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VIII Fórum de Estudantes e Profissionais de Contabilidade do Estado do Espírito Santo – O Marketing e a Valorização do

Profissional Contábil - 30/10 a 01/11/2003 no Sesc - Praia Formosa Aracruz - ES

A DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO SOB UMA NOVA PERSPECTIVA

Autor: Flávia Zóboli Dalmácio – flaviazd2001@hotmail.com


Instituição: FUCAPE – Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade Economia e Finanças e UNIVEN –
Faculdade Capixaba de Nova Venécia
Autor: Luciene Laurett Rangel – luciene.rangel@garoto.com.br
Instituição: FUCAPE – Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade Economia e Finanças
Autor: Silvania Neris Nossa – silvanianossa@uol.com.br
Instituição: UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

Resumo
A contabilidade vem evoluindo devido a transformações econômicas, sociais e
tecnológicas. Evolui para atender não só às necessidades econômico-financeiras
dos seus usuários, mas também aquelas de caráter social e ambiental. Em resposta
a uma dessas necessidades de informações econômico-sociais surgiu a
Demonstração do Valor Adicionado – DVA, que objetiva demonstrar a capacidade
de uma entidade produzir riqueza e a forma de sua distribuição aos empregados,
financiadores de recursos, governos e acionistas. No Brasil, esta demonstração
ainda não é obrigatória e sua estrutura, também não está regulamentada. O
presente trabalho objetiva sugerir indicadores que possam facilitar a análise e
interpretação das informações contidas na DVA. Uma vez que, os índices utilizados
pela análise tradicional das demonstrações contábeis não contemplam esta
demonstração. Trata-se esta pesquisa de um estudo de caso que, para demonstrar
a utilidade dos indicadores sugeridos teve como objeto de estudo dados extraídos
dos demonstrativos da empresa Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás.

Introdução

Diante de uma nova realidade econômica no Brasil, da globalização dos mercados e


da evolução dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, começou a se pensar
na reformulação da Lei nº 6.404/76. Esta reformulação buscava, entre outros
objetivos, a qualidade das informações contábeis e a redução das dificuldades de
interpretação dessas informações (BRASIL, 2001).

Uma das alterações propostas era a introdução de uma nova demonstração – a


Demonstração do Valor Adicionado (DVA) – como parte integrante das
Demonstrações Contábeis. Esta alteração, no entanto, não foi contemplada pela Lei
nº 10.303, de 31 de outubro de 2001, que altera e acrescenta dispositivos na Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações.
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No Brasil, portanto, atualmente, ainda não há a obrigatoriedade de publicação da


DVA e nem existem normas e procedimentos contábeis que regulamentem a sua
forma de elaboração e apresentação.

Entretanto, qualquer que seja a estrutura da DVA, podem surgir limitações, pois
sempre se buscará evidenciar nela, informações de finalidades genéricas e que
atendam às exigências do maior número possível de usuários. De maneira geral,
existe uma restrição natural informacional dos modelos de demonstrações contábeis.

Partindo deste pressuposto, o objetivo desse trabalho é o de sugerir indicadores que


possam auxiliar na interpretação e análise das informações contidas na DVA.

O artigo de Laureano (2000) serviu de base para o desenvolvimento deste trabalho.


As idéias ali propostas foram aqui aprimoradas e complementadas, pois, observa-se
que há uma escassez de indicadores relacionados à DVA e que os indicadores
utilizados, atualmente, na análise tradicional das demonstrações contábeis não
abrangem essa demonstração.

Ao sugerir indicadores aplicados à DVA, este trabalho busca permitir aos usuários
dessa demonstração uma análise mais específica e direcionada aos seus interesses
e objetivos.

Esta pesquisa partiu de um amplo levantamento bibliográfico. Os indicadores aqui


sugeridos foram criados a partir de dados extraídos do modelo de DVA elaborado
pela FIPECAFI e do Balanço Patrimonial, estruturado de acordo com as normas
vigentes. Esses indicadores foram aplicados aos dados extraídos do Balanço
Patrimonial e da Demonstração do Valor Adicionado da empresa Petrobrás,
referentes aos exercícios 1999 e 2000. Os dados da Petrobrás, objetos de estudo,
utilizados nesta pesquisa, estão disponíveis em: <http://www.cvm.gov.br>.

Com base nestes dados, criou-se uma relação entre contas desses demonstrativos
da Petrobrás, visando evidenciar aspectos relevantes da Demonstração do Valor
Adicionado e ressaltar a utilidade desse demonstrativo para os vários usuários da
contabilidade, pois dado o berço da DVA, ou seja, os movimentos sociais, os
usuários são tentados a percebê-la como um instrumento de comunicação
meramente social.

Este artigo evidencia, portanto, que se pode extrair da DVA, isoladamente ou em


conjunto com o Balanço Patrimonial, tanto informações sociais quanto econômicas,
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o que ressalta a utilidade da mesma para todo conjunto de usuários das informações
contábeis.

Propostas de pesquisa como esta buscam trazer para a sociedade profissional


contábil a conscientização de que há novas formas de analisar e demonstrar a
riqueza gerada pelas entidades, além das demonstrações já regulamentadas.

Evolução da contabilidade

A ciência contábil vem evoluindo, principalmente, no sentido de gerar informações


qualitativas que atendam, de forma eficaz, às necessidades de todos os seus
usuários.

Entretanto, segundo Iudícibus (2000, p. 20), uma percepção geral é que,

a função fundamental da Contabilidade [...] tem permanecido inalterada


desde os seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos
demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar
decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de
usuários e nas formas de informação que têm procurado (grifo nosso).

Hendriksen e Breda (1999, p. 38) afirmam que “a contabilidade desenvolveu-se em


resposta a mudanças no ambiente, novas descobertas e progressos tecnológicos”.

De acordo com Iudícibus (2000, p. 44), “verifica-se que normalmente o grau de


avanço da contabilidade está diretamente associado ao grau de progresso
econômico, social e institucional de cada sociedade”.

O surgimento da Demonstração do Valor Adicionado - DVA faz parte desta evolução,


sendo essa demonstração oriunda do sistema de informações contábeis.

Diante da evolução econômica e social dos últimos tempos e das pressões sociais
surgidas, principalmente, na Europa e nos Estados Unidos, tornou-se necessário
que as empresas evidenciassem para seus empregados, sindicatos e comunidade
em geral, a sua capacidade de gerar e distribuir riqueza.

Demonstração do Valor Adicionado

Valor adicionado representa a riqueza criada por uma entidade num determinado
período de tempo. E a riqueza total de um país pode ser obtida pela soma dos
valores agregados pelos seus agentes econômicos.
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Segundo De Luca (1998, p.28), “a Demonstração do Valor Adicionado é um conjunto


de informações de natureza econômica. É um relatório contábil que visa demonstrar
o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que
contribuíram para a sua geração”.

A DVA é uma demonstração que surgiu na Europa e é bastante utilizada em países


como Inglaterra, Portugal, França, Alemanha e Itália. Por conter informações de
caráter econômico e social, tem sido cada vez mais demandada em nível
internacional, inclusive por recomendações da ONU - Organização das Nações
Unidas.

Esta demonstração fornece uma visão abrangente sobre a real capacidade de uma
entidade produzir riqueza (no sentido de agregar ou adicionar valor em seu
patrimônio) e sobre a forma de como distribui essa riqueza entre os diversos fatores
de produção (trabalho, capital próprio ou de terceiros, governo).

A DVA deve seguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade e pode ser


elaborada a partir dos registros efetuados pela contabilidade e a partir das
demonstrações tradicionais, em especial, a Demonstração do Resultado do
Exercício, mas possui características próprias que não são encontradas nas outras
demonstrações contábeis.

As informações contidas na DVA são relevantes para a entidade e para a sociedade,


pois a Demonstração do Resultado do Exercício evidencia apenas qual a parcela da
riqueza criada que efetivamente permanece na empresa na forma de lucro e as
outras demonstrações não são capazes de indicar quanto de valor a entidade está
adicionando e nem de que forma os valores adicionados foram distribuídos.

A DVA pode ser utilizada como fonte de informação pelos empregados,


financiadores de recursos, administradores, governo, sócios ou acionistas,
sociedade, sindicalistas, fornecedores e clientes.

Pode também ser utilizada para diferenciação de carga tributária em setores


econômicos diferentes, negociações salariais, análise de projetos de instalação de
empresas internacionais, concessão de incentivos fiscais pelos municípios ou
estados, análise de crescimento econômico, abertura de linhas de crédito, como
auxílio na mensuração do PIB (Produto Interno Bruto), como instrumento de apoio à
decisão e controle, dentre outras atividades de interesse público.
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Diante do exposto, verifica-se que a DVA possui vários tipos de usuários com
interesses e objetivos específicos. Segundo Iudícibus (2000, p. 22), “nem sempre é
possível ou desejável obter toda a informação relevante para cada tipo de usuário,
em virtude de problemas de mensuração da Contabilidade e das próprias restrições
do usuário, bem como por problemas de custo”, mas o ideal seria que fossem
gerados relatórios direcionados a cada tipo de usuário.

Hendriksen e Breda (1999, p. 94) ainda complementam, citando o FASB (Financial


Accounting Standards Board) e o AICPA (American Institute of Certified Public
Accountants),

O FASB e o AICPA reconhecem a importância dos argumentos em favor de


relatórios de finalidades específicas, mas argumentam, em contrapartida,
que os usuários possuem o bastante em comum para que um conjunto de
demonstrações de finalidades genéricas seja suficiente.

Além disso, a restrição informacional nos modelos de demonstrações contábeis


existe porque não se conhecem, suficientemente, os detalhes do modelo decisório
de cada usuário e enquanto isso não for conseguido a contabilidade não poderá
atender igualmente a todos os seus usuários (IUDÍCIBUS, 2000).

O modelo de DVA, utilizado para o desenvolvimento dos índices propostos neste


trabalho, foi elaborado pela FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras – FEA/USP.

Para preenchimento dessa demonstração, as informações devem ser extraídas da


contabilidade e ter como base o princípio contábil do regime de competência dos
exercícios.

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

DESCRIÇÃO R$ Mil
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Provisão p/ devedores duvidosos – Reversão / (Constituição)
1.3) Não operacionais
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)
2.1) Matérias-primas consumidas
2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviço de terceiros e outros
2.4) Perda / Recuperação de valores ativos
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – RETENÇÕES
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4.1) Depreciação, amortização e exaustão


5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO*
8.1) Pessoal e encargos
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e aluguéis
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício
* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.
Fonte: FIPECAFI apud Marques e Loss, 2000.

Este modelo apresenta a formação do valor adicionado e a sua forma de


distribuição. E é a partir dele que serão sugeridos alguns indicadores para análise e
interpretação da DVA.

Análise por meio de índices

A característica fundamental da escolha de indicadores, para análise da


Demonstração do Valor Adicionado – DVA, é poder fornecer uma visão mais ampla
dessa demonstração.

Os índices também permitem uma inter-relação entre várias contas das


demonstrações contábeis, permitindo uma análise sob vários ângulos.

Matarazzo (1998, p. 153) afirma que, “índice é a relação entre contas ou grupo de
contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa”.

Silva (2001, p. 228) completa o significado afirmando que, “os índices financeiros [...]
têm por objetivo fornecer-nos informações que não são fáceis de serem
visualizadas de forma direta nas demonstrações financeiras” (grifo nosso).

Por meio dos índices são estabelecidas relações entre duas grandezas que facilitam
a interpretação de alguns dados.

Segundo Marion (1998, p. 455), “a apreciação de certas relações ou percentuais é


mais significativa (relevante) que a observação de montantes, por si só”.
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De um modo geral, o que se pretende, com os indicadores apresentados neste


trabalho, é evidenciar alguns aspectos relevantes da DVA e poder extrair dela um
número cada vez maior de informações.

Indicadores para análise da DVA

A seguir, são apresentados alguns índices (enumerados de 1 a 8), elaborados para


uma análise e interpretação específica da Demonstração do Valor Adicionado – DVA
(modelo FIPECAFI).

Os dados para a elaboração dos indicadores são extraídos da própria Demonstração


do Valor Adicionado – DVA e do Balanço Patrimonial.

Inicialmente, foram selecionados alguns aspectos considerados relevantes na


literatura sobre a DVA e, que relacionados a outros itens, se transformaram em
importantes evidências de informações.

1. Participações no valor adicionado total

Os índices demonstrados, a seguir (1.1 a 1.4), indicam, respectivamente, qual o


percentual de participação de empregados, governos, terceiros e acionistas no valor
adicionado total a distribuir.

1.1 Participação de Empregados no Valor Adicionado = PEVA

Quadro 1: Fórmula do Indicador PEVA


Fórmula Descrição
VADE VADE = valor adicionado distribuído aos empregados
PEVA = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 1: Exemplo do Indicador PEVA


Ano: 2000 Ano: 1999
2.513.833 2.459.623
PEVA = x100 = 6,48% PEVA = x100 = 9,57%
38.809.800 25.710.201
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1.2 Participação de Governos no Valor Adicionado = PGVA

Quadro 2: Fórmula do Indicador PGVA


Fórmula Descrição
VADG VADG = valor adicionado distribuído aos governos
PGVA = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 2: Exemplo do Indicador PGVA


Ano: 2000 Ano: 1999
20.945.885 12.852.067
PGVA = x100 = 53,97% PGVA = x100 = 49,99%
38.809.800 25.710.201

1.3 Participação de Terceiros no Valor Adicionado = PTVA

Quadro 3: Fórmula do Indicador PTVA


Fórmula Descrição
VADT VADT = valor adicionado distribuído a terceiros
PTVA = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 3: Exemplo do Indicador PTVA


Ano: 2000 Ano: 1999
5.583.024 8.693.528
PTVA = x100 = 14,39% PTVA = x100 = 33,81%
38.809.800 25.710.201

1.4 Participação de Acionistas no Valor Adicionado = PAVA

Quadro 4: Fórmula do Indicador PAVA


Fórmula Descrição
VADA VADA = valor adicionado distribuído aos acionistas
PAVA = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 4: Exemplo do Indicador PAVA


Ano: 2000 Ano: 1999
2.595.080 885.339
PAVA = x100 = 6,69% PAVA = x100 = 3,44%
38.809.800 25.710.201

Por meio desses indicadores citados nos Quadros (1 ao 4), potenciais usuários da
DVA, como empregados, governos, terceiros (instituições financeiras e
fornecedores) e acionistas podem verificar o percentual de suas participações no
total do valor adicionado a distribuir pelas empresas.

Analisando os exemplos citados nas Tabelas (1 a 4), observa-se que quem mais se
beneficiou com a distribuição do valor adicionado da Petrobrás foi o governo
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(53,97% em 2000 e 49,99% em 1999). A participação de terceiros (despesas


financeiras, juros, aluguéis e afretamentos) diminuiu, consideravelmente, de um ano
para outro. Acionistas e empregados foram os que menos participaram na
distribuição do valor adicionado dessa empresa.

O cálculo desses indicadores permite às empresas analisar os percentuais de


distribuição da sua riqueza, no entanto, os acréscimos ou decréscimos desses
indicadores, ao longo dos exercícios, interessarão a cada usuário em particular.

2. Grau de Retenção do Valor Adicionado = GRVA

Este índice indica qual o percentual de retenção do valor adicionado sob a forma de
lucros retidos. Poderá, também, indicar qual o percentual de riqueza gerada será
agregado ao capital próprio.

Quadro 5: Fórmula do Indicador GRVA


Fórmula Descrição
LR LR = lucros retidos
GRVA = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 5: Exemplo do Indicador GRVA


Ano: 2000 Ano: 1999
7.347.312 871.313
GRVA = x100 = 18,93% GRVA = x100 = 3,39%
38809.800 25.710.201

Percebe-se por meio desse índice que, em 2000, a Petrobrás aumentou a retenção
do valor acionado sob a forma de lucros retidos, ou seja, agregou mais riqueza ao
seu capital próprio.

3. Grau de Capacidade de Produzir Riqueza = GCPR

Este índice indica a real capacidade da entidade em produzir riqueza.

Quadro 6: Fórmula do Indicador GCPR


Fórmula Descrição
VALPE VALPE = valor adicionado líquido produzido pela entidade
GCPR = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir
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Tabela 6: Exemplo do Indicador GCPR


Ano: 2000 Ano: 1999
36.300.108 22.982.816
GCPR = x100 = 93,53% GCPR = x100 = 89,39%
38.809.800 25.710.201

Os índices indicam que a empresa, por si só, possui uma grande capacidade de
produzir riqueza. Observa-se que essa capacidade aumentou no ano de 2000 em
relação a 1999.

4. Grau de Riqueza Recebida em Transferência = GRRT

Este índice indica qual o percentual de riqueza recebida em transferência pela


entidade.

Quadro 7: Fórmula do Indicador GRRT


Fórmula Descrição
VART VART = valor adicionado recebido em transferência
GRRT = x100
VAT
VAT = valor adicionado total a distribuir

Tabela 7: Exemplo do Indicador GRRT


Ano: 2000 Ano: 1999
2.509.692 2.727.385
GRRT = x100 = 6,47% GRRT = x100 = 10,61%
38.809.800 25.710.201

Do total do valor adicionado a distribuir pela empresa, em 2000, 6,47% foram valores
recebidos em transferência (provenientes de participações em investimentos
relevantes e receitas financeiras) e adicionados à riqueza líquida produzida pela
mesma. Em 1999, observa-se que o percentual foi maior.

5. Grau de Contribuição na Formação de Riqueza de Outras Entidades =


GCFROE

Este índice indica qual o percentual de contribuição de uma entidade na formação


de riqueza de outras entidades, ou seja, indicará quanto da riqueza gerada pela
entidade está sendo transferida para outras entidades.
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Quadro 8: Fórmula do Indicador GCFROE


Fórmula Descrição
IAT = insumos adquiridos de terceiros

IAT + Rt Rt = retenções
GCFROE = x100
Rc
Rc = receitas

Tabela 8: Exemplo do Indicador GCFROE


Ano: 2000 24.829.318 + 3.418.811
GCFROE = x100 = 43,70%
64.637.730
Ano: 1999 14.145.994 + 3.607.080
GCFROE = x100 = 43,34%
40.962.977

A Petrobrás transferiu, nos anos analisados, em média, 43,52% de sua riqueza a


outras instituições, contribuindo de alguma forma na formação de riqueza dessas
entidades.

Os índices apresentados, a seguir, demonstram uma inter-relação da DVA com


outros demonstrativos contábeis.

6. Grau de Participação dos Empregados na Riqueza Gerada = GPERG

Este índice indica qual a contribuição per capta dos empregados de uma entidade
na riqueza por ela gerada.

Quadro 9: Fórmula do Indicador GPERG


Fórmula Descrição
VALPPE VALPPE = valor adicionado líquido produzido pela entidade
GPERG =
QE
QE = quantidade de empregados de uma entidade

Este exemplo não é possível demonstrar, pela falta de informação da quantidade


total de empregados da Petrobrás, em 1999 e em 2000. Entretanto, quando esse
tipo de informação estiver disponível, calculando-se o índice GPERG, é possível
verificar a contribuição per capta dos empregados na geração da riqueza de uma
entidade.

7. Grau de Contribuição dos Ativos na Geração de Riqueza = GCAGR

Este índice indica qual o percentual de contribuição dos ativos na geração de


riqueza de uma entidade.
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Quadro 10: Fórmula do Indicador GCAGR


Fórmula Descrição
VAT VAT = valor adicionado total a distribuir
GCAGR = x100
AT
AT = ativo total

Tabela 9: Exemplo do Indicador GCAGR


Ano: 2000 Ano: 1999
38.809.800 25.710.201
GCAGR = x100 = 57,94% GCAGR = x100 = 45,40%
66.979.136 56.625.362

Percebe-se que as aplicações feitas, em 2000 e 1999, no ativo da empresa,


contribuíram em 57,94% e 45,40%, respectivamente, na geração de riqueza da
Petrobrás. O aumento do GCAGR, em 2000, demonstra que a empresa melhorou a
forma de utilização de seus ativos na produção de riqueza.

Este índice evidencia o quanto a empresa obteve de valor adicionado total em


relação ao seu ativo. É uma medida do potencial que a empresa tem em gerar
riqueza.

8. Grau de Contribuição do Patrimônio Líquido na Geração de Riqueza =


GCPLGR

Este índice indica qual o potencial do capital próprio para geração de riqueza de
uma entidade.

Quadro 11: Fórmula do Indicador GCPLGR


Fórmula Descrição
VAT VAT = valor adicionado total a distribuir
GCPLGR = x100
PL
PL = patrimônio líquido

Tabela 10: Exemplo do Indicador GCPLGR


Ano: 2000 Ano: 1999
38.809.800 25.710.201
GCPLGR = x100 = 155,58% GCPLGR = x100 = 146,38%
24.945.639 17.564.122

Para cada R$ 100,00 de capital próprio investido, a empresa conseguiu gerar R$


146,38 de riqueza no ano de 1999. Em 2000, para cada R$ 100,00 de capital próprio
investido, a empresa conseguiu gerar R$ 155,58 de riqueza.

O índice GCPLGR mostra quanto a empresa obteve de valor adicionado total em


relação ao capital próprio investido.
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Considerações Finais

Conclui-se que, sendo obrigatória ou não a sua publicação, a Demonstração do


Valor Adicionado – DVA, deveria ser elaborada por todas as empresas, uma vez que
é, para os usuários da contabilidade, mais uma fonte de informações.

Para auxiliar estes usuários na análise e interpretação da DVA, foram sugeridos,


neste trabalho, alguns indicadores.

As relações criadas entre as contas da Demonstração do Valor Adicionado e do


Balanço Patrimonial buscaram evidenciar os aspectos mais relevantes da DVA,
facilitando a análise e a interpretação das informações nela contidas.

Para demonstrar a utilidade dos indicadores sugeridos, foram apresentados


exemplos que utilizaram dados extraídos dos demonstrativos da empresa Petróleo
Brasileiro S/A – Petrobrás e que permitiram evidenciar informações relevantes
contidas na Demonstração do Valor Adicionado dessa empresa.

O propósito dos indicadores, relacionados à DVA, é complementar os já existentes


na análise tradicional das demonstrações contábeis.

Conhecendo esses indicadores, pode-se então, avaliar as informações contidas nas


demonstrações, compará-los com índices-padrão e/ou compará-los ao longo de
vários anos, de acordo com a necessidade dos usuários.

Outras relações poderão ser estabelecidas e sugeridas para facilitar a evidenciação


das informações contidas na Demonstração do Valor Adicionado, uma vez que o
propósito desta pesquisa é a apresentação de índices que mostrem a utilidade da
DVA para os diversos agentes da sociedade, inclusive aos profissionais que atuam
na Contabilidade.

Bibliografia

BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Lei n. 10.303, de 31 de outubro


de 2001. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em 04 dez. 2001.

_______. Anteprojeto de reformulação da Lei n. 6.404/76. Disponível em:


<http://www.cvm.gov.br>. Acesso em 04 dez. 2001.

DE LUCA, Márcia Martins Mendes. Demonstração do valor adicionado: do cálculo


da riqueza criada pela empresa ao valor do PIB. São Paulo: Atlas, 1998.
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HENDRIKSEN, Eldon S., BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade.


Tradução Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999.

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