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DCO0215 – Fundamentos do direito da empresa e da atividade negocial

Seguem os textos para o seminário 1.


Os textos foram divididos entre os 4 grupos. É importante o envio do formulário de formação
dos grupos, para que possam ser atribuídos os textos para cada grupo.
Questões
Grupo 1
1-Qual a principal diferença entre a teoria dos atos do comércio e a teoria da empresa?
2-A sociedade civil foi substituída pela sociedade simples?
3-O "interesse de classe” ainda influencia o direito comercial?

Grupo 2
1-A atividade do empresário é sempre econômica?
2-Ainda se justifica a diferença entre sociedade simples e sociedade empresária?
3-Há diferença entre ato e atividade para a qualificação de empresário? Uma sequência de
atos necessariamente é uma atividade? Justifique e dê exemplos.
Grupo 3
1-Qual a influência do paradoxo do desenvolvimento no direito empresarial?
2-Houve a unificação do direito privado?
3-Quais as tendências atuais do direito empresarial?
Grupo 4
1-Quais as principais alterações previstas no Projeto do Código Comercial?
2-Na sua opinião, precisamos de um novo Código Comercial?
3-Qual o critério atual para aplicação das normas do direito comercial?

Questões grupo 1

1- Por que existem as empresas? Por que se organiza uma empresa se há o mercado? Não se
poderia continuar a fazer trocas diretas entre os agentes, sem a necessidade da empresa?

2- Qual a diferença entre atuação estatal e intervenção estatal?

3- Qual a importância da ordem jurídica para o mercado?

Questões grupo 2

1- A regulação econômica é importante para as empresas? Aponte os principais aspectos que


justificam a regulação econômica.

2- Quais as principais característica da ordem jurídica do mercado?


3-Quais são as hipóteses de intervenção do Estado na ordem econômica?

Questões grupo 3

1- Quais os impactos e consequências da expansão/ampliação do mercado para as transações


comerciais? Nesse contexto, qual o papel das instituições?

2- Quais são os limites da intervenção estatal na esfera privada e quais seus instrumentos?

3- Como se dá a regulação financeira no Brasil e quais são as principais estruturas?

Questões grupo 4

1- No que consiste a Teoria do "Market for Lemons” e qual a sua relação com a uma ordem
jurídica do mercado?

2- Qual a diferença entre constituição econômica material e constituição econômica formal? Dê


exemplos.

3- Na opinião do grupo, como é possível relacionar a constituição econômica com o princípio da


dignidade humana:
Questões:
Grupo 1

1-Qual a distinção entre estabelecimento e patrimônio?


2-Bens incorpóreos podem integrar o estabelecimento?
3-Aviamento e clientela são atributos ou elementos do estabelecimento?

Grupo 2
1-Há diferença entre título do estabelecimento e nome empresarial?
2-Comente a afirmação de que o local não representa elemento essencial para a
composição do estabelecimento empresarial:
3-O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores?
Comente:
Grupo 3
1-Como caracterizar o estabelecimento empresarial digital originário?
2-Comente os elementos e atributos do estabelecimento empresarial digital:
3-O reconhecimento do estabelecimento empresarial digital pode dificultar o exercício
de direitos pelos consumidores?
Grupo 4
1-O que é principal estabelecimento para a fixação da competência do juízo da falência e
da recuperação judicial?
2-No caso de grupos econômicos, qual critério deve ser adotado?
3-Você concorda com a decisão?
Questões:
Grupo 1
1- O preposto deve ser empregado da empresa? Sustente seu ponto de
vista.
2- Qual a diferença entre preposto e mandatário? Quais elementos são
essenciais a cada um?

Grupo 2
1- Explique a teoria da aparência e em que hipóteses ela é admitida no
Judiciário.
2- O Código Civil determina que se aplique a figura do administrador as
disposições relativas ao mandato. O administrador é um mandatário
da empresa?

Grupo 3
1- Comente a força probante dos livros mercantis, especialmente seus
efeitos em relação à valoração da prova.
2- Qual a importância e as consequências do dever do empresário de
manter a escrituração em ordem?

Grupo 4
1- Comente a força probante os livros sociais na sociedade anônima:
2- Qual a responsabilidade do agente emissor na sociedade anônima?

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
26/02/2016
Aula 2

“FICHAMENTO” DOS TEXTOS


COMPARATO

 D. Comercial começou a aparecer na Itália das comunas, sec. XII;


 Importância do mar, câmbio maritimo, explorações e desenvolvimento
do capitalismo;
 D. Comercial tem caráter internacional. É o direito dos comerciantes.
Vai encontrar, como barreira, a Inglaterra, que desenvolvia
seu common law. Aos poucos, foi se misturando e o direito inglês foi
absorvendo institutos do direito comercial;
 Primeira época foi do sec. XII ao XVI;
 Alguns institutos: seguro, câmbio, crédito (e a problemática com a
usura), sociedades, etc.
 Com as colônias americanas, os problemas se multiplicam e a
necessidade de os resolver é cada vez mais proeminente. Após
segunda metade do sec. XVI, começa um novo tempo do direito
comercial.

IRTI

o Rejeição ao “naturalismo econômico”;


o Palavras chave: artificialidade, juridicidade, historicidade;
o Direito Comercial é fruto de decisões humanas, decisões políticas;
o Globalização e economia: os Estados estão amarrados no tripé política
– direito – economia. Mas a economia é global, desfronteiriza
territórios;
o Mesmo assim, há o predomínio da política sobre tudo – o que mudou
nos dias de hoje é que a economia também é política;

 “O pensamento único – a ideologia liberal, em que a esquerda e a


direita parecem concordar – oculta a intrínseva politicidade de toda a
estrutura econômica e vende como lei “natural” – neutra, objetiva,
imparcial – aquilo que propriamente é o resultado de uma decisão”

POLANYI
 Qual a origem dos mercados?
 As relações sociais estão embutidas no sistema econômico.
Importância fundamental do fator econômico;
 Mercado internacional / de longa distância é o verdadeiro alvo.
Comércio externo = mais aventura/exploração/caça, menos permuta;
 Comercio interno = #nhé; chato, sem graça, produtos que todo mundo
já tem, é muito mais competitivo. Mercdo interno = criado pela
intervenção do Estado;
 Grandes problemas do mercado: monopólio e a competição. Como
resolver? Regulamentação total da vida econômica e em escala
nacional

AULA DE VERDADE
26/02/2016

Prof. Vinícius – com shhhhhhhotaque muito carioquêishhhh;

 ano em que ele entrou na faculdade: 1997

QUAL A IDEIA

 Tentar ajudar a identificar a estrutura geral do direito empresarial;


 Aula de hoje: “história do direito comercial”;

1. INTRO

 Sociedade com Custo Marginal Zero, livro em que autor fala que a
evolução das relações econômicas se deu a partir de revoluções
específicas que ocorreram na matriz energia ─ transporte ─
comunicação
2. PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

o Energia: elementos naturais, queimar lenha, ;


o Transporte: cavalos (lembrar Europa medieval);
o Comunicação: cartas (mas ainda sem prensa);
o Fase pré-capitalista de economia de subexistência. Feudalismo.
Relação das pessoas com a natureza era uma relação de
compartilhamento de bens comuns, e não de domínio (até tinha um
pouco quando falamos do senhor feudal, mas ainda é muito diferente);
o Não havia uma dissociação entre a força de trabalho das pessoas e os
mecanismos que se utilizavam da força de trabalho para produzir algo;
o Momento de nascimento das cidades, algum comércio e permuta, às
vezes com uso de moeda, às vezes sem – mas ainda não era um
“padrão de mercado”; moeda só se fixou com o capitalismo mesmo;

 Direito comercial: o DC dessa época tem mais a ver com o mercado,


não com o capitalismo como modo de produção;

 Títulos de Crédito: relacionado ao sistema financeiro. O mais


comum eram as letras de câmbio (são ordens de pagamento, do tipo
“pague a fulano tantos dinheiros”). Isso facilitava o transporte de
mercadorias ─ já que o transporte era a cavalo; no final, a letra de
câmbio era a forma de garantir os pagamentos. As letras de câmbio
circulavam até chegar ao destinatário final

 Direito Contratual / contratos: contratos para o transporte de


mercadoria, vendas e afins;

 Teoria Subjetiva do Direito Comércial: teoria de que o direito,


nessa época, era aplicado para fora das cidades e também era um
direito especial, específico dos comerciantes, dos caras que estavam
matriculados nas associações de ofício. Era o “direito de uma classe”.
Isso revela para nós o caráter pouco universal desse direito de classe.
Só os comerciantes o usavam.
3. 1a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Energia: surge a exploração do carvão de maneira mais industrial.


Aqui já passamos pelo movimento de cercamento dos campos, que
começou na Inglaterra e se espalhou para a Europa toda. A indústria
de produção de lã é a primeira a se industrializar. As máquinas
aumentam a produtividade dos tecidos, fica mais barato e mais
produtivo. Pessoas são expulsas do campo, que estava sendo
reservado para as ovelhas, e vão para as cidades. Nesse processo,
começa a haver a separação entre a força de trabalho (o ser humano é
detentor da sua força de trabalho) e dos mecanismos/ferramentas de
produção. O homem não tem mais as ferramentas necessárias para
produzir para sua própria subexistência;

 Transporte: ferrovias;

 Comunicação: prensa movida a vapor e telégrafo;

 Quais são os impactos? Movimento de inovação. As pessoas começam


a inventar mais. Aí há o surgimento das patentes, da propriedade
industrial / propriedade intelectual ─ o que, na verdade, é uma
artificialidade do direito. Eu inventei algo e eu posso impedir que as
pessoas produzam o mesma invenção que eu tive. Isso é uma criação
jurídico-política daquele momento, de extender esse direito de
propriedade para além da relação com o bem físico. “Você artificializa
o bem de propriedade para além daquele bem específica, estende para
além daquele bem”;
 Ao mesmo tempo, também há a consolidação da organização das
empresas. Ainda muito tosco;
 Em 1850, a viagem NY -> Chicago era de 3 semanas. 10 anos depois,
com ferrovias, levava 70 horas. Qual o impacto disso na produção
industrial? (além de acelerar toda a circulação de bens e da riqueza)?
Isso permitiu que se acelerasse/organizasse a logistica de produção
de maneira integrada: controle de estoque, quanto tem que produzir,
de quanto é a demanda da produção;
 Ao mesmo tempo, a ferrovia era um grande empreendimento
capitalista. Havia a diferenciação da propriedade e do
empreendimento. Construir uma ferrovia demandava muita grana.
Para realizar, investidores financiavam grandes investimentos. Os
financiadores detinham o investimento, mas não eram eles quem
administravam e construiam a ferrovia, por exemplo. Eles tinham o
retorno desse investimentos, mas estavam cagando para o tipo de
material usado, para como estava sendo feita a obra, etc. Isso tem
impacto nas sociedades anônimas (public companys) e na evolução
do direito falimentar/falencial;
 Quando há empresas familiares onde a pessoa jurídica não se dissocia
do proprietário, há uma mistura entre o ativo da pessoa jurídica e o
ativo da pessoa física / do acionista – que, a princípio, não pode ser
contaminado pelas dívidas da companhia. Como fazer essa separação?
 Período objetivo do direito comercial: o DC regulamenta a vida de
quem pratica atos de comércio. No Código Francês, havia uma lista
do que seriam atos de comércio (que obviamente não deu certo, já que
o comércio era dinâmico, novas relações surgiam). O séc. XIX foi
contaminado por essa lógica.

4. 2a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (virada para sec. XX)

 Energia: petróleo

 Transporte: automóvel;

 Comunicação: telefone, rádio, TV;

o Essa matriz é a consolidação do que já estava sendo desenvolvido no


século passado. Agora, definitivamente, quem controla os meios de
produção não é quem tem o direito de propriedade sobre eles;
o Empreendimentos caríssimos. Além de demandar dinheiros,
precisavam de mais. Empreendimentos demandavam organização
vertical da industria e controle centralizado;
o Se no modelo anterior era impossível ter uma centralidade do controle
dos empreendimentos (eles eram distantes, as comunicações não eram
boas. EX: o fazendeiro, dono da ovelha, vendia a lã para o
transportador, que ia até a cidade, vendia pro tratador de lã e que
vendia para a empresa e que andava andava andava. Era o que tinha
pra época);
o Nesse modelo, era possível haver uma integração vertical entre todos
esses pontos. A comunicação facilitava o controle da logística. Aleḿ
disso, para, por exemplo, ter uma petrolífera, você tinha que ter o
controle de tudo: dos insumos, da empresa, investimentos em
desenvolvimento tecnológico… A indústria tinha um custo de
entrada muito alto, mas um custo marginal/de manutenção
menor. Depois de controlar todas as variáveis, o custo para produzir
um tanto a mais, por exemplo, era nada;
o Isso estimulou a integração vertical (firma chandleriana),
totalmente verticalizada, controlada, estrutura racional e
administração/estrutura piramidal. Do ponto de vista econômico, há
menores custos de transação (o que era contrato externo, por exemplo,
negociar contratos para comprar insumos de outros produtores, agora
eu produzo meu prórpio insumo), ganhos de escala e gerenciamento
vertical da bagaça;

 Ramos do direito empresaria: consolidação das Sociedades


Anônimas (dissociação entre quem administra e quem tem a grana);
surge bolsas de valores e afins. Quem produz não é detentor dos
meios de produção e quem é detentor dos meios de produção não
necessariamente é detentor do emprego desses meios de produção (já
dizia Marx). Aqui há o nascimento do direito concorrencial;

 D. Concorrencial surge na virada para o séc. XX a partir de uma


premissa simples. Imagine sociedade americana. Galera foi estimulada
a ir ao interior do país, constituir propriedades rurais, ideia de que o
pequeno empreendedorismo a partir dos pequenos negócios estava na
alma dos founding fathers. Thomas Jeff. faz quase uma apologia do
pequeno empreendedor. De repente, 1a rev. industrial,
empreendimentos enormes, grandes industrias aparecendo, 2a rev.,
controle vertical da indústria, tudo isso controlado por um grupo de
alguns grandes empresários, usando investimentos muitas vezes
estrangeiros. Toda magia do pequeno como algo importante, a
fundação da nação democrática, democracia─política─economia, tudo
isso desmoronava. Alguém teve a brilhante ideia: NANANANÃO,
vamos criar o Sherman Act que vai ser a lei antitruste norte-americana.
Ideia de que você tinha que combater as grandes empresas. A primeira
vítima foi a indústria de petróleo, a Standart Oil, do Rockfeller, o cara
que tinha comprado todos os campos de petróleo. Galera foi lá e
dividiu a bagaça tudo, desestruturando a indústria que ele tinha
construído. Depois isso muda, mas essa aula vem depois;

 Nos livramos do critério objetivo do direito comercial e vamos para


um critério misto do direito/teoria da empresa. Ele passa a lidar
com a complexidade do fenômeno industrial. Perfis da empresa: as
coisas não são simples como aquela época objetiva tentava fazer
parecer. A empresa passava por um fenômeno poliédrico com uma
série de perfis: perfil subjetivo em torno do empresário, perfil objetivo
em torno da empresa e suas características, perfil funcional da
empresa como atividade econômica; e perfil institucional, da empresa
como instituto, que emprega pessoas, dinheiros, investimentos para
serem trabalhados e comercializados.

5. 3a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Começa na déc. de 1970;


 Série de investimentos publicos feitos pelos EUA, principalmente em
defesa;
 O modelo da grande empresa, integrada verticalmente, que gerou
concentração de mercado, gerou uma série de oligopólios, setores
econômicos concentrados ─ embora muitas vezes importantes para
gerar inovação, depois de um determinado ponto, o oligopólio gera
preguiça. São tantos dinheiros que você gasta sua grana tentando
cortar os concorrentes;
 Guerra Fria: corrida espacial, corrida armamentista. Onde havia a
concorrência. Foi o Estado, defesa dos EUA e/ou Nasa que criaram o
GPS, Internet, touchscreen, etc. (isso segundo o professor);
 Engenheiros e universidade norteamericana viabilizou essa coisa toda.
Tecnologias desenvolvidas para a vida e também no mercado
financeiro;
 No mercado financeiro, desregulamentação dos mercados pós decada
de 1970 também foi produto da aplicação da evolução tecnológica do
mercado financeiro;
 Isso também teve impacto na industria. A industria vertical e integrada
deixa de fazer sentido. A nova matriz energia, transporte e
comunicação baseada na internet (da energia, do transporte e das
comunicações) viabiliza encontrar onde estão as oportunidades mais
baratas e rentáveis: para produzir e integrar;
 EX: Apple consegue terceirizar tudo sua produção, várias fábricas na
China e ao redor do mundo, cada uma produzindo um pedaço de seus
produtos. Como consegue? Redução dos custos de produção por meio
dessa matriz começa a compensar o aumento dos curstos de transação
que você tem quando você contratualiza toda a produção;
 Foi colocada em questão a firma verticalizada. Gera desafios para o
direito contratual, para a empresa (não mais societária, mas sim,
organizada por meio de contratos, um empreendimento dividido numa
estrutura feita por meio de uma rede de contratos), para o direito
concorrencial (como identificar quem controla? como definir ‘grupo
econômico’? como identificar uma conduta competitiva?);
 Jeremy Rifkin fala que esse modelo da internet em todas as coisas vai
viabilizar e intensificar, na sociedade, um novo modelo baseado no
compartilhamento: compartilhamento de bens comuns, produção
colaborativa, energias renováveis e alternativas descentralizadas, etc.
Isso, em tese, coloca quem questão o próprio modo de produção
capitalista como hegemônico #hummm #polêmico
 Será que eesta os diante de um processo que pode levar a
uma flexibilização do padrão de mercado?

6. POLANYI. 4 MODOS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS

 I. Padrão de reciprocidade – alocação de recursos em que vale a


simetria. Pessoas se organizam a partir de uma relação simétrica;
 II. Padrão de redistribuição ─ alocação é feita pelo Estado, que
recolhe tudo e redistribui (EX: serviços públicos
 Padrão de mercado/permuta, que se universalizou com o capitalismo;
 Será a ideia do Rifkin uma forma aternativa ao padrão de permuta?
(pelo menos para algumas relações?)

7. PUBLICIZAÇÃO DO DIREITO COMERCIAL


 1. no sentido que o Estado publiciza as relações econômicas. EX.
Direito concorrêncial antes do Sherman Act, o que existia era a
proteção do sugeito contra a concorrencia desleal. Era uma coisa
individual (o impacto para o consumidor final até era benefico, mas
era um direito de proteção do concorrente contra a concorrência). A
partir do Sherman Act, ele ganha um objetivo
público. EX2. Empreendimentos das Índias era uma coisa pública.
Depois, com a evolução, precisamos organizar e garantir a
transparencia na relçao acionista e controlador; garantir que o
controlador não usa seu poder em benefício próprio; EX3. no séc. XX,
nascimento da função social da empresa ─ empresa deve satisfação
para as pessoas a sua volta, meio ambiente, etc; EX4. D. Contratual,
no sec. XIX, era autonomia da vontade, o contrato é o que está lá e
ponto; hoje, dirigismo contratual, você objetiva o contrato quase como
se ele fosse uma lei, obrigações para contratar seguros, contrato
regularizado para dar segurança jurídica para as
partes; EX5. Propriedade intelectual: antes servia para preservar a
propriedade da empresa porque ele tinha o monopólio por ter
inventado o negócio; hoje, o direito das patentes tem uam série de
limites relacionados ao interesse público (só lembrar da questão dos
antiretrovirais; governo brasileiro ameaçou quebra de patentes);

 Publicização também como “substantivo”: Estado diminuindo o


espaço privado das pessoas, tentando garantir mais igualdade entre
todos;

8. IMPACTOS NO DIREITO COMERCIAL

o Direito comercial não dá conta de regulamentar tudo. Outras áereas do


direito regulamentam o comercio (direito do trabalho, etc);
o Impactos no método: o instrumental do direito comercial tem
impactos em como as coisas se organizam;
o A história do direito comercial, o costume como fonte do direito,
entender esses processos históricos são importantes para inclusive
praticar o direito comercial;
o Em termos de método, DC exterioriza a racionalidade das políticas
públicas

 EX. Em 1997, professor no primeiro ano da faculdade, se intensificou


processo de privatização no Brasil. Lei da privatização era super
velha. Lei das SAs tinha uma questão chamada “prêmio de controle”,
que sempre foi muito alto (gerava um desestimulo). Nessa época, a lei
das SAs determinou que tanto a ação com direito a voto quanto as
ações sem direito a voto seriam do mesmo preço #tipoisso; (oferta
pública / tem que ofertar pra todo mundo = tag along)

o Em 97, mudaram a lei das SAs. Não precisava mais estender a oferta
para os que não tinham direito de controle. Qual o objetivo? Viabilizar
o prêmio de controle lá no alto. O cara que quer comprar a empresa
gasta toda a grana só com o controlador, dane-se os minoritários. A
ideia era passar o controle e arrecadar;
o Em 2001: mudou novamente a Lei das SAs. Voltou o tag along;

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
04/03/2016
Aula 3

“FICHAMENTO” DO TEXTO
FORGIONI, Paula. Evolução do Direito Comercial Brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 2010, Cap. 1, p. 31 – 83.
FORGIONI, Paula. Teoria Geral dos Contratos Empresariais, São
Paulo, Revista dos Tribunais, 2ª, 2011, p. 23 -54.

 FASE 1: DIREITO COMERCIAL = ATO DE


INTERMEDIAÇÃO
 Em sua origem, o direito comercial emergiu da necessidade de
regramento jurídico mais célere, que atendesse às necessidades dos
mercadores, em contraposição ao direito romano que era então
redescoberto.2 A ordem que se vai formando,·baseada nos costumes e
nas regras das corporações de ofício, tem por objetivo disciplinar a
atividade dos que são nelas inscritos. (p.32) O desenvolvimento desse
direito dá origem à dicotomia entre o direito comum e aquele
especial, criado para (e pela) classe dos mercadores, com seus
tribunais consulares.3 (p.33)

 Em suma, nesse primeiro período, destacam-se os seguintes


direcionamentos doutrinários: I (i) o di{eito comercial tem seu
principal foco na atividade de in~ termediação, embora a indústria
integre seu objeto (v. § 1. 0 do art. 19 do Regulamento 737, de 1850);
(ii) a influência da doutrina estrangeira é sensível, destacando-se a de
Thaller, Vidari, Endemann e, principalmente, Vivante; (p.46) (iii) a
concepção econômica propagada por Vivante, de empresa como ente
organizador dos fatores de produção, é quase que unanimemente
incorporada pela doutrina ao comentar o art. 19 do Regulamento
737; (iv) os autores, ao interpretar o art. 4. 0 do Código Comercial e
o Regulamento 73 7, consolidam o direito comercial como o direito
dos comerciantes, que disciplina também os atos de comércio; (v)
quanto à nossa doutrina, podemos corroborar as conclusões de
Ernesto Leme: “Porque em verdade(. .. ) a história do Direito
Comercial no Brasil se divide em três fases distintas: -a dejosé da
Silva Lisboa, Visconde de Cairu (1756-1835);- a dejosé Xavier
Carvalho de Mendonça (1861- 1930);- a de Waldemar Martins
Ferreira (1885-1964)” . 67 (p.47)

 FASE 2: direito comercial e atividade empresarial. Do ato de


comércio à atividade de produção (p.47) – importância da empresa!

 A partir de meados da década de 1950, a noção de intermediação é


paulatinamente abandonada pela doutrina, dando lugar à empresa
como centro do direito comercial. (p.49)

 Em suma, nesse segundo período, a empresa é o ente que organiza os


fatores de produção (trabalho, natureza e capital). O empresário-
afirmaria Buonocore anos mais tarde- coloca-se como o incontestável
protagonista da matéria. Ao lado dos trabalhadores, dos capitalistas
e dos proprietários, perfila-se o empresário, “cujo papel é conjugar
os bens do proprietário, as faculdades do trabalhador e o capital do
capitalista” .97 A noção de empresa vem içada de trabalhos de índole
econômica. 9 (p.55)

 Na Itália, a afirmação do moderno conceito de empresa dá-se a partir


da concepção de dirigismo econômico, ou seja, como instrumento que
deveria viabilizar o direcionamento estatal da economia. 1 (p.57)

 De certa forma, o mesmo movimento fez-se sentir no Brasil.


Encontram-se rareadas referências doutrinárias ao liame entre o
fascismo e a teoria da empresa; atribui-se importância,
principalmente, ao deslocamento do eixo do direito comercial do ato
de intermediação para a atividade de organização. No processo de
importação da teoria da empresa, transcurou-se aspecto histórico
fundamental: sua utilização como instrumento de controle da
economia pelo Estado. A referência a autores fascistas como Papi e
Mossa é realizada se~ grande atenção à sua ideologia. (p.66)

 A partir da década de 1960, a busca da superação das barreiras


comerciais na Europa consolida cada vez mais o vínculo entre
empresa e liberdade de empresa (isto é, maior liberdade deatuação
das empresas). (p.68)

 Por causa dos tratados europeus que visam à integração econômica,


a empresa passa de instrumento intervencionista à peça-chave da
economia de mercado. (p.69)

 No processo de edificação do conceito de empresa, o Tribunal de


Justiça europeu levou em consideração aspectos econômicos e
funcionais, estabelecendo que sua definição compreende “qualquer
ente que exercita uma atividade econômica, independentemente de
seu status jurídico e das suas formas de financiamento” . 160 A
sentença proferida na causa C-364/87, em 19 de janeiro de 1994,
afirmou que a noção de empresa no direito comunitário – erigida
sobre a disciplina da concorrência- é muito ampla, abrangendo
qualquer sujeito ou centro autônomo de imputação jurídica, seja
privado OU: público, que desenvolva atividade relevante do ponto de
vista econômico. 161 (p.71-72)

 Com o correr do tempo, a ideia de empresa assumiu contornos cada


vez mais amplos, passando a incluir a atividade de profissionais
liberais, de ordens de profissionais, federaçôes esportivas, sociedades
cooperativas, fundaçôes e empresas públicas .. (p.72)

 Assim, pela obra de Compara to, o conceito de empresa moderniza-se


no Brasil (p.75): 1. importância da empresa, não do empresário; 2.
Separação do administrador e dos donos da empresa (berle & means)

o Movimentos jurisprudenciais no Brasil: (i) constmção do instituto da


dissolução parcial; (ii) delineamento das hipóteses de exclusão de
sócios; e (iii) preservação do ente produtivo que se encontra em
dificuldades econômicas. (p. 76)

 32. Para logo se vê que o princípio da função social da empresa


firma- -se em movimento de evolução de nosso direito comercial, que
vai tomando corpo pela consistente e paulatina ação dos tribunais
nacionais. 183 A empresa é considerada ente gerador de riquezas e
fator de progresso social, e não mera propriedade dos sócios ou
sujeita aos egoísticos interesses dos credores. Dessa forma, entre nós,
principalmente por força do trabalho jurisprudencial, a visão da
empresa completa-se com o reconhecimento de sua função social, 184
ou seja, como ente gerador de riquezas e de empregos, cuja
preservação deve ser buscada. (p.81)

 Temos um novo período de evolução do direito comercial, em que se


supera a visão estática de empresa para encará-la, também, em sua
dínãmíca. De um direito medieval de classe, ligado à pessoa do
mercador, passamos ao critério objetivo e liberal dos atos de
comércio e, finalmente, à atividade da empresa. Urge estudá-la a
partir do pressuposto de que sua atividade somente encontra função
econômica, razão de ser, no mercado. Fomos “do ato à atividade”.
Agora, passamos ao reconhecimento de que a atividade das empresas
conforma e é conformada pelo mercado. Enfim: “ato, atividade,
mercado”. Eis a linha de evolução do direito comercial. (p.82-82)
AULA

1. INTRO

 Processo de unificação do direito das obrigações

 Antes: direito civil X direito comercial;


 Depois: unificação
 Código Civil de 2002 faz uma unificação do direito
obrigacional (mais do que do direito comercial);
 Hoje: existe tramitação no congresso de se reestabelecer um código
comercial no Brasil. Por trás disso, a um discurso de “vamos restaurar
a unidade da nossa disciplina comercial”. Professor diz: não acho a
discussão mais importante de se ter aqui, mas ela existe;
 No caso brasileiro, como aconteceu?

DIREITO COMERCIAL: CASO BRASILEIRO

 1808, primeira lei de direito comercial, abertura dos portos;


 Dali até 1850 (código comercial do Brasil), a regulamentação do DC
era uma lei portuguesa de 178x, chamada “Lei da Boa Razão”. Dizia:
se aplicam subsidiariamente os códigos comerciais de outros países
“civilizados”;
 Durante muito tempo, se usou muito o cód. comercial francês (1807),
cód comerc. espanhol e afins;
 CC Francês celebrava o lago objetivo do direito comercial (voltado
para a actio do comercio). O Brasil tinha um tribunal do comercio
também;
 Em 1850, quando nasce (de verdade) nosso DC, temos esse DC de
caráter misto. Nossa primeira lei listava quais eram os atos de
comercio do Brasil;
 A partir de 1881, CC Suíço inaugurava a unificação do direito
privado. Essa unificação nasce tendo por base a valorização do direito
comercial ─ é o DC que acaba se sobrepondo à logica do DCivil;
 É o DComercial o direito da organização das relações capitalistas – e
por isso ele acaba valorizado, absorve princípios de outras disciplinas
e irradia seus princípios;

DIREITO COMERCIAL X CIVIL

 Direito comercial era um direito de “costumes”, nasce da prática para


a lei; enquanto o direito civil vinha mais da lei para as relações
comercial;
 Direito Comercial era essencialmente cosmopólita. Nasce no auge do
mercantilismo;
 Direito Comercial era um direito de massa, regulamentava relações
num mercado capitalista e as relações economicas, enquanto direito
civil regulamentava atos de relações interpessoais;
 Eram esses os motivos para o drama “unificar ou não unificar”;
 Por fim, todo esse processo levou a uma unificação parcial do Direito
Privado. No Cód. Civil de 1850 entrou: direito dos contratos e teoria
da empresa (direito empresarial no sentido de empresa e sociedades,
regulamentação das sociedades [mas sem falar de SA]).
Microsistemas continuavam valendo: lei das SAs, lei da falência, lei
do mercado de capitais, etc;

o Grande discussão: Direito contratual X Teoria da empresa;


o Teoria da empresa veremos na próxima aula;
o Na medida que regulamentação de direito empresarial entra no cod.
civil, começamos a ter a ideia de empresa como contrato;
o E o que aconteceu na evolução da teoria geral dos contratos que
permitiu uma unificação entre contratos empresariais e os antigamente
chamados contratos civis?
o Teoria gelra dos contratos = contratos empresariais + contratos
consumeristas (“civis”);
o A influência partiu dos contratos empresariais para os civis (não o
inverso);
o (Da aula passada: ótica funcional do direito comercial; aumento de
intervenção do Estado na regulamentação econômica);
o “Contratos que se fazem no mercado o tempo inteiro se realizam
por contato entre as pessoas”; Estado precisa fornecer segurança
juridica para transmitir segurança ao haver esse contato entre as
pessoas. Tenho segurança no outro ao fazer um contrato com ele
porque sei que, se der merda, há leis que objetivam/garantem nosso
negócio;

 Primeiro questionamento: autonomia da vontade? O contrato faz lei


entre as partes? MAX WEBER diz: essa história de autonomia da
vontade é balela. Não tem nada disso. Galere não pode fazer contrato
do jeito que quiser. Só pode porque é o Estado que garante essa porra;

o Saímos da ideia de vontade (análise objetiva) para chegar a uma ideia


de autonomia privada garantida pelo Estado.
o Ideia por trás: a soliedariedade social depende da fluência das relações
contratuais. A medida que a divisão do trabalho se aprofunda, essas
relações contratuais aumentam e recebe um papel cada vez mais
fundamental;
o Transferência para o contrato de valores de coesão social (um depende
do outro);

 Contrato garante coesão social e fluidez de riquezas no sistema


capitalista;

o Nos contratos empresariais, começa a haver o surgimento de


princípios como a boa fé objetiva em substituição à boa fé subjetiva;
o kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk #dormi

 Boa fé objetiva: instrumento de interpretação do contrato com base


no direito de lealdade / padrões objetivos de comportamento que
devem ser seguidos. Não me interessa a vontade do sujeito, você olha
pro contrato, extrai a funcionalidade daquela porra (para que nasceu?)
e como a boa fé trabalha nas obrigações descritas ali;
 Segunda ideia: equilíbrio contratual. Um retrato do contrato. O que
está ali, pressupõe-se que está equilibrado;

 Mas, por exemplo, Código de 2002 coloca alguns intitutos que


possibilitam o “reequilíbrio” de contratos. Exemplo de
institutos? Instituto da Lesão (art. 157 CC?): contrato pode ser
revisado se uma das partes estava em extrema necessidade ou numa
posição de inferioridade em relação ao outro ─ isso é um dado
subjetivo. Outro exemplo de instituito de 02 é o da onerosidade
excessiva;

 Função social do contrato: contrato não gera efeito só entre as partes,


mas também faz efeitos a sua volta/efeitos sociais.

 Estado estabelece uma série de regulamentações visando proteger as


partes. Isso é feito com um critério de vulnerabilidade. Nascem alguns
sistemas de proteção contratual (consumidor, trabalhador são alguns
deles);

AS CONFUSÕES E TRETAS CONTRATUAIS

o Será que com essa diferenciação dos contratos não seria o caso de
voltar à separação dos contratos civis e contratos empresariais? Se
uma pessoa física pode ser uma consumidora, uma pessoa jurídica
pode ser consumidora? Aplico o código civil ou o código de defesa do
consumidor? Caso da definição de consumidor por equiparação
também pode dar merda no mundo empresarial, como proceder?
o EXTRA Na Alemanha, consumidor é só pessoa física, PJ não;
o Cód. do Consumidor nas relações empresariais pode dar várias
merdas. Como resolver?

 Teoria 1: maximalista
 Corrente minoritária;
 Tudo devia ser regido pelo Código de Defesa

 Teoria 2: finalista

o Pressuposto: consumidor é vulnerável na relação ─ e, portanto, é


vulnerável do ponto de vista
jurídico/técnico/informacional/’economica’ (este último nem sempre)
o Consumidor é o destinatário final;
o No caso de PJs, cada caso é um caso;
o Testes para saber se a pessoa é consumidora: o que estou consumindo
é um insumo para minha atividade produtiva?
o Produtor X Consumidor

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
11/03/2016
Aula 4
ATO E ATIVIDADE. A TEORIA NEGOCIAL E A EMPRESA ─
CONCEITO DE EMPRESA
1. INTRO

o Hoje: Conceito de empresa ─ de forma teórica e no CC brasileiro;


o Na evolução do direito comercial, em determinado momento,
chegamos na teoria da empresa. Empresa é o que define a abrangencia
e incidẽncia do direito comercial;
o T. empresa surge como volta da teoria subjetiva do direito comercial
─ substitui a ideia de comerciante pela ideia de empresa;
o Empresa ganha centralidade (principalmente sec XX);
o Problema: deixa de discutir só a circulação das mercadorias, mas
agora incluimos também a produção das mercadorias;
o O que ocorre? O fenômeno empresa é bem mais complexo que o
fenômeno comerciante;
o Comerciante: categoria de pessoas sobre a qual incidia algumas
regras;
o Como depois de um tempo todos nós somos um pouco comerciantes
(compramos, vendemos, trocamos, etc), esse conceito deixou de fazer
sentido;
o EMPRESA é um conceito bem mais complexo;
o Teoria da empresa nasceu. Sobreviveu ao
fascismo. ASQUINI identifica a empresa como um fenômeno
econômico poliédrico;

2. FENÔMENO ECONÔMICO POLIÉDRICO

o Perfis: objetivo, subjetivo, institucional e funcional


o Esse fenômeno abrange alguns conceitos/elementos gerais:
o 1. Organização dos fatores de produção;
o 2. Colocação de bens e serviços no mercado;
o 3. Visa ao lucro;
o 4. Facilita as trocas;
o 5. Corre riscos

2.1 PERFIL SUBJETIVO: EMPRESÁRIO

o As pessoas associam empresário a uma pessoa física ou a um


acionista. Essa relação não é necessariamente verdadeira;
o Acionista não é empresário. EX: posso ser um mané que tem ações da
petrobras
o O empresário é quem:
o 1. Exerce atividade econômica organizada; é realmente a empresa, não
se confunde com os órgãos sociais da empresa (diretoria, conselho,
etc);
o 2. Corre o risco técnico e econômico da atividade;
o 3. Responsável pela atividade;
o 4. Pode ser pessoa física ou jurídica;
o Para saber que é esse empresário, é importante identificar quem é o
sujeto de direito;
o Desconsideração da personalidade jurídica:
o a) personalização baseada na autonomização patrimonial
o b) hipótese clássica de desconsideração (CC art. 90);
o c) uso da desconsideração da personalidade jurídica;
o Lei do Registro das Empresas Mercantis lida basicamente com o
perfil sobjetivo da empresa;

2.2 PERFIL OBJETIVO: PATRIMÔNIO

o Muito ligado ao conceito de dinheiros / pecúnia;


o É o conjunto de posições jurídicas atibvas e passivas avaliáveis em
pecúnia + conjunto de bens empregado pelo empresário na produção;
o EX Súmula 451 STJ;

2.3 PERFIL FUNCIONAL: ATIVIDADE

o Conjunto de atos vinculados a uma finalidade + Força em movimento


dirigida para um determinado escopo produtivo = empresa é uma
atividde econômica sob a coorenação de um empresário;
o EX: Lei das SAs, art. 2° (“empresa de fim lucrativo)

2.4 PERFIL INSTITUCIONAL/CORPORATIVO:


ORGANIZAÇÃO

 Empresa tem uma função social;


 Núcleo social organizado em função de um fim econômico comum;
 Organização formada entre empresário, empregadores e
colaboradores;
 Funcionamento afeta interesses de diversos agentes;
 Atividade empresarial afeta várias pessoas, um grande entorno. Esse
perfil está ligado direitamente ao formato das SAs, nos quais o
controlador e o “dono” são pessoas diferentes;
 EX: Lei das SAs, art. 116

EXTRA Por que o mercado de capitais brasileiro é tão bosta a ponto


de o BNDES ter que investir em tudo?

 1. Investimentos feitos no mercado de capitais são investimentos de


risco (vide empresas do grupo X ). Para avaliar esse risco, preciso
de algum nível de transparência para saber o quanto vou me arriscar ─
coisa que só apareceu recentemente, pós Novo Mercado e afins;
 2. Não há poupança pública para esse tipo de investimentos. Essa
poupança pública é muito concentrada da mão de poucos. Nossos
velhinhos aposentados não são os caras investidores na bolsa ─
ninguém é investidor de verdade, só uma meia dúzia de
endinheirados;
 3. Não há cultura do risco. O empresário brasileiro espera chegar a
grana estatal (função de Estado-garantia / Estado-seguro);
 4. De uma perspectiva liberal, BNDES empresta a uma taxa de juros
baixa, o que faz com que as empresas apostem nesse caminho e não
no mercado de capitais;
 5. Quem vai para o mercado de capitais tem que abrir mão de algum
poder para se adaptar a certas regras de governança e transparência;

3. CONCEITO DE EMPRESA

 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividadeeconômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.
 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

3.1 EXERCER PROFISSIONALMENTE

 Reiteração
 Habitualidade
 Especialidade
 Risco
 Lucro

3.2 ATIVIDADE

 Cojunto de atos coordenáveis entre si, em função de uma finalidade


comum(Ascareli)
Ato Atividade

Sujeito à disciplina privatista Sujeito à disciplina publicista

 Existência  Licitude
 Validade  Regularidade
 Eficácia  Sujeição ao interesse público

 ATIVIDADE É DIFERENTE DE ATO


 Por que essa diferença é importante?
 Validade do ato não é afetada pela ilicitude ou irregularidade da
atividade (Ascarelli);
 Atividade é um “fato” (irrelevância da vontade do sujeito);
 Atividade desenvolve-se no tempo;
 EX Zara e acusada de usar trabalho escravo. Por que ela usou trabalho
escravo, o negócio jurídico que eu estabeleci de comprar uma camisa
não é invalidado. O fato da atividade dela ser irregular não torna meu
ato nulo/ivalido;

3.3 ATIVIDADE ECONÔMICA

 ECONÔMICO: tem de satisfazer uma necessidade que envolve


circulação de riquezas;
 [FIM ECONÔMICO] Sociedade (art. 981 CC) X [FIM NÃO-
ECONÔMICO] Associação (art. 53 CC);
 Fim não-econômico não distribui dividendos, não visa o lucro. Se der
lucro, tem que reverter tudo o que sobrou para a própria entidade;
 EXTRA Holdings seriam atividade não-econômica? Algum dia
falaram que sim, mas hoje isso já é um entendimento superado.
Holding é considerado atividade econômica

3.4 ATIVIDADE ORGANIZADA

 Hierarquia + Comando + Poder => Racionalização;


 Não precisa ser super complexo. Você tem empresários/empresas
individuais;
 Conjunto de bens: estabelecimento (art. 1.142 CC)
 EX Franquia. Uma atividade organizada por meio de contratos. Não
precisa estar tudo na mesma empresa;

3.5 PARA A PRODUÇÃO OU A CIRCULAÇÃO DE BENS OU


DE SERVIÇOS

 Para diferenciar da atividade de subexistência;


 A finalidade tem que ser a circulação de bens/produtos/serviços;
 QUESTÃO Você é um empresário e não coloca seu produto no
mercado. Faz um contrato de exclusividade com um só comprador,
por exemplo. Isso não é uma atividade comercial? Não, né cara.
Óbviamente continua um negócio empresarial. Sua estratégia só que
foi vender para o mesmo comprador;
 MERCADO É uma organização gerida pelo direito;

4. RELEVÂNCIA E APLICAÇÂO DA TEORIA DA EMPRESA

 LOCAÇÃO: Renovação compulsória da locação de estabelecimento


empresarial = proteção ao empresário, gerando locaçlão/renovação
compulsória;
 LEI DE FALÊNCIAS / REC. JUDICIAL: Só empresário tem direito
de falir;
 CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS: Ter um empresário em uma
ou nas duas pontas da relação é imporante para saber se você aplica o
código de defesa do consumidor, o CC, se respeita autonomia de cada
um (?), níveis de oportunismo nas relações. Empresário é uma
categoria autônoma, com regras e princípios próprios, dinâmica
peculiar, escopo de lucro bilateral; condicionamento da vontade
comum.

i. D o exercício da atividade (para as pessoas físicas) ou do escopo de


exercê-la (para as pessoas jurídicas) deriva um a qualificação do
sujeito. Essa qualificação constitui, por sua vez, o pressuposto para a
aplicação ao sujeito de um a disciplina especial, ou para a aplicação
de um a disciplina especial aos atos por eles praticados no exercício
da atividade.
Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial
Prof. Vinícius Marques de Carvalho
Monitores: Gabriela Adamo, Giovana Teodoro e Luiz Antonio Galvão
18/03/2016
Aula 5
SEMINÁRIO 1: TRESPASSE DE ESTABELECIMENTO
BUROCRAS

 Livro: moça Paulo F(?)

1. O CASO

 Tício é proprietário da doceria Adocica, super tradicional;


 Banco B compra a Adocica;
 Tício abre o trem;

2. CONCEITOS IMPORTANTES

 Estabelecimento
 Empresa ─ esse principalmente, dá para ficar discutindo durante um
semestre inteiro;
 Empresario
 Aviamente
 Clientela
 Trespasse
 Cláusula de não concorrência
 Concorrência desleal

2. ESTABELECIMENTO (por Oscar Barreto Filho)

 Complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constitui os


instrumentos de trabalho do comerciante;
 Formado por bens econômicos, ou seja, elementos patrimoniais;
 No caso, temos a doceria, o ponto físico, as mesas, as máquinas, os
instrumentos, o nome, a marca, o aviamento, a clientela… Tudo isso
entra no conceito de estabelecimento;
 É tudo o que você usa para aquele ponto funcionar como um ponto
comercial
 RESUMO: complexo e bens, material e imaterial, tudo o que é
utilizado pelo comerciante para a exploração comercial
 EXTRA Know How pode ser parte do estabelecimento? Até pode
(marromenos), mas não necessariamente. No trespasse, você não
necessariamente passao know how. O próprio trespasse você pode
passar os funcionários ou não;

3. EMPRESA

 Segundo Vivante: organismo econômico, produtos destinados à troca,


risco;
 Segundo Carvalho de Mendonça: técnico-econômica,
trabalho/capitais, risco;
 Segundo Oscar Barreto Filho: capital e trabalho, bens e serviços,
risco;
 O elemento da assunção de risco é ressaltado por todos os autores;
 Para alguns, a organização da atividade fica mais clara, para outros,
nem tanto;
 No CC, não há definição de empresa;
 Nosso CC é quase uma cópia do CC italiano. Lá ─ e aqui ─, no art.
966 há a definição de empresário
 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou
a circulação de bens ou de serviços.
 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.
 Para prof. Paula, empresa é um “feixe de contratos”;
 O conceito de empresa é organização dos fatores de produção;
 Empresário -> empresa -> estabelecimento;

4. AVIAMENTO

 Dentro do conceito de estabelecimento;


 IMPORTANTE PARA O SEMINÁRIO;
 É a capacidade de gerar lucro! Tudo o que é necessário para que o
estabelecimento dê lucro. Pode ser o ponto comercial, o renome, a
clientela… Tudo isso faz parte do aviamento, faz parte da capacidade
do estabelecimento de gerar lucro;

5. CLIENTELA

 É diferente de freguesia;
 Freguesia é o cliente que passa na frente do lugar, compra, mas não
está presa a aquele lugar ;
 A clientela são os clientes que estão fidelizados. Eles voltam ao
estabelecimento sempre. Não importa o porque: se é porque ama o
produto, se identifica com o dono, etc.
 Freguesia as vezes é usado como sinônimo, mas não necessariamente;
 Clientela é um dos aspectos do aviamento, uma das forma de
gerar lucro;
 Quanto melhor o aviamento, aumenta-se a clientela. Enquanto há
clientela, conserva-se o aviamento ─ mas não que um e o outro
seja necessariamente relações de causa e consequência;

6. TRESPASSE

 É a cessão do estabelecimento. Passar tudo parao novo dono para


fazer esse estabelecimento funcionar. No caso de funcionários, por
exemplo, se eu tenho um funcionários extremamente vital para o
funcionamento do estabelecimento, o contrato desse funcionário
precisa estar incluído para que se realize o trespasse;
 Oscar B. Filho diz: princípio de “resguardar a integridade do
aviamento, por ocasião da mudança de titularidade da casa
comercial”;
 Necessidade de “impedir, dentro de limites razoáveis, que a atividade
concorrente do antigo titular pertube a fruição do estabelecimento
adquirido pelo novo titular”;
 Quando você compete diretamente com quem comprou seu antigo
estabelecimento, você o prejudica. Prejudica o aviamento, prejudica a
clientela e o continuamento do estabelecimento;
 Para fazer o trespasse do estabelecimento, há 3 obrigações:
 1. DAR Transmissão dos bens que constituem fatores de clientela;
 2. FAZER Apresentar o novo titular, autorização para que ele se
qualifique como sucessor, o introduzir aos seus clientes;
 3. OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER Não prejudicar o novo dono,
não concorrer com ele;
 Hoje em dia não é tão comum fazer trespasse do estabelecimento
dessa forma antiga. Hoje você vende as cotas da ação do
estabelecimento. Todos esses acordos estão estabelecidos dentro de
um contrato de cessão do estabelecimento;
 NO NOSSO CASO, quando há uma direta concorrência com o novo
dono, você prejudica o trespasse do estabelecimento.

7. CLÁUSULA DE NÃO-CONCORRÊNCIA

 É um direito disponível. Isso pode ser livremente negociado pelas


partes.

 Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do


estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco
anos subseqüentes à transferência.
 Se eu tenho um contrato de trespasse, mas não tenho nenhuma
previsão de concorrência no contrato, pela definição de trespasse, há
uma não-concorrência pelos primeiros cinco anos!
 Numa venda de cotas, se a não-concorrência não está no contrato,
então pode concorrer A regra é concorrer. Até no caso do
trespasse, se isso estiver claro no contrato, pode concorrer
 Há limites para a questão da concorrência (art. 170 CF): materiais
(ramo de atividade); territoriais (âmbito geográfico); temporais (prazo
de não concorrência);
 TENSO: As vezes você precisa explici
 NO NOSSO CASO, nosso padeiro Tício estaria infringindo os 3
limites;

8. CONCORRÊNCIA DESLEAL

 Lei 9.279/1996: art. 195 e 209


 Desvio de clientela: antigo titular tem conhecimentos específicos
sobre a clientela, tem know how, sabe pontos fortes e fracos. O novo
proprietário não sabe como o antigo dono sabe. Se eles concorrem
lado a lado, é uma concorrência desleal;
 Má-fé: prática contrária a boa-fé. O antigo dono, que vendeu o
estabelecimento prejudica o novo dono. Clientela inclusive está no
valor de venda da empresa. Se você adota uma prática que reduz a
clientela do estabelecimento que você acabou de alienar, você diminui
também o valor da bagaça;
 Princípio: contratos devem ser interpretados e executados de boa-fé;
 NO NOSSO CASO: Obrigação de não-concorrência do CC

9. CASO: CONDE ÁLVARES PENTEADO / CASO DA CIA DE


JUTA

 Cia. Nacional de Tecidos de Jura X Conde Álvares Penteado;


 Conde fez o trespasse do estabelecimento para novo proprietário;
 Conde foi lá em seguida e abriu uma nova fábrica de tecidos, muito
parecida com a original;
 O novo dono ficou bem puto e queria a grana dele de volta + juros de
mora + indenizações;
 O Conde e a nova companhia deveria indenizar o novo dono;
 Pesquisar para descobrir o final

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
Monitores: Gabriela Adamo, Giovana Teodoro e Luiz Antonio Galvão
29/04/2016
Aula 6
CASO: CONCEITO DE EMPRESA E DE EMPRESÁRIO
0. BUROCRAS

o Textos do dia parecem ser bons e fáceis. Consultar: Ascarelli e


Verçosa;

1. O QUE É UMA EMPRESA?

o Parece uma pergunta óbvia, mas é um problema;


o Empresa: tem um regime jurídico próprio, diferenciado;
o Tributações são diferentes; tem a questão da falência (recuperação
judicial). Enfim, tem uma série de dispositivos feitos só para ela ─
mas para isso, tem que saber o que é empresa;
o A princípio, empresa é empresário;
o Art. 966 CC: Conceito de empresário (é o que o CC define. Ele não
define empresa, mas sim, o empresário);
o Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.
o Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

2. ELEMENTOS DE UMA EMPRESA

 1. Faz atividade econômica: cria um produto, mexe com riqueza.


Essa atividade não abrange apenas o usufruto do bem, mas exige uma
postura ativa. Essa atividade tem que ter, por finalidade, a busca do
lucro (mas, lembrando, tentar não é conseguir #vidadura);
 2. A destinação dessa atividade tem que ser ao mercado: quem
planta laranja em casa e come a laranja está produzindo riqueza
(produzindo lucro), mas, como isso não foi destinado ao
mercado/terceiro, não é atividade econômica. Aliás, mercado não é
uma coisa inespecífica/a disposição de todos. Uma empresa também é
uma instituição que só tem um cliente específico (por exemplo,
aquelas industrias que só montam o iPhones da Apple / ou
fornecedores de peças). POLÊMICOS Artistas, por exemplo,
dedicados a produzir o belo,
 3. Organização: mas não necessariamente precisa ser algo complexo.
Pode ser uma empresa familiar. EX: um mercadinho, um bar, etc.
Mesmo sendo pequeno, ele tem uma ideia de
organização/profissionalismo: há compra de insumos, há
contabilidade, etc. Não precisa nem ter mais de uma pessoa, há
organizações de uma só pessoa também. EX: pipoqueiro ─ é uma
pessoa só com um carrinho de pipoca, mas mesmo assim, ainda é
organização;
 4. “Estabelecimento”: A ideia é ter algo físico no qual o empresário
pode se organizar. Esse conceito, hoje, está ficando cada vez mais
elástico por causa das novas tecnologias. EX: estabelecimento no caso
do pipoqueiro é a questão da habitualidade: ele tem seus
equipamentos, repete uma rotina, etc.;
 5. Profissional: não está ligado a formação, mas sim, ligado a
habitualidade. Você exerce aquela atividade reiteradamente. Esse
conceito é mais uma questão de soma dos dois primeiros (atv.
econômica) mas de forma profissional;
 [EM RESUMO] Trocas de bens e serviços no mercado: volta um
pouco ao ponto 2 (quase uma soma dos anteriores). Seu produto da
sua atividade é colocado a disposição dos terceiros;
3. PARAGRAFO ÚNICO DO ART. 966

 Quem exerce profissão intelectual não é considerado empresário.


EXEMPLO: nós, advogados, fazemos uma atividade intelectual, ou no
caso de arquitetos, artistas, profissionais liberais nessas áreas criativas
no geral. Há efetivamente uma atividade, é profissional, é organizada
e é para o mercado. Mesmo assim, o p. único do art. 966 não
considera esse profissional como empresário. Porque isso? Sei lá! A
discussão é louca;
 EXTRA Código de Defesa do Consumidor olha para o consumo, não
olha se é um empresário ou não (portanto, profissionais liberais
também entrariam em questões relacionadas ao CDC);
 EXTRA2 Clientes de um advogado são considerados clientela? Teria
uma questão de aviamento quando você sai de um escritório e resolve
abrir o seu? (Art. 16 do estatuto da OAB diz que atividade de
advogado não é “atividade mercantil”. Teoricamente o advogado está
exercendo uma atividade com fim social, por isso, não seria “atividade
mercantil” [até por isso que, no Brasil, é proibida a propaganda de
coisas de advogado]) ─ enfim, essa discussão é bem cinzenta e as
pessoas na sala estão causando. Por favor, amigos, calma #beijinho;


 EXTRA3: Tem um bom acórdão sobre a questão do ECAD e da
distribuição dos direitos autorais de artistas. Esse organismo
administra os direitos autorais dos artistas brasileiros. Claramente é
uma atividade muito bem organizada. Em dado momento, surgiu uma
questão: sobre isso vai incidir imposto de circulação de bens e
serviços? É um serviço? No acórdão, entraram na questão do que seria
empresa. Decidiram que isso não é serviço, não haveria um caráter de
atividade econômica quando o ECAD distribui os dinheiros de direito
autoral para os artistas, isso não é um mercado;
 Verçosa diz: definição de empresário é uma coisa ainda em
desenvolvimento. Enrijecer demais esse conceito pode ser ruim. EX:
Se o código dissesse que “estabelecimento” tivesse que ser físico, uma
série de startups ficariam de fora do conceito de empresa; EX2: O
traficante é empresário? Não, pois há a questão de ilicitude ─ o
mesmo para o caso de um camelô que vende produtos
falsificados/contrabandeados. Entretanto, um camelô com produtos
regulares pode ser considerado um empresário (se não for
registrado/não
 EXTRA4: Uma empresa pode existir e desrespeitar uma série de leis:
trabalhistas, do consumidor, de tributos, etc. Ela é uma empresa toda
errada, mas, ainda assim, é uma empresa. O conceito de empresa não
está ligado a “se tudo funciona bonitinho”;

4. O CASO

 3 migos formados em direito abrem um escritório;


 1 mané cuida das burocracias ─ é o administrador de fato;
 A estrutura do escritório vai crescendo muito;
 O mané administrador não consegue dar mais conta;
 Contratam uma empresa para administrar;
 Abrem uma filial do escritório em BSB;
 SUPER ESCRITÓRIO: tem uma estrutura gigante. Tem copeira, tem
limpeza, tem bibliotecário, tem um monte de gente e serviços
diferentes. Isso é uma empresa?
 O FINAL DO P. ÚNICO do art. 966 fala salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa
 Filial, por exemplo, não é algo que faz parte do conceito de atividade
intelectual. Filial não é mais um caso de empresa? Há uma relação
indissolúvel entre os elementos do escritório e do elementos definidor
de empresa?
 O caso da contratação de consultoria para a administração é caso
de profissão intelectual ou caso de uma empresa?
 Esse conceito de empresa está muito mais ligado ao fim, à atividade
da instituição. Lembrando que os elementos da empresa são: I.
atividade econômica; II. organizada; III. profissional;
 EXTRA CNPJ não é algo definidor de empresa (lembrar exemplo do
pipoqueiro, que é considerado um empresário);
 FILIAL: é uma espécie de uma outra sede, uma forma de você
estender seu braço // FRANQUIA é uma forma de você terceirizar sua
empresa, você vende os direitos e a “personalidade” da sua empresa
para que outros também a possam explorar;
 PESSOALIDADE. O profissional liberal aliena a própria pessoa, seu
trabalho está relacionado ao próprio individuo e sua capacidade. Ao
pensar no caso de um grande escritório, quando você contrata esse
escritórião, você, às vezes, nem sabe quem é a pessoa que vai cuidar
do seu caso, quem efetivamente vai colocar a mão na massa. Quando
o CC fala em profissional liberal, há essencialmente essa relação
pessoal;
 EXTRA Caso do Hospital. Embora que ele dependa do seu corpo
médico, ele funciona independentemente do seu corpo médico.
Quando você vai lá, você não sabe qual médico vai te atender;
 P.ÚNICO 966: surgiu exatamente por essas relações de confiança com
o profissional. APESAR disso, o Ascarelli fala que não é
pessoalidade, mas sim, uma forma diferente de legislar um tipo de
relação comercial;
 “Profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se
a organização dos fatores de produção for mais importante que a
atividade pessoal”;
 Vale dar uma olhada
aqui: http://marciomorena.jusbrasil.com.br/artigos/121943993/quem-
e-o-empresario-na-legislacao-brasileira
 A organização de um grande escritório pode ser fundamental no caso
prático;
 “Não vamos pensar em tamanho”! Um pipoqueiro é muito pequeno e
ele pode ser considerado empresário. Por outro lado, posso ter um
escritório gigantesco que não é considerado empresa, mas posso ter
uma clínica médica pequena que é considerada empresa por alguma
especificidade;
 “Não vamos associar categorias amplas, do tipo grande ou pequeno”;
 Ascarelli fala disso e da valoração social dos conceitos. Ao definir
atividade econômica, a valoração social daquilo muda com o tempo.
EX: o que você faz por prazer e que não é econômico ─ mas que pode
acabar virando uma atividade econômica pelos lucros auferidos;
 “Não é pelo tamanho do escritório, mas sim, por exemplo, com
relação ao departamento jurídico da empresa”. EX: A Johnson &
Johnson vai continuar existindo independente do departamento
jurídico dela existir ou não. Agora, num escritório de advocacia, o
que seriam os fatores de produção senão o próprio advogado com
o trabalho dele;
 EXTRA Sociedade Uniprofissional. Conceito de direito tributário.
Não é saber se a empresa está no Simples Fiscal, ou microempresário,
ou SA que vai me levar a cravar se estamos falando efetivamente de
uma empresa ou não. Isso é conceito de direito tributário, outro ramo
de direito, e não de direito empresarial;
 EXTRA Falência. É um instituto reservado para uma empresa. Se o
Oscar Niemayer entra num regime de insolvência, ele não tem direito
ao instituto de falência ─ porque ele não é empresa;
 EXTRA Sociedade Simples: funciona no Brasil, para fins práticos,
nos casos de escritórios de advocacia. Ele recolhe impostos, tem
CNPJ, há um regime burocrático semelhante ao do funcionamento
 QUAL O PROPÓSITO DO EXERCÍCIO Trabalhar os elementos
definidores e justificar se aquilo é uma atividade empresária ou não ─
e chega a uma conclusão que esteja harmonizada com os elementos
jurídicos e com os argumentos apresentados até ali;
 É isso que vai auxiliar em tudo o que fazemos de direito comercial
daqui para frente. Todos os dispositivos do direito empresarial
dependem dessa definição;
 EXTRA Estatuto da Ordem facilita no exercício, MAS não se limite a
ele. Tente discutir um pouco mais. POR EXEMPLO, tente colocar
esse mesmo exercício como uma sociedade de arquitetos;
 “A gente não quer uma resposta pontual, mas uma resposta que
integre os conceitos”. Usar texto do Verçosa;
 EXTRA OSIP (Org. Social de Int. Público // ONGs). Até presta um
serviço e recebe por esse serviço, mas a grana vai para fins sociais. O
que mais difere aqui é a finalidade do lucro. Eu até quero lucrar, mas
para reinvestir socialmente. OSIP é uma exceção à regra.

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
06/05/2016
Aula 7
CONCEITO DE EMPRESÁRIO E NÃO EMPRESÁRIO +
FORMAS DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
(Observação para o caro leitor: essa aula está cagada. Professor juntou
duas aulas em uma e passou MUITO rapidamente pelos tópicos, então
está tudo muito resumido)
PARTE 1
CONCEITO DE EMPRESÁRIO E NÃO-EMPRESÁRIO
1. O EMPRESÁRIO

 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.

2. CONSEQUÊNCIAS DESSA DEFINIÇÃO

 Tem consequências na relação trabalhistas. Na CLT, art. 2° e art. 448:


 CLT Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
 CLT Art. 448 – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica
da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos
empregados.
 NO CÓDIGO CIVIL
 Empresário responde a partir de uma lógica de responsabilização
objetiva
 CC Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
empresários individuais e as empresas respondem independentemente
de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
 E questão de casamento
 CC Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga
conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que
integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

3. REGIME JURÍDICO DO EMPRESÁRIO

 O que é necessário para exercer atividade empresarial?

1. Registro (art. 967 CC).


 É “obrigatório”. Sem registro, pode causar uma irregularidade
 CC Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de
sua atividade.
 (EXTRA Art. 97 e 48 da Lei das Falências ─ quem pode pedir
falência)
 Importância do registro: publicidade, presunção de legalidade,
segurança jurídica para o empresário e para quem o contrata,

2. Capacidade

 CC Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que


estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente
impedidos.

3. Ausência de impedimentos

 Leis especiais. Código Comercial (art. 2°)

4. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 Empresário: não necessariamente é uma pessoa física. No Brasil,


grande maioria dos “empresários” são sociedades empresárias;
 O empresário individual, aí sim, é pessoa física

5. NÃO-EMPRESÁRIO

 CC – Art. 966 Parágrafo único. Não se considera empresário quem


exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
 A gente já viu isso no seminário;
 O debate sobre esse ponto é louco;
 Historicamente, essa distinção entre “atividade intelectual” e as outras
até era justificável, mas hoje fica meio capenga;

6. O QUE SIGNIFICA “CONSTITUIR ELEMENTO DE


EMPRESA”?

 Baseado no grau de personalização da atividade? Mesmo que eu seja


um médico dentro de um grande hospital, meu atendimento com o
paciente sempre será one-to-one;
 Baseado no alto grau de organização da atividade? Aqui começa a
fazer um pouco mais de sentido. Eu, médico, dentro de um grande
hospital, sou só mais um funcionário/empregado. O hospital é que se
torna uma grande empresa. A atividade do médico em si é só mais um
serviço


PARTE 2 DA AULA
FORMAS DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
1. NATUREZA JURÍDICA

 Direito das organizações privadas (Wiedmann)


 O que é a sociedade? No fundo, é uma associação;
 Associação como gênero, sociedade como espécie;
 Sociedade é associação diferenciada pelo exercício de atividade
econômica com escopo de lucro

2. SOCIEDADE X ASSOCIAÇÃO

 As duas são formas de organização;


 Diferem com relação ao objeto e objetivo;

2.1. ASSOCIAÇÃO

 Até pode ter atividade econômica, mas não pode distribuir seus
resultados para seus membros;
 Ao dissolver a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido,
será destinado à entidade de fins não econômicos designada no
estatuto;
 O que POSSO fazer? Posso, por exemplo, realizar um curso, cobrar
entrada, pagar professores, pagar contas de luz, pagar minha secretária
que presta um serviço, etc.
 O que NÃO POSSO fazer? A grana que sobrou do meu curso não
pode ser dividida para o sócios como se fossem dividendos;
 O MP tem, teoricamente, o papel de “zelador” das associações. Ele
pode fiscalizar se as associações estão funcionando direitinho;
2.2. SOCIEDADE

 Ao dissolver a sociedade, o lucro será partilhado entre os sócios;


 CC Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados.

2.3. CONDOMÍNIO

 Não é um contrato, é uma situação jurídica. Não tem personalidade


jurídica, mas tem CNPJ #wat?
 É só uma matéria de gerir um patrimônio comum, não distribui
dividendos;

3. TIPOS DE SOCIEDADE

 Principal diferença é a personificação. A consequência é a


autonomização do patrimônio;
 1. Sociedades personificadas: Sociedade Simples, Sociedade
Limitada e Anônima (CC art. 997 e seguintes)
 Sociedade Simples X Sociedade Empresária. Divisão do art. 982 CC;
 CC Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
 Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa
 Tem umas tretas relacionadas a sociedade simples. Na definição,
sociedade simples é aquela que não é a sociedade empresária
(portanto, uma definição residual). Mas uma sociedade simples pode
ser organizada de maneira limitada;
 Agora já a Sociedade Empresária pode ser ou Limitada ou Anônima.
Sociedade Anônima é sempre empresária #táconfuso
 2. Sociedades não personificadas: são as Sociedades em Comum
(art. 986 a 990 CC);
 Sociedades em Comum são sociedades de fato
 3. Sociedades em Conta de Participação (arts. 991 a 996 CC);
 Dois tipos de sócio: ostensivo e participante;
 É pouco usado na vida prática

4. SOCIEDADE COOPERATIVA

 Fica no meio do caminho entre sociedade e associação;


 Grana é dividida entre os sócios de acordo com as cotas;
 Lei 5764/71

5. MAIS SOBRE A GRANDE CONFUSÃO QUE ESTÁ ESSA


AULA. LIMITADAS X ANÔNIMAS
5.1 SOCIEDADE LIMITADA

 Art. 1052 CC
 Divisão do capital em quotas;
 Sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social

5.2 SOCIEDADE ANÔNIMA

 Lei das SAs (Lei 6.404/76)


 Dividida em ações, que limitam a responsabilidade dos sócios;
 Sócio não responde por alguma merda que a empresa fizer, só o
dinheiro dele responde se a empresa morrer

6. IMPUTAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

 Ordenamento da empresa: quem manda. Geralmente, ou está escrito


na lei ou está escrito no estatuto;
 Estado do sócio:
 Ordenamento patrimonial: organiza a empresa como patrimônio.
Dinheiros vem pra onde e vai pra onde, como (se) sócios são
responsabilizados
7. SOCIEDADE UNIPESSOAL ─ EIRELI (Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada – art. 44, VI CC)

 Uma pessoa constitui uma empresa pessoa jurídica e tem


responsabilidade limitada (eu, pessoalmente, não respondo pelo
patrimônio da empresa);
 Características: um único indivíduo, uma única EIRELI por pessoa
(mas isso é polêmico, posso ter uma EIRELI constituída por uma
sociedade? O pressuposto hoje é que não); capital inicial de 100
salários-mínimos (o que é criticado por ser muito elevado);

EXTRAS MIcroempresa: é um “selo” que você dá para alguém, com


capital, faturamento, etc. e que concede alguns benefícios/incentivos
tributários
Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial
Prof. Vinícius Marques de Carvalho
Aula 8
13/05/2016
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL + PROPRIEDADE
INTELECTUAL
0. RELEMBRE E INTRODUÇÃO

 Aula passada: perfil subjetivo de empresa;


 Hoje: perfil objetivo de empresa ─ ligado a noção de estabelecimento
empresarial
 Também vamos falar de propriedade intelectual (pois os direitos
ligados a prop. Intelec. Estão ligados a noção de estabelecimento

1. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. O QUE É?

 ESTABELECIMENTO tem uma dimensão objetiva. Mas também não


é só isso. Há uma associação direta entre as ideias de estabelecimento
e patrimônio;
 Empresa como PATRIMÔNIO:
 1. Conjunto de posições jurídicas ativas e passivas avaliáveis em
pecúnia;
 2. Conjunto de bens empregado pelo empresário em sua atividade;
 ESTABELECIMENTO: Conjunto de bens, materiais e imateriais,
destacado pelo empresário para exercício da atividade empresarial
(art. 1.142 CC);
 EXTRA Dívidas também fazem parte do estabelecimento? Sim!

2. MAIS SOBRE O CONCEITO DA NOÇÃO DE


ESTABELECIMENTO

 Classificação de BENS;
 Singulares e coletivos. Universalidade;
 EXEMPLO Se pensamos na São Francisco como um estabelecimento,
as cadeiras são bens (materiais). Mas também uma aula muito boa (ou
ruim) de um professor também pode ser considerado um bem
(imaterial). A polêmica é conseguir determinar o valor desses bens
imateriais;
 UNIVERSALIDADE DE FATO: 1. Complexo de coisas autônomas;
2. Destinação unitária; 3. Vontade do sujeito;
 CC Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação
unitária.
 Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser
objeto de relações jurídicas próprias.
 UNIVERSALIDADE DE DIREITO: é um conceito jurídico
determinado por lei. Envolve: 1. Complexo de posições jurídicas,
ativas e passivas;
 Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.

3. BENS MATERIAIS, MÓVEIS OU IMÓVEIS

 O bem imóvel faz parte do estabelecimento? A doutrina, de maneira


geral, diz que sim. Mas há opiniões diversas. EXEMPLO Tenho uma
padaria num prédio alugado. Quando eu vendo meu estabelecimento
‘padaria’, eu não vendo o imóvel ─ já que ele não é meu, é alugado;
 Mas esse bem imaterial, quando está associado a um certo tipo de
estabelecimento, tem um valor diferenciado, tem um valor de ponto
comercial;
4. BENS IMATERIAIS. PROPRIEDADE INTELECTUAL

 DISCUSSÃO. Há bens materiais/intangíveis do estabelecimento. É


necessário tentar imaginar um valor para esses bens ─ e esse é o ponto
difícil/polêmico;

TIPOS DE BENS IMATERIAIS


4.1 NOME EMPRESARIAL

 Tudo que envolve nome, tendemos a fazer associação com o direito da


personalidade.
 Teoricamente, o nome empresarial não pode ser alienado ─ mas
isso no contrato de trespasse de estabelecimento;
 Mas, por exemplo, você pode fazer contratos de licenciamento,
comprar cotas, transformar o negócio em outro tipo de empresa…
Com tudo isso, dá para “alienar” o nome empresarial. Então essa
história aí de alienação de nome é pouca bosta;
 Firma ou razão social. Empresários individuais têm firmas.
Geralmente, é o nome da pessoa e a atividade empresarial.
EXEMPLO “Da Silva Cabeleireiro”. É um nome empresarial que
contém o nome dos que participam da atividade;
 Denominação social. Expressão fantasia. Não tem o nome do sócio;

5. ATRIBUTOS DO ESTABELECIMENTO
5.1 AVIAMENTO

 Aptidão do estabelecimento de produzir lucro;


 Aviamento objetivo: elementos objetivos do estabelecimento. Bens,
forma de organização, matérias-primas, equipamentos, etc;
 Aviamento subjetivos: deriva da pessoa e do prestígio do titular e que
lhe é indissoluvelmente unido. É difícil manter esse tipo de aviamento.
EXEMPLO Chefe do restaurante;

5.2 CLIENTELA
 Pessoas que mantém, com o estabelecimento, relações continuadas de
procura de bens e serviços;
 É uma coisa contínua;
 Clientela não faz parte do estabelecimento (afinal das contas, não dá
para alienar a clientela). Mas ela é considerada atributo do
estabelecimento pois a clientela é uma manifestação externa do
aviamento;

6. PROPRIEDADE INTELECTUAL

 Direitos de PI fazem parte dos bens imateriais que podem compor o


estabelecimento;
 PI é um direito que se deriva da criação. Não tem direito de PI sobre
uma “descoberta”. Não dá para patentear uma descoberta;
 Direitos de PI é uma forma de recompensar os criadores
pelo benefício à sociedade, pela alocação de esforços e
capital investido, um estímulo à inovação;
 DISCUSSÃO Propriedade intelectual é um tema controverso. Um
laboratório que cria uma cura para a AIDS, eles devem ter direito à
propriedade intelectual para esse medicamento? Eles têm direito a um
monopólio de algo que pode ajudar toda a humanidade? Mas se eu não
tivesse esse sistema de patentes, será que eu não diminuiria o
incentivo para esse tipo de inovação?

6.1 OBJETIVO DA PI?

 Informação! Informação é a medida do valor da propriedade


intelectual para análise do impacto econômico e das consequências
sociais da exclusividade;
 Patente. Invenção, novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial;
 Marca. Características que informam um tipo de bem ou serviço ao
consumidor;
 Direito autoral. Características estéticas;
 EXTRA Principalmente com relação a patentes, países têm suas
legislações locais, mas há um acordo (Trips?) com diversos países
signatários. China, por exemplo, não é signatária. Quer instalar sua
industria no país? Vai ter que fazer transferência de tecnologia;

6.2 CARACTERÍSTICAS DA PI

 Proteção a bens intelectuais e imateriais;


 Natureza jurídica de propriedade com peculiaridades. Direito
autoral tem suas peculiaridades. EXEMPLO Exploração econômica de
um direito autoral é de 70 anos depois da morte do autor ─ e aí então a
obra cai no que chamamos de domínio público;
 Titularidade de um monopólio;

6.3. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. TIPOS

 1. Patentes de invenção e de modelo de atividade;


 2. Registro de desenho industrial;
 3. Registro de marca;

6.4 DIREITOS AUTORAIS

 Direito civil;
 Lei 9.610/98
 Direitos do autor e os que lhe são conexos;
 Bens móveis;
 Proteção a obras intelectuais;
 Proteção independe de registro;
 Embasamento constitucional. Art. 6°, inciso XXVII e XXVIII;
 Art. 7° CF tem a lista do que pode ser protegido por direito autoral;

7. INTERDIÇÃO À CONCORRÊNCIA

 CF Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do


estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos
cinco anos subsequentes à transferência.
 Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do
estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o
prazo do contrato.
 A questão é: o que é concorrer?
 O problema é quando o contrato estabele uma concorrência que vai
além do mínimo básico que esta legislação diz (cinco anos, espaço
geográfico, produto). EXEMPLO Tenho uma rede de padarias,
compro uma padaria de um mané no Jaraguá ─ mas faço ele assinar
um contrato de interdição à concorrência para a cidade de São Paulo
inteira!

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
Aula 9
20/05/2016
PERFIL FUNCIONAL, CONCORRÊNCIA
1. PERFIL FUNCIONAL

 Olhar para empresa a partir da noção de atividade econômica. Como


pensar a empresa como algo que exerce uma atividade tendo por
objetivo um lucro e que envolve risco? E como o direito regula essa
dimensão específica do perfil empresarial?
 Estado implementa uma série de regulações. Campo do direito
empresarial em que há mais proximidade com o direito econômico.
Estamos olhando para as ferramentas que o Estado tem para intervir
no mundo econômico e na atividade das empresas;
 Hoje, vamos ver o direito concorrencial como uma das ferramentas
que o Estado tem para intervir na economia. É importante entender
como ele se insere nessa ambito de outras ferramentas;

2. FORMAS DO ESTADO INTERVIR NA ECONOMIA

 1. Diretamente: quando o Estado tem empresas estatais/empresas


públicas ou de capital misto para intervir diretamente na economia ─
produção, pretação de atividades, controle de todas as variáveis
possíveis dentro daquele ramo. Se o Estado exerce essa atividade
sozinho, por meio de um monopólio, o controle é ainda maior.
 EXEMPLOS Banco do Brasil: sociedade de economia mista (segundo
o professor, mas que ficou em dúvida), exerce atividade bancária,
concorre com outros bancos mas também exerce algumas atividades
públicas ─ BB concede crédito a atividade agrícola. PORTANTO,
exerce uma política pública mas também concorre com as empresas.
Pode até regular, de alguma forma, uma área econômica. EXEMPLO
2 Crise de 2008, BB e Caixa eram os bancos que abriam ou fechavam
a torneirinha do crédito;
 2. Regulação econômica. Estado não intervem diretamente, mas
regula empresas privadas que prestam um determinado serviço ─ hoje,
no Brasil, por meio das agências reguladoras, mas não só através
dessa forma. EXEMPLO MEC hoje controla questões de empresas
educacionais, sem uma agência. Ancine, Anvisa, etc.
 EXEMPLO 2 No setor de bancos, o Banco Central é quem regula o
setor. Há algum tempo, o BC percebeu que a concorrência entre os
bancos era prejudicada por dois fatores centraus: dificuldade para
trocar de banco e diferenças nos nomes das taxas em cada lugar. BC
regulou essas duas questões, fez a portabilidade e a padronização das
taxas e nomes ─ ainda fez a instalação do cadastro positivo, com share
dos dados dos bons pagadores; Regulação às vezes pode ser mais
direta: definição de o que seria a empresa daquele setor, quanto de
capital ela precisa ter, etc.
 3. Defesa da concorrência. Na nossa economia, é universal: não há
exceção em nenhuma área e de nenhuma empresa à defesa da
economia. Defesa da concorrência atua de maneira diferente nos
mercados. Oligopólio/monopólio não é conduta! Um monopólio pode
acontecer, ué. Pode ser algo legal. A intervenção da defesa da
concorrência é sempre eventual, residual e reativa
 Eventual porque acontece em momentos específicos. Ela não
estrutura os mercados;
 Reativa pois é consequência de uma conduta empresaria. Não é
consequência de um estado (um monopólio/oligopólio), é
consequência da conduta de uma ou mais empresas;
 Residual pois o produto que entrega, como intervenção estatal, terá
que se direcionar ao efeito recorrente daquela conduta. EXEMPLO
Fusão de empresas: uma empresa que tinha 50% do mercado compra
outra que tinha 50% do mercado; ela precisa submeter essa fusão ao
CADE; CADE pode reprovar essa fusão, mas não pode, por exemplo,
fatiar mais esse mercado do que já estava dividido;
 Legislação de truste americana foi criado pensando que se deveria
criar um modelo ideal de concorrência empresarial. Antitruste não
conseguiu resolver isso a realidade, na qual acontecia sim monopólios,
oligopólios e afins. Na virada do século, uma ideia 1. era fazer ainda
mais antitruste, ainda mais regulação (CASO Rockfeller e petróleo,
fatiou as empresas do cara). Ideia 2. era regular mais o mercado; nos
EUA, foi o New Deal e surgimento das agências reguladoras. Na 2a
metade do sec. XX, ideia 3. pensar que a concentração de poder
econômico também é competição, não é necessariamente ruim; o
processo competitivo leva naturalmente as empresas a tentarem serem
grandes; defesa de concorrência tem que levar isso em consideração
para entender onde há abuso de poder econômico;

3. CONCORRÊNCIA E BRASIL

 3 movimentos: década de 60, anos 90 e segunda década dos anos


2000;
 Déc. 1960: defesa da concorrência tinha a ver com a perspectiva dos
países em desenvolvimento, defesa do mercado interno contra os
trustes e carteis internacionais;
 Obedecia a uma cartilha nacionalista ─ e, no fim das contas, serviu
para proteger a criação da indústria interna do Brasil. Regulação aqui
nasceu no governo de Getúlio e foi aprovado só em João Goulart;
 Veio o golpe de 1964, arranjo entre capital nacional e capital
estrangeiro. A lei de defesa da concorrência virou pó;
 Anos 90: fim da ditadura, privatizações e desregulamentações. Gov.
Collor e discurso: Estado tem que sair da economia, tem que
desvincular e órgãos de desefa da concorrência vão ser interessante
para preservar as relações no mercado;
 1994: lei da concorrência nasce como forma de manutenção do estado
liberal. Intervenção mínima. Criação do CADE (mas um CADE
pequeno, intervindo pouquíssimas vezes);
 Em 1996, Cade acaba começando a fazer barulho;
 EXTRA Difícil encaixar a defesa da concorrência ideológicamente.
Isso é esquerda ou direita? É liberal ou é controle do Estado? Cara de
esquerda quer monopólio do Estado e afastar o capital internacional.
Cara de direito quer desregular tudo, “deixar tudo rolar”, quer intervir;
 EXTRA Quando o sindicalismo foi mais forte? Nessa época da década
de 1960/70, quando existia grandes oligopólios. A partir da década de
1970, quando você tem esses choques de concorrência, as pessoas
ganham como consumidores, mas perdem como trabalhadores;
 De 94 a 2011, evolução;
 2011 (Lei 12.529), uma nova lei de defesa da concorrência, mais
interventiva. Aumentou a capacidade de atuação do Cade, aumentou o
tamanho e deu mais independência ao Cade; fusões e aquisições virou
uma questão de análise prévia: na lei nova, Cade tem que analisar o
caso antes dele se consumar;
 Cade: eventual, reativo e residual. São casos, teoricamente, pontuais;
 EXEMPLO Dono de pizzaria liga para outras pizzarias para descobrir
quanto eles cobraram pelas pizzas mais comunzonas. Com base nessa
“pesquisa”, ele tenta decidir que preços vai colocar, se mais, se
menos. Isso é cartel? Não! Ele não combinou preço com ninguém. É
uma atitude própria, de risco assumido

4. CONDUTAS EMPRESARIAIS;
4.1. ATOS DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA (fusoes e afins)

 Vai ser a função preventiva do Cade


 Operações societárias (fusão, aquisição, joint venture). Quando isso
acontece, você tem que submeter ao Cade ─ quando está na faixa de
dinheiros que a lei prevê;
 Atos de concentração verticais Integração na cadeia produtiva. EX
Empresa de cimento compra uma concreteira;
 Horizontais Empresas iguais, mesmo negócio;
 Conglomerados. Não é horizontal nem é vertical. Empresa compra
outras empresas de outros mercados. No geral, não dá problema ─
mas as vezes os mercados podem ser próximos ou potencialmente
podem se tornar um mercado só;
 Cooperações econômicas. Não são duas empresas se tornando uma,
mas sim, duas empresas fazendo um contrato associativo ou uma joint
venture para produzir um novo produto ou para organizar uma
pesquisa tecnológica;

4.2. CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS STRICTO SENSU


4.2.1 PRÁTICAS RESTRITIVAS

 Função proibitiva do Cade;


 Práticas restritivas é uma ação de uma só empresa ─ com relação a
todo o mercado ou com relação a uma só outra empresa
 VERTICAIS Práticas que as empresas fazem na cadeia produtiva
 Verticais ─ Exclusividade EXEMPLO Sou uma cimenteira e faço
contrato com uma concreteira que diz que essa concreteira só vai
comprar cimento de mim. Pode ser ruim, pode não ser ruim, depende
se forma monopólio
 Verticais ─ Fixação de preço de revenda EXEMPLO Eu sou a Nike
e digo que o tênis Nike X vai custar o mesmo preço em todos os
revendedores. Todas as lojas praticam o mesmo preço. Isso pode ser
uma conduta anticompetitiva como pode não ser uma condita
anticompetitiva, depende da análise de mercado (que só vamos
descobrir no curso de concorrência);
 Verticais ─ Discriminação de preços
 UNILATERAIS Direcionada ao consumidor final
 Unilaterais ─ Preço predatório
 Unilaterais ─ Preço abusivo Vender por preço muito caro
 Unilaterais ─ Boicote Boicote organizado no setor ─ EXEMPLO
Médicos que se recusam a atender os planos de saúde porque não
concordam com os preços que os planos pagam ─ há uma discussão se
isso é boicote, se isso pode ou não;

4.2.2 PRÁTICAS CONCENTRADAS

 Aquelas em que as empresas agem de maneira coordenada entre elas


 Cartéis
 Cartéis em licitações Conduta específica, combinar preço em
licitações públicas
 Cartéis difusos Acontecem pontualmente em relação a uma situação
específica EXEMPLO Crise de abastecimento no setor
 Cartéis institucionalizados/clássicos São os que se organizam ao
longo do tempo, tem uma governança, dividem mercado, organizam
os padrões de qualidade da indústria
 Convite a cartelizar Empresa que convida a outra a fazer cartel ─
conduta punível é a que tem potencial efeito de prejudicar o mercado,
portanto, só o convite já pode ser algo punível. EXTRA No caso de
cartel,
 Indução à conduta uniforme Tem alguém naquele mercado
organizando a conduta uniforme das empresas/pessoa EXEMPLO
Uma tabela de preços dos fotógrafos de formatura

Fundamentos do Direito da Empresa e da Atividade Negocial


Prof. Vinícius Marques de Carvalho
Resumo pré-prova (sub!)
Aulas finais chupinhadas do caderno da Nicole Dentes e da Bárbara
Feitosa
AULA 1. HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL
TEXTO COMPARATO

 Importância do mar, câmbio maritimo, explorações e desenvolvimento


do capitalismo. D. Comercial tem caráter internacional. Alguns
institutos: seguro, câmbio, crédito (e a problemática com a usura),
sociedades, etc. Primeira época vai até sec. XVI.

PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Fase pré-capitalista de economia de subexistência. Feudalismo.


Relação das pessoas com a natureza era uma relação de
compartilhamento de bens comuns, e não de domínio (até tinha um
pouco quando falamos do senhor feudal, mas ainda é muito diferente);
 Não havia uma dissociação entre a força de trabalho das pessoas e os
mecanismos que se utilizavam da força de trabalho para produzir algo;
 Títulos de Crédito: relacionado ao sistema financeiro. O mais comum
eram as letras de câmbio
 Direito contratual;
 Teoria Subjetiva do Direito Comercial: teoria de que o direito, nessa
época, era aplicado para fora das cidades e também era um direito
especial, específico dos comerciantes

1a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Surgimento das patentes, da propriedade industrial / propriedade


intelectual;
 Aceleração/organização da logística de produção de maneira
integrada: controle de estoque, quanto tem que produzir, de quanto é a
demanda da produção;
 Diferenciação da propriedade e do empreendimento (ex: construir uma
linha férrea)
 Ainda empresas familiares. Mistura dos ativos da PJ com os da PF;
 Período objetivo do direito comercial: o DC regulamenta a vida de
quem pratica atos de comércio. No Código Francês, havia uma lista do
que seriam atos de comércio
2a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (virada para sec. XX)

 Empreendimentos caríssimos. Além de demandar dinheiros,


precisavam de mais. Empreendimentos demandavam organização
vertical da industria e controle centralizado;
 A indústria tinha um custo de entrada muito alto, mas um custo
marginal/de manutenção menor. Depois de controlar todas as
variáveis, o custo para produzir um tanto a mais, por exemplo, era
nada (EX: indústria do petróleo);
 Ramos do direito empresaria: consolidação das Sociedades
Anônimas(dissociação entre quem administra e quem tem a grana);
surge bolsas de valores e afins;
 Surge Direito Concorrencial;
 Critério misto do direito/teoria da empresa. Nada é tão simples. A
empresa passava por um fenômeno poliédrico com uma série de
perfis: perfil subjetivo em torno do empresário, perfil objetivo em
torno da empresa e suas características, perfil funcional da empresa
como atividade econômica; e perfil institucional, da empresa como
instituto, que emprega pessoas.

3a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 Pós 1970;
 Guerra Fria: corrida espacial, corrida armamentista. Onde havia a
concorrência. Foi o Estado, defesa dos EUA e/ou Nasa que criaram o
GPS, Internet, touchscreen, etc. (isso segundo o professor);
 Tecnologia e mercado financeiro;
 A industria vertical e integrada deixa de fazer sentido. A nova matriz
energia, transporte e comunicação baseada na internet (da energia,
do transporte e das comunicações) viabiliza encontrar onde estão as
oportunidades mais baratas e rentáveis. Ex: Apple. Toda a produção
terceirizada

IMPACTOS NO DIREITO COMERCIAL

 Direito comercial não dá conta de regulamentar tudo. Outras áereas do


direito regulamentam o comercio (direito do trabalho, etc);
 Impactos no método: o instrumental do direito comercial tem
impactos em como as coisas se organizam;
 Direito Comercial usado par viabilizar políticas públicas. EXEMPLO
Questão do Tag Along nas ações, que desapareceu em 1997 para
incentivar as privatizações e que voltou em 2001.

AULA 2
DIREITO CIVIL X DIREITO COMERCIAL

 Código Civil de 2002 faz uma unificação do direito obrigacional (mais


do que do direito comercial);
 É o D. Comercial o direito da organização das relações
capitalistas – e por isso ele acaba valorizado, absorve princípios de
outras disciplinas e irradia seus princípios;
 Direito comercial era um direito de “costumes”, nasce da prática
para a lei; enquanto o direito civil vinha mais da lei para as relações
comercial;
 Direito Comercial era essencialmente cosmopólita. Nasce no auge do
mercantilismo;
 Direito Comercial era um direito de massa, regulamentava relações
num mercado capitalista e as relações economicas, enquanto direito
civil regulamentava atos de relações interpessoais;

CONTRATOS

 Contrato garante coesão social e fluidez de riquezas no sistema


capitalista;
 Nos contratos empresariais, começa a haver o surgimento de
princípios como a boa fé objetiva (instrumento de interpretação do
contrato com base no direito de lealdade / padrões objetivos de
comportamento que devem ser seguidos)
 Equilíbrio contratual: Código de 2002 coloca alguns intitutos que
possibilitam o “reequilíbrio” de contratos. Exemplo de institutos?
Instituto da Lesão ou o da Onerosidade Excessiva;
 Função social do contrato: contrato não gera efeito só entre as partes,
mas também faz efeitos a sua volta/efeitos sociais.
 Estado estabelece uma série de regulamentações visando proteger as
partes. Isso é feito com um critério de vulnerabilidade. Nascem
alguns sistemas de proteção contratual (consumidor, trabalhador são
alguns deles);

AULA 3. CONCEITO DE EMPRESA


 ASQUINI identifica a empresa como um fenômeno econômico
poliédrico

FENÔMENO ECONÔMICO POLIÉDRICO

 Perfis: objetivo, subjetivo, institucional e funcional


 Esse fenômeno abrange alguns conceitos/elementos gerais:
 1. Organização dos fatores de produção;
 2. Colocação de bens e serviços no mercado;
 3. Visa ao lucro;
 4. Facilita as trocas;
 5. Corre riscos

PERFIL SUBJETIVO: EMPRESÁRIO

 O empresário é quem:
 1. Exerce atividade econômica organizada; é realmente a empresa, não
se confunde com os órgãos sociais da empresa (diretoria, conselho,
etc);
 2. Corre o risco técnico e econômico da atividade;
 3. Responsável pela atividade;
 4. Pode ser pessoa física ou jurídica;

PERFIL OBJETIVO: PATRIMÔNIO

 Muito ligado ao conceito de dinheiros / pecúnia;


 É o conjunto de posições jurídicas ativas e passivas avaliáveis
em pecúnia + conjunto de bens empregado pelo empresário na
produção;

PERFIL FUNCIONAL: ATIVIDADE

 Conjunto de atos vinculados a uma finalidade + Força em movimento


dirigida para um determinado escopo produtivo = empresa é uma
atividade econômica sob a coordenação de um empresário;

PERFIL INSTITUCIONAL/CORPORATIVO: ORGANIZAÇÃO

 Empresa tem uma função social;


 Núcleo social organizado em função de um fim econômico comum;
 Organização formada entre empresário, empregadores e
colaboradores;
 Funcionamento afeta interesses de diversos agentes;

CONCEITO DE EMPRESA

 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.
 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

EXTRA Por que o mercado de capitais brasileiro é tão bosta a


ponto de o BNDES ter que investir em tudo?

 1. Investimentos feitos no mercado de capitais são investimentos de


risco (vide empresas do grupo X). Para avaliar esse risco, preciso de
algum nível de transparência para saber o quanto vou me arriscar ─
coisa que só apareceu recentemente, pós Novo Mercado e afins;
 2. Não há poupança pública para esse tipo de investimentos. Essa
poupança pública é muito concentrada da mão de poucos. Nossos
velhinhos aposentados não são os caras investidores na bolsa ─
ninguém é investidor de verdade, só uma meia dúzia de
endinheirados;
 3. Não há cultura do risco. O empresário brasileiro espera chegar a
grana estatal (função de Estado-garantia / Estado-seguro);
 4. De uma perspectiva liberal, BNDES empresta a uma taxa de juros
baixa, o que faz com que as empresas apostem nesse caminho e não
no mercado de capitais;
 5. Quem vai para o mercado de capitais tem que abrir mão de algum
poder para se adaptar a certas regras de governança e transparência;

SEMINÁRIO: TRESPASSE DE ESTABELECIMENTO.


ALGUNS CONCEITOS
ESTABELECIMENTO

 CC Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens


organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária.
 Complexo de bens, corpóreos e incorpóreos (material e imaterial), que
constitui os instrumentos de trabalho do comerciante;
 Formado por bens econômicos, ou seja, elementos patrimoniais;

EMPRESA

 No nosso CC, só tem definição de empresário (o art. 966);


 Empresa é um “feixe de contratos”;
 O conceito de empresa é organização dos fatores de produção;

AVIAMENTO

 É a capacidade de gerar lucro! Tudo o que é necessário para que o


estabelecimento dê lucro. Pode ser o ponto comercial, o renome, a
clientela… Tudo isso faz parte do aviamento, faz parte da capacidade
do estabelecimento de gerar lucro;

CLIENTELA

 A clientela são os clientes que estão fidelizados. Eles voltam ao


estabelecimento sempre. Não importa o porque: se é porque ama o
produto, se identifica com o dono, etc.
 Clientela é um dos aspectos do aviamento, uma das forma de gerar
lucro;

TRESPASSE

 É a cessão do estabelecimento. Passar tudo para o novo dono para


fazer esse estabelecimento funcionar. No caso de funcionários, por
exemplo, se eu tenho um funcionário extremamente vital para o
funcionamento do estabelecimento, o contrato desse funcionário
precisa estar incluído para que se realize o trespasse;

CLÁUSULA DE NÃO-CONCORRÊNCIA

 CC Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do


estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos
cinco anos subseqüentes à transferência.

SEMINÁRIO 2. CONCEITO DE EMPRESA E DE


EMPRESÁRIO
EMPRESA

 De novo, CC art. 966


PARAGRAFO ÚNICO DO ART. 966

 Quem exerce profissão intelectual não é considerado empresário.


EXEMPLO: nós, advogados, fazemos uma atividade intelectual, ou no
caso de arquitetos, artistas, profissionais liberais nessas áreas criativas
no geral;
 “Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”
 EXTRA Caso do Hospital. Embora que ele dependa do seu corpo
médico, ele funciona independentemente do seu corpo médico.
Quando você vai lá, você não sabe qual médico vai te atender;

AULA 4. CONCEITO DE EMPRESÁRIO. ATIVIDADE


EMPRESARIAL
O EMPRESÁRIO

o ARTIGO 966 DE NOVO!

REGIME JURÍDICO DO EMPRESÁRIO

 O que é necessário para exercer atividade empresarial?


 1. Registro (art. 967 CC – Art. 967. É obrigatória a inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva
sede, antes do início de sua atividade.)
 2. Capacidade. CC Art. 972. Podem exercer a atividade de
empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não
forem legalmente impedidos.
 3. Ausência de impedimentos. Leis especiais. Código Comercial (art.
2°)

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

 Empresário: não necessariamente é uma pessoa física. No Brasil,


grande maioria dos “empresários” são sociedades empresárias;
 O empresário individual, aí sim, é pessoa física

AULA 5. FORMAS DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE


EMPRESARIAL (diferenças principais: personificação)
1. SOCIEDADE UNIPESSOAL – EIRELI (Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada – art. 980-A CC)
 Uma pessoa constitui uma empresa pessoa jurídica e tem
responsabilidade limitada (eu, pessoalmente, não respondo pelo
patrimônio da empresa);
 Características: um único indivíduo, uma única EIRELI por pessoa
(mas isso é polêmico, posso ter uma EIRELI constituída por uma
sociedade? O pressuposto hoje é que não); capital inicial de 100
salários-mínimos (o que é criticado por ser muito elevado);

2. SOCIEDADE

 Com fins lucrativos;


 CC Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados.

2.1 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

 a. Sociedades em Comum – CC art. 986 (sociedades de fato)


 b. Sociedade em Conta de Participação – CC art. 991 (pouco usado
na vida prática)

2.B SOCIEDADES PERSONIFICADAS

 Sociedade Simples (a cooperativa – Grana é dividida entre os sócios


de acordo com as cotas. Fica meio do caminho entre sociedade e
associação)
 Sociedade Empresária (Limitada [art. 1052 CC, divisão do capital
em cotas, sócios respondem solidariamente pela integralização]
ou Anônima [Lei das SAs, dividida em ações, limitam
responsabilidade dos sócios])

4. ASSOCIAÇÃO

 Até pode ter atividade econômica, mas não pode distribuir seus
resultados para seus membros;

5. EXTRA: CONDOMÍNIO

 É só uma matéria de gerir um patrimônio comum, não distribui


dividendos;
AULA 6. Estabelecimento empresarial + Propriedade intelectual
DIMENSÃO OBJETIVA: ESTABELECIMENTO
EMPRESARIAL. O QUE É?

 Patrimônio (dinheiros, benjs empregados)


 Estabelecimento (conjunto de bens, materiais e imateriais, destacado
pelo empresário para exercício da atividade empresarial) (art. 1.142
CC);

MAIS SOBRE O CONCEITO DA NOÇÃO DE


ESTABELECIMENTO

 Classificação de BENS;
 Singulares e coletivos. Universalidade;
 EXEMPLO Se pensamos na São Francisco como um estabelecimento,
as cadeiras são bens (materiais). Mas também uma aula muito boa (ou
ruim) de um professor também pode ser considerado um bem
(imaterial)
 UNIVERSALIDADE DE FATO: 1. Complexo de coisas autônomas;
2. Destinação unitária; 3. Vontade do sujeito;

EXTRA: BENS MATERIAIS, MÓVEIS OU IMÓVEIS

 O bem imóvel faz parte do estabelecimento? A doutrina, de maneira


geral, diz que sim. Mas há opiniões diversas. EXEMPLO Tenho uma
padaria num prédio alugado. Quando eu vendo meu estabelecimento
‘padaria’, eu não vendo o imóvel ─ já que ele não é meu, é alugado;
 Mas esse bem imaterial, quando está associado a um certo tipo de
estabelecimento, tem um valor diferenciado, tem um valor de ponto
comercial;

TIPOS DE BENS IMATERIAIS

 NOME EMPRESARIAL: Teoricamente, o nome empresarial não


pode ser alienado ─ mas isso no contrato de trespasse de
estabelecimento. Mas, por exemplo, você pode fazer contratos de
licenciamento, comprar cotas, transformar o negócio em outro tipo de
empresa… Com tudo isso, dá para “alienar” o nome empresarial.
Então essa história aí de alienação de nome é pouca bosta;
 Aviamento
 Clientela
PROPRIEDADE INTELECTUAL

 PI é um direito que se deriva da criação. Não tem direito de PI sobre


uma “descoberta”. Não dá para patentear uma descoberta;
 Direitos de PI é uma forma de recompensar os criadores pelo
benefício à sociedade, pela alocação de esforços e capital investido,
um estímulo à inovação;

DIREITOS AUTORAIS

 Direito civil;
 Lei 9.610/98
 Direitos do autor e os que lhe são conexos;
 Bens móveis;
 Proteção a obras intelectuais;
 Proteção independe de registro;

PROPRIEDADE INDUSTRIAL. ‘TIPOS’ DE PI

 Lei 9.279/96
 1. Patentes de invenção e de modelo de atividade;
 2. Registro de desenho industrial;
 3. Registro de marca;

AULA 7. PERFIL FUNCIONAL, CONCORRÊNCIA

 Olhar para empresa a partir da noção de atividade econômica. Como


pensar a empresa como algo que exerce uma atividade tendo por
objetivo um lucro e que envolve risco? E como o direito regula essa
dimensão específica do perfil empresarial?

FORMAS DO ESTADO INTERVIR NA ECONOMIA

 Diretamente: quando o Estado tem empresas estatais/empresas


públicas ou de capital misto para intervir diretamente na economia
 Regulação econômica: Estado não intervem diretamente, mas regula
empresas privadas que prestam um determinado serviço ─ hoje, no
Brasil, por meio das agências reguladoras, mas não só através dessa
forma;
 Defesa da concorrência: na nossa economia, é universal. Não há
exceção em nenhuma área e de nenhuma empresa à defesa da
economia. Defesa da concorrência atua de maneira diferente nos
mercados. Oligopólio/monopólio não é “má-conduta”! Um monopólio
pode acontecer, ué. Pode ser algo legal. A intervenção da defesa da
concorrência é sempre eventual, residual e reativa

CADE

 Perfil mais ativo a partir de 2011

EM QUE CASOS O CADE ATUA?

 1. Atos de concentração econômica (fusões e afins): função


preventiva
 2. Práticas restritivas: empresas (ou grupo de empresas) X mercado
ou X uma só outra empresa ou X consumidor. EXEMPLOS: formação
de monopólios, discriminação de preços; atos unilaterais (direcionados
ao consumidor final, como preço predatório, preço abusivo, boicote)
 4. Práticas concentradas: quando empresas agem de maneira
coordenadas entre elas. Exemplo: cartéis, convite a cartelizar, indução
à conduta uniforme

AULA 8. PERFIL INSTITUCIONAL/CORPORATIVO:


ORGANIZAÇÃO

 Empresa tem uma função social;


 Núcleo social organizado em função de um fim econômico comum;
 Organização formada entre empresário, empregadores e
colaboradores;
 Funcionamento afeta interesses de diversos agentes (empregados, a
sociedade, comunidade em torno da empresa, etc);
 “O fim da empresa é construir riqueza para a comunidade, oferecer
trabalho, melhorar a técnica, favorecer o progresso científico – e não
simplesmente buscar lucros para distribuição aos sócios. Nesse prisma
os pequenos acionistas são inimigos da empresa, pois movidos pelo
egoísmo, sacrificam o interesse geral em prol de seu exclusivo
benefício”
 Mecanismos de governança corporativa

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