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Recensão Crítica ao artigo

“Algorithms: Erasures and the


Art of Memory”

Nuno João Casteleira


20121207
Curso de Música - Variante: Percussão

Trabalho Realizado para a Unidade Curricular


Novos Sistemas da Comunicação em Música I
sob a orientação do Professor Duarte Silva

07 Novembro 2013
Recensão Crítica ao artigo "Algorithms: Erasures and the
Art of Memory", de Paul D. Miller
Nuno João Casteleira
07 Novembro de 2013

Identificação do Artigo
Esta recensão propõe uma análise ao artigo “Algorithms: Erasures and the Art of Memory”, de

Paul D. Miller, retirada do livro Audio Culture: Readings in Modern Music, páginas 348 a 354, pu-
blicado por Christoph Cox e Daniel Warner.

Dados Biográficos do Autor


Paul D. Miller nasceu em Washington DC, 1970, tendo mais tarde fixado residência em Nova

Iorque. Adota o nome ‘DJ Spooky, That Subliminal Kid’, tornando-se um dos mais hábeis teóricos da

cultura DJ. É professor na European Graduate School (EGS) onde leciona Music Mediated Art.

Resumo do Artigo
O artigo em questão pretende teorizar o processo criativo de um DJ. Paul Miller afirma que o DJ
diz à nossa memória que sentimentos quer invocar e que os ouvintes apenas ouvem essas impressões.
O pedaço de som é uma sinédoque – a parte representa o todo, onde o todo é a grelha dramatúrgica
de uma vida. O trabalho de um DJ passa por proteger a história aural: o criador e o re-mixer projetam

uma colagem áudio que se afasta dos objetos originais.


Conclui-se que a ação de um DJ trata a relação neurolinguística dos seres humanos com os seus
elementos de vida, que através do mix nos mostram locais onde diferentes vozes, ritmos e tons criam
um som como uma memória exteriorizada. A relação com o tempo tem por base a nova forma de criar
objetos sonoros: criar uma obra que resista à temporalidade, como autores literários fizeram (citando
W.G. Wells como um dos exemplos), é o novo objetivo.

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Conteúdo de Destaque e Avaliação Crítica do Artigo
O título do artigo inicia uma contradição – erasures e memory são antíteses. Rasuras define a
remoção de dados ou material gravado/escrito ao invés de memória, que distingue a capacidade pela
qual a mente armazena e recolhe informação, mostrando-nos a a flexibilidade que um DJ tem em
manipular os sentimentos que retiramos da audição de um objeto por eles criado.
Este artigo mostra de que maneira os pedaços de som são colocados numa montagem até obterem
sentido, seja por impressões de memória, tempo, etc… Recorrendo a Susan Sontag, é-nos provado que
a arte não se forma das ideias mas sim da análise e extensão de sensações, confirmando assim que os
objetos criados pelos DJ ’s são um fluxo contínuo da expressão musical de outras músicas combinada

com a deles próprios.


As cassetes tornam-se fulcrais no desenvolvimento desta área, pois têm a capacidade de reter infor-

mação replicada e esta poder ser reproduzida sempre que é ativada. É o equivalente eletromagnético
a uma tela.
As noções de propriedade intelectual são trazidas à questão, equivalendo o som à alquimia, de-

monstrando o poder metamórfico do som que conta uma história não falada. O plágio é necessário,
dado que o progresso assim o implica.
É sublinhada a ideia de que o foco de um DJ é entender a relação entre a cultura jovem e a sua rápida
mudança. Um DJ não se pode limitar à estática de manter o mesmo padrão de misturas, almejando

ter sempre novas maneiras de combinar, novos drops e novos beats, entre outros elementos.

Conclusão
O autor deste artigo consegue cativar os leitores a saberem mais da sua profissão. É aliciante
entender o pensamento por trás da união, recriação e fragmentação de um mix. São evidenciadas as
influências a ter em conta e como a nossa memória é usada a fim de manipular as sensações que se
pretendem transmitir.
É importante haver uma teorização de assuntos como este, pois é criado um limiar entre o que é
estruturado e pensado e o que se cria por tentativa e erro.
Quem pretende enveredar por esta arte deverá ter em consideração toda a organização teorizada
por Paul Miller, pois esta relaciona todos os dados importantes a refletir quando se pretende criar uma
matriz sonora sem cair no “falhanço cartográfico”, citando o próprio autor.

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