You are on page 1of 83

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Escola de Engenharia
Engenharia Elétrica

TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA:


ENQUADRAMENTOS TARIFÁRIOS E SOLUÇÕES

Guilherme Fernandes Soares


Manoel Messias da Silva Neto
Marcos Vinícius França
Wendel Santana
Wilson Phillipsen Braun

Goiânia – GO
2016
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Engenharia
Engenharia Elétrica

TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA:


ENQUADRAMENTOS TARIFÁRIOS E SOLUÇÕES

Guilherme Fernandes Soares


Manoel Messias da Silva Neto
Marcos Vinícius França
Wendel Santana
Wilson Phillipsen Braun

Projeto de pesquisa apresentado à banca


examinadora como parte dos requisitos para
avaliação na disciplina ENG1450 – Trabalho
de Final de Curso II.

Orientador: Prof. MSc. Asley Stecca Steindorff

Goiânia – GO
2016
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a Deus, por nos dar sabedoria e


entendimento para que este trabalho fosse realizado. A ele toda honra toda glória e
toda adoração.

Ao corpo docente da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, em especial


ao nosso Orientador Prof. Me. Asley Stecca Stendorff, pela dedicação durante o
desenvolvimento do trabalho.

Aos nossos familiares, que sempre estiveram ao nosso lado, nos apoiando,
incentivando e nos encorajando a seguir em frente.

Aos companheiros de classe que estiveram conosco ao longo dessa jornada,


com os quais compartilhamos grandes amizades e conhecimento.

Aos amigos, que nos apoiaram ao longo desses anos, nos encorajando a
prosseguir.

Enfim, a todos aqueles que contribuíram de forma direta e indireta na


realização deste trabalho.
EPÍGRAFE

“O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.


Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me
mansamente a águas tranquilas. Refrigera a
minha alma; guia-me pelas veredas da
justiça, pelo amor do seu nome. Ainda que
eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não temerei mal algum, porque tu estás
comigo; a tua vara e o teu cajado me
consolam. Preparas uma mesa perante mim
na presença dos meus inimigos, unges a
minha cabeça com óleo, o meu cálice
transborda. Certamente que a bondade e a
misericórdia me seguirão todos os dias da
minha vida; e habitarei na casa do Senhor
por longos dias.”

(Salmo 23)
RESUMO

A energia elétrica é um dos principais insumos consumidos pela sociedade


moderna. Com o crescente aumento de preço da energia, os consumidores vêm
sofrendo reações adversas no faturamento de energia, razão determinante para que
os grandes consumidores de energia elétrica, devam se atentar em relação ao seu
enquadramento tarifário e perfil de consumo.
As concessionárias de energia elétrica possuem tarifas diferenciadas para
cada tipo de perfil de consumidor, o que possibilita um melhor ajuste no
enquadramento ao regime tarifário ideal, disponibilizando aos consumidores a
oportunidade de economia financeira.
O presente projeto retratará os estudos para o melhor enquadramento tarifário
de um consumidor do Subgrupo A4 – Tensão de fornecimento 3 kV a 25 kV,
analisando sua situação atual de tarifação. Para posteriormente indicar soluções que
possam ser tomadas para suceder o melhor enquadramento tarifário, resultando na
redução do valor final da conta de energia elétrica a ser paga pelo consumidor em
análise.

Palavras-chave: Tarifas de Energia Elétrica, Enquadramento Tarifário,


Consumidor Livre.
ABSTRACT

Electricity is one of the main inputs consumed by modern society. With


increasing energy prices, consumers have suffered adverse reactions in energy
billing, determining reason for the large consumers of electricity, should be alert in
relation to its charging system and consumption profile.
The electric utilities have different rates for each type of consumer profile,
which enables a better fit in the charging system of optimal tariff system, offering
consumers the opportunity to financial savings.
This project will portray the studies for the best tariff framework of a
consumer A4 Subgroup - Voltage supply 3 kV to 25 kV, analyzing your current
situation charging. To further indicate solutions that can be taken to succeed the best
tariff charging system, resulting in reduced final value of the electricity bill to be paid
by the consumer in question.

Keywords: Electricity Rates, Tariff charging system, Free Consumer.


LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Participação do Mercado Livre de Energia (2014). ................................... 40


Figura 2 - Energia Incentivada .................................................................................. 45
Figura 3 - Perfil de Consumo Ponta e Fora de Ponta(kWh) ...................................... 54
Figura 4 - Demanda Atual Faturada .......................................................................... 55
Figura 5 - Demanda Simulada................................................................................... 55
Figura 6 - Comparativo econômico entre demanda atual e simulada ....................... 56
Figura 7 - Gráfico Comparação entre Tarifas Horarias ............................................. 56
Figura 8 - Triângulo de Potências ............................................................................. 58
Figura 9 - UFER Faturado ......................................................................................... 64
Figura 10 - Ecomomia/Mês ....................................................................................... 65
Figura 11 - Analise Fator de Potência ....................................................................... 66
Figura 12 - Gráfico comparativo de custo mensal CELG x Gerador ......................... 69
Figura 13 - Gráfico comparativo de custo anual CELG x Gerador ............................ 70
Figura 14 - Valores Cativo x Livre - 0% de desconto na demanda............................ 74
Figura 15 - Valores Cativo x Livre - 50% de desconto em demanda......................... 75
Figura 16 - Valores Cativo x Livre para 100% de desconto em demanda ................. 75
Figura 17 - Análise de Migração – Desconto 0% na demanda.................................. 76
Figura 18 - Análise de Migração – Desconto 50% na demanda................................ 76
Figura 19 - Análise de Migração – Desconto 100% na demanda.............................. 77
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - TUSD e os custos com seus respectivos componentes tarifários. ........... 29


Tabela 2 - Tarifa de Energia (TE) e os seus componentes tarifários. ....................... 30
Tabela 3 - Comparativo ACR x ACL .......................................................................... 34
Tabela 4 - Compacto dos requisitos para Consumidor Livre e Especial ................... 42
Tabela 5 - Dados da Unidade Consumidora Maio 2015 a Outubro de 2015. ............ 48
Tabela 6 - Dados da Unidade Consumidora Novembro 2015 a Abril de 2016 .......... 48
Tabela 7 - Demanda Contratada ............................................................................... 49
Tabela 8 - Tarifa Horária Azul ................................................................................... 49
Tabela 9 - Tarifa Horária Verde ................................................................................. 49
Tabela 10 - Tarifa Convencional ............................................................................... 50
Tabela 11 - Tributos Mês de Abril de 2016 ............................................................... 50
Tabela 12 - Comparativo entre Tarifa Horaria Azul/Verde. ....................................... 51
Tabela 13 - Comparativo de Demanda ..................................................................... 52
Tabela 14 - Economia Definida pelo Contrato de Demanda ..................................... 53
Tabela 15 - Custo em R$ (Reais) de transgressão de Fator de Potência ................. 60
Tabela 16 - Economia sem UFER - R$ (Reais)......................................................... 60
Tabela 17 - Fator de Potência Lido ........................................................................... 61
Tabela 18 - Potência Banco Capacitor Calculado (Kvar) .......................................... 62
Tabela 19 - PAYBACK DESCONTADO .................................................................... 62
Tabela 20 - Valores de consumo e quantia em R$ no horário de ponta ................... 67
Tabela 21 - Custo de Geração diesel (R$/kWh) ........................................................ 68
Tabela 22 - Custos estimados para aquisição de um GMG 513 kVA ........................ 69
Tabela 23 - Análise de Payback descontado ............................................................ 70
Tabela 24 - Tarifa Mercado Livre de Energia ............................................................ 71
Tabela 25 - Valores Previstos M. Cativo e M. Livre – Para demanda 640 kW .......... 72
Tabela 26 - Valores Previstos M. Cativo e M. Livre – Para demanda 730 kW .......... 73
Tabela 27 - Economia Prevista M. Cativo x M. Livre – Para demanda 640 kW ........ 73
Tabela 28 - Economia Prevista M. Cativo x M. Livre – Para demanda 730 kW ........ 74
NOMENCLATURAS

ACL: Ambiente de Contratação Livre

ACR: Ambiente de Contratação Regulado

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

CCEAR: Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

CCEE: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

GD: Geração Distribuída

CDE: Conta de Desenvolvimento Energético

CELG D: Celg Distribuição S.A

CFURH: Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos

CNAEE: Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

CNPE: Conselho Nacional de Política Energética

COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CSD: Custos do Uso das Instalações de Rede de Distribuição

CUSD: Contrato de Uso do Sistema de Distribuição

CUST: Contratos de Uso do Sistema de Transmissão

DIT: Demais Instalações de Transmissão

DMCR: Demanda máxima corrigida

DNAEE: Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

EER: Encargo de Energia de Reserva

EPE: Empresa de Pesquisa Energética

ESS: Encargo de Serviços do Sistema

EUST: Encargos de Uso do Sistema de Transmissão

FP: Fora Ponta / Fator de Potência


GMG: Grupo Moto-Gerador

ICMS: Imposto Sobre Mercadorias e Serviços

IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado

IRT: Índice de Reajuste Tarifário

MAE: Mercado Atacadista de Energia

MME: Ministério de Minas e Energia

MRE: Mecanismo de Realocação de Energia

MUSD: Montante de Uso dos Sistemas de Distribuição

MUST: Montante de Uso dos Sistemas de Transmissão

ONS: Operador Nacional do Sistema

O&M: Operação e Manutenção

P: Ponta

Parcela A: Componente da Tarifa da Distribuidora

Parcela B: Componente da Tarifa da Distribuidora

PASEP: Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PCH: Pequena Central Hidrelétrica

PIS: Programa de Integração Social

PLD: Preço de Liquidação das Diferenças

PROCEL: Programa de Conservação de Energia Elétrica

PROINFA: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PRORET: Procedimentos de Regulação Tarifária

P&D_EE: Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética

QRR: Quota de Reintegração Regulatória

RGR: Reserva Global de Reversão


RTA: Reajuste Tarifário Anual

RTE: Revisão Tarifária Extraordinária

RTP – Revisão Tarifária Periódica

RU: Rede Unificada

SELIC: Sistema Especial de Liquidação e de Custódia

SIN: Sistema Interligado Nacional

TE: Tarifas de Energia

TFSEE: Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica

TAR: Tarifa Atualizada de Referência

TUSD: Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição

UFER: Unidade de Faturamento de Energia Reativa


SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................... 13
1.1. Considerações ............................................................................................. 13
1.2. Objetivos ...................................................................................................... 14
2. Modelos de Tarifas ............................................................................................. 14
2.1. Introdução Histórica ..................................................................................... 14
2.2. Tarifação Pelo Custo do Serviço .................................................................. 17
2.3. Tarifação Pelo Preço .................................................................................... 17
3. Revisões Tarifárias ............................................................................................. 17
3.1. Reajuste Tarifário Anual ............................................................................... 17
3.2. Revisão Tarifária Periófica – Rtp .................................................................. 18
3.3. Revisão Tarifária Extraoridnária ................................................................... 19
4. Composição Das Tarifas..................................................................................... 19
4.1. Composição Da Parcela A ........................................................................... 20
4.1.1. Compra De Energia Elétrica .................................................................. 20
4.1.2. Custo Com Transmissão E/Ou Distribuição .......................................... 22
4.1.3. Encargos Setoriais................................................................................. 24
4.2. Parcela B...................................................................................................... 26
4.3. Tarifa De Uso Do Sistema De Distribuição (Tusd) E Tarifa De Energia (Te)27
4.3.1. Composição Da Tarifa De Uso Do Sistema De Distribuição ................. 28
4.3.2. Composição Da Tarifa De Energia (Te) ................................................. 29
5. Minigeração E Microgeração Distribuída ............................................................ 31
6. Consumidores De Energia Elétrica ..................................................................... 32
6.1. Consumidores Do Grupo A .......................................................................... 32
6.2. Consumidores Do Grupo B .......................................................................... 33
7. Ambientes De Contratação ................................................................................. 33
8. Estrutura Do Ambiente De Contratação Regulada (Acr)..................................... 34
8.1. Estrutura De Tarifação Para Distribuição ..................................................... 35
8.1.1. Tarifa Monômia ...................................................................................... 35
8.1.2. Tarifa Binômia........................................................................................ 35
8.1.2.1. Tarifa Convencional Binômia .............................................................. 35
8.1.2.2. Modalidade Tarifária Horária Verde ................................................... 37
8.1.2.3. Modalidade Tarifária Horária Azul ...................................................... 37
8.1.2.4. Modalidade Tarifária Horária Branca .................................................. 37
8.2. Bandeiras Tarifárias ..................................................................................... 38
8.2.1. Bandeira Tarifária Verde ........................................................................ 38
8.2.2. Bandeira Tarifária Amarela .................................................................... 38
8.2.3. Bandeira Tarifária Vermelha .................................................................. 39
9. Ambiente De Contratação Livre (Acl).................................................................. 39
9.1 Consumidor Livre ......................................................................................... 41
9.1.1 Consumidor Potencialmente Livre ......................................................... 43
9.1.2 Consumidor Parcialmente Livre ............................................................. 43
9.2 Consumidor Especial ................................................................................... 44
10. Estudo De Caso .................................................................................................. 45
10.1. Análise De Enquadramento Tarifário ........................................................ 47
10.1.1. Entrada De Dados .............................................................................. 48
10.1.2. Resultados Obtidos ............................................................................ 50
10.1.3. Gráficos Obtidos ................................................................................. 53
10.1.3.1. Perfil De Consumo ............................................................................. 53
10.1.3.2. Perfil De Demanda Atual .................................................................... 54
10.1.3.3. Nova Demanda Simulada................................................................... 55
10.1.3.4. Comparativo Entre A Tarifa Atual E Simulada .................................... 56
10.1.4. Considerações Da Analise ................................................................. 57
10.2. Análise Do Fator De Potência – Fp ........................................................... 57
10.2.1. Entrada De Dados .............................................................................. 59
10.2.2. Resultados Obtidos ............................................................................ 63
10.2.3. Gráficos Gerados ............................................................................... 64
10.2.4. Considerações Da Analise ................................................................. 66
10.3. Estudo De Viabilidade De Geração Diesel Em Horário De Ponta
10.3.1. Entrada De Dados .............................................................................. 67
10.3.2. Resultados Obtidos ............................................................................ 69
10.3.3. Análise Econômica – Tempo De Retorno Do Investimento ................ 70
10.4. Estudo De Viabilidade De Migração Para O Ambiente De Contratação
Livre (Acl) ............................................................................................................... 71
10.4.1. Entrada De Dados .............................................................................. 71
10.4.2. Resultados Obtidos ............................................................................ 72
11. Conclusões ......................................................................................................... 78
12. Referencias Bibliográficas .................................................................................. 79
13

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES

O Setor Elétrico Brasileiro, iniciado no século XX, teve sua primeira usina
construída em 1901. A crise econômica enfrentada pelo país no final da década de
1970 até o final dos anos 1980 acarretou: no grande endividamento externo do setor
elétrico e o esgotamento do financiamento estatal para expansão e desenvolvimento
da matriz energética. Nesse momento deu-se início ao processo de privatizações
das empresas distribuidoras de energia elétrica e a segregação dos setores de
Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização da energia elétrica, iniciada
com o novo marco regulatório instituído basicamente pelas Leis 8.987/95 e 9.074/95.
Na década 1990, atrelados ao processo de mudança surgem órgãos com
objetivo de normatizar e regular o setor, tendo como exemplo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), com a função de regular os aspectos técnicos e
econômicos propiciando regras transparentes e tarifas de uso justas; o Operador
Nacional do Sistema (ONS) com a função de coordenar e controlar a operação das
instalações de geração e transmissão de energia do Sistema Interligado Nacional
(SIN).
Com o processo de separação do seguimento produtivo de energia elétrica, o
aumento de demanda energética e a queda da oferta de eletricidade, surgiu à
necessidade do governo intervir na metodologia de preços da eletricidade,
propiciando a criação de tarifas diversificadas para cada setor produtivo. Este
modelo de tarifas diferenciadas, que hoje é aplicado através de tarifa de uso do
sistema e tarifa de energia, vem sendo reavaliado a fim de ser aprimorado através
dos “Ciclos de Revisão Tarifária”.
A energia elétrica, sendo um dos principais insumos do processo produtivo
nacional, os grandes consumidores de energia devem se atentar em relação ao seu
perfil de consumo, pois as concessionárias passaram a possuir tarifas diferenciadas
para cada tipo de perfil de consumidor, possibilitando aos clientes um melhor
enquadramento ao regime tarifário cobrado.
14

1.2. OBJETIVOS

A Energia elétrica é um importante indicador de desenvolvimento social e


econômico. Diante disto, o custo da energia elétrica faz parte constante do noticiário
nacional, considerando que ela atinge praticamente 100% da população, portanto,
este tema se é bastante relevante no ambiente acadêmico, empresarial e todo o
mercado consumidor de energia elétrica. Tornando o desenvolvimento deste projeto
de elevada importância.
Analisar o conceito dos elementos contidos no sistema tarifário brasileiro,
visando especificamente a composição das tarifas de geração, transmissão e
distribuição do sistema tarifário no estado de Goiás. O presente trabalho indicará
soluções para situação real de tarifação, visando adequação de demanda
contratada, zerar ou minimizar tarifas de ultrapassagem, buscando reduzir ao
máximo o valor final a ser pago pelo consumidor do caso em estudo.

2. MODELOS DE TARIFAS

2.1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA

O sistema de tarifação de energia trata-se de um conjunto de normas e


regulamentos que tem por finalidade estabelecer o valor monetário da eletricidade
para as diferentes classes e subclasses de unidades consumidoras. O órgão
regulamentador do sistema tarifário brasileiro é a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério das Minas
e Energia – MME (YAMACHIDA, R.A., Eficiência Energética: Fundamentos e
Aplicações, 1°Edição, 2012).
Inicialmente, a regulação tarifária foi marcada pela aplicação da “Cláusula de
Ouro” nos contratos firmados pelas concessionárias de energia, onde as tarifas que
eram aplicadas nesta época foram criadas para favorecer as concessionárias
estrangeiras e incentivar seu desenvolvimento e ampliação, com isso, melhorar a
atratividade do país a investimentos externos e disseminando a cultura do uso da
energia elétrica (Garcia, R.P., Estudo do Modelo Brasileiro de Tarifação do Uso da
Energia Elétrica, 2012).
15

No início do século XX, teve início a indústria da energia elétrica no Brasil,


lado a lado a este processo, contempla-se o início da organização do Setor Elétrico
Brasileiro, principalmente regulação, fiscalização e normatização, objetivando a
exploração de centrais geradoras por empreendedores estrangeiros e a crescente
relevância econômica da atividade de geração e distribuição de energia elétrica.
Neste momento, vigorava a liberdade tarifária que permitia às concessionárias
contratar suas tarifas em equivalência ao ouro, forma de indexação amplamente
utilizada em toda a economia à época. (GASTALDO, M. M., Direito em Energia
Elétrica, O Setor Elétrico, 2009).
Em julho de 1934, o cenário político brasileiro mudou para um modelo de
governo com maior presença nos assuntos energéticos. Foi promulgado o Decreto
nº 24.643 (Decreto ainda em vigor), conhecido como Código de Águas. Marco de
ordem jurídico e regulatório da gestão energética como um todo, abrangendo a
outorga das autorizações e concessões para exploração da geração de energia
elétrica pelo Poder Concedente (União), assim como os serviços complementares de
transmissão e distribuição. Revogou a Cláusula de Ouro e com isso um novo modelo
tarifário foi criado.
Neste novo sistema, a tarifa incidente sobre a energia passou a ser regida
pelo custo do serviço, considerando que as empresas distribuidoras deveriam
receber uma remuneração garantida de 10% sobre o ativo mobilizado. Sendo
complementado pelo decreto nº 41.019/57, que definia a criação das classes de
consumidores, e pelo decreto nº 62.724/68 que deu origem a estrutura binômia atual
e a repartição dos custos de serviço igualmente entre todos os grupos
consumidores.
Em conjunto com o Código de Águas surgiu o Conselho Nacional de Águas e
Energia Elétrica (CNAEE), instituído pelo Decreto-Lei nº 1.285, de 18 de maio de
1939, que impôs a revisão dos contratos e das concessões existentes, trazendo a
tona manifestação das empresas, por estarem descapitalizadas em virtude da
aplicação do princípio do custo histórico e da contínua alta de preços ocorrida na
época. (GASTALDO, M. M., Direito em Energia Elétrica, O Setor Elétrico, 2009).
O processo de questão energética trouxe a introdução de mecanismos e
critérios de fixação de tarifas, instituindo a fixação das tarifas de energia elétrica na
forma de serviço pelo custo, ou seja, assegurando ao empreendedor uma tarifa que
16

remunerasse a cobertura das despesas de operação e manutenção, da depreciação


e reversão dos ativos utilizados na prestação do serviço, ou seja, a devida
remuneração do capital investido (CARÇÃO, J. F. C. Tarifas de Energia Elétrica no
Brasil, 2011).
No ano de 1965 a Divisão de Águas e Energia, do Departamento Nacional de
Pesquisa Mineral, se transformara em Departamento Nacional de Águas e Energia –
DNAE, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia – MME, que
posteriormente (1967) teve sua denominação alterada para Departamento Nacional
de Águas e Energia Elétrica - DNAEE.
O documento chamado “Modelo Energético Brasileiro”, foi criado pelo
Ministério de Minas e Energia, no ano de 1979. Teve por finalidade, direcionar
medidas que deveriam ser tomadas para que fosse possível superar a crise do setor
elétrico naquele período. A tarifa de energia passa a ser tratada de forma dirigida,
por exemplo, com o incentivo ao consumo durante períodos de menor demanda.
Em 1974 através do Decreto-Lei nº 1.383, promove-se o equilíbrio tarifário
garantindo uma tarifa de energia elétrica idêntica, para a mesma classe de consumo,
em todo o território nacional, através do mecanismo de transferência de recursos de
empresas superavitárias para empresas deficitárias.
Foram publicadas em 1982 as primeiras portarias que definiam as
modalidades horo sazonais para os grandes consumidores e previam sua aplicação
para os consumidores de baixa tensão. A partir de 1993 começa a ser aplicado o
sistema de equalização tarifária (Garcia, R.P., Estudo do Modelo Brasileiro de
Tarifação do Uso da Energia Elétrica, 2012).
Em 2001, acontece a mudança de modalidade das tarifas adotando o modelo
de tarifa pelo preço. As tarifas de energia (TE) são cobradas somente dos
consumidores cativos, pois os livres compram energia diretamente das
comercializadoras de energia elétrica ou dos agentes de geração; e as tarifas sobre
o uso do sistema de distribuição (TUSD) que são pagas tanto pelos consumidores
cativos como pelos livres, pelo uso do sistema de distribuição da empresa de
distribuição à qual estão conectados. Modelo aplicado na estrutura tarifária que é
empregada atualmente.
Com o objetivo de manter a estrutura tarifária sempre atualizada, a Agência
Nacional de Energia Elétrica em 2003, testou a implantação de “Ciclos de Revisão
17

Tarifária”. Onde se aborda a variação do custo da energia ao longo do dia e ano,


com uma nova proposta que une as experiências anteriores com a tecnologia
disponível. Com o processo do “4° Ciclo de Revisão Tarifária”, a formatação do
sistema tarifário segue em evolução, propiciando a continua busca pela tarifa justa
pelo serviço prestado.

2.2. TARIFAÇÃO PELO CUSTO DO SERVIÇO

A tarifa pelo custo de serviço está definida tendo como base o custo do
serviço prestado, o qual é definido por lei e composto basicamente por custos de
exploração, custos de conservação dos ativos e custo da rentabilidade do capital.
Geralmente é obtida por custos contábeis, outra maneira de ser encontrada é
através dos custos marginais. Esse modelo de tarifação, tem como principal
componente, os custos de capital, sendo diretamente em função do capital
imobilizado e da taxa de rentabilidade.

2.3. TARIFAÇÃO PELO PREÇO

A tarifação pelo preço refere-se à tarifa estabelecida em função do preço


apresentado na proposta vencedora de uma licitação para outorga da concessão do
serviço, tendo preservadas as regras de reajustes estabelecidas em edital de
licitação ou em contrato de concessão, conforme definido em legislação especifica.
Não leva em consideração taxas de rentabilidade ou quaisquer outros critérios dessa
natureza. O nível de tarifas é estabelecido no contrato de Tarifas de Energia Elétrica
através de concessão e reajustado conforme cláusulas nele existentes
(ANDERSON, A.G. Tarifação de Energia Elétrica, 2006).

3. REVISÕES TARIFÁRIAS

3.1. REAJUSTE TARIFÁRIO ANUAL

No Reajuste Tarifário Anual (RTA), cabe à ANEEL homologar reajustes das


tarifas observando estritamente o que estabelecem as leis e normas referentes ao
18

assunto, além das disposições previstas nos contratos de concessão de distribuição


de energia elétrica (Submódulo 3.1 – PRORET, 2015).
Ocorre anualmente na data de aniversário do contrato de concessão de cada
distribuidora, exceto nos anos em que é realizada a Revisão Tarifária Periódica
(RTP) e são obrigatório para todas as concessionarias e também permissionárias
ligadas ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
Tem por objetivo atualizar os custos não gerenciáveis pelas concessionárias
(Parcela A), e os custos gerenciáveis pelas concessionárias (Parcela B) que é
reajustado de acordo com a inflação.

3.2. REVISÃO TARIFÁRIA PERIÓDICA – RTP

A revisão tarifária periódica (RTP) é um processo mais completo, e por isso


mais complexo, que o reajuste tarifário. A revisão é aplicada e obrigatória para todas
as concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica, com o ciclo
realizado, em média a cada quatro anos, de acordo com o contrato de concessão de
cada distribuidora.
Na revisão periódica são redefinidos, o nível eficiente dos custos operacionais
e a remuneração dos investimentos, a chamada Parcela B, por isso no ano de
revisão tarifária não existe o processo de reajuste. Uma vez definido o valor eficiente
dos custos relacionados à atividade de distribuição, os mesmos serão apenas
reajustados até a revisão tarifária seguinte, não sendo reavaliados a cada ano.
Todas as concessionárias são incentivadas a reduzirem seus custos e se tornarem
mais eficientes. Na revisão tarifária seguinte, os ganhos de eficiência obtidos pelas
concessionárias são revertidos em prol da modicidade tarifária (Por dentro da conta
de luz: informação de utilidade pública / ANEEL, 2013).
Além de redefinir a Parcela B, podem-se aplicar a esse processo algumas
mudanças em relação aos métodos a serem aplicados nos cálculos das revisões
seguintes levando em conta fatores que não foram bem sucedidos na metodologia
aplicada anteriormente e também eventuais desvios que coloquem em risco a
capacidade de investimento das empresas e, consequentemente, a sustentabilidade
do setor.
O primeiro ciclo de revisões tarifárias periódicas aconteceu entre 2003 e 2006
19

e o segundo entre 2007 e 2010, e o terceiro teve início em 2011 e está em vigor para
algumas concessionárias até meados de 2016. O quarto ciclo de revisão tarifária foi
aprovado em 2015, mas ainda não aplicado para todas as concessionárias, como
será visto mais adiante.

3.3. REVISÃO TARIFÁRIA EXTRAORDINÁRIA

Além das revisões tarifárias periódicas e dos reajustes tarifários anuais, pode
ser realizado a Revisão Tarifária Extraordinária (RTE).
Tem por objetivo atender casos de extrema necessidade de desequilíbrio
econômico-financeiro da concessão. Pode ser realizado a qualquer tempo, a pedido
da distribuidora com a ocorrência de desequilíbrio econômico-financeiro da mesma.
Também pode ser solicitada em casos de criação, alteração ou extinção de tributos
ou encargos legais, após a assinatura dos contratos de concessão, e desde que seja
comprovado um grande impacto sobre as atividades das distribuidoras de energia.
Um exemplo de revisão tarifária extraordinária foi o que ocorreu após a edição
da Lei n° 12.783/2013, que promoveu a renovação das concessões de transmissão
e de geração de energia que venciam até 2017, além da extinção de encargos (Por
dentro da conta de luz: informação de utilidade pública / ANEEL, 2013).

4. COMPOSIÇÃO DAS TARIFAS

A composição da receita de uma concessionária distribuidora de energia


elétrica é integrada por duas parcelas: a “Parcela A”, representada pelos custos não
gerenciáveis da empresa, e a “Parcela B”, que agrega os custos gerenciáveis. A
primeira é composta pela compra de energia para revenda, pelos encargos de
transmissão e encargos setoriais. Já a segunda parcela integra os custos
diretamente gerenciados pela concessionária, são eles despesas com operação e
manutenção e despesas de capital.
As duas parcelas conjuntamente compõe os custos de fornecimento de
energia ao consumidor. Estes custos devem ser calculados suficientemente para
que haja uma prestação serviço de qualidade e eficiente de distribuição de energia
elétrica.
20

4.1. COMPOSIÇÃO DA PARCELA A

A Parcela A é composta pelos custos não gerenciáveis pela distribuidora, ou


seja, a mesma tem pouca ou nenhuma gestão sobre eles. Estes custos não estão
sob o controle da administração da empresa de distribuição, os mesmos são
calculadas anualmente pela ANEEL através do Reajuste Tarifário Anual (RTA), e na
data do Reajuste Anual de cada distribuidora as tarifas são definidas e repassadas.
Assim, os Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) são compulsórios
para as distribuidoras, que não têm autonomia de intervir sobre os custos
decorrentes de tais contratos. O mesmo ocorre com os encargos setoriais, que são
definidos em legislação pertinente, calculados pela ANEEL e repassados para as
distribuidoras. Portanto, quando ocorre uma queda desses insumos, a tarifa
repassada aos consumidores é reduzida a fim de evitar um ganho absurdo da
distribuidora.
Esta parcela é composta pelo custo com a compra de energia elétrica, custo
com transmissão e/ou distribuição (encargos de transmissão) e encargos setoriais.

4.1.1. COMPRA DE ENERGIA ELÉTRICA

A Compra de Energia Elétrica é feita das empresas geradoras pelas


concessionárias de distribuição, para atender seu mercado consumidor,
principalmente através de leilões públicos coordenados pela ANEEL, direta ou
indiretamente, por intermédio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), conforme diretrizes estabelecidas para cada leilão. As distribuidoras podem
ainda comprar energia elétrica sem ser de leilão público, proveniente: (i) de
geradoras conectadas diretamente a tal distribuidora, com exceção de geradoras
hidrelétricas com capacidade superior a 30 MW e certas geradoras termelétricas; (ii)
de projetos de geração de energia elétrica participantes da primeira etapa do
Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA); (iii)
da usina de Itaipu; (iv) de leilões administrados pelas distribuidoras, se o mercado
que elas fornecem não for superior a 500 GWh/ano; e (v) de usinas hidrelétricas
cujas concessões foram renovadas pelo governo nos termos da Lei nº 12.783 de
21

2013. Para as distribuidoras de energia elétrica, exceto as com mercado de


fornecimento inferior a 500 GWh/ano, localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste, são obrigadas a pagar uma quota-parte da energia elétrica proveniente de
Itaipu. Essa obrigatoriedade tem origem no Tratado de Itaipu.
No cálculo da receita requerida para a concessionária de energia é
considerado o volume de energia e potência adquirida para o fornecimento aos
consumidores cativos e das outras concessionárias e permissionárias de distribuição
de energia, bem como, as perdas de energia ocorridas na rede básica e na rede de
distribuição e as perdas comercias. Na revisão e nos reajustes tarifários são
considerados os valores regulatórios de perdas de energia elétrica, sendo este
percentual de perdas definido no momento da revisão tarifária, segundo previsto nos
Contratos de Concessão. No custo da aquisição de energia também é necessário
extrair a energia proveniente do PROINFA, uma vez que a tarifação dessa energia já
está sendo considerada nos encargos setoriais.
As distribuidoras que compram energia elétrica de geradoras por meio de
leilões públicos para distribuição a seus Consumidores Cativos podem obter esta
energia através de dois tipos de contratos bilaterais: Contratos de Disponibilidade de
Energia e Contratos de Quantidade de Energia. Para Contratos de Disponibilidade
de Energia, a geradora compromete-se a disponibilizar certa capacidade ao
ambiente de contratação regulada. Porém as distribuidoras em conjunto assume o
risco do fornecimento de energia elétrica ser, porventura, afetado por condições
hidrológicas e baixo nível dos reservatórios, entre outros motivos, que ocasionaria
na interrupção do fornecimento de energia elétrica. Em conjunto, esses contratos
constituem os Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado
(CCEARs). Já para os Contratos de Quantidade de Energia, a unidade geradora
compromete-se a fornecer certa quantidade de energia elétrica e assume o risco do
seu fornecimento. Neste caso a geradora é a total responsável, e ser for necessário,
a geradora é obrigada a comprar a energia elétrica de outra fonte para atender seus
fornecedores.
22

4.1.2. CUSTO COM TRANSMISSÃO E/OU DISTRIBUIÇÃO

O Setor Elétrico Brasileiro é composto por um conjunto de linhas de


transmissão em tensão igual ou superior a 230 kV e as suas subestações
transformadoras, que são denominados Sistema Interligado Nacional - SIN ou Rede
Básica. No entanto, não são considerados pertencentes à Rede Básica as linhas de
transmissão e suas conexões, destinados ao uso restrito de centrais geradoras ou
de um único consumidor.
O ingresso às linhas de transmissão é controlado pela ANEEL, a
administração do sistema de transmissão desta Rede Básica e o gerenciamento do
despacho de energia são uma atribuição do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS).
Neste caso as concessionárias de distribuição se beneficiam da Rede Básica,
portanto são as responsáveis por arcarem com os Custos da Transmissão, estes se
dividem como estão expostos a seguir.

4.1.2.1. CUSTOS RELATIVOS AO USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO

Encargo devido às transmissoras e ao Operador Nacional do Sistema Elétrico


(ONS), pelo uso das instalações da Rede Básica ou Demais Instalações de
Transmissão (DIT) do Sistema Interligado Nacional (SIN), pago por todas as
concessionárias de distribuição e demais acessantes que se beneficiam da Rede
Básica.

4.1.2.2. CUSTOS DAS INSTALAÇÕES DE CONEXÃO

Custo referente à utilização, por parte das distribuidoras de energia elétrica,


às conexões com as DITs de uso exclusivo que não integram a Rede Básica. Essas
instalações são concedidas pelas transmissoras diretamente para as distribuidoras.
Existe também o custo de conexão à rede de distribuição referente à
utilização das instalações de conexão de uso exclusivo de propriedade de outra
distribuidora. Essas instalações são disponibilizadas à distribuidora por outra
23

distribuidora proprietária das instalações.


4.1.2.3. CUSTOS DO USO DAS INSTALAÇÕES DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO

Este é o custo pago pelas concessionárias de distribuição a outras


distribuidoras, referente ao o uso das instalações do sistema de distribuição (CSD),
conforme Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD) firmado entre as
partes.

4.1.2.4. CUSTOS RELATIVOS AO USO DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO


PELAS CENTRAIS GERADORAS CONECTADAS EM NÍVEL DE
TENSÃO DE 88 kV ou 138 kV

Custo referente à Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição aplicável às


centrais geradoras (TUSDg) conectadas no nível de tensão de 138 kV ou 88 kV.
Como definido pela Resolução Normativa nº 349, de 2009 quando o fluxo de
potência de referência das usinas conectadas em nível de tensão de 138 kV ou 88
kV (Subgrupo A2) resultar em exportação de energia da rede unificada (RU) para a
Rede Básica, será calculada a componente tarifária TUSDg-T, destinada a
remunerar o uso do sistema de transmissão. O artigo 8 desta mesma resolução
determina que a componente tarifária TUSDg-ONS será calculada com base no
orçamento anual do Operador Nacional do Sistema Elétrico(ONS), homologado pela
ANEEL, de forma proporcional aos Montantes de Uso dos Sistemas de Transmissão
(MUST) e de Distribuição (MUSD) contratados pelas centrais geradoras.
As distribuidoras, por meio do Contrato de Uso dos Sistemas de Transmissão
(CUST), são responsáveis por repassar as receitas associadas às componentes
TUSDg-T e TUSDg-ONS respectivamente as transmissoras e ao ONS. Exceto para
as distribuidoras que não possuam CUST com o ONS, assim este repasse deverá
ser feito por meio do CUSD celebrado entre a distribuidora suprida e a respectiva
supridora, conforme determina o artigo 12 da Resolução Normativa nº 349, de 2009.
24

4.1.2.5. CUSTOS RELATIVOS AO TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA DE


ITAIPU

O transporte da energia elétrica proveniente da usina de Itaipu gera um custo


referente ao uso das instalações de transmissão, que não integram a Rede Básica, e
são de uso exclusivo da UHE de Itaipu. Portanto, essas instalações são DITs de uso
exclusivo. Sendo o pagamento desse custo realizado mensalmente pelas
distribuidoras cotistas a Furnas Centrais Elétricas S.A. (FURNAS). Os valores
mensais da tarifa de transporte da energia elétrica proveniente da UHE Itaipu são
definidos pela ANEEL em resolução específica

4.1.2.6. CUSTOS RELATIVOS AO USO DO SISTEMA DA REDE BÁSICA PELA


USINA DE ITAIPU

As concessionárias que detém quotas-partes de Itaipu devem pagar os


Encargos de Uso do Sistema de Transmissão (EUST), estes são ponderados pelas
suas respectivas quotas-partes.

4.1.3. ENCARGOS SETORIAIS

Os encargos setoriais são instituídos por leis aprovadas pelo Congresso


Nacional, com o objetivo se subsidiar as políticas de Governo para o setor elétrico.
Estes encargos são recolhidos de cada consumidor pelas distribuidoras de energia
por meio da conta de luz.
Em janeiro de 2013, foi aprovada a Lei nº 12.783/2013, que, dentre outras
disposições, extinguiu a cobrança do encargo Reserva Global de Reversão (RGR) e
reduziu a Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE), medidas
que foram tomadas para diminuir as tarifas de energia elétrica no país.
A seguir a definição dos encargos vigentes e do encargo RGR extinguido com
a Lei nº 12.783/2013:
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE): foi criada pela Lei nº
10.438/2002, posteriormente alterada pelas Leis nº 10.762/2003, nº 10.848/2004 e
25

12.783/2013, e regulamentada pelos Decretos nº 4.541/2002, nº 4.970/2004 e


7.891/2013, dentre outros objetivos, é um encargo destinado a promover a
competitividade da energia provida de fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas,
biomassa, gás natural e carvão mineral nacional, a universalização do fornecimento
de energia por meio do programa luz para todos e também custear os descontos da
tarifa que beneficiam os consumidores de baixa renda.
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(PROINFA): foi instituído por meio da Lei nº 10.438/2002, em seu art. 3º, alterado
pelo art. 9º da Lei nº 10.762/2003, e artigo 2º da Lei nº 10.889/2004, com o objetivo
de incentivar a geração de energia a partir de fontes alternativas eólicas, biomassa e
PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) integrados ao Sistema Elétrico Interligado
Nacional (SIN).
O Encargo de Serviços do Sistema (ESS): criado pelo Decreto n° 5.163/2004,
que regulamenta a Lei nº 10.848/2004, com a finalidade de manter a confiabilidade,
a estabilidade e segurança no atendimento do consumo de energia elétrica no país.
Os custos são arrecadados a cada mês pela Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE), sendo pagos pelos consumidores aos agentes de geração.
A Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH):
criada pela Lei nº 7.990/1989, refere-se a um percentual pago pelas concessionárias
de geração hidrelétrica pela utilização de recursos hídricos, com a finalidade de
compensar financeiramente a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pela
área alagada devido a instalação de usinas hidrelétricas. As concessionárias pagam
6,75% do valor total de energia mensal produzida multiplicado pela Tarifa Atualizada
de Referência (TAR). Sendo que do total arrecadado das concessionárias, 45% são
destinados aos municípios atingidos pelos reservatórios das usinas e 45% são
distribuídos aos estados. Os 10% restantes são repassados à União.
O Encargo de Energia de Reserva (EER): instituído pela Lei de nº
10.848/2004 e regulamentado pelo Decreto nº 6.353/2008, compreende os custos
decorrentes da contratação da energia de reserva, com o propósito de aumentar a
segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional SIN.
Neste encargo estão inclusos os custos administrativos, financeiros e tributários,
ocorrendo um rateio entre os usuários finais de energia elétrica do SIN.
26

A Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE): foi instituída


por meio da Lei n° 9.427/1996, e posteriormente alterada pela Lei nº 12.783, de 11
de janeiro de 2013, que reduziu o valor antes de 0,5% para 0,4%, destinada à
cobertura dos custos operacionais das atividades da ANEEL. O valor anual da
TFSEE é estabelecido pela ANEEL.
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Eficiência Energética (PEE): Encargo
Instituído pela Lei n°9.991/2000, estabelece a obrigatoriedade das concessionárias e
permissionárias de distribuição, transmissão e geração de energia elétrica de
aplicarem percentuais de sua receita operacional líquida, tanto para pesquisa e
desenvolvimento como para eficiência energética. Sendo no mínimo 0,75% para
pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico e 0,25% para programas de eficiência
energética no uso final. A mesma Lei definiu que, até 31 de dezembro de 2015, os
percentuais mínimos sejam de 0,50%, tanto para pesquisa e desenvolvimento como
para programas de eficiência energética na oferta e no uso final da energia.
Operador Nacional do Sistema (ONS): Encargo criado para financiar os
gastos operacionais desempenhados pelo ONS, sendo este órgão responsável por
controlar a operação das geradoras e transmissoras de energia elétrica no Sistema
Interligado Nacional (SIN). Instituído por meio da Lei nº 9.648/1998 e n° 10.848/2004
e pelo Decreto n° 5.081/2004.
Reserva Global de Reversão (RGR): com a Lei nº 12.783/2013 as
concessionárias de distribuição ficaram desobrigadas de recolher recursos da RGR,
que tinha como intuito gerar fundos para reversão das instalações utilizadas na
geração e transporte de energia em favor das concessionárias, além de contribuir
para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia elétrica.

4.2. PARCELA B

A Parcela B é composta pelos os custos gerenciáveis pela distribuidora de


energia, sendo os custos de total controle e administração da concessionária, estes
estão vinculados diretamente à prestação de serviço de distribuição de energia
elétrica e a remuneração dos investimentos. A Parcela B corresponde o valor
remanescente da receita da distribuidora, excluído o PIS/PASEP, a COFINS e o
ICMS, após a dedução da “Parcela A”. Os custos da Parcela B são anualmente
27

corrigidos, no processo de reajuste tarifário, de acordo com o Índice de Preços ao


Consumidor Amplo - IPCA, ajustado por um índice que busca induzir as
distribuidoras na busca da eficiência operacional, conhecido como Fator X. Contudo
ocorre a cada quatro anos para a maior parte das distribuidoras, a Revisão Tarifária
Periódica, no qual a ANEEL determina uma nova receita requerida. Como as
variações reais da Parcela A são reconhecidas integralmente nas tarifas, o interesse
básico da revisão tarifária é definir o novo valor da Parcela B.
Conforme a ANEEL, as tarifas de energia elétrica deve considerar uma receita
suficiente para garantir o equilíbrio econômico-financeiro da concessão, de acordo
estabelecido nos contratos de concessão e permissão assinados entre as
concessionárias de distribuição e o Poder Concedente. Por conseguinte, as tarifas
que as concessionárias e permissionárias são autorizadas a cobrar de seus
consumidores são revistas pela ANEEL.
Os itens que compõem a Parcela B são, basicamente, os Custos
Operacionais, Remuneração dos Investimentos e Quota de Reintegração
Regulatória (QRR).

4.3. TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD) E TARIFA DE


ENERGIA (TE)

A receita de uma concessionária de energia elétrica é composta pelas tarifas


aplicadas aos consumidores, de forma geral, essas tarifas podem ser divididas em
dois grandes componentes: a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e a
Tarifa de Energia (TE), no qual ambas as tarifas são estabelecidas pela ANEEL.
A TUSD é destinada ao pagamento pelo uso do sistema de distribuição em
determinado ponto de conexão ao sistema, esta tarifa é paga tanto pelos
consumidores cativos como pelos consumidores livres, pelo uso do sistema de
distribuição da concessionária na qual estão conectadas.
A componente TE compreende os custos de compra de energia elétrica
incluindo também encargos setoriais associados, sendo o seu custo repassado para
o consumidor final. Diferentemente da TUSD, a TE é paga somente pelos
consumidores cativos, uma vez que os consumidores livres compram energia
28

diretamente das comercializadoras de energia elétrica ou dos próprios agentes


geradores.

4.3.1. COMPOSIÇÃO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

Os custos que compõe a TUSD são estabelecidos no processo de Reajuste


Tarifário Anual ou Revisão Tarifária Periódica. Conforme Submódulo 7.1 do
PRORET os componentes tarifários que formam a TUSD são a TUSD Transporte,
Encargos e Perdas.

I. TUSD Transporte – parcela da TUSD que abrange a TUSD Fio A e a


TUSD Fio B.
 TUSD Fio A – representa os custos pelo uso de ativos de propriedade
de terceiros, formada por: uso dos sistemas de transmissão da Rede Básica; uso
dos transformadores de potência da Rede Básica com tensão inferior a 230 kV e das
DITs compartilhadas; uso dos sistemas de distribuição de outras distribuidoras;
conexão às instalações de transmissão ou de distribuição.
 A TUSD Fio B - representa os custos pelo uso de ativos de propriedade
da própria distribuidora que compõem a Parcela B, ou seja, são os custos
gerenciáveis pela distribuidora, essa tarifa é formada por: custo anual dos ativos
(CAA); custo de administração, operação e manutenção (CAOM).

II. TUSD ENCARGOS – parcela da TUSD responsável por recuperar os


encargos vinculados ao serviço de distribuição de energia elétrica são eles:
 Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética – P&D_EE;
 Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica – TFSEE;
 Contribuição para o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS;
 Quota da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE;
 Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica –
PROINFA.
III. TUSD PERDAS – parcela da TUSD responsável por recuperar os custos
com:
 Perdas técnicas do sistema da distribuidora;
 Perdas não técnicas;
29

 Perdas na Rede Básica devido às perdas regulatórias da distribuidora.

A tabela 1 mostra a TUSD e os custos com seus respectivos componentes tarifários:

Tabela 1 - TUSD e os custos com seus respectivos componentes tarifários.

PROINFA
CDE
ENCARGOS P&D_EE
ONS
TFSEE
PERDAS RB/D
NÃO
TUSD PERDAS
TÉCNICAS
TÉCNICAS

FIO B CONEXÃO T
CONEXÃO D
TRANSPORTE CUSD
FIO A
FRONTEIRA
REDE BÁSICA
Fonte: Modificado de ANEEL, Submódulo 7.1 do PRORET.

4.3.2. COMPOSIÇÃO DA TARIFA DE ENERGIA (TE)

Da mesma forma como ocorre com a TUSD, os custos regulatórios que


formam a TE são definidos no processo de Reajuste Tarifário Anual ou Revisão
Tarifária Periódica. Conforme Submódulo 7.1 do PRORET os componentes tarifários
que formam a TE são a TE Energia, Encargos, Transporte, Perdas.

I. TE ENERGIA – é a parcela da TE que recupera os custos pela compra


de energia elétrica para revenda ao consumidor, incluindo:
 Compra nos leilões do Ambiente de Contratação Regulada - ACR;
 Quota de Itaipu;
 Geração própria;
 Aquisição do atual agente supridor;
30

 Compra de geração distribuída.


II. TE ENCARGOS – é a parcela da TE responsável por recuperar os custos
de:
 Encargos de Serviços de Sistema – ESS e Encargo de Energia de
Reserva – EER;
 Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética – P&D_EE;
 Contribuição sobre Uso de Recursos Hídricos – CFURH; e
 Quota da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, compreendida
por:
 Amortização da Conta no Ambiente de Contratação Regulada –
CONTA – ACR;
 Devolução dos recursos;

III. TE TRANSPORTE – esta parcela da TE recupera os custos de


transmissão relacionados ao transporte de Itaipu e à Rede Básica de Itaipu.
IV. TE PERDAS – é a parcela da TE que recupera os custos com perdas
na Rede Básica devido ao mercado de referência de energia.
A tabela 2 mostra a Tarifa de Energia (TE) e os custos com seus respectivos
componentes tarifários:

Tabela 2 - Tarifa de Energia (TE) e os seus componentes tarifários.

CONTA - ACR
CDE DECRETO
7.945
ENCARGOS P&D_EE

ESS/EER

CFURH
TE
RB SOBRE
PERDAS
CATIVO
REDE BÁSICA
ITAIUPU
TRANSPORTE
TRANSPOTE
ITAIPU

ENERGIA

Fonte: Modificado de ANEEL, Submódulo 7.1 do PRORET.


31

5. MINIGERAÇÃO E MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA

No cenário de crise no setor energético brasileiro, tem-se por parte dos


consumidores uma grande preocupação quando o assunto é o valor final a ser
pago à concessionária de energia elétrica. Uma alternativa ainda pouco explorada
pelos consumidores é a denominada geração distribuída (GD). Pode-se definir a GD
como a possibilidade de geração de energia por consumidores, visando o
abastecimento das suas próprias unidades consumidoras.
Em 17 de abril de 2012, o Governo Federal através da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) aprovou a Resolução Normativa nº 482 da ANEEL
que estabelece condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração
distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de
compensação de energia elétrica. Com isso a microgeração ou minigeração
distribuída passou a ser uma opção de investimento para os consumidores visando
à redução dos custos com energia elétrica.
O Capítulo I da Resolução Normativa nº 482 da ANEEL, cita no Art. 2º que
está definido como microgeração distribuída a central geradora com potência
instalada menor ou igual a 100 kW, e a minigeração distribuída a central geradora
com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW. As fontes
aceitas devem ser com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou
cogeração qualificada conforme regulamentação da ANEEL. Ainda no mesmo
capítulo é explanado o sistema de compensação de energia elétrica, no qual a
energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e
posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma
unidade consumidora ou de outra unidade, desde que possua o mesmo Cadastro de
Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da
Fazenda. O sistema de compensação não pode ser aderido pelos consumidores
livres ou especiais, conforme §1º do Art. 6º do Capítulo III desta resolução.
Em Setembro de 2014, a Celg Distribuição S.A (CELG D), a concessionária
atuante na área de distribuição no estado de Goiás, normatizou no estado o sistema
geração distribuída, através da Norma Técnica nº 71 (NTC-71), que estabelece os
32

Requisitos para Conexão de Microgeradores e Minigeradores ao Sistema de


Distribuição.
A geração distribuída hoje no Brasil é uma boa alternativa para redução de
custos com energia elétrica. Entretanto com a alta do dólar e também e por falta de
incentivos fiscais, os custos para implantações desses sistemas ainda são altos, o
que fazem os investimentos serem de longo prazo, fato que não chama atenção dos
consumidores.

6. CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA

Seguindo as normas da ANEEL, através da Resolução Normativa nº 414, de


2010, atualizada pela Resolução Normativa nº 479, de 2012, no Brasil os
consumidores de energia elétrica são classificados em dois grupos tarifários: Grupo
A e Grupo B. O grupamento tarifário é definido em função do nível de tensão em que
o consumidor é atendido pela concessionária.

6.1. CONSUMIDORES DO GRUPO A

São enquadrados no Grupo A os consumidores que são atendidos em alta


tensão, acima de 2,3 kV, como por exemplo: shopping centers, alguns edifícios
comerciais e indústrias.

Esse grupo é subdividido de acordo com a tensão de atendimento, com


exceção da subdivisão AS, como mostrado a seguir.

 Subgrupo A1 – Nível de tensão de 230 kV ou mais;


 Subgrupo A2 – Nível de tensão de 88 a 138 kV;
 Subgrupo A3 – Nível de tensão de 69 kV;
 Subgrupo A3a – Nível de tensão 30 a 44 kV;
 Subgrupo A4 – Nível de tensão de 2,4 a 24 kV;
 Subgrupo AS – Sistemas subterrâneos, independente da tensão de
atendimento.
33

Os consumidores atendidos por redes subterrâneas são classificados no


subgrupo AS, mesmo que atendidos em tensão abaixo de 2,3kV (baixa tensão).
Para que o consumidor possa fazer uso deste benefício é necessário que a unidade
consumidora esteja localizada em área servida pelo sistema subterrâneo ou previsto
para ser atendido pelo referido sistema, de acordo com o programa de obras da
concessionária e que possa ser atendido um dos requisitos:

• Verificação do consumo de energia elétrica ativa mensal igual ou


superior a 30MWh em, no mínimo, três ciclos completos e consecutivos nos
seis meses anteriores; ou,

• Celebração de contrato de fornecimento fixando a demanda contratada


igual ou superior a 150 kW.

6.2. CONSUMIDORES DO GRUPO B

Já os consumidores enquadrados no Grupo B, são todos atendidos em baixa


tensão (abaixo de 2,3 kV), geralmente em 127/220V ou 220/380V. Em geral são
classificados neste grupo as residências, lojas, agências bancárias, pequenas
oficinas, edifícios residenciais, edifícios comerciais e prédios públicos. A subdivisão
é realizada de acordo com a atividade de cada consumidor, conforme relação a
seguir:

 Subgrupo B1 – consumidores residenciais e de baixa renda;


 Subgrupo B2 – consumidores em áreas rurais;
 Subgrupo B3 – demais classes; e,
 Subgrupo B4 – iluminação pública

7. AMBIENTES DE CONTRATAÇÃO

O Setor Elétrico Brasileiro sofreu uma evolução com a Lei nº 9.074 de 1995,
onde estabeleceu a criação do Produtor Independente de Energia e do Consumidor
Livre de Energia, iniciando assim uma nova formatação para a comercialização de
energia elétrica no país.
34

Em 1996 ocorreu a reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, onde


determinou-se a desverticalização das empresas de energia elétrica, separando-
as por segmento: geração, transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica.
Em 2004 a Lei nº 10.848 estabeleceu as regras para a comercialização de
energia elétrica, dividindo o mercado de energia em duas esferas:

 ACR – Ambiente de Contratação Regulada (Mercado Cativo),


compreende os Agentes de Geração e de Distribuição de energia
elétrica. Ver capitulo 8.
 ACL – Ambiente de Contratação Livre (Mercado Livre), compreende os
Agentes de Geração, Comercialização, Importadores e Exportadores
de energia, e Consumidores Livres e Especiais. Ver capitulo 9.

Abaixo na tabela 3 um breve comparativo entre os dois ambientes de


contratação.

Tabela 3 - Comparativo ACR x ACL

ACR ACL

Fornecedor de Energia Concessionária Livre Escolha

Contratação de Demanda Concessionária Concessionária

Preço da Energia Regulado (ANEEL) Negociado

8. ESTRUTURA DO AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO REGULADA (ACR)

No Ambiente de Contratação Regulada o consumidor obrigatoriamente


compra a energia da concessionária de distribuição que atende a sua região,
estando sujeito às suas tarifas (reguladas pela ANEEL) e taxas contratuais, ou seja,
todos consumidores convencionais espalhados por todo o Brasil que estão
vinculados às concessionárias regionais. Devido a esta falta de flexibilidade de
escolha de seu suprimento energético, o consumidor absorve incerteza, erros e
acertos do planejamento entre o governo e a distribuidora. Estará também passível a
35

variações imprevisíveis de valores de tarifas, o que traz dificuldade de planejamento


financeiro.

8.1. ESTRUTURA DE TARIFAÇÃO PARA DISTRIBUIÇÃO

Atualmente são aplicadas duas modalidades tarifárias: Tarifa Monômia e


Tarifa Binômia.

8.1.1. TARIFA MONÔMIA

Esta modalidade de tarifa é aplicada aos consumidores do Grupo B, e


consiste na aplicação do valor monetário aplicável apenas ao consumo de energia
elétrica ativa.

8.1.2. TARIFA BINÔMIA

A modalidade de tarifa binômia é aplicada aos consumidores do Grupo A, e


consiste na aplicação de valores monetários aplicáveis ao consumo energia elétrica
ativa e demanda faturável. Esta modalidade tarifária é dividida em Convencional e
Horária. A modalidade convencional está prevista para ser extinta no 4º Ciclo de
Revisões Tarifárias.

8.1.2.1. TARIFA CONVENCIONAL BINÔMIA

A modalidade de tarifa convencional é caracterizada pela aplicação de valores


monetários aplicáveis ao consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência,
independentemente do horário de utilização.
Podem optar por esta modalidade apenas os consumidores que são
atendidos em tensão inferior a 69 kV (Grupos A3a, A4 ou AS) com demanda
contratada inferior a 300 kW e que não tenham optado pelas tarifas horárias.
36

A conta de energia elétrica desses consumidores é composta da soma das


parcelas referentes ao consumo, demanda, ultrapassagem e adicional de bandeira
tarifária (assunto que será tratado posteriormente).
A parcela de consumo é obtida multiplicando-se o consumo medido pela
Tarifa de Consumo:

𝑷𝒄𝒐𝒏𝒔𝒖𝒎𝒐 = Tarifa de Consumo x Consumo Medido


(Equação 1)

A parcela de demanda é calculada multiplicando-se a Tarifa de Demanda pela


Demanda Contratada ou pela demanda medida (a maior delas), caso esta não
ultrapasse em 5% a demanda contratada (Art. 93 - ReN 414/2010 ANEEL):

𝑷𝒅𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 = Tarifa de Demanda x Demanda Contratada


(Equação 2)

A parcela de ultrapassagem é cobrada apenas quando a demanda medida


ultrapassa em mais de 5% a Demanda Contratada. Ela é calculada multiplicando-se
a Tarifa de ultrapassagem pelo valor da demanda medida que supera a Demanda
Contratada:

𝑫𝒖𝒍𝒕𝒓𝒂𝒑𝒂𝒔𝒔𝒂𝒈𝒆𝒎 (𝒑) = [𝑷𝑨𝑴(𝒑) − 𝑷𝑨𝑪(𝒑)] × 𝟐 × 𝑽𝑹𝑫𝑼𝑳𝑻 (𝒑)


(Equação 3)

Onde:
𝑫𝒖𝒍𝒕𝒓𝒂𝒑𝒂𝒔𝒔𝒂𝒈𝒆𝒎 (𝒑) − valor correspondente à demanda de potência ativa
ou MUSD excedente, por posto horário “p”, quando cabível, em Reais (R$);
𝑷𝑨𝑴(𝒑) − demanda de potência ativa ou MUSD medidos, em cada posto horário “p”
no período de faturamento, quando cabível, em quilowatt (kW);
𝑷𝑨𝑪(𝒑) − demanda de potência ativa ou MUSD contratados, por posto horário “p”
no período de faturamento, quando cabível, em quilowatt (kW);
𝑽𝑹𝑫𝑼𝑳𝑻 (𝒑) − valor de referência equivalente às tarifas de demanda de potência
aplicáveis aos subgrupos do grupo A ou as TUSD-Consumidores-Livres; e
37

"p" − indica posto tarifário ponta ou fora de ponta para as modalidades tarifárias
horárias ou período de faturamento para a modalidade tarifária convencional
binômia.”
Na modalidade de Tarifação Convencional, a Tarifa de Ultrapassagem é
corresponde a duas vezes a Tarifa da Demanda.

8.1.2.2. MODALIDADE TARIFÁRIA HORÁRIA VERDE

A Modalidade Tarifária Horária Verde é aplicada aos consumidores do Grupo


A, sendo caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de
acordo com as horas de utilização do dia, e também de uma única tarifa de
demanda de potência, caracterizando-se:
I – tarifa única para demanda de potência; e
II – para consumo de energia:
a) Uma tarifa para o posto tarifário ponta; e
b) Uma tarifa para o posto tarifário fora ponta.

8.1.2.3. MODALIDADE TARIFÁRIA HORÁRIA AZUL

Nesta modalidade é compulsório o enquadramento dos consumidores que


são atendidos em tensão igual ou superior a 69 kV. Esta modalidade é caracterizada
por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência,
de acordo com as horas de utilização no dia, sendo caracterizada da seguinte forma:

I – para demanda de potência:


a) Uma tarifa para horário de ponta;
b) Uma tarifa para horário fora de ponta.
II – para consumo de energia
a) Uma tarifa para o posto tarifário ponta; e
b) Uma tarifa para o posto tarifário fora ponta

8.1.2.4. MODALIDADE TARIFÁRIA HORÁRIA BRANCA


38

Esta modalidade tarifária é aplicada aos consumidores do Grupo B, exceto


para o subgrupo B4 e subclasses Baixa Renda do subgrupo B1, caracterizada por
tarifas de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia
e segmentada em três postos tarifários, sendo considerado o seguinte:
I – uma tarifa para o consumo de energia para o posto tarifário ponta;
II – uma tarifa para o consumo de energia para o posto tarifário intermediário; e
III – uma tarifa para o consumo de energia para o posto tarifário fora de ponta.
Esta modalidade tarifária ainda não está sendo aplicada devido ao custo
elevado do medidor de energia, que deve ser trocado, pois os medidores existentes
nas unidades não possuem a tecnologia de medição horária.

8.2. BANDEIRAS TARIFÁRIAS

No ano de 2015 entrou em vigor a aplicação das bandeiras tarifárias na fatura


de energia elétrica de todos os consumidores vinculados às concessionárias
regionais (consumidores cativos). De acordo com a ANEEL, as Bandeiras Tarifárias
têm como finalidade sinalizar aos consumidores as condições de geração de energia
elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio da cobrança de valor
adicional na Tarifa de Energia.
A atualização dos valores é realizada mensalmente pela ANEEL, e variando
de acordo com o custo da energia, no qual é elevador basicamente pela quantidade
de usinas termoelétricas (diesel, carvão) conectadas no sistema.

8.2.1. BANDEIRA TARIFÁRIA VERDE

Indica condições favoráveis de geração de energia, resultando em não


acréscimo tarifário.

8.2.2. BANDEIRA TARIFÁRIA AMARELA

Indicam condições menos favoráveis de geração de energia, resultando no


acréscimo de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido.
39

8.2.3. BANDEIRA TARIFÁRIA VERMELHA

Indica condições mais custosas de geração, resultando no acréscimo por


consumo de energia, divide-se em:
Patamar 1 – onde se aplica a cobrança de R$0,030 para cada quilowatt-
hora(KWh) consumido;
Patamar 2 – onde se aplica a cobrança de R$ 0,045 para cada quilowatt-hora
(kWh) consumido.
9. AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE (ACL)

Na configuração antiga do setor elétrico brasileiro o consumidor não tinha


acesso direto aos geradores para compra de energia. Os consumidores tinham
apenas a opção de comprar energia elétrica de um distribuidor local ou então gerar
energia dentro da sua própria planta, sendo que esta ultima opção nem sempre era
viável, pois o gerador só conseguiria vender seu excedente para a distribuidora
local.
O Ambiente de Contratação Livre foi criado após a reestruturação do setor
elétrico no ano de 1995. A Lei nº 9.074 de 1995 instituiu a mudança na
regulamentação permitindo a comercialização de energia elétrica entre geradores,
importadores de energia, comercializadores e consumidores livres. Com isso o
consumidor que atende os requisitos conforme a lei passou a ter flexibilidade para a
escolha de seu fornecedor.
Dentre outras vantagens nesse ambiente, a principal é a possibilidade de o
consumidor escolher, entre os variados tipos de contratos, aquele que melhor
atenda às suas expectativas de custo e benefício.
O consumidor que optar pela compra de energia no mercado livre tem a
opção de adquirir energia diretamente do gerador ou se preferir com o
comercializador de energia. O agente comercializador compra energia do agente
gerador por meio de contratos bilaterais, podendo vender para os Consumidores
Livres, no ACL, ou para as Distribuidoras, em leilões específicos do ACR, chamados
40

de Leilão de Ajuste, ou em Chamadas Públicas para aquisição de Geração


Distribuída.
Para que o consumidor possa migrar para o Mercado Livre de Energia, é
necessário tornar-se Agente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), onde todos os contratos firmados serão registrados. A CCEE também terá
acesso a todas as medições de consumo para realizar o processo chamado de
liquidação, ou seja, a comparação da quantidade da energia consumida com a
quantidade registrada no contrato firmado.
Conforme levantamento de 2014 o Mercado Livre de Energia representa 25%
de toda a carga do SIN – Sistema Interligado Nacional.
O submercado Sudeste/Centro-Oeste responde por 64% do mercado livre
nacional, enquanto os submercados Sul e Nordeste representam 13% cada um e
Norte, 10%.

Figura 1 - Participação do Mercado Livre de Energia (2014).


Fonte: http://www.mercadolivredeenergia.com.br/

Contudo a expansão do Mercado Livre de energia se limita, pois somente


consumidores com demanda contrata acima de 500 kW estão aptos a migrar para
esta modalidade de contratação de energia, por esse motivo novas medidas
regulatórias devem ser analisadas mediante audiências públicas com agentes e
associação do setor, em busca de rever estes critérios técnicos, possibilitando o
crescimento desta modalidade e permitindo a opção de escolha de compra de
energia para os demais consumidores.
41

Para o consumidor que decidir comprar energia elétrica no mercado livre, o


mesmo devera celebrar os seguintes contratos:
I – Contrato de Conexão às Instalações de Distribuição – CCD ou de
Transmissão – CCT, nos termos da regulamentação específica;
II – Contrato de Uso do Sistema de Distribuição – CUSD ou de Transmissão –
CUST, nos termos da regulamentação específica; e
III – Contrato de Compra de Energia no Ambiente de Contratação Livre –
CCEAL, com o agente vendedor.
No Ambiente de Contratação Livre (ACL) o Agente de Medição pode ser a
distribuidora ou o transmissor, caso o consumidor esteja conectado diretamente a
Rede Básica o agente de medição será o transmissor. A instalação e adequação dos
pontos de medição do consumidor para o padrão de medição da CCEE é de
responsabilidade do Agente de Medição. Todos os custos gerados são de
responsabilidade do consumidor, exceto o medidor principal. A manutenção do
Sistema de Medição para Faturamento (SMF), é obrigação do Agente de Medição.
O mercado livre de energia é dividido em dois tipos de consumidores:
Consumidor Livre e Consumidor Especial. A seguir estão descritos as características
de ambos consumidores.

9.1 CONSUMIDOR LIVRE

O Consumidor Livre é um agente da Câmara de Comercialização de Energia


Elétrica - CCEE, enquadrado na categoria de Consumidor Livre, e consiste na
unidade que opta em escolher seu fornecedor de energia elétrica, podendo assim
negociar livremente os valores e prazos contratuais diretamente com o fornecedor
escolhido. Conforme a Resolução Normativa nº 414, de 2010, da ANEEL, os critérios
para migração para o mercado livre de energia seguem a Lei nº 9.704, de 7 de julho
de 1995, que estabelece que o consumidor com demanda igual ou superior a 500
kW e tensão mínima de 2,3 kV, poderá comprar energia no mercado livre,
enquadrado na categoria de Consumidor Livre Especial, e para o Consumidor Livre
este deve ter demanda igual ou superior a 3.000 kW e nível de tensão conforme a
tabela 4.
42

Tabela 4 - Compacto dos requisitos para Consumidor Livre e Especial

Fonte: http://www.mercadolivredeenergia.com.br/

O Consumidor Livre é caracterizado pela livre opção de escolha de seu


fornecedor, podendo ser este um comercializador ou gerador, com isso, passa a ter
um importante papel no mercado de energia elétrica, provocando a competição entre
agentes, e por consequência causando a redução de preços, deixando o mercado
mais atraente e estimulando o crescimento deste setor. A livre negociação entre os
agentes como preço, prazo e volume, desperta interesse aos consumidores que
ainda são atendidos de forma regulada no ACR, motivando a migração de novos
consumidores para o ACL.
Para o Consumidor Livre existe uma fatura referente ao serviço de
distribuição, paga à distribuidora local, e outra referente à compra de energia
elétrica, paga ao fornecedor, podendo ser esta última, ser mais de uma fatura,
conforme as opções de compra do consumidor. Assim, os consumidores livres
possuem, no mínimo, dois contratos, um de transporte e outro de fornecimento de
energia. Ou seja, os consumidores livres continuam conectados à rede da
distribuidora local e são cobrados pelos serviços de transporte prestados. Caso o
consumidor esteja conectado diretamente a Rede Básica o mesmo não deve nada a
concessionaria local.
No entanto o consumidor que migrar para o mercado livre só poderá retornar
ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR), após 5 anos que o mesmo comunicar
o interesse à distribuidora local. Podendo optar pela cobertura parcial ou total das
necessidades de energia e potência das unidades consumidoras de suas
responsabilidades. Este prazo poderá ser reduzido a critério da distribuidora. Caso o
consumidor livre comunique o interesse de retorno ao ACR, e posteriormente opte
por rescindir o CCER antes do inicio do período de fornecimento, pelo motivo de
43

desistência, o mesmo deverá arcar com as despesas geradas à distribuidora, pela


gestão dos contratos de compra de energia para a cobertura da sua demanda futura,
efetuando o pagamento de multa rescisória.
Quando houver necessidade de Redução do montante de energia contratada
por parte dos consumidores livres ou especiais, os mesmos deverão comunicar as
seus respectivos fornecedores com antecedência mínima de 180 (cento e oitenta)
dias, em relação ao termino da vigência contratual, conforme definido na Resolução
Normativa nº 414, de 2010, da ANEEL.

9.1.1 CONSUMIDOR POTENCIALMENTE LIVRE

O consumidor potencialmente livre é aquele consumidor que satisfaz todas as


condições previstas em lei para exercer a opção de consumidor livre, mas continua
sendo atendido de forma regulada, ou seja, continua a comprar a energia da
distribuidora local sujeito a tarifa regulamentada, como se fosse consumidor cativo.
Conforme o art. 49 do Decreto no 5.163, de 2004, os consumidores
potencialmente livres que tenham contratos com prazo indeterminado só poderão
adquirir energia elétrica de outro fornecedor com previsão de entrega a partir do ano
subseqüente ao da declaração formal desta opção ao seu agente de distribuição. Ao
comunicar a opção, o Consumidor Potencialmente Livre deverá informar à
distribuidora se a migração é total ou parcial.

9.1.2 CONSUMIDOR PARCIALMENTE LIVRE

Consumidor Parcialmente Livre é o Consumidor Livre que optou por contratar


parte da sua necessidade de energia elétrica da distribuidora local responsável pela
área de concessão ou permissão que esta localizada ou localizadas as unidades
consumidoras de sua responsabilidade, sendo a ele atribuídas as mesmas
condições de um consumidor cativo, inclusive as tarifas.
Além dos contratos celebrados como consumidor livre mencionados
anteriormente, o consumidor parcialmente livre deve incluir o Contrato de Compra de
Energia Regulada – CCER juntamente com os demais contratos.
44

Havendo um pedido por parte do Consumidor Parcialmente Livre de aumento


no montante de energia elétrica à distribuidora local, este procedimento ocorrera
semelhantemente aos casos de retorno de Consumidor Livre ao ACR, respeitando
inclusive os prazos.

9.2 CONSUMIDOR ESPECIAL

O Consumidor Especial é um agente enquadrado na categoria Consumidor


Livre Especial da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, cuja
unidade consumidora ou o conjunto de unidades consumidoras de sua
responsabilidade, estejam localizadas em área contígua ou de mesmo CNPJ, com
demanda de energia contratada maior ou igual a 500 kW e menor que 3.000 kW e
tensão mínima de 2,3 kV.
Para o Consumidor Especial é necessário que a energia adquirida para
atender suas necessidades seja exclusivamente proveniente de empreendimentos
de geração de energia incentivada. Em busca de melhores preços e um mercado
mais competitivo, o comprador de energia incentivada recebe descontos (de 50%,
ou 100%) na tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD). Os consumidores com
insuficiência de cobertura de consumo mensal, ou seja, o consumidor que consumir
mais do que o contratado, têm o desconto reduzido proporcionalmente.
A energia incentivada foi estabelecida pelo Governo com o objetivo de
estimular a expansão de geradores de fontes renováveis limitados a 30 MW de
potência, como PCHs (Pequenas Centrais Hidroelétricas), Eólicas, Biomassa e
Solar.
Os consumidores que compram energia de PCH´s, fonte eólica, biomassa ou
solar, são os únicos consumidores livres que podem retornar imediatamente à
situação de cativos. Os demais após migrarem para o mercado livre só podem
comprar energia da distribuidora local em um prazo máximo de 5 anos, ou antes se
houver concordância da Distribuidora.
45

Figura 2 - Energia Incentivada


Fonte: http://www.mercadolivredeenergia.com.br/

10. ESTUDO DE CASO

O presente estudo de caso será realizado em uma instituição de ensino,


localizada em Goiânia, Goiás, a fim de buscar o melhor enquadramento no sistema
tarifário vigente, analisar o mais satisfatório contrato de demanda de energia elétrica,
verificar a viabilidade da correção do fator de potência da instalação, visando à
redução de gastos com multas, analisar a viabilidade de geração de energia elétrica
por grupo moto-gerador a diesel em horário de ponta e apurar a possibilidade de
migração para o ambiente de contratação livre.
Abaixo segue em tópicos o que serão analisados neste estudo:
 Análise de Enquadramento Tarifário;
 Análise do Fator de Potência;
 Viabilidade do uso de Grupo Moto-Gerador;
 Migração para o Ambiente de Contratação Livre (ACL).
46

A seguir são apresentados os dados da unidade em estudo:


 Subgrupo de Consumidor: A4;
 Tensão de fornecimento: 13,8 kV;
 Demanda Contratada: 640 kW;
 Modalidade Tarifária: Tarifa Horária Verde.

Para as análises que serão feitas adiante se faz necessário o conhecimento


de algumas definições importante para o estudo, conforme Resolução Normativa nº
414, de 2010, da ANEEL:
 Consumo: Quantidade de potência elétrica (kW) consumida em um
intervalo de tempo, expresso em quilowatt-hora (kWh) ou em pacotes
de 1000 unidades (MWh);
 Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas
ao sistema elétrico pela parcela da carga instalada em operação na
unidade consumidora, durante um intervalo de tempo especificado,
expressa em quilowatts (kW) e quilovolt-ampère-reativo (kvar),
respectivamente;
 Demanda Contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e
continuamente disponibilizada pela distribuidora, no ponto de entrega,
conforme valor e período de vigência fixados em contrato, e que deve
ser integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de
faturamento, expressa em quilowatts (kW);
 Demanda de Ultrapassagem: Parcela da demanda medida que excede
o valor da demanda contratada, expressa em quilowatts (kW).
 Demanda Faturável: valor da demanda de potência ativa, considerada
para fins de faturamento, com aplicação da respectiva tarifa, expressa
em quilowatts (kW);
 Demanda Medida: maior demanda de potência ativa, verificada por
medição, integralizada em intervalos de 15 (quinze) minutos durante o
período de faturamento;
 Energia Elétrica Ativa: aquela que pode ser convertida em outra forma
de energia, expressa em quilowatts-hora (kWh);
47

 Energia Elétrica Reativa: aquela que circula entre os diversos campos


elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem
produzir trabalho, expressa em quilovoltampère-reativo-hora (kVArh);
 Estrutura Tarifária: conjunto de tarifas, aplicadas ao faturamento do
mercado de distribuição de energia elétrica, que refletem a
diferenciação relativa dos custos regulatórios da distribuidora entre os
subgrupos, classes e subclasses tarifárias, de acordo com as
modalidades e postos tarifários;
 Fator de Potência: razão entre a energia elétrica ativa e a raiz
quadrada da soma dos quadrados das energias elétricas ativa e
reativa, consumidas num mesmo período especificado;
 Horário de Ponta (P): É o período de 3 horas consecutivas (18:00 ás
21:00) exceto sábados, domingos e feriados nacionais, definido pela
concessionária, em função das características de seu sistema elétrico.
 Horário Fora de Ponta (FP): Corresponde às 06:00 ás 18:00 e 21:00 ás
21:30 horas (12h e 30min);
 Horário Reservada (HR): Das 21:30 ás 06:00 horas (08h 30min);
 ICMS: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação;
 Modalidade Tarifária: conjunto de tarifas aplicáveis às componentes de
consumo de energia elétrica e demanda de potência ativas;
 Tarifa: valor monetário estabelecido pela ANEEL, fixado em R$ (Reais)
por unidade de energia elétrica ativa ou da demanda de potência ativa;

10.1. ANÁLISE DE ENQUADRAMENTO TARIFÁRIO

A análise da modalidade tarifária visa o enquadramento do consumidor no


melhor contrato de tarifas disponível, levando em conta, basicamente, os valores de
demanda e consumo.
48

10.1.1. ENTRADA DE DADOS

Para realização do estudo, foram analisadas as faturas do serviço de


fornecimento de energia elétrica dos últimos 12 meses, conforme ilustrado nas
Tabelas 5 e 6, a fim de avaliar os dados registrados e traçar o perfil de consumo da
unidade em estudo, conforme figura 3.

Tabela 5 - Dados da Unidade Consumidora Maio 2015 a Outubro de 2015.

Mês /Ano mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15


Demanda P (kW) 499,68 587,52 312,46 640 672,48 725
Demanda FP (kW) 540 576 326,88 640 727,2 792
Consumo P (kWh) 24444,5 23767,6 5172,8 17024 33500,5 32298,5
Consumo FP (kWh) 104352 100512 38304 82224 146196 150192
Consumo HR (kWh) 7872 7812 7056 8784 9108 9540
UFER P (kVArh) 467,52 522 1405,1 982,8 232,56 204,48
UFER FP (kVArh) 5112 7056 9144 9433 6228 5508

Tabela 6 - Dados da Unidade Consumidora Novembro 2015 a Abril de 2016

Mês /Ano nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16


Demanda P (kW) 701,28 640 640 640 665,28 672,48
Demanda FP (kW) 763,2 701,28 640 666,72 704,16 727,2
Consumo P (kWh) 28299,6 22356 3122,6 12699 28797,5 30429
Consumo FP (kWh) 161568 115992 31246 79632 132480 144972
Consumo HR (kWh) 11016 8748 8136 10728 8424 9648
UFER P (kVArh) 374,4 657,36 1075,3 794,16 88,92 672,48
UFER FP (kVArh) 7056 6444 8352 7344 4176 727,2

Nota-se que em dois meses o consumo cai significativamente, devido às


férias escolares e que em três meses (Maio, Junho e Julho) a demanda fica abaixo
da contratada por conta de atividades relacionadas á instituição de ensino (férias
escolares e eventos).
Percebe-se também que no período de férias escolares a uma relação
inversamente proporcional ao consumo, à potência reativa (UFER) aumenta com o
baixo consumo, isso se da ao baixo fator de potência, levando ao grande
desperdício de potência que não é transformada em trabalho, que será visto no
subcapítulo 10.2.
49

Pelos dados retirados da fatura de energia elétrica do consumidor, na tabela 7


temos a inserção dos valores de demanda contratada atual da unidade
consumidora. No caso de modalidade tarifária Verde e Convencional, os valores são
replicados para as duas demandas.

Tabela 7 - Demanda Contratada

Atual Demanda Contratada


Demanda Contratada Ponta 640 kW
Demanda Contratada Fora Ponta 640 kW

Para a análise do melhor contrato de demanda será feito uma estimativa de


crescimento de demanda de janeiro de 2015 á Dezembro de 2017, considerando um
crescimento anual de demanda de 8% ao ano, visto que a demanda tem
crescimento entre 6,5% á 8,5% a cada mês com relação ao ano de 2014.
Com a previsão de demanda definida, insere-se nas tabelas 8,9 e 10 os
dados relativos aos valores das tarifas para cada modalidade tarifária do Subgrupo
A4 (Verde, Azul e Convencional), da concessionaria local CELG Distribuição
(Companhia Energética de Goiás), que serão utilizados na realização dos cálculos.
Juntamente com esses dados são inseridos na tabela 11 os valores dos tributos
cobrados na fatura de energia elétrica.

Tabela 8 - Tarifa Horária Azul

TARIFA HORÁRIA - AZUL


DEMANDA CONSUMO ULTRAPASSAGEM
(R$/kW) (R$/kWh) UFER DMCR (R$/kW)
SUB-GRUPO
F. DE F. DE (R$/kWh) (R$/kW) F. DE
PONTA PONTA PONTA
PONTA PONTA PONTA
A4 (2,3 kV
R$ 28,4100 R$ 10,0700 R$ 0,4474 R$ 0,3130 R$ 0,2405 R$ 10,0700 R$ 56,8200 R$ 20,1400
a 25 kV)

Tabela 9 - Tarifa Horária Verde

TARIFA HORÁRIA - VERDE


CONSUMO
DEMANDA (R$/kWh) UFER DMCR ULTRAPASSAGEM
SUB-GRUPO
(R$/kW) F. DE (R$/kWh) (R$/kW) (R$/kW)
PONTA
PONTA
A4 (2,3 kV a 25 kV) R$ 10,07 R$ 1,1359 R$ 0,3130 R$ 0,2405 R$ 10,0700 R$ 20,1400
50

Tabela 10 - Tarifa Convencional

TARIFA CONVENCIONAL - GRUPO A


DEMANDA CONSUMO UFER DMCR ULTRAPASSAGEM
SUB-GRUPO
(R$/kW) (R$/kWh) (R$/kWh) (R$/kW) (R$/kW)
A4 (2,3 kV a 25 kV) R$ 30,53 R$ 0,3242 R$ 0,2405 R$ 10,0700 R$ 61,0600

Tabela 11 - Tributos Mês de Abril de 2016

TRIBUTOS
IMPOSTO ALÍQUOTA
ICMS 29,0000%
PIS/PASEP 0,8316%
CONFINS 3,8302%

Os valores dos tributos inseridos acima serão fixos para todos os meses
analisados, neste caso levou-se em consideração o tributo cobrado na última fatura
de energia elétrica.
Vale salientar que a modalidade tarifária Convencional, se aplica somente
para consumidores com demanda contratada inferior a 300 kW, que não é o caso do
consumidor analisado como mostrado na tabela 10 a demanda contratada é superior
a demanda máxima estabelecida pela modalidade.
As planilhas geradas com os dados das tabelas 8 a 11 levam em
consideração a situação atual da unidade consumidora analisada e realizará os
cálculos das novas simulações buscando o melhor enquadramento tarifário.

10.1.2. RESULTADOS OBTIDOS

Na tabela 12, são apresentados os resultados da melhor modalidade tarifária


dos 12 meses analisados, comparação entre a Tarifa Horária Verde e Azul.
Constata-se que a melhor modalidade tarifária é a Verde, portanto não é
necessária a mudança de contrato, visto que a fatura de energia elétrica da unidade
consumidora é fatura em cima da modalidade tarifária Verde. A tabela também
51

apresenta a economia total durante o período analisado (Maio de 2015 a Abril de


2016), se o consumidor fosse faturado na Tarifa Horária Azul.

Tabela 12 - Comparativo entre Tarifa Horaria Azul/Verde.


Mês/Ano Tarifa-Horária Azul Tarifa-Horária Verde Economia
mai/15 R$ 118.051,53 R$ 116.012,19 R$ 2.039,34
jun/15 R$ 116.162,26 R$ 113.420,39 R$ 2.741,87
jul/15 R$ 69.339,56 R$ 47.299,54 R$ 22.040,03
ago/15 R$ 102.806,08 R$ 95.713,30 R$ 7.092,77
set/15 R$ 155.237,31 R$ 159.965,94 -R$ 4.728,64
out/15 R$ 165.183,03 R$ 162.681,58 R$ 2.501,44
nov/15 R$ 165.864,08 R$ 161.822,78 R$ 4.041,30
dez/15 R$ 125.682,77 R$ 122.406,19 R$ 3.276,58
jan/16 R$ 64.173,36 R$ 40.005,57 R$ 24.167,79
fev/16 R$ 99.223,68 R$ 84.588,56 R$ 14.635,11
mar/16 R$ 141.527,08 R$ 141.731,46 -R$ 204,38
abr/16 R$ 152.151,04 R$ 153.473,38 -R$ 1.322,33
Total R$ 1.475.401,77 R$ 1.399.120,89 R$ 76.280,88

Legenda:

Melhor Faturamento a cada mês


Melhor Modalidade Tarifária
Economia Total

Com a melhor modalidade tarifária defina (Tarifa Horaria Verde), é definido o


melhor contrato de demanda, vale reforçar que a Tarifa Horaria Verde, não cobra por
demanda ponta e fora ponta e sim pela maior demanda entre as mesmas.
Com várias simulações feitas, chegou-se á conclusão que o melhor contrato
de demanda para unidade consumidora é de 730 kW. A tabela 13 mostra o
comparativo com a demanda atual contratada (640 kW) e a nova demanda definida,
juntamente com os valores fixos da duas demandas e os valores de ultrapassagem
de demanda. Na tabela 14 é definida a economia total durante os anos de 2015,
2016 e 2017, e o total de economia no período analisado.
52

Tabela 13 - Comparativo de Demanda


Custo de Demanda R$/kW
Demanda
Ano Mês 640 730
Lida (kW)
Fixo Ultrapass. Fixo Ultrapass.
2015 Janeiro 468,480 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Fevereiro 604,635 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Março 640,000 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Abril 676,800 R$ 10.273,65 R$ 1.117,229 R$ 11.081,21 R$ -
2015 Maio 540,000 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Junho 576,000 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Julho 326,880 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Agosto 563,040 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2015 Setembro 734,400 R$ 11.148,00 R$ 2.865,935 R$ 11.148,00 R$ -
2015 Outubro 792,000 R$ 12.022,36 R$ 4.614,642 R$ 12.022,36 R$ 1.882,288
2015 Novembro 763,200 R$ 11.585,18 R$ 3.740,289 R$ 11.585,18 R$ -
2015 Dezembro 701,280 R$ 10.645,25 R$ 1.860,429 R$ 11.081,21 R$ -
2016 Janeiro 263,000 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Fevereiro 666,720 R$ 10.120,64 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Março 704,160 R$ 10.688,97 R$ 1.947,865 R$ 11.081,21 R$ -
2016 Abril 727,200 R$ 11.038,71 R$ 2.647,347 R$ 11.081,21 R$ -
2016 Maio 583,200 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Junho 622,080 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Julho 353,030 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Agosto 608,083 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2016 Setembro 793,152 R$ 12.039,84 R$ 4.649,616 R$ 12.039,84 R$ 1.917,262
2016 Outubro 855,360 R$ 12.984,14 R$ 6.538,219 R$ 12.984,14 R$ 3.805,865
2016 Novembro 824,256 R$ 12.511,99 R$ 5.593,917 R$ 12.511,99 R$ 2.861,564
2016 Dezembro 757,382 R$ 11.496,87 R$ 3.563,669 R$ 11.496,87 R$ -
2017 Janeiro 284,040 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2017 Fevereiro 720,058 R$ 10.930,29 R$ 2.430,508 R$ 11.081,21 R$ -
2017 Março 760,493 R$ 11.544,09 R$ 3.658,099 R$ 11.544,09 R$ -
2017 Abril 785,376 R$ 11.921,81 R$ 4.413,541 R$ 11.921,81 R$ 1.681,187
2017 Maio 629,856 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2017 Junho 671,846 R$ 10.198,46 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2017 Julho 381,273 R$ 9.715,04 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2017 Agosto 656,730 R$ 9.968,99 R$ - R$ 11.081,21 R$ -
2017 Setembro 856,604 R$ 13.003,03 R$ 6.575,991 R$ 13.003,03 R$ 3.843,637
2017 Outubro 923,789 R$ 14.022,88 R$ 8.615,682 R$ 14.022,88 R$ 5.883,328
2017 Novembro 890,196 R$ 13.512,95 R$ 7.595,837 R$ 13.512,95 R$ 4.863,483
2017 Dezembro 817,973 R$ 12.416,62 R$ 5.403,169 R$ 12.416,62 R$ 2.670,815
Total 2015 R$ 137.878,21 R$ 136.368,74
Total 2016* R$ 154.396,98 R$ 146.267,24
Total 2017* R$ 175.357,04 R$ 161.851,10
Custo Total no periodo R$ 467.632,233 R$ 444.487,080
Legenda:

Meses Estimados
Custo de Demanda Total
Melhor economia de Demanda
53

Tabela 14 - Economia Definida pelo Contrato de Demanda

Economia em Relação ao Contrato de Demanda Atual


Demanda (kW)
Ano Economia
640 730
2015 R$ 137.878,21 R$ 136.368,74 R$ 1.509,47
2016 R$ 154.396,98 R$ 146.267,24 R$ 8.129,74
2017 R$ 175.357,04 R$ 161.851,10 R$ 13.505,94
Total R$ 467.632,23 R$ 444.487,08 R$ 23.145,15

Com a demanda defina de 730 kW é possível a migração do consumidor para


o Mercado Livre.

10.1.3. GRÁFICOS OBTIDOS

Com base nas planilhas simuladas é possível à geração de gráficos, os


mesmos são um instrumento relevante na avaliação do melhor enquadramento
tarifário do consumidor. São gerados os seguintes gráficos para a análise:
 Perfil de Consumo;
 Perfil de Demanda atual;
 Nova Demanda Simulada;
 Comparativo entre a tarifa atual e simulada;

10.1.3.1. PERFIL DE CONSUMO

A figura 3 ilustra o perfil de consumo ponta e fora ponta, do período analisado


da unidade consumidora. Como se pode observar o consumidor tem grandes
variações durante o período analisado, em dois meses (Julho de 2015 e Janeiro de
2016), o consumo cai drasticamente devido ao período de férias escolares, e volta a
crescer com o início das aulas.
54

163122
143122
123122
103122
83122
63122
43122
23122
3122

Consumo P Consumo FP

Figura 3 - Perfil de Consumo Ponta e Fora de Ponta (kWh)

10.1.3.2. PERFIL DE DEMANDA ATUAL

Na Figura 4, são apresentados os valores atuais e estimados de demanda


faturada no período de 2015 a 2017. Visto que a melhor tarifa horaria definida para o
consumidor é a Verde. O gráfico também apresenta a demanda contratada e uma
linha que é traçada para a visualização dos meses que há ultrapassagem de
demanda. Pode ser visto que a demanda atual contratada está baixa com relação ao
período em análise.
55

1000
900
800
700
600
500
400
300
200

Demanda Lida Contratada Ultrapassagem

Figura 4 - Demanda Atual Faturada

10.1.3.3. NOVA DEMANDA SIMULADA

A figura 5 apresenta a nova demanda simulada, nota-se que ocorrerá


ultrapassagem de demanda, mais em poucos meses. Essa simulação também nos
mostra pela estimativa de demanda futura do consumidor que esse é o melhor
contrato de demanda, em várias simulações realizadas.

1000
900
800
700
600
500
400
300
200

Demanda Lida Contratada Ultrapassagem

Figura 5 - Demanda Simulada


56

O gráfico a seguir apresenta a relação econômica entre a demanda atual e a


nova demanda simulada. Pode-se observar que durante o período analisado em
todos os anos o melhor contrato de demanda é a demanda de 730 kW.

R$180,00 R$175,36
Milhares

R$170,00 R$165,81

R$160,00 R$154,40
R$150,00 R$147,57
R$137,88
R$140,00 R$135,12

R$130,00

R$120,00

R$110,00

R$100,00
Ano/2015 Ano/2016 Ano/2017

640 kW 730 kW

Figura 6 - Comparativo econômico entre demanda atual e simulada

10.1.3.4. COMPARATIVO ENTRE A TARIFA ATUAL E SIMULADA

A figura 7 apresenta o resultado obtido à relação econômica no período


analisado entre as duas tarifas horarias (Verde e Azul), pode-se observar novamente
que a melhor tarifa na condição de contratação é a Tarifa Horária Verde.

R$1,50
Milhões

R$1,48
R$1,48

R$1,46

R$1,44

R$1,42
R$1,40
R$1,40

R$1,38

R$1,36
Mai/15 - Abr/16

Tarifa-Horária Azul Tarifa-Horária Verde

Figura 7 - Gráfico Comparação entre Tarifas Horarias


57

10.1.4. CONSIDERAÇÕES DA ANALISE

Conforme tabelas obtidas e gráficos gerados anteriormente, pode-se observar


que o cliente desta simulação, está com enquadramento tarifário adequado (Tarifa
Horária Verde), portanto não a necessidade de mudança. Já o montante de
demanda contratada deve ser alterado. Com as simulações de crescimento do
consumo apresentadas o contrato da demanda deve ser ajustado para 730 kW,
como apresentado anteriormente nas simulações, a economia entre o período
analisado (Janeiro de 2015 a Dezembro de 2017),com a alteração do contrato é
estimada em R$ 23.145,15. Com o perfil do consumidor traçado a frente será
apresentada a opção de migração do consumidor cativo para o Mercado Livre.

10.2. ANÁLISE DO FATOR DE POTÊNCIA – FP

Para o consumidor em estudo, se faz necessária à análise do fator de


potência de sua instalação, tendo visto que esta grandeza elétrica vem impactando
no aumento do valor a ser pago em suas tarifas de energia elétrica. Será
apresentada uma análise qualitativa, objetivando levantar à condição atual do fator
de potência do consumidor, sugerindo em seguida uma proposta de solução para
correção do fator de potência das instalações do caso em estudo, juntamente com o
comparativo de viabilidade econômica para implantação do sistema proposto para
correção do fator de potência.
Conforme resolução nº 414, de 2010, da ANEEL artigo 2° parágrafo XXXV, o
fator de potência pode ser determinado diretamente através da “razão entre a
energia elétrica ativa pela raiz quadrada entre a soma dos quadrados das energias
elétricas ativa e reativa consumidas num mesmo período especificado”.
Segundo MAMEDE (2007), matematicamente o fator de potência pode ser
definido como “a relação entre o componente ativo da potência e o valor total desta
mesma potência”, ou seja, é a relação entre o componente ativo da potência em kW
e a potência aparente da carga em kVA.
Em termos qualitativos, o fator de potência é um índice sem unidade de
medida, ou seja, adimensional representando a energia ativa perante a energia total
58

(aparente e reativa) que é absorvida por uma instalação, sendo esse valor alternado
entre 0 (zero) e 1(um) indutivo ou capacitivo (SILVA, 2009).
De acordo com SUCKOW (2000), o fator de potência também pode ser
definido como a razão entre a potência ativa e a potência aparente. É o indicador de
porcentagem de potência total fornecida (kVA), que transforma-se efetivamente em
potência ativa (kW), demonstrando o grau de eficiência da instalação elétrica.
Valores de fator de potência próximos de 1(um) indicam uso eficiente de energia
elétrica e valores baixos perto de 0(zero) evidenciam baixo aproveitamento de
potência.
Abaixo se tem o triângulo de potências Figura 8, gráfico que é utilizado para
demonstrar a relação entre as potências ativa, reativa e aparente, ilustrando a
apresentação do fator de potência.

Figura 8 - Triângulo de Potências

Para a realização da análise do fator de potência, utiliza-se do


equacionamento descrito abaixo (MAMEDE, 2007):

𝑷𝟐
𝑭𝒑 =
√𝑷𝟐 + 𝑸𝟐

(Equação 4)
59

Onde:

Fp – Fator de potência da instalação (adimensional);


P – Potência Ativa (kW);
Q – Potência Reativa (kVAr);

10.2.1. ENTRADA DE DADOS

Deve-se tomar como ponto de partida para entrada de dados, procurar o


entendimento de qual é o item da fatura de energia elétrica que contempla o custo
pelo consumidor estar com a leitura do fator de potência fora dos padrões
estabelecidos em legislação. A distribuidora deve para fins de cobrança deve manter
de forma permanente a medição do fator de potência do consumidor (Resolução
Normativa nº 414, de 2010, da ANEEL art.76).
Para que seja feita a análise do fator de potência, tem-se como referência que
o limite mínimo para consumidores do grupo A, indutivo ou capacitivo, onde valor é
de 0,92. Para as leituras medidas que excederem os limites mínimos de fator de
potência, aplica-se conforme arts. 96 e 97 da Resolução Normativa nº 414, de 2010,
da ANEEL, cobranças adicionadas ao faturamento de energia elétrica.
No consumidor em estudo, percebe-se na sua fatura de energia elétrica a
extrapolação do limite mínimo do fator de potência, devido a cobrança de
pagamento das seguintes tarifas:
 UFER PONTA - - montante do consumo no segmento de Ponta do
ciclo de faturamento, em que o consumidor está com fator de potência
inferior aos padrões mínimos da legislação (fp<0,92 indutivo ou
capacitivo);
 UFER FORA PONTA - montante do consumo no segmento Fora de
Ponta do ciclo de faturamento, em que o consumidor está com fator de
potência inferior aos padrões mínimos da legislação (fp<0,92 indutivo
ou capacitivo);
Na tabela 15, apresenta-se os valores pagos em R$ das tarifas de
ultrapassagem do valor mínimo de fator de potência medido, durante um período de
12 meses. Obtendo assim o valor do custo anual gasto pelo consumidor em análise.
60

Visando um melhor entendimento dos valores envolvidos com gasto de


UFER, na tabela 16 temos um comparativo entre a fatura de energia com
pagamento de UFER e a fatura sem o pagamento da mesma, demonstrando a
economia para a correção desta cobrança na fatura.

Tabela 15 - Custo em R$ (Reais) de transgressão de Fator de Potência

UFER FORA UFER PONTA GASTO COM


MÊS/ANO
PONTA (R$) (R$) UFER /MÊS (R$)

mai/15 2455,61 153,31 2608,92


jun/15 2354,65 174,19 2528,84
jul/15 3098,99 476,19 3575,18
ago/15 3088,13 321,77 3409,90
set/15 2161,17 80,70 2241,87
out/15 2039,44 75,71 2115,15
nov/15 2619,39 138,98 2758,37
dez/15 2386,61 243,40 2630,01
jan/16 3089,90 397,82 3487,72
fev/16 2662,34 287,89 2950,23
mar/16 1513,88 32,23 1546,11
abr/16 1853,20 57,16 1910,36
TOTAL/ANO R$ 29.323,31 R$ 2.439,35 R$ 31.762,66

Tabela 16 - Economia sem UFER - R$ (Reais)

MÊS/ANO FATURA COM UFER -R$ FATURA SEM UFER - R$ ECONOMIA - R$


mai/15 110.828,80 108.219,88 2608,92
jun/15 107.443,95 104.915,11 2528,84
jul/15 46.161,79 42.586,61 3575,18
ago/15 88.024,44 84.614,54 3409,90
set/15 158.343,41 156.101,54 2241,87
out/15 165.884,45 163.769,30 2115,15
nov/15 164.738,78 161.980,41 2758,37
dez/15 124.818,39 122.188,38 2630,01
jan/16 40.779,93 37.292,21 3487,72
fev/16 82.828,18 79.877,95 2950,23
mar/16 141.876,49 140.330,38 1546,11
abr/16 134.638,43 132.728,07 1910,36
TOTAL/ANO R$ 1.366.367,04 R$ 1.334.604,38 R$ 31.762,66

Diante do exposto acima, foi realizado o cálculo do fator de potência lido da


instalação consumidora para um período amostral de 12meses, utilizando-se da
61

demanda máxima lida (kW) e da demanda máxima de reativo lido (kVAr) no mês de
faturado. Na tabela 17, apresentam-se os valores mensais de fator de potência
calculados para o consumidor em análise.

Tabela 17 - Fator de Potência Lido

Fator de
Demanda
MÊS/ANO Demanda (kW) Potência
Reativo (kVAr)
Atual
mai/15 540,00 533,16 0,7116
jun/15 587,52 573,12 0,7158
jul/15 704,16 699,84 0,7093
ago/15 563,04 562,68 0,7073
set/15 734,40 735,12 0,7068
out/15 792,00 786,60 0,7095
nov/15 763,20 758,88 0,7091
dez/15 701,28 698,76 0,7084
jan/16 263,52 247,68 0,7287
fev/16 666,72 650,52 0,7157
mar/16 704,16 688,68 0,7149
abr/16 727,20 710,64 0,7152

Para obtenção do Fator de Potência Lido, utilizou-se da equação descrita


abaixo:

𝑫𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 (𝒌𝑾)
𝑭𝒑𝒍𝒊𝒅𝒐 =
√(𝑫𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 (𝒌𝑾))𝟐 + (𝑫𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 𝑹𝒆𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐(𝒌𝑽𝑨𝒓))𝒃𝟐

(Equação 5)

Onde :
𝑭𝒑𝒍𝒊𝒅𝒐 - Fator de Potência calculado através do faturamento lido de demanda
mensal;
𝑫𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 (𝒌𝑾) – Demanda máxima de energia ativa consumida durante o mês;
𝑫𝒆𝒎𝒂𝒏𝒅𝒂 𝑹𝒆𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐(𝒌𝑽𝑨𝒓) - Demanda máxima de energia reativa consumida
durante o mês;
Para que se possa corrigir esta distorção de baixo fator de potência, foi
realizado na tabela 3, o cálculo da potência do Banco de Capacitor necessário para
62

elevar o Fp do consumidor para 0,94, valor este que estará dentro dos limites
mínimos estabelecidos na Resolução Normativa nº 414, de 2010, da ANEEL.

Tabela 18 - Potência Banco Capacitor Calculado (kVAr)

Consumo
Fator de Potência Banco
Demanda Reativo
MÊS/ANO Demanda (kW) Potência de Capacitor
Reativo (kVAr) Correção
Atual (kVAr)
(kVAr)
mai/15 540,00 533,16 0,7116 337,17
Máximo
jun/15 587,52 573,12 0,7158 359,88
jul/15 704,16 699,84 0,7093 444,26
ago/15 563,04 562,68 0,7073 358,32
499,14
set/15 734,40 735,12 0,7068 468,57
out/15 792,00 786,60 0,7095 499,14
nov/15 763,20 758,88 0,7091 481,88
Mínimo
dez/15 701,28 698,76 0,7084 444,23
jan/16 263,52 247,68 0,7287 152,04
fev/16 666,72 650,52 0,7157 408,53
152,04
mar/16 704,16 688,68 0,7149 433,10
abr/16 727,20 710,64 0,7152 446,70

Após o cálculo da potência do Banco de Capacitor a ser utilizado na


simulação de correção do fator de potência. Abaixo temos a Tabela 4, onde
remetemos valores orçados para aquisição do banco de capacitor simulado,
auxiliando no cálculo “PAYBACK DESCONTADO” referente ao retorno do
investimento necessário para instalação do banco de capacitor de 500 kVAr.

Tabela 19 - PAYBACK DESCONTADO

Investimento Inicial R$ 39.066,00


Receita Anual Prevista R$ 31.762,66
Despesa Anual Prevista R$ 2.400,00
Lucro Anual Previsto R$ 29.362,66
Taxa de Atratividade ( i ) 15,00%
Payback Descontado (anos) 1,61

A tabela 19, leva em consideração a situação atual do consumidor em


análise, integrando uma visão futura de investimento para correção do fator de
potência. Análise que leva a determinação de melhora significativa na redução do
valor de sua conta de energia elétrica.
63

10.2.2. RESULTADOS OBTIDOS

Na tabela 15, pode-se extrair que o custo médio mensal pago pelo
consumidor por ultrapassagem de valor mínimo de Fp, está em torno de R$2.647,00
mês, apresentando um custo anual de R$ 31.762,66. Gasto que representa dinheiro
desperdiçado, pois o baixo fator de potência traduz um elevado desperdício de
potência que não é transformada em trabalho. A tabela 16 complementa o
comparativo iniciado na tabela 15, demonstrando que através da eliminação dos
gastos com UFER, o consumidor terá uma economia anual de R$ 31.762,66.
Da tabela 17, tem-se que o fator de potência mensal calculado demonstra que
o consumidor está sempre ultrapassando o limite mínimo de fator de potência
estabelecido pela legislação (0,92), com o valor obtido sempre em torno de 0,71,
fato este que ocasiona o pagamento de tarifas adicionais de UFER PONTA e UFER
FORA PONTA. Existem diversos fatores que influenciam para apuração de um baixo
fator de potência, dentre eles podemos destacar: elevada quantidade de reatores de
iluminação, muitos motores de indução e de aparelhos de are condicionado
instalados.
Determina-se da tabela 17, a sugestão de implementação de um Banco de
Capacitor Automático de 500 kVAr, pretendendo com sua instalação a elevação do
Fp do consumidor de 0,71 para 0,94, encerrando assim a tarifação por excedente
mínimo de fator de potência medido. Lembrando que de acordo com a Resolução
Normativa nº 414, de 2010, da ANEEL art.135, após a instalação do banco para
corrigir o fator de potência, o consumidor possui até 03(três) ciclos de faturamento
completos e consecutivos para realizar o ajuste do fator de potência.
A melhoria do fator de potência propicia a instalação um melhor
aproveitamento da potência solicitada, melhora os níveis de tensão nas cargas da
instalação, reduz a quantidade de potência aparente solicitada ao sistema de
energia, além disso, traz o benefício financeiro de economia com a interrupção do
pagamento de tarifas de UFER.
Para a planilha apresentada na tabela 4, utilizou-se uma taxa de atratividade
de 14,25% a.a. de retorno ao investimento, melhor que a de mercado, tendo visto
que a Taxa SELIC (Taxa básica de Juros da Economia Brasileira) acumulada em
64

2016, está em torno de 14,25% a.a.. Possibilitando ao investidor melhor visão para
se decidir investir ou não na implementação do Banco de Capacitor Automático de
500 KVAr. O cálculo de “payback descontado (Indicador que fornece o prazo de
retorno ao investimento)” remete a ideia de que em 1,61 anos, tem-se o retorno ao
investimento realizado, propiciando a partir deste tempo a obtenção sucessiva de
lucro sobre o capital investido.

10.2.3. GRÁFICOS GERADOS

Tomando por base os dados apresentadas anteriormente, podem-se realizar


análises gráficas para auxiliar em uma melhor compreensão dos resultados
comparados.
No gráfico da figura 9, mostra-se que grande parte do valor pago por
ultrapassagem do limite mínimo do fator de potência, acontece no período fora de
ponta do consumo faturado, também, no período de ponta de consumo faturado está
sendo pago um valor aproximadamente 6 vezes.

R$ 3.500
R$ 3.089,90
R$ 3.000
R$ 2.500
R$ 2.000
R$ 1.500
R$ 1.000
R$ 476,19
R$ 500
R$ 0

UFER FORA PONTA (R$) UFER PONTA (R$)

Figura 9 - UFER Faturado


65

Para o gráfico da figura 10, foi realizado o estudo de economia/mês para


demonstrar o montante em reais economizado, caso seja feita a correção de fator de
potência, extinguindo a cobrança dos valores de UFER FORA PONTA e UFER
ponta.

R$ 4.000 R$ 3.575,18
R$ 3.500
R$ 3.000
R$ 2.500
R$ 2.000
R$ 1.546,11
R$ 1.500
R$ 1.000
R$ 500
R$ 0

ECONOMIA - R$

Figura 10 - Economia/Mês

No gráfico da figura 11 - Análise Fator de Potência, segue um comparativo em


que o espaço compreendido entre as duas retas em azul, significa os valores de
fator de potência que estão de acordo com a legislação (Resolução Normativa nº
414, de 2010, da ANEEL), faixa onde não é tarifado o Fp, que deve estar situado
entre 0,92<Fp<1 (indutivo ou capacitivo). A linha em vermelho demonstra o fator de
potência atual do consumidor em analise, indicando que em todos os meses
analisados, esteve sempre abaixo do limite mínimo estabelecido pela legislação,
com o consumidor sendo tarifado todo o tempo da análise.
Finalmente ainda no gráfico da figura 11, temos a linha em verde
representando o fator de potência utilizado para simulação de correção do Fp,
utilizou-se como referência Fp= 0,94, deslocando assim o fator de potência do
consumidor para a região adequada de medição, gerando a interrupção de
pagamento de tarifas de ultrapassagem de fator de potência (UFER PONTA e UFER
FORA PONTA).
66

1,05
1,01 1

0,97
0,94
0,93
0,92
0,89
0,85
0,81
0,77
0,7287
0,73
0,69 0,7116
0,65
mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16

Fp Fp Fp MÁXIMO Fp corrigido
Atual MÍNIMO

Figura 11 - Análise Fator de Potência

10.2.4. CONSIDERAÇÕES DA ANÁLISE

Os resultados apurados através das planilhas e dos gráficos confirmam a


viabilidade econômica da implantação da correção do fator de potência utilizando um
banco de capacitor automático de 500 kVAr. Conforme apresentado nos cálculos, a
empresa terá o retorno ao investimento, com uma taxa de desconto de 15% a partir
de 1 ano e 7 meses. Ou seja, em 5 (cinco) anos, o consumidor terá ganho na
economia da fatura de energia de R$140.770,70.

10.3. ESTUDO DE VIABILIDADE DE GERAÇÃO DIESEL EM HORÁRIO DE


PONTA

Este estudo busca verificar a viabilidade econômica da implantação de um


sistema de geração a diesel para operar no horário de ponta, período em que a tarifa
de consumo é aproximadamente 434% maior do que a tarifa fora desde período,
tendo em vista que o consumidor em questão está enquadrado na modalidade
tarifária verde.
67

A utilização de geradores a diesel é largamente utilizada, por grandes


consumidores, pois é uma tecnologia consolidada no mercado, de fácil manutenção,
e além da possibilidade de reduzir custos gerando energia em horário de ponta,
pode suprir o fornecimento de energia em ocasionais faltas por parte da
concessionária.

10.3.1. ENTRADA DE DADOS

Foram examinadas as faturas de fornecimento de energia elétrica dos últimos


12 meses, a fim de se obter os dados de consumo no horário de ponta e a quantia
paga referente à utilização dessa energia no referido horário, para que fosse gerado
um comparativo entre esses dados e os custos de geração a diesel. O que é
mostrado na tabela 20.

Tabela 20 - Valores de consumo e quantia em R$ no horário de ponta

Mês/Ano Consumo P (kWh) Custo CELG (R$/kWh)


jan/15 4.200,00 R$ 6.269,04
fev/15 16.252,06 R$ 24.559,95
mar/15 19.402,99 R$ 31.596,99
abr/15 28.158,48 R$ 46.595,52
mai/15 24.444,48 R$ 39.553,61
jun/15 23.767,56 R$ 39.134,23
jul/15 5.172,84 R$ 8.649,97
ago/15 17.024,40 R$ 27.502,91
set/15 33.590,52 R$ 56.478,42
out/15 32.298,48 R$ 56.487,13
nov/15 28.299,60 R$ 49.621,65
dez/15 22.356,00 R$ 39.098,85
Total 254.967,41 R$ 425.548,27

Após a obtenção dos valores acima, se fez necessário à captação de


informações necessárias para calcular o custo da geração, tais como: quantidade da
energia ativa gerada, consumo de diesel dos geradores e custos anuais com
manutenções.
Primeiramente verificou-se a necessidade de atender toda a demanda
contratada (atualmente 640 kW proposta 730 kW). Tendo em vista que o consumidor
68

em estudo já possui um grupo moto-gerador (GMG) de 500 kVA, foi orçado outro
GMG de 513 kVA, da marca CUMMINS, no qual é capaz de gerar,
aproximadamente, 410 kWh de energia ativa, considerando o regime de operação
prime, ou seja, operação constante com número de horas trabalhadas limitadas em
aproximadamente 750h por ano. Levando-se em conta que o consumidor esteja
adquirindo o óleo diesel em grande escala, é possível reduzir o preço pago no litro
do mesmo, sendo assim, foi adotada a quantia de R$ 2,70/litro.
Em contato com empresas prestadoras de serviços de manutenções
corretivas e preventivas em geradores, chegou-se ao custo de manutenção
estimado de R$ 10.000,00 a cada 1000 horas trabalhadas, resultando em R$
10,00/hora.
Utilizando os valores de consumo e capacidade de geração ativa do gerador
citado acima, para o gerador existente, obteve-se o valor do kWh gerado, conforme
tabela a seguir:

Tabela 21 - Custo de Geração diesel (R$/kWh)

Gerador 1 Gerador 2 Total


Energia ativa de geração (kWh) 410 410 820
Consumo diesel em plena carga (litros/hora) 105 105 210
Custo diesel (R$/hora) R$ 283,50 R$ 283,50 R$ 567,00
Manutenção (R$/hora) R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 20,00
Custo energia gerada (R$/kWh) R$ 0,72 R$ 0,72 R$ 1,43

Tomando como base o preço da tarifa de consumo no horário de ponta da


modalidade tarifária verde, atualmente R$ 1,7123, o custo de geração obtido é
aproximadamente 16,48% mais barato.
Para obtenção do valor do investimento para implantação de mais um
gerador, entrou-se em contato com duas empresas de comercialização de
geradores, e obtiveram-se os seguintes valores:
69

Tabela 22 - Custos estimados para aquisição de um GMG 513 kVA

Descrição Valor
Grupo MotoGerador 513 kVA R$ 190.000,00
Quadros e Cabos R$ 10.000,00
Adequações civís R$ 20.000,00
Eventuais R$ 10.000,00
Total R$ 230.000,00

Vale salientar que os custos apresentados acima foram estimados por


empresas do ramo.

10.3.2. RESULTADOS OBTIDOS

Para iniciar, utilizando o custo da energia gerada, encontra-se o custo mensal,


se a usina estivesse em operação durante o período observado. Logo após
compara-se o valor obtido com o valor pago à concessionária, conforme exposto no
gráfico da figura 12.

R$ 60.000

R$ 50.000

R$ 40.000

R$ 30.000

R$ 20.000
Custo CELG

R$ 10.000 Custo Gerador

R$ 0

Figura 12 - Gráfico comparativo de custo mensal CELG x Gerador


70

R$ 470.000
R$ 420.000
R$ 370.000
R$ 320.000
R$ 270.000
R$ 220.000 R$425.548,27
R$365.038,71
R$ 170.000
R$ 120.000
R$ 70.000
R$ 20.000
Valor Total

Custo Gerador Custo CELG

Figura 13 - Gráfico comparativo de custo anual CELG x Gerador

Pela análise da figura 13, é clara a redução de custos, porém se faz


necessário uma análise de viabilidade econômica, incluindo o custo do investimento
necessário á implantação e taxa de retorno para o investimento, o que será tratado
no próximo tópico.

10.3.3. ANÁLISE ECONÔMICA – TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO

Após o recolhimento de informações referentes ao custo de investimento,


economia e custos de operação previstos, pode-se realizar a análise de Payback
(tempo de retorno do investimento), para verificar se a realização das intervenções é
economicamente viável ou não. Conforme mostrado na tabela 23:

Tabela 23 - Análise de Payback descontado

Investimento Inicial R$ 230.000,00


Receita Anual Prevista R$ 365.038,71
Despesa Anual Prevista R$ 304.529,15
Lucro Anual Previsto R$ 60.509,56
Taxa de Atratividade( i ) 15,00%
Payback Descontado total (anos) 6,04
71

Conforme dados da tabela acima, para a realização do cálculo projetou-se


uma taxa de atratividade de 15% a.a. de retorno ao investimento, tendo visto que no
mercado a Taxa SELIC (Taxa básica de Juros da Economia Brasileira) acumulada
em 2016, está em torno de 14,25% a.a., chegando ao valor de aproximadamente 6
anos, fazendo com que o investidor analise a possibilidade da implantação.

10.4. ESTUDO DE VIABILIDADE DE MIGRAÇÃO PARA O AMBIENTE DE


CONTRATAÇÃO LIVRE (ACL)

No estudo a seguir será mostrada numericamente a viabilidade da migração


do mercado cativo de energia para o mercado livre.
Primeiramente, para que o estudo seja realizado com confiabilidade, é
necessário que o consumidor esteja enquadrado na melhor modalidade tarifária e
com o contrato de demanda adequado para o seu perfil de consumo. Portanto,
utilizando os resultados obtidos nos estudos de enquadramento tarifário e análise de
demanda, serão adotadas para execução da análise: a modalidade de tarifação
Horária Verde e a demanda contratada atualmente de 640 kW e a proposta de 730
kW. Com isso, tem-se que o consumidor em questão é potencialmente livre, e
enquadra-se como Consumidor Especial Livre, pois a demanda está maior que 500
kW e menor que 3 MW.

10.4.1. ENTRADA DE DADOS

A partir de uma relação com empresas que realizam estudos de viabilidade


para a migração para o ACL, obteve à tarifa de consumo abaixo. E os valores de
demanda e TUSD utilizados foram retirados do boletim de tarifas 02/2015 – CELG.

Tabela 24 - Tarifa Mercado Livre de Energia

Descrição da Tarifa Valor Fonte


Consumo (R$/kWh) R$ 0,2200 Prime Energy
Demanda Ponta (R$/kW) R$ 28,4100 CELG
Demanda Fora Ponta (R$/kW) R$ 10,0700 CELG
TUSD (R$/MWh) R$ 0,0837 CELG
72

Nota-se que o valor de TUSD é um valor simbólico, apenas para representar


custo de uso do sistema de distribuição. O valor da tarifa de consumo é aplicado
tanto para o consumo ponta, tanto para o consumo fora ponta, o que é o diferencial
praticado no ACL.
Os tributos aplicados nesta parte do estudo são os mesmos valores do estudo
de enquadramento tarifário.

10.4.2. RESULTADOS OBTIDOS

Com os dados de tarifas, tributos, consumos e as demandas (640 kW e 730


kW) apresentados, foram calculados valores estimados a serem pagos pós
migração. Sabendo que é possível à obtenção de descontos em cima do valor de
demanda, foram consideradas as três hipóteses, sendo elas: tarifa de demanda no
valor integral e com descontos de 50% e 100%. Conforme tabelas a seguir:

Tabela 25 - Valores Previstos M. Cativo e M. Livre – Para demanda 640 kW

Valor Valor Livre Valor Livre Valor Livre


Mês/Ano
Mercado Cativo (Des. 0%) (Desc. 50%) (Desc. 100%)
mai/15 R$ 116.012,19 R$ 83.488,94 R$ 64.927,08 R$ 46.365,23
jun/15 R$ 113.420,39 R$ 82.070,16 R$ 63.508,30 R$ 44.946,45
jul/15 R$ 47.299,54 R$ 56.788,15 R$ 38.226,29 R$ 19.664,44
ago/15 R$ 95.713,30 R$ 74.612,17 R$ 56.050,32 R$ 37.488,46
set/15 R$ 159.965,94 R$ 102.365,01 R$ 82.445,83 R$ 62.526,64
out/15 R$ 162.681,58 R$ 106.597,89 R$ 85.062,26 R$ 63.526,64
nov/15 R$ 161.822,78 R$ 107.889,21 R$ 87.080,09 R$ 66.270,98
dez/15 R$ 122.406,19 R$ 87.651,53 R$ 68.624,57 R$ 49.597,61
jan/16 R$ 40.005,57 R$ 54.299,52 R$ 35.737,67 R$ 17.175,82
fev/16 R$ 84.588,56 R$ 73.475,98 R$ 54.711,33 R$ 35.946,67
mar/16 R$ 141.731,46 R$ 95.785,26 R$ 76.195,12 R$ 56.604,97
abr/16 R$ 153.473,38 R$ 101.200,86 R$ 81.281,67 R$ 61.362,48
Total R$ 1.399.120,89 R$ 1.026.224,68 R$ 793.850,53 R$ 561.476,38
73

Tabela 26 - Valores Previstos M. Cativo e M. Livre – Para demanda 730 kW

Valor Valor Livre Valor Livre Valor Livre


Mês/Ano
M. Cativo (Des. 0%) (Desc. 50%) (Desc. 100%)

mai/15 R$ 117.378,37 R$ 88.709,46 R$ 67.537,34 R$ 46.365,23


jun/15 R$ 114.786,57 R$ 87.290,68 R$ 66.118,57 R$ 44.946,45
jul/15 R$ 48.665,71 R$ 62.008,67 R$ 40.836,56 R$ 19.664,44
ago/15 R$ 94.432,13 R$ 79.832,69 R$ 58.660,58 R$ 37.488,46
set/15 R$ 157.142,51 R$ 104.870,87 R$ 83.698,75 R$ 62.526,64
out/15 R$ 159.949,23 R$ 106.812,02 R$ 85.169,33 R$ 63.526,64
nov/15 R$ 159.090,43 R$ 109.119,17 R$ 87.695,08 R$ 66.270,98
dez/15 R$ 120.981,73 R$ 91.941,84 R$ 70.769,72 R$ 49.597,61
jan/16 R$ 41.371,75 R$ 59.520,05 R$ 38.347,93 R$ 17.175,82
fev/16 R$ 85.549,14 R$ 78.290,90 R$ 57.118,78 R$ 35.946,67
mar/16 R$ 140.175,84 R$ 98.949,20 R$ 77.777,09 R$ 56.604,97
abr/16 R$ 150.868,53 R$ 103.706,71 R$ 82.534,60 R$ 61.362,48
Total R$ 1.390.391,93 R$ 1.071.052,26 R$ 816.264,32 R$ 561.476,38

Em posse dos valores previstos, gerou-se as tabelas a seguir, que mostram a


economia, em caso migração para o mercado livre, em cada percentual de desconto
e para cada valor de demanda contratada:

Tabela 27 - Economia Prevista M. Cativo x M. Livre – Para demanda 640 kW

Economia Economia Economia


Mês/Ano
(Desc. 0%) (Desc. 50%) (Desc. 100%)
mai/15 R$ 32.523,25 R$ 51.085,11 R$ 69.646,96
jun/15 R$ 31.350,23 R$ 49.912,09 R$ 68.473,94
jul/15 -R$ 9.488,61 R$ 9.073,24 R$ 27.635,10
ago/15 R$ 21.101,13 R$ 39.662,99 R$ 58.224,84
set/15 R$ 57.600,93 R$ 77.520,12 R$ 97.439,31
out/15 R$ 56.083,70 R$ 77.619,32 R$ 99.154,94
nov/15 R$ 53.933,57 R$ 74.742,69 R$ 95.551,81
dez/15 R$ 34.754,66 R$ 53.781,62 R$ 72.808,59
jan/16 -R$ 14.293,95 R$ 4.267,90 R$ 22.829,76
fev/16 R$ 11.112,58 R$ 29.877,24 R$ 48.641,89
mar/16 R$ 45.946,20 R$ 65.536,34 R$ 85.126,48
abr/16 R$ 52.272,52 R$ 72.191,71 R$ 92.110,89
Total R$ 372.896,21 R$ 605.270,36 R$ 837.644,51
74

Tabela 28 - Economia Prevista M. Cativo x M. Livre – Para demanda 730 kW

Economia Economia Economia


Mês/Ano
(Desc. 0%) (Desc. 50%) (Desc. 100%)

mai/15 R$ 28.668,91 R$ 49.841,02 R$ 71.013,14


jun/15 R$ 27.495,89 R$ 48.668,00 R$ 69.840,12
jul/15 -R$ 13.342,96 R$ 7.829,16 R$ 29.001,27
ago/15 R$ 14.599,44 R$ 35.771,55 R$ 56.943,67
set/15 R$ 52.271,64 R$ 73.443,76 R$ 94.615,87
out/15 R$ 53.137,21 R$ 74.779,90 R$ 96.422,59
nov/15 R$ 49.971,25 R$ 71.395,35 R$ 92.819,45
dez/15 R$ 29.039,89 R$ 50.212,00 R$ 71.384,12
jan/16 -R$ 18.148,29 R$ 3.023,82 R$ 24.195,94
fev/16 R$ 7.258,24 R$ 28.430,35 R$ 49.602,47
mar/16 R$ 41.226,63 R$ 62.398,75 R$ 83.570,86
abr/16 R$ 47.161,82 R$ 68.333,94 R$ 89.506,05
Total R$ 319.339,68 R$ 574.127,61 R$ 828.915,55

Para melhor ilustrar tais economias, segue gráficos relacionando mês a mês,
tomando como referência os dados das tabelas 27 e 28.

170000

150000

130000

110000

90000

70000

50000

30000

Valor Livre Valor Cativo

Figura 14 - Valores Cativo x Livre - 0% de desconto na demanda


75

170000

150000

130000

110000

90000

70000

50000

30000

Valor Livre Valor Cativo

Figura 15 - Valores Cativo x Livre - 50% de desconto em demanda

170000
150000
130000
110000
90000
70000
50000
30000
10000

Valor Livre Valor Cativo

Figura 16 - Valores Cativo x Livre para 100% de desconto em demanda

Observa-se que no mês de janeiro e julho, no caso de 0% de desconto na


tarifa de demanda, não há economia. No entanto, se tarifa da demanda abaixar,
como nos casos de 50% e 100% de desconto, a migração é vantajosa em todo o
período analisado. Isso se dá devido ao baixo consumo, e ao valor mínimo de
faturamento da demanda. Como o diferencial do mercado livre de energia é,
principalmente, a tarifa de consumo, tem-se que quanto maior o consumo de
energia, maior a economia em relação ao mercado cativo.
76

A fim de revelar o valor limite da tarifa de consumo para a viabilidade da


migração, foi realizada a simulação com valores de tarifas de R$ 0,22 a R$ 0,52
(R$/kWh), sem a aplicação de tributos. Adotando o valor de R$ 100.000,00/ano de
economia para que a migração seja viável, geraram-se os gráficos abaixo:

R$400.000,00

R$350.000,00
Economia (Demanda 640 kW)
R$300.000,00

R$250.000,00 Economia (Demanda 730 kW)

R$200.000,00 Limite de Viabialidade

R$150.000,00

R$100.000,00

R$50.000,00

R$-

Figura 17 - Análise de Migração – Desconto 0% na demanda

R$700.000,00

R$600.000,00
Economia (Demanda 640
kW)
R$500.000,00
Economia (Demanda 730
R$400.000,00 kW)

Limite de Viabialidade
R$300.000,00

R$200.000,00

R$100.000,00

R$-
R$0,23

R$0,36
R$0,22

R$0,24
R$0,25
R$0,26
R$0,27
R$0,28
R$0,29
R$0,30
R$0,31
R$0,32
R$0,33
R$0,34
R$0,35

R$0,37
R$0,38
R$0,39
R$0,40
R$0,41
R$0,42
R$0,43
R$0,44

Figura 18 - Análise de Migração – Desconto 50% na demanda


77

R$900.000,00

R$800.000,00
Economia (Demanda 640
R$700.000,00
kW)
R$600.000,00
Economia (Demanda 730
kW)
R$500.000,00
Limite de Viabialidade
R$400.000,00

R$300.000,00

R$200.000,00

R$100.000,00

R$-

Figura 19 - Análise de Migração – Desconto 100% na demanda

Constata-se que na primeira hipótese (0% de desconto na demanda) o limite


para o valor da tarifa de consumo está entre R$ 0,31 e R$ 0,32. Na segunda
hipótese (50% de desconto na demanda), chegou-se no valor de aproximadamente
R$ 0,41 e R$ 0,43 para as demandas contratadas de 640 kW e 730 kW,
respectivamente. Já na terceira hipótese (100% de desconto no valor da demanda),
tem-se aproximadamente R$ 0,50 para demanda de 640 kW e R$ 0,53 para
demanda contratada de 730 kW.
Com base nos valores obtidos, conclui que a migração do consumidor para o
mercado livre de energia em questão é favorável, uma vez que fica claro a economia
em caso de migração. Porém é necessária uma análise econômica mais profunda
do mercado de energia, pois devido ao tempo de carência de retorno para o
Ambiente de Contratação Regulada (ACR), caso ocorra alguma anomalia no
mercado de energia elétrica, e o preço da mesma dispare, tal migração se torna uma
manobra financeiramente arriscada e pode acabar sendo inviável.
78

11. CONCLUSÕES

Em relação à análise da modalidade tarifária a qual o consumidor em estudo


está enquadrado, foi provado numericamente que está adequado, pois como a
demanda também é alta no período de ponta, não se torna viável a migração para a
tarifa horária azul. Voltando para a proposta de alteração do contrato de demanda,
verificou-se que a demanda contratada esta abaixo do adequado, fazendo com que
os custos com taxa de ultrapassagem atingisse uma quantia significativa, sendo
assim, foi proposto a alteração do contrato para 730 kW. A ação para mudança de
contratos de demanda e alteração de enquadramento tarifário é gratuita e pode
representar uma grande economia no valor final a ser pago para a concessionaria.

Também visando a redução de multas por ultrapassagem no consumo de


reativo, a análise de viabilidade de instalação do banco de capacitor, para correção
do fator de potência atingiu uma taxa de retorno do investimento atrativa,
aproximadamente 2 anos. A Implantação do banco de capacitor automático traz
retornos financeiros significativos para o consumidor.

A proposta de implantação do grupo moto-gerador merece uma atenção


maior, pois a taxa de retorno não é muito atrativa, aproximadamente 6 anos, e
também por depender de um parâmetro externo, o preço do óleo diesel no mercado.
Tais dados fazem o risco do investimento ser alto.

O estudo de migração do consumidor para o ambiente de contratação livre,


teve como objetivo estimar a economia em caso de uma migração imediata. Porém
além da análise de gastos com consumo, demanda, TUSD, entre outros gastos, é
necessário a realização de uma previsão do mercado de energia, devido à
dificuldade que se encontra no retorno para o mercado regulado.

As análises em estudo neste trabalho são de estrema importância para os


grandes consumidores de energia elétrica, pois proporciona a visão de fatores que
podem culminar na redução de custo com energia elétrica. Portanto, deve-se fazer
esse tipo de análise de forma regular, visto que as condições de cargas são
dinâmicas, ou seja, sempre vão mudando.
79

12. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FUGIMOTO, S. K. Estrutura de Tarifas de Energia Elétrica – Análise


Crítica e Proposições Metodológicas. Tese (Doutorado), Escola Politécnica
da Universidade De São Paulo, São Paulo (SP), 2010.
2. CARÇÃO, J. F. C. Tarifas de Energia Elétrica no Brasil. 2011. Dissertação
(Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2011.
3. FLOREZI, G. Consumidores livres de energia elétrica uma visão prática.
Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia) , Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
4. SOUZA, H. P. D. Comercialização de energia elétrica na visão do
Consumidor potencialmente livre: uma abordagem Baseada em
dinâmica de sistemas. Dissertação (Mestrado em Engenharia) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
5. ANDERSON, G. A. Tarifação de Energia Elétrica, Projeto Final de
Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Paraná, Paraná (PR), 2006.
6. BRANDÃO, C. B. Metodologia de Regulação e Composição da Tarifa de
Distribuição de Energia Elétrica Brasileira. Monografia de Ciências
Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC),
2015.
7. SILVA, L. N. A EVOLUÇÃO DAS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA PÓS
2° CICLO DE REVISÃO TARIFÁRIA. 2009. Monografia de Ciências
Econômicas, Unicamp, Instituto de Economia, Campinas, São Paulo, 2009.
8. GASTALDO, M. M. O Setor Elétrico, Direito em Energia Elétrica, 2009.
9. PIRES, J. C. L.; PICCININI, M. S. Modelo de regulação tarifária do setor
elétrico. Revista do BNDES, Rio de Janeiro (RJ), 1998.
10. ELETROBRÁS – Manual de Tarifação da Energia Elétrica, Agosto/2011.
11. CPFL, Mercado Livre de energia. Disponível em: <www.cpfl.com.br>.
Acesso em: 22 de Novembro de 2015.
12. MERCADO LIVRE DE ENERGIA, Visão Geral ACL x ACR. Disponível em:
<www.mercadolivredeenergia.com.br>. Acesso em: 17 de Maio de 2016.
80

13. TRACTEBEL ENERGIA, Mercados Livre e Cativo de Energia. Disponível


em: <www.tractebelenergia.com.br>. Acesso em: 17 de Maio de 2016.
14. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução
Normativa nº 349, de 13 de janeiro de 2009. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 20 de Novembro de 2015.
15. ______. Resolução Normativa nº 414 de 2010. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 23 de Novembro de 2015.
16. ______. Resolução Normativa nº 418, de 23 de Novembro de 2010.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 22 de Novembro de
2015.
17. ______. Resolução Normativa nº 479, de 3 de abril de 2012. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 22 de Novembro de 2015.
18. ______. Resolução Normativa nº 482, de 17 de dezembro de 2012.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 22 de Novembro de
2015.
19. ______. Resolução Normativa nº 660/2015, de 28 de abril de 2015.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 01 de Novembro de
2015.
20. ______. Por dentro da conta de luz: informação de utilidade pública. 6.
ed. Brasília. 2013.
21. ______. Módulo 2. Revisão Tarifária Periódica das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 2.1, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
22. ______. Módulo 2. Revisão Tarifária Periódica das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 2.2, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
23. ______. Módulo 2. Revisão Tarifária Periódica das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 2.3, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
81

24. ______. Módulo 2. Revisão Tarifária Periódica das Concessionárias de


Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 2.4, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
25. ______. Módulo 2. Revisão Tarifária Periódica das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 2.5, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
26. ______. Módulo 3. Reajuste Tarifário Anual das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 3.1, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
27. ______. Módulo 3. Reajuste Tarifário Anual das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 3.2, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
28. ______. Módulo 3. Reajuste Tarifário Anual das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 3.3, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02 de
Novembro de 2015.
29. ______. Módulo 3. Reajuste Tarifário Anual das Concessionárias de
Distribuição de Energia Elétrica - Submódulo 3.4, PRORET. Disponível
em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 02
Novembro de 2015.
30. ______. Módulo 6. Demais Procedimentos - Submódulo 6.8, PRORET.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em:
22 de Novembro de 2015
31. ______. Módulo 7. Estrutura Tarifária das Concessionárias de
Distribuição – Submódulo 7.1, PRORET. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 07 de
Novembro de 2015
32. ______. Módulo 7. Estrutura Tarifária das Concessionárias de
Distribuição – Submódulo 7.2, PRORET. Disponível em:
82

<http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 07 de


Novembro de 2015
33. ______. Módulo 7. Estrutura Tarifária das Concessionárias de
Distribuição – Submódulo 7.3, PRORET. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=702>. Acesso em: 07 de
Novembro de 2015

You might also like