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DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS

Aula 00 - Aula Demonstrativa


Prof. Pedro Ivo

Aula Demonstrativa – Ano 2018


Direito Penal
Noções Introdutórias e Princípios
Professor: Pedro Ivo

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Caros concursandos de todo Brasil, sejam bem-vindos!

É com grande felicidade que inicio mais este curso aqui no Ponto, com foco
total na sua aprovação!

Antes de tudo, para que me conheçam um pouco melhor, farei minha


apresentação.

Meu nome é Pedro Ivo, sou servidor público há 18 anos e, atualmente, exerço o
cargo de Auditor-Fiscal Tributário no Município de São Paulo (ISS-SP).

Iniciei meus trabalhos no serviço público atuando na Administração Federal, na


qual, durante alguns anos, permaneci como Oficial da Marinha do Brasil.

Por opção, comecei a estudar para a área fiscal e, concomitantemente, fui


aprendendo o que é o “verdadeiro espírito de concurseiro”, qualidade que logo
percebi ser tão necessária para alcançar meu objetivo.

Atualmente, após a aprovação no cargo almejado, ministro aulas em diversos


cursos do Rio de Janeiro e de São Paulo, sou pós-graduado em Auditoria
Tributária, pós-graduado em Processo Penal e Direito Penal Especial e autor dos
livros “Direito Penal – Questões comentadas da FCC”, “Direito Processual Penal
– Resumo dos tópicos mais importantes para concursos públicos” e “1001
Questões Comentadas – Direito Penal – CESPE”, todos publicados pela Editora
Método.

Agora que já me conhecem um pouco, posso, com certa tranquilidade, começar


a falar de nosso curso.

Em primeiro lugar é importante que desde já firmemos uma parceria em busca


dos 100% de acertos em sua PROVA. Digo isto porque espero, nas próximas
semanas, poder estar conversando com vocês sobre o Direito Penal em suas
casas, no trabalho, no metrô, no ônibus, enfim, em qualquer lugar em que
vocês estiverem lendo as aulas.

Trata-se efetivamente de uma conversa, sem formalismos desnecessários e


objetivando o maior grau de assimilação possível.

Nosso curso será no método QP, ou seja, Quase-Presencial.

“Mas professor... Eu nunca ouvi falar neste tal de “QP”, o que é isso?”

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É o método através do qual eu apenas não estarei fisicamente na sua frente,


mas buscarei com que se sintam em uma sala de aula, aprendendo a matéria
através de uma linguagem clara e objetiva, voltada para a sua aprovação.

Cada aula será composta de 40 a 60 páginas, com exceção da demonstrativa.


Ao término de cada encontro, apresentarei exercícios comentados (com foco
na sua banca) a fim de fixar a matéria.

Para finalizar essa nossa primeira conversa, lembro que todas as dúvidas
poderão ser sanadas no fórum e que qualquer crítica ou sugestão poderá ser
enviada para pedroivo@pontodosconcursos.com.br.

Bom, agora que já estamos devidamente apresentados e você já sabe como será o
nosso curso, vamos começar a subir mais um importante degrau rumo à aprovação!!!

Bons estudos!!!

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Sumário

1. Direito Penal – Noções Introdutórias .......................................................................5


Objeto e Classificações ............................................................................................................................. 5
Princípios ................................................................................................................................................... 6

2. Lei Penal .........................................................................................................................................10


Conceito ................................................................................................................................................. 10
Interpretação da Lei Penal ..................................................................................................................... 12
Lei Penal no tempo ................................................................................................................................. 13
Retroatividade e Ultratividade ............................................................................................................... 17

3. Resumo ............................................................................................................................................20
4. Exercícios .......................................................................................................................................21

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AULA 00 – DIREITO PENAL - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS / LEI


PENAL

1.1 DIREITO PENAL – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

De acordo com o autor José Frederico Marques, o Direito Penal “é o conjunto de


normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e
disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a
aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em
face do poder de punir do Estado”.
Resumindo, o Direito Penal é o ramo do direito público que se destina a
combater os crimes e as contravenções penais, através da imposição de
uma sanção penal. Aqui, surge um primeiro questionamento importantíssimo:
Qual a diferença entre crime e contravenção?

CRIME X CONTRAVENÇÃO

Para encontrar a diferenciação entre estes dois termos tão utilizados, devemos recorrer à
Lei de Introdução ao Código Penal, que dispõe em seu artigo 1º:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Logo, do exposto, podemos resumir:

CRIME PENA DE RECLUSÃO OU DETENÇÃO (isoladamente, alternativa ou


cumulativamente com multa).

CONTRAVENÇÃO ISOLADAMENTE PRISÃO SIMPLES OU MULTA.

RECLUSÃO X DETENÇÃO X PRISÃO SIMPLES – APENAS PARA CONHECIMENTO

Na prática, não existe hoje diferença essencial entre reclusão e detenção. A lei, porém,
usa esses termos como índices ou critérios para a determinação dos regimes de
cumprimento de pena.

Se a condenação for de reclusão, a pena é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou


aberto.

Na detenção, cumpre-se em regime semi-aberto ou aberto, salvo a hipótese de


transferência excepcional para o regime fechado.
A prisão simples é prevista para as contravenções penais e não para crimes. Pode ser
cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto, não sendo cabível o regime fechado.

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Dizemos que o Direito Penal é um ramo do direito público por ser composto de
regras aplicáveis a todas as pessoas e por ter como titular exclusivo do direito
de punir o ESTADO.

1.1.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

O Direito Penal brasileiro é regido por uma série de princípios, cujo estudo
aprofundado e exata compreensão são de suma importância para um bom
aprendizado dos assuntos que estão por vir.
Segundo o doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro


alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas,
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema
jurídico positivo". (grifo nosso)

Vamos, a partir de agora, analisar os princípios do Direito Penal que serão


importantes para a sua PROVA:

 PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL  Uma das características de vital


importância do Direito Penal brasileiro é o chamado princípio da reserva
legal, o qual encontra previsão não só no art. 1º, do Código Penal, mas
também na Constituição Federal. Observe:

Art. 5º [...]

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;

O princípio da reserva legal não é sinônimo do princípio da


legalidade, senão espécie. A doutrina não raro confunde ou não
distingue suficientemente o princípio da legalidade e o da reserva de
lei.

O primeiro significa a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro


da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir

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que a regulamentação de determinadas matérias devem ser feitas,


necessariamente, por lei formal.

Segundo o Professor DAMÁSIO E. DE JESUS:

"(...) O princípio da ou de reserva legal tem significado político, no


sentido de ser uma garantia constitucional dos direitos do homem.
Constitui a garantia fundamental da liberdade civil, que não consiste
em fazer tudo o que se quer, mas somente aquilo que a lei permite. À
lei e somente a ela compete fixar as limitações que destacam a
atividade criminosa da atividade legítima. Esta é a condição de
segurança e liberdade individual. (...) Assim, não há crime sem que,
antes de sua prática, haja uma lei descrevendo-o como fato punível. É
lícita, pois, qualquer conduta que não se encontre definida em lei penal
incriminadora.”

 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE  Este princípio tem base no já


citado art. 5º, XXXIX, da Carta Magna e estabelece a necessidade de
que o CRIME e a PENA estejam PREVIAMENTE definidos em LEI.
Aqui cabe um importante questionamento: Durante o chamado “vacatio
legis”, período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor, já
pode um indivíduo ser punido?
A resposta é negativa, e para o nosso curso lembre-se sempre de que:

A LEI PENAL PRODUZ EFEITOS A PARTIR DE SUA


ENTRADA EM VIGOR. NÃO PODE RETROAGIR, SALVO SE
BENEFICIAR O RÉU.

 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA  Este princípio surgiu com a


ideia de afastar da esfera do Direito Penal situações com pouca
significância para a sociedade. Observe um pronunciamento do STF
sobre o tema:

STF - HC 92961/SP
A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da
ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
inexpressividade da lesão jurídica constituem os requisitos de ordem
objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância.

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Mas e se, por exemplo, Tício furta um grão de arroz de Mévio, podemos
afirmar que o princípio será aplicado e, portanto, a tipicidade afastada?
A resposta é negativa, pois o simples fato de um objeto ter um
reduzido valor patrimonial não quer dizer que ele não é importante
para quem o detém. Explico: Imagine que o supracitado grão de arroz
tenha sido dado a Mévio por um parente próximo, poucos instantes
antes de morrer. Não será valioso para ele?
Ok, Caro(a) concurseiro(a), grão de arroz no leito de morte...
Realmente peguei pesado, mas acho que agora você não esquece mais
que a o pequeno valor do objeto do furto não se traduz,
automaticamente, na aplicação do princípio da insignificância!!!
Vamos ver o que diz o STJ sobre o tema:

STJ - HC 60949 PE

HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. FURTO DE PULSOS


TELEFÔNICOS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA.

1. O pequeno valor da res furtiva (objeto do furto) não se traduz,


automaticamente, na aplicação do princípio da insignificância. Há
que se conjugar a importância do objeto material para a vítima,
levando-se em consideração a sua condição econômica, o valor
sentimental do bem, como também as circunstâncias e o resultado
do crime, tudo de modo a determinar, subjetivamente, se houve
relevante lesão. Precedente desta Corte.

2. Consoante se constata dos termos da peça acusatória, a paciente


foi flagrada fazendo uma única ligação clandestina em telefone
público. Assim, o valor da res furtiva pode ser considerado ínfimo, a
ponto de justificar a aplicação do Princípio da Insignificância ou da
Bagatela, ante a falta de justa causa para a ação penal.

Para finalizar este importante princípio, é importante ressaltar que,


obviamente, ele não se aplica só aos delitos contra o patrimônio, mas A
QUALQUER CRIME. Durante o curso voltaremos a tratar deste tema.

 PRINCÍPIO DA ALTERIDADE  Este princípio é interessante e de


fácil entendimento. Vamos compreendê-lo através de um exemplo:
Imagine que Tício, após assistir a um jogo de futebol, fica desesperado

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com seu time e começa a bater em seu próprio corpo. Tício poderá ser
condenado criminalmente por algo?
A resposta é NÃO, pois, segundo o princípio da alteridade, ninguém
pode ser punido por causar mal APENAS A SI PRÓPRIO.

 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA  Segundo este princípio, o


Direito Penal deve ser utilizado com muito critério, devendo o legislador
fazer uso dele SOMENTE nas situações realmente NECESSÁRIAS de
serem rigidamente tuteladas. Veja como o STF trata o assunto:

STF - HC 92463/RS

[...]

O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de


que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo
somente se justificam quando estritamente necessárias à própria
proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que
lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os
valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou
potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal não
se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor -
por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes -
não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular
do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.

[...]

 PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA  Segundo este princípio,


ninguém pode ser responsabilizado por um fato que foi cometido por
um terceiro. Tal princípio tem base constitucional. Veja:

Art. 5º [...]
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

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Segundo o STF, “O postulado da intranscendência impede que sanções


e restrições de ordem jurídica superem a dimensão estritamente
pessoal do infrator”.
*******************************************************************
Caro(a) Aluno(a),
Neste momento finalizamos os conceitos introdutórios e necessários
para a correta compreensão do Direito Penal. A partir de agora
iniciaremos o estudo da lei penal propriamente dita.
********************************************************************

1.2 LEI PENAL

1.2.1 CONCEITO

A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal e é classificada pela


doutrina majoritária em incriminadora e não incriminadora.
Dizemos “incriminadoras” aquelas que criam crimes e cominam penas
como, por exemplo:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (que expõe a conduta)


e um secundário (que determina a pena):

Diferentemente, as leis penais não incriminadoras são as que não criam


delitos e nem cominam penas, e subdividem-se em (citarei só o que importa
para sua PROVA):
 PERMISSIVAS  Autorizam a prática de condutas típicas. Exemplo:
Art. 23 do CP.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.

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 EXCULPANTES  Estabelecem a não culpabilidade do agente ou


caracteriza a impunidade de algum crime. Observe:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
[...]
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe
é posterior, reduz de metade a pena imposta.

 INTERPRETATIVAS  Explicam determinado conceito, tornando clara


a sua aplicabilidade. É o caso do artigo 327 do CP, que explica o
conceito de funcionário público para fins penais:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,


quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
cargo, emprego ou função pública.

Resumindo: PRECEITO
PRIMÁRIO
+
INCRIMINADORA
PRECEITO
SECUNDÁRIO

LEI PENAL

PERMISSIVA

NÃO EXCULPANTE
INCRIMINADORA
INTERPRETATIVA

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1.2.2 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

A palavra interpretação não pertence exclusivamente aos estudiosos do


direito. Ao contrário, é empregada com frequência nos múltiplos ramos do
conhecimento e na própria vida comum.
Há sempre alguém que traduz o pensamento de seus pares, de seus
companheiros. E os homens parecem gostar da interpretação, porque mexe
com o raciocínio, quebra a monotonia, empolga.
É fácil, pois, compreender que o significado trivial do termo não sofreria
radicais transformações no campo do direito. Interpretar é explicar, é
precisar, é revelar o sentido. E outra coisa não se faz ao se interpretar um
preceito legal como medida indiscutivelmente útil e necessária.
Quando pegamos um livro de Direito Penal, verificamos que existem diversas
formas de interpretação das leis penais, tais como: autêntica, judicial,
doutrinária, gramatical etc.
Para a sua PROVA, não é necessário o conhecimento das formas
interpretativas, mas será imprescindível que você saiba o conceito e as
características da ANALOGIA que, embora não seja uma forma
interpretativa, funciona integrando a lei penal. Sendo assim, vamos
estudá-la:

1.2.2.1 ANALOGIA

A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não previsto pelo


legislador a norma que rege caso análogo, semelhante. Por exemplo, a
aplicação de dispositivo referente à empresa jornalística a uma firma
dedicada à edição de livros e revistas.
A analogia não diz respeito à interpretação jurídica propriamente dita,
mas à integração da lei, pois sua finalidade é justamente SUPRIR
LACUNAS DESTA. A analogia se apresenta nas seguintes espécies:
 Analogia in malam partem  É aquela em que se supre a lacuna
legal com algum dispositivo prejudicial ao réu. Isto não é possível
no nosso ordenamento jurídico e desta forma já se pronunciou o
STJ e o STF. Observe:

STJ - REsp 956.876/RS

Não cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelhação, em substituição a


outra validamente existente, simplesmente por entender que o legislador
deveria ter regulado a situação de forma diversa da que adotou; não se pode,
por analogia, criar sanção que o sistema legal não haja determinado, sob pena
de violação do princípio da reserva legal.

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STF - INQUÉRITO: Inq 1145 PB

Não é possível abranger como criminosas condutas que não


tenham pertinência em relação à conformação estrita do enunciado
penal. Não se pode pretender a aplicação da analogia para abarcar
hipótese não mencionada no dispositivo legal (analogia in malam
partem). Deve-se adotar o fundamento constitucional do princípio
da legalidade na esfera penal. Por mais reprovável que seja a
lamentável prática da "cola eletrônica", a persecução penal não
pode ser legitimamente instaurada sem o atendimento mínimo dos
direitos e garantias constitucionais vigentes em nosso Estado
Democrático de Direito.

 Analogia in bonam partem  Neste caso, aplica-se ao caso omisso


uma norma favorável ao réu. Este tipo de analogia é aceito em
nosso ordenamento jurídico e desta forma já se posicionou o STF em
diversos julgados. Observe:

HC/97676 - HABEAS CORPUS

Assim, é perfeitamente aplicável a analogia in bonam partem, a fim


de extinguir a punibilidade do réu, garantindo-se a aplicação do
princípio da isonomia, pois é defeso ao julgador conferir tratamento
diverso a situações equivalentes.

1.3 LEI PENAL NO TEMPO

A lei penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processo
legislativo, ingressa no nosso ordenamento jurídico e vigora até a sua
revogação, que nada mais é do que a retirada da vigência de uma lei.
Entretanto, mais propriamente na esfera do Direito Penal, temos diversas
situações em que a revogação de uma lei instaura uma situação de claro
conflito que, obviamente, precisa ser sanado.
Antes de verificarmos estes conflitos é importante, mas MUITO IMPORTANTE
MESMO, que tenhamos em mente que a regra geral no Direito Penal é a da
prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, ou
seja, aplica-se a LEI VIGENTE quando da prática da conduta – Princípio do
“TEMPUS REGIT ACTUM”

Sendo assim, devemos sempre lembrar que:

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REGRA GERAL: A LEI PENAL INCIDE SOBRE


FATOS OCORRIDOS DURANTE A SUA
VIGÊNCIA (TEMPUS REGIT ACTUM).
TEMPUS REGIT ACTUM: É O NOME DO
PRINCÍPIO QUE REGE A APLICAÇÃO DA LEI
PENAL NO TEMPO. ENUNCIADO: A LEI PENAL
INCIDE SOBRE FATOS OCORRIDOS DURANTE
A SUA VIGÊNCIA.

“Mas professooor... Eu escuto falar tanto em retroagir para


beneficiar o réu... Não é esta a regra geral??? ”
A resposta é NEGATIVA e na pergunta acima temos uma das várias
exceções que, a partir de agora, vamos tratar:

1.3.1 NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA

Novatio legis incriminadora ocorre quando um indiferente penal (conduta


considerada lícita frente à legislação penal) passa a ser considerado crime
pela lei posterior. Neste caso, a lei que incrimina novos fatos é
IRRETROATIVA, uma vez que prejudica o sujeito.
Para exemplificar, imaginemos que é criada uma lei para criminalizar o
fato de concurseiros “ficarem vendo a novela ao invés de estudar para a
PROVA”. Essa lei vai poder atingir a minha época de estudos para
concursos?
Claro que não, pois, com base na Constituição Federal, não retroagirá.
Art. 5º
[...]
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

1.3.2 LEI PENAL MAIS GRAVE – LEX GRAVIOR

Aqui não temos a tipificação de uma conduta antes descriminalizada, mas


sim a aplicação de tratamento mais rigoroso a um fato já constante como
delito. Para esta situação também não há que se falar em retroatividade,
pois, conforme já tratamos:

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SE A NOVA LEI FOR MAIS GRAVE TERÁ APLICAÇÃO APENAS A


FATOS POSTERIORES À SUA ENTRADA EM VIGOR.

JAMAIS RETROAGIRÁ, CONFORME DETERMINAÇÃO


CONSTITUCIONAL.

1.3.3 ABOLITIO CRIMINIS

O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como
lícito fato anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei
nova descriminaliza fato que era considerado infração penal.
Encontra embasamento no artigo 2º do Código Penal, que dispõe da
seguinte forma:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

Não se confunde a descriminalização com a despenalização, haja vista a


primeira delas (descriminalização) retirar o caráter ilícito do fato,
enquanto que a outra é o conjunto de medidas que visam eliminar ou
suavizar a pena de prisão. Assim, na despenalização a conduta ainda é
considerada um crime.
Segundo os princípios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista
É NORMA PENAL RETROATIVA, atingindo fatos pretéritos, ainda que
acobertados pelo manto da coisa julgada. Isto porque o respeito à coisa
julgada é uma garantia do cidadão em face do Estado. Logo, a lei
posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu.

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO
Coisa julgada é a qualidade conferida à sentença judicial contra a qual
não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível.

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Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que


é perfeitamente possível abolitio criminis por meio de medida provisória.
Cite-se como exemplo o seguinte julgado do STF:

STF - AI 680.361/SC

Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída


pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da
Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim,
as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou
abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de
extinção de punibilidade.

Para finalizar, exemplo claro de abolitio criminis em nosso ordenamento


jurídico foi o que aconteceu com o adultério, que desde 2005 não é mais
considerado crime.

1.3.4 LEI PENAL MAIS BENÉFICA

Imaginemos que Tício cometeu um delito. Meses depois, após sua


condenação transitada em julgado, a lei penal é modificada, tornando-se
mais benéfica. Para este caso, ela retroagirá?
Para obter a resposta você deve verificar o parágrafo único do artigo 2º do
Código Penal, que dispõe:

Art. 2º[...]
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado.

Para ficar bem claro, vamos aplicar o regramento legal em um caso prático:
Em 2006 tivemos o advento da lei nº. 11.343, conhecida como Lei de
Drogas. Até então, caso determinado indivíduo fosse encontrado com
drogas, mesmo para consumo próprio, estaria cometendo um crime e
poderia, inclusive, ser preso.

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A nova lei veio despenalizar a conduta, ou seja, hoje, se um indivíduo estiver


com drogas para consumo pessoal, não pode ser preso.
O que fazer então com aqueles que haviam sido presos?
Exatamente isso, ou seja... Abrir as portas para todos
eles!!!
A RETROATIVIDADE É AUTOMÁTICA,
DISPENSA CLÁUSULA EXPRESSA E
ALCANÇA INCLUSIVE OS FATOS
DEFINITIVAMENTE JULGADOS!

Atenção, agora, para um importante detalhe: Tratamos que a lei mais


favorável é RETROATIVA. Sendo assim, somente podemos falar em
RETROATIVIDADE quando lei posterior for mais benéfica ao agente, em
comparação àquela que estava em vigor quando o crime foi praticado.

Observe:

Mas imaginemos que Mévio comete um delito sob a égide de uma LEI “A”.
Meses depois uma LEI “B” revoga a LEI “A”, trazendo regras mais gravosas
ao crime cometido por Mévio. O que fazer neste caso?
Para esta situação, em que um delito é praticado durante a vigência de uma
lei que posteriormente é revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá
a ULTRATIVIDADE da lei.

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Quando se diz que uma lei penal é dotada de ultratividade, quer-se afirmar
que ela, apesar de não mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores
à sua saída do sistema.

Do exposto, podemos resumir:

RETROATIVIDADE  Fenômeno jurídico em que se aplica uma norma


a fato ocorrido antes do início da vigência da nova lei.

ULTRATIVIDADE  Fenômeno jurídico pelo qual há a aplicação da


norma após a sua revogação.

************************************************************

Futuro (a) Aprovado (a),

Por enquanto é “só”!

No próximo encontro seguiremos com a aplicabilidade de lei penal e


finalizaremos o tema.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

“O êxito na vida não se mede pelo que você conquistou,


mas sim pelas dificuldades que superou no caminho.”
Abraham Lincoln

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Lei penal no tempo

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.

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RESUMO DOS PRINCIPAIS TRATADOS NA AULA

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

01) Princípio da legalidade + reserva legal: não há crime sem lei que o defina;
não há pena sem cominação legal.

02) Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina; não há
pena sem “prévia” imposição legal.

Eficácia Temporal da Lei Penal

03) Tempo do crime: Tempo do crime é o momento em que ele se considera


cometido.

04) Tempus regit actum: É o nome do princípio que rege a aplicação da lei penal no
tempo. Segundo ele a Lei Penal incide sobre fatos ocorridos durante a sua vigência.

05) Abolitio criminis: Ocorre quando uma lei nova trata como lícito fato
anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fato
que era considerado infração penal.

06) Retroatividade: Fenômeno jurídico em que se aplica uma norma a fato ocorrido
antes do início da vigência da nova lei.

07) Ultratividade: Fenômeno jurídico pelo qual há a aplicação da norma após a sua
revogação.

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EXERCÍCIOS

1. (Adaptada / Escrivão - PC-CE) O indivíduo B provocou aborto com o


consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi
condenado, em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à
pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou em julgado.
Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante,
deixar de ser considerado crime por força de uma lei que passe a
vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa
correta no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta
ao indivíduo B.

a) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

b) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se


prever expressamente que se aplica a fatos anteriores.

c) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua
entrada em vigência ocorresse antes de 01 de fevereiro de 2015

d) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já


houve o trânsito em julgado da condenação.

e) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só
fará cessar a execução persistindo os efeitos penais da sentença condenatória,
tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: Como vimos, ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.

A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

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2. (Adaptada / Procurador Judicial-TRE) Entre crime e contravenção, a


distinção:

A) se faz pela ausência de dano na contravenção, elemento presente no crime,


mesmo que potencial.
B) se faz pela presença ou não da culpa latu sensu.
C) se dá porque na contravenção penal, em regra, não basta a voluntariedade.
D) se faz pela intensidade do dolo ou culpa, que é maior no crime.
E) baseia-se na natureza da sanção aplicável, não existe diferença ontológica.

GABARITO: E
COMENTÁRIOS: Para encontrar a correta diferenciação entre crime e
contravenção, dois termos tão utilizados, deve-se recorrer à Lei de Introdução
ao Código Penal, que dispõe em seu art. 1º:

Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com
a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa
ou cumulativamente. (grifei)

Logo, do exposto, podemos resumir:

 CRIME  PENA DE RECLUSÃO OU DETENÇÃO (isoladamente,


alternativamente ou cumulativamente com multa)
 CONTRAVENÇÃO  ISOLADAMENTE PRISÃO SIMPLES (isoladamente,
alternativamente ou cumulativamente com multa).

Desta forma, fica claro que a diferenciação entre estes dois institutos se baseia
unicamente na natureza da sanção aplicável, o que torna correta a alternativa
“E”.

3. (Adaptada / OAB-SP) A fonte formal direta no Direito Penal:

A) pode ser a lei e a eqüidade, esta somente no tocante à fixação da pena.


B) pode ser a lei, os costumes e os princípios gerais do direito.
C) pode ser a lei e a analogia in bonan partem.

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D) é somente a lei.
E) N.R.A.

GABARITO: D
COMENTÁRIOS: No Direito Penal brasileiro, temos como única fonte formal
IMEDIATA ou direta a lei, o que torna correta a alternativa “D”.
Além da fonte IMEDIATA, também existem fontes MEDIATAS que, embora não
vinculem a atuação do Estado, servem de embasamento na atuação Estatal.
São elas: Os costumes, os princípios gerais do direito, os atos administrativos,
a doutrina e a jurisprudência.

4. (Adaptada/ PGE-BA) Em se tratando de abolitio criminis, serão


atingidas pela lei penal as ações típicas anteriores à sua vigência, mas
não os efeitos civis decorrentes dessas ações.

Certo. Quando a nova lei deixa de considerar um fato até então criminoso. Isto
é, um indiferente penal. Ex.: a lei 11.106/05 revogou o crime de adultério.
A natureza jurídica da abolitio criminis é causa de extinção de punibilidade (art.
107, III, CP). Observa-se que os efeitos civis permanecem (obrigação de
reparar o dano).

5. (Adaptada / Analista - TRT) Lei posterior não se aplica a fatos


anteriores já decididos por sentença condenatória transitada em
julgado, em respeito absoluto e irrestrito à coisa julgada.

Errado. Lei penal posterior benéfica pode retroagir, ainda que seja em relação
aqueles casos nos quais haja sentença condenatória transitada em julgado. Se
após ser condenado pela prática de um delito, sobrevém lei que de alguma
forma beneficie o agente daquele delito, esta lei deverá ser aplicada, operando-
se o efeito da retroatividade da lex mitior.

6. (Adaptada / Analista - TRE-GO) No que concerne à lei penal no


tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime
impossível, julgue o item a seguir.
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio
criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal,
criado pela norma revogadora.

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Errado. Abolitio criminis" ocorre quando uma lei nova deixa de considerar crime
um fato anteriormente definido como tal. Essa descriminalização, por ser
benéfica ao réu, aplica-se desde sua entrada em vigor, retroagindo para
alcançar os fatos anteriores, mesmo que já apreciados pelo Poder Judiciário,
com o intuito de favorecer o réu.
O chamado princípio da continuidade normativo-típica ocorre quando uma
norma penal é revogada, porém, a mesma conduta continua sendo incriminada
pelo tipo penal revogador. Este não se confunde com o instituto da “abolitio
criminis”.

7. (MPE-SP / Promotor - MPE-SP) Assinale a alternativa que estiver


totalmente correta.

a) Em face do princípio da legalidade constitucionalmente consagrado, a lei


penal é sempre irretroativa, nunca podendo retroagir.

b) Se entrar em vigor lei penal mais severa, ela será aplicável a fato cometido
anteriormente a sua vigência, desde que não venha a criar figura típica
inexistente.

c) Sendo a lei penal mais favorável ao réu, aplica-se ao fato cometido sob a
égide de lei anterior, desde que ele ainda não tenha sido decidido por sentença
condenatória transitada em julgado.

d) A lei penal não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos anteriormente a
sua vigência, salvo no caso de abolitio criminis ou de se tratar de lei que, de
qualquer modo, favoreça o agente.

e) Se a lei nova for mais favorável ao réu, deixando de considerar criminosa a


sua conduta, ela retroagirá mesmo que o fato tenha sido definitivamente
julgado, fazendo cessar os efeitos civis e penais da sentença condenatória.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: Analisando as assertivas:

Alternativa “A”  Incorreta  Define a Constituição Federal, em seu art. 5°,


XI, que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

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Alternativa “B”  Incorreta  A lei penal só se aplicará a fatos ocorridos


antes da sua vigência se beneficiar o réu.

Alternativa “C”  Incorreta  Segundo o art. 2º, parágrafo único, do CP, a


lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

Alternativa “D”  Correta  A alternativa define como regra a


irretroatividade, mas apresenta a exceção que ocorre no caso de a lei ser
benéfica ao réu.

Alternativa “E”  Incorreta  Os efeitos penais cessam, mas os civis


permanecem.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS

1. (Adaptada / Escrivão - PC-CE) O indivíduo B provocou aborto com o


consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi
condenado, em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à
pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou em julgado.
Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante,
deixar de ser considerado crime por força de uma lei que passe a
vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa
correta no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta
ao indivíduo B.

a) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

b) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se


prever expressamente que se aplica a fatos anteriores.

c) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua
entrada em vigência ocorresse antes de 01 de fevereiro de 2015

d) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já


houve o trânsito em julgado da condenação.

e) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só
fará cessar a execução persistindo os efeitos penais da sentença condenatória,
tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.

2. (Adaptada / Procurador Judicial-TRE) Entre crime e contravenção, a


distinção:
A) se faz pela ausência de dano na contravenção, elemento presente no crime,
mesmo que potencial.
B) se faz pela presença ou não da culpa latu sensu.
C) se dá porque na contravenção penal, em regra, não basta a voluntariedade.
D) se faz pela intensidade do dolo ou culpa, que é maior no crime.
E) baseia-se na natureza da sanção aplicável, não existe diferença ontológica.

3. (Adaptada / OAB-SP) A fonte formal direta no Direito Penal:

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A) pode ser a lei e a eqüidade, esta somente no tocante à fixação da pena.


B) pode ser a lei, os costumes e os princípios gerais do direito.
C) pode ser a lei e a analogia in bonan partem.
D) é somente a lei.
E) N.R.A.

4. (Adaptada / PGE-BA) Em se tratando de abolitio criminis, serão


atingidas pela lei penal as ações típicas anteriores à sua vigência, mas
não os efeitos civis decorrentes dessas ações.

5. (Adaptada / Analista - TRT) Lei posterior não se aplica a fatos


anteriores já decididos por sentença condenatória transitada em
julgado, em respeito absoluto e irrestrito à coisa julgada.

6. (Adaptada / Analista - TRE-GO) No que concerne à lei penal no


tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime
impossível, julgue o item a seguir.
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio
criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal,
criado pela norma revogadora.

7. (MPE-SP / Promotor - MPE-SP) Assinale a alternativa que estiver


totalmente correta.

a) Em face do princípio da legalidade constitucionalmente consagrado, a lei


penal é sempre irretroativa, nunca podendo retroagir.

b) Se entrar em vigor lei penal mais severa, ela será aplicável a fato cometido
anteriormente a sua vigência, desde que não venha a criar figura típica
inexistente.

c) Sendo a lei penal mais favorável ao réu, aplica-se ao fato cometido sob a
égide de lei anterior, desde que ele ainda não tenha sido decidido por sentença
condenatória transitada em julgado.

d) A lei penal não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos anteriormente a
sua vigência, salvo no caso de abolitio criminis ou de se tratar de lei que, de
qualquer modo, favoreça o agente.

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e) Se a lei nova for mais favorável ao réu, deixando de considerar criminosa a


sua conduta, ela retroagirá mesmo que o fato tenha sido definitivamente
julgado, fazendo cessar os efeitos civis e penais da sentença condenatória.

GABARITO

1-A 2-E 3-D

4-C 5-E 6-E

7-D ***** *****

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