You are on page 1of 127
N. TNS a an Sena emer Me Te Teco Mee Sn Ca te mT Ute Mn We oul mn Cuma nn) demonstrar como 0 mada de produsia escravista Co are ae Meso oO PO ae UUM om ae eu Re etme ele eid cotrangulavam o nosso process de desenvolvimento ee SEO mn aCe oa Pe MERU Un ec ucer me Coto oan trite lc ee me COC en meme Oi Moe el tc arg eee oe ire et ea eee eke ec + Comunicaydes * Direito * Economia = Educagio Oe rene) ee eet Mem Tat ae Kut) SRR Seem Oey Se ea ULL mand BRASILEIRO @ ip2aoe efi SRE naa oc 34 CLOVIS MOURA SOCIOLOGIA DO NEGRO Diego Banjomin Abdela Junior Samnira Youssef Campede i Proparagii do texto Ivany Picasso Battata Srordenagie de composiobe jon ey ‘elds Hiromi Toyota Cape soy Lao ISBN €5 08 079337 088 ‘Todos 04 dhaltes reservados Editora Auica 8. Tal. (PAB) 378 End. — Rua Barto de iguane, 110 2 — Calin Postal OHA pr8lico "Baminre” —~ S80 Paulo Sumario Introdugao i! Parte Teorias & procura de uma pratica Os estudos sobre 0 negro como refiexo da estru- tura da sociedade brasitelra " 1, Pensarmento social subordinado eee | 2.0 racism ¢ a ideologia do sutoritarisma ——————— 0 3. Repetese na fieratura a jmagen: exereotipada do pensamiento xc — — 8 4. 0 dilema @ as aliernatives = » Notas ¢ refertncias bibliograficas ——— ET IL.Sincretismo, assimilacao, acomodagao, acultu- tagdo @ uta de classes 1, Amuopologia ¢ neoeolonialigma ‘Do “primidivismo fetichista” 3 Assimlloglo para acaber com a caltura colomizada 4 4 Acateuragdo wbstita a tuts de Notas ¢ refertncas Wblogréficas Il. Miscigenagdo e democracia racial: mito @ reall- dade —— Negseo da idendade Genie 2. Btnolopizacdo da histéria ¢ eicamoteagio da veaidade social — 5 Estrategia do imobilismo toda) 4.0 Brasil teria de ser branco ¢ capitatisca ‘5. Eniiega de mercadoria que nfo podia ser devolvida, 5. Das Ordenapdes da Reino & atualidade: 0 negro discrininads 9S Notas e referéncias bibliogrifieas AO IV. © negro como grupo eepeciica au dlferenciado em uma socledade de capitalismo dependente ___ 109 1.0 negro coma cobaia vociolégiea __ 109, 2. Grupos especificns ¢ diferenciados_ 116 | 3, Grupos especificas versus socied ade global | Um simboto Iibertieio: Exu 5. Fatores de resistencia 8. Um exemplo de degradagio Notaa e referdncias Bibliograficas 2? Parte A dinamica negra ¢ 0 racismo branco 1. Sociologia da Repdblica de Paimares __ 159 1. Preferiram ‘a lberslade enive as feras que a sudelple entre os j Nagel Cibicts Ate Cae oes —— 18 i | A oie aaiaine camera ae Tonto yet” bites 4. Erolnglo dh economia palmar 8 2etes fh eo iene ee ey, ite toe ——— “Mifay + alainarthe © eps a Rp, th ot 8. Palmares: uma nagdo em formasio? ____ 181 an Rese eertryca-an — it I. O negro visto contra 9 espelho de dois analistas 187 | ‘are coat earpur uaa ea 1, Um luxe permanente de ettudos sobre 0 negro —_____ 187 © negro consiruis: wm pals para os brancos, 2S coon sane es ert cote ae House Nasco 43. Da visio apetronada & rigiéez cemificista 195 Notas o referdncina bibliogrifisas ae ee Il. A imprensa negra em S40 Paulo__204 1. Rages a exists de un tmprenss negra 208 2. Uma trajetria de herofin 206 3. Do negro bemcomportado & descoberta da “Face” _ He 4, Do lsolamento ico & paricipagio poliiea__. 213 Notas ¢ referéncias biblioaraficas ———— — Tim WV. Da insurgéncia negra ao escravismo tardio _ 218 1. Modernizagto sem mudanga ___ 218 | 2 Rasgosfundamencais do excrevisme braslvo pleno (1550/1850) 220 & Significado social da insurgéncia negro-escrava —__ 222 onperidade, excraviddo e tebeldige 226 LOdequisectmia ay 6.0 despaste politieg 200 | 7A sindrome do medo «2 | 8. Rasgos fundamentals do escravismo tardko (1851/1888) 236, 9. Encontea do esteavismna tardio com a capital monopotisia._ 239 10, Operdrios ¢ escravos em lutas paralelas u45 Novas ¢ yeferdncins bibliogréfieas 28 Introducdo Este tiveo & a sintese de mais de vinte anos de pesquisas, cursos, palestras, congressos, simpétios, observacko ¢ andlise da situacio & perspectivas do problema do negro no Brasil, 0s seus diversos niveis, as pasicdes dos grupos ou segmentos que eompdem a comunidade negra, a ideologia branca das classes dominantes ¢ de muitas cama- das da nossa sociedade. Fa2 parte, também, do nosso contato & par- ticipagao permanente na solugio do problems racial ¢ social brasileeo, Procura dar resposta a essa problematica em dols nivels. © primeiro 80 tebrico. Nele apresentamos diversas propostas de critica epistemoldgica A maicria dos trabalhos de cientistas socisis tradicionais sobre a si- tuagiio do negro em nossa sociedade, Procuramos reanalisar algumas FormulagSes conceituais j4 muito difundidas na érea académiea, sem- Dre, ou quase sempre, repetidoras de cosreates tedricas que nos vem de fora ¢ quase nunca correspondem aquilo que seria uma citncia ca- paz de enfrentar — como ferramenta da pritica social — esses pro- blemas sempre escamoteados mo seu nivel de competi¢io ¢ conflite social ¢ racial. © segundo nivel de abordagem procura, através do método histdrico-dialdtico, analisar alguns aspectas especificos do problema abordado, objetivands dar uma visio diacBniee e dindmica de mes- 1_nseenuods mo até 0 cruramento das Iutas dos cécraves com as da classe operdria ‘taquela fase que chanamos de eseravismo tardio. Tomuando como ponto de partida a Republica de Palmares ¢ fa ‘endo aandlise de trabalho sobre ascravidio, abordamos, também, a imprensa negra de Stio Paulo, apés a Abotivao e cheyamios, con- forme jd dissemas, no conceito de escravismo tarddio no tltime capie tulo que trax subsidios para se encender no apenas 0 period do trabalho escravo, mat, também, como 6 negro s¢ organizou poste. riormente, inclusive nos seus grupos especfficos, Abre perspectivas, também, para que se possa entender alguns traumatismos da atual Sociedade brasileira ‘O negro urbano brasileiro, especialmente do Sudeste © Sul do Brasil tem urna trajetbria que bem demonstra os mecanismos de bat- ragem émica que foran estabelecidos historicamente contra ele na so- cledade branca. Nele estilo reproduridas as estraréglas de seleso eitabelecidés para oper-se a qué ele tivesse acesso & patamates privi- Iegiados ou compensadores soclalmente, para que as camadas bran- cas (Sinica ¢/ow socialmente brancas) mantivessem no pasado & mantenham no presente @ direito de ocup4-los. Bloqueios estraitgi- 0s que comegam to prbpric grupo familia, pastam pela educaglo primdria, aesoola de peau médio até universidade; passam pela ros- trigho ne mercado de trabalho, na selegio de empregos, no nivel de saldrios em cada profissfo, na discriminag#o velada (ou manifesta) fem certes esparor profissionais; passam também nos coniaies entre ‘x08 oposios, nas barreiras acs casamentos interéinicos ¢ também pelas restrigdes anihiplas durante todos os dias, meses ¢ anos que re~ presentam a vida de um negro. E, como dissemos, ums trajetdriasignificativa neste sentido por- ‘ave reproduz de forma dindmica ¢ transparente os diversos niveis de preconceito sem mediagbes kleoldgicas pré-montadas como a da de- ‘mocracia racial; demonstra, por outro tado, como a comunidade ne- grt ¢ ndo-branca de um modo geral tem diticuldades em afirmar-se no et cotidiano como sendo composta de cidados e nfl como apre- sentada através de esteredtipos: como seymentos atipicos. ex6ticos, fiihos de uma raga inferior, atavieamente eriminosos, preguirasos, oeiosos ¢ trapaceiras. Em Sko Paulo, com a dindmics de uma socisdude que desen. volven ai¢ as tikimas conseqittncias os padrdes ¢ normas do capita- lismo dependence, tendo a competiglo selvagem somo ventro de sua dindmica, podemes ver como, no mercado de trabatho, cfe sempre, : venopueko segundo expressiio de um sindicalista neyro durante 0 1 Encontro Bs. ‘adual de Sindicalistas Negros, realizado em $80 Paulo, em 1986, ““é 0 Hitimo a ser admitide e © primeiro a ser demitido’’, Este quadro ‘iscriminatério, eujos decalhes serdo apresentados no presente lito, restringe basicamente o comportamento do negro urbana, quando ele ndo aeupa o-espago universitario ou pequenos espaces burveriiticas ‘A grande massi negra que atualmente ocupa as favelas, invasdes, cor- tigas, calgadas a noite, dreas de mendicineia, pardieiros, prédios aban- donados, albergues, apraveitadores de restos de comida, ¢ por exten- soos marginais, delinglentes, ladres contra o patriménio, baixas prostitutas, lumpens, desempregados, horistas de empresas multina- lonsis, eatadores de Iixo, lixelras, domésticas, Faxinelras, margari das, devempregadas, alsodlatras, assaltantes, portadores das neuroses das grandes cidades, malandtos ¢ desinteressados no trabalho, encontra-se em estado de semi-anomia. Essa grande masta negra — repetimos —, sstematicamente bar- ‘aula socialmente, airavés de insimeros meosanismos ¢ subterfgios €3- tratégivos, colocada como 0 resealdo de uma sociedade que ja tem grandes franjas marginalizadas em conseaiitneis da sua extrutura de capitatisme dependente, ¢ rejeltada ¢ estigmatizada, inclusive por al- guns grupos da classe média negra que ndo entram em sontato com cla, niio Ihe transmitem identidade ¢ consciéncia ¢tnicas, finalmente ado a accitam como o eentro nevralgico do dilema racial no Brasil ¢, com isto, reproduzem uma ideologia que justifica vé-la como peri- fitica, como @ negativo do préprio problema do negro. ‘A sociologia do negro é, por estas razGes, mesmo quando escri- {a por alguns autores negros, uma sosiologia branca. E quando es ‘revemos branca nie queremos dizer que © autor € negro, branco, muito, mas queremos expressar que hd subjacente um conjunto con: ceitual Branco que ¢ aplicado sobre a realidade do negro brasileiro, come s¢ ele fosse apenas objeto de estudo ¢ ndo sujeito dinimico de uum problema dos mais importantes para o reajustamento estrutural da sociedade brasileira. Como podemos ver, 0 pensamento social bra- sileiro, 8 nossa literatura, finalmente 0 nosso e7hos cultural em quase todos os seus niveis, est impregnado dessa visdo alienada, muites veres paternalista, oulras vezes pretensamente imparcial, O proprio negro da classe médin introjetou esses valores de tal forma que, em um simpésic sobre o problema racial, ouvimmos de um socidloge me- gro a afirmagdo de que cles deviam preparar-se para dirigirem a5 mul- tinacionais que operam no Brasil. ““Por que no?" dizia ele, sem _tuso0uc%0 ber, ou possivelmonte sabendo, que a General Motors sé contrata rabalhadores negroscome horistas, sem nenihuma garantia, sem pos- sibilidades de fazer carreira, isto &, so escolhides para desempe- tnharem aqueles trabethos sempre considerados su/os, dndignos hue middantes. Eats falta de perspestiva que impede ver-s¢ a ponte entre 0 pro- blems do negro ¢ 05 sstruurais da sociedade brasileiza, ito &, supor- se que 0 negro, através da cultura, poderd dfrigir unsa maultinacional, bem demonstra o nivel de alienagio sociol6gica no raciocinio de quern exp8e.o problema desta forma, O problema do negro tem especifici- dades, particularidades e usa nivel de problensdtica muito mais pro- fundo do qué 6 do trabathadar braneo. Mas, por outro Indo, esta 4 ele ligndo porque ndo se poders resalver o problema do negro, a sua discriminacto, o preconeeito contra el, finalmente.o racismo bra- sileiro, sem atentarmos que esse racismo nilo ¢ epifenoménice, mas tem causas econdmicas, sociais, histérieas ¢ ideolgiens que alimen- tam oseu dinamismo atval. Umi negro diretor de uma multinacional ésociologicamente um branco. Tera de conservar a discriminag0-corie {ra oncgro na divisio de trabalho inverno da empresa, terd de execu tar suas normas racistas, e, com isto, deixar de pensar como negro cexplorado e discriminado ¢ rcprostuzis no seu comportamneato empre- ial aquilo que um executive branco também faria. ‘A anticolagdo do problema nico com o sociale poiitico-€ que alguns grupos negros nto estfo entendendo, ow procuram no enten- der para se bencficiarem de cargos burocréticos ¢ espacas aberios pa 14 os membros qualificados de uma inflma classe média branqueada. Guerreiro Ramos teve oportunidade de enfatizar © perigo de se criar uma ‘‘socfologia enfatada”. E tememos que alguns clementos negras a0 coneluirem a universidade, ao invés de se transformarem em ideS- logos des mudaocas soctels que irl solvcionar 0 problema racial no. Brasil, assimilem of valores idealégicos dessa sociotogia ealatada, © _que levied o negro a continuar sendo-cobaia socioldgien daqueles que dominam as ciducias sociais tradicionais: beaneos ou negros. ‘Como se pode ver, no quero que ela, quase toda ela estruturada através de modelos tebricos e postulades metodologicos vindos de fora, abstém-se de estabelecer Ht IUD Wane kG Ce RERLEND a KitmUTLDA on SOCMDADR BULAN uma préxis eapaz dedeterminer parimetros conchusives ¢ nomas de sede para a sotughode problema sacial brasileiro nos seus dhersos niveis ¢ implicagdes Tomando-se cimo precursores Perdigitio Matheiros ¢ Nina Rar ues, podemos ve que 0 primeira absteve-se na sua Hsia da sscravidée de aptese:tar uma solucdo para o problema que estudou, ravés de medidas ndicais, ¢, 0 segundo, embebido c desiumbrado pela cigncia oficial e:ropéia que predominava no seu tempo e vinha para o Brasil, via 0 acgro como biologicamente inferior, transtetin. do para ele as causascla nosso atraso social, Em Nina Rodrigues po- demos ver, jd, essa caracteristien que até hoje perdura nas ciéncias socinis do Brasil: a subservineia do colonizado aos padedes ditoscien- tificos das metrépoks doninadorss A paitir de Nina Rodrigues os estudos africanistas, ov assim ebamados, s¢ desenvolvem sempre suberdinados a métodos gus nllo conseguem (nem pretendem) pensirar na esstncla do problema para fentar resolvé-lo cieitificamente. continuadorde Nina Rodrigues, Artur Ramos, conforme ve: remos em capitulo ssbseqtiente, recorre it psicanilise, inicialmente, eno método histdrico-cultural americano, para penetrar naquilo que elechamava de omunclo do negro brasileira, A visio culturalisa trans- feria para um choque ou harmonia entre culturas as contradigdes so Giais emergentes ou as conciliagdes de classes. Antes de Ramos, Gilberto Freyre antecinava-se na elaboragio de uma interpretagao s0- ‘cial do Brasil através das eategorias cosa-grande ¢ senza, colocando 9 nossa eseravidio eomo composta de senhores bondosos e escraves submissos, empatieamente harménicos, desfazendo, com isto, # pos: aibilidade de se ver 0 perlode no qual perdurou o excravismo enire 1n6s como cheio de contradigdes agudas, sendo.que a primeira ¢ mais importante ¢ que determinava todas as outras era a que existia entre senhores ¢ escravos © mito do bom scahor de Freyre € uma tentativa sistemitica ¢ deliberadamente bom montada ¢ inteligentemente arquitetada para interpretar 25 contradicdes estruturais do eseravismo coms simples epis6dio epilérmico, serm importancia, ¢ que nilo chegaram a desmen- existéncia dessa harmonia entre exploradores ¢ éxplorados du- Fante aquele perfodo, ‘Convém salientar que a geragdo que antecedeu a Freyre nilo pric maya pela elaborago de um pensamento isento de preconceitos con tra 0 negro. PRRSAMrITe SHC1AL SURORMIADA We (O desprezo por ele, mesmo come objeto de citncia, fol domi- nante durante muito tempo entre os nossos pensadores sociai, Silvio Romero constatou 0 fato escrevendo: Multa estianhazs cousaram am vAsion rods nacionata.o haverem 38:0 Histone da iteratura #08 Estudos sobre a poesie popular breaiere ‘tamendo contra o olvda proposital ete nas leas naclonals 28s. pelto do contingents aircane ¢ protestands contra 4 Injustign dal rained. (.) Ningude Jarnals quis eabelo, am obediénola xa prejuize dor, 20m med de, em mostiando simpatia ery qualquet gra par {00 imerso elemento da nossa popunpse,passar por descendentes Ge race eftcana, de passer por mestipo!., Ea vordade nus 6 ‘ais do excravinmo como simples epiaédio sem ieportincia, que nfo cshegaram a desmentir a enisténcia dessa harmonia entre explorado~ res cexplorados. Finelmentc podemos compreender por que toda uma seragllo que sucede a de Freyre psicologiza o problem do negro, sendo ‘que grande parte dels € composts de psiquiatras como René Ribeiro Gongalves Fernancies, Ulisses Pernambucano © proprio Artur Ra- ‘mos. Salve-se, nesse perfodo, a obra de Edison Carneiso, autor que procurou dat uma visd0 dialétiea do problema racial brasileiro, 2. © raciame © & Todos esses trabathos procuravam ver, es: ideologla do tudar ¢ interpretar o negro nfo. como um @utortarisma = ser socialmente situado numa determinada ‘estrutura, isto €, como escravo e/ou exe scravo, mas come simples componente de uma cultura diferente do ethos mcional. Daf vermos tantas pesquisus seren: realizadas sabre © seu mundo religioso em nivel etnogréfico ¢ sobre tudo aquile que implicava diferenca do padrao ocidenial, ido como normativo, «tio poucos estudos sobre a situasto do negro durante a sua trajetéria his- (Orica e social. Minimiza-se por isto, inclusive, o ntimero de eseravos entrados durante o trdfico negreito, fato que vera demousuar come ‘esses estudos, conforme ja dissemos, assessoram, conseiente ou in ‘conscientemente, ¢ municiam a subjacéncia racista de grandes cama- das da populacdo brasifeira, mas, especialmente, 0 seu aparctho de dominagdo. Nao mostram a importéncia social do trifico € no aCe HA WHO LOOIA BO AUTONRARLINE aL Procuram (na sua maioria) demonstrar como a importancia sociold- fica do trdfico ndo se cifra a0 niimero de exeravos importados, mas tna sua relevdncia estrutural o que permite os seus efeitos se eviden- clarem em grapos ¢ instituisies da sociedade ave foram organizados exatamente para impedito, jdque, a partir de 1830, @ fico era ofl- cialmentc considerado ilegal, Neste particular, Robert Edgar Conrad * mostra como toda & méquina do Estado passa 2 servir de mantenedora ¢ protetora deste tipo de comércio, citando a taxa au comissio que os fuizes recebiam (10,804) para liberar as cargas de escravos ilegalmente desembarca- os. Mas, nfo era apenas o poder judiciério 0 conivente com 0 trifi- {20 criminoso; 6 segmento militar participa também ativamente, de raodo especial a Matisha, que tinha papel substantive na repressio fo txifico negreiro. Nele estavans envolvidos os mais significativos fgurdics ¢ personalidades importantes da época: juizes, politicos, litares, padres ¢ outros segmentos ou grupos responsaveis pela Hor. mmaiidade do sistema, Em 1836, por exemplo, um certo capit&o Vasques, comandante da fortalera de $80 Joao, na entrada da bala do Rie de Janeiro, transformou-a em urs depésito de escravos, Politicos apoiavam ¢ co viviam abertamente com os traficantes. Manoel Pinto da Fonseca, um dos mais notdrios conirabandistas de escravos, era companteiro de jogo do ehefe de polfcia e foi elevado u Cavaleiro da Ordem da Rosa Brasileiea, honsa imperial concedida por D. Pedro TL Esta atitude sistematicn de defesa ideoligica ¢ empirica de um trdflco ilegalizado por peessio da Inglaterra e pelas autoridades bra sileiras nfo s¢ dava acidentalmente, porém. Era uma decorréncla da propria essincia daestrutura do Estado brasileiro, Sem se fazer ums andlise socioS6gica ¢ histérico/dialética da seu conteddo nfo pode- mos entender esses padres de comportamento da elite politico” tministrativa da €poca. Por nto fuzerem esse tipo de andlise dialética, certos historiadores académicos chegam a falar em uma “‘democra- cia coroada”" (Joho Camilo de Oliveira Torres) para caracterizar @ reinado de Pedro IJ. No entanio, como toda Estado de uma socieda de excravitta ele era inteframente fechado a tudo aquilo que poderia ser chamado de democracia, Durante toda a existencia do Estado bra- sileiso, no regime escravista, ele se destinava, fundamentalmente, a manter ¢ defender os interesses dos donos de eseraves, Sito quer di- er que © negro que aqui chegava coercitivamente na qualidade de semovente tinha contra si todo o peso da ordenagio juridica e militar 2 _csesrubea scan kono cin Hert ED Da sr DA OCEDADE RRASIETE do sistema, e, com iso, todo © peso da estrutura de dominacto ¢ ope- ratividade do Estade O historiador AntOnio Torres Montenegro elaborou, no part cular, um exquema qoe explica muito bem 0 contesido do tipo de Es tado escravista moniequico/constitucional e quabo seu papel efuncio. Diz ele: Esta (a estruturtdo Estado mondrqulcofescravists) so carseteriza po la igldez 0:pelarnicbilidace. isto se pode evidenciar ema multos ov toe sepectoscons: aescolha de eeitares scendidatos,feltaconforme ‘mere de rend 0 que axstul granda parcola da populagdo, faio que 4 luta abolelonita Roraando lure multes eacravoa) «0 prosesso de naturaiizagto de migrates tera 2 corigr a intarvencae aireta 40 aovernc nee eleydee da Chmare, sempre ee formance malerins parle Imentares comrespon dentes aos gablnstes: s excalha deur sanador vl talllo entre 08 que compuniam a lista tripice, feito pao Pager ‘Moderedor, em lungde de cildios peasouis; aexisténcia, no interior 18 settuura de jedor, db umn nagmrent witalico, 0 Consélhc do Ea ‘do (constituldo ¢© 12 membros} © 0 Sanat (constituldo ce 60 mam. br08) qué, apetr de todis a2 crises, permenecla ne poder « #4 ‘Sonatitulam na base politica do Poder Modoradr.* Esse tipo de esrutura de Estado (desptieo na sua esséncia) ak tamente centralizade ¢ tendo como espinha darsal ¢ suporte perma: ‘neste dois segmentos vitalicios (0 Conscibo de Estado ¢ © Senado) foi montado priorltarlamente para repsimir a luta, entre 05 essravos € aclasse tenhorial. Ndo foi por aeaso, por isto mesmo, que o Brasil fosse 0 Ultimo pals do miindo a abolir a escravidko. (O-que caracteriza fundamentalmente esse periodo da nossa his- X6ria Social 4 a luta do eseravo contra esse aparetho de Estado, E é, por um indo, exalamente este eixo contraditério e decisério parm a udanga social que é subestimado pela maioria dos gocidlogos ¢ his- loriadores da Brasil, os quais se comprazens em descrever detalhes, em pesquisar minudéncias, exotismos, encontrar analogias, fugindo, esta forma, & tentativa de se analisar de maneira absaagente ¢ cin tifiea as caractertsticas, 08 graus de importincia social, econdmica, cultural e pottica dessas lutas. Toda uma literstura de acomodacao sobrepde-se aos poueos clentistas soviais que abordam essa dicoto- mia basica, restituinde, cam isto, ao negro escravo a sua posture de agente social dinkinico, no por haver criado a riqueza contumt, mas, ccxatamente pelo contrario: por haver criado mecanisenos de resistén- cia e negacto ao tipo de sociedade na qual o criador dessa slqueza +a slienado de tado @ produto elaborado. “nse P 4 HCOLOOLK DO ALTONITARISNO 33 Em vista disto a imagem do negro tink de ser descartada da sua dimensio humana. De um lado havia necessidade de mecanismos poderosos de repressio para que ele permanecesse naqueles espagos sociais permitidos e, de outro, a sua dinémica de rebeldia que a iso se opunhs, Dal anccessidads de ser ele colocade como irracional, as mas mtirudes de rebeldia. como patologia social e mesmo bioldgica ‘0 aparelho ideoldgice de dominagdo da socledade eseravista ge- rou um pensameato racista que perchira até hoje. Como a estrutira da sociedade brasileira, na passagem do trabalho escravo para o livre, permaneceu basicamente a mesma, os mecanismos de dominagdo in: elusive ideoldgicos foram mantidos ¢ aperfeicoados, Dal o auroritaris- mmo que caracteriza 0 pensamento de quantos ou pelo menos grande parte das pensadores socials que abordam 0 problema do negro, aps 8 Aboticio. Vejase, por exemplo, Oliveira Vianna. Para ele o autor tarismo estava na razio direta da inferioridade do negro. Por isto de fende uma organizagao oligérquica para a sociedade brasileira, Diz Petas condigtes dentio das. quale ae procassou anoass focmagbo po {Wi estamos condenades As olgarquiss:e, ebarvanta, as ofgarqulat. exetem. Pode parece’ pacacoxal mas eume democracia como a not a, eins tim aio 9 nossa salvage, O nosso grande problema. como Molsse athures, no # acabar com as oligarqulas:¢ tranatorméiaa — Fazendo-0s paasarem 63 ava alual condo do olkaeraubns bronces para ‘uma nova condigto de oligarquias eaclarecidas. Estas cligarquias 08 ‘larecidas tenam. ent, realmente, a eipresséo da nica forma dade ‘moecacie posalvel no Brasi* Mas, segundo Oliveira Vianna, essas oligarquias, pars ascende. rem de Broncas esclurecidas teriam de se arianizar. Porque ainda para ele 8 nossa cllizagtio d obra exclusiva do homem brance. © nogro #9 Ir» ‘la, aurante o tengo proces 0-a noses formagao social, nfo dn, co- fe #6 vb, ds clagson superiores 6 dirigentes que realizam a obra do Civtizagto @ construgio, nenhumn elemento de valar, Um # outro for am uma massa peteive& improgiaesiva, sobra quatrabalhe, nem sem pre com Oxito fell, @ a980 modatadcra da rwca trance. ” ‘Toda a obra de Oliveira Vianna val nesse diapasio, Continua. 1a ideologiz do Poder Moderador de D. Pedro Il ¢ procura ordenar a nossa sociedade através da “‘selegio racial”. No € por acaso que ‘9 mesmo autor chega a elogiar as teorias racistas ¢ fascistas no plano politico, Esse autoritarismo de Oliveira Vianna é uma constante no pensamento social e ha um cruzamiento sistemstico entre essa visio antoritarista do mundo ¢ 0 racismo. 98 10006 soar o nemLG COMO KEFTING DA ESTRUTUR DA YOCiRONDE HASSLE Através de vices menos agrestivos, podemos ver que a defe- sa das cligarquias po peste de Gliveisa Vianna poderd fundirese & ddelesa dos senhores patriarcais de Gilberto Freyre. Em um dos seus livros, Preyre cscreve dofendendo, da mesma forma que Oliveira Vian- ma, a necestidade de seonbecermos realisticamente a fungi positi- va das oligarquias: No Brasil aa séeub passado, o8 publicistas « pollicos de tendénclan relermadoras, deftnsores mais de iotias e deis vagarmenteiberas ‘Que de reformas orrrospondentes A necessidades 0 hs condigces do 88a, pare eles dexconhecido, sempre excreveram @ falaram sobre oa problemas necieniis com um simplisrsinlanll. Para alguns dels 0 (Grande mel do Bra estava indistintamente nos grandes senheres: nos vagia9 dominiga; na supremacia do Corto nimero de tanniian. € pace Fetelver seas situseso beslava que ge faeesem lots eral. Apenas ito: leis Ibaraie(}. Os sannores de ongenho nBo constitulam um: ‘tents lagisiatve:t nha de descobrai-se em oxecutho.Oal ox "rei", vals" & aniig, dnkevindo na atiicade dos moradores.e escrewos, ‘que alguns doles pareceram a Totlenare. 0 wiajante france viv senho 96 Niscalzando Wabalhos: apradande a rlugsiba pret alunds Hap do& negras ano«mes, certos do prestigfo da vor @ do gesto,* As oligarquias de Olivelra Vianna tém muita semeinanga com os senhores de engenho idealizados por Gilberto Freyre, pois so as Formas diversificadas de um mesmo fenémeno. Ambos criaram € man= tiveram os suportes justificatdrios de uma sociedaée de privilegiados, xno Império ou na Republica. Entre os dois pensamentos hi uma cous- tanto: 4 inferiorizagio social ¢ racial do negro, segmentos mestigos ¢ Indios a exalcapo cultural ¢ racial dos dominadores brancos. Esta ligagdio entee racismo e autoritarisine € unia comstante no Pensamento sociat ¢ politico brasileiro, Outre socidlogo, Azevedo Amaral, um dos idedloges do Estado Nove, escreve: ‘A cniraca de corres Imioraorian de oigem europsia roeimenta ume das queetbes de malor imporncis na tase de evolucta qua staves somes @ nao na exagers stiemanse qua do némero de imipranies a ‘a branca que assimiiarmos. Nos prGimos dectinlos depend I ‘ante 9 fvture da naclonatidade(..) Uma andlisn ratrospnctiva do de- senvoivimente da economiabres|sira desde o time quartet do stculo XIK poem svidéncia um fato que alias nada tom de surpreenionie po ‘ave noe apenas reproduita em malores proporgdes wnda, 0 que |& ccae- ‘era een fags anteriores da evolvggo nacional, As resices para onde aftiramos contingantes. oe inegranites europeus receBeram vm Impulse roprous ta que a distanciou de tal modo dan toaas deslavorscidas de inlgragao que ealre as osimelras ¢ as Gitimas ee formaram aitaran- ‘gate nivel ecantmico © soclal, culga efeitos justiticam apreens CSD Ws LIFYRATINA A HIAOEEY ESTURKOTIPADA 09 PHIKAMENTE SOCIAL 38 6, Enguanto nas provinclas qué nBo receblam imigrantes ‘obparvava marcha lenin de Gosanvolvimento eoanemica sola), quande ago poattva estagnaggo do movimento progressive, a3 regides afortunadas a que lam ter em caudal continuas lavas de tra- ‘Sanadores outopeus Toram cameo os supreanantenWansomagc ‘ecandmices de que temas os exeriples maisimportantee em Sto Pe foe no Ric Grange do Su, Alls, ecenteceu ante nds o mesmo que 0" toda a parte onde ax nag roves surgeme prosperam com a eso beraqde 26 elomontos colontendares vindos 68 palane male adin {dou nabitacos por poves de racaa antropologloamerte superiores.t.) {© problema dire brasil ro ~ chavs do todo destino da nacionaidar de reouine-se 4 doteroinage Ga qual vied & ber 0 lator tiple ‘riseigens¢ae que 84040 opera queeaterk impor a aecendéncte {esutad definitive do eabseamanto, € claro que scrnente se tomar osaive! aasogurara-iérladinlca doa elamentosrepreceriailvor one faeas ¢ dn cultura da Europa se felorgaernos polo xo Conlin ue 380 Vor contingentes branes. Or obaticutos opcatot i imigrs¢to de or {Gem europbia ‘constitvem portanio ticuioades celiberadamente ‘rindas ao roforgamento dea valores éiniovs uperlores de culo prado ‘rinio final no ealsoamento deoendéen ae fvluras formas actraturals {Ea chilaagdo brasliots © as manttesiagdes do sau cetorin smo eco: nomic, goto, social eculura.{.) A noasa ainla eta longe de pe- {iodo tinal de crstalizagio. como acima ponderamos, oo mais altos Interesses saclonals impécm que 8¢ Taga entrar no pals omator nume- re-poctive! de elomantoe sinicos superores, a fim de que no epflaga ‘do ‘cakéeamento possamos alingk um Uo tecal Gapex de arcer om raponsabiondee de ume grande slivegte,* Isto era escrito logo depois da implantation do Estado Novo, ‘em livro elaborado para defendé-lo ¢ justificar 0 seu autoritarismo. ‘Como vemos hi um condlnuum neste pensanento social da inteti- sedacia brasileirn: 0 pols sera tanto mais elvlizado quanto mais bran queado. Esta subordinagio ieoldgica desses pensadorcs socials demonstra como as elites brasileiras que claboram este pensamento encontram-se parcial ou totalmente alienadas por haverem assimilade ‘edesenvolvido a ideologia do colonialismo. A este pensamento seguemmse medidas administrativas, poiticas © mesmo repressivas para estancer © luxe demografico negro ¢ estimular 4 entrada de brancos “‘civilizados"’. 3, Repete-se na literatura Este aspecto alienante que se a imagom estercotipada —encontrana literatura antropo- do pansamento social logica, histdrica esocioligica, © {que tam suas raizes socinis na estrutura despética e racista do apare- ose ypos ene GHD como HEFL Da ESERUTUNA DA SOCREDAE RAS EIBA tho de Estado escravista, ¢, posteiormente, na estrutura intecada da propriedade fundidria, encomtrase, também, na literatura de Fogo a época do escravismo, com desdobramentas visiveis e permanentes ands a sua extingao. ‘© mundo flecional, o imaghario desses romancistas ainda s- lava impregnado de valores brancos, o seu modelo de beleza ainda fa © greco-romano € os seus herds € heroinas tinkam de ser pautar dos por esses modelos, E a nossa realidade ficava desprezada como temdtica: os herdis tinkam de ser brancos como 0s europeus ¢a mas ‘sa do povo apenas pano de fundo dessas obras, Em (oda essa producio nentum personagem negro entrou ¢0- mo herdi. O problema do negro 0a literatura brasileira deve compor- tar uma revisto soclol6gica que sinda ndo foi feita. Quando surge literatura nacional romdatiea, na sua primeira fase, surge exatamente para negar a eristéncia do negro, quer socal, quer estticamente. Toda @ ago ¢ tudo o que acontece nessa literatura tem de obedeces 20s padtdes brurtcos, ou de exaltasdo do indio, mas um indio distante, ‘suropeizade, quasc um brance naturalizado indio. Ldealizagio de tn tipo de personagem que nao participava da tua de classes ou dos con fitos, como © negro, mas era uma idealizacio de fuga e escape para evadir-se da realidade sécio-racial que a saciedade branea do Brasit enfrentava na época. Era mais Rousseau ¢ romantisme de-"'bom vel- vagem”", quase um cavaleiro europeu, da que uma tentativa de-mos- trar a situaglo de exterminio do fndio brasileiro, Bra, de um lado, descartar o negro conto ser htimano ¢ herdico, para coloci-lo coma exotico-bestial da nossa literatura, ¢, de-outro, fazer-se uma idealiza- sho do indio em porigio a0 negro, Néo se abordava o indio que se exterminava nas longinguas dimensdes yeognificas daquela época des- truida pelo branco, © indio do romantisme brasileiro era, por tudo isto, uma farsa ideolégica, literdria © social, Era uma contrapartida {écll para se colocar 0 quilombols, 0 negro insurteto ¢ 0 revolucions. rio nogro, de um modo geral, como anti-herdi dessa literatura de fuga € alienasio. Esse indianismo europeizado entrava como em enclave ideol6gico necessério para se definir 0 negro como inferior ‘uma ertdticu que, no fundamental, colocava-o-de um lado como a negagto da beleza ¢, de outro, come antisherSi, como facinora ou coma subalterno, obediente, quase que ao nivel de animal coneluzide por reflexos. SMEpETEse KA LIMERATURA 4 IMAGEN ESTERESTIPADL DO PENEAMEILO SOCIAL 17 Temos 0 exemplo de Machado de Assis que escreve durante a escruvidio come se vivesse uma reaidade urbana evropéia, quere do branquear os seus personagens, herdis e heroinas. Toda a primei ra geracio roméntica, por isto mesmo, ¢ uma gerapao cooptada pelo aparelio ideoldaico ou burocrétiee do sistema escravista. Por isto mes- ‘mo ndo podiam criar uma literatura que refletisse 0 nosso ser cultu- ral, Tinham de ir busear de fora o8 elementos com ox quais repte- sentavam a sus forma de expressio ¢ de eriarao liter dria. Esereve ana. lisando esta situagfo estrutural Nélson Werneck Sodré: E interessante distinguir um sepecto & que temo conaodigo, em re (ra, steno diatanto, quando a concedemoe: aquole que ee reiare & Srigem de classe dos homens deletes, |& mancionade, de passagem, Higando-se agora ac detalne de fazerem tais homons de letras sau 0 {yd08 na Europa, © costume, préprie de clatee proprietida, de man dar ¢8 les estudat om Coimbra @, mais aGianta, nos centros unk ‘eradrios mets conheckdos,particulamente na Frenga, consttuia. no 6 um inequtvoce sina! do chansa, como oxaminno natural para a exe ‘a de talidade ds celénia6:d0 pal tho dNersa co ambiente amy que sm aptlmorar 08 conhacimantos e que Ines pareceriac model Insie petado. A shenaptio — que & olnda um tage de clance — oma vax qe ‘io podiam tals elementos soliarizar-sé com. um coro rapresentago, samagadora malcria, por spcravos @ iberioe pobres, am que a classe comaccial mal comegava 6 a6 defini 8 wra ete.com: 2o,cortaspondatia, no Tundo,a secretx sia de dstercar em cada wn ‘0-que Me perecia inferior, idemtficando-se com 0 madoke extend (8 fascinanta. E als elementos, 2vja formacso mental os eistanclava do ‘au pais, e, culas origens de classe 0s colocavem em contrastes cam ale, ipando-cs ao setrangeio, eran op que formavam + quares i Periele, quacroe a que o8 cursos juricicos atendiam: "Javentdo as Fas Cuidades de Direite eram ante-salaa da ctmere", conlorne observes Nabwoe, Por estas razées sociais toda a primeira gcracio romintica é uma ‘eracio cooptada pelo aparciho idcokégico ¢ burocratico do sistema escravista representado pelos diversos escales da poder, terminade ‘no Imperador. Goncalves de Magathaes, introdutor ofisialments do. romantismo poético, vai ser diplomata na Itdlia, tendo publicato © ‘cu primiro volume de versos ¢m Paris; Joaquim Manoel de Mace do sera preceptor da familia imperial; Gongalves Dias vive pesqui- sando na Europa as expensas de D. Pedro IT durante muitos anos; Manoel Ant6nie de Almeida com pouse mais ds vinte anos é nomes- do administrador da Tipografia Nacional, o que corresponderia hoje a diretor da Imprensa Oficial, ¢ José de Alencar, o maior fiesionista romintico (indianista), seré Ministso da Justiga cm gablucie do Impétio. | | | | 2_sTuDos sount.o Mune COL REFLES Ba REPKITURA ON SOCIEDADE weaStLNEA Tada essa ligaeo orglinica com © sistema irk determiaay ou con: dicionar, em graus muiores ou menores, 0 comelde dessa producio, Nas outras atividades olturais a subordinagio se repete ¢ a caso de Cars os Gomes ¢ conhecido: endo composto.a dpera O-escrava com libro de Taunay, foi fereuds a modifcito, substituindo 0 seu personagem Central, que era negro, por win essravo indio, Carlos Gomes também estava estudando ia Exropa através da mocenato do Imperador. Aqui cabe fazer sma distincdo: a literatura dessa época por ve~ 2es abords 0 eseravo wo seu sofrimento ou na sua lealdade, humilde Imultas ve2es, outras veoes querendo a sua liberdade. Os dernais s¢g- ‘enios cm que se dive a classe escrava slo também abordados; a nde preia, a mucama doméstica e até relagies ineestuosas cate filha de escrava com sinhotinho, filhas do mesmo pai. O que nessa lite. Fatura cst ausente ¢ oaegro come ser, coma homem igual ao brin- ‘so; disputando no seu espaco a sua afirmage como herdi ronnintico, Escreve, neste sentido Raymond S. Sayers: Als mesmo 0 santinonte-eeeravista gue originou vasta literatura no wh ula XVII na inglatera. ne Fiance © mesmo ea Alemanha de Hevoey 20m @ seu Keger Milan, esta ausante desta postica de bniiaggo, Em \reidade, ambora os negros poraassem bastaniementew panotamn se. Gial, 08 poetas prefedram ver apecas coms olnes 4a Imaginagdo nin. fas ¢ pastores ancantadoras, am vaz ds Ver a realidede ds steamvoo’y Imuintinhaa inquietos & andrajosos. Ha soanante dois powmas sm qua 28 Pages apareeem come Indiiduos, o Quifuble, de Jase Basta da ‘Gama. em que um negro nobee & 0 herdt, #9 Garemuru, do Santa Pita ur60, quo decica algunas astencas a0 episodio de Honviaue Dian. Fora disso, ne malcria dea rezen am que o negro apatece ness poesia, & Como mero pormbenor do ambiente, figure digna de piedade me egots- ‘ma molancotico de quem 8 = Outros exemplos poderiam ser dadot mas, ao que nos parece, ‘expusemos o suficiente pars demonstyar como essa literatura era Fepresentativa de um sistema social, o escravisma, ¢somente a partir da compreensao deste fato poderemos analisar em profundidade o seu conteido © 2 sua fungso, Uma excecto deve ser feita, no nosso entender, jé ma segunde fase do zomantismo: ¢ Castro Alves, provaveimente nico que tenha fessaltado na sua obra o papel social c ative do eseravo negro na sua ‘dimensiio de rebeldia, e na sua interioridade existencial, criando poc- ‘mas com personagens negros, Com Castro Alves o negro s¢ luumnani- 2a, dela de ser a besta dé carga ou o facioore, ou, entio, compo. snente da galeria de humithadas e ofendidos da primeira geragao, Cas- tro Alves é, por ista, o grande momento da literatura brasileira, pors ‘que coloca 6 negro escravo como homem que pensa ¢ teivindica, que ama ¢ Juta. Um exemple pare masirar a diferenca de universos so siais © extétios entre cle € Gonsalves Dias: Castro Alves escreve 0 seu grande poema "O navio negreito" sem aunca ter visto uma des- sas embareagSes, pols 0 tréfico foi extinto em 1850, enquanto Gon: salves Dias que teve oportunidade de vé-os As decenas, provavelmente fo S44 cofidiane, jamais © usu como temética dos seus verses. ‘Castro Alves poderia ter visto algum barco do trifico interpro- vinefal, mas nunca urs Aunbelro como ele descreve no seu poems. Por outro lado, quando esereveu "'Saudasdo a Palmares” os negros quitomboles ainda existiam ¢ eram cagados como criminoses, No-en- tanto, ele Inverteu os valores ¢, ao fnvés de apresentd-los como critsi- noses perturbadores, apresenta-os como herds Essa literatura orgdnica que funcionow como superestrutura ideologica do sistema ¢ argamassn cultural de manutenco que atra- ‘vessa 0 perfodo do escravismo e penetra na sociedade de capitalismo dependente que persis até hoje. Por isto, somente com Lima Barre: 10, que morre em 1922, 0 negro se redignifica como personager fic- sional, como ser humano na sua individuslidade. Depois de Lima Barreto, excepto feita ao romance Macunaina de Mario de Andra: de, na fase modernista, somente com 2 geraglo de 1930 ele aparece sem ser apenas componente ex6tico, sem interionidade, sem sentinen- Xs individuals, Surgem entdo, Moleque Ricardo, de José Lins do Rego. ¢ Ju- diate, de Jorge Amado, assim mesmo ainda relativamente folclori- zados. Mas, de qualquer forma, um avango no comportamente do imagindtio dos nossos escritores em relagao ao nearo, Dessa époce a diante ¢ que © negro Yai enirar mais detalhada ¢ amiudadamente na nossa novelittica. Mas a divida des nostos intelectuals ¢ roman- eistas em particular, para com o negro, ainda nfo foi resgatada, A consciénela erftica dos nosses intelectuais em relate ao problema ét- nico do Brasil em geral,.¢ do negro, no particular, ainda no se cris- talizou em nivel de ums reformulagio das cateporias ideolégicas cestétieas com as quais manipulam a sua imaginacdo, Aina $80 mui- to europeus, brancos, o que vate dizer idsologicamente colonizados. 4.0 dilema @ Toda essa produgio cultural, quer cientifica, as altemativas quer ficcional, que eicamotcia ow desvia do fundamental 0 problema do negro nos seus diversos niveis, desvinculando-o da dinimica dicocémica produzida 1209 10 son Neen Con HELENE OA KSTHUTURA 4 WOCIEDADO MLA pela lute de classes, na qual ele esti imserido, mas com paricula- idaces que o transforma em um problema especitico ou com espe= ficidades que devem ser consideraclas, fez com que pouco se acres- ‘santasse ds generalidades ow Iugares-comuns na sua mutaria ditos sobre le. Somente a partir das pesquisas patrocinadas pela Unesco, apis a Segunda Guerra Mundial, essas generalidades otimistas e ufanistas foram revistas com rigor cfentifico ¢ reanalisadas. Uma dessas gene- ralidades refere-se, constantemente, & existéncia de urna democracia racial no Brasil, exempio que deveria set tomado como paradigma para outras nagdes. Nos éramos o Laboratério onde se consegultt a solusdo para 08 problemas ¢tnicos em sentido planetiio, Os resul- tados dessar pesquisas, no entanto, foram chocantes para 0s adeptos desta flosofia racial, Constatousse que o brasileiro é alkamente pre- conceituoso ¢ 0 mito da demoeracia racial & uma ideologia arqui- {etada pare esconder uma realidade social altamente confltante ¢dis- criminatoria no nivel de relagies interéanicas, ‘Agueles conceitos de acomadapsi, assienilapto e aculturasto — conforme veremoy depois — que explicavam acudemicamente as lagdes raciais 20 Brasil foram ahamente coateslados e inicios-se um novo cicin de enfogue deste problema. Verificou-se, 49 coatririe, qué ‘a niveis de preconceito eram muito altes eo mito da democracla ra- cial era mais um mecanismo de barragem @ assensio da populagEo regia ans postos de lideranga ou prestigio quer social, cultural aw eco- némico. De outra shaneira nfo se poderia explicar a stual situagdo dessa populasho, o seu baino nivel de reuda, © seu confinamento nos sorticos ¢ favelas, not pardieiros, alagados e invasies, como ¢a sua situagdo no momento, __Bise mecanismo permanente de barragem & mobilidade social vertical do negro, com os diversos niveis de impedimento & sua as censilo na grande sociedade, multos cles invisivels, os entraves cria- dos pelo racismo, as limitagdes sociais que o impediam de ser um idadto igual a0 branco, c, finalmente, a defasagem sécio-historica giv frontal e permanentemente apés a Abolicao, como ci ida compor as grandes areas gangrenadas da sociedade do pitalismo dependente que substitu descravista, coda essa conste lasdo é-como se Fosse um viés complernentar, preferindo-se, por isto, claboracio de monogratias sobre o candomblé eo sang, assin mes so desvineulado do seu papel de resistincia social, cultural ¢ ideold- Be mes vston apenas como reminsetais religions tarda da No encanto, apos as pesquisas patrocinadas peia Unesco c que tiverum Florestan Fernandes ¢ Roger Bastide como responsiveis na cidade de Sao Paulo, L. A. Costa Pinto, no Rio de Janeiro, ¢ Thaies. de Azevedo, na Bahia, houve a necessidade de uma coor demas: te6 tea e metadoldgica por parte de alguns cientistas socials, destscando- 4¢, no particular, Florestan Fernandes, Octavio Lanni, Emilia Viotti da Costa, L. A. Costa Pinto, Cluvis Moura, Jacob Gorender, Lana Lage da Gama Lima, Luts Lalna, Décio Freitas, Oracy Nogueira, Joel Rife dos Santos, Carlos A. Hatenbalg e alguns outros que, preo- cupads no apenas com o tema académico, mas também com 0s pro- Dems dices emergentes na socledade brasileira € 0s possivels con- fitos raclais dai decorrentes, «sto tentando wma revisio do nosso passado escravista edo presente risial, social e cultural das popula gies negras do Brasil, Esta situngfo concreta ir criar nédulos de resistencia, tes8o ou conflites séclo-racistas, agudizando-se, especialmente, 0 preconceito de cor & medida que sertos sctores urbanos da comunidade negra co- mecam a analisar criticamente essa realidade na qual estilo engastados ‘¢ reagem contra cla. Desse momento de reflexdio surgem varias entida- des negras de reivindicacko, no apenas pesquisando dentro de sim- ples pariumetros académicos, mas complementando-os com uma pris atuante, Jevantando questoes, analisancio fatos, expondo ¢ questionanda problemas, e, finalmente, organizando o negro, através dessa reflexio critica, para que os problemas étnicos sejam solucionados. E uma converséncia tentada entre as categorias cientificas e a praxis que vem earacterizar altima fase dos estudos sobre-o negro. ‘O negro como ser pensante ¢ intelectual atuante articula uma ideolo- gia na qual unem-se a ciéncia € a consciéneia. Evidentemente que nao s¢ pode falar, ainda, em uma conscién- cia plenamente elaborada, mas de uma posicho critica em proceso de radicalizagio epistemologica a wdo, ou quase 1udo, 0 que foi fei= to antes, quando se via o negro apenas como objeto de estudo e mun- 2a come sujeito ative no proceso de elaboracio do conhecimento cientifico. Em face da emergéncia dessa nova realidade, muitos clentistas sociais académicos nio accitam, ainda, esta posigS como valida cien- tficamente, mas somente mensurdvel come ideologia, bundetra de dn- 1a, ponta de langa de acdo ¢ de combate. A unidade entre tooria € Driticn repugna a esses cicntistar que ainda niio querem permitir & intelligentsia negra participar do processo dialético do conhecimento. 2236s somo MND Cons RRTETXO HST HL TURA 04 9>HLOALI E nesta encruzithada que 0s estudos sobre o negro brasilcira se situam, Hé encontros e deseneontros entre as dieas tendéncias: de um lado a académica, universitaria, que postula uma ciéncia neutra, equi librada, semn inter feréncin de uma conscitncia critica e/ou revolucio- natia,¢, de outro, o pensamente elaborado pela intelectualidade negra ‘Ou outros setores étnicos discriminados ¢/ou conscientizados, (am bm interessados na reformulacao radical ca nossa realidade racial social. Exidentemente que esses movimentos negros esto comegando a elaboracdo do seu pensamento, nada tendo ainda de sistematico ou Uunitério, Muito pelo contrério, Isto, porém, nao quer dizer que seja ‘menos valide do que a producdio académica. pois ele & elaborado na prética social, enguanto 0 outro se estrutura e se desenvolve nos boratérios petrificados do saber académico. Podemos supor, por isto, dois caminhos diferentes que surgi. #40 a partir da encruzilhadn atual. Um se desenvolvers & proporso que a Lota dos negros e demais segmentos, grupos e/ou classes iate- ressados na reformuliglo radial da sociedude brasileira se ditami- zarem politica, soelale cientifieamtente, Do outro lado continuard = produpio academica, cada ver mais distanciads da prética, sofistica- de ¢ unddina. Esta produpio acadéstica cvidentermente estudard, também, co mo elemento de laboratoria, © pensamento dindmico/tedical elabo- tado pelos negros na sua lula contra a discriminagio racial, o an fabetismo, a injusta distribuigdo da renda nacional nos seus ni is soeiais ¢ étnicos. Ela chamard de ideofdgiea a proposta dessa prética polities, cuitural, social e racial, No entanto, e#fe peasamento novo, elahorado pela intelligentsia negra (nie-obrigatoriaiieate pot negros), tem a vantagem de ser testado na pritica, enquanto petisamento académico servird apenas para justificar tifulos universitarios, Notas e referéncias bibliograficas 1 Rokizko, Sivio. Mstérie da Ieratura brosilelra, S.ed. Rio de Baniro, Jo- sé Olympio, 1983. $v, v. 1, p. 137-238, * RAMOS, Guerreiro, O problema do negro na sociologia brasileire, Cader: nos do Nosso Tempo, Rio de Janeiro, 2), 1934. Ver também RAMOS, Guerreiro. fndrodupde critica a sociologte brasifera, Rlo de Janeito, An des, 1957, fae REFHARBNGI AS MALIECOANCAS 3 > Rauos, Guerttiro, Loe, et * Dia Conrad: Os mais vistosos, notirios e ricas participants do trfica Hlegaleruin, naruralmente, os proprios mercadores de escravos, proprieiie ios de froias de navios, de dispendiosas © ostentoyas casas na cidade © propriedades de campo, de depésieos na costa do Brasil e harracdes pa Ag 13, chefes de um exercito de seguidores e subordinados,¢ frequemtemente amigos imtimos da elite de plantadores ¢ governadores, Polay raates men- ‘Gonadas dela, 4 cocedade brasleia nfo menosprenava estes nepocian- tes de seres humanos. De fato, 05 novos contrabandistas descnvolveram ‘uma aura ronatica cm forno se mvlios contempordincos por eeu desafio ‘20s brtdnicos bem como por soas stividades iréguleres e pécigbsas. Le- limente aqueles que se ressentiam da inverferéncia briinica ¢ suspets> ‘yam da sun motivacto (que na verdade estava longe de sor pura) para tgueles que sereditavam que ot mercadoves de escravos rcalizavam tn se ‘ipo ersenclal 40 Frail ¢ tua economia agricola, 0 teaficaites eram ho= sens honrados merecedores de titwiog ¢ condecoractes, e da amizade © rexpeite dos politicos mais poderosos". (Conran, Robert Edgar. Tam deiros, Sto Paulo, Braslense, 1985. p. 120.) 9 MontENEORO, Anténio Torres. O ehicantinhamento politico do fim da es- ‘eraviddo (Disseracio de mestrado). Campinas, Unicamp, 1983. Mineo arafado, Viana, Olivera. fastitwicdes poilticas do drasi. Rio de Janeiro, Jone lympidy 1949, 2 V, Ve 2, Bs 28. __ Bvolesto do pov brasiera. 4. ed. Rio ae Janeiro, Jose Olyraplo, 1986. p. 158. Sobres conexo entre o persamento racsta de Oliveira Vianna «© Sua defesn do auiorlarismo € importante a conaulta do trabalbe de Jerboa Medeiros “Lmteodugto a0 estado do pensamento politica autoritd- ‘ho Benileiro 1914/1918" especialmente 6 iter 5 “*Raciseno & Elites” do capitulo I “Oliveira Vianna’ (Revisia de Ciéncia Pauitiea, Rio de Janeie 10, FOV, 172), Jun, 1974), Ver tamblm, no particulars Visuna, Evade ‘Atparo, Oliveira Viannad O estado corporative, Sio Paulo, Grijlbo, 1976, passim. "FREES, Gilberto, Regide esradicto, Rio de Janeio, José Obympio, 1941, b. 1747. AmaRaL, Azevede, O Ertade awtorddrio ¢ a relidade macional. Rio de Janciro, Foré Olympia, 1938, p. 2304. 'Sopré, Nékon Wemneck. Histria ia Nieratira brosifeirt(Seus fundamnen- tos eeanémicos). 3, ed. Rio de Janeiro, Jest Olympic, 1960. p. 19: *Lsayees, Rayenond S. © negro aa lterarura brasteire, Rio de Janeiro, Ee. ‘OCruatiro, 1958. p. 110. Cf, ambem no mesmo sentido, poréin com po sigbes mais radicals do que Sayecos BROOKSIOAW. David. Rapa ¢ cor na f- ‘eratura brasileira, Bio Grande do Sul, Mercado Abstie, 1992, Passini.

You might also like