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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 2º

TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE – PB.

Processo nº. 0005982-80.2014.815.0011

ALEGAÇÕES FINAIS
PELO ACUSADO: FABRÍCIO GALDINO RIBEIRO

Pugnou o membro do parquet, após a instrução criminal, pela


IMPRONÚNCIA do inculpado sub examine, eis que INEXISTEM indícios que
apontam o mesmo como sendo autor ou coautor do delito em apreciação.
O fundamento do presente possui como objetivo corroborar com o membro
do parquet quanto a ABSOLVIÇÃO do denunciado, por FICAR PROVADO
após a oitiva das testemunhas arrolados pela acusação e defesa NÃO SER ELE
AUTOR, COAUTOR OU PARTICIPE NO CRIME.

1. MÉRITO

Ao acusado é impingida a prática delitiva tipificada no art. 121, §2º, do CPB,


ou seja, homicídio qualificado.
Todavia, todas as testemunhas ouvidas em juízo são firmes em seus
depoimentos que NÃO reconhece o acusado do autor do crime em julgamento.
Os familiares da vítima afirmam que não ouviu falar que tenha o denunciado
qualquer participação no crime.

ESCRITÓRIO PROFISSIONAL
ADVOCACIA ALTAMAR CARDOSO
(SEDE) Rua Estácio Tavares Wanderley, nº 400, Edifício Rafael Mayer, Sala 403, 4º Andar, Campina Grande – PB; (Unidade I) Av. Dep. Odon Bezerra, n° 184, sala
362, piso E3, Shopping Tambiá, Tambiá, João Pessoa – PB; Telefones: (83)99176240/(83) 86023323, E-mail: dr.acsilvacardoso@yahoo.com.br

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Destarte, apesar de todos as provas colhidas e as testemunhas afirmarem a
não reconhecimento do acusado como estando na cena do crime, por amor ao
debate, visto que, a denúncia foi fruto de testemunhos de “ouvir dizer”, a doutrina
e a jurisprudência repelem-nas da categoria de acervo probatório, uma vez que estes
depoimentos afirmam a autoria de determinado delito, sem, contudo, estender ao
acusado a oportunidade de contraditar aquele que porventura o apontou como
autor, ou seja, é uma prova ilícita.
Com relação ao testemunho di auditu OSWALDO TRIGUEIRO DO
VALLE FILHO in “A ILICITUDE DA PROVA – TEORIA DO
TESTEMUNHO DE OUVIR DIZER”, Livraria Revista dos Tribunais, 2004, pág.
204, sintetiza com perfeição:

“a presunção de inocência, na qualidade de princípio


fundamental, visa a preservar o cidadão a que contra ele seja
imprimido um processo que tenha características de direta
colisão com os direitos fundamentais, ou ainda, da inexistência
de qualquer atividade probatória. Querer imprimir uma
acusação, que irá estigmatizar a pessoa, sem provas ou com
provas que afrontam a dignidade, impõe a atuação do
princípio da presunção de inocência, quefuncionará como
barreira a que o argüido possa se sujeitar a agressões sem
fundamento para tanto, pois se trata de um inocente. Nestas
situações deve-se emprestar à pessoa, como regra e não
exceção, a plenitude de que a sua inocência é o ponto de
partida.”

Convém ressaltar, como bem explanado por Marques Porto, citado por
Mirabette, que indícios de autoria são:

“Conexões entre os fatos conhecidos no processo e a conduta


do agente, na forma descrita pela inicial penal. O indício
suficiente de autoria oferece uma relativa relação entre o
primeiro fato e um seguinte, advindo da observação inicial, e
devem tais indícios, para que motivem a decisão de pronúncia,
apresentar expressivo grau de probabilidade que, sem excluir
dúvida, tende a aproximar-se de certeza”.
Ademais, é recomendável alentar um pouco mais o presente documento,
assentando a jurisprudência pátria a respeito do tema:
I – Do Tribunal de Pernambuco:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE PARA
ALICERÇAR A SENTENÇA DE PRONÚNCIA DO
RECORRENTE. AUSÊNCIA DE QUALQUER INDÍCIO
DE AUTORIA. DECISÃO QUE NÃO PODE SER
BASEADA EM MERA PRESUNÇÃO OU SUPOSIÇÃO
DA AUTORIA, BASEADA EM TESTEMUNHOS DE
"OUVIR DIZER". IMPRONÚNCIA QUE IMPÕE.
RECURSO PROVIDO À UNANIMIDADE DE VOTOS. I
- A sentença de pronúncia deve demonstrar, no conjunto
probatório emanado dos autos, indício suficiente da autoria
imputada ao acusado, não podendo valer-se de mera
presunção ou suposição da autoria, baseada, tão somente, em
testemunhos de familiares da vítima por "ouvir dizer". II -
Inexistindo qualquer indício de autoria relativamente ao
recorrente, o mesmo deve ser impronunciado. III - Recurso a
que se dá provimento. Decisão unânime. TJPE - Recurso em
Sentido Estrito: RECSENSES 564953820088170001 PE
0021943-79.2010.8.17.0000 - Relator(a): Alexandre Guedes
Alcoforado Assuncao Julgamento: 12/07/2011 Publicação:
134/2011)

Outros precedentes: TJPE - Recurso em Sentido Estrito: RECSENSES


9060045119988170001 PE 0004224-50.2011.8.17.0000 - Relator(a): Alexandre
Guedes Alcoforado Assunção - Julgamento: 24/01/2012 Órgão Julgador: 4ª
Câmara Criminal Publicação: 31.
II – No Estado de São Paulo:

Apelação Criminal. Suposta prática de participação em


homicídio. Sentença de impronúncia. 'Parquet' busca
pronúncia nos termos da denúncia. Impossibilidade. Suposta
existência de indícios decorrentes de relatos testemunhais.
Depoimentos de mero 'ouvi dizer'. Elenco probatório por
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demais frágil, inapto a viabilizar a pretensão de pronúncia.
Muito pouco para a submissão do feito ao Júri. Apelo
Ministerial desprovido. (TJSP - Apelação: APL
13192819928260052 SP 0001319-28.1992.8.26.0052 -
Relator(a): Péricles Piza Julgamento: 16/01/2012 - Órgão
Julgador: 1ª Câmara de Direito Criminal - Publicação:
17/01/2012)

Outros precedentes: TJSP - Recurso em Sentido Estrito: RECSENSES


758653720038260224 SP 0075865-37.2003.8.26.0224 - Relator(a): Péricles
Publicação: 17/01/2012, TJSP - Apelação Criminal: APR 993070577681 SP -
Relator(a): Alexandre Coelho - Publicação: 29/07/2008.
III – No estado do Maranhão:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO


QUALIFICADO. PRONÚNCIA. TESTEMUNHA DE
OUVIR DIZER. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA. DESPRONÚNCIA.
RECURSO PROVIDO. - Inobstante ser a pronúncia mero
juízo de prelibação, não há nos autos indícios suficientes da
autoria - Recurso provido. (TJMA - Processo: RSE 209662007
MA - Relator(a): MARIA MADALENA ALVES SEREJO -
Julgamento: 28/04/2008)

IV - do Paraná:

A absoluta falta de condição de admissibilidade da acusação


consubstanciada em meras conjecturas acerca do crime
contidas nos depoimentos das testemunhas revela que a
despronúncia é a medida mais adequada para o presente caso,
posto que de todo inadmissível, como bem sustentado pela
douta Procuradoria Geral de Justiça, que sirvam como
sustentáculo da pronúncia as locuções "ouvir falar", "ouvir
dizer", "por comentários do povo", "teria sido", "comentários
levam a crer", etc. (TJPR - Processo: RSE 3531700 PR
0353170-0 Relator(a): Oto Luiz Sponholz Julgamento:
07/12/2006 Publicação: DJ: 7296)
São inúmeros os precedentes advindos das Cortes Estaduais no sentido de
que as provas colhidas supedaniadas no “ouvir dizer” não possuem caráter nem
sequer de indício, que dirá suficiente, para se levar o acusado ao julgamento
popular, por último, assenta-se a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
precedente da relatoria do Ministro Félix Fischer:

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. JÚRI.


TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRONÚNCIA. PROVAS. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
SOCIETATE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. I - Em se tratando de crime afeto à
competência do Tribunal do Júri, o julgamento pelo Tribunal
Popular só pode deixar de ocorrer, provada a materialidade
do delito, caso se verifique ser despropositada a acusação,
porquanto aqui vigora o princípio in dubio pro societate. II -
Não obstante esse entendimento sedimentado nos Tribunais
Superiores, cabe à primeira fase do procedimento relativo aos
crimes da competência do Tribunal do Júri denominada
iudicium accusationis, afastar da apreciação do Conselho de
Sentença acusações manifestamente infundadas, destituídas,
portanto, de qualquer lastro probatório mínimo. III - Na
espécie, consta em desfavor do recorrido tão somente
referências a testemunhos, que, com supedâneo no "ouvi
dizer", lhe atribuem a prática do crime, na medida em que teria
fornecido a arma do crime ao executor. Tais elementos
revelam-se precários e, dessa forma, não autorizam a sua
submissão ao iudicium causae. IV – Este o quadro, tem-se que
a manifesta ausência de indícios impõe a manutenção da
decisão tomada em segundo grau que despronunciou o
recorrido. Recurso especial desprovido. (STJ - RECURSO
ESPECIAL Nº 933.436 - SP (2007/0054704-3) – Relator:
MINISTRO FELIX FISCHER – Julgamento: 08 de setembro
de 2009)

Portanto, vislumbra-se no caso concreto que o testemunho indireto movido


pelo “ouvir dizer” se mostra, à luz da jurisprudência e doutrina relativamente à
matéria, incabíveis e inaceitáveis em um processo penal, cuja espécie é a mais
desgastante de todas as espécies de processo.
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Ad conclusam, a ABSOLVIÇÃO do acusado nos termos do art. 414 do
Código Instrumental.

2. PEDIDO

Ante o exposto, serve a presente para requerer a este Magistrado de escol


que, corroborando o pleito ministerial, requer a ABSOLVIÇÃO do acusado
FABRÍCIO GALDINO RIBEIRO nos termos do art. 415, II do CPP,
concordando que todas as testemunhas ouvidas em juízo são firmes em seus
depoimentos que o inculpado não cometeu o crime, inclusive, por estar na
localidade juntamente com as testemunhas ouvidas. Tudo por ser medida da mais
Lídima Justiça.

A Deferimento.

Campina Grande, Paraíba, 27 de novembro de 2017.

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ALTAMAR CARDOSO
ADVOGADO - OAB/PB 16891

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