You are on page 1of 76

CELSO AUGUSTO PISSINATTI CARDOSO

OBTENÇÃO DO MÁXIMO MOMENTO DISPONÍVEL DE


PRIMEIRA ORDEM EM PILARES ESBELTOS DE SEÇÃO
CIRCULAR E ANELAR COM 𝐟𝐜𝐤 ATÉ 90 MPa,
COMPARANDO MÉTODOS APROXIMADOS COM
MÉTODOS EXATOS

Londrina
2017
CELSO AUGUSTO PISSINATTI CARDOSO

OBTENÇÃO DO MÁXIMO MOMENTO DISPONÍVEL DE


PRIMEIRA ORDEM EM PILARES ESBELTOS DE SEÇÃO
CIRCULAR E ANELAR COM 𝐟𝐜𝐤 ATÉ 90 MPa,
COMPARANDO MÉTODOS APROXIMADOS COM
MÉTODOS EXATOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Buchaim

Londrina
2017
CELSO AUGUSTO PISSINATTI CARDOSO

OBTENÇÃO DO MÁXIMO MOMENTO DISPONÍVEL DE


PRIMEIRA ORDEM EM PILARES ESBELTOS DE SEÇÃO
CIRCULAR E ANELAR COM 𝐟𝐜𝐤 ATÉ 90 MPa,
COMPARANDO MÉTODOS APROXIMADOS COM
MÉTODOS EXATOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Orientador: Prof. Dr. Roberto Buchaim
Universidade Estadual de Londrina - UEL

_____________________________________
Prof. Dr. Luiz Antônio S. de Sousa
Universidade Estadual de Londrina - UEL

_____________________________________
Prof. Dr. Paulo Sérgio Bardella
Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, 20 de Janeiro de 2017


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida, e a tudo que


me proporcionou.

Sou muito grato a meus pais Celso Cardoso e Vera Lucia Pissinatti,
principalmente pela paciência e pela parte de suas vidas que foi dedicada ao meu
desenvolvimento.

Agradeço toda minha família, que fazem minha vida melhor do que
eu seria capaz de fazer por mim mesmo.

Agradeço ao professor Dr. Roberto Buchaim, principalmente pela


paciência, dedicação, disponibilidade e por todo o conhecimento que foi transmitido.

E, por fim, agradeço todos meus professores e amigos que


contribuíram ou me influenciaram neste trabalho.
“Os meios qualificam os fins”
(Autor desconhecido)
PISSINATTI, A. Celso. Obtenção do máximo momento disponível de primeira
ordem em pilares esbeltos de seção circular e anelar com 𝐟𝐜𝐤 até 90 MPa,
comparando métodos aproximados com métodos exatos. 2017. 74 p. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina, 2017.

RESUMO

Este trabalho trata do dimensionamento de pilares de concreto armado, biarticulados


ou em balanço, com seções circulares cheias e vazadas, em flexão composta
normal. Contemplam-se concretos C20 a C90. O pilar é destacado do pórtico
espacial e reduzido equivalentemente ao pilar-padrão, tendo sua curvatura de
primeira ordem corrigida, levando-se em consideração cada um dos casos de
carregamento a que está submetido, isso para uma análise mais precisa da parcela
de segunda ordem do momento solicitante total. Com esse propósito,
desenvolveram-se planilhas em Microsoft Excel que possibilitam: (1) O
dimensionamento de pilar esbelto biarticulado; (2) O dimensionamento de pilar
esbelto em balanço; (3) Diagramas de interação no ELU Momento Fletor versus
Força Normal na flexão composta normal pra concretos Grupos 1 e 2; (4) Diagramas
Momento de Primeira Ordem Disponível em função da Força Normal de
Compressão em Pilar Esbelto, para Deformada Senoidal.

Palavras-chave: Seção circular. Seção anelar. Dimensionamento. Diagramas. Pilar.


Efeito de segunda ordem. Concreto Armado.
PISSINATTI, A. Celso. Maximum first order available moment in slender
columns with circular and ring cross-sections. Normal and high strength
concrete Groups. Comparisons between approximate and more precise
methods. 2017. 74 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017.

ABSTRACT

The present work deals with local analysis and dimensioning of either short and
slender columns of circular and ring cross-sections, under combined axial load and
bending. The range of concrete strength considered is fck = 20 − 90MPa. After the
global analysis is concluded, each segment of the column, corresponding to a stock,
is considered for local analysis and dimensioning using equivalently the model
column. As a first approximation for the deformed shape of the column a sinusoidal
curve is usually assumed. The real deformed shape of the column is considered for
the most frequent load cases, such as imperfections of the longitudinal column axis,
applied moments at its ends, uniform and concentrated transversal loads, which
allow a more precise value of the second order moments due to slenderness of the
column. Using EXCEL software, the results of this work are displayed in four parts,
assuming constant cross-section and reinforcement: (1) columns with simply
supported ends; (2) columns with clamped and free ends; (3) interactions diagrams
moment-axial load in Ultimate Limit State; (4) interaction diagrams for maximum
available first order moment–axial load in slender columns.

Key-Words: Circular cross-section. Ring cross-section. Dimensioning. Diagrams.


Column. Second order effect. Reinforced concrete.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Seção transversal esquemática, em flexão composta normal, submetida


ao esforço normal e momento fletor .......................................................................... 17
Figura 2 - Domínios de deformação das seções transversais no estado limite último
.................................................................................................................................. 20
Figura 3 - Estado de deformação nos domínios 1,2 e 3 ........................................... 21
Figura 4 - Estado de deformação nos domínios 4, 4a e 5 ........................................ 22
Figura 5 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas ........... 23
Figura 6 - Diagrama tensão-deformação idealizado do concreto ............................. 25
Figura 7 - Seção transversal, deformações e esforços na seção circular ou anelar. 28
Figura 8 - Seção metálica, deformações e esforços na seção circular ou anelar ..... 29
Figura 9 - Transformação do lance em pilar padrão e deformações ........................ 32
Figura 10 - Imprecisões geométricas locais ............................................................. 33
Figura 11 - Principais tipos de carregamento ........................................................... 35
Figura 12 - Exemplo de dimensionamento de pilar biapoiado de seção circular cheia
.................................................................................................................................. 40
Figura 13 - Convenção das medidas da seção ........................................................ 41
Figura 14 - Convenção dos esforços para cada condição de apoio, biapoiado e
engastado-livre respectivamente............................................................................... 42
Figura 15 - Verificação do dimensionamento do pilar proposto, pelo programa PCalc
1.4 ............................................................................................................................. 43
Figura 16 – Dados para geração de ábaco de dimensionamento de seções ........... 46
Figura 17 - Ábaco de dimensionamento da seção do pilar proposto ........................ 47
Figura 18 - Dados de entrada para verificação da seção cheia, fck = 40 MPa ......... 48
Figura 19 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 10 mm ........................ 48
Figura 20 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 12,5 mm ...................... 49
Figura 21 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 16 mm ........................ 49
Figura 22 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 20 mm ........................ 50
Figura 23 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 25 mm ........................ 50
Figura 24 - Dados de entrada para verificação da seção vazada, fck = 40 MPa ...... 51
Figura 25 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 6,25 mm .................. 51
Figura 26 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 8 mm ....................... 52
Figura 27 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 10 mm ..................... 52
Figura 28 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 12,5 mm .................. 53
Figura 29 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 16 mm ..................... 53
Figura 30 - Máximo momento de primeira ordem ..................................................... 55
Figura 31 - Máximo momento de primeira ordem disponível do pilar proposto ........ 56
Figura 32 - Dados de entrada para verificação da seção cheia, fck = 80 MPa ......... 60
Figura 33 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 10 mm ........................ 60
Figura 34 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 12,5 mm ...................... 61
Figura 35 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 16 mm ........................ 61
Figura 36 - Verificação da seção cheia, fck= 80 MPa, 40 ∅ 20 mm.......................... 62
Figura 37 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 25 mm ........................ 62
Figura 38 - Dados de entrada para verificação da seção vazada, fck = 80 MPa ...... 63
Figura 39 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 6,25 mm .................. 63
Figura 40 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 8 mm ....................... 64
Figura 41 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 10 mm ..................... 64
Figura 42 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 12,5 mm .................. 65
Figura 43 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 16 mm ..................... 65
Figura 44 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, fck 20-50 MPa ..................... 66
Figura 45 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, fck = 60 MPa ....................... 67
Figura 46 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, fck = 70 MPa ....................... 68
Figura 47 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, fck = 80 MPa ....................... 69
Figura 48 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, fck = 90 MPa ....................... 70
Figura 49 - Ábaco de dimensionamento, seção vazada, fck = 20-50 MPa ............... 71
Figura 50 - Ábaco de dimensionamento, seção vazada, fck = 80 MPa .................... 72
Figura 51 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal
adimensionais, seção circular, fck = 20 – 50 MPa .................................................... 73
Figura 52 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal
adimensionais, seção anelar, fck = 20 - 50 MPa ....................................................... 74
Figura 53 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal
adimensionais, seção circular cheia, fck = 80 MPa ................................................... 75
Figura 54 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal
adimensionais, seção anelar, fck = 80 MPa .............................................................. 76
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Verificação do pilar de seção circular, biarticulado, com rotinas de


Buchaim .................................................................................................................... 44
Tabela 2 - Verificação do pilar de seção anelar, biarticulado, com rotinas de Buchaim
.................................................................................................................................. 44
Tabela 3 - Verificação do pilar de seção circular, biarticulado, com rotinas de
Buchaim .................................................................................................................... 44
Tabela 4 - Verificação do pilar de seção anelar, biarticulado, com rotinas de Buchaim
.................................................................................................................................. 45
Tabela 5 - Verificação do pilar de seção circular, em balanço, com rotinas de
Buchaim .................................................................................................................... 45
Tabela 6 - Verificação do pilar de seção anelar, em balanço, com rotinas de
Buchaim .................................................................................................................... 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


NBR Norma Brasileira
ELS Estado-limite de serviço
ELU Estado-limite último
LN Linha neutra
FS Fator de segurança
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13
2. OBJETIVO ................................................................................................................................... 14
3. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................. 15
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 16
4.1. ESTADOS-LIMITES ........................................................................................................... 16
4.2. FLEXÃO COMPOSTA NORMAL ..................................................................................... 16
4.3. HIPÓTESES ADOTADAS ................................................................................................. 17
4.4. ADIMENSIONAIS ............................................................................................................... 18
4.5. DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÃO ...................................................................................... 19
4.6. CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS ......................................................................... 23
4.6.1. AÇO .............................................................................................................................. 23
4.6.2. CONCRETO ................................................................................................................ 24
4.7. SEÇÕES CIRCULAR E ANELAR .................................................................................... 27
4.8. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO DE CONCRETO ....................................... 28
4.9. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO METÁLICA ................................................. 29
4.10. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO COMPLETA ........................................... 31
4.11. PILAR PADRÃO ............................................................................................................. 31
4.12. CONSIDERAÇÕES CONSTRUTIVAS ....................................................................... 32
4.13. DETALHAMENTO .......................................................................................................... 33
4.14. EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM .............................................................................. 34
5. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 37
5.1. DIMENSIONAMENTO DO PILAR BIAPOIADO OU EM BALANÇO .......................... 37
5.2. ÁBACOS DE DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO TRANSVERSAL NO ELU ........... 38
5.3. GRÁFICOS DE MÁXIMO MOMENTO DISPONÍVEL DE PRIMEIRA ORDEM ........ 39
6. PROGRAMA COMPUTACIONAL............................................................................................ 40
6.1. DIMENSIONAMENTO ....................................................................................................... 40
6.2. ÁBACOS DE DIMENSIONAMENTO ............................................................................... 46
6.3. MÁXIMO MOMENTO DE PRIMEIRA ORDEM .............................................................. 55
7. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 57
8. BIBLIOGRAFIAS ........................................................................................................................ 58
9. ANEXO A – Verificação dos ábacos de dimensionamento da seção transversal, fck = 80
MPa....................................................................................................................................................... 60
10. ANEXO B – Ábacos de dimensionamento da seção transversal ................................... 66
11. ANEXO C – Ábacos de máximo momento de primeira ordem disponível x força
normal adimensionais ........................................................................................................................ 73
13

1. INTRODUÇÃO

O concreto armado é o material construtivo mais utilizado no Brasil,


gerando a maior demanda de trabalho entre os engenheiros estruturais. Além disso,
com a revisão da norma ABNT NBR 6118:2014, passou-se a admitir concretos do
grupo II, com classe de resistência característica fck na faixa de 55 MPa até 90 MPa.
Um trabalho que contemple este segundo grupo de classes de resistência é
considerado recente no contexto nacional.
Além disso, o aumento da capacidade resistente do concreto
possibilitou pilares cada vez mais esbeltos. Portanto, é imprescindível que o
processo de dimensionamento destes elementos considere o estado limite último de
instabilidade. Com isso, maior atenção deve ser dada à deformabilidade da
estrutura, para o correto cálculo dos esforços solicitantes e resistentes decorrentes
dos deslocamentos.
14

2. OBJETIVO

O objetivo geral deste trabalho é determinar a capacidade portante


de pilares esbeltos de seção circular ou anelar, com fck entre 20 MPa e 90 MPa.

Objetiva-se desenvolver programas computacionais práticos e


seguros para o dimensionamento desse tipo de elemento estrutural, contribuindo
para acelerar o trabalho do engenheiro.

Incluiu-se neste objetivo a construção de ábacos de


dimensionamento da seção e de ábacos de momento de primeira ordem disponível.

Além da análise do momento fletor resistente último, observam-se os


respectivos resultados e comparam-se os métodos aproximados com os métodos
exatos, contribuindo com o trabalho dos futuros pesquisadores desta área.
15

3. ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 4, apresentam-se hipóteses adotadas, características


dos materiais e outras prerrogativas normativas para o desenvolvimento deste
trabalho.

No capítulo 5, apresenta-se a metodologia para criação de cada uma


das abas da planilha.

No capítulo 6, apresentam-se o funcionamento, assim como


exemplos aplicados em cada uma das planilhas, a fim de validar os resultados
obtidos com a ferramenta computacional e compará-los com programas como o
PCalc 1.4 e com as rotinas de cálculo desenvolvidas por Roberto Buchaim.

No capítulo 7, apresentam-se as considerações finais e as


discussões sobre as análises feitas na comparação entre os programas.

No capítulo 9, apresenta-se a verificação dos ábacos de


dimensionamento da seção transversal construídos através da ferramenta
computacional desenvolvida neste trabalho em comparação com o programa PCalc
1.4, para o fck 80 MPa.

No capítulo 10, apresentam-se ábacos de dimensionamento da


seção transversal construídos através da ferramenta computacional desenvolvida
neste trabalho. São ábacos adimensionais, para seções transversais circulares e
anelares, com fck entre 20 MPa e 90 MPa.

No capítulo 11, apresentam-se ábacos de momento de primeira


ordem disponível, com deformada senoidal, construídos através da ferramenta
computacional desenvolvida neste trabalho. São ábacos adimensionais, para seções
transversais circulares e anelares, com fck entre 20 MPa e 80 MPa.
16

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Apresenta-se a seguir diversos conceitos e definições necessárias


para o entendimento do assunto abordado.

4.1. ESTADOS-LIMITES

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, o estado-limite de serviço (ELS)


está relacionado a deformações, ao conforto do usuário, durabilidade, aparência e
boa utilização da estrutura, sendo necessária a verificação destas condições,
principalmente em obras de grande vulto.

Já o estado-limite último (ELU) está relacionado à segurança da


estrutura, como qualquer forma de ruína, colapsos ou esgotamento da capacidade
resistente das seções, levando a paralisação do uso, deixando de atender as
finalidades para qual foi projetada.

4.2. FLEXÃO COMPOSTA NORMAL

Um elemento está sujeito à flexão composta normal quando o plano


de ação do momento fletor resultante for ortogonal à seção transversal, e contiver
um de seus dois eixos principais de inércia.

Em suas seções transversais, atuam combinadamente, força normal


e momento fletor, resultantes no centro de gravidade, o que confere à seção apenas
tensões normais solicitantes.

É possível representar de modo estaticamente equivalente o efeito


mecânico interno de um elemento sujeito à flexão composta normal utilizando
apenas uma carga axial excêntrica.
17

Figura 1 - Seção transversal esquemática, em flexão composta normal, submetida


ao esforço normal e momento fletor

Fonte: o próprio autor

4.3. HIPÓTESES ADOTADAS

O dimensionamento e a verificação dos elementos estruturais


podem ser feitos através das seguintes hipóteses da mecânica das estruturas
descritas abaixo:

 Equações de equilíbrio, onde os esforços solicitantes são iguais aos


esforços resistentes;
 Hipótese de Bernoulli, as seções planas permanecem planas após a
deformação;
 Aderência perfeita entre o aço e concreto. Onde a deformação das
barras da armadura passiva em tração (antes da fissuração) e em
compressão é a mesma do concreto ao seu entorno. Esta é a condição de
compatibilidade de deformações entre ambos os materiais;
 Leis constitutivas estabelecidas para o concreto e o aço. Sendo que o
concreto tem resistência nula à tração e o aço tem resistência idêntica tanto
na tração como na compressão;
 Desconsidera-se a ação da força cortante na análise e no
dimensionamento do pilar.

O estado limite último por solicitações normais é fundamentado


convencionalmente em deformações limites. No caso dos concretos do grupo I de
resistência (C20 a C50) o encurtamento máximo na flexão é εcu = 3,5‰ e na
compressão uniforme é igual a εcu = 2,0‰.
18

Para os concretos pertencentes ao grupo II de resistência, C55 a


C90, conforme classificação da ABNT NBR 8953:2015, suas respectivas
deformações passam a ser função direta da resistência característica fck . Os valores
serão descritos em 4.6.2.

4.4. ADIMENSIONAIS
 Curvatura adimensional da seção, multiplicada por mil:

De 3 (4.1)
κ= 10
r
Onde:

De é o diâmetro externo da seção circular;

r é o raio da seção considerada, ou o inverso da curvatura;

 Cobrimento adimensional da armadura:


d′ (4.2)
δ =
De
Onde:

d′ é o cobrimento da armadura em relação ao perímetro externo da seção


transversal;

 Profundidade da LN:

x (4.3)
ξ=
De
Onde:

x é a altura da linha neutra, conforme a convenção proposta;

 Força normal adimensional de cálculo:

Nd (4.4)
ν= 2 2
0,85fcd π(R e − R i )
Onde:

Nd é a força normal de cálculo que atua no pilar;

fcd é a resistência de cálculo do concreto;


19

R e é o raio externo do pilar;

R i é o raio da seção vazada;

 Momento fletor adimensional de cálculo:

Md (4.5)
μ= 2 2
0,85fcd π(R e − R i )2R e
Onde:

Md é o momento fletor de cálculo que atua no pilar;

 Taxa mecânica de armadura

As fyd (4.6)
ωd =
0,85fcd π(R2e − R2i )
Onde:

As é a área de aço da seção transversal;

fyd é a resistência de cálculo do aço;

 Taxa geométrica de armadura:

As (4.7)
ρs =
π(R2e− R2i )
4.5. DOMÍNIOS DE DEFORMAÇÃO

Segundo a hipótese de Bernoulli, a distribuição de deformações na


seção transversal se dá linearmente ao longo da altura da seção. A linha neutra
correspondente à solicitação dada é medida a partir da borda comprimida ou menos
tracionada.
20

Figura 2 - Domínios de deformação das seções transversais no estado limite último

Fonte: adaptação da figura 17.1 da NBR 6118:2014

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, caracteriza-se o ELU quando a


reta de distribuição de deformações passa por pelo menos um dos polos A, B ou C
da Figura 2, caracterizados por uma deformação limite, no aço (polo A) ou no
concreto (polos B e C).

Em cada um dos domínios de deformação, temos os seguintes


comportamentos dos materiais:

No domínio 1, a seção transversal está sujeita a tração pura ou


flexo-tração, o concreto não é solicitado, isto quer dizer que ele não participa da
resistência da seção. O aço trabalha com alongamento máximo igual a 𝜀𝑠 = 𝜀𝑠,𝑙𝑖𝑚 =
−10‰.

Este caso ocorre quando a linha neutra está variando entre −∞ até
0, a seção transversal está toda tracionada.

Para a linha neutra 𝑥 → ∞ , tem-se um estado uniforme de


deformação na seção transversal, e se a armadura se distribui assimetricamente na
seção, há força normal de tração e momento fletor resistente não nulo. Este
momento só é nulo se a armadura tiver distribuição simétrica na seção. Neste caso,
se a linha neutra se aproximar de 0, a seção passa a estar sujeita a uma flexo-
tração, com pequena excentricidade.
21

No domínio 2, a seção transversal está sujeita a flexão simples ou


composta, o concreto em compressão trabalha com deformação igual a 0 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢
e o aço trabalha com deformação igual a 𝜀𝑠 = 𝜀𝑠,𝑙𝑖𝑚 = −10‰.

Este caso ocorre quando a linha neutra entra na seção, sem que o
concreto atinja seu encurtamento limite. O aço tem o seu máximo alongamento.

Pode-se dizer que a seção transversal está submetida à flexo-tração


com grande excentricidade se a força resultante do banzo tracionado for maior do
que a do banzo comprimido.

No domínio 3, a seção transversal está sujeita a flexão simples ou


composta, o concreto em compressão trabalha com deformação 𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢 e o aço
trabalha com deformação igual a −10‰ ≤ 𝜀𝑠 ≤ 𝜀𝑦𝑑 .

Com a linha neutra na seção, o concreto atinge sua deformação


limite. O aço já atingiu seu alongamento máximo e passa a escoar.

Quando a força resultante do banzo comprimido é maior que a do


tracionado, pode-se dizer que a seção transversal está sujeita a flexo-compressão
com grande excentricidade.

Quando as forças resultantes em cada um dos dois banzos forem


iguais, pode-se dizer que a seção transversal está sujeita a flexão pura.

Figura 3 - Estado de deformação nos domínios 1,2 e 3

Fonte: Notas de aula de Concreto I de Roberto Buchaim

No domínio 4, a seção transversal está sujeita a flexão simples ou


composta, o concreto em compressão trabalha com deformação igual a 𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢 e o
22

aço tracionado trabalha com deformação igual a 𝜀𝑠 ≤ 𝜀𝑦𝑑 , ou seja, não escoa, mas o
aço comprimido pode escoar.

No domínio 4a, a seção transversal está sujeita a flexão composta, o


concreto em compressão trabalha com de deformação de 𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢 e ambos os aços
estão em compressão, com escoamento ou não da armadura de maior
encurtamento.

Com a linha neutra variando de ℎ − 𝑑2 até +∞, podemos dizer que a


seção está sujeita a flexo-compressão com pequena excentricidade, ou seja, as
armaduras estão todas comprimidas, e a seção tem apenas banzo comprimido.

Domínio 5, a seção transversal está sujeita a compressão uniforme


ou não uniforme, o concreto em compressão trabalha com deformação igual a
𝜀𝑐2 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢 e ambos os aços estão em compressão, escoando ou não a
armadura.

Com a linha neutra em +∞, não há curvatura da seção transversal, e


pode-se dizer que esta se encontra em flexo-compressão, se não houver simetria da
armadura em relação ao eixo principal, ortogonal ao plano dos esforços e passante
pelo CG da seção. Do contrário, a seção encontra-se em compressão simples.

Figura 4 - Estado de deformação nos domínios 4, 4a e 5

Fonte: Notas de aula de Concreto I de Roberto Buchaim

Nos domínios 1 e 2, temos uma ruptura dúctil, por deformação


plástica excessiva, ou seja, a ruptura é pelo lado do aço tracionado, enquanto nos 4,
4a e 5 temos uma ruptura brusca, pelo encurtamento limite do concreto.

No domínio 3, há rompimento do concreto, mas sua ruptura é


antecedida pelo escoamento do aço, de modo que há uma transição entre as duas
23

formas de ruptura, dependendo de quão grande ou pequeno é o alongamento


plástico do aço nesse domínio.

4.6. CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS


4.6.1. AÇO

O aço obtido através do processo de laminação a frio apresenta um


patamar de escoamento, logo, quando o mesmo atinge a tensão máxima que pode
suportar, passa a sofrer deformação plástica, liberando deslocamentos e produzindo
deformações acentuadas. Essa característica é de grande importância para se
identificar quando a estrutura está próxima da ruína por flexão, nos domínios 1 a 3.

Para o aço, que tem valores de resistência iguais tanto na tração


como na compressão, adota-se a lei constitutiva indicada na Figura 5, válida para
intervalos de temperatura entre -20°C e 150°C:

Figura 5 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas

𝐸𝑠 = 210𝐺𝑃𝑎

Fonte: Figura 8.4 da ABNT NBR 6118:2014

Para o CA-50, adota-se as seguintes propriedades físicas:

𝑓𝑦𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎 (4.8)


𝐸𝑆 = 210 𝐺𝑃𝑎 (4.9)
A resistência de cálculo do aço é definida por:

𝑓𝑦𝑘 (4.10)
𝑓𝑦𝑑 =
𝛾𝑠
24

O coeficiente de minoração da resistência do aço, conforme a ABNT


NBR 6118:2014 na Tabela 12.1, é dada por:

Para combinações normais, 𝛾𝑠 = 1,15;

Para combinações excepcionais 𝛾𝑠 = 1,00;

A deformação de início de escoamento de cálculo do aço é definida


por:

𝜀𝑦𝑑 = 𝑓𝑦𝑑 ⁄𝐸𝑆 (4.11)


500/1,15 (4.12)
𝜀𝑦𝑑 = = 2,07%
210
4.6.2. CONCRETO

Admite-se no ELU, a lei constitutiva do concreto dada pelo diagrama


parábola-retângulo, cf. item 8.2.10.1 da ABNT NBR 6118:2014, com isso, tem-se
melhores resultados nas análises de deformações e curvaturas, possibilitando a
utilização de concretos com resistência até 90 MPa.

Nesta lei, a resistência do concreto apresentará dois valores de


cálculo, um menor, para o estado limite último, e outro maior, para a deformabilidade
da seção, como se indica a seguir.

A tensão de pico, de acordo com o diagrama parábola-retângulo,


𝑓𝑐𝑘⁄
para o ELU, é igual à 𝑓𝑐𝑑1 = 0,85 𝛾𝑐 , com 𝛾𝑐 = 1,40. Para o aço, admite-se a lei

𝑓𝑦𝑘
bilinear, 𝑓𝑦𝑑 = ⁄𝛾 , com 𝛾𝑠 = 1,15.
𝑠

Para a deformabilidade do concreto, altera-se a resistência para um


𝑓𝑐𝑘⁄
valor maior, igual a 𝑓𝑐𝑑0 = 𝛾𝑐0, com 𝛾𝑐0 = 1,20 e 𝛾𝑓3 = 1,00.

Essa redução do coeficiente de segurança do concreto para a


deformabilidade é admitida pelo MC-90, no item 1.6.3.4:
25

“... o fator de conversão da resistência de um corpo de prova padrão


a um elemento estrutural de forma qualquer, incluído em 𝛾𝑐 , não se
aplica a deformabilidade...”.

“... uma resistência média baixa para toda a estrutura ou elemento é


menos provável do que para a seção transversal...”.

“... os deslocamentos têm de ser determinados usando diagramas


tensão-deformação do concreto, que sejam caracterizados por pelo
menos três parâmetros mutuamente independentes:

(a) a resistência 𝑓𝑐𝑑 ;

(b) a deformação correspondente ao ponto máximo desse diagrama;

(c) a inclinação na origem, que é o módulo de elasticidade tangente


𝐸𝑐𝑖 . Os valores de 𝑓𝑐𝑑 e 𝐸𝑐𝑖 podem ser determinados
dividindo-se os valores característicos por um coeficiente de
segurança 𝛾𝑐0 = 1,2”.

Com relação ao comportamento mecânico, a ABNT NBR 6118:2014


apresenta a seguinte simplificação da relação tensão-deformação do concreto
(Figura 6), considerando uma distribuição de tensões segundo um diagrama
parábola-retângulo:

Figura 6 - Diagrama tensão-deformação idealizado do concreto

Fonte: Figura 8.2 da ABNT NBR 6118:2014


26

𝜀 𝑛
𝜎𝑐 = 𝑓𝑐𝑑1 [1 − (𝜀 𝑐 ) ] se 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐2 (4.13)
𝑐2

𝜎𝑐 = 𝑓𝑐𝑑1 se 𝜀𝑐𝑢2 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢2 (4.14)


Onde:

𝑓𝑐𝑘⁄ (4.15)
𝑓𝑐𝑑1 = 0,85 𝛾𝑐

𝛾𝑐 = 1,4 (4.16)
Para 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎 → 𝑛 = 2 (4.17)
90−𝑓𝑐𝑘 4 (4.18)
Para 𝑓𝑐𝑘 > 50 𝑀𝑃𝑎 → 𝑛 = 1,4 + 23,4 ( )
100

O coeficiente de 0,85 é produto de três fatores referentes aos


seguintes efeitos:

(1) O Efeito Rüsch, está relacionado à velocidade de deformação do


concreto em compressão, como efeito do carregamento permanente, aplicado ao
concreto pouco a pouco;

(2) O concreto ganha resistência com o passar do tempo;

(3) Fator de conversão da resistência de um corpo de prova padrão


(cilíndrico) em um elemento estrutural de forma prismática.

Para concretos da classe I (20𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎) as deformações


limites são:

𝜀𝑐2 = 2 ‰ (4.19)
𝜀𝑐𝑢 = 3,5 ‰ (4.20)
E para concretos da classe II (50𝑀𝑃𝑎 < 𝑓𝑐𝑘 ≤ 90𝑀𝑃𝑎):

𝜀𝑐2 = 2‰ + 0,085‰ (𝑓𝑐𝑘 − 50)0,53 (4.21)


90 − 𝑓𝑐𝑘 4 (4.22)
𝜀𝑐𝑢 = 2,6‰ + 35‰ ( )
100
O valor do módulo de elasticidade inicial pode ser estimado segundo
as expressões:

Para 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎 → 𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 5600√𝑓𝑐𝑘 ; (4.23)

3 𝑓 (4.24)
Para 𝑓𝑐𝑘 > 50𝑀𝑃𝑎 → 𝐸𝑐𝑖 = 21,5. 103 𝛼𝐸 √ 10
𝑐𝑘
+ 1,25
27

Onde:

𝛼𝐸 = 1,2 , para basalto e diabásio;

𝛼𝐸 = 1,0 , para granito e gnaisse;

𝛼𝐸 = 0,9 , para calcário;

𝛼𝐸 = 0,7 , para arenito;

Onde 𝐸𝑐𝑖 e 𝑓𝑐𝑘 são dados em MPa;

Estes módulos são utilizados na análise global da estrutura, para


análise de elementos estruturais ou seção transversal. Para isso, usa-se a rigidez
secante (𝐸𝐼)𝑠𝑒𝑐 , para tração e para compressão.

4.7. SEÇÕES CIRCULAR E ANELAR

Os esforços resistentes da seção anelar podem ser obtidos através


da subtração da resistência da seção circular definida por 𝑅𝑖 da resistência da seção
definida por 𝑅𝑒 .

Segundo BUCHAIM (2015), para considerar os círculos interno e


externo das seções, conectando as deformações a curvatura, com expressões
válidas para ambos os círculos, introduz-se o adimensional 𝛿𝑗 .

𝑅𝑗 (4.25)
𝛿𝑗 = = (𝑗 − 1)(𝛿𝑖 − 1) + 1
𝑅𝑒
Onde:

𝑗 = 1; 2

𝑅𝑖 (4.26)
𝛿𝑖 =
𝑅𝑒
 Se 𝑗 = 1, logo 𝑅1 = 𝑅𝑒 e 𝛿𝑖 = 1, correspondendo ao círculo externo.
 Se 𝑗 = 2, logo 𝑅2 = 𝑅𝑖 e 𝛿2 = 𝛿𝑖 , correspondendo ao círculo interno.
 Se 𝑅𝑖 = 0, a seção é circular.
28

Figura 7 - Seção transversal, deformações e esforços na seção circular ou anelar

Fonte: Buchaim (2015)

A deformação do concreto comprimido é função da ordenada z,


medida positivamente para cima, a partir da LN, e é ligada a curvatura (1⁄𝑟), sendo
definida pela equação:

𝑧 (4.27)
𝜀𝑐 (𝑧) =
𝑟

O ângulo 𝛽(𝑧) e a largura 𝑏(𝑧), correspondentes à ordenada z, em


termos adimensionais, são dados por:

z (4.28)
η=
De

2(ξ − η) − 1 (4.29)
cosβj (η) =
δj

Segundo BUCHAIM (2015), aplicando-se a profundidade relativa da


LN, descrita na equação 3.2 do item 3.4, tem-se:

b(z) (4.30)
= δj sin[π − βj (η)] = δj sin[βj (η)]
De

4.8. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO DE CONCRETO

Os esforços do concreto na seção de raio R j resultam das integrais:

z2
(4.31)
R cj = ∫ σcd (z)b(z)dz
z1
29

z2
(4.32)
Mcj = ∫ σcd (z)b(z)(z − x − R e )dz
z1

Segundo BUCHAIM (1984), novas integrais podem ser obtidas pelo


polinômio de Chebyschev. Logo, os esforços resistentes na seção de raio R j
resultam iguais a:

Ncj 4δj (4.33)


νcj = = I (j)
π(R2e − R2i )fc π(1 − δ2i ) 1
Mcj 4δj (4.34)
μcj = = I (j)
2π(R2e − R2i )R e fc π(1 − δ2i ) 2

Onde j = 1, 2

Fazendo-se j = 1, 2 obtêm-se os esforços totais da seção de


concreto pelas seguintes subtrações:

νc = νc1 − νc2 (4.35)

μc = μc1 − μc2 (4.36)


fck
Nestas equações, faz-se fc igual a fcd1 no ELU, e igual a fcd0 =
γc0

com γc0 = 1,2 para a deformabilidade do concreto.

4.9. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO METÁLICA


Figura 8 - Seção metálica, deformações e esforços na seção circular ou anelar

Fonte: Buchaim (2015)


30

Na seção transversal da Figura 8, tem-se um número par de barras,


de mesma área, uniformemente espaçadas no círculo de raio R s . As barras estão
dispostas simetricamente em relação ao plano de flexão.

Considerando as 2k ≥ 8 barras deste círculo, tem-se, para a i-ésima


barra, o ângulo que define sua posição e a correspondente ordenada adimensional
dados por:

π π π 2i − 1 (4.37)
βsi = + [2i − (k + 1)] = ( )
2 2 2 k

Onde i = 1, 2,..., k

Segundo BUCHAIM (2015), considerando-se a curvatura


adimensional da seção e a profundidade da LN, tem-se a posição e a deformação da
i-ésima barra:

zsi x − R e − R s cos(βsi ) (4.38)


ηsi = = = ξ − 0,5(1 + δs cos(βsi ))
2R e 2R e
Onde:

Rs (4.39)
δs =
Re
Da lei constitutiva do aço, resulta a tensão relativa nessa barra:

σsdi εsi (4.40)


= se εs < εyd
fyd εyd
σsdi = fyd se εs ≥ εyd (4.41)
Considerando as k barras e suas simétricas, tem-se a área e a taxa
mecânica da armadura, em que ∅ é o diâmetro das k barras.

2kπ∅2 (4.42)
As =
4
As fyd (4.43)
ωd =
π(R2e − R2i )fc
Segundo BUCHAIM (2015), os esforços resistentes da seção
metálica são iguais a:
31

k (4.44)
ωd σsdi
νs = ∑
k fyd
1
k (4.45)
ωd σsdi
μs = −δs ∑ cos(βsi )
k fyd
1

4.10. ESFORÇOS RESISTENTES DA SEÇÃO COMPLETA

Somando os esforços resistentes das seções parciais, resultam os


esforços resistentes da seção completa:

νd = νc + νs = νc1 − νc2 + νs (4.46)


μd = μc + μs = μc1 − μc2 + μs (4.47)

4.11. PILAR PADRÃO

Pilares destacados de um pórtico espacial (edifícios, galpões


industriais, pontes), biarticulados, com momentos diferentes nas duas extremidades,
ou em balanço, com ou sem momento na sua extremidade livre, já examinados para
o efeito global de segunda ordem, sujeitos a ações de desaprumo ou falta de
retilineidade, cargas gravitacionais, de vento, pontuais ou distribuídas, podem ser
reduzidos equivalentemente ao pilar-padrão. A equivalência refere-se à obtenção
(aproximadamente) do mesmo momento fletor solicitante total e da armadura,
incluindo os efeitos de segunda ordem.

Para essa transformação, introduzem-se novos valores para os


momentos nas extremidades, segundo um coeficiente transformador ∝b .

MB (4.48)
∝b = 0,6 + 0,4
MA
Onde:

0,4 ≤∝b ≤ 1,0 (4.49)


32

Figura 9 - Transformação do lance em pilar padrão e deformações

Fonte: o próprio autor

MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar,


obtidos na análise de 1ª ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momentos
totais (1ª ordem + 2ª ordem global) no caso de estruturas de nós móveis.

Adota-se MA como o momento de maior valor absoluto, com sinal


positivo. O momento MB , de menor valor absoluto que MA , portanto, recebe valor
positivo se produzir deslocamentos do eixo do pilar de mesmo sentido que os de MA
pilar, e negativo em caso contrário.

Para em pilares em balanço, adotou-se ∝b = 1 . Isto porque se


considera a distribuição de curvaturas de primeira ordem e a força normal no lance
do pilar (ver equação do coeficiente c no item 4.14).

4.12. CONSIDERAÇÕES CONSTRUTIVAS

Dentre alguns defeitos construtivos, destacam-se o desaprumo e a


falta de retilineidade no eixo dos elementos. Levando em consideração tais
imperfeições construtivas, a ABNT NBR 6118: 2014 fixa excentricidades acidentais
mínimas e máximas a serem consideradas no cálculo estrutural. O ângulo de
desaprumo, considerando um lance de pilar, é

1 (4.50)
θ1 =
100√Hi
Onde:

Hi = Altura do lance;
33

Para um lance de pilar θ1 é limitado aos valores extremos: θ1 mín = 1/300: e θ1 máx =
1/200.

Com isso, calcula-se a excentricidade ea , indicada na Figura 10.b:

Hi (4.51)
ea = θ1
2
Figura 10 - Imprecisões geométricas locais

Fonte: Adaptação da figura 11.2 da ABNT NBR 6118:2014

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, substitui-se o efeito das


imperfeições locais pela consideração do momento mínimo de 1ª ordem, dado como:

M1d,mín = Nd (0,015 + 0,03De ) (4.52)


Neste trabalho, considera-se a excentricidade por falta de
retilineidade, com variação senoidal no lance, tomando o maior valor dentre os dois
seguintes:

l De (4.53)
ea = max(θ1 2e , )
30

4.13. DETALHAMENTO
A seção transversal não deve ter área inferior a 360 cm². Logo, o
pilar deve ter diâmetro superior a 22 cm. A espessura da seção anelar é limitada
pelo aspecto construtivo, onde se considera o diâmetro da barra, os cobrimentos e
estribos (eventualmente com camadas externa e interna de armaduras) e as
características do concreto utilizado.

Como armadura longitudinal, as barras devem ter pelo menos 10


mm de diâmetro. Em seções circulares e anelares, a quantidade de barras deve ser
34

par, com valor mínimo de 6 barras, e, segundo MacGregor, J. G. e Wight J. K.,


recomenda-se no mínimo 8 barras

Os máximos e mínimos valores de armadura longitudinal são


calculados a partir das equações abaixo:

As,máx = (0,04 ou 0,08)A0 (4.54)


 4% se houver emendas por traspasse e 8% em caso contrário

Nd (4.55)
As,mín1 = 0,15
fyd
As,mín2 = 0,004A0 (4.56)
Se As,mín1 > As,mín2 então As,mín = As,mín1 (4.57)
Se As,mín1 < As,mín2 então As,mín = As,mín2 (4.58)

4.14. EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM


A constante c , que em primeira aproximação recebe o valor de
π2 ≅ 10, pode ser corrigida para levar em consideração cada caso de carregamento
que atua no pilar. Segundo BUCHAIM (2015), os valores dos coeficientes ci para os
principais tipos de carregamento são:

Para o pilar em balanço e engastado na base:


 Falta de retilineidade, com a excentricidade máxima ea da deformada
senoidal: ci = π2 ;
 Carga uniformemente distribuída q d em toda altura equivalente: ci =
16;
 Força horizontal Hd concentrada no topo do pilar: ci = 12;
 Momento M0d , concentrado no topo do pilar: ci = 8;

Para o pilar biapoiado:


 Falta de retilineidade, com a excentricidade máxima ea da deformada
senoidal: ci = π2 ;
 Carga uniformemente distribuída q d em toda altura equivalente:
ci = 9,6;
 Força horizontal Hd concentrada na seção média do pilar: ci = 12;
35

 Momentos αb Mad iguais nas extremidades, tracionando a mesma face


do pilar: ci = 8;
Figura 11 - Principais tipos de carregamento

Fonte: o próprio autor

Segundo BUCHAIM (2015), o coeficiente c é corrigido através de


poucas iterações, e é definido pela equação:

2
∑ni=1 M1d,i (4.59)
c = αd π + (1 − αd )
M
∑ni=1 1d,i
ci
Onde:

π2 EIsec (4.60)
Nd,cr =
l2e
EIsec é a inércia secante do pilar;

le é o comprimento equivalente do lance;

Nsd (4.61)
αd =
Nd,cr
Nsd é a força normal solicitante de cálculo;
36

M1d,i
é a soma de frações de cada momento solicitante dividido pelo seu respectivo
ci

coeficiente ci .

Com os parâmetros αd e coeficiente 𝑐, pela equação de BUCHAIM


(2015), calcula-se o momento solicitante total com a parcela do efeito de segunda
ordem corrigido.

∑ni=1 M1d,i (4.62)


Msd,tot =
π2
1 − αd c

π2 (4.63)
M2d = Msd,tot αd
c
37

5. METODOLOGIA

Com base na revisão bibliográfica do método apresentado, serão


desenvolvidos programas utilizando-se do software Microsoft Excel como plataforma
intermediária da linguagem de programação Visual Basic (VBA).

5.1. DIMENSIONAMENTO DO PILAR BIAPOIADO OU EM BALANÇO

Este programa receberá os dados, definindo as características


físicas, geométricas, o carregamento do pilar e seguirá as seguintes etapas:

 O programa calcula os valores de taxas de armadura máxima e mínima.


Divide-se o intervalo entre as taxas extremas em 6 partes iguais, com o que
ficam definidos, no total, 7 valores de taxas;
 Para o valor menor de taxa de armadura, constrói-se o diagrama momento-
curvatura para o ELU, consideram-se os valores de cálculo das resistências
ck f
yk f
do concreto e do aço respectivamente iguais a 0,85 1,4 , 1,15 , encontrando o

valor do momento resistente último Mdu ;


 Com a mesma armadura, constrói-se o diagrama momento-curvatura, neste
caso considera-se, para a deformabilidade do pilar, os valores de cálculo das
fck fyk
resistências do concreto e do aço respectivamente iguais a , . Neste
1,2 1,15

diagrama, em correspondência ao momento Mdu , obtém-se a curvatura, e do


quociente destas duas grandezas, encontra-se o valor da rigidez secante à
flexão (EI) sec . Com esta rigidez, calcula-se o momento solicitante total Msd,tot ;
o Caso a taxa de armadura mínima seja suficiente para resistir ao
momento solicitante Mdu , o programa indica que a seção e/ou a
resistência do concreto podem ser reduzidas e é encerrado;
 Caso a taxa de armadura não seja suficiente para resistir ao momento
solicitante, o programa repete o procedimento anterior com o valor seguinte
da taxa de armadura.
o Neste procedimento, pode ocorrer que para a sétima taxa (a máxima) o
momento resistente seja inferior ao solicitante, com o que a seção e/ou
a resistência do concreto devem ser obrigatoriamente aumentadas.
 Se esta possibilidade não ocorrer, então haverá um intervalo da taxa em que
ocorre mudança de sinal da diferença entre os momentos solicitante e
38

resistente. Com isto, têm-se novos valores inicial e final do intervalo da taxa
de armadura, no qual se encontra a resposta. Com o refinamento do intervalo,
o processo é repetido até obter-se erro desprezível entre os valores inicial e
final da taxa. Com isto, têm-se momentos solicitante e resistente praticamente
iguais.
 Com a taxa de armadura definida, o programa emite as respostas e é
encerrado.

5.2. ÁBACOS DE DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO TRANSVERSAL NO ELU

Este programa receberá os dados da seção transversal que definem


as características físicas, geométricas, a quantidade de curvas e a quantidade de
pontos em cada curva, e seguirá as seguintes etapas:
 O programa calcula os valores de taxas de armadura máxima e mínima, e
divide este intervalo pela quantidade de curvas desejadas pelo usuário.
 Para cada uma das taxas, o programa calcula a força normal resistente
máxima e mínima.
 Fixando-se uma taxa de armadura, o intervalo entre força normal máxima e
mínima é dividido de acordo com o número de pontos no gráfico, definido pelo
usuário.
 Para cada valor de força normal, o programa constrói o diagrama momento-
curvatura para o ELU, com as resistências de cálculo do concreto e do aço
fck f yk
iguais a 0,85 1,4 , 1,15, encontrando o valor do momento resistente último Mdu .

 Como neste caso a esbeltez é igual à zero, o programa não precisa


considerar a deformabilidade do concreto.
 Repete-se o processo, para cada um dos valores de taxa de armadura, com
os pares Nd e Mdu adimensionalizados, constroem-se os diagramas de
interação Normal relativa (νd ) x Momento relativo (μd ).
39

5.3. GRÁFICOS DE MÁXIMO MOMENTO DISPONÍVEL DE PRIMEIRA ORDEM

O programa receberá os dados, definindo as características físicas,


geométricas, e desta vez inclusive a esbeltez, a quantidade de curvas e a
quantidade de pontos em cada curva, e seguirá as seguintes etapas:
 O programa calcula os valores de taxas de armadura máxima e mínima, e
divide este intervalo pela quantidade de curvas desejadas pelo usuário.
 Para cada uma das taxas, o programa calcula a força normal resistente
máxima, que é o valor para o qual o momento disponível de primeira ordem é
nulo. Neste caso, a força normal mínima é igual a zero.
 Este intervalo entre força normal máxima e mínima é dividido de acordo com
o número de pontos no gráfico, definido pelo usuário.
 Para cada valor de força normal, o programa constrói o diagrama momento-
ck f
curvatura para o ELU, com a resistência do concreto igual a 0,85 1,4 ,

encontrando o valor do momento resistente último Mdu .


 Com a mesma armadura, constrói-se o diagrama momento-curvatura, neste
caso considera-se, para a deformabilidade do pilar, os valores de cálculo das
fck fyk
resistências do concreto e do aço respectivamente iguais a , . Neste
1,2 1,15

diagrama, em correspondência ao momento Mdu , obtém-se a curvatura, e do


quociente destas duas grandezas encontra-se o valor da rigidez secante à
flexão (EI)sec .
 Com a rigidez (EI)sec , subtrai-se do momento resistente do ELU, igual ao
solicitante, a parcela do momento de segunda ordem e obtém-se o máximo
momento de primeira ordem disponível (M1d ).
 Repete-se o processo diversas vezes, e com os pares adimensionais de Nd e
M1d para cada um dos valores de taxa de armadura, constroem-se os
diagramas de interação do Máximo momento de primeira ordem (μ1d ) versus
força normal (νd ) adimensionais, para a deformada senoidal.
40

6. PROGRAMA COMPUTACIONAL
6.1. DIMENSIONAMENTO

Figura 12 - Exemplo de dimensionamento de pilar biapoiado de seção circular cheia

Fonte: o próprio autor


41

Duas abas do programa permitem o dimensionamento de pilares de


seções circular cheia e vazada, biapoiados ou em balanço. A figura 12 exemplifica o
dimensionamento de um pilar biapoiado, de seção circular cheia. As imagens 13 e
14 informam as convenções adotadas para geometria da seção, armadura e
esforços para cada condição de apoio.
As células brancas devem ser preenchidas pelo usuário, enquanto
as células cinza são títulos ou células preenchidas automaticamente pelo programa.
Escolhendo a aba pelo o tipo de vinculação, e com o preenchimento
do fck , dados da geometria da seção e do pilar, quantidade de barras, a armadura
máxima e característica do carregamento, o programa é iniciado após o click no
botão “CALCULAR”.

Figura 13 - Convenção das medidas da seção

Fonte: o próprio autor


42

Figura 14 - Convenção dos esforços para cada condição de apoio, biapoiado e


engastado-livre respectivamente

Fonte: o próprio autor

Quanto às convenções de sinais, todos os dados de entrada do


programa são positivos, exceto o momento de extremidade MBd do pilar biarticulado,
que é positivo se produzir deslocamento de mesmo sentido que MAd, ou negativo,
em caso contrário.
Quando o cálculo é efetuado com sucesso, o programa emite um
aviso e é encerrado, preenchendo todas as células em cinza.
Quando o cálculo não é efetuado com sucesso, o programa indica o
respectivo erro, como restrições quanto ao preenchimento da seção (Seção mínima,
fck mínimo e máximo, R i < R s < R e , quantidade mínima e máxima de barras), ou
quanto ao preenchimento do carregamento (valores das cargas e MAd > |MBd |).
O programa também indica erros pós-processamento. É o caso em
que a armadura mínima é suficiente para resistir ao momento solicitante, ou quando
a armadura máxima não é suficiente para resistir ao momento solicitante. O
programa também indica se MAd > MSd,total , e neste caso, o pilar é dimensionado
para a pior condição de momento (MAd).
43

Figura 15 - Verificação do dimensionamento do pilar proposto, pelo programa PCalc


1.4

Fonte: o próprio autor

O pilar proposto foi verificado de acordo com o programa PCalc 1.4.


Onde o método de dimensionamento selecionado foi o “Pilar padrão acoplado com
os diagramas N, M, 1/r”, sempre verificando o momento mínimo e os efeitos de
segunda ordem, com o coeficiente γf3 = 1,0. Para este caso desconsiderou-se o
efeito da fluência.
Essa diferença no fator de segurança ocorreu devido às
considerações de cálculo do programa PCalc 1.4, que, para o cálculo do valor da
rigidez secante à flexão (EI)sec , segue a ABNT NBR6118/2014, que considera na
deformabilidade o coeficiente γf3 = 1,1, onde, 1,1fck /1,4. Portanto γc0 = 1,27, contra
γc0 = 1,20, que foi o valor adotado neste trabalho.

Outra maneira de validar este trabalho é comparar os resultados


obtidos com rotinas de cálculo desenvolvidas por Buchaim. As tabelas abaixo
identificam o tipo, dimensões e resistência do concreto, a vinculação, e esbeltez do
pilar. Quanto à célula variação, a proximidade do resultado com 0% indica
concordância total dos resultados.
44

Tabela 1 - Verificação do pilar de seção circular, biarticulado, com rotinas de


Buchaim

Fonte: o próprio autor

Tabela 2 - Verificação do pilar de seção anelar, biarticulado, com rotinas de Buchaim

Fonte: o próprio autor

Tabela 3 - Verificação do pilar de seção circular, biarticulado, com rotinas de


Buchaim

Fonte: o próprio autor


45

Tabela 4 - Verificação do pilar de seção anelar, biarticulado, com rotinas de Buchaim

Fonte: o próprio autor

Tabela 5 - Verificação do pilar de seção circular, em balanço, com rotinas de


Buchaim

Fonte: o próprio autor

Tabela 6 - Verificação do pilar de seção anelar, em balanço, com rotinas de


Buchaim

Fonte: o próprio autor


46

6.2. ÁBACOS DE DIMENSIONAMENTO

Figura 16 – Dados para geração de ábaco de dimensionamento de seções

Fonte: o próprio autor


47

O programa tem uma aba que permite a construção de ábacos para


o dimensionamento da seção, que é bastante similar à aba de dimensionamento de
pilares, excluindo-se a parte do carregamento e a esbeltez do pilar.
Assim como na aba dimensionamento, as células brancas devem
ser preenchidas, enquanto as cinzas são títulos e células preenchidas
automaticamente pelo programa.
No caso dos ábacos, fixaram-se as dimensões do exemplo proposto
no dimensionamento do pilar biapoiado. A quantidade de curvas é igual a 5 (pode
variar entre 3 e 12), a quantidade de pontos do gráfico é igual a 40 (pode variar entre
6 e 50) e exclui-se o tipo de vinculação e o comprimento do pilar, já que neste caso
a esbeltez é igual a le = 0.

Figura 17 - Ábaco de dimensionamento da seção do pilar proposto

Fonte: o próprio autor

Vale lembrar que este ábaco é válido para concretos do grupo I, com
classe de resistência fck = 20 MPa − 50MPa.
Os ábacos de dimensionamento foram verificados de acordo com o
programa PCalc 1.4. Onde o método de dimensionamento selecionado foi o “Pilar
48

padrão acoplado com os diagramas N, M, 1/r”, sem a verificação do momento


mínimo e dos efeitos de segunda ordem.
Para a seção circular cheia, fck = 40 MPa, R e = 400 mm, R i = 0 mm,
R s = 350 mm, fixou-se a quantidade de barras igual a 40 e alteraram-se as bitolas
até atingir a armadura máxima estabelecida em 4%.

Figura 18 - Dados de entrada para verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa

Fonte: o próprio autor

Figura 19 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 10 mm

Fonte: o próprio autor


49

Figura 20 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 12,5 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 21 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 16 mm

Fonte: o próprio autor


50

Figura 22 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 20 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 23 - Verificação da seção cheia, fck = 40 MPa, 40 ∅ 25 mm

Fonte: o próprio autor


51

Para a seção circular cheia, fck = 40 MPa, R e = 500 mm, R i = 400


mm, R s = 450 mm, fixou-se a quantidade de barras igual a 40 e alteraram-se as
bitolas até atingir a armadura máxima estabelecida em 4%.

Figura 24 - Dados de entrada para verificação da seção vazada, fck = 40 MPa

Fonte: o próprio autor

Figura 25 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 6,25 mm

Fonte: o próprio autor


52

Figura 26 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 8 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 27 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 10 mm

Fonte: o próprio autor


53

Figura 28 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 40 MPa, 40 ∅ 12,5 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 29 - Verificação da seção vazada, fck = 40 MPa, 40 ∅ 16 mm

Fonte: o próprio autor


54

Em comparação com o PCalc 1.4, na maioria dos casos,


encontraram-se valores de FS maiores que 0,9. Os maiores valores de FS, próximos
a 1,0, são nos casos de tração pura, e os menores valores estão no final do ramo
descendente, no domínio 5.
55

6.3. MÁXIMO MOMENTO DE PRIMEIRA ORDEM

Figura 30 - Máximo momento de primeira ordem

Fonte: o próprio autor


56

O programa tem uma aba que permite o cálculo do máximo


momento disponível de primeira ordem, em um primeiro nível de aproximação
(deformada senoidal), que é bastante similar às abas anteriores, na qual exclui-se a
parte do carregamento, porém considera-se a esbeltez do pilar (le ≠ 0), ou seja, esta
parte do programa inclui internamente o efeito de segunda ordem dos pilares.
No caso do máximo momento disponível de primeira ordem, a
quantidade de curvas é igual a 6 (pode variar entre 3 e 12), a quantidade de pontos
do gráfico é igual a 40 (pode variar entre 6 e 50)

Figura 31 - Máximo momento de primeira ordem disponível do pilar proposto

Fonte: o próprio autor


57

7. CONCLUSÃO

Após a comparação com as rotinas de cálculo desenvolvidas por


BUCHAIM (2015) e com programas como o PCalc 1.4, conclui-se que as
ferramentas computacionais desenvolvidas nesse trabalho são seguras.

Em comparação com o PCalc 1.4, na maioria dos casos,


encontraram-se valores do fator de segurança superiores a 0,9 (a proximidade com
1 indica concordância total), já aplicados os coeficientes de segurança parciais nas
ações e nas resistências.

As diferenças de resultados dos programas deste trabalho e do


PCalc 1.4 podem ser atribuídas aos seguintes fatos:
(a) Consideração da área líquida de concreto comprimido,
descontadas as áreas de barras comprimidas no PCalc 1.4; neste caso, as maiores
diferenças ocorrem para grandes forças normais relativas (domínio 5) e grandes
taxas de armaduras.
(b) Diferença conceitual na obtenção da rigidez secante pelo
diagrama momento-curvatura: na deformabilidade do concreto o PCalc 1.4
fck fck
considera, cf. a NBR 6118: 2014, a resistência 1,1fcd = 1,4 = 1,27 e as solicitações
( )
1,1

resistentes últimas divididas por γf3 = 1,1 , enquanto neste trabalho, a


ckf
deformabilidade do concreto é obtida com 1,2 e γf3 = 1.

(c) Nos métodos aproximados associados ao pilar padrão, o


presente trabalho corrige a deformada senoidal, através da obtenção iterativa do
coeficiente c, cf. Equação (3.58), ao passo que o PCalc 1.4 considera c = π2 ≅ 10.

Foram plotados diversos ábacos de dimensionamento e de máximo


momento disponível de primeira ordem em função da força normal, ambos
adimensionais, com o intuito de acelerar e facilitar os dimensionamentos para os
profissionais da área, e com função didática para os futuros pesquisadores. Além de
validar as equações que foram utilizadas.

Para trabalhos futuros, recomenda-se adicionar rotinas de cálculo


para o dimensionamento de pilares com seção circular variável e que considerem o
efeito da fluência, o que possibilitaria uma gama maior de aplicações práticas.
58

8. BIBLIOGRAFIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Projeto de estruturas de


Concreto, NBR 6118:2014 – Rio de Janeiro, 2014.

BUCHAIM, R. Concreto estrutural: fundamentos e projetos: flexão simples e


composta normal: pilares esbeltos C20 a C90 – Londrina: EDUEL,2015. 240p.

BUCHAIM, R. Construções em concreto estrutural – Notas de aula. Londrina:


Universidade Estadual de Londrina.

BUCHAIM R.: Seções circulares e anelares. Universidade Estadual de Londrina,


2015.

BUCHAIM R.: Extensão do método da curvatura aproximada a seções


circulares. Universidade Estadual de Londrina, 2015.

BUCHAIM R.: Análise de Seções Anelares, Revista Estrutura No. 99, 1984, p. 98-
124.

CARDOSO JÚNIOR, S. D.; KIMURA, A. E. . “Sistema computacional para análise


não linear de pilares de concreto armado”. In: 55CBC 55º Congresso Brasileiro
do Concreto, 2013, Gramado.

CARDOSO JÚNIOR, S. D. Sistema computacional para análise não linear de


pilares de concreto armado. Monografia (Especialista em Gestão de Projetos de
Sistemas Estruturais) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2014).

Eurocode 2 [2004] EN 1992-1-1: Eurocode 2: Design of concrete structures –


Part 1-1: General rules and rules for buildings, CEN, Brussels - Belgium, 2004

GONÇALVES, Denis Nader. Pilares Esbeltos de Concreto Armado – Concretos


C20 a C90: Dimensionamento Segundo Métodos Aproximados e Por
Diferenças Finitas – Validação Do Método Da Curvatura Aproximada Com
Expressão Da Curvatura Melhorada. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina,
2013.
59

KOMARCHESQUI, F., Solicitações normais em seções de concreto armado e


protendido – Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de
Estruturas da Universidade estadual de Londrina. Londrina – 2012.

GAION, T. Vitor. Dimensionamento de pilares de seções retangulares cheia e


vazadas em flexão composta normal, concretos C20 a C90. 2016. 65 p. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina, 2016.

GALGOUL, N.S., Método prático para o dimensionamento à flambagem de


colunas de concreto armado submetidas à flexão composta oblíqua – XX
Jornada Sul Americana de Engenharia Estrutural. Cordoba –1979

SOUZA, Y. T., Momento-Curvatura em flexo-compressão de seção duplo T com


um eixo de simetria e armadura passiva – Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de Estruturas da Universidade estadual de Londrina.
Londrina – 2012

MacGregor, J. G., e Wight J. K., Reinforced Concrete: Mechanics and Design, Ê,


Chapter 1, page 524, 2009).
60

9. ANEXO A – Verificação dos ábacos de dimensionamento da seção transversal,


𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa
Verificação dos ábacos de dimensionamento da seção transversal
para a seção circular cheia, fck = 80 MPa, R e = 400 mm, R i = 0 mm, R s = 350 mm,
fixou-se a quantidade de barras igual a 40 e alteraram-se as bitolas até atingir a
armadura máxima estabelecida em 4%.

Figura 32 - Dados de entrada para verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa

Fonte: o próprio autor

Figura 33 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 10 mm

Fonte: o próprio autor


61

Figura 34 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 12,5 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 35 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 16 mm

Fonte: o próprio autor


62

Figura 36 - Verificação da seção cheia, fck = 80 MPa, 40 ∅ 20 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 37 - Verificação da seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 25 mm

Fonte: o próprio autor


63

Para a seção circular vazada, fck = 80 MPa, R e = 500 mm, R i = 400


mm, R s = 450 mm, fixou-se a quantidade de barras igual a 40 e alteraram-se as
bitolas até atingir a armadura máxima estabelecida em 4%.

Figura 38 - Dados de entrada para verificação da seção vazada, fck = 80 MPa

Fonte: o próprio autor

Figura 39 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 6,25 mm

Fonte: o próprio autor


64

Figura 40 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 8 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 41 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 10 mm

Fonte: o próprio autor


65

Figura 42 - Verificação da seção vazada, fck = 80 MPa, 40 ∅ 12,5 mm

Fonte: o próprio autor

Figura 43 - Verificação da seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa, 40 ∅ 16 mm

Fonte: o próprio autor


66

10. ANEXO B – Ábacos de dimensionamento da seção transversal

Figura 44 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 20-50 MPa

Fonte: o próprio autor


67

Figura 45 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 60 MPa

Fonte: o próprio autor


68

Figura 46 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 70 MPa

Fonte: o próprio autor


69

Figura 47 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa

Fonte: o próprio autor


70

Figura 48 - Ábaco de dimensionamento, seção cheia, 𝑓𝑐𝑘 = 90 MPa

Fonte: o próprio autor


71

Figura 49 - Ábaco de dimensionamento, seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 20-50 MPa

Fonte: o próprio autor


72

Figura 50 - Ábaco de dimensionamento, seção vazada, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa

Fonte: o próprio autor


73

11. ANEXO C – Ábacos de máximo momento de primeira ordem disponível x força normal adimensionais

Figura 51 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal adimensionais, seção circular, 𝑓𝑐𝑘 = 20 – 50 MPa

Fonte: o próprio autor


74

Figura 52 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal adimensionais, seção anelar, 𝑓𝑐𝑘 = 20 - 50 MPa

Fonte: o próprio autor


75

Figura 53 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal adimensionais, seção circular cheia, fck = 80 MPa

Fonte: o próprio autor


76

Figura 54 - Máximo momento de primeira ordem disponível x força normal adimensionais, seção anelar, 𝑓𝑐𝑘 = 80 MPa

Fonte: o próprio autor

You might also like