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LÍNGUA
Tomando como referência um artigo publicado por Maria Augusta
Amaral e Amândio Coutinho em 2005, “Inovação, teoria e prática no
ensino bilingue de crianças surdas”, vou tentar falar um pouco sobre o
processo de aquisição do Português como segunda língua.
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Pereira decidiu enveredar por uma educação bilingue, essa transição só aconteceu
após um ano de formação de docentes e técnicos. Durante esse ano, os professores
de Língua Portuguesa tiveram formação em LGP e em metodologias de L2,
enquanto os formadores surdos tiveram formação em pedagogia para poder
ensinar LGP.
A implementação do Português como segunda língua não é fácil, pois sem
uma formação e sensibilização adequadas corremos o risco de os professores
continuarem a dar as suas aulas como sempre o fizeram, só que com outro nome.
E em termos de língua, a utilizarem o Português gestualizado em vez da LGP.
Mas o mais grave de tudo e o que continuará a inviabilizar a obtenção de
melhores resultados académicos para os alunos surdos é a falta de uma verdadeira
intervenção precoce, seja na escola, seja na família. Esse é o pilar da educação de
surdos, sobre o qual tudo o resto assenta.
Bibliografia:
Amaral, Maria Augusta & Coutinho, Amândio (2005) “Inovação, teoria e prática
no ensino bilingue de crianças surdas”, in Orquídea Coelho (Coord.) Perscrutar e
Escutar a Surdez. Santa Maria da Feira: Edições Afrontamento.
tags: intervenção precoce, português segunda língua
publicado por Maria do Céu Gomes às 00:48
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6 COMENTÁRIOS:
Agradeço a resposta pronta e informada. Concordo em absoluto com tudo o
que diz. Mas infelizmente, ainda que se consigne na lei o direito à educação
bilingue, não vejo, na prática, mecanismos eficazes nesse sentido... Mas devagar...
Á LGP é a língua natural do Surdo, ainda que não seja a sua Língua
Materna, por isso, mesmo que no seio familiar ele não tenha tido exposição à LGP
creio que deve fomentar-se na escola a sua aprendizagem e contacto. Claro que
não podemos substituir a família, mas se começarmos logo ao nível do Ensino
Básico talvez ajudemos a formar indivíduos mais capazes e, sobretudo, mais
felizes.
Mais uma vez, agradeço a resposta e simpático mail . Comecei na LGP por
curiosidade e conveniência de serviço , mas estou cada vez mais interessada e
fascinada por esta língua.
Isabel Correia
Isabel Correia a 13 de Julho de 2009 às 22:18
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Concordo totalmente com o que aqui é dito pela Doutora Isabel Correia.
Creio que é por demais conhecida a minha posição a essa "treta" de L1 e L2,
relativamente às Pessoas Surdas.
O que eu considero importante é que todas as Crianças tenham acesso a
TUDO , como qualquer outra Criança, pois por muito que uma Pessoa Surda
domine a sua Língua Natural (Língua Gestual) não possuindo um mínimo de
conhecimentos básicos da Língua utilizada pela Sociedade Ouvinte que a rodeia (a
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nível escrito e/ou falado...), JAMAIS TERÁ UMA AUTONOMIA PLENA NA SUA
VIDA.
Armando Baltazar a 14 de Julho de 2009 às 11:49
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Já aqui referi várias vezes que quando falo em Surdos neste blog, me estou
a referir aos surdos profundos pré-linguísticos que nunca tiveram contacto com o
som. Para esses a língua gestual é a sua língua natural e a primeira língua. Não há
dúvidas.
Isso não quer dizer que ignore que existe uma grande heterogeneidade de casos na
surdez. Claro que há. Para um surdo pós-linguístico, a língua gestual não é a
primeira língua, embora muitos a acabem por adoptar como tal.
Temos ainda os surdos severos, moderados, ligeiros… Mesmo dentro dos
graus mais profundos, há indivíduos com mais ou menos resíduos auditivos, o
que se reflecte em resultados e opções diferentes, tanto em termos de opção
linguística, como em termos de opção educativa.
Dentro de toda esta diversidade, cada indivíduo é livre de escolher o seu
caminho. Uns sentir-se-ão melhor com uma opção, outros com outra. Nem todos
se identificam com os valores da comunidade surda ou com movimentos como o
“Deafhood”, o “Deaf awareness” ou o “Deaf pride”, mas ninguém é obrigado a ir
por aí.
Não sendo surda, identifico-me com aqueles que encaram os surdos como
pertencendo a uma minoria linguística e cultural, com uma identidade e cultura
próprias. É uma posição, a minha. Isso não quer dizer que ignore outras
perspectivas. Este é um blogue aberto, podem-nos fazer chegar testemunhos de
outras experiências.
Maria do Céu Gomes a 15 de Julho de 2009 às 09:12
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Cara Cyborg...
Tem o pleno direitod e discordar... Eu próprio, surdo pós-locutivo e oralista
embora totalmente integrado na Comunidade Surda, por vezes entro em "choque"
com os meus pares relativamente a esta questão.
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Mas atenção NINGUÉM PODE DISCORDAR QUE UMA CRIANÇA
NASCIDA SURDA TENHA UMA LÍNGUA NATURAL´BASEADA NO VISUAL:
A LÍNGUA GESTUAL.
Cumprimentos.
Armando Baltazar a 17 de Julho de 2009 às 12:42
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