Professional Documents
Culture Documents
Energia interna
do vapor
Energia cinética
no rotor
Acionamento de Energia
máquinas elétrica
1
O vapor, estando a alta temperatura e pressão, possui grande
quantidade de energia, estando na forma de vibrações
intermoleculares e diferença de pressão entre vapor e atmosfera. Esta
energia é quantificada sob o nome de entalpia. Este vapor é produzido
por um gerador de vapor, mais conhecido como caldeira. A caldeira
aquece água pela queima de um combustível (gás, óleo ou bagaço
de cana), produzindo vapor, o qual é conduzido da caldeira por uma
tubulação.
Este vapor então é introduzido na turbina, até um segmento de
injetores, os quais têm a função de converter a entalpia do vapor em
velocidade. Além de velocidade, o vapor também perde pressão e se
expande. Em seguida, o vapor passa por palhetas, conectadas ao rotor
da turbina. Estas palhetas recebem o impacto do vapor, produzindo
movimento nas palhetas e impulsionando o rotor, fazendo assim com
que o eixo da turbina gire, produzindo energia mecânica de rotação. O
vapor é então expelido da turbina, podendo estar a pressões acima ou
abaixo da atmosférica. A figura 2.1b ilustra um sistema composto de
caldeira e turbina.
Vapor de entrada
Caldeira
Turbina WT
Combustível
Vapor de saída
2
2.1.1. Princípio de ação e reação
Podemos imaginar o princípio de movimentação do rotor da turbina
observando o desenho da figura 2.1.1a. No princípio de reação,
ilustrado segundo o exemplo A, o tanque possui rodas, de tal forma que
a força de reação à pressão do vapor de escape movimenta o peso.
No exemplo B, o vapor é introduzido no tanque a uma pressão P1, de
modo que o vapor de saída, a uma pressão P2, P2 < P1, impulsione a
palheta e levante o peso, ilustrando o princípio de ação.
(A) (B)
Vapor P1 Vapor P1
Força de ação
Força de
reação
W
W
Pressão Pressão
Volume
Volume
Velocidade Velocidade
3
Na verdade, todas as turbinas são de reação, pois sempre há uma
perda entálpica nas palhetas. Porém, as turbinas de ação apresentam
grau de reação(*) de no máximo 15% da perda com relação ao
conjunto injetores-palhetas, enquanto que as de reação apresentam
um grau de reação de 50%.
4
d) Tipo de serviço
• Turbinas de contrapressão: a pressão de escape é maior que a
pressão atmosférica. Nesse caso, o vapor será aproveitado para um
processo qualquer.
• Turbinas de condensação: a pressão de escape é menor que a
pressão atmosférica. Este tipo de turbina é mais utilizada para
aproveitamento total da energia do vapor, o qual é condensado
após a saída da turbina por um condensador.
• Turbinas com extração: Possível tanto para turbinas de contrapressão
quanto de condensação. É realizada uma retirada de vapor em um
ponto intermediário da turbina, para ser aproveitado em outro
processo. Tanto para turbinas de ação como de reação, é possível
controlar a vazão de extração. (*)
Núm ero de
Tipo de serviço
estágios
Contrapressão Condensação
Extração
1 2 ou m ais
a) Controlada: onde se controla tanto a vazão como a pressão de vapor que é extraído da
turbina, independente da carga mecânica solicitada ao eixo da turbina.
b) Não controlada ou tomada simples: onde se controla somente a vazão de vapor extraída
da máquina. A pressão estará sujeita a variações dependendo da carga no eixo da turbina.
5
2.2. Componentes principais de turbinas a vapor
Cada componente de uma turbina, em virtude do trabalho sob
diferentes condições de serviço, sua dimensão, tipo de fabricação,
esforços a que está submetido, leva a definir um certo número de
critérios que permite escolher entre os diversos materiais que poderiam
ser empregados em sua fabricação, aquele que permita assegurar os
serviços exigidos.
Além disto os materiais devem satisfazer determinadas condições físicas
e químicas, como por exemplo:
• apresentar boa resistência à corrosão e oxidação;
6
2.2.2. Carcaça
É o suporte das partes estacionárias tais como diafragmas, palhetas
fixas, mancais, válvulas, etc. Na grande maioria das turbinas são de
partição horizontal, na altura do eixo, o que facilita sobremaneira a
manutenção. O material empregado na carcaça da turbina pode ser
ferro fundido, aço ou liga de aço, dependendo das condições de
pressão e temperatura. Por serem bipartidas, são unidas por parafusos
prisioneiros com junta metálica entre elas. A carcaça pode ser sub-
dividida ao longo de seu comprimento caracterizando as seções de
alta e baixa pressão.
A carcaça de alta pressão é fundida. Para condições de temperatura e
pressão severas, o material da carcaça é um aço de baixa liga ou em
condições extremas de aço inoxidável. Para condições de trabalho
moderadas tem-se carcaça de aço fundido.
Na parte de baixa pressão, geralmente seu material é o ferro fundido,
podendo ser de aço carbono fundido em condições um pouco mais
elevadas.
Em turbinas condensantes de potência elevada, a carcaça de baixa
pressão é bastante avantajada fisicamente. Nestes casos é bastante
comum, por finalidade construtiva, a adoção de uma construção
soldada, a partir de chapas de aço carbono, que oferece também
como vantagens, maior rigidez, menor tempo e custo de fabricação e
união perfeita com o condensador diretamente por soldagem.
7
O dispositivo de desarme por sobrevelocidade consiste, como mostra a
figura 2.2.3a, de um pino excêntrico no eixo da turbina. Este é mantido
em seu alojamento pela força de uma mola, disposta de modo a anular
a força centrífuga a qual tende a expulsar o pino. A força centrífuga
aumenta à medida que aumenta a velocidade, então quando a
turbina atinge uma determinada rotação, conhecida como velocidade
de "trip", a força centrífuga vence a força da mola e o pino excêntrico‚
expulso de seu alojamento, aciona o gatilho disparador. Este, por sua
vez, libera a alavanca de "trip", o que provoca o fechamento de
válvula de fecho rápido e a parada da turbina. A velocidade em que o
dispositivo de desarme por sobrevelocidade atuará pode ser regulada,
pela modificação da tensão inicial da mola.
8
podem ser acionadas simplesmente por uma transmissão mecânica,
como nas turbinas de uso geral, exigindo acionamento hidráulico por
servo-motores, que permite a ampliação do esforço de saída,
respectivamente, do mecanismo de "trip" e o do regulador, de maneira
a torná-los suficientes ao acionamento da válvula de bloqueio
automático e das válvulas de controle de admissão.
Para aplicações onde são requeridas uma maior confiabilidade e
segurança, assim como turbinas para potências maiores, utiliza-se um
sistema de controle eletrônico para desarme por sobrevelocidade no
lugar do pino excêntrico.
9
a) "Multi-valve": neste tipo de construção, o controle da admissão de
vapor é feito através de várias válvulas, em paralelo, cada uma
alimentando um grupo de expansores. A abertura destas válvulas é
sequencial, isto é, para uma carga muito baixa, a vazão de vapor
necessária seria muito pequena, e estaria aberta, total ou parcialmente,
apenas uma válvula, alimentando, portanto, apenas um grupo de
injetores, permanecendo bloqueados os demais grupos. À medida que
a carga aumenta, exigindo uma vazão maior de vapor, vão sendo
abertas, sequencialmente, as demais válvulas, alimentando outros
grupos de injetores, até a condição de carga máxima, onde todas as
válvulas estarão abertas e todos os injetores recebendo vapor. Esta
abertura sequencial permite que, à medida que a vazão total de vapor
cresce, para atender ao aumento da carga, a quantidade de injetores
que está recebendo vapor cresça proporcionalmente. Assim, a vazão
de vapor através de cada injetor em operação pode ser mantida
constante e igual à sua vazão de projeto, a despeito da carga. Isto
aumenta bastante a eficiência da turbina, principalmente em condição
de baixa carga. Estas válvulas de admissão de vapor, de construção
múltipla e abertura sequencial, são também conhecidas, devido à sua
função, como válvulas parcializadoras, figura 2.2.4a. Em turbinas de uso
especial usamos quase sempre esta construção, pois permite obter uma
melhor eficiência para a turbina e um controle mais preciso.
b) "Single-valve": em turbinas de uso geral, onde a obtenção de uma
solução de simples e econômica‚ mais importante que o aumento da
eficiência da turbina ou a precisão do controle, usamos este tipo de
construção, caracterizado pelo estrangulamento da passagem de
vapor. Nesta construção, a válvula de controle da admissão do vapor é
única, admitindo vapor simultaneamente para todos os injetores. Esta
construção‚ bastante ineficiente quando a turbina opera com carga
baixa e, em consequência, com baixa vazão total de vapor, que será
dividida igualmente por cada injetor. Isto fará com que a vazão em
cada injetor seja bastante interior à sua vazão de projeto e prejudicará
a eficiência da turbina.
Algumas turbinas possuem uma retirada parcial de vapor, em um
estágio intermediário, e portanto a uma pressão intermediária, entre a
admissão e a de descarga, conhecida como extração. Como a
pressão em um ponto qualquer ao longo da turbina varia, quando
variam as condições de carga da turbina, se a extração consistir
simplesmente em um flange, através do qual poderemos retirar vapor,
após um determinado estágio da máquina, a pressão do vapor extraído
será influenciada pelas condições de carga da turbina. Em alguns
casos, como por exemplo na retirada de vapor para aquecimento
regenerativo de água de alimentação da caldeira, esta flutuação na
pressão do vapor extraído é perfeitamente aceitável. A este tipo de
10
extração chamamos de extração não controlada ou tomada.
11
Em outras ocasiões, entretanto, como no caso das refinarias, desejamos
uma retirada do vapor, a pressão constante, para uso no processo ou
para acionamento de máquinas menores. Para manter a pressão do
vapor extraído constante, a despeito das flutuações da carga da
turbina ou do consumo de vapor extraído, a turbina deverá ter um
conjunto de válvulas de controle de extração.
As válvulas de controle de extração funcionam de maneira semelhante
às válvulas de controle de admissão, só que controladas pela pressão
do vapor extraído, através do regulador. Assim, em qualquer aumento
incipiente da pressão de extração, seja causado por flutuação da
carga da turbina ou do consumo de vapor extraído, o controlador de
pressão de extração comandará uma abertura maior da válvula de
extração, permitindo um maior fluxo de vapor para a descarga da
máquina, e, em consequência, um fluxo menor para a extração, o que
restabelecerá a pressão no nível controlado. Em caso de diminuição da
pressão de extração a ação do controlador de pressão seria inversa,
comandando o fechamento da válvula de extração. Este tipo de
extração, com controle de pressão, chamamos de extração
automática.
12
O regulador eletrônico é preferido por sua maior precisão e
confiabilidade no controle de carga para turbinas maiores, além de sua
operação justificar o custo mais elevado com relação aos reguladores
mecânicos. Ainda, este modelo é utilizado quando as válvulas de
controle de admissão e extração requerem forças motrizes muito
elevadas. O regulador emite um sinal elétrico para um conversor eletro-
hidráulico, o qual transforma o sinal de corrente em impulso de óleo
pressurizado. Este óleo é injetado em um servo-motor, responável pelo
controle de abertura e fechamento da haste das válvulas. Os
reguladores eletrônicos também podem regular as válvulas de
extração, através do controle de pressão de extração por um
transmissor de pressão posicionado na câmara da válvula.
O regulador hidráulico atualmente anda em desuso, devido ao avanço
dos dispositivos eletrônicos, porém ainda é utilizado.
13
2.2.7. Injetores
O injetor é o elemento cuja função é orientar o jato de vapor sobre as
palhetas móveis. No injetor o vapor perde pressão e ganha velocidade.
Podem ser convergentes ou convergentes-divergentes, conforme sua
pressão de descarga seja, respectivamente maior ou menor que 55% da
pressão de admissão. São montados em determinada quantidade, de
acordo com o tamanho e a potência da turbina, e consequentemente
terão formas construtivas específicas, de acordo com sua aplicação.
É fundamental que os injetores tenham:
• bom acabamento superficial;
• razão de expansão correta;
• igualdade dimensional.
Os injetores de uma turbina de ação, conforme sua situação na
máquina, podem estar colocados em um arco de injetores (primeiro
estágio ou estágio único) ou em um anel de injetores.
Um arco de injetores pode ser obtido a partir de uma peça única onde
são usinados os injetores. Esta construção é muito usada para turbinas
pequenas de estágio único.
O arco de injetores usado no primeiro estágio de máquinas de
multiestágios‚ obtido pela usinagem individual dos injetores, são a partir
de blocos de aço inoxidável ferrítico com cromo. Estes injetores são,
então, encaixados e soldados no arco de injetores.
Os estágios intermediários de uma turbina de ação têm os injetores
constituindo o que se chama um anel de injetores. O anel de injetores
fica colocado em uma peça circular, encaixada na carcaça da
turbina, o diafragma.
Os diafragmas são constituídos por dois semicírculos, que separam os
diversos estágios de uma turbina de ação multiestágio. São fixados no
estator, suportam os injetores e abraçam o eixo sem tocá-lo. Entre o eixo
e os diafragmas existe um conjunto de vedação que reduz a fuga de
vapor de um para outro estágio através da folga entre o diafragma e o
eixo, de forma que o vapor só passa pelos injetores. Este conjunto de
vedação, geralmente labirintos, podem ser fixos no próprio diafragma,
no eixo ou em ambos. Este tipo de vedação‚ chamada selagem
interna.
Os diafragmas de estágios intermediários, onde a pressão‚ mais
elevada, são usualmente de construção soldada. Já os diafragmas dos
estágios finais, onde a pressão‚ menor, são normalmente fundidos. Em
ambos os casos, os injetores são normalmente de aço inoxidável
ferr¡tico com cromo, enquanto as partes estruturais, externas e internas,
são de aço carbono nos diafragmas fundidos.
14
2.2.8. Rodas
As rodas são elementos que suportam as palhetas ou injetores.
Geralmente são de aço forjado.
A roda fixa ou estator é o elemento fixo da turbina cuja função é
transformar a energia potencial (térmica) do vapor em energia cinética,
e é quem envolve o rotor.
A roda móvel é o elemento da turbina cuja função é transformar a
energia cinética do vapor em trabalho mecânico, sendo envolvido
pelo estator.
Rotor é o termo usado para definir o conjunto girante e é composto
basicamente pelas rodas e o eixo. O diâmetro do eixo‚ determinado
afim de transmitir o torque e garantir que a turbina será de eixo rígido
nas simples estágio e de eixo flexível nas multiestágios.
a) Eixo Rígido: quando a primeira velocidade crítica está acima da
velocidade máxima contínua de operação.
b) Eixo Flexível: quando a primeira velocidade crítica está abaixo da
velocidade máxima contínua.
O conjunto rotativo de uma turbina é usualmente obtido por meio de
rodas montadas, com interferência e chaveta, em um eixo único; o eixo
pode ser usinado a partir de uma barra de aço laminada, para
temperaturas de trabalho moderadas, ou a partir de uma barra
laminada ou um tarugo de aço liga, para temperaturas de trabalho
mais elevadas. As rodas podem ser usinadas a partir de chapas de aço
carbono laminadas, para temperaturas moderadas, ou a partir de
discos forjados em aço liga, para temperaturas elevadas.
Em máquinas de alta rotação, entretanto, usa-se uma construção
integral para o conjunto rotativo, com rodas e o eixo obtidas a partir de
uma peça forjada em aço liga.
15
2.2.9. Palhetas
São chamadas palhetas móveis, as fixadas ao rotor; e fixas, as fixadas
ao estator.
As palhetas fixas (guias, diretrizes) orientam o vapor para a coroa de
palhetas móveis seguinte. As palhetas fixas podem ser encaixadas
diretamente no estator (carcaça), ou em rebaixos usinados em peças
chamadas anéis suportes das palhetas fixas, que são, por sua vez, presos
na carcaça.
As palhetas móveis, são peças com finalidade de receber o impacto do
vapor proveniente dos injetores (ou palhetas fixas) para movimentação
do rotor. São fixadas na fita de cobertura pela espiga ao disco do rotor
pelo malhete e, ao contrário das fixas, são removíveis. Sua fixação do
disco do rotor (ou tambor para as de reação) depende da
configuração do malhete.
16
condensantes de grande potência são muitas vezes obtidas por
forjamento.
Em algumas aplicações particulares, em turbinas que recebem vapor
de alta temperatura e trabalham com elevada rotação, pode ser
usado um conjunto rotativo completo (eixo, rodas e também palhetas)
usinado por eletroerosão. Neste caso, o conjunto rotativo‚ obtido a
partir de uma única peça forjada, usinada por eletroerosão, isto é‚ por
uma corrosão eletroquímica controlada.
17
2.2.11. Fita de cobertura
É uma tira metálica, seccionada, presa às espigas das palhetas móveis
com dupla finalidade: aumentar a rigidez do conjunto, diminuindo a
tendência à vibração das palhetas e reduzindo também a fuga de
vapor pela sua periferia. São utilizadas nos estágios de alta e média
pressão envolvendo de 6 a 8 palhetas cada seção, figura 2.2.11a. Nos
estágios de baixa pressão, é substituído por um arame amortecedor,
que liga as palhetas, não por suas extremidades, mas em uma posição
intermediária mais próxima da extremidade que da base da palheta.
2.2.12. Selagem
Para evitar o escapamento de vapor para o exterior da turbina ou a
passagem do mesmo, de um estágio para outro, que não seja pelas
palhetas ou expansores, são utilizados dispositivos de selagem, os mais
utilizados são:
• anéis de carvão;
• labirintos.
Os anéis de carvão são tripartidos para facilitar a montagem e são
mantidos próximos ao eixo através da pressão de uma mola. A
superfície do eixo onde os anéis trabalham‚ metalizada para garantir
uma alta resistência ao desgaste por atrito e prevenir corrosão. A
vedação‚ feita radialmente através de uma pequena folga anel-eixo e
axialmente através do contato anel-placa espaçadora. As placas são
de aço inox. As placas e os anéis são peças estacionárias, girando o
eixo. A quantidade de anéis e placas espaçadoras depende da
pressão de trabalho da turbina e o tipo do anel depende da
temperatura de operação.
Os labirintos são peças metálicas circulares com ranhuras existentes nos
locais onde o eixo sai do interior da máquina atravessando a carcaça,
cuja finalidade é evitar o escapamento de vapor para o exterior nas
18
turbinas não condensantes e não permitir a entrada de ar para o interior
nas turbinas condensantes. Esta vedação é chamada de selagem
externa.
Nas turbinas de baixa pressão utiliza-se vapor de fonte externa ou o
próprio vapor de vazamento da selagem de alta pressão para auxiliar a
selagem, evitando-se assim não sobrecarregar os ejetores e não
prejudicar o vácuo que se obtém no condensador.
Ao escapar entre os anéis e o eixo, o vapor sofre sucessivas quedas de
pressão, enquanto que a velocidade decorrente destas expansões‚
reduzida pelo turbilhonamento.
Nas selagens externas de uma turbina a vapor ocorre uma
condensação contínua de vapor. Para resistir à corrosão, nestas
condições, todos os componentes da selagem, como labirintos,
espaçadores dos anéis de carvão, molas, devem ser de material
resistente à corrosão, como aço inoxidável, monel, inconel.
Segue um esquema típico de selagem e de compensação axial na
figura 2.2.12a.
19
2.2.13. Pistão de balanceamento
O vapor de fuga, ao invés de ser despejado para a atmosfera, pode ser
reaproveitado através do pistão de balanceamento. Este sistema
consiste simplesmente de buchas de labirinto imediatamente antes da
câmara da roda de regulagem, às quais uma tubulação recolhe o
vapor de fuga destes labirintos e despeja para uma região de menor
pressão da turbina.
O vapor retido entre a câmara da roda e os labirintos funciona como
uma compensação sobre as forças axiais no eixo da turbina. Este é
aproveitado em duas faixas de pressão. A primeira (AK I) é a do vapor
imediatamente antes da câmara da roda, lançado para os estágios de
alta pressão. A segunda (AK II) corresponde ao vapor remanescente da
primeira bucha de labirintos, a pressões mais baixas que AK I, sendo
lançado na parte de condensação.
2.2.14. Mancais
Os mancais são os elementos responsáveis pela sustentação do eixo na
carcaça. Eles permitem o movimento relativo entre o eixo (rotação) e a
carcaça (estacionária). São divididos em:
a) mancais radiais ou de apoio
b) mancais axiais ou de escora
Os mancais radiais são distribuídos, normalmente, um em cada extremo
do eixo da turbina com a finalidade de manter o rotor numa posição
radial exata. Os mancais de apoio suportam o peso do rotor e também
qualquer outro esforço que atue sobre o conjunto rotativo, permitindo
que o mesmo gire livremente com um mínimo de atrito.
Em aplicação de turbinas, os mancais utilizados são de deslizamento,
divididos em lubrificação por anéis pescadores e por sistema
pressurizado de óleo. A primeira configuração somente é utilizada para
turbinas de pequenas potências e que são mantidas como stand-by.
20
Os mancais de deslizamento de sistema pressurizado, como mostra a
figura 2.2.14a, constituídos por casquilhos revestidos com metal patente,
com lubrificação forçada, o que melhora sua refrigeração e ajuda a
manter o filme de óleo entre o eixo e casquilho. São bipartidos
horizontalmente e nos casos das máquinas de alta rotação existe um
rasgo usinado no casquilho superior que cria uma cunha de óleo
forçando o eixo para baixo mantendo-o numa posição estável, isto é,
que o munhão flutue sobre uma película de óleo. Os casquilhos dos
mancais de apoio podem ser de aço, bronze ou ferro fundido, porém
sempre revestidos internamente por uma camada de metal patente.
21
O mancal de escora é responsável pelo posicionamento axial do
conjunto rotativo em relação as partes estacionárias da máquina e,
consequentemente, pela manutenção das folgas axiais. Deve ser
capaz de verificar ao empuxo axial atuante sobre o conjunto rotativo
da máquina, que é mais acentuado nas turbinas de reação.
Em turbinas de pequena potência o mancal de escora resume-se a
apenas um rolamento em consequência do esforço axial ser pequeno.
Para as turbinas de uso especial, usa-se mancais de deslizamento, que
consiste em dois conjuntos de pastilhas oscilantes (tilting pads),
revestidas de metal patente, que se apoiam um em cada lado de uma
peça solitária ao eixo, o colar (anel) de escora.
Como os casquilhos dos mancais radiais, as pastilhas oscilantes dos
mancais são também revestidos de metal patente.
O colar de escora, sobre o qual se apoiam as pastilhas, pode ser
integral com o eixo ou não. No primeiro caso seu material será
obviamente igual ao do eixo. No segundo caso o colar de escora
poderá ser de material diferente, ou receber um tratamento térmico
diferente, visando aumentar sua dureza e diminuir seu desgaste.
22
2.3. Sistema de lubrificação
O sistema de lubrificação forçada é fundamental para a lubrificação
dos mancais e a regulagem das válvulas de vapor servo-assistidas. Neste
sistema estão contidos elementos responsáveis pela alimentação,
filtragem, armazenamento, resfriamento e monitoração do óleo da
turbina.
O óleo de circulação possui duas funções básicas, as quais são lubrificar
os mancais hidrodinâmicos da turbina e atuar no sistema de regulagem
e segurança. Posteriormente serão discutidos os componentes dos
sistemas de regulagem e segurança.
Os equipamentos serão descritos de acordo com o caminho de
circulação de óleo.
23
2.3.3. Trocador de calor
O trocador de calor é indispensável para o resfriamento do óleo dos
mancais, que se aquecem devido à alta temperatura (até 90 oC) do
metal patente. Como a função do óleo de circulação é, além de
formar a película hidrodinâmica para os mancais, refrigerar e evitar altas
temperaturas, é necessário que haja um constante resfriamento deste.
O trocador de calor normalmente é posicionado após o tanque de
óleo. Em turbinas, onde não se deve parar o funcionamento do sistema
em caso de manutenção, costuma-se utilizar trocadores duplos, onde
um é reserva do outro. Em caso de problemas com o ativo, basta
acionar uma válvula para direcionar o óleo para o trocador reserva,
para que seja feita a manutenção do equipamento defeituoso.
24
uma certa pressão de recalque de modo que o óleo possa ser utilizado
tanto para a lubrificação quanto para a regulagem, utilizando válvulas
redutoras e orifícios de restrição.
Como este equipamento é fundamental para o funcionamento do
sistema de óleo, normalmente existem três diferentes bombas em
turbinas:
a) Bomba principal: acionada pelo eixo de baixa rotação do redutor.
Em caso de turbinas com acionamento direto, a altas rotações
(compressores segundo normas API), a bomba deve ser acionada por
uma turbina a vapor, destinada exclusivamente para esse fim.
25
2.4. Sistema de regulagem e segurança
Naturalmente, para desarmar uma turbina em caso de emergência,
não basta simplesmente bloquear a passagem de vapor. Como já foi
visto, deve-se manter a lubrificação dos mancais via bomba elétrica em
caso de falha, entre outras medidas.
O sistema de trip da turbina é responsável pela segurança do
equipamento como um todo, evitando que qualquer anomalia advinda
de vibrações excessivas, altas temperaturas ou mesmo de fontes
externas (por exemplo, caso ocorram problemas semelhantes com a
máquina acionanda) possam danificar a máquina, causando grandes
prejuízos materiais e físicos (dependendo da gravidade do problema).
Assim, um conjunto de sensores, pressostatos e termostatos conectados
às mais diversas partes da turbina, monitoram constantemente o
comportamento daquelas variáveis que poderão eventualmente ser a
causa de algum problema.
O trip ou desarme de emergência pode ser acionado pelas seguintes
fontes, dentre outras:
• Sobrevelocidade do eixo da turbina;
• Pressão de lubrificação insuficiente nos mancais;
• Pressão de escape alta;
• Temperatura do metal patente dos mancais alta;
• Excesso de vibração radial e/ou deslocamento axial do eixo.
O desarme pode ser também manual via botoeira que controla a
válvula solenóide ou via chave comutadora localizada na tubulação
de óleo que alimenta a válvula de fecho-rápido.
Seguem abaixo os principais instrumentos e equipamentos de controle e
segurança de uma turbina a vapor.
2.4.1. Termômetros
Utilizados para monitoração local, eles são colocados diretamente nos
poços usinados na turbina, e seu sinal lido por um ponteiro. As variáveis
geralmente monitoradas são:
• Temperatura de óleo nos mancais de turbina, redutor e gerador;
• Temperatura no tanque de óleo;
• Temperatura para o sistema de selagem.
26
2.4.2. Manômetros
Também para monitoração local, estes são colocados no próprio ponto
de medição, ou em um suporte local de instrumentos através de um
capilar, que envia mecanicamente o sinal de presão desde o ponto de
medição até o instrumento. Estes medem a pressão principalmente nos
seguintes pontos de interesse:
• Pressão de vapor para sistema de selagem;
• Pressão de óleo após bombas de circulação.
2.4.4. Termopares
Semelhantes aos RTD´s, os termopares convertem um sinal de
temperatura em tensão elétrica, com maior resistência ao calor e
precisão a altas temperaturas. São utilizados para medições de vapor,
com transmissão de sinal para um indicador digital. Como aplicações
temos:
• Temperatura de vapor vivo;
• Temperatura de vapor de extração;
• Temperatura de vapor de escape.
27
• Pressão de de vapor de escape;
• Pressão de óleo após filtro (óleo de impulso P1);
• Pressão de óleo após válvula redutora (óleo de lubrificação);
• Pressão de óleo para servo-motor (óleo de regulagem P3).
28
Função Local Atuação
Baixa pressão de impulso Após filtro Liga bomba auxiliar
(P1)
Muito baixa pressão de Antes dos mancais Alarme
lubrificação
Liga bomba de emergência
Sinal de trip
Alta pressão de vapor de Flange de escape Alarme
escape
Sinal de trip
Alta temperatura metal RTD’s mancais Alarme
patente dos mancais
Sinal de trip
Alta pressão diferencial Filtro de óleo Alarme
Alta temperatura óleo Trocador de calor Alarme
29
Abaixo segue um breve descritivo de um sistema de regulagem e
segurança eletrônico e seus equipamentos.
O eixo da turbina possui uma roda dentada em uma de suas
extremidades. Um sensor de rotação é direcionado para a roda, de
modo a registrar a rotação instantânea e convertê-la em um sinal
elétrico. Este sinal é emitido para o regulador de velocidades da turbina.
Um sinal de óleo após o filtro é transmitido para um conversor eletro-
hidráulico (CPC), responsável para converter o sinal elétrico do
regulador de velocidades em impulso de óleo; o outro sinal, para
transmitir para uma das admissões do servo-motor das válvulas de
regulagem. O impulso de óleo vindo do CPC é inserido na outra
admissão do servo-motor, de forma que os dois sinais hidráulicos atuam
no comando de abertura e fechamento das válvulas.
Todo sinal elétrico de trip é transmitido para uma válvula solenóide. Esta
solenóide aciona uma válvula direcionadora de fluxo, que desvia o
curso do óleo, direcionado para um aparelho de comando. O aparelho
de comando é uma bóia tipo fole, a qual permanece cheia de óleo. A
ausência de óleo força o aparelho a levantar a bóia, a qual está
conectada com a haste da válvula de fecho rápido.
30
2.5. Cálculos termodinâmicos
2.5.1. Expansão isoentrópica
De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, temos para o
processo ocorrido na turbina, em regime permanente:
( )
Q& VC + m& . he + Ve2 + g. Ze = m ( )
& . hs + Vs2 + g. Zs + W&VC
h P0
T0
h0
h1
31
2.5.2. Perdas termodinâmicas e mecânicas
Algumas perdas são significativas e devem ser estimadas para o cálculo
da eficiência da turbina. Segue abaixo as principais causas de perda de
eficiência em turbinas a vapor.
h P0
P1
h0
Perda entálpica
nas válvulas
32
• Perdas por atrito e ventilação
Saída de
vapor de fuga
Entrada de
vapor de fuga
Retorno de
condensado
• Perdas mecânicas
33
2.5.3. Expansão real
Considerando os rendimentos devido às perdas termodinâmicas e
mecânicas ilustradas anteriormente, podemos escrever:
& .( h2 − h0 ).η i .η m
W&VC = m
h P0 P1
T1
h0
Expansão
real
P2
h2´ Expansão
isoentrópica
h2
34