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Tese: O propósito deste ensaio é oferecer uma breve panorâmica histórica de algumas maneiras
nas quais a igreja cristã tem definido “missão” através dos séculos e demonstrar como várias
definições têm influenciado o pensamento e a prática dos ministérios da Igreja Cristã no mundo,
neste sentido este ensaio está voltado ao PASSADO do qual tem sido denominado “missões”.
INTRODUÇÃO
Era meio dia de um domingo, eu havia sido convidado para almoçar com os membros da Força
Tarefa de Alcance Global de uma igreja local. Três semanas antes daquela manhã no culto
matinal que tinha sido convidado para pregar havíamos sido inspirados pelos maravilhosos e
enlevantes eventos da programação. Tinha sido a sua Semana de Alcance Global. Ao final
daquele almoço dirigi-me para Gloria (não era esse o seu nome real), a líder responsável daquela
força tarefa e destaquei:
Estou muito impressionado com a organização e abordagem criativa da força tarefa para aquele
fim de semana de missões. O jantar de sexta-feira foi tão bem feito incluindo as entrevistas dos
membros da sua igreja envolvidos em ministérios locais e globais. A feira de missões tinha tanto
um amplo número de cartazes que destacavam todos os missionários e as atividades que a sua
igreja apoia local e globalmente. Os aspectos multiculturais locais e internacionais da música, os
reports, e a apresentação visual tão bem feita. Muito obrigado por me convidar para ser parte
desta celebração.
Gloria sorriu e respondeu:
Obrigado pela sua avaliação. Suas observações são importantes para nós. Mas, note que nós não
chamamos esta a nossa “Semana de Missões”. Se tivéssemos chamado de nossa Semana de
Ênfase Missionária, ninguém teria vindo. Nós sabemos disso; já tentamos antes. A palavra
missões os afasta. Os membros da nossa igreja não querem se associar com nada chamado
“missão”. Quando trocamos o nome para Alcance Global, tudo mudou. Você sabe Chuck, ninguém
saber o que “missão” é. Mas a maioria de nossos membros querem estar envolvidos em algum
tipo de ministério local ou global que beneficie os carente, os necessitados. Eles estão
especialmente interessados em projetos de curto prazo e visitas para diferentes partes do mundo.
Agora você vê porque, quando lhe convidamos parar pregar, eu lhe pedi para que não utilizasse a
palavra Missão em seu sermão
Eu praticamente cochilei enquanto ouvia Gloria. Durante os últimos anos comentários como dela
é o que tenho ouvido. Parece que missão e missionários são dois termos mais mal compreendidos
no vocabulário das igrejas norte-americanas hoje.
CONCLUSÃO
Então, o que eu diria a Gloria e sua Força Tarefa de Alcance Global? Ela também está ciente de
que as formas pelas quais nós definimos missão influenciam as nossas motivações, os agentes,
os significados, os objetivos, e a forma pela qual medimos os resultados de nossas vidas,
ministérios e ações como cristãos no mundo.
Talvez eu possa ajudar Gloria e os membros de sua igreja a iniciar a ganhar uma visão bíblica de
missão centrada em Jesus Cristo e moldada pelo evangelho do reino de Deus. Scherer diz:
Um dos problemas cruciais da missiologia da segunda metade do século vinte foi como adequar
uma transição de sucesso de uma anterior teologia de missão igreja-centrada para reino-
orientada sem perder a visão missão missionária ou trair o conteúdo bíblico. Dificilmente poderá
ser negado de que estamos no meio de uma grande transição. E de igual modo está claro que
ainda não alcançamos o pleno significado de uma mudança para orientação para reino, com
estritas correlações com a missio Dei trinitariana... todas as implicações dessas mudanças para
nossa prática missionária ainda estão no futuro.
Em 1986 eu escrevi, “A Broadening Vision: Forty Years of Evangelical Theology of Mission – 1946-
1986.” Embora a missiologia evangelical tenha passado por algum desenvolvimento em relação
às observações que fiz, eu deixo para o leitor examinar a extensão de quais definições
evangelicais de missão mudaram durante os anos deste intervalo.
Retornando para o final do meu almoço com Gloria e sua força tarefa, Eu lhes sugeri a
considerarem o pensar, compartilhar insights e trabalhar juntos para escrever sua própria
definição de missão. Uma vez que eles tenham estruturado sua definição como força tarefa, eles
poderiam usar a palavra novamente, ensinando e promovendo-a em sua igreja na direção de
incrementar a mobilização de sua congregação a participar da missão de Deus no mundo de
Deus. Eles acharam a ideia intrigante e desafiadora. Mais tarde, quando estava me preparando
para ir para o aeroporto, com um brilho nos seus olhos, Glória me perguntou, “Bem, e como você
define missão?”. Isto foi o que eu lhe disse:
Eu venho trabalhando nisso por mais de 40 anos. Já faz um bom tempo que sigo em busca de
uma definição. Eu cheguei à seguinte tentativa: “A missão de Deus opera primariamente através
do envio de Jesus Cristo do povo de Deus para intencionalmente cruzar barreiras entre igreja
para não-igreja, de fé para não fé, para proclamar por palavras e ações a vinda do reino de Deus
em Jesus Cristo através da participação da Igreja na missão de Deus de reconciliação de pessoas
com Deus, consigo mesmas, um com o outro e com o mundo e reunindo-os na igreja, mediante
arrependimento e fé em Jesus Cristo, pela obra do Espírito Santo, com uma visão de
transformação do mundo, como im sinal da vinda do reino em Jesus Cristo”.
Que o Espírito Santo possa nos ensinar como ser e nos tornarmos mais autenticamente “povo
missionário de Deus” neste novo século, enviado a um mundo perdido e ferido tão amado por
Deus.
VAN ENGEN, Charles. “Mission” Defined and Described” - HESSELGRAVE, David J. e STETZER, Ed editores et al –
“MISSIONSHIFT: Global Misson Issues in the Third Millennium”. B&H ACADEMIC – 2010 – p. 07-29. - Tradução de Rogério
Hernandez de Oliveira - texto utilizado em aula para o curso de bacharelado em Teologia da Faculdade Fidelis/2012.