Professional Documents
Culture Documents
Criminologia
Introdução
Conceito
Pode ser conceituada resumidamente como o estudo do crime.
Rafaelle Garofalo “Criminologia, 1885 – uso do termo como ciência.
Ciência autônoma
Ciência empírica – baseada na observação e experiência
Interdisciplinar
Ciência humana e social – leis evolutivas e flexíveis – está em constante mutação. É
possível sua permanente evolução com o fito de aperfeiçoamento em busca da prevenção
do delito e do alcance da paz pública e social.
Objeto
O objeto da Criminologia é científico.
Atualmente, o objeto está dividido em quatro pilares:
1. Delito – clássicos
a. Fenômeno comunitário e um problema social.
2. Delinquente – primórdios do positivismo
a. Pessoa que infringe a norma penal, sem justificação e de forma reprovável.
b. Ser histórico, real, complexo e enigmático.
3. Vítima – após a Segunda Guerra Mundial
a. Pessoa que tenha sofrido danos como consequência de ações ou omissões que
violem a legislação penal vigente.
b. Formulada nova disciplina: a Vitimologia.
4. Controle social – após a Segunda Guerra Mundial
a. Conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a
garantir a submissão dos indivíduos aos modelos e normas comunitárias.
Agentes de controle social
A operacionalização do controle social se dá através dos agentes de controle, que podem ser:
a) Formais (meio coercitivo) – punir o indivíduo transgressor das regras comunitárias
impostas pelo controle social, através das instituições oficiais do Estado.
a. Polícia, MP, judiciário, administração, penitenciária.
b) Informais (condão educativo) – busca socializar e inserir o indivíduo na vida em
sociedade, evitando atuação dos agentes formais.
a. Família, escola, profissão, opinião pública, Igreja.
@concurseira_pc
Método
No campo da Criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas,
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas.
Método de investigação INDUTIVO (diverso do Direito Penal). Ocorre observação da realidade,
para, após análises, retirar dessas experiências as suas consequências.
Finalidade
Informar a sociedade e os poderes constituídos acerca dos objetos.
Lutar contra a criminalidade (controle e prevenção criminal).
Verifica-se que a criminologia tem como finalidade uma análise completa do fato criminoso,
abordando todos os seus aspectos (contexto) e não apenas o crime em si.
Escolas Criminológicas
Divisão do desenvolvimento da Criminologia em duas fases: período pré-científico e período
científico.
Período pré-científico abrange o período que vai desde a Antiguidade, terminando com o
surgimento do trabalho de Lombroso.
Escola Clássica
Representantes – Cesare Beccaria, Carrara, Carmiginiani;
o Carrara – “Sociedade e Crime”.
Ideais iluministas, postulados do jusnaturalismo.
Crime é uma infração, um ente jurídico
Imagem do homem como ser racional, igual e livre.
Responsabilidade penal se baseia na responsabilidade moral, no livre-arbítrio.
Prevenção é melhor que a repressão.
@concurseira_pc
Penas são castigos impostos àqueles que violam a lei, como retribuição pelo mal
causado.
Escola positiva
Representantes:
o Lombroso “L’uomo delinquent” – teoria do delinquente nato
Influência de fatores biofísicos e atavismo (retrocesso ao homem
primitivo).
Antropologia criminal
Teoria do criminoso nato
o Enrico Ferri – pai da sociologia criminal
Acrescentou a influência dos fatores socioeconômicos e culturais no
criminoso.
Criminosos deveriam ser afastados da sociedade.
o Rafaelle Garofalo – criou o termo criminologia sob tríplice aspecto.
Defende pena de morte.
Falta probidade e piedade.
Jurídica criminal
Apresenta duas direções opostas: a antropológica de Lombroso (fator individual) e a
sociológica de Ferri (fator social)
Crime é fenômeno social e sintoma do agente.
Determinismo
Pena como tratamento do criminoso.
Escola eclética
Também chamada de Terza Scuola.
Representantes: Lacassagne, Von Lizt, Turatti
o Lacassagne – “Sociedade e Miséria”
“Sociedade tem os criminosos que merece”
Voluntariedade das ações (substitui o livre-arbítrio).
Delito como fenômeno individual e social
Escola correcionalista
Estado deve reintegrar o criminoso
Pena deve durar o tempo necessário à readaptação
Caráter profilático da pena, pois protegia o grupo e recuperava o criminoso.
Criminologia científica
Moderna criminologia científica
Tem como um de seus maiores autores Cesare Lombroso, considerado o seu fundador.
Principais áreas: Biologia Criminal, Sociologia Criminal, Psicologia Criminal.
De acordo com a criminologia moderna, o fenômeno criminoso é uma interação
biopsicossocial e o homem está sujeito a esta interação podendo responder com mais um
comportamento delituoso.
Além disso, a Criminologia moderna focaliza o delito como um problema social e
comunitário não somente como comportamento individual.
Defende o uso de tratamentos não institucionais, porque haveria inequívoco prejuízo ao
indivíduo com a restrição de sua liberdade ou afastamento de seu meio.
Biologia criminal
Estuda a presença de tendências de etiologia genética.
Associação entre hereditariedade/delito e anomalias cromossômicas/comportamento
criminal.
Busca de um fator diferencial no corpo do delinquente que explique a conduta delitiva,
que se supõe como consequência de alguma patologia, disfunção ou transtorno
orgânico.
Sociologia criminal
Estudo da macrocriminalidade, uma abordagem dos fatores que levam a sociedade como um
todo a praticar, ou não, infrações criminais.
Bifurcação em dois grupos principais, levando em consideração, principalmente, a forma como
os sociólogos encaram a composição da sociedade: consensual ou conflitual.
Psicologia criminal
Teorias se destacam com o estudo micro (estudo do indivíduo e de pequenos grupos).
São temas que, por exemplo, interessam à Psicologia Criminal brasileira: estudo dos
depoimentos testemunhais, estudos psicossociais de carreiras criminais, assassinos seriais.
Fatores condicionantes
Fatores biológicos ou somáticos
Sexo, idade, herança, cor da pele, alterações patológicas, ritmo cerebral.
Fatores psicológicos
Ego fraco ou abúlico
Força de vontade fraca
Pessoas influenciáveis
Pequenos furtos
Age por indução
Mimetismo
Identificação com modelos. Alcança projeção nas favelas.
Espírito de rebeldia
Anômicos
Rebelam-se na juventude e não conseguem estabilidade emocional
Querem impor suas regras
Se recusa a seguir normas de conduta social
Perturbações da personalidade
Antissociais, egocentrismo e baixos valores éticos, agressões explosivas ou dissociais.
Fatores sociais
Desorganização familiar
Desorganização social
Reenculturação
Promiscuidade
Educação e escolaridade
Religião
Fator econômico.
@concurseira_pc
Teoria da anomia
Émile Durkheim
@concurseira_pc
Analisa o crime como fenômeno normal – não necessariamente um dado ruim, pois
pode ajudar a sociedade a identificar seus valores.
Anomia = crise ou perda da efetividade das normas e valores como consequência do
rápido desenvolvimento econômico da sociedade e de suas alterações sociais que
debilitam a consciência coletiva gerando um rápido aumento ou diminuição nas taxas
médias da criminalidade.
Os defensores do labelling approach não perguntam “quem é o criminoso?” ou “como ele se torna
desviante?”, mas sim “ quem é definido como desviante?”, “que efeito decorre desta definição sobre o
indivíduo?”, “em que condições este indivíduo pode se tornar objeto de uma definição?” e enfim, “quem
define quem?”.
Ervin Goddman e Howard Becker
Objeto de investigação fixa-se nos processos de criminalização, em detrimento da
pessoa do delinquente e do seu meio
Incriminação decorre de decisão unilateral dos detentores do poder, incriminando
aqueles que estão longe deste, do dinheiro ou sucesso (rótulos de delinquentes)
@concurseira_pc
Cada um de nós se torna aquilo que os outros veem em nós prisão cumpre uma função
reprodutora
o Pessoa rotulada como delinquente assume o papel que lhe é consignado,
comportando-se de acordo com o mesmo.
o Aparato do sistema penal está preparado para essa rotulação e para o reforço
desses papéis.
Cifras e crimes
Cifras negras
Sabe-se que nem todo delito praticado é tipificado ou investigado pela polícia judiciária, ou mesmo,
denunciado, julgado e o seu autor condenado. Nesse sentido, o termo cifra negra (zona obscura, "dark
number" ou "ciffre noir") refere-se à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos, à existência
de um significativo número de infrações penais desconhecidas "oficialmente".
A parcela dos crimes que passam a ser oficialmente registrados pelo sistema de Justiça
criminal é chamada de criminalidade revelada.
Cifras douradas
A fração que permanece oculta (não investigada e consequentemente impune), quando se
refere a crimes do colarinho branco, denomina-se cifra dourada da criminalidade.