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Pegadas de dinossáurios de Vale de Meios caíram no


esquecimento
Jazida foi considerada de grande relevância científica mas tem estado desaproveitada

Há doze anos a descoberta, numa pedreira na zona serrana


de Alcanede, foi classificada como de grande valor científico.
Mas desde aí pouco foi feito para promover esse achado, que
está sob a tutela do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros.
Edição de 14.10.2015 | Sociedade
A jazida de pegadas de dinossáurios existente em Vale de Meios (Alcanede) é
considerada de grande valor científico e foi mesmo classificada como bem de interesse
concelhio pela Câmara Municipal de Santarém, em 2003. Mas até à data os sinais
gravados na pedra atestando a passagem de dinossáurios por aquelas bandas não
tiveram grande divulgação nem mereceram a atenção e o investimento das chamadas
entidades competentes que tiveram, por exemplo, as pegadas encontradas na pedreira do
Galinha (hoje monumento natural, situado no concelho de Ourém).Foi em Abril de 2003
que a Câmara de Santarém e o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC)
levaram a comunicação social à zona serrana da freguesia de Alcanede, para dar a
conhecer a jazida de pegadas de terópedes, dinossáurios carnívoros de grandes
dimensões que andaram por ali há cerca de 175 milhões de anos. Uma dúzia de anos
depois, o espaço encontra-se visitável, mas pouca gente sabe da sua existência, apesar
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de em Pé da Pedreira, a localidade mais próxima, existirem placas indicativas da
existência da jazida de Vale de Meio. Junto à antiga pedreira, um painel informativo
destaca a importância do local. Mas não há percursos marcados nem ninguém que possa
orientar os visitantes. Na página do PNSAC na Internet também não conseguimos
encontrar menções à jazida de Vale de Meios, pelo menos entre os denominados “pontos
de interesse” a visitar na sua área de abrangência. Na página da Câmara de Santarém
também não se vislumbra qualquer referência.Um achado único no paísOs primeiros
indícios da jazida surgiram em 1998, numa zona de exploração de pedreiras de calçada
conhecida como Vale de Meios, mas só com o avanço da extracção de pedra se teve
noção da sua importância. Os estudos mais aprofundados, coordenados pelo paleontólogo
Galopim de Carvalho, iniciaram-se em 2002, tendo sido elaborado um relatório que dava o
achado, datado do Jurássico Médio, como único a nível nacional e mesmo da Península
Ibérica. Na altura falou-se em avançar com o processo de classificação da jazida como
monumento natural, o que até à data não se concretizou.Outra intenção ainda por
concretizar era constituir em Vale de Meios um centro de interpretação simples e prático
que fornecesse o máximo de informação científica e pedagógica sobre esses animais
extintos há 65,5 milhões de anos.No entanto, o Regulamento do Plano de Ordenamento
do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, publicado em Diário da República em
12 de Agosto de 2010, define claramente que “deve ser implementado um conjunto de
acções que visem o ordenamento, requalificação e gestão do espaço com vista à
valorização e conservação da jazida de Vale de Meios”. E acrescenta que “a Jazida de
Icnitos de Dinossáurio de Vale de Meios deve acolher projectos de investigação científica e
de educação ambiental com vista ao aprofundamento desta área de conhecimento e a sua
divulgação”.Instituto da Conservação da Natureza não respondeContactado por O
MIRANTE, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que tutela o
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, não respondeu às questões colocadas
por email há uma semana, conforme nos foi solicitado.Já a vereadora da Cultura da
Câmara de Santarém, Susana Pita Soares (PSD), diz a O MIRANTE que os vestígios são
visitáveis, mas reconhece que “não existe qualquer indicação dos percursos a efectuar e
que permitiriam orientar os visitantes”. Acrescenta que, aquando da classificação da jazida
pelo município, “foi criado no local, com a ajuda do proprietário da pedreira e do PNSAC,
uma modesta construção onde deveria funcionar um centro interpretativo, com alguns
percursos assinalados no local”. Mas nada disso está activo. Aliás, no dia em que O
MIRANTE visitou o local, não se via lá vivalma. A autarca sublinha que se trata da “maior e
mais significativa jazida com pegadas de terópodes do Jurássico Médio da Península
Ibérica, estando em “excelente estado de conservação” e que, a nível mundial, “é uma das
três principais jazidas com mais de mil pegadas de dinossáurios”. Adianta que é a única
jazida no país onde é possível realizar estudos aprofundados sobre a paleoanatomia,
locomoção e comportamento de terópodes, revelando ainda a existência de saurópodes
nesta área durante o Jurássico Médio.

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