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Insolvência

O agravamento das condições financeiras de uma parte significativa das


famílias portuguesas, provocado pela actual conjuntura económico-financeira e
pelos elevados índices de desemprego, conduziram ao seu sobre
endividamento, tendo como consequência a impossibilidade de as mesmas
fazerem face a todas as obrigações assumidas.

Perante esta situação de desespero, o Código de Insolvência e Recuperação


de Empresas (CIRE) em vigor desde o ano de 2004, aprovado pelo Decreto-lei
n.º 53/04, de 18 de Março, com a redacção dada pelos Decretos-lei n.ºs
200/04, de 18 de Agosto, 76-A/2006, de 29 de Março, 282/07, de 7 de Agosto,
116/08, de 4 de Julho e 185/2009, de 12 de Agosto, permite que as Pessoas
Singulares de boa fé, que se encontrem numa situação de insolvência possam
beneficiar do regime da “Exoneração do Passivo Restante”, sendo
concedido, assim, o perdão das dívidas que as famílias não conseguem pagar.

Também prevê a possibilidade das Pessoas Singulares apresentarem com a


petição inicial do processo de insolvência um “Plano de Pagamentos” aos
Credores. O Plano de Pagamentos deve ser negociado com os Credores, uma
vez que o mesmo fica sujeito à sua aprovação e à respectiva homologação
pelo Juiz. Pode designadamente prever moratórias, perdões, constituições de
garantias e um programa calendarizado de pagamentos, tendo,
necessariamente, de consubstanciar uma previsão credível e bem estruturada
da forma de liquidar os créditos aos Credores. A aceitação do Plano de
Pagamentos tem como consequência o encerramento do processo de
insolvência.

Insolvência de Pessoas Singulares

O Código de Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE) em vigor desde o


ano de 2004, aprovado pelo Decreto-lei n.º 53/04, de 18 de Março, com a
redacção dada pelos Decretos-lei n.ºs 200/04, de 18 de Agosto, 76-A/2006, de
29 de Março, 282/07, de 7 de Agosto, 116/08, de 4 de Julho e 185/2009, de 12
de Agosto, permite que as Pessoas Singulares de boa fé, que se encontrem
numa situação de insolvência possam beneficiar do regime da “Exoneração do
Passivo Restante”, sendo concedido, assim, o perdão das dívidas que as
famílias não conseguem pagar.

Deste modo, o Legislador Português, à semelhança dos Estados Unidos e da


Alemanha, conjuga o princípio fundamental do ressarcimento dos credores com
a atribuição aos devedores singulares insolventes da possibilidade de se
libertarem de algumas das suas dívidas, e assim lhes permitir a sua
reabilitação económica. Inspirado nestes dois princípios norteadores, o
Legislador Português incorporou no ordenamento jurídico português o princípio
do “fresh start” para as pessoas singulares de boa fé incorridas em situação de
insolvência, através do regime da “Exoneração do Passivo Restante”,
permitindo que seja concedida ao devedor pessoa singular a exoneração dos
créditos sobre a insolvência que não forem integralmente pagos no processo
de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao encerramento deste.

A efectiva obtenção de tal benefício supõe, que, após a sujeição a processo de


insolvência, o devedor permaneça por um período de cinco anos - designado
período da cessão - ainda adstrito ao pagamento dos créditos da insolvência
que não hajam sido integralmente satisfeitos. Durante esse período, ele
assume, entre várias outras obrigações, a de ceder o seu rendimento
disponível a um fiduciário (entidade designada pelo tribunal de entre as
inscritas na lista oficial de administradores da insolvência), que afectará os
montantes recebidos ao pagamento dos Credores. No termo desse período,
tendo o Devedor cumprido, para com os Credores, todos os deveres que sobre
ele impendiam, é proferido despacho de exoneração, que liberta o Devedor das
eventuais dívidas ainda pendentes de pagamento.

A verificação dos requisitos exigidos ao Devedor e a sua conduta quer anterior,


quer actual, norteada pela licitude e boa fé, permite, então, que lhe seja
concedido o benefício da exoneração do passivo restante, concedendo-lhe a
possibilidade de ser reintegrado plenamente na vida económica.

Há ainda que referir, que o artigo 251º do CIRE também prevê a possibilidade
das pessoas singulares, não empresários ou titulares de pequenas empresas,
de apresentar, com a petição inicial do processo de insolvência de um “Plano
de Pagamentos” aos Credores. O Plano de Pagamentos deve ser negociado
com os Credores, acautelando devidamente os interesses destes, uma vez que
o mesmo fica sujeito à sua aprovação e à respectiva homologação pelo Juiz.
Pode designadamente prever moratórias, perdões, constituições de garantias e
um programa calendarizado de pagamentos, tendo, necessariamente, de
consubstanciar uma previsão credível e bem estruturada da forma de liquidar
os créditos aos Credores. A aceitação do Plano de Pagamentos tem como
consequência o encerramento do processo de insolvência.

Insolvência de Empresas (Pessoas Colectivas)

Nos termos do disposto no artigo 18º do CIRE as Pessoas Colectivas devem


requerer a declaração da sua insolvência dentro dos 60 dias seguintes à data
do conhecimento da situação de insolvência, consubstanciando tal normativo
um dever de apresentação à insolvência. A partir do momento em que as
Pessoas Colectivas demonstrem não ter capacidade para honrar com as suas
obrigações vencidas têm obrigação legal de se apresentar à insolvência. A
iniciativa da apresentação à insolvência cabe ao órgão social incumbido da sua
administração, ao Gerente nas sociedades por quotas, ao Conselho de
Administração nas sociedades anónimas. O artigo 18º nº 3 do CIRE estatui que
se presume de forma inilidível o conhecimento da situação de insolvência
decorridos pelo menos 3 meses sobre o incumprimento generalizado de certas
obrigações, designadamente, contribuições e quotizações para a Segurança
Social, dividas emergentes de contrato de trabalho, ou da sua violação ou
cessação.

Se a empresa não cumprir o dever de apresentação à insolvência no prazo de


três meses, a contar da data do incumprimento generalizado das suas
obrigações vencidas, presume-se a existência de culpa grave dos órgãos
responsáveis (alínea a), do nº 3, artigo 186.º do CIRE), podendo a insolvência
ser qualificada como culposa com as consequências gravosas para os
responsáveis legais, previstas no artigo 189º do CIRE.

Uma vez decretada a insolvência é nomeado um Administrador da Insolvência


que é investido dos poderes de administração e de disposição dos bens
integrantes da massa insolvente, representando o Devedor para todos os
efeitos de carácter patrimonial que interessem à insolvência.

O Administrador da Insolvência e a Assembleia de Credores decidem se a


empresa tem capacidade para se reestruturar ou não, optando pela
recuperação económico-financeira da empresa, através da apresentação de
um Plano de Insolvência, ou pela sua liquidação.

A apresentação de um Plano de Insolvência (artigo 192º do CIRE) permite a


recuperação da empresa, devendo conter todas as medidas necessárias à sua
execução e todos os elementos relevantes para efeito da sua aprovação pelos
Credores e homologação pelo Juiz (artigo 195º, nº 2 do CIRE).

A Proposta do Plano de Insolvência pode ser apresentada pelo Administrador


de Insolvência, o Devedor, qualquer pessoa que responda legalmente pelas
dívidas da insolvência e qualquer Credor ou Grupo de Credores, nos termos
estatuídos no artigo 193º do CIRE.

Nestes artigos desenvolve-se uma temática genérica relativa ao direito da


insolvência, de forma a prestar informação aos cidadãos e às empresas acerca
das prerrogativas e direitos que lhes assistem no âmbito da legislação actual
sobre esta matéria, o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas,
abstraindo-se esta análise de considerações casuísticas.

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