mais justos,
podendo trazer algumas distorções. É um método válido e pode ser utilizado pela
empresa para fins de comprovação do custo de produção.

Vamos a partir de agora fazer alguns exercícios para composição do preço


de custo dos produtos, seguindo o Custeio por Absorção Parcial.

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Passos para a Resolução dos Exercícios de Custos:


1 – Separação dos Gastos em Custos, Despesas e Investimentos.
A empresa Ensino à Distância Ltda, durante o período de Outubro de 2006,
apresentou uma lista com os seguintes gastos:
a) Folha de pagamento da Administração R$ 25.000,00 (despesa);
b) Matéria-Prima utilizada na produção R$ 120.000,00 (custos);
c) Energia elétrica da administração R$ 120,00 (despesa);
d) Energia elétrica da fábrica R$ 250,00 (custos);
e) Material Secundário utilizado na fabricação R$ 35.000,00 (custos);
f) Material de Embalagem utilizado na fábrica durante o período R$ 60.000,00
(custos);
g) Folha de pagamento da fábrica R$ 80.000,00 (custos);
h) Despesas financeiras R$ 12.000,00 (despesa);
i) Compra de Máquinas para a fábrica R$ 40.000,00 (investimento);
j) Aluguel da fábrica R$ 5.000,00 (custo);
k) Material de Consumo da administração R$ 2.500,00 (despesa);
l) Material de Consumo da fábrica R$ 4.000,00 (custo);
m) Depreciação de Máquina da fábrica R$ 200,00 (custo);
n) Frete dos produtos vendidos R$ 1.200,00 (despesa).

Separando:
Investimentos R$ 40.000,00 - São registrados no Ativo.
Despesas R$ 40.820,00 - São registradas na DRE.
Custos R$ 304.450,00 - Serão registrados no Estoque, depois de identificados aos produtos.

2 – Identificar os Custos aos Produtos


Neste momento devemos separar o custo direto lançando no produto.

Produto Matéria-Prima M.Secundário M. Embalagem Mão-de-Obra TOTAL


A R$ 48.000,00 R$ 14.000,00 R$ 24.000,00 R$ 32.000,00 R$ 118.000,00
B R$ 42.000,00 R$ 12.250,00 R$ 21.000,00 R$ 28.000,00 R$ 103.250,00
C R$ 30.000,00 R$ 8.750,00 R$ 15.000,00 R$ 20.000,00 R$ 73.750,00
TOTAL R$ 120.000,00 R$ 35.000,00 R$ 60.000,00 R$ 80.000,00 R$ 295.000,00

Produto TOTAL %
A R$ 118.000,00 40
B R$ 103.250,00 35
C R$ 73.750,00 25
TOTAL R$ 295.000,00 100

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3 - Agora é preciso distribuir o Custo Indireto.


Como já vimos, os custos indiretos por não permitir identificação em
quantidade e valor necessitam de um rateio (distribuição) para alocação aos
produtos.
Levando em consideração que o valor dos custos indiretos são baixos com
relação ao Custo Total, vamos distribuir os custos indiretos utilizando como critério
de rateio a proporção entrada dos custos diretos.

Energia Elétrica R$ 250,00 Produto Porcentagem C. Indireto


Aluguel R$ 5.000,00 A 40 R$ 3.780,00
Material de Consumo R$ 4.000,00 B 35 R$ 3.307,50
Depreciação Máquina R$ 200,00 C 25 R$ 2.362,50
Total R$ 9.450,00 Total 100 R$ 9.450,00
Agora sabemos o custo total de cada produto.

Produtos Materiais Mão-de-Obra GGF (C.Indireto) Custo Total


A R$ 86.000,00 R$ 32.000,00 R$ 3.780,00 R$ 121.780,00
B R$ 75.250,00 R$ 28.000,00 R$ 3.307,50 R$ 106.557,50
C R$ 53.750,00 R$ 20.000,00 R$ 2.362,50 R$ 76.112,50
TOTAL R$ 215.000,00 R$ 80.000,00 R$ 9.450,00 R$ 304.450,00

Sabendo a quantidade de produtos produzidos, é possível saber o custo


unitário. Vamos supor que a empresa durante o período tenha fabricado:
20.000 produtos A, 10.000 produtos B e 5.000 produtos C.

Assim,
Produtos Custo Total Custo Unitário
A R$ 121.780,00 R$ 6,09
B R$ 106.557,50 R$ 10,66
C R$ 76.112,50 R$ 15,22
TOTAL R$ 304.450,00

Agora é a sua vez!!!!

Faça o Cálculo do Custo Total dos Produtos Abaixo discriminados sabendo


que:
a) Folha de pagamento da Administração R$ 50.000,00;
b) Folha de pagamento da fábrica R$ 100.000,00;
c) Material de Consumo da administração R$ 1.500,00
d) Materiais utilizados na produção R$ 160.000,00;
e) Energia elétrica da administração R$ 120,00;
f) Energia elétrica da fábrica R$ 500,00;
g) Aluguel da fábrica R$ 5.000,00;
h) Depreciação de Máquina da fábrica R$ 500,00;
i) Despesas financeiras R$ 12.000,00;
j) Despesas Administrativas R$ 20.000,00;
k) Material de Consumo da fábrica R$ 6.000,00
l) Frete dos produtos vendidos R$ 2.000,00.
m) Fatura de Água da Fábrica R$ 200,00;
n) Outros Custos Indiretos de Fabricação R$ 20.000,00.

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Utilize a tabela abaixo para distribuir os Custos Diretos


Produtos Materiais Mão-de-Obra
A 55 % 55%
B 45 % 45%
Total 100 % 100%

Distribua os Custos Indiretos na mesma proporção dos Custos Diretos aos


Produtos.
Calcule o Custo Unitário sabendo que a empresa fabrica:
500 produtos A e 400 produtos B.

Exercício de Cálculo do Preço do Produto


Princípio do Custeio por Absorção Sem Departamentalização.

A empresa Custos é Fácil Ltda, fabrica mesas e cadeiras. Durante o período foram
fabricadas 400 mesas e 1.000 cadeiras. Calcule o Custo Total de fabricação de
cada produto e também seu custo unitário, sabendo que:

Produto Materiais Mão-de-Obra Direta


Mesas (por Unidade) 5 m3 de madeira 2 horas
Cadeiras (por Unidade) 1 m3 de madeira 30 minutos
O Custo do m3 de madeira é de R$ 30,00; O custo da hora de Mão-de-Obra Direta é de R$ 50,00.

Os custos indiretos no período foram:


Aluguel R$ 2.000,00 Água R$ 120,00
Energia Elétrica R$ 500,00 Outros R$ 200,00
MOI R$ 5.000,00
O critério utilizado para fazer o rateio do Custo indireto foi:
a) Para o aluguel, Água e Outros – O Total de material consumido por cada produto;
b) Para a MOI e Energia Elétrica – O Total de horas trabalhadas em cada produto.

Calculando o Custo do Produto:


Você lembra a fórmula de composição do custo industrial?
CI = M + MO + GGF .

Onde, CI=Custo Industrial, M=Materiais, MO=Mão-de-Obra, e GGF=Gastos Gerais de Fabricação.

Então vamos calcular cada um dos componentes do custo de cada produto agora!

Materiais
Mesa = 5 (m3) x 30,00 (custo por m3) x 400 (quant. Produzida) = R$ 60.000,00;
Cadeira = 1 (m3) x 30,00 (custo por m3)x 1.000 (quant. Prod.) = R$ 30.000,00.

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Mão-de-Obra
Mesa = 2 (horas) x 50 (custo por hora) x 400 (quant. Produzida) = R$ 40.000,00;
Cadeira = 0,5 (hora) x 50 (custo por hora) x 1.000 (quant. Prod.) = R$ 25.000,00;

Custos Indiretos

 Aluguel, Água e Outros = ( 2.000,00 + 120,00 + 200,00) = R$ 2.320,00


Critério = Material consumido = R$ 90.000,00 - 100 % - R$ 2.320,00
Mesa = R$ 60.000,00 _ 66,67% = R$ 1.546,74
Cadeira = R$ 30.000,00 - 33,33 % = R$ 773,26

 MOI e Energia Elétrica = (5.000,00 + 500,00) = R$ 550,00


Critério = Total de Horas Trabalhadas = R$ 65.000,00 – 100% - R$ 550,00
Mesa = R$ 40.000,00 - 61,54% = R$ 338,47
Cadeira = R$ 25.000,00 – 38,46% = R$ 211,53

Custo Indireto da Mesa = (R$ 1.546,74 + R$ 338,47) = R$ 1.885,21


Custo Indireto da Cadeira = (R$ 773,26 + R$ 211,53) = R$ 984,79

Produto Materiais Mão-de-Obra Custos Custos Custo


Indiretos Totais Unitário
Mesa 60.000,00 40.000,00 1.885,21 101.885,21 ÷ 400 R$ 254,71
Cadeira 30.000,00 25.000,00 984,79 55.984,79 ÷ 1.000 R$ 55,98

Exercício de Cálculo do Preço do Produto - É a sua vez!!!


Princípio do Custeio por Absorção Sem Departamentalização.

A empresa Agora é Comigo Ltda, fabrica toalha de banho e toalha de rosto..


Durante o período foram fabricadas 10.000 toalhas de banho e 30.000 toalhas de
mesas. Calcule o Custo Total de fabricação de cada produto e também seu custo
unitário, sabendo que:

Produto Materiais Mão-de-Obra Direta


Toalhas Banho(por Unidade) 1 m de tecido 5 minutos
Toalhas Rosto (por Unidade) 0,4 m de tecido 5 minutos
O Custo do m de tecido é de R$ 10,00; O custo da hora de Mão-de-Obra Direta é de R$ 60,00.

Os custos indiretos no período foram:


Aluguel R$ 1.000,00 Água R$ 100,00
Energia Elétrica R$ 400,00
MOI R$ 2.000,00
O critério utilizado para fazer o rateio do Custo indireto foi:
c) Para o aluguel, Água – O Total de material consumido por cada produto;
d) Para a MOI e Energia Elétrica – O Total de horas trabalhadas em cada produto.

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Calculando o Custo do Produto:

Materiais
Toalha de Banho =

Toalha de Rosto =

Mão-de-Obra
Toalha de Banho =

Toalha de Rosto =

Custos Indiretos

Aluguel, Água

MOI e Energia Elétrica

Custo Indireto da Toalha de Banho =


Custo Indireto da Toalha de Mesa =

Produto Materiais Mão-de-Obra Custos Custos Custo


Indiretos Totais Unitário
Toalha
Banho
Toalha
Rosto

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Exercícios de Cálculo do Preço do Produto


Princípio do Custeio por Absorção utilizando a Departamentalização.
Método da hierarquização, para rateio dos Custos Indiretos.

A empresa Chocolates à Distância Ltda, fabrica os chocolates Doce e


Amargo. Os custos diretos referentes aos produtos foram:
Chocolate Materiais Mão-de-Obra
Doce R$ 40.000,00 R$ 3.500,00
Amargo R$ 25.000,00 R$ 2.500,00
Os custos indiretos foram os seguintes:
Aluguel R$ 1.000,00; Materiais indiretos R$ 4.000,00; Energia elétrica R$ 400,00;
Outros custos indiretos R$ 5.000,00. Sabe-se que:
a) O aluguel é distribuído de acordo com a área ocupada;
b) O consumo de energia é lançado integralmente na administração;
c) Os materiais indiretos são lançados na produção.
d) Os outros custos indiretos têm como base de rateio o número de horas
trabalhadas em cada departamento.
Dados coletados no período:
Produção Embalagem Manutenção Administração Total
Área 500 m2 50m2 20m2 50m2 620m2
Horas Trab. 2.640 horas 440 horas 440 horas 1.100 horas 4.620 horas

A distribuição dos custos indiretos dos departamentos auxiliares para os


produtivos será:
a) A administração repassa 60% do custo para a produção, 30% para a
embalagem e 10% para a manutenção;
b) A manutenção repassa o seu custo para na ordem de 80% para a produção e
20% para a embalagem;
c) Os departamentos produtivos repassam o seu custo pela quantidade
produzida.
Chocolate Doce = 60.000
Chocolate Amargo = 40.000
Resolução:

1 – Tabela de Distribuição dos Custos Indiretos aos Departamentos


Custo Indireto Produção Embalagem Manutenção Administração TOTAL
Aluguel 806,44 80,65 32,26 80,65 1.000,00
Energia - - - 400,00 400,00
4.000,00 - - - 4.000,00
Mat.
Indireto
Outros C.I. 2.857,14 476,19 476,19 1.190,48 5.000,00
TOTAL 7.663,58 556,84 508,45 1.671,13 10.400,00

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2 – Rateio dos Custos Indiretos para os Departamentos Produtivos


Produção Embalagem Manutenção Administração Soma
C. Indireto 7.663,58 556,84 508,45 1.671,13 10.400,00
Rateio Adm. 1.002,68 501,34 167,11 1.671,13
540,45 135,11 675,56
Rateio
Almox.
TOTAL 9.206,71 1.193,29 10.400,00
3 – Repasse dos Custos Indiretos para os Produtos
Critério: Quantidade Produzida
Chocolate Doce Amargo
Produção 60.000,00 40.000,00
% 60% 40%

Departamento Choc. Doce (60%) Choc. Amargo (40%) Total


Produção 5.524,03 3.682,68 9.206,71
Embalagem 715,97 477,32 1.193,29
TOTAL 6.240,00 4.160,00 10.400,00

4 – Planilha de Custo do Produto

Choc. Doce Choc. Amargo


Matéria-Prima 40.000,00 25.000,00
MOD 3.500,00 2.500,00
Custo Indireto 6.240,00 4.160,00
CUSTO TOTAL 49.740,00 31.660,00

5 – Custo Unitário do Produto

Custo Unitário = Custo total


Quant. Produzida

Chocolate Doce = R$ 49.740,00 / 60.000 = R$ 0,83


Chocolate Amargo = R$ 31.660,00 / 40.000 = R$ 0,79

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Exercícios de Cálculo do Preço do Produto (continuação)

Princípio do Custeio por Absorção utilizando a Departamentalização.


Método da hierarquização, para rateio dos Custos Indiretos.

Custos Diretos:
Camisas Calças
Materiais 45.000,00 55.000,00
MOD 25.000,00 20.000,00

Custos Indiretos específico de Cada Departamento


Estamparia Costura Corte Almoxarifado Administração Total
MOI R$ 800,00 R$ 400,00 R$ 400,00 R$ 1.000,00 R$ 4.200,00 R$ 6.800,00

Custos Indiretos de Fabricação comuns a todos os Departamentos


Aluguel R$ 5.000,00 Energia R$ 2.000,00 Água R$ 496,00
Critério de M2 250m2 Kw 500 Kw Numero de 32
Rateio consumidos Funcionários Funcionários

Informações disponíveis:
Estamparia Costura Corte Almoxarifado Administração TOTAL

m2 60 90 50 30 20 250

Kw 100 150 125 85 40 500

nº 4 15 6 2 5 32
Func.

Rateio dos Custos Indiretos aos Departamentos:


Administração Geral: Pelo número de Funcionários dos Departamentos.
Almoxarifado: Estamparia 20% ; Costura 30 % e Corte 50%

Informações Adicionais:
A empresa durante o período produziu: 4.500 camisas que passam por todos os
departamentos e 2.000 calças que passam apenas pelos departamentos corte e
costura.
A distribuição dos custos indiretos dos departamentos corte e costura é feita na
mesma proporção do material utilizado por cada produto.

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Resolução:

1 – Tabela de Distribuição dos Custos Indiretos aos Departamentos.


Estamparia Costura Corte Almoxarifado Administração TOTAL
R$ R$ R$ R$ R$ R$
Aluguel 1.200,00 1.800,00 1.000,00 600,00 400,00 5.000,00

Energia 400,00 600,00 500,00 340,00 160,00 2.000,00

Água 62,00 232,50 93,00 31,00 77,50 496,00

MOI 800,00 400,00 400,00 1.000,00 4.200,00 6.800,00

TOTAL 2.462,00 3.032,50 1.993,00 1.971,00 4.837,50 14.296,00

2 – Rateio dos Custos Indiretos para os Departamentos Produtivos.


Estamparia Costura Corte Almoxarif. Administr. Soma
R$ R$ R$ R$ R$ R$
Custo 2.462,00 3.032,50 1.993,00 1.971,00 4.837,50 14.296,00
Indireto
Rateio da 716,67 2.687,50 1.075,00 358,33 4.837,50
Adm.
Rateio do 465,87 698,80 1.164,66 2.329,33
Almoxarif.
TOTAL 3.644,54 6.418,80 4.232,66 14.296,00

Observação: Para distribuir o custo da Administração dividi-se o custo indireto do


departamento R$ 4.837,50 pelo número de funcionário dos demais
departamentos. Assim:

Rateio da Administração: R$ 4.837,50 / 27 = R$ 179,17 por funcionário


Estamparia = R$ 179,17 x 4 = R$ 716,67
Costura = R$ 179,17 x 15 = R$ 2.687,50
Corte = R$ 179,17 x 6 = R$ 1.075,00
Almoxarifado=R$ 179,17 x 2 = R$ 358,33

TOTAL R$ 4.837,50

Rateio do Almoxarifado: R$ 1.971,00 + R$ 358,33 = R$ 2.329,33


Estamparia = R$ 2.329,33 x 20% = R$ 465,87
Costura = R$ 2.329,33 x 30% = R$ 698,80
Corte = R$ 2.329,33 x 50% = R$ 1.164,66
TOTAL R$ 2.329,33

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3 – Repasse dos Custos Indiretos para os Produtos


Departamento Camisa (45%) Calça (55%) Total
Estamparia R$ 3.644,54 - R$ 3.644,54
Costura R$ 2.888,46 R$ 3.530,34 R$ 6.418,80
Corte R$ 1.904,70 R$ 2.327,96 R$ 4.232,66
TOTAL R$ 8.437,70 R$ 5.858,30 R$14.296,00
a) A calça não passa pela estamparia
b) O critério de rateio é o do material direto, assim:
Camisas Calças
Matéria-Prima 45.000,00 55.000,00

4 – Planilha de Custo do Produto

Camisas Calças
Matéria-Prima R$ 45.000,00 R$ 55.000,00
MOD R$ 25.000,00 R$ 20.000,00
Custo Indireto R$ 8.437,70 R$ 5.858,30
CUSTO TOTAL R$ 78.437,30 R$ 80.858,30

5 – Custo Unitário do Produto

Custo Unitário = Custo total


Quant. Produzida

Custo Unitário das Camisas = 78.437,30 / 4.500 = R$ 17,43

Custo Unitário das Calças = 80.858,30 / 2.000 = R$ 40,43

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Exercícios de Cálculo do Preço do Produto (continuação)

Princípio do Custeio por Absorção utilizando a Departamentalização.


Método da hierarquização, para rateio dos Custos Indiretos.
Calcule o Custo Unitário e o Total dos três produtos fabricados no mês de Outubro de 2006,
usando as informações abaixo:
Produto A Produto B Produto C
Quantidade Produzida 2.475 2.000 7.000

Custos Diretos:
Materiais Diretos Mão-De-Obra Direta
Produto A R$ 400.000,00 Produto A R$ 60.000,00
Produto B R$ 100.000,00 Produto B R$ 80.000,00
Produto C R$ 300.000,00 Produto C R$ 50.000,00
Gastos Gerais de Fabricação Diretos:
Produto A R$ 35.000,00
Produto B R$ 25.000,00
Produto C R$ 15.000,00

Custos Indiretos de Fabricação comuns a todos os Departamentos


Aluguel: R$ 9.400,00 Energia Elétrica: R$ 4.800,00 Água R$ 3.400,00
Critério: m2 por Depart. Kw consumidos nº Funcionários
e Manutenção
Adminstração

Almoxarifado
Conservação
Acabamento
Montagem
Corte

Geral

m2 1500 1000 500 30 200 1470

Kw 3000 3000 2000 500 5000 2500

nº Func. 8 7 4 2 10 3

Critério para Rateio dos Custos Indiretos aos departamentos:


Administração Geral: Número de Funcionários dos Departamentos
Conservação e Manutenção: Horas de Serviços prestados por Departamentos:
Almoxarifado: 50 horas; Corte: 70 horas; Montagem: 30 horas; Acabamento: 40 horas
Almoxarifado: Volume de Materiais requisitados pelos departamentos produtivos.
Corte: 150 Montagem: 40 Acabamento: 20
Mapa de Horas/Máquinas consumidas nos Departamentos Produtivos
Produtos Corte H/M Montagem H/M Acabamento H/M Total
Produto A 100 40 20 160
Produto B 80 50 30 100
Produto C 20 --- 10 30
Soma 200 90 60 350

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1 – Tabela de Distribuição dos Custos Indiretos aos Departamentos:

Almoxarif.
Montagem

Adminstr.

Conserv.e
Acabam.

Manut.
Corte

Geral

Total
Aluguel

Energia

Água

TOTAL

2 – Rateio dos Custos Indiretos para os Departamentos Produtivos

Almoxarif.
Montagem

Adminstr.

Conserv.e
Acabam.

Manut.
Corte

Geral

Total
Custo Indireto

Rateio Adm.

Rateio Conserv e
Man.
Rateio Almox.

Total

MAPA DO RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS AOS PRODUTOS


Departamentos Produto A Produto B Produto C Total
Corte
Montagem
Acabamento
Soma

MAPA DO CUSTO TOTAL DA PRODUÇÃO DO MÊS DE OUTUBRO/2004


CUSTOS PRODUTO A PRODUTO B PRODUTO C TOTAL
Custos Diretos
Custos Indiretos
Soma

MAPA DE CÁLCULO DO CUSTO UNITÁRIO


Produto A Produto B Produto C
Custo Total
Custo Unitário

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Análise de Custo-Volume-Lucro
Ponto de Equilíbrio

Relembrando, existem custos e despesas que são fixos, ou seja, não tem
relação com a produção. Independente da quantidade produzida e vendida, estes
valores permanecerão os mesmos. Assim como há custos e despesas que tem
relação direta com a produção e venda, como é o caso dos custos com materiais e
despesas com impostos. Quanto maior for o valor produzido e vendido, maior será
o valor de custos e despesas no período.
Uma das vantagens desta classificação dos custos e despesas em fixos e
variáveis, de acordo com o volume de produção, é a possibilidade de calcular o
Ponto de Equilíbrio, em outras palavras, o ponto em que a empresa consegue
cobrir os seus custos e despesas. Dizer que uma empresa está em ponto de
equilíbrio, equivale dizer que a empresa não tem lucro ou prejuízo, ou seja, a
receita com as vendas no período cobriu os custos e despesas totais.

Custos
Receita Total + Despesas
A Pass
ti ivo e
O Prof. Elizeu Martins vno Livro Contabilidade
PL de Custos (MARTINS, 2009)
comenta que o ponto de oequilíbrio (também denominado Ponto de Ruptura –
Break-even Point) nasce da conjugação dos Custos e Despesas Totais com as
Receitas Totais.
Para facilitar a compreensão, abaixo está um quadro que permite visualizar o
ponto de equilíbrio e sua determinação que surge da relação da receita com os
custos e despesas da empresa.

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Receitas Totais
$
Ponto de Equilíbrio Lucro

Variáveis
Custos e
Despesas Totais
(fixos + variáveis)
Prejuízo Fixos

Volume de produção

(Fonte: MARTINS, 2009, p.258 )

Observe a figura acima para perceber que até o ponto de equilíbrio, a empresa
está tendo mais custos e despesas do que Receitas, encontrando-se, por isso, na
faixa do Prejuízo; acima do ponto de equilíbrio a empresa apresenta receita maior
do que os custos e despesas, entrando na faixa do Lucro.
Antes de aprender a calcular o Ponto de equilíbrio, vamos aprender a calcular a
margem de contribuição.

Margem de Contribuição = É a diferença entre a receita proveniente da venda e


o custos (+ despesas) variáveis provenientes desta receita. Para o cálculo do
Ponto de equilíbrio, devemos conhecer a margem de contribuição unitária.

Margem de Contribuição Unitária = Preço de Venda Unitário – Custo (+ Despesa) variável unitário.

Exemplo de cálculo da Margem de contribuição:

Empresa Preço Vd. Unit. C + D Variáv. unit. Margem de Contrib Unit.


A R$ 500,00 R$ 450,00 R$ 50,00
B R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 2,00
C R$ 5,00 R$ 4,00 R$ 1,00
D R$ 30,00 R$ 25,00 R$ 5,00

Poderíamos dizer que a margem de contribuição é o lucro, se ainda não tivéssemos que cobrir
os custos e despesas fixas. Mas agora ficou mais fácil calcular a quantidade de produtos que a
empresa precisa vender para encontrar o ponto de equilíbrio.

Ponte de Equilíbrio (PEQ) = Custo + Despesas Fixas


Em quantidades Margem de Contribuição

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Para encontrar o ponto de equilíbrio em reais, basta multiplicar o Ponto de Equilíbrio em


quantidades pelo valor unitário de vendas.

Ampliando o quadro anterior temos:


Empresa Preço Vd. C+D Variáveis M. C. Unit. C+D Fixos P.E P.E. R$
Unit. R$ Unit. R$ R$ R$ Unidades
A 500,00 450,00 50,00 10.000,00 200 100.000,00
B 10,00 8,00 2,00 10.000,00 5.000 50.000,00
C 5,00 4,00 1,00 10.000,00 10.000 50.000,00
D 30,00 25,00 5,00 10.000,00 2.000 60.000,00

Para confirmar a veracidade da fórmula, vamos confirmar os cálculos:

a) Empresa A - Preço de Venda Unitário= R$ 500,00 x 200 = R$ 100.000,00 Receita Total


(-) C + D variáveis = R$ 450,00 x 200 = R$ (90.000,00) (C + D) Totais
(-) C + D fixos = R$ (10.000,00)
Situação = R$ 0,00 Equilíbrio

b) Empresa B - Preço de Venda Unit. = R$ 10,00 x 5.000 = R$ 50.000,00 Receita Total


(-) C + D variáveis = R$ 8,00 x 5.000 = R$ (40.000,00 ) (C + D) Totais
(-) C + D fixos = R$ (10.000,00)
Situação = R$ 0,00 Equilíbrio

c) Empresa C - Preço de Venda Unit. = R$ 5,00 x 10.000 = R$ 50.000,00 Receita Total


(-) C + D variáveis = R$ 4,00 x 10.000 = R$ (40.000,00 ) (C + D) Totais
(-) C + D fixos = R$ (10.000,00)
Situação = R$ 0,00 Equilíbrio

d) Empresa D - Preço de Venda Unit. = R$ 30,00 x 2.000 = R$ 60.000,00 Receita Total


(-) C + D variáveis = R$ 25,00 x 2.000 = R$ (50.000,00 ) (C + D) Totais
(-) C + D fixos = R$ (10.000,00)
Situação = R$ 0,00 Equilíbrio

Agora é sua vez!


Calcule a Margem de Contribuição Unitária e o Ponto de Equilíbrio em quantidade e valores,
conforme a tabela abaixo:

Empresa Preço Vd. C+D Variáveis M. C. Unit. C+D Fixos P.E P.E. R$
Unit. R$ Unit. R$ R$ R$ Unidades
A 60,00 40,00 8.000,00
B 0,80 0,70 12.000,00
C 1.000,00 900,00 20.500,00
D 20,00 18,00 40.000,00

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Calcule a Margem de Contribuição Unitária e o Ponto de Equilíbrio em quantidade e valores,


conforme a tabela abaixo:

Empresa Preço Vd. C+D Variáveis M. C. Unit. C+D Fixos P.E P.E. R$
Unit. R$ Unit. R$ R$ R$ Unidades
A 100,00 80,00 40.000,00
B 20,00 15,00 18.000,00
C 200,00 150,00 30.000,00
D 120,00 110,00 20.000,00

Observação Importante!

O Princípio do Custeio Variável ou Direto permite o cálculo do Ponto de


Equilíbrio, pois separa os custos e despesas em fixos e variáveis.

Para o cálculo do ponto de equilíbrio pelo Princípio de Custeio Por Absorção,


o Prof. Eliseu Martins ensina o seguinte no livro Contabilidade de Custos (2003)
de sua autoria: “Esse cálculo só é válido, no Custeio por Absorção quando a
produção for igual à venda, em termos de unidades, e não houver estoques finais;
caso contrário, haverá sempre o problema dos custos fixos mantidos em estoque
que provocarão distorções, ora para mais, ora para menos... No Custeio por
Absorção o Resultado será o calculado pelo Ponto de Equilíbio (ou Custeio
Variável) menos os custos fixos do estoque anterior mais os de estoque final”.

Análise de Custo-Volume-Lucro
Margem de Segurança

É a diferença entre o que a empresa produz e vende, e seu ponto de equilíbrio.


Ou seja, é o que ultrapassa o ponto de equilíbrio. Recebe o nome de margem de
segurança porque é o adicional que mesmo sendo reduzido não deixará a
empresa na faixa de prejuízo. Assim como o Ponto de Equilíbrio, a Margem de
Segurança pode ser fornecida em quantidade e em reais. A margem de
Segurança pode também ser fornecida em porcentagem, pois permite a
comparação com o ponto de equilíbrio.

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Para encontrar a Porcentagem da Margem de Segurança, basta dividir o


excedente pelo total das vendas.
M.S. = Excedente do Ponto de Equilíbrio
Total de Vendas

Empresa Preço Vd. C+D Variáveis M. C. Unit. C+D Fixos P.E P.E. R$
Unit. R$ Unit. R$ R$ R$ Unidades
A 500,00 450,00 50,00 10.000,00 200 100.000,00
B 10,00 8,00 2,00 10.000,00 5.000 50.000,00
C 5,00 4,00 1,00 10.000,00 10.000 50.000,00
D 30,00 25,00 5,00 10.000,00 2.000 60.000,00

Vamos imaginar que a venda das empresas acima foram as seguintes:


Empresa Quantidade M. S. M.S. em M.S. em %
Vendida Unidades R$
A 220 20 10.000,00 9,09
B 5.555 555 5.550,00 9,99
C 15.000 5.000 25.000,00 33,33
D 4.000 2.000 60.000,00 50

Vamos conferir o cálculo:


Empresa Quantidade (-) Redução Redução em = Ponto
Vendida das Vendas%. unidades Equilíbrio
A 220 9,09 20 200
B 5.555 9,99 555 5.000
C 15.000 33,33 5.000 10.000
D 4.000 50 2.000 2.000

Calcule a Margem de Segurança do Exercício da tabela abaixo:


Empresa Preço Vd. C+D Variáveis M. C. Unit. C+D Fixos P.E P.E. R$
Unit. R$ Unit. R$ R$ R$ Unidades
A 60,00 40,00 20,00 8.000,00 400 24.000,00
B 0,80 0,70 0,10 12.000,00 120.000 96.000,00
C 1.000,00 900,00 100,00 20.500,00 205 205.000,00
D 20,00 18,00 2,00 40.000,00 20.000 400.000,00

Empresa Quantidade M. S. M.S. em R$ M.S. em %


Vendida Unidades
A 800
B 300.000
C 330
D 22.000

Confira o cálculo para confirmar se está correto, preenchendo a tabela abaixo:


Empresa Quantidade (-) Redução Redução em = Ponto Equilíbrio
Vendida das Vendas%. unidades
A
B
C
D

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Cálculo do Preço de Venda

Este tema é também conhecido com precificação (fixar o preço). Este assunto
chama muito a atenção. Calcular o preço de venda é um desafio para a empresa
independente do porte e ramo de atividade.
Uma das lições de economia que cedo aprendemos é que a demanda tem
influência sobre o preço do produto. Quando a procura é pequena, os preços
caem e tornam-se mais atrativos para aumentar o interesse pelo produto. Quando
a procura é grande o preço do produto aumenta. Esta é uma verdade relativa, nem
sempre esta premissa é verdadeira. Em alguns casos, o aumento das vendas
permite o aumento da produção, em alguns casos com redução de custos, e a
empresa aumenta seu lucro com o maior volume das vendas.
Na lógica tradicional obtemos o preço de venda adicionando a margem de lucro
em cima do preço de custo do produto.
O professor Antonio César Bórnia no livro Análise Gerencial de Custos (2002)
comenta que na empresa moderna o preço de venda é determinado pelo
mercado, alterando a forma tradicional. Se o preço já está formado, agora a
empresa deduz o custo para encontrar o seu lucro. O professor ainda aborda uma
terceira possibilidade em que o preço já está formado e a empresa determina o
seu lucro, e a gestão de custos tem que adequar o preço de custo de seus
produtos para atingir o seu objetivo que é o lucro fixado pela empresa.

Relação custo e preço:


1 – Empresa Tradicional Preço Venda = custo + lucro
2 - Empresa Moderna Lucro = preço de venda - custo
3 - Empresa Fixando o Lucro Custo = preço de venda - lucro

De qualquer forma sabemos que:


Custo Preço
de
Venda
Lucro

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Então o preço de venda pode ser estabelecido com base nos custos, no
mercado ou na expectativa de lucro da empresa.
Seja em qualquer das formas apresentadas. Conhecer o preço de custo do
produto é essencial, para se calcular o valor do lucro.
Markup – É um índice que após ser aplicado sobre o preço de custo de um
produto forma o seu preço de venda, levando em consideração a margem de
lucro, e todas as despesas como porcentagem da receita bruta da empresa.
Para a formação do markup deve-se considerar todas as despesas da empresa,
podem ser elas operacionais ou impostos incidentes sobre as vendas.

Por exemplo:
A empresa abaixo segue o Princípio do Custeio por Absorção e vamos calcular o
seu preço de venda.

Despesas Administrativas - 4% da Receita Bruta


Despesas Comerciais - 6 % da Receita Bruta
Tributos incidentes sobre a venda - 30 % da Receita Bruta
Margem de Lucro Esperada - 10 % da Receita Bruta

Total = 50% da Receita Bruta

Observações importantes:
a) As despesas administrativas são fixas, sendo necessário estimar o seu
percentual da receita bruta, o que provoca distorções;
b) As despesas comerciais, algumas são variáveis e outras fixas. Mesmo as
despesas variáveis não aumentam na mesma proporção do aumento das
vendas, merecendo um estudo mais apurado. Neste caso também é
preciso estimar;
c) Ao referir-se aos tributos, consideramos todos os incidentes sobre a venda
como: IPI, ICMS, ISS, PIS, COFINS, CSLL, IRPJ, entre outros. Enfim,
vamos relacionar todos os impostos, taxas e contribuições que existem
sobre o faturamento, de acordo com o regime de tributação da empresa.
d) Este cálculo é válido para o Custeio por Absorção, onde já estão incluídos
todos os custos e despesas, porém no caso do cálculo para o Custeio

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Direto ou Variável, devemos lembrar que os custos fixos não foram


incluídos no custo do produto e deverão ser adicionados, da mesma forma
que as despesas variáveis deverão ser deduzidas por já comporem o custo
do produto.
(Adaptado do Livro Contabilidade de Custos do Prof. Elizeu Martins - 9ª Ed. 2009 Pág.219)

Após as observações, vamos ao cálculo:

Supondo que o preço de custo unitário é de R$ 20,00.

Markup utilizado como divisor:

Preço de Venda = Preço de Custo


Markup

1 Preço de Venda= R$ 20,00 x 0,50 % do Preço de Venda)


Preço de venda (1 – 0,50) = R$ 20,00
Preço de Venda = R$ 20,00 = R$ 40,00.
0,50
Markup utilizado como multiplicador:

Preço de Venda = Preço de Custo x Markup

Markup Multiplicador = 1 = 2
(1- 0,5)
Preço de venda = R$ 20,00 x 2,00 = R$ 40,00

Vamos confirmar o cálculo


A empresa vendeu no período 500 unidades
Receita Operacional Bruta ---------------- R$ 20.000,00
(-) Impostos Sobre Venda ---------------- R$ (6.000,00) 30%
(-) Custo dos Produtos Vendidos --------- R$ (10.000,00) 50%
(-) Despesas Administrativas -------------- R$ ( 800,00) 4%
(-) Despesas Comerciais ------------------- R$ ( 1.200,00) 6%

Lucro do Período ------------------------------ R$ 2.000,00 10% - Margem de Lucro

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Calculo do Preço de Venda das Empresas abaixo, que seguem o Princípio do


Custeio por Absorção, utilizando o Markup como índice.
Caso Preço de D.A* % D.C** % Trib. M.L.E.**** Markup Markup Preço
Custo R$ Vd.*** % % Divisor Multiplic. Venda
A 25,00 8 12 35 10 0,35 2,8571 71,43
B 10,00 12 5 42 5 0,36 2,7778 27,78
C 5,00 7 7 32 8 0,46 2,1739 10,87
* Despesas Administrativas
** Despesas Comerciais
*** Tributos sobre as Vendas
**** Margem de Lucro Esperada

Agora é sua vez:


Calcule o Preço de Venda das Empresas abaixo, que seguem o Princípio do
Custeio por Absorção, utilizando o Markup como índice.
Caso Preço de D.A* % D.C** % Trib. S/ M.L.E.**** Markup Markup Preço
Custo R$ Vd.*** % % Divisor Multiplic. Venda
A 12,00 6 6 32 20
B 8,00 5 5 35 5
C 40,00 10 2 28 4
* Despesas Administrativas
** Despesas Comerciais
*** Tributos sobre as Vendas
**** Margem de Lucro Esperada

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BIBLIOGRAFIA

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Porto Alegre: Bookman, 2002.

BRUNI, Adriano Leal. A Administração de Custos, Preços e Lucros: Com


aplicações na HP 12C e Excel. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 2ª


Edição. São Paulo: Atlas, 2002.

FAGUNDES, Jair Antonio. Custos I. Disponível em <www.jair.fema.com.br>.


Acesso em: 25 Abr. 2007.

FONTOURA, Fernando Batista Bandeira da. Gestão de Custos: Uma Visão


Integradora e Prática dos Métodos de Custeio. São Paulo: Atlas, 2013.

FRANCO, Hilário. Contabilidade industrial: com apêndice de contabilidade


agrícola. 9ª edição, São Paulo: Atlas, 1991.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9ª Edição, revista. São Paulo: Atlas,


2009.

MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Métodos de Custeio Comparados:


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