Para avaliar as interações entre reagentes e minerais no processo de
flotação é necessário o emprego de técnicas que são conhecidas como critérios de flotabilidade. Essas técnicas fornecem indicativos da flotabilidade ou hidrofobicidade de um dado mineral, podendo ajudar no esclarecimento de fenômenos físico-químicos que ocorrem em uma célula de flotação. Testes de microflotação em tubo de Hallimond e medidas de ângulo de contato são duas técnicas utilizadas como critério de flotabilidade. Devido ao fácil manuseio e a boa reprodutibilidade dos resultados, a microflotação em tubo de Hallimond é muito mais empregada do que a medida de ângulo de contato. A microflotação compreende a flotação com pequenas alíquotas amostrais purificadas utilizando-se equipamento específico e delicado, capaz de viabilizar campanhas rápidas e de baixo custo. Quando utiliza-se o tubo de Hallimond, as alíquotas compreendem geralmente de 1,0 a 2,0 gramas e o mecanismo de agitação é a barra magnética (LEJA, 1982). Essa técnica tem como grande vantagem a realização de ensaios bem controlados e reprodutíveis, os quais permitem o estudo do mecanismo de interação entre reagentes e as superfícies minerais e o levantamento das melhores condições físico-químicas da suspensão ou polpa, pH, ect. Mas por se tratarem de sistemas simplificados, usualmente com minerais isolados, água destilada e reagentes purificados, o escalonamento para as condições de flotação convencional de bancada ou industrial deve ser considerado com uma extrema prudência. Mesmo assim, os resultados obtidos em célula de microflotação podem servir como um guia durante a seleção das condições operacionais em célula de bancada.
1.2. Apatita
A apatita é a principal fonte natural do elemento fósforo, de grande
importância na indústria química bem como na ciência biológica. Sua mineralogia é bastante complexa, podendo ocorrer em praticamente todos os ambientes geológicos (CHANDER e FUERSTENAU, 1979). O grupo das apatitas é caracterizado pelo elevado número de substituições dos íons da rede cristalina, podendo assim ser classificada em: hidroxiapatita, fluorapatita e cloroapatita, de acordo com o conteúdo aniônico: hidróxido (H-), fluoreto (F-) e cloreto (Cl-), respectivamente. P cátion alcalino é normalmente cálcio (Ca2+), mas pode ser substituído por sódio (Na+), manganês (Mn2+), estrôncio (Sr2+), potássio (K+), etc. Devido à grande quantidade de substituições e aos diversos meios de formação, a composição química das apatitas e, portanto, suas propriedades de superfície variam muito de um minério para outro, ou seja, de depósito pra depósito. Devido a esse fato, pode-se notar diferentes respostas à flotação de apatitas de diversas localidades (HANNA e SOMASUNDARAN, 1976).
1.3. Quartzo
O quartzo é um silicato pertencente ao grupo dos tectossilicatos, de
fórmula química SiO2. O ponto isoelétrico ocorre na faixa de pH de 1,5 e 2,5 (VIANA et al., 2006). Os tectossilicatos são estruturas em que cada tetraedro compartilha os quatros oxigênios, gerando estruturas tridimensionais de composição unitária SiO2. A fragmentação dos tectossilicatos sempre implicará na quebra de tetraedros de sílica ou alumínio. O quartzo é o mineral mais abundante na crosta terrestre. As primeiras observações científi cas sobre propriedades especiais do quartzo iniciaram-se no final do século XVIII, quando foi percebida sua propriedade piezoelétrica. O efeito piezoelétrico, observado no quartzo, consiste em que ao ser comprimido por forças externas gera cargas elétricas em sua superfície e vice- versa, ou seja, a alternância entre compressão e tensão produz cargas opostas, que causará expansão e contração respectivamente. Além de suas propriedades dielétricas e piezoelétricas, o quartzo possui baixo coeficiente de dilatação térmica, resistência à radiação e corrosão, capacidade de polarização da luz, recepção e emissão de ultra-sons, entre outras. 1.4. Reagentes
1.4.1. Hidróxido de sódio (NaOH)
O hidróxido de sódio é um reagente que atua como regulador de pH em
uma flotação. Ele é conhecido também com soda cáustica e costuma ser obtido a partir da eletrólise de sais de sódio. Caracteriza-se pela capacidade de provocar bruscas variações de pH com pequenas dosagens, sendo considerado como o mais forte dentre os reguladores de pH para a faixa alcalina. Por isso, é indicado em processos que exigem elevados valores de pH (BALTAR, 2010). NaOH = Na+ + OH-
A soda cáustica possui uma considerável ação corrosiva. Essa
característica implica na necessidade de cuidados especiais durante o transporte, manuseio e preparo das soluções.
1.4.2. Oleato de sódio
O oleato de sódio é um coletor aniônico produzido pela saponificação do
ácido carboxílico com uma base, sendo que nesse trabalho foi utilizado o hidróxido de sódio (Eq. 01) e (Eq. 02) e o ácido oléico.
(Eq. 01)
(Eq.02)
O ácido graxo insaturado mais utilizado como reagente coletor é o ácido
oleico, que tem um grau de insaturação e 17 carbonos na cadeia hidrocarbônica (Eq. 03). (Eq.03)
A adsorção dos coletores carboxílicos por sua natureza química ocorre,
no plano interno de Helmholtz, com a formação de composto superficial. É seletiva e possui uma alta energia de interação (BALTAR, 2008).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALTAR, C. A. M. Flotação no tratamento de minérios. – 2. ed. – Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 2010.
BALTAR, C. A. M. Flotação no tratamento de minérios. 1.ed. Recife:
Departamento de Engenharia de Minas. UFPE, 2008.
CHANDER, S.; FUERSTENAU, D.W. (1979) Interfacial Properties and
Equilibrium in the Apatite-Aqueous Solution System. Journal of Colloid and Interface Science, v. 70, No. 3, p. 506-516.
HANNA, M.S.; SOMASUNDARAN, P. (1976) Flotation of Salt-Type Minerals.
Flotation, A.M. Gaudin Memorial volume, AIME, New York, p. 197-272.
LEJA, J. Surface chemistry of froth flotation. New York: Plenum, 1982. P. 758.
VIANA, P.R.M., ARAUJO, A.C., PERES, A.E.C. Teoria e Prática do Tratamento
de Minérios. 1.ed. São Paulo: Signus Editora, 2006. Volume 4.