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Elementos de infraestrutura

VALER - EDUCAÇÃO VALE


COLABORADORES:

> Fabiano Mendanha


> Wellington Luis
> Ronaldo Gonçalves de Freitas
> André Andrade
> Edmar Mencher
> Rodolfo Montoya
> Carlos Fonseca
> Jorge Augusto Diniz

Julho de 2011
mensagem Valer

Caro Empregado,

Você está participando da ação de desenvolvimento Elementos de


infraestrutura de sua Trilha Técnica.

A Valer – Educação Vale construiu esta Trilha em conjunto com


profissionais técnicos da sua área com o objetivo de desenvolver as
competências essenciais para o melhor desempenho de sua função e
o aperfeiçoamento da condução de suas atividades diárias.

Todos os treinamentos contidos na Trilha Técnica contribuem para o


seu desenvolvimento profissional e reforçam os valores saúde e
segurança, que são indispensáveis para sua atuação em
conformidade com os padrões de excelência exigidos pela Vale.

Agora é com você! Siga o seu caminho e cresça com a Vale.

Vamos Trilhar!
INTRODUÇÃO 7

MÓDULO I: DEFINIÇÕES, PRINCÍPIOS BÁSICOS E PROBLEMAS


NOS EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA 8

Elementos da infraestrutura 9
Dispositivos de drenagem superficial 13
Problemas observáveis em taludes e encostas 21
Problemas observáveis em OAC’s e em demais dispositivos de drenagem 39

MÓDULO II: MANUTENÇÃO, RETALUDAMENTO, CONTENÇÕES,


DRENAGENS, PROTEÇÃO SUPERFICIAL E BUEIROS 44

Procedimentos para a execução das obras de manutenção 45


Reconstrução em aterros 47
Dispositivos de drenagem superficial e contenções 55
Dispositivos de drenagem profunda 67
Execução e refazimento de bueiros 75

MÓDULO III: CADASTRO E INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS 78

Cadastramento de ativos de infraestrutura 79


Cadastramento de cortes 81
Cadastramento de aterros 83
Cadastramento de bueiros 85
MÓDULO IV: COMPONENTES DA INFRAESTRUTURA DAS OBRAS
DE ARTE ESPECIAIS 90

Obras de arte especiais 91


Infraestrutura 105
Fundações 107
Modelos estruturais para muros de contenção 111
Muros de concreto armado 117

MÓDULO V: PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO 122

Infraestrutura, mesoestrutura, superestrutura e contenções 123

MÓDULO VI: TERRAPLENAGEM 130

Histórico 131
Terraplenagem manual e terraplenagem mecanizada 133
Operações básicas 135
Solos 137
Equipamentos utilizados na terraplenagem 143

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 150


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Introdução
Introdução

NESTE CURSO, VOCÊ CONHECERÁ todos os Além disso, você terá a oportunidade de estudar os
elementos que compõem a infraestrutura, isto conceitos e procedimentos necessários à execução e
é, o conjunto de obras destinadas a formar a manutenção dessas obras, aprendendo a construir e
plataforma da ferrovia. a identificar e corrigir as falhas da infraestrutura.

Ao terminar o curso, você deverá ser capaz de:

>>conceituar infraestrutura e identificar cada um dos elementos que a compõem;


>>identificar os dispositivos de drenagem superficial, suas características e funções;
>>identificar os problemas dos equipamentos de infraestrutura, sua forma de ocorrência e
respectivas causas;

>>descrever os procedimentos para a execução das obras de manutenção dos equipamentos de


infraestrutura;

>>descrever os procedimentos para cadastro e inspeção dos ativos de infraestrutura;


>>identificar as características e finalidades das fundações e diferentes tipos de muros nas obras
de infraestrutura;

>>identificar os procedimentos de inspeção nas estruturas;


>>conceituar terraplenagem e identificar suas formas de execução, operações básicas, tipos de
solos trabalhados e equipamentos utilizados;

>>conceituar obras de arte especiais e identificar as características técnicas e procedimentos de


execução de túneis, pontes e viadutos.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo I
DEFINIÇÕES, PRINCÍPIOS BÁSICOS E
PROBLEMAS NOS EQUIPAMENTOS DE
INFRAESTRUTURA

Neste módulo você conhecerá cada um dos elementos que compõem a infraestrutura e
aprenderá o que são cortes, aterros e obras de arte correntes no contexto de construção da
plataforma de uma ferrovia.

Verá, também, quais são os dispositivos de drenagem superficial, conhecendo suas funções,
características e parâmetros de construção.

Além disso, analisará os principais problemas encontrados em taludes, encostas, obras de arte
correntes e em equipamentos de infraestrutura das ferrovias e as alternativas para solucioná-los.

Depois de estudar este módulo, você estará apto a:

>>conceituar os elementos da infraestrutura – aterro, corte, off-set, plataforma, subleito e talude;


>>identificar os elementos de um talude;
>>identificar os dispositivos de drenagem superficial e obra de arte corrente;
>>descrever as causas e forma de ocorrência dos principais problemas em taludes, encostas,
obras de arte correntes e em equipamentos de drenagem e as soluções recomendadas.
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Elementos da infraestrutura
Elementos da
infraestrutura
A infraestrutura é o conjunto de obras destinadas a formar a plataforma da ferrovia, conforme a
figura abaixo.

É constituída pelos seguintes elementos:

>>cortes;
>>aterros;
>>obras de arte correntes (OAC´s);
>>contenções.

Observe, na Figura 1.1, alguns elementos da infraestrutura.

Offset esquerdo
Crista do corte
Valeta

Talude de corte Offset direito

Crista do aterro
Sarjeta Saia do aterro

Valeta
Subleito ou base

PLATAFORMA

FIGURA 1.1: ELEMENTOS DE GEOMETRIA DA VIA (INFRAESTRUTURA ).


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Veja, no quadro, a definição dos elementos apresentados.

É o enchimento do terreno, com material de áreas de empréstimo, feito com a finalidade de


Aterro
se implantar a plataforma em cota superior ao terreno natural.

Corte Escavação executada quando o greide da plataforma possui cota inferior ao terreno natural.

Offset Ponto que delimita a seção que sofreu operações de terraplenagem.

Terreno preparado para suportar os elementos da superestrutura da via permanente, tais


Plataforma
como: o lastro, os dormentes e os trilhos.
Terreno de fundação dos elementos da superestrutura (sublastro, lastro, dormentes,
Subleito
trilhos e fixações).
Superfície definida pela área de acabamento de corte ou aterro, formando um ângulo com o
Talude
plano horizontal que caracteriza a sua inclinação .

Conheça os elementos específicos dos taludes e obras de arte correntes.

Crista

Banqueta
Valeta
Perfil natural

CO
RP Pé
O Vala
DO
CO
RT
E PLATAFORMA

FIGURA 1.2: ELEMENTOS DE UM CORTE EM PERFIL.

Crista

Berma PLATAFORMA

Valeta RO
ER
AT
DO
Pé O
RP
CO Perfil natural

FIGURA 1.3: ELEMENTOS DE UM ATERRO.

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Elementos da infraestrutura
1 - Valeta de plataforma
Relembrando
2 - Valeta de berma
3 - Valeta de crista
4 - Caixa de passagem / dissipação
5 - Descida d’água
6 - Bueiro de greide
7 - Saída d’água
8 - Plataforma

FIGURA 1.4 : DISPOSITIVOS DE DRENAGEM SUPERFICIAL E OBRA DE ARTE CORRENTE.

OBRAS DE ARTE CORRENTES


Obras de arte correntes são dispositivos destinados a permitir a livre passagem
das águas de talvegues que interceptam a ferrovia (bueiros de grota) ou
responsáveis por captar e transportar as águas precipitadas nos taludes e cortes
(bueiros de greide).
Pesquisando

Os bueiros de greide, normalmente estão associados a dispositivos auxiliares, tais como as caixas coletoras.

Os bueiros são compostos pelas, seguintes partes:


Observando

>>corpo - parte situada sob corte e aterros, podendo estar sujeito a elevadas sobrecargas;
>>bocas - dispositivos de admissão e lançamento a montante e a jusante.
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Observe os elementos típicos de uma boca de bueiro.

1 - Laje de fundo
2 - Soleira
3 - Muro ala do lado direito
4 - Muro ala do lado esquerdo
5 - Muro de testa

FIGURA 1.5: ELEMENTOS CONSTITUINTES DA BOCA DE UM BUEIRO.

Os bueiros podem ser classificados de acordo com os atributos descritos no quadro a seguir.

ATRIBUTO CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

Tubulares. Quando a seção é circular.

Quanto à forma da seção. Celulares. Quando a seção é retangular ou quadrada.

Quando tiver seção diferente das tubulares e


De seção especial.
celulares (por exemplo, elipsoide, ovoide, arco etc.).
Quando houver somente uma linha de tubos
Simples.
ou de células.

Quanto ao número de linhas Quando houver, respectivamente, 2 (duas) e 3


Duplos ou triplos.
(seções drenantes). (três) linhas.

Quando houver 4 linhas, e assim


Quádruplos.
sucessivamente.

Concreto simples. Feito sem utilização de ferragens.

Utilizado armação de ferragens para aumentar


Quanto ao material (nas Concreto armado.
resistência.
ferrovias da Vale).
Caso necessário pode utilizado algum concreto
Chapa metálica corrugada. para nivelamento das chapas que irão compor
o bueiro.

Quanto à esconsidade (a Quando o eixo do bueiro coincidir com a


Normais.
esconsidade é definida pelo normal ao eixo da ferrovia.
ângulo formado entre a normal
ao eixo da ferrovia e o eixo Quando o eixo longitudinal do bueiro fizer um
longitudinal do bueiro). Esconsos. ângulo diferente de zero com a normal ao eixo
da ferrovia.

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Dispositivo de drenagem superficial


Dispositivos de drenagem
superficial

Os dispositivos de drenagem superficial objetivam interceptar, coletar e transportar para local


seguro de deságue as águas pluviais advindas de suas áreas a montante, resguardando a
Relembrando
estabilidade e segurança da plataforma e dos taludes das ferrovias.

Através da drenagem superficial evitam-se os problemas de erosão na superfície


dos taludes e reduz-se a infiltração de água nos maciços, resultando na redução
dos efeitos danosos da saturação na resistência dos solos.

Relembrando
Valetas / canaletas.

Dispositivos normalmente utilizados nos Sarjetas de corte e de aterro.


sistemas de drenagem superficial.
Descidas d’água.

Caixas coletoras.

Pesquisando

VALETAS / CANALETAS
Observando
Valetas / canaletas são canais construídos, preponderantemente, no sentido
longitudinal da ferrovia e que têm como objetivo captar a água pluvial
precipitada sobre os taludes e a plataforma das ferrovias.
Relembrando

Pesquisando
A inclinação das valetas deve ser tal que a velocidade de transporte não atinja
valores excessivos, o que pode favorecer a ocorrência de erosão, nem tampouco
propicie um escoamento lento, o que poderia propiciar a formação de bolsões
Observando de água e aumentar a infiltração no terreno.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Nas ferrovias da VALE, distinguem-se valetas de crista, valetas de berma e valetas de plataforma.

As valetas podem ser classificadas segundo seus atributos. Veja no quadro.

ATRIBUTO CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO


Quando são construídos em forma
Retangulares
de retângulos
Quando são construídos em forma
Trapezoidais
de trapézios
Quanto à forma da seção
Quando a construção forma
Triangulares
triângulos
Quando a construção é uma forma
Semicirculares (meia cana)
de meio circulo
Dependem da viabilidade
Revestidas técnica-econômica. Os tipos de
Quanto à existência de revestimento revestimento mais usuais são o
concreto, a vegetação ou a alvenaria
Não revestidas (de tijolo ou pedra arrumada ).

FIGURA 1.6: CANALETAS COM SEÇÃO RETANGULAR E TRAPEZOIDAL, COM REVESTIMENTO VEGETAL.

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Dispositivo de drenagem superficial


Berma
Canaleta

Desnível mínimo para garantir


o acesso da água às canaletas

FIGURA 1.7: CANALETA DE BERMA REVESTIDA EM CONCRETO.

FIGURA 1.8: VALETA DE PLATAFORMA.


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DESCIDAS D’ÁGUA

As descidas d’água são dispositivos construídos transversalmente à via e são


responsáveis pela condução das águas pluviais advindas das canaletas de crista e de
berma dos taludes, propiciando um escoamento sem risco de erosão dos mesmos.

Pesquisando
Podem ser distinguidos dois tipos de descidas d’água, em função do nível de dissipação de energia
ao longo da estrutura:

>> descidas
Observando
d’água do tipo rápido;

>> descidas em degraus (“escadas hidráulicas”).

Normalmente, as descidas d’água estão associadas às estruturas de dissipação a jusante.

Relembrando

FIGURA 1.9: DESCIDA D’ÁGUA DO TIPO RÁPIDO.

Pesquisando

Observando

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| 17 |

Dispositivo de drenagem superficial


Relembrando

FIGURA 1.10: DESCIDA D’ÁGUA EM DEGRAUS.

SARJETAS
As sarjetas têm por objetivo captar as águas precipitadas sobre a plataforma e
sobre os taludes de corte e aterro e conduzi-las, longitudinalmente, até o ponto
de transição entre o corte e o aterro - de forma a permitir a saída lateral para o
terreno natural ou para a caixa coletora de um bueiro de greide.
Pesquisando

Observando
LT

1 L2 L1
a
4
a 1
H 1

FIGURA 1.11: SARJETA DE CORTE.


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CAIXA DE DISSIPAÇÃO

São caixas, normalmente de concreto, construídas nas extremidades


de escadas d’água e canaletas de drenagem. Objetivam dissipar da
energia hidráulica das águas coletadas, evitando velocidades elevadas
de escoamento que possam causar erosão no solo no ponto de
lançamento ou nas margens da canaleta – se houver extravasamento.
Pesquisando

Observando
Canaleta

Caixa de
dissipação

Berma Berma

Escada d’água

Canaleta
Berma

Caixa de
dissipação

Tela de armação
Escada Ø ¼ malha 10 x 10 cm
d’água

FIGURA 1.12: CAIXA DE DISSIPAÇÃO

PRINCIPAIS PROBLEMAS DOS EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA DAS FERROVIAS

Os problemas observáveis em taludes são similares àqueles apresentados pelo IPT (1991) e estão
discriminados na Tabela 1.1.

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Dispositivo de drenagem superficial


TABELA 1.1: PROBLEMAS OBSERVÁVEIS NOS TALUDES DAS FERROVIAS

PROBLEMAS OBSERVÁVEIS EM TALUDES / ENCOSTAS

PROBLEMA FORMA DE OCORRÊNCIA PRINCIPAIS CAUSAS

Em taludes de corte e aterro (em sulcos ou Deficiência de drenagem.


diferenciada). Deficiência de proteção superficial.

Longitudinal na plataforma. Concentração de água superficial.


Erosão.
Concentração da água superficial ou
Associada a obras de drenagem.
interceptação do lençol freático.
Deficiência ou inexistência de
Erosão interna em aterros (piping).
drenagem interna.
Deficiência ou inexistência de
Ruptura rotacional ou translacional.
drenagem interna.

Ruptura em cunha ou formas variadas. Descontinuidades do solo e rocha.


Escorregamento Movimentos diversos (rastejos, corridas etc.)
em corte. deflagrados, normalmente, por precipitações Saturação do solo.
de longa duração.
Evolução por erosão.
Movimentação de grandes dimensões e
Corte de corpo de tálus.
generalizada.
Alteração de drenagens.

Atingindo a borda do aterro. Compactação inadequada da borda.

Deficiências de fundação.

Deficiências de drenagem.
Escorregamento
em aterro.
Atingindo o corpo do aterro. Rompimento de bueiro.

Compactação inadequada.

Inclinação inadequada.

Deficiências de fundação.

Deficiências de drenagem.
Recalque em
Deformação vertical da plataforma.
aterro.
Rompimento de bueiro.

Compactação inadequada.

Ação de água ou raízes nas


Queda de blocos. Queda livre. descontinuidades do maciço
rochoso.
Rolamento de Movimento do bloco por rolamento no corte
Descalçamento da base por erosão.
blocos. ou encosta.

Os problemas observáveis em obras de arte correntes e em dispositivos de drenagem em geral são


apresentados na Tabela 1.2.
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TABELA 1.2: PROBLEMAS OBSERVÁVEIS NAS OAC’S E DEMAIS EQUIPAMENTOS DE DRENAGEM

PROBLEMAS OBSERVÁVEIS EM OAC’S E EQUIPAMENTOS DE DRENAGEM

PROBLEMA FORMA DE OCORRÊNCIA PRINCIPAIS CAUSAS

Ruptura do corpo de bueiros, alas, valetas / Sobrecarga advinda do aterro.


Ruptura de OAC. canaletas de concreto, descidas d´água, caixas Falhas de fundação.
de passagem ou caixas de dissipação. Recalques.
Declividade inadequada.
Acúmulo de sedimentos em bueiros, descidas
Obstrução a jusante.
Assoreamento. d´água, canaletas, valetas, valas e caixas
Excesso de aporte de sedimentos.
(passagem / dissipação).
Falhas de projetos.
Recalques de fundação.
Trincas verticais, horizontais ou diagonais em
Sobrecarga de aterro.
paredes e lajes de bueiro ou alas.
Subdimensionamento estrutural.

Trincas verticais, horizontais ou diagonais em Recalques do maciço.


Trincas. paredes e lajes de descidas d´água e caixas de Efeitos térmicos.
passagem / dissipação. Falhas execultivas.

Recalques de apoio.
Trincas em sarjetas e meio-fio.
Efeitos térmicos.

Assoreamento intenso.
Afogamento de bueiros, redução da vazão de
Obstrução de OAC. Quedas de blocos.
bueiros, canaletas e valetas.
Ação antrópica.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Relembrando

Problemas observáveis em
taludes e encostas
Erosão

A erosão é o processo de desagregação de partículas do solo e sua remoção, pela ação


combinada da gravidade com a água, vento, gelo e organismos (plantas e animais)
(Salomão e Iwasa, 1995). É um processo natural responsável pela mudança e
formação do relevo terrestre, o qual pode ser alterado pela ação antrópica através de
construções, desmatamentos, uso e ocupação inadequada do solo.
Pesquisando

O agente deflagrador do processo erosivo é a água, sobretudo as águas que escorrem superficialmente.
As águas Observando
superficiais podem causar erosão no solo atuando das duas formas distintas descritas a seguir.

Além da erosão ocasionada pelo escoamento das águas superficiais (fluxo superficial), também
existe aquela ocasionada pelo escoamento de subsuperfície (ou subterrâneo), na qual a água faz o
carreamento de partículas de solo do corpo do talude, formando condutos ou cavidades no interior
do mesmo. O solapamento formado aumenta e concentra o fluxo, retroalimentando a erosão.

O fenômeno do solapamento está mais associado a taludes de aterro e é


denominado piping (“entubamento”). Este fenômeno também está associado
à formação de voçorocas. O processo erosivo normalmente se caracteriza
pela velocidade lenta, porém contínua e progressiva ao longo do tempo.
Relembrando

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) propôs uma classificação
simplificada de erosão em canais, mostrada no quadro a seguir.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

CLASSIFICAÇÃO SIMPLIFICADA DA EROSÃO


Sulcos. Canais rasos formados pela concentração das águas superficiais.
Ravinas. Canais com maior profundidade, decorrentes do aprofundamento dos sulcos.

As voçorocas são aquelas que atingem o lençol freático a partir desses processos superficiais.

Normalmente, os sulcos são efêmeros e as ravinas possuem evolução contínua, mas podem
estabilizar-se em casos específicos (condições ambientais, geológicas e hidrogeológicas).

FIGURA 1.13: EROSÃO COMPLEXA (VOÇOROSA, RAVINAS E SULCOS) NO KM 155+500DA EFVM.

No caso particular das ferrovias da VALE, os problemas relacionados à erosão são:

1. erosão em taludes de corte e aterro;

2. erosão em plataforma;

3. erosão associada a obras de drenagem;

4. erosão interna (piping).

EROSÃO EM TALUDES DE CORTE, ATERRO E ENCOSTAS NATURAIS

Geralmente, a execução de movimentos de terra propicia a exposição de superfícies mais


susceptíveis à erosão. Um corte pode deixar exposto às intempéries horizontes de solo saprolítico,
que podem ser mais afetados pelas erosões do que os solos situados em horizontes mais
superficiais, já intemperizados – como mostra a Figura 1.14. Já no que se refere aos aterros,
deficiências em relação ao material empregado e à compactação podem deixar a camada superficial
pouco resistente à desagregação.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Erosão em sulcos
Solo laterítico

Solo saprolítico

FIGURA 1.14: EM CORTES, A EXPOSIÇÃO DO SOLO SAPROLÍTICO PODE FAVORECER A EROSÃO.

Relembrando

A falta de proteção superficial e a deficiência dos sistemas de drenagem,


somados aos aspectos supramencionados, provocam o surgimento de erosões
em sulcos ou, então, erosões diferenciadas.

A erosão em sulcos vem caracterizada pela manifestação em sulcos, aproximadamente paralelos, presentes
em taludes com declividade elevada e sem proteção superficial. A distância entre os sulcos, a profundidade
e a forma dos mesmos são dependentes do tipo do solo e de características do escoamento.

Pesquisando

Observando
FIGURA 1.15: EROSÃO DIFERENCIAL EM SULCOS, EVOLUINDO PARA RAVINAS.

De um modo geral, esse tipo de erosão é bastante comum em solos saprolíticos, em particular em
solos com predominância de material siltoso.

A erosão diferenciada corresponde a processos erosivos que ocorrem em taludes de corte constituídos por
materiais com diferentes susceptibilidades à desagregação, caracterizando uma manifestação dependente do
tipo de solo. Pode ocasionar o descalçamento de camadas mais superficiais e resistentes devido à erosão mais
intensa de camadas inferiores. A Figura 1.14 é, também, um exemplo de erosão diferenciada.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

EROSÃO EM PLATAFORMA

Este tipo de erosão se manifesta na direção longitudinal da plataforma por concentração das águas
de escoamento superficial advindas dos taludes de corte e da própria plataforma.

O risco de erosão na plataforma é maior em áreas com cortes de grande extensão e altura sem a
devida captação das águas pluviais através de valetas.
Relembrando

SOLUÇÕES

Manutenção da cobertura vegetal. Caso se perceba que a vegetação está diminuindo, devido a secas
ou a queimadas, deve-se providenciar a molhagem e recomposição da vegetação. Se necessário,
efetuar a correção/adubagem do solo para promover o crescimento da grama.

Caso a concentração de águas pluviais se deva à existência de materiais


obstruindo as canaletas e bueiros, dever-se-á providenciar a remoção imediata
Relembrando
do material assoreado ou da vegetação.

Caso a concentração de águas pluviais se deva à percolação das águas pelas


trincas/ fissuras nas canaletas, estas deverão ser recuperadas (se não houver
indícios de grandes deformações) – as canaletas poderão passar por uma demão
de argamassa nas juntas e nos locais onde houver trincas/ fissuras).

O risco de erosão na plataforma é maior em áreas com cortes de grande


extensão e altura e sem a devida captação das águas pluviais através de valeta.
Pesquisando

Observando

Pesquisando

Observando

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Problemas observáveis em taludes e encostas


ESCORREGAMENTOS

Os movimentos de massa de solo são uma das maiores ameaças à disponibilidade da ferrovia, no
que concerne à infraestrutura.

Os movimentos de massa de solo, que recebem a denominação genérica de


escorregamentos (Oliveira et al, 1998), manifestam-se de diferentes formas
em função das quais são classificados em rastejos (creep), corridas de massa,
escorregamentos verdadeiros e tombamentos.

Pesquisando
Tratando especificamente de escorregamentos verdadeiros, os mesmos podem ser distinguidos em:

>>escorregamentos
Observando
planares (ou translacionais);

>>escorregamentos circulares (ou rotacionais);


>>escorregamentos em cunha.

Observe os tipos de escorregamentos na Figura 1.16.

Escorregamento
Crista
Escorregamento circular
planar Pé ou
base

Escorregamento
em cunha

FIGURA 1.16: PRINCIPAIS TIPOS DE ESCORREGAMENTOS (INFANTI JR. E FORNASARI FILHO, 1998, CITADOS
POR TOMINAGA, 2007).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Caracterizam-se pela formação de superfícies de ruptura planar e estão


associados a solos com anisotropias acentuadas.

Com relação à morfologia, os escorregamentos translacionais caracterizam-


Escorregamentos
se por serem rasos (normalmente entre 0,5 m e 5 m de profundidade) e de
translacionais.
grande extensão.

Podem ocorrer em taludes com menor declividade (em relação às rupturas


rotacionais observadas em taludes de maior declividade).

Escorregamentos Caracterizam-se pela superfície de ruptura curva e estão associados a taludes


rotacionais. com solos mais homogêneos e com inclinação mais elevada.

Estão mais associados a solos saprolíticos e maciços rochosos, para os quais


Escorregamentos em
a existência de estruturas planares desfavoráveis à estabilidade condiciona o
cunha.
deslocamento de um prisma ao longo do eixo de interseção desses planos.

Solo residual
(Gnaisse)

Vi

ria

FIGURA 1.17: ESCORREGAMENTO EM CUNHA EM SOLO RESIDUAL DE GNAISSE, CONDICIONADO POR


ESTRUTURAS RELIQUIARES.

Nas ferrovias da VALE, os escorregamentos de taludes são devidos particularmente aos motivos
discriminados nos quadros a seguir.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


FIGURA 1.18: CAUSAS COMUNS DE ESCORREGAMENTOS DE TALUDES DE CORTE (IPT, 1991).

FIGURA 1.19: CAUSAS COMUNS DE ESCORREGAMENTOS DE TALUDES DE ATERRO (IPT, 1991).

ESCORREGAMENTOS EM CORTES

A - Escorregamentos devidos à inclinação acentuada

Este tipo de escorregamento, típico de cortes, ocorre pela incompatibilidade entre a declividade do
talude e o perfil de solo.

Sabe-se que as areias têm resistência dependente do confinamento a que estão submetidas,
confinamento este que é reduzido na região das bordas de taludes íngremes. É por isso que um corte a
90º em solo puramente arenoso não se mantém. Já um solo puramente argiloso pode se manter estável
mesmo segundo um corte de 90º – uma vez que a argila possui coesão (que independe do
confinamento).

As figuras a seguir fazem a comparação do fator de segurança de um talude com uma geometria
definida considerando-se duas situações: uma com solo puramente arenoso (coesão nula) e outra
com um solo puramente argiloso (sem atrito).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

FIGURA 1.20: CUNHA DE RUPTURA PARA UM SOLO PURAMENTE ARENOSO E


COM ÂNGULO DE ATRITO DE 40º (FS = 0,220).

FIGURA 1.21: CÍRCULO DE RUPTURA PARA UM SOLO PURAMENTE COESIVO,


CONSIDERANDO-SE COESÃO DE 1,0T/M² (FS = 1,217).

Relembrando

Nas duas figuras anteriores, observa-se que o fator de segurança é bastante


dependente do tipo de solo, mesmo diante da igualdade da geometria dos
taludes.

Neste sentido, recomenda-se que a seção de um talude seja executada


de acordo com um projeto de dimensionamento geotécnico – em
conformidade com os ditames da NBR 11682 – Estabilidade de Taludes –
para a compatibilização entre a declividade e os condicionantes geológico-
geotécnicos.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Relembrando
Adoção de inclinações compatíveis com o material que constitui o maciço (retaludamento).

SOLUÇÕES. Execução de sistema de drenagem adequado.

Execução de proteção superficial.

B - Escorregamentos devidos a descontinuidades do maciço

Este tipo de escorregamento ocorre devido à presença de descontinuidades do maciço, que podem
advir de estruturas residuais ou se caracterizar pelo contato solo-rocha.

As estruturas residuais são planos de fraqueza herdados da rocha mater


caracterizados por fraturas e xistosidades.

Já o contato solo-rocha, por ser uma região de intensas alterações de


permeabilidade e resistência, também condiciona movimentos de instabilidade.
Pesquisando

Massa mobilizada
Observando Solo laterítico

Plataforma
Solo saprolítico

Descontinuidades
residuais

FIGURA 1.22: ESCORREGAMENTO DEVIDO À


PRESENÇA DE DESCONTINUIDADES RESIDUAIS DA ROCHA MATER.

Adoção de inclinações compatíveis com o material que constitui o maciço.


SOLUÇÕES.
Execução de sistema de drenagem adequado.

C - Escorregamentos devidos à saturação

A saturação do solo pode ocorrer tanto devido à elevação do lençol freático quanto pela infiltração
de água durante períodos de chuva prolongados.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Os fatores de risco de instabilização associados à saturação dos taludes são os seguintes:

>>aumento das pressões neutras (poropressão);


>>redução ou anulação dos efeitos de pressões negativas nos taludes (sucção);
>>efeitos de erosões.

Observe a ilustração mostrando a ruptura de um colúvio devido à saturação por infiltração.

A – Situação original B – Infiltração C – Ruptura


Talude estável (aumento da poropressão,
redução da sucção)

o
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vi
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o
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e
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e
S pr
sa
lo
So

FIGURA 1.23: RUPTURA DE UM SOLO COLUVIONAR


DEVIDO Á SATURAÇÃO POR INFILTRAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA.

Adoção de inclinações compatíveis com o material que constitui o maciço (retaludamento).

SOLUÇÕES. Execução de sistema de drenagem adequado.

Execução de proteção superficial.

D - Escorregamentos devidos à evolução de erosões

A evolução de erosões provoca a progressiva alteração da geometria do talude, por descalçamento e


aprofundamento dos sulcos e ravinas, podendo, desta forma, concorrer para a instabilidade do maciço.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Relembrando

As rupturas associadas à erosão são inicialmente pequenas, porém, por serem


remontantes, acabam por comprometer a estabilidade do talude como um todo,
com o passar do tempo.

Observe a exemplificação dessa situação.

Suavização pós-ruptura
Erosão
remontante
Massa rompida
Pesquisando

Observando
1 – INÍCIO DA EROSÃO 2 – RUPTURA PELA EVOLUÇÃO DA EROSÃO

Relembrando

FIGURA 1.24: ESCORREGAMENTO POR EVOLUÇÃO DE EROSÃO.

Retaludamento.

SOLUÇÕES. Implantação de sistema de drenagem adequado.

Execução de proteção superficial.

E - Escorregamentos devidos à presença de corpos de tálus

Os corpos de tálus são materiais heterogêneos, constituídos por uma mistura de


solo e blocos de rocha, encontrados na base de encostas.

São formados pela ação da gravidade sobre solos situados em cotas superiores e,
por isso, são típicos solos transportados bastante susceptíveis a movimentações
Pesquisando decorrentes de variação do lençol freático.
Relembrando

Cortes feitos em corpos de tálus ou aterros em suas cabeceiras podem


Observando deflagrar movimentos de grandes proporções, podendo variar de rastejos a
escorregamentos verdadeiros.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Veja a típica formação de corpos de tálus.

Coluvião

Matacão

Solo residual

Solo saprolítico Corpo de tálus


ou
saprólito
Rocha alterada

Rocha sã

FIGURA 1.25: CORPOS DE TÁLUS.

Implantação de sistema de drenagem superficial adequado.

SOLUÇÕES. Execução de um sistema de drenagem profunda.

Execução de proteção superficial.

ESCORREGAMENTOS EM ATERROS

A - Escorregamentos devidos a problemas na fundação

CAUSAS

Aterros construídos sobre solos de baixa capacidade de suporte (exemplo: argilas moles
de formação aluvionar) como ilustra a figura a seguir.
Escorregamentos devidos
a problemas com as Aterros assentados diretamente sobre a rocha – devido ao fato de o contato solo/
fundações. rocha ser uma potencial superfície de ruptura.

Aterros executados sem prévia limpeza do solo de fundação (retirada de vegetação),


o que pode favorecer a formação de regiões mais porosas e permeáveis no interior do
maciço e possibilitar a ocorrência de piping por ocasião da percolação de água.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Veja um exemplo de escorregamento causado pela construção de aterros sobre solo de baixa
capacidade de suporte.

SITUAÇÃO ORIGINAL RUPTURA DO ATERRO

Aterro
Areia
Argila mole

FIGURA 1.26: RUPTURA DE ATERRO DEVIDO A PROBLEMAS COM FUNDAÇÃO.

Antes da execução do aterro, efetuar o preparo adequado do terreno de fundação e remoção das
camadas de solo com vegetação ou solos moles.

SOLUÇÕES. Caso o problema já tenha ocorrido, recompor o aterro e, se necessário, construir bermas de equilíbrio.

Utilização de técnicas de melhoramento do solo, em casos especiais, com posterior recomposição


do aterro.

B - Escorregamentos devidos a problemas no corpo do aterro

Boa parte dos problemas verificados em aterros está associada ao corpo do aterro propriamente
dito. Ocorrem pelos fatores a seguir:

>>compactação inadequada;
>>uso de materiais inadequados;
>>geometria inadequada (incompatibilidade da inclinação com a resistência do material);
>>deficiência
Relembrando
ou inexistência de sistemas de drenagem.

As bordas dos aterros são as regiões mais sujeitas de escorregamentos.


Como informa o IPT (1991), os escorregamentos de borda ocorrem
atingindo geralmente a parte externa não compactada do aterro
e envolvendo pequeno volume de material, porém resultando em
uma cicatriz com talude subvertical. Após este escorregamento, que
normalmente é ignorado pela sua pequena expressão, o aterro torna-
se instável devido à forte inclinação resultante do talude. Inicia-se um
processo remontante de trincas que poderá gerar uma ocorrência de
maiores proporções no futuro.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Retaludamento.

SOLUÇÕES. Implantação de sistema de drenagem adequado.

Execução de proteção superficial.

C - Escorregamentos devidos a problemas em travessias de linhas de drenagem

As ferrovias da Vale frequentemente interceptam linhas de drenagem natural (ou talvegues) – tendo
em vista os aspectos de continuidade e grande extensão dessas obras de engenharia. A transposição
desses talvegues pode ser feita por obras de arte especiais ou obras de arte correntes.

Sabe-se que, em determinados locais, as obras de arte correntes são bastante susceptíveis a
obstrução, que normalmente ocorre em função do carreamento de materiais por uma enxurrada
(pedaços de árvores, troncos e galhos, produto de erosão e escorregamentos a montante etc.).

O carreamento de materiais pode provocar o tamponamento do bueiro e o consequente


represamento de água a montante, a qual passará a percolar pelo interior do aterro e poderá causar
desde pequenos recalques a rupturas catastróficas.

O represamento a montante também pode ser causado pelo dimensionamento incorreto do bueiro,
que poderá trabalhar afogado por ocasião de chuvas mais intensas.

Observe a ilustração da ruptura de um aterro devido à obstrução de bueiro.

Represamento de água
Surgências d’água
Flu xo d ’á gu
a p e lo
co rp o d o ate
rro Córrego

Obstrução de bueiro
(assoreamento) Ruptura

Massa escorregada

FIGURA 1.27: RUPTURA DE TALUDE MOTIVADA POR


OBSTRUÇÃO DE BUEIRO E CONSEQUENTE PERCOLAÇÃO DE ÁGUA PELO CORPO DO MACIÇO.

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Problemas observáveis em taludes e encostas


Implantação de sistemas de proteção junto à entrada dos bueiros – com remoção de
vegetação de maior porte junto ao seu acesso (nos casos em que não ocorreu a ruptura).

SOLUÇÕES. Reconstrução do aterro.

Construção de bueiro com dispositivos de proteção (caso a ruptura já tenha ocorrido).

D - Escorregamentos devidos a problemas em sistemas de proteção e drenagem


superficial

Como informado pelo IPT (1991), o sistema de drenagem superficial pode apresentar problemas
relacionados a danos às canaletas, valetas, descidas d’água e a outros dispositivos de drenagem superficial.

Tais problemas, associados à falta de proteção superficial, podem acarretar infiltrações nos taludes e
na própria plataforma, causando todos os problemas decorrentes.

Como medida preventiva, deve-se proceder à manutenção sistemática dos dispositivos de


drenagem – caso a ruptura do talude não tenha ocorrido.
SOLUÇÕES.
Reconstrução do aterro com elementos de proteção superficial adequados – nos casos em que a
ruptura já tenha ocorrido.

RECALQUE DE ATERROS

Recalques em aterros podem induzir deformações na plataforma e comprometer tanto o


nivelamento transversal quanto o longitudinal.

As principais causas de ocorrência de recalques nos aterros são:

>>baixa capacidade de suporte da fundação;


>>compactação inadequada;
>>deficiências de drenagem;
>>rompimento de bueiros.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

As figuras apresentadas ilustram duas situações típicas de ocorrência de recalques na plataforma.

SITUAÇÃO ORIGINAL RECALQUE DO ATERRO

Aterro
Areia
Argila mole

FIGURA 1.28: RECALQUE DO ATERRO DEVIDO AO ADENSAMENTO DA CAMADA DE SOLO MOLE.

Afundamento de plataforma

Montante
ATERRO
Jusante

Ruptura de bueiro

FIGURA 1.29: RECALQUE DA PLATAFORMA DEVIDO AO ROMPIMENTO DE BUEIRO.

Retirada de eventual solo mole da fundação, com recomposição do aterro.

SOLUÇÕES. Tratamento de eventual solo mole da fundação, com recomposição do aterro.

Reparo de estruturas de drenagem rompidas (por exemplo, bueiros) e recomposição do aterro.

QUEDA E ROLAMENTO DE BLOCOS

A queda de blocos caracteriza-se por movimentos rápidos, geralmente em queda livre, mobilizando
volumes de rocha normalmente pequenos. Este processo está associado a encostas rochosas
abruptas ou a cortes em taludes de rocha sã ou pouco alterada (IPT, 1991).

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Problemas observáveis em taludes e encostas


A – SITUAÇÃO ORIGINAL B – APÓS A QUEDA DE BLOCOS

Blocos instáveis Blocos


destacados

Plataforma
Maciço
rochoso

FIGURA 1.30: QUEDA DE BLOCOS.

FIGURA 1.31: MACIÇO ROCHOSO, BASTANTE FRATURADO, NA ALTURA DO KM 269+200 DA EFVM. O REFERIDO
TALUDE É BASTANTE SUSCEPTÍVEL À QUEDA DE BLOCOS.

Já os rolamentos de blocos podem ocorrer em encostas ou cortes quando processos erosivos ou


pequenos escorregamentos removem o apoio das bases dos mesmos, condicionando o movimento.

Remoção manual de blocos menores e remoção mecanizada (com perfuratriz ou argamassa


expansiva) de blocos maiores instáveis.

SOLUÇÕES. Fixação de blocos instáveis com chumbadores ou tirantes.

Proteção com tela metálica – com ou sem concreto projetado.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Problemas em observáveis OAC’S e demais dispositivos de drenagem


Problemas observáveis
em OAC’S e demais
dispositivos de drenagem
RUPTURA

A ruptura do corpo do bueiro ou de qualquer dispositivo de drenagem pode ser provocada por:

>>sobrecarga do aterro;
>>sobrecargas provenientes da passagem do trem, particularmente para bueiros com pequeno
recobrimento;

>>subdimensionamento estrutural da OAC;


>>falhas na fundação da OAC;
>>descalçamento de OAC devido a erosões.

FIGURA 1.32: LAJE SUPERIOR DE BSCC EM ESTADO DE RUÍNA, NA FCA (FONTE: GERALDO COUTO).

Reconstrução do bueiro.
SOLUÇÕES.
Reforço do bueiro.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Assoreamento

O assoreamento dos dispositivos de drenagem pode ocorrer, particularmente, por:

>>declividade inadequada (falha de projeto/execução);


>>obstrução a jusante;
> >excesso de aporte de sedimentos (por exemplo, solo decorrente de escorregamento de
taludes).

FIGURA 1.33: VISTA DE BUEIRO TUBULAR BASTANTE ASSOREADO.

SOLUÇÕES. Desassoreamento e limpeza da OAC.

Relembrando

Trincas

Trincas nas estruturas dos dispositivos de drenagem ocorrem, basicamente, pelos mesmos motivos
que conduzem os equipamentos ao colapso, pois, frequentemente, a ruptura é precedida pelo
aparecimento de trincas.

Uma exceção importante são as trincas decorrentes de efeitos térmicos, que


podem não conduzir a estrutura à ruptura, mas comprometer seu Estado
Limite de Serviço.

Pesquisando
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Problemas em observáveis OAC’S e demais dispositivos de drenagem


FIGURA 1.34: TRINCA EM CANALETA DECORRENTE DE EFEITO TÉRMICO
NA FCA. TAL TRINCA FOI MOTIVADA, NO PRESENTE CASO, PELA AUSÊNCIA DE JUNTA DE DILATAÇÃO.

Trincas nas estruturas de concreto das OAC’s também podem estar associadas a algumas reações
expansivas – como a corrosão das armaduras e ataque do concreto por sulfatos.

A reparação das trincas dependerá, dentre outros fatores, da abertura, localização e da natureza da
trinca (estrutural ou não estrutural).

Execução de juntas de dilatação no dispositivo de drenagem.


SOLUÇÕES.
Tratamento da trinca com calda de cimento, cimento polimérico, injeções etc. O tipo de tratamento é
específico para cada caso e deve ser objeto de estudo conjunto entre o campo e a engenharia.

OBSTRUÇÃO

A obstrução dos dispositivos de drenagem ocorre, particularmente, por:

>>assoreamento intenso;
>>aporte de materiais com grandes dimensões, como troncos de árvores e blocos;
>>ação antrópica (lançamento de lixo).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

FIGURA 1.35: BLOCO OBSTRUINDO CANAL DE DRENAGEM.

SOLUÇÕES. Desobstrução dos elementos de drenagem superficial ou OAC.

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Problemas em observáveis OAC’S e demais dispositivos de drenagem


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo II
MANUTENÇÃO, RETALUDAMENTO,
CONTENÇÕES, DRENAGENS,
PROTEÇÃO SUPERFICIAL E BUEIROS

Neste Módulo você terá a oportunidade de conhecer as soluções e diretrizes gerais


recomendas pelos especialistas para a estabilização, recuperação e construção de
equipamentos de infraestrutura.

Quando concluir os estudos deste Módulo você poderá:

>>identificar as etapas de planejamento da manutenção;


>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para reconstrução em aterros;
>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para execução do retaludamento;
>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para execução ou recomposição
de canaletas, valetas e sarjetas;

>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para limpeza de canaletas,


valetas e sarjetas;

>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para a execução ou


recomposição de descidas d’água e caixas coletoras;

>>conhecer os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos para execução ou recomposição


de estruturas de dissipação;

>>identificar os principais dispositivos de drenagem profunda, respectivas funções e procedimentos


de execução;

>>identificar os objetivos e procedimentos da execução ou recomposição da proteção superficial;


>>identificar os objetivos, materiais, equipamentos e procedimentos da execução ou refazimento de bueiros.
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Procedimento para execução das obras de manutenção


Procedimentos para a
execução das obras de
manutenção

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A Engenharia dispõe de diversas soluções para a estabilização, recuperação e construção de


equipamentos de infraestrutura. A adoção de uma solução particular deve ser baseada nas
especificidades do local (condições geológico-geotécnicas, condições de acesso etc.), bem como no
tipo de processo de instabilização/deterioração envolvido.
Relembrando

Dessa maneira, as soluções propostas no presente manual devem ser entendidas


como diretrizes gerais a serem seguidas, devendo ser respeitadas as normas
vigentes aplicáveis no que concerne à definição dos parâmetros, critérios de
cálculo, cargas de utilização e análise estrutural de cada item do projeto.

É altamente recomendável um planejamento dos trabalhos que contemple, no mínimo, as três


etapas a seguir.

a) Estudos de investigação

Esta etapa deve necessariamente preceder qualquer trabalho de engenharia


de infraestrutura. Por exemplo, os mecanismos de instabiliz ação de taludes
dependem de inúmeros fatores, mas o condicionante básico quase sempre é
o aspec to geológico. Estes aspec tos devem ser considerados nas análises
mediante estudos de carac teriz ação litológica (principais tipos de solos e
rochas existentes no local), carac teriz ação de aspec tos estruturais (fraturas;
Pesquisando e carac teriz ação geomor fológica (def inição de padrões de
xistosidades)
comp or tamento de encostas). Além desses condicionantes, deverão ser
carac teriz ados também o clima, a vegetação e aspec tos de uso e ocupação
da área.
Observando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

b) Concepção e elaboração de projeto de estabilização

A obra de estabilização/recuperação elencada como solução deve atuar exatamente


sobre o agente causador da instabilização ou do dano. Após a definição dos
mecanismos de instabilização vem a fase do estudo das alternativas de projeto, na
qual se deve privilegiar sempre as soluções mais simples e de menor custo. Podem
ser adotadas soluções mais complexas quando as primeiras se mostrarem inviáveis
ou inadequadas. Importante salientar que as obras de estabilização devem ser
orientadas não somente pela viabilidade técnica mas também pelos aspectos
ambientais, tendo em vista as implicações do conceito de passivo ambiental. Neste
sentido, o projeto de estabilização deve ser desenvolvido em conjunto com a Área de
Meio Ambiente das Unidades Operacionais da Vale.

c) Execução das obras e sua fiscalização

Raramente um projeto de estabilização ou recuperação de equipamento de


infraestrutura pode ser totalmente definido, em todos os seus aspectos, antes do
efetivo início das obras. A impossibilidade de um conhecimento amplo e completo
das características geológico-geotécnicas faz com que muitas decisões de projeto
sejam revistas quando da implantação da obra – após apreciações da equipe de
fiscalização e da assessoria técnica.

Feitas essas considerações gerais, as diversas obras de estabilização de taludes são apresentadas nos
tópicos a seguir.

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Reconstrução em aterros
Reconstrução em aterros
Objetivos

Aterros são necessários tanto na execução da plataforma ferroviária quanto em encontros de pontos
ou na concepção de bermas de equilíbrio. Observe.

Revestimento
vegetal

Drenagem
superficial

Valeta
ATERRO

Escalonamento
(endentamento)
Colchão (trincheira)
drenante

FIGURA 2.1: ESTABILIZAÇÃO DE TALUDE MEDIANTE EXECUÇÃO DE BERMA DE EQUILÍBRIO.

Material

O material utilizado nos aterros deve ser proveniente de jazidas escolhidas em razão dos
condicionantes técnicos e econômicos. Diretrizes gerais referentes aos materiais são
apresentadas a seguir.

Para caracterização de uma jazida, normalmente são utilizados os seguintes ensaios:


granulometria, limites de Atterberg (LL e LP), umidade natural, densidade dos grãos e
compactação. Podem ser solicitados ensaios mais específicos, como: ensaios triaxiais,
de adensamento, de permeabilidade, cisalhamento direto, entre outros.

Recomenda-se a utilização de solos mais arenosos na fundação e no núcleo (regiões


de maiores confinamentos) e de solos mais argilosos nas bordas (região onde o
confinamento é menor).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Observe a utilização de diferentes tipos de solo.

Solos mais argilosos

Solos mais arenosos

FIGURA 2.2: UTILIZAÇÃO DE SOLOS ARENOSOS NO NÚCLEO E DE


SOLOS MAIS ARGILOSOS NAS BORDAS DO ATERRO.

Relembrando

Na execução do corpo dos aterros não será permitido o uso de solos de baixa
capacidade de suporte (ISC<2%) e expansão maior do que 4%. O solo da camada
final deverá ter expansão de, no máximo, 2%.

Caso seja necessário o tratamento prévio dos solos da jazida, tal procedimento
deverá ser feito com a correção da umidade (dentro dos valores estabelecidos
em projeto específico), destorroamento e homogeneização.

Etapas executivas

As etapas executivas estão apresentadas a seguir.

a) Limpeza do terreno no preparo da fundação

Remoção de vegetação e raízes, entulhos, eventuais “bota-fora” e retirada de solos com matéria
orgânica,Pesquisando
turfosos ou solos muito micáceos.

b) Preparação da superfície de contato


Observando

Deve-se preparar a interface entre o material natural (remanescente) e o novo aterro quando tal
superfície possuir inclinação superior a 1(V):3(H).
Nesses casos, deve-se conceber degraus (endentamento) de forma a permitir uma perfeita
aderência, evitando o surgimento de uma superfície preferencial de escorregamento.

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Reconstrução em aterros
c) Execução de drenagem interna

Recomenda-se executar a drenagem interna (através de trincheiras drenantes, por exemplo) na base
do aterro, em caso de ocorrência de surgências d’água, lençol freático elevado ou possibilidade de
infiltrações, que podem ocasionar o fenômeno de piping. Quando o aterro é executado próximo a
encostas naturais com lençol freático elevado, pode ser necessário executar drenos profundos que
interceptem o lençol por ocasião de sua elevação e evitem a saturação do aterro (com todas as
possíveis consequências decorrentes).

Aterro compactado

Trincheira
drenante Plataforma
Escavação
em degraus

Surgências d’água

FIGURA 2.3: EXECUÇÃO DE TRINCHEIRA DRENANTE.

d) Execução do aterro compactado

Deve ser feito em espessuras adequadas (não superiores a 25 cm), utilizando-se equipamento
apropriado para o tipo de solo e para a energia de compactação necessária. Na execução desse
serviço, é importante proceder ao controle de qualidade, particularmente no que se refere ao desvio
da umidade (h) e grau de compactação (GC).

FIGURA 2.4: COMPACTAÇÃO DO ATERRO.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

e) Execução da sobre-largura

Em adição à geometria estabelecida em projeto, deve-se executar uma sobre-largura de cerca de 0,5
m, em toda a extensão do talude, para posterior raspagem, a fim de garantir uma boa compactação
das bordas da estrutura do aterro.

FIGURA 2.5: RASPAGEM DA SOBRE-LARGURA.

f) Execução do sistema de drenagem e proteção superficial

A execução da drenagem superficial é extremamente importante para evitar a infiltração no aterro


ou ocorrências de erosão. Cumpre salientar que, com certa frequência, o aterro é construído de
forma a interceptar o escoamento natural das águas superficiais, de maneira que eventuais
deficiências de drenagem podem propiciar a saturação do solo, com possibilidades de instabilização.

g) Proteção do pé do aterro

No caso da existência de córregos e talvegues próximos ao pé do aterro, deve-se protegê-lo com


enrocamento ou gabiões tipo “manta”.

Drenagem superficial

Proteção vegetal

Enrocamento

Córrego

Aterro compactado

FIGURA 2.6: PROTEÇÃO DO PÉ DO ATERRO COM ENROCAMENTO.

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Reconstrução em aterros
Equipamentos

Os equipamentos recomendados para a realização dos serviços de execução de aterro são os listados a seguir.

Equipamentos de carga e transporte


Tratores de esteira com lâmina ou tratores sobre pneus,
pá-carregadeira, retroescavadeira, caminhão basculante.

Equipamentos de compactação
Rolos “pé-de-carneiro”, rolo liso, placas vibratórias.

Equipamentos complementares
Motoniveladora, escarificadores, irrigadeiras.

RETALUDAMENTO

Objetivos

O retaludamento tem por propósito aumentar o coeficiente de segurança à ruptura do talude devido
Relembrando
à diminuição de sua declividade.

A alteração da geometria do talude deve ser orientada por projeto específico.

Declividade média

Perfil original
do terreno

Pesquisando
Plataforma

Observando

FIGURA 2.7: RETALUDAMENTO DE TALUDE DE CORTE.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Etapas executivas

As etapas executivas de um retaludamento estão apresentadas a seguir.

a) Demarcação dos limites do corte

Deve-se proceder à locação da crista do corte com auxílio de equipe de topografia, a


fim de garantir a geometria estabelecida no projeto.

b) Execução do corte

A forma de execução do corte dependerá da disponibilidade de espaço no


local, das características do maciço (altura e extensão), bem como das
condições de estabilidade do mesmo. Para viabilizar os trabalhos,
normalmente são utilizadas rampas de acesso para as máquinas.

c) Acabamento

Poderá ser feito o acabamento do talude por meio de raspagem com motoniveladora.

d) Bota-fora

Normalmente, a execução de cortes implica na necessidade de execução de bota-


fora, os quais devem ser adequadamente executados para se evitar a erosão e
consequente assoreamento à jusante do bota-fora, bem como evitar a ruptura
remontante do mesmo. Recomendam-se as seguintes medidas a serem tomadas por
ocasião da implantação do bota-fora: implantação do bota-fora:

1. implantar um sistema de drenagem para captação de surgências d’água, se


necessário, antes de lançar qualquer material;

2. deixar preparado o pé do bota-fora na forma de dique, com material


razoavelmente compactado e, quando próximo a cursos d’água, proteger o
dique com enrocamento;

3. o restante do corpo do bota-fora deverá receber uma compactação mínima,


além da proteção e drenagem superficial.

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Reconstrução em aterros
Bota-fora

Dique
Enrocamento

Relembrando
Sistema de
drenagem Aterro compactado

FIGURA 2.8: ESQUEMA DE UM BOTA-FORA.

Em virtude dos impactos sobre o meio físico, a execução de bota-fora


deverá ser acompanhada pela Área de Meio Ambiente das respectivas
Unidades Operacionais da VALE.

Equipamentos

Os equipamentos recomendados para a realização dos serviços de execução de bota-fora são os


listados a seguir.

Pesquisando
Equipamentos de carga e transporte
Tratores de esteira com lâmina ou tratores sobre pneus,
pá-carregadeira, retroescavadeira e caminhão basculante.
Observando

Equipamentos de compactação
Rolos “pé-de-carneiro”, rolo liso e placas vibratórias.

Equipamentos complementares
Motoniveladora, escarificadores e irrigadeiras.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


Dispositivos de drenagem
superficial e contenções
A execução/reparação das contenções é matéria objetivada em manual específico, que deve ser
consultado quando necessário.

EXECUÇÃO OU RECOMPOSIÇÃO DE CANALETAS/VALETAS E SARJETAS

Objetivos

Este item tem por objetivo fornecer subsídios para a manutenção corretiva de valetas/canaletas e
sarjetas que necessitem de recuperação ou reconformação ou, ainda, para execução de valetas em
locais onde inexistem.

Materiais

Os materiais a serem empregados na manutenção dos dispositivos de drenagem e de obras de arte


correntes, de um modo geral, serão o concreto e argamassa de cimento Portland, que devem
atender às exigências preconizadas nas normas aplicáveis. Poderão ser utilizados materiais especiais
(micro-concreto, grautes etc.) – desde que devidamente validados pela Engenharia. Poderão ser
utilizados elementos moldados in-loco ou elementos pré-moldados – a critério da VALE.
Relembrando

Estas especificações também deverão ser respeitadas: concreto fck ≥ 20MPa


para o corpo de canaletas, descidas d’água, caixas de passagem e demais
estruturas de concreto.

Etapas executivas

As canaletas/valetas serão executadas conforme os itens a seguir.

Pesquisando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

a) Limpeza da área – com demolição prévia de eventuais partes danificadas da valeta.

b) Locação da obra para garantia das premissas estabelecidas em projeto, particularmente no que
se refere à orientação e declividade do dispositivo. Nesta etapa recomenda-se a utilização de
gabaritos constituídos por guias de madeira, servindo de referência para a concretagem, com
espaçamento a cada 2,0 m.

c) Abertura manual ou mecânica (com valetadeiras ou retroescavadeira) da vala. É nesta etapa que
deverá ser garantida a declividade da valeta, que deverá ser estabelecida em projeto elaborado
em função das particularidades do local, do tipo de revestimento etc. Aprioristicamente, fica
fixada a declividade máxima de valetas/sarjetas em 2%. Quando a declividade do terreno
exceder a 2%, de forma que a valeta não possa acompanhar sua inclinação, deve-se executar o
escalonamento por meio de barramentos transversais. Observe.

Declividade natural do terreno (α %)

Declividade admissível para o nível d’água

H
E

FIGURA 2.9: ESQUEMA DE UM BOTA-FORA.

Nestes casos, o espaçamento (E) entre as barragens será calculado pela formulação:

Onde:

>>E = espaçamento entre as barragens, em metros;


>>H = altura da barragem, em metros;
>>α = declividade natural do terreno, em %;
>>β- = declividade correspondente à valeta contínua (max. 2%).

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


d) Apiloamento manual ou mecânico do fundo da vala.

e) E xecução do revestimento ou assentamento de valeta pré - moldada. No caso de


revestimento em concreto moldado in-loco, este deverá ter espessura mínima de 8 cm
e fck = 20MPa. O espalhamento e acabamento do concreto será feito mediante o
emprego de ferramentas manuais, em especial uma régua que, apoiada em guias
adjacentes, permitirá a conformação da sarjeta ou valeta na forma desejada. A
retirada das guias dos panos concretados será feita logo após constatar-se o início da
cura do concreto.

FIGURA 2.10: EXECUÇÃO DE CANALETA DE CONCRETO.

O concreto utilizado deverá ser preparado em betoneiras, com fator água/cimento apenas
suficiente para alcançar a trabalhabilidade (recomendo 0,4< a/c <0,6).

Não é permitido o lançamento do concreto após mais de 1 hora de seu preparo e nem o seu
retemperamento.

Quando o revestimento for de alvenaria deverá ser utilizado rejunte de argamassa de cimento e
areia 1:4.

No caso de revestimento vegetal poderão ser adotadas alternativas de plantio de grama em


leivas ou mudas, utilizando-se espécies típicas da região da obra. O plantio também poderá ser
feito POR MEIO de hidro semeadura – no caso de áreas maiores.

f) Deverá ser deixado um desnível mínimo de 5 cm entre o terreno e o topo do revestimento da


valeta – de forma a facilitar o ingresso da água pluvial.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Desnível mínimo para


garantir o acesso da
água às canaletas

FIGURA 2.11: DESNÍVEL ENTRE O TOPO DA VALETA E O TERRENO.

g) Deve-se executar uma junta de dilatação a cada 12 metros (6 espaçamentos das guias),
preenchida com cimento asfáltico aquecido – de modo a se obter a fluidez necessária. A
abertura da junta deverá ser de 5 mm.

h) Sarjetas e valetas não providas de revestimento deverão ser utilizadas somente em locais em que
se assegure sua eficiência e durabilidade, restringindo-se às áreas associadas a moderadas
precipitações e possuidoras de solos resistentes à erosão. A execução pode ser bastante
facilitada com auxílio da pá de uma motoniveladora.

i) As valetas de aterros deverão ser sempre revestidas em concreto.

j) A reparação de eventuais trincas existentes na estrutura deverá ser feita em conformidade com as
técnicas apresentadas no Manual de Inspeção e Manutenção de Obras de Arte Especiais.

Equipamentos

Os equipamentos recomendados para realização dos serviços de execução ou recomposição de


valetas/canaletas e sarjetas são os seguintes:

>>caminhão basculante e/ou caminhão de carroceria fixa;


>>caminhão Munck;
>>betoneiras ou caminhão betoneira;
>>caminhão pipa ou depósito de água;
>>retroescavadeira ou valetadeira;
>>sapos mecânicos, placas vibratórias, socadores manuais ou rolo compactador;
>>ferramentas manuais - enxada, pá, régua e desempenadeira.

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


Limpeza de canaletas/valetas e sarjetas

A limpeza é a única manutenção preventiva de valetas/canaletas e sarjetas e, apesar da simplicidade


do procedimento, geralmente traz grandes benefícios à segurança de taludes e ao comportamento
mecânico dos elementos geotécnicos da plataforma (subleito, sublastro e lastro).

Consiste na limpeza manual ou mecânica dos mencionados dispositivos para retirada de sedimentos
e eventuais entulhos. Os itens a seguir devem ser observados na limpeza.

a) No caso de valetas não revestidas, deve-se evitar a total remoção da vegetação,


procedendo-se à remoção apenas da vegetação que impeça o funcionamento da
valeta conforme as condições especificadas em projeto.

b) Em valetas não revestidas, deve-se assegurar o restabelecimento da seção


transversal original das mesmas, bem como garantir que o procedimento de limpeza
não altere a declividade da valeta. Ao final da limpeza, deve-se proceder ao
apiloamento do fundo da vala.

c) Os sedimentos retirados das valetas deverão ser transportados para bota-fora


adequado. Recomenda-se que a escolha do bota-fora seja feita com auxílio de
profissional da Área de Meio Ambiente da Unidade Operacional.

d) Deverão ser sempre observados os procedimentos de SSO estabelecidos nos


PRO’s específicos para as atividades de limpeza manual e mecânica de
dispositivos de drenagem.

e) Deve-se, também, observar os ditames do ROF no que diz respeito aos trabalhos na via
permanente.

Equipamentos

Recomenda-se a utilização dos seguintes equipamentos:

>>ferramentas manuais de praxe (pá, enxada, garfo/gadanho, carrinho de mão etc.);


>>caminhão basculante ou de caçamba fixa;
>>retroescavadeira e valetadeira (para limpeza mecânica);
>>equipamentos de compactação (manuais ou mecânicos).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

EXECUÇÃO OU RECOMPOSIÇÃO DE DESCIDAS D’ÁGUA E CAIXAS COLETORAS

Objetivos

Este item tem por objetivo fornecer subsídios para a manutenção corretiva de descidas d’água e
caixas coletoras que necessitem de recuperação ou, ainda, para execução das mesmas em locais
onde inexistem.

Materiais

Os materiais a serem empregados na manutenção dos dispositivos de drenagem e de obras de arte


correntes, de um modo geral, serão o concreto e argamassa de cimento Portland, que devem
atender às exigências preconizadas nas normas aplicáveis. Poderão ser utilizados materiais especiais
(micro-concreto, grautes etc.) – desde que devidamente validados pela Engenharia. Poderão ser
utilizados elementos moldados in-loco ou elementos pré-moldados – a critério da VALE.
Relembrando

Estas especificações também deverão ser respeitadas: concreto fck ≥ 20MPa


para o corpo de canaletas, descidas d’água, caixas de passagem e demais
estruturas de concreto.

As recomendações adicionais a seguir também devem ser seguidas.

>>Concreto fck ≥ 20 MPa para o corpo de canaletas, descidas d’água, caixas de passagem e
demais estruturas de concreto.

>>Concreto fck ≥ 10 MPa para lastro de concreto magro.


>>Aço: CA-25, CA-50 ou CA-60 – a critério do projetista.
>>Brita 1.
Pesquisando
Etapas executivas

As descidas d’água deverão ser executadas conforme os itens a seguir.


Observando

a) Limpeza da área e com demolição prévia de eventuais partes danificadas da descida d’água.

b) Locação da obra, garantindo as premissas de projeto – particularmente no que se refere às


dimensões e declividade da descida d’água.

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


c) Escavação da vala, atendendo às dimensões estabelecidas em projeto. No caso de descidas do
tipo rápido (laje de fundo formando um plano) deve-se escavar pequenas valas transversais ao
dispositivo para execução de lajes verticais – que servirão para conferir maior estabilidade da
descida contra o escorregamento. Observe.

Saída d’água

Corte AA

Bacia de
amortecimento

FIGURA 2.12: DETALHE DA FUNDAÇÃO DE UMA DESCIDA D’ÁGUA DO TIPO RÁPIDO.

No caso de caixas coletoras, a escavação pode demandar o escoramento do terreno.

d) Apiloamento manual ou mecânico do fundo da vala.

e) Execução de lastro de concreto magro ou camada de brita para apoio da laje de fundo - com
espessura mínima de 5 cm.

f) Instalação de gabaritos com as características da seção transversal desejada e de formas laterais,


bem como de cimbramento. Recomenda-se posicionar um gabarito a cada 2,0 metros. Este item
somente se aplica às estruturas com concretagem in-loco.

g) Posicionamento das armaduras na laje de fundo e paredes laterais. Recomenda-se a utilização de tela de
aço diâmetro = ¼” e malha 10x10cm. Em casos particulares, a armadura poderá ser suprimida, sob o crivo
da Engenharia. Este item também se aplica somente às estruturas executadas in-loco.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Escada d’água

Canaleta

Caixa de
dissipação

Canaleta
Berma
Tela de armação
ø ¼ malha 10x10

Escada d’água

Caixa de dissipação

FIGURA 2.13: DETALHES DE EXECUÇÃO DA DESCIDA D’ÁGUA EM DEGRAUS.

h) Concretagem da laje de fundo e das paredes laterais utilizando argamassa de cimento e areia com
traço 1:3. A relação água/cimento deverá ser tão baixa quanto possível, ou seja, apenas a necessária
para a trabalhabilidade do concreto. Recomenda-se a vibração do concreto. Posteriormente, deve-se
preencher as juntas com argamassa de cimento e areia no mesmo traço.

No caso da utilização de elementos pré-moldados, o procedimento supra é substituído pelo


assentamento das peças e posterior rejuntamento com argamassa de cimento e areia traço 1:3.

Em qualquer caso, a espessura das paredes laterais e da laje de fundo deverão ser de, no mínimo,
10 cm e o cobrimento da armadura de, no mínimo, 2cm.

i) Retirada das guias e das formas laterais após o início da pega – com posterior desempeno das
superfícies.

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


EXECUÇÃO OU RECOMPOSIÇÃO DE ESTRUTURAS DE DISSIPAÇÃO

Objetivos

Este item tem por objetivo fornecer subsídios para a manutenção corretiva de estruturas de dissipação
que necessitem de recuperação ou ainda para execução das mesmas em locais onde inexistem.

As estruturas de dissipação usualmente utilizadas são as seguintes:

>>dissipadores de concreto providos de dentes;


>>dissipadores de alvenaria de pedra argamassada;
>>dissipadores constituídos por caixa de concreto preenchida.
Relembrando

Os dissipadores providos de dentes possuem elevada eficiência na


dissipação de energia. Podem ser utilizados nas situações de elevada
energia do escoamento, como nas saídas de valetas e descidas d’água de
aterros com elevadas declividades.

Cunhas Soleira RIP-RAP


Dentes

Pesquisando
FIGURA 2.14: ELEMENTOS DE UM DISSIPADOR DE ENERGIA PROVIDO DE DENTES.

Materiais
Observando

Os materiais a serem empregados na manutenção dos dispositivos de drenagem e de obras de arte


correntes, de um modo geral, serão o concreto e argamassa de cimento Portland, que devem
atender às exigências preconizadas nas normas aplicáveis. Poderão ser utilizados materiais especiais
(micro-concreto, grautes etc.) – desde que devidamente validados pela Engenharia. Poderão ser
utilizados elementos moldados in-loco ou elementos pré-moldados – a critério da VALE.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Relembrando

Estas especificações também deverão ser respeitadas:

• concreto fck ≥ 20MPa para o corpo de canaletas, descidas d’água, caixas de


passagem e demais estruturas de concreto.

As recomendações adicionais a seguir também devem ser seguidas.

>>Concreto fck ≥ 20MPa para o corpo de canaletas, descidas d’água, caixas de passagem e
demais estruturas de concreto.

>>Concreto fck ≥ 10MPa para lastro de concreto magro.


>>Aço: CA-25, CA-50 ou CA-60 – a critério do projetista.
>>Pedra-de-mão (originária de rocha sã) ou rachão, com diâmetro equivalente na faixa de 10 a 15 cm.
Relembrando
Pesquisando

Etapas executivas
Observando
As etapas executivas envolvem a locação da obra, preparação do terreno, forma e concretagem.
Algumas particularidades concernentes às estruturas de dissipação devem ser observadas.

Recomenda-se a execução de um rip-rap nas saídas de qualquer


bacia de dissipação, saídas de bueiros ou saídas de quaisquer outros
dispositivos cuja velocidade da água não comprometa seriamente
o terreno natural. O dissipador rip-rap deve possuir comprimento
adequado (em função do volume de água que sai do dissipador e das
condições de jusante). Deve ser executado com pedras dispostas,
desordenadamente, que devem possuir diâmetros equivalentes –
dados em função da velocidade do escoamento.

A drenagem profunda objetiva a retirada de água que percola no interior dos maciços (através dos
Pesquisando
poros de um maciço terroso ou das fendas e fissuras de um maciço rochoso ou saprolítico),
propiciando redução das pressões neutras e a manutenção de eventuais efeitos de sucção –
contribuindo decisivamente para a estabilidade dos taludes.
Relembrando
Observando

Evidentemente que os dispositivos de drenagem interna devem estar associados


a dispositivos de drenagem superficial, que conduzirão a água drenada do
interior do maciço até o local de lançamento.

Os principais dispositivos de drenagem interna são os drenos sub-horizontais, os poços de alívio,


barbacãs e trincheiras drenantes.

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Dispositivo de drenagem superficial e contenções


BARBACÃS

Os barbacãs são tubos sub-horizontais curtos instalados em muros de arrimo


para a captação da água que percola no interior do maciço.

Pesquisando
Quanto à execução, recomenda-se a observação dos itens a seguir.

a) Devem ser executados em tubos de PVC e possuir inclinação de 5% em relação à horizontal – de


formaObservando
a possibilitar o escoamento da água por gravidade.

b) A extremidade interna do tubo deve ser envolvida por Geotêxtil ou tela de Nylon (tipo Bidim®)
para impedir o carreamento de finos do maciço.

DETALHE DO BARBACÃ

Muro Material drenante

Tubo de PVC Eixo


Barbacã

Linha base

Geotêxtil ou tela de nylon

FIGURA 2.15: DETALHES EXECUTIVOS DE UM BARBACÃ

c) A fixação do geotêxtil ou da tela de nylon deve ser feita com arame de cobre ou outro material
resistente à corrosão.

d) O material drenante executado na parte interna do muro deve atender aos critérios de filtro.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

e) Critério de filtro: O critério de Filtro de Terzaghi estabelece o atendimento às seguintes


condições:

e.1. Condição de permeabilidade:

d15FILTRO ≥ 5.d15SOLO

e.2. Condição de não entupimento do material drenante:

d15FILTRO ≤ 5.d85SOLO

d15FILTRO ≤ 40.d15SOLO

d50 FILTRO ≤ 25.d50SOLO

e.3. Condição de não entupimento do tubo:

d85FILTRO ≥ d FURO TUBO

e.4. Condição de uniformidade:


2 ≤ CNU FILTRO ≤ 20

Onde:

dFURO TUBO = diâmetro dos furos do tubo perfurado;

d15FILTRO = diâmetro correspondente a 15% passando do material do filtro;

d50 FILTRO = diâmetro correspondente a 50% passando do material do filtro;

d85FILTRO = diâmetro correspondente a 85% passando do material do filtro;

d15SOLO = diâmetro correspondente a 15% passando do solo a drenar;

d50SOLO = diâmetro correspondente a 50% passando do solo a drenar;

d85SOLO = diâmetro correspondente a 85% passando do solo a drenar;

CNU = Coeficiente de Não Uniformidade do material do filtro (CNU = d60/d10).

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Dispositivo de drenagem profunda


Relembrando

Dispositivos de drenagem
profunda

DRENOS PROFUNDOS

São dispositivos que têm por finalidade interceptar o fluxo d’água subterrânea
através do rebaixamento do lençol freático, impedindo-o de atingir o subleito.

Podem ser utilizados em aterros ou cortes saturados (particularmente junto


aos pés) e também em áreas planas que apresentem lençol freático próximo ao
Pesquisando subleito. Também têm sido utilizados, com bastante sucesso, na estabilização de
massas de tálus.

Observando

Materiais

Materiais filtrantes: areia, agregados britados e geotêxtil.

Materiais drenantes: britas, cascalho grosso lavado etc.

Materiais condutores: tubos de concreto (porosos ou perfurados), cerâmicos (perfurados), de


materiais plásticos (corrugados, flexíveis perfurados, ranhurados) e metálicos.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Elementos de projeto/execução

Os itens a seguir devem ser observados por ocasião do projeto/execução.

a) As valas, abertas de forma manual ou mecanicamente, devem ter, no fundo, a


largura mínima de 50 cm e, na boca, 60 cm (largura do fundo + 10cm). A altura da
vala depende da profundidade do lençol freático, podendo chegar, no máximo, a
2,0 metros.

b) O material de enchimento pode ser filtrante ou drenante. Há casos em que, com


o uso de tubos, pode-se utilizar somente material drenante.

c) Na falta de um dimensionamento hidráulico do diâmetro do tubo, recomenda-se


a utilização de tubos com diâmetro de 20 cm. Na existência de dimensionamento,
o diâmetro do tubo deverá ser aquele preconizado em projeto.

d) Recomenda-se a utilização de selos de argila no topo do dreno.

e) Como no caso dos barbacãs, os materiais usados nos drenos profundos deverão
atender ao critério de Filtro de Terzaghi.

f) Os drenos cegos (sem tubos) somente poderão ser utilizados nos casos de reduzida
quantidade de água a drenar ou quando a extensão do dreno for reduzida (menor
que 5,0 m).

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Dispositivo de drenagem profunda


Selo de argila Selo de argila

Material Material Material


filtrante filtrante filtrante
Tubo de Tubo de Tubo de
concreto concreto concreto
poroso poroso poroso
(ø20 cm) (ø20 cm) (ø20 cm)

Material
drenante

Selo de argila
Material
filtrante Material Material
drenante drenante
Tubo de
concreto Manta Manta
poroso sintética sintética
(ø20 cm)
Material
drenante

Selo de argila
Relembrando
Material Material
drenante drenante

Manta Manta
Tubo de sintética Tubo de sintética
concreto concreto
poroso poroso
(ø20 cm) (ø20 cm)

FIGURA 2.16: DETALHES EXECUTIVOS DE UM DRENO PROFUNDO.

DRENOS SUB-HORIZONTAIS PROFUNDOS (DHP’S)

São tubos de drenagem, geralmente com diâmetro variando entre 25


e 100 mm (1/2” e 4”), instalados em perfurações sub-horizontais, que
têm a finalidade de captar a água de percolação interna de aterros
ou cortes saturados (em particular na região do pé). Também têm sido
utilizados, com sucesso na estabilização de massas de tálus ou nos
Pesquisando escorregamentos de grandes proporções, nos quais a drenagem pode
ser a única solução viável.

Além da redução da poropressão, esses dispositivos propiciam, também,


Observando a alteração da direção do fluxo d’água, que pode ficar orientado segundo
uma direção que favoreça a estabilidade.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Materiais

>>Tubos metálicos ou plásticos (PEAD), com diâmetros entre 25 e 76 mm. Para tubos com
comprimento maior que 40m recomenda-se que os mesmos sejam de ferro galvanizado ou
inoxidável.

>>Manta geotêxtil.
>>Argamassa de cimento traço 1:3.

Detalhes de projeto/execução

a) Os tubos devem ter a extremidade interna obturada e a extremidade externa livre – com pelo
menos 1,0 metro para fora da superfície do terreno ou estrutura de contenção.

b) O trecho perfurado dos tubos deve ser envolvido por Geotêxtil ou tela de Nylon (tipo Bidim®)
para impedir o carreamento de finos do maciço.

Furos 4 mm Plug
Tubo PVC ø 4’’

5° a 10°
Tre ch o pe rfurad o
la
ge otêx til ou te
Envo lv id o co m
de ny lo n

FIGURA 2.17: DETALHES EXECUTIVOS DE UM DRENO SUB-HORIZONTAL PROFUNDO (DHP).

c) Durante a perfuração deve-se evitar, tanto quanto possível, desvios no alinhamento previsto em
projeto devido a camadas mais resistentes ou presença de matacões.

d) No trecho final do dreno, próximo à saída, deve-se proceder à injeção de calda de cimento ou
argamassa.

e) Os drenos sub-horizontais profundos devem ser executados após investigações geotécnicas que
permitam a caracterização das camadas presentes, sistema de fraturamento etc.

f) A prática tem mostrado que drenos longos mais espaçados são mais eficientes que drenos curtos com
espaçamento menor, tendo em vista o objetivo de aumentar o fator de segurança do talude.

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Dispositivo de drenagem profunda


Superfície do talude protegida contra erosão

Trecho perfurado ou com


Trecho sem perfuração ranhuras envolto em geotêxtil

Saída do dreno

Injeção de cimento ou argamassa Tampão

proteção contra erosão

Canaleta

FIGURA 2.18: MAIS DETALHES EXECUTIVOS DE UM DRENO SUB-HORIZONTAL PROFUNDO (DHP)

EXECUÇÃO OU RECOMPOSIÇÃO DA PROTEÇÃO SUPERFICIAL

Objetivos

As obras de proteção superficial desempenham um papel muito importante na estabilização de taludes,


seja evitando a infiltração de águas pluviais no maciço seja na ocorrência de processos erosivos.

Para o objetivo de se proteger superficialmente os taludes, deve-se priorizar o uso de materiais


naturais em detrimento de materiais artificiais – salvo por imposição técnica ou econômica.

Em qualquer dos casos, recomenda-se que a busca da solução de uma proteção superficial envolva,
também, a Área de Meio Ambiente (Corporativa e Operacional).

Proteção dos taludes com gramíneas

A erosão superficial é particularmente grave em aterros mal compactados e em taludes de cortes de


solos residuais jovens ou cicatrizes de escorregamentos, quando os solos são mais erodíveis. Solos
siltosos, às vezes micáceos, resultantes da intemperização de rochas metamórficas, são
especialmente susceptíveis aos fenômenos erosivos.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Nestes casos, o efeito da vegetação deve ser o de travar os solos a pequenas profundidades (10 a 20 cm),
oferecendo-lhes uma cobertura mais densa e homogênea possível – em um efeito de “enrijecimento
superficial”. Para essa finalidade costuma-se lançar mão de espécies gramíneas e leguminosas de
crescimento rápido.

As técnicas mais conhecidas para execução de cobertura vegetal são as apresentadas a seguir.

Hidrossemeadura

Neste processo, sementes de gramíneas, leguminosas ou outros vegetais são lançadas sobre o talude em
meio aquoso, que contém ainda um elemento fixador (adesivo) e nutrientes (adubos). Desta forma,
alcançam-se maiores áreas em curto espaço de tempo e com menores custos. Sua eficiência é bastante
dependente das condições climáticas (as chuvas podem lavar as sementes dos taludes enquanto a seca
impede a germinação/crescimento) e das características de fertilidade do solo.

FIGURA 2.19: EXECUÇÃO DE HIDROSSEMEADURA PARA PROTEÇÃO DE TALUDES.

Plantio de mudas

No caso de revestimento de taludes com gramíneas, também pode-se usar o processo de plantio de
mudas, revestindo-se a superfície do terreno com uma camada de solo fértil (“terra vegetal”). A
aplicação fica restrita às inclinações brandas (até 1V:2H), pois, caso contrário, as águas das chuvas
podem provocar o escorrimento do material de cobertura.

Revestimento com grama em placas

Processo muito utilizado para o revestimento de taludes de cortes e aterros quando se deseja uma rápida
cobertura com boa eficiência. Neste caso, a grama é obtida em gramados plantados e, posteriormente,
recortada em placas com cerca de 30 a 50 cm de largura – cuja espessura inclui o solo enraizado (cerca de
5 a 8 cm). A aplicação nos taludes é feita, geralmente, sobre uma delgada camada de solo fértil pré-
colocada de forma que as placas de grama cubram total e uniformemente a superfície. Em taludes com
inclinações maiores do que 1V:2H deve-se fixar as placas pela cravação de estacas de madeira ou bambu.

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Dispositivo de drenagem profunda


Relembrando

FIGURA 2.20: EXECUÇÃO DE PROTEÇÃO COM GRAMA EM PLACAS.

Proteção com tela metálica

Consiste na utilização de tela metálica fixada à superfície do talude por meio de


chumbadores – em locais onde existe a possibilidade de queda de pequenos
blocos de rocha, com consequente descalçamento e instabilização de áreas
adjacentes ou prejuízo às operações da ferrovia. Normalmente, utiliza-se telas
galvanizadas ou, como opção mais atual, telas revestidas por uma camada de
Pesquisando material plástico.

Observando

Fixação
no topo
Plataforma
Fixação na
parede rochosa

Tela

FIGURA 2.21: PROTEÇÃO DE TALUDES COM TELA METÁLICA E HUMBADORES.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Execução ou refazimento de bueiros


Relembrando

Execução ou refazimento
de bueiros

Objetivos

Os bueiros são dispositivos que visam permitir a transposição de talvegues


interceptados pelas ferrovias ou captar as águas provenientes dos taludes
e da plataforma. Tais dispositivos são também conhecidos por obras de
arte correntes. Podem trabalhar como conduto livre ou conduto forçado,
Relembrando
dependendo do comprimento e da carga a montante.
Pesquisando

As obras de arte correntes devem ser objeto de projeto específico que


contemplem aspectos hidrológicos, geotécnicos, estruturais e construtivos.
Observando

Materiais

São aplicáveis os seguintes materiais:

>>concreto fck ≥ 20MPa para os bueiros (corpo, muros de testa e alas);


>>concreto fck ≥ 10MPa para lastro de concreto magro (quando aplicável);
>>aço CA-25, CA-50 ou CA-60 – a critério do projetista;
>>argamassa de cimento e areia, traço 1:4 para rejuntamento (quando aplicável);
>>concreto
Pesquisando
ciclópico composto por 30% de pedra de mão e concreto com resistência mínima de
15 MPa;

>>tubos de concreto pré-moldado ou metálico que atendam às especificações das Normas NBR
Observando
aplicáveis.

Equipamentos

Os equipamentos utilizados na execução dos bueiros são aqueles de praxe para carga, descarga e
transporte de materiais e execução de estruturas de concreto.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Podemos citar os seguintes equipamentos:

>>caminhão “Munck”;
>>caminhão de carroceria fixa ou basculante;
>>betoneira ou caminhão betoneira;
>>pá carregadeira;
>>depósito de água ou caminhão tanque;
>>retroescavadeira ou valetadeira;
>>vibradores de imersão;
>>compactador manual ou mecânico (“sapos”);
>>ferramentas manuais.

Procedimentos executivos ou de projeto

As etapas executivas ou aspectos de projeto devem atender aos itens a seguir.

a) Para obras novas, locação da mesma segundo o projeto executivo. A locação é feita por
instrumentação topográfica após desmatamento e regularização do fundo do talvegue.

b) Se necessário, regularizar o fundo da grota com pedra de mão ou rachão.

c) Após a regularização do fundo da grota (se necessário), antes da concretagem do berço, locar a
obra com auxílio de réguas e gabaritos que permitam materializar no local o alinhamento,
profundidade e declividade do bueiro.

FIGURA 2.22: LOCAÇÃO DA OBRA COM GABARITO

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Execução ou refazimento de bueiros


d) A escavação da cava é feita em profundidade que comporte a execução do berço, adequada ao
bueiro selecionado, por processo manual ou mecânico.

e) A escavação deve ser feita de forma que garanta a segurança dos operários. Se necessário, fazer
o estroncamento da vala. A largura da vala deve ser superior a do berço em, no máximo, 50 cm
para cada lado.

f) O curso d’água deve ser desviado, quando necessário, por meio de ensecadeiras.

g) Executar a compactação do fundo da vala através de processo manual ou, preferencialmente,


mecânico (sapo, placa vibratória etc.).

h) Execução da porção inferior do berço (sobreberço) até se atingir a cota correspondente à


geratriz inferior dos tubos (no caso de bueiros tubulares – normalmente pré-moldados).

i) No caso de bueiros celulares, a etapa anterior é substituída pela execução da laje inferior da estrutura,
que também serve como fundação. Deve-se, antes, executar camada de concreto magro.

j) Instalação dos tubos sobre a porção superior do sobreberço. Se necessário, utilizar guias ou
calços de madeira para posicionamento correto dos tubos.

k) Complementação da concretagem do berço, após a instalação dos tubos. Os procedimentos de


vibração devem garantir a uniformidade da concretagem, evitando-se a ocorrência de nichos de
concretagem.

l) Rejuntamento dos tubos com argamassa cimento-areia traço 1:4.

m) Execução das bocas dos bueiros, seguindo as mesmas recomendações referentes ao preparo do
terreno e concretagem do corpo. No caso de bueiros celulares executados in-loco, as bocas são
executadas em conjunto com o corpo.

n) Execução do reaterro em camadas individuais de, no máximo, 15 cm, utilizando soquetes


manuais ou, preferencialmente, compactação mecânica (“sapos”). Especial atenção deve ser
dada à compactação junto às paredes do tubo.

Disposições gerais

a) Quando existir solo de baixa capacidade de suporte no terreno de fundação, o


berço deve ser executado sobre um enrocamento de pedra de mão jogada ou
atender à solução eventualmente especificada no projeto.

b) Quando a declividade do bueiro for superior a 5%, o berço deve ser provido de
dentes espaçados em conformidade com o projeto.

c) Opcionalmente, podem ser executados bueiros tubulares sem berço – desde que
expressamente indicado projeto.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo III
CADASTRO E INSPEÇÃO DE
EQUIPAMENTOS

Neste Módulo, você aprenderá os procedimentos envolvidos na execução de dois processos


fundamentais para garantir a excelência de resultados no trabalho de manutenção: o
Cadastro e a Inspeção dos Ativos de Infraestrutura.

Ao terminar o estudo deste módulo, você estará apto a:

>>identificar os equipamento de infraestrutura que devem ser cadastrados;


>>identificar os dados básicos registrados no cadastramento;
>>identificar as informações específicas do cadastramento de cortes, de aterros e de bueiros.
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Cadastramento de ativos de infraestrutura


Cadastramento de ativos
de infraestrutura
Relembrando

O Sistema de Gerenciamento da Manutenção dos ativos da Vale apresenta uma


série de processos entendidos como de boa prática para que a empresa atinja a
excelência no que se refere à manutenção.

No bojo desse sistema estão, dentre outros, dois procedimentos de fundamental importância para a
mitigação dos riscos: o cadastro e a inspeção dos ativos.

Em virtude das particularidades do cadastramento dos equipamentos de infraestrutura, recomenda-se


que o mesmo seja feito em conformidade com o PGS - 0011 - GEDFT. O referido padrão preconiza o
cadastramento dos seguintes equipamentos de infraestrutura:

>>cortes;
>>aterros;
>>bueiros;
Pesquisando
>>túneis;
>>contenções (muros de arrimo e cortinas);
Observando

>>pontes ferroviárias;
>>viadutos ferroviários;
>>pontes rodoviárias;
>>viadutos rodoviários;
>>passagens em nível;
>>passagens inferiores.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Para todos os ativos de infraestrutura, os dados básicos a serem cadastrados são os seguintes:

>>técnico responsável;
Relembrando

>>data;
>>posição operacional da ferrovia, ramal, pátio, trecho e linha;
>>dados gerais - residência, distrito, Km início, Km fim e lado.

Alguns itens poderão ser suprimidos dependendo da ferrovia e do tipo de


equipamento, como por exemplo: os itens linha, residência/distrito e lado.

A tabela a seguir é um exemplo de cabeçalho com os dados básicos.


TABELA 3.1: CABEÇALHO DA PLANILHA DE CADASTRAMENTO DOS ATIVOS DE INFRAESTRUTURA

FICHA DE CADASTRO EQUIPAMENTO DE INFRA-ESTRUTURA

1 - Técnico João Pedro 8 - Cond. Inspeção


Pesquisando
2 - Equipamento Corte 9 - KM inicial 120

3 - Ferrovia FC 10 - KM final 120 + 300

4 - Linha
Observando 1 11 - Latitude

5 - Trecho 12 - Longitude

6 - Regional/supervisão REG1 - REG2 13 - Lado Esquerdo

7 - Data 14/8/2008 14 - Linha Singela não

Os demais informes do cadastramento são específicos para cada tipo de equipamento – conforme os
tópicos a seguir.

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Cadastramento de cortes
Cadastramento de cortes
O cadastramento dos cortes deverá contemplar, no mínimo, os seguintes atributos:

>>extensão;
>>altura máxima;
>>inclinação predominante dos taludes;
>>número de banquetas;
>>largura média das banquetas;
>>extensão de valeta de pé;
>>extensão total de valetas de banquetas;
>>extensão total de descidas d’água;
>>extensão de valetas de crista.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

TABELA 3.2: PLANILHA RECOMENDADA PARA CADASTRAMENTO DOS ATRIBUTOS DE UM CORTE

GEOMETRIA DO EQUIPAMENTO

15 - Seção 19 - Número taludes


1 - Afast. min. eixo (m) 30 20 - Quant. Banquetas/Bermas
21 - Larg. banquetas/bermas
17 - Extensão (m) 300 4
(m)
18 - Altura máxima (m) 20 22 - Inclinação média (1/V)

CONSTITUIÇÃO DO MACIÇO

23 - Tipo de maciço Observações:


24 - Tipo de solo solo não definido
25 - Estrutura estratificada
26 - Grau de fraturamento muito fraturada
27 - Revestimento Talude enrocamento
CARACTERÍSTICAS DA DRENAGEM
28 - Valeta de crista 31 - Canal de pé
28.1 - Presente sim 31.1 - Presente não
28.2 - Revestimento concreto 31.2 - Revestimento -
28.3 - Seção trapezoidal 31.3 - Seção -
28.4 - Extensão (m) 100 31.4 - Extensão (m) -
29 - Valeta de berma/banqueta 31.5 - Área da seção (m²) -
29.1 - Presente sim 32 - Descida d’água
29.2 - Revestimento concreto 32.1 - Tipo Escada
29.3 - Seção retangular 32.2 - Quantidade 3
29.4 - Extensão total (m) 100 33 - Caixas dissipadoras
Número de valetas 33.1 - Quantidade -
30 - Valeta de plataforma 34 - Sarjeta
30.1 - Presente 34.1 - Extensão (m) -
30.2 - Revestimento 35 - Meio-fio
30.3 - Seção 35.1 - Extensão (m) -
30.4 - Extensão (m) 300 36 - Dreno Hor. Profundo (DHP) não possui
INFORMAÇÕES ADICIONAIS

25 - Sistema de contenção não possui


INSTRUMENTAÇÃO
HISTÓRICO marcos superficiais inclinômetros

escorregamento erosão piezômetros medidor NA

desprendimento tassômetro
abatimento
de blocos
outro: _____________________________
outro: ___________________________

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Cadastramento de aterros
Cadastramento de aterros
O cadastramento dos aterros deverá contemplar, no mínimo, os seguintes atributos:

>>extensão;
>>altura máxima;
>>inclinação predominante dos taludes;
>>número de bermas;
>>largura média das bermas;
>>extensão total do meio fio;
>>extensão total de valetas de berma;
>>extensão total de descidas d’água.

A planilha recomendada é a similar à planilha de cadastramento de cortes.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Cadastramento de bueiros
Cadastramento de bueiros
O cadastramento dos bueiros deverá contemplar, no mínimo, os seguintes atributos:

>>tipo de bueiro;
>>quantidade de seções drenantes;
>>largura;
>>altura;
>>extensão;
>>altura do aterro sobre o bueiro;
>>tipo de estrutura de entrada e saída (ala/caixa);
>>esconsidade;
>>diâmetro;
>>espessura da chapa.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

A planilha a seguir apresenta os elementos de cadastro de um bueiro.

TABELA 3.3: PLANILHA COM OS ELEMENTOS DE CADASTRAMENTO DE UM BUEIRO

FICHA DE CADASTRO EQUIPAMENTO DE INFRAESTRUTURA

1 - Técnico José João 8 - Cond. Inspeção Nublado


2 - Equipamento OAC 9 - KM inicial 500 + 200
3 - Ferrovia EFC 10 - KM final -
4 - Linha - 11 - Latitude montante
5 - Trecho 12 - Longitude montante
6 - Regional/residência 13 - Lado montante Esquerdo
7 - Data 14 - Linha Singela sim
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO EQUIPAMENTO
15 - Tipo 23 - Esconsidade (graus)
16 - Comprimento (m) 24 - Declividade (%)
17 - Altura(m) 26 - Altura do aterro (m)
18 - Largura (m) 25 - Ala de montante
19 - Espessura parede (m) 26 - Ala de jusante
20 - Seções drenantes 27 - Junta de dilatação
28.1 - Existe
28 - Canal de montante
28.2 - Área da seção (m²)
29.1 - Existe
29 - Canal de jusante
29.2 - Área da seção (m²)
INFORMAÇÕES A DICIONAIS

HISTÓRICO

afogamento ruptura

outro: ___________________________

INSPEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA


A inspeção objetiva a apuração das condições de segurança e funcionalidade dos equipamentos de
infraestrutura – de forma que seja possível priorizar a manutenção dos equipamentos de maior risco
e, desta forma, diminuir as ocorrências “causa infra”, propiciando o conseqüente aumento da
disponibilidade das ferrovias.

No contexto da mitigação de risco são definidos dois tipos de inspeção dos equipamentos, que se
complementam: a inspeção visual-sensitiva e a inspeção detalhada.

Essa distinção por graus de refinamento se justifica pelos seguintes motivos:

>>necessidade de equilíbrio do binômio produtividade das equipes de campo x nível de detalhe


da inspeção;

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Cadastramento de bueiros
>>otimização dos recursos da manutenção, evitando excesso de inspeções em equipamentos
nos quais a ruptura/mau funcionamento é condicionada, em grande parte, por componentes
aleatórios (ex: ruptura de taludes em períodos de estiagem).

INSPEÇÃO VISUAL-SENSITIVA (IVS)

A inspeção visual-sensitiva é essencialmente qualitativa, ou seja, a condição do equipamento é


caracterizada basicamente por classificações (adjetivos e advérbios), tais como “muito assoreado” ou
“pouco corroído”, configurando-se em um processo expedito.

A inspeção visual-sensitiva deve fornecer uma visão geral das anomalias existentes nos
equipamentos e, mesmo sendo expedita, deve possibilitar obter os inputs para o processo de
priorização de equipamentos com base em um modelo de análise de risco.

>>inspeção visual-sensitiva de taludes em solo

Na inspeção visual-sensitiva de taludes, os seguintes itens deverão ser inspecionados:

a) a existência de sinais de movimentação do maciço, tais como: recalques, trincas no terreno,


degraus de abatimento, cicatrizes de escorregamento e movimentação de elementos apoiados
(árvores, muros, mourões, etc.);

b) verificar a condição dos dispositivos de drenagem superficial e drenagem profunda, constatando


eventuais assoreamentos, obstruções e trincas;

c) verificar a ocorrência de erosões nos pontos de lançamento dos dispositivos de drenagem ao


longo dos mesmos;

d) verificar a existência de pontos de surgências d’água e a forma de sua ocorrência (fluxo


contínuo, fluxo ocasional ou apenas umidade);

e) verificar a uniformidade e existência da proteção superficial;

f) verificar a presença de corpos de tálus com blocos de rocha (d>1,0m) isolados e expostos em
superfície no talude de corte e apurar a ocorrência de eventuais descalçamentos;

g) verificar a existência de eventual lixo lançado sobre o talude.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

FICHA DE INSPEÇÃO VISUAL-SENSITIVA DE EQUIPAMENTO DE INFRAESTRUTURA

TABELA 3.4: CABEÇALHO DA PLANILHA DE INSPEÇÃO VISUAL-SENSITIVA (IVS) DE TALUDES.

FICHA DE INSPEÇÃO VISUAL-SENSITIVA DE EQUIPAMENTO DE


INFRAESTRUTURA
1- Técnico 9- Cond. Inspeção
2- Equipamento ATERRO 10- KM inicial
3- Ferrovia 11- KM final
4- Regional 12- Latitude início
5- Supervisão/distrito 13- Longitude início
6- Locação (EH) 14- Lado
7- Data 15- Linha Singela
8- Pátio 16- Cod. Maximo

>> Inspeção visual-sensitiva de OAC

Na inspeção visual-sensitiva de OAC´s, os seguintes itens deverão ser inspecionados:

a) verificar se a rede de drenagem natural está operando com eficiência na área inspecionada e
adjacências;

b) verificar a existência de pontos com erosões nos terrenos, nas bordas das estruturas de
drenagem (canaletas, caixas, bueiros e escadas);

c) verificar a ocorrência de assoreamento do bueiro;

d) verificar a existência de alas de concreto a montante e a jusante, bem como as condições das
mesmas;

e) verificar se existem trincas, fissuras, corrosão das armaduras, eflorescências, umidade/


infiltrações no corpo do bueiro e alas;

f) verificação a jusante da existência de dissipadores de energia e a eficiência dos mesmos;

g) verificar pontos de erosão do terreno a montante e a jusante;

h) verificar a ocorrência de afogamento.

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Cadastramento de bueiros
TABELA 3.5: PLANILHA DE INSPEÇÃO VISUAL-SENSITIVA PARA OAC

CORPO DO BUEIRO
Assoreamento Observação:
Existe?
Volume
Trincas
Existem?
Tipo
Local
Orientação
Corrosão
Existe?
Local
ALA ESQUERDA ALA DIREITA
Assoreamento Assoreamento
Existe?
Volume
Trincas Trincas
Existem? Existem?
Tipo Tipo
Local Local
Orientação Orientação
Corrosão Corrosão
Existe? Existe?
Local Local
Tombamento/recalque Tombamento/recalque
Existe? Existe?
INFORMAÇÕES GERAIS
Erosões Afogamento
Existe? Existe?
Local Ocorre?
Descalcamento

INSPEÇÃO DETALHADA (ID)


É essencialmente quantitativa. Na ocasião de sua execução são registradas as anomalias de forma
minuciosa, tendo como principal objetivo o levantamento de dados necessários às eventuais
intervenções, projetos, etc.

As fichas de inspeção detalhada para os taludes e OAC estão apresentadas no arquivo em.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo IV
COMPONENTES DA INFRAESTRUTURA
DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS

Neste módulo, você entenderá que a infraestrutura de uma ferrovia é composta por todos os
elementos que transmitem os carregamentos diretamente para o terreno, distribuindo-os
adequadamente.

Descobrirá, também, que a escolha da infraestrutura de uma ponte ou viaduto depende de vários
fatores que devem ser levados em consideração, tais como: função, topografia, natureza do solo etc.

Quando terminar seu estudo deste módulo, você poderá:

>>identificar as características, usos e capacidades de carga das estacas;


>>identificar as características e usos dos tubulões;
>>identificar os diferentes modelos estruturais de muros de contenção, suas características e usos;
>>identificar os diferentes modelos estruturais de muros de concreto armado, suas
características e usos.
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Obras de arte especiais


Obras de arte especiais
Segundo o glossário de termos ferroviários do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), obras de arte são bueiros, pontilhões,
pontes, viadutos, passagens superiores e inferiores, túneis, galerias, muros de
arrimo, revestimento, entre outros elementos.
Relembrando
Pesquisando

As obras de arte especiais devem ser objeto de projeto específico,


especialmente túneis, pontes, viadutos, passagens superiores e inferiores
Observando especiais e muros de arrimo.

Para este curso, interessa o estudo de pontes, viadutos e túneis, que serão analisados a seguir.

Pesquisando

Observando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

TÚNEIS

Túneis são passagens subterrâneas que têm como objetivo: encurtar


distâncias; evitar grandes cortes que teriam estabilidade e manutenção
inviáveis; dividir o tráfego em vias urbanas; substituir pontes muitos longas,
quando for a opção mais viável.

Pesquisando

CLASSIFICAÇÃO DOS TÚNEIS QUANTO AOS FINS A QUE SE DESTINAM

TÚNEIS DE TRÁFEGO
Observando TÚNEIS ADUTORES

São os túneis ferroviários, rodoviários, passagens de São os túneis para hidrelétricas, plantas industriais,
pedestres, túneis para navegação e metrô. esgotos, condutores de utilidade pública e dutos de água.

Implantação

Os estudos para a implantação de túneis envolvem três etapas:

>>estudos preliminares;
>>estudos de viabilidade;
>>projeto executivo.

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Obras de arte especiais


ESTUDOS PRELIMINARES

Nessa etapa são feitas as coletas de dados topográficos, geológicos e geotécnicos. De


acordo com o resultado destas avaliações é possível traçar a área provável do projeto,
bem como determinar a geomorfologia da região para, por exemplo, posicionar o
túnel em relação a possíveis falhas na estrutura.

Outras informações importantes são: a determinação do nível da água, as reações de


contato do solo com a rocha e a classificação quanto à alteração e à consistência do
terreno.

Para compreender melhor esse processo, torna-se necessário o conhecimento dos


seguintes termos:

> >topografia – descrição minuciosa do relevo com acidentes naturais ou artificiais;


> >geomorfologia – estudo aprofundado a respeito da forma dos relevos terrestres;
> >aerofotogrametria – levantamento topográfico aéreo;
> >geologia – ciência cujo objetivo é o estudo da origem, da formação e das sucessivas
transformações do globo terrestre e da evolução do mundo orgânico;

> >gabarito – dimensões prefixadas ou ainda o instrumento para a verificação de


algumas medidas;

> >xisto – nome dado às rochas metamórficas cujos minerais são visíveis a olho nu e
dispostos com a mesma orientação – conferindo à rocha um aspecto folheado típico;

> >xistosidade – disposição paralela dos minerais que constituem o xisto.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

ESTUDOS DE VIABILIDADE

Os estudos de viabilidade são a avaliação e a interpretação dos dados coletados na


etapa dos estudos preliminares, além da comparação das informações técnicas e
financeiras – a fim de nortear a tomada da decisão, principalmente no caso da
escolha de alternativas de obras.

Nessa etapa decide-se, por exemplo, se a melhor alternativa será a construção do


túnel ou o corte a céu aberto, visto que a primeira opção envolve custos elevados.

São avaliados os seguintes aspectos:

> >economia de volume para a execução do corte;


> >custos de estabilização;
> >altura do corte;
> >problemas com a manutenção da estabilidade;
> >avaliação da possibilidade de ampliação de gabaritos ou seu descarte pelo desuso.

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Obras de arte especiais


PROJETO EXECUTIVO

Após a etapa de avaliação de viabilidade, passa-se à implantação do projeto, que


abrange:

> >geometria e locação do túnel;


> >emboques;
> >método utilizado;
> >túneis em rocha alterada ou solo;
> >túneis em rocha sã;
> >ventilação;
> >escoramento e revestimento;
> >concreto estrutural;
> >drenagem interna.

Geometria e locação do túnel

Nesta fase são avaliadas características como: rampa máxima, superelevação, tangentes mínimas,
curvas de transição, entre outras.

O traçado será definido, nessa fase, com o projeto em planta e em perfil. Definem-se o traçado e o
greide e projeta-se a seção transversal observando:

>>gabarito especificado;
>>tipo, resistência, umidade e pressões no terreno;
>>método de ataque;
>>tipo e espessura do revestimento;
>>seção singela ou dupla.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Emboques

Representam a situação de terreno que será encontrada durante a execução da obra de arte.

Método de ataque

É o método adotado para a execução da obra.

Baseia-se:

>>na natureza da rocha ou solo;


>>na extensão e na seção transversal do túnel;
>>nos equipamentos disponíveis;
>>no cronograma de execução.

Tipo e espessura do revestimento

Nos métodos característicos do tipo de rocha e terreno, têm-se túneis: em rocha alterada ou solo e
em rocha sã.

Túneis em rocha alterada ou solo

Usado quando o terreno está na altura limite do arco, ou seja, na meia seção, e não
Método belga consegue suportar o peso da carga. Constrói-se, então, uma galeria central superior, o
alargamento transversal e os cachimbos alternados com concretagem no pé direito.

Usado quando o terreno não tem capacidade de sustentação de cargas na meia seção.
Método alemão Consiste na construção de galerias laterais no nível do greide, no alargamento com
contagem da abóbada e na escavação do núcleo.

Usado em terrenos com elevada pressão lateral. Escava-se um arco invertido, trabalha-se
Método italiano
nas galerias inferiores, fazendo seu alargamento e escavando-se o núcleo.

Consiste no ataque de uma só vez em toda a seção ou na meia seção – de acordo com o
Sistema Bernold
caso específico.

Avanço com shield Equipamento que permite escavar, remover o material e proteger o vão em execução .

Túneis em rocha sã

Utilizam-se explosivos para a escavação da rocha por meio de uma seção superior que será rebaixada,
pela galeria piloto que será largada, pela plena seção ou por variações destes três métodos.

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Obras de arte especiais


Ventilação

Em um túnel são utilizados dois tipos de ventilação: temporária e permanente.

Ventilação temporária é um método artificial de ventilação que tem objetivo de


injetar ar fresco no local da construção.

Ventilação permanente – com base em estudos, opta-se pela ventilação natural


ou mecânica, levando-se em conta fatores como a extensão do túnel, as curvas
Pesquisando no seu traçado, a densidade de tráfego prevista e a circulação de pedestres,
entre outros elementos.

Observando
Escoramento e revestimento

Este tipo de escavação subterrânea gera uma instabilidade na região, variável de acordo com a
natureza do material. Entretanto, há o efeito de domo ou período de sustentação própria, em que a
frente da seção escavada é estável mesmo sem suporte por um período ilimitado, acontecendo o
mesmo com as rochas sãs. Você verá, agora, três particularidades relacionadas a esse efeito.

a. Efeito de arqueamento - útil quando se trata de materiais granulares como areia ou rocha em
blocos. Nestes materiais a formação de uma cavidade em equilíbrio estável depende de grandezas
como altura da cavidade, largura, diâmetro médio dos grãos e porosidade dos elementos.

b. Efeito de ponte - utilizado quando se trata de materiais com xistosidade ou estratificação acentuada.
As grandezas envolvidas neste processo são: largura e altura da cavidade; espessura e comprimento
das camadas; posicionamento do túnel em relação à xistosidade ou estratificação.

c. Efeito de coesão - aplicado com material puramente coesivo, como argila, rocha sã ou maciça. A
estabilidade deste método dependerá do equilíbrio entre o peso do material e a força resultante
da coesão ao longo das superfícies de escorregamento. Se o peso do material acima da cavidade
for maior que a força resultante da coesão, o material enche a cavidade; se menor, haverá
equilíbrio na cavidade. É necessária a utilização de escoras de sustentação, ainda que de forma
provisória, a fim de conservar a seção escavada em sua totalidade.

Escoramento metálico ou camboteamento

Utilizado em solo, rocha alterada ou maciça com grande quantidade de fraturas como suporte
provisório. Constitui-se basicamente de perfis e trilhos, que podem ser de madeira e pedra.

Aparafusamento

Largamente utilizado em túneis, pode ser associado ao concreto projetado e à tela metálica.

A finalidade da utilização dos parafusos de rocha ou rocky-bolt é a de devolver à parte em torno da


cavidade a tensão inicial que possuía antes da escavação. Em geral, o aparafusamento é feito
simultaneamente à escavação.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Concreto projetado

Mais utilizado nos Estados Unidos e na Europa, funciona como um revestimento que distribui as
tensões que se encontram nas irregularidades da área escavada.

Serve ainda para preencher lacunas e espaços entre blocos, evitando deslocamentos e deformações.

Pode ser por via seca ou úmida e apresenta duas desvantagens: escorrimento e reflexão.

Concreto estrutural

É o escoramento definitivo para áreas com solo ou rocha alterada. É quase sempre associada ao
camboteamento, com o preenchimento das lacunas com argamassa a baixa pressão.

Drenagem interna

A construção de um túnel constitui uma drenagem natural que poderá gerar erosões superficiais ou
internas. A circulação das águas subterrâneas poderá ser de dois tipos: circulação porosa e circulação
de massa.

A circulação porosa acontece em solos e rochas finamente fragmentados e a de massa nas rochas
maciças Relembrando
afetadas por fraturas.

De acordo com o tipo de circulação deverão ser adotados procedimentos para a


drenagem da água a fim de conservar a obra.

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Obras de arte especiais


PONTES E VIADUTOS

Têm a finalidade de dar continuidade às estradas nos locais onde não é possível utilizar o recurso de
aterramento devido ao tipo de terreno, a cursos d’água ou a outros obstáculos.

As pontes são utilizadas para sobrepor rios, vales e braços de mar; os viadutos, para transpor áreas
secas como vales, vias que cruzam o mesmo caminho, grandes alturas de aterros e encostas pouco
estáveis, entre outros.

Pontilhões são pontes de pequenos vãos que variam de 5 m a 10 m.

Para sua construção, adotam-se os mesmos procedimentos de construção de


uma ponte.

Relembrando Pontes e viadutos são divididos, basicamente, em três estruturas, como na


figura a seguir:

Elementos constituintes das pontes

Infraestrutura
Pesquisando

Representa as fundações diretas ou indiretas. As diretas são as apoiadas sobre rochas ou terrenos de
alta resistência e as indiretas sobre estacas e pequenos tubos.
Observando

Essa área sustenta as pressões exercidas pela mesoestrutura no terreno onde está instalada a obra. É
constituída por blocos, sapatas, estacas, tubos e peças que interligam seus elementos com os
pilares.

Mesoestrutura

Representa os pilares, ou seja, os elementos que recebem os esforços da superestrutura e de outras


forças que a transmitem à infraestrutura e aos encontros, que são elementos de características
variáveis e recebem o impulso dos aterros.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Relembrando

Os encontros são imprescindíveis na maioria das pontes e desnecessários em


viadutos ou pontes cujos aterros não apresentam risco de erosão pela água.

Superestrutura

É composta por lajes e vigas principais e secundárias, formando a área chamada de tabuleiro, que é a
parte útil da obra.

Os elementos constituintes dessa região recebem diretamente os esforços originários das cargas
móveis e os transmitem para a mesoestrutura.

Funções

As três principais funções das pontes e viadutos são:


Pesquisando
>>função viária;
>>função estática;
Observando

>>ligação da obra com a estrada.

A função viária tem o objetivo de transpor um obstáculo para dar continuidade à via e é
desempenhada por meio de: pistas de rolamento com ou sem acostamento, linha férrea com ou
sem lastro, passeios laterais, guarda-copos, barreiras de proteção etc.

A condução das cargas de ponte, de onde se encontram até o solo, é chamada de função estática. Este
trabalho é feito por lajes, vigas principais e secundárias, pilares, blocos de transição e fundação.

A ligação da obra com a estrada é facilmente detectada pela observação dos elementos situados
nas extremidades da obra, como: encontros, cortinas, alas laterais e muros auxiliares.

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Obras de arte especiais


Classificação das pontes e viadutos

CLASSIFICAÇÃO DE PONTES E VIADUTOS

DE ACORDO COM A FINALIDADE DE ACORDO COM O MATERIAL

rodoviária madeira

ferroviária pedra

passarela concreto armado

para suporte de tubulações metálico

para pistas de aeroportos

Estrutura

Você verá exemplos de tipos estruturais de pontes e viadutos mais comumente encontrados.

Pontes em laje

Ponte em vigas retas de alma cheia


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Ponte em vigas retas em treliça

Ponte em quadros rígidos

Ponte em abóbada

Ponte em arco superior

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Obras de arte especiais


Abóbada é toda construção em arco feita de pedras ou tijolos colocados em
cunha ou que tenha forma de teto arqueado.

Pesquisando
Ponte pênsil ou suspensa

Observando

Viadutos de acesso

Sua construção é requerida quando, por exemplo, um rio está situado em um vale muito aberto. As
obras de acesso são constituídas por aterros ou viadutos.

Viaduto de meia encosta

Quando as encostas, onde serão construídas obras de arte especiais, apresentam grande inclinação
transversal é necessária a construção de viadutos desse tipo ou de muros de arrimo. É utilizado
devido ao volume de aterro exigido e pela dificuldade de manutenção da sua estabilidade.

Ponte provisória

É normalmente construída em madeira. Atualmente, as pontes de viga de aço em treliça estão sendo mais
utilizadas, apesar do seu custo mais elevado, devido ao fato de poderem ser desmontadas e reutilizadas.

Ponte flutuante

É usualmente uma ponte provisória apoiada em flutuadores constituídos de barcos ou tambores


metálicos. As pontes permanentes são constituídas por flutuantes de aço ou concreto armado.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Ponte com estrado móvel

Torna-se necessária quando o greide de uma estrada não pode ser elevado o suficiente (no caso de
área navegável) para permitir a navegação. Quando estas pontes possuem diversos vãos, o estrado
móvel poderá ser encontrado em apenas uma delas.

Algumas pontes possuem dispositivos para movimentos de translação, como as pontes corrediças e
levadiças, ou de rotação, como as basculantes e as giratórias.

A figura a seguir reproduz uma ponte corrediça ou deslizante. Este tipo apresenta um deslocamento
horizontal na direção do eixo longitudinal.

Observe o estrado com o movimento de translação no plano vertical de uma ponte levadiça.

Pontes basculantes apresentam vão móvel girando ao redor de um eixo horizontal. Caso o vão seja
pequeno, ele fica situado em torno de um eixo apenas, em um dos extremos. O mais comum, no
entanto, é o vão estar dividido em duas partes iguais que giram em torno dos eixos que estão nos
dois extremos das pontes.

Já as pontes giratórias possuem estrado com movimento de rotação em torno de um eixo vertical,
com ângulo de rotação de 90º.

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Relembrando

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Infraestrutura
Infraestrutura

A infraestrutura é composta por todos os elementos que transmitem os


carregamentos diretamente para o terreno, distribuindo-os adequadamente.

A escolhaPesquisando
da infraestrutura de uma ponte ou viaduto depende de vários fatores que devem ser
levados em consideração, tais como:

>>função;
Observando

>>topografia local;
>>natureza do solo;
>>gabaritos a serem obedecidos;
>>acessos;
>>localização;
>>tempo de execução previstos;
>>custos disponíveis para a obra.

Estão compostas por fundações.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Fundações
Fundações
Os tipos de fundações que se pode encontrar em pontes ferroviárias são:

>>superficiais;
>>profundas.

Fundações superficiais

As fundações superficiais são construídas diretamente sobre o solo, cuja superfície se atinge por
processos de escavação manual ou mecânica. As fundações superficiais dividem-se em dois
tipos.

Blocos

São construídos com grandes alturas, de modo que não há necessidade de armação na fase inferior.
Eles podem ser construídos em alvenaria de pedra ou de concreto ciclópico. Nos blocos em concreto,
em geral se coloca uma malha de armadura construtiva na fase horizontal inferior – também para
proteger dos efeitos reológicos do concreto.

FIGURA 4.1: BLOCOS .


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Sapatas

São projetadas com altura limitada, havendo necessidade de armaduras na face inferior. As sapatas
são, em geral, construídas em concreto armado. No caso de sapatas isoladas estas são usadas onde
se tenha carregamento pontual. Para muros normalmente se faz uso de sapata corrida.

FIGURA 4.2: SAPATAS.

Fundações profundas

As fundações profundas são necessárias quando o solo superficial não é capaz de suportar os efeitos
dos carregamentos e, portanto, é preciso alcançar maiores profundidades para encontrar um solo
melhor. Para este caso, usa-se elementos chamados estacas para transmitir o esforço até um solo
adequadamente resistente. As fundações profundas dividem-se em dois tipos.

Estacas

As estacas usadas nas fundações podem ser de madeira, aço ou concreto. As estacas de madeira são,
em geral, constituídas de peças roliças, descascadas e secas ao ar. As madeiras mais utilizadas são o
eucalipto, a aroeira e o ipê.

As estacas de aço são formadas por perfis laminados, simples ou compostos. As estacas de concreto
podem ser pré-moldadas ou moldadas no local. As pré-moldadas são feitas em concreto armado ou
protendido e, posteriormente, cravadas no solo. As estacas de concreto armado no local são
construídas com auxilio de um tubo metálico, que pode ser recuperável ou perdido.

Observe as capacidades de cargas mais comuns de estacas.

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Fundações
TABELA 4.1: CARGA DE TRABALHO DE ESTACAS

CARGA DE
SEQ TIPO DE ESTACA DIÂMETRO TRABALHO COMPRIMENTO MÁXIMO TIPO DE SOLO
[TONELADAS]
01 Ø = 15 cm 10 05
PERMANENTEMENTE
02 MADEIRA Ø = 20 cm 15 10
SUBMERSO
03 Ø = 30 cm 30 15
04 Ø = 15 cm 07 04
BROCA SOLO COESIVO
05 Ø = 25 cm 10 06
06 Ø = 20 cm 10 12 ARGILA OU AREIA
STRAUSS
07 Ø = 30 cm 25 15 SEM ÁGUA

08 Ø = 20 cm 20 10
09 Ø = 25 cm 30 12 QUALQUER TIPO DE
PRÉ-MOLDADA
10 Ø = 30 cm 40 16 SOLO

11 Ø = 35 cm 60 20
12 AÇO Calcular conforme carga e características do solo local SOLO ROCHOSO

Relembrando

FIGURA 4.3: ESTACAS.

Tubulões

São fundações profundas construídas por escavação manual ou mecânica.


Colocadas no interior de camisas metálicas ou de concreto armado circulares,
posteriormente são preenchidos de concreto.

Pesquisando
A escavação pode ser executada a céu aberto ou sob ar comprimido, dependendo da presença de
água no terreno. Quando o lençol freático é profundo, usa-se a céu aberto, caso contrário usa-se a ar
comprimido. O diâmetro externo das camisas varia de 1.20 m a 3m. Devido ao grande risco
Observando
envolvido na execução deste tipo de fundação, não se recomenda seu uso para as novas obras, salvo
em caso de extrema necessidade.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

FIGURA 4.4: TUBULÕES.

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Modelos estruturais para muros de contenção


Modelos estruturais para
muros de contenção
Relembrando

O caráter fundamental de um muro de contenção é o de servir de elemento de contenção de um terreno,


que em determinadas ocasiões pode ser um corte ou um aterro. Geralmente, o corpo da estrutura
trabalha a flexão e a compressão pelo peso próprio, sendo que este fato é desprezível. Em outras
ocasiões, o muro desempenha uma segunda missão que é a transmissão de esforços ao terreno.

Estes muros podem ser separados em muros de concreto armado ou muros de gravidade.

MUROS DE GRAVIDADE

Muros de Gravidade são estruturas corridas que se opõem aos empuxos


horizontais pelo peso próprio. Geralmente, são utilizadas para conter desníveis
pequenos ou médios, inferiores a cerca de 5 m. Os muros de gravidade podem
ser construídos de pedra ou concreto; gabiões.
Pesquisando

MUROS DE ALVENARIA DE PEDRA


Observando
Os muros de alvenaria de pedra são os mais antigos e numerosos. Atualmente, devido ao custo
elevado, o emprego da alvenaria é menos frequente, principalmente em muros com maior altura. No
caso de muro de pedras; arrumadas manualmente, a resistência do muro resulta unicamente do
intertravamento dos blocos de pedras. Este muro apresenta como vantagens a simplicidade de
construção e a dispensa de dispositivos de drenagem, pois o material do muro é drenante. Outra
vantagem é o custo reduzido, especialmente quando os blocos de pedras são disponíveis no local.
No entanto, a estabilidade interna do muro requer que os blocos tenham dimensões
aproximadamente regulares – o que causa um valor menor do atrito entre as pedras.

Os muros construídos com alvenaria de pedra apresentam rigidez elevada, com movimentos somente
por translação, sem apresentar deformações ou distorções significativas. Nos muros de pedras arrumadas
manualmente a sua resistência é resultado somente do embricamento dos blocos de pedra.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Relembrando

FIGURA 4.5: ALVENARIA DE PEDRA.

MUROS DE CONCRETO CICLÓPICO

Estes muros são, em geral, economicamente viáveis apenas quando a altura não é superior a 4 metros.

O muro de concreto ciclópico é uma estrutura construída mediante o


preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de dimensões
variadas. Devido à impermeabilidade deste muro é imprescindível a execução de
um sistema adequado de drenagem.

Pesquisando
A sessão transversal é, usualmente, trapezoidal, com largura da base da ordem de 50% da altura
do muro. A especificação do muro com faces inclinadas ou em degraus pode causar uma
economia significativa de material. Para muros com face frontal plana e vertical deve-se
Observando
recomendar uma inclinação para trás (em direção ao terrapleno) de, pelo menos, 1:30 (cerca de 2
graus com a vertical) – de modo a evitar a sensação ótica de uma inclinação do muro na direção
do tombamento para frente.

Dreno de
areia
Barracã

FIGURA 4.6: MURO DE CONCRETO CICLÓPICO.

Os furos de drenagem devem ser posicionados de modo a minimizar o impacto visual devido às manchas
que o fluxo de água causa na face frontal do muro. Alternativamente, pode-se realizar a drenagem na
face posterior (tardoz) do muro por meio de uma manta de material geosintético (tipo geotêxtil). Neste
caso, a água é recolhida através de tubos de drenagem adequadamente posicionados.

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Modelos estruturais para muros de contenção


MUROS DE GABIÃO

Os muros de gabião são constituídos por gaiolas metálicas preenchidas com pedras arrumadas
manualmente e construídas com fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção. As
dimensões usuais dos gabiões são: comprimento de dois metros e seção transversal quadrada com
um metro de aresta.

A rede metálica que compõe os gabiões apresenta resistência mecânica elevada. No caso da ruptura
de um dos arames, a dupla torção dos elementos preserva a forma e a flexibilidade da malha,
absorvendo as deformações excessivas. As principais características dos muros de gabião são a
flexibilidade, que permite que a estrutura se acomode a recalques diferenciais, e a permeabilidade.

FIGURA 4.7: MUROS DE GABIÃO.

A sua execução é simples e não requer mão de obra especializada. Pode ser executado manualmente
com blocos de rochas naturais ou artificiais.

Apresentam, geralmente, seção transversal, por problemas estéticos e de limitação de espaço, com
face externa vertical e tardoz com degraus internos. Do ponto de vista da estabilidade, recomenda-
se a existência de degraus também na face externa – com recuo mínimo de 20 cm entre camadas
sucessivas de gabiões.

MUROS EM FOGUEIRA

São estruturas formadas por elementos pré-moldados de concreto armado, madeira ou aço, que são
montados no local em forma de “fogueiras” justapostas e interligadas longitudinalmente. O espaço
interno é preenchido com material granular graúdo. São estruturas capazes de se acomodarem a
recalques das fundações e funcionam como muros de gravidade.
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FIGURA 4.8: MUROS EM FOGUEIRA.

MUROS DE SACO SOLO-CIMENTO

São constituídos por camadas formadas por sacos de poliéster ou similares e preenchidos por uma
mistura cimento-solo da ordem de 1:10 a 1:15 (em volume).

No local da construção, os sacos de solo-cimento são arrumados em camadas posicionadas


horizontalmente e, a seguir, cada camada do material é compactada de modo a reduzir o volume de
vazios. O posicionamento dos sacos de uma camada é propositalmente desencontrado em relação à
camada imediatamente inferior – de modo a garantir um maior travamento e, em consequência,
uma maior densidade do muro. A compactação é, em geral, realizada manualmente com soquetes.
As faces externas do muro podem receber uma proteção superficial de argamassa de concreto
magro para prevenir contra a ação erosiva de ventos e águas superficiais.

Esta técnica tem se mostrado promissora devido ao baixo custo e pelo fato de não requerer mão de
obra ou equipamentos especializados.

SECÇÃO PERSPECTIVA

Obturação de erosão
com solo ensacado

FIGURA 4.9: MUROS DE SOLO CIMENTO.

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Modelos estruturais para muros de contenção


MUROS COM SOLO E PNEUS

Os muros de pneus são construídos a partir do lançamento de camadas horizontais de pneus,


amarrados entre si com corda ou arame e preenchidos com solo compactado. Funcionam como
muros de gravidade e apresentam como vantagens a reutilização de pneus descartados e a
flexibilidade. A utilização de pneus usados em obras geotécnicas apresenta-se como uma solução
que combina a elevada resistência mecânica do material com o baixo custo – comparativamente aos
materiais convencionais.

No entanto, deve-se ressaltar que o muro de solo-pneus é uma estrutura flexível. Portanto, as
deformações horizontais e verticais podem ser superiores às usuais em muros de peso de alvenaria
ou concreto. Assim sendo, não se recomenda a construção de muros de solo-pneus para contenção
de terrenos que sirvam de suporte a obras civis pouco deformáveis, tais como estruturas de
fundações ou ferrovias.

O posicionamento das sucessivas camadas horizontais de pneus deve ser descasado de forma a
minimizar os espaços vazios entre pneus. A face externa do muro de pneus deve ser revestida para
evitar não só o carregamento ou erosão do solo de enchimento dos pneus, como também o
vandalismo ou a possibilidade de incêndios. O revestimento da face do muro deverá ser
suficientemente resistente e flexível, ter boa aparência e ser de fácil construção. As principais
opções de revestimento do muro são alvenaria em blocos de concreto, concreto projetado sobre
tela metálica, placas pré-moldadas ou vegetação.

FIGURA 4.10: MUROS COM SOLO-PNEUS.


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MUROS DE TERRA ARMADA

A principal característica destes muros é a introdução de fitas metálicas no material do terrapleno,


aumentando a resistência ao cisalhamento do mesmo. Além do solo compactado e das tiras
metálicas, os muros de terra armada apresentam placas de concreto sem função estrutural como
paramento externo vertical.

As fitas metálicas devem possuir tratamento à corrosão e são fixadas às placas do paramento através
de parafusos. Estes oferecem as vantagens a seguir.

>>Resistência interna - aliada à estabilidade externa do volume armado, confere ao conjunto


significativa capacidade de resistir às cargas estáticas e dinâmicas.

>>Confiabilidade - a durabilidade dos materiais está bem documentada e é monitorável,


permitindo alto grau de confiabilidade.

>>Adaptabilidade - a tecnologia provê soluções para casos complexos e, muitas vezes,


demonstra ser a melhor solução para problemas como uma faixa de domínio estreita, taludes
naturais instáveis e condições limite de fundação com expectativa de recalques significativos.

>>Aspecto estético - a variedade de possibilidades de paramentos externos pode atender a


diversas exigências arquitetônicas.

FIGURA 4.11: MUROS DE TERRA ARMADA.

Os elementos de reforço são a componente chave das estruturas em Terra Armada. Na maioria dos
casos, utiliza-se, como reforço, armaduras de aço do tipo HA, de alta aderência, que são perfis
especiais de aço, zincados a fogo, de acordo com as especificações Terra Armada.

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Muros de concreto armado


Muros de concreto armado
Um dos motivos da utilização do concreto armado como material de construção para muros de
arrimo é a minimização do volume da estrutura de contenção. Além disso, ele resiste aos esforços de
flexão provocados pelo empuxo do solo.

O terrapleno também pode atuar como um estabilizador quando atua sobre o pé do muro de
contenção. Desta forma, o conjunto estrutural age como uma estrutura de gravidade com um tardoz
virtual na linha do pé.

Os principais tipos de muros de concreto armado estão descritos a seguir.

MUROS L OU T INVERTIDO

Este tipo de muro, composto por uma laje de base, enterrada no terreno de fundação e uma face
vertical, é o tipo mais usual de muro de concreto armado. Esta base apresenta uma laje com
dimensão entre 50 e 70 % da altura do muro.

A face do muro trabalha à flexão e, no caso de grandes alturas, pode apresentar vigas de
enrijecimento. O paramento trabalha à flexão e, se necessário, pode empregar vigas de
enrijecimento – no caso de alturas maiores.

FIGURA 4.12: MUROS EM L.


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MUROS COM CONTRAFORTES

Para muros com alturas superiores a 5m é conveniente a utilização de contrafortes (ou nervuras)
para aumentar a estabilidade contra o tombamento. Tratando-se de laje de base interna, ou seja,
sob o terrapleno, os contrafortes devem ser adequadamente armados para resistir a esforços de
tração.

No caso de laje externa ao terrapleno, os contrafortes trabalham à compressão. Esta configuração é


menos usual, pois acarreta perda de espaço útil a jusante da estrutura de contenção. Os contrafortes
são, em geral, espaçados cerca de 70% da altura do muro.

Relembrando

FIGURA 4.13: MUROS COM CONTRAFORTES.

CORTINAS ATIRANTADAS

Estas estruturas compreendem uma parede de concreto armado, com espessura


em geral entre 20 e 30 cm, variando de acordo com as cargas nos tirantes, sendo
fixadas no terreno através de ancoragens pré-tensionadas. Isto produz uma
estrutura com rigidez suficiente para minimizar os deslocamentos do terreno.

Pesquisando

O processo executivo de uma cortina pode ser descendente ou ascendente e é compreendida por:

>>execução
Observando
dos tirantes;

>>escavação ou reaterro, conforme seja ela descendente ou ascendente;


>>execução da parede;
>>testes e protensão na ancoragem até carga de trabalho.

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Muros de concreto armado


FIGURA 4.14: MUROS DE CORTINA ATIRANTADA.

O tirante é o elemento semirrígido ou flexível, instalado no solo ou rocha, capaz de transmitir


esforços de tração entre suas extremidades. Constitui-se dos elementos descritos a seguir.

>>Cabeça: extremidade que fica fora do terreno.


>>Trecho ancorado ou injetado: extremidade que transmite ao terreno a carga de tração.
>>Trecho livre: trecho intermediário entre a cabeça e o trecho engastado, que transmite.
>>As cargas de tração entre as extremidades.

FIGURA 4.15: TIRANTES.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Os tirantes podem ser de dois tipos: monobarra e fios ou cordoalhas.

Eles podem apresentar um sistema de reinjeção capaz de elevar a capacidade de carga e reutilizar
uma ancoragem com descolamentos excessivos no ensaio de recebimento. A cabeça do tirante é
protegida por uma tampa de concreto moldada no local após o corte dos cabos.

O tipo de ancoragem recomendado é composto pelos elementos descritos a seguir.

>>Trecho ou bulbo ancorado: com proteção dupla que inclui limpeza e pintura anticorrosiva,
seguido de proteção com tubo plástico corrugado com espessura superior a 2 mm. O espaço
anelar entre a barra de aço e o tubo é totalmente preenchido com calda de cimento.

>>Trecho livre: apresenta mesmo tipo de proteção, com limpeza e pintura anticorrosiva, e
recobrimento com tubo plástico liso com espessura maior que 1 mm. O espaço entre a barra
de aço e o tubo é preenchido com graxa.

>>Centralizadores: estão presentes no trecho injetado com espaçamento não superior a 2m.
Servem para garantir o correto posicionamento do tubo.

>>Tubo plástico utilizado na reinjeção e retorno.

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Muros de concreto armado


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo V
PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO

Neste módulo, você aprenderá os procedimentos de inspeção que devem ser seguidos na inspeção
de cada um dos diferentes grupos de elementos estruturais.

Ao final do estudo do módulo, você estará apto a:

>>identificar o objetivo da inspeção nas estruturas;


>>reconhecer os itens que deverão ser verificados, identificados, mapeados e mensurados na
inspeção da infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura de pontes e nas contenções.
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Infraestrutura, mesoestrutura, superestrutura e contenções


Infraestrutura,
mesoestrutura,
superestrutura e
contenções

PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÕES NAS ESTRUTURAS

Serão considerados os seguintes elementos que compõem a OAE’s:

>>infraestrutura;
>>mesoestrutura;
>>superestrutura;
>>contenções.

Sempre que possível, o inspetor seguirá a ordem em que estão colocados os elementos no
desenvolvimento da inspeção.
Relembrando

É fundamental que o inspetor tenha em mente que a sua tarefa básica consiste
em pesquisar, quantificar e representar (registrar) ocorrências de natureza
patológica, ou seja, que possam, de alguma forma, afetar a capacidade estrutural
do conjunto ou a sua durabilidade.

A seguir, a título de orientação, é apresentado um roteiro básico para a inspeção de cada grupo, não
devendo, entretanto, o inspetor se ater às situações previstas, procurando sempre identificar
processos e situações não previstas.

Pesquisando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Para qualquer tipo de elementos estrutural temos que verificar, inicialmente, o seguinte:

>>verificar se existem reparos anteriormente realizados. Caso afirmativo, em que condições se


encontram os reparos. Caso sejam encontrados os reparos deteriorados ou em processo de
deterioração serão realizados os mapeamentos;

>>identificar e confrontar com o projeto o tipo de elemento existente;


>>se ocorre alguma manifestação não prevista no presente procedimento, que afete a
estabilidade ou a durabilidade das estruturas ou elementos, deverá ser indicada.

A seguir serão mostrados todos os itens que deverão ser verificados, identificados, mapeados e
mensurados nas estruturas.

INFRAESTRUTURA DE PONTES

Avarias causadas por choques.


Assoreamento ou erosão junto às fundações.
Existência de sistema de proteção para as fundações. Caso afirmativo, em que condição se encontra.
Nivelamento das fundações.
Movimentação vertical, horizontal ou rotacional.
Eventuais trincas e o comportamento delas.
FUNDAÇÕES Esmagamento da cabeça das fundações – comunicar, imediatamente, ao engenheiro
responsável pela inspeção.
Existência de elementos agressivos ao material das fundações.
Existência de defeitos superficiais na periferia dos elementos.
Existência de deterioração do material constituinte do elemento.
Anormalidades geométricas no elemento.
Funcionamento da drenagem.

MESOESTRUTURA DE PONTES

Eventuais trincas ou fissuras existentes em cima ou embaixo da zona reduzida: significado da


inobservância de distâncias mínima entre os limites de articulação e as faces de concreto e
APOIOS FIXOS DE acumulação de esforços transversais.
Eventuais trincas ou fissuras existentes na zona reduzida: significado de fretagem inadequado.
CONCRETO
Depois da existência das trincas ou deterioro do concreto, a corrosão das armaduras de reforço.
ARMADO Para articulações de contato, verificar trincas ou desgaste no concreto: significado de
esmagamento do concreto pela compressão excessiva acontecendo na junta entre elementos.
Trincas das superfícies cilíndricas: significado de insuficiência na armadura de fretagem.

Alinhamento dos elementos dos apoios.


Existência de detritos.
APOIOS FIXOS Contato entre elementos – no caso de existir um contato parcial poderá existir um esforço
METÁLICOS não estimado nos elementos.
Corrosão nos elementos.
Ruídos nos elementos de apoio: significado de folga nos mesmos.

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Infraestrutura, mesoestrutura, superestrutura e contenções


MESOESTRUTURA DE PONTES

Alinhamento dos elementos dos apoios.


Existência de detritos.
Contato entre elementos – no caso de existir um contato parcial poderá existir um esforço
não estimado nos elementos.
Corrosão nos elementos.
Ruídos nos elementos de apoio: significado de folga neles.
Para estruturas pendulares, verificar eventuais trincas ou fissuras existentes em cima ou
APOIOS MÓVEIS abaixo da zona reduzida: significado da inobservância de distâncias mínimas entre os limites
de articulação e as faces de concreto; acumulação de esforços transversais.
Eventuais trincas ou fissuras existentes na zona reduzida: significado de fretagem
inadequado.
Sinais de esmagamento do concreto.
Inclinação dos pêndulos para temperaturas extremas.
Transmissão dos esforços do apoio está sendo feita de maneira uniforme para
toda a superfície.

Possíveis deslocamentos longitudinais ou transversais.


Travamento da almofada por entulhos ou por defeitos de execução.
Irregularidades como ressecamento das almofadas, fissuras, rasgos ou trincas.
Esmagamento do neoprene.
APARELHOS Acúmulo de água, entulhos ou outros detritos nas proximidades do apoio.
Presença de casa de insetos (cupins, formigas, abelhas etc.) no perímetro dos apoios.
ELASTOMÉRICOS Rotações excessivas do material.
Existência de trincas nos elementos metálicos perto dos apoios.
Existência de eventuais vazamentos do material.
Transmissão dos esforços do apoio está ocorrendo de maneira uniforme para toda a
superfície.

Indícios de desaprumo ou desalinhamento do pilar. Caso afirmativo, fazer mapeamento e


comunicar imediatamente ao engenheiro responsável.
Assoreamento ou erosão junto aos encontros.
Indício de avaria causada por choque de embarcação ou veículo.
Evidência de assoreamento com criação de empuxo lateral.
Abertura da junta entre a ponte e o encontro e da junta entre os
encontros e as lajes de transição – abertura não uniforme ou maiores que as indicadas no projeto
significam que teve movimentação da estrutura.
Aparecimento de eventuais trincas e o comportamento delas.
Defeitos superficiais na periferia do elemento.
Deterioração do material constituinte do pilar.
PILARES E Evidências da ação de elementos agressivos ao pilar.
Integridade do concreto dos pilares – assinale quando forem os casos, a presença de brocas,
ENCONTROS ninhos, esfolhamentos e esmagamentos.
Cobrimento das armações é suficiente para as proteções das mesmas.
Desaprumos nos pilares.
Existência de fissuras horizontais na base dos pilares.
Existência de armaduras expostas – avalie o grau de comportamento das mesmas por efeito da corrosão.
Risco de flambagem dos ferros longitudinais por ação da corrosão dos Estribos.
Rompimento das quinas de face superior dos pilares por proximidade excessiva dos aparelhos de
apoio das bordas da seção.
Em obras providas de travessas de apoio sobre os pilares, verificar a integridade do concreto e a
existência de fissuras.
Juntas das alas com o paramento.
Funcionamento da drenagem.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

SUPERESTRUTURA DE PONTES

Falha no concreto.
Ocorrência de deformação excessiva (flecha), em especial, no meio do vão.
Evidências de desaprumo e desalinhamento entre elementos ou do Conjunto.
Ocorrência de fissuras ou trincas.
Defeitos superficiais na periferia do elemento.
Deterioração do material constituinte do elemento.
Evidências de esmagamento ou fissuração nas zonas de junção entre vigas (longarinas e
transversinas) ou entre estas e a laje.
Caso de viga-caixão – verificar se ocorre o acúmulo de água ou detritos no interior das estruturas.
CONCRETO Presença de elementos agressivos ao concreto.
ARMADO Onde exista armadura exposta, verificar corrosão.
Eventuais deslocamentos do estrado.
Danos provocados por impactos ou fogos.
Ângulos agudos onde pode ter trincas.
Áreas perto dos apoios onde possam ter trincas inclinadas por consequência de um esforço
cortante superior ao resistente.
Áreas mais solicitadas à tração onde podem acontecer fissuras e trincas – verificar a
importância destas trincas e a possibilidade de que as armaduras já estejam afetadas.
Áreas mais solicitadas à compressão, onde pode acontecer um esmagamento do concreto.
Áreas perto do dreno, onde pode existir um deterioro pela drenagem das águas.

Falha no concreto.
Ocorrência de fissuras ou trincas longitudinais nos flanges ou na proximidade da ancoragem
dos cabos.
Ocorrência de esmagamento do concreto na zona de ancoragem dos cabos de protensão.
Evidências de ruptura em fios constituintes dos cabos.
Onde exista armadura exposta, verificar corrosão.
Eventuais deslocamentos do estrado.
Se existem protendidos expostos, estes elementos estão expostos à corrosão muito rápida,
que pode levar ao colapso frágil.
CONCRETO Excesso de flecha na estrutura, que poderá indicar perda de protensão.
PROTENDIDO Deformações excessivas no vão.
Danos provocados por impactos ou fogos.
Para vigas caixão, examinar as zonas internas.
Ângulos agudos onde podem existir trincas.
Áreas perto dos apoios, onde possam existir trincas inclinadas por consequência de um
esforço cortante superior ao resistente.
Áreas mais solicitadas à tração, onde podem acontecer fissuras e trincas – verificar a
importância destas trincas e a possibilidade de que as armaduras já estejam afetadas.
Áreas mais solicitadas à compressão, onde pode acontecer um esmagamento do concreto.
Áreas perto do dreno, onde pode existir um deterioro pela drenagem das águas.

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Infraestrutura, mesoestrutura, superestrutura e contenções


SUPERESTRUTURA DE PONTES

Existência de fissuras, trincas ou fraturas estruturais. Caso afirmativo, realizar mapeamento


registrando extensão e abertura máxima; comunicar imediatamente ao engenheiro
responsável.
Evidência de processo de corrosão eletroquímica.
Defeitos nas soldas – caso sejam detectados, serão identificados, mapeados e mensurados.
Caso o inspetor ache justificável, comunicar, imediatamente ao engenheiro responsável.
Defeitos ou falhas nas ligações parafusadas.
Falhas ou defeitos na junção da estrutura metálica com outros materiais.
Irregularidades no alinhamento e geometria das peças.
Indícios de deformação (flechas) excessivas nas estruturas.
Elementos com desgaste excessivo.
Pontos de acúmulo de água que possam causar corrosão.
Evidências da presença de elementos agressivos em contato com as estruturas.
METÁLICA
Junto aos apoios, se existe anomalias de corrosão, perda da seção – já que são as zonas que
contém mais esforços cortantes.
Comprimento dos elementos – verificar se existe corrosão, trincas e perdas da seção,
especialmente onde os esforços flexores sejam maiores.
Avarias nos flanges e nas ligações com as lajes.
Nos elementos secundários, verificar as mesmas avarias anteriormente citadas.
Acumulação de detritos nos flanges inferiores.
Alguma danificação na pintura.
O mau funcionamento da drenagem.
Existência de fissuras na pintura e se esta já está contaminada com ferragem, verificando se
já passou no próprio perfil.
Para vigas caixão, verificar acumulação de detritos nas partes internas da estrutura.
Para vigas mistas tem que cumprir as condições de uma estrutura metálica e as de concreto armado.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

SUPERESTRUTURA DE PONTES

ELEMENTOS EM TRAÇÃO

Ter especial cuidado nestes elementos já que podem ter uma falha Frágil.
Existência de fissuras e de sinais de corrosão.
Integridade das uniões, sendo de importância a revisão da corrosão dos elementos – sejam
rebites ou pinos.
Os elementos permanecem retilíneos, pois qualquer deformação muito grande pode ser
indício de troca do esforço no elemento.

ELEMENTOS EM COMPRESSÃO

Existência de fissuras e de sinais de corrosão.


Flambagem nos elementos.

BANZO INFERIOR OU SUPERIOR

Fissuração e corrosão.
Existência de detritos acumulados nos elementos.
TRELIÇA METÁLICA

VIGAMENTO DO ESTRADO

Comprimento dos elementos – verificar se existe corrosão, trincas e perdas da seção,


especialmente onde os esforços flexores sejam maiores.
Avarias nos flanges e nas ligações com as lajes.
Acumulação de detritos nos flanges inferiores.
Danificação na pintura.
Mau funcionamento da drenagem.
Existência de fissuras na pintura e se esta está contaminada com ferragem – verificar se já
passou no próprio perfil.
Eventuais impactos entre elementos produzidos pela vibração dos veículos.

ELEMENTOS SECUNDÁRIOS

Comprimento dos elementos – verificar interiormente e exteriormente se existe corrosão,


trincas e perdas da seção, especialmente onde os esforços flexores sejam maiores.
Contraventamentos estão íntegros e alinhados.
Corrosão nas chapas de ligação.

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Infraestrutura, mesoestrutura, superestrutura e contenções


TABELA 5.1: ITENS A SEREM VERIFICADOS

CONTENÇÕES

Condição dos drenos curtos e barbacãs.


Existência de drenagem superficial.
MUROS DE Deterioração dos elementos – verificar o estado de conservação do concreto da madeira
ou do aço.
GRAVIDADE Existência de sinais de movimentação da estrutura de contenção e estabilização, tais como
recalques, trincas, fissuras e estado de conservação.
Existência de drenagem superficial.

Condição dos drenos curtos e barbaças.


MUROS DE Deterioração do concreto – verificar o estado de conservação do concreto.
CONCRETO Existência de sinais de movimentação da estrutura de contenção e estabilização, tais como
ARMADO recalques, trincas, fissuras e estado de conservação.
Existência de drenagem superficial.

Descontinuidade entre a cortina e o terrapleno adjacente – pesquisar a presença de


descontinuidade entre a cortina e o terrapleno.
Alinhamento dos painéis (sentido horizontal) – será avaliado o alinhamento dos painéis na
região das juntas.
Recalque relativo entre painéis (sentido vertical) – será pesquisada a ocorrência de recalque
diferencial entre módulos adjacentes da cortina.
Verticalidade da cortina – será avaliada a verticalidade dos paramentos com auxílio de
prumo de pedreiro.
CORTINAS Presença de fissuras ou trincas – será pesquisada a incidência de fissuras e trincas estruturais
ATIRANTADAS sobre os paramentos.
Falhas de recobrimento das armaduras – pesquisar a incidência de falhas no recobrimento
das armaduras, indicando, na ocorrência da falha, a área correspondente ao defeito, além de
indicar o estado das armaduras no que se refere à corrosão;
Evidências de colapso dos tirantes – será pesquisada a ocorrência de colapso evidente de
tirantes a ser caracterizada pela presença de descontinuidade no perímetro da base
da proteção.
Corrosão no extremo do tirante – será pesquisada a ocorrência de corrosão na cabeça do
tirante manifestada pela deterioração da proteção em concreto do extremo (cabeça).
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Módulo VI
TERRAPLENAGEM

Neste módulo você conhecerá todo o conjunto de operações envolvidas no processo terraplenagem
e a importância do planejamento dessas ações para a construção de uma ferrovia.

Compreenderá, também, a dimensão da terraplenagem no contexto das obras que demandam


mudanças estruturais nos terrenos onde serão realizadas.

Ao final do estudo do módulo você estará apto a:

>>conceituar terraplenagem;
>>descrever fatos marcantes da história da terraplenagem e dos equipamentos usados para realizá-la;
>>identificar os tipos de terraplenagem e as suas características;
>>identificar as operações básicas de terraplenagem e as suas características;
>>identificar os diferentes tipos de solos, as suas características e os equipamentos utilizados
para realizar a terraplenagem em cada um deles;

>>identificar os serviços preliminares ao trabalho de terraplenagem;


>>identificar os equipamentos empregados no trabalho de terraplenagem e seus usos específicos.
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Histórico
Histórico
Terraplenagem é o conjunto de operações de escavação, carga, transporte,
descarga, compactação e acabamento, objetivando a realização de uma
determinada obra. Poderá ser definida como a operação de remoção ou
aplicação de material em uma determinada área para que se atinjam as cotas
estabelecidas nos projetos construtivos de pavimentos e/ou demais obras civis.
Pesquisando
Relembrando

A construção de uma ferrovia exige a elaboração de um planejamento de


Observando terraplenagem prévio para a regularização do terreno – de acordo com o projeto
a ser desenvolvido.

Na antiguidade, egípcios e babilônios já realizavam obras que necessitavam de grandes mudanças


estruturais no terreno, como os canais de irrigação às margens dos rios Nilo e Eufrates e a construção
das pirâmides.

Os romanos também se destacaram na construção de suas estradas e aquedutos – em um trabalho


realizado manualmente ou com o auxílio de animais.

Ainda em meados do século XIX, o instrumento utilizado para escavar era a pá de cavalo ou horse
drawn scraper, formada por uma caçamba dotada de lâmina de corte rebocada por tração animal.

Com a máquina a vapor surgiram as escavadeiras equipadas com shovel (pá) e montadas em vagões
para a utilização na construção ferroviária. Anos mais tarde, o desenvolvimento de motores a
combustão interna permitiu a redução do tamanho desses equipamentos.
Pesquisando

INOVAÇÕES MAIS IMPORTANTES DESDE O INÍCIO DO SÉCULO XX


Observando
Holt e Best construíram um trator movido a gasolina, cuja concepção influenciou os
1920
modernos equipamentos de terraplenagem utilizados atualmente.

ENTRE 1920 E 1930 R. G. Le Tourneau desenvolve o primeiro scraper (raspador) rebocado por trator.

1938 Criado o primeiro scraper auto-propelido: o motoscraper ou tournapull .

A partir daí observa-se um grande desenvolvimento dos equipamentos utilizados para


terraplenagem, que se tornaram mais eficientes e produtivos.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Terraplenagem manual e terraplenagem mecanizada


Terraplenagem manual
e Terraplenagem
mecanizada
É realizada com a utilização de ferramentas manuais convencionais e de pequenos equipamentos
semimecanizados.

A Terraplenagem manual é utilizada na execução de pequenos volumes ou em locais onde não é


possível a utilização de equipamentos mecanizados. Neste serviço são utilizadas ferramentas
manuais como pá, picareta, enxada, soquetes manuais para compactação etc.

A desvantagem da terraplanagem mecanizada é a baixa produtividade.

É o processo mais indicado para grandes movimentações de terra.

Necessitar de altos investimentos em equipamentos.

Exigir planejamento adequado e execução perfeita.


CARACTERÍSTICAS
DA TERRAPLENAGEM
Não utilizar grande quantidade de mão de obra, mas esta deve ser mais especializada para
MECANIZADA operar o equipamento e, consequentemente, melhor remunerada.

Permitir a movimentação de grandes volumes de terra em pequenos prazos, com grande


velocidade no transporte, levando a preços baixos.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Operações básicas
Operações básicas

Existem quatro operações características básicas que podem ser executadas por equipamentos
diversos de terraplenagem:

>>escavação;
>>carga do volume escavado;
>>transporte;
>>descarga e espalhamento.
Máquinas como o trator de esteira são capazes de executar sozinhas todas essas tarefas, algumas
Relembrando
simultaneamente. O mesmo pode ser feito por tratores com scraper, máquinas escavo-carregadoras,
entre outros equipamentos.

Escavação

Processo empregado para romper o solo compacto, tornando possível seu manuseio. São utilizadas
ferramentas cortantes como a faca da lâmina ou os dentes da caçamba de uma carregadeira.
Relembrando

Quando o solo for muito compacto deve-se tratá-lo previamente para que não
se torne tão resistente durante o trabalho / processo de escarificação.

Carga - consiste no depósito do material escavado na caçamba ou no


seu acúmulo na lâmina, quando um mesmo equipamento realiza várias
tarefas simultâneas.

Transporte - movimentação da terra para o local em que permanecerá


Pesquisando definitivamente.

Descarga e espalhamento – é a realização do aterro para nivelar ou elevar um


terreno. Quando há a necessidade de compactação da terra será realizada a
Observando operação para adensamento do solo – até aos índices estabelecidos.

Pesquisando

Observando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

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Solos
Solos
A grande variação dos tipos de solo influencia, significativamente, a determinação dos tipos de
equipamentos a serem utilizados e a estimativa do tempo a ser gasto em cada área.

Assim, utiliza-se a Tabela de Classificação, vista mais adiante, para apoiar o desenvolvimento da
operação de terraplenagem.

Você poderá observar como as diferentes categorias corresponderão a preços de escavação


totalmente diferenciados – graças às características de cada categoria.

CLASSIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO CATEGORIA PROVÁVEL VELOCIDADE (M/S)

Escavável 1ª categoria 300 a 400


Escarificável 1ª categoria 1.000 a 2.000
Em transição 2ª categoria 2.200 a 2.600
Não escarificável 3ª categoria Maior que 2.600

PRIMEIRA CATEGORIA

• Utiliza-se um trator com lâmina para a escavação, que atenderá facilmente à


demanda.

• O preço normal unitário é suficiente para cobrir os custos.

• Materiais de baixa resistência à escavação, que podem ser movimentados por


métodos tradicionais de escavação, utilizando ferramentas manuais, tratores
e escavadeiras.

• Exemplos: argila, saibro, areia e seixos rolados até 15 cm.


VALER - EDUCAÇÃO VALE

SEGUNDA CATEGORIA

> >Utilizam-se os métodos


• Utilizam-se tradicionais,
os métodos porém
tradicionais, serãoserão
porém necessárias maismais
necessárias horashoras
de trabalho,
de
pois trabalho,
precisam pois
de mais esforço
precisam depara
maisserem movimentados.
esforço para serem movimentados.

> >O• desgaste do equipamento


O desgaste é maior,
do equipamento assimassim
é maior, comocomo
os custos.
os custos.

> >Exemplos: moledos


• Exemplos: (rochas
moledos em decomposição)
(rochas e matacões
em decomposição) até 1até
e matacões m .1 m . 3 3

TERCEIRA CATEGORIA

>São materiais em que, normalmente, são utilizados explosivos ou massas expansivas


>Relembrando
para a escavação.

> >A remuneração nessa categoria pode chegar a seis vezes o valor da primeira.
> >Exemplos mais comuns: blocos de rocha maiores que 1 m 3
e rocha sã.

Como pode ocorrer uma transição gradual em camadas de tipos de solo, torna-
se difícil o trabalho de classificação, especialmente na presença de rochas que
podem dificultar a classificação.
Relembrando

Quando em um mesmo corte são encontradas as três categorias, os


valores são estimados, estabelecendo-se valores que muitas vezes não
correspondem à realidade.

Pesquisando
Pode-se concluir que o critério adotado pode não ser o mais eficiente, mas ainda é o método mais
utilizado nesse tipo de cálculo.

Há, também, uma forma de classificação que se baseia na escarificabilidade, na velocidade de


Observando
propagação das ondas sísmicas e na operação de um trator D9G.

CATEGORIA PROVÁVEL VELOCIDADE (M/S)

Escavável com equipamento normal 800


Escarificável 800 a 2.200
Transição 2.200 a 2.600
Pesquisando
Escavação por explosivos Maior que 2.600

Observando

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Solos
EMPOLAMENTO DOS SOLOS

Empolamento ou expansão volumétrica ocorre quando se escava o terreno em estado de


compactação natural, assumindo volume maior do que o anterior.

O fator de empolamento é a relação entre o volume solto e o volume em estado natural, sendo o
primeiro volume maior e com peso específico menor que o segundo.

Quanto maior a porcentagem de finos, maiores serão também as porcentagens de empolamento. A


porcentagem de empolamento é dada por:

Relembrando

= fator de empolamento

= volume solto

= volume em estado natural

= porcentagens de empolamento

Redução volumétrica ou compactação

É a diminuição do volume causada pela aproximação devido à redução do


índice de vazios entre as partículas e a redução da umidade, seja de forma
manual ou seja mecanizada. Ocorre quando os solos soltos são trabalhados
com rolos compactadores.

Pesquisando

A compactação é um dos requisitos para poderem ser utilizados nas obras de terraplenagem,
garantindo ao aterro regularidade, resistência e impermeabilidade
Observando
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Por meio da compactação obtêm-se:

>>a aproximação das partículas;


>>o aumento da coesão e do atrito interno;
Relembrando
>>o aumento da resistência ao cizalhamento;
>>maior capacidade de suporte;
>>a diminuição do índice de vazios;
>>a redução da capacidade de absorção de água;
>>a redução da possibilidade de haver percolação;
>>um solo mais estável.

Talude é toda superfície inclinada que limita um maciço. Geralmente


resultam de uma infiltração que reduz a coesão do material.

Pesquisando
Elementos de um talude

Como pode ser observado na figura a seguir, no corpo do talude fica a sua fundação e sua inclinação
não provoca movimentos ou gera instabilidade.
Observando

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Solos
Tipos de movimento

MOVIMENTOS QUE OCORREM EM UM TALUDE

DESMORONAMENTO ESCORREGAMENTO RASTEJO OU CREEP

Normalmente ocasionado por É quando a superfície de Ocorre quando o terreno rasteja


infiltração da água. escorregamento se prolonga abaixo do lentamente ou paralelamente à
pé do talude, levantando o terreno superfície. Pode causar grandes
adjacente. Há o escorregamento comum danos, especialmente em obras .
e a ruptura sueca.

Para classificar o movimento, utiliza-se a Escala de Vernes, que permite, também, adotar soluções
preventivas e permanentes.

Observe.

MOVIMENTO VELOCIDADE CLASSIFICAÇÃO

Extremamente rápido 3,0 m/s


Desmoronamento
Muito rápido 0,3 m/min

Rápido
1,5 m/dia
Moderado 1.5 m/semana Escorregamento
1.5 m/mês
Lento
Muito lento 1.5 m/ano
Rastejo
Extremamente lento Melhor que 0,3 m/5 anos

Serviços preliminares

São exigidos alguns trabalhos prévios à execução das atividades de terraplenagem, que serão
mostrados a seguir.

>>Instalação de canteiros de serviço


As características do canteiro serão determinadas pela dimensão da obra, pela proximidade dos
centros urbanos, pelo tempo de execução, entre outros elementos. Alguns terão instalações como
escritórios, almoxarifados, oficina e alojamento.

Um ponto comum na construção de um canteiro é sua máxima proximidade da região central onde é
feita a obra, sendo a sua localização estratégica.

>>Transporte dos equipamentos


Deve-se observar o local para transporte de equipamentos, levando em consideração
principalmente aqueles de grande dimensão e que serão transportados em carretas especiais –
exceto os que tiverem autorização para circular nas rodovias.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Outro fator importante é que a movimentação dos equipamentos pode se tornar onerosa demais
para a obra em questão.

>>Construção de estradas de serviço


Sua função é permitir fácil acesso a todos os pontos da obra. Para isso, são abertas estradas de
serviço provisórias, normalmente a baixos custos e com o mínimo de movimentação de terras.

Usualmente, melhora-se o greide suavizando as inclinações ou fazem-se pequenos aterros – no caso


Relembrando
de áreas baixas.

>>Consolidação dos terrenos de fundação dos aterros


Isso acontece quando os terrenos têm pouca consistência e pequena capacidade de suporte,
ocasionando recalques exagerados e escorregamento lateral devido ao peso do próprio aterro.

>>Limpeza da faixa, desmatamento e destocamento


Localizado o eixo, deve-se limpar a faixa, removendo toda a vegetação, tocos e raízes, entulhos,
matos e quaisquer obstáculos encontrados.

Destocamento é a retirada de tocos e raízes; o desmatamento compreende o


corte e a remoção de toda a vegetação.

Para a realização do desmatamento em larga escala, utilizam-se os seguintes equipamentos:


Pesquisando

>>ancinho clearing-dozer - lâmina para a retirada de vegetação rasteira, remoção de arbustos,


pedras, raízes e tocos, mas que permite a passagem de terra pelos seus dentes;
Observando
>>destocador stumper - situa-se na parte frontal do trator e serve para arrancar raízes, deslocar
tocos e realizar outros trabalhos pesados;

>>bushcutter - lâmina em forma de “v”, com a parte interior perfurada que permite escavar e
reter blocos de pedra simultaneamente.

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Equipamento utilizados na terraplenagem


Equipamentos utilizados
na terraplenagem

Veja alguns equipamentos comuns nas operações de terraplenagem.

Trator de esteira com lâmina

Corte em meia encosta

Sua função é escavar em seção mista, fazendo ao mesmo tempo o corte e o aterro.

Escavação e transporte a curta distância

São utilizados quando a distância entre os centros de gravidade de corte e de aterro é pequena.

São feitos com trator de esteiras com lâmina, que escava, transporta e espalha o material ao mesmo
tempo. Por isso apresentam custos reduzidos.

Preparo dos cortes e aterros

Sua função é permitir a passagem dos equipamentos de pneus, preparando áreas para manobra e
aterro, inclusive.

Além disso, é obrigatória a correção quando a inclinação lateral do terreno é muito grande – a fim de
que o motoscraper possa iniciar a escavação na crista do corte.

Espalhamento de terra na ponta de aterro

Deve-se espalhar o aterro em camadas uniformes com tratores de esteira para permitir a
compactação feita com outros equipamentos.

Escarificação

Os tratores de esteira de grande porte normalmente possuem escarificadores que são úteis em
terrenos muito compactos, pois quebram a resistência ao corte e permitem o trabalho de sua
remoção com ajuda do motoscraper.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Emprego de pusher

Pushers são tratores de esteira, com lâmina comum ou especial, utilizados para movimentar o
motoscraper no trajeto da carga.

Unidades escavo-transportadoras

São utilizadas na execução de terraplenagem, em uma faixa extensa de distâncias médias e longas,
para os trabalhos em que não se pode utilizar lâmina, carregadeiras ou caminhões.

O manuseio racional, resultado de um planejamento visando a redução de custos, pode ser feito por
meio da combinação de ciclos individuais – como pode ser observado a seguir.

A imagem mostra a economia de tempo com a simples eliminação de duas manobras na região de
corte. Assim:

2 x 0,15 min = 0,30 min por ciclo

Fazendo 10 viagens por hora, em um turno de 10 horas, o ganho será de:

100 * 0,3 mm = 30 min

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Equipamento utilizados na terraplenagem


As operações com scraper são realizadas de acordo com a Tabela a seguir.

POSIÇÃO
OPERAÇÃO
LÂMINA DE FUNDO (1) AVENTAL (2) EJETOR (3)

Escavação e carga Baixa Levantada Imóvel

Transporte Levantada Baixa Imóvel

Imóvel no início e acionada


Descarga levantada Levantada
no fim

Unidades escavo-carregadoras

Escavadeiras com caçamba shovel

Utilizadas para a escavação em talude que se encontra em um nível superior à máquina.

A fim de evitar a perda de tempo com o posicionamento de unidades transportadoras, utiliza-se uma
escavadeira com duas unidades – que funcionam alternadamente para carregamento e posicionamento.

Escavadeiras com caçamba dragline ou de arrasto

Eficientes na escavação de terrenos pouco consistentes e situados abaixo do nível em que se


encontra a máquina.

Utilizada para a:

>>remoção de solos moles, com excesso de umidade e com presença de matéria orgânica;
>>abertura de valas em grandes dimensões sem escoramento;
>>abertura de canais de drenagem, corta-rios e limpeza de cursos d’água.

Escavadeiras com caçamba clamshell ou de mandíbulas

São utilizadas basicamente para os mesmos elementos da dragline, porém apresentam dois
diferenciais: possuem raio de ação bastante reduzido em relação ao equipamento dragline e não
apresentam arrasto da caçamba, permitindo seu uso dentro de valsas e poços.

Escavadeiras com caçamba retroescavadora ou back-shovel

Destinam-se à escavação em um nível inferior ao que se encontra, atuando também nas mesmas
áreas que a dragline. Porém, possuem raio de alcance reduzido e se limitam à abertura de valas de
largura reduzida, diferente do clamshell.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Carregadeiras de esteira

Apresentam larga utilização nas mais variadas tarefas, destacando-se na escavação de cortes e
aterros com grande distância, exigindo o emprego de máquinas transportadoras.

Carregadeiras de pneus

Seu emprego se limita a terrenos firmes, com pouca umidade, sendo utilizadas para corte e carga de
materiais de fácil desagregação como areias, pedregulhos e cascalhos, pedra britada e rocha
fraturada ou quando a carga necessite de grande economia de tempo.

Os tipos de unidades de transporte podem ser:

>>caminhões (comuns, basculantes ou dumpers etc.);


>>reboques transportadores;
>>vagonetas;
>>carreta ou trailer.
Os caminhões basculantes fazem a descarga pela lateral ou pela parte traseira do equipamento. Os
comuns são utilizados apenas em caso de falta de equipamento para a realização de pequenos
serviços. Os caminhões dumpers possuem maior capacidade por serem mais potentes.

As carretas são utilizadas tanto para o transporte de máquinas de terraplenagem quanto para
materiais de construção ensacados. São rebocados por cavalos mecânicos ou por tratores de pneus.

Motoniveladoras

Usadas em construções, melhoramentos, pavimentação e conservação de plataformas terraplenadas.


No entanto, não pode ser usada para escavações pesadas.

Auxiliam, ainda, na manutenção de pistas ou de caminhos de serviço percorridos pelas unidades de


transporte no acabamento de superfícies e no talude de cortes.

A posição variável da lâmina permite a execução de atividades como raspagem, espalhamento e


taludamento.

Escarificadores

Também chamados de rooters, os escarificadores são utilizados para auxiliar no desmatamento, para
desagregar ou para descompactar terrenos duros.

Normalmente são tracionados por trator e constam de uma plataforma pesada com rodas metálicas
maciças e providas de dentes na parte traseira inferior.

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Equipamento utilizados na terraplenagem


Podem ser ainda acoplados a tratores na escarificação de material da segunda categoria.

Compactadores

Permitem a obtenção do grau de compactação ou de compressão necessário à correta execução do trabalho.

Podem ter rodas de aço, mais utilizadas na pavimentação; ter rolos de três rodas para a compressão
de camadas de agregados graúdos; apresentar os chamados rolos pés de carneiro – indicados para
materiais com coesão.

Compactador com rodas de aço


VALER - EDUCAÇÃO VALE

Rolo pé de carneiro

Irrigadeiras

Possuem chassis de caminhão que suportam um tanque de água com motor a bomba – utilizado no
seu enchimento e na irrigação.

Valetadoras

São usadas na abertura mecânica de valetas. São formadas por várias caçambas ou canecas
cortantes tracionadas por um trator. Na parte de trás encontra-se uma peça acabadora.

Veja a seguir uma sequência de imagens que ilustram alguns equipamentos de terraplenagem.

FIGURA 6.1: A ESTEIRA METÁLICA PERMITE O USO DO TE EM QUASE TODOS OS TIPOS DE TERRENOS.

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Equipamento utilizados na terraplenagem


FIGURA 6.2: A PÁ CARREGADEIRA É PROJETADA ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA O CARREGAMENTO,
NÃO SENDO ACONSELHADO O SEU USO PARA OUTROS FINS.

FIGURA 6.3: A MOTONIVELADORA É PROJETADA PARA ESPALHAMENTO DO MATERIAL DESCARREGADO


E PARA O ACABAMENTO, POR RASPAGEM, DE SUPERFÍCIES.

FIGURA 6.4: O MOTOSCRAPER (MS) É PROJETADO PARA EXECUTAR


AS QUATRO ETAPAS DO SERVIÇO DE TERRAPLENAGEM.
VALER - EDUCAÇÃO VALE

Referência bibliográfica

Documento Técnico 1698 Rev_02 (2009) do Manual de Via Permanente.

Apostila: Elementos de Infraestrutura _Valer (2008).

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Equipamento
Referência utilizados na terraplenagem
bibliográfica
VALER - EDUCAÇÃO VALE

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