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Tópico 1. MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS

1) Conhecer as principais tendências dos movimentos migratórios internacionais referidas no Relatório - International Migration Outlook 2017 (OCDE).
Resposta: Principais tendências
Na OCDE os fluxos migratórios regulares sofreram um crescimento pelo terceiro ano consecutivo, conforme os elementos disponíveis referentes a
2016. Nesse ano cerca de 5 milhões de pessoas migraram definitivamente para países da OCDE, ultrapassando em muito a quantidade 2007, antes da
crise económica. A causa principal das migrações em 2015/2016 deveu-se a motivos humanitários, traduzindo-se em 1,5 milhões de pessoas de
Janeiro 2015 a Dezembro 2016. Aproximadamente um terço da migração permanente para países da OCDE em 2015 resultou de dois fatores, a
reunificação familiar e a livre circulação na EU, com origem principalmente na China, Síria, Roménia, Polónia e Índia. Saliente-se que entre os novos
migrantes para países da OCDE, 29 % eram originários de outro país da OCDE. Registou-se ainda incremento da migração temporária na OCDE, com a
mobilidade intraempresa a aumentar mais de 10% e de 3% no deslocamento de trabalhadores no espaço Europeu, e o recrutamento internacional de
trabalhadores sazonais por parte de muitos países. Os países da OCDE registaram em 2016 mais 1,6 milhões de novos pedidos de asilo, com cerca de
três quartos em países europeus pertencentes a esta organização, registando a Alemanha mais de 720 mil pedidos, representando o maior número
proporcionalmente à sua população. A crescente procura de proteção internacional levou muitos países da OCDE a aumentarem os seus programas
de realojamento, levando-os a adotar medidas rigorosas de controlo fronteiriço nas entradas e saídas e por outro lado a criação e o fomento de
políticas para atração de trabalhadores estrangeiros altamente qualificados, empresários e investidores. No âmbito da crise dos refugiados têm sido
adotadas medidas e estratégicas com o objetivo de simplificar a sua integração, nomeadamente no mercado de trabalho, tentando os países da OCDE
adequá-las às suas carências neste campo. Migração familiar: Esta migração engloba quatro subcategorias principais (formação familiar,
acompanhamento da família, reagrupamento familiar e adoção internacional), constituindo o principal fluxo migratório permanente para a OCDE,
sendo de referir a lenta integração em termos laborais dos migrantes com enquadramento familiar no país de acolhimento. A migração familiar inclui
uma diversidade grande de migrantes que vão desde recém-nascidos a pessoas idosas, diferentes níveis de formação, denotando uma complexidade
que obriga a disposições e legislações específicas nos países da OCDE
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2) Identificar as principais conclusões apresentadas no Relatório - International Migration Outlook 2017 (OCDE).
Resposta: A migração atingiu o seu ponto mais alto desde 2007 - . Os fluxos migratórios permanentes para países da OCDE ascendem a 4,7 milhões de
entradas em 2015 (+ 7% que em 2015), e em 2016 podem totalizar cerca de 5 milhões. . Em 2016 os países da OCDE registaram mais de 1,6 milhões
de pedidos de asilo, assim como em 2015. Concedida proteção internacional a cerca de 1,5 milhões de pessoas. . Em 2015 foram concedidos mais de
1,5 milhões de autorizações de estudo a estudantes do ensino superior ma OCDE . Nos países da OCDE a população nascida em países estrangeiros
ascendia a 124 milhões de pessoas em 2015. A integração dos imigrantes no mercado de trabalho está a recuperar lentamente . Mais de dois em cada
três imigrantes na OCDE têm emprego. Em média a taxa de desemprego dos trabalhadores nascidos em país estrangeiro atingiu 8,3% em 2016, e
12,4% nos países europeus da OCDE, isto é, mais 1,8% e 4.3%, respetivamente, em relação à taxa de desemprego dos nativos dos países. . Os
migrantes estão sobrepresentados em empregos que contém tarefas de rotina, aumentando o risco de desemprego pelo avanço da automatização.
Nos países europeus da OCDE, 47% dos trabalhadores nascidos em países estrangeiros estão envolvidos em funções com tarefas rotineiras. Migração
familiar . Mais de 1,6 milhões de migrantes com enquadramento familiar receberam autorização de residência na OCDE em 2015, representando
cerca 40% do influxo toral de migração permanente. . O reagrupamento familiar ocorre com algum atraso relativamente às categorias de migração
económica, além de responder às alterações nas políticas e condições e regras para outros canais de migração. . A formação da família é um fator
impulsionador importante e crescente da migração familiar. Em muitos países da OCDE, mais de 10% dos casamentos são entre um cidadão desse país
e um cidadão estrangeiro. . Comparativamente com outros grupos de migrantes, os migrantes adultos com enquadramento familiar apresentam uma
integração mais lenta no mercado de trabalho. Na Europa só após cerca de 20 anos de estadia, alcançam níveis de empregabilidade em relação aos de
outras categorias de migração e aos nativos desse país. . A migração familiar dos conjugues e filhos de estrangeiros está sujeita a requisitos em
matéria de rendimentos e habitação na maioria dos países da OCDE.

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ATIVIDADE FORMATIVA 1 :
1- Perspetivar o contexto migratório português no âmbito dos países da EU;
Resposta: Relativamente aos movimentos emigratórios, apesar da melhoria das condições socioeconómicas, verifica-se no início do milénio o
ressurgimento dos “fluxos tradicionais da emigração”, (Horta, 2013:4) preferencialmente para países europeus, sobretudo, Suíça, Alemanha, França,
Luxemburgo, Espanha e Grã-Bretanha, sendo recentemente acompanhada por um incremento considerável de emigração jovem qualificada, devido à
crítica situação económica dos últimos anos associada ás altas taxas de desemprego, como refere Horta(2013:id). É de mencionar que nos anos mais
recentes, de 2010 a 2015, segundo o Observatório da Emigração , os fluxos emigratórios portugueses se dirigiram principalmente para o Reino Unido,
Espanha com crescimento significativo, Em contrapartida registou-se uma diminuição com destino à Alemanha e à Suíça, mantendo-se constante para
França. Consequentemente a tradição emigratória portuguesa aliada à movimentação da ultima década, veio a consolidar importantes comunidades
nos países de destino, salientando-se com larga margem a França e depois, a Suíça, EUA, Canadá, Reino Unido, Brasil, Alemanha e Espanha, por ordem
decrescente.
Em 1962 a França torna-se principal destino da emigração portuguesa
- 1973 saíram de Portugal para a Europa meio milhão de pessoas, principais destinos França (80,9%) e Alemanha (16,6%)
- entre 1978 e 1985 predomínio da componente familiar
- a meados da década de 80 ressurgiu o fenómeno migratório português - entre 1985 e 1990 sairam de Portugal uma média de 33.000 indivíduos por
ano - os portugueses continuram priveligiando os países europeus, sendo a Suiça (59%) preferível à França (6%), esta evolução positiva da Suiça
acontece desde 1969 e foi somente interrompida entre 1974 e 1975 e em 1983
- os emigrantes sazonais tornaram-se em emigrantes permanentes - os portugueses tornaram-se na terceira maior comunidade de estramgeiros a
residir na Suiça - domina a proporção de activos jovens do sexo masculino - profissões pouco ou nada qualificadas do mercado de trabalho secundario
- no caso alemão, após uma forte redução entre 1981 e 1991, regista um intenso crescimento - as medidas restritivas e proteccionistas alemãs fazem
prever a diminuição do movimento de portugueses para a Alemanha.
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2- Conhecer os principais padrões dos movimentos migratórios dos refugiados.
A Europa vive uma crise migratória de enormes proporções. Guerras, pobreza extrema, repressão religiosa e política são alguns dos motivos que
fazem milhares de pessoas saírem de seus países em busca de uma vida melhor no continente europeu. O fenômeno, que há muito tempo vem
preocupando os países empenhados em controlar os fluxos migratórios, assumiu uma dimensão excepcional nos últimos dois anos. Esse fluxo
migratório atingiu níveis críticos ao longo de 2015, com um aumento exponencial (de centenas de milhares de pessoas) tentando entrar na Europa e
solicitando asilo, fugindo de seus países, devido a guerras, conflitos, fome, intolerância religiosa, terríveis mudanças climáticas, violações de direitos
humanos, desesperança e outros, e somando-se a tudo isso, uma ação massiva de intimidamento, violência e opressão executadas por grupos que
controlam o tráfico ilegal e exploram esses migrantes totalmente vulneráveis. A crise surgiu em consequência do crescente número de migrantes
irregulares que buscam chegar aos estados membros da União Europeia, através de perigosas travessias no Mar Mediterrâneo e pelos Bálcãs,
procedentes da África, Oriente Médio e Ásia do Sul. É a maior onda migratória e consequente crise humanitária enfrentada pela Europa desde
a Segunda Guerra Mundial. Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, é uma "crise mundial que necessita de resposta
europeia. Os migrantes viram rompidos o fornecimento dos meios vitais de subsistência, por causa, muitas vezes dos Estados falidos que não
conseguem assumir os serviços básicos, ou segurança à população ou ainda devido a desastres naturais. As guerras, o terrorismo, os conflitos políticos
e o genocídio de etnias encabeçam a lista de possíveis causas das tendências das migrações forçadas. Ligado a todo o caos enunciado vem a fome, o
desemprego a precariedade, a falta de saúde e bem-estar que leva muitos ao desespero e força a porta de saída e porta de entrada nos países, pela
busca de protecção, segurança e uma melhor vida. Existem países que se destacam e lideram a lista, entre eles estão a Síria e o Iraque onde as
pessoas foram forçadas a sair do seu país de origem, cerca de 40,3 milhões de pessoas deslocaram-se dentro do seu próprio país. Como consequência
a migração forçada agrava factores de vulnerabilidade e põe em causa a protecção e assistência

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Tópico 2. MIGRAÇÕES. PERSPETIVAS TEÓRICAS E CONCEITOS
Conceitos-Chave: Respostas:
Emigração: saída de alguém com ausência suposta de duração significativa e assume formas e características diversas, espacial ou temporalmente, em função de
variáveis políticas, económicas ou sociais. Significa deixar a pátria ou a terra própria para se refugiar, trabalhar temporalmente ou estabelecer residência em
país estranho. O emigrante é um nacional ausente, com perda pouco significativa de direitos no país de onde provém e, com certa diminuição dos deveres e obrigações
inerentes à sua qualidade de cidadão. As leis amaram o emigrante à condição de cidadão estrangeiro e limitam os direitos e prerrogativas e não deixam de lhe criar os
mesmos deveres e obrigações a que os nacionais desse país estão sujeitos.
Imigração: Perspectiva do outro lado do itinerário espacial da emigração, no destino que foi encarado como objectivo e alvo da decisão de partir, a visão e as
perspectivas são diferentes, embora complementares. Os mesmos protagonistas são agora encarados como aqueles que chegam do exterior e, por parte de
quem os sabe chegados, serão considerados como imigrantes. Entrada de pessoas num país diferente do de origem.
.Imigrante: estranho vindo de fora encontra uma sociedade que provavelmente desconhece E onde terá de inserir-se, sujeitando-se às leis que a
administram. Leis que regulam as relações publicas e privadas que irá encetar e terá de desnvolver durante a estada que aí venha a fazer e que de acordo à
sua condição de estrangeiro, vai-lhe limitar direitos, mas tem os mesmos deveres dos cidadãos nacionais
Migrações internas: Designa movimentos de população que se realizam dentro das fronteiras de um Estado e opõe-se ao de emigração (movimentos de
carácter internacional) e pode ser de fixação temporária ou de recorrência regular. Da fixação interna estão excluídos daquela designação os deslocamentos
diários ou semanais (mesmo que regulares) entre o local de residência e o de trabalho ou nos casos de ausência de radicação, como ocorre para as comunidades
nómadas, e é um pouco mais discutível se as deslocações maciças e anuais durante os períodos de férias devam ser consideradas como migrações internas
estacionais e cíclicas. Êxodo rural: abandono dos campos por parte de uma população que visa uma reconversão da sua actividade, preferivelmente em meio urbano, o
principal alvo são os distritos do litoral, sendo a proveniência o interior do país, com a possível expecção algarvia, fortemente atraída pela indústria de Setúbal e
de Lisboa. O norte caracteriza-se pela emigração internacional e o sul pela migração interna.

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Migrações temporárias: São movimentos migratórios a que correspondem estadias a priori limitadas no tempo, como por exemplo, as migrações sazonais na
Suíça, ou os migrantes fronteiriços, residentes num país e exercendo a sua actividade profissional no outro, deslocando-se diária ou semanalmente através da
fronteira que os separa. O pessoal diplomático e consular goza de estatuto especial, não lhe sendo aplicável o conceito sociológico de imigrante.
Percurso migratório: Designa o conjunto de passos, acções ou situações, dados ou experimentados por um indivíduo migrante, com relevância para o
processo em que se encontra envolvida.
1º: intenção de partir (radica num conjunto de causas de partida): informação recebida sobre o país de destino, insatisfação com a situação presente, formulação de
expectativas de futuro, balanço de alternativas de decisão
2º preparativos de partida: obtenção de documentação e título de transporte, bem como a finalização de providências a tomar quanto ao “encerramento” da
situação (emprego, compromissos, obrigações familiares, etc.)
3º viagem: hoje em dia é de duração curta
4º primeira instalação: fase transitória durante a qual decorrem múltiplos passos de estabelecimento de residência (por vezes apenas temporária), de procura ou
de iniciação no novo emprego ou actividade, de progressivo estabelecimento de rotinas do quotidiano e da criação de contactos e relações sociais. A sua duração é
variável e a priori indefinida, dependendo fortemente da própria personalidade, iniciativa e capacidade da adaptação do migrante, mas também do enquadramento
proporcionado pelas redes ou estruturas de acolhimento.
5º Inserção: representa a estabilização das características essencialmente transitórias da primeira instalação e constituiu a parte principal da estada no país receptor.
6º Fixação: com carácter permanente, eventualmente consagrada por um acto formal de naturalização, não é alternativa única de percurso migratório: o regresso ao país
de origem pode ser a opção escolhida pelo migrante.
8º Reinserção (ciclo fechado)

Cadeia migratória: Esta noção foi elaborada pela OCDE (1978) como um modelo de análise e como um instrumento operatório, tornando-se um elemento central da
sua doutrina em matéria de migrações internacionais. Esta noção designa as diversas sequências ou fases do percurso migratório (partida, imigração, instalação no país
receptor, eventual retorno ao país de origem, reinserção, etc.), mas considerando agora os vínculos que os unem e os efeitos cumulativos daí decorrentes nos planos
social e econômico. O princípio fundamental preconizado pela OCDE é que as migrações deverão ser concebidas como uma cooperação econômica e social entre
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dois espaços parceiros e não apenas como uma troca de indivíduos entre duas partes com poderes desiguais. Devendo assim valorizar-se a emigração como
instrumento de desenvolvimento, e oferecer alternativas aos emigrantes que pretendessem retornar ao país de origem. O conceito de cadeia migratória enriquece as
dimensões temporais e espaciais do percurso migratório com a dimensão suplementar da colaboração política entre Estados.
Reagrupamento familiar: Este é o nome dado ao processo de reconstituição da família no estrangeiro: num primeiro momento é um membro adulto da
família e depois de estar estabelecido juntar-se-ão os restantes membros da família, este deve fazer prova de que dispõe de condições de alojamento, bem como da
capacidade financeira. Salvo algumas excepções, a legislação internacional existente não define o conceito de família. O único esforço realizado até ao presente no
sentido de adoptar uma posição uniforme e universal entre países foi a Convenção para a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Respectivas
Famílias definindo “membros da família” (filhos menores e outros membros dependentes reconhecidos). Muitos países recusam qualquer possibilidade de
reagrupamento familiar visto que defendem a unidade de família no país de origem, quando terminada a estadia na sociedade de acolhimento. Em situação de
virtual fecho da imigração, por razões de política do país receptor, o reagrupamento familiar constitui por vezes a única via de entrada possível para novos imigrantes.
A expressão "Em situação de virtual fecho da imigração" refere-se ao facto das politicas restritivas de imigração implementadas por muitos países receptores, ser,
na verdade, virtual e não real, uma vez que a imigração continua a ocorrer de forma disfarçada através do reagrupamento familiar e da imigração illegal.
Emigração legal e emigração clandestina: Emigração legal: processo pelo qual se inicia e desenvolve um percurso migratório individual com integral
conhecimento e controlo por parte das autoridades competentes, quer do país de origem que do país receptor. Emigração clandestina: quando o pressuposto acima
indicado não é total ou parcialmente respeitado. Uma situação possível é a transposição de uma ou mais fronteiras nacionais sem autorização ou conhecimento das
autoridades, normalmente atravessando postos fronteiriços instalados e nas viagens marítimas ou aéreas sem prévia autorização de embarque, de trânsito e de
desembarque. Outra situação verifica-se quando a autorização de entrada num país é concedida para turismo, negócios ou visita a familiares, mas com exclusão
explícita da autorização para trabalhar. Igualmente um trabalhador imigrante com situação conforme pode tornar-se clandestino quando viole um dos pressupostos
da autorização de que beneficia, como a renovação dos vistos de residência e de trabalho, a prova de possuir meios de subsistência ou emprego remunerado. A pena
para a situação de clandestinidade é, em geral, o repatriamento sumário por parte do país receptor.
Refugiados: Os refugiados são pessoas que escaparam de conflitos armados ou perseguições. Com frequência, sua situação é tão perigosa e intolerável que
devem cruzar fronteiras internacionais para buscar segurança nos países mais próximos, onde passam a ser consideradas um “refugiado”, reconhecido
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internacionalmente, com acesso à assistência dos Estados, do ACNUR e de outras organizações. Para esses indivíduos, é muito perigoso voltar ao seu país de
origem, de modo que precisam de refúgio em algum outro lugar. Nesses casos, a negação de asilo pode ter consequências fatais. Individuos que se
encontram subitamente em situaçoes de total privação de recursos, que assegurem a sua sobrevivencia diaria, por serem vitimas de catastrofes ambiantais
entre outras tais como: invasões e guerras, fome, crises politicas
Situações de regresso: Regresso: fixação definitiva no país de origem após um período mais ou menos longo de estada no estrangeiro.
O regresso pode ser em alternância entre o país receptor e i de origem, até à renúncia completa do estatuto de emigrante e aceitação de cidadão residente no
país de nascimento, neste caso não é fácil definir a data de regresso, salvo declaração expressa do mesmo.Conceptualmente, o termo regresso coincide com
repatriamento e com retorno, termos que actualmente estão conotados com circunstâncias que desaconselham o seu uso.Repatriado: era corrente designar assim a
generalidade dos emigrantes regressados do Brasil no século XIXRetorno: associado ao regresso maciço de nacionais residentes no ultramar português.Na
reunião do Conselho das Comunidades Portuguesas em 1981 ficou estipulado: o termo “regresso” passa a ser utilizado sempre que a deslocação para o país seja
voluntária e “retorno” passa a ser utilizado sempre que a saída seja compulsiva.Expulsão: ocorre por iniciativa das autoridades do país receptor, por clandestinidade
ou infracção grave, considerado como persona non grata.A crise no mercado de emprego estimula também o regresso ao país de origem sem necessidade de
um repatriamento forçado
 Minoria: O conceito de minoria é caracterizado pelos seguintes aspectos:
1. Grupo minoritário com traços culturais e fenotípicos socialmente visíveis e diferenciados do grupo maioritário;
2. Existência de assimetrias de poder com a sociedade maioritária.
3. Situação de desvantagem em termos económicos e políticos, sendo, frequentemente, vítimas de discriminação;
4. Os membros da minoria apresentam um forte sentido de pertença identitária entre si e de solidariedade grupal. Tendem, igualmente, a auto-
identificarem-se e a serem identificados como uma população distinta e separada da maioria.
 Campo social transnacional: Na esfera da pesquisa sobre migrações transnacionais, o termo “campo social” não foi ainda devidamente definida.
Socorrendo-nos de Basch, Glick Schiller e Szanton Blanc, precisamos campo social como um composto encadeado de diversas redes de relações

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sociais pelo meio das quais se trocam, organizam e transformam, de forma desigual, ideias, práticas e recursos. Este conceito representa um
importante recurso para descrever a potencial variedade de relações sociais que unem aqueles que se deslocam e aqueles que ficam para trás.
 Integração e Modelos de adaptação: Quaisquer que sejam os motivos que possam influenciar a deslocação dos indivíduos de um lugar para o outro, tais
como fatores exogéneos (fome, perseguições, etc) ou simplesmente de ordem individual, assumem-se como fundamentais no processo migratório. Os
fatores que intervêm no processo de ajustamento dos imigrantes podem, grosso modo, dividir-se em dois conjuntos: os que dizem respeito às caraterísticas
individuais dos migrantes e ainda os que se relacionam com as caraterísticas fundamentais dos países de origem e de destino entre os quais se processa a
transferência de recursos humanos. Estes fatores não podem ser corretamente avaliados sem que se proceda a uma análise dos motivos que condicionam o
“antes” e o “depois” do processo migratório num espácio-temporal definido. Numa visão atualmente preponderante sobre processo migratório, colocam-se
duas questões que implicam saber, por um lado, se de facto os imigrantes se adaptam ou não à nova sociedade e qual o grau dessa adaptação e, por outro,
quais os fatores que intervêm nesse processo de adaptação. O modelo de adaptação que está subjacente a este processo é o da diferenciação estrutural que
nos leva à identificação de variáveis composicionais, ou seja, que onde as modificações da variável dependente são condicionadas por caraterísticas
demográficas (sexo, idade, estado civil, composição do agregado familiar, local de residência), sociais (nível de instrução, formação profissional, origem
étnica, religião, conhecimento da língua do país de acolhimento) e económicas (participação na força de trabalho, estatuto socioprofissional, rendimento).
Estas caraterísticas determinam o estatuto dos imigrantes à chegada ao país de destino e interagem entre si para influenciar, com igual amplitude, o processo
de adaptação. Quanto ao modelo de diferenciação estrutural, apesar de também envolver um elevado grau de abstração, será o fator relativo ao nível de
instrução, o que mais influencia o estatuto ocupacional, a mobilidade e o rendimento dos migrantes. Na atualidade, pensa-se que o grau de adaptação a uma
determinada cultura envolve um ajustamento tanto social como emocional, assim como a aceitação das normas sociais prevalecentes, portanto longe da
visão que defendia a conformidade passiva às normas, como forma de prevenir comportamentos desviados. O conceito chave assenta na “capacidade de
cooperar”, sendo que essa cooperação implica o estabelecimento de desejos individuais e os requisitos sociais, numa estrutura fluida e em permanente
mudança que por sua vez exerce sobre os migrantes, pressões dos mais variados tipos.

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 Teorias das migrações internacionais e perspectiva de equilíbrio:
Resposta:
1- Os modelos de atracção.repulsao. De Ravensfein a Everett Lee: as "Leis da Migração" As teorias baseadas nos modelos de atracção-repulsão
pressupõem que, em ordem a maximizar as vantagens e a reduzir O desConfOrto, o HOmem é conduzido a efectuar escolhas racionais em função de
determinadas "pressões". Estas pressões, os factores de repulsão e atracção, "empurram" os indivíduos do seu local de origem, "atraíndo-os" para
outros locais. Os factores de repulsão considerados Sáo, fundamentalmente, de ordem económiCa e incluem: escassez de terras, desempregO, baixos
salários, seca, fome, explosáo demográfica. Os factores de atracção constituem alternativas alicianteJaos de repulãão, acrescentando-lhes as
vantagens da vida urbana, em contraposição à suposta estagnação vivida nas zonas rurais.

2- O modelo microeconómico
Sob a influência da teoria económica clássica, os modelos de atracção-repulsão sobre o comportamento migratório relacionam-se intimamente com
as teorias do mercado de trabalho. As teorias do mercado de trabalho, baseadas nas proposições teóricas do modelo de equilíbrio, estão orientadas
para a análise do comportamento economicista gle ocorre num determinado contexto de mercado, referindo-se principalmente às escolhas
individuais dos actores sociais. Na sua forma inicial, a perspectiva de equilíbrio eqroaciona os movimentos populacionais com a mobitidade geográfica
dos trabalhadores em resposta aos desequilíbrios na distribuição dos factores terra, trabalho, capital e recursos humanos. Os processos migratórios
encontram-se assim intimamente ligados à distribuição desigual dos factores de produção. Este enviezamento vai afectar a direcção e a magnitude
dos caudais migratórios: o trabalho desloca-se, quando estamos em presença de uma situação caÍacterizada por escassez de capital, abundância de
oferta de trabalho e, implicitamente, baixos salários, paía outros locais em que o capital e as remunerações são elevadas, mas onde o trabalho
escasseia. Ora isto pressupõe que os trabalhadores procurem as oportunidades de emprego que lhes proporcionem a maior retribuição. A
perspectiva de equilíbrio tem dominado a produção científica acerca das migrações. contudo, sob o mesmo "tecto conceptual" têm sido identificadas
várias teorias; é frequente a redução da perspectiva de equilíbrio às teorias neoclássicas da escolha individual racional e, por sua vez, a equacionação
destas com os modelos "push-pull"ll. Efectivamente, os modelos de atracção-repulsão abordam apenas o conjunto de questões que dizem respeito
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aos factores que motivam os actores individualmente. A dependência do modelo do exercíõio pleno do livre arbítrio pressupõe, como já foi referido,
um processo racional de tomadas de decisão e por outro, um perfeito conhecimento do sistema. A interpretação dos fluxos migratórios baseada nas
determinantes motivacionais coÍresponde, em termos teórico-metodológicos, a uma perspectiva que valoriza a aeção individual.

3- As teorias do capital humano


As teorias do capital humano, procuram saber porque é que uns indivíduos emigram para outos países e outros não. Estas teorias consideram o fator
educação fundamental na selecção dos trabalhadores e na sua capacidade de adaptação económica ao país de destino. O mercado da imigração não
opera ao acaso nem a selecção é feita aleatoriamente, esta selecção provoca em equilíbrio na distribuição dos recursos. Este equilíbrio esta
diretamente relacionado com o impacto e económico dos países de acolhimento, assim os adeptos desta teoria consideram que os imigrantes, a nível
produtivo vêm complementar os países onde se instalam. Barry Chiswick, (1990), apresenta uma versão mais elaborada desta teoria, segundo ele
quando os imigrantes chegam a um destino, não têm qualificações consideradas sociais e económicas importantes, o que se reflecte no seu salário,
uma vez que tende a ser mais baixo do que os nacionais. Mas com o passar dos tempos os imigrantes possuem incentivos maiores do que os nativos
para investir em capital humano. A evolução destes investimentos, leva a que muitos dos imigrantes consigam progressivamente salários mais altos
do que os nativos, este aumento demonstra a boa integração que existiu da sua parte no mercado de trabalho e na assimilação da economia do país
de destino. As migrações temporárias podem ser consideradas como geradores de desenvolvimento entre os países menos e mais desenvolvidos,
existindo uma transferência de recursos humanos. Para os migrantes a migração é considerada como uma resposta as necessidades económicas,
sociais ou psicológicas. Neste movimento existem vários fatores:
_ O custo dos transportes;
_ Os canais de comunicação;
_ E fatores individuais de natureza subjectiva, relacionados com expectativas de satisfação.
Na abordagem funcionalista de Bõhning, considera que o afluxo do trabalho migrante contribui param satisfação das necessidades da nação
importadora, pois contribui para o crescimento económico, contudo, para o país emissor, a nível económica é mais negativo do que positivo. Bõhning,
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utiliza um modelo de atração-repulção, não estando muito interessado em identificar desejos ou ambições particulares, mas sim para o aplicar em
algumas características estruturais da economia.
4- O modelo macroeconómico
Um trabalhador ao considerar a hipótese de emigrar, tem que equacionar a possibilidade de poder vir a ficar desempregado, ou por outro lado
conseguir um emprego bem remunerado, assim a interpretação dos fluxos migratórios em relação aos fatores de atração repulsa , ou em termos de
diferenciais nos níveis de salários ou do emprego, só funciona no quadro dos mercados de trabalho internos ou mercados comuns. Ex: União
Europeia. No modelo de Todaro, o processo de decisão os migrantes ponderam os ganhos líquidos, que esperam vir a obter em função de um
conjunto de fatores:
A diferença de salários;
Os custos envolvidos na deslocação;
Os encargos com a estadia;
A possibilidade de enfrentar o desemprego num dado país.

5- Cometário crítico à perspectiva de equilíbrio


Temos que realçar a afinidade que o modelo de equilíbrio tem com os pensamentos neoclássicos e com as politicas do laissez-faire. Nas teorias do
laissez-faire o trabalhador é livre de vender o seu trabalho numa sociedade igualmente livre. A sociedade para ser livre tem:
_ Oferecer uma variedade de empregos, disponíveis para qualquer trabalhador;
_ Distribuir informação sobre essa disponibilidade e as oportunidades existentes.Contudo isto não se verifica, pois os trabalhadores não controlam as
oportunidades de emprego, nem conseguem fundamentar as suas escolhas.
As perspectivas do equilíbrio, têm a sua influencia nos paradigmas da modernização, marcada pelas teorias da sociologia do desenvolvimento. As
teorias da modernização surgem nos meios intelectuais americanos, num cenário do pós II Grande Guerra, caracterizado pela desintegração dos
Impérios coloniais Europeus e pelas emergências dos movimentos nacionalistas do terceiro mundo.
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 Paradigma de atração/repulsão – Push-Pull Factors
Resposta: As teorias baseadas nos modelos de atracção-repulsão pressupõem que, em ordem a maximizar as vantagens e a reduzir o desconforto, o Homem
é conduzido a efectuar escolhas racionais em função de determinadas "pressões". Estas pressões, os factores de repulsão e atracção, "empurram" os
indivíduos do seu local de origem, "atraíndo-os" para outros locais. Os factores de repulsão considerados sáo, fundamentalmente, de ordem económica e
incluem: escassez de terras, desemprego, baixos salários, seca, fome, explosáo demográfica. Os factores de atracção constituem alternativas alicianteJaos de
repulãão, acrescentando-lhes as vantagens da vida urbana, em contraposição à suposta estagnação vivida nas zonas rurais. Uma revisão sobre as
contribuições teóricas para a análise dos fenómenos migratórios terá necessariamente de começar por aludir a três artigos históricos de E. G. Ravenstein
(1852-1913). Os artigos mais importantes de Ravenstein foram publicados, o primeiro em 1876 na Geographical Magazine e os outros dois no Journal of the
Statistical Society, respectivamente em 1885 e 1889. Na sua essência, estas "Leis da Migração'” tentaram explicar as migrações através de fluxos
condicionados por uma série de variáveis e articulam aquilo que hoje denominamos como factores de "repulsão" e de "atracçáo" (push-pull)'
Ao esboçarem uma abordagem analítica dos movimentos populacionais de acordo com os factores associados às áreas de destino e de origem, as "leis"
constituem um primeiro ponto de partida para a teoria das migrações. O modelo de Ravenstein permanece como a contribuição teórica mais significativa
baseada nos factores de atracção-repulsão. Pressupõe um conjunto de variáveis associado à área de origem e um conjunto de factores associados à área de
destino, bem como um conjunto de "variáveis intervenientes".
O modelo de Everett Lee, que reestrutura o esquema teórico de Ravenstein, considera que para além dos factores de repulsão e de atracção, há "obstáculos
intervenientes" e factores pessoais que tomam parte no processo migratório. Lee resumiu o enunciado e agrupou as onze leis de Ravenstein segundo sete
critérios, dando origem a um conjunto de proposições que se referem, sucintamente:

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1. Migrações e distância:
-A maioria dos migrantes desloca-se para curtas distancias;
-Os migrantes que se deslocam para longe preferem geralmente fazê-lo para grandes centros de comércio e de industria.
2. Migrações por etapas:
'As movimentações populacionais dão origem a correntes migratórias que se dirigem para os grandes centros de comércio e indústria;' Os habitantes
das áreas rurais aglomeram-se nas cidades contíguas, que evidenciam um rápido crescimento; o lugar deixado vago por essas populações é então
preenchido por migrantes oriundos de regiões mais afastadas, de tal forma que a atracção exercida pelo crescimento urbano se estende, passo a
passo, até aos mais remotos lugares do território;'o processo de dispersão é inverso ao de absorção, e apresenta características semelhantes;
3. Correntes e contra-correntes: cada corrente migratória produz uma contra-corrente compensatória;
4. Propensão relativa das populações rurais e urbanas para a migração: A população urbana é menos propensa a migrar que a população rural;
5. Preponderância do contingente feminino nas migrações de curta distância: 'os movimentos populacionais de curta distância são na maioria
constituídos por mulheres;
6. Relação da tecnologia com as migrações: 'O desenvolvimento dos meios de transporte e a expansão do comércio e da indústria conduzem ao
aumento dos fluxos migratório;
7. Domínio dos motivos de ordem económica: "Mós leis ou leis opressivas, o agravamento dos impostos, climas pouco atractívos, meios sociais adversos
e até pressões de vória ordem (trãfico de escravos, deportações) conduziram e continuam a produzir correntes rnigratórias; mas nenhuma destas
correntes pode ser comparada em volume com aquelas que estão na origem no desejo intrínseco à maioria.

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 Teorias baseadas no factor etnicidade:
Resposta: A conceção funcionalista acerca dos processos de interação social entendia que a assimilação bem sucedida promovia a unidade cultural e social,
sendo funcional ao mesmo tempo para os grupos e para o sistema. Contudo, ao longo dos anos 60 e 70, foi possível constatar que muitos grupos de
imigrantes (descendentes da segunda e terceira geração) não só não se poderia considerar assimilados como, ao invés, manifestavam interesse em recuperar
as tradições e normas culturais dos seus antepassados. As crises raciais e a institucionalização dos conflitos étnicos, em especial nos EUA, entraram assim em
rutura com o pressuposto do sucesso assente na homogeneização, e a assimilação foi posta em causa enquanto processo de adaptação (e aculturação a
normas e modelos considerados funcionais para todos os setores da população. Em meados dos anos 60, alguns académicos chamam a atenção para a
persistência de desigualdades sociais no fator etnicidade, pelo que questões importantes educação, saúde, habitação, trabalho, etc, variavam de grupo para
grupo. Também a raça e religião eram vistos como fatores discriminatórios para determinados segmentos da população imigrante, nomeadamente para os
afro e hispano-americanos. Milton Gordon foi um dos primeiros académicos a alertar para a complexidade do processo de assimilação, sendo que viria a
diferenciar o processo de assimilação cultural e o de assimilação estrutural. A assimilação cultural consistia assim na forma como as minorias étnicas
adquiriam as maneiras, os modos de agir, de vestir e de comunicar, bem como de outras normas de interação quotidiana. Quanto à assimilação estrutural,
designava o processo totalmente diferente que traduzira o grau de acesso das minorias étnicas às principais instituições sociais, especialmente ao nível dos
grupos primários. Para além destes processos, Gordon identificou também outros conceitos que permitiam “medir” a assimilação dos grupos na sociedade
global, tais como, a assimilação por intermédio do casamento, o grau de identificação com a cultura Americana, a ausência de preconceitos raciais, o grau de
discriminação das minorias pelos grupos dominantes e a existência de conflitos de valores e de poder entre os vários grupos étnicos.

15
ATIVIDADE FORMATIVA 2
CONCEITOS CARACTERIZAÇÂO
Campo Social termo “campo social” não foi ainda devidamente definida. Socorrendo-nos de Basch, Glick Schiller e Szanton Blanc,
precisamos campo social como um composto encadeado de diversas redes de relações sociais pelo meio das quais se
trocam, organizam e transformam, de forma desigual, ideias, práticas e recursos. Este conceito representa um importante
recurso para descrever a potencial variedade de relações sociais que unem aqueles que se deslocam e aqueles que ficam
para trás.
Campo Social Nacional O nacionalismo metodológico traduz-se na propensão para aceitar o Esatdo-nação e os seus limites como um dado da
investigação social, Wimmer e Glick Schiller, apontaram três variantes do nacionalismo metodológico:
1) ignorar ou desconsiderar a importância vital do nacionalismo nas sociedades modernas.
2) naturalização, ou a admissão que as fronteiras do Estado-nação delimitam e definem a unidade de análise.
3) a delimitação territorial.
Campo Social Transnacional Na esfera da pesquisa sobre migrações transnacionais, o termo “campo social” não foi ainda devidamente definida.
Socorrendo-nos de Basch, Glick Schiller e Szanton Blanc, precisamos campo social como um composto encadeado de
diversas redes de relações sociais pelo meio das quais se trocam, organizam e transformam, de forma desigual, ideias,
práticas e recursos. Este conceito representa um importante recurso para descrever a potencial variedade de relações
sociais que unem aqueles que se deslocam e aqueles que ficam para trás
Formas de Pertença no Campo Apesar dos Estados reconhecerem a pertença através de leis que confirmam a cidadania e nacionalidade, os indivíduos
Social podem exprimir demandas aos Estados à margem do seu estatuto legal. Caso não usufruam das vantagens da cidadania
podem atuar como cidadãos substantivos ou sociais, reivindicando direitos ou assumindo privilégios que, em princípio, se
encontram reservados aos cidadãos nacionais

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Famílias Transnacionais Alguns membros da segunda e terceira gerações, na Europa e nos Estados Unidos, continuam a regressar ao Médio
Oriente e aos países do subcontinente indiano para encontrarem parceiros matrimoniais. As crianças consistem no eixo
central da migração familiar, representando, muitas vezes, a fonte fulcral para o vaivém das famílias e para a manutenção
de laços transnacionais.
O Estado-Nação e os direitos de Tanto os migrantes como os refugiados permanecem envolvidos numa multiplicidade de práticas políticas de natureza
cidadania no campo social transfronteiriça que tem por modelo os seus países de origem e de acolhimento. Os governos de muitos Estados, mesmo
transnacional na Europa Ocidental, crêem que a perspetiva de continuar a ter acesso às populações que emigram é benéfica para o país.
Países como a Irlanda, Grécia, Itália e Portugal assumiram recentemente políticas e um discurso de inclusão das suas
“comunidades no estrangeiro”. A cidadania estabelece o carácter dos direitos e deveres dos membros no quadro da
unidade política nacional. A nacionalidade define legalmente uma classe de pertença, onde não existe cedência de plenos
direitos de cidadania. Os Estados de origem têm proclamado várias diferenças legais com o objetivo de definir categorias
de cidadania e nacionalidade: a) Negação de dupla cidadania (Haiti ou Alemanha); b) Dupla nacionalidade com acesso a
alguns privilégios mas com recusa de dupla cidadania plena (México e Índia); c) Dupla cidadania com plenos direitos para
os emigrantes e descendentes após regressarem ao país (França, Irlanda, Grécia, Portugal, Brasil, Itália); d) Dupla
cidadania com concessão de direitos mesmo no estrangeiro (Colômbia)
A Religião e as dinâmicas de As instituições religiosas globais moldam as experiências transnacionais dos migrantes, enquanto os migrantes aprimoram
pertença transnacionais e recriam as religiões globais, tornandoas locais. Muitas vezes os migrantes, a quem foi indeferida a cidadania e que foram
preteridos das instituições económicas centrais, olham para as suas comunidades religiosas como locais onde lhe é
consentido afirmarem identidades alternativas. Apesar dos Estados reconhecerem a pertença através de leis que
confirmam a cidadania e nacionalidade, os indivíduos podem exprimir demandas aos Estados à margem do seu estatuto
legal. Caso não usufruam das vantagens da cidadania podem atuar como cidadãos substantivos ou sociais, reivindicando

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direitos ou assumindo privilégios que, em princípio, se encontram reservados aos cidadãos nacionais
A metodologia e a teoria mantêm uma relação intrínseca. Pensamos que a etnografia é especialmente apropriada para
Opções metodológicas no estudar a criação e estabilidade de campos sociais transnacionais. A observação participante e a entrevista etnográfica
quadro do campo social possibilitam aos investigadores justificar todo o processo da forma como os indivíduos mantêm ou abandonam os
transnacional reportórios e identidades culturais.

18
TÓPICO 3. MIGRAÇÕES EM PORTUGAL. DIMENSÕES SÓCIO-DEMOGRÁFICAS DA EMIGRAÇÃO/IMIGRAÇÃO

 1) Identificar as principais tendências dos fluxos emigratórios e imigratórios em Portugal.


Resposta: Entre 1960 e 1973, iniciou-se um novo fluxo migratório em que os destinos preferidos eram na Europa, foi estimado em mais de 1 milhão de saídas
de famílias para o continente europeu. Também será necessário relembrar que neste período houve a chamada “emigração colonial” (a fixação nos
territórios ultramarinos). Já nos anos 70, regressaram muitos emigrantes e residentes nas ex-colónias portuguesas dando a um novo crescimento da
população portuguesa (processo de descolonização com a independência de novos Estados africanos).
Entre os anos 1960 e 1970, foram as diversas causas para 1.5 milhões de portugueses emigrarem para a europa e para o continente americano: O atraso
económico; O deflagrar das guerras coloniais da Guiné, Angola e Moçambique; poucas perspetivas de futuro; A recuperação económica da europa no período
pós-guerra; Falta de mão-de-obra por toda a europa. Nos anos 80, o crescimento médio foi quase nulo porque houve redução de migrações e não houve
aumento do crescimento natural. Existia emigração, mas era menos intensa e mais diversificada porque era mais frequente a emigração temporária e
sazonal. Nos anos 90, a imigração caraterizou-se por 3 principais tendências: A estabilização da imigração africana composta maioritariamente por indivíduos
oriundos das ex-colónias e pelos seus descendentes; O rápido crescimento de novas correntes migratórias com origens geográficas e culturais; elevado
número de fluxos de imigrantes ilegais da europa de leste (Ucrânia, Rússia, Moldávia e Roménia)
As oscilações migratórias são uma realidade intrínseca na sociedade portuguesa, registou-se ao longo das últimas décadas vários picos imigratórios positivos,
consoante as diversas políticas adotadas pelo país. A entrada na União Europeia, que permitiu um crescimento económico inesperado. A população de
nacionalidade estrangeira residente em Portugal é tendencialmente mais jovem que a população de nacionalidade portuguesa. Os imigrantes contribuem
positivamente para a demografia portuguesa, ou seja, os estrangeiros têm sido responsáveis não apenas pelo aumento de efetivos em idade ativa, mas
também pelo incremento dos nascimentos em Portugal.
Relativamente às características sociodemográficas da população estrangeira residente em Portugal, que a população estrangeira residente não se distribui
de forma equilibrada pelo país, concentrando-se principalmente nas zonas urbanas do litoral e na região de Lisboa. Mantém-se também a tendência

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verificada desde o início da presente década de feminização da imigração em Portugal, assumindo as mulheres maior importância relativa no total de
estrangeiros residentes.
Três formas de incorporação da população estrangeira no mercado de trabalho: imigração laboral, personificada principalmente pelos operários dos PALP,
brasileiros e do Leste europeu; imigração profissional, essencialmente representada por trabalhadores oriundos da União Europeia e do continente
americano; imigração empresarial, destacam-se os asiáticos, em especial os chineses.
Os estrangeiros mostram maior percentagem de população nos níveis de escolaridade mais elevados quando comparados com os portugueses. Entre 2015 e
2016, o motivo fundamental das migrações foram humanitários e a permanecia nos países da OCDE originaram de duas causas: a reunificação familiar e a
livre circulação na EU. Em 2016, surgem novos pedidos de asilo (mais de 1.6 milhões) e com esta crescente procura de proteção internacional. Atualmente e,
segundo o observatório das migrações, está a diminuir a emigração em Portugal. Em 2016, 100 mil pessoas deixaram o país, sendo o valor mais baixo nos
últimos 5 anos.
Os destinos mais procurados pelos portugueses são o Reino Unido, França e Suíça. Desde 2014, esta tendência acelerou devido à redução das saídas para
Angola e Brasil. Todos os acontecimentos migratórios têm desafios fundamentais para a espécie humana, havendo necessidade de intervenções para
respeitar os domínios económicos, sociais, culturais e políticos.
Nos últimos anos o saldo migratório em Portugal deixou de conseguir compensar os valores negativos do saldo natural. A mudança no sentido dos saldos
migratórios dos últimos anos foi consequência da crise económica e financeira que afetou o país, tendo induzido a um efeito conjugado do abrandamento
dos fluxos de entrada no país e do incremento dos fluxos de saída, atingindo-se o pico da quebra de entradas em 2012 e o pico das saídas do país em 2013, a
partir de 2014 observam-se melhorias face ao início da década. Em 2016, verificou-se um aumento nas entradas de pessoas e uma diminuição nas saídas de
pessoas de Portugal, gerando ainda assim um saldo migratório negativo, uma vez que os valores da emigração se mantiveram superiores aos da imigração. O
saldo migratório de 2016 é, no entanto, menos negativo do que o apurado em 2015, assumindo-se 2012 como o ano em que desde o início do século o país
atingiu o valor mais negativo no saldo migratório.

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ATIVIDADE FORMATIVA 3
IMIGRAÇÃO
1. Qual tem sido a evolução dos fluxos imigratórios registados na última década?
Resposta: O peso relativo das populações de nacionalidade estrangeira aumentou na última década em Portugal, uma vez que em 2001
representavam apenas 2,2% do total de residentes (1,1% em 1991). Na última década, a população estrangeira cresceu +74% (+167.781 estrangeiros),
muito embora esse crescimento tenha sido mais acentuado na década anterior (+113% entre 1991 e 2001) quando se verificou uma duplicação do
número de estrangeiros. Portugal era um dos poucos países da OCDE com uma elevada percentagem de imigrantes que entravam por razões de
trabalho (45% dos fluxos de entrada). Esta tendência contrastou com a maioria dos países da União Europeia com mais experiência imigratória, para
os quais a principal razão de entrada era o reagrupamento familiar (Oliveira et al. 2013: 54). A mudança do enquadramento legal para estrangeiros em
2007 e as condições económicas menos favoráveis do país a partir de 2008, mudaram contudo o perfil de entradas de estrangeiros em Portugal. Não
apenas o fluxo global de entradas diminui (em especial entre 2008 e 2011, retomando com ligeiro aumento a partir de 2012), como se verifica uma
alteração nos perfis das entradas, com aumento de alguns fluxos – caso dos estudantes, de investigadores e altamente qualificados e, de forma mais
ténue, de reformados – e diminuição de outros – entradas para o exercício de atividades subordinadas. Assim a análise dos fluxos de entrada em
Portugal através dos vistos concedidos nos postos consulares ajuda-nos a compreender essa evolução (e mudança) dos perfis dos imigrantes que
procuram o nosso país. Concretamente se até meados da década passada as principais razões de entrada ou de solicitação de entrada no país eram de
natureza laboral (para exercício de uma atividade subordinada principalmente), nos últimos anos – também por força da situação da economia
portuguesa e decréscimo das oportunidades de trabalho nos setores económicos onde os imigrantes tendiam a inserir-se – os fluxos de entrada
passaram a estar associados principalmente ao estudo em Portugal ao reagrupamento familiar. Deste modo se é verdade que o número de
estrangeiros em Portugal tem vindo a diminuir nos últimos anos, também é verdade que, analisando em detalhe o perfil dos que entram, o país está a
atrair e/ou reforçar novos perfis de imigração. Se se analisar os vistos de residência concedidos em função da nacionalidade do estrangeiro, conclui-se
também que as razões de entrada no país não são homogéneas para todos os fluxos imigratórios. Enquanto as entradas dos cabo-verdianos e dos
brasileiros refletem principalmente razões de estudo; no caso dos chineses, dos ucranianos e dos moldavos é o reagrupamento familiar a principal
21
razão para a concessão de vistos de residência. Por outro lado, não se verifica uma quebra nas entradas para todas as nacionalidades. Se se observa
nos últimos anos uma descida na concessão de vistos de entrada para cabo-verdianos, chineses, ucranianos e moldavos; verifica-se também um
aumento do número de vistos de residência concedidos a brasileiros.

2. Presentemente, quais são as comunidades imigrantes mais representativas?


Resposta: Em termos dos principais grupos de nacionalidades, o grupo dos países da América do Sul (29,1%) constitui-se como o mais representativo,
sendo maioritariamente composto por cidadãos: Nacionalidade brasileira,
 Os Países Africanos de Língua Portuguesa (PALP), com 24,4%,
 Os países da União Europeia, com 24,0% .
Na última década, quer os países da América do Sul quer os países Asiáticos reforçaram de forma considerável a sua importância percentual no
conjunto da população estrangeira. Verifica-se que os países da América do Sul, sobretudo graças ao crescimento da imigração do Brasil, passaram de
17% para 29%, e os países asiáticos incrementaram a sua importância relativa de 2,8% para 5,4%, o que se deve fundamentalmente ao reforço da
imigração chinesa. Os cidadãos dos PALP revelam uma tendência contrária a estes dois grupos de países, tendo em conta que reduziram a sua
importância no conjunto da população estrangeira de 44%, em 2001, para 24% em 2015, isto devido a aquisição da nacionalidade portuguesa a partir
de 2006 à luz do novo enquadramento legal.
Segundo os Censos 2011, a comunidade estrangeira mais numerosa em Portugal era: a comunidade brasileira, com 109.787 residentes (27,8%)
comunidades cabo-verdiana, com 38.895 (9,9%), e ucraniana, com 33.790 (8,6%). Angola (26.954 – 6,8%), Roménia (24.356 – 6,2%), Guiné-Bissau
(16.360 – 4,1%), Reino Unido (15.774 – 4,0%), França (14.360 – 3,6%), China (11.458 – 2,9%) Espanha (10.486 – 2,7%). È de salientar o crescimento
significativo dos residentes de nacionalidade brasileira (com um aumento de cerca de 78.000 cidadãos), ucraniana (+22.997), romena (+21.695) e
chinesa (+9.282). O decréscimo dos nacionais de Angola (-10.060)16 e França (-999).

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3. Explicite o perfil demográfico das comunidades imigrantes a residir em Portugal quanto às variáveis sexo, idade e distribuição geográfica.
Resposta: No que se refere ao sexo, os Censos 2011 indicam que a população estrangeira residente é maioritariamente composta por cidadãos do
sexo feminino (52,3%, ou seja, 206.410 mulheres), correspondendo os estrangeiros do sexo masculino a 188.086 indivíduos (47,7%). Deve realçar-se a
inversão da tendência face ao observado nos Censos 2001, quando os estrangeiros do sexo masculino assumiam a predominância (54,3%). Os
estrangeiros residentes de nacionalidade brasileira são os que mostram maior importância relativa do sexo feminino (57,9%), o que – atendendo ao
facto de serem a população numericamente mais expressiva – acaba por induzir o resultado geral da população estrangeira. Nota-se que entre os
guineenses, ucranianos e romenos a proporção de homens é superior, respetivamente com 56,0%, 50,8% e 51,1%.
IDADE: A população de nacionalidade estrangeira residente em Portugal é mais jovem que a população de nacionalidade portuguesa . Esta população
apresenta uma grande concentração nas idades entre os 20-49 anos (63,0%), o que não se verifica junto da população de nacionalidade portuguesa,
que regista no mesmo intervalo de idades apenas 40,6%, isto deve-se a dois fatores:
 A tendência de envelhecimento da população portuguesa
 O facto da imigração em Portugal ser predominantemente de motivação económica, ou seja, chega em idade ativa.
As nacionalidades que apresentam a média de idades mais elevada são oriundas de países da União Europeia, tais como Reino Unido (50,2 anos),
Espanha (41 anos) e França (36,6 anos). Em contrapartida, as nacionalidades onde a média de idades é mais baixa são a romena (29,1 anos), brasileira
(30,9 anos), chinesa (31,1 anos) e guineense (31,7 anos) Segundo o INE, os dados dos Censos 2011 indicam que a população estrangeira em idade
ativa (15- 64 anos) possui, em geral, níveis de escolaridade mais elevados que a população portuguesa.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRAFICA: A elevada concentração de estrangeiros na Região de Lisboa, segundo Malheiros e Fonseca (2011), resulta em grande
medida das primeiras vagas de imigração provenientes dos PALP. Ainda que as vagas de meados da década de 1990 e dos anos seguintes (e.g.
chineses e ucranianos) tenham sido importantes para diminuir a sobre concentração nesta região, contribuindo para uma maior dispersão geográfica
dos estrangeiros dentro do território português, não conseguiram retirar a importância relativa da região de Lisboa que capta ainda mais de metade
dos estrangeiros residentes no país. Em termos de NUTIII, destacam-se cinco regiões: Grande Lisboa (40,4%), Algarve (13,2%), Península de Setúbal
(11,2%), Grande Porto (5,8%) e Oeste (3,6%). A distribuição geográfica das principais nacionalidades residentes no país mostra algumas diferenças
23
importantes, denota-se uma disparidade entre os cidadãos dos PALP, com uma clara concentração na região de Lisboa (79,7%), e os estrangeiros
oriundos da União Europeia e da Europa de Leste, que demonstram maior dispersão pelas várias regiões do país (apenas 31,5% e 33,2%
respetivamente, residia nessa região do país), destacando-se também nomeadamente na zona do algarve (25,3% e 19,5%, respetivamente). Por sua
vez os nacionais do Brasil encontram-se numa posição intermédia, pois apresentam, ainda assim, mais de metade dos seus residentes (cerca de 57%)
na região de Lisboa. Já os cidadãos nacionais da China encontram-se dispersos um pouco por todo o país, ainda que se evidenciem duas regiões de
destino com maior significado – Lisboa (43,1%) e Norte (23,3%).
O impacto que o número de residentes estrangeiros tem no total dos residentes em cada região de Portugal também não é uniforme ao longo do país.
Se os residentes estrangeiros recenseados nos Censos de 2011 representam 3,7% da população total do país, há regiões de Portugal onde essa
percentagem é mais elevada e/ou os estrangeiros residentes têm uma importância relativa superior. A este nível destaca-se a região do Algarve, onde
os residentes estrangeiros representam cerca de 12% da população total da região. Esta importância relativa dos estrangeiros no Algarve reflete tanto
um aumento da imigração na região – imigração de nacionais de países da União Europeia em idade de reforma e o aumento de imigrantes laborais
de fluxos mais recentes (nomeadamente de cidadãos da Europa de Leste) -, como também as baixas densidades populacionais registadas nos
municípios da região que os imigrantes ajudam a contrariar. A região de Lisboa (NUTII) é outra das regiões onde a proporção de estrangeiros
residentes (7,2%) é superior à média nacional. Nas restantes regiões o peso dos estrangeiros é sempre inferior à média nacional. Contudo, é
importante destacar a proporção de cidadãos estrangeiros na região do Alentejo (3,1%) e do Centro (2,4%), uma vez que estas duas regiões registam
valores superiores aos observados na Madeira, Açores e Norte do país. Esta última região regista o valor mais baixo em termos de proporção de
estrangeiros na população total (1,4%).
QUALIFICAÇÕES: A na percentagem da população estrangeira com escolaridade inferior ao 3º ciclo do Ensino Básico (28,2%) quando comparada com
a percentagem da população portuguesa na mesma situação (40,6%). Além disso, enquanto 32,7% dos estrangeiros em idade ativa são detentores do
ensino secundário (ou pós-secundário), o mesmo não sucede com a população portuguesa, que apenas atinge os 19,9%. A única exceção verifica-se
no Ensino Superior, onde a população portuguesa ultrapassa ligeiramente (16,6%) a população estrangeira (14,4%).

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Em relação às qualificações das 10 principais nacionalidades residentes,
cabo-verdianos, 66%

chineses 45,5% apresentavam qualificações inferior ao 3º ciclo do Ensino Básico

guineenses 44,6%.

As nacionalidades europeias, mostravam as qualificações mais elevada: Destacava-se a

nacionalidade espanhola 43,6%,

nacionalidade britânica 27,8% população com ensino superior

nacionalidade ucraniana 23,3%

EMIGRAÇÃO
1. Em termos gerais, caracterize as principais tendências da emigração portuguesa nos últimos cinco anos.
Resposta: As causas para a migração são diversas e podem ser negativas e positivas, como por ex: catastrofes naturais, motivos religiosos,
economicos, politicos, profissionais, de lazer, valorização pessoal, rivalidades, guerras, etc.
Em Portugal destaca-se o papel do INE, que promoveu entre 2004 e 2006, um relatório sobre Estatistica dos Movimentos Migratórios. Até aos finais
do sec. 20, a migração portuguesa foi marcada pela emigração tendo o país apresentado saldos negativos até meados da decada de 70, retomando a
essa tendência entre 1982 e 1992 e mais tarde a partir de 2011, ou seja, durante esses periodos sairam do país mais pessoas do que as que entravam.
A partir de 2010 a conjugação de saldos naturais negativos (diminuição da taxa de fertilidade e aumento da esperança média de vida) com a descida
do saldo migratório, originou que Portugal apresentasse saldos populacionais totais negativos. Segundo o observatório da emigração total, houve um
pico da emigração em 2013, tendo esta tido em 2014 e 2015 uma progressiva e lenta descida. A existência de população portuguesa emigrada, facilita

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e incentiva a saída de novos migrantes, por encontrarem apoio aquando da chegada aos países de destino. Desde os anos 60 que a emigração
portuguesa escolhe preferencialmente destinos europeus, sendo que nos ultimos anos os principais destinos são: Reino Unido, França e Suiça.
Segundo dados das Nações Unidas de 2015, Portugal é o Pais da União Europeia que tem mais emigrantes em proporção da população residente

2. Indique os principais países de destino dos atuais fluxos emigratórios


Resposta: Segundo o observatório da emigração total, houve um pico da emigração em 2013, tendo esta tido em 2014 e 2015 uma progressiva e lenta
descida. Desde os anos 60 que a emigração portuguesa escolhe preferencialmente destinos europeus, sendo que nos ultimos anos os principais
destinos são: Reino Unido, França e Suiça, Alemanha, Angola, Moçambique e Brasil.
Segundo dados da Nações Unidas de 2015, Portugal é o Pais da União Europeia (com mais de 1 milhão de Habitantes) que tem mais emigrantes em
proporção da população residente, ou seja, teria em 2015 mais de 2 milhões emigrantes, o que corresponde a cerca de 22% da população residente
De acordo Com as Nações Unidas, desde os anos 60 que a emigração portuguesa escolhe preferencialmente destinos europeus. Assim, os
emigrantes portugueses a viver na Europa passaram de 53% em 1990, para 62% em 2015.

Para onde emigram mais os portugueses


Ordem País Ano 2015 Ano 2014 Ano 2013
1º Reino Unido 32.300 30.500
2º França 18.400
3º Suíça 12.300
4º Alemanha 9.200
5º Angola 6.700
6º Moçambique 4.000
7º Brasil 1.300

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IMIGRAÇÃO/EMIGRAÇÃO
1. Caraterize o fenómeno migratório em Portugal, no que respeita os saldos migratórios verificados na última década.
Resposta: Sendo Portugal um país recente na Imigração, é segundo dados de 2004/05 um dos poucos países da OCDE que apresentava uma
elevada percentagem de imigrantes que entravam por razões de trabalho (45% dos fluxos de entrada), contrariando assim com a tendência da
maioria do países europeus, cuja razão principal era o reagrupamento familiar.A partir de 2008, a crise económica que enfrentou o país, fez com
que houvesse alterações quanto ao perfil bem como numa diminuição do fluxo de entradas, que viria a ser retomado em 2012. Assim, partir de 2008
aumentam o número de estudantes e investidores estrangeiros, bem como também se verifica uma ligeira subida do número de reformados,
sendo que ao mesmo tempo diminui o número de trabalhadores de atividades subordinadas.Assim em resumo, a partir de 2008 há uma pequena
descida do número total de imigrantes e os grandes fluxos de entrada que passaram a estar associados principalmente ao estudo e ao
reagrupamento familiar. Também relativamente às nacionalidades dos imigrantes, houve uma descida no número de entradas de cabo-verdianos,
chineses, ucranianos e moldavos, verificando-se ao mesmo tempo uma subida no número de vistos de residência concedidos a imigrantes
brasileiros. A partir de 2010, nota-se um ligeiro decréscimo dos residentes estrangeiros permanentes registados pelo SEF, refletindo a diminuição de
oportunidades de trabalho no país e a aquisição da nacionalidade por um número de residentes estrangeiros. Entre 2009 e 2011, cerca de 126 mil
estrangeiros adquiriram nacionalidade portuguesa, destacando-se o ano de 2011 com cerca de 47 mil nacionalidades concedidas. Apesar dos motivos
que estiveram na origem das autorizações de residência terem mudado ao longo dos anos, referem-se as principais mudanças ocorridas de 2008
para 2012. Assim, em 2008 tínhamos o exercício de uma atividade subordinada com 5.5%, o reagrupamento familiar com 7.6% e a autorização de
residência para estudantes do ensino superior com 1.1%, sendo que estes motivos passaram em 2012 a ser respetivamente de 2%, 1.8% e 2.5%,
destacando-se as autorizações para estudantes com aumentos na ordem dos 109.1%, ou seja, a uma passagem dos 4.913 para os 10.275
estudantes residentes em Portugal.

27
TÓPICO 4. POLÍTICAS MIGRATÓRIAS. EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO

Políticas de Emigração antes de 1974

Contextos sócio- Políticas de Emigração Medidas e Instrumentos Políticos Canais Institucionais


económicos e
políticos

Antes de Estado-Novo Ausência de políticas  Aplicação de medidas restritivas à  Junta da Emigração (1947)
1974 coerentes de emigração. emigração ilegal
Emigração  Secretariado Nacional da
clandestina (1960- “Política de neutralidade  Esforço de harmonização de políticas emigração (1970)
1970) colaborante” (Rocha- com os países recetores
 Regulamentação do
Trindade, 2001)
 Defesa dos direitos sociais e cívicos Secretariado da Emigração
dos emigrantes portugueses (1972)

28
Políticas de Emigração após de 1974

Contextos sócio-económicos e Políticas de Emigração Medidas e Instrumentos Canais Institucionais


políticos Políticos

1974 - 2000  Perda do Império/ Redefinição da identidade Instituição do 10 de Junho Criação dos Círculos da Emigração (1978)
nacional pós-colonial como Dia de Portugal, de
Descolonização Criação do Congresso das Comunidades
Camões e das Comunidades
A celebração das Portuguesas (1979)
 Adesão à EU (1986)
comunidades portuguesas – Portuguesas
Criação da Secretaria de Estado da
 Portugal país de Portugal como uma “nação
Lei da Dupla Nacionalidade Emigração e das Comunidades Portuguesas
emigração/imigração das comunidades
(1980)
portuguesas” (Manuela (Decreto-Lei nº 378/81

Aguiar, 1991) Criação do Instituto de Apoio á Emigração e


Reforço do movimento
às Comunidades Portuguesas (1980)
 Política de associativo da diáspora

emigração visando o Criação do Conselho das Comunidades


Promoção da cultura e da
reforço dos laços Portuguesas (1980)
língua portuguesas
económicos, sociais, Criação dos Conselhos de País, Conselho
Representação política
culturais e políticos Permanente e Congresso Mundial das
com a diáspora Benefícios e incentivos Comunidades Portuguesas (1990)
portuguesa económicos e fiscais
Criação da Direcção-Geral dos Assuntos
Consulares e Comunidades Portuguesas em
1994 (extinção do IAECP)

29
Políticas de Emigração na Atualidade. Ei-los que partem…. Novamente.

Contextos sócio- Políticas de Emigração Medidas e Instrumentos Canais Institucionais


económicos e políticos Políticos

2000 até ao presente Consolidação da Invisibilidade Apoio aos emigrantes Gabinete de Apoio ao Emigrante
imigração regressados/ (DGACCP/Municípios)
política dos assuntos de
Agravamento da crise emigração, até os finais de comunidades portuguesas Conselho para a Globalização, 2006
económica/ 2000. (Cotec - Associação Empresarial para a
Lei da Nacionalidade
Inovação)
emigração maciça nos Política da Diáspora
(Lei Orgânica nº 2/2006)
últimos anos. ambígua. XIX Governo Prémio Empreendedorismo Inovador da
Constitucional e a Incentivos ao Diáspora Portuguesa (Cotec)
“Valorização das empreendedorismo
Criação do Conselho da Diáspora, com o
emigrante
comunidades Portuguesas”
alto patrocínio do Presidente da
“Incentivo à emigração República (2012)
jovem” (Secretário de
Gabinete de Apoio ao Investidor da
Estado para a Juventude e
Diáspora – DGACCP/ (2013)
Desporto, 2011)

30
1) Políticas de Emigração e da Diáspora que vão oscilando entre a ambiguidade; paradigmas políticos pró-ativos e abordagens economicistas e
elitistas da realidade migratória em Portugal.
Resposta: A exigência de providências administrativas que limitavam a emigração pareciam mais fundamentarem-se num exercício de poder, do
que numa estratégia estabelecida ou por uma politica concreta. No início dos anos 60, tornou-se óbvio que era impossível cessar ou conter o
fluxo de emigração clandestina para os países europeus. Em relação à emigração transoceânica, o governo admitia uma atitude de
harmonização de políticas com as autoridades dos países recetores, nos quais se destacam o Brasil, Venezuela, Canadá e Estados Unidos. Portugal
tinha em relação à questão emigratória uma posição similar à que expressou aquando da 2ª Guerra Mundial, ou seja, de neutralidade
colaborante. Após 1974 a mudança de regime trouxe o reconhecimento, em pé de igualdade, o direito de partir e o de regressar sem quaisquer
restrições. Os idealistas da Revolução vieram corroborar a importância dos cidadãos que se encontravam fixados em países estrangeiros, bem
como os seus ascendentes.

2) Necessidade de uma intervenção política estrutural em matéria de emigração perspetivada em múltiplos domínios:

◦ Social, Económico, Político Cultural

Resposta: A década de 90: o discurso público da interação e a institucionalização da imigração

A década de 90 é um ponto de viragem e corresponde a um grande momento na evolução das políticas de integração, marcado pela
implementação de quadros legislativos e pela constituição de estruturas institucionais dirigidas aos imigrantes. Este novo quadro surge no
contexto de grandes mudanças acorridas a nível nacional e internacional.

A nível nacional:

• O aumento das populações imigrantes: muitos ilegais


• A crescente politização do movimento associativo
31
• A emergência de plataformas e redes da sociedade civil

• O papel da obra católica ͞Poƌtugal das ŵigƌações͟

• Organizações não-governamentais e da comunidade científica, bem como a adesão à U.E. contribuíram para a inserção da imigração no
quadro político e social em Portugal.

A nível internacional:
• Na europa há um esforço de harmonização das políticas migratórias que se traduziu no acordo de Schengen e na convenção de Dublin.
Durante a década de 90 o quadro legislativo visou a implementação de períodos de regularização extraordinária de imigrantes em 92 e
a introdução de novos instrumentos de regulação dos fluxos. Portugal fez um esforço de convergência apostando também no combate à
imigração ilegal e no controlo dos novos fluxos migratórios.
Nesta década as comunidades étnicas ganharam uma centralidade sem precedentes na agenda política europeia, obrigando à adoção de
medidas concretas de inclusão social destas populações.
As organizações da sociedade civil foram as principais protagonistas das ações de mobilização e de reivindicação dos direitos dos
imigrantes. Não havia uma política proactiva de imigração. O discurso oficial tendia a colocar o cerne da integração veiculando
estratégias pró- assiŵilacioŶistas associadas ao discuƌso do paƌadigŵa doŵiŶaŶte da ͞euƌopa foƌtaleza͟. Também a nível local se começa a
assistir a um novo protagonismo dos municípios nos assuntos da imigração.
A partir de meados da década de 90 as respostas politicas e institucionais ganham uma nova dinâmica. É criado o alto comissariado para a
imigração e minorias étnicas: ACIME (95) e tinha como objetivo a conceção e implementação de politicas de integração das populações
imigrantes. A partir de 96 há um alargamento considerável dos direitos sociais e políticos das populações migrantes:

• Direito a voto e a ser eleito

• Novos canais de participação política

32
• Nasceu o COCAI (conselho consultivo para a imigração).

• Reforço da participação das associações imigrantes no quadro político português.

• Implementação dos 2 principais dispositivos legais: o regime jurídico das associações e das associações de imigrantes.
Nos finais da década de 90 é promulgada a lei que visa a prevenção e o combate à discriminação em função da cor, nacionalidade ou origem
étnica. Em 2000 é criada a comissão para a igualdade e contra a discriminação racial.

Conclusão: a partir de meados dos anos 90 verifica-se uma tendência para a implementação de medidas legislativas, há uma orientação
politica mais inclusiva. Esta viragem pretendeu criar um modelo de gestão consensual aos diversos parceiros sociais.

3.4. O novo milénio: o projeto político da interculturalidade

A 3ª fase das políticas de integração inicia-se no novo milénio até ao presente. Nestes 13 anos há uma política imigratória que privilegia a integração e o
alargamento dos direitos de cidadania e diálogo intercultural.

Entre 2001 e 2004 um conjunto de novos dispositivos legais permitiram a legalização de milhares de imigrantes. Também as condições de entrada e
permanência foram objeto de novas leis. Introduziu-se o estatuto de residente de longa duração, medidas que potenciam a integração no mercado de
trabalho como o reconhecimento de qualificações obtidas no estrangeiro. Reconheceu-se a família como fundamental para a integração dos imigrantes.

No tocante a políticas de integração verifica-se a consolidação e o alargamento das estruturas institucionais dirigidas às populações imigrantes: ACIME,
ACIDI IP; CNAI; CLAII.

Importa referir 4 principais vertentes que se revestem de importância para as políticas de integração das populações imigrantes:

1. A implementação de uma politica de integração de proximidade, sendo o seu principal instrumento a criação da rede nacional de CLAII, que tem 86
gabinetes em todo o país:
 A proximidade às comunidades
33
 A articulação com o tecido institucional

 Incentivo às parcerias com as entidades oficiais

 A sua pertença a uma rede nacional de estruturas similares tem sido fatores determinantes para a implementação continuada de programas de
integração e de interculturalidade a nível local.
2. A implementação de planos para a integração de imigrantes –PII. O seu objetivo é a integração e a gestão da diversidade cultural bem como a
coesão social. Os PII´s apresentam um conjunto de medidas de intervenção transversais a todos os domínios (habitação, trabalho, nacionalidade,
etc).
3. Reforço do apoio institucional a nível do movimento associativo imigrante, com a criação em 2004 do GATAI. Integra-se no ACIDI IP e visa a
promoção da participação cívica dos imigrantes e seus descendentes. O GATAI fornece apoio financeiro e técnico em entidades públicas e
privadas com vista à mobilização dos imigrantes.
4. A constituição do observatório da imigração, que permite a participação ativa de académicos, investigadores, especialistas, dando incentivo e

valorizando a investigação científica neste domínio.

34
ATIVIDADE FORMATIVA 4

1- Identificar as políticas de imigração (regulação de fluxos migratórios) implementadas nas últimas décadas em Portugal.
Resposta: A evolução dos Fluxos e/migratórios
Ao longo das últimas duas décadas o crescimento sustentado dos fluxos imigratórios tem vindo a ser acompanhado pelo desenvolvimento do
movimento associativo imigrante, que presentemente conta um total de 184 associações das quais 124 encontram-se oficialmente reconhecidas pelo
Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, IP (ACIDI, IP). Os processos de formação das associações de imigrantes, a sua consolidação
e destaque no meio político e social da sociedade portuguesa têm sido alvo de um crescente interesse por parte das agendas de investigação em
Portugal. Mas é logo no inicio de 2000 que se assiste a um aumento significativo de estudos sobre o fenómeno do associativismo imigrante,
demonstrando a preocupação dos investigadores em tratar uma realidade em rápida transformação. A ação estratégica e reguladora do Estado,
traduziu-se na implementação de políticas e de canais institucionais de gestão dos fluxos migratórios visando a integração das populações imigrantes.
A participação nos processos de Regularização Extraordinária marca a “viragem” do movimento associativo rumo a uma intervenção mais política,
menos assistencial e de emergência social.
Para a Comissão Nacional para a Regularização Extraordinária (CNRE) foram escolhidos dois representantes, um dirigente ligado à comunidade
angolana para representar o associativismo imigrante e a adjunta do diretor da OCPM (Obra Católica Portuguesa das Migrações). Uma presença
conjunta do associativismo e da Igreja para que o “humanismo” fosse contemplado no meio dos papéis e garantida a participação da sociedade civil
na avaliação “caso a caso” dos milhares de situações irregulares pendentes no MAI e SEF.
As leis de Regularização Extraordinária revelaram-se na prática, por vontade política explícita dos governantes, incapazes de “legalizar” de forma
eficaz todos os grupos e tipos de imigrantes em “situação irregular”. Revelaram-se como leis precárias quanto à regulamentação dos fluxos
migratórios africanos já fixados no país ou aos novos fluxos, como as vagas de cidadãos do Brasil.

35
Imigração e comunidades imigrantes
Após 74 recebemos cerca de 800 000 portugueses das ex-colónias. No rescaldo da guerra, a fome em Angola e Moçambique traz muitos
refugiados. Para muitos foi ponto de passagem para outros países europeus. No geral a imigração para Portugal na década de 70 e princípios de 80
foi essencialmente caracterizada por uma migração dos refugiados dos PALOP.
Os regressados da França e Alemanha entre 85 e 91 foram 36 000. Durante a década de 80 a composição da população estrangeira alterou-se
significativamente:
• Se na década de sessenta e início de 70 os europeus constituíam o grupo mais numeroso
• Nas décadas de 80/90, os influxos dos PALOP tornaram-se dominantes: 40% em 1991.
• Nos anos 90 a imigração caracterizou-se por 3 principais tendências:
1. A consolidação da imigração africana constituída maioritariamente por indivíduos oriundos das ex-colónias e pelos seus
descendentes.
2. O rápido crescimento de novas correntes migratórias com origens geográficas e culturais muito diversificadas que conjuga 3

principais origens:--fluxos associados à independência das ex-colónias--movimentos migratórios do Brasil -movimentos migratórios
da europa de leste e outros países europeus.
3. O elevado número de fluxos de imigrantes ilegais. Eram sobretudo imigrantes da europa de leste: Ucrânia, Rússia, Moldávia e
Roménia.
A par destas tendências há uma nova vaga de imigração brasileira (fins de 80 princípios de 90) com um perfil profissional menos qualificado e com
níveis de feminização elevados. Intensificou-se a imigração chinesa e do subcontinente indiano que têm vindo a acentuar a diversidade sócio-
demográficas da imigração em Portugal.
No inicio do milénio assistiu-se a um pico do volume da imigração, devido à entrada em vigor do novo regime de títulos de permanência,
legalizando milhares de imigrantes. Em 10 anos triplicamos o nº de legais residentes. A partir de 2005 abranda o volume imigratório: contração da
economia, crise financeira, potenciam a desaceleração dos fluxos de entrada.
36
As comunidades mais representativas são:

Portugal deve ser percecionado como uma placa giratória que distribui (importa e exporta) mão-de-obra consoante a estrutura institucional em
que opera. Os censos de 2011 apontam para um crescimento da população residente que é justificada pelo saldo migratório positivo, logo os
imigrantes são significativos para a demografia global do país.
2- Caracterizar as principais políticas de integração adotadas nas últimas décadas no contexto português.
Resposta: A década de 90: o discurso público da interação e a institucionalização da imigração
A década de 90 é um ponto de viragem e corresponde a um grande momento na evolução das políticas de integração, marcado pela implementação
de quadros legislativos e pela constituição de estruturas institucionais dirigidas aos imigrantes. Este novo quadro surge no contexto de grandes
mudanças acorridas a nível nacional e internacional.
A nível nacional:
• O aumento das populações imigrantes: muitos ilegais
• A crescente politização do movimento associativo
• A emergência de plataformas e redes da sociedade civil
• Organizações não-governamentais e da comunidade científica, bem como a adesão à U.E. contribuíram para a inserção da imigração no
quadro político e social em Portugal.
37
A nivel internacional
Na europa há um esforço de harmonização das políticas migratórias que se traduziu no acordo de Schengen e na convenção de Dublin.
Durante a década de 90 o quadro legislativo visou a implementação de períodos de regularização extraordinária de imigrantes em 92 e a
introdução de novos instrumentos de regulação dos fluxos. Portugal fez um esforço de convergência apostando também no combate à imigração
ilegal e no controlo dos novos fluxos migratórios.

Nesta década as comunidades étnicas ganharam uma centralidade sem precedentes na agenda política europeia, obrigando à adoção de medidas
concretas de inclusão social destas populações.

As organizações da sociedade civil foram as principais protagonistas das ações de mobilização e de reivindicação dos direitos dos imigrantes. Não
havia uma política proactiva de imigração.

A partir de meados da década de 90 as respostas politicas e institucionais ganham uma nova dinâmica. É criado o alto comissariado para a
imigração e minorias étnicas: ACIME (95) e tinha como objetivo a conceção e implementação de politicas de integração das populações
imigrantes. A partir de 96 há um alargamento considerável dos direitos sociais e políticos das populações migrantes:

• Direito a voto e a ser eleito

• Novos canais de participação política

• Nasceu o COCAI (conselho consultivo para a imigração).

• Reforço da participação das associações imigrantes no quadro político português.

• Implementação dos 2 principais dispositivos legais: o regime jurídico das associações e das associações de imigrantes.
Nos finais da década de 90 é promulgada a lei que visa a prevenção e o combate à discriminação em função da cor, nacionalidade ou origem étnica.
Em 2000 é criada a comissão para a igualdade e contra a discriminação racial.

38
Conclusão: a partir de meados dos anos 90 verifica-se uma tendência para a implementação de medidas legislativas, há uma orientação politica
mais inclusiva. Esta viragem pretendeu criar um modelo de gestão consensual aos diversos parceiros sociais

ACHO IMPORTANTE:

Importa referir 4 principais vertentes que se revestem de importância para as políticas de integração das populações imigrantes:

5. A implementação de uma politica de integração de proximidade, sendo o seu principal instrumento a criação da rede nacional de CLAII, que tem 86
gabinetes em todo o país:
• A proximidade às comunidades

• A articulação com o tecido institucional

• Incentivo às parcerias com as entidades oficiais

• A sua pertença a uma rede nacional de estruturas similares tem sido fatores determinantes para a implementação continuada de
programas de integração e de interculturalidade a nível local.
6. A implementação de planos para a integração de imigrantes –PII. O seu objetivo é a integração e a gestão da diversidade cultural bem como a
coesão social. Os PII´s apresentam um conjunto de medidas de intervenção transversais a todos os domínios (habitação, trabalho, nacionalidade,
etc).
7. Reforço do apoio institucional a nível do movimento associativo imigrante, com a criação em 2004 do GATAI. Integra-se no ACIDI IP e visa a

promoção da participação cívica dos imigrantes e seus descendentes. O GATAI fornece apoio financeiro e técnico em entidades públicas e
privadas com vista à mobilização dos imigrantes.
8. A constituição do observatório da imigração, que permite a participação ativa de académicos, investigadores, especialistas, dando incentivo e
valorizando a investigação científica neste domínio.
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A década de 60: A ͞Política Laissez-faire͟

Desde 1974 até ao final da década de 80, viveu-se em Portugal, tal como noutros países do sul da Europa, um período de laissez-faire, marcado pela falta
de políticas de imigração e do respetivo debate político, pelo que as populações imigrantes recém-chegadas viriam a consolidar a sua posição e a
ganhar particular expressão nas próximas décadas. Esta tendência de invisibilidade política dos imigrantes inverteu-se, substancialmente, nos princípios dos
anos 90, pelo que passamos a assistir à crescente politização do fenómeno imigratório em Portugal.

A tipologia proposta por Penninx, quanto à natureza inclusiva ou exclusiva das políticas de integração) perspetiva a integração em termos da
atribuição dos direitos de cidadania em 3 principais domínios:
1. Legal-politico

2. Sócio-económico

3. Cultural-religioso.

Penninx considera que há uma tendência para a adoção de políticas que convergem nos domínios legal-politico e sócio-económico, mas há uma
considerável divergência na atribuição de direitos culturais-religiosos.

As políticas de integração: evolução e principais tendências

Ao analisar as políticas de integração, Castells sugere uma tipologia que se estrutura a partir de 3 principais modelos de integração:

1. Modelo de exclusão diferencial (Alemanha, Áustria, Suíça). Incluem um sistema de trabalhadores convidados altamente exclusivo em termos de
cidadania, direitos sociais e políticos.
2. Modelo de assimilação (França e UK). Neste espera-se que os imigrantes assimilem os valores, normas, códigos e práticas sociais da sociedade de

40
acolhimento. O processo de assimilação cultural, social e política é um requisito fundamental para a atribuição da cidadania. Castells sublinha a
tensão entre inclusão formal e exclusão estrutural, o que significa que em certos contextos, embora os imigrantes possam gozar de plenos direitos
de cidadania, a marginalização e a exclusão social e o racismo têm vindo a acentuar-se entre as comunidades étnicas imigrantes.

Modelo pluralista (EUA, Canadá, Austrália). Aqui o multiculturalismo constitui-se como uma política oficial que norteia a atuação do estado no
que toca as politica publicas dirigidas às comunidades étnicas.

3- Perspetivar a posição de Portugal no âmbito do Migrant Integration Policy Index (2015)


Resposta: Apesar de Portugal ser um país pequeno, esteve quase sempre de braços abertos à entrada de imigrantes no seu território. Confirmado
pela quarta edição do MIPEX (Migrant Integration Policy Index), Portugal é o 2º melhor país do mundo para receber e integrar imigrantes,
num ranking mundial em que constam 38 países.
Assim, recebe uma pontuação de 75 (numa escala de 0 a 100) na tabela do MIPEX, um valor acima do recebido na última edição da avaliação, em
2010. Isto só foi possível graças a Portugal apresentar um dos melhores sistemas de programas de emprego e de proteção às vitimas de violência
doméstica.
Apesar da crise económica vigente, os resultados no acesso à saúde, à educação e à habitação permanente dos imigrantes não foram os melhores,
ainda assim estando na linha positiva. O relatório demonstra ainda, com pontuações mais elevadas, facilidade de acesso à nacionalidade e à reunião
de famílias.
Apesar da crise económica persistir em Portugal e ter reduzido a qualidade dos indicadores de acesso à saúde, educação e habitação permanente, sob
o olhar dos imigrantes a percepção acerca do país permanece bastante positiva. O relatório demonstrou ainda que a facilidade de acesso à
nacionalidade e à reunião familiar foram indicadores que progrediram nos últimos anos. Portugal é também considerado, segundo o estudo, o país da
Europa do Sul com melhor resultado na promoção de igualdade e no combate à discriminação. É revelado ainda que Portugal é um dos melhores
países de acesso por parte dos imigrantes a emprego com igualdade de oportunidades e direitos, mas é alertado que é frequente existirem imigrantes

41
a trabalhar abaixo das suas qualificações, não sendo assim possível ter acesso a apoios sociais como o subsídio de desemprego. MIPEX é considerado
o índice mais compreensivo e confiável para comparar o que os governos estão fazendo para promover a integração de imigrantes na Europa e no
mundo. Os residentes imigrantes em Portugal beneficiam das 2 políticas de integração mais favoráveis do mundo desenvolvido, à frente da maioria
dos países nórdicos e tradicionais de imigração e liderando os novos destinos. As políticas de imigração familiares e o modelo de reforma da cidadania
de 2006 ajudaram claramente mais imigrantes a se reunirem com a família e se tornaram cidadãos portugueses, mesmo durante a crise.

4- Identificar e caracterizar os principais cinco eixos políticos prioritários do Plano Estratégico para as Migrações - 2015-2020.
Resposta: 5 Eixos prioritários
As exigências do momento presente, no plano demográfico, económico e social impõem uma estratégia transversal articulada tendo por base
políticas que permitam maximizar os recursos disponíveis. Os atuais desafios impõem o desenvolvimento de um plano estratégico na área das
migrações assente em cinco eixos políticos prioritários:
Eixo I – Políticas de integração de imigrantes
Os objetivos deste eixo visam a consolidação do trabalho de integração, capacitação e combate à discriminação dos imigrantes e grupos étnicos na
sociedade portuguesa, tendo em vista uma melhor mobilização do seu talento e competências, a valorização da diversidade cultural, o reforço da
mobilidade social, da descentralização das políticas de integração e uma melhor articulação com a política de emprego e o acesso a uma cidadania
comum.
Eixo II – Políticas de promoção da inclusão dos novos portugueses
Os objetivos deste eixo têm em vista o reforço de medidas de promoção da integração e inclusão dos novos portugueses, nomeadamente dos
descendentes de imigrantes e de todos aqueles que, entretanto, acederam à nacionalidade portuguesa, através de ações nos domínios da educação,
formação profissional, transição para o mercado de trabalho, participação cívica e política, inclusão digital, empreendedorismo e capacitação.

42
Eixo III – Políticas de coordenação dos fluxos migratórios
Os objetivos deste eixo dirigem-se à valorização e promoção internacional de Portugal enquanto destino de migrações, através de ações nacionais e
internacionais de identificação, captação e fixação de migrantes, contribuindo para uma gestão mais adequada e inteligente dos fluxos migratórios e
para o reforço da atração e circulação de talento e capital humano.
Eixo IV - Políticas de reforço da legalidade migratória e da qualidade dos serviços migratórios.
Os objetivos deste eixo prendem- se com o reforço da capacidade de intervenção transversal na execução da política migratória, através do
aprofundamento da rede de parcerias com entidades públicas e privadas, do enquadramento e acompanhamento dos potenciais migrantes, do
recurso a ferramentas eletrónicas, da flexibilização dos procedimentos de entrada e da afirmação de uma cultura reforçada de qualidade e de boas
práticas na prestação dos serviços migratórios.
Eixo V – Políticas de incentivo, acompanhamento e apoio ao regresso dos cidadãos nacionais emigrantes
Os objetivos deste eixo visam ações e programas, sob coordenação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que promovam, acompanhem e
apoiem o regresso de cidadãos nacionais emigrados no estrangeiro ou o reforço dos seus laços de vínculo a Portugal, contribuindo por essa via para a
reversão do movimento emigratório de cidadãos portugueses para o estrangeiro.

43
5- Identificar as principais tendências das políticas de emigração implementadas nas últimas décadas
6- Perspetivar as novas medidas políticas no quadro emigratório da atualidade

RESPOSTA: QUADRO PARA AMBAS AS QUESTÕES

Contextos sócio- Políticas de Emigração Medidas e Instrumentos Canais Institucionais


económicos e políticos Políticos

2000 até Consolidação da imigração Invisibilidade política dos Apoio aos emigrantes Gabinete de Apoio ao Emigrante
ao assuntos de emigração, até os regressados/comunidades (DGACCP/Municípios)
Agravamento da crise
presente finais de 2000. portuguesas Lei da
económica/emigração Conselho para a Globalização, 2006 (Cotec -
Nacionalidade (Lei Orgânica nº
maciça nos últimos anos. Política da Diáspora ambígua. Associação Empresarial para a Inovação)
2/2006)
XIX Governo Constitucional e
Prémio Empreendedorismo Inovador da
a “Valorização das Incentivos ao
Diáspora Portuguesa (Cotec)
comunidades portuguesas” empreendedorismo emigrante
Criação do Conselho da Diáspora, com o alto
“Incentivo à emigração
patrocínio do Presidente da República (2012)
jovem” (Secretário de Estado
Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora
para a Juventude e Desporto,
– DGACCP/ (2013)
2011)

44
TÓPICO 5. Participação Cívica e Política dos Migrantes
1- Identificar os principais paradigmas dos estudos sobre o associativismo migrante em Portugal;
Resposta: O associativismo migrante tem desempenhado um papel fundamental nos processos integrativos dos migrantes nos países de acolhimento,
sendoo bjeto de múltiplos estudos, devido á complexidade deste fenómeno em permanente e rápida modificação.
Em Portugal o crescimento considerável dos movimentos migratórios verificado nas duas últimas décadas do séc. XX, têm-se refletido no
desenvolvimento do movimento associativo, cujo estudo tem sido objeto de acentuado interesse por parte dos investigadores. No entanto, só a partir
de 2000 se regista um volume significativo de estudos sobre o fenómeno do associativismo imigrante.
Assim, propomo-nos identificar alguns dos principais paradigmas que marcaram os estudos sobre o associativismo imigrante.
Numa fase inicial os estudos incidiram numa perspetiva abrangente sobre a imigração em particular do associativismo imigrante, sendo de realçar o
pioneirismo de Machado (1992) na década de 90, sobre a mobilização da etnicidade, sendo um importante contributo para o estudo da ação coletiva
imigrante. O estudo regista o papel determinante do Estado na ordenação das ações constitutivas das organizações de migrantes, devendo-se tal, à
deficiente capacidade mobilizadora e de afirmação dos imigrantes originada por vários fatores, entre outros, a “novidade” dos fluxos migratórios,
fragilidade do tecido associativo aliado a situações de ilegalidade e largas franjas de imigrantes em precárias condições de existência, a
“partidarização” política dos dirigentes associativos, a existência de um Estado-Providência que não reconhece o movimento associativo imigrante,
ocultando deste modo os problemas da imigração.
Em meados dos anos 90 regista-se uma alteração célere neste aspeto, assumindo uma perspetiva de “politização da etnicidade”, que se deveu,
essencialmente, à ação estratégica e reguladora do Estado com reflexos na aplicação de políticas e canais institucionais de gestão dos fluxos
migratórios.
No início de 2000, as organizações associativas migrantes assumem-se como importantes parceiros sociais a nível central, local e transnacional,
refletindo uma fase de politização e de abrangência na sua área interventiva.

45
Há um reconhecimento do percurso evolutivo do movimento associativo, evidenciando pelo reconhecimento institucional por parte do Estado, das
organizações imigrantes e assiste-se à profissionalização das associações envolvendo apoios financeiros públicos e subsídios, com impacto no nível de
autonomia face ao poder.
Outro ponto de relevo, reportam-se aos estudos da participação cívica e política dos imigrantes impulsionada pelo associativismo imigrante, a
consolidação das relações institucionais a nível local, central. O incentivo a uma atividade colaborante entre as estruturas associativas e as
organizações da sociedade civil.
A constituição de estruturas de apoio institucionais, tem sido uma das linhas de orientação ao movimento associativo imigrante, de que são exemplos
o Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes (GATAI - ACIDI, IP). Outra vertente centra-se na relação entre as práticas associativas e as
políticas de integração.
Saliente-se ainda os estudos sobre a relação entre o associativismo e a aquisição de capital social e cultural, que se reflete na mobilidade social e na
promoção da cidadania. A perspetiva tradicional das associações de imigrantes como espaços de renovação de pertenças culturais e comunitárias,
bem como de mediadoras dos processos de inclusão social nas sociedades recetoras. A temática da cidadania é transversal aos estudos na área do
associativismo imigrante.
Como última referência, dado que de certa forma se entrelaça como todas as vertentes representadas pelo associativismo imigrante, importa referir
a das práticas transnacionais do movimento associativo imigrante, realçando as múltiplas dimensões culturais, sociais, económicas e políticas, que
configuram o quadro transnacional de interação das populações imigrantes com o país de origem e com as comunidades da diáspora.

2- Compreender a importância do movimento associativo migrante nos processos de integração; atualização de práticas culturais e de pertença;
mobilização e reivindicação de direitos cívicos e políticos nos países recetores e nos países de acolhimento.
Resposta: O movimento associativo migrante surge como protagonista incontornável dos processos de integração política e cívica. As organizações e
as instituições não governamentais são as que assumem um papel mais determinante. Ainda assim, as formas organizativas, as táticas e estratégias de
mobilização política dos migrantes bem como as modalidades de participação na sociedade de acolhimento estão condicionadas pelas políticas de
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imigração, pelos regimes de cidadania e pelas filosofias de integração dominantes. O sucesso dos processos de integração, vai refletir-se nos seus
impactos. Mas estes podem ser diversos, pois estão condicionados conforme as caraterísticas dos grupos e obviamente as dinâmicas associativas
utilizadas. Por exemplo, relativamente aos imigrantes cabo-verdianos, as práticas associativas têm privilegiado a intervenção e a assistência social
junto dos mais carenciados, mas quanto aos imigrantes chineses, as redes associativas destacam o trabalho junto da esfera empresarial e comercial.
A conceção tradicional das associações imigrantes como espaços de atualização de pertença culturais e comunitárias, bem como de mediação dos
processos de integração social dos migrantes na sociedade de acolhimento, tem vindo a ser alargada ao campo politico-ideológico dos direitos de
cidadania. Prova disso, os diversos estudos sublinharem o facto de que a pertença a associações de imigrantes potenciar a participação cívica noutras
organizações cívicas da sociedade civil.

ATIVIDADE FORMATIVA 5
1- Caracterizar as principais dimensões sociais, culturais e políticas do associativismo migrante;
Resposta: Através de diferentes etapas as associações de migrantes têm desempenhado um papel fundamental no panorama das migrações
internacionais, inter-regionais e internas. Constituindo-se como suportes elementares de processos de socialização, de adenda de laços culturais
comuns, afirmação identitária, de solidariedades e de rotinas de entreajuda, sendo locais privilegiados de movimentação social e política.Podemos
referir que para além da importância na definição de políticas públicas nesta área, o associativismo migrante adquiriu grande relevância em campos
tão diversos como a procura de locais de convívio, como ao exercício de atividades em áreas como da saúde ao ensino, da formação ao
comprometimento com a defesa dos direitos de cidadania, dos socorros mútuos ao desporto. Podemos referir que a intervenção associativa é
transnacional perante os problemas comuns que os migrantes nos diferentes países da UE encaram. Esta intervenção associativa beneficia, pois, de
ocasiões de intercâmbio e mobilidade facultadas pelos programas em colaboração com o Estado, bem como de redes compostas por grupos de
imigrantes que se dispersam geograficamente, mas que preservam ou criam redes de contactos, facilitadas pela possibilidade de comunicação global.
As associações de migrantes visam a satisfação de interesses maioritariamente coletivos, no entanto, também permitem a criação e reativação de

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laços sociais entre elementos do grupo alimentando, dessa forma, um sentimento de pertença, tal como um papel primordial na preservação da
identidade e cultura de origem.

2- Identificar as dinâmicas associativas das comunidades imigrantes em Portugal;


Resposta: A evolução do movimento associativo acompanha, naturalmente, a história da imigração em Portugal, intensificando-se e diversificando-se
em conformidade com a densidade dos fluxos imigratórios e a diversidade dos países de origem dessa imigração.
Depois de uma fase inicial de frágil fluxo e de práticas associativas de âmbito assistencial resultado da ausência de fluxos imigratórios significativos em
Portugal até ao início dos anos 90 determinou um lento e reduzido crescimento de associações sucede-se um período de politização e extensão das
áreas de intervenção das associações imigrantes, que através da Lei 115/99, estabelece um regime jurídico das associações representativas dos
imigrantes e seus descendentes e que veio colmatar um vazio legal com que se deparavam estas organizações. No início de 2000 assumem-se como
importantes parceiros sociais na relação com o governo central, o poder local e instituições e organizações migrantes transnacionais. Muito por
influência das políticas sociais europeias, que elegem as parcerias como base de toda a intervenção social, assiste-se ao impulso de parcerias entre as
instituições estatais e autarquias e associações de imigrantes.
As dinâmicas associativas das comunidades imigrantes em Portugal caracterizam-se por constituírem poderosas organizações compostas por um
número elevado de associados e uma enorme variedade de terrenos de atuação. Perante uma maior oferta de projetos e oportunidades de apoio
financeiro, as associações seguem um caminho menos político, no sentido estrito, e favorecem os programas de integração socioeconómica dos
imigrantes e dos seus descendentes. Claro que face a esta profissionalização podemos referir uma maior dependência de fundos públicos e de
subsídios quer nacionais quer internacionais, o que se traduz num comprometimento da autonomia das associações perante o poder instituído.

3- Conhecer, em termos gerais, o movimento associativo no contexto da diáspora portuguesa;


Resposta: O processo de construção identitária pode ser idealizado como um factor agregador a nível sociocultural e político, na medida em que ao
considerar certas características da comunidade étnica ou nacional de origem pode ajudar na integração dos migrantes nos locais da sua vivência. Aos
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cerca de 5 milhões de portugueses que residem no estrangeiro correspondem cerca de 2825 associações com diferentes estruturas e finalidades,
como sejam, instituições orientadas para a promoção e manutenção das ligações afetivas às regiões de origem, cujas características procuram evocar
e manter; instituições de benemerência; instituições culturais; de vocação desportiva e recreativa e instituições de vocações diversificadas
abrangendo mais do que uma das características atrás descritas. De referir o papel que estas organizações detêm no apoio á integração sociocultural
em termos de benefícios pessoais (saúde, educação, formação), em termos de capital social (sociabilidades, contactos úteis) e por fim ao nível
simbólico (festas e eventos socioculturais com ligação ao país de origem).

4- Identificar programas e boas práticas implementadas no âmbito do associativismo imigrante em Portugal


Resposta: Tendo em conta que em função do princípio geral da não-discriminação (conforme artigo 13º da Constituição da República Portuguesa -
CRP), o progresso das medidas de integração dos imigrantes não pode deixar de acompanhar o evoluir da política pública de inclusão social. Neste
âmbito podemos destacar os processos de regularização extraordinária que permitiram legalizar a permanência de muitos milhares de estrangeiros
no nosso País ao mesmo tempo que permitiu o acesso e o exercício de direitos e deveres de cidadania; a participação da Obra Católica Portuguesa das
Migrações que foi determinante para o fomento das associações imigrantes e para o seu consequente reconhecimento como parceiros sócias pelo
Estado; a Plataforma das Estruturas Representativas das Comunidades de Imigrantes em Portugal que se traduz num projeto com cerca de 34
organizações imigrantes que através do ativismo e da participação política procuram a consonância de uma agenda comum; temos o Pacto Territorial
para o Diálogo Intercultural do Seixal como exemplo de um plano inovador no campo do poder local e que tem como áreas prioritárias a mobilização,
inclusão e participação ativa na esfera da decisão política; o Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes é visto como vital no incremento
e apoio ao movimento associativo imigrante; para finalizar podemos referir a extensão e facilitação das regras de aquisição e de atribuição da
nacionalidade portuguesa e no seu enorme impacto formal e consequentemente no processo de integração social.

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