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JMV – Claro que evoluem (quanto aos deuses, não sei). Mas menos do
que parece e com menores diferenças do que seria de esperar nas
gerações mais novas.
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Para Júlio Machado Vaz, médico psiquiatra, «a tecnologia está a formatar uma
maneira de pensar». Convidado do XXIV Encontro Nacional de Psiquiatria da
Infância e da Adolescência, que decorreu no Centro Hospitalar Leiria-Pombal,
nos dias 15, 16 e 17 de maio, o especialista falou das “Novas modalidades da
relação e comunicação”, nomeadamente do impacto nas novas tecnologias nas
relações e na sociedade, partilhando a mesa com a jornalista Inês Meneses.
Falando das TIC, Júlio Machado Vaz disse que atualmente «a tecnologia é um
maná, dá conforto, a sensação de omnipotência no mundo tecnológico»,
explicando que a timidez é um problema comum, que as novas tecnologia
atenuam. Estar na net «é evitar humilhação no mundo real», passando muitas
vezes o «mundo virtual a ser mais real que o mundo real».
A dependência da net e deste novo mundo pode tomar tal forma que «se
desenvolvem patologias como a agorafobia», vivendo rodeados de ecrãs:
telemóvel, computador, etc. «Somos um animal de aprendizagem social e se
passarmos anos neste mundo, podemos considerar-nos incompetentes
[socialmente]». A maioria das pessoas que cria dependência das novas
tecnologias «tem dificuldade em lidar com os tropeções do mundo de carne e
osso», além de que as TIC «potenciam a nostalgia e a idealização», explicou o
especialista.
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É também «muito importante que haja educação para a triagem, não temos
hipótese de ler toda a informação que nos chega». Este novo paradigma, «a
possibilidade de aceder a tudo em tempo real», esta «multifuncionalidade»
acaba até por ter «repercussões na ciência» porque os investigadores procuram
online os artigos mais lidos, mais votados, o que cria unanimidade, uma
«bibliografia pobre».
«Deixamos impressões digitais por todo o lado», atestou Machado Vaz, que
considerou vivermos num big brother. Especialmente nas crianças isto cria
alguns problemas, nomeadamente no que toca ao espaço psíquico, ficam
«patologicamente dependentes». «Em termos de autonomização e de
crescimento não é saudável», e no que toca à questão de vigiar
permanentemente os petizes, «a hiperprotecção não é uma boa maneira de
educar, cria um grau de tolerância à frustração menor, podendo levar a vícios»,
alerta o especialista.
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No entanto é importante não esquecer que «é uma ilusão pensar que isto só
acontece com as crianças», «vivemos na sociedade da gratificação, superficial».
E neste “novo” mundo, o feedback é crucial. «O like é um estímulo», as pessoas
precisam de resposta imediata. Surgindo assim um novo paradigma do
pensamento, primeiro “penso, logo existo”, depois “penso, sinto, logo existo”, e
hoje, “like, logo existo”, ou “respondo, logo existo”, ou ainda “apareço, logo
existo”.
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Fonte: Midlandcom
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É um verbo que me arrepia por ser muito behaviourista. Mas o que é certo é que
cada vez mais se desvaloriza o pensar. Vê-se isso até nas palavras. Nos velhos
gregos, a palavra ócio não tinha uma conotação pejorativa. O ócio era quando
se pensava e filosofava. O médico era também um filósofo. Hoje o médico é
empurrado para o estatuto de técnico e o ócio é ligado à preguiça. A pessoa que
tem sistematicamente o poder é aquela que está sempre a agir, a fazer muitas
coisas, e muito menos a que questiona quem é, o que faz, para onde vai. Se
uma pessoa não é "proactiva" está tramada. Resultado: tornámo-nos uma
sociedade de superespecialistas: sabemos cada vez mais sobre menos.
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