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Resumo: A certificação de produtos possibilita uma série de contaminação com transgênicos, em níveis acima dos
vantagens, dentre elas se destacam a agregação de valor aos permitidos pela legislação.
produtos, uma maior aceitação destes pela sociedade e
Palavras chave: soja, transgênico, avaliação da
propiciar uma maior eficiência no controle dos processos.
conformidade.
Pela legislação brasileira vigente (decreto-lei 4.680), todo
alimento contendo acima de 1% de transgênicos deve ser
rotulado. O objetivo deste trabalho é estabelecer uma
metodologia de certificação de soja (grãos e farelo) não- INTRODUÇÃO
OGM. O método consiste de avaliações em cinco fases da
produção: 1)produção de sementes; 2)cultivo da soja; O presente artigo tem como objetivo estabelecer uma
3)beneficiamento e armazenagem dos grãos; 4)produção de metodologia de certificação de soja (grãos e farelo) não-
farelo; 5)transporte e embarque de produtos nos portos. Na OGM a ser utilizada no Brasil. A certificação é um dos
fase 1, a cada 25t de sementes, amostras de 5Kg (20 mecanismos de garantia de qualidade que pode ser usado
subamostras) devem ser coletadas e avaliadas com uso de nos sistemas agroindustriais e é uma forma de transmitir
testes rápidos e PCR quantitativo (PCR real-time). As informações sobre a segurança do produto baseada em um
amostras contendo acima de 1% de transgênicos devem ser documento ou certificado formal.
segregadas. Na fase 2, amostras de folhas das plantas devem No Brasil, o mercado da soja e seus derivados é muito
ser coletadas e analisadas com testes rápidos em, no importante. O país é responsável por cerca de 22% do
mínimo, 75% das unidades produtoras. A produção volume total de soja exportado, sendo o segundo maior
originada destas propriedades que contenham contaminação exportador do mundo. Em média, 68% (18 milhões de
com plantas transgênicas deve ser segregada. Na fase 3, toneladas) do total de soja produzida no país é exportada,
devem ser realizados os mesmos testes da fase 1, mas com principalmente para União européia, EUA e Japão, e de
amostragem de 15Kg de grãos, a cada 250t (coleta de acordo com projeções, poderá chegar a 20 milhões em 2005
amostras de 3 Kg em cada veículo, em 10 veículos, seguido [1].
de homogeneização das amostras). Caso as amostras
homogeneizadas contenham mais de 1% de transgênicos, os A agricultura e o agronegócio são atividades de grande
veículos contendo o produto devem ser segregados e os importância no Brasil e afetam direta ou indiretamente a
testes devem ser refeitos nas amostras individuais, para qualidade de vida de muitas pessoas. Além disso, há um
liberação. Nas fases 4 e 5, propõem-se a realização de crescimento da preocupação dos consumidores quanto à
amostragem somente no farelo (20Kg de farelo a cada qualidade dos alimentos que consomem, principalmente em
5.000t, com coleta de 10 amostras de 2 Kg, seguido de relação aos atributos não perceptíveis, que podem ter
homogeneização) e análises com uso de PCR quantitativo. impacto sobre a saúde. Por isso, é importante a existência de
Para as análises de detecção de transgênicos por meio de certificados que garantam a qualidade dos alimentos. Para
PCR, propõem-se a realização de testes com primers Lazzarotto [2], a certificação surge num mercado onde há a
específicos para o promotor CaMV 35S e para o gene de assimetria informacional, ou seja, onde há desconfiança dos
resistência a herbicida (Roundup ready). Amostras de 2Kg consumidores em relação à qualidade dos produtos que
devem ser enviadas ao laboratório de detecção de compram, como, por exemplo, os problemas associados aos
transgênicos e metade desta, deverá ser mantida como alimentos relacionados a doença da “vaca louca” (Bovine
contra-prova por um período mínimo de três meses. Os Spongiform Encephalopathy - BSE) e boicotes aos alimentos
veículos de transporte de soja e/ou farelo, contendo produtos transgênicos. Assim, a certificação tem alguns prós, como os
testados, devem ser sempre lacrados. Pelos resultados citados anteriormente, mas também pode ter algumas
obtidos na certificação de soja em duas safras seguidas, desvantagens, tais como o incremento nos custos, devido ao
verificou-se que o método proposto é seguro e impede a processo.
Em reação a estas desconfianças, uma maior regulamentação Para as análises de detecção de transgênicos por meio de
do mercado brasileiro e mundial de produtos agrícolas tem PCR, propõe-se a realização de testes com primers
sido observada. A legislação brasileira vigente (decreto-lei específicos para o promotor CaMV 35S e para o gene de
4.680) determina que todo alimento contendo 1% ou mais resistência a herbicida (Roundup ready), que tem
de transgênicos deve ser rotulado, enquanto que a U.E. sensibilidade para detectar até 0,01% de transgênicos. As
exige rotulagem para produtos contendo acima de 0,9%. A amostras de 1Kg devem ser enviadas ao laboratório de
certificação também pode auxiliar no cumprimento da detecção de transgênicos e metade desta, deverá ser mantida
legislação vigente. como contra-prova, por um período mínimo de três meses.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq e ao RHAe pela bolsa de estudos e
pelo financiamento do projeto.