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NOTA PÚBLICA DA ADUNIMONTES SOBRE

Gestão Aroeira
2011-2013
AS RESOLUÇÕES Nº 98 E 99 CEPEX/2011
A direção da Associação dos
Docentes da Unimontes (Adunimon-
tes) vem se posicionar publicamente
sobre as resoluções números 98 e 99,
do Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão (CEPEX), que estabelece-
`
ram normas e procedimentos gerais Consideramos muito grave o artigo 7º da resolução CEPEX no 98, que regulamen-
para a atribuição de encargos didáticos ta a discriminação de direitos existentes entre professores efetivos - por concurso ou
e docentes no âmbito de toda a “efetivados” pela Lei 10.254 de 20/07/1990 - e efetivados (LC 100/2007), retroceden-
Unimontes, previstas para serem do em todo debate sobre a isonomia, travado durante a greve do ano passado. A
aplicadas já no próximo semestre. resolução tenta disfarçar essa diferenciação nomeando o professor efetivado pela LC
100/2007 como “professor titular de cargo efetivo”, um eufemismo para afirmar a
Reconhecemos a necessidade de divisão da categoria entre os “docentes que possuem todos os direitos” e aqueles que
regulamentar os processos de “não possuem todos os direitos”.
atribuição dos encargos docentes
como forma de reduzir as distorções O artigo 1º determina que, a partir do próximo semestre, a vinculação do docente à
existentes no atual sistema e como disciplina será continuada, isto é, as disciplinas assumidas serão mantidas continua-
condição fundamental para melhorar as relações de trabalho entre damente nos semestres subsequentes. Consideramos essencial que a disciplina seja
os professores. No entanto, após a análise das duas resoluções, vinculada de forma continuada a partir da sua área de concentração de estudos,
inúmeros artigos e parágrafos causaram-nos preocupações, assunto que não é tocado pela resolução no 98. Porém, essa questão deve ser da
suscitaram críticas e geraram muitos questionamentos sobre a competência dos departamentos e dos colegiados de cursos, de acordo com o projeto
normatização proposta. Queremos compartilhar as nossas político pedagógico específico de cada um, e não a partir dos interesses da gestão
reflexões e impressões iniciais sobre tais resoluções com toda a superior, como normatiza a resolução. Isso contradiz, a nosso ver, toda a discussão já
comunidade acadêmica. realizada anteriormente na Unimontes e caminha na contramão da flexibilização
curricular realizada pela Pró-Reitoria de ensino em 2009.

Falta de Democracia Em seu artigo 7º, mantém o critério de classificação, hierarquizando docentes
efetivos e efetivados pela LC 100/2007 em três níveis, e segue sem reconhecer
Primeiramente, é necessário dizer que nos causou surpresa o
método apressado e centralizador utilizado pela direção do CEPEX imediatamente a titulação para a classificação dos professores, o que não estimula a
para aprovar as resoluções. Na contramão das práticas efetivamen- qualificação do corpo docente. Cabe ressaltar que a resolução de encargos didáticos
te democráticas, infelizmente, toda a tramitação realizou-se à parte apresentada deixa a desejar no que se refere à avaliação docente (Art. 12º) por ser
das instâncias departamentais. muito vaga e por normatizar a possibilidade de criar mais um instrumento de avaliação
(auto avaliação, avaliação discente e docente) pelo chefe de departamento, sem
O CEPEX aprovou as resoluções antes que a comunidade corrigir os que já existem, o que nos levanta muitas dúvidas sobre esse tema importa-
docente em geral tivesse a oportunidade de apreciar o seu conteú- tíssimo.
do, com o mínimo de tempo para analisá-lo. As resoluções foram
aprovadas, às pressas, em plenário; e enviadas em caráter de Em seu artigo 9º, a resolução 98 não regulamenta adequadamente a contratação
urgência, o que não permitiu nem “pedido de vistas” ao processo, de professores designados, definindo apenas que seu ingresso seja por processo
instrumento que adia a votação, permitindo maior tempo para seletivo. Processo seletivo é qualquer processo que elimine por avaliação qualificada
discutir a matéria em questão. A prioridade para a direção do e existem inúmeros métodos. Sem a definição geral, fica margem para que essas
conselho foi o tempo, e não a discussão ampla e democrática. múltiplas interpretações que mantenham espaço para favoritismos ou distorções nos
critérios que determinam o ingresso, como ocorre muito ainda hoje na Unimontes.

Afronta à autonomia Reestruturação do trabalho


dos departamentos docente e retirada de direitos
Não nos parece que o proposto ajude a solucionar os problemas
existentes, pelo contrário, as resoluções poderão trazer graves Em síntese, as nossas impressões iniciais são de que há, em curso na Unimontes,
consequências para as condições de trabalho do professor da uma reestruturação sobre o trabalho docente que está sendo dirigida pelas necessi-
Unimontes. Inicialmente, compreendemos que as resoluções dades de ajustes e contenções da SEPLAG e da política de choque de gestão do
podem comprometer a autonomia dos departamentos como governador Anastasia. A qualidade da educação nem sequer é lembrada.
instâncias de decisão, no que se refere ao ensino, à pesquisa e à Concretamente, as resoluções CEPEX nº 98 e 99 acarretarão a intensificação e a
extensão, delegando ao diretor de centro esse poder. Isto pode ser precarização do trabalho para o professor da Unimontes, seja ele efetivo ou efetivado,
observado no Artigo 6º da resolução de encargos didáticos, para diminuir drasticamente o número de professores designados necessários para
parágrafo 13, que confere ao diretor de centro o poder de deliberar suprir as demandas e, assim, diminuir, possivelmente, o número de vagas para serem
sobre as alterações e adaptações nos encargos didáticos que forem abertas nos concursos. Tudo isto para ser o menos dispendioso para o Estado de
realizadas pelos departamentos após a distribuição de aulas, já sob Minas.
as novas normas.
As resoluções necessitam ser amplamente debatidas, sem coerção, pelos
Nos artigos 9º e 14 se encontram casos flagrantes de afronta à departamentos, colegiados didáticos, em assembleias, em seminários criados para
autonomia dos departamentos, aos princípios da gestão subsidiar os professores, ou seja, é necessário criar diversos espaços de discussão
democrática e da autonomia universitária. O artigo 9ºsubmete a para envolver a comunidade docente neste processo, pois o que está em jogo é a
decisão do departamento de abrir vaga ou alterar as atribuições ao regulamentação do trabalho docente. Por isso, torna-se fundamental, neste momen-
diretor de centro e ao Comitê Gestor (composto por praticamente to, que a gestão e a direção do CEPEX revejam a aprovação das resoluções nos 98 e
todos os cargos da gestão superior). 99 sobre encargos docentes e didáticos e abra um processo imediato de discussão
ampla na Unimontes, passando pelas instâncias colegiadas dos departamentos,
O artigo 14 atribui ao “presidente do CEPEX ou a quem ele antes de serem implementadas.
delegar” a responsabilidade de resolver e arbitrar sobre os “casos
omissos e excepcionais” que existirem nas futuras atribuições. Isto De nossa parte, a Adunimontes tomará uma série de providências e iniciativas
significa, na prática, poder para a gestão superior da Unimontes políticas relacionadas às resoluções e criaremos canais diretos com os professores
definir arbitrariamente questões que são da esfera departamental, para sanar dúvidas e questionamentos. Convidamos todos os professores a debate-
além de centralizar as decisões que deveriam ser resolvidas no rem essas resoluções com seus colegas de departamento, assim como solicitarem
âmbito pedagógico do curso, e não no da gestão, segundo que essa discussão seja feita em reuniões departamentais convocadas para esse fim.
exigências de ajustes administrativos da SEPLAG e do governo do
Estado.

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