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FREUD, Sigmund. Recomendações ao médico que pratica a Psicanálise (1912). In: Obras
Completas volume 10: Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado
em autobiografia (“O caso Schreber”), Artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913).
São Paulo, Companhia das letras, 2013.
Nesse contexto, que procedimentos o analista deve tomar para lembrar-se dos
elementos da associação livre, tendo em vista que não é indicado fazer nota destes nas
sessões? Freud sugere que as anotações dos conteúdos verbalizados pelo analisando sejam
feitas após as sessões, não durante. Ao longo do tratamento, cabe ao médico escutar
atentamente as verbalizações do paciente sem preocupar-se em anotar coisa alguma,
entregando-se à sua memória inconsciente. Os conteúdos ordenados da associação
permanecerão na memória do médico, enquanto os desordenados emergem a posteriore, na
medida em que o paciente traz novos conteúdos ligados a estes. Além dos fatos supracitados,
ressalta-se que as notas podem constranger o paciente, inibindo suas associações durante o
processo.
Em seguida, o autor compara a postura dos cirurgiões com a dos analistas, ressaltando
que estes devem deixar de lado seus afetos e concentrarem sua energia em tornar o processo
mais competente possível. Além disso, empreende uma analogia entre a escuta do analista e
os receptores de telefone, afirmando que:
(...) ele (o analista) deve voltar seu inconsciente, como órgão receptor,
para o inconsciente emissor do doente, colocar-se ante o analisando
como o receptor do telefone em relação ao microfone. Assim como o
receptor transforma novamente em ondas sonoras as vibrações
elétricas da linha provocadas por ondas sonoras, o inconsciente do
médico está capacitado a, partindo dos derivados do inconsciente que
lhe foram comunicados, reconstruir o inconsciente que determinou os
pensamentos espontâneos do paciente. (FREUD, 1912/2013, p. 116;
grifo do autor).
Freud afirma que os analistas não devem passar atividades aos pacientes, bem como
assumir uma postura pedagógica diante deles. Além disso, acredita que a aprendizagem
pessoal dos pacientes, isto é, a vivência dos efeitos do tratamento se constitui em um saber
superior ao que é exposto na literatura psicanalítica. Por isso, preferia que seus analisandos
não lessem suas obras, enfatizando que a experiência pessoal, decorrente da análise, garantirá
um saber mais fértil do que o que toda a literatura psicanalítica poderia ensinar-lhes.