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ESTA TERÇA
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Edição Lisboa
isboa
a • Ano XXVIII • n.º 10.021 • 1,20€ • Segunda-feira, 25 de Sete
Setembro de 2017 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos

Óbito Investigação
Cristóvão Colombo terá
Partiu o sido um corsário português
chamado Pedro Ataíde?
bispo que Ciência, 26 a 28
denunciava Ambiente
a fome e o Donald Trump ameaça
Árctico com exploração
desemprego de gás e petróleo
Sociedade, 15
Socieda Mundo, 22/23

Instituto da Água arrasou entrega

de barragens à EDP sem concurso
Em 2006, o Instituto da Água arrasou o diploma do ministro da Economia, Manuel Pinho, que permitiu
alargar o prazo de exploração das barragens. Protestos foram em vão e parecer foi ignorado Economia, 18/19

António Costa defensivo

OLIVER LANG/EPA

Vitória curta e Jerónimo ao ataque

que
de Merkel deixa na batalha PS-PCP
Alemanha Jerónimo não dá tréguas ao PS. Já a liberdade
e de
na incerteza nta
Costa termina nas câmaras do PCP. Bloco tenta
vender modelo da “geringonça” pelo país p4 a 10

Extrema-direita
no Parlamento, Referendo Em metade
curdo ameaça do país nunca
SPD sai do Governo fazer explodir houve um
Análise de Teresa de Sousa
p 2/3 e Editorial
o Iraque casamento gay
Consulta realiza-se hoje para Desde 2010 já se realizaram
responder a ambição secular 2299 casamentos entre
dos curdos p20/21 pessoas do mesmo sexo p12/13
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ISNN-0872-1548

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2 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
DESTAQUE
ELEIÇÕES NA ALEMANHA
Resultado
eleitoral
abre período
de incerteza
Para o quarto mandato, Angela Merkel parece ter apenas
uma hipótese para Governo. Terá de ceder e entrar em terreno
incógnito. Extrema-direita entra no Parlamento
Maria João Guimarães,
em Berlim
A
noite eleitoral na Alemanha
teve duas surpresas e um
choque. A coligação con-
siderada mais improvável,
CDU/CSU, democratas-cris-
tãos, com os Liberais e os
Verdes, parece a única hipótese para
a chanceler, Angela Merkel, formar
Governo. É uma incógnita total.
A maior surpresa da noite eleitoral
foi a descida marcada dos democra-
tas-cristãos de Merkel, que acabou
em cerca de 33% (segundo os núme-
ros provisórios), um dos resultados
mais baixos da história do partido,
apenas menor em 1949, com 31%.
Nas últimas eleições tinha consegui-
do 41,5%. É uma queda substancial.
Já os seus parceiros de coligação, os
sociais-democratas, chegaram à mais
baixa posição de sempre, com 20,8%.
O partido tem de pensar o futuro e
Martin Schulz foi muito claro quando
se dirigiu aos apoiantes e protagoni-
zou a segunda surpresa da noite: o
partido de centro-esquerda vai pas-
sar para a oposição, declarou, e não
põe hipótese de repetir a grande coli-
gação em que governou nos últimos
quatro anos com Merkel. Os resulta-
dos só deixam então outra hipótese a
Merkel: juntar-se a Liberais e Verdes.
Houve também um choque, a en-
trada forte no Parlamento da Alter-
nativa para a Alemanha (AfD), que
capitalizou com medos e desconten-
tamentos vários, sobretudo com a
entrada no país de mais de 800 mi-
lhões de refugiados, flirtando com
polémicas e retórica de extrema-
direita — chegou a 13,3% dos votos.
O partido não é considerado uma
hipótese de coligação para nenhum
outro partido.
É a primeira vez que na História da
Alemanha do pós-guerra uma força
claramente de extrema-direita che-
ga ao Parlamento. A entrada da AfD
no Bundestag era dada como certa,
apenas estando em dúvida a percen-
tagem; o partido teve um pico em
2016 com o descontentamento em
relação à política dos refugiados e
medo que estes não fossem integra-
dos, mas desceu depois por causa de
lutas internas.
Como vai receber fundos federais
como todos os partidos com assen-
to parlamentar, a AfD vai a partir de
agora ser uma força permanente na
política alemã. Mesmo que não se an-
tecipe que os seus deputados possam
fazer um grande trabalho no Parla-
mento (porque não têm quadros su-
ficientes e pela tensão interna), vão
ter uma estrutura verdadeiramente
nacional e vão poder cimentá-la.
Uma das primeiras acções prome-
tidas pelo partido é uma investigação
parlamentar à decisão de Merkel de-
clarar Dublin suspenso e autorizar a
entrada de refugiados na Alemanha
no Verão de 2015.
Seguem-se Liberais e Verdes. Os
primeiros, de Christian Lindner, con-
seguiram 10,5%, um bom resultado
e o regresso do partido histórico ao
Parlamento. Em 2013 os liberais ti-
veram uma derrota estrondosa, pre-
cisamente depois de terem estado
Angela Merkel
disse que quer
ganhar eleitores da
AfD, ouvir os seus
medos, entender as
suas preocupações
e tentar resolvê-los,
mas sempre com
boas políticas
numa coligação com Angela Merkel.
Entre as razões para essa derrota
estava o facto de terem concordado
com a política de empréstimos da
chanceler aos países do euro quan-
do governaram em conjunto.
Somos a primeira O que farão os liberais desta vez é
uma autêntica incógnita, porque o
força, podemos partido está centrado no novo líder.
formar Governo Este expressou forte oposição em re-
lação às políticas de resgate e tam-
e ninguém pode bém de imigração, no que foi visto
como uma tentativa de disputar vo-
formar um governo tos com a AfD, mas não é certo o que
exigirá para um acordo de coligação.
contra nós E há que contar também com os
Verdes, que surgem logo de seguida
Angela Merkel com 9,5%, e os candidatos Cem Öz-
demir e Katrin Göring-Eckardt vão
também fazer as suas exigências.
Como é que Merkel vai combinar
as posições opostas destes parti-
dos em questões como a Europa,
a economia e a imigração, é uma
incógnita.
Se a chanceler é conhecida pelo
seu estilo presidencial de governar,
já tinha afirmado que não gostaria
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de experiências nestes tempos
que precisam de estabilidade. Mas
é mesmo uma experiência que irá
acontecer caso seja formada esta
coligação: para além de nunca ter
havido um Governo destes a nível
nacional, até em estados federados
existiu apenas em dois menos rele-
vantes, o Sarre (entre 2009 e 2012)
e desde Junho deste ano em Sch-
leswig-Holstein.
Governo minoritário
Haveria mais uma hipótese, a de um
governo minoritário. Esta então é ti-
da como ainda mais improvável do
que a Jamaica (assim chamada pe-
las cores dos partidos, que formam
a bandeira deste país) e tem também
muitos poucos exemplos a nível dos
estados federados, uma vez em Mag-
deburgo e outra na Renânia do Norte-
Vestefália, e sempre com o apoio da
esquerda a governos do SPD.
Num curto comentário na sede da
CDU, em que leu dois pequenos pa-
péis com algumas notas, Merkel disse
que, apesar de o partido já ter tido
Merkel vence, mas perde terreno
Em %, às 21h50 (de Lisboa)
41,5
32,9
20,6
2017 2013
Fonte: DPA CDU/CSU
FABRIZIO BENSCH/REUTERS
muitas vezes resultados melhores,
conseguiu o seu objectivo: “Somos
a primeira força, podemos formar
Governo e ninguém pode formar um
governo contra nós.” A chanceler dis-
se ainda que quer ganhar eleitores
da AfD, ouvir os seus medos, enten-
der as suas preocupações e tentar
resolvê-los, mas sempre com boas
políticas.
Já o líder do partido gémeo da
CDU, o bávaro Horst Seehofer, consi-
derou que foi um erro ter-se deixado
um “flanco aberto à direita” e prome-
teu que o vácuo vai ser preenchido
com políticas “que garantam que a
Alemanha continua a ser a Alema-
nha”, como disse à rádio televisão
Bayerische Rundfunk.
Teme-se que este seja um sinal do
regresso do desentendimento entre
os dois partidos gémeos que se arras-
tou durante meses antes da campa-
nha, o que poderia complicar ainda
mais um acordo de coligação que já
se anuncia difícil.
maria.joao.guimaraes@publico.pt
25,7
13,0
10,6 9,1
4,7 4,8
SPD AfD FDP
Uma meia vitória para a democracia alemã.
Ou uma meia derrota?
Análise
Teresa de Sousa
1.
Se levarmos em conta
o que se passa em
muitas democracias
europeias, a Alemanha
ainda consegue manter
alguma normalidade.
Mas apenas alguma. O que os
resultados desta eleição nos dizem
é que o centro não desabou, mas
caiu acentuadamente. Merkel
ganhou com uma votação abaixo
do pior cenário das sondagens.
Ganhou e perdeu, ao mesmo
tempo. A sua estratégia de
“chapéu-de-chuva”, debaixo do
qual muita gente se pode abrigar,
à direita, à esquerda e ao centro,
não funcionou tão bem como se
previa. Está desgastada, mesmo
que não esteja derrotada. O
SPD arrisca-se a ter o seu pior
resultado de sempre. Os dois
juntos conseguem pouco mais do
que 50% dos votos. A resposta às
três questões fundamentais que
hoje se colocam a quase todas
as democracias europeias não é
tão positiva como se esperava.
O centro aguentou? Mal. Há
alternativa entre os partidos
do sistema? Por enquanto. Os
extremos foram contidos? Não. E
há um resultado incontornável, o
mais preocupante de todos: pela
primeira vez desde a fundação
da República Federal (1949),
um partido de extrema-direita
entra no Bundestag. É um sinal
de alarme, por todas as razões
e mais uma: um partido de
extrema-direita na Alemanha não
é a mesma coisa que um partido
de extrema-direita noutro país
europeu. Com uma agravante:
a linguagem da Alternativa para
a Alemanha (AfD) radicalizou-
se, passando a dizer coisas que
começam a causar arrepios a
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 3
8,4 8,9 8,6
4,9 6,2
Liberais Verdes Outros
quem as ouve. Passou a terceiro
partido. A chanceler justificou
muitas vezes as suas decisões
sobre a crise do euro com
a necessidade de impedir a
ascensão de uma força política à
sua direita. A AfD começou por
se anunciar como um partido
contra o euro mas não contra a
União Europeia, como se fosse
possível separar as duas coisas.
Hoje, vai muitíssimo mais longe. É
um partido contra o euro, contra
a Europa, contra a democracia, já
não escondendo a sua nostalgia
do passado. A chanceler teve de
fazer outra escolha difícil: abrir as
portas aos refugiados porque esse
era o dever moral da Alemanha,
sabendo que corria o risco de
insuflar o voto na extrema-direita.
Agora, muita gente, sobretudo
dentro do seu partido, irá acusá-
la de ter contribuído para este
resultado. Governou ao centro,
calando as vozes críticas. Ontem,
o primeiro a desembainhar a
espada foi o líder da CSU da
Baviera, o partido irmão da CDU:
“Deixámos um vazio à direita, que
temos de preencher com políticas
que garantam que a Alemanha
volta a ser a Alemanha.” É mais
um problema que a chanceler
tem de resolver nas negociações
para a formação do próximo
governo. Os resultados apenas
lhe dão duas opções: “grande
coligação” ou Jamaica, com os
Verdes e os Liberais. Mas, perante
uma derrota histórica, o SDP pode
decidir que o único caminho que
lhe resta é a oposição.
2. A entrada da extrema-direita
no Bundestag terá outro efeito
negativo: aumentará as tensões
internas num país cujo sistema
político foi desenhado para
forçar os consensos e impedir a
concentração do poder. O sistema
funcionou bem enquanto incluía
apenas três partidos, ou quatro,
quando os Verdes ganharam força
eleitoral. Agora, o Parlamento tem
seis, dois dos quais situam-se fora
de todas as coligações possíveis:
Parlamento
65 77
239
149
690
66 94
lugares
2017
a AfD e o Die Linke. Verdes e
Liberais também foram mudando
a sua identidade. O velho FDP, que
foi durante muitos anos o “fazedor
de chanceleres”, o que o obrigava
a estar no centro, está hoje à
direita da CDU. Os Verdes, que
Joschka Fischer levou para dentro
do sistema, passaram a ser, desde
1998, a alternativa ao FDP de que
os sociais-democratas precisavam
para formar governo. Mas os bons
velhos tempos passaram, mesmo
que a sua liderança actual não veja
com maus olhos um entendimento
com a CDU. Fazendo as contas,
ainda há no Bundestag uma ampla
maioria democrática. O problema
é que parece estar em perda,
enquanto pelo menos um dos
extremos está em alta.
3. Resta o SPD que, desde 2005,
não consegue regressar ao papel
de alternativa que desempenhou
desde a fundação da RFA. Não
é um problema apenas alemão.
Em muitos países europeus,
o centro-esquerda tem vivido
uma crise de identidade quase
permanente. Tentou a “terceira
via”, a que Gerhard Schroeder
chamou “novo meio”, mas pagou
um preço elevado por ela. Uma
radicalização à esquerda, como o
Labour de Corbyn, pode revelar-
se tentadora. Martin Schulz
preferiu ir à América buscar o
modelo Sanders. Mas a tradição
social-democrata, desde Bad-
Godesberg (1959), vai no sentido
da moderação e do reformismo.
4. A outra linha de clivagem
é a Europa. Merkel, Schulz e os
Verdes mantêm firmemente a
rota europeia. O FDP renasceu da
derrota de 2013 com um discurso
menos europeu. A Europa terá
de esperar para ver como é que a
chanceler vai lidar com uma nova
realidade, que pode afectar a sua
margem de manobra europeia.
Também aqui os resultados não
foram os mais convenientes.
teresa.de.sousa@publico.pt
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4 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
POLÍTICA
A força de Costa termina onde
começam as câmaras do PCP
Candidatos do PS não poupam autarcas
comunistas de Beja e Évora. António
Costa não critica os eleitos do PCP,
prefere falar dos investimentos
que o Governo promete ao Alentejo
Reportagem
Liliana Valente
Um candidato socialista dizia que
a “presença” de António Costa
era “um estímulo”. E, na verdade,
Costa não foi ontem fazer muito
mais do que marcar presença
na campanha autárquica em
Beja e Évora, duas câmaras que
o PS quer reaver, roubando-as
ao PCP. Passou ligeirinho nas
duas capitais de distrito do Baixo
Alentejo, onde foi participar em
dois comícios entre socialistas
já convencidos na intenção de
voto, discursando sobre o que
os socialistas, a nível nacional,
fizeram pelas autarquias. Tudo
sem nunca criticar ou sequer
mencionar o PCP.
E esta foi uma obra difícil. É
que tanto em Beja como em Évora
a luta faz-se a dois e António
Costa andou nesse equilíbrio
precário de apoiar os candidatos
do partido — para isso diz que os
apoia “de forma incondicional”
—, e de não ferir com gravidade os
parceiros no Governo. “Aqueles
que diziam que ele não viria
a Beja, porque isso não era
bom para a ‘geringonça’. Aqui
está o partido da tolerância”,
disse Paulo Arsénio, candidato
socialista. Este era um desejo dos
socialistas que Costa cumpriu,
mas arranjou maneira de andar
a fazer campanha pelos bastiões
comunistas, tal como tinha feito
na sexta-feira em Setúbal, sem
beliscar o orgulho dos parceiros.
O partido não poderá dizer que
fez um pacto de não agressão,
fez um pacto de campanha não
agressiva ou, por outras palavras,
tendo um Orçamento do Estado
para negociar, a liberdade de
Costa em campanha termina
onde começam as câmaras do
PCP e isso foi evidente nas acções
de campanha, que não passaram
pela rua, pelas acções de contacto
com a população, mas apenas por
ambientes controlados, cheios de
militantes e simpatizantes do PS.
Nos dois discursos — o de Beja
bastante curto — Costa pediu
mais “força ao PS” e até referiu
que não está nestas eleições só
“para defender as câmaras já
ganhas”. O objectivo é o de lutar
em cada freguesia, município,
para que o PS continue a ser
o partido com mais câmaras
e, por isso, com a presidência
da Associação Nacional de
Municípios Portugueses. Mas essa
frase, dita em Beja, serve também
para dizer, mesmo que de forma
indirecta e sem nunca o dizer
preto no branco, que quer ganhar
câmaras ao PCP, num distrito
onde os comunistas e socialistas
dividem as presidências dos
municípios, oito para o PCP, seis
para o PS.
Costa é por estes dias, e por
força das circunstâncias, um
primeiro-ministro que se passeia
pelo país como secretário-geral
do PS. Mas isso não quer dizer
que passe a fazer mais discursos
desligados da acção do Governo
ou das condicionantes que tem Campanha do
no executivo, dependente do secretário-
voto dos partidos de esquerda. -geral do
Nos dois concelhos, coração PS não teve
do Alentejo e do poder do PCP, acções de rua.
Costa compareceu, Costa falou, Optou por
Costa elogiou os candidatos e privilegiar
autarcas do PS, mas não criticou o contacto
a gestão autárquica que nestas com os
terras se faz pelas mãos do PCP. militantes,
Isso ficou a cargo dos candidatos nunca
socialistas, para quem o apoio do saindo desse
líder traduziu-se mais no elogio ambiente
da acção do Governo do que nas protegido
críticas, que não fez, ao partido
que governa Beja e Évora.
Nos dois concelhos, Costa
pediu “mais força para o PS”,
para que a “mudança” dos
“últimos dois anos “não fique a
meio caminho”. “Temos metade
do caminho ainda por percorrer
e, para percorrer a metade que
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FOTOS: MIGUEL MANSO
falta, é necessário agora dar força
ao PS para dar continuidade a
esta mudança de política que
iniciámos há dois anos”, disse
em Beja. Em Évora, num palco
montado no jardim público,
repetiu a fórmula, defendendo
que “ninguém tem dúvidas de
que Portugal está melhor. Factos
são factos e a realidade desmente
todos os dias o discurso da
oposição sobre o estado do nosso
país”.
O guião usado nas duas
localidades foi tirado a papel
químico. Nos dois discursos aos
militantes do PS, Costa usou a
acção no Governo, dizendo que
os candidatos “podem contar
com o PS a nível nacional”. E,
para cimentar a ideia, falou das
várias medidas que têm sido
aplicadas nos distritos e das que
vai pôr em prática. Alqueva em
primeiro e em lugar central.
Em Beja lembrou a conclusão
das obras de recuperação do IP2
— “obras que estiveram paradas
durante quatro anos”, lembrou
—, a construção da A26, que sai
de Sines e estava previsto chegar
a Espanha, e que será a única
auto-estrada que passará por
Beja, a aprovação em Conselho
de Ministros de um contrato de
investimento da AeroNeo, para o
aeroporto de Beja.
Em Évora prometeu a
conclusão do Hospital Central
do Alentejo e da linha ferroviária
que ligará a região a Espanha.
“Sempre que o PS esteve no
Governo, nunca esqueceu
Évora e sempre contribuiu para
mudanças significativas no
desenvolvimento deste distrito”,
defendeu.
Ao contrário do secretário-
geral do partido, os candidatos
não pouparam nas críticas aos
adversários. A luta, tanto em
Beja como em Évora, é viva entre
os dois partidos e enraizada em
anos de luta contra a ditadura.
Passados mais de 40 anos, o peso
da história ainda é grande e foi
talvez por isso que há quatro anos
os socialistas perderam as duas
câmaras para históricos autarcas
comunistas que migraram de
concelhos vizinhos — João Rocha,
de Serpa para Beja, e Carlos Pinto
de Sá, de Montemor-o-Novo para
Évora.
Quatro anos volvidos, nos dois
concelhos, o PS quer retomar o
poder e, para isso, os candidatos
carregaram nas críticas aos
presidentes actuais.
Em Évora, a candidata Elsa
Teigão, arrasou o trabalho do
comunista. “Os últimos quatro
anos com a CDU foram uma
desilusão para muitos e foram
com certeza um desastre para
todos. Foram anos em que a CDU
mumificou Évora. Assistimos a
um regresso ao passado”, disse.
Évora ainda está sob a alçada do
programa de ajustamento, por
causa da dívida, e a autarca não
tem dúvidas em dizer que “80%
da dívida é culpa do PCP”. Por
aqui a disputa é renhida, uma vez
que o ex-presidente da câmara,
José Ernesto, foi condenado por
peculato, tendo encurtado o
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 5
mandato. O substituto, Manuel de fugida pelo Alentejo, sem
Melgão, que acabaria por perder campanha porta a porta,
as eleições de 2013, acredita, em arruadas ou contactos com
conversa com o PÚBLICO, que população. Fez três comícios,
aqui o facto de a “geringonça” terminando com um em
Os últimos quatro existir “não é boa nem é má”: Portalegre, num pequeno largo
“Não entra na campanha, porque numa zona residencial da cidade.
anos com a CDU o desgaste do PCP é natural”. E se por aqui não andou
foram uma Em Beja, o ambiente é menos em força, nesta segunda-feira
crispado, apesar de a diferença promete fazer apenas uma visita,
desilusão para entre os dois partidos ter sido mas em força a um concelho
muitos e um de apenas 300 votos em 2013. presidido pelo PCP, que tem
Paulo Arsénio diz, no entanto, sido notícia pelas acções de
desastre para que a atitude do PCP em relação outro candidato, Loures. É que,
todos. A CDU à solução do Governo é a de “ter para ganhar estas autárquicas,
um pé fora e outro dentro. Um é preciso “genti con repichuchi”,
mumificou Évora na solução e outro no protesto”, como lhe escreveu a comitiva
Elsa Teigão jogando consoante as coisas barranquenha em Beja.
Candidata do PS “correm bem ou mal”.
à Câmara de Évora Neste domingo, Costa passou liliana.valente@publico.pt
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6 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
POLÍTICA
“Tem estado na moda bater
no PPD/PSD”, diz Santana
Sofia Rodrigues
Passos Coelho cumpriu
dia de campanha em
Espinho e Leiria, com
comício e arraial do partido
que é “do povo”
A chuva quase estragou o comício de
ontem em Anta, Espinho, mas à hora
marcada o céu desanuviou e a praça
da freguesia tingiu-se de laranja. Os
militantes chegaram em dezenas de
carros que entraram na localidade
em fila compacta e com ruidosas bu-
zinadelas. À sua espera já estavam o
líder do PSD, Passos Coelho, o actual
presidente da Câmara de Espinho,
Joaquim Pinto Moreira, que volta a
ser candidato ao cargo, e o mandatá-
rio deste, Luís Montenegro. Só mais
tarde chegou o convidado especial,
Pedro Santana Lopes, com um dis-
curso algo optimista no momento em
que a moda “é bater no PSD”.
Os dois ex-primeiros-ministros
cumprimentaram-se atrás do palco
e trocaram, nos discursos públicos,
palavras simpáticas. Pedro Santana
Lopes assumiu que tem também fei-
to uma volta pelo país nos últimos
dias e deu o seu testemunho: “Es-
tou convencido que se vão enganar
aqueles que têm vaticinado que o dia
1 de Outubro vai ser um dia menos
agradável para o PSD. Tem estado na
moda bater no PPD/PSD”.
O actual provedor da Santa Ca-
sa da Misericórdia de Lisboa disse
acreditar que “as pessoas vão saber
distinguir o trigo do joio”, fazendo
uma analogia com “uma pessoa que
tem um percalço na vida”, e que “re-
conhece quando a salvam”. Sem es-
quecer que estas eleições têm leitura
nacional — “o PPD/PSD e o líder lá es-
tarão para a fazer” —, Santana Lopes
sublinhou o carácter local das autár-
quicas. No palco, perto de Pinto Mo-
reira e de Luís Montenegro, o ex-líder
do PSD deu os parabéns a Espinho,
terra laranja, “por ter a solução para
o presente e para o futuro.”
Os dois ex-primeiros-ministros reuniram-se no comício de Espinho
O actual líder aproveitou a refe-
rência ao PPD — que é a forma como
Santana Lopes se refere ao partido —
para lembrar o fundador Sá Carneiro
e o cariz popular do partido: “Somos
um partido do povo, não elitista”. E
o dia de campanha parecia dizer isso
mesmo. Ao almoço, Passos Coelho
participou numa espécie de arraial,
em Leiria, para puxar pela “força
da natureza” - como lhe chamou -
que é Fernando Costa. O líder do
PSD lembrou-o como o “presidente
emblemático das Caldas da Rainha”,
mas não referiu o mandato de vere-
ador em Loures que exerceu com
um acordo com o PCP. Elogiou os
Vão-se enganar
aqueles que têm
vaticinado que
1 de Outubro vai
ser um dia menos
agradável para o
PSD
Pedro Santana Lopes
Provedor da Santa Casa
ADRIANO MIRANDA
autarcas “de qualquer partido” que
desendividaram as câmaras, deixou
a resposta política aos socialistas pa-
ra Luís Montenegro — que rebateu
as acusações do Governo ao PSD, a
propósito do caso de Tancos — e mos-
trou estar descontraído. Foi ao palco
tentar arranjar o microfone que ficou
sem som quando Fernando Costa se
preparava para falar, tirou selfiescom
os militantes e deu beijinhos aos que
se aproximavam, como compensa-
ção quando lhe pediam para ir a ou-
tra freguesia do concelho.
Em Leiria e em Espinho (Aveiro),
nas duas iniciativas, falaram dirigen-
tes locais mas não os líderes das dis-
tritais. No caso de Aveiro, Salvador
Malheiros que tem estado próximo
de Rui Rio não esteve no comício. Já
em Leiria, Rui Rocha, que foi a um
almoço promovido por apoiantes do
ex-autarca do Porto, esteve sempre
perto de Passos Coelho, mas não in-
terveio. Questionado pelo PÚBLICO
sobre o motivo de não ter discursa-
do, Rui Rocha remeteu para a orga-
nização da iniciativa. A direcção do
PSD, através da assessoria de impren-
sa, informou que não tem sido regra
intervirem os líderes distritais e que
a organização das iniciativas cabe às
estruturas locais.
srodrigues@publico.pt
Se o PS tivesse tido
maioria absoluta,
teríamos hoje um
país diferente
Catarina Martins
Líder do Bloco de Esquerda
Cristas todo-o-terreno
“atropela” ministro
no mistério de Tancos
cional, Cristas segue a alta velocidade
Leonete Botelho para Alcobaça, onde um pavilhão re-
pleto a espera para apoiar o candi-
Por duas vezes, Assunção Cristas já ti- dato Carlos Bonifácio, que já foi vice-
nha pedido a demissão do ministro da presidente da autarquia pelo PSD,
Defesa por causa do assalto aos paióis candidatou-se em 2013 como inde-
de Tancos, mas ontem deu-se conta pendente pelo CDS e retirou a maio-
de que, “se calhar”, ele já nem existe. ria absoluta aos sociais-democratas.
A líder do CDS-PP foi a primeira Agora, a expectativa está mais alta.
candidata a Lisboa a comparecer na “Vi, enquanto estive no Governo,
mostra de carros antigos organizada a diferença que um bom presidente
pela Associação de Comerciantes de da câmara pode fazer (...), por isso
Lisboa e pelo Clube de Automóveis sou candidata à Câmara de Lisboa.
da Costa Azul e foi ali, junto ao clássi- Mas tu, Carlos Bonifácio, estás mais
co jipe verde-azeitona que elegeu co- próximo desse objectivo. Eu lutarei
mo preferido, por ser “um carro de até ao último dia para vir a ser tua
trabalho, todo-o-terreno”, que “atro- colega como presidente da câmara,
pelou” o responsável da Defesa. porque tu vais ser presidente da Câ-
Instada a comentar as afirmações mara de Alcobaça”, afirmou.
do primeiro-ministro que, no sábado Mas ainda não foi ali que estabe-
à noite, afirmou que o relatório no- leceu objectivos para estas eleições.
ticiado pelo Expresso não era autên- O máximo que disse foi que espera
tico, Cristas acelerou. “Já tínhamos deixar de ser o partido do táxi em
um furto que se calhar não existe, número de presidentes de câmara.
agora o relatório não existe e há um “Eu vi ali um [carro] maiorzinho,
ministro que, se calhar, não compre- mas acho que já não vai chegar para
ende que também já não existe”, dis- nós. Vamos trabalhar para crescer
se e repetiu já na acção seguinte, no em mandatos, em vereadores, em
Restelo. Garantindo que o CDS vai deputados municipais, talvez em câ-
pedir “todas as explicações” e insis- maras, vamos ver”, dissera na mostra
tiu que Tancos representa “um dos de carros antigos. As sondagens vão
piores sinais do que é a degradação dando o combustível para a viagem.
do Estado nas áreas de soberania”.
Para a segunda acção do dia, As- leonete.botelho@publico.pt
sunção Cristas chegou ao Restelo, a
dois quarteirões da sua casa, acom-
panhada pelo marido e por um dos
quatro filhos. À porta do café onde
tantas vezes toma o pequeno-al-
moço, esperava-a uma comitiva da
“jota” e notáveis do partido, como
Telmo Correia, candidato àquela
junta de freguesia (Belém), ou o ex-
eurodeputado Diogo Feio.
Cristas foi passeando pela espla-
nada cheia, cumprimentando alguns
pelo nome, outros com um beijinho,
distribuindo panfletos com o progra-
ma para a cidade e a freguesia. Des-
ceu uns metros da rua, entrou numa
mercearia, nos vários restaurantes,
passou por mais uma esplanada. Sem
euforias e em passo acelerado, ainda
recebeu duas “negas”.
Ao volante da campanha local e na- Cristas é candidata a Lisboa
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Bloco tenta a multiplicação
da “geringonça” (até com o PCP)
Maria João Lopes
Catarina Martins usa
a solução de Governo
para lançar o BE no país
autárquico. E em Loures
estende-se a mão ao... PCP
O candidato bloquista Ricardo Ro-
bles pôs ontem em cima da mesa
quatro condições para apoiar um
novo mandato dos socialistas em
Lisboa — caso Fernando Medina
não consiga a maioria absoluta. É
a repetição de um guião que já deu
frutos para os bloquistas: na campa-
nha de 2015, foi Catarina Martins a
desafiar o socialista António Costa
na televisão para um entendimento
pós-eleitoral. Se nessa altura os te-
mas eram as pensões e as reversões,
agora, nas autárquicas de Lisboa, as
exigências são a defesa dos trans-
portes e da habitação, mais creches
públicas e gestão da taxa turística
feita pelo município. O que funcio-
nou nas legislativas funcionará nas
autárquicas?
Num almoço-comício no Parque
Mayer, em Lisboa, Robles disse estar
disponível para “discutir soluções à
esquerda e assumir responsabili-
dades num executivo”, desde que
sejam respeitadas estas bandeiras:
a defesa da Carris e do Metro, recu-
perando-as, melhorando a “qualida-
de do serviço público” e reduzindo
as tarifas; substituindo “a parceria
público-privada [do autarca] Fernan-
do Medina, que entrega 2500 casas
a fundos privados” por um “progra-
ma 100% público com 7500 casas a
preços controlados”; a abertura de
48 creches “das 60 prometidas pelo
PS em 2009” e a garantia de que a
taxa turística que, “neste momento
é cobrada e gerida pelos donos dos
hotéis, passa a ser gerida pelo mu-
nicípio”.
Catarina Martins dá o mote à es-
tratégia do Bloco: a uma semana das
eleições locais, o objectivo do partido
é lutar contra as maiorias absolutas
Além de “crescer”, o BE quer “mudar o mapa autárquico”, diz a líder
e pela participação nos executivos
das câmaras — em Lisboa, mas não
só. Onde “abundam maiorias abso-
lutas, aparentemente eternas e in-
contestáveis”, é preciso “construir
alternativas à esquerda” — com o BE,
disse a sua líder. “Queremos dar o
salto nas autarquias. Queremos cres-
cer, sim. Mas queremos sobretudo
mudar o mapa autárquico”, afirmou.
É importante ler as entrelinhas: se
o PS precisar do Bloco para fazer
maiorias, se o Bloco entrar nelas, é
um salto de gigante do partido no
poder autárquico — onde só teve uma
vez uma câmara nas mãos, em Sal-
Quem quer que
seja a esquerda na
sua pluralidade
a governar, pode
contar com o Bloco
de Esquerda
Fabian Figueiredo
Candidato do BE à presidência
da Câmara de Loures
MANUEL ALMEIDA/LUSA
vaterra de Magos (e agora nem isso).
Se a popularidade da esquerda
está em alta, Catarina tenta renta-
bilizá-la: “Se o PS tivesse tido maio-
ria absoluta, teríamos hoje um país
diferente”, disse, vincando que foi
assim que se conseguiu contrariar as
propostas socialistas de “liberalizar
os despedimentos”, de congelar pen-
sões, de dar “subsídios às empresas
que pagavam salários miseráveis”.
Assim, insistiu: “Quem sabe a dife-
rença que o BE está a fazer no país
sabe a diferença que o BE vai fazer
em cada autarquia.”
Também em Loures, Catarina Mar-
tins voltou a garantir que o BE “será
uma parte de soluções de governos à
esquerda” e um “combatente intran-
sigente” da direita que “destruiu o
país”. Mas, aí, foi o candidato Fabian
Figueiredo, no comício em Sacavém,
quem estendeu a mão a outro par-
ceiro mais improvável: o BE não se
colocará “de fora da procura de en-
tendimentos à esquerda”. Não, claro,
com o PSD de André Ventura. Mas
talvez sim com o PCP, que hoje go-
verna a autarquia: “Quem quer que
seja a esquerda na sua pluralidade a
governar, pode contar com o BE”,
disse o candidato.
maria.joao.lopes@publico.pt
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 7
600 25
euros é o valor do salário
mínimo nacional que o PCP tem
proposto e promete defender
nas negociações sobre o
próximo Orçamento do Estado
As férias, habitação.
Promessas de Jerónimo
nos calcanhares do PS
Maria Lopes
Foi uma voltinha confortável, aquela
que Jerónimo de Sousa escolheu pa-
ra o último domingo da campanha:
duas freguesias lideradas pela CDU e
outra onde são a segunda força, em
concelhos às portas de Lisboa onde a
Coligação de Esquerda Unitária está
em segundo lugar, a morder os cal-
canhares do PS, e onde os comunis-
tas acreditam poder ganhar terreno.
Olhando para os números dos eleitos
nestes concelhos, percebe-se que em
algumas freguesias as diferenças en-
tre socialistas e comunistas são de
poucos votos. Daí a repetição, até à
exaustão, a cada intervenção de Je-
rónimo de Sousa: cada voto conta e
ele tem de ser perseguido até às 19h
do próximo domingo.
Por isso mesmo, o secretário-geral
do PCP não se cansou de apontar o
dedo a decisões em que os socia-
listas, no Parlamento, se aliaram à
direita ou apenas ao Bloco para re-
cusarem propostas comunistas; ou
de vincar as dificuldades que o PS
continua a colocar, no Governo, a
ideias do PCP como o aumento ge-
neralizado de pensões ou a subida do
salário mínimo para 600 euros. Para
tentar cavar o fosso entre os socialis-
tas e a bondade das reivindicações
comunistas.
Em Aveiras de Cima (Azambuja),
Caneças (Odivelas) e Alverca do Riba-
tejo (Vila Franca de Xira), Jerónimo
de Sousa usou a mesma estrutura de
discurso, realçando medidas comu-
nistas para devolução de salários,
rendimentos e direitos, apontando
falhas do Governo socialista nas
questões das pensões, das carreiras
da função pública, do aumento do
salário mínimo. Ou falando de pro-
postas comunistas barradas pelo PS e
que se encaixam melhor num discur-
so autárquico crítico dos problemas
de mobilidade como os que afectam
a Grande Lisboa: foi o caso do passe
intermodal que funcionaria em todas
as carreiras, empresas e concelhos e
abrangeria cerca de 900 mil pessoas,
POLÍTICA
dias úteis é o período mínimo de
férias para os trabalhadores que
o PCP quer tornar obrigatório.
E vai vigorar já no ano que vem
nas câmaras da CDU, promete
mas que não teve o apoio do PS (nem
do Bloco).
Acrescente-se a habitação, área em
cuja reabilitação os concelhos dormi-
tórios, como estes três, precisam de
apostar. Em Caneças, sob as árvores
do jardim central da vila, Jerónimo
até apontou os bairros municipais
de Odivelas e os Bairros do Governo
Civil, na Pontinha, e apelou: “É ne-
cessário assegurar a criação de con-
dições de habitabilidade nos bairros
de génese ilegal, como a CDU fez já
nas suas autarquias, de que é exem-
plo Loures aqui ao lado!”
Ora, não foi só na política de habi-
tação que o líder do PCP puxou pe-
los galões comunistas. Fê-lo também
nos direitos laborais, bandeira cara
ao partido. Para anunciar que a sua
bancada vai entregar uma proposta
no Parlamento para a reposição das
indemnizações por inteiro aos traba-
lhadores no caso de despedimento
sem justa causa. E para mostrar que
os comunistas são um bom exemplo
Jerónimo andou
por concelhos
onde o PS é poder
e não poupou os
socialistas... da
Assembleia da
República
nestes direitos e coerentes — no Par-
lamento entregaram uma proposta
para tornar obrigatório o mínimo de
25 dias úteis de férias —, Jerónimo
de Sousa lembrou em Alverca que
as câmaras lideradas pela CDU vão
implementar os 25 dias úteis de férias
a partir de Janeiro.
Hoje, Jerónimo de Sousa faz a sua
última incursão na região Norte, pas-
sando pelo Porto para uma arruada
entre a Avenida dos Aliados e a Rua
de Santa Catarina (para uma ajudi-
nha a Ilda Figueiredo), outra arrua-
da em Fânzeres (Gondomar), e um
comício nocturno no Conservatório
de Música Calouste Gulbenkian em
Braga.
maria.lopes@publico.pt
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8 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
POLÍTICA
Nas cidades
inteligentes vamos
saber a quantas
andamos
Os desafios dos autarcas I
Mobilidade
João Pedro Pereira
A mobilidade eléctrica,
a partilha de veículos, a
Internet e a inteligência
artificial estão a mudar a
forma como as pessoas se
deslocam no caos urbano
Os automóveis completamente au-
tónomos podem estar a anos de dis-
tância, mas chamar um carro com
motorista através de uma aplicação
tornou-se banal em muitas cidades.
A entrega de encomendas por pe-
quenos drones pode ser uma tecno-
logia ainda em fase experimental e
sem impacto no trânsito, mas exis-
tem serviços para encontrar uma
scooter nas proximidades, condu-
zi-la por entre os carros e deixá-la
em qualquer sítio, assim que já não
seja precisa. Os autocarros podem
nem sempre chegar a horas, mas
os telemóveis conseguem indicar
os horários e os locais mais perto
onde é possível apanhá-los. Os en-
garrafamentos, o fumo e o barulho
podem não ter ainda os dias conta-
dos. Mas quem se desloca hoje nas
cidades (ou, pelo menos, em algu-
mas cidades em vários pontos do
mundo) consegue ver luz ao fundo
do túnel.
A inclusão das tecnologias de
informação na vida urbana é um
processo feito em ritmos desiguais
por diferentes utilizadores e por
diferentes locais do mundo. As ci-
dades estão ainda longe do que era
sonhado nos tempos dourados do
futurismo, em meados do século
passado, quando se imaginavam
os anos 2000 repletos de carros
autónomos, múltiplas estradas em
Soluções inovadoras
em termos de
mobilidade são
desenvolvidas no
Centro de Excelência
para a Inovação da
Indústria Automóvel,
em Matosinhos
diferentes níveis de altura e até ve-
ículos voadores. E tudo isto a fluir
com a precisão de um relógio gra-
ças às maravilhas da tecnologia.
Na realidade, os problemas legais
e regulatórios, a coabitação de sis-
temas novos e velhos, as inevitáveis
questões de cibersegurança, os rit-
mos da agenda política e a natureza
caótica de muitas cidades tornam
tudo mais complexo. Porém, com
alguns solavancos e curvas difíceis,
a tecnologia começa a entranhar-se
na forma como nos deslocamos.
A mobilidade eléctrica, a partilha
de veículos e a inteligência artificial
estão a mudar os transportes e fa-
zem parte do conceito de cidades
inteligentes, uma expressão vasta
para designar cidades que recorrem
a tecnologias de informação para
uma melhor gestão. No ano passa-
do, uma análise da consultora Juni-
per (de entre muitas do género que
são publicadas) colocava Singapura
como a cidade mais inteligente do
mundo, seguida de Barcelona, Lon-
dres, São Francisco e Oslo.
“O que se alterou fundamental-
mente foi o cruzamento da mobili-
dade física com a mobilidade da in- ção sobre como cidadãos e turistas consumidores e eleitores. Várias
formação”, observa José Rui Felizar- se movem. Esta informação pode cidades esforçam-se, por isso, por
do, presidente executivo do CEIIA, ser usada para tornar os transportes refrear a circulação de automóveis
um centro de desenvolvimento de mais eficientes e, eventualmente, poluentes nos centros e mesmo pa-
tecnologias de mobilidade e trans- mais baratos, quer para os cofres íses com uma forte indústria auto-
porte. Este cruzamento das neces- O que se alterou públicos, quer para a carteira dos móvel, como a Alemanha e França,
sidades de deslocação com a circu- utentes. Depois, há as muitas em- já anunciaram que querem cortar a
lação de informação deu origem à foi o cruzamento presas que disputam uma fatia do venda de carros a gasolina e gasóleo
multiplicidade de aplicações e op- da mobilidade mercado da mobilidade: desde as nas próximas décadas.
ções de transporte que hoje existem que desenvolvem aplicações para os Para os cidadãos, estes avanços
em algumas cidades, explica Feli- física com a utilizadores finais até às que criam podem significar formas mais eco-
zardo. “Quando nos movemos são mobilidade da ferramentas para serem usadas nómicas e ambientalmente susten-
gerados dados, os dados correlacio- pelos decisores públicos. No final, táveis de deslocação. Um dos ob-
nados permitem criar informação e informação surgem as pessoas, que diariamen- jectivos, explica o responsável pela
isso permite criar novos serviços.” José Rui Felizardo te querem ir de um ponto a outro área de cidades inteligentes da IBM
É um puzzle que está a ser feito a Presidente executivo do CEIIA de uma forma rápida, económica em Portugal, António Pires Santos,
muitas mãos. De um lado, estão as e também ecológica: as preocupa- é que os utilizadores venham a ter
autoridades locais, que poderão ter ções ambientais parecem ser cada uma ferramenta “que ajude a esco-
acesso a uma torrente de informa- vez mais pesadas na consciência de lher as melhores opções de mobi-
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lidade consoante a sua agenda do
dia”. Não é um cenário de ficção
científica. Os assistentes virtuais são
uma parte cada vez mais importan-
te dos smartphones. Os mais recen-
tes já indicam aos utilizadores (sem
que estes o peçam) quanto tempo
demoram desde o sítio onde estão
até ao local do compromisso que
marcaram na agenda. Pires Santos
nota que este tipo de serviço não
é ainda “tão personalizado quanto
poderia ser”. No futuro, o telemó-
vel poderá lembrar o utilizador de
uma consulta de rotina que tem de
marcar — e dizer-lhe qual a melhor
forma de ir do trabalho até ao con-
sultório num dia de chuva e trânsito
infernal.
PAULO PIMENTA
“Nas cidades há uma questão que
é fundamental: o papel do utiliza-
dor”, concorda Felizardo. “Tem de
ter todos os meios para definir como
se quer mover, em função de custos,
de tempos e, depois, de sustentabi-
lidade”. Esta questão é, para o res-
ponsável do CEIIA, um dos grandes
desafios: “A sustentabilidade é im-
portantíssima. Podemos começar
a quantificar qual a redução de
emissões conseguida quando usa-
mos meios de emissões reduzidas.
Para além do custo da deslocação,
pode-se dizer aos utilizadores finais
as emissões poupadas”. Neste ce-
nário, é possível imaginar sistemas
para que estas poupanças se tradu-
zam em benefícios imediatos para
os utilizadores, observa Felizardo.
Por exemplo, um mecanismo que
permita ao cidadão comprar um
bem ou serviço com créditos atri-
buídos graças às emissões poluentes
que optou por não fazer. Também
será possível dar ao utilizador uma
“factura da mobilidade”, que some
os custos de todos os transportes
usados (bilhetes em públicos, ga-
solina, estacionamentos) e permi-
ta ao utilizador saber exactamente
quando gasta.
Por ora, os exemplos já em curso
nas cidades são mais terra-à-terra.
Em muitas há sistemas de partilha
de bicicletas (convencionais ou eléc-
tricas), pagas à hora ou ao mês. Há
aplicações que permitem pagar o
estacionamento do carro, em vez
de se usar o tradicional parquíme-
tro (em Lisboa, a EMEL, a empresa
municipal responsável pelos esta-
cionamentos, tem uma destas apli-
cações). Os horários dos transportes
públicos e os tempos estimados de
chegada estão visíveis em painéis
electrónicos em paragens, e são
consultáveis em aplicações móveis
(mesmo que nem sempre acer-
tem).
Parte daquelas soluções são ini-
ciativas das autoridades públicas.
Outras vêm do sector privado, co-
mo é o caso das aplicações Uber e
MyTaxy, ou das scooters partilhadas
da Ecooltra. Em Portugal, isto acaba
por significar uma concentração nas
duas maiores cidades e em algumas
das zonas mais turísticas, onde o
potencial de negócio é muito maior.
“Vejo isto a ser transposto para as
cidades médias, mas não pelo sec-
tor privado”, observa António Pires
Santos. Recentemente, os autocar-
ros de Braga passaram a usar tecno-
logia da IBM para oferecer Internet
aos passageiros, e também para mo-
nitorizar o trajecto, perceber moti-
vos de eventuais atrasos e antecipar
necessidades de manutenção dos
veículos.
Estes sistemas de mobilidade, su-
blinha Santos Pires, são complexos,
mas não precisam de ser montados
de uma assentada: “Temos de ter
cuidado com a segurança e evitar
que estas soluções possam ser fa-
cilmente atacadas. Agora, não pre-
cisamos de fazer tudo de uma vez.
Podemos começar por algo peque-
no e crescer.”
jppereira@publico.pt
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 9
No futuro, o telemóvel
poderá dizer ao
utilizador qual a melhor
forma de ir para o
trabalho num dia de
chuva e trânsito infernal
Candidatos de Lisboa e Porto
querem metro, metro, metro
Sem mais metro não se vai lá. A con-
clusão é comum aos candidatos às
câmaras de Lisboa e Porto quando
se fala nos problemas de mobilidade
das duas cidades. Mas a necessidade
de expandir as redes de metro não é
o único ponto em comum entre can-
didatos quando se fala em circular e
estacionar melhor.
Em Lisboa, estão todos contra o
PS de Fernando Medina em relação
à forma como o metro se deve ex-
pandir. Se o socialista e actual presi-
dente da câmara concordou com a
criação, anunciada pelo Governo, da
chamada “linha circular”, que pre-
vê a construção de duas novas esta-
ções da Linha Verde, a da Estrela e de
Santos, todos os outros querem ver
o metro ir mais além e expandir-se
para ocidente e para zonas residen-
ciais, como Campo de Ourique ou
Campolide, opções já defendidas
publicamente por candidatos como
Teresa Leal Coelho, do PSD, ou Ri-
cardo Robles, do Bloco de Esquerda.
Mas, em matéria de expansão do me-
tro, ninguém bate Assunção Cristas:
vinte novas estações até 2030, nada
mais, nada menos, é o que propõe a
candidata centrista para o mandato
que há-de terminar em 2021.
Ninguém pede tanto no Porto e
todos os candidatos ficariam já bas-
tante satisfeitos se lhes dessem uma
só linha — a do Campo Alegre. Mas,
por ora, é apenas um sonho e o pre-
sidente e candidato independente,
Rui Moreira, vai dizendo que a pre-
vista Linha Rosa, entre a Estação de
S. Bento e a Casa da Música, é a única
possível com as verbas disponíveis,
os restantes insistem na necessidade
de mais reivindicação, lembrando,
como Ilda Figueiredo, da CDU, que
o Governo já se comprometera há
uma década a construir a linha que,
acrescenta Álvaro Almeida, do PSD,
é essencial para melhorar a mobilida-
de na zona Ocidental. Manuel Pizar-
ro, do PS, que até há quatro meses foi
vereador de Moreira, concorda que,
para já, não há outro remédio senão
os portuenses aproveitarem o que é
possível fazer e lutarem já por fun-
dos comunitários que possam levar o
POLÍTICA
metro ao Campo Alegre e mais longe.
O metro pode ser o “menino que-
rido” dos candidatos a Lisboa e Por-
to, mas junte-se-lhe os autocarros
da capital e os da cidade nortenha
e ouve-se novamente um discurso
bastante parecido: só os transportes
públicos podem salvar os morado-
res e utilizadores das duas cidades
de perderem horas desnecessárias.
No Porto, a transferência da gestão
da Sociedade de Transportes Colecti-
vos do Porto (STCP) deixam Moreira
e Pizarro a esfregarem as mãos. João
Teixeira Lopes, do BE, também está
agradado com a solução permitida
pelo Governo, mas acrescenta que
bom bom era reactivar a rede de
eléctricos da cidade. Ilda Figueire-
do quer preços comportáveis nos
autocarros, com descontos de 50%
para idosos, estudantes ou pessoas
com mobilidade reduzida.
Medina promete “capacitar a Car-
ris” e expandir a rede de eléctricos,
mas em matéria dos autocarros, Te-
resa Leal Coelho, é mesmo a voz dis-
sonante, ao propor a concessão de
Só o transporte
público impedirá
que circular
nas cidades se
torne um inferno,
dizem todos os
candidatos
todos os transportes públicos da ci-
dade a entidades privadas. A criação
de parques de estacionamento dis-
suasores à entrada das cidades, tam-
bém é comum a vários candidatos,
mas em matéria de estacionamento,
a convergência pára aqui. É preciso
mais estacionamento, defendem al-
guns candidatos (como Leal Coelho,
em Lisboa), mas o funcionamento
de parquímetros já está longe de ser
consensual. Curiosamente, Assunção
Cristas, em Lisboa, e Álvaro Almeida,
no Porto, têm uma proposta similar
nesta matéria: períodos de tempo
de estacionamento gratuitos para
os moradores — 15 minutos, propõe
o portuense; 20 minutos, defende a
centrista. Patrícia Carvalho
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10 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
POLÍTICA
O CASO TAPA NÃO DÓI?
MIGUEL MANSO
A Praça de Anta, em Espinho,
ainda estava vazia quando a
organização da volta autárquica
de Passos Coelho se deu conta
de que estava um cartaz do
PS (com o candidato à junta)
pendurado num poste mesmo
no centro do recinto. A imagem
estava virada para o palco e
elementos da campanha olhavam
para ela pouco tempo antes
de chegar a caravana. Com a
sede da candidatura do PSD à
junta de freguesia ali mesmo
ao lado, o problema resolveu-
se rapidamente. O cartaz, que
em cima tinha penduradas
bandeiras do CDS, foi tapado com
propaganda laranja. E assim ficou
durante todo o comício. Quando
a iniciativa acabou, o plástico foi
retirado e a imagem socialista
voltou a ficar como estava. S.R.
O CASO II VOZ DO FUNDO
O ex-autarca das Caldas da
Rainha, ex-candidato a Loures e
actual candidato do PSD a Leiria,
Fernando Costa, faz jus à fama
de político sem papas na língua
que o notabilizou em congressos
do PSD. Ontem explicou à Lusa a
razão por que não é apoiado pelo
CDS: “Tivemos militantes do CDS
a fazer campanha connosco na
rua e a fazer o nosso programa
e, depois de já estarmos na rua,
veio uma ordem de [Assunção]
Cristas e de Paulo Portas [a
informar que] não pode haver
coligação em Leiria, porque está
lá um tal Fernando Costa, que
disse um dia em público ao dr.
Portas que se preocupasse antes
com a corrupção dos submarinos
e com a corrupção dos sobreiros
do que com o caciquismo dos
autarcas.” A.V.
A FOTO DO DIA
A silhueta é igual e o espírito
também se confunde. Afinal,
quem anda em campanha
autárquica pelo país é António
Costa secretário-geral do Partido
Socialista ou António Costa
primeiro-ministro? Se a tarefa
AGENDA
António Costa (PS)
Hoje o secretário-geral do PS
vai ter dificuldade em cumprir
horários e limites de velocidade.
Tem uma acção de campanha
em Águeda, às 18h, e outra em
Loures, apenas duas horas mais
tarde
Pedro Passos Coelho (PSD)
A campanha autárquica do líder
do PSD começa às 12h30 em
Fornelos, Fafe, e muda-se, às
18h, para o Jardim da Avenida da
Liberdade de Barcelos
Catarina Martins (BE)
A líder do Bloco de Esquerda vai
às 10h30 à Escola Profissional
do Montijo, visita às 15h
uma associação de recolha
e tratamento de animais
149
é o número de presidências de
câmara conquistadas pelo PS
em 2013. O PSD gere sozinho
86 municípios. A CDU tem 34
câmaras e os grupos de cidadãos
independentes detêm 13
presidências de executivo. O CDS
tem 5 câmaras e as restantes 21
estão nas mãos de coligações de
direita, que integram PSD e CDS
AS FRASES
Não é por acaso que
nem sequer falo nos
milhões de investimento,
nos projectos que se
vão fazer. isso está no
programa. Eu falo dos
afectos, no futuro e nos
sonhos, e as pessoas
sabem que é para
cumprir
Isaltino Morais, Oeiras
Candidato independente
à câmara
de fazer a destrinça teria sempre concentram-se invariavelmente
um grau de dificuldade elevado, na necessidade de dar mais força
a verdade é que António ao PS, para que “o caminho não
Costa nem tem disfarçado fique a meio”. E, neste caso, é
que não se esforça muito por ao caminho do Governo, nos
o fazer. Os discursos, quase próximos dois anos, que se
todos com a mesma estrutura, refere. L.V.
Não é com boca e cara
de Gioconda que se
A volta dos líderes abandonados em Palmela e janta
em Setúbal, a partir das 19h45
resolvem os problemas
Correia da Luz, Portalegre
CDU Candidato do PS à câmara
Jerónimo de Sousa (CDU)
PSD Braga
O secretário-geral do PCP anda
CDU Porto pelo Norte; arruada às 17h junto à Ou se vota em mim e na
estátua do Ardina dos Aliados, vai
a Fânzeres, Gondomar, às 18h30
mudança ou se vota na
PS Aveiro
e termina o dia num comício, às manutenção, que é o PS
21h30, em Braga de Luísa Salgueiro
Narciso Miranda, Matosinhos
Assunção Cristas (CDS) Candidato independente
A líder do CDS e candidata à à câmara
Câmara de Lisboa participa num
CDS
passeio de motos às 10h, almoça
PS Lisboa
com a comunicação social às 13h
Só nos faz falta quem
Setúbal
BE e vai à Cãocentração do Jardim está connosco e quem
das Amoreiras às 18h, apresentar
propostas para os animais
for votar no dia 1
Rui Moreira, Porto
domésticos. O líder do PAN, a
Candidato independente
propósito, não enviou a agenda a
à câmara
tempo
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 11

POLÍTICA

Madeira quer taxas de juro

em linha com as do Estado

Autonomia
Márcio Berenguer
Funchal está a pagar taxa
de juro de 3,375% pelo
empréstimo contraído
em 2012, enquanto o Estado
se está a financiar a 2,5%
A Madeira quer alinhar os juros do
empréstimo de 1500 milhões de eu-
ros que contraiu em 2012 junto do
Estado, com a taxa a que o país se
está a financiar no exterior. Nas con-
tas do Governo Regional da Madeira
está em causa uma poupança anual
superior a 10 milhões de euros, para
um total de 140,5 milhões de euros
até ao final do empréstimo, que ter-
mina em Janeiro de 2040.
A ideia vem sendo defendido sem
sucesso pelo Funchal desde 2015, e
ganha agora novos argumentos, de-
pois de, na semana passada, a Stan-
dard & Poor’s (S&P) ter revisto em
alta o rating da dívida nacional, para
nível de investimento.
O executivo regional entende que,
ao continuar a pagar ao Estado uma
taxa de juro fixa de 3,375%, acrescida
de um spread de 0,15%, está a finan-
ciar o país, pois os últimos dados do
IGCP (Agência de Gestão da Tesoura-
ria e da Dívida Pública) apresentam
um custo de 2,5% para o empréstimo
contraído pelo país. “Se a taxa de ju-
ro do empréstimo do Estado à Região
fosse reduzida para 2,5% [que é a ta-
Albuquerque vai levar de novo a
questão ao parlamento regional
xa que o Estado paga actualmente],
a poupança até final da vida do em-
préstimo seria de 140,5 milhões de
euros”, contabiliza ao PÚBLICO o se-
cretário regional das Finanças e da
Administração Pública Rui Gonçal-
ves, lembrando que, mesmo assim,
a Madeira pagaria um total de juros
de 402 milhões de euros. A Madeira
já pagou, entre 2012 e Agosto deste
ano, perto de 200 milhões em juros,
acrescenta o governante regional. Is-
to sem contar com o spread, que a re-
gião defende que seja eliminado. Por
cada redução de 0,1%, a poupança
seria superior a um milhão de euros.
Na Madeira, esta questão é con-
sensual na assembleia regional. Em
Novembro de 2016, o parlamento
madeirense aprovou, com votos de
toda a esquerda, dois projectos de re-
solução, um do PSD e outro do CDS,
a defender a revisão da taxa de juros.
Em S. Bento, Carlos Pereira deputa-
do socialista e líder do PS-Madeira,
e Paulino Ascensão, do Bloco, têm
defendido o mesmo. O próprio An-
tónio Costa, em Março do ano ante-
rior, numa acção de campanha no
Funchal para as regionais, disse que
não fazia sentido o Estado cobrar ta-
xas de juro mais elevadas à Madeira.
Logo depois das notícias da S&P,
Miguel Albuquerque, presidente do
executivo madeirense, prometeu le-
var novamente o tema à assembleia
regional, no início da próxima sessão
legislativa.
marcio.berenguer@publico.pt

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MENSAGEM (SMS) 3838

votar
RE (espaço) n.º de identificação civil constante no
bilhete de identidade ou cartão de cidadão (espaço)
data de nascimento (no formato AAAAMMDD).
Exemplo: RE 12345678 19750602

LINHA DE APOIO AO ELEITOR

808 206 206
Custo de chamada local

JUNTA DE FREGUESIA
*A INFORMAÇÃO REL ATIVA AO LOCAL DA FREGUESIA ONDE VAI VOTAR (ESCOL A,
EDIFÍCIO PÚBLICO OU OUTRO) ESTARÁ DISPONÍVEL A PARTIR DE 16 DE SETEMBRO.
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12 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

SOCIEDADE
Em metade do país nunca
houve um casamento gay
A migração da população LGBT para os grandes centros
urbanos, a invisibilidade desta comunidade em alguns
territórios e a vergonha que persiste em assumir uma relação
ajudam a explicar dados. Casamento é possível desde 2010
do mesmo sexo, e 2016. Mas a distri- lho a ser feito. Há pessoas reprimidas
Família buição destes casamentos pelo terri- no emprego e nas escolas.”
Rita Marques Costa tório nacional não é homogénea. Em A maioria dos casamentos entre
47% dos concelhos portugueses, nun- pessoas do mesmo sexo aconteceu
Maria Manuel e Leonor Costa Alves, ca se registou um matrimónio desta onde a densidade populacional é
uma nascida em Angola e a outra em natureza, segundo uma análise feita mais elevada. Nos 20 municípios
Portugal, casaram-se em Lisboa, on- pelo PÚBLICO aos dados do Instituto com mais casamentos homossexu-
de hoje vivem. A sua história não é Nacional de Estatística (INE). ais existem, em média, 2076 habi-
muito diferente da de muitos casais Assumir a relação não foi um pro- tantes por quilómetro quadrado. É
heterossexuais. Conheceram-se por blema para este casal. Defendem que também aí que residem 3,5 milhões
intermédio de uma amiga, trocaram é uma questão de “postura”. Maria é de portugueses. Em 64% dos municí-
números de telefone e assim anda- assistente de backoffice numa empre- pios onde a densidade populacional
ram durante um ano. Em 2008 es- sa ligada aos sectores da tecnologia e é inferior a 50 habitantes por quiló-
tavam a namorar. da energia e Leonor é assistente de metro quadrado, nunca houve um
Em 2013 Maria Manuel disse a contabilidade. “No trabalho toda a casamento gay.
Leonor: “Não quero esperar mais.” gente sabe.” Quando vão passar fins- Além disso, há mais casamentos
Em seis meses estavam casadas nu- de-semana fora, no interior do país, entre pessoas do mesmo sexo nos
ma cerimónia que reuniu 111 convi- não escondem que são um casal e territórios do litoral do que nos do
dados, revelam com orgulho. “Eu dizem que nunca sofreram qualquer interior. Mas há excepções à regra.
nunca pensei em casar-me. Até era tipo de preconceito. No Sabugal, um concelho no distrito
contra”, confessa Maria Manuel. Apesar das metas já alcançadas a da Guarda com cerca de 11 mil habi-
Mas recorda que “as questões legais favor dos direitos da população LGBT tantes, realizaram-se dois casamen- Maria e Leonor são um dos 2299 casais homossexuais que se casaram ent
tiveram um peso muito forte nesta (Lésbica, Gay, Bissexual e Transgéne- tos gay. Já em Arouca, um município
decisão”. Tinham receio de ser im- ro), Maria e Leonor, hoje com 53 e 55 que integra a Área Metropolitana do tudos Geográficos da Universidade Em 2010, o investigador foi um
pedidas de fazer visitas uma à outra anos, respectivamente, sublinham Porto, nunca um casal homossexual de Lisboa, comenta estes dados: dos responsáveis pela elaboração do
no hospital, na eventualidade de um que “falta consciencialização”. Es- “deu o nó” no período em análise. diz que é mais provável que mais Guia para o Combate à Discriminação
internamento, ou de não poderem pecialmente, de quem está fora da casais homossexuais existam nas nos Municípios. Neste documento,
tomar decisões uma pela outra em comunidade. “Ainda há muito traba- Lisboa, Porto, Sintra cidades maiores, uma vez que aí eram propostas várias medidas como
caso de incapacidade. O envolvimen- Lisboa, com 731 casamentos, foi o lo- encontram “mais redes de estabili- a formação dos agentes autárquicos
to na luta pela conquista deste direito ALJEZUR cal onde se registaram mais uniões dade”, como associações ou espaços para a não discriminação ou a pro-
também pesou. Leonor acrescenta: Tem a maior taxa de casamentos entre pessoas do mesmo sexo ao lon- de convívio. moção da inclusão da comunidade
“Casámo-nos, mas o mais importante gay: 5% dos realizados no go dos últimos sete anos. Seguem-se Outro aspecto é o facto de não ser no espaço público. Muito mudou nos
é poder decidir. Há muitos casais que concelho que tem 5609 residentes o Porto, com 264 registos e Sintra, obrigatório casar onde se reside, de- últimos anos, em relação à integra-
vivem juntos há anos e que nunca se com 88. Os dados mostram ainda que talha Paulo Vieira. Pode acontecer, ção da população homossexual em
casaram nem pensam fazê-lo.” há mais casamentos entre homens por várias razões, que os casais es-
Maria e Leonor são um dos 2299 Casamentos (1474) do que entre mulheres (825). colham casar-se noutros locais. De AROUCA
gay É o único município das
casais homossexuais que “deram o Paulo Vieira, vice-presidente da Não resto, tendo em conta que os indiví-
nó” entre 2010, ano em que foi apro- 1 5 Te Prives — uma organização com duos homossexuais existem em me- áreas metropolitanas de
vado o casamento civil entre pessoas sede em Coimbra que se dedica ao nor número, é normal que, onde há Lisboa e Porto onde nunca
6 combate à discriminação por ques- menos população, também existam houve casamentos entre
pessoas do mesmo sexo
tões de género e orientação sexual menos casais e, consequentemente,
Número de — e investigador do Centro de Es- menos casamentos.
casamentos entre
pessoas do mesmo sexo
12
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3
2

2
7
1

1
1

1
1

1
1

1
1

1
1

1
Alcoutim
Mértola
Idanha-a-Nova
Avis
Monforte
Ourique
Alcácer do Sal
Crato
Vimioso
Almodôvar
Penamacor
Alter do Chão
Mourão
Alvito
Arronches
Alandroal
Vila Velha de Ródão
Mora
Barrancos
Portel
Arraiolos
Pampilhosa da Serra
Oleiros
Nisa
Mogadouro
Castelo de Vide
Figueira de Castelo Rodrigo
Montalegre
Vinhais
Almeida
Gavião
Ferreira do Alentejo
Fronteira
Castro Verde
Chamusca
Montemor-o-Novo
Viana do Alentejo
Serpa
Monchique
Sabugal
Freixo de Espada à Cinta
Alfândega da Fé
Miranda do Douro
Odemira
Moura
Torre de Moncorvo
Góis
Boticas
Coruche
Mação
Sousel
Mêda
Vila Nova de Foz Côa
Vila de Rei
Vidigueira
Redondo
Grândola
Pinhel
Ponte de Sor
Aljustrel
Proença-a-Nova
Penedono
Marvão
Carrazeda de Ansiães
Macedo de Cavaleiros
Castro Marim
Lajes das Flores
Reguengos de Monsaraz
São Roque do Pico
Vila Flor
Terras de Bouro
Sernancelhe
Aguiar da Beira
Trancoso
Estremoz
Manteigas
Calheta (R.A.A.)
Corvo
Cuba
Pedrógão Grande
São João da Pesqueira
Santiago do Cacém
Vila Nova de Paiva
Valpaços
Vila Pouca de Aguiar
Ribeira de Pena
Bragança
Porto Moniz
Celorico da Beira
Vila do Bispo
Murça
Lajes do Pico
Beja
Santa Cruz das Flores
Campo Maior
Figueiró dos Vinhos
Sertã
Mirandela
Elvas
Arganil
Melgaço
Fornos de Algodres
Mortágua
Alijó
Castelo Branco
Castro Daire
Sabrosa
Fundão
Madalena
Vila Viçosa
Évora
Castanheira de Pêra
Mondim de Basto
Penela
Sardoal
Tavira
Alvaiázere
Ferreira do Zêzere
Gouveia
Velas
Moimenta da Beira
Tabuaço
São Pedro do Sul
Arcos de Valdevez
Borba
Nordeste
Constância
Armamar
Abrantes
Portalegre
Vouzela
Vendas Novas
Seia
Silves
Belmonte
Penalva do Castelo
Guarda
Vieira do Minho
Povoação
Benavente
Tábua
Vila do Porto
Sátão
Ponte da Barca
Paredes de Coura
Golegã
São Vicente
Penacova
Cabeceiras de Basto
Chaves
Sines

Densidade populacional
(Habitantes por km2)
4,2 a 10 10 a 20 20 a 30 30 a 50 50 a 80
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 13

Matrimónio entre pessoas Matrimónio entre pessoas Top 5 dos municípios Concelhos com menos Há mais casamentos
do sexo oposto do mesmo sexo com mais casamentos gay de 10 casamentos entre
Há homens
mais do que
casamentos 1474
entre pessoas do entrehomens
entre mulheres
do que
* ano de legalização 422
65.776 731
do casamento
324 324 305 308
350
mesmo sexo 88 entre mulheres
homossexual
266
825
31.977
264
%
88 74 57
1995 2010 2016 2010* 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Lisboa Porto Sintra Almada Oeiras

NUN O FERREIRA SANTOS

re 2010 e 2016
determinados locais mas continua a
existir “uma invisibilidade profunda”
em alguns territórios, desabafa Paulo
Vieira. “Ainda há situações de homo-
fobia nas localidades rurais.”
Habituadas à diferença
O presidente da Associação Opus
Gay, António Serzedelo, diz, em
respostas por escrito, que há vários
factores que explicam o maior nú-
Casamentos
gay
5 7
12
50
34
mero de casamentos homossexuais
nuns locais do que noutros. Por um
lado, a proximidade do litoral, já que
as pessoas que aí vivem “estão mais
habituadas a ver pessoas ‘diferentes’
do que quem habita no interior”. Isto
passa-se também no Algarve litoral
— onde se realizaram 194 casamen-
tos — ressalva o responsável da Opus
Gay. Só em Albufeira, por exemplo,
casaram-se 57 casais de pessoas do
mesmo sexo.
Depois, o estatuto social dos indi-
víduos, a idade média dos habitantes
da localidade ou município em causa
e a influência da igreja católica são
questões que afectam a afirmação de
relações homossexuais e, consequen-
temente, o casamento entre pessoas
do mesmo sexo, detalha.
A presidente da Associação Ilga
Portugal — Intervenção Lésbica,
Gay, Bissexual, Trans e Intersexo,
Marta Ramos, também sublinha a
importância de os casais não serem
obrigados a casar-se onde residem.
“Quando nos contactam costuma-
mos sugerir a conservatória da Ave-
nida Fontes Pereira de Melo, em
Lisboa, onde os notários já estão
habituados a celebrar este tipo de
casamentos e as pessoas se sentem
mais confortáveis.”
Apesar da disparidade entre os
municípios portugueses, o número
de casamentos homossexuais tem
mantido uma trajectória estável. Pas-
sou dos 324 registos em 2011 (primei-
ro ano completo em que esta união já
era legal) para os 422 em 2016.
Quanto ao matrimónio entre pes-
soas do sexo oposto, a tendência é de
decréscimo. Em 2011, registaram-se
LOULÉ
Do total de casamentos
realizados neste concelho
com 69.344 habitantes,
0,8% foram entre pessoas
do mesmo sexo (12)
35.711 casamentos, ao passo que, em
2016, foram 31.977.
Alentejo: 34 casamentos
Isolamento, bullying e invisibilidade.
São termos que Elsa Machado associa
à sua experiência com a comunidade
LGBT no Alentejo. A técnica social foi
uma das intervenientes no projecto
Alentejo de Diversidades, que decor-
reu entre 2011 e 2014 — uma iniciativa
da Opus Gay que tentou sensibilizar
a comunidade para a presença de
pessoas homossexuais, bissexuais e
transgénero na região e combater a
violência doméstica entre casais do
mesmo sexo. Quando tudo começou,
em Évora, Elsa deparou-se com uma
comunidade que é “invisível e tem
medo de ser visível”. A maioria dos
contactos com os técnicos do Alen-
tejo de Diversidades eram feitos por
telefone ou email. Só uma pessoa se
deslocou à sede.
Durante o período em que o pro-
jecto decorreu Elsa contactou com
várias realidades. Desde os jovens
que revelavam aos pais a sua orien-
tação sexual e eram expulsos de ca-
sa, às pessoas que sofriam bullying
homofóbico por parte dos outros
residentes das localidades onde vi-
viam, por norma “pequenas aldeias
no Alentejo”. Ao ponto de “escreve-
rem insultos nas paredes”.
O cenário de invisibilidade e isola-
mento em que vive esta comunidade
refreia o casamento, reconhece Elsa
Machado. Uma vez que “o casamento
é assumir publicamente a orientação
sexual e isso não é bem visto”. Nos
últimos sete anos, registaram-se 34
casamentos entre pessoas do mes-
mo sexo em todo o Alentejo. Mais em
Évora e Beja (as capitais de distrito,
mas também em Viana do Alentejo,
na Vidigueira ou Redondo).
Mesmo assim, a técnica social faz
um balanço positivo do trabalho
feito ao longo do tempo de vida do
projecto. Especialmente, ao nível da
LISBOA
sensibilização da comunidade em ge-
Do total de casamentos
ral. Mas lembra que é preciso formar realizados no concelho com
os técnicos que lidam com casos de mais habitantes do país,
violência doméstica para que sejam 3,7% são casamentos gay.
mais sensíveis à orientação sexual A média nacional é de 1%
das vítimas. Quando se trata de uma
pessoa LGBT, “a vergonha em assu- Casamentos
mir a situação de violência doméstica gay
é a duplicar”. Por um lado, assumir 199 532
que se é vítima de agressão por par-
te do parceiro ou parceira e depois, 731
dizer que se está numa relação com
uma pessoa do mesmo género.
Outro problema é que “não há in-
vestigação sobre como a homosse-
xualidade é vivida fora dos centros
urbanos”, lamenta a técnica social.
Além disso, hoje, depois do fim do
projecto Alentejo de Diversidades,
PORTO
“não há nenhum serviço de espe-
3,6% dos casamentos
cialidade para a comunidade LGBT celebrados foram-no entre
no Alentejo”. “As pessoas estão per- pessoas do mesmo sexo
didas.”
Muitos quilómetros separam o
Casamentos
Alentejo da ilha da Madeira, mas gay
também há por aqui quem se esfor-
90 174
ce por lutar contra a discriminação
de que a comunidade ainda é alvo 264
nesta Região Autónoma. Aos 24
anos, Emanuel Caires dá a cara pela
delegação da Rede ex aequo no Fun-
chal. “A situação não é a melhor” e
a associação já recebeu queixas de
SÃO JOÃO DA MADEIRA
preconceito contra casais LGBT em
Tem 21.000 residentes.
espaços de diversão nocturna e de Os casamentos gay
bullying homofóbico e transfóbico representam 0,1% do total
nas escolas, revela.
Tendo em conta que é uma asso- Casamentos
gay
ciação que representa os jovens na
faixa etária compreendida entre os 0 1
16 e os 30 anos, o casamento ainda
é uma realidade distante. Mas “eles 1
sabem que têm esse direito”.
rita.costa@publico.pt

88

45
53

35

Amadora 35
26

28
32
74
57

Oeiras 57
10

27

27
14

14

16

Matosinhos 19
13

13

13
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12

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7
7

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1
1
1

1
1
1

1
1

1
1
1
1

1
1

1
Soure
São Brás de Alportel
Oliveira de Frades
Ansião
Santa Cruz da Graciosa
Santana
Tondela
Rio Maior
Alpiarça
Tarouca
Cadaval
Cinfães
Carregal do Sal
Vila Nova de Cerveira
Óbidos
Vila Nova de Poiares
Oliveira do Hospital
Pombal
Azambuja
Resende
Horta
Monção
Covilhã
Mangualde
Salvaterra de Magos
Sever do Vouga
Porto de Mós
Cantanhede
Santa Comba Dão
Mira
Santa Marta de Penaguião
Calheta (R.A.M.)
Miranda do Corvo
Alcanena
Almeirim
Santarém
Nelas
Celorico de Basto
Ourém
Tomar
Baião
Montemor-o-Velho
Valença
Caminha
Porto Santo
Lousã
Condeixa-a-Nova
Anadia
Torres Novas
Ponte de Lima
Vila Real
Vila da Praia da Vitória
Alcobaça
Castelo de Paiva
Palmela
Bombarral
Vagos
Águeda
Murtosa
Alenquer
Angra do Heroísmo
Lagos
Vila Franca do Campo
Vale de Cambra
Vila Nova da Barquinha
Alcochete
Cartaxo
Mesão Frio
Lamego
Batalha
Albergaria-a-Velha
Figueira da Foz
Póvoa de Lanhoso
Montijo
Peso da Régua
Nazaré
Lourinhã
Amarante
Mealhada
Ribeira Grande
Ponta do Sol
Arruda dos Vinhos
Ribeira Brava
Viseu
Torres Vedras
Sobral de Monte Agraço
Caldas da Rainha
Marinha Grande
Vila Verde
Amares
Leiria
Fafe
Estarreja
Marco de Canaveses
Lagoa
Sesimbra
Viana do Castelo
Oliveira do Bairro
Mafra
Albufeira
Ponta Delgada
Machico
Faro
Portimão
Barcelos
Vila Real de Santo António
Lagoa (R.A.A)
Penafiel
Olhão
Peniche
Esposende
Ovar
Aveiro
Oliveira de Azeméis
Coimbra
Vila Franca de Xira
Lousada
Felgueiras
Santo Tirso
Setúbal
Ílhavo
Trofa
Vila do Conde
Santa Cruz
Paredes
Guimarães
Santa Maria da Feira
Câmara de Lobos
Vila Nova de Famalicão
Póvoa de Varzim
Paços de Ferreira
Vizela
Braga
Moita
Sintra
Loures
Gondomar
Valongo
Funchal
Espinho
Entroncamento
Maia
Seixal
Vila Nova de Gaia
Barreiro
Cascais
Almada

Nota: Não existem dados para Odivelas

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14 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
SOCIEDADE
“O que falta fazer? Antes de mais,
acreditar nas vítimas”
Quase cinco anos depois da ratificação do tratado do Conselho da Europa sobre violência contra
mulheres e violência doméstica, Portugal reflecte sobre como a lei tem evoluído para responder às vítimas
Violência sexual
Aline Flor
“É mais fácil para uma mulher dizer
que foi vítima de violência domésti-
ca do que de uma agressão sexual.
Muitas das formas de agressão sexual
contra mulheres e crianças não são
sequer vistas como agressão, mas co-
mo comportamentos normalizados
e legitimados pela cultura.” Foi com
estas palavras que a juíza do Tribu-
nal Constitucional Clara Sottomayor
abriu a sua intervenção no seminário
“O Direito a Viver livre de Violência.
O que falta fazer em Portugal?”, orga-
nizado pela Associação de Mulheres
Contra a Violência (AMCV).
Num momento em que Portugal
está a iniciar o processo de avaliação
da aplicação da convenção do Con-
selho da Europa para a Prevenção
e o Combate à Violência Contra as
Mulheres e a Violência Doméstica —
a chamada Convenção de Istambul,
ratificada pelo país em Fevereiro
de 2013 —, o painel do encontro de
quinta-feira sobre “A Convenção de
Istambul enquanto instrumento de
combate à violência” juntou ainda
Teresa Féria, da Associação Portu-
guesa de Mulheres Juristas (APMJ), e
Isabel Ventura, perita no Observató-
rio da Violência contra as Mulheres
do Lobby Europeu das Mulheres.
A violência sexual — e as respostas
às vítimas deste tipo de crime — foi
um dos temas em foco. Isabel Ven-
tura trouxe para o debate os dados
do Eurobarómetro de 2016 sobre
as atitudes face aos crimes sexuais
e violência doméstica: 19% dos por-
tugueses que responderam conside-
raram que pode justificar-se ter sexo
sem consentimento — uma violação
— quando alguém está embriagado
ou sob o efeito de drogas. E outros
10% disseram que se justifica ter se-
xo sem consentimento se a pessoa
andar sozinha à noite.
Existem, aliás, várias ideias pré-
concebidas relacionadas com o
contexto em que a violência sexual
ocorre. “As pessoas ainda acreditam
num dos maiores mitos da violação,
de que é mais provável ser-se vítima
de um desconhecido, mas isto não
corresponde às estatísticas”, su-
blinhou Isabel Ventura. Para Clara
Sottomayor, “a violência sexual per-
manece a forma de violência mais
escondida e aquela que a sociedade
mais legitima”. Persiste, contudo,
uma desconfiança sobre as sobre-
viventes. O Eurobarómetro de 2016
mostra que 19% dos portugueses con-
sideram que as mulheres muitas ve-
zes inventam ou exageram as alega-
ções de abuso sexual ou violação.
Recentemente, foi publicada uma
notícia citando fonte da PJ que refe-
ria que 33% a 40% das denúncias de
crimes sexuais são falsas, mas isto
contraria os dados que temos”, diz
Isabel Ventura. Em 2008, o Instituto
de Medicina Legal publicou os resul-
tados de um estudo em que seguiu
100 queixas de violação apresenta-
das ao Departamento de Investigação
e Acção Penal de Lisboa, e os dados
indicam que apenas 5% das queixas
de violação serão falsas denúncias.
“Parece-me preocupante que o órgão
de polícia criminal que investiga es-
tes crimes venha a afirmar uma coisa
destas, sem dizer como é que che-
garam a estes dados, porque é uma
mensagem muito perigosa para as
vítimas.”
“O que acho que falta fazer? An-
tes de mais, acreditar nas vítimas”,
remata.
A formação dos magistrados
Vários pontos da Convenção de Is-
tambul foram integrados na legisla-
ção portuguesa. Por exemplo, em
2015, foram criados os crimes de
perseguição e casamento forçado e
autonomizado o crime de mutilação
genital feminina; em Maio deste ano,
foram introduzidas novas regras para
a regulação urgente das responsa-
bilidades parentais em situações de
violência doméstica. Mas as soluções
nem sempre são satisfatórias — seja
porque a lei é insuficiente, ou porque
encontra obstáculos na sua aplica-
ção. A avaliação junto do Conselho
da Europa que agora começa é um
processo de diálogo que tem precisa-
mente como objectivo “ajudar os pa-
íses a melhorar o seu desempenho”,
sublinhou Catarina Marcelino numa
entrevista recente ao PÚBLICO.
As respostas do Governo ao ques-
tionário do grupo de peritos do Con-
NUNO FERREIRA SANTOS
selho da Europa foram conhecidas
a 8 de Setembro. Da parte das ONG,
a AMCV e a Plataforma Portuguesa
para os Direitos das Mulheres estão
a dinamizar um grupo de trabalho
alargado para elaborar um parecer
com recomendações. A APMJ já en-
tregou o seu relatório. Margarida Me-
dina Martins, da AMCV, refere que
“as questões que se põem, de facto,
são a concretização [da legislação] no
terreno, o que implica por parte da
sociedade civil uma reflexão crítica”.
Daniel Cotrim, da Associação Por-
tuguesa de Apoio à Vítima, diz que,
“teoricamente, Portugal tem das me-
lhores leis de protecção de vítimas
de violência doméstica”. Agora, se
os direitos das vítimas “estão a ser
aplicados, a APAV tem algumas dúvi-
das”. “O tempo do sistema ainda não
é o da vítima — e dentro do sistema
estão as organizações, os tribunais, a
polícia. Ainda se demora muito tem-
po a resolver situações fundamentais
da vida das pessoas.”
A aplicação da lei preocupa Cla-
ra Sottomayor. Reconhece que nem
sempre as normas são “interpretadas
e aplicadas à luz dos princípios plas-
mados na Convenção de Istambul”.
Os juízes deveriam aceitar “a noção
de violência de género como uma
forma de violência estrutural que
atinge desproporcionadamente as
mulheres, reconhecendo-as como
um grupo discriminado e subordi-
nado na sociedade”.
No painel também se debateu o
enquadramento da violação como
crime semipúblico, a inadequação
da lei aos crimes relacionados com as
novas tecnologias que vitimam mais
as mulheres e ainda a possibilidade
de alargar o conceito de vítima, em
casos de violência doméstica, às
pessoas que presenciam a agressão.
Por fim, existe falta de formação es-
pecializada de magistrados e outros
profissionais, diz Clara Sottomayor.
“Há um desfasamento entre a lei nos
livros e a lei em acção.” E continu-
amos a ter decisões judiciais onde
os “preconceitos sociais em relação
às vítimas e em relação à violência
sexual” ainda são visíveis na sua fun-
damentação.
Edição de 2012 da marcha anual de mulheres contra a violência aline.flor@publico.pt
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Morreu D. Manuel Martins,
o bispo que denunciou
a fome e o desemprego
Obituário
Natália Faria
Nos 23 anos como bispo de
Setúbal, denunciou a fome,
as barracas, o trabalho
infantil. Funeral é amanhã,
às 15h00, em Leça do Balio
Há muito que o rótulo “bispo
vermelho” lhe andava colado
na pele, pela sua denúncia
dos problemas associados ao
desemprego, à fome, à pobreza e
ao trabalho infantil numa Setúbal
marcada pelo encerramento de
fábricas, nas décadas de 1970 e 80.
D. Manuel Martins morreu ontem,
às 14h05, em casa de familiares, na
Maia. Tinha 90 anos. O funeral é
amanhã, às 15h00, no Mosteiro de
Leça de Balio, em Matosinhos, e o
corpo estará em câmara-ardente
no mesmo local, a partir das 9h00
de hoje.
O primeiro-ministro, António
Costa, foi dos primeiros a reagir,
no Twitter, à morte de alguém que
diz ter sido uma “grande referência
da consciência social”. A melhor
homenagem à sua memória —
acrescentou — “é a acção pela
erradicação da pobreza”. Os
“pobres e os trabalhadores”, reagiu
o arcebispo de Braga, D. Jorge
Ortiga, ganharam “um intercessor
no céu” com a morte de D. Manuel
Martins. Alguém que, apontou o
Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, esteve sempre
atento “à luta pela liberdade” e que
foi uma espécie de “projecção da
linhagem de D. António Ferreira
Gomes no mundo do trabalho”.
O presidente da Assembleia
da República, Ferro Rodrigues,
elogiou-lhe também “o
inconformismo permanente na
luta contra a pobreza e a sua
solidariedade”. “Recordo com
saudade a entrega que lhe fiz,
pessoalmente, do projecto do que
mais tarde viria a ser o Rendimento
Mínimo Garantido”, recuou Ferro
Rodrigues, numa mensagem em
que se refere “a um homem bom
que sempre foi solidário”.
Nascido a 20 de Janeiro de 1927,
em Leça do Balio, Matosinhos,
e ordenado sacerdote em 1951,
Manuel da Silva Martins passou
a década de 60 como pároco
na freguesia de Cedofeita, no
centro do Porto, já depois de ter
frequentado o curso de Direito
Canónico na Universidade
Gregoriana em Roma. Mas foi
enquanto bispo de Setúbal, cargo
em que se manteve ao longo de
23 anos (até que, em 1998, o Papa
João Paulo II aceitou o seu pedido
de resignação), que se notabilizou,
pela sua atenção aos problemas do
desemprego, da habitação social,
do trabalho infantil. “Chamavam-
me ‘bispo vermelho’ porque
ocupava espaços de onde a Igreja
nunca devia ter saído”, sustentara
o próprio, numa entrevista à TSF,
em Março de 2016.
Durante esses anos, ficaram
para a história as polémicas de
D. Manuel Martins com Mário
Soares e Cavaco Silva. O primeiro
chegou a negar publicamente,
MANUEL MOURA/LUSA
“Chamavam-me
‘bispo vermelho’
porque ocupava
espaços de onde
a Igreja nunca
devia ter saído”,
considerou
D. Manuel Martins,
numa entrevista,
no ano passado
enquanto primeiro-ministro, que
houvesse fome em Setúbal, depois
de o bispo a ter denunciado.
“Era evidente que Mário Soares
e Cavaco Silva não gostavam das
minhas intervenções. Eu falava
do que sabia, da fome que o povo
passava...”
A postura incómoda não se
esgotou aí. Ainda em 2014, numa
entrevista à SIC, D. Manuel
Martins sustentava que nem
partidos políticos nem sindicatos
estavam a defender como
deviam os cidadãos. Em relação
aos primeiros, acusou-os de só
pensarem em si próprios e de
agirem como grupos de futebol.
“Um homem de coragem e
de causas”, recordou ainda o
arcebispo de Braga, ouvido pela
Renascença, a cujos microfones
acrescentou que D. Manuel era
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 15
“alguém que tinha voz e queria
dar voz a quem não tinha força
para a ter”. “Foi uma consciência
crítica da Igreja em relação à
justiça social, o que mais se
interessou pelos trabalhadores”,
sintetizou ao PÚBLICO o teólogo
Anselmo Borges, sobre alguém
que diz também ter sido muito
marcado pela figura de D. António
Ferreira Gomes, o bispo do Porto
que esteve exilado durante dez
anos depois de ter contestado
abertamente a acção de Oliveira
Salazar.
No início do ano, num almoço
de homenagem pelos 90 anos
de D. Manuel Martins, o antigo
Presidente da República Ramalho
Eanes elogiava-lhe, ainda sem
precisar de recorrer ao pretérito
perfeito, o seu “carácter de eleição
que impressiona, arrasta e seduz”.
“Chamaram a D. Manuel Martins o
bispo vermelho. Como exemplo da
sua acção: a praga do desemprego,
a ofensa dos salários em atraso, o
flagelo das barracas, a vergonha
do trabalho infantil...”, enumerava
então Ramalho Eanes.
Pouco tempo depois, em Março
deste ano, era a vez de Marcelo
Rebelo de Sousa elogiar-lhe,
numa mensagem recuperada
ontem, “o vigor e o desassombro
da sua palavra” e a sua “rigorosa
independência face aos poderes
instituídos”.
Em 2007, durante as
comemorações do 10 de Junho,
o bispo recebera a grã-cruz
da Ordem de Cristo e, um ano
depois, o Parlamento atribuía-
lhe o galardão dos Direitos
Humanos, já os rótulos de “bispo
vermelho”, “bispo sem medo” e
“bispo comunista” se lhe tinham
entranhado na pele.
Em Maio de 2015, D. Manuel
Martins soma outra medalha ao
peito: a da Ordem de Timor-Leste,
pelo papel que teve na restauração
da independência deste país.
Nesse mesmo ano, na celebração
dos 40 anos da sua ordenação
episcopal, e para surpresa geral, o
Papa Francisco juntava a sua voz,
através de uma mensagem escrita,
à celebração dos 40 anos de
ordenação episcopal de D. Manuel
Martins. “Por favor, não se esqueça
de rezar por mim”, pediu-lhe.
nfaria@publico.pt
SOCIEDADE
Enfermeiros
respondem
em pé de
igualdade
O Movimento EESMO (Enfermeiros
Especialistas em Saúde Materna e
Obstetrícia) garantiram ontem que
os elementos que foram alvo de pro-
cessos disciplinares e faltas injusti-
ficadas durante os protestos “irão
responder em pé de igualdade com
as instituições”.
Em comunicado, o movimento
EESMO lembra que o processo disci-
plinar “não é uma condenação” e que
estes, caso se efectivem, “irão decor-
rer com toda a normalidade e com
o respectivo contraditório”. “Amea-
ças, coacções e intimidações serão
tratadas em sede própria. O mesmo
irá acontecer para as eventuais faltas
injustificadas”, pode ler-se na nota.
O ministro da Saúde chegou a pe-
dir um parecer sobre o protesto re-
alizado em Julho, tendo o conselho
consultivo da Procuradoria-Geral
da República (PGR) concluído que
os enfermeiros especialistas podem
ser responsabilizados disciplinar e
civilmente, bem como incorrer em
faltas injustificadas.
A par dos protestos, os enfermei-
ros realizaram entre 11 e 15 de Setem-
bro uma greve nacional, convocada
pelo Sindicato Independente dos
Profissionais de Enfermagem (SI-
PE) e pelo Sindicato dos Enfermei-
ros (SE), apoiada pela Ordem dos
Enfermeiros.
Os enfermeiros especialistas aler-
tam, mais uma vez, para a inseguran-
ça nas maternidades, dizendo que
são os médicos que têm colmatado
as lacunas. “Chegam-nos diariamen-
te informações de blocos de partos
sem EESMO, omissões nos cuidados
às grávidas, equipas exaustas (en-
fermeiros e médicos), aumento dos
conflitos interdisciplinares, encerra-
mentos diários de vários sectores dos
serviços de obstetrícia. Já o dissemos
várias vezes — as maternidades estão
caóticas e é impossível funcionarem
em condições de segurança (e já nem
falamos em qualidade) sem enfermei-
ros especialistas em saúde Materna e
obstétrica”, advertem.
Amanhã terá lugar uma nova reu-
nião entre o Ministério da Saúde e a
Federação Nacional de Sindicatos de
Enfermagem (FENSE), onde o movi-
mento estará como observador, rei-
terando que a reactivação dos títulos
de enfermeiro especialista só será pe-
dida “quando estiver assinado um
memorando de entendimento, com
datas adequadas e que responda ao
essencial das reivindicações”. Lusa
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16 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

LOCAL
O “túnel” de freixos de Marvão
vai desaparecer em duas décadas
Das 235 árvores existentes na estrada que liga Marvão a Castelo de Vide, só um reduzido número
de exemplares tem um século. A maioria tem entre 50 e 60 anos e está condenada
MIGUEL NOGUEIRA

Ambiente
Carlos Dias
A “estrada mais bonita de Portugal”
pode estar condenada ao desapare-
cimento dentro de uma a duas déca-
das, admite Serafim Riem, director
da empresa Planeta das Árvores que,
em Junho, efectuou um estudo sobre
o estado biomecânico e fitossanitário
dos 235 freixos (Fraxinus angustifolia
Vahl) que ladeiam um troço da estra-
da nacional 260-1 entre Marvão e Cas-
telo de Vide. O investigador respon-
dia assim à preocupação expressa pe-
la Plataforma em Defesa das Árvores
num “SOS” enviado na quinta-feira
ao primeiro-ministro, António Costa,
dando conta da “imensa consterna-
ção e inquietação sobre o que se pre-
vê venha a acontecer à preservação
de um património arbóreo único no
nosso país”.
Serafim Riem confirmou ao PÚBLI-
CO que o estado das árvores que for-
mam o “túnel” de freixos de Marvão
“é preocupante”. Mais de 70% dos
exemplares não está saudável, garan-
tiu o investigador, uma conclusão a
que se chegou ao fim de uma sema-
na de observação “árvore a árvore e
da raiz à copa” que uma equipa de
cinco técnicos realizou. Outra das
constatações foi a de que nem todas
são centenárias. “Aliás, muitas delas
foram substituídas pelos cantoneiros
da Junta Autónoma das Estradas”, a Investigador que avaliou estado das árvores sugere que se plantem já novos freixos, que seriam exemplares apreciáveis em 15 anos
entidade que fazia a manutenção da
rede rodoviária nacional. Os freixos do “túnel” de Marvão, com a queda de árvores ou ramos, sa- “separar as árvores das estradas”.
Com a extinção deste serviço,
A Plataforma foram “negligenciados desde há mui- lienta Serafim Riem, admitindo que Apesar de a empresa que Sera-
que Serafim Riem considerou ter ti- defende que a tos anos”, diz a Plataforma, na carta seria “uma loucura retirar o tráfego fim Riem dirige já ter observado
do uma “extrema importância” na envia a António Costa. E acrescenta: automóvel para colocar lá crianças mais de 9 mil árvores, é um facto
preservação do património arbóreo
estrada deveria “Em meados dos anos 90 ainda esta- a brincar”. Esta é a solução preco- que a experiência adquirida “não
plantado ao longo das estradas de ser fechada para vam de boa saúde e era um cenário nizada pela Plataforma: colocar o dá certezas pois, na fase actual de
Portugal, a substituição dos exem- magnífico. Mais recentemente, em espaço “à fruição dos portugueses conhecimento ainda não é possível,
plares doentes deixou de se fazer e
“a fruição dos 2012, foram abatidas cerca de 30 ár- como santuário arbóreo do país” travar as doenças das árvores”, sa-
hoje, no que diz respeito aos freixos portugueses vores. Há também notícias de abates deslocando a circulação automóvel lienta. Além do mais, prossegue o
de Marvão, “há que aceitar o seu em 2008” para além da “controver- para uma estrada alternativa que se- especialista, que foi dirigente das
desaparecimento”. Como resposta
como santuário sa” intervenção efectuada em Feve- ria construída entre Marvão e Castelo organizações ambientalistas Quer-
imediata ao risco que estes exempla- arbóreo do país”, reiro deste ano que levou ao corte de de Vide. cus e FAPAS, “há que reconhecer
res colocam à circulação rodoviária cinco freixos pela Infra-Estruturas de A solução que o especialista de- que, nas últimas dezenas de anos,
e também à segurança das pessoas
construindo-se Portugal, descreve. Esta última acção fende passa por plantar “novos as árvores ornamentais em Portu-
que percorram a alameda a pé, urge outra alternativa acabou por ser suspensa depois do alinhamentos de freixos, ao lado gal foram muito mal tratadas”. Isto
proceder ao abate de 43 árvores, en- deputado socialista Luís Testa ter ins- dos existentes de forma a garantir significa que um elevado número
quanto as restantes 192 necessitam
para o tráfego tado a tutela para travar o que consi- que, dentro 15 anos, haveria exem- de exemplares apresentam doen-
de “uma poda exageradamente mus- derou ser “um atentado”. plares apreciáveis e saudáveis”. ças que resultaram de intervenções
culada”, numa tentativa de as manter “A minha preocupação, neste mo- Além disso, deve-se manter o trá- efectuadas por pessoas que não es-
vivas durante mais alguns anos. mento é que não morra ninguém” fego automóvel pois seria um erro tavam habilitadas para o fazer.
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18 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
ECONOMIA
Inag arrasou entrega das
barragens à EDP sem concurso
Em 2006, o Instituto da Água fez vários
alertas sobre o diploma que estendeu
o prazo de exploração das barragens
da EDP sem concurso, mas foi ignorado
Energia
Ana Brito
Novembro de 2006. António Mexia
estava à frente da gestão da EDP há
menos de cinco meses quando o ex-
tinto Instituto da Água (Inag) enviou
ao ministro do Ambiente, Francisco
Nunes Correia, um parecer sobre as
propostas de alteração feitas pelo
Ministério da Economia e Inovação
(MEI), de Manuel Pinho, ao projec-
to de decreto-lei das utilizações dos
recursos hídricos.
A mensagem contida no docu-
mento (enviado ao PÚBLICO pela
Agência Portuguesa do Ambiente)
era clara: “Constata-se que as pro-
postas de alteração remetidas pelo
MEI violam frontal e grosseiramen-
te o disposto numa Lei de Bases [a
Lei da Água]. Assim, qualificando-as
com expressões como “totalmen-
te descabidas”, “não faz qualquer
sentido” ou “não tem cabimento”,
o instituto que tinha a tutela dos
recursos hídricos era peremptório:
“Não devem ter acolhimento.”
Noo pontos acrescentados ao pro-
jecto de diploma pelos assessores
de Manuel Pinho (entre eles, João
Conceição, hoje administrador da
REN e um dos nove arguidos, tal co-
mo o ex-ministro, na investigação do
Ministério Público aos contratos de
compensação da EDP), o Inag viu
uma tentativa de “subordinação” do
Ministério do Ambiente, do Ordena-
mento do Território e do Desenvol-
vimento Regional (MAOTDR) ao MEI
em matérias da sua “competência
própria”. E uma das violações mais
graves que identificou foi a introdu-
ção de pontos que permitiam à EDP
continuar a explorar 27 centrais hi-
droeléctricas sem concurso públi-
co, através de uma subconcessão de
direitos de utilização dos recursos
hídricos por parte da REN, a quem
estes seriam concessionados pelo
Estado.
“Este artigo proposto enferma” de
“ilegalidade, uma vez que contraria
o disposto na Lei da Água, que cla-
ramente refere que a utilização pri-
vativa dos RH [recursos hídricos] do
domínio público obriga a processo
concursal”, salientava o Inag numa
das suas observações. O instituto
questionava que se atribuísse a con-
cessão à REN (que ficaria autorizada
a subconcessionar à EDP) porque a
Lei da Água manda que as conces-
sões de utilizações privativas dos
recursos hídricos públicos sejam
atribuídas através de um procedi-
mento pré-contratual de concurso
público ou um procedimento inicia-
do a pedido do interessado, “não
se atribuindo nem reconhecendo
direitos de utilização a qualquer uti-
lizador”, criticava o Inag.
Por outro lado, o instituto su-
blinhava que a figura da subcon-
cessão (destinada a enquadrar a
passagem de direitos para a EDP)
não só não estava legalmente pre-
vista, como contrariava a resolução
do Conselho de Ministros de 2005
que aprovou a estratégia nacio-
nal para a energia e que “expres-
samente refere o estímulo à con-
corrência” como objectivo funda-
mental. Mas o alerta caiu no vazio.
Contratos ao sábado
Seis meses depois, a versão final do
diploma (o decreto-lei 226 — A, de Estado, a REN e a EDP (cabendo a sua e Resíduos), não poupava nas pala-
Maio de 2007) veio mesmo reconhe- “Constata-se preparação ao Inag) e as assinaturas vras para assinalar ao ministro com
cer que a EDP poderia continuar a que as propostas acabaram por ter lugar dez meses a tutela do Ambiente que as propos-
utilizar os recursos hídricos sem depois da publicação da lei, num sá- tas do MEI “beneficiam claramente
concurso, ou seja, a explorar as suas de alteração bado, dia 8 de Março de 2008. um sector de actividade [o da pro-
centrais, como até então, em média remetidas pelo A EDP pagou ao Estado 704 mi- dução de energia] em detrimento
por mais 25 anos. lhões de euros e garantiu o direito a de outros”. O documento chegava
O Estado celebrou um contrato de MEI violam frontal explorar as 27 barragens por vários a referir que certos pontos introdu-
concessão com a concessionária da e grosseiramente anos (a maioria até 2052). Além de zidos pela equipa de Manuel Pinho
rede nacional de transporte de elec- ser um dos temas centrais na inves- pretendiam “beneficiar à custa dos
tricidade, a REN, reconhecendo-lhe o disposto numa tigação por corrupção aos contratos recursos hídricos o sector eléctrico”
o “direito à utilização do domínio Lei de Bases [a Lei da EDP anunciada pelo Ministério e dizia considerar “pouco ético” que
público hídrico afecto” às centrais Público em Junho, este processo tam- as alterações propostas tivessem si-
hidroeléctricas. Depois, a REN trans- da Água]”, lê-se no bém está a ser analisado pela Comis- do “apresentadas como foram, alte-
mitiu os “correspondentes direitos parecer do Inag são Europeia. Bruxelas quer saber rando directamente o diploma”.
[de utilização]” à EDP (a figura da se o prolongamento das concessões
subconcessão foi substituída pela da sem concurso é compatível com as Favorecimento ao sector
transmissão de direitos). O diploma regras de contratação pública. Um exemplo do que o Inag desta-
estabeleceu em dois anos (a contar O parecer de 2006, assinado pe- cava como favorecimento ao sector
de 1 de Junho de 2007) o prazo má- lo ex-presidente do Inag Orlando eléctrico foi a introdução do ponto
ximo para a assinatura dos contratos Borges (hoje à frente da Entidade que isentou a EDP do pagamento
de concessão e transmissão entre o Reguladora dos Serviços de Águas da taxa de recursos hídricos. Uma
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“isenção contrária ao espírito da
Lei da Água”, referia o instituto, re-
forçando que “não é aceitável que
haja isenções para alguns sectores
em detrimento de outros”.
Na versão final do diploma, o arti-
go que isenta a produção hidroeléc-
trica da taxa de recursos hídricos já
não consta, mas a verdade é que a
EDP conseguiu abater ao valor que
pagou pelos direitos de utilização
dos recursos hídricos cerca de 55
milhões de euros (pagando no total
704 milhões). Ainda assim, nem o
despacho de 15 de Junho que fixou
o valor das concessões utiliza a pa-
lavra “isenção”, referindo-se antes
a um “ajustamento” a deduzir aos
759 milhões.
No parecer, o Inag também criti-
cava o papel que o MEI pretendia
atribuir à Direcção-Geral de Ener-
A barragem
de Bemposta
foi uma das 27
cujo prazo
de exploração
pela EDP
foi alargado
PAULO RICCA/ARQUIVO
gia e Geologia (DGEG) na gestão
dos recursos hídricos utilizados na
produção eléctrica, sendo um dos
exemplos o facto de se pretender
que passasse a ser a DGEG a tomar
a posse administrativa dos bens e a
geri-los, em caso de reversão para
o Estado. Nesta data, a DGEG era
presidida por Miguel Barreto, outro
dos arguidos na investigação, que
em 2007 atribuiu à EDP uma licença
sem prazo de duração para a central
termoeléctrica de Sines.
Feitos os vários alertas ao gabi-
nete do ministro Nunes Correia,
o diploma do regime de utilização
dos recursos hídricos seguiu para
aprovação num processo de contor-
nos pouco definidos, em que o Inag
deixou de ser parte e em que várias
das propostas do MEI prevaleceram,
apesar do parecer desfavorável.
Questionada sobre a existência
deste parecer negativo, a Agência
Portuguesa do Ambiente (APA)
garantiu ao PÚBLICO que “o Inag
apenas teve conhecimento do teor”
do decreto-lei dos recursos hídricos
“após a sua publicação”. Foi aí que
o instituto ficou a saber que o prazo
de exploração das barragens tinha
sido prorrogado sem concurso e
que tinha dois anos para preparar
os respectivos contratos de conces-
são. Foi só então que o instituto com
a tutela dos recursos hídricos soube
que havia um valor de “equilíbrio
económico-financeiro” que a EDP
teria de pagar pela utilização dos di-
reitos e que este seria calculado com
base “em duas avaliações” de enti-
dades financeiras (o Crédit Suisse e
o Caixa BI) e definido num despacho
de Pinho e Nunes Correia.
Em Maio, quando se pronunciou
sobre a queixa que lhe foi apresen-
tada em 2012 “por vários cidadãos”
portugueses contra auxílios de Es-
tado indevidos à EDP na fixação do
valor das concessões, Bruxelas afas-
tou qualquer ilegalidade relativa a
esta matéria, considerando que a
metodologia usada pelo Estado pa-
ra definir o preço que a EDP pagou
pela extensão dos prazos foi “satis-
fatória” (por cá, o processo que le-
vou à definição deste valor é um dos
pontos sobre os quais incide a inves-
tigação do Ministério Público).
Na decisão, a Comissão Europeia
também recordou que, “em caso
de concurso, Portugal teria tido de
pagar à EDP o montante dos activos
[hidroeléctricos] não amortizados no
final do período de concessão” pre-
visto nos antigos contratos de aqui-
sição de energia (CAE), que foram
substituídos pelos CMEC (custos para
a manutenção do equilíbrio contratu-
al”. Ou seja, a alternativa a prolongar
as concessões sem concurso seria o
Estado compensar a eléctrica pelo
valor dos investimentos que ainda
não estavam amortizados.
Na resposta ao PÚBLICO, a APA
sublinhou ainda que, a partir do
momento em que o diploma saiu, o
Inag concentrou-se em garantir que,
“na implementação das disposições
definidas” na lei, a “titularidade dos
bens da concessão se mantivessem
no domínio público, revertendo pa-
ra o Estado no final da concessão” e
não para as empresas.
ana.brito@publico.pt
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 19
704
foi o valor, em milhões de euros,
que a EDP pagou efectivamente
ao Estado pela extensão
da exploração das barragens
EDP à espera do Ministério
Público, da ERSE e de Bruxelas
No início de Julho, com três dias de
diferença, o ex-ministro da Econo-
mia Manuel Pinho e o ex-director
geral de Energia, Miguel Barreto,
foram constituídos arguidos pelo
Ministério Público na investigação
aos contratos que garantem uma re-
muneração anual a várias centrais da
EDP, os CMEC.
Desde então, pouco ou nada se
ouviu falar no inquérito-crime que
saltou para as páginas dos jornais
num fim-de-semana de Junho e em
que começaram por ser indiciados
— pelos crimes de corrupção activa
e passiva e participação económica
em negócio — o presidente da EDP
António Mexia, o administrador da
eléctrica João Manso Neto, o admi-
nistrador da REN João Conceição (ex-
assessor de Pinho e ex-consultor na
Boston Consulting, que assessorou
o Estado nos negócios da energia e
que, tal como a REN e a EDP, foi alvo
de buscas), e o director de regulação
da REN, Pedro Furtado.
Nos dias seguintes, juntaram-se ao
rol de arguidos no inquérito aberto
pelo Departamento Central de Inves-
tigação e Acção Penal o presidente da
administração do Novo Banco, Rui
Cartaxo (ex-presidente da REN e ex-
assessor de Pinho), Pedro Rezende,
que foi administrador da EDP e vice-
presidente da Boston Consulting, e
Mexia convocou jornalistas para explicar processo judicial
um ex-director geral da EDP, Ribei-
rinho Machado.
Segundo o Expresso e o Observa-
dor, a equipa de investigação acredita
que a EDP foi beneficiada em mais de
mil milhões de euros com decisões
tomadas de forma deliberada pelos
responsáveis políticos durante o pro-
cesso de substituição dos contratos
de aquisição de energia (CAE) pelos
CMEC, que se iniciou em 2004 e se
concretizou durante a governação de
José Sócrates, quando Manuel Pinho
tinha a pasta da energia. No processo
inclui-se também o prolongamento
das concessões de 27 barragens, em
2007, por cerca de 700 milhões.
Uma suspeita de favorecimento
que tanto Mexia como Pinho já ne-
garam. À espera de desenvolvimen-
tos na investigação, a EDP aguarda
também que a Entidade Regulado-
ra dos Serviços Energéticos (ERSE)
conclua o acerto de contas final dos
CMEC, para determinar em quanto
terão os consumidores de remunerar
a eléctrica nos próximos dez anos. O
trabalho da ERSE deverá estar con-
cluído no final deste mês.
Mais demorada será provavelmen-
te a conclusão da Comissão Europeia
sobre se o prolongamento das con-
cessões das barragens sem concurso
é compatível com as regras europeias
da contratação pública. Ana Brito
NUNO FERREIRA SANTOS
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20 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
MUNDO
Referendo curdo pode fazer
explodir o Iraque
Ter um estado independente é uma ambição secular do povo
curdo. A consulta popular convocada por Massoud Barzani
não torna esse sonho mais próximo, mas pode desestabilizar
ainda mais a região
Médio Oriente
Clara Barata
No referendo sobre a independên-
cia do Curdistão iraquiano que Mas-
soud Barzani promete realizar hoje,
contra a oposição de quase todos os
aliados, o que está verdadeiramente
em causa nem é a criação de um Es-
tado independente para este povo.
O presidente desta região autónoma
do Norte do Iraque pretende por um
lado assegurar a sua sucessão e, por
outro, reforçar a posição negocial do
Curdistão iraquiano com Bagdad.
Se o Curdistão declarasse a inde-
pendência, estilhaçando a unidade
territorial do Iraque, seria o início de
uma nova crise de grandes propor-
ções. Podia ser o princípio da pró-
xima guerra no Iraque, diz a revista
The Economist, pois as relações entre
o Iraque e os países vizinhos, onde
vivem significativas minorias curdas,
“complicar-se-iam enormemente”,
temendo um efeito de dominó, disse
à CNBC Michael Stephens, investi-
gador do Royal United Services Ins-
titute. “As interferências regionais
aumentariam a tensão e poderiam
ser o gatilho de um conflito.”
A Turquia, que tem a maioria da
população curda, vê com preocupa-
ção estes desenvolvimentos, apesar
de ter uma extensa relação comer-
cial com o Curdistão iraquiano — os
pipelines que transportam o petróleo
curdo chegam ao mar na Turquia.
O Presidente turco, Recep Erdogan,
lançou alertas contra a realização do
referendo, temendo que reforce as
ambições de independência dos cur-
dos do Sudeste da Turquia, onde há
mais de 30 anos o PKK (Partido dos
Trabalhadores do Curdistão), consi-
derada organização terrorista, lidera
uma guerrilha independentista.
A guerra na Síria permitiu que os
curdos do Noroeste do país se orga-
nizassem como uma entidade autó-
noma, Rojava — para todos os efeitos,
independente —, que tem servido co-
mo apoio e inspiração para os curdos
turcos. Ali é aplicado o novo projecto
de “confederalismo democrático” do
líder do PKK, Abdullah Öcalan, preso
desde 1999 na Turquia. A ideia básica
é rejeitar tanto as estruturas tradi-
cionais da sociedade turca como do
Estado moderno.
A criação de um Estado indepen-
dente é uma ambição que tem pelo
menos um século, desde o fim da I
Guerra Mundial quando as potências
vitoriosas redesenharam o mapa do
Médio Oriente e deixaram este povo
de cerca de 30 milhões de pessoas
espalhado por quatro países — Tur-
quia, Iraque, Síria e Irão — e sem um
Estado seu.
No Norte do Iraque, os curdos fo-
ram brutalmente tratados por Sad-
dam Hussein. Só em 1980, numa
campanha no final da guerra contra
o Irão, terão sido mortos 50 mil cur-
dos. Em 1988, houve um massacre
em que foram usadas armas quími-
cas pelo regime iraquiano contra os
curdos. Em 1992, os Estados Unidos
estabeleceram uma zona de exclu-
são área no Norte do Iraque, após a
I guerra do Golfo, para protecção do
Curdistão iraquiano — esta é a origem
As motivações
do referendo
têm mais que
ver com a
política interna
e as relações a
longo prazo com
Bagdad do que
com as aspirações
nacionais
imediatas curdas
Maria Fantappie
Analista do think tank
International Crisis Group
da região autónoma criada após a in-
vasão do Iraque em 2003 que afastou
definitivamente do poder Saddam.
Provocação para Bagdad
A pergunta submetida a votação é
uma provocação para Bagdad. “Quer
que a região do Curdistão e as áreas
curdas fora da administração da re-
gião se tornem um Estado indepen-
dente?” Estas áreas incluem Kirkuk,
a cidade numa rica zona petrolífera,
de que os peshmerga (guerrilheiros)
curdos iraquianos se apoderaram em
2014, depois de o exército iraquia-
no ter fugido ao enfrentar o avanço
dos combatentes jihadistas do Daesh.
Esta anexação expandiu o território
curdo em cerca de 40%.
Bagdad tem exigido repetidamente
que as forças curdas se retirem de Ki-
rkuk, uma cidade multicultural — ali
vivem árabes, curdos e turcomanos.
Não só não se retiraram, como cons-
truíram uma gigantesca estátua de
um peshmerga à entrada da cidade.
“O referendo de 25 de Setembro
não pode tornar o Curdistão iraquia-
no num Estado independente, seja Manifestação de apoio ao referendo em Erbil
qual a participação ou o resultado,
porque é uma votação de carácter Curdistão histórico
consultivo”, escreveu Maria Fantap- O Curdistão iraquiano realiza um referendo de independência
pie, especialista em Iraque do think
tank International Crisis Group. “As
motivações para fazer o referendo
AZERBAIJÃO
têm mais que ver com a política inter- ARMÉNIA
na curda e as relações a longo prazo
com Bagdad do que as aspirações na-
18
cionais imediatas curdas”, explica.
TURQUIA
milhões
“Isto não é um verdadeiro referen-
do”, disse a The Guardian Alan M.
Diyarbakir
Noory, professor curdo de Ciências
Sociais na Universidade Americana IRÃO
de Sulaimani, no Curdistão iraniano. Kobane
Apesar de ser a favor da independên-
Raqqa
Erbil
cia, não vai votar. “É um insulto à de- Alepo Mossul
mocracia.” Só vai servir para romper Ri
o Deir Ezzor Kirkuk
2
relações com os EUA e Bagdad, num
Eu
milhões 5 8
fr a
momento crítico, afirma. es
t
SÍRIA milhões Rio milhões
Ao agitar os fantasmas do naciona- Tig
lismo, que preocupam os governos
re
Resto do mundo IRAQUE
da região e os EUA, que têm tido nos
curdos um aliado para combater o 2 milhões Bagdad 100 km
Daesh — e que se manifestaram de
Fonte: La Vanguardia PÚBLICO
forma veemente contra a realiza-
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Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
ção do referendo —, Barzani “espe-
ra silenciar os dissidentes e forçar a
oposição a seguir a sua linha”, diz
Fantappie.
O referendo serve também para
desviar as atenções dos 20 mil mi-
lhões de dólares de dívida da região
autónoma, agravados pela queda do
preço do petróleo. A crise foi aden-
sou quando, em 2014 — quando o Da-
esh conquistou uma grande parcela
territorial do país —, Bagdad deixou
de pagar a totalidade dos ordenados
dos funcionários públicos curdos.
O jogo de Barzani
Barzani, de 71 anos, é presidente da
região autónoma do Iraque desde
2005, e líder do Partido Democra-
ta do Curdistão (KRG) desde 1979,
sucedendo ao seu pai. Já excedeu o
seu mandato, que terminou em 2013:
teve uma autorização excepcional
do parlamento para ficar mais dois
anos, prazo também já ultrapassa-
AHMED JADALLAH/RETUERS
do. Em 2015, quando um partido da
oposição tentou investigar os negó-
cios e abusos de direitos humanos de
que é acusada a sua família, fechou
o parlamento em Erbil, a capital do
Curdistão iraquiano.
Estão marcadas eleições para 1 de
Novembro. Barzani garante que não
se recandidatará e que se opõe a que
um membro da sua família o faça —
apesar de o sobrinho, Nechirvan, ser
primeiro-ministro, do filho, Masrour,
liderar o Conselho de Segurança Re-
gional do Curdistão, e de ter posições
predominantes no partido e em ser-
viços de segurança.
No Iraque estão também previs-
tas eleições legislativas, em Abril ou
Maio de 2018 — e nenhum primeiro-
ministro está disposto a ficar para a
História como aquele que deixou que
o Iraque se desfizesse. É com o pró-
prio fogo que Barzani está a jogar.
cbarata@publico.pt
O motor da independência
trabalha a petróleo
João Ruela Ribeiro
Os livros de História estão já fartos
de dar a mesma lição, mas ela volta
a aplicar-se ao Curdistão iraquiano,
onde o petróleo é simultaneamente
uma bênção e uma maldição. O di-
nheiro das exportações é fundamen-
tal para manter à tona as aspirações
de construção de um Estado viável,
mas é também uma porta aberta pa-
ra o conflito.
Os números não enganam quanto
à importância do petróleo para a eco-
nomia da região autónoma. No ano
passado, o Curdistão produziu mais
de 544 mil barris por dia e a consul-
tora Rystad, citada pela Bloomberg,
projectava uma média superior a 602
mil para 2017 — semelhante à produ-
ção diária do Qatar. Estima-se que as
reservas no território tenham a capa-
cidade para produzir 45 mil milhões
de barris, superior às reservas de pe-
tróleo da Nigéria.
Desde 2007 que as autoridades
locais têm tentado atrair investido-
res estrangeiros, mas a oposição do
Governo central iraquiano tem difi-
cultado a missão. Bagdad proíbe as
empresas que comprem petróleo
curdo de operar noutras regiões do
país e já chegou mesmo a processar
algumas petrolíferas. Porém, des-
de 2002, o território fechou vários
contratos com empresas de média
dimensão que não conseguiam en-
trar no mercado iraquiano.
Em 2011, a entrada do gigante
norte-americano ExxonMobil dá um
impulso adicional à economia cur-
da. “Em Dezembro de 2012, a quase
totalidade da área controlada pelo
governo regional estava licenciada”,
de acordo com um estudo da Univer-
sidade de Oxford.
Actualmente, é através de um oleo-
duto que desemboca no porto turco
de Ceyhan, no Mar Mediterrâneo, que
o Curdistão consegue comercializar o
seu petróleo. Mas o Governo central
tem acusado as autoridades regionais
de estar a exportar quantidades su-
periores àquelas que tem reportado
junto do Ministério do Petróleo em
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 21
Nasci para a fazer
a independênciacia
do Curdistãoo
Massoud Barzani
Presidente da região
autónoma
Bagdad. A manipulação destes dados
terá levado o Iraque a falhar as metas
de corte de produção decididas pela
Organização de Países Exportadores
de Petróleo (OPEP), segundo o pri-
meiro-ministro, Haider al-Abadi.
Outro dos pontos contenciosos en-
tre Erbil e Bagdad é o controlo sobre
Kirkuk, uma importante cidade pe-
trolífera que fica fora das fronteiras
da região autónoma, mas que está
sob controlo curdo desde Junho de
2014, quando as forças curdas expul-
saram o Daesh.
O jogo da Turquia
A evolução política do Curdistão é
também muito seguida pelas potên-
cias da região, com destaque para a
Turquia. O Governo de Ancara tem
um equilíbrio difícil de manter em
relação à ambição independentista
curda. Se, por um lado, a criação de
um Estado soberano curdo nas suas
fronteiras poderá dar força às preten-
sões do Partido dos Trabalhadores
do Curdistão (PKK), contra quem An-
cara está em guerra aberta, por ou-
tro, há laços estreitos estabelecidos
com os curdos iraquianos de que o
oleoduto é a principal expressão.
“Desde 2003, a Turquia tem vindo
a aceitar lentamente a inevitabilida-
As reservas de petróleo estão ao nível das de países como a Nigéria
de da independência curda, embo-
ra uma que seja altamente alinhada
com Ancara e que se torne numa re-
levante fonte de gás natural e num
importante tampão entre a Turquia
e um Governo de Bagdad próximo
do Irão”, escreve na Al-Jazira o ana-
lista da Brookings Institution, Ranj
Alaaldin.
O Financial Times escrevia que a
proposta de referendo será “um teste
para a relação” entre o Curdistão ira-
quiano e a Turquia. O Governo turco
deixou em aberto a ameaça de fechar
o oleoduto caso a consulta seja rea-
lizada, mas os custos para a própria
economia turca podem não justificar
a medida. “A Turquia irá condenar
retoricamente o referendo mas não
irá, provavelmente, encerrar a fron-
teira ou os oleodutos de exportação
de petróleo vitais para o Curdistão”,
diz o analista Michael Knights do Wa-
shington Institute.
A Rússia também se tem posiciona-
do no intrincado xadrez curdo, que
envolve política e recursos naturais.
A petrolífera estatal Rosneft e o go-
verno regional assinaram este Verão
vários acordos para a exploração de
reservas no território.
joao.ruela@publico.pt
FALEH KHEIBER/REUTERS
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22 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

MUNDO

Trump ameaça

Árctico com exploração

de gás e petróleo
É o ponto migratório de aves para seis continentes e o último habitat de reprodução
das renas na América do Norte. Esteve protegido durante 30 anos. Foi dado
o primeiro passo para a abertura desta área natural protegida à perfuração
rasta há décadas. A protecção do 1 de Outubro de 1984 e 31 de Maio estudos para terem uma melhor ima- “Eu sou geólogo, e para mim a
Juliet Eilperin vasto e remoto habitat, que serve de de 1986, riscando as datas do docu- gem do potencial da área. ciência é uma coisa maravilhosa.
principal área de reprodução para mento. A acontecer, tal eliminará Este esforço de bastidores para Ajuda-nos a compreender o que es-

S
orrateiramente, a
Administração Trump
prepara-se para au-
torizar a exploração
energética no Refúgio
Nacional de Vida
Selvagem do Árctico
pela primeira vez em
mais de 30 anos, se-
gundo documentos
que estabelecem as bases legais pa-
ra a perfuração e que o Washington
Post divulgou.
Só o Congresso tem autoridade
para consentir a perfuração de pe-
tróleo e gás nos quase oito milhões
de hectares do refúgio. Mas os estu-
dos sísmicos são um passo necessá-
rio nessa direcção, e os funcionários
do Departamento do Interior estão a
trabalhar na alteração de uma lei dos
anos de 1980 que os interdita.
Tais planos marcam uma revira-
volta numa luta política que se ar-
uma das maiores manadas restantes
de renas da América do Norte e de
ponto migratório para aves dos seis
continentes, tem sido defendida por
ambientalistas e pelas tribos nativas
do Alasca. Mas a classe política do
estado e muitos republicanos em
Washington têm vindo a fazer pres-
são para que avance a extracção dos
milhões de barris de petróleo que
jazem sob as planícies costeiras do
refúgio. Até agora, os democratas
têm conseguido evitá-lo através de
votações no Senado e, numa ocasião
em 1995, através de um veto presi-
dencial.
Num memorando datado de 11 de
Agosto, James Kurth, director interi-
no do Serviço de Pesca e Vida Selva-
gem, integrado no Departamento do
Interior, deu instruções ao director
regional da instituição no Alasca para
que actualizasse uma lei que permi-
tia perfurações exploratórias entre
um obstáculo que ainda há dois anos
foi objecto de uma disputa judicial.
“Quando finalizado, o novo regula-
mento permitirá que os candidatos
submetam candidaturas para novos
projectos de exploração”, escreveu
Kurth no memorando.
Se a lei for finalizada após um pe-
ríodo de escrutínio público, as em-
presas terão de apresentar propostas
para a condução de estudos sísmicos.
Num memorando de 27 de Junho, o
Serviço Geológico dos Estados Uni-
dos estimou que o processo custará
3,6 milhões de dólares.
Esforço de bastidores
Não é ainda claro o nível de interesse
que as empresas podem vir a ter, pois
o preço actual do petróleo, à volta
dos 50 dólares por barril, pode ser
demasiado baixo para justificar um
investimento significativo. Algumas
podem considerar avançar com os
a abertura do refúgio à exploração
energética vem no seguimento da
nomeação de defensores das perfu-
rações para posições-chave do De-
partamento do Interior. David Ber-
nhardt, número dois da hierarquia,
representou o Alasca na falhada ten-
tativa, em 2014, de obrigar a então
secretária do Interior, Sally Jewell,
a autorizar perfurações explorató-
rias. Quando estava encarregue dos
recursos naturais do Alasca, Joseph
Balash, escolha de Trump para a
gestão do território e dos recursos
minerais, pediu ao governo federal
que entregasse uma parte do refúgio
ao estado, para alugar essa parte da
reserva natural. E quando o actual
secretário do Interior Ryan Zinke vi-
sitou Anchorage, a 31 de Maio, dis-
se querer apressar a exploração na
Encosta Norte do Alasca, nomeada-
mente através de uma reavaliação
dos recursos do refúgio.
tá por baixo da superfície da terra”,
disse Zinke nessas declarações. “Pre-
cisamos de usar a ciência para actu-
alizar o nosso conhecimento acerca
das planícies costeiras do Refúgio Na-
cional de Vida Selvagem do Árctico,
de modo a que o Congresso possa
legislar um futuro desenvolvimento
responsável da região.”
O memorando do Serviço de Pes-
ca e Vida Selvagem faz notar que o
Departamento do Interior lhe pedira
para “actualizar os regulamentos re-
lativos à exploração geológica e geofí-
sica” dessa área costeira, mas não diz
quem foi o autor da directiva.
Por email, um funcionário do De-
partamento do Interior reconheceu
que o organismo “está obrigado por
lei — o Alaska National Interest Lands
Conservation Act — a autorizar qual-
quer estudo sísmico nos refúgios de
vida selvagem do Alasca.” “Têm sido
feitos centenas de estudos sísmicos
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 23

MUNDO
U.S. FISH & WILDLIFE SERVICE/WASHINGTON POST
tes junto ao extremo ocidental do
refúgio sugerem que pode haver na
área mais petróleo do que o que os
funcionários do governo federal iden-
tificaram há três décadas. “O Alasca
sempre teve um interesse permanen-
te no desenvolvimento dos seus re-
cursos, particularmente o petróleo.
Não descartamos os dados existen-
tes, mas são antigos e relativamente
limitados”, afirmou Mack.
A questão de ser o Departamento
do Interior a retomar os trabalhos sís-
micos é objecto de disputa legal. Os
estudos dos anos 1980, que se enten-
deram a mais de 2 mil quilómetros
e foram financiados por petrolíferas,
tinham como objectivo compilar in-
formação para um relatório a ser
submetido ao Congresso em 1987.
Em 2001, o advogado do Departa-
mento John Leshy emitiu um parecer
formal, concluindo que a lei de 1983
era “uma autorização com duração
limitada para as actividades explora-
tórias nas planícies costeiras”.

O Serviço Geológico
estimou que por
na Encosta Norte, muitos deles nas
fronteiras do Refúgio Nacional de Vi-
da Selvagem do Árctico”, acrescen-
tou o mesmo funcionário.
Os governos Clinton e Obama (am-
bos democratas) eram da opinião
que o Departamento não tinha au-
toridade legal para permitir estudos
sísmicos no refúgio. E os ambienta-
Serviço de Pesca e Vida Selvagem que
conduza uma avaliação ambiental,
como parte da proposta de alteração
da lei, porque o Endangered Species
Act obriga as agências federais a pro-
varem que as suas acções não irão
ameaçar ou modificar profundamen-
te os habitats das espécies presentes
na lista.
os trabalhos sísmicos no refúgio.
Há anos que as autoridades do
Alasca tentam retomar os estudos
sísmicos nas suas planícies costeiras,
argumentando que os iniciais, efec-
tuados nos Invernos de 1984 e 1985,
foram realizados com tecnologia da-
tada e não reflectem o verdadeiro po-
tencial da área. O Serviço Geológico,
Quem se interessará?
Doze anos depois, o Alasca pediu
permissão ao Serviço de Pesca e Vida
Selvagem para lançar um novo pro-
grama de exploração. A Administra-
ção Obama rejeitou o pedido e o esta-
do processou o governo federal.
A 21 de Julho de 2015, a juíza fede-
ral Sharon Gleason decidiu contra as
pretensões do Alasca. “Não é claro se
a lei autoriza ou requer que o secretá-
rio aprove novas explorações após o
relatório de 1987”, escreveu, notan-
do que a interpretação de Jewell de
que não tinha autoridade para o fazer
“foi baseada numa interpretação ad-
missível e razoável da lei”.
Mack afirmou não saber se as em-
presas estarão interessadas em fazer
perfurações no refúgio, mas que têm
actualmente mais interesse no poten-
cial terrestre do que no marítimo.
A ConocoPhillips, por exemplo, es-
tá “activamente focada na exploração
de novas oportunidades de desenvol-
vimento” na vizinha Reserva Nacio-
nal de Petróleo — Alasca, segundo o
porta-voz da empresa, Daren Beaudo.
“Se o Refúgio Nacional de Vida Sel-
vagem do Árctico for aberto à explo-

baixo das planícies listas têm-se manifestado contra a

actividade, que consiste em emitir
costeiras há 7,7 ondas de choque subterrâneas. De-
fendem que perturbam os ursos-po-
mil milhões de lares, uma das espécies que consta
da lista do Endangered Species Act
barris de “petróleo (lei das espécies protegidas), bem
Reviravolta
“De uma forma muito disfarçada, a
Administração Trump está a avan-
çar com as perfurações nas planí-
cies costeiras do Árctico”, acusa Ja-
mie Rappaport Clark, presidente da
que voltou a analisar os dados 15 anos
depois dos estudos, estimou que por
ração, iremos considerá-lo no nosso
portfólio de oportunidades e terá de
baixo das planícies costeiras há 7,7
mil milhões de barris de “petróleo
competir com outras regiões pelos
nossos fundos para explorações.”
tecnicamente recuperável”.
O memorando de 27 de Junho, en-
Contudo, Pavel Molchanov, ana-
lista energético na Raymond James
viado ao conselheiro de Zinke para as & Associates, prevê que haja “muito

tecnicamente como o boi-almiscarado e outros

animais do Árctico.
recuperável” Um número cada vez maior de ur-
sos-polares procura abrigo em terra
durante o Inverno — o período em
que são efectuados os estudos sísmi-
cos — devido ao degelo, e uma porção
significativa das planícies costeiras
é considerada um habitat crítico pa-
ra os ursos. O memorando de 11 de
Agosto pede ao director regional do
Defenders of Wildlife [organização
não-governamental de defesa da vi-
da selvagem] e que chefiou o Serviço
de Pesca e Vida Selvagem durante a
presidência de Bill Clinton. “É uma
completa reviravolta relativamente
às políticas das últimas décadas.”
É esperado que os grupos am-
bientalistas recorram aos tribunais
federais para tentarem contrariar
qualquer decisão de avançar com
políticas energéticas, Vincent DeVito,
explicita que o Departamento do In-
terior tem três hipóteses: decidir que
os dados existentes são aceitáveis,
reexaminar os mesmos dados com
tecnologia de ponta ou conduzir no-
vos estudos com tecnologia moderna
a três dimensões.
Em entrevista, o comissário dos
Recursos Naturais do Alasca, Andy
Mack, disse que descobertas recen-
pouco interesse” na perfuração no
refúgio, pelo menos no futuro mais
próximo. “O número de empresas
que estariam dispostas a apostar for-
te no Refúgio Nacional de Vida Sel-
vagem do Árctico podem contar-se
por uma mão, e já estou a ser gene-
roso”, disse.
Exclusivo PÚBLICO/
/The Washington Post
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24 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
MUNDO
Maria deixou
Porto Rico
em estado
de sítio
Furacões
Não há electricidade
em toda a ilha devastada
pelo furacão; barragem
em risco de colapso ameaça
70 mil pessoas
Cinco dias depois da passagem do
furacão Maria, Porto Rico continua
sem electricidade — um privilégio
apenas de quem tem acesso a ge-
rador —, as comunicações não fun-
cionam e a água potável começa a
escassear. E para agravar a devasta-
ção, ontem temia-se que a a barra-
gem de Guajataca, no noroeste da
ilha, rebentasse a qualquer momen-
to rebentasse.
“A fissura na parede tornou-se
uma ruptura significativa”, disse sá-
bado à noite o governador, Ricardo
Rossello. Cerca de 70 mil pessoas
que vivem a jusante receberam or-
dem para abandonar as suas casas,
depois de no dia anterior as autori-
dades terem verificado que o nível
de água estava a tornar instável a
parede de terra da represa, com 37
metros de altura. “Fujam ou serão
arrastados”, avisou o serviço meteo-
rológico dos Estados Unidos, de que
Porto Rico é território associado.
Por toda a ilha há casas esventra-
das, postes e árvores derrubadas, e
localidades inundadas — a face mais
visível dos 30 mil milhões de dóla-
res de prejuízos causados pelo mais
forte furacão a atingir a ilha em qua-
se um século e que provocou pelo
menos 13 mortos.
Começaram já a chegar à ilha
navios e aviões transportando ge-
radores, água, comida e telefones
por satélite, bem como quatro mil
reservistas do Exército norte-ameri-
cano para acelerar as operações de
auxílio. Um desafio enorme, já que
há zonas a que só é possível aceder
de helicóptero e com as quais não é
sequer possível comunicar porque o
furacão derrubou grande parte das
torres de telemóvel da ilha.
Na parte velha da capital, San Ju-
an, os efeitos da passagem do fura-
cão estão por todo o lado, adianta
a Reuters. O abastecimento de água
está limitado a duas horas por dia
e os hotéis começaram a avisar os
hóspedes de que poderão encerrar
por falta de combustível para os ge-
radores.
Muitos catalães saíram à rua para garantir que, de uma maneira ou de outra, votarão no dia 1 de Outubro
Líder do PSOE desafiado
a retirar apoio a Rajoy
na gestão da crise catalã
Independentismo
Ana Fonseca Pereira
Líder do Podemos e a
alcaide de Barcelona
instam Pedro Sánchez a
liderar um governo que
negoceie um referendo
A uma semana do referendo con-
vocado pelos independentistas ca-
talães, milhares de pessoas saíram
à rua em cerca de 500 municípios
para assegurar que, de uma forma
ou outra, vão votar na consulta que
o Governo espanhol garante que não
se realizará. Uma “maratona pela de-
mocracia” realizada no mesmo dia
que em que o líder dos socialistas, Pe-
dro Sánchez, foi desafiado a romper
com o apoio que tem dado a Mariano
Rajoy na gestão da actual crise e a
liderar um governo “plurinacional
e democrático” que aceite um refe-
rendo na Catalunha.
O repto foi lançado por líder do
Podemos, numa reunião em Sarago-
ça que reuniu centenas de eleitos e
dirigentes do partido de esquerda e
de forças aliadas, bem como de re-
presentantes de partidos naciona-
listas catalães, bascos e valencianos.
“Companheiro Sanchéz, não caias no
erro de uma frente com o PP”, disse
Pablo Iglesias, insistindo que “esse
é um caminho que conduzirá à des-
truição da democracia em Espanha
como um projecto colectivo”.
Os populares governam em Ma-
drid sem maioria e bastaria que os
socialistas se juntassem à coligação
Unidos Podemos, aos nacionalistas
catalães e bascos numa moção de
censura para fazer cair o executivo
de Rajoy. Sánchez, no entanto, tem-
se recusado a usar a crise catalã co-
mo arma contra os populares, asse-
gurando o apoio do partido às inicia-
tivas adoptadas pelo Governo para
travar o referendo. O líder socialista
insiste, ainda assim que, passado o
1 de Outubro, Madrid e Barcelona
terão de dialogar.
Iglesias desafia, no entanto, o PSOE
a “encontrar o seu próprio caminho
longe dos carris reaccionário e auto-
ritário do PP”. “Faz falta um governo
de unidade plurinacional e demo-
crática que organize um referendo
na Catalunha” e inicie uma revisão
constitucional para mudar o actual
modelo das autonomias. Presente
no mesmo encontro — que a certo
ponto chegou a estar acossado por
uma manifestação da extrema-direita
— a alcaide de Barcelona, Ada Colau,
SUSANA VERA/REUTERS
desafiou também o líder socialista es-
panhol a “ouvir o sentimento maiori-
tário dos espanhóis que pedem para
votar. “Sánchez falou de responsabi-
lidade de Estado e eu digo-lhe, com
humildade, que a responsabilidade
de Estado é escutar a Catalunha e
não se aliar com o PP”.
Mas se os apelos ao diálogo se su-
cedem — ontem foi a vez de Iñigo
Urkullu, chefe do governo autónomo
basco, a pedir a Madrid que aceite
um “referendo legal e negociado”
na Catalunha — as duas partes não
dão qualquer sinal de retrocesso. Em
Barcelona, onde a “maratona pela
democracia” coincidiu com as fes-
tas maiores da cidade, as duas asso-
ciações que impulsionam a consulta
anunciaram ter distribuído “cem mil
boletins de voto”. “Votaremos”, foi a
palavra de ordem mais ouvida.
Do lado oposto, o responsável
do Ministério do Interior nomeado
para coordenar todas as forças de
segurança mobilizadas para impe-
dir a consulta convocou a primeira
reunião para esta segunda-feira, não
sendo ainda certo se o chefe dos Mos-
sos d’Esquadra aceitará que a polícia
catalã fique sob a alçada daquele or-
ganismo.
apereira@publico.pt
apereira@publico.pt
Breves
América
Três fortes sismos
no México em
quatro semanas
O México sofreu três fortes
sismos em quatro semanas —
no sábado à noite registou-se
um abalo de 6,1 na escala de
Richter na região de Oaxaca, a
Sul. Morreram cinco pessoas
e foram suspensas as buscas
por sobreviventes do sismo
de magnitude 7,1 de dia 19
na mesma região (morreram
318 pessoas). No dia 7 de
Setembro ocorreu o primeiro
sismo, com uma magnitude de
8,1. Matou 90 pessoas.
EUA
Trump diz que Irão
está a trabalhar com
a Coreia do Norte
O Presidente dos EUA, Donald
Trump, disse que o teste de
um míssil pelo Irão põe em
causa o acordo internacional
sobre o programa nuclear de
Teerão. Acusou ainda o Irão
de colaborar com a Coreia
do Norte. “O Irão acaba de
testar um míssil balístico
capaz de atingir Israel. Eles
também estão a trabalhar com
a Coreia do Norte. Nós não
temos realmente um acordo!”,
escreveu no Twitter.
Birmânia
Governo acusa
rebeldes muçulmanos
de matarem 28 hindus
O Governo da Birmânia
anunciou que encontrou 28
corpos de hindus numa aldeia,
suspeitando que tenham
sido mortos por rebeldes
muçulmanos. Um ataque
destes no estado de Rakhine
levou a uma intervenção
militar que pôs em fuga 430
mil membros da minoria
muçulmana rohingya — a ONU
fala em limpeza étnica.
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26 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
CIÊNCIA
Andrea Cunha Freitas
S
e existisse um género cha-
mado policial histórico este
enredo seria um dos seus
melhores exemplos. Aqui,
persegue-se um navegador
que, pelos mares, chegou às
Américas. É tudo o que podemos
dizer sem entrar em grandes dis-
cussões. Porque tudo o resto pare-
ce discutível. Cristóvão Colombo
transformou-se num homem com
mil caras. Já foi um tecelão geno-
vês, um bastardo português, grego
ou espanhol (catalão ou galego?) e
muitos outros estrangeiros num só
homem. A confusão é imensa e o
próprio Cristóvão não ajudou. Ele
que nunca quis que se falasse nas
suas origens e que nunca assinou o
seu nome em nenhum documento.
Agora, há mais uma acha na acesa
discussão.
Fernando Branco mergulhou
numa história com séculos que é
um dos mais intrigantes mistérios
da época dos Descobrimentos. O
engenheiro civil e investigador no
Instituto Superior Técnico (IST) da
Universidade de Lisboa persegue as
origens de Cristóvão Colombo com
uma persistência e bom humor que
dificilmente os cálculos de enge-
nharia lhe conseguiriam arrancar.
Tanto que, em 2012, escreveu um
livro com o título “Cristóvão Colón,
Nobre Português”. Aí, o investiga-
dor defende que o navegador foi um
corsário português chamado Pedro
Ataíde, apresentando mais de meia
centena de pontos comuns entre os
dois. Actualmente, espera apenas
uma autorização para abrir os túmu-
los da família dos Ataídes, em Cas-
tanheira do Ribatejo (Vila Franca de
Xira). As análises ao ADN, que serão
da responsabilidade da antropóloga
forense Eugénia Cunha, da Univer-
sidade de Coimbra, podem provar
que estava correcto. Ou desmenti-lo.
Cristóvão Col
terá sido um corsário português
Enquanto conta a sua história da
História, Fernando Branco ri. É evi-
dente que a investigação sobre as
origens e vida do famoso navegador
Cristóvão Colombo lhe dá muito go-
zo. O investigador ri das “trapalha-
das” de outros tempos, das muitas
teorias dos dias de hoje, dos outros e
de si próprio. Mas sabe que isto não
é uma brincadeira. Desde há muito
tempo que historiadores e investiga-
dores discutem sobre as origens do
navegador que descobriu as Amé-
ricas. Até hoje, não foi encontrada
nenhuma prova ou documento que
não deixe, pelo menos, uma peque-
na margem para dúvidas.
Na biografia Historia del almiran-
te Don Cristóbal Colón escrita pelo
seu filho Fernando (ou Hernando),
esconde-se a sua origem. O filho de
Colombo justifica que o pai não que-
ria que se soubesse onde nasceu. O
mais importante seriam os seus fei-
tos na História. O espaço em branco
imposto pelo próprio Cristóvão Co-
lombo acabou por ser preenchido
com a narrativa mais popular de que
será italiano, mais especificamente
um genovês nascido em 1451. Mas a
versão que prevaleceu está longe de
ser consensual.
“Hoje sabe-se perfeitamente que
esse Cristóvão Colombo genovês
[Cristoforo Colombo] era um te-
celão, sempre foi um tecelão e não
pode, de maneira nenhuma, ser o
almirante porque se conhecem as
histórias de ambos. Felizmente.
E desde a data de nascimento até
ao que fez durante a vida há coisas
completamente incompatíveis. Por-
tanto, hoje em dia mesmo os histo-
riadores italianos reconhecem que
a probabilidade de ele ser esse ge-
novês é praticamente nula, OK?”,
esclarece Fernando Branco. Mas se
não era genovês, era o quê? “Apa-
receram ‘n’ países a dizer que ele
era desses países. Temos Cristóvãos
Colombos desde a Grécia até não sei
onde. Porque há sempre pequenos
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 27

PAUL HANNA/REUTERS
indícios que se podem ligar ao que
se conhece de Cristóvão Colombo.
Há teorias desde ele ser galego até
ele ser de Barcelona.” E, claro, há
também teorias (umas mais recen-
tes e outras nem tanto) que falam
na possibilidade de ser português.
Como a de Fernando Branco.
O engenheiro apaixonou-se pelo
tema por um acaso. Como, aliás,
acontece na maior parte das pai-
xões. “Foi um livro do José Rodri-
gues dos Santos, O Codex 632. É um
livro em que ele põe a hipótese de o
Cristóvão Colombo ser português e
que ele escreveu à volta do que an-
tes já tinha defendido Mascarenhas
Barreto [investigador, romancista e
tradutor]”, conta ao PÚBLICO. “De-
pois comecei a ler. Há muita coisa
escrita. Uma pessoa pegando no li-
vro do Mascarenhas Barreto perce-
be logo que há muita coisa que não
bate certo.”
Segundo explica, Mascarenhas
Barreto defende que Cristóvão Co-
lombo foi um filho bastardo de D.
Fernando, irmão de D. Afonso V.
Mas, considera Fernando Branco,
“Mascarenhas Barreto meteu água”.
“Foi muito boa pessoa, que estudou
muito, descobriu muita coisa, mas,
neste caso, falhou redondamente.
A base é que não há documento ne-
nhum que prove que o D. Fernando
tenha tido um bastardo”, aponta o
investigador do IST.
Mas há outras teorias, lembra. “Há
ainda a hipótese de um luso-ameri-
cano, Manuel Rosa, que é ainda mais
rebuscada. Ele diz que houve um
imperador da Polónia ou Lituânia
que a história diz que morreu nu-
ma batalha contra os turcos mas que
ele diz que, afinal, não morreu nada
mas que veio para Portugal e teve
um filho chamado Segismundo [que
terá nascido em Cuba, no Alentejo].
Diz ainda que a única coisa que se
sabe é que esse filho morreu a andar
de barco, levou com o mastro em
cima, mas o Manuel Rosa diz que
ele não morreu e que se transfor-
mou no Cristóvão Colombo”, resu-
me. E conclui: “Ele [Manuel Rosa]
construiu toda uma história muito
gira. Já lhe disse: como romance
histórico, ganhas a todos”. E ri.
No barco desta aventura rumo a
um Cristóvão Colombo português
está também “a teoria dos irmãos
Mattos e Silva que dizem que era
mais um filho bastardo de uma ir-
mã de D. Afonso V”. Ou a versão do
livro de Manuel Luciano da Silva e
da sua mulher, Sílvia Jorge da Silva,
que coloca o navegador a nascer em
Cuba, no Alentejo, e que inspirou o
filme de Manoel de Oliveira “Cristó-
vão Colombo, o enigma”.
60 coincidências?
Durante mais de uma hora, a partir
de uma primeira pergunta sobre a
sua hipótese das origens portugue-
sas de Cristóvão Colombo, Fernando
Branco conta ao PÚBLICO as muitas
histórias que existem à volta da vida
Encontrei 60 indícios
comuns entre a vida
deste Pedro Ataíde
e a vida do Cristóvão
Colombo. Sessenta
pormenores
comuns à vida
dos dois”
Fernando Branco
Investigador
do navegador. A animada e interes-
sante conversa com o investigador
começa assim: “Escrevi o primeiro
e único livro sobre esta hipótese em
2012. E, portanto, conhece a histó-
ria? A minha história basicamente
aponta para que o Cristóvão Colom-
bo possa ter sido um corsário por-
tuguês chamado Pedro Ataíde. Mas,
começando pelo princípio.”
E do princípio até ao fim, a his-
tória navega por vários cantos do
mundo, cheia de personagens, qua-
se sem interrupções, sem que seja
preciso fazer mais perguntas. Des-
de o testamento que provava que
Colombo era genovês e que afinal
seria falso, até batalhas de corsá-
rios em barcos nos mares do Sul de
Portugal, ao homem morto por um
mastro que lhe cai em cima e que
afinal não morreu, a pormenores
como Cristóvão colombo falar por-
tuguês, nunca assinar com o nome
dele mas, antes, preferir uma assi-
natura encriptada (ainda à espera
de ser decifrada) que se resume a
X po Ferens.
“Quando andei à procura de
quem foi o ‘meu’ Cristóvão Colom-
bo, comecei por definir quais eram
as coisas-base que essa personagem,
se fosse português, tinha de ter. E
há, à partida, uma coisa que é muito
importante. Cristóvão Colombo teve
dois irmãos”.
Assim, sublinha, quando pensa-
mos num Cristóvão Colombo portu-
guês, temos de arranjar, pelo menos,
três pessoas. “Quando entramos em
bastardos, já não chega arranjar
um bastardo, temos de arran-
jar três bastardos”, diz. Além
dos irmãos é também preci-
so encontrar “alguém que
tem uma história de mar
significativa”. Tem
ainda de ser uma
pessoa ligada à no-
breza, acrescenta,
enumerando as
pistas. “As c

lombo
Uma equipa de investigadores do Instituto
Superior Técnico de Lisboa e da Universidade
de Coimbra vai realizar exames ao ADN
de esqueletos que estão num túmulo de
uma quinta em Vila Franca de Xira. Análise
vai esclarecer se Cristóvão Colombo foi um
corsário português chamado Pedro Ataíde

chamado Pedro Ataíde?

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28 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
CIÊNCIA
famílias de nobreza, as principais,
estão todas representadas no tecto
do palácio de Sintra, onde estão to-
dos os brasões daquela altura. Eu
costumo dizer que um destes bra-
sões há-de estar ligado ao Cristóvão
Colombo. Se ele for português.”
Mas há mais. “Ele tem de ser sol-
teiro ou viúvo em 1479 porque é o
ano em que casa com a sua esposa
portuguesa”, adianta. E com estas
pistas, Fernando Branco procurou
um “suspeito”. “Há uns anos repa-
rei — não fui eu que descobri, já vá-
rios autores o descobriram — que
há um texto escrito por um histo-
riador dos reis católicos, um pro-
fessor catedrático em Salamanca,
que diz claramente num livro que
quem descobriu a América foi um
indivíduo chamado Pedro Colón”.
Eis o Pedro.
A referência à existência de um
Pedro Colón é feita por mais histo-
riadores, de Gaspar Frutuoso a Dio-
go do Couto (que escreveu com João
de Barros as Décadas da Ásia). “Fui à
procura de um indivíduo chamado
Pedro Colón. Só há um documen-
to que o refere. É um corsário que
aparece numa folha de pagamentos
do D. Afonso V. E bem pago, curiosa-
mente.” Existem crónicas que dão
Pedro Colón como morto numa vio-
lenta batalha nas águas do mar, a sul
de Portugal, em Agosto de 1476, e
que ficou conhecida como Batalha
de S. Vicente. Mas Fernando Bran-
co acredita que o tal corsário não
morreu ali, que se salvou a nado.
“Não sei se o Rui de Pina (cronista
que descreveu esta batalha), por al-
guma razão, ou se enganou ou men-
tiu, mas é muito estranho que no
preciso instante em que desaparece
um Pedro Colón nasce um Cristóvão
Colombo”.
“O livro que escrevi foi a vida des-
te Pedro Ataíde, que é uma pessoa
que ninguém conhece, obviamente.
Era um indivíduo da alta nobreza,
era um descendente de almirantes
portugueses. Encontrei 60 indícios
comuns entre a vida deste Pedro Ata-
íde e a vida do Cristóvão Colombo.
Sessenta pormenores comuns à vida
dos dois.” Por exemplo? “O Cristó-
vão Colombo, quando regressa da
América da primeira viagem, pára
na ilha de Santa Maria, nos Açores,
onde estava um indivíduo que o co-
nhecia muito bem e que se chamava
João da Castanheira. Colombo escre-
ve isso no seu diário. Como é que o
conhecia? Ora, o João da Castanhei-
ra era o senhor João da povoação da
Castanheira. Castanheira do Ribate-
jo, que é a terra dos Ataídes, onde
vivia o Pedro Ataíde.”
Fernando Branco tem mais argu-
mentos para sustentar a sua hipó-
tese. Mas, tal como muito outros
historiadores, não tem qualquer
documento que sirva de prova. Fal-
tam documentos e por isso é preciso
juntar peças de um puzzle construí-
do com crónicas escritas há séculos,
cartas supostamente escritas pelo
navegador ou a ele dirigidas e mui-
ta imaginação. “Em Portugal, não
há um único documento que refira
o Cristóvão Colombo”, confirma o
investigador.
O plano para provar a tese
Agora, o plano é usar o resultado de
análises feitas a uma parte dos ossos
que pertencerão a Cristóvão Colom-
bo e que estarão guardados em Se-
vilha e comparar estes dados com
exames ao ADN dos esqueletos que
estão na Quinta de Santo António,
em Castanheira do Ribatejo, onde a
família dos Ataídes os enterrou.
“Do Pedro Ataíde não tenho es-
queleto, nem ADN, nem nada. Por-
ADRIANO MIRANDA
que ele ou se transformou em Cris-
tóvão Colombo e está em Sevilha ou
ficou no fundo do mar durante a Ba-
talha de S. Vicente”, refere Fernando
Branco, acrescentando: “Mas tenho.
espero vir a ter, o ADN quer de um
tio dele por via masculina, quer de
um primo direito dele, uns Ataídes
que estão no panteão dos Ataídes
em Castanheira do Ribatejo.”
Fernando Branco vai tentar obter
o ADN de António Ataíde (que seria
primo direito de Pedro) e de Alvaro
Ataíde (tio) e comparar com o ADN
de Fernando, filho do Cristóvão Co-
lombo. O processo até conseguir a
autorização da Direcção-Geral do
Património Cultural para abrir os tú-
mulos daquela família é uma (outra)
longa história. “Quando fui mesmo
ao túmulo para tentar abrir, percebi
REUTERS
que aquilo é extremamente comple-
xo. Basicamente é uma caixa, mas
tem em cima três tampas sobrepos-
tas e cada uma pesa quase uma tone-
lada. É um problema de engenharia
civil, que é a minha profissão.” Foi
preciso fazer alterações ao projecto
que obrigaram a um novo pedido
dirigido à DGPC. Agora só falta esta
derradeira autorização para abrir o
túmulo, algo que Fernando Branco
espera que aconteça no próximo
mês de Outubro. Mas nunca se sa-
be. “Quando isto for aberto, é aí que
entra a professora Eugénia Cunha,
que vai lá tirar os ossinhos para se
tentar obter o tal ADN.”
“Na prática, ainda não fiz nada.
A minha participação no projecto
é enquanto antropóloga forense e
física. Cabe-me retirar os restos ós-
seos do túmulo e analisá-los. Ou se-
ja, actuarei enquanto perita numa
área muito específica: a análise do
esqueleto e também na recolha de
amostras ósseas para enviar para a
análise genética”, confirma Eugé-
nia Cunha. Com o túmulo fechado
com três pesadas tampas em cima,
está tudo em aberto. Não sabemos o
que lá está nem como está. A análise
depende disso. “Os corpos podem
estar esqueletizados, mumificados,
DR
fragmentados, reduzidos a fragmen-
tos. Pode haver vestígios de roupas
e/ou objectos. Será determinado o
número de indivíduos presentes no
túmulo e feita a sua individualiza-
ção. Posteriormente, cada um será
analisado com vista ao conhecimen-
to do sexo, idade à morte, origem
geográfica e estatura. Também será
efectuada a perscrutação de even-
tuais doenças.”
O que é que pode correr mal? “A
fragmentação extrema dos ossos, a
má preservação dos restos huma-
nos.” Mas, então, é possível que as
provas recolhidas não forneçam
uma resposta sobre a hipótese de
Fernando Branco? “Podemos re-
colher ossos masculinos e com um
perfil idêntico ao esperado e não se
conseguir extrair material genético.
Réplica Sim, neste caso não se conseguiria
da caravela uma resposta para a hipótese for-
Santa Maria, mulada. Se o túmulo estiver vazio,
a assinatura também não.”
encriptada Se reconstruir um passado já pa-
do famoso rece um exercício tão complexo,
navegador não adianta sequer tentar fazer
e a capela qualquer previsão de futuro. A única
da família Ataíde coisa que parece certa é que a dis-
numa quinta cussão sobre as origens de Cristóvão
em Castanheira Colombo vai continuar e que este
do Ribatejo navegador liderou a frota conhecida
pela descoberta da América, como
nos contam os nossos livros de His-
tória. Ou será que também isso é dis-
cutível? No seu túmulo em Sevilha,
Cristóvão Colombo terá deixado um
pedido por escrito. “Espero não ser
confundido eternamente.”
acfreitas@publico.pt
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CULTURA
A mais injusta
das mortes
Charles Bradley 1948-2017 Génio da soul esperou uma vida inteira para chegar à música e deixou-nos
clássicos imediatos. Em cada canção encontramos a sua paixão, a sua sabedoria e, acima de tudo, o seu perdão
Obituário
João Bonifácio
Quando no final de 2016 o músico
soul norte-americano Charles
Bradley cancelou a sua digressão
por causa de um cancro no
estômago, a maior parte dos seus
fãs pensou que nunca mais voltaria
a ouvir aquela voz poderosa ao
vivo. Mas já no início deste ano,
como com tantas outras situações
da sua atribulada vida, Bradley
parecia ter dado a volta e regressou
aos palcos. O milagre não durou:
há cerca de 15 dias foi anunciado
que o cancro passara do estômago
para o fígado, concertos foram de
novo cancelados (incluindo o em
Portugal) e ontem chegou a notícia
que os seus admiradores mais ais
temiam: Charles Bradley, músico
soul norte-americano, morreu. reu.
Pode dizer-se, sem cair emm
exagero de monta, que foi a
mais injusta das mortes.
Muitos artistas ou profissionais
ionais
do entretenimento tiveram
carreiras curtas mas ninguém ém
teve uma carreira curta comomo a de
Bradley: após uma vida inteira
eira que
não raras vezes caiu na indigência,
igência,
Bradley conseguiu ser finalmente
mente
editado aos 63 anos. A editora
ora que
o acolheu, a Daptone, foi a mesma
responsável pela descoberta a para quem
e consagração da igualmente te
veterana Sharon Jones.
Há quem veja a Daptone como
um veículo de revivalismo, que
se limita a criar discos soul que
imitam os grandes êxitos do o
passado. Mas Bradley está para
lá dessas querelas: Changes,,
penas
editado em 2016, e que é apenas
lássico
o seu terceiro disco, é um clássico
instantâneo; e No Time for
Dreaming, a sua estreia de 2011,
idem.
A aclamação foi imediata:: a sua
voz sentida, capaz de traduzirzir
toda a dor mas também toda da a
esperança que um ser humano ano
pode sentir, ressoou numa
multidão de fãs de soul mass não
só. Era a voz de um homem m vivido,
grave, esquinada, impura, cheia
amente
de gravilha, mas simultaneamente
indomável. Porque é que a dor dos
outros nos dá prazer? Impossível
responder, mas as novas gerações
de melómanos acolheram-no não
como uma ave exótica com uma
história inesperada mas quase
como um sábio que sobreviveu
ao mundo e, acima de tudo, a si
próprio. E no fim escolheu o amor.
É uma marca que importa
realçar, tanto nas canções como
no discurso de Bradley: “Um
grande artista aprende, com todas
as mudanças que sofre, a ser uma
pessoa melhor. Um grande artista
continua a dar amor e a crescer
com honestidade e a olhar para o
mundo e a não se deixar encher
pelo ódio”, dizia, o ano passado,
em entrevista à publicação online
PopMatters. Era uma ideia que
repisava constantemente.
Charles Edward Bradley
precisou de 14 anos para
dar com a epifania que
mudou a sua vida.
Nascido a cinco
de Novembro
de 1948, na
Florida,
mudou-se,
com a mãe, para
Brooklyn quando
tinha oito anos. Aos 14 a
sua irmã levou-o ao Teatro
Apollo, onde tantas estrelas
negras despontaram - foi aí
e então que assistiu a um
desempenho de James
Brown que se tornou
uma obsessão durante
décadas, ao ponto
de, mais tarde, ter
ganho dinheiro
a imitá-lo sob o
nome Black Velvet
(começou a fazê-
lo quando tinha 19
anos).
Esse espectáculo marca do músico
valeu-lhe boa reputação, pelo
menos em Nova Iorque. Anos mais
tarde, em entrevista, diria que é
muito mais fácil ser James Brown
do que Charles Bradley: “Com o
James Brown, subo ao palco, canto
aquelas palavras e divirto-me. Mas
as palavras que o Charles Bradley
canta são verdadeiras e têm muita
dor.”
Bradley saiu da casa da mãe
mais ou menos na mesma altura
da epifania browniana e durante
algum tempo viveu na rua — algo
que seria regular na sua irregular
vida. No documentário Charles
Bradley: Soul of America, editado
em 2012, o cantor confessava
ç atribulada com a
uma relação
progenitora: “Tinha medo que ela
me magoasse — foi por isso
que saí. Ela culpava-
me de tudo, era
muito amarga.”
Nos anos
subsequentes
Bradley
acumulou
doses
maciças
As ctuações
exuberantes
eram uma das
imagens de
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 29
de sofrimento, entre as quais a
perda do irmão, assassinado por
um sobrinho seu (de Bradley). O
desemprego foi uma constante
na vida deste homem iletrado
e azarado; por consequência, a
pobreza e a subnutrição também.
Entre os seus múltiplos empregos
consta o de cozinheiro num lar
para pessoas com problemas
mentais.
O racismo também foi
permanente: certa vez, um
homem que não conhecia, um
branco, bateu-lhe e, quando a
polícia chegou, encostou-lhe
uma arma ao rosto e prendeu-o,
deixando o homem branco livre.
Bradley ficou atrás das grades
durante 30 dias. Depois, e como
se isto não bastasse, esteve às
portas da morte porque lhe
injectarem penicilina,
a que era alérgico. Foi
nesta altura que se deu
o assassinato do irmão.
A sua vida é, em parte,
exemplar do descuido
com que a comunidade
afro-americana sempre
foi tratada.
A morte do
irmão Joseph
está retratada numa majestosa
canção de 2011, Heartaches
and pain. Na melhor linha soul
clássica, metais sumptuosos e
uma voz vinda do fundo da alma
humana sobem em direcção à
beleza enquanto a maior das
dores é cantada. Mas Bradley,
o rei da catarse, o homem cuja
garganta sabia tudo de purgas
emocionais, tinha de homenagear
o irmão, pois fora ele que, após
Charles perder o emprego como
cozinheiro, lhe dissera para fazer
aquilo que lhe dava prazer: cantar.
E nisto surgiu o produtor Tom
Brenneck, que assistiu a um
dos espectáculos de Bradley e
ficou encantado ao ponto de ter
produzido todos os três discos
cantor viria a lançar. Uma
que o canto
boa parte d das canções incluídas
nesses discos
disc tem “love” no título.
As restantes
restante são sobre dor: em The
going up in flames) Bradley
world (is go
cantava “D “Don’t tell me how to live
my life/ Wh
When you never felt the
pain”. Todas,
Toda e repetimos, todas
são absolutamente
absolut extraordinárias,
todas são e emocionalmente
investidas de d uma vontade
arrasadora de pôr tudo cá para
fora, perdo
perdoar, perdoar, perdoar e
amar, amar e amar.
“Todas a as canções têm de ser
honestas”, disse um dia Bradley,
quem, acima de tudo, era
fundamental
fundamen perdoar a quem lhe
havia feito
fe mal.
Brad
Bradley demorou 63 anos
enc
a encontrar o seu lugar — e
depo
depois teve apenas cinco
para usufruir do amor que
om mundo lhe deu de volta,
com
como agradecimento pela
sua v voz, a sua paixão, a sua
sabed
sabedoria e, acima de tudo, o
seu perd
perdão.
Talvez es esses cinco anos tenham
sido os nec
necessários para o músico
criar uma obrao de uma intensidade
que não só iguala os maiores da
soul como (mais importante ainda)
ressoa em cada pessoa que alguma
vez sentiu alguma dor ou amou
um pouco. Bradley deu muito em
pouco temtempo — e talvez por isso
algures alguém
alg tenha escrito que
foi “a mais injusta das mortes”.
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30 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
CULTURA
Absentia: “Durante quanto tempo
procuramos alguém antes de desistir?”
A nova série do AXN é encabeçada
por Stana Katic e conta a história
de uma agente do FBI que é dada como
morta e aparece ao fim de seis anos.
O PÚBLICO esteve nas rodagens
Televisão
Maria João Monteiro,
em Sófia
Avançamos por uma estrada de ter-
ra batida e lamacenta que vai dar a
um cemitério. A julgar pelo terreno
verdejante onde repousam as lápides
brancas e pelas altas árvores que o
envolvem, isto poderia muito bem
ser Boston, Massachusetts. Um casal
surge acompanhado por uma criança
e dirige-se com pesar a uma das ins-
crições. Só que aquele que deveria
ser um momento de luto e privaci-
dade está coreografado passo a pas-
so e resulta da coordenação de uma
máquina muito bem oleada. Estamos
nos arredores de Sófia, Bulgária, no
ensaio de uma das cenas fulcrais do
episódio-piloto de Absentia, o novo
thriller policial do AXN que se estreia
hoje em simultâneo nos três canais
AXN.
Servirá de introdução à história de
Emily Byrne (Stana Katic, mais co-
nhecida por interpretar Kate Beckett
no drama policial Castle), uma agente
do FBI que desaparece sem deixar
rasto depois de investigar um conhe-
cido assassino em série.
Passados seis anos, a protagonista
é encontrada numa cabana no meio
da floresta sem qualquer memória do
que lhe aconteceu. “A série passa-se
maioritariamente na natureza em de-
trimento da cidade e esta [paisagem]
é muito parecida com a de Boston”,
contextualiza a produtora Maria Fel-
dman. “[Sófia] é a mais americana
das cidades europeias. Há muitos sí-
tios abandonados e em construção
e foi isso que nos permitiu construir
o enredo aqui.” Estamos a mais de
metade do calendário de gravações
de Absentia (50 de 64 dias) e, por
esta altura, a produção ambulante
já correu o país do Leste da Europa
em mais de 60 diferentes cenários
de rodagem.
Agrupados diante dos diferentes
trailers da produção, os jornalistas
aguardam uma visita aos figurinos
quando Stana Katic corre apressada
para o seu camarim. Antes que de-
sapareça, é possível vislumbrar-lhe
o rosto coberto de sangue e o cabelo
molhado e desgrenhado — terá, mui-
to provavelmente, acabado de sair
de uma das muitas cenas de acção
que a trama implica. Circulamos no
guarda-roupa em pequenos grupos,
porque o espaço já de si apertado
encontra-se atulhado de figurinos
e calçado etiquetados com o nome
de cada personagem — como se ali
residisse a segunda pele envergada
pelos actores.
Salta à vista um cabide onde es-
tão pendurados diversos casacos de
uniforme do FBI e da Boston Poli-
ce e vários pares de botas de estilo
militar. Figurino que não só torna
claro o contorno policial da série,
mas que dá também uma pista para
o confronto entre as duas entidades
na história. É o detective Tommy Gi-
bbs (Angel Bonanni) da Boston Police
que encontra Emily viva numa caba-
na na floresta, mas vai ter de disputar
o caso com o agente especial Adam
Radford (Ralph Ineson), antigo par-
ceiro de Emily no FBI e responsável
pela investigação do seu desapare-
cimento. “Há um certo sentimento
de culpa nele e a relação dele com
a família de Emily vai continuar”,
conta Ralph Ineson aos jornalistas,
acrescentando que “há uma certa ri-
validade e competição entre a Boston
Police e o FBI, mas eles acabam por qualquer memória da sua existên- interpretar uma personagem que
trabalhar juntos no crime”.
Ao longo da série, cia. “Ela é uma sobrevivente e para fosse só uma vítima ou que tivesse
Emily vai procurar ser uma sobrevivente também é uma só a função familiar.”
Uma “mãe guerreira” lutadora, porque passou por algo tão Quando todos parecem ter segui-
Ao longo dos dez episódios da série,
reintegrar-se extremo e tenta empurrar tudo isso do em frente, Emily tem de come-
Emily vai procurar reintegrar-se na na realidade da para trás das costas”, explica Stana çar uma vida nova. Mas a detective
realidade da qual esteve ausente du- Katic em conferência de imprensa. é obrigada a revisitar o pesadelo que
rante seis anos e ao mesmo tempo
qual esteve seis A actriz norte-americana nascida viveu uma e outra vez em busca de
ajudar a desvendar o mistério do anos ausente e no Canadá, que fez questão de falar pistas que possam resolver o caso. A
seu desaparecimento — enquanto com mulheres que foram raptadas cabana onde é encontrada pela po-
enfrenta, sobretudo, o trauma dos
ao mesmo tempo e mantidas em cativeiro para se pre- lícia é um dos cenários recorrentes
acontecimentos do passado. Quando ajudar a desvendar parar para o papel, realça que esta da acção de Absentia e foi construí-
reemerge, a detective descobre que o é uma personagem algo singular na da de raiz propositadamente para o
marido Nick (Patrick Heusinger) vol-
o mistério do seu indústria televisiva. “Ela é uma mãe, efeito. É para lá que nos dirigimos ao
tou a casar-se com Alice (Cara The- desaparecimento mas também é uma guerreira, e não comando de Maria Feldman, que dis-
obold) e que o filho de nove anos, sei se este protótipo será muito co- tingue perfeitamente o trilho de ter-
Flynn (Patrick McAuley), não tem mum”, reflecte Katic. “Não queria ra enlameada e vegetação selvagem
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FOTOS: CORTESIA AXN
que ocupa o terreno. Não demora-
“Muitas séries mos muito a sair da estrada principal
americanas tentam para enveredar por um atalho que
nos leva ao nosso destino, mas que
polir tudo, mas esta só é acessível quando desbravamos
é extremamente caminho entre os arbustos.
O que encontramos é uma peque-
emocionante. na casa de madeira no meio da flores-
Como é que se lida ta circunscrita pela fita amarela que
assinala o local do crime. O verde do
com o regresso solo é salpicado por um manto bran-
de uma pessoa co que cobre as redondezas. Estamos
no início de Março e fazem apenas
que está morta?”, 10ºC em Sófia, mas a neve tem sido
pergunta o actor esporádica desde que a produção
se instalou na capital búlgara em Ja-
Patrick Heusinger neiro. “A sequência de abertura foi
A actriz Stana Katic (na foto
maior com o colega Patrick
Heusinger), conhecida pela
série Castle, é aqui Emily
Byrne, uma agente do FBI
que todos julgavam morta.
O filho (foto mais pequena)
não se lembra dela
construída com máquinas de fumo e
neve falsa”, explica a produtora. Se-
guimos para o interior, mas o espaço
aparenta estar vazio e abandonado
(já deverão ter sido filmadas todas
as cenas com este pano de fundo) e
passaria despercebido não fosse o
buraco entalhado no meio da caba-
na que pode ser uma pista sobre o
rapto de Emily.
O retorno à vida real vai ser um
processo doloroso não só para a de-
tective como para todos os que cho-
raram a sua morte. O irmão Jack (Neil
Jackson), um respeitado cirurgião
que se refugiou no álcool e perdeu a
licença profissional, mal começara a
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 31
recuperar da tragédia quando Emily
reaparece. “Muitas séries americanas
tentam polir tudo, mas esta série é
extremamente emocionante. Como
é que se lida com o regresso de uma
pessoa que está morta há seis anos?”,
atira o actor, assegurando que “aqui
não se evita o sofrimento”. Também
Nick, o marido de Emily que entre-
tanto casou novamente, tem de en-
frentar o trauma do seu regresso e
impedir que a sua unidade familiar
se desmorone. “É muito complicado:
durante quanto tempo procuramos
alguém antes de desistir?”, questiona
Patrick Heusinger.
Numa série como num filme
O actor norte-americano sublinha
que a intensidade de Absentia se
prende com o método de rodagem
em bloco escolhido
para as filmagens. Is-
to quer dizer que ca-
da dia está planea-
do ao milímetro
de acordo com
os locais de ro-
dagem e pode
percorrer cenas
do início, do meio e
do fim da trama. “Po-
demos ir do quinto ao
décimo episódio no mes-
mo dia e isso exige não
só remover ferimentos
como percorrer um árduo caminho
psicológico”, explica Heusinger, rei-
terando que “andar para a frente e
para trás a nível emocional é um de-
safio entusiasmante”.
Ao contrário do que acontece nor-
malmente na televisão norte-ameri-
cana, em que as séries contam com
diferentes realizadores para os vários
episódios gravados sequencialmen-
te, Absentia conta apenas com a visão
criativa de Oded Ruskin (que traba-
lhou com a produtora Maria Feldman
na série israelita False Flag). “Noutras
séries, temos acesso aos guiões com
um ou dois episódios de antecedên-
cia e vamos descobrindo as persona-
gens, mas neste caso sabemos as suas
trajectórias e podemos construí-las
como um todo”, diz Neil Jackson.
Para inserir a acção na cidade de
Boston, a série contou não só com a
floresta dos arredores de Sófia, mas
também com um estúdio na capital
búlgara que recriou uma rua ameri-
cana onde se podiam ver carros da
polícia. Maria Feldman revela tam-
bém que “foi feito um b-roll [um con-
junto de imagens filmadas a costu-
rar com as da história que se quer
contar] com gravações de paisagens
de Boston para serem usadas como
pano de fundo”.
Além de protagonizar a série, Sta-
na Katic é também produtora execu-
tiva de Absentia. A actriz compara o
processo criativo a “filmar três filmes
ao mesmo tempo” e sublinha que “a
prioridade é assegurar que os cole-
gas têm todas as condições para criar
ao máximo das suas capacidades”.
Quando se dá a inevitável compara-
ção com Castle — o policial que se de-
marcava também pelas tiradas cómi-
cas -, Katic refere que “como a histó-
ria é tão intensa, o riso é muito mais
vibrante quando alguém diz ‘corta’”.
A visita de imprensa ao set encami-
nha-se para o fim, mas antes ainda te-
mos a oportunidade de ver o primei-
ro take da cena do cemitério ensaiada
logo no início. Faz-se silêncio absolu-
to e Nick e Alice dirigem-se à lápide
de Emily de rosto soturno. Mas de
repente alguém grita “Flores!”.
Faltam as flores que Flynn deve
levar na mão para homenagear a
mãe. Por um momento, voltamos
ao mundo real, mas rapidamen-
te tudo está onde deve estar e a
história retoma.
O PÚBLICO viajou a
convite do AXN Portugal
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E M B A N CA
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Público Classificados • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 33

Mensagens TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL

CENTRO 10
Contratação de Pessoal DA COMARCA DE
LISBOA NORTE
MASSAGISTAS Docente (M/F) Juízo Local Criminal de Loures
Juiz 3
Prof. e sensuais. Processo: 418/15.4PKLRS
Av. Berna. Campo Peq.
1 - Foi publicado no Diário da República n.º 183, 2.ª Série, de 21 de ANÚNCIO
www.relax-corpo.com Processo Comum (Tribunal Sin-
setembro de 2017, edital relativo ao seguinte concurso documental, de gular)
Telm.: 964 842 005 A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Orlanda
âmbito internacional: Marques, do Tribunal Judicial da Co-
marca de Lisboa Norte - Juízo Local
ESSENCIA SPA Ref.ª CD-CTFP-61-ARH/2017 - Edital n.º 712/2017, para recrutamento de
Criminal de Loures - Juiz 3:
Faz saber que no Processo Co-
LISBOA - Massagistas um posto de trabalho de Professor Associado, na área disciplinar de Design, mum (Tribunal Singular), n.º
418/15.4PKLRS, pendente neste
alto nível. Cuide de si subárea de Design de Comunicação, para o Departamento de Comunicação Tribunal contra o arguido Celestino
Manuel Dutra Lima, filho de Diaman-
num ambiente de luxo e Arte da Universidade de Aveiro. tino Machado de Lima e de Maria
de Fátima Ramos Dutra, natural de
e requinte. Portugal - Angra do Heroísmo - Nos-
Telm.: 912 513 252 2 - O requerimento de candidatura deverá ser elaborado nos termos do sa Senhora da Conceição (Angra do
Heroísmo), nacional de Portugal,
edital antes referido. nascido em 12-03-1978, estado civil:
MASSAGISTA solteiro, profissão: desconhecida
DIPLOMADA - 3 - O prazo de candidaturas é de 30 dias úteis, contados a partir da data da ou sem profissão, NIF - 215520572,
BI - 11961927, domicílio: Rua Dom
Portuguesa, massag. publicação do edital no Diário da República. Duarte, Lote Z - 4.º frente, 2810-333
Almada, por se encontrar acusado
da prática do(s) crime(s):
relax, alivio stress, Aveiro, em 21 de setembro de 2017 - um crime de emissão de cheque
sem provisão, p. e p. pelo art.º 11.º,
dores musculares. n.º 1, al. a) do DL 454/91 de 28/12;
Telm.: 925 895 041
O Reitor, Prof. Doutor Manuel António Cotão de Assunção - um crime de burla, p. e p. pelo art.º
217 do Código Penal;
foi o mesmo declarado contumaz,
MASSAGISTA em 14-09-2017, nos termos do art.º
335.º do C. P. Penal.
PROFISSIONAL - A declaração de contumácia, que
caducará com a apresentação do
Portuguesa c/ formação arguido em juízo ou com a sua de-
vários tipos massagem.
tenção, tem os seguintes efeitos:
a) Suspensão dos termos ulteriores
do processo até à apresentação ou
Marquesa. Lisboa. Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares detenção do arguido, sem prejuízo
da realização de actos urgentes nos
Telm: 936 569 094 e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de termos do art.º 320.º do C. P. Penal;
b) Anulabilidade dos negócios jurídi-
Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente cos de natureza patrimonial celebra-
dos pelo arguido, após esta declara-
constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares ção; c) Proibição de obter quaisquer
documentos, certidões ou registos
e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país. junto de autoridades públicas, nos
termos do disposto no art.º 337.º,
REPÚBLICA Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio n.º 3 do referido diploma legal.
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade. N/ Referência: 134830814
Loures, 15-09-2017.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento
DA COMARCA
DE FARO
Juízo de Competência Genérica
de Vila Real de Santo António
Juiz 2
Processo: 331/17.0T8VRS
ANÚNCIO
Interdição / Inabilitação
Requerente: Ministério Público
Requerido: Isidro António Fer-
reira da Rosa
Faz-se saber que foi distribu-
ída neste tribunal, a ação de
Interdição / Inabilitação em que
é requerido Isidro António Fer-
reira da Rosa, com residência
em Rua da Palmeira, Vivenda
Mendes Piloto - Bairro do Ma-
tadouro, 8900 Hortas, Vila Real
de Santo António, para efeito de
ser decretada a sua interdição
por anomalia psíquica.
N/ Referência: 106968975
Vila Real de Santo António,
21-09-2017.
A Juíza de Direito
Dr.ª Márcia Maria Alves Baptista
A Oficial de Justiça
Odete Maria Simão C. Tenente
Público, 25/09/2017
www.dobrao.pt
COMPRAMOS/VENDEMOS
DA COMARCA DA COMARCA
DE SETÚBAL DE SETÚBAL
Juízo Local Cível de Setúbal
Juiz 1
Juízo Local Cível de Setúbal
Juiz 1
Processo: 6751/17.3T8STB Processo: 6740/17.8T8STB
ANÚNCIO ANÚNCIO
Interdição / Inabilitação
Requerente: Ministério Público
Interdição / Inabilitação
Requerente: Ministério Público
Requerido: Fábio Alexandre Fer-
reira Fernandes
Requerido: Osvaldo Francisco
Roberto
Faz-se saber que foi distribuída Faz-se saber que foi distribuída
neste tribunal, a ação de Inter- neste tribunal, a ação de Inter-
dição / Inabilitação em que é dição / Inabilitação em que é
requerido Fábio Alexandre Fer- requerido Osvaldo Francisco
reira Fernandes, com residência Roberto, com residência em
em domicílio: Acolhido no Exter- domicílio: Externato Rumo ao
nato Rumo ao Sucesso, Rua da Sucesso, Rua Salmoura, 30,
Salmoura, 30, Brejos de Azeitão, 2925-586 Brejos de Azeitão,
2925-586 Azeitão, para efeito de para efeito de ser decretada
ser decretada a sua interdição a sua interdição por anomalia
por anomalia psíquica. psíquica.
Passei o presente e outro de Passei o presente e outro de
igual teor para serem afixados. igual teor para serem afixados.
N/ Referência: 84649597 N/ Referência: 84649484
Setúbal, 21-09-2017. Setúbal, 21-09-2017.
A Juíza de Direito A Juíza de Direito
Dr.ª Ana Luísa Dias Dr.ª Ana Luísa Dias
A Oficial de Justiça A Oficial de Justiça
Idalina Vieira Idalina Vieira
Público, 25/09/2017 Público, 25/09/2017
Rua de S. Nicolau, 109 (Espadim)
1100-548 Lisboa
Tel. 21 346 99 50 - Fax 21 343 00 65
Tm: 925 005 709
Email: geral@dobrao.pt
Metro Baixa Chiado. Saída pela Rua do Crucifixo.

JÓIAS • OURO • PRATAS

EDITAL DE CASAMENTO
Álvaro Alberto de Sá Fagundes, Vice-
Cônsul do Brasil em Lisboa, usando das
atribuições que lhe confere o art.º 18 da
Lei de Introdução ao Código Civil, faz
saber que pretendem casar Wemerson
Silva Xavier, natural de Contagem, Minas
Gerais, Brasil, nascido a 30/06/1973, resi-
dente e domiciliado na Rua Doutor João
de Barros, n.º 25 - 10.º, Lisboa, Portugal,
Código-Postal: 1500-231, nesta jurisdi-
ção consular, filho de Francisco de Assis
Xavier e de Marli Geralda da Silva Xavier
e Janaina Brubo de Carvalho, natural de
Lassance, Minas Gerais, Brasil, nascida
a 04-07-1973, residente e domiciliada
na Rua Doutor João de Barros, n.º 25
- 10.º, Lisboa, Portugal, Código-Postal:
1500-231, nesta jurisdição consular, filha
de Altamiro Bruno de Carvalho e de Eva
Araújo de Carvalho.
Apresentaram os documentos exigidos
pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impedimen-
to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o
presente para ser afixado em lugar visível
da Chancelaria deste Consulado-Geral.
Mônica Sodré da Hora
Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
A Juíza de Direito
Dr.ª Orlanda Marques
mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais Público, 25/09/2017 - 1.ª Pub.
recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas
causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
ANTIGAS E MODERNAS
Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2, Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril CENTRO MOEDAS•NOTAS•RELÓGIOS DE BOLSO
Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org COMERCIAL
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra
COLOMBO Relógios de pulso antigos ou modernos de boas marcas
Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal AVENIDA DAS ÍNDIAS
Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org (PISO 0, JUNTO Estimados Clientes, por motivos de obras,
À PRAÇA CENTRAL)
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E,
9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org HORÁRIO: a partir de dia 19 de Junho, passamos a funcionar
2.ª FEIRA – DOMINGO:
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim
10H – 24H na mesma rua no número 109 (Espadim)
Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro
INFO: 210 111 010 AVALIADOR OFICIAL CREDENCIADO PELA CASA DA MOEDA (INCM)
Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org

CARTA FECHADA 
INSOLVÊNCIA DE SERAFIM MANUEL PEREIRA FERNANDES
COMARCA DA MADEIRA, JUÍZO DE COMÉRCIO DO FUNCHAL - JUIZ 1
PROC. N.º 2069/13.9TBFUN
VENDESE
E DE MARIA AURORA PEREIRA FERRAZ FERNANDES AgênciadeLeilões 1)
COMARCA DA MADEIRA, JUÍZO DE COMÉRCIO DO FUNCHAL - JUIZ 1 UNIVERSIDADE DE LISBOA
PROC. N.º 1061/14.0TBFUN
Emanuel Gamelas e João Carlos Cunha da Cruz, Administradores de Insolvência nos processos acima referen-
CH 
comlogradouro FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
ciados, fazem saber que, em conjunto, se vai proceder à venda extrajudicial, através de negociação particular
e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, do bem imóvel dos insolventes a seguir
identificados: em C
C/ C
 
Descrição
Fração autónoma, designada pela letra “H”, correspondente a uma habitação no terceiro
Valor mínimo
de licitação (€)
*Novascondições* AVISO
andar direito, entrada pelo n.º 92, do prédio urbano em regime de propriedade horizontal,
sito na Rua Pedro Homem de Melo, n.º 92, da referida freguesia de Águas Santas, descrita 30.800,00 Receçãodepropostasaté10/11/2017
na 2.ª Conservatória do Registo Predial da Maia com o número 1499 e, inscrita na matriz Procedimento Concursal para o provimento
com o artigo 6343. Visitassópormarcação
REGULAMENTO: do cargo de direcção intermédia de 2.º grau
1. As propostas serão remetidas até ao dia 20/10/2017, em carta fechada, dirigida para: Administrador de Local:RuadeSantaIsabel,n.º25,Carvalhais
Insolvência do Processo n.º 2069/13.9TBFUN, “Resposta ao Anúncio”, Rua Beatriz Costa, N.º 6 - Loja
B, 2610-195 Alfragide, podendo ainda ser entregue pessoalmente ao Administrador de Insolvência até à
- Divisão de Recursos Financeiros
hora marcada para a abertura das mesmas.
deCima,Assafarge,Coimbra
2. A abertura das propostas é no dia 24/10/2017, pelas 10:30H, no escritório do Administrador de Insolvência
sito na Rua Beatriz Costa N.º 6 - Loja B, Alfragide (Amadora).  CoordenadasGPS:40.167667,8.434806ou Consultar o Aviso n.º 11050, publicado no Di-
3. As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao valor mínimo de licitação e conter os seguintes
elementos: identificação do proponente (nome ou denominação social completa, morada, número de con- 40°10'03.6"N8°26'05.3"W ário da República n.º 184, 2.ª Série, de 22 de
tribuinte ou de pessoa coletiva, nome do representante legal, em caso de pessoa coletiva, Telefone e/
ou Fax), declaração de aceitação integral das presentes condições e identificação do valor oferecido por
extenso e expresso em euros, sob pena de as propostas serem excluídas. setembro de 2017
4. Caso não haja nenhuma proposta de valor igual ou superior ao valor de licitação, poderão vir a ser consi-
deradas propostas de valor inferior, sem qualquer compromisso de adjudicação à de maior valor, sendo as
mesmas posteriormente submetidas a análise dos Administradores das Insolvências. A oferta encontra-se publicitada na Bolsa de
5. As ofertas deverão ser acompanhadas de dois cheques/caução, um emitido à ordem da Massa Insolvente
de Serafim Manuel Pereira Fernandes e outro emitido à ordem da Massa Insolvente de Maria Aurora Pereira Emprego Público (BEP) em www.bep.gov.pt, e
Ferraz Fernandes, correspondente cada um a 10% do valor proposto (total de 20% do valor proposto).
A não entrega do sinal em simultâneo com a apresentação da proposta implica necessariamente a sua
exclusão. Os cheques apresentados pelos proponentes cujas propostas não sejam adjudicadas serão de-
na página da FMV em www.fmv.ulisboa.pt.
volvidos imediatamente.
6. Os bens e/ou direitos acima identificados são vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram,
Inventário(Herança)deJoaquimFerreiraCarriço.Processon.º4437/15 O prazo de candidatura encerra a 09.10.2017
sendo da responsabilidade do comprador todos os custos inerentes à aquisição. CartórioNotarialdeMariaJoanaGoulãoMachado
7. A transmissão do bem e/ou direito acima identificado será feito ao proponente que apresente a proposta de
maior valor, com respeito pelos termos e condições deste regulamento de venda, e a posse dos bens e/ou
direitos referidos apenas será transmitido na data da outorga do contrato de compra e venda.
Venda efetuada através de Negociação Particular, nos termos do disposto
noartigo833.ºdoCódigodoProcessoCivil(CPC).
Faculdade de Medicina Veterinária, 22 de se-
8. Qualquer situação de incumprimento do proponente determinará a perda dos montantes já pagos, seja a
que título for, a favor das Massas Insolventes. tembro de 2017
9. Se por causa não imputável aos proponentes, a venda for considerada sem efeito, por quem de direito, as Maisdetalhesecondiçõesdevendaemw w w . l i g e n c i a . p t 
quantias recebidas serão devolvidas em singelo.
10. Na data da abertura das propostas será lavrada uma ata da respetiva sessão da abertura de propostas, com g e r a l @ l i g e n c i a. p t  | 9 1 7 5 5 7 8 5 3  /  2 3 9 1 0 4 1 3 5  O Diretor Executivo
a descrição das propostas e sinais entregues. A ata e as propostas serão remetidas aos autos do processo
de insolvência, para consulta pelos credores e demais interessados.
1) João Carlos Mingachos de Oliveira
Público, 25/09/2017 - 1.ª Pub. AutorizadaparaoexercíciodeatividadeleiloeirapelaDGAE.
 Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.
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34 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
SAIR
CINEMAS
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Índice Médio de Felicidade 15h25,
21h50; Adeus Índia M12. 13h20,
19h45; Bigfoot Júnior M6. 15h55
(V.Port./2D); Reviver o Passado em
Montauk M12. 13h15, 15h20, 17h35, 19h50,
21h55; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
13h, 15h50, 17h55, 18h40, 21h30; Os Crimes
de Limehouse M16. 13h35, 17h30, 21h35
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
A Fábrica de Nada M14. 16h, 21h; 3 Curtas
Portuguesas M12. 14h30, 19h30
CinemaCity Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Renegados M12. 15h35; Gru - O
Maldisposto 3 M6. 15h40 (V.Port./2D); De
Braços Abertos M12. 22h10; Emoji: O
Filme M6. 15h25 (V.Port./2D); Barry Seal:
Traficante Americano M12. 13h25, 19h40,
21h25, 00h15 ; 6 Dias M16. 13h25, 20h15,
00h05; Bigfoot Júnior M6. 13h30, 15h30,
17h40 (V.Port./2D); It M16. 13h10, 16h,
17h30, 18h45, 21h45, 23h50; Assassino
Americano M16. 13h25, 17h40, 19h50,
22h, 00h25; Sorte à Logan M18. 21h55,
00h25; Uma Casa Cheia M12. 13h40, 15h45,
17h50, 19h55, 21h50, 00h30; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. 13h20, 15h40, 17h25,
18h30, 21h20, 00h10; Mãe! M16. 13h10,
16h10, 19h, 21h30, 24h
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Renegados M12. 15h20, 21h; Annabelle: A
Criação do Mal M16. 13h45, 16h20, 18h55,
21h25; Emoji: O Filme M6. 13h15, 15h35,
17h50 (V.Port./2D); A Torre Negra M14.
22h; O Guarda-Costas e o Assassino M16.
13h25, 16h10, 18h50, 21h35; Barry Seal:
Traficante Americano M12. 13h10,
15h40, 18h40, 21h10; First Kill - Caça ao
Homem M12. 20h45; Bigfoot Júnior M6.
13h35, 16h05, 18h15 (V.Port./2D); It M16.
14h10, 15h30, 18h25, 21h20; Assassino
Americano M16. 13h50, 16h40, 19h15,
21h50; Sorte à Logan M18. 17h10,
21h35; Uma Casa Cheia M12. 13h30,
15h50, 18h35, 21h10; The Bad Batch - Terra
Sem Lei M18. 18h; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 14h, 17h, 21h30; Mãe! M16.
13h20, 16h, 18h45, 21h40
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Um Rico Sovina M12. 17h20, 19h30, 21h50,
00h15; De Braços Abertos M12. 13h30,
15h40, 18h30, 21h10, 23h30; Emoji: O
Filme M6. 12h50, 15h (V.Port./2D); Barry
Seal: Traficante Americano M12. 13h10,
16h10, 18h50, 21h30, 00h05; Reviver
o Passado em Montauk M12. 20h50,
23h20; Uma Casa Cheia M12. 13h, 15h20,
18h20, 21h40, 00h20; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 14h, 17h, 21h, 24h; Mãe! M16.
13h20, 16h, 18h40, 21h20, 00h10
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Renegados M12. 13h15, 15h50, 18h20; O
Guarda-Costas e o Assassino M16.
20h30, 23h30; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 19h, 21h40, 00h25; First
Kill - Caça ao Homem M12. 21h10,
23h40; Bigfoot Júnior M6. 13h20, 15h40,
18h (V.Port./2D); It M16. 12h30, 15h30, 18h30,
21h30, 00h30 ; Assassino Americano M16.
13h, 16h, 18h40, 21h50, 00h25; Sorte
à Logan M18. 13h25, 16h10; Uma Casa
Cheia M12. 12h45, 15h10, 17h40, 20h40,
23h20; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
13h10, 16h30, 20h50, 24h; Mãe! M16. 12h35,
15h20, 18h10, 21h, 23h50; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. Sala Imax 13h40, 17h,
21h20, 00h20
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Barry Seal: Traficante Americano M12.
13h, 15h30, 18h20, 21h20, 23h50; Bigfoot
Júnior M6. 13h30, 15h50, 18h10
(V.Port./2D); It M16. 12h50, 15h40,
18h40, 21h30, 00h20; Assassino
Americano M16. 13h20, 16h, 18h30,
21h10, 00h10; Detroit M16. 20h50,
23h40; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
14h, 17h30, 21h, 24h; Mãe! M16. 13h10,
16h10, 18h50, 21h50, 00h30
Culturgest
R. Arco do Cego. T. 217905155
Doclisboa 2017 Vários horários
Medeia Monumental
Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223
It M16. 13h45, 16h20, 18h55, 21h30; Uma
Casa Cheia M12. 13h30, 15h30, 17h30,
22h; Arranha-Céus M18. 19h15; Arranha-
Céus M18. 19h30; Detroit M16. 13h45,
16h30, 19h15, 22h; Mãe! M16. 12h10, 14h30,
16h50, 19h10, 21h45
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
A Fábrica de Nada M14. 14h, 17h30, 21h30
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996
Renegados M12. 13h15, 15h50, 20h50,
23h30; Annabelle: A Criação do Mal M16.
21h50, 00h25; Emoji: O Filme M6. 13h45,
16h10, 18h45 (V.Port./2D); O Guarda-
Costas e o Assassino M16. 12h35, 15h35,
18h15, 21h, 23h50; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 13h10, 15h50, 18h50, 21h40,
00h15; First Kill - Caça ao Homem M12.
13h40, 16h30, 19h, 22h; 6 Dias M16.
18h15; Bigfoot Júnior M6. 12h55, 15h15, 17h40
(V.Port./2D); It M16. 12h30, 15h30, 18h30,
21h30, 00h30; Assassino Americano M16.
12h45, 15h25, 18h05, 21h05, 23h55; Sorte à
Logan M18. 13h05, 15h55, 18h55, 21h45; Uma
Casa Cheia M12. 13h30, 16h, 18h20, 21h15,
23h45; The Bad Batch - Terra Sem Lei M18.
00h25; Detroit M16. 20h45, 24h; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. 13h, 14h, 16h20, 17h30,
20h30, 21h10, 23h40, 00h20; Os Crimes de
Limehouse M16. 00h25; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. Sala 4DX - 12h50, 15h40, 18h40,
21h30, 00h30
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Renegados M12. 15h35, 19h45,
00h20; Valerian e a Cidade dos Mil
Planetas 15h55; Atomic Blonde - Agente
Especial M16. 21h30; Annabelle: A Criação
do Mal M16. 24h; Emoji: O Filme M6.
13h30, 15h30, 17h45 (V.Port./2D); A Torre
Negra M14. 21h55, 23h50; O Guarda-
Costas e o Assassino M16. 13h40, 16h10,
21h35, 00h05; Um Voo Em Grande M6.
13h35 (V.Port./2D); Barry Seal: Traficante
Americano M12. 19h10, 21h40, 00h15; First
Kill - Caça ao Homem M12. 13h55, 15h45,
20h; Alibi.com M14. 19h40; Bigfoot
Júnior M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h50
(V.Port./2D); It M16. 13h15, 16h, 18h40, 19h,
21h45, 23h55; Assassino Americano M16.
13h35, 17h50, 22h, 00h25; Sorte
à Logan M18. 21h50; Uma Casa
Cheia M12. 13h30, 15h30, 17h35, 21h30,
23h45; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
13h25, 15h40, 17h30, 18h30, 21h20,
00h10; Mãe! M16. 13h20, 16h15, 18h45,
21h25, 00h30
UCI Dolce Vita Tejo
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Renegados M12. 19h05, 21h25; Carros
3 M6. 16h10 (V.Port./2D); Emoji: O Filme M6.
13h40, 16h05 (V.Port./2D); O Guarda-
Costas e o Assassino M16. 13h30, 16h25,
19h05, 21h40; Um Voo Em Grande M6.
13h55 (V.Port./2D); First Kill - Caça ao
Homem M12. 14h15, 16h45, 19h20,
21h35; Bigfoot Júnior M6. 14h05, 16h20,
18h40 (V.Port./2D); It M16. 13h15, 16h, 18h50,
21h35; Assassino Americano M16. 13h30,
16h35, 19h10, 21h40; Sorte à Logan M18.
21h40; Uma Casa Cheia M12. 14h20,
Em estreia
lazer@publico.pt
Uma Casa Cheia
De Hallie Meyers-Shyer.
Com Lake Bell, Reese
Witherspoon, Michael
Sheen. EUA. 2017. 97m.
Comédia Dramática. M12.
Depois de uma separação
bastante dolorosa, Alice
Kinney decide começar
uma nova vida com as duas
filhas em Los Angeles, a sua
cidade-natal. Tudo parece
estar a entrar nos eixos até
ela conhecer três aspirantes
a realizadores que precisam
de um lugar para morar. Alice
concorda em dar-lhes guarida
por algum tempo, nunca
imaginando que, contra todas
as probabilidades, acabaria
apaixonada por um deles...
Kingsman: O Círculo
Dourado
De Matthew Vaughn. Com
Taron Egerton, Colin Firth,
Mark Strong, Jeff Bridges.
EUA/GB. 2017. 141m.
Comédia, Acção. M14.
Depois da base de operações
da Kingsman, em Londres, ser
atacada e totalmente destruída,
Eggsy e Merlin são enviados
para os EUA para se juntarem
aos Statesman, os seus
homólogos norte-americanos.
Lá, eles vão ter de encontrar
uma forma de derrotar a
pouco escrupulosa líder de
uma organização criminosa
que se prepara para dominar o
mundo...
A Fábrica de Nada
A Fábrica de Nada
De Pedro Pinho. Com Carla
Galvão, Joaquim Bichana
Martins , Dinis Gomes, Njamy
Sebastião, Américo Silva,
José Smith Vargas. POR.
2017. 177m. Drama, Musical.
M14.
A história de um grupo
de operários que tenta
salvaguardar os seus postos
de trabalho e evitar o
encerramento de uma fábrica
através de um sistema de
autogestão colectiva. Como
forma de retaliação, enquanto
decorrem as negociações para
os despedimentos, os patrões
obrigam-nos a permanecer nos
seus postos, sem nada que fazer.
Mãe!
De Darren Aronofsky. Com
Jennifer Lawrence, Javier
Bardem, Ed Harris, Michelle
Pfeiffer. EUA. 2017. 115m.
Drama, Terror. M16.
Um casal vive numa casa
isolada onde ele, um poeta em
crise de inspiração, viveu toda
a sua infância. Certa noite,
são visitados por um estranho
que diz ser médico. O marido
decide acolhê-lo. Depois chega
a mulher do médico e, mais
tarde, os filhos de ambos. A
presença daqueles estranhos
hóspedes depressa começa a
tomar conta de toda a casa,
possuindo-a e deixando a
proprietária com uma sensação
de terror crescente...
16h40, 19h10, 21h45; Detroit M16. 18h20,
21h20; Mãe! M16. 14h05, 16h45, 19h15,
21h50
Barreiro
Castello Lopes - Fórum Barreiro
Campo das Cordoarias. T. 212069440
Renegados M12. 18h30; It M16. 15h20,
18h10, 21h10; Assassino Americano
M16. 21h20; Sorte à Logan M18. 15h30;
Kingsman: O Círculo Dourado M14. 15h55,
18h40, 21h30; Mãe! M16. 15h40, 18h20,
21h30
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
Barry Seal: Traficante Americano M12.
13h30, 16h10, 18h50, 21h20, 23h50; First Kill
- Caça ao Homem M12. 20h45, 23h20;
Bigfoot Júnior M6. 13h20, 16h, 18h35
(V.Port./2D); It M16. 12h50, 15h30, 18h15, 21h,
24h; Assassino Americano M16. 13h,
15h40, 18h40, 21h10, 23h40; Uma Casa
Cheia M12. 12h45, 15h05, 17h25, 20h55,
23h30; Kingsman: O Círculo Dourado
M14. 12h20, 15h20, 18h25, 21h10, 00h15;
Mãe! M16. 12h50, 15h30, 18h15, 21h, 24h
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Barry Seal: Traficante Americano M12.
21h20; 6 Dias M16. 12h30, 14h30, 16h40,
19h20, 21h35; Bigfoot Júnior M6. 14h,
16h30, 19h (V.Port./2D); Reviver o Passado
em Montauk M12. 13h10, 16h, 19h10,
21h25; Detroit M16. 11h50, 15h30, 18h40,
21h30; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
12h10, 15h, 17h55, 21h10
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
Renegados M12. 19h; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 21h20; Bigfoot Júnior M6.
15h, 17h (V.Port./2D); It M16. 15h40, 18h30,
21h20; Uma Casa Cheia M12. 15h10, 17h20,
19h30, 21h40; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 15h50, 18h40, 21h30
Carcavelos
Atlântida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga. T. 214565653
A Vida de Uma Mulher M12. 15h,
21h30; Mãe! M16. 15h, 21h30
Sintra
Cinema City Beloura
Rua Matos Cruzadas, EN 9.
T. 219247643
De Braços Abertos M12. 19h55,
21h50; Emoji: O Filme M6. 15h30
(V.Port./2D); O Guarda-Costas e o
Assassino M16. 21h55; Barry Seal:
Traficante Americano M12. 19h30,
21h45; Dia de Surf 2 M6. 15h50
(V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6. 15h45,
17h30 (V.Port./2D); It M16. 16h, 18h45,
21h30; Reviver o Passado em Montauk M12.
15h40, 17h45, 19h50; Uma Casa Cheia M12.
15h35, 17h40, 19h45, 22h; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. 15h30, 17h55, 18h30,
21h40; Mãe! M16. 16h20, 19h, 21h35; Os
Crimes de Limehouse M16. 17h45, 21h25
Castello Lopes - Fórum Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Renegados M12. 14h, 16h10, 21h35; Emoji:
O Filme M6. 18h30 (V.Port./2D); O Guarda-
Costas e o Assassino M16. 14h, 16h25; Barry
Seal: Traficante Americano M12. 15h,
21h35; 6 Dias M16. 19h30; Bigfoot
Júnior M6. 17h30 (V.Port./2D); It M16. 15h50,
18h40, 21h30; Assassino Americano M16.
18h50, 21h15; Uma Casa Cheia M12.
15h30, 18h20, 21h40; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. 15h40, 18h30,
21h20; Mãe! M16. 16h, 18h50, 21h45
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Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira Cunha. T. 244845071
De Braços Abertos M12. 19h30; Emoji:
O Filme M6. 16h10, 17h25 (V.Port./2D); O
Guarda-Costas e o Assassino M16.
21h45; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 22h10; Dia de Surf 2 M6.
15h30 (V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6.
15h40 (V.Port./2D); It M16. 16h, 17h55,
18h45, 21h30; Assassino Americano M16.
15h45, 21h50; Sorte à Logan M18. 21h25; A
Fábrica de Nada M14. 19h; Kingsman: O
Círculo Dourado M14. 15h50, 17h40, 18h40,
21h35; Mãe! M16. 16h10, 19h10, 21h40
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Renegados M12. 14h, 21h20; Emoji: O Filme
M6. 15h (V.Port./2D); Um Voo Em Grande M6.
16h20 (V.Port./2D); Barry Seal: Traficante
Americano M12. 19h10, 21h40; Dia de Surf
2 M6. 14h30 (V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6.
15h10, 17h10 (V.Port./2D); It M16. 15h40,
18h30, 21h20; Assassino Americano M16.
17h, 19h20, 21h50; Uma Casa Cheia M12.
15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Detroit M16.
18h20; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
15h50, 18h40, 21h30; Mãe! M16. 16h30, 19h,
21h30
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Renegados M12. 14h30, 21h30; Emoji: O
Filme M6. 14h50, 16h50 (V.Port./2D); Um
Voo Em Grande M6. 14h40 (V.Port./2D);
Barry Seal: Traficante Americano M12.
18h50, 21h20; Dia de Surf 2 M6. 17h
(V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6. 15h30,
17h50, 19h50 (V.Port./2D); It M16. 15h40,
18h30, 21h20; Assassino Americano M16.
21h50; Sorte à Logan M18. 19h; Uma
Casa Cheia M12. 15h10, 17h20, 19h30,
21h40; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
15h50, 18h40, 21h30; Mãe! M16. 16h40,
19h10, 21h40
Montijo
Cinemas Nos Fórum Montijo
C. C. Fórum Montijo. T. 16996
O Guarda-Costas e o Assassino M16.
21h; Barry Seal: Traficante Americano M12.
13h10, 15h50, 18h20, 21h10; Bigfoot
Júnior M6. 13h30, 16h, 18h25 (V.Port./2D);
It M16. 12h45, 15h40, 18h35, 21h35;
Assassino Americano M16. 13h05, 15h35,
18h40, 21h30; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 12h25, 15h25, 18h25,
21h25; Mãe! M16. 13h, 15h45, 18h30, 21h15
Odivelas
Cinemas Nos Odivelas Parque
C. C. Odivelasparque. T. 16996
Barry Seal: Traficante Americano M12.
20h50; Bigfoot Júnior M6. 13h20, 15h30,
17h50 (V.Port./2D); It M16. 12h50, 15h35,
18h20, 21h; Assassino Americano M16. 13h,
15h20, 18h, 20h55; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 12h35, 15h25, 18h15, 21h10;
Mãe! M16. 13h10, 15h50, 18h30, 21h20
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Emoji: O Filme M6. 13h20, 15h40,
18h05 (V.Port./2D); O Guarda-Costas e
o Assassino M16. 12h40, 15h25, 18h15,
21h10, 00h30; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 13h05, 15h50, 18h40,
21h15; Dia de Surf 2 M6. 13h, 15h15
(V.Port./2D); It M16. 12h30, 15h30, 18h30,
21h30, 23h55; Sorte à Logan M18. 18h,
21h20, 00h15; Detroit M16. 20h50,
24h; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
13h30, 17h30, 21h, 00h10; Mãe! M16. 12h30,
15h20, 18h10, 21h40, 23h50
Miraflores
Cinemas Nos Dolce Vita Miraflores
Av. das Túlipas. T. 707 CINEMA
O Guarda-Costas e o Assassino M16.
21h30; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 15h20, 18h20,
21h20; Bigfoot Júnior M6. 15h, 17h30
(V.Port./2D); It M16. 15h, 18h, 21h; Kingsman:
O Círculo Dourado M14. 15h10, 18h10, 21h10
Torres Novas
Castello Lopes - TorreShopping
Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752
Assassino Americano M16. 18h20,
21h10; Sorte à Logan M18. 13h,
15h30; Kingsman: O Círculo Dourado M14.
12h50, 15h40, 18h30, 21h20
Torres Vedras
Cinemas Nos Torres Vedras
C.C. Arena Shopping. T. 16996
Renegados M12. 21h45; Barry Seal:
Traficante Americano M12. 12h50, 15h30,
18h, 20h45; Dia de Surf 2 M6. 13h, 15h,
17h10, 19h30 (V.Port./2D); Kingsman:
O Círculo Dourado M14. 14h, 17h30,
21h; Mãe! M16. 13h15, 16h, 18h45,
21h35; It M16. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Renegados M12. 15h30, 21h15; O Guarda-
Costas e o Assassino M16. 21h10; Barry
Seal: Traficante Americano M12.
15h40; Bigfoot Júnior M6. 18h
(V.Port./2D); It M16. 15h20, 18h10, 21h; Sorte
à Logan M18. 18h30; Uma Casa Cheia M12.
16h, 18h50, 21h40; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 14h, 17h30, 21h20; Mãe! M16.
15h50, 18h40, 21h30
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
A Fábrica de Nada M14. 21h30
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
Renegados M12. 00h10; Annabelle:
A Criação do Mal M16. 21h45; Emoji:
O Filme M6. 13h30, 15h30, 17h35
(V.Port./2D); A Torre Negra M14. 19h45; O
Guarda-Costas e o Assassino M16.
15h20, 21h45, 00h15; Barry Seal:
Traficante Americano M12. 13h50,
16h15, 21h50, 00h20; First Kill - Caça ao
AS ESTRELAS
DO PÚBLICO
Detroit
Cidade Pequena
Coelho Mau
Farpões, Baldios
Reviver o Passado em Montauk
The Bad Batch-Terra sem Lei
Os Crimes de Limehouse
A Fábrica de Nada
Kigsman - O Círculo Dourado
Mãe!
Sorte à Logan
Una - Negra Sedução
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Homem M12. 13h15, 19h55, 00h30; Bigfoot
Júnior M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40
(V.Port./2D); It M16. 13h15, 16h, 17h50,
18h45, 19h, 21h30, 00h15 ; Assassino
Americano M16. 13h25, 15h35, 21h25,
23h50; Sorte à Logan M18. 21h40; Uma
Casa Cheia M12. 13h30, 15h35, 17h45,
21h55, 00h05; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 13h20, 15h40, 17h45, 18h30,
21h20, 00h10 ; Mãe! M16. 13h20, 16h10, 19h,
21h35, 00h05
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
Renegados M12. 19h; Carros 3 M6. 16h30
(V.Port./2D); Emoji: O Filme M6. 15h20,
17h20 (V.Port./2D); Um Voo Em Grande M6.
14h20 (V.Port./2D); Barry Seal: Traficante
Americano M12. 21h30; Dia de Surf 2 M6.
14h30 (V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6.
15h, 17h (V.Port./2D); It M16. 15h40, 18h30,
21h20; Assassino Americano M16. 19h20,
21h50; Sorte à Logan M18. 18h50; Uma
Casa Cheia M12. 15h10, 17h30, 19h30,
21h40; Detroit M16. 21h20; Kingsman:
O Círculo Dourado M14. 15h50, 18h40,
21h30; Mãe! M16. 16h40, 19h10, 21h40
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Barry Seal: Traficante Americano M12.
00h25; Barry Seal: Traficante
Americano M12. 13h15, 15h50, 18h15,
21h10; Bigfoot Júnior M6. 13h05, 15h20
(V.Port./2D); It M16. 12h45, 15h40, 18h35,
21h40, 00h30; Assassino Americano M16.
17h50, 21h, 23h30; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 12h35, 15h30, 18h25, 21h30,
23h40; Mãe! M16. 12h55, 16h, 18h45, 21h20,
24h
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Renegados M12. 17h, 21h30; Gru - O
Maldisposto 3 M6. 15h30 (V.Port./2D);
Emoji: O Filme M6. 14h40, 16h40 (V.Port./2D);
O Guarda-Costas e o Assassino M16.
21h20; Barry Seal: Traficante Americano
M12. 18h40, 21h10; Dia de Surf 2 M6.
17h30 (V.Port./2D); First Kill - Caça ao
Homem M12. 14h30, 19h20; 6 Dias M16.
19h40, 21h50; Bigfoot Júnior M6. 14h50,
16h50 (V.Port./2D); It M16. 15h40, 18h30,
21h20; Una - Negra Sedução M16.
17h30; Assassino Americano M16.
15h10, 19h30, 21h50; Sorte à Logan M18.
18h50; Uma Casa Cheia M12. 15h10, 17h20,
Jorge
Mourinha
Luís M.
Oliveira
Vasco
Câmara
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm – Campos de Vida De Sonia Falcone. De
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm – –
– mmmmm mmmmm
mmmmm – –
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm
mmmmm
–
– mmmmm
–
mmmmm – –
– mmmmm – Cascais
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 35
19h30, 21h40; Kingsman: O Círculo
Dourado M14. 15h50, 18h40, 21h30;
Mãe! M16. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40
Portimão
Cineplace - Portimão
Quinta da Malata, Lote 1.
Renegados M12. 18h30; Emoji: O Filme M6.
14h (V.Port./2D); Barry Seal: Traficante
Americano M12. 16h; Dia de Surf 2 M6.
14h20 (V.Port./2D); Bigfoot Júnior M6. 15h20,
17h20 (V.Port./2D); It M16. 15h30, 18h20,
21h10; Assassino Americano M16. 19h20,
21h50; Uma Casa Cheia M12. 15h, 17h10,
19h20, 21h40; Detroit M16. 21h; Kingsman:
O Círculo Dourado M14. 15h50, 18h40,
21h30; Mãe! M16. 16h20, 18h50, 21h20
TEATRO
Lisboa
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
Tape Face De 25/9 a 26/9. 2ª e 3ª às 21h30.
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586
Eduardo Madeira Convida De 31/7 a 25/9.
2ª às 21h30.
EXPOSIÇÕES
Lisboa
Centro Comercial Colombo
Av. Lusíada . T. 217113600
O Mundo Fantástico de Paula Rego
De 27/6 a 27/9. Todos os dias das 10h às 00h.
Cordoaria Nacional
Avenida da Índia. T. 213646128
Van Gogh Alive - The Experience De 30/6 a
22/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 10h às 20h. 6ª
e Sáb das 10h às 21h (e véspera de feriado).
Fundação e Museu Calouste Gulbenkian
Avenida de Berna, 45A. T. 217823000
Às Vezes Sombra, às Vezes Luz De Marie
José Burki. De 15/9 a 20/11. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb
e Dom das 10h às 18h (Espaço Projecto).
Escultura em Filme De 14/7 a 2/10. 2ª, 4ª,
5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 18h
(Jardim de Verão 2017). Louis Legrand
(1863-1951) De 5/7 a 30/11. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb
e Dom das 10h às 18h. Livros.
MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e
Tecnologia
Avenida Brasília - Central Tejo. T. 210028130
APQhome - MAAT De Ana Pérez-Quiroga.
De 17/5 a 9/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom
das 12h às 20h (Cinzeiro 8). Prémio Novos
Artistas Fundação EDP 2017 De Ana
Cardoso, Bernardo Correia, João Gabriel,
Ana Guedes, Igor Jesus, Claire de Santa
Coloma. De 21/6 a 9/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb
e Dom das 12h às 20h. Tensão & Conflito.
Arte em vídeo após 2008 De 13/9 a 19/3. 2ª,
4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h.
Palácio Nacional da Ajuda
Largo da Ajuda. T. 213637095
16/9 a 31/12. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das
10h às 18h. Joan Miró: Materialidade e
Metamorfose De 8/9 a 8/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb
e Dom das 10h às 18h.
PORTA 14 calçada do correio velho
Calçada do Correio Velho, 10-14.
Sérgio Taborda De 1/9 a 8/10.
2ª a 6ª das 10h às 19h.
FESTIVAIS
Cascais
Lumina - Festival da Luz 2017
De 22/9 a 29/9. Todos os dias. 6.ª edição.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço Permanente
Bruxellas (À Estrada da Luz - Metro Laranjeiras)
- Rua Manuel da Silva, Leal, 11 - B - Tel. 217210561
Esperança - Rua Carlos Mardel, 101-B - Tel.
218482868 Lemos (Olivais Sul) - Rua Cidade
da Beira, 46 - C - Tel. 218531692 Moura (Ajuda)
- Travessa da Memória, 55 - Tel. 213630944
Lambert - Rua Pedro Bandeira, 2-A - Tel.
217579628
Outras Localidades/Serviço Permanente
Abrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do
Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense
Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal -
Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça
- Epifânio Alcochete - Cavaquinha, Póvoas
(Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer -
Varela Aljustrel - Pereira Almada - Cerqueira
(Cova da Piedade), Pepo (Vila Nova da Caparica)
Almeirim - Central Almodôvar - Ramos Alpiarça
- Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal
(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama,
Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira
(Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito -
Nobre Sobrinho Amadora - Carlos, Gaspar Pote
Ansião - Medeiros (Avelar), Pires (Santiago da
Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches
- Batista, Esperança (Esperança/Arronches)
Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova
de Aviz Azambuja - Nova, Peralta (Alcoentre),
Ferreira Camilo (Manique do Intendente)
Barrancos - Barranquense Batalha - Ferraz,
Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos
Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente -
Batista Bombarral - Hipodermia Borba - Central
Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval
(Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Maldonado
Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central
do Cartaxo Cascais - Carvalho (Alcabideche),
das Areias (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis
Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Leal
Mendes Castro Verde - Alentejana Chamusca
- Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida
Covilhã - Parente Cuba - Da Misericórdia
Elvas - Europa Entroncamento - Almeida
Gonçalves Estremoz - Costa Évora - Paços
Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo -
Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro,
Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere)
Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda),
Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide)
Fundão - Avenida Gavião - Gavião Golegã -
Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova
- Andrade (Idanha A Nova) Lagoa - José Maceta
Lagos - Ribeiro Lopes Loulé - Miguel Calçada,
Avenida, Paula (Salir) Loures - Vale de Figueira
Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar)
Mação - Catarino Mafra - Marques (Azueira),
Coral Marinha Grande - Guardiano Marvão -
Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Silva
Rocha Monchique - Higya Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Central Mora - Canelas
Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura
- Nova de Moura Mourão - Central Nazaré
- Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré)
Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/
Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira
Odivelas - Santa Rita Oeiras - Pargana (Paço
de Arcos) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito
- Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes
(Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourique - Nova
(Garvão), Ouriquense Palmela - Ideal (Águas
de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo
Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal
- Barros Ponte de Sor - Matos Fernandes
Portalegre - Chambel Suc. Portel - Fialho Porto
de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel
de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier
da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins
Rio Maior - Candido Barbosa Salvaterra de
Magos - Carvalho Santarém - Vitorino Santiago
do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho
Seixal - São Bento Serpa - Serpa Jardim Sertã -
Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim)
Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Viso Silves -
Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Atlântico,
Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Guerra
Rico (Agualva), Quinta das Flores (Massamá),
Simões Sobral Monte Agraço - Costa Sousel -
Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Maria
Aboim Tomar - Alfa (Porto da Laje) Torres
Novas - Central Torres Vedras - Santa Cruz
Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo
- Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei -
Silva Domingos Vila Franca de Xira - Eduardo
A. César, Valentim LDA., Simões Dias (Bom
Sucesso) Vila Nova da Barquinha - Tente
(Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira
Vila Real de Santo António - Pombalina Vila
Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha
Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Chamusca - Central da Parreira (Parreira)
Montijo - João XXI Ourém - Avenida Portimão
- Rio Redondo - Alentejo Setúbal - Aranguez
Odivelas - Odivelas
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36 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
FICAR
CINEMA
Quantum of Solace
AMC, 22h54
A segunda encarnação de Daniel
Craig como 007. Desta feita,
o agente está determinado a
perseguir quem obrigou Vesper,
a mulher que amou, a traí-lo.
Juntamente com M ( Judi Dench),
Bond percebe que a organização
que a chantageou é bem mais
complexa e perigosa do que
tinha imaginado. É então que se
cruza com Camille, também em
busca de vingança. Esta coloca-o
na pista de Dominic Greene, um
impiedoso homem de negócios e
um dos pilares da tal misteriosa
organização. Durante a missão,
Bond vai descobrir que Greene
está a tentar apoderar-se de
um dos recursos naturais mais
importantes do mundo... De Marc
Forster.
Emma
AXN White, 23h10
Adaptação da comédia de
costumes de Jane Austen que
pode desagradar aos fãs mais leais
da escritora. Douglas Mcgrath,
na sua estreia na realização,
dá ênfase ao humor subjacente
da obra e sublinha a opressão
social da época. Gwyneth
Paltrow é Emma Woodhouse,
a jovem inocente, ponderada
e elegante da história. Com a
vila de Highbury como cenário,
Emma move-se com segurança
e destreza num universo repleto
de etiquetas e marcado por
uma rígida hierarquia social,
tentando arranjar noivos para
as suas amigas. Deposita todo o
seu empenho nesta missão mas
acaba por não reconhecer os seus
próprios sentimentos. Rachel
Portman ganhou o Óscar 1997 de
Melhor Banda Sonora.
SÉRIE
Absentia
AXN, 22h15
Estreia Absentia, série que
promete ser uma das grandes
estreias desta temporada
televisiva. A agente do FBI
Emily Byrne (Stana Katic, a
detective Kate Beckett de Castle)
desaparece sem deixar qualquer
rasto quando perseguia um
perigoso assassino em série de
Boston. Apesar de o seu corpo
nunca ter sido encontrado, o seu
marido, Nick (Patrick Heusinger),
é levado a dá-la como morta.
Até que, seis anos depois, Emily
é encontrada, quase sem vida,
numa cabana no meio de um
bosque.
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça
12.13 A Minha Mãe Cozinha Melhor Que
a Tua - Diários 13.00 Jornal da Tarde
14.13 O Sábio 14.57 Bem-Vindos a
Beirais 15.40 Agora Nós 18.00 Portugal
em Directo 19.08 O Preço Certo 19.59
Telejornal 21.00 País Irmão 21.53 Prós
e Contras: A Hora da Catalunha 23.44
Marte 0.37 O Sábio 1.24 Caminhos da
Alma - Fátima 2.18 5 Para a Meia-Noite
3.46 Televendas 5.16 Decisão Nacional
RTP 2
6.30 Euronews 7.00 Espaço Zig Zag
10.36 Génio de Rua 11.00 Euronews
11.30 Gravidez Para Ambos Os
Sexos 12.24 Europa 30 13.10 O Livro
dos Negros 14.00 Sociedade Civil:
Bicicletas 15.03 A Fé dos Homens
15.37 O Assassinato de Martin Luther
King 16.24 Desalinhado 16.56 Zig
Zag 20.55 Génio de Rua 21.18 Hora
da Sorte - Lotaria 21.30 Jornal 2 22.14
1993 23.12 Visita Guiada 23.47 À
Procura de Sugar Man 1.13 Esec-Tv
1.40 Sociedade Civil 2.43 Paul Signac
3.36 Portugal 3.0 4.30 SMS - Ser Mais
Sabedor 5.18 Euronews
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.30 Queridas
Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.35
Sol de Inverno 15.30 Laços de Sangue
16.35 Juntos à Tarde 19.10 Linha
Aberta 19.57 Jornal da Noite 21.00 E
Se Fosse Consigo? 21.30 Amor Maior
21.40 Paixão 22.20 Amor Maior 23.00
Espelho de Água 0.00 A Força do
Querer 1.00 Novo Mundo 2.00 CSI:
Cyber 2.55 Perfeito Coração
TVI
6.00 Todos Iguais 6.30 Diário da
Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal
da Uma 14.43 Espírito Indomável
16.00 A Tarde é Sua 19.12 Apanha
se Puderes 19.58 Jornal das 8 21.30
Ouro Verde 21.50 A Herdeira 0.00 A
Impostora 01.00 SOS 24 2.00 Super
Quiz 3.30 Castle 4.30 Mar de Paixão
5.00 TV Shop
TVC1
10.25 Polo Norte: Aberto Para o
Natal 11.55 Deadpool 13.45 Da Série
Divergente: Convergente 15.50 Os
Últimos na Terra 17.30 Brooklyn 19.25
Os mais vistos da TV
Sábado, 23
Ouro Verde II
% Aud. Share
TVI 13,5 29,8
Amor Maior SIC 11,4 25,6
Amor Maior SIC 10,7 23,4
Paixão SIC 10,6 23,3
Jornal das 8 TVI 9,1 23,0
FONTE: CAEM
A Força da Verdade 21.30 O Herói de
Hacksaw Ridge 23.55 Operação Eye
In The Sky 1.40 Keanu 3.25 Regresso a
Casa 5.05 Próximo Plano
FOX MOVIES
9.08 Johnny English 10.31 Alice no
País das Maravilhas (2010) 12.14 A
Conspiradora 14.11 O Jogo 16.13 O
Comboio das 3 e 10 18.10 Eterno
Solteirão 19.35 Sarilhos em Família
21.15 Frida 23.13 Transe (2013) 0.49 O
Mafioso 2.30 Stoker 4.04 Gritos 4
CANAL HOLLYWOOD
9.55 Em Nome do Pai (1993) 12.05
Só Eles! 13.50 Amor Ao Acaso 15.30
Duplo Amor 17.25 Jogos de Poder - O
Atentado 19.25 Pago para Esquecer
21.30 Homem-Aranha 3 23.55 A
Descida 1.40 Amanhecer Violento
(1984) 3.30 A Paixão de Cristo
AXN
14.33 Chicago Fire 15.20 Candice
Renoir 16.16 Mentes Criminosas
17.03 The Blacklist 17.52 Mentes
Criminosas: Sem Fronteiras 18.42
Mentes Criminosas 19.32 Candice
Renoir 20.30 Chicago Fire 21.20 The
Blacklist 22.15 Absentia 0.01 Chicago
Fire 1.41 Mentes Criminosas 2.31
Mentes Criminosas: Sem Fronteiras
3.13 Absentia 3.57 Quantico 5.23
Investigação Criminal
AXN BLACK
15.00 Fuga 17.08 Amelia (2009) 18.54
Grande Moca, Meu! A Fuga 20.30
Espião nas Horas Vagas 22.00 Seis
Balas 23.52 O Projecto Lazarus 1.30
Grande Moca, Meu! A Fuga 3.06 Espião
nas Horas Vagas 4.36 Seis Balas
AXN WHITE
13.03 Criadas e Malvadas 13.48 Era
Uma Vez 14.33 Dr. Ken 14.55 A Teoria
do Big Bang 15.17 Como Despachar
um Encalhado 16.51 Scoop 18.26
Como Despachar um Encalhado
20.00 Trocadas à Nascença 20.46
A Teoria do Big Bang 21.56 Dr.
Ken 23.10 Emma 1.10 Dr. Ken 1.33
Pequenas Mentirosas 2.19 Era Uma
Vez 3.05 Família de Acolhimento 3.50
Pequenas Mentirosas 4.35 Família de
Acolhimento
RTP1 10,7%
% INFORMAÇÃO
RTP2 1,7
SIC 17,2
TVI
18,1
Cabo
40,0
FOX
15.35 Hawai Força Especial 17.09
Investigação Criminal: New Orleans
17.57 Scorpion 18.48 Investigação
Criminal: Los Angeles 20.31 Hawai
Força Especial 22.15 Bad Ass 0.05
Machete 2.01 Investigação Criminal: Los
Angeles 3.32 Sob Suspeita
FOX LIFE
13.38 Rizzoli & Isles 14.24 Infidelity In
Suburbia 15.51 The Stranger Inside
17.18 The Eleventh Victim 18.56 Ossos
20.38 Lei & Ordem: Unidade Especial
22.20 Vamos Dançar? 0.26 Love in
Paradise 2.00 No Limite 3.52 Lei &
Ordem: Unidade Especial 5.19 Ossos
DISNEY
16.09 Gravity Falls 16.55 A Lei de Milo
Murphy 17.18 Mickey Mouse - Edição
Especial 17.41 Elena de Avalor 18.05
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
18.30 Star Contra as Forças do Mal
18.55 A Irmã do Meio 19.44 Bizaardvark
20.07 Acampamento Kikiwaka
DISCOVERY
17.10 A Minha Família Vive no Alasca
19.05 Carros Únicos 21.00 Primeiro em
Humanos 22.55 As Células Mãe Com
Stephen Hawking 23.50 O Universo
Segundo Stephen Hawking 0.40
Primeiro em Humanos 2.20 Caçadores
de Mitos: A Nova Geração 3.05 Ghost
Asylum 3.50 A História do Universo
HISTÓRIA
17.18 Forjado no Fogo 18.41 Terra
Secreta 19.23 Extraordinárias Viagens
no Tempo 20.07 Extraterrestres?
20.33 Caça Tesouros 22.45 As Faces
de Fátima 23.43 Alcatraz: em Busca da
Verdade 1.08 Alcatraz: Lendas do Rock
1.52 O Estripador 3.22 A Grande Fuga
Americana 4.50 Tosão de Ouro
ODISSEIA
18.37 Kakadu 19.36 Dois Oceanos 20.30
Resgate na Praia 21.14 Truque 22.00
Submarinos, Armas Invisíveis 22.53
Carro Blindado: A Besta Presidencial
23.41 Submarinos, Armas Invisíveis 0.34
Carro Blindado: A Besta Presidencial
1.22 Resgate na Praia 2.07 Truque 3.00
Submarinos, Armas Invisíveis 3.53 Carro
Blindado: A Besta Presidencial
Prós e Contras
A Hora da Catalunha
RTP1, 21h53
Independência, federalismo
ou autonomia dentro da nação
espanhola? Terá a decisão
impacto em Portugal? Como
ficará a Península Ibérica depois
de Outubro. Um debate com
moderação de Fátima Campos
Ferreira.
DOCUMENTÁRIOS
À Procura de Sugar Man
RTP2, 23h47
A história de Rodriguez: sexto
filho de imigrantes mexicanos,
trabalhador da construção civil,
grande admirador de Leonard
Cohen, Dylan e Henry Mancini,
que edita dois álbuns: Cold
Fact, em 1970, e Coming From
Reality, no ano seguinte. Os
discos recebem boas críticas mas
passam despercebidos junto ao
público. Pouco depois, o músico
desaparece. Entretanto, cópias
dos discos chegam à Austrália e à
África do Sul. Neste último país, o
passa-palavra transforma-o num
fenómeno que atravessa gerações.
No país do apartheid, ferozmente
conservador, Rodriguez torna-
se uma voz de rebeldia e de
esperança. De Malik Benjelloul,
um premiado documentário,
incluindo um Óscar e um BAFTA,
que fez renascer a carreira de um
dos mais importantes ícones da
história da música.
As Crónicas de Polyaris
TVC2, 22h
Um retrato poético de uma cidade
soviética abandonada chamada
Pyramiden, pelos olhos de um
viajante amnésico. Depois de
um acidente aéreo, um homem
acorda rodeado por neve sem fim.
Ao procurar vida, chega a uma
cidade onde sonho e realidade se
confundem num mundo entre a
vida e a morte.
Desafio Abaixo de Zero
A&E, 22h30
Fim da temporada. Nos territórios
do Árctico, onde a temperatura
chega aos 50 graus negativos
no Inverno, existem minas em
actividade que necessitam de
abastecimento durante todo o
ano. Em cada temporada, um
grupo de valentes camionistas,
treinados para sobreviver em
condições extremas, percorre
mais de 500 quilómetros levando
alimentos, materiais e peças
imprescindíveis para os mineiros
da zona.
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 37

JOGOS

CRUZADAS 10.021 TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Pequeno prego de ca- Verticais: 1. Estância ou estabeleci-
beça chata e larga. Língua nacional e mento de águas termais. Espécie de
literária da Índia. 2. Estorvo, obstáculo. pelica artificial, fina e macia. 2. Gosto
Ratar. 3. Lista. Queimam. 4. Visto que. muito. Amêndoa confeitada com cane-
Viana do Bragança
Governa. 5. Antes de Cristo (abrev.). la. 3. Comunidade dos Países de Língua Castelo 9º 25º
Forma de nevoeiro tóxico altamente po- Portuguesa. Pessoa amada. Símbolo
12º 21º
luente. Altar. 6. Cor negra nos brasões. do Pascal. 4. Hélio (s.q.). Capital da Braga
Astúcia. 7. Prefixo (novo). Frio inten- Noruega. Prestar para. 5. Mordaça. Metal 12º 26º Vila Real
so (inform.). 8. Também não. Tontura. precioso de cor amarela. 6. Qualquer
15º Porto 10º 25º
Hectolitro (abrev.). 9. Outra coisa (ant.). parte do esqueleto dos vertebrados.
Palavra italiana que significa líder. Extremidade aguçada. 7. Almeida (...), 13º 22º
Coloca. 10. Pancada com a cabeça do autor da obra ‘Viagens na Minha Terra’. 8. Viseu
dedo médio ou índex, curvando-o sobre Irritar. Espécie de albufeira. Preposição 10º 25º Guarda
2m Aveiro
a face interna do polegar e soltando-o que indica lugar. 9. Designado pelo no- 11º 22º
com força. Estrada Nacional. 11. Amargo. me. 10. Preposição que designa posse. 15º 21º Penha
Intercalação de formas pronominais em Correntes fortes. 11. Fictício. Suave. Douradas
formas verbais (Gram.). Coimbra 10º 19º
Depois do problema resolvido encon- 13º 24º
tre o provérbio nele inscrito (4 pala- Castelo
Branco
vras).
Leiria 14º 29º
13º 23º

Santarém
Solução do problema anterior Portalegre
14º 29º
Horizontais:1. Letal. Topar. 2. Anediar. Oro. 3. Re. Lise. 4. Chauvinista. 5. He. Simonia. 15º 27º
6. Arte. Tala. 7. Desarar. OS. 8. Par. Litar. 9. Irrigar. Omo. 10. Ovo. Odeia. 11. Afro. Torrar. Lisboa
Verticais: 1. Lancha. Pipa. 2. EN. Herdar. 3. Tera. Terror. 4. ADEUSES. Ivo. 5. Li. Vi. 15º 26º
Algo. 6. Alimária. 7. Trino. Atroo. 8. Sintra. Dr. 9. Poesia. Roer. 10. Ar. Talo. Mia. 11. Rota.
Assoar. Setúbal
Título da obra: Os Adeuses. 15º 28º Évora
15º 29º
AMANHÃ

16º Beja
BRIDGE SUDOKU Sines
14º 23º
14º 29º

Dador: Norte da. Sul fez as primeiras sete vazas e ain- Problema 2m
Vul: Ninguém da lhe resta o Ás de trunfo! 7816
Tal como o duplo corte, este tipo de Sagres
NORTE plano de jogo é totalmente incompa- Dificuldade: 15º 23º
Faro
♠ 83 tível com a contagem das perdentes. Fácil 18º 29º
♥ A764 Verifique sempre as ganhantes antes de 19º
♦ AK42 elaborar o seu plano de jogo. 1-1,5m
♣ K53
Açores
Considere o seguinte leilão: Corvo
OESTE ESTE Oeste Norte Este Sul Graciosa
Terceira
♠Q ♠ KJ1097 2♥ X Solução do Flores
S. Jorge 20º 25º
♥ KQJ10 ♥ 9853 problema 7814 20º 26º
♦ Q983 ♦ J10 passo 2♠ passo ? 24º
24º Pico
♣ J1074 ♣ Q2
O que marca com a seguinte mão? 2m
Faial
♠AKQ2 ♥A9 ♦AQ5 ♣Q1092
SUL 21º 26º
2-3m S. Miguel
♠ A6542 Resposta: Tem 21 pontos de honra e 21º 25º
♥2 mais um de distribuição, uma vez que Ponta
♦ 765 existe fit a espadas. Um salto imediato 24º Delgada
♣ A986 para 4 espadas pode resultar, mas cor- 2m
re o risco de encontrar um parceiro com Madeira Sta Maria
uma mão nula ou perto disso e que pro-
vavelmente acabará por cabidar. Então Porto Santo
Oeste Norte Este Sul qual a voz correcta? O cue-bid! Marque Problema
1♦ passo 1♠ 3 copas, pois esta voz promete um mí- 20º 26º
7817 23º
passo 1ST passo 2♠ nimo de 20 pontos. O parceiro, tendo 5
Todos passam ou mais pontos, deve marcar uma parti- Dificuldade:
da, com menos marca 3 espadas. Média Funchal
2m
Leilão: Equipas ou partida livre. 1-1,5m 24º 19º 26º

Carteio: Saída: K♥. Qual a melhor linha

de jogo? Sol Lua Quarto Crescente
Nascente 07h27
Solução: Mais um exemplo que opõe Poente 19h29 28 Set. 03h53
o método de contar as perdentes com Solução do
o de contar as ganhantes. À vista dos problema 7815
quatro jogos, pode constatar que Sul Marés
tem sete perdentes “irredutíveis”: qua-
tro a trunfo, uma a ouros e duas a paus, Leixões Cascais Faro
uma vez que o naipe de paus se encon-
tra dividido 4-2. Não é possível apurar Preia-mar 18h57 2,9 18h33 2,9 18h38 2,9
qualquer naipe (os ouros também estão
07h18* 2,9 06h54* 2,9 06h57* 2,8
4-2)… e, portanto, Sul vai ganhar o con-
trato! Baixa-mar 12h43 1,0 12h16 1,1 12h05 1,0
Depois de prender a primeira vaza com
01h01* 1,1 00h33* 1,3 00h21* 1,1
o Ás do morto, segue com copa corta-
da, Ás de paus e pau para o Rei, copa João Fanha/Pedro Morbey
Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
cortada, Ás e Rei de ouros e copa corta- (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
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38 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

DESPORTO
Depois da Coreia, Irão e Venezuela,
Trump atirou-se ao desporto
Presidente dos EUA entrou em “guerra” com a NBA e a NFL e os jogadores reagiram com críticas
e protestos aos comentários e injúrias do actual inquilino da Casa Branca
THOMAS J. RUSSO/USA TODAY SPORTS

NFL e NBA
Paulo Curado
Não existem dias enfadonhos no
quotidiano de Donald Trump desde
que chegou à Casa Branca, e a diplo-
macia não é, definitivamente, o seu
forte. Na terça-feira, num discurso
inflamado na ONU, o Presidente dos
EUA ameaçou “destruir totalmente”
a Coreia do Norte, ao mesmo tempo
que prometeu rasgar o acordo nu-
clear com o Irão e reforçar as san-
ções económicas à Venezuela. Nes-
ta sexta-feira iniciou uma “guerra”
com as ligas norte-americanas de
basquetebol (NBA) e futebol (NFL),
duas das mais populares a nível na-
cional e internacional. Os jogadores
reagiram com uma série de protes-
tos, que subiram de tom ontem,
com críticas ao líder da Sala Oval e
chamando a atenção para os proble-
mas sociais e raciais do país.
A bola de neve começou a ganhar
dimensão na véspera do fim-de-se-
mana, quando Trump chamou, in-
directamente, “filho da puta” a um
jogador de futebol americano. Na
mira tinha Colin Kaepernick que,
desde o ano passado, antes do início
de cada partida, se ajoelhava ao som
do hino nacional, para denunciar a
violência policial contra cidadãos
afro-americanos e a injustiça racial.
Uma forma de protesto pacífica que Jogadores de uma equipa de futebol americano ajoelhados como forma de protesto, enquanto toca o hino norte-americano
não beliscou a sensibilidade do Pre-
sidente. Antes pelo contrário. de protestos. Minutos depois, num ck. Uma manifestação de união que frer as investidas presidenciais por mensagem na sua conta no Twitter.
“Não iriam adorar que um des- outro tweet, não resistiu a nova pro- extravasou as fronteiras americanas. estes dias. As baterias foram tam- De pronto, grandes estrelas da
ses donos de equipas da NFL, ao ver vocação, acusando os profissionais Antes do início de um encontro em bém apontadas à NBA. No sábado, NBA saíram em defesa do seu colega,
algum jogador faltar ao respeito à do futebol americano de estarem a Londres, os basquetebolistas dos Trump resolveu retirar o convite pa- entre as quais o “rei” LeBron James,
nossa bandeira, dissesse: ‘Tirem es- arruinar o jogo, por não serem su- Baltimore Ravens e dos Jacksonville ra uma visita à Casa Branca a Ste- que foi um dos mais corrosivos: “Ir à
se filho da puta do campo imediata- ficientemente duros e tornarem as Jaguars foram os primeiros a ajoe- phen Curry, a estrela dos Golden Casa Branca era uma honra até que
mente. Está despedido!’?”, questio- partidas “chatas”. lhar-se durante o hino dos EUA. State Warriors, que se sagraram, em tu chegaste!”, escreveu no Twitter.
nou, durante um comício no estado Os jogadores da NFL não ficaram Também o comissário da NFL Ro- Julho deste ano, bicampeões da liga Ainda no sábado, os próprios War-
do Alabama perante uma plateia de intimidados e responderam ontem ger Goodell contestou as palavras de profissional de basquetebol. riors, em comunicado, aceitaram o
apoiantes entusiastas. com a mesma forma de protesto Trump, através de um comunicado O jogador tinha contestado a “desconvite” presidencial, mas man-
E na eventualidade de as suas protagonizada por Colin Kaeperni- oficial, exigindo respeito e salientan- oportunidade desta visita à residên- tiveram a visita a Washington, que
palavras em Alabama não terem do a grande solidariedade demons- cia presidencial, que é tradicional- irão transformar numa celebração
a repercussão desejada, voltou à trada pelos atletas em prol das suas mente concedida às equipas vence- da “igualdade, diversidade e inclu-
carga durante o fim-de-semana,
Trump acusou comunidades, nomeadamente atra- doras das respectivas competições são”: “Não há nada mais america-
agora através da sua mais emble- os jogadores de vés de donativos generosos para as desportivas. Um atrevimento que no que o direito de livre expressão
mática “arma” de comunicação: a vítimas dos desastres naturais do úl- Trump não deixou passar em cla- em assuntos importantes. Estamos
rede social Twitter. O mais recente
futebol americano timo mês. O Presidente não o deixou ro. “Visitar a Casa Branca é consi- decepcionados por não ter a opor-
post surgiu já ontem com Trump a de não serem sem resposta, acusando-o de desres- derado uma grande honra para uma tunidade de compartilhar opiniões
sugerir aos adeptos que deixassem peitar o país ao defender os jogado- equipa campeã. Stephen Curry es- ou ter um diálogo aberto.”
de ir aos estádios ou os abandonas-
suficientemente res que protestaram durante o hino. tá a duvidar e por isso retiro-lhe o
sem quando assistissem a este tipo duros Mas não foi apenas a NFL a so- convite”, atirou através de mais uma pcurado@publico.pt
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 39

DESPORTO
OCTÁVIO PASSOS/LUSA

CLASSIFICAÇÃO Tondela
I LIGA ofereceu
Jornada 7
FC Porto-Portimonense 5-2 a vitória
ao Sp. Braga
Estoril-Desp. Chaves 0-2
Moreirense-Sporting
Benfica-Paços Ferreira
V. Guimarães-Marítimo
1-1
2-0
2-1
Outros jogos
Feirense-Belenenses 1-4
Tondela-Sp. Braga 1-2
Desp. Aves-Rio Ave 0-0
V. Setúbal-Boavista 20h, SP-TV1
Feirense 1 Tondela 1
J V E D M-S P Rocha 72’ Murilo 18’
1. FC Porto 7 7 0 0 19-3 21
2. Sporting 7 6 1 0 16-4 19
3. Benfica 7 5 1 1 15-5 16 Belenenses 4 Sp. Braga 2
4. Marítimo 7 5 0 2 8-5 15 Maurides 18’, André Sousa 30’ e 35’, Hassan 44’, Ricardo Costa 46’ (p.b.)
5. Sp. Braga 7 4 0 3 9-9 12 Benny 74’
6. Rio Ave 7 3 2 2 7-5 11
7. Belenenses 7 3 1 3 9-11 10 Jogo no Estádio João Cardoso, em
8. V. Guimarães 7 3 1 3 7-13 10 Tondela.
9. Feirense 7 2 2 3 9-11 8
Raphinha “engraxa” a bota de Heldon, que fez a assistência para golo Jogo no Estádio Marcolino de Castro,
em Santa Maria da Feira.
10. Desp. Chaves 7 2 1 4 8-10 7
Assistência Não disponível

V. Guimarães nega
11. V. Setúbal 6 1 3 2 5-5 6
12. Estoril 7 2 0 5 8-14 6 Assistência Não disponível.
Tondela Cláudio Ramos, Moufi a4’,
13. Paços de Ferreira 7 1 3 3 6-9 6
14. Boavista 6 2 0 4 5-7 6 Feirense Caio Secco, Jean Sony, Ricardo Costa, Junior Pius, Joãozinho,

ao Marítimo
15. Portimonense 7 2 0 5 9-15 6 Bruno Nascimento (Graça, 46’), Luís Hélder Tavares, Claude Gonçalves
16. Moreirense 7 1 3 3 4-11 6 Rocha a87’, Tiago Gomes (Hugo (Pedro Nuno, 86’), Miguel Cardoso
17. Tondela 7 1 2 4 9-11 5 Seco, 79’), Babanco, Cris, Etebo, Luís a31’, Zachara, Murilo, Tomané a70’
Machado, João Silva e Edson Farias (Heliardo, 71’). Treinador Pepa.

o terceiro lugar
17. Desp. Aves 7 1 2 4 5-9 5
(Luís Henrique, 79’). Treinador Nuno
Próxima jornada Desp. Chaves-Tondela, Manta. Sp. Braga Matheus, Goiano, Rosic
Paços Ferreira-Moreirense, Rio Ave-V. Setúbal, a51’, Raúl Silva, Sequeira, Fábio
Portimonense-Desp. Aves, Boavista-Feirense, Belenenses Muriel, Geraldes, Gonçalo Martins a61’, Vukcevic (Danilo, 77’),
Sp. Braga-Estoril, Belenenses-V. Guimarães, Fransérgio, João Carlos Teixeira (André
Silva, Nuno Tomás a22’, Florent,
Sporting-FC Porto, Marítimo-Benfica Horta, 67’), Hassan a59’ (Dyego
Tandjigora, Yebda a61’, André Sousa
(Cleyton, 65’), Bouba Saré a85’, Sousa, 77’), Paulinho. Treinador Abel
II LIGA
Futebol V. Guimarães 2 Tiago Caeiro (Benny, 65’) e Maurides. Ferreira.
Jornada 8 Raphinha 5’, Heldon 75’ Treinador Domingos Paciência.
Arouca-Sporting B 2-0 Árbitro Tiago Martins (AF Lisboa)
Benfica B-Sp. Covilhã 4.ª feira, 14h30, BTV A equipa minhota Marítimo 1
Árbitro Bruno Esteves (AF Setúbal)
Santa Clara-Varzim 4.ª feira, 15h
V. Guimarães B-União Madeira 4.ª feira, 16h interrompeu a série Edgar Costa 14’
FC Porto B-Cova Piedade 4.ª feira, 16h
de bons resultados Desp. Aves 0
Famalicão-Sp. Braga B 4.ª feira, 17h Futebol
Nacional-Real 7 Out., 11h15 dos madeirenses Jogo no Estádio D. Afonso Henriques,
Oliveirense-Ac. Viseu 7 Out., 16h em Guimarães. O Tondela pode apenas queixar-se
Penafiel-Académica 7 Out., 16h
Eram duas equipas com estados de
Rio Ave 0 de si próprio por ter perdido ontem,
Leixões-Gil Vicente 8 Out., 16h Assistência Não disponível.
J V E D M-S P espírito diferentes. O Vitória de Gui- por 2-1, o jogo frente ao Sporting de
1. Santa Clara 7 6 0 1 13-6 18 marães somava apenas dois triun- V. Guimarães Douglas, João Aurélio Jogo no Estádio CD Aves, em Vila das Braga. A equipa de Pepa, que há três
2. Académico Viseu 7 5 1 1 10-5 16 a28’, Jubal a64’, Pedrão e Konan, Aves.
3. Nacional 7 4 2 1 12-5 14
fos e um empate nas seis primeiras partidas consecutivas que não vence
Celis, Wakaso, Heldon (Marcos
4. Leixões 7 4 1 2 10-11 13 jornadas do campeonato, enquan- Assistência Não disponível.
e que continua sem saber o que é
Valente, 80’), Hurtado a66’ (Hélder
5. FC Porto B 7 4 1 2 11-8 13 to o Marítimo vinha sendo a equipa ganhar no seu estádio esta tempo-
Ferreira, 88’), Raphinha; Estupiñán.
6. Famalicão 7 3 3 1 8-6 12
sensação da prova até ao momen- Treinador Pedro Martins. Desp. Aves Quim, Mama Baldé, rada apesar de já lá ter disputado
7. Gil Vicente 7 3 2 2 8-7 11
to, registando apenas uma derrota Carlos Ponck a56’, Diego Galo a13’, quatro encontros, ofereceu o triun-
8. Académica 7 3 1 3 12-11 10
9. Sporting B 7 3 1 3 11-12 10 Marítimo Charles, Bebeto a74’, Rodrigo, Washington, Paulo Machado
e chegando à partida com quatro (Fariña, 81’), Vítor Gomes a76’ (Falcão,
fo aos “arsenalistas”. Não só ficou
10. Cova da Piedade 7 3 0 4 9-7 9 Pablo, Zainadine a64’, China, Fábio
11. Varzim 7 2 2 3 10-8 8
triunfos consecutivos. Mas a parti- Pachecco, Gamboa (Diney, 69’), Edgar 87’), Salvador Agra, Derley, Arango em inferioridade numérica logo aos
12. União da Madeira 7 2 2 3 9-8 8 da de ontem, no Minho, mostrou um Costa (Éber Bessa, 84’), Jean Cléber, (Amilton, 69’). Treinador Ricardo 4’, como, depois de se ter colocado
13. Benfica B 7 2 2 3 8-8 8 Vitória determinado a recuperar o Valente, Rodrigo Pinho a30’ (Everton, Soares. em vantagem, consentiu primeiro o
14. Penafiel 7 2 2 3 7-12 8
ânimo, acabando por impor-se aos 81’). Treinador Daniel Ramos. empate e, por fim, a reviravolta no
15. Arouca 7 1 4 2 3-7 7 Rio Ave Cássio, Lionn, Nélson Monte,
16. V. Guimarães B 7 2 1 4 7-13 7 maritimistas por 2-1 que assim per- Árbitro Fábio Veríssimo (AF Leiria) Marcelo a79’, Bruno Teles a45’, Pelé, marcador com um autogolo.
17. Real 7 2 0 5 11-14 6 dem o terceiro lugar. Tarantini, Barreto (Nuno Santos, 69’), A estreia do marroquino Moufi co-
18. Oliveirense 7 1 3 3 6-9 6 Grande responsável pelo triunfo Francisco Geraldes (João Novais, 83’), mo titular do Tondela foi um autên-
19. Sp. Covilhã 7 1 2 4 8-11 5 Rúben Ribeiro, Guedes (Karamanos,
20. Sp. Braga B 7 0 4 3 5-10 4
vitoriano foi Heldon. Pedro Martins No final da partida, Daniel Ramos tico desastre. Sozinho e com a bola
74’). Treinador Miguel Cardoso.
apostou pela primeira vez a titular reconheceu a superioridade do ad- controlada, fez um mau atraso para
Próxima jornada no cabo-verdiano e foi dos pés do versário, mas comentou o momento o seu guarda-redes, derrubando de
Árbitro António Nobre (AF Leiria)
Gil Vicente-V. Guimarães B, Sp. Covilhã-Arouca,
Real- Famalicão, Cova Piedade-Leixões, extremo que saiu o cruzamento pa- da expulsão dos jogadores. “Podía- seguida o isolado Paulinho. Expul-
Varzim-Oliveirense, União Madeira-Penafiel, ra o primeiro golo do encontro, da mos ter levado pontos, mas o Vitória O Belenenses era uma das são inequívoca que deixou o Tondela
Ac. Viseu-FC Porto B, Sporting B-Santa Clara, autoria de Raphinha, logo aos 5’. E foi melhor. Fomos claramente pre- piores equipas a jogar fora de com menos um elemento em campo
Académica-Benfica B, Sp. Braga B-Nacional
Heldon seria ainda mais decisivo judicados [com as expulsões] por- casa onde não tinha somado pouco depois do começo do jogo.
MELHORES MARCADORES quando, numa altura em que as du- que acabámos por não responder pontos e o Feirense uma das Mesmo em desvantagem numé-
I Liga as equipas jogavam em inferiorida- tão bem, ficámos sem um jogador melhores no seu estádio, mas rica, Murilo colocou o Tondela na
8 golos Jonas (Benfica)
6 golos Aboubakar (FC Porto)
de numérica por expulsão simultâ- valioso. De uma troca de palavras ontem a lógica foi subvertida frente do marcador, mas Hassan,
5 golos B. Fernandes (Sporting), Marega (FC Porto) nea de Zainadine e Jubal (faltavam saem dois jogadores expulsos. Isto é e os “azuis” dominaram no muito perto do intervalo, repôs a
4 golos Bas Dost (Sporting) 25 minutos para o fim da partida), futebol, não é pingue-pongue, pode primeiro tempo, período em igualdade, deixando tudo em aberto
3 golos Seferovic (Benfica), Gelson Martins
(Sporting), Kléber (Estoril), Brahimi (FC Porto)
desviou a bola para a baliza insular haver um desabafo e tem de haver que “mataram” o jogo. Já o para os “arsenalistas”. No recome-
na sequência de um canto. Toque bom senso”, comentou. Desportivo das Aves e o Rio ço do jogo, o desastrado foi Ricardo
II Liga crucial para as aspirações vitorianas Quanto a Pedro Martins, admitiu Ave, que se defrontaram pela Costa, que após um cabeceamen-
6 golos Vinícius (Real)
que tinham visto Edgar Costa repor que o resultado é um balão de oxi- primeira vez na I Liga, não to de Hassan à barra, chutou para
5 golos Fede Varela (FC Porto B)
a igualdade apenas dez minutos de- génio para a equipa: “Precisávamos saíram do nulo inicial. onde estava virado e marcou um
pois do golo de Raphinha. deste tónico para nos dar confiança.” autogolo.
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40 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

DESPORTO
JUAN HERRERO/EPA

Miguel Oliveira
sobe ao pódio
do GP de Aragão
e do Mundial de Moto2

Motociclismo CLASSIFICAÇÕES
O português ultrapassou o
espanhol Alex Márquez na GP de Aragão
segunda mais importante MotoGP
1.º Marc Márquez (Honda) 42m06,816s
categoria do Campeonato
2.º Dani Pedrosa (Honda) a 0,879s
do Mundo 3.º Jorge Lorenzo (Ducati) a 2,028s
Mundial de pilotos
Foi quase perfeito o fim-de-semana 1.º Marc Márquez (Honda) 224 pontos
para o português Miguel Oliveira 2.º Andrea Dovizioso (Ducati) 208
(KTM). Depois de, na véspera, o pilo- 3.º Maverick Viñales (Yamaha) 196
to natural de Almada ter sido o mais Moto2
rápido nos treinos e conquistado a 1.º Franco Morbidelli (Kalex) 40m09,904s
pole position para o Grande Prémio 2.º Mattia Pasini (Kalex) a 0,145s
3.º Miguel Oliveira (KTM) a 0,577s
(GP) de Aragão, a 14.ª corrida do
Mundial de pilotos
Mundial de velocidade, ontem, ter- Zaza marcou um dos golos do Valência, assistido por Gonçalo Guedes
1.º Franco Morbidelli (Kalex) 248 pontos
minou a prova no 3.º lugar, subindo
2.º Thomas Luthi (Kalex) 227
ao pódio e escalando ainda um lugar
no Mundial de pilotos de Moto2.
“Sabia que a nossa afinação pena-
3.º Miguel Oliveira (KTM)
Moto3
1.º Joan Mir (Honda)
157

25m57,607s
Gonçalo Guedes decisivo
liza o início da corrida, com menos
aderência dos pneus, e por isso tive
de ter mais atenção. Mas estou muito
2.º F. Di Giannantonio (Honda)
3.º Enea Bastianini (Honda)
Mundial de pilotos
a 0,043s
a 0,051s na vitória do Valência,
satisfeito por ter regressado ao pó-
dio depois do abandono em Misano”,
analisou Miguel Oliveira, comentan-
1.º Joan Mir (Honda)
2.º Romano Fenati (Honda)
3.º Aron Canet (Ducati)
271 pontos
191
173
Éder estreia-se a marcar
do a sua queda no GP anterior e o 3.º Próxima corrida: GP Japão (15 Outubro)
lugar na corrida de ontem.
A corrida foi ganha pelo italiano Em MotoGP, o espanhol Marc outra equipa da Galiza o desfecho foi
Franco Morbidelli (Kalex), que ti- Márquez (Honda) alcançou a sua Futebol internacional CLASSIFICAÇÕES diferente. Com Luisinho (fez a assis-
nha saído do 4.º posto da grelha de quinta vitória da época, isolando-se David Andrade tência para o golo de Borges) nos 90
partida, mas que chegou à liderança na liderança do Mundial. Marquéz, ITÁLIA minutos e Bruno Gama na parte final,
logo na 1.ª volta, posição que defen- campeão mundial em título, dividia João Mário fez a assistência Jornada 6 o Deportivo foi batido pelo Espanyol
deu até final, depois de um intenso a liderança com Andrea Dovizioso AS Roma-Udinese 0-2 (1-4). Num duelo de portugueses, An-
para o golo da vitória do SPAL 2013-Nápoles 2-3
duelo com o compatriota Mattia Pa- (Ducati), mas o 7.º lugar do italiano Juventus-Torino 4-0 tunes (Getafe) goleou Rubén Semedo
sini (Kalex). Atrás dos dois italianos em Aragão, que lhe deu apenas nove Inter, Paulo Oliveira, Bebé, Sampdoria-AC Milan 2-0 (Villarreal): 4-0.
terminou Miguel Oliveira, que, com pontos, deixou o espanhol sem com- Rubén Semedo, Luisinho Inter-Génova
Hellas Verona-Lazio
1-0
0-3
Após uma semana difícil, em que
o resultado alcançado ontem, ultra- panhia no comando. Valentino Rossi e Bruno Gama goleados Cagliari-Chievo 0-2 foi alvo de críticas pela exibição em
passou Alex Márquez no Mundial da (Yamaha), 38 anos, e que entrou na Crotone-Benevento 2-0 Bolonha, João Mário foi para o banco,
Sassuolo-Bolonha 0-1
categoria, sendo agora o 3.º classifi- pista três semanas depois de ter so- Ao segundo jogo como titular do Fiorentina-Atalanta 1-1 o que já não acontecia há um mês,
cado, e aproximou-se do 2.º, o suíço frido fracturas na tíbia e perónio da Valência, Gonçalo Guedes já faz a J V E D M-S P
mas o médio terminou a semana com
Thomas Luthi, 4.º em Aragão. perna direita, quando treinava com diferença. Com duas excelentes jo- 1. Nápoles 6 6 0 0 22-5 18 motivos para sorrir. Num jogo difícil
ANTÓNIO GARCIA/EPA gadas, o extremo português ofereceu 2. Juventus 6 6 0 0 18-3 18 para o Inter, Spalletti lançou o portu-
a Rodrigo e a Zaza dois dos golos na 3. Inter Milão 6 5 1 0 12-2 16 guês aos 81’ e, seis minutos depois,
4. Lazio 6 4 1 1 13-8 13
vitória do Valência no terreno da Real 5. AS Roma 5 4 0 1 12-4 12
João Mário marcou o canto que deu
Sociedad (3-2). Na Rússia, o protago- 6. AC Milan 6 4 0 2 10-8 12 origem ao golo de D’Ambrosio. Pelo
nismo foi de Éder, que na estreia a 7. Sampdoria 5 3 2 0 8-4 11 Bolonha, Miguel Veloso foi substitu-
8. Torino 6 3 2 1 10-8 11
marcar pelo Lokomotiv garantiu a vi- 9. Chievo 6 2 2 2 7-8 8
ído aos 79’.
tória dos moscovitas no minuto 93. 10. Bolonha 6 2 2 2 5-7 8 Sem André Silva, que apesar das
Para a maioria dos portugueses 11. Atalanta 6 2 2 2 10-8 8 boas exibições na Liga Europa con-
12 Fiorentina 6 2 1 3 9-8 7
que ontem alinharam em Espanha, o 13. Cagliari 6 2 0 4 4-8 6
tinua a não ser opção na Série A, o
dia acabou com uma goleada sofrida, 14. Sassuolo 6 1 1 4 3-9 4 AC Milan perdeu em Génova: Zapata
mas houve uma excepção: Gonçalo 15. SPAL 2013 6 1 1 4 5-11 4 (72’) e Álvarez (90’) fizeram os golos
16. Crotone 6 1 1 4 3-11 4
Guedes. O extremo, emprestado pe- da Sampdoria.
17. Udinese 6 1 0 5 8-13 3
lo PSG ao Valência, fez uma grande 18. Génova 6 0 2 4 5-10 2 Na Rússia, Éder foi decisivo apesar
exibição em San Sebastián e foi deci- 19. Hellas Verona 6 0 2 4 1-14 2 de ter começa no banco — entrou aos
sivo na vitória da sua equipa. Guedes 20. Benevento 6 0 0 6 1-16 0 77’. Com Manuel Fernandes a titular, o
assistiu Rodrigo para o primeiro golo Lokomotiv deslocou-se ao terreno do
dos valencianos e aos 85’ ofereceu a na pelo Barcelona (1-6), o Eibar de FK Rostov e Éder foi a figura do jogo
Zaza o golo que garantiu o triunfo Paulo Oliveira e Bebé, que foram ti- ao fazer o único golo ao 93.º minuto.
“che”, por 3-2. tulares, recebeu o Celta e voltou a
Miguel Oliveira subiu um lugar no Mundial de Moto2 Após ser goleado a meia da sema- sofrer um desaire pesado: 0-4. Para a dandrade@publico.pt
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Kipchoge ganha
maratona de Berlim,
mas recorde do mundo
permanece de pé
Atletismo
Luís Lopes
A prova reuniu o segundo,
terceiro e quarto melhores
de sempre na distância,
mas só um deles terminou
a corrida
A maratona de Berlim, na sua 44.ª
edição, habituou os interessados pe-
lo atletismo a que nela fossem esta-
belecidos recordes mundiais no la-
do masculino, e a corrida de ontem
prometia renovar a tradição, pois
estavam presentes o segundo (Kene-
nisa Bekele, Etiópia, 2h03m03s), o
terceiro, e campeão olímpico, (Eliud
Kipchoge, Quénia, 2h03m05s) e o
quarto (Wilson Kipsang, Quénia,
2h03m13s) melhores de sempre na
distância.
Aconteceu algo também previsí-
vel, com a vitória de Eliud Kipchoge,
mas, desta feita, o máximo mundial
oficial (Denis Kimetto, 2h02m57s)
aguentou-se. Ainda assim Kipchoge
obteve a melhor marca mundial de
2017, com 2h03m32s — era de Kip-
sang, com 2h03m58s em Fevereiro
— fazendo o segundo tempo da sua
carreira; em nove maratonas só não
ganhou por uma vez, precisamente
em Berlim, em 2013.
A corrida também não permitiu o
grande embate a três muito anteci-
pado. Kenenisa Bekele, que ainda é
o recordista mundial dos 5000m e
10.000m, atrasou-se depois de me-
tade e desistiu cerca de nove quiló-
metros adiante, e pela mesma altu-
ra, mas de forma abrupta, Kipsang
Eliud Kipchoge no momento em que corta a linha de meta em Berlim
também abandonou.
No entanto, Eliud Kipchoge não
teve facilidades, dado que o ainda
jovem (27 anos em Outubro) etíope
Guya Adola acabou por se manter
colado a ele praticamente nos 12
quilómetros finais, e tentou mesmo
escapar para a vitória aos 37km, che-
gando a ter dois/três segundos de
avanço. Porém, Kipchoge, a seguir
aos 40km, lançou um ataque deci-
sivo para chegar à sétima maratona
consecutiva a ganhar.
Guye Adola tardou 14 segun-
dos na meta, e o seu resultado de
2h03m46s constituiu a melhor es-
treia de sempre na maratona para
um atleta especializado até agora na
meia-maratona, distância em que
havia sido terceiro nos Mundiais de
2014; agora tornou-se no sétimo me-
lhor de sempre nos 42.195m. O seu
compatriota Mosinet Geremew foi
terceiro, com um máximo pessoal
por mais de quatro minutos, com
2h06m12s.
No lado feminino, triunfou a que-
niana Gladys Cherono, de 34 anos,
que superou um ano marcado pelas
lesões para se impor com o muito
bom tempo de 2h20m23s, também
a segunda marca da carreira, depois
das 2h19m25s que lhe deram o triun-
fo no mesmo percurso em 2015. Se-
guiram-se com recordes pessoais a
etíope Ruti Aga (2h20m41s) e a que-
niana Valary Ayabei (2h20m53s).
A portuguesa Catarina Ribeiro fi-
nalizou no nono lugar, como quinta
melhor europeia, com 2h33m13s,
bastante distante do recorde pesso-
al que conseguiu na sua estreia na
distância, 2h30m10s, no Porto, em
Novembro passado.
MICHAEL DALDER/REUTERS
Lucas Bjerregaard esteve impecável no Portugal Masters
Lima e Gouveia
obtêm melhor
marca nacional
Golfe
Rodrigo Cordoeiro
Os dois golfistas acabam
o Portugal Masters
empatados em 5.º,
dinamarquês Lucas
Bjerregaard foi o campeão
O dinamarquês Lucas Bjerregaard
venceu ontem de forma categórica
o 11.º Portugal Masters, na melhor
edição de sempre por parte de jo-
gadores portugueses, no palco per-
manente do torneio, o Dom Pedro
Victoria Golf Course, em Vilamou-
ra. Ricardo Melo Gouveia e Filipe
Lima, empatados no quinto lugar,
pulverizaram o anterior recorde
nacional — o 16.º posto de Ricardo
Santos, em 2012.
O melhor resultado na última
volta pertenceu Bjerregaard e Melo
Gouveia, ambos com 65 pancadas,
6 abaixo do par-71. Líder para a úl-
tima volta com a vantagem mínima
sobre o sul-africano George Coet-
zee, o escandinavo somou 264 pan-
cadas (-20), acabando por ganhar
com uma margem de quatro shots
sobre o vice-campeão, o escocês
Marc Warren. Os ingleses Graeme
Storm e Eddie Pepperell foram ter-
ceiro, com 269 (-15).
Para o português, permitiu-lhe
descolar dos 11 jogadores com
quem partilhava o 20.º lugar rumo
ao “top-5”. Gouveia chegou mesmo
a pensar no primeiro lugar, quando
fez uma série de birdie-eagle nos bu-
racos 11 e 12. “Estava a meter bons
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 41
LUIS FORRA/EPA
putts e vi que tinha hipóteses de su-
bir na tabela e se calhar tentar sair
daqui com a vitória. Acabou por
não acontecer, porque comecei o
dia bastante atrás”, disse.
Quanto a Lima, que estava no
quinteto dos 12.ºs para os últimos
18 buracos, finalizou com 67. Am-
bos somaram 270 pancadas, 14
abaixo do par, facturando cada um
77.400 euros de prémios. “Andei
sempre à procura de melhorar, ho-
je [ontem] podia ter feito mais um
ou dois birdies, mas não me posso
queixar. Não é fácil e foi fantástico.
E foi bom para Portugal e para o
povo português termos conseguido
dois resultados assim”, afirmou.
Para Lucas Bjerregaard, de 26
anos, 387.º no ranking mundial,
esta foi a primeira vitória indivi-
dual no European Tour, pela qual
recebeu um prémio de 333.330 eu-
ros subindo de 114.º para 47.º na
Race to Dubai, a ordem de mérito
do circuito, que reflecte os ganhos
monetários dos jogadores. Nesta
tabela, Gouveia subiu de 133.º pa-
ra 114.º, com um total de 266.350
euros, e Lima de 176.º para 145.º,
com 164.607 euros.
“Foi, obviamente, um dia de ner-
vos para mim, pelo que é uma ópti-
ma sensação sair no topo”, disse o
dinamarquês, que sucede na lista
dos vencedores ao irlandês Padraig
Harrington (acabou no quarteto
dos 25.ºs). “Estava a ser um ano
mau para mim e sabia que tinha
de ter uma par de boas semanas
para manter o cartão. Mas, ganhar
aqui, muda tudo para mim”, acres-
centou.
DESPORTO
Breves
Ciclismo
Sagan conquista
camisola arco-íris
pela terceira vez
O ciclista eslovaco Peter Sagan
sagrou-se ontem campeão
do mundo pela terceira vez e
tornou-se o primeiro a fazê-
lo de forma consecutiva, ao
ganhar a corrida de fundo
dos Mundiais disputados em
Bergen, na Noruega. A prova
de 276,5km decidiu-se ao
sprint, com Sagan a impor-se
por menos de meia roda ao
norueguês Alexander Kristoff,
após 6h28m11s de corrida,
enquanto o australiano
Michael Matthews terminou
em terceiro. Rui Costa,
campeão do mundo em 2013,
foi o melhor português, ao
terminar no 19.º lugar, com o
mesmo tempo do vencedor,
integrando o grupo de cerca
de 30 unidades que chegou
destacado à meta.
Xadrez
André Sousa é
campeão nacional
absoluto aos 17 anos
A 74.ª edição do campeonato
nacional absoluto de xadrez
foi conquistada pelo jovem de
17 anos André Sousa, numa
prova que foi discutida taco a
taco com o experiente Mestre
Internacional Sérgio Rocha.
E pelo acaso determinado
pelo sorteio inicial, os dois
defrontar-se-iam na última
ronda com Sérgio Rocha, de
brancas, a precisar de vencer,
enquanto ao jovem André o
empate seria suficiente para
conquistar o troféu e tornar-
se no mais jovem campeão
absoluto de sempre. A
competição, disputada em
sistema de poule a uma volta
entre os 10 participantes,
ficou empobrecida com a
desistência do Grande Mestre
e número um da prova, Luís
Galego, obrigado a retirar-se
por problemas familiares.
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42 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

ESPAÇO PÚBLICO
Miguel Oliveira conseguiu, em Espanha,
chegar ao 3.º lugar do Grande Prémio de
Aragão, na categoria de Moto2, a segunda
mais importante do Mundial de motociclismo. Foi
a sexta vez esta temporada que o piloto português
subiu ao pódio, isto num mundo dominado por
espanhóis e italianos, que têm atrás de si verdadeiras
máquinas financeiras e mediáticas. Oliveira vai
fazendo o seu caminho e subiu ao 3.º lugar no
Miguel Oliveira Mundial de pilotos. J.M.M.
Uma vitória é sempre uma vitória, mas o
resultado de Angela Merkel nas eleições
alemãs veio confirmar o que se temia. A
chanceler foi reeleita, mas fica com um cenário de
governação muito dificultado. Ao mesmo tempo, o
grande rival de Merkel também teve um resultado
ao nível dos piores do SPD. Mas o cenário é ainda
mais sombrio olhando para o resultado obtido pela
extrema-direita. A AfD consegue ficar acima dos 13%
Angela Merkel e é a terceira força política na Alemanha. V.C.

Mais um triunfo para o medo

Nisso está incluído o profundo
desprezo pela União Europeia e pelas
suas políticas, pelo que a ameaça é
duplamente grave. E neste primeiro
momento interessa pouco saber se o
Diogo Queiroz de Andrade voto na AfD vem só da queda da CDU
Editorial ou se o protesto que habitualmente
fácil perceber que a União ainda está
em risco e que o grande combate
que é preciso travar continua a ser
entre nacionalistas e globalistas.
E por isso há duas questões
fundamentais a que é decisivo
responder. A primeira é que tipo de
sobre a sua incapacidade em
recolher votos ao centro, para além
de os perder à direita e à esquerda.
A outra pergunta tem que ver com
a sucessão da líder do mundo livre.
A subida da AfD vai naturalmente
puxar o partido para a direita, com

O
ntem renasceu oficialmente
a deriva nacionalista alemã.
A tremenda subida eleitoral
da AfD dá-lhe credibilidade e
fundos federais, facilitando
a expansão territorial. Pior,
dá notoriedade a um discurso
extremista que terá nas eleições
europeias de 2019 o terreno perfeito
para crescer.
O espaço conquistado pelos
extremistas vem a reboque de um
discurso populista carregado de
ódio por tudo o que não seja alemão.
estava à esquerda também migrou
para a extrema-direita. O que
interessa é entender a dimensão do
que está em jogo.
Cas Mudde, o maior estudioso
do populismo, afirmou ontem que
voltámos quase onde estávamos
em Janeiro: com a extrema-direita
austríaca à beira do poder e a alemã
a condicionar a actualidade, as
forças populistas voltam a ganhar
peso na Europa e a fazer parte
da paisagem de risco no futuro.
Somando a isto a crise da Catalunha
e o longo processo do “Brexit”, é
mandato terá Angela Merkel: um
em que olha para fora e projecta
os destinos da União em conjunto
com Macron, alienando a política
interna? Será um gesto difícil de
concretizar, tendo em conta que os
liberais tiveram um discurso quase
tão populista como a extrema-
direita e deverão ser parte da grande
coligação. Para mais, Merkel terá já
percebido que perdeu as eleições
ao mesmo tempo que as ganhou:
perder quase 10% dos votos num
momento em que o principal
concorrente é dizimado diz muito
um aumento da relevância da CSU
e da ala mais conservadora da CDU.
Terá Merkel força — e vontade — para
forçar um candidato moderado?
Ou será o futuro da Alemanha
decidido por quem melhor encarnar
um nacionalismo moderado e
subtilmente antieuropeu? E isto
também se relaciona com o novo
destino do SPD, que será o novo líder
da oposição e terá a obrigação de
fazer marcação cerrada a um governo
dividido na crença e na ideologia.
dqandrade@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Valorizar o SNS
O Serviço Nacional de Saúde é
uma das maiores conquistas do
25 de Abril e creio que ninguém,
de boa-fé, ousará duvidar da sua
utilidade para os portugueses.
Os profissionais da saúde —
médicos e enfermeiros — são
competentes e dedicados. Não é
uma outra greve que me muda
a opinião. É um direito que lhes
assiste. Se há insuficiências nas
urgências, é porque os hospitais
não têm resposta para a procura.
Não podem ser imputadas aos
profissionais da saúde. Ninguém
faz milagres. Os nossos médicos
ombreiam com quaisquer
outros. O meu, de família, José
Carlos Correia, é de grande
competência. Houve outro, Leote
Nobre, que me salvou a vida. Não
é por acaso que temos um Nobel
da Medicina. A valorização do
SNS, por parte do PS, mostra-se
essencial. Catorze novos centros
de saúde é um dos dizeres de
Medina. A linha de saúde 24 foi
sempre muito útil. O panorama
não se apresenta desolador,
longe disso, mas temos poucas
urgências. A aposta nos estádios
de futebol foi difícil de aceitar.
Simões Ilharco, Lisboa
Estamos satisfeitos?
Não há político que não exulte
com os últimos resultados
da nossa economia — até a
oposição se mostra satisfeita,
mas será que há razão para
festejos? Os números não se
compadecem com estes discursos
optimistas, vamos a eles: o nosso
Estado consome com o seu
funcionamento mais de 50% do
nosso PIB e o actual Governo,
sendo o momento propício para a
sua reforma, o que faz? Aumenta
a despesa, desequilibrando ainda
mais o país.
O crescimento, para se dar com
alguma fortaleza, num momento
como o actual em que a crise de
2008 finalmente se foi, necessita
de um Estado equilibrado e
capitais ao dispor do sector
privado propiciando assim o
desenvolvimento; podemos
comparar o nosso com países
comparáveis e a comparação é
tudo menos benóvola. Assim, o
crescimento do PIB no primeiro
semestre de 2017 foi de 5,7% na
Roménia, 5,1% na Eslovénia, 4,8%
na Estónia, 4,3% na Polónia, 4%
na Lituânia, 3,8% na República
Checa, etc., etc. Em Portugal
foi de 2,8%! Para agravar a
comparação, temos a segunda
maior dívida da UE — resultado
do resgate a que nos obrigaram os
socialistas — e, como já referi, um
Estado macrocéfalo!
Seria urgente reformarmos o
Estado, tornando-o mais ágil e
de menor custo (mais eficiente)
mas qual quê? Querem um
tribunalzinho à porta que julga
um caso por ano? Querem um
hospitalzinho ao lado de um
outro a pouco mais de 30km?
Querem umas progressões
automáticas de carreiras,
independentemente do apego
ao trabalho dos beneficiados?
Querem empregos sem
racionalidade económica? Enfim,
querem aquilo que as sociedades
ricas não têm? Não há problema,
a troika de esquerda dá e o país
que se lixe, fica mais uma vez
adiado...
Ezequiel Neves, Lisboa
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 43

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

O Presidente dos Estados Unidos continua Constata-se que as propostas de alteração

a arrasar tudo o que lhe aparece pela frente,
parecendo que não quer deixar pedra
sobre pedra. Agora, de forma sorrateira, a sua
Administração está a preparar-se para autorizar a
exploração energética no Refúgio Nacional de Vida
Selvagem do Árctico pela primeira vez em mais
de 30 anos. A concretizar-se, este ponto essencial
para a migração de várias espécies de aves ficará,
Donald Trump obviamente, ameaçado. V.C.
violam frontal e grosseiramente o disposto
na Lei da Água. A acusação está numa
parecer do Instituto da Água de 2006 e referia-se
a uma proposta do então ministro da Economia,
Manuel Pinho. No entanto, tanto o então ministro
de José Sócrates como o próprio primeiro-ministro
preferiram não valorizar o parecer do instituto e
seguir em frente com a proposta que permitiu a
Manuel Pinho entrega de barragens sem concurso à EDP. V.C.

ESCRITO NA PEDRA
Os problemas da vitória são mais agradáveis
que os da derrota, mas não são menos difíceis
O voo
Winston Churchill, 1874-1965, político da vida
SEM COMENTÁRIOS FAVELA DA ROCINHA, BRASIL
BRUNO KELLY/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Uma corrida para chegar
em último
Em Corroios, no Seixal, decorre desde
2013 uma corrida de motos bastante
invulgar. Aqui o objectivo é ver quem corta
a meta em último lugar, o mais lentamente
possível, sem nunca pôr o pé no chão.
Acaba por ser mais uma prova de equilíbrio
que outra coisa.
www.publico.pt/multimedia/videos/360
Encomendar pizza ou aprender
a dançar? Use as sapatilhas
Se “vá pelos seus dedos” era o slogan do
anúncio das listas telefónicas há algumas
décadas, hoje o conselho seria no sentido
de usar os pés. É que há cada vez mais
sapatos que são na verdade acessórios
tecnológicos e que permitem um sem-
número de funções: desde encomendar o
jantar a aprender aquele passo de dança.
https://www.publico.pt/tecnologia
E as supermodelos dos anos
1990 voltaram à passerelle
Claudia Schiffer, Cindy Crawford,
Naomi Campbell, Carla Bruni e
Helena Christensen. Nomes e rostos
incontornáveis das passerelles e das
revistas de moda durante a década de
1990. As cinco supermodelos voltaram
a desfilar, na sexta-feira, no arranque da
Semana da Moda de Milão, num tributo a
Gianni Versace, assassinado há 20 anos.
http://lifestyle.publico.pt
O
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
que aconteceu antes de
sermos concebidos? E o
que acontecerá depois de
morrermos? Serão coisas
parecidas? Será que podemos
dizer? Seremos até capazes de
fazer as perguntas?
É bonita a metáfora que
vê a vida como um pássaro
que, atravessando a voo
um salão quente e luminoso, sai por um
instante da tempestade fria para a qual
pouco depois voltará. Vale a pena ler a
versão original, escrita pelo monge inglês
Bede na História Eclesiástica do Povo Inglês
que acabou de escrever em 731, quatro
anos antes de morrer.
Eis uma tradução: “A vida humana, meu
Rei, parece-me ser, comparada com o
tempo sobre o qual nada sabemos, como
o voo rápido de um pássaro a atravessar
o salão onde estais sentado a jantar com
os vossos comandantes e ministros, com
uma bela lareira a crepitar, enquanto lá
fora prevalecem tempestades de chuva e
de neve. Esse pássaro, digo eu, entrando
por uma porta e saindo imediatamente
por outra, enquanto está a voar lá dentro
está salvo da invernia tempestuosa mas,
depois de um breve intervalo de bom
tempo, ele desaparece imediatamente de
vista, voltando para o escuro inverno do
qual emergiu. Também esta vida humana
assim parece durante um breve intervalo
— mas aquilo que aconteceu antes e
aquilo que se seguirá, isso ignoramos
absolutamente.”
Ou, como diz Pozzo na versão inglesa do
Godot de Beckett: “They give birth astride
a grave, the light gleams an instant, then it’s
night once more.” Um dos maiores sustos da
vida é conseguirmos pensar nela enquanto
passamos por cá.
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44 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
ESPAÇO PÚBLICO
A informação ou a falta
dela é um pormenor maior
Maria Margarida Corrêa de Aguiar
Em matéria de informação
sobre Segurança Social,
estamos longe de ser
T
uma sociedade evoluída
êm surgido, recorrentemente,
dúvidas sobre o
funcionamento do Sistema de
Segurança Social, na medida
em que ao sistema estão
atribuídas diferentes funções
às quais correspondem
objectivos distintos, sendo
diferentes os mecanismos
de gestão e as fontes de
financiamento que lhe estão associadas.
A nossa Segurança Social assenta em três
pilares distintos: Sistema de Protecção Social
de Cidadania, Sistema Previdencial e Sistema
Complementar. Coloquemos em foco os dois
primeiros daqueles pilares aos quais estão
atribuídas funções que obedecem a lógicas
de protecção social e de financiamento
diferentes. São distintos os deveres e os
direitos que recaem sobre os beneficiários,
assim como são distintas as obrigações da
Segurança Social. São distintos os impactos
sociais e económicos, em termos de finanças
públicas e os seus efeitos temporais. Que
funções são estas?
• Função redistribuição — concretizada
através do Sistema de Protecção Social de
Cidadania. Abrange todos os cidadãos.
Tem por objectivo garantir direitos básicos
dos cidadãos, em situação de falta ou
insuficiência de recursos económicos.
O financiamento é assegurado através
dos impostos. Configura um regime não
contributivo. Complementos sociais e
pensões sociais dos regimes contributivos
e não contributivos, abono de família,
rendimento social de inserção, subsídio
social de desemprego, complemento
solidário para idosos e apoios no domínio
da acção social são algumas das prestações
sociais abrangidas.
• Função seguro social — concretizada
através do Sistema Previdencial. Abrange
os trabalhadores por conta de outrem e
trabalhadores independentes, funcionários
públicos admitidos na Administração
Pública depois de 2005 e os trabalhadores
do sistema bancário a partir de 2011. Tem
por objectivo substituir o rendimento do
trabalho perante situações de perda desse
rendimento. O financiamento processa-se
em regime de repartição contemporânea
(pay as you go), isto é, através das
quotizações dos trabalhadores e das
contribuições das entidades empregadoras.
JOSÉ MARIA FERREIRA
insuficiência, que se arrasta há anos, impede
o escrutínio institucional, político e público
e prejudica o trabalho das academias.
A disponibilização de dados físicos e
financeiros de qualidade — leia-se claros,
rigorosos, completos e consistentes — e,
bem assim, a sua acessibilidade atempada
e regular apresentam-se crescentemente
críticos. O exercício da responsabilidade
individual e colectiva sai diminuído e
a qualidade das políticas públicas sai
empobrecida na ausência de transparência.
É, a bem dizer, o futuro que se complica.
Este quadro é válido na gestão orçamental
de curto prazo, a qual corresponde ao
exercício anual de elaboração do Orçamento
do Estado, especialmente impactado
pela conjuntura económica, e respectivo
acompanhamento em termos da sua
execução.
É também válido na gestão financeira
do próprio Sistema Previdencial em que
a taxa contributiva (TSU) financia um
conjunto de prestações sociais com perfis
Configura um regime contributivo. A lei de risco muito distintos — por exemplo, o
prevê que pode haver transferências do subsídio de desemprego é uma contingência
Orçamento do Estado — como tem vindo imediata, enquanto uma pensão é uma
a acontecer, devido à insuficiência das responsabilidade de longo prazo —,
quotizações e contribuições. O crescente permitindo-se a subsidiação cruzada
recurso aos impostos perverte, no entanto, entre os mesmos. Recorde-se que a taxa
o princípio da contributividade ao acentuar contributiva não é uma taxa actuarial que
a componente não contributiva. A lei garante o equilíbrio financeiro entre receitas
prevê, também, a utilização dos recursos e despesas.
financeiros do Fundo de Estabilização Quando olhamos para a gestão das
Financeira da Segurança Social (FEFSS) — o responsabilidades de médio e longo prazo —
que até hoje não aconteceu. Em 2017, foi onde se destacam as pensões, especialmente
criada uma nova fonte de financiamento dos regimes contributivos —, é evidente a
do FEFSS, o Adicional do IMI. Pensões de insuficiência de informação que está na base
reforma (velhice), invalidez e sobrevivência, das projecções apresentadas. É desejável
subsídio de desemprego, subsídio de doença a adopção de algumas boas práticas que
e subsídios de maternidade/paternidade/ promovam a transparência, a robustez dos
adopção são alguns dados e dos estudos e o escrutínio público.
dos benefícios Neste sentido, a Segurança Social
abrangidos. deveria apresentar um orçamento próprio
Muitas das dúvidas anual e plurianual — fazendo parte
sobre a execução integrante do Orçamento do Estado — com
É desejável destas funções,
que extravasam a
a fundamentação das opções políticas
sectoriais e o desenvolvimento analítico
a adopção dimensão financeira, das previsões financeiras por funções —
de boas prendem-se com a
falta de um sistema
distinguindo a função redistribuição e a
função seguro social.
práticas que de informação que Um cuidado particular deveria ser
promovam a disponibilize os dados colocado no tratamento da rubrica pensões
físicos e financeiros: — separando as pensões dos regimes
transparência segregados por contributivos e as pensões dos regimes
e o escrutínio funções e com um não contributivos — sem perder de vista a
público nível de desagregação
adequado ao
necessidade de se dispor de uma “fotografia”
global. Estas abordagens desagregadas
conhecimento claro e deveriam permitir conhecer claramente
completo sobre o que as populações beneficiadas e como se
faz a Segurança Social relacionam com ambos os regimes — por
e como o faz. exemplo, há pensionistas que beneficiam de
Falta o sistema e vários regimes em simultâneo — e as fontes e
falta a sua divulgação. necessidades de financiamento.
O resultado desta O trabalho do controlo de execução
orçamental necessita de dados físicos e
financeiros de qualidade e acessíveis. Falta
um sistema de informação que responda
satisfatoriamente.
Esta actividade ganha em ser realizada por
entidade independente com competências
e recursos adequados para o efeito. O
Conselho de Finanças Públicas tem vindo a
trabalhar neste domínio com a publicação
periódica de relatórios de análise. Mas há
ainda muito caminho para fazer. Sem a
disponibilização adequada da “matéria-
prima”, constituída pelos dados, tudo o que
se faça tem a etiqueta de superficial.
O investimento num sistema de
informação (data center) afigura-se
estratégico. A qualidade da recolha, do
tratamento e da produção de microdados
e macro dados é essencial para apoiar a
decisão política e dar suporte à actividade
estatística e ao trabalho do controlo de
execução orçamental. Como acontece
em muitos outros países, é essencial que
as academias tenham acesso, com base
em critérios adequados de segurança e
utilidade, a dados que lhes permitam fazer
estudo e investigação.
Os sistemas de pensões necessitam de
ser regularmente avaliados. O processo
de revisão deve ser transparente, os
pressupostos actuariais e financeiros
assumidos devem ser realistas e os
resultados devem ser comunicados, em
tempo útil e de forma clara, às partes
interessadas. A evolução e os desvios das
projecções devem ser justificados.
Neste contexto, a criação do Actuário
Chefe da Segurança Social seria um
avanço necessário. Esta entidade teria
um estatuto de independência, seria
responsável pelas avaliações actuariais e
projecções financeiras das responsabilidades
de longo prazo — pensões públicas —,
competindo-lhe elaborar cenários e estudos
de sustentabilidade financeira, realizar
pesquisas actuariais e demográficas e
fazer recomendações sobre os planos de
pensões e a adequação dos seus níveis de
financiamento.
A informação rigorosa e transparente é
apanágio das sociedades mais evoluídas;
em matéria de informação sobre Segurança
Social, estamos longe, porém, de ser uma
sociedade plenamente evoluída.
Presidente da Cidadania Social; ex-
secretária de Estado da Segurança Social
Cidadania Social —
Associação para a
Intervenção e Reflexão
de Políticas Sociais
www.cidadaniasocial.pt
Escreve às segundas-feiras
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Detalhar a factura
da função pública
O
Luís Villalobos
Visto daqui
facto de a Standard &
Poor’s ter subido a nota
que dava a Portugal —
passando-a de “lixo” para
grau de investimento — no
mesmo dia em que o Fundo
Monetário Internacional
(FMI) publicou um relatório
sobre Portugal fez com que
os holofotes mediáticos se
afastassem de um alerta importante: o de
que é preciso ter atenção com a factura da
função pública.
Sim, o facto de a S&P ter galgado dois
degraus de uma só vez (a expectativa era a
de que mudasse apenas a perspectiva, que
funciona como um sinalizador do passo a
seguir) é uma excelente notícia e acelera a
entrada de novos investidores, e também
o FMI reconheceu que há um “progresso
notável”. Mas também é verdade que se
evitam futuros problemas quando se actua
no presente.
E com o FMI vinham também dois
alertas, um sobre a banca (ainda com
fragilidades e novos desafios regulatórios)
e outro sobre a função pública.
De acordo com o Fundo, é preciso
diminuir o número de trabalhadores pagos
pelo Estado e, também, evitar subidas de
salários. Depois, entre outros aspectos,
recorda que, “nos dois últimos anos,
Portugal não reduziu o emprego público
como tinha planeado para compensar os
custos associado à reversão dos cortes
salariais”.
A falha, se é que o Governo acreditava
verdadeiramente nas metas estabelecidas,
verificou-se nas reformas, que ficaram
muito abaixo do que previa o executivo.
No cômputo global, não só não houve
descida no número de funcionários
— o plano previa uma redução de dez
mil entre 2015 e 2016 — como até se
registou uma tendência de subida. Isto
numa altura em que se está a debater o
descongelamento das progressões dos
funcionários do Estado, e o volume de
trabalhadores vai subir com a integração
dos precários.
Não coloco em causa a reversão dos
cortes salariais, medida aliás considerada
inconstitucional, ou a plena justiça de
se acabar com os falsos recibos verdes.
Interrogo-me, isso sim, sobre o que é que
está a ser feito para saber que função
publica temos, e queremos, para perceber
então de que forma cortamos despesa ou
justificamos o encargo.
Em 2013, pleno período da troika de
credores, tentou-se fazer um levantamento
Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 45
ESPAÇO PÚBLICO
Despesa com juros
não resolve, mas ajuda
N
Universo conhecido Mas o ponto interessante a notar é
Ricardo Cabral que toda a dívida directa do Estado com
N.º de trabalhadores pagos pelo Estado maturidades até 18 anos se transacciona
750.000
o OE 2017, de Outubro de 2016, o no mercado secundário a taxas de juro
727.625 Governo previa que a economia aproximadamente iguais ou inferiores à taxa
Total das em 2017 crescesse 1,5% em de juro implícita média da dívida directa do
700.000 administrações termos reais e cerca de 3% em Estado (~3,2%). O que significa que o mero
públicas termos nominais. Ao apresentar refinanciar de parte da dívida pública que
668.043*
o Programa de Estabilidade chega à maturidade em cada ano resulta
650.000 2017-2021 (PE2017/21), em Abril, em significativas reduções da taxa de juro
o Governo reviu a expectativa implícita média da dívida da República e na
* previsão
de crescimento económico real queda acentuada da despesa com juros, em
600.000
31 Dez 2011 30 Jun 2017
para 1,8%, a que corresponderia anos subsequentes.
um crescimento nominal de 3,2%. A manter-se o actual nível de taxas de
Fonte: Direcção-Geral da Administração e do Emprego, PÚBLICO Entretanto ocorreram melhorias juro durante o próximo ano, tal significaria
significativas. No primeiro trimestre de que a despesa com juros da dívida pública
dos complementos salariais pagos aos 2017, em termos homólogos com o primeiro continuaria a descer de modo significativo
trabalhadores. E digo tentou-se porque trimestre de 2016, o crescimento real foi também em 2018 e 2019, desde que se
o trabalho ficou incompleto, por falta de de 2,8% e o crescimento nominal de 3,3%. mantivesse a maturidade residual média
dados disponibilizados pelas empresas De acordo com a imprensa, no segundo da dívida nos refinanciamentos da dívida
ligadas à administração central, regional trimestre, o crescimento real foi revisto que vence nesse período. Em contabilidade
e local. Umas nem responderam, outras esta semana pelo INE — de 2,9% para 3%. pública, tendo em conta os refinanciamentos
deram dados parciais e houve ainda casos O crescimento homólogo nominal no 2º previstos (i.e., sem novas amortizações
de incorrecções e incongruências. Mas não trimestre foi de 4,2%, de acordo com as antecipadas ao FMI), é de prever uma
consta que tenha Contas Nacionais Trimestrais do INE. redução adicional da despesa com juros
havido penalizações E, o INE publicou igualmente esta semana entre 250 e 350 milhões de euros em 2018
por isso, nem que estatísticas de acompanhamento das contas acrescida de outro tanto em 2019, com a taxa
a questão tenha e dívida pública (2ª notificação de 2017 de juro implícita da dívida da República a
sido resolvida do procedimento dos défices excessivos), reduzir-se em mais de uma décima de ponto
É preciso saber, desde então. O
problema, aliás,
que actualizam o PIB de 2015 e de 2016 e
que actualizam também as previsões do
percentual em cada ano.
Ou seja, a continuarem as actuais
sem elementos começa no facto de Governo para o défice, dívida e PIB para condições favoráveis para a dívida, a despesa
de pressão nem sabermos o
verdadeiro universo
2017.
Constata-se que nesta 2ª notificação
com juros, em contabilidade pública,
poderia cair de 8,2 mil milhões de euros
para cortes da função pública. divulgada pelo INE, com dados em em 2016 para 7,2 a 7,4 mil milhões de euros
rápidos, No Orçamento do contabilidade nacional: é mantida a previsão em 2019, ou seja 400 a 600 milhões de
Estado para 2016, (do PE2017/21) de 3,2% para o crescimento euros inferior ao previsto no Programa de
quantos fazem o actual Governo económico nominal em 2017; o défice de Estabilidade do Governo para esse ano.
o quê e a que dizia que os dados 2017 é revisto em baixa, de 1,58% para 1,49% É claro que a despesa com juros
preço e o que é que existiam
eram insuficientes
do PIB (uma redução de 174 milhões de euros
face ao valor anterior); e a despesa prevista
continuaria demasiado elevada, mas à falta
da reestruturação de dívida (tão necessária
que queremos para se fazer com juros desce 369 milhões face ao valor para o país) não será caso, desta vez, para se
mudar. E esta é “uma adequada
caracterização
previsto no OE2017, o que significa que se
espera que a taxa de juro implícita média
dizer que uma boa notícia nunca vem só?
uma excelente das qualificações, da dívida pública, relativamente ao stock
altura para remunerações e no final de 2016, caia dos 3,44% (previstos
horas de trabalho inicialmente) para 3,29%.
o fazer dos funcionários Na última semana, a subida do rating da
públicos”. Com esta dívida da República, da categoria “lixo” para
constatação ficou a categoria investimento, pela S&P, resultou
o compromisso de numa queda generalizada das taxas de juro
que seria feito um da dívida pública no mercado secundário
recenseamento com maturidades superiores a 5 anos, com a
para mudar a taxa de juro da dívida pública a 10 anos a cair
situação. de 2,86% há um mês, para 2,43% na sexta-
Não sei se houve feira passada.
desenvolvimentos, mas espero bem
que sim. Porque é preciso saber, sem
elementos de pressão para cortes rápidos,
quantos fazem o quê e a que preço e o
que é que queremos mudar. E esta é uma
excelente altura para o fazer. Por Ricardo Cabral, Francisco Louçã
e António Bagão Félix
Jornalista
luis.villalobos@publico.pt Ricardo Cabral escreve à 2.ª e 5.ª, António Bagão Félix à 3.ª e 6.ª e Francisco Louçã à 4.ª e sáb.
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46 • Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
ESPAÇO PÚBLICO
Ryanair: o fim do estado de graça
António Monteiro
O que se passa na Ryanair
é muito mais do que
um erro na marcação
Q
de férias dos pilotos
uando a Ryanair anunciou um
crescimento de 10% no mês
de agosto, nada fazia prever
que apenas alguns dias depois
estaria pelas ruas da amargura.
Tudo parecia tão normal que,
na mesma altura, lançou uma
das suas habituais promoções
(“escapadinhas de outono”),
mas bastou o anúncio do
cancelamento de 2000 voos, nos próximos
dois meses, afetando 400 mil passageiros,
para colocar a companhia irlandesa no “olho
do furacão”.
Escamoteando as verdadeiras razões, a
Ryanair começou por apresentar a medida
como destinada a melhorar os níveis de
pontualidade. Mas ninguém acreditou,
sendo obrigada a corrigir esta versão,
colocando, numa segunda versão, as culpas
em terceiros (greves do tráfego aéreo e
efeitos do mau tempo). Mais uma vez,
ninguém acreditou, pois, sendo verdade,
toda a indústria seria afetada.
Com o fogo a alastrar, entrou então em
cena o bombeiro-mor, Michael O’Leary,
que, com um inédito ataque de humildade,
pediu desculpa adiantando que, afinal, tudo
se devera a um erro na marcação de férias
dos pilotos. A verdade é que é muito mais
do que isso, tratando-se de uma crise muito
profunda.
A Ryanair atingiu em pouco mais de uma
década a condição de líder do mercado
intraeuropeu. A receita para o sucesso foi
simples: preços mais baixos, pontualidade
e marketing agressivo, a que acrescentou
o tempero de uma liderança provocatória.
Inebriado com o seu sucesso, O’Leary
chegou mesmo a afirmar “It doesn’t matter
if we treat you like shit; for cheap, you would
come back again and again and again” (“Não
importa se vos tratamos mal; se for barato,
vocês voltam sempre”).
O modelo low-cost veio para ficar e,
ao mesmo tempo que nasciam como
cogumelos outras concorrentes perfilhando
idêntico modelo, as principais companhias
tradicionais europeias — Lufthansa, Air
France/KLM e IAG (British Airways/Iberia) —
embora tardiamente, começaram a adaptar-
se criando as suas próprias “low-cost”. Com
tanta concorrência, a Ryanair, para manter
os níveis de crescimento a que se habituara,
começou a moderar os seus instintos
belicosos, procurando atingir segmentos de
mercado que aspiram a mais do que preços
baixos.
O’Leary, fazendo recordar uma frase
emblemática de Grouxo Marx (“estes são
os meus princípios, se não gostar não faz
mal, tenho outros”), anunciou então, ao seu
estilo, a mudança: “If I only knew that being
nice to costumers was so good to my business, I
would have been nicer to costumers years ago”
(“Se eu soubesse que ser simpático para os
clientes era tão bom para o meu negócio,
há anos que teria sido mais simpático para
os clientes”). Não inventou nada, porque
as novas tendências já tinham antecipado a
progressiva aproximação entre os modelos
em presença.
Recorde-se que a atual crise se assemelha
à que foi vivida em setembro de 2016 pela
Vueling, cujos sistemáticos atrasos de
muitas horas, em especial no aeroporto de
Barcelona, obrigaram à intervenção das
autoridades locais, exigindo a imediata
normalização da situação. Segundo a
comunicação social espanhola, as causas
desta crise foram “a sobreexploração dos
recursos e o excesso de rotas”, tendo, em
consequência, a companhia espanhola,
subsidiária do Grupo IAG, sido obrigada
a usar de maior prudência, reduzindo em
8,6% a sua oferta de 2017.
Onde falhou, então, a Ryanair? No fator
humano. Tendo antecipado uma relação
mais civilizada com os seus clientes, não fez
o mesmo com o seu pessoal, insistindo, até
à exaustão, num por medo, um rosto para credibilizar tais
modelo baseado rumores. Para agravar, os movimentos
em condições sindicais europeus, salvo raras exceções,
de trabalho não deram sinal de preocupação quanto
degradantes, com à gravidade de uma situação que, além do
Onde falhou, total precaridade e mais, contagiou toda a indústria.
salários mais baixos. Nestes dias, finalmente simpática com
então, a Atenta, a os seus clientes, a Ryanair promete muita
Ryanair? No Norwegian, a mais informação, alternativas para os voos
fator humano. recente estrela
do firmamento
cancelados e indemnizações. Mas estes
vão ter muito que penar pois, por mais
A partir “low-cost” que sinceridade que possa existir, a companhia
de agora, está num processo
de crescimento
não tem no seu ADN cultura de serviço
nem estruturas adequadas como, aliás,
nada será muito agressivo, muito bem sabem todos os que já viveram
como antes necessitando de situações anteriores de irregularidade.
reforçar o seu Entretanto, a comissária europeia dos
quadro de pilotos, Transportes já veio recordar os direitos dos
não teve dificuldade passageiros nestas situações, afirmando
em “roubar” mais estar em contato com a Ryanair e dizendo
de uma centena “esperar que esta respeite plenamente
de tripulantes esses direitos”. Justificam-se estes avisos
à sua principal em especial após a Deco já ter acusado a
concorrente. Bastou companhia de esconder alguns direitos dos
oferecer condições de trabalho um pouco passageiros afetados pelos cancelamentos.
mais decentes. O’Leary desmente, mas já Mas a situação a que se chegou é
ninguém parece acreditar nele. Há mesmo, também fruto da inércia das autoridades
na imprensa internacional, quem trace comunitárias, sempre muito interessadas
cenários mais negros, falando na debandada em aprofundar a concorrência (fechando
nos últimos meses de um total de 700 mesmo os olhos e os ouvidos a acusações de
pilotos, tanto para companhias europeias apoios públicos ilegais) ignorando interesses
como para o Extremo Oriente, em especial de consumidores e trabalhadores. Também a
para a China. autoridade portuguesa (ANAC) veio a terreiro
Ao longo dos últimos anos houve muitos recomendar aos passageiros afetados para
rumores sobre as condições de trabalho na “apresentarem uma reclamação formal
Ryanair, mas faltou sempre, certamente junto da companhia aérea”. Tarefa difícil,
NELSON GARRIDO
pois a comunicação da companhia irlandesa
está orientada exclusivamente para vender.
Em Portugal, não obstante a propaganda
enfatizar muito o seu contributo na criação
de postos de trabalho, haverá a maior das
dificuldades em estabelecer contacto. Talvez
só telefonicamente... diretamente para a
Irlanda.
A Ryanair teve ao longo da sua história
muitas situações de crise, embora a sua
reputação nunca tenha sido tão atingida
como neste mês de setembro. O estado de
graça acabou e a partir de agora nada será
como antes.
Uma nota final: o Porto foi a região
que, em Portugal, mais investiu na
Ryanair. Com inegável sucesso para o seu
turismo, acrescente-se. Mas a companhia
irlandesa não beneficiou menos, muito
pelo contrário. Com o advento do turismo
de massas, o Norte do país, e o Porto
em particular, pelas suas qualidades
beneficiariam sempre, mais cedo ou mais
tarde, dos atuais fluxos turísticos. Regista-se
que, na hora de cancelar voos, o aeroporto
do Porto foi dos mais prejudicados pelos
cancelamentos.
Profissional de transporte aéreo
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Público • Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017 • 47

ESPAÇO PÚBLICO

Quando as cidades mais ricas

são também as mais pobres

A
TOBY MELVILLE/REUTERS

Francisca Guedes de Oliveira

lguns dos dados recentes
divulgados pela Oxfam acerca
da desigualdade no mundo,
são francamente assustadores.
O 1% da população mais rica
detém mais riqueza do que
o resto todo da população
mundial. Nunca, desde o séc.
XIX o mundo foi tão desigual.
As desigualdades são
gritantes entre continentes, entre países, e
cada vez mais dentro dos próprios países
— mas os dados acerca da desigualdade
dentro das grandes cidades são,
igualmente, aterradores.
A urbanização da Europa, muito ligada
ao fenómeno da revolução industrial
do séc. XVIII, acentuou-se ao longo dos
séc. XIX e XX. Embora o tecido urbano
europeu não se caracterize por megas
cidades, caracteriza-se por um conjunto
muito elevado de cidades de média-grande
dimensão, com uma concentração de
grandes empresas, grupos financeiros,
instituições internacionais, universidades,
etc. As cidades são obviamente pólos de
emprego e motores de crescimento.
A nível global, a OCDE prevê que, em
2050, cerca de 70% da população mundial
viva em cidades e que estas tenderão a
ser cada vez maiores. O que pode colocar mas quando olhamos para os vários O aumento da segregação tem acesso aos serviços públicos (do qual a
problemas muito severos de desigualdade “arrondissements” (bairros) a história é consequências a vários níveis. Além das recolha de lixo é um bom exemplo) devem
territorial na distribuição do rendimento. claramente diferente: questões de justiça social a perpetuação ser sempre pensados e avaliados pelo
A desigualdade nas cidades, nos países os bairros mais e agudização da segregação, promove impacto que terão nesta segregação, e serão
desenvolvidos, tende a ser francamente pobres têm uma taxa a eclosão de conflitos sociais que se os instrumentos fundamentais para que as
superior às desigualdades nacionais, de pobreza na casa podem expressar de formas diversas; a cidades não se transformem em armadilhas
de acordo, ainda, com dados da OCDE. dos 40%, enquanto falta de integração de alguns grupos e a de desigualdade. A coesão territorial
E embora as cidades sejam fonte de nos mais ricos não incapacidade de combater a desigualdade tem que ser um ponto chave na política
crescimento, emprego, educação e bem- Embora as ultrapassa os 9%. provoca movimentos de ódio; cresce a municipal e urge fazer benchmarking com
estar, podem tornar-se, facilmente, em cidades sejam A segregação xenofobia e o racismo e entra-se numa os bons exemplos e aprender com os maus
verdadeiras armadilhas de desigualdade [1]. dentro das cidades, espiral de afastamento cada vez maior; a exemplos, que se multiplicam na Europa.
Alguns dados permitem-nos perceber fonte de medida pela integração torna-se cada vez mais difícil
melhor o alcance destas questões. crescimento, desigualdade na com reações adversas de parte a parte. [1] OECD report: “Making cities work for
Em Londres, o rácio de salários entre os
percentis 90 e 10 [2] é de cerca de 4,1, muito
emprego, distribuição do
rendimento e da
Portugal, por razões que talvez valha a
pena um dia discutir, tem ficado à margem
all: Data and actions for Inclusive Growth”,
october 13, 2016 || [2] Isto significa os 10% mais
mais elevado do em que qualquer outra educação riqueza, mas também de movimentos mais populistas e radicais. altos e os 10% mais baixos
região de Inglaterra. O total da riqueza dos
10% mais pobres era 57% abaixo do resto
e bem-estar, por níveis de
educação e emprego,
Mesmo em Lisboa, onde, a nível nacional,
estas questões são mais prementes, não Membro do conselho científico e
da Grã-Bretanha, enquanto nos 10% mais podem tornar- tem aumentado tem havido ondas de confrontos, nem estratégico do IPP (Instituto de Políticas
ricos era 22% acima do resto do país. E se -se, facilmente, na maioria das radicalização de grupos e movimentos. No Públicas — Lisboa)
em termos de salário o rácio 90:10 é de cidades europeias. entanto não podemos continuar a ignorar
4,1, em termos de riqueza ronda os 173, em verdadeiras Dados mostram algumas destas questões. É preciso O Institute of Public Policy (IPP) é um
quase 3 vezes mais do que o rácio no país. armadilhas de que mesmo nos aprofundar o tema, perceber o nível de think tank académico,
E, em Londres, a distribuição territorial
das populações mais ricas e mais pobres é
desigualdade países escandinavos
este fenómeno
desigualdade dentro das nossas cidades e
perceber como é que essa desigualdade se
independente e apartidário.
As opiniões aqui expressas
visível a olho nu, com uma falta de coesão tem alastrado, está a traduzir em segregação territorial. vinculam somente os
territorial muito evidente. com pobres e ricos As cidades devem precisamente ser autores e não refletem
No que diz respeito a Paris, a distribuição a viverem vidas pensadas para promover a integração. Em necessariamente as posições do IPP, da
geográfica da população também conta uma paralelas em lados ano de renovação de órgãos autárquicos Universidade de Lisboa ou de qualquer
história clara de desigualdades. Como um separados de um esta questão deve ser posta na agenda. outra instituição
todo, Paris tem uma taxa de pobreza na casa mesmo espaço As políticas de habitação e transporte, de
dos 14% (próxima dos valores nacionais), urbano. acesso à educação e à cultura, o adequado Escreve às segundas-feiras
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Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017
BARTOON LUÍS AFONSO
CONSOANTE MUDA
Alemanha, a Jamaica da Europa
Rui Tavares
A
pós tantos anos em que
nos queixámos da política
alemã como sendo
monótona, uma das poucas
certezas destas eleições
na Alemanha é que vamos
poder deixar de nos queixar disso.
Para passarmos, provavelmente, a
queixar-nos de outras coisas mais
importantes.
Os dois partidos que mais
cresceram nas eleições alemãs, AfD
e FDP, são opostos por princípio à
própria noção de solidariedade —
com os refugiados ou com o resto
da União Europeia. O AfD, partido
de uma extrema-direita que
regressa ao parlamento alemão
pela primeira vez desde a II Guerra
Mundial, fez da desumanidade a
sua política de refugiados: uma
das suas representantes disse
em tempos que os refugiados
deveriam ser recebidos a tiro na
fronteira. O FDP, partido liberal
de pergaminhos europeístas nos
tempos de Hans-Dietrich Genscher,
fez agora da política anti-euro a
estratégia para poder regressar ao
parlamento: a plataforma eleitoral
EXCLUSIVO PARA ESTUDANTES
notícias que
são mesmo
dos liberais alemães foi desenhada
para contrariar em tudo as
propostas de reforma do euro que
chegam da França e dos países do
Sul.
Não há, pois, como dourar a
pílula. As eleições alemãs correram
mal à Europa e, em particular, ao
sul da Europa.
É preciso, porém, ter cuidado
com o catastrofismo. Sim, a
extrema-direita entrou no
parlamento alemão. Mas a história
política recente em França e no
Reino Unido já nos ensinou que o
problema mais sério é o contrário:
quando o sistema está desenhado
para impedir a extrema-direita
de entrar no parlamento e acaba
por insuflar a sua capacidade de
agir por fora da política banal e
comezinha do dia-a-dia. A AfD
estará no parlamento alemão com
os seus 13% para se testar, mas
também para se expor, junto dos
cidadãos alemães. O ciclo eleitoral
desde 2013 já mostrou a AfD a
subir, mas também a descer. Por
muito frémito que se provoque em
torno deles, não está garantido que
tenham um caminho ascendente
à sua frente como sucedeu com a
Frente Nacional em França (antes
de terem assustado os eleitores
com a saída do euro).
Por outro lado, o derrotado
candidato social-democrata,
Martin Schulz, tomou ontem
verdade 000000000000000000000
a única atitude que possibilita
ao seu SPD um papel positivo
no futuro, prometendo que o
seu partido não continuará no
governo com Merkel. Com isso
garante que a extrema-direita
não será a oposição oficial na
Alemanha, e liberta o SPD para
uma caminhada que lhe poderá
valer o regresso às vitórias daqui
a quatro anos, quando é possível
que a sua adversária já não seja
uma Angela Merkel a caminho
do que então seria o seu quinto
mandato.
Resta assim uma única
Agora que a
Alemanha parte
à descoberta
política da Jamaica,
é importante que
no resto da Europa
se mantenham as
devidas proporções
sobre o que é interno
e o que é europeu
nestas eleições
coligação maioritária possível
na Alemanha: a já famosa (mas
nunca experimentada a nível
federal) “Coligação Jamaica”,
assim chamada porque as cores
dos partidos que a compõem são
as da bandeira jamaicana: preto
(os cristãos-democratas da CDU),
amarelo (os liberais do FDP), e
verde (dos Verdes, é claro). Mas
os Verdes e os liberais do FDP
detestam-se e o que defendem para
a UE está em pólos opostos. As
primeiras reações dos Verdes são
no sentido de só poderem aceitar
ir para o governo se houver alguma
0,70€ semana
70% DESCONTO
ASSINATURA ANO LECTIVO
publico.pt/campanhaestudantes
continuidade nas políticas pró-
refugiados de Merkel e abertura em
relação às propostas para o euro
vindas do Sul e da França. Esta será
uma coligação, se não instável,
pelo menos bastante acrimoniosa.
Agora que a Alemanha parte à
descoberta política da Jamaica,
é importante que no resto da
Europa se mantenham as devidas
proporções sobre o que é interno e
o que é europeu nestas eleições.
A pior coisa que os restantes
governos da UE podem fazer é
tratar o drama político alemão
como se fosse o seu próprio.
Entramos em dois anos decisivos
para o euro, até à saída de Mario
Draghi do BCE, em 2019. É
expectável, e até legítimo, que a
Alemanha não queira pagar pelos
outros países. Mas já não será
legítimo que a Alemanha bloqueie
a única outra possibilidade
para assegurar a estabilidade
do euro e garantir o futuro da
UE: um orçamento europeu de
coesão, reforçado a partir de
recursos próprios da União, por
exemplo oriundos da taxação das
multinacionais. É essa proposta
que os países do Sul devem pôr em
cima da mesa, conjuntamente com
a França, ultrapassando de vez a
descoordenação e o vazio de ideias
de que padeceram no passado.
Historiador, fundador do Livre
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