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Considerações sobre as escolhas metodológicas para o ensino

coletivo de teclado
Eglem Lucena das Neves

As correntes pedagógicas e de psicologia educacional desenvolvidas durante o


séc. XX impactaram diretamente as ideias sobre o ensino de música que até então
se detinha em modelos conservatoriais e individualistas e que tinham como
finalidade principal o aprimoramento técnico e virtuosístico do aluno
(FONTERRADA, 2008). A partir daí, perguntas como “por que ensinar” “o que
ensinar” e “como ensinar” música foram refeitas e ganharam destaque nas
discussões educacionais. Como resposta, os chamados “métodos ativos” em
música (Dalcroze, Willems, kodály, orff, Suzuki, Schafer...) ficaram marcados por
um ensino de música onde o aluno é visto em sua totalidade (cognitiva, moral,
social, afetiva) e onde se busca o aprimoramento de outras habilidades musicais
além de técnica instrumental, a saber, escuta ativa, processo criativo, capacidade
de tocar em grupo, dentre outras (ILARI e MATEIRO, 2011).
Assim, como o ensino de instrumento tem sido repensado como espaço de uma
educação musical mais abrangente, o formato de ensino coletivo de instrumento
vem ganhado espaço no Brasil por possibilitar, além da já destacada educação
mais global, a democratização da arte musical através de um acesso mais
abrangente a mesma.
Em se tratando de ensino coletivo de teclado/piano, o trabalho de duas autoras
merecem destaque por sua característica consonante com o que vem sendo dito e
serão usadas como base referencial do trabalho de ensino coletivo. São elas:
 Cecília Cavalieri França
Aluna do educador musical Keith Swainwick, ajudou a propagar a metodologia do
C(L)A(S)P que prevê como base da formação musical a composição, a apreciação
e a performance, permeadas pelas habilidades técnicas e o estudo de literatura
musical (FRANÇA, 2002).
 Maria de Lourdes
Sua metodologia prevê o ensino de piano primeiramente como forma de
musicalização. Também defende o contato com o instrumento antes da

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grafia tradicional e uma apresentação por etapas da grafia de modo a ser
valorizada a leitura simbólica própria para o instrumento (GOLÇALVES e
BARBOSA, 1986).

PLANO DE AULA
AULA 1 – Primeiros contatos
Duração: 50 min
Turma: alunos entre 9 e 12 anos.
Objetivos: Apresentações iniciais, apresentação do instrumento, posição da mão
em cluster, independência entre mão esquerda (M.E) e mão direita (M.D),
introdução ao registro simbólico do som.

Procedimentos Tempo Recursos

1. Apresentação e Teclado
primeiro contato com
o teclado, notas
Apresentação pretas e brancas. 20 min
2. Posição de mão
fechada e em cluster.
3. Experimentações e
improviso com notas
pretas *

Folha sulfite,
lápis de cor,
canetinhas,
Desenvolvimento 4. Desenhando o som * 15 min fontes
sonoras
diversas

Material de
Integração 5. Primeiras leituras Maria de
com grafia fora da 15 min Lourdes
pauta. Teclado
Cartões

2
*3 -Enquanto os alunos improvisam, o professor toca uma base em ostinato
como as sugeridas pela professora Maria de Lourdes (GOLÇALVES E
BARBOSA, 1987, p. 18).

Imagem 1. Bases em ostinato para improviso nas notas pretas.

4. Nesta atividade proposta pela professora Teca Alencar de Brito (2003, p,177-
186) os alunos farão registros gráficos de vários sons produzidos, iniciando-se
assim, o entendimento da noção do material sonoro passado para simbólico no
papel.

5 Após a experiência com o registro de som, apresentar-se-á a notação proposta


pela professora Maria de Lourdes (GOLÇALVES E BARBOSA, 1987, p. 05).
, onde o símbolo adotado ajudará a assimilar a lateralidade das mãos, posição da
mão no piano e seu movimento em relação a sequência dos símbolos. Os alunos
poderão criar sua própria sequência em cartões e trocar com os colegas para
execução.

3
Imagem 2. Notação inicial proposta por Maria de Lourdes

A partir desta notação, nas próximas aulas também poderão ser trabalhados os
conceitos de grave/agudo, curto/longo. O repertório a ser trabalhado será
apresentado aos alunos de modo a fazer sentido para os mesmos, mas de modo
também a não deixar de lado nomes importantes da tradição erudita e popular,
nisto a organização do currículo por projetos de trabalho (como projetos sobre
formas, estilos, composições de tema e variações, etc.) será de grande valia no
processo de aprendizagem.

Bibliografia utilizada:

ILARI, Beatriz; MATEIRO, Teresa (Org.). Pedagogias em didática musical. Ed.


IBPEX, 2011.

PENNA, Maura. Música(s) e seus Ensinos. Editora Sulina. Porto Alegre, 2010.

4
FRANÇA, Cecília Cavalieri; SWANWICK, Keith. Composição, apreciação e
performance na educação musical: teoria, pesquisa e prática. Em pauta (Rio
de Janeiro), Porto Alegre: 2002, v.13, n. 21, p. 5/41.

GONÇALVES, Maria de Lourdes Junqueira; BARBOSA, Calcida Borges.


Educação musical através do teclado. 2. ed. São Paulo: Cultura Musical, 1986.
v. 1. Manual do Professor.

FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: Um ensaio sobre


música e educação. Ed. Unesp, 2005.

HERNÁNDEZ, F e VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de


trabalho – o conhecimento é um caleidoscópio. 5ª ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.

BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: propostas para


formação integral da criança. 2ª ed. São Paulo: Petrópolis, 2003.

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