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Escola Inglesa das Relaçoes

Internacionais- Aula 11
Martin White- Pai da escola inglesa: perspectiva histórica

Bull foi orientado por White

“H. Bull- A sociedade anárquica (1977)”  Contexto de crise de identidade de identidade


dos tradicionalistas de modo geral
 Bull queria defender o tradicionalismo
ESCOLA INGLESA DAS R.I

 A escola inglesa compreende uma série de teóricos ingleses e perdura até os dias de
hoje como uma importante tendência de análise das Relações Internacionais
 Credita ao direito internacional e suas normas formadas podendo e positivada ou não
como um dos elementos fundamentais para descrição das relações internacionais
vindo das influencias tradicionalista.

Bull vai fazer algumas concessões de elementos liberais dando importância : justiça
internacional, direito internacional e instituições internacionais/ sem abrir mão dos núcleos
duros dos realistas: os Estados

“Não é só anarquia, não é só cosmopolitismo” -> são chamados de realistas softs ou 3ª via

Carr- polariza liberais e realistas e a escola inglesa se encaminha como meio termo:

Hobbesiana: anarquia, estado de guerras. (realistas)

3 TRADIÇÕES: Kantiana: comunidade internacional e a ideia do cosmopolitismo (liberais)

Grociana: 1-Jogo parcial distributivo 2- comercio 3-imperativos lei/moral

 Bull se coloca na terceira via : a tradição grociana (Hugo Gricius)


 A tradição grociana: inclui a importância do direito internacional como substrato da
sociedade internacional que ele irá caracterizar como anárquica.-> Não é um sistema
anárquico, mas uma sociedade anárquica:

Sociedade anárquica: Por mais que haja elementos de sociabilização, esses elementos não
são chegam ao ponto de conformar um estado supranacional capaz de exercer governo. Existe
a ordem, mas não o governo. O elemento da anarquia se da pela ausência dessa autoridade
central acima dos estados capaz de criar e impor as regras de convivência entre os estados, é a
ausência de “um estado acima dos estados” capaz de delimitar o estado de natureza e eliminar
a anarquia.
 Sem anarquia não há soberania (autonomia) ou sistema internacional, pois é a
soberania que é definidora das unidades de analisa de um sistema, que é os Estados
 É a preservação da soberania é interna e externa são mantidas quase que inteiramente
pelos Estados nacionais. A soberania interna é máxima autoridade que os estados têm
para regular domesticamente as relações e dos regimentos entre os cidadãos. O grande
elemento da soberania doméstica é a possibilidade de formular as leis e a legitimidade
para proteger e garantir a soberania interna através do monopólio do uso da força.

A anarquia é a garantia das duas soberanias: Se há um estado supranacional que impõe as


regras o Estado não possui sua soberania afetada no sentido da capacidade de total autonomia
decisória.

Não há sociedade sem Sistema Internacional: A partir da perspectiva da escola inglesa Bull
faz é uma análise das sociedades primitivas, uma recuperação histórica para dizer que há
sistemas que conformam sociedades, mas não ha sociedades sem sistema internacional. Ele
usa os exemplos nas comunidades primitivas para mostrar que havia elementos de
sociabilização antes do experimento do Estado moderno, inclusive elementos de punição
através de direito consuetudinário.

Hobbes: sociedade anárquica-> impossibilidade de convivência, extrema preocupação com a


própria sobrevivência - > necessidade de um governo supranacional pelo contrato mediado
por um leviatã. Analogia: Os estados estão limitados pela sua preocupação de sobrevivência.

Bull coloca limites na analogia interna Hobbesiana:

 O Estados não são tão vulneráveis em relação a violência física quanto os indivíduos
Hobbesianos.
 A vulnerabilidade do Estado é diferente da vulnerabilidade do indivíduo. A ausência
de um governo supranacional não significa ausência de todas as atividades
 Sob a ideologia do estado de natureza Hobbesiano o que leva os indivíduos assumirem
o contrato social é o medo, o interesse pela sobrevivência. No plano internacional essa
motivação é diferente por mais que não haja o contrato social, todas as formas de
convergência de atitudes relacionadas ao comportamento dos Estados acontecem
menos pelo medo e mais justamente pelos ganhos de interesses em comum (se
aproxima mais do estado de natureza lockeniano) - >crítica indireta à teoria realista.

“Não há uma guerra de todos contra todos e não há também em uma paz kantiana”

Bull nega o raciocínio que coloca a ideia Hobbesiana dessa analogia interna-os indivíduos
estão para o contrato social e o leviatã, assim como os estados estão pela ausência desse
leviatã, a anarquia internacional.

A partir disso se encontra a perceptiva dessa relação internacional para além de uma guerra de
todos contra todos- e a ideia da sociedade internacional que vai existir sem que a soberania
seja integralmente sacrificada. A soberania interna e soberania externa é o reconhecimento
coletivo da autonomia e independência dos Estados no plano internacional e não interferência.

Bull: Sistema internacional - a existência de unidades políticas autônomas que têm


consequências recíprocas de um Estado pra outros-relacionamento direto

Relacionamento indireto-por meio de um terceiro estado

Na medida em que a S. I incrementa a teia de relacionamento fica cada vez mais densa a
partir disso Bull afirma que para além desse sistema internacional temos a sociedade
internacional, não existem apenas estados que se coexistem e possuem alguma importância
uns para os outros, mais do que isso há configuração de algo para além das somas das partes:

 A sociedade internacional está para além do sistema internacional porque o nível de


interação entre os Estados formam algo denso que vai além da soma dos próprios
Estados, e possui uma dinâmica própria que vai ser modelada e vai moldar o
comportamento dos Estados que é justamente a sociedade internacional, muito ligada
a ideia da ordem.

Pilares da sociedade internacional:

1-Valores e interesses divergentes

2- regras e instituições comuns

3-manutenção da própria ordem

Bull vai perguntar: como podemos dizer que há uma sociedade anárquica de guerras de todos
contra todos quando na verdade temos um refinamento nas relações internacionais a ponto de
termos a evoluções do direito e organizações internacionais?

Bull vai trazer da análise dos exemplos históricos mostrando que os Estados conformam a
sociedade internacional porque tem interesse na manutenção da ordem, analogia entre ordem
social e internacional.

Ordem social:

Trilogia da ordem internacional com origem no pensamento liberal:

1-vida

2-verdade

3-propridade

 Estar em sociedade admite a sobrevivência física, a ideia da reciprocidade do


cumprimento dos acordos, e a própria preservação e estabilidade das posses.

Ordem internacional: garantia mínima da existência, pluralidade e independência dos Estados,


Maior objetivo da ordem: evitar um Estado imperial. O Bull vai dizer a própria paz é objetivo
da ordem, mas a paz como uma ausência da guerra que possibilita os outros objetivos da
ordem. A própria ordem internacional presume os objetivos em geral da ordem domestica, o
cumprimento dos acordos e direitos são importantes. A não interferência dos estados sobre o
outro e respeito a soberania territorial dos estados.

E a partir desses preceitos fundamentais os estados vão fundamentar os interesses da


sociedade internacional, é a partir da busca dos objetivos da ordem internacional que a
sociedade internacional se estabelece.

Sociedade Internacional # Sociedade Mundial

Sociedade Internacional Mundial: natureza da sociedade: interestatal. Essa sociedade que


surge dentro da Europa que passa da sociedade cristã -> europeia -> para se tornar
mundializada.

Sociedade mundial: relações acontecem no espaço mundial a partir não da mediação dos
Estados mas diretamente entre os indivíduos e autoridade mundial (perpectiva kantiana ao
extremo: direitos universais que coloca a ação de direitos e deveres uns aos outros)

Instrumentos de manutenção das ordens: instituições e organizações internacionais,


considerando os indivíduos como atores pois tem peso no resultado final da interação, o fato
de existirem organismo internacionais alteram a ações do Estado e alteram a ordem
internacional.

Instituições da sociedade internacional hábitos e praticas visando objetivos comuns no âmbito


internacional. São praticas para manutenção da ordem e da própria sociedade internacional. A
guerra e a diplomacia são uma própria instituição internacional -> objetivo comum básico que
é a própria manutenção da politica S.I, mediar às relações entre estados estabelecendo e
defendendo valores e interesses comuns, como por exemplo, a soberania.

Os Estados só estabelecem as regras porque tem interesses em comuns porque tem valores
comuns, e são a partir disso que vão construir instituições que irão ser aceitas coletivamente
entre os Estados.

ONU- só é possível na medida em que os estados aceitam valores em comuns e objetivos em


comuns-> paz e segurança internacional (valores subentendidos assumidos coletivamente).

 As sociedades envolvem instituições internacionais diferentes porque mudam com o


tempo porque os valores mudam.

Evolução do S.I.

 Sociedade Internacional Cristã (Sec XIV- Sec XVII)


 Delimitada geograficamente as relações internacionais se limitam aos apenas atores
europeu ( e seus valores e interesses)- Inicio da construção dos Estados nacionais.
 Antes mesmo de ser europeia era cristã, a cristandade era o valor prevalecente que
delimitava o pertencimento dos países, auto pertencimento e identidade (dualidade
civilidade cristã e barbárie) regras e normas da sociedade ligada do ethos cristão
delimitando a legitimidade política.
 Não existem instituições bem estabelecidas, sem uma diplomacia bem estabelecida.
 Não existiu a perspectiva de potencia hegemônica havendo a própria coexistência
dessas organizações pre modernas e a existências de uma remanescente entidade que
era o papado com organização forte cuja autoridade não vem necessariamente do
reconhecimento de todos os Estados e vem cada vez mais perdendo esses status de
autoridade supranacional capaz de influenciar a politica, sendo cada vez mais
contestada justamente com abolição da centralidade religiosa (Paz de habsburgo- cada
rei sua religião)

 Sociedade Internacional europeia


 Reconhecimento dos Estados como atores da R.I: “Estados nacionais modernos e
soberanos”
 E com ele vem uma serie de princípios: soberania, não interferência, reconhecimento
mutuo, e passam a se relacionar e se reconhecer apenas dentro da região europeia
 Há um consentimento dos Estados como iguais dentro de seu relacionamento e vão ser
mediadas pela diplomacia e a guerra.
 Reconhecimento de fato que algumas potencias europeias eram determinantes para o
equilíbrio de poder, o conserto europeu é a materialização do reconhecimento desse
principio que alguns Estados exercem um papel mais importante

 Sociedade internacional mundial


 Inicio do processo de descolonização: ampliar sociedade internacionalmente na
medida em que se reconhece a autonomia dos Estados
 Europa-> Mundo
 Unidade fundada pela cultura da modernidade
 Religião foro intima
 Organizações populacionais e trocas diplomáticas
 Sociedade internacional mundial  processo de descolonização descaracteriza a
sociedade internacional europeia  reconhecimento da autonomia dos Estados
internacionais  expansão da Europa para o mundo, identidade que não é mais
delimitada pela nação europeia  cultura da modernidade
 H. Bull  A Sociedade Anárquica (1977)  Escola Inglesa
 Os autores da escola inglesa são considerados desdobradores do realismo
clássico  questão da moralidade, justiça/direito internacional e instituições
internacionais
 Ordem  social (vida, verdade, propriedade)
 Sistema de Estados  contínua expansão
 Sociedade de Estados:
o Regras
o Instituições
o Valores/interesses comuns
 Ordem internacional x ordem mundial:
o Preservação
o Independência/soberania
o Paz
 3 tradições:
o Hobbesiana – estado de guerra
o Kantiana – cosmopolitismo, comunidade potencial
o Grociana – sociedade  jogo parcialmente distributivo, comércio,
imperativos lei/moralidade
 Sociedade internacional cristã (XV – XVII)
 Sociedade internacional europeia (XVIII – XIX)
 Sociedade internacional mundial (XX - )
 Base cultural = modernidade
 Atores  Estados +
 Fontes Direito (positivo + natural)
 Manutenção ordem (ONU + Potências)
 Críticas à analogia interna (diferenças na essência)  Hobbes
 Manutenção da ordem:
o Instituições: formular, comunicar, administrar, interpretar, aplicar, legitimar,
adaptar, proteger as regras
o Não há governo, mas há ordem (conduta, seguindo objetivos elementares)
o Hábitos e práticas visando objetivo comum  colaboração permanente
o Estado
o Equilíbrio de poder/guerra
o Direito internacional
o Diplomacia
o Papel das grandes potências
 Ordem vs. Justiça  subjetividade, moralidade, diferentes tipos de justiça
o (in)compatibilidade = justiça  ausência de consenso, seletividade,
mediação pelos Estados
o Prioridade?
o Busca da Justiça leva à desordem?
o É possível ter justiça sem ordem?

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