Autor: Estevan Rodrigues Vilhena de Alcântara - Professor de História na Escola Estadual Professor Morais
Tema: ERA VARGAS - DA REVOLUÇÃO DE 1930 AO ESTADO NOVO
ERA VARGAS
ANTECEDENTES
A década de 1920 foi marcada por crises em diversos setores. Na economia, o
café, principal produto de exportação, perdeu o valor internacional, na política havia o
movimento tenentista pedindo reformas políticas. Interferências externas como a
Primeira Guerra Mundial, o crash de 1929 e o surgimento da força socialista com URSS,
foram alguns dos antecedentes de 1930. Além da ruptura da política oligárquica café com
leite, que foi o estopim para a mudança política no Brasil.
REVOLUÇÃO DE 1930
Durante a última magistratura da década de 1920, Washington Luis racha a
política café com leite indicando como sucessor um paulista em vez de um mineiro. Esta
indicação faz com que o Partido Republicano Mineiro se junte a oposição, Rio Grande do
Sul e Paraíba formando a Aliança Liberal, lançando como candidato Getúlio Vargas.
No pleito de 1929 é eleito Júlio Prestes, pelo Partido Republicano Paulista. Vargas
e João Pessoa (vice na chapa de Getúlio) insistem em denunciar as fraudes a favor dos
paulistas. A Aliança Liberal busca apoio de outros estados para iniciar uma revolta
armada. Durante este período ocorre o assassinato de João Pessoa, acelerando o
processo revolucionário, que depõem o então presidente Washington Luis.
GOVERNO PROVISÓRIO (1930 - 1934)
Getúlio Vargas, como líder político do movimento revolucionário, assume a
presidência provisoriamente.
Através do decreto nº 19.398, Getúlio Vargas da as caras de seu pensamento
político. Suspende a Constituição, dissolve o Congresso Nacional e as casas legislativas
estaduais e municipais, acumulando os poderes Executivos e Legislativos. Além do
decreto, Vargas indica interventores para as presidências estaduais.
REVOLTA PAULISTA (1932)
O movimento constitucionalista de 1932 ocorrido em São Paulo, teve como
reivindicações a exigência de imediata convocação da Assembléia Constituinte e que o
interventor fosse 'civil e paulista' (o interventor indicado era militar, advindo do
tenentismo).
O Partido Democrático que havia apoiado a revolta de 1930, esperava chegar ao
poder com o governo de Getulio, mas não conseguiram. Aliaram-se com o Partido
Republicano Paulista fazendo frente ao governo provisório. Conflitos das forças legalistas
e manifestantes paulistas, causaram a morte de 4 civis e fortaleceu o movimento em São
Paulo, estourando a revolução constitucionalista que em 3 meses foi derrotada pelo
governo federal.
CONSTITUIÇÃO DE 1934
A Assembléia Constituinte foi eleita em 1933 como havia sido anunciado pelo
então presidente Getúlio. Em 1934 é promulgada a Carta Magna do Brasil, alguns pontos
se destacavam: a separação dos poderes; a preservação do federalismo; o sistema
presidencialista permaneceria; voto secreto, direto e facultativo, além de capítulos
dedicados ao trabalho, educação, saúde pública e à família. E ainda ficou estabelecido a
primeira eleição presidencial seria feita de forma indireta, pelos membros da Assembléia
Constituinte, sendo escolhido Vargas, tendo fim do seu mandato em 1938.
INTEGRALISTAS & COMUNISTAS
O Governo Vargas estava alinhado com a Ação Integralista Brasileira (AIB) que
tinha características fascistas (totalitarismo, nacionalismo, militarismo, antissocialismo,
além do controle das mídias). Contrário havia a Aliança Nacional Libertadora (ANL)
composta por comunistas, socialistas e tenentistas de esquerda, liderados pelo Partido
Comunista do Brasil (PCB).
A AIB conseguiu adesão dos setores conservadores, oligarquia tradicional, classe
media urbana e alto escalão militar. Utilizavam a letra grega 'sigma' ( ∑ ) (na matemática
representa soma integral) e gritavam a palavra indígena 'anauê' (você é meu parente). No
inicio da década de 1930 enfrentavam o movimento operário, após 1935 a ANL.
A ANL, liderada por Luis Carlos Prestes (o mesmo que chefiou a coluna Prestes na
década de 1920, durante os movimentos tenentistas), condenavam o imperialismo,
fascismo e a concentração de terras, defendiam a nacionalização das empresas
estrangeiras, não pagamento da divida externa, um governo popular, reforma agrária e
reformas democráticas.
Para frear a ANL, o governo colocou-a na ilegalidade e fechou sindicatos. Com
isso a ANL preparou um levante armado em 1935, ficando conhecida pelo nome
pejorativo de Intentona Comunista. O Governo conseguiu reprimir o movimento,
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Tema: ERA VARGAS - DA REVOLUÇÃO DE 1930 AO ESTADO NOVO
prendendo e deportando os integrantes da tentativa, estendendo-se depois a toda a
esquerda.
PREPARAÇÃO PARA O ESTADO NOVO
O pleito de 1938 iniciou-se com forte tensão, o governo insistia na ameaça de
conspiração comunista. Getúlio parecia apático e neutro em relação aos candidatos. Em
1937, descobriram um suposto plano de insurreição comunista, conhecido como Plano
Cohen (documentos que revelavam a tentativa de tomar o poder com apoio soviético).
Contudo, este plano fora forjado por membros do AIB. Apesar disso, o Congresso Nacional
aprova o Estado de Guerra (Constituição de 1934. Art 161 - O estado de guerra implicará a
suspensão das garantias constitucionais que possam prejudicar direta ou indiretamente a
segurança nacional.). Desta forma, Getúlio Vargas da o golpe de estado, suspendendo a
constituição e abolindo os partidos políticos, até mesmo a Ação Integralista Brasileira,
sendo todos colocados na ilegalidade.
GOVERNO DITATORIAL OU ESTADO NOVO (1937-1945)
Vargas, através do estado de guerra, concede o golpe e implanta o estado de
emergência, retirando o direito político-jurídica do cidadão. Além disso, revoga a
Constituição de 1934, fecha o congresso nacional e extingue os partidos políticos. Os
estado brasileiros perdem sua autonomia, fim do federalismo, em ato público as
bandeiras estaduais são queimadas. As eleições foram suspensas, greves e manifestações
proibidas.
Assim que assumiu, Vargas instalou uma máquina de propaganda e imprensa,
para estabelecer ligação com as massas, "pai dos pobres" (DIP - Departamento de
Imprensa e Propaganda), ato muito usado pelos sistemas nazifascistas. Além do DIP, o
Ministério da Educação e Saúde, foi responsável para a manutenção do culto a Vargas
(ideal dos sistemas fascistas, adoração ao seu líder e totalitarismo).
Na área econômica, Vargas, incentivou o cultivo de novos produtos de forma a
diversificar a produção agrícola. Além da diversificação, Getúlio, incentivou a produção
industrial brasileira, através de um protecionismo econômico. Mesmo assim, não havia
industrias de base (voltadas à produção de bens como máquinas e equipamentos
pesados, produtos químicos básicos e minérios), forçando a criar a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) e Companhia da Vale do Rio Doce (hoje Vale). Com o crescimento da
industria, ocorreu uma migração do meio rural para as cidades, aumentando o número de
operários e trabalhadores nas grandes cidades, com isso aumentou o movimento por
direito trabalhista, forçando Vargas a criar políticas trabalhistas que garantiria direitos
fundamentais (CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas). Estes ganhos trabalhistas,
protegia tanto patrão quanto trabalhador, assim, nesse jogo de equilíbrio, Vargas
apresentava-se como aquele que garantia a ordem pública e estabilidade social.
BRASIL NA SEGUNDA GUERRA
Apesar das afinidades com os sistemas fascistas, Vargas procurou manter o Brasil
na neutralidade. Desta forma, conseguiu se beneficiar política e economicamente,
estabelecendo vantagens junto ao dois blocos de aliados da guerra.
Em 1941, o governo brasileiro se aproximou dos aliados. Conseguiu
financiamento dos EUA para construir a CSN, comprometendo-se a fornecer borracha e
minério para os países aliados e permitiu a construção de bases militares estadunidense
no nordeste brasileiro. Os nazistas alemães reagiram e afundaram navios mercantes
brasileiros, levando a declaração de guerra pelo governo brasileiro. Em 1944, as tropas da
FEB (Força Expedicionária Brasileira) foram para a Itália, onde auxiliaram os aliados na
conquista da região.
O FIM DO ESTADO NOVO
A guerra contra o nazifascismo, fez com que liberais combatessem a ditadura do
Estado Novo. Vargas, sabendo que poderia ser derrubado, começou o processo de
redemocratização, estabeleceu prazo para eleições presidenciais, concedeu anistia a
presos políticos, libertou comunistas e permitiu a volta de exilados. Durante este cenario,
os partidos retornaram e novos surgiram, PSD (Partido Social Democrático), UDN (União
Democrático Nacional), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e PCB (Partido Comunista do
Brasil).
Durante o processo eleitoral, surgiu o movimento chamado "queremismo",
variação de palavras de ordem "Queremos Vargas!", repetidas nas manifestações
populares. Com este prestígio, Vargas decretou a Lei Antitruste (dificultando as atividades
do capital estrangeiro no Brasil).
A oposição chefiada pela UDN, temiam que Vargas não se retirasse do poder.
Tropas do Exército cercaram o Palácio do Catete (Palácio do Governo Federal no Rio de
Janeiro), obrigando-o a renunciar. Se retirou da vida política sem punições e com apoio do
ex-presidente, Dutra vence as eleições.