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HIDROLOGIA

APLICADA

Professor Responsável:LUIGI WALTER ANDRIGHI

UniFOA
CAPITULO I

INTRODUÇÃO A HIDROLOGIA

1.0.DEFINIÇAO. Segundo”US FEDERAL COUNCIL FOR SCIENCE AND


TECHNOLOGY”, a HIDROLOGIA é a ciência que trata da água na terra, sua
ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e
suas reações com o meio ambiente, incluindo sua relação com a vida.( seres
vivos, ou seja a biomassa).-

1.1.ENGENHARIA HIDROLÓGICA. São os setores da hidrologia aplicados


ao desenvolvimento de projetos e execução de obras de engenharia de
recursos hídricos, visando o desenvolvimento e o bem estar da humanidade.-

1.2. OCORRENCIA DA ÁGUA NO PLANETA.- A água livre e circulante


no planeta monta de 1383,6136x10*15 m3 ( 100% ), assim distribuídos:
-oceanos......................................1350,00x10*15 m3 ( 97,57% )
-geleiras e calotas polares...............25,00x10*15 m3 ( 01,81% )
-lagos e rios.......................................0,20x10*15 m3 ( 00,01% )
-águas subterrâneas...........................8,40x10*15 m3 ( 00,61% )
- biosfera........................................0,0006x10*15m3 ( 00,00% )
- atmosfera........................................0,013x10*15m3( 0,001% )

Nota: não está incluída nesta relação a água quimicamente contida no solo e
nas rochas.-

Podemos representar os fluxos e reservas de água globais da seguinte forma:


1.3.UTILIDADES DOS RECURSOS HÍDRICOS.-
-essencial a vida, visto que a maior parte da biomassa é água;
-regulador térmico, é a responsável pela distribuição da energia solar na
atmosfera;
-produção de alimentos;
-abastecimento público de água potável;
-produção de energia elétrica (hidrelétricas);
-insumo industrial ( resfriamento, limpeza, incorporação ao produto );
-dessedentação de animais;
-navegação;
-autodepuração, como o afastamento e depuração do esgoto sanitário;
-preservação da flora e da fauna aquática;
-irrigação na agricultura e de parques e jardins;
-recreação e paisagismo;
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CAPITULO II

CICLO HIDROLÓGICO

2.0.CONSIDERAÇÕES.- O movimento, a transformação e a circulação das


águas no planeta, condicionaram os Hidrologistas a instituir fases com o
correspondente espaço físico de processamento ou da passagem da água;
como por exemplo, a fase da precipitação que se forma na atmosfera; e como
estas fases acontecem em seqüência contínuas, o sistema evolutivo foi
denominado de “ciclo hidrológico”.-

2.1. CICLO HIDROLÓGICO, portanto é a descrição detalhada do movimento


e transformação da água desde seu estado liquido no solo, até a sua volta por
precipitação.-FASES DO CICLO HIDROLÓGICO:

-PRECIPITAÇÃO.- se forma na atmosfera através do condicionamento físico


do vapor d’água(condensação);

-ESCOAMENTO SUPERFICIAL.-ocorre nas superfícies continentais durante


as precipitações;

-ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO.-se subdivide em três sub-fases:


Infiltração, é a passagem da água da superfície para o interior do solo;
Percolação, é a trajetória da água na direção da reposição do
aqüífero;Drenagem, é o afloramento das águas subterrâneas principalmente
nas partes baixas para formação de rios , lagos e fontes d’água.-

-EVAPO -TRANSPIRAÇÃO.- é o termo híbrido que representa os seguintes


fenômenos: Evaporação, é a passagem da água do estado liquido para o
gasoso por ação puramente física; Transpiração, é a passagem da água para o
estado gasoso devido a transpiração dos seres vivos, através do metabolismo.-
2.2.REPRESENTAÇÃO DO CICLO HIDROLÓGICO.-
a)Através de um perfil hidrográfico contendo três bacias contíguas.
FASES: 1-precipitação; 2- escoamento superficial; 3- escoamento
subterrâneo ( 3a- infiltração; 3b- percolação; 3c- drenagem); 4- evapo -
transpiração; NF- nível freático; SS- solo saturado; SNS- solo não saturado.-
b)Representação do ciclo hidrológico sob o ponto técnico.(fluxograma).-

2.3.BALANÇO HÍDRICO ELEMENTAR.-Considerando um volume de


controle de um solo, podemos representar o balanço hídrico( variação
volumétrica de água no solo ao longo do tempo) da seguinte forma:
Se definirmos por: I-(inflow) volume d’água que chega no solo num
determinado tempo; O-(ouflow) volume d’água que sai do solo num
determinado tempo e; S-variação do volume dágua no solo no mesmo
intervalo de tempo.-
S= I+O equação hidrológica elementar
Nota: do inglês ( in-p/ dentro, ou- p/ fora, flow- escoamento ).
2.4.MÉTODOS DE ESTUDO.-As fórmulas desenvolvidas para o controle e
previsão do ciclo hidrológico; são fórmulas e métodos empíricos ou semi-
empíricos estabelecidos através do tratamento estatístico dos dados
observados pela meteorologia, pela hidrometria e pelas estações de observação
de águas subterrâneas.-

2.5. INTERVENÇÕES DO HOMEM NO MEIO AMBIENTE.-


-Urbanização- impermeabiliza o solo, diminui a infiltração e aumenta o
escoamento superficial, agravando as inundações, ainda mais quando a calha
do rio é reduzida e assoreada;
-Queima de combustíveis fósseis-(derivados de petróleo e carvão mineral)-
produz gases como: CO2, CO, SO2 e outros que causam o efeito estufa e a
chuva ácida;
-Desmatamento e queimadas- produz o efeito estufa, diminui a infiltração
comprometendo a alimentação dos lagos e rios, causa erosão do solo e
assoreamento dos cursos d’água e lagos;
-Aterros sanitários – produz o metano e outros gases que causam o efeito
estufa;
-Esgoto doméstico e Industrial – a sua decomposição anaeróbia produz gases
que contribuem com o efeito estufa;
-Represamento dos rios para formação de represas – A mata submersa entra
em decomposição anaeróbia produzindo gases que contribuem com o efeito
estufa e a chuva ácida;
-Parques industriais obsoletos – causamos os mais diversos tipos de poluição;
-CFCs ou freons de geladeiras, ar condicionados , freezers e embalagens de
aerossóis; estes gases quando liberados são catalisadores que destroem a
camada de ozônio;
-Combustão de motores de jatos ou aviões, produz os gases NOx, que também
são catalisadores e destroem a camada de ozônio;
-Poluição de rios e lagos, pelo lançamento de esgoto doméstico e industrial
não tratado.-

2.6.INTERVENÇÕES BENÉFICAS DO HOMEM NO MEIO AMBIENTE.-


-Reflorestamento- absorve o CO2;
-Utilização da energia solar em grande escala – absorção da energia solar
diminui o efeito estufa além de ser fonte limpa;
-Tratamento dos esgotos doméstico e industrial com processos eficientes;
-Combate da erosão do solo;
-Evitar o desmatamento e queimadas;
- Diminuir gradativamente da queima dos combustíveis fósseis com a
substituição por outros.-

2.7.APLICAÇÃO DA HIDROLOGIA.-
-Abastecimento d’água das cidades e comunidades;
-Projetos para construção de obras hidráulicas: represas, vertedores,
canalização de cursos d’água nas urbanas etc.
-Drenagem pluvial – coletores de águas pluviais, bueiros de estradas,
reservatórios de retenção;
-Controle de inundações – regularização da calha do curso d’água, dragagem
da calha assoreada, retificação de trechos de cursos d’água, construção de
represas de retenção;
-Navegação – regularização de canais de navegação;
-Aproveitamento hidrelétrico – construção de barragem p/ hidrelétrica;
-Irrigação – estudo da infiltração em canais não revestidos e da evaporação;
-Controle da poluição de cursos d’água – definição do limite suportável do
curso d’água de lançamento de efluentes de esgoto, respeitando sua
capacidade de reaeração.-
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CAPITULO III

BACIA HIDROGÁFICA

3.0.Considerações.- As bacias hidrográficas resultam da interação da


precipitação com as superfícies continentais que apresentam as mais variadas
altitudes e declividades distribuídas de tal forma que condicionam este sistema
a existência das bacias hidrográficas; principais bacias hidrográficas
brasileiras: Bacia Amazônica; Bacia do Rio S.Francisco, Bacia do Rio Paraíba
do Sul; etc.

3.1.BACIA HIDROGRÁFICA- fisicamente é uma área definida


topograficamente, drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de
cursos d’água, de tal forma que toda vazão efluente é descarregada por uma
única saída.-
3.2.BALANÇO HÍDRICO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA.-

Onde:
P- volume d’água de contribuição p/ precipitação;
R- “ “ que sai p/ escoamento superficial (descarga )
I- “ “ que se infiltra;
D- “ “ drenada;
Eg- “ “ que sai por evapo- transpiração no interior do solo;
Es- “ “ “ “ “ “ na superfície do solo:
Ss- Balanço hídrico superficial;
Sg- Balanço hídrico subterrâneo;
S - Balanço hídrico geral;

-Balanço hídrico na superfície: Ss= P-R-I-Es+D


-Balanço hídrico no interior do solo: Sg= I-D-Eg+G1-G2
-Balanço hídrico da Bacia: S= P-R-Es-Sg+G1-G2
Nota: todos os volumes acima são formados concomitantemente no mesmo
espaço de tempo.-

3.3. DIVISORES DE UMA BACIA.-São assim chamados por dividirem as


águas precipitadas para duas bacias distintas e podem ser superficiais ou
freáticos, desta forma temos:
a)Divisor topográfico- é constituído pelos pontos seqüenciais de maiores
altitudes da bacia; a seqüência só é interrompida no ponto de descarga da
bacia.-
b)Divisor freático, quando existe, é constituído pelas maiores elevações do
nível lençol freático.-
3.4.CLASSIFICAÇÃO DOS CURSOS D’ÁGUA.-Quanto a variação da
vazão, os cursos d’água podem ser classificados:
a)Perenes- São aqueles que, sempre apresentam uma determinada vazão de
escoamento, e geralmente apresentam o nível freático acima do seu leito.-
b)Intermitentes- São aqueles que apresentam uma interrupção de vazão
durante um certo tempo na estiagem, e geralmente apresentam o nível do
lençol freático ora acima do seu leito ora abaixo do seu leito.-
c)Efêmeros- São aqueles que apresentam o nível do lençol freático sempre
abaixo do seu leito, existindo portanto durante as precipitações para escoar
águas superficiais; constituem os primeiros canais existentes na cabeceira da
bacia.-
Nota:I- Cursos d’água influentes, os cursos d’água perdem água em
determinados trechos para o solo;
II- Cursos d’água efluentes, os cursos d’água, nestes trechos, são alimentados
pelo lençol freático do solo.-

3.5.CARACTERISTICAS FÍSICAS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA.-

3.5.1.Área de Drenagem (Km2), é a área projetada inclusa entre os divisores


topográficos.-( A )
3.5.2. Perímetro(Km), é comprimento da poligonal irregular do divisor
topográfico.(P)
3.5.3.Forma da Bacia, é um fator preponderante na definição do tempo de
concentração de uma bacia, que por sua vez determina a vulnerabilidade da
bacia a inundações.- Tempo de concentração ( tc ) é o tempo que decorre
desde o inicio da precipitação até ao instante em que toda a bacia a montante
contribui por escoamento superficial na seção considerada, ou é o tempo que a
água precipitada no divisor mais distante gasta para chegar a tal seção.- A
forma da bacia é definida por dois coeficientes:
a) Coeficiente de compacidade (Kc), compara a forma da bacia a um
circulo e é a relação entre o perímetro da bacia pelo perímetro de um
circulo de área equivalente.-
A=Sr*2; r=[A/ P]*1/2 ; P=Pc=2Sr; Pc=2S[A/S]*1/2; e Kc=P/Pc

Kc=P/2S[A/S]*1/2……Kc=0,28P/A*1/2

Limites do coeficiente: Kc tendendo p/ 1, representa uma bacia arredondada, e


quanto maior o coeficiente mais alongada será a bacia; geralmente uma bacia
alongada apresenta tempos de concentrações grandes definindo bacias com
pouca probabilidade de inundações.-

II-Fator de forma.- relaciona a forma da bacia a um retângulo e é relação


entre a largura média pelo comprimento axial da bacia; comprimento axial é o
comprimento do maior curso d’água existente na bacia.-

Larg. Média=A/La....Kf=Larg. Média/La...........Kf=A/La*2

Limites do coeficiente: Quando Kf tende para ‘1’, representa uma bacia


arredondada, e quanto menor o coef. mais alongada será a bacia; geralmente
uma bacia alongada define tempos de concentrações grandes, bacias com
pouca probabilidade de inundações.-
Ex.:Determinar os coeficientes de forma para a bacia Ribeirão do Lobo da
região de S. Carlos S.P. (bacia monitora pela Universidade Federal de
S.Carlos ). Dados P=70,00 Km; A=177,25 Km2; La=22,20 Km.-

Kc=70x0,28/177.25*1/2=1,472 e Kf=177,25/22,20*2=0,36, isto é, uma


bacia com alongamento médio.-

3.5.4.Sistema de Drenagem.- é constituído pelo curso d’água principal e seus


afluentes; e apresenta as seguintes características:
a)Ordem dos cursos d’água.- define a posição que um curso d’água ocupa
dentro do sistema de drenagem; desta forma, são considerados de 1ª ordem os
primeiros canais existentes na cabeceira da bacia; de 2ª ordem os cursos
d’água formados pelo menos por dois de 1ª ordem; de 3ª ordem os cursos
d’água formados pelo menos por dois de segunda ordem e assim
sucessivamente.Ex:
Bacia de Quarta Ordem
b)Densidade de drenagem.- representa a relação entre o comprimento total de
cursos d’água pela área da bacia.- Dd=Lt/A [Km/Km2]
Limites: p/ um Dd=0,50Km/Km2, representa uma bacia com deficiência de
drenagem, e p/ Dd=3,50, uma bacia bem drenada.-
Ex.p/ a bacia Ribeirão do Lobo em que Lt=133,40Km;
Dd=133,40/177,25=0,75Km/Km2, isto é, uma bacia mal drenada.-
c)Extensão Média de Escoamento Superficial.- representa a distancia média
que as águas precipitadas devem escoar superficialmente para atingir o
1ºcurso d’água.-
e=A/4.Lt [Km]..... Ex.- e=177,25/4.133,40=0,33 Km, p/ a
bacia R. do Lobo.-

d)Sinuosidade.- é representada pela relação entre o comprimento do curso


d’água pelo comprimento de talveg ( é o segmento de reta definida pelos
pontos de nascente e de foz do curso d’água).-
Sin=L/Ltal.......Limites: quando o Sin tende p/ ‘1’, representa um curso
retilíneo, e quanto maior for o Sin, mais sinuosidade terá o curso d’água.- Ex.:
p/ o Ribeirão do Lobo ........ Sin= 22,20/20,60= 1,10... representando um curso
retilíneo.-
e)Características de Relevo de uma Bacia.-
I-Estudo da Declividade do Relevo da Bacia.- Para isto, deve-se parcelar a
área em quadriculas, de dimensão compatível com as irregularidades da área
da bacia e proceder o cálculo da declividade de cada quadricula inteira ou
parcial, cálculo este feito sempre na direção perpendicular às curvas de nível e
com as distancias correspondentes dentro da quadricula; desta forma teremos
‘n’ quadriculas e ‘n’ declividades permitindo estender a esta amostragem o
tratamento estatístico desejado. Ex.Estudo das declividades da bacia Ribeirão
do Lobo, área dividida em quadriculas de 1Km2 .-

QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DE DICLIVIDADES


Intervalo Fi Fi% Fi(Ac) xi Fi . xi
h= 0.0050m/m
0.000-0.0049 249 69.55 100.00 0.00245 0.6100
0.0050-0.0099 69 19.27 30.45 0.00745 0.5141
0.0010-0.0149 13 3.63 11.18 0.01245 0.1619
0.015-0.0199 7 1.96 7.55 0.01745 0.1222
0.020-0.0249 0 0.00 5.59 0.02245 0
0.025-0.0249 15 4.19 5.59 0.02745 0.4118
0.030-0.0349 0 0.00 1.40 0.03245 0
0.035-0.0399 0 0.00 1.40 0.03745 0
0.040-0.0449 0 0.00 1.40 0.04245 0
0.045-0.050 5 1.40 1.40 0.04745 0.2373
¦ 358 100% 2.0573

Curva de Distancia de declividades

=¦Fi.xi / ¦Fi=0,00575m/m
xm= (interpolação p/a declividade central)= 0.003523m/m
II- Curva Hipsométrica.-è a representação gráfica do tratamento estatístico das
áreas e suas respectivas altitudes do relevo da bacia, em relação ao nível
médio do mar.- Ex.: Desenvolvimento da curva hipsométrica da Bacia
Ribeirão do Lobo - S.Carlos-SP.

QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DE ALTITUDES- ÀREAS


Intervalo Fi(Km2) Fi% Fi(Ac) xi Fi . xi
h= 20m
940-920 1.92 1.08 1.08 930.00 1785.60
920-900 2.90 1.64 2.72 910.00 2639.00
900-880 3.68 2.08 4.80 890.00 3275.20
880-860 4.07 2.29 7.09 870.00 3540.90
860-840 4.60 2.59 9.68 850.00 3910.00
840-820 2.92 1.65 11.33 830.00 2423.60
820-800 19.85 11.20 22.53 810.00 16078.50
800-780 23.75 13.40 35.93 790.00 18762.50
780-760 30.27 17.08 53.01 770.00 23307.90
760-740 32.09 18.10 71.11 750.00 24067.50
740-720 27.86 15.72 86.83 730.00 20337.90
720-700 15.45 8.72 95.55 710.00 10969.50
700-680 7.89 4.45 100.00 690.00 5444.10
¦ 177.25 100% 136542.10
Curva Hipsométrica
= ¦Fi.xi/ ¦Fi= 770,34m

Hm= (interpolação p/a altitude central)=763,52m

III- Declividade dos cursos d’água.- Podemos determinar as declividades


pelos seguintes métodos:
-Declividade Geral- é obtida pela relação entre a diferença das altitudes de
nascente e de foz, pelo correspondente comprimento do curso d’água
(projetado). Só é representativa se o perfil apresentar uma certa
homogeneidade.
S1=(Hn-Hf)/L [ m/m]
-Declividade equivalente – obtida através da equivalência de área entre a área
do perfil do curso d’água e a área do gráfico da declividade, com os mesmos
eixos cartesianos.-
A- área do perfil do curso d’água, determinada pela fórmula de GAUSS;
H’=2xA/L; S2=H’/L S2=2xA/L*2 [ m/m ];
-Declividade equivalente – obtida através da média harmônica, calculada pela
fórmula: S3= {¦Li/¦(Li/Si)}*2...........SI= Ii*1/2............ Ii= 20/Li

Ex.:Cálculo das declividades do curso Ribeirão do Lobo.- S.Carlos S.P


PERFIL DO CURSO D’ÁGUA RIBEIRÃO DO LÔBO
Intervalo Li(m) Ii= 20/li SI= Ii*1/2 Li/Si
h=20m
680 - 700 7100.00 0.00282 0.0531 133.71
700 - 720 500.00 0.04000 0.2000 2.50
720 - 740 3375.00 0.00593 0.0770 43.83
740 - 760 5375.00 0.00372 0.0609 88.26
760 - 780 850.00 0.02353 0.1534 5.54
790 - 800 1330.00 0.01504 0.1226 10.85
800 - 820 350.00 0.05714 0.2390 1.46
820 - 840 350.00 0.05714 0.2390 1.46
840 - 860 880.00 0.02273 0.1507 5.84
860 - 880 950.00 0.02105 0.1451 6.55
880 - 900 400.00 0.05000 0.2236 1.789
900 - 920 540.00 0.03704 0.1974 2.810
¦ 22000.00 304.601
S1= (920-680)/22000=0.01090m/m
Coordenadas
Pontos X(Km.) Y(m)
1 0,0000 680,00
2 7,1000 700,00
3 7,6000 720,00
4 10,975 740,00
5 16,350 760,00
6 17,200 780,00
7 18,530 800,00
8 18,880 820,00
9 19,230 840,00
10 20,110 860,00
11 21,060 880,00
12 21,460 900,00
13 22,000 920,00
14 22,000 680,00

Pela fórmula de GAUSS a área da poligonal é:


A=1490,10m.Km
H’=2.A/L=2.1490,10/22,00135,46m
S2=135,46/22000,00=0,00616m/m

S3=[22,00/304,295]*2=0,00523m/m (média harmônica)


O tempo de concentração da nascente do curso d’água até a foz, será, pela
fórmula de Kirpick: tc=57[L*2/S2]*0,385,; sendo: Tc- mint; L- Km; S2-
m/Km;
Tc=57[22,00*2/6,16]*0,385=305,90 minut. Ou 5h e 06’.

f- Retângulo Equivalente – Foi introduzido por Hidrologistas Franceses com o


objetivo de se fazer avaliações de escoamento superficial de bacias
desconhecidas através de dados observados em bacias representativas, esta
transferência de dados será feita pela comparação dos retângulos equivalentes
que só dependem de dados topográficos. O retângulo equivalente tem área e
perímetro equivalentes à bacia, em que as curvas de nível são representadas
paralelamente ao lado menor, resguardando entre si as mesmas áreas que
determinam na bacia. Dados: A= Lxl ; P=2(L+l); Kc= 0,28P/A*1/2;
Ex.: Retângulo Equivalente da Bacia Ribeirão do Lobo. Dados A=177,25
Km2; P=70,00Km; Kc=1,472; as fórmulas nos darão os valores de : L= 28,86
Km; e L=6,14 Km.- Posicionamento das curvas de nível: xi= Ai/l; no quadro
de distribuição de áreas da curva hipsométrica podemos determinar os xi.-

3.6.Bacia Representativa – Segundo determinação do Decênio Hidrológico


Internacional; Bacias Representativas, são bacias que apresentam uma
ecologia bem determinada e localizadas em regiões onde o ciclo hidrológico
não esteja muito alterado pela ação do homem; nestas bacias são instaladas um
nº suficientes de estações meteorológicas, hidrométricas e de observação de
águas subterrâneas para registrar a evolução do ciclo hidrológico da região,
com a vivência normal do homem.- A Bacia Ribeirão do Lobo localizada
entre os meridianos 47º 46’ e 47º 57’ de longitude oeste e entre os paralelos
22º 10’ e 22º 21’ de latitude sul, foi transformada em Bacia Representativa,
monitorada pelo Departamento de Hidrologia da Universidade Federal de
S.Carlos SP.

3.7. Bacias Experimentais – São aquelas bacias que tem seu tipo ecológico
alterado pela ação do homem de uma forma experimental ou por necessidade
econômica, como: alteração substancial da cobertura vegetal; criação de
grandes lagos; modificações de relevo; etc; e que sejam monitoradas através
de um nº suficiente de estações: meteorológicas, hidrométricas e de
observação de águas profundas, para registrar a evolução do ciclo hidrológico.

3.8.Exercícios Aplicativos: a)Uma barragem irá abastecer uma cidade de


100.000 habitantes e uma área irrigada de 5000 há.
Verificar, através de um balanço hídrico anual, se o local escolhido para a
barragem tem condições de atender à demanda, quando esta for construída.
Informações técnicas disponíveis:
- área da bacia= 300Km2;
- precipitação média anual = 1300 mm/ano;
- evapotranspiração total para a situação, com a barragem pronta = 1000
mm/ano;
- demanda da cidade = 150 l/(hab. x dia);
- demanda da área irrigada = 9000 m3/(há x ano).-

b)Uma bacia hidrográfica de 30 Km2 de área recebe uma precipitação média


anual de 1200mm. Considerando que as perdas médias anuais por
evapotranspiração montem em 850 mm, determinar a vazão média de longo
período na exutória.-
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CAPÍTULO IV

PRECIPITAÇÃO

4.0.Precipitação é o termo usado para classificar todas as formas de umidades


hidrológico se processa na atmosfera, mais precisamente na camada inferior
denominada troposfera. Formas de precipitação:
- estado líquido: chuva, neblina ou orvalho;
- estado sólido: neve; geada; saraiva e granizo( grânulos de gelo com
diâmetros maiores de 5mm );

4.1. Atmosfera, Circulação Geral dos Ventos.-


4.1.1.Atmosfera, é a camada gasosa que envolve a terra e é constituída por uma
mistura mecânica de gases que variam em função do tempo e da situação
geográfica. Sob o ponto de vista hidrológico, a atmosfera é constituída pelos
seguintes elementos:
I- Ar seco ou atmosfera seca, é constituída por uma mistura mecânica e
permanente de gases sob aproximadamente a seguinte proporção:
- oxigênio e nitrogênio................................................99,00%
- argônio.......................................................................0,93%
- dióxido de carbono.....................................................0,03%
- neônio, hélio, criptônio, hidrogênio, xenônio, etc......0,04%
II- Vapor d’água, é levado à atmosfera devido a evaporação da água: nos
oceanos,lagos, rios, do solo e do lençol subterrâneo; e também levado a atmosfera
devido a transpiração dos seres vivos. Esta presente na atmosfera a razão de quase
0% nas regiões desérticas e frias, para até 4% nas regiões úmidas tropicais.-
III- Aerossóis ou partículas sólidas em suspensão, são provenientes do solo
devido a: ação mecânica dos ventos, combustão de matérias orgânicas, explosão
vulcânicas, da vivência do homem, etc.; são provenientes do espaço devido a
queima de meteoros que invadem a atmosfera a excessivas velocidades.-
4.1.2.Circulação geral dos Ventos na atmosfera, os fenômenos meteorológicos que
interessam a hidrologia se processam na camada inferior da atmosfera,
denominada troposfera, a qual abrange na altura do equador uma altitude de
18Km, para 9Km nos pólos; esta camada se caracteriza por apresentar movimento
de ar tanto no sentido horizontal como no vertical, processado pela distribuição da
energia solar que o ar recebe da reflexão dos raios solares sobre a superfície da
terra.
O ar da troposfera é aquecido pela reflexão dos raios solares sobre
a superfície da terra, neste processo há regiões que reflete com mais intensidade os
raios solares e regiões que reflete com menos intensidades, desta forma a região
que reflete com mais intensidade desenvolve uma região atmosférica de baixa
pressão e conseqüentemente a que reflete com menos intensidade desenvolve uma
região de alta pressão, e assim o ar tem a tendência física de se propagar no
sentido da região de alta para baixa pressão; desta forma, se desenvolvem regiões
em que predominam altas pressões e regiões em que predominam baixas pressões
atmosféricas e se estabelece assim o sentido predominante de propagação dos
ventos, que será alterado pela interferência de algum fenômeno meteorológico.-
Distribuição da pressão e ventos sobre o globo

Desta forma caracteriza-se as seguintes faixas em predominam altas e baixas


pressões atmosféricas:
I-Faixa Equatorial de Baixas Pressões. Está localizada em torno do equador e se
caracteriza por apresentar: ventos fracos e variáveis, correntes de ar ascendentes,
grande umidade do ar, alto índice pluviométrico e altas temperaturas;
II- Faixas Sub-tropicais de Baixas Pressões.- Estão localizadas em torno dos
paralelos 30ºN e 30ºS e se caracterizam por apresentar: ventos fracos, correntes de
ar descendentes, ar quase seco, poucas nuvens e baixo índice pluviométrico. Nesta
faixa estão localizados os maiores desertos da terra;
III- Faixas Polares de Baixas Pressões.- Estão localizadas em torno dos paralelos
60ºN e 60ºS e se caracterizam por apresentar: clima muito variável, correntes de ar
ascendentes e grandes tempestades;
IV- Calotas Polares de Altas Pressões- Se caracterizam por apresentar: ar muito
seco, correntes de ar descendentes e temperaturas baixas.
4.2.Umidade Atmosférica.- Representa o teor de vapor d’água presente no ar
atmosférico e é a responsável pelos fenômenos meteorológicos que acontecem na
atmosfera, mais precisamente na troposfera. Logo temos que instituir métodos ou
fórmulas que permitem medir a quantidade de vapor d’água
presente no ar atmosférico. Desta forma a umidade atmosférica pode ser avaliada
por:
a)Pressão Parcial de Vapor D’água (e )- é a pressão que uma determinada
quantidade de vapor d’água exerceria se ocupasse o mesmo espaço
separadamente.
p=e+p’; sendo: p- pressão atmosférica; e- pressão parcial do vapor
d’água; p’- pressão parcial do ar seco.
“Lei de Dalton”- a pressão total que uma mistura de gases exerce em um
recipiente, é igual a soma das pressões parciais desses gases se ocupassem o
mesmo recipiente separadamente.-
As principais evoluções do ar atmosférico, são evoluções adiabáticas e com
comportamento de um gás perfeito, e portanto podemos estender ao ar atmosférico
as leis da termodinâmica.
p.V=n.Ru.T; sendo: p- pressão do gás; V- volume da amostra; n- nº de moles;
Ru- constante universal dos gases; T- temperatura absoluta.
Fazendo: p=e (pressão parcial do vapor), temos:
e.V=mv.Ru.T/Mv.V, e sabendo que Ru=Mv.Rv=M’.R’ e Mv=18 gr,
M’=28,966gr; e=1,61.mv.R’.T/V; em que R’=0,00283 atm.L/gr.ºC.-
b) Umidade Absoluta- é a relação entre a massa de vapor d’água, pelo
correspondente volume da amostra de ar.-
u.a=mv/V ( gr de vapor por litro de ar atmosférico)

c) Umidade Relativa- é a razão entre a massa de vapor d’água presente em uma


determinada amostra pela massa de vapor que poderia estar presente na condição
de saturação, nas mesmas condições na amostra de ar.-
h=mv/mvs.100%=e/es.100%

Diagrama de um Psicrômetro, mostrando o principio do termômetro de bulbo úmido

d) Umidade Especifica- é a razão entre a massa de vapor d’água pela massa total
da mistura ( ar úmido ).- q=mv/m=0,622.e/p ( gr de vapor por gr de ar
atmosférico).

e) Razão de Mistura- é a razão entre a massa de vapor d’água pela massa de ar


seco da amostra de ar atmosférico.- r= mv/m’=0,622.e/p’ ( gr de vapor/ gr de ar
seco ).

f)Cálculo da Altura d’água Precipitável de Uma Camada Atmosférica.- É


calculada pela fórmula:

Na prática se utiliza a expressão:


W=0,0004.qm.dp; ….sendo que:qm- umidade específica média e dp= (p2-p1)
W-[polegadas]; W=0,001.qm.dp; [ mm ] .-

g) Temperatura do Ponto de Orvalho.-( To) é a temperatura na qual o ar evolui


isobaricamente até atingir o ponto de condensação; é o inicio da formação do
orvalho, geralmente durante a madrugada.-
h) Temperatura do Ponto de Condensação.- ( Tc ) é a temperatura na qual o ar
evolui adiabaticamente até atingir o ponto de condensação; é o inicio da formação
das precipitações.-

i) Exercícios Aplicativos: 1- Uma amostra de 10 lts de ar colhida ao nível do mar


apresentou uma temperatura de 30ºC; sabendo-se que a amostra apresentou 0,10
gr de vapor d’água, pede-se: as pressões parciais de vapor e do ar seco; as
umidades absoluta e relativa; a umidade especifica e a razão de mistura?
2- Uma segunda amostra de ar de 10 lts de ar atmosférico foi colhida a 8 Km de
altura da amostra do ex. “1”, e apresentou uma temperatura de –20ºC, uma pressão
atmosférica de 0,70 atm e uma massa de 0,05 gr de vapor d’água; nas condições
da camada atmosférica definida pelas duas amostras, pede-se determinar a altura
d’água precipitável?

4.2.1.Distribuição Geográfica da Umidade.- A umidade atmosférica está


relacionada com a presença da água na região e a temperatura; desta forma a
umidade atmosférica é máxima nas regiões úmidas tropicais e mínima nas regiões
desérticas e de baixa temperatura.-

4.2.2 Variação da Umidade no Tempo.- Considerando os seguintes intervalos de


tempos podemos generalizar:
a) Variação da umidade durante o ano na região.-

Umidade Máxima Mínima


Absoluta Verão Inverno
Relativa Inverno Verão

b) Variação da Umidade durante o dia ( 24 horas).-

Umidade Máxima Mínima


Absoluta Ao meio-dia Ao amanhecer
Relativa Ao amanhecer Ao meio-dia
4.3. Temperatura e transporte de Energia na Atmosfera ( Troposfera ).- A
distribuição da energia solar na troposfera é feita através dos seguintes processos:

a)Radiação.- A radiação solar aquece por reflexão o vapor d’água e os aerossóis


existentes na camada de ar atmosférico junto a crosta terrestre, isto porque a
radiação em ondas curtas vindo do sol não tem propriedade de aquecer nenhum
elemento da troposfera, somente após a reflexão em ondas longas que aquece o
vapor d’água e os aerossóis próximos a crosta terrestre.-

b)Condução.- O vapor d’água e os aerossóis aquecidos, aquecerão por contato ou


condução o restante da mistura do ar atmosférico, ou seja, o ar seco.-

c)Convecção.- O ar junto a crosta terrestre aquecido durante o dia, torna-se menos


denso, com o aumento da umidade e da temperatura, e entra num processo de
ascensão, indo distribuir a energia adquirida às camadas superiores.-

4.3.1. Distribuição Vertical de Temperatura ( Troposfera ).- A distribuição da


energia solar na troposfera, conduz a distribuição vertical de temperatura,
denominada de “Gradiente Vertical de Temperatura”, o qual é de
aproximadamente de 6,50ºC por quilometro na variação da altitude.- A
estabilidade e instabilidade atmosférica é determinada pela evolução adiabática
do ar, que é fundamenta nos seguintes gradientes teóricos de temperatura:

a)Gradiente de Temperatura da Evolução Adiabática Seca.- Quando uma parcela


de ar não saturada evolui adiabaticamente para um nível superior; o trabalho
realizado pela parcela de ar para aumentar de volume no meio atmosférico,
diminui sua temperatura a razão de 1ºC/100 m.-

b)Gradiente de Temperatura da Evolução Adiabática Saturada.- Quando uma


parcela de ar saturado evolui adiabaticamente para um nível superior; o trabalho
realizado pela parcela de ar para aumentar de volume no meio atmosférico,
diminui sua temperatura a razão de 0,54ºC/100m, isto porque, durante a evolução
há condensação de vapor d’água e a conseqüente liberação do calor latente de
vaporização responsável pela queda do gradiente de temperatura.-

c)Gradiente de Temperatura da Evolução Pseudo-Adiabática.- Quando houver na


evolução adiabática saturada, precipitação; isto é, parte da matéria e da energia sai
do sistema, e o gradiente continua sendo 0,54ºC/100m.-

d)Gradiente do Ambiente Atmosférico.- Vamos considerar uma parcela de ar


evoluindo com um gradiente de temperatura [T], num ambiente atmosférico com
um gradiente atmosférico [j]; dependo das condições físicas da parcela de ar e do
meio atmosférico podemos ter os seguintes casos de estabilidade:

I- Equilíbrio Estável, [j] < [T], a parcela de ar subirá devido a um


impulso externo qualquer e tenderá a voltar para a sua posição
inicial;

II- Equilíbrio Instável, [j] > [T], basta um distúrbio qualquer para que
a parcela de ar entre em ascensão, pois a sua temperatura será
sempre maior que o meio;

III- Equilíbrio Indiferente, [j]=[T], neste caso a parcela de ar sempre


estará em equilíbrio, pois terá sempre a mesma temperatura que o
meio atmosférico.-
4.3.2.Distribuição Geográfica da Temperatura.- De uma maneira geral a
temperatura geograficamente se distribui da seguinte forma:
I-Em regiões de mesma latitude a temperatura será menor na de maior altitude;
II-A temperatura diminui com a latitude em regiões de mesma altitude;
III-Em regiões de mesma latitude e altitude, terá menor temperatura aquela que
apresentar menor teor de umidade no ar;
IV-A variação de temperatura é menor em regiões vegetadas e florestais, que em
regiões metropolitanas e desérticas.-

4.3.3.Variação de Temperatura no Tempo.-


I-Intervalo de tempo de um dia ( 24 horas ).- A temperatura será máxima entre 1h
e 3h após o sol ter atingido a amplitude máxima e mínima no final da madrugada
quando volta a receber energia solar;
II-Intervalo de tempo de um ano.- A temperatura atingirá valores máximos no
verão e mínimos no inverno.-

4.4.Precipitação, Formação e Tipos.-


4.4.1.Formação.- A precipitação que se apresenta sob as formas: de chuva;
granizo, saraiva; neve; e orvalho e neblina; basicamente tem a seguinte formação:
O ar úmido formado durante o dia torna-se menos denso também com o aumento
da temperatura, entra num processo de ascensão inicialmente numa evolução
adiabática seca com taxa de resfriamento de 1ºC/100m até atingir o ponto de
condensação. A partir deste instante a taxa de resfriamento cai para 0,54ºC/100m
com a formação de gotículas devido a condensação do vapor; estas gotículas, com
os processos de crescimento de gotas, aumentam de volume até adquirir massa
necessária para vencer a resistência do ar e entrar em precipitação.-
4.4.2.Processos de Crescimento de Gotas.-
a) Processo da Coalescencia é processo pelo qual as gotículas se fundem
uma às outras devido a colisões provocadas por: movimento mecânico
do ar, forças elétricas e ao movimento browniano dos aerossóis.-
b) Processo da Difusão do Vapor.- é o processo pelo qual o vapor tem a
tendência de continuar a condensação entorno da 1ª condensação. A
primeira condensação se dará entorno de um aerossol, pois no sistema
evolutivo o aerossol é o elemento mais frio ( tem maior condução de
calor) e portanto um ponto propício de condensação; vale afirmar que
no meio higroscópico o aerossol se torna uma gota.-
Notas:I- Meio Higroscópico- è o meio propício a formação das precipitações e é
formado pelo ar em evolução adiabática saturada, pelos aerossóis e os processos
naturais de crescimento de gotas.-
II- Incitação de Precipitação através de bombardeamento das nuvens por cloreto
de sódio (NaCl ), é uma maneira de incitar, produzir precipitação melhorando o
meio higroscópico das nuvens com partículas diminutas de cloreto de sódio que
além de ser um aerossol o cloreto de sódio é um aglutinador de umidade, para isto
é necessário a existência de nuvens.-

4.4.3.Tipos de Precipitação.- De acordo com as condições que produzem a


corrente de ar ascendente para a formação da precipitação, podemos ter os
seguintes tipos de precipitação:
a)Precipitações Ciclônicas.- São aquelas produzidas por massas de ar migratórias;
e pode ser frontal e não frontal.
I-Não Frontal- quando a massa migratória tem as mesmas características da massa
de ar da região, e seu movimento provoca uma baixa barométrica que causa a
corrente de ar ascendente.
II-Frontal- Produzida pela massa migratória de característica diferente da massa
de ar da região, que pode ser: uma frente fria produzida por uma massa de ar polar
( ar frio, pesado, e seco) que provoca a corrente de ar ascendente causando a
precipitação; uma frente quente, produzida por uma massa de ar tropical oriunda
da região do equador ( ar úmido, quente e de pouca densidade) que chega na
região ganhando altura causando a corrente ascendente.-
As precipitações ciclônicas são características das regiões de latitude média, tem
longa duração, se estendem sobre grandes áreas e são de intensidade média.
Nota: A precipitação designada de “tromba d’água”, é uma precipitação ciclônica
formada excepcionalmente pelo encontro de uma frente fria com uma frente
quente, produzindo uma precipitação de grande intensidade.-

b)Precipitações Orográficas.- Resultam da ascensão mecânica de uma massa de ar


úmida em movimento ao transpor alguma serra. São características das regiões
serranas, são de súbita formação, se estendem sobre pequenas áreas, pequena
duração e de intensidade média.-

c)Precipitações Convectivas.- Resultam da convecção brusca do ar úmido e super-


aquecido formado durante o dia e que é capaz de ganhar grandes alturas
rapidamente, formando a precipitação.- São características das regiões tropicais,
se estendem sobre pequenas áreas, são de súbita formação, pouca duração e de
grandes intensidades.-
4.5.Medidas Pluviométricas.- São as grandezas e dimensões utilizadas para medir
as precipitações.-
a)Altura pluviométrica ( H ). É a altura ou lâmina d’água registrada em um
pluviômetro. O pluviômetro basicamente, é constituído de um reservatório
cilíndrico, dotado de um registro para operação, onde a cada 24 horas é retirada e
medida a água precipitada em uma proveta graduada onde é feita a aferição, é
instalado através de um apoio devidamente nivelado a 1,50m de altura.- Tipos de
pluviômetros: Ville de Paris (400 cm2); Tipo paulista (500 cm2); Casella ( 200
cm2); Snowdon (125 cm2). Os pluviômetros devem ser protegidos por uma cerca
para evitar abalroamento de animais.-

b)Duração da Precipitação, geralmente fornecido em minutos ou horas a duração


da precipitação.
c)Intensidade Pluviométrica ( i ). É a relação dada pela lâmina d’água precipitada,
e o tempo de duração de precipitação; geralmente apresentada em mm/horas ou
mm/minutos. Se o cálculo for feito pela lâmina d’água total de precipitação e o
tempo de duração, teremos então a intensidade média. Esta grandeza é processada
pelo “pluviógrafo”, que é o aparelho que mede a altura precipitada e o tempo de
duração simultaneamente.-Tipos de pluviógrafos: Pluviógrafo de caçambas
basculantes; pluviógrafo de peso e pluviógrafo de flutuador; todos desenvolvem
durante as precipitações um gráfico que é denominado de pluviograma; no qual a
abscissa corresponde às horas do dia e a ordenada corresponde à altura de
precipitação acumulada até aquele instante.
4.5.1.Organização de Redes.- a)Rede básica; recolhe permanentemente os dados
das estações de observações pluviométricas instaladas no território para
conhecimento do regime pluviométrico de um país ou estado.-
b)Redes regionais; fornece informações para estudos específicos de uma região;
deve estar integrada a rede principal.-
c)Densidade da rede.- É admitido no Brasil, uma rede composta de um posto a
cada 400Km2 a 500 KM2. Exemplos:
-França.- Um posto a cada 200 Km2;
-Inglaterra.- Um posto a cada 50 Km2;
-Estados Unidos.- Um posto a cada 310 Km2;
-No estado de S. Paulo, o DAEE/CTH, opera uma rede básica com cerca de 1000
pluviômetros e 130 pluviógrafos, com uma densidade de aproximadamente um
posto a cada 250 Km2.-

4.5.2.Manipulação e Processamento dos Dados Pluviométricos.- Os postos


pluviométricos são identificados pelo prefixo e nome, e seus dados são analisados
e arquivados individualmente. Os dados lidos nos pluviômetros são lançados
diariamente pelo observador no impresso próprio, que é remetida no fim de cada
mês para a entidade encarregada. Antes do processamento dos dados observados
nos postos, são feitas algumas análises de consistência dos dados:
a)Detecção de erros grosseiros.- Na leitura dos dados pode haver erros grosseiros
do tipo:
-observações marcadas em dias que não existem, como p/ ex. 31 de junho;
-quantidades absurdas, como p/ ex. 400mm em um dia;
-erros de transcrição, como p/ ex. 0,40 em vez de 4,0 mm;
-no caso de pluviógrafos, para verificar se não houve defeito na sifonagem,
acumula-se a quantidade precipitada em 24 horas e compara-se com a altura lida
no pluviômetro que fica ao lado do pluviógrafo.-

b)Preenchimento de Falhas.-Na operação dos postos, pode haver impedimento do


operador ou mesmo o aparelho em manutenção e com isto dias sem anotação de
dados, que podem ser preenchidos com auxilio de três postos vizinhos de
localização mais próxima, pela seguinte expressão:
c)Análise das Duplas Massas.-Este processo é utilizado para verificar a
homogeneidade dos dados de cada estação pluviométrica. Pois poderá haver
alguma anormalidade em uma determinada estação pluviométrica; como, mudança
de local, alteração das condições do aparelho, ou modificação no método de
observação.- O processo é apresentado através do gráfico abaixo, em que:
Pó- dado observado a ser ajustado;
Pa- dado ajustado pelo processo das duplas massas;
Mo- coeficiente angular da função não homogênea;
Ma- coeficiente angular da função homogênea;

4.5.3.Freqüência dos Totais Precipitados.- Através dos totais precipitados anuais


registrados e observados durante uma serie de anos numa determinada região, é
possível desenvolver estudo estatístico que permite extrapolar dados que vão além
do tempo da série observada; por exemplo, baseado numa série de dados máximos
observados durante 30 anos, ter a possibilidade de extrapolar dados ou eventos
que se repetem para 100 anos, para 200 anos ou para 1000 anos. Para isto, teremos
que aplicar os seguintes métodos estatísticos:

4.5.3.1.Método de Califórnia e de Kimbal. Ordena-se a série em ordem


decrescente e a cada evento atribuir-lhe o seu nº de ordem, de modo que a
probabilidade do evento de ordem “m” acontecer é:
Método Califórnia.............P= m/n

Método Kimbal..................P= m/n+1; observando que para P menor ou igual a

0,50; T= 1/P; e p/ P maior que 0,50, T= 1/(1-P).-

4.5.3.2.Método da Distribuição Normal de Gauss. Para aplicar a distribuição


normal a série de eventos, são necessário que os eventos da série sejam totalmente
aleatórios o que não acontece com a série de dados referentes aos totais
precipitados que não são completamente aleatórios, pois são mais dependentes de
certas variáveis que de outras, como por exemplo: situação geográfica e umidade
atmosférica. Porém, se usarmos o artifício da variável reduzida, a série se ajusta a
distribuição normal.Num primeiro momento vamos aplicar a distribuição normal
através da linearização gráfica com o papel di-log, onde se marcam num eixo os
totais precipitados e no outro a freqüência correspondente, onde será possível
extrapolar eventos que podem se repetir com determinado período de retorno. Este
gráfico recebe o nome de gráfico de repartição de freqüência dos totais
precipitados de uma região.

Para isto, calcula-se as coordenadas, relativas a uma série de eventos,

F(P)- freqüência ref. a média dos totais precipitados;


F(P+U)- “ “ a média mais o desvio padrão “ “ ;
F(P-U)- “ “ “ “ menos o desvio Padrão “ “ ;
P- média dos totais precipitados;
P+U-média mais o desvio padrão dos totais precipitados;
P-U-média menos o desvio padrão dos totais precipitados;

Exemplo de aplicação: Análise estatística dos totais precipitados do posto D4-


15 em S. Carlos-SP, apresentados na tabela abaixo, observados entre os anos de
1941 e 1968, na bacia Ribeirão do Lobo. Onde se encontrou: Xmed.=1378,60
mm; Sx= 290,89 mm; e CV= 21,10 %; que permitiu definir as coordenadas: (
1.087,70; 15,87% ); ( 1378,60 ; 50,00% ) e ( 1669,50 ; 84,13 % ).-
Período de Retorno Altura Pluviométricas Prováveis
Máxima Mínima
5 anos 1600 1145
10 anos 1725 1015
100 anos 2020 700
1000 anos 2240 490

Podemos aplicar também a distribuição normal ou a curva de Gauss


analiticamente através da fórmula geral proposta por Vem Te Chow, que
desenvolveu o fator de freqüência Kt, em que o evento investigado relativo a um
determinado período de retorno é calculado pela expressão:

valores de kt para distribuição normal.


Desta forma o exemplo acima, terá a seguinte solução:

-p/ T= 5 anos……X5= 1378,60 + 0,842 . 290,89 = 1624,00 mm, max. esperado e


1134,00 mm, mínimo esperado.

-p/ T= 10 anos ……..X10= 1378,60 + 1,282 . 290,89 = 1751,50 mm, max.


esperado e 1006,00 mm, mínimo esperado.

-p/ T = 100 anos …….X100= 1378,60 + 2,326 . 290,89 = 2055,00 mm, max.
esperado e 720,00 mm, mínimo esperado.

-p/ T= 500 anos ………X500= 1378,60 + 2,878 . 290,89 = 2216,00 mm, max.
esperado e 541,00 mm, mínimo esperado.

-p/ T=1000 anos ………X1000= 1378,60 + 3,09 .290,89 = 2277,00 mm, max.
esperado e 480,00 mm, mínimo esperado

4.5.3.3 Método da Distribuição de Gumbel. Também conhecida como


distribuição de eventos extremos ou de Ficher-Tippet, é aplicada a extrapolar
eventos extremos de uma série anual de ‘n’ anos de observação.
Quando for de interesse estudar os valores máximos prováveis de um
fenômeno, a série anual deve conter os valores máximos observados em cada ano,
ordenados no sentido decrescente, que é o caso das precipitações e vazões
máximas; quando for de interesse estudar os valores mínimos prováveis de um
fenômeno, a série deverá conter os valores mínimos de cada ano, ordenados de
forma crescente, que é o caso das vazões mínimas.
Esta distribuição assume que os valores de X, são limitados apenas no
sentido positivo, a parte superior da distribuição, ou seja, a parte que trata dos
valores máximos menos freqüentes que define uma função exponencial e é dada
pela expressão:

Entende-se por P’, a probabilidade de que o valor extremo seja igual ou


superior a certo valor Xt. Então, ( 1-P’ ), será a probabilidade de que o valor
extremo seja inferior a Xt. O período de retorno do valor Xt, ou seja, o número de
anos necessários para que o valor máximo iguale ou supere Xt é obtido por:
T = 1/P’ ( X maior ou igual Xt )

Então;

Logo a variável reduzida de Gumbel, será:

Empregando-se esta distribuição, as freqüências teóricas podem ser


calculadas a partir da média e o desvio padrão da série de eventos máximos.
Desta forma, temos as seguintes expressões para determinar os eventos
pretendidos:
4.5.3.4. Período de Retorno.- ( T ) O período de retôrno ou período de recorrência
de evento, é o tempo médio em anos que um determinado evento é igualado ou
superado pelo menos uma vez. A fixação do período de retorno de uma
precipitação ou enchente deveria ser feito por critério econômico. Por exemplo, se
houvesse um seguro contra enchentes, poder-se-ia construir a curva dos custos
anuais do seguro versus período de retorno. No mesmo gráfico se colocariam os
gastos anuais de amortização da obra. A soma dessas duas parcelas passaria por
um mínimo que daria o período de retorno mais econômico, como mostrado
abaixo:
No entanto, no Brasil e na maioria dos países, ainda não existe seguros
contra enchentes. A fixação do período de retorno das enchentes e precipitações se
faz por critérios, tais como:

a) vida útil da obra;


b) tipo de estrutura;
c) facilidade de reparação e ampliação;
d) perigo de perdas de vida;

Desta forma, a escolha do período de retorno da enchente ou precipitação de


projeto, é a fixação a priori, do risco que se deseja correr, caso da obra falhar
dentro do seu tempo de vida. Logo, a probabilidade de ocorrer a maior enchente
no período de retorno é dada por:

P = 1/T

A probabilidade de não ocorrência dentro de um ano é: p= 1 – P

A probabilidade de não ocorrência dentro de “n” anos no período de retorno é:

A probabilidade de ocorrência dentro de “n” anos no período de retorno, aui


chamado de risco permissível, é dado por:
E o período de retorno será dado pela expressão:

Onde:
“n” é o tempo de vida útil da obra;
“K” o risco permissível que se deseja correr

De uma maneira geral, ao dimensionar um extravasor de uma barragem


de terra, adota-se um período de retorno de 1000 anos; para uma barragem de
concreto, de 500 anos; para galeria de águas pluviais de 5 a 20 anos; para uma
pequena barragem de concreto para fins de abastecimento de água, 50 a 100anos.-

Exemplo da aplicação da Distribuição de Gumbel para o levantamento de 28 anos


de obs. Posto D4-15, da bacia Ribeirão do Lobo, com relação aos totais
precipitados anuais apresentados anteriormente. Em que Xmed= 1378,60 mm;
Sx= 290,89 mm; da tabela acima Ȗn=0,5343 e Sn= 1,1047.

K=( Ȗ – Ȗn )/ Sn .........Ȗ= -ln[ -ln ( 1 – 1/T ) ] ; p/ T = 5 anos ; Ȗ=1,50

K=( 1,50 – 0,5343 ) / 1,1047 = 0,8742 e X5 = 1378,60 + 290,89 . 0,8742 =

X5= 1633,00 mmm . Xt= Xmed + K . Sx

-p/ T= 10 anos ; Ȗ= 2,2487 ; K = 1,5520 e X10= 1378,60 + 451,40 = 1830,00


mm.-

-p/ T= 100 anos ; Ȗ =4,60015 ; K = 3,6805 e X100= 1378,60 + 1070,60 =


2449,20 mm.-

4.6.Variação das Precipitações.-A precipitação varia geográfica, temporal e


estacionalmente. O conhecimento prévio dessas variações é importante para o
planejamento e gestão dos recursos hídricos.
4.6.1.Variação Geográfica.Em geral a precipitação é máxima nas regiões entorno
do equador e decresce com o aumento da latitude; entretanto outros fatores
influem na distribuição geográfica da precipitação, principalmente fatores de
ordem meteorológica. A distribuição da precipitação de uma região é apresentada
através do mapa de isoietas, em que no Brasil se vê claramente que as máximas
precipitações ocorrem na região da serra do mar SP., e as mínimas no nordeste.-

4.6.2.Variação Temporal.- Considerando uma mesma região, verifica-se que as


precipitações variam de ano para ano, porém sempre variando entorno da média,
isto é, apresentando ano com estiagem, e ano com abundancia de precipitação, e
ano com precipitação média.-

4.6.3. Variação Estacional.- Os totais precipitados registrados em postos da


mesma região são diferentes, e é necessário que se proceda o cálculo da média
para representar o total precipitado da região.-
4.7.Precipitação Média Sobre uma Bacia.- A precipitação média sobre uma bacia
é determinada pelos seguintes processos:

a)Método Aritmético.- Consiste em determinar a média aritmética dos valores


registrados dentro da bacia, fornecidos pelos postos pluviométricos. Este método
apresenta boa estimativa se os postos apresentarem uma distribuição uniforme e o
relevo for plano ou pouco inclinado.-

b)Método de Thiessem.- A precipitação média é determinada através da média


ponderada dos valores registrados pelos postos pluviométricos, em que o peso,
será a área de influencia de cada posto, determinadas através do polígono de
Thiessem.-
c)Método das Isoietas.- O método também consiste na determinação da média
ponderada entre a média dos valores das isoietas interpoladas com base nos
valores registrados pelos postos pluviométricos, em que os pesos serão as áreas
determinadas entre as isoietas.-

Exemplo Aplicativo:
4.8.Análise das Chuvas Intensas.-Para aplicação a trabalhos de engenharia,
precisamos conhecer as seguintes características das precipitações intensas:
Distribuição, Intensidade, Duração e Freqüência.

4.8.1.Distribuição da Precipitação.- Por experiência sabemos que a precipitação


intensa incide sobre pequenas áreas, e desta forma, dependendo do tamanho da
área da micro-bacia, a precipitação pode não atingir toda a micro-bacia, assim, é
de bom senso estabelecer um coeficiente redutor para corrigir o volume
precipitado sobre a micro-bacia, que variará em função do tamanho das áreas das
micro-bacias.-

4.8.2.Variação da Intensidade c/ a Duração.-A experiência mostra que quanto


maior a intensidade da precipitação menor é o tempo de duração, variando
portanto segundo a função:

4.8.3.Variação da Intensidade com a Freqüência.- Tem se verificado na prática


que a variação da intensidade com a freqüência acontece de uma certa forma
inversamente proporcional, isto é, quanto maior a intensidade for a precipitação
menor será a probabilidade do evento se repetir, e eventos de magnitude medianos
tem grande probabilidade de acontecer, desta forma estatisticamente podemos
representar esta variação pela expressão:
i=K/F*m

4.8.4.Relação Intensidade-Duração-Frequencia.- Considerando as duas variações


citadas acima em conjunto chegamos a expressão base, utilizada pelos
Hidrologistas para representar o estudo estatístico relativo às características (
Intensidade, Duração e Freqüência ) das precipitações intensas de uma
determinada região.

Sendo: i- intensidade em mm/h; t- tempo de duração da precipitação em


minutos;T- período de retorno dos eventos; e K, m, n, to, são parâmetros a
determinar, específicos de cada região.-

4.8.5.Relações Intensidade-Duração-Frequencia de Algumas Cidades Brasileiras.-


IDFs.-
HIDROLOGIA

APLICADA

Professor Responsável:LUIGI WALTER ANDRIGHI

UniFOA
CAPÍTULO IV
HIDROLOGIA

APLICADA

Professor Responsável:LUIGI WALTER ANDRIGHI

UniFOA
CAPÍTULO IV
CAPITULO 5

INFILTRAÇÃO

5.0.Definição.- É a fase do ciclo hidrológico pela qual as águas precipitadas


penetram nas camadas superficiais do solo, indo alimentar os aqüiferos e
lençóis d’água subterrâneos.-

5.1.Grandezas Características da Infiltração.-

I-Capacidade de Infiltração ou taxa de infiltração. É a razão máxima que um


solo é capaz de absorver a água precipitada e é representada pela lâmina
d’água absorvida na unidade do tempo.

f=H/t;{ mm/h }; sendo H- lâmina d’água absorvida e “t” o tempo de absorção.

II- Velocidade de Infiltração mais precisamente velocidade de percolação, é a


velocidade média com que a água atravessa o solo numa situação de
saturação, proporcionada pela força da gravidade.

5.2.Fatores que Intervem na Capacidade de Infiltração.- São os seguintes os


fatores intervenientes na capacidade de Infiltração:
-Umidade do solo;
-Permeabilidade do solo;
-Temperatura do solo e da água;
-Profundidade do extrato impermeável;
Considerações:
-Um solo seco apresenta uma capacidade de infiltração maior que o
mesmo solo com um certo teor de umidade, é importante então, o intervalo de
tempo da precipitação antecedente;
-As condições da superfície do solo é muito importante na infiltração,
pois esta pode ser afetada pala alteração da camada vegetal, compactação, ou
infiltração de materiais finos, etc.
-Um solo seco tem maior capacidade de infiltração inicial devido ao fato
de se somarem às forças gravitacionais as forças de coesão e de capilaridade;
-A capacidade de infiltração é uma grandeza variável durante uma
precipitação que causa escoamento superficial, inicia-se com um valor
máximo e vai decaindo com o passar do tempo e se estabilizando num valor
que corresponde a capacidade de infiltração promovida pelas forças
gravitacionais.-
5.3.Medição da Capacidade de Infiltração.- Podemos utilizar os seguintes
processos:
5.3.1. Infiltrômetros.- São constituídos de dois anéis metálicos com diâmetros
variando de 16cm e 40 cm, que são semi-cravados em posição vertical no solo
onde será aduzida água entre os dois anéis de forma aleatória e no anel interno
a água aduzida é medida e cronometrada para permitir em intervalos de tempo
estabelecidos o cálculo da capacidade de infiltração. A finalidade da água
aduzida entre os dois anéis é neutralizar o cone de infiltração para o anel
interno. A função obtida para cada experiência é semelhante a apresentada
abaixo:

Curva de Infiltração

Infiltrometro
5.3.2.Medida da Capacidade de Infiltração Média de uma Bacia pela
Separação dos Componentes da Hidrógrafa.
Para isto, é necessário que se conheça as seguintes grandezas: a área da
bacia; a intensidade pluviométrica da precipitação; o hidrograma relativo a
precipitação donde se separa o volume escoado superficialmente e o volume
de escoamento básico (drenagem). Com estes valores determina-se a taxa de
escoamento superficial que subtraída da intensidade pluviométrica é a
capacidade de infiltração média da bacia para aquelas condições específicas.
Este valor não considera o volume d’água retido nas depressões e de
interceptações.- Exemplos no capítulo 06.-

5.4.Equação da Função “Capacidade de Infiltração”.-

5.4.1. Método de Horton.-


A capacidade de infiltração de um solo pode ser
determinada pela fórmula de Horton, ou seja:

Integrando-se a expressão de Horton em relação ao tempo, chega-se a equação


que representa a infiltração acumulada ou potencial de infiltração, dada por:

Curva de potencial de infiltração


5.4.2.Fórmula de Horton.-
Aplicada aos Solos A, B ,C e D do SCS( Soil Conservation
Service do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos ).-

Curvas de Infiltração de Horton para as condições II de umidade


5.5.Método de Soil Conservation Service. SCS.-
Fórmula proposta pelo SCS:

CN depende de três fatores, a saber:


- umidade antecedente;
- tipo de solo;
- ocupação do solo;

5.5.1.Tipos de Solos e Condições de Ocupação.


Segundo o SCS distingue em seu método, quatro grupos
hidrológicos de solo:

-GRUPO A- Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a 8%, não
havendo rocha nem camadas argilosas, e nem mesmo densificadas até a
profundidade de 1,50 m . O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1%.
-GRUPO B- Solos arenosos menos profundos que os do grupo A e com
menor teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de terras
roxas, esse limite pode subir a 20% graças à maior porosidade. Os dois teores
de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2% e 1,5%. Não pode haver
pedras e nem camadas argilosas até a 1,50%, mas é, quase sempre, presente
camada mais densificada que a camada superficial.

-GRUPO C- Solos barrentos com teor total de argila de 20 a 30%, mas sem
camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até profundidades de
1,20 m . No caso de terras roxas, esses dois limites máximos podem ser de
40% e 1,50 m. Nota-se a cerca de 60cm de profundidade, camada mais
densificada que o Grupo B, mas ainda longe das condições de
impermeabilidade.

-GRUPO D- Solos argilosos ( 30% a 40% de argila total ) e ainda com camada
densificada a uns 50 cm de profundidade. Ou solos arenosos como Grupo B ,
mas com camada argilosa quase impermeável, ou horizonte de seixos rolados.-

5.5.2.Condições de Umidade Antecedente do Solo.-


O método do SCS distingue três condições de umidades do solo:

-CONDIÇÕES I – solos secos, as chuvas, nos últimos cinco dias, não


ultrapassaram a 15mm.-

-CONDIÇÕES II - situação média na época das cheias, as chuvas nos


últimos cinco dias totalizaram de 15mm a 40mm de precipitação.-

-CONDIÇÕES III - solo úmido (próximo a saturação ), as chuvas nos últimos


cinco dias foram superiores a 40mm, e as condições meteorológicas foram
desfavoráveis a altas taxas de evaporação.-
A tabela abaixo permite converter o valor CN para condição I, ou para as
condições III.-
5.5.3.Condições de Uso e Ocupação do Solo.-
A tabela abaixo fornece os valores CN para os diferentes tipos de
solo e os respectivos usos e ocupações para as condições de umidade II.-
CAPITULO 5

INFILTRAÇÃO
5.6.Exercícios Aplicativos.-

1- Calcular o CN médio de uma bacia com área de drenagem de 3,00


Km2, sendo 2 Km2 de solo B e 1 Km2 de solo C, com as seguintes
ocupações:
- solo B- 0,30 Km2 de ruas pavimentadas e estacionamento (CN=98 );
1,10 Km2 de uso residencial, lotes de 500 m2 ( CN=85); e 0,60 Km2
de áreas comerciais ( CN=92 ).-
- solo C – 0,20 Km2 de áreas residenciais, lotes de 1000 m2 ( CN=83);
0,30 Km2 de parques e jardins em boas condições ( CN=74 ); 0,40 Km2
de área preservada (floresta em boas condições) ( CN=73 ); 0,10 Km2
de ruas pavimentadas e estacionamentos ( CN=98 ).-

O valor médio CN será de:

CN=(0,30x98+1,10x85+0,60x92+0,2x83+0,3x74+0,4x73+0,10x98)/3=
CN=85,30
2-Calcular o hietograma de chuva excedente, correspondente ao
hietograma de precipitação apresentado na coluna “1” da tabela abaixo,
sabendo-se que as condições de umidade antecedente são as condições II;
utilizando o método SCS e após o método de Horton.-

a) Utilizando o método SCS, temos:

Pe=[(P-0,20S)*2]/(P+0,8S); para P>0,2S

CN=1000/[10+S/25,4]; S=25400/CN-254,00 e para CN=85;

S=44,82mm; e Pe=[(P-8,96)*2]/( P+35,86 )

Método SCS
Col. 1 Col. 2 Col. 3 Col. 4 Col. 5 Col. 6
Tempo P Pac Pe(ac) Pe
Hora Minuto mm mm mm mm Qe=a.Pe/

0,5 30 4,2 4,2 0 0 0,00


1,0 60 8,0 12,2 0,22 0,22
1,5 90 2,0 14,2 0,55 0,33
2,0 120 42,3 56,50 24,47 23,92
2,5 150 25,0 81,50 44,84 20,37
3,0 180 3,0 84,50 47,41 2,57
3,5 210 10,50 95,00 56,57 9,16
4,0 240 5,0 100,00 61,00 4,43

O volume d’água escoado superficialmente na saída da bacia, será:


Vesc=61,00(mm)x0,50(h)xÁrea de drenagem da bacia.-

b) Utilizando o método de Horton.-

F=fc.t+( fo-fc).[1-e*(-kt)]/k; para,


fo=130mm/h, fc=7mm/h, e k=2; temos: F= 7.t + 61,50[1- e*(-kt)].-
Método de Horton
Col. 1 Col. 2 Col. 3 Col. 5 Col. 6 Col. 7
T(min) T(hora) P(mm) Fac(mm) F (mm ) Infiltração Pe(mm)
p/intervalo
30 0,5 4,20 42,40 42,40 4,2 0
60 1,0 8,00 60,20 17,80 8,0 0
90 1,5 2,00 68,95 8,75 2,00 0
120 2,0 42,30 74,40 5,45 5,45 36,85
150 2,5 25,00 78,60 4,20 4,20 20,80
180 3,0 3,00 82,30 3,70 3,00 0,0
210 3,5 10,50 85,90 3,60 3,60 6,9
240 4,0 5,00 89,50 3,6 3,60 1,4
100,00 * ** *** 65,95
x Potencial de Infiltração Acumulado.
** Potencial de Infiltração no Intervalo de Tempo Considerado.
***Lâmina d’água Infiltrada no Intervalo Considerado.

O volume d’água escoado na saída da bacia, será:


Vol=65,95(mm)x0,50(h)xÁrea de drenagem da Bacia.-

3-Numa bacia hidrográfica, com predominância de solo tipo B, em condições


de umidade antecedente II, foi registrada uma precipitação de 5 horas de
duração com o hietograma apresentado na coluna ‘2’ do quadro abaixo.
Determinar o hietograma da precipitação excedente utilizando primeiramente
o método de Horton e após o método SCS.-

a)Método de Horton.-
b)Método SCS.-Considerar as condições de uso do solo um valor médio
CN=70.-
5.7. Processo de Kostiakov. Equação de Infiltração Potencial de Kostiakov. (
1932 )

F= a . t ^ b onde:

F – infiltração potencial acumulada;


“ a “ e “ b “ constantes específicas do solo;
“ t “ tempo de infiltração;

A capacidade de infiltração “f “ será a primeira derivada da equação


de infiltração;

f = a . b .t^(b-1)

A equação de Kostiakov possui limitações para períodos longos de


infiltração, pois neste caso, a taxa de infiltração ou capacidade de infiltração
TI tende para zero; entretanto a taxa de infiltração tende para um valor
constante correspondente à taxa de infiltração básica “ fib “.-

5.7.1.Determinação das constantes específicas do solo da equação de


Kostiakov.-

a) Método Gráfico.-

Se inicia plotando os dados de ‘F’ e ‘t’ em um papel di-log e


traça-se a reta de melhor ajuste dos pontos. O ponto de intercessão do
prolongamento da reta com o eixo das ordenadas ( eixo dos tempos ) será o
valor ‘a’, e a declividade ou coef. Angular da reta será o valor de ‘b’da
equação de infiltração potencial de Kostiakov.-
b) Método Analítico.-

Como o método de regressão linear só pode ser aplicado para


equações lineares, inicialmente a equação de infiltração, que é exponencial,
deverá ser linearizada através da aplicação dos logaritmos nos seus termos.
Desta forma, teremos:

log F = log a + b . log t donde: Y = A + b . X ( uma reta )

No método da regressão linear, os valores de ‘A’ e ‘b’ são


determinados pelas expressões:
Número de pares de coordenadas: n=26

Xmed= 47,1834 / 26= 1,8147; Ymed = 29,2123 / 26 = 1,1236

b = ( 57,3191 – 26 . 1,8147 . 1,1236 ) / ( 90,9012 – 26 . 3,28842 ) = 0,81154

A = 1,1236 – ( 0,81154 . 1,8147 ) = - 0,3562


a = 10 ^ ( -0,3562 ) donde a= 0,4404
E a equação de Kostiakov, será: F = 0,4404 . t ^ 0,8115 e a taxa de infiltração
será:
f = 0,3574 . t ^ ( -0,1885 )

5.7.2. Equação Potencial Modificada de Kostiakov- Lewis.-

Com o objetivo de solucionar o problema da tendência da taxa de


infiltração tender para zero para um longo período de tempo, a seguinte
equação foi proposta e muito utilizada:

F = a . t ^ b + fc . t donde: fc – taxa de infiltração final ou básica

E os coeficientes “a” e “b” são estimados pelo método da regressão


linear, fazendo um arranjo dos termos:

log ( F – fc . t ) = log a + b . log t ; fazendo a adaptação, temos:

Y= A+b.X

Nota: Neste caso, temos que fazer a priori a determinação da ‘fc’, antes de
aplicar a regressão linear.-

Classificação do solo quanto ao valor da “fc”

Solo com ‘fc’ baixa.....................................fc menor que 5 mm/h;


Solo com ‘fc’ média.................................. fc entre 5 e 15 mm/h;
Solo com ‘fc’ alta .......................................fc entre 15 3 30 mm/h;
Solo com ‘fc’ muito alta..............................fc maior que 30 mm/h.-
CAPITULO 5

INFILTRAÇÃO
5.8.Exercícios Propostos.-
CAPÍTULO VI

ESCOAMENTO SUPERFICIAL

6.0.Considerações: O escoamento superficial é a fase do ciclo hidrológico


que resulta do excedente das águas precipitadas que não se infiltraram ou
evaporaram; e que escoam superficialmente pelo relevo indo nas direções das
depressões, lagos, cursos d’água, e mares.Num segundo estágio, também é
escoamento superficial o escoamento dos cursos d’água que são alimentados
pela drenagem dos lençóis d’água subterrâneos. Para o Engº Civil a fase mais
importante do ciclo hidrológico, é a do escoamento superficial, pois a maioria
dos estudos hidrológicos está ligada ao aproveitamento das águas superficiais
e a proteção contra os efeitos provocados pelo seu deslocamento.-

6.1. Fatores Intervenientes do Escoamento Superficial.- Podem ser de


natureza climática e fisiológicos:
I- Fatores de Natureza Climática- Intensidade da precipitação e a
precipitação antecedente, pois quanto maior for a intensidade mais volume
d’água escoa superficialmente e quanto mais seco for o solo, para a mesma
intensidade, menor será o escoamento.-
II- Fatores de Natureza Fisiográfica- Permeabilidade do solo; cobertura
vegetal do solo; topografia do solo; área da bacia; forma da bacia; temperatura
do solo; profundidade do extrato impermeável; profundidade do nível freático,
etc.

6.2. Grandezas que Caracterizam o Escoamento Superficial.-


I- Vazão.- é o volume d’água que escoa na unidade do tempo numa dada
seção de escoamento num determinado momento.
II- Coeficiente de Escoamento Superficial, ou Coeficiente de Deflúvio, ou
ainda Coeficiente de Run-Off, é definido pela relação entre o volume d’água
escoado superficialmente, pelo volume d’água precipitado. O volume d’água
escoado pela superfície é levantado pelo controle do hidrograma do curso
d’água em uma determinada seção de controle.-
I- Tempo de Concentração “tc” é o tempo que decorre desde o
início da precipitação, até ao instante em que toda a bacia a
montante contribui por escoamento superficial na seção
considerada. È apresentado em minutos ou em horas;
II- Tempo de Recorrência ou Período de Retorno.- é o período
ou o intervalo de tempo em que um determinado evento volta
a se repetir;
III- Nível D’água.- A variação do nível do curso d’água indica o
aumento ou diminuição da vazão, particularmente o nível
d’água na régua limnimétrica corresponderá a uma vazão para
um dado curso d’água;
IV- Taxa de Escoamento Superficial ou Vazão Específica, é
definida pela relação entre o volume d’água escoado pela área
da bacia na unidade do tempo;
V- Velocidade de Escoamento Superficial, é a velocidade média
de escoamento superficial, anteriormente definida.-

6.3.Hidrograma ou Hidrógrafa.- É a função desenvolvida pelos valores das


vazões de um curso d’água ao longo do tempo. Para isto devemos definir
procedimentos para o levantamento das vazões e montar os hidrogramas
correspondentes.-
6.3.1. Análise de Hidrogramas.- Considerando o hidrograma da figura 6.1. e
o hidrograma relativo a uma precipitação da fig. 6.2., podemos afirmar que a
contribuição total para o escoamento fluvial do curso d’água na seção
considerada é devido a :
I- à precipitação direta sobre a superfície do curso d’água;
II- ao escoamento superficial e sub- superficial;
III- ao escoamento básico relativo a drenagem das águas subterrâneas;
Considerando ainda o hidrograma da fig. 6.2., podemos definir:
Tc=tB-to.....tempo de concentração;
Tr definido entre o centro de gravidade da precipitação e o centro
de gravidade do hidrograma da precipitação, denominado de tempo de
retardamento;
Trecho BC do hidrograma, é denominado de curva de depleção do
escoamento superficial;
Trecho CD do hidrograma, é denominado de curva de depleção do
escoamento básico;
A área achurada do hidrograma, representa o volume d’água
escoado superficialmente, devido a precipitação.-
Exemplos Aplicativos: 1-O hidrograma abaixo foi registrado no posto
fluviométrico nos dias 18, 19,e 20/11/1969 na bacia do Rio Tamanduateí;
pede-se:determinar: o volume d’água infiltrado e escoado superficialmente; o
coeficiente de Run-Off; a taxa de infiltração, a taxa de escoamento
superficial.-
1- Uma precipitação de 60mm/h, atingiu uma bacia de 6.000,00 hectares, e
provocou o hidrograma abaixo do curso d’água na saída da bacia.
Sabendo-se que a precipitação teve duração de cinco horas, pede-se
para determinar: a capacidade de infiltração média dos solos da bacia; o
coeficiente de run-off; os volumes d’água escoado e infiltrado; a taxa de
escoamento superficial.-

6.4.Medição de Vazões.- De acordo com os valores das vazões podemos


utilizar os seguintes procedimentos:

a)Vertedores- São utilizados para medir vazões de pequenos cursos d’água;


inicialmente utiliza-se o vertedor triangular de ângulo reto para cursos d’água,
utilizando a fórmula de Thomson:
Esgotadas as possibilidades com este vertedor, passa-se a utilizar o vertedor
retangular de parede delgada que calcula a vazão pela fórmula de Francis de
dupla contração, apresentada abaixo:

b)Medição Através do Levantamento da Velocidade da Seção pela


Batimetria.-Para isto temos que adotar os seguintes procedimentos:

I-Escolhe-se a seção do rio num trecho retilíneo de fácil acesso e sem


interferências de construções;
II-Divide-se a seção em “N” subseções eqüidistantes, número esse calculado
pela fórmula do Engº Jorge Oscar de Melo Flores: N=4.L*0,30+1 (sub-
seções);
III-Levantar o diagrama de velocidades em cada sub-seção, utilizando o
molinete, que mede a velocidade pelo nºde revoluções da hélice;
IV-Determinar a velocidade média de cada sub-seção pelas seguintes
fórmulas;
A fórmula nº2 é utilizada até a uma profundidade de 1,00m; as
fórmulas nº3 e nº4, são utilizadas até a uma profundidade de 1,50m e 2,00m
respectivamente, a partir desta profundidade devemos levantar a velocidade
média através do diagrama de velocidade onde será elaborado por várias
tomadas de velocidade.-

V-Determinar as vazões parciais de cada sub-seção pelo produto da


velocidade média pela correspondente área de influência;
VI-A vazão será obtida pela soma das vazões parciais,
Q=A1xV1+A2xV2+......
CAPÍTULO VI

ESCOAMENTO SUPERFICIAL

6.5.Curva Chave, Postos Fluviométricos e Fluviográficos.-Para desenvolver a


curva chave é necessário instalar na seção selecionada uma régua limnimétrica
para associar as alturas, às vazões correspondentes, levantadas por batimetria;
desta forma com as vazões correspondentes as mais variadas alturas naturais,
pode-se construir uma tabela ou uma curva de correlação altura-vazão. A esta
curva dá-se o nome de curva-chave.Normalmente a curva-chave é
representada por uma equação do tipo:
Q=a.(h+ho)*b
As constantes ‘a’ e ‘b’, poderão ser determinadas pelo método
analítico desenvolvido abaixo:

I-Lançar os pontos (h ; Q ) em papel milimetrado;


II- Traçar a curva média entre os pontos, utilizando apenas o critério visual;
III-Prolongar a curva até cortar o eixo das ordenadas e assim determinar o
valor ‘ho’;

IV-Fazer a linearização analítica da expressão da curva-chave;

Q=a.(h-ho)*b log Q= log a +b.log (h-ho)

Assim a equação pode ser escrita: Y= A + b.X


Exemplo de curva-chave: Curva-Chave do Rio Paraíba, em São José dos
Campos.
6.5.1.Postos Fluviométricos.- Consiste da instalação do conjunto de réguas
graduadas no sistema métrico, que constitui o limnimetro e uma estrutura
operacional para se fazer as leituras dos níveis d’água às 7 h e 17 h, e
mensalmente esses dados são enviados ao escritório central, onde os dados são
analisados e posteriormente através da curva chave, são elaborados os
hidrogramas correspondentes; estes hidrogramas são arquivados e fornecidos a
instituições interessadas.-Ex. de posto fluviométrico:
6.5.2. Postos Fluviográficos.- Os postos fluviográficos, além de possuírem a
estrutura acima, possuem uma instalação de sistema de bóias que permitem
registrar os níveis d’água continuamente, desenvolvendo um gráfico
denominado limnigrama ou fluviograma mensal. Estes fluviogramas são
enviados mensalmente para o escritório mensal, onde através da equação da
curva-chave são transformados em hidrogramas, que serão fornecidos à
instituições interessadas e também arquivados.Ex. de um posto fluviográfico:
CAPÍTULO VI

ESCOAMENTO SUPERFICIAL

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:
Exemplo “1” .- Determinar a vazão, no posto Santo Antônio de Alegria
(prefixo 4C-002), a partir dos dados de medição mostrados na tabela da página
seguinte.Dados: Equação do molinete:
V=0,2466.n+0,010 se n<1,01 ; e V=0,2595+0.005 se n>1,01.-
PLANILHA DE CÁLCULO DE VAZÃO POR BATIMETRIA
Sub- x (m ) h (m ) n- rps n- rps V(m/s) V(m/s) Vmed xi(m) Seção Qi(m3/s)
Seção (m/s)
1 0,00 0,00
2 0,50 0,17
3 1,00 0,21
4 2,00 0.31
5 3,00 061
6 4,00 0,83
7 5,50 1,07
8 7,00 1,11
9 8,00 1,18
10 9,00 1,04
11 10,00 1,08
12 11,00 0,77
13 11,70 0,57
14 12,40 0,40
15 12,90 0,27
16 13,10 0,00
TOTAIS

Exercício “2”.- A tabela abaixo apresenta resultados da medição realizada em um posto


fluviométrico. Determine a equação da curva-chave deste posto, utilizando o método
analítico.-

Data h (m) Q (m³/s)


5/4/91 0,95 2,18
14/2/92 1,21 4,25
20/3/85 0,38 0,45
17/2/97 1,12 3,20
22/2/98 0,66 1,15
CURVA-CHAVE GRÁFICA

Medições h (m) (h-ho) Qi (m3/s) Yi=log Qi Xi=log Xi . Yi Xi . Xi


(h-ho)
1 0,38 0,18 0,45

2 0,66 0,46 1,15

3 0,95 0,75 2,18

4 1,12 0,92 3,20

5 1,21 1,01 4,25

Totais
Exercício 3.-
CAPÍTULO VII

PREVISÕES DE ENCHENTES

7.0. Enchentes e Inundações.-


No capítulo anterior apresenta a classificação das cheias segundo
Horton, ou seja; as cheias tipo 1, 2 e 3 são aquelas em que a chuva causa modificação na
hídrógrafa. Entretanto, apenas as cheias do tipo 2 e 3 causam escoamento superficial
propriamente dito, podendo ser consideradas enchentes.
Para efeitos deste capítulo considera-se enchente o fenômeno da
ocorrência de vazões relativamente grandes e que, normalmente, causam inundações, isto é, as
águas extravasam da calha do rio; que corresponde a uma precipitação que causou grande
escoamento superficial.
Para o ponto de vista da Engenharia, uma enchente pode não
causar uma inundação se obras forem feitas; por outro lado, mesmo não havendo um grande
escoamento superficial, poderá acontecer uma inundação, caso haja alguma obstrução na calha
natural do rio.
Neste capítulo se tratará do cálculo de enchentes para projeto de
obras de controle desses eventos, resguardando um determinado risco para uma obra com ‘n’
anos de vida útil; sabemos entretanto que na totalidade das vezes temos um histórico de vazões
máximas para um certo número de anos, na maioria das vezes não mais que 30 anos, e temos a
necessidade de extrapolar dados que se repetem uma vez pelo menos em 100 anos, de 200 anos,
de 500 anos, ou outro valor qualquer.
Neste capítulo vamos nos deparar em situações em que temos o
histórico das vazões máximas, e situações em que somente temos dados referente a
precipitações, desta forma teremos que fazer a distinção de estudo.

7.1. Previsões de Enchentes com os Dados de Vazão. Análise dos Dados.


Para que um fenômeno seja completamente aleatório, ele deve
depender de um número muito grande de fatores, tendo cada fator um peso muito pequeno e
parecido. Analisando a hidrógrafa de um rio, vista no capítulo anterior que as vazões não são
eventos completamente aleatórios; elas dependem de um grande números de fatores, tais como
precipitação, geologia, vegetação, topografia, precipitação antecedente, temperatura, estação do
ano, obras nos cursos d’água etc. Entretanto, os pesos com que esses fatores entram para formar
o escoamento superficial que, junto com a contribuição subterrânea, forma a vazão do curso
d’água não são iguais. É claro que a precipitação e os fatores geológicos entram com maior peso
que os demais fatores. Desta forma teremos que utilizar artifícios para aplicar por exemplo a
distribuição normal ou de Gauss.

7.1.1.Extrapolação dos dados da vazão pela distribuição de Gauss ou Normal.-


Conforme foi visto, o histórico de dados das vazões de um
determinado curso d’água não seguem a distribuição de Gauss, pois não são totalmente
aleatórios. Entretanto, se ao invés de vazões forem considerados os logaritmos desses valores,
esta última variável pode-se aproximar relativamente bem da distribuição normal, e assim
podemos elaborar os dados conforme segue abaixo:
Desta forma, no caso de termos 30 anos de dados, e temos que extrapolar um evento com
P=0,99, o que significa a probabilidade de acontecer um valor menor ou igual ao da vazão dessa
probabilidade; então, a probabilidade de acontecer a enchente, isto é, valor maior ou igual, será
P’= 1 – 0,99 = 0,01, e o períiodo de retorno dessa vazão será:
T= 1 / 0,01 = 100 anos

Nota:A distribuição Normal pode ser calculada pela fórmula geral de Vem Te Chow, vista no
capítulo V-

7.1.2. Método de Foster.-

O método de Foster aplica, para os dados de vazão, a distribuição


de Pearson tipo III. Essa distribuição é assimétrica e não admite valores negativos. São seus
parâmetros:

Desta forma, para um evento com período de retorno de 50 anos acontecer, a probabilidade será:
P= 1 / 50 = 0,02 ; e P’ = 1 – 0,02 = 0, 98 ou seja 98% ; e X50 = Xmed + X ; sendo que X =
Sx . K ; “ K “ tabelado em função de Co’. tabela abaixo:
7.1.3.Distribuição de Gumbel.-

Este método já foi apresentado no capítulo V, e basicamente são


aplicadas as seguintes fórmulas:

y= - ln[ - ln ( 1 – 1/ T ) ] ; K = ( y – yn ) / Sn e Xt = Xmed + Sx . K ;

Sendo: y – variável reduzida de Gumbel;


Xt – evento com período de retorno T ;
Xmed – vazão média dos eventos;
Sx – desvio padrão da amostra ;
yn – média da variável reduzida de Gumbel ;
Sn - desvio padrão da variável reduzida ;

7.1.4. Distribuição ou Método de Füller.-


Baseado no uso da regra da probabilidade, que é descrita abaixo:
CAPÍTULO VII

7.1.5. Exemplo Aplicativo dos métodos apresentados acima. Abaixo é apresentado o histórico
das vazões máximas observadas no rio Jaguarí da Bacia do Rio Piracicaba, em Posto Jaguariúna
de 2.200 Km2.-

7.1.5.1.Desenvolvimento para a Distribuição Normal.


CAPÍTULO VII
Pode-se agora aplicar a fórmula de Ven Te Chow, através da expressão: Xt=
Xmed = Kt . Sx, para completar o exercício. Tabela no capítulo V.

7.1.5.2. Exemplo aplicando o Método de Foster.-


Q = Qmed + x e x = Sx . K onde K são os valores interpolados na tabela através de
Co’, que corresponde a x / Sx.
7.1.5.3. Exemplo Aplicando o Método de Gumbel para a Amostragem.

Cálculo para a variável reduzida; y = - ln [ - ln ( 1 – 1 / T ) ]

- para T = 50 anos; y50 = 3,9019;


- para T = 100 anos; y100 =4,60018;
- para T=200 anos; y200 =5,2958;
- para T= 500 anos; y500 =6,2136;
- para T=1000 anos; y1000=6,9073;

- K = (y – yn ) . Sn ; e Xt = Xmed + K . Sx ; Xmed= 188.90 m3/s; Sx=95,47m3/s.

- X50 = 474,40 m3/s;


- X100= 543,60 m3/s;
- X200= 594,00 m3/s;
- X500= 672,00 m3/s;
- X1000=730,00 m3/s;

Sabendo-se que: yn = 0,5396; e Sn= 1,1255.

7.1.5.4. Exemplo Aplicando o Método de Füller para a Amostragem.

Com os valores das coordenadas:

Desenvolvidas na tabela dos Valores auxiliares para Cálculo dos Parâmetros das Distribuições
de Freqüência na apresentação do exemplo, desenvolve-se o gráfico abaixo e a seguir interpola-
se uma reta, que pela qual se determina os eventos que desejamos.
7.1.5.5. Comparação dos Resultados Obtidos pelos Diversos Métodos.
CAPÍTULO VII

PREVISÕES DE ENCHENTES

7.2. PREVISÃO DE ENCHENTES EXECUTADO POR MÉTODOS INDIRETOS.-

7.2.1.CONSIDERAÇÕES. Os métodos indiretos são utilizados em bacias onde não há registros


de vazões dos cursos d’água, isto ocorre notadamente em bacias de pequenas extensões. A
ausência de dados de vazões são as dificuldades mais freqüentes que os engenheiros hidráulicos,
hidrólogos, envolvidos no dimensionamento de obras hidráulicas, enfrentam no dia a dia.

Métodos Indiretos mais utilizados:

-Método Racional;

-Método do Hidrograma Unitário;

-Método de Soil Conservation Service ( SCS );

Todos esses métodos indiretos, estimam as vazões a partir dos dados de


chuva que são menos escassos do que os dados de vazão. Vale lembrar, em tempo, que nas
bacias de pequena e média extensão, as precipitações evidentes, são as precipitações intensas
que apresentam as seguintes características, como foi visto no capítulo IV: distribuição;
intensidade; freqüência; e duração. Estas características variam da seguinte forma:

-Distribuição, as precipitações intensas atingem pequenas áreas, podendo muitas vezes, não
abranger toda micro bacia considerada.

-Intensidade e Duração, sabemos historicamente que quanto maior a intensidade menor é a


duração da precipitação.

-Intensidade com a Freqüência, sabemos também que quanto maior a intensidade menor é a
freqüência do evento voltar a acontecer.

O estudo integralizado dessas características para cada região resulta nas


relações Intensidade- Duração-Frequencia das precipitações intensas vistas no capítulo IV.

7.2.2. MÉTODO RACIONAL.-


O método racional é aplicado para micro-bacias que não apresentam
complexidade e de área de até 5 Km2, e adota um hidrograma triangular cujo o tempo de
duração é de dois tempos de concentração, a duração da precipitação igual ao tempo de
concentração e a vazão máxima dada pela expressão:

Qc= 2,78. n. C. A . I Sendo:

- Qc, vazão máxima em l/s;


- I intensidade pluviométrica em mm/hora;
- ‘n’ coeficiente de distribuição;
- ‘C’ coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de Run-Off.
- ‘A’ área da bacia em hectares;

Este processo é utilizado para dimensionar galerias de águas pluviais de


cidades, conjuntos habitacionais, loteamentos residenciais e industriais, bueiros de estradas e
gerenciamento de pequenas e micro-bacias com área de até 5Km2.

7.2.2.1. Tempo de Concentração e Tempo de Duração das Precipitações.-

a) Tempo de Concentração. ( tc )- No caso de obras que envolvem escoamento pluvial em


galerias o tempo de concentração é composto de duas parcelas, ou seja:

tc = ti + tp onde:

ti – é o tempo de concentração propriamente dito ou tempo de


retardamento, tempo gasto pelas águas precipitadas de percorrer o divisor mais distante até a
1ª caixa de coleta em minutos;
tp – tempo de percurso, tempo gasto pelas águas deste a 1ª caixa de coleta
até a seção de dimensionamento em minutos;

Fórmulas do Engº George Ribeiro para o tempo de retardamento:


Sendo: L1- distancia do divisor mais distante a 1ªcaixa coletora; “p” taxa decimal
da área da bacia coberta de vegetação; “S” é a declividade média da trajetória L1
descontados os possíveis degraus e “ti” tempo de retardamento em minutos.

Fórmula do tempo de percurso: tp = L / v ; sendo: L – comprimento do


último trecho de galeria e “v “ velocidade de escoamento do trecho correspondente.

b) Tempo de Duração das Precipitações Intensas.

O método racional, como visto no hidrograma de escoamento adotado, o


tempo de duração das precipitações intensas será igual ao tempo de concentração para a
seção considerada.

7.2.2.2. Tempo de Recorrência e Probabilidade das Precipitações Intensas.

No processo racional o período de retorno ou tempo de recorrência das


precipitações intensas recomendado está na faixa entre 5 a 20 anos, para obras sem
complexidade; no caso de obras que envolva risco de vidas deve-se determinar o período de
retorno pelo fator de risco que se deseja correr, calculado pela expressão:

Sendo: “Tr” período de retorno em anos; “K” risco que se deseja correr ou a
probabilidade de ocorrência da máxima enchente durante a vida útil; “n” vida útil da obra
em anos.

7.2.2.3. Escoamento Superficial e Infiltração. De uma maneira geral, das águas


precipitadas, parte se infiltram de acordo com a capacidade de infiltração do momento do
solo e o restante escoa superficialmente pelo relevo do solo atingindo os arruamentos, as
galerias de águas pluviais e finalmente os cursos d’água ( em locais onde existe infra-
estrutura de coleta pluvial ). Para isto devemos classificar os solos quanto a
impermeabilidade para podermos definir o coeficiente de escoamento superficial ou
coeficiente de run-off. Adotando o critério de Fantoli que classifica os solos da seguinte
forma:

- para as zonas centrais das cidades, loteamentos urbanos com pouca jardinagem, parques
industriais; áreas que apresentam uma impermeabilidade de 80% ou mais define um
coeficiente m= 0,058;
- para zonas residenciais, loteamentos residenciais com áreas de jardinagem ou
empreendimentos que apresentam uma taxa de impermeabilidade entre 60 a 80%, define
um coeficiente m= 0,043;
- para zonas suburbanas, que apresentam uma taxa de impermeabilidade entre 40 a 60%,
define um coeficiente m= 0,029;
- para as zonas rurais, cuja taxa de impermeabilidade está entre 25 a 40%, define um
coeficiente m= 0,018.

Desta forma, o coeficiente de escoamento superficial, ou coeficiente de


deflúvio ou ainda o coeficiente de run-off, será determinado pela expressão::

7.2.2.4. Distribuição das Precipitações Intensas.


Como foi visto anteriormente, as precipitações intensas abrangem pequenas
áreas, e dependendo do tamanho da micro-bacia, é possível que a precipitação não atinja
toda a área da bacia, possibilitando a adoção de um coeficiente de distribuição definido em
função do tamanho da área da bacia. O método racional adota um coeficiente de distribuição
“ n “ definido pela expressão, onde a área é apresentada em hectares:

Para áreas iguais a um hectare ou menor que um hectare, adotar n=1.

Exemplo: Deseja-se dimensionar um bueiro para uma estrada em construção próximo a


cidade de Belo-Horizonte para escoar águas pluviais de uma micro bacia de 30 hectares, que
apresenta um desnível do divisor mais distante até ao bueiro de 100,00m correspondendo a
uma distancia de 2000,00m; sabendo-se que o terreno da micro-bacia é totalmente coberto
por pastagens, pede-se para determinar a vazão de dimensionamento do bueiro.

7.2.3. MÉTODO DO DIAGRAMA UNITÁRIO. ( D.U.)

7.2.3.1. Considerações. O diagrama unitário é o diagrama resultante de um escoamento


superficial de volume unitário. O volume unitário de uma precipitação efetiva unitária, que
corresponde à altura pluviométrica e duração unitária. Ex. Altura de precipitação efetiva de
10mm e uma hora de duração.
Conhecido o hidrograma unitário de uma bacia, pode-se calcular as ordenadas do
escoamento superficial correspondentes à qualquer chuva, de intensidade uniforme e de mesma
duração que gerou o D.U.; multiplicando as ordendas do D.U. pelo fator Qe/Qu .

A teoria do D.U. baseia-se nas três proposições descritas a seguir:

a) para precipitações de iguais durações, as durações dos escoamentos superficiais


correspondentes são iguais;

b) duas precipitações de mesma duração, mas com volumes escoados diferentes, resultam
em hidrogramas cujas ordenadas são proporcionais aos correspondentes volumes
escoados;
c) considera-se que as precipitações anteriores não influenciam a distribuição no tempo do
escoamento superficial de uma dada precipitação;

7.2.3.2.Determinação do Diagrama Unitário a Partir dos Dados Observados de uma


Precipitação.-

O volume de água precipitado sobre uma bacia é dado por:


Vp = P . A Sendo: Vp- volume total
precipitado; P – altura de lâmina d’água precipitada; ‘ A ‘- área da bacia.

A separação do escoamento superficial do escoamento básico ou seja de


drenagem subterrânea é feita traçando uma reta que une os pontos de inflexão ascendente e
descendente do hidrograma observado, conforme é mostrado abaixo:
Para cada instante ‘t’, a vazão efetiva é a diferença entre a vazão do hidrograma
e a vazão base sendo esta determinada através da reta estabelecida pelos pontos de inflexão;
logo a vazão efetiva será:

Qe = Q – Qb ( m3/s )

Logo o volume escoado efetivamente ( de origem superficial ) será fornecido pela


área do hidrograma acima da linha base, ou seja volume d’água efetivo pode ser determinado
pela expressão:

Desta forma pode-se determinar o coeficiente de escoamento superficial ou o


coeficiente de run-off pela expressão:

C = Ve / V

E assim a precipitação efetiva ( que escoa superficialmente ) será determinada pela


expressão:

Pe = C . P

Possibilitando desta forma determinar as ordenadas do hidrograma unitário através da


expressão:

Qu = ( Pu / Pe ) . Qe
Sendo: Qu – vazão unitária; Qe – vazão efetiva; Pu – lâmina d’água efetiva ( mm ),
geralmente igual a 10mm; Pe – lâmina d’água efetiva ( mm ).

7.2.3.3. Hidrograma Unitário Sintético.

Para finalidades de simulações matemáticas, com a finalidade de


aproveitamento múltiplo de bacias, torna-se necessário se estabelecer os hidrogramas unitários
das bacias envolvidas mesmo que de uma maneira aproximada, sendo então necessário recorrer
ao hidrograma unitário sintético, quando não se tem elementos para se estabelecer o hidrograma
unitário convencional.
Vamos apresentar o método de Snyder, que desenvolveu as seguintes
correlações para as bacias das montanhas Apalachianas:

a) tempo de retardamento da bacia em horas;

Sendo: L – ( Km ) comprimento do rio principal desde o seu divisor de águas até a foz
do rio; Lc – ( Km ) é a distancia do ponto do rio principal mais próximo do centro
geométrico da bacia até a saída da mesma; Ct – coeficiente que varia entre 1,80 a 2,00,
tomando valores menores para bacias de grandes inclinações.

b) tempo de duração da precipitação em horas;

Sendo: tr – tempo de duração da precipitação em horas

c) vazão de pico da hidrógrafa sintética unitária;

Sendo: A – área de drenagem da bacia; tp – tempo de retardamento ( horas ); Cp – um


coeficiente variando de “ 0,56 “ a “ 0,69” .

d) tempo base de escoamento superficial;


Exemplo; Desenvolver a hidrógrafa unitária sintética pelo método de Snyder, para a bacia do
Ribeirão do Lobo nos municípios de Itirapina e Brotas – SP; que apresenta os seguintes
elementos: A= 177,25 Km2; L= 24,30 Km; Lc = 12,00 Km; Ct= 2,20; Cp= 0,60 .

a) tempo de retardamento da bacia;

b) tempo de duração da precipitação;

c) vazão de pico;

d) tempo base de escoamento superficial;

e) Hidrogarma Unitário Sintético da Bacia Ribeirão do Lobo;


7.2.3.4.Método de Soil Conservation Service ( SCS ). Este processo foi apresentado no capítulo
V , em que é fundamentado na capacidade de infiltração do solo.
CAPÍTULO VII

PREVISÕES DE ENCHENTES

7.2.3.5. Exemplo Aplicativo. 1-


CAPÍTULO VII

PREVISÕES DE ENCHENTES

Exemplo 3:
Exemplo 4 :
CAPÍTULO VII

PREVISÕES DE ENCHENTES
Exemplo 5:

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