You are on page 1of 41

MÓDULO 1

Apostila Teórica Offshore


Sumário

1 OBJETIVO......................................................................................................................................3

2 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................................4

2.1 PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA ENVOLVIDOS .....................................................................................4

3 HISTÓRICO ....................................................................................................................................8

3.1 EVOLUÇÃO ...................................................................................................................................9

4 DEFINIÇÕES ................................................................................................................................11

4.1 O PETRÓLEO ...............................................................................................................................11

4.2 GÁS NATURAL.............................................................................................................................13

5 PRÉ-SAL ......................................................................................................................................16

6 EXPLORAÇÃO DO PETRÓLEO OFFSHORE .....................................................................................18

6.1 SISTEMA DE PERFURAÇÃO ..............................................................................................................18

6.2 PLATAFORMAS OFFSHORE .............................................................................................................18

6.2.1 PLATAFORMA FIXA..................................................................................................................... 19

6.2.2 PLATAFORMA AUTO-ELEVÁVEL (JACK-UP) ....................................................................................... 20

6.2.3 FPSO (FLOATING, PRODUCTION, STORAGE & OFFLOADING) .............................................................. 20

6.2.4 SEMISSUBMERSÍVEL ................................................................................................................... 21

6.2.5 TENSION-LEGS .......................................................................................................................... 22

6.2.6 SPAR ..................................................................................................................................... 23

6.3 RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO..........................................................................................................23

7 PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DO PETRÓLEO (PPP) ....................................................................25

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 1


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.1 VISÃO GLOBAL DO PPP.................................................................................................................26

7.2 PRIMEIRO ESTÁGIO: SEPARAÇÃO GRAVITACIONAL .............................................................................26

7.2.1 SEPARADOR GRAVITACIONAL TRIFÁSICO ......................................................................................... 28

7.2.2 SEPARADOR GRAVITACIONAL BIFÁSICO........................................................................................... 28

7.3 PRÉ-AQUECIMENTO......................................................................................................................29

7.4 SEGUNDO ESTÁGIO DE SEPARAÇÃO .................................................................................................29

7.5 VASO FLASH DO ÓLEO ..................................................................................................................29

7.6 TRATAMENTO ELETROSTÁTICO DO ÓLEO ..........................................................................................29

7.7 ARMAZENAMENTO/TRANSPORTE DO ÓLEO ......................................................................................30

7.8 ÁGUA PRODUZIDA .......................................................................................................................30

7.8.1 REMOÇÃO DE ÓLEO ................................................................................................................... 30

7.8.2 REMOÇÃO DE GÁS ..................................................................................................................... 31

7.8.3 REMOÇÃO DE SÓLIDOS SUSPENSOS ............................................................................................... 31

7.9 GÁS PRODUZIDO .........................................................................................................................31

7.9.1 UNIDADE DE COMPRESSÃO PRINCIPAL ........................................................................................... 32

7.9.2 UNIDADE DE DESIDRATAÇÃO DE GÁS ............................................................................................. 32

7.9.3 UNIDADE DE AJUSTE DE DEW POINT .............................................................................................. 34

7.9.4 UNIDADE DE REMOÇÃO DE CO2 E H2S ........................................................................................... 34

7.9.5 UNIDADE DE COMPRESSÃO PARA EXPORTAÇÃO................................................................................ 34

7.9.6 UNIDADE DE COMPRESSÃO PARA INJEÇÃO DE GÁS ............................................................................ 34

7.9.7 UNIDADE DE COMPRESSÃO DE CO2 ............................................................................................... 35

8 SISTEMA AUXILIARES ..................................................................................................................36

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................40

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 2


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
1 Objetivo
Esse material é uma introdução ao mundo do petróleo e gás. Será apresentado ao aluno um
panorama geral da produção offshore, bem como seu funcionamento no Brasil e no mundo.
O objetivo é destacar a importância do desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias de
exploração do petróleo.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 3


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
2 Motivação
Nas últimas décadas, com a depleção da produção de campos onshore e a dificuldade de
encontrar novas jazidas em terra, as companhias de petróleo foram obrigadas a lançar-se ao
mar em busca de novas fronteiras exploratórias. A descoberta de reservatórios do pré-sal
criou uma demanda para o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções, fato que
representa um verdadeiro desafio para as indústrias do ramo. Diferentes áreas estão
envolvidas, tais como perfuração de poços offshore, estruturas flutuantes, produção de
sistemas submarinos avançados e sistemas de gerenciamento de integridade. O Brasil
contribui de forma significativa para aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias em
águas profundas e ultra-profundas. Os setores de pesquisa e desenvolvimento têm o
objetivo de aumentar a capacidade industrial do país, tendo assim uma alta demanda por
engenheiros capacitados para o desenvolvimento da exploração e produção offshore. Cabe
ressaltar que todas as áreas da engenharia são importantes e complementares para um bom
desenvolvimento de um projeto de uma plataforma de petróleo.

2.1 Profissionais de Engenharia Envolvidos


O afastamento da costa, com campos cada vez mais distantes, aumentou a complexidade
logística operacional. Associado a isso, o elevado custo de construção e manutenção de
estruturas complexas e de equipamentos em espaços cada vez menores, devido a restrições
técnico-orçamentárias, limitou o tamanho das unidades e impôs novas condições de
contorno. A conjugação desses fatores implicou na exposição dos empreendimentos a riscos
de diversas naturezas, que não existiam nas unidades onshore. Por isso, a segurança de
processos tornou-se fundamental para preservar a integridade física dos trabalhadores, a
qualidade do meio ambiente e os ativos das empresas.
A atividade de exploração e produção offshore de óleo e gás convive com riscos
indissociáveis. Exemplos recentes ilustram esses riscos, como os vazamentos no Campo de
Frade na Bacia de Campos, o vazamento da BP no Golfo do México e o afundamento da
maior plataforma semissubmersível já construída, a P-36. Define-se como Segurança de
Processos a prevenção de acidentes através do uso de tecnologias apropriadas para
identificar os perigos em uma planta química e eliminá-los antes que um acidente ocorra.
Com esse objetivo, são realizados alguns estudos que resultam em Plantas de Classificação
de Área, Plantas de Segurança, Dimensionamento Hidráulico de Sistemas de Combate a
Incêndio, identificação dos possíveis riscos associados ao processo, as consequências de um
possível incêndio, explosão ou dispersão de gases na plataforma, até a segurança do
processo propriamente dito.
A Gestão dos Riscos assume um papel fundamental na resposta aos requisitos atuais de
Sustentabilidade desta atividade, em todos os seus aspectos. Mais do que um instrumento
voluntário de gestão do negócio, no Brasil, a gestão de riscos é hoje parte exigida no
Regime de Segurança Operacional - a estrutura regulatória estabelecida pela ANP visando à
garantia da Segurança Operacional. Para identificar, avaliar e controlar riscos, estudos de
segurança como a Análise Preliminar de Perigos (APR) e o Estudo de Perigos e Operabilidade
(HAZOP) são amplamente empregados em todas as fases de um projeto offshore. Uma vez
que a periculosidade da atividade não pode ser eliminada, buscam-se continuamente

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 4


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
soluções para controle dos riscos dos projetos, visando maximizar ganhos e proteger
satisfatoriamente pessoas e meio ambiente.
Os riscos também são avaliados e mitigados com base em simulações de consequências de
vazamentos no ar e no mar, simulações de incêndios e explosões e estudos probabilísticos
de confiabilidade de sistemas críticos. Nesses casos, estudos através de fluidodinâmica
computacional (CFD - Computational Fluid Dynamics) são empregados com frequência. O
CFD é uma importante ferramenta para solução de problemas relacionados às diferentes
áreas da engenharia, tais como aerodinâmica e gestão de recursos hídricos. Seu uso é
particularmente importante na área de segurança, pois é fundamental para a realização de
simulações em estudos relacionados a eventos de elevado nível crítico. As empresas se
utilizam das diversas ferramentas de CFD disponíveis no mercado, através de softwares
específicos, para a realização das simulações de eventos críticos, cujos resultados são
utilizados como base para a distribuição adequada dos detectores de vazamento de gás pela
plataforma de produção de petróleo, bem como para a escolha da melhor alocação dos itens
de proteção passiva contra altas temperaturas e sobrepressões provenientes de incêndios e
explosões, respectivamente.
O desenvolvimento de software é uma peça fundamental para o ramo offshore, pois com a
sofisticação da operação, é necessário o uso de diversos sistemas paralelos para controle e
automação da operação. Esses controles podem ser simples como livro de turno, onde o
operador relata o dia-a-dia na plataforma, até sofisticados sistemas de posicionamento, que
atuam ativamente colocando a plataforma no melhor alinhamento possível. Além de
sistemas de visualização de dados em tempo real, que permitem que o operador colete
dados de diversas fontes, utilizando-os para tomada de decisões estratégicas.
A automação de uma unidade offshore é responsável pelo projeto dos sistemas de controle,
segurança e proteção que possuem inputs e outputs interligados aos instrumentos na planta.
Para que a automação funcione corretamente é imprescindível um trabalho interdisciplinar
com instrumentação e elétrica. Os principais desafios enfrentados nessa área se referem ao
projeto das redes de comunicação e de campo, que propiciam o tráfego dos sinais de
entrada/saída entre controladores e unidades remotas. Estas redes devem ter alto
desempenho em velocidade e disponibilidade, permitindo que a planta esteja sempre sob
controle e com informações atualizadas para os operadores. Em unidades offshore, a
automação permite que unidades operem com tripulações mais baixas e que os operadores
atuem na maior parte do tempo dentro da sala de controle. Entre os sistemas de automação
de instalações offshore podemos mencionar:
 Controle e monitoração remota de sistemas submarinos, tais como árvores de natal e
manifolds;
 Sistemas de controle remoto de unidades satélites;
 Monitoração e controle de sistemas de ancoragem e monitoração de flutuação e
balanceamento;
 Monitoração ambiental e estrutural;
 Controle de processos de tratamento, armazenamento e transferência de petróleo e
gás, e de utilidades, sistemas de suporte de vida e de conforto;

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 5


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
 Monitoração de grandes máquinas, turbinas e compressores;
 Sistemas hierárquico de segurança de processo, com implementação de alta
confiabilidade;
 Sistemas de detecção de gases combustíveis e tóxicos, sistemas de detecção de
incêndio;
 Sistemas de detecção de vazamentos e de monitoração de efluentes;
 Medição da produção;
 Medição fiscal.
A concepção de projetos dos sistemas elétricos é de extrema importância para a vida de
uma plataforma. Eles alimentam as plantas de processo e os sistemas submarinos e
auxiliares do casco, além dos sistemas de segurança, de ventilação e ar condicionado, de
controle e automação e de comunicação. Para que se tenha uma ideia do porte do sistema
elétrico, muitas plataformas flutuantes têm capacidade de geração da ordem de 100MW e
distribuição primária em 13,8kV. Os sistemas elétricos principais de uma plataforma offshore
são:
 Dimensionamento dos geradores, estudos dos sistemas elétricos e cálculos de
iluminação;
 Especificação e análise da documentação de compra e fabricação de equipamentos
tais como geradores, motores, transformadores, painéis de distribuição, centros de
controle de motores, luminárias, conversores de frequência e fontes de energia
ininterrupta;
 Dimensionamento, especificação e análise da documentação de compra de cabos
elétricos e seus acessórios, caminhos mecânicos e materiais afins;
 Definição das rotas de cabos e peças de passagem, e
 Definição dos detalhes de montagem e interligação dos equipamentos.
Em função dos riscos inerentes aos processos, muitos equipamentos e componentes
elétricos têm que ser certificados para aplicação em atmosferas explosivas. Os equipamentos
são parte significativa do custo de investimento de uma plataforma offshore. É preciso que
um engenheiro dimensione máquinas, motores e sistemas de aquecimento e de refrigeração.
Normalmente, em plataformas, são utilizados compressores centrífugos acionados por motor
elétrico (motocompressores) ou compressores centrífugos acionados por turbina a gás
(turbocompressores) para o serviço de transferência de gás da plataforma para o continente,
bem como para o serviço de reinjeção de gás em poços. Para a geração elétrica principal são
utilizados geradores elétricos acionados por turbina a gás (turbogeradores) enquanto para
geração de emergência são utilizados geradores elétricos acionados por motor a diesel. Além
dos serviços de compressão e geração, também devem ser avaliados os serviços de
bombeio. Pode-se observar, portanto, que as máquinas são fundamentais para a garantia da
continuidade operacional de uma plataforma de petróleo.
É muito importante o cuidado com o arranjo e a tubulação em uma plataforma offshore para
estabelecer a melhor disposição dos equipamentos e suas interligações. Essa é uma das

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 6


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
mais importantes e complexas áreas de atuação da engenharia. Sua estrutura se divide em
áreas do conhecimento como arranjo, flexibilidade, suportação e materiais. Fazendo uso de
ferramentas de ponta, em duas ou três dimensões, o engenheiro tem em sua missão a
elaboração de grande parte dos documentos de um projeto, tais como isométricos, plantas
de tubulação, memórias de flexibilidade, especificações técnicas de materiais, dentre outros
que configuram as diretrizes para a fabricação e a montagem na etapa de detalhamento.
O ambiente offshore pode se apresentar extremamente severo, impondo pesadas exigências
tanto em estruturas fixas quanto flutuantes. É fundamental que o comportamento dos
materiais, dos quais são construídas as estruturas, seja totalmente compreendido. A equipe
de Engenharia de Materiais se concentra em entender os requisitos de operação específicos
para que se possam antecipar e, assim, selecionar os materiais adequados para cada
serviço.
A área de estruturas metálicas é de grande importância para plataformas fixas, flutuantes e
na configuração de equipamentos submarinos. As unidades denominadas jaquetas são
grandes estruturas metálicas dimensionadas para suportar o topside e resistir às ondas, ao
vento e à correnteza do local. Essa área também é aplicada para o projeto de apoio do
turret, que é um sistema circular e dinâmico, vertical ao casco, localizado próximo à proa da
plataforma e preso ao fundo do mar através de amarras. Neste local, são encontrados os
risers de produção e de injeção de gás, além dos umbilicais de controle. Além dessas
grandes estruturas metálicas, há pipe-racks, escadas de acesso e balaustradas. Em
plataformas semissubmersíveis, há uma aplicação direta nos spider-racks, que são estruturas
utilizadas para o apoio de equipamentos sob o convés principal da unidade. A unidade
semissubmersível é composta por bracings, utilizados para manter a integridade da unidade,
distribuindo os esforços entre os flutuadores. As estruturas submarinas são tipicamente
compostas por estruturas metálicas, estando entre elas o PLEM ( Pipeline End Manifold) e o
PLET (Pipeline End Termination), compostas por válvulas e tubulações envoltas por reforços
estruturais projetados para o içamento, proteção e posicionamento adequado do
equipamento. Outros exemplos de estruturas metálicas relacionados à engenharia submarina
são as rampas de lançamento de dutos, encontradas em navios especializados para este fim,
suportes de dutos e braçadeiras de içamento. Portanto, a disciplina de estruturas metálicas
tem vasta aplicação na indústria offshore, sendo amplamente utilizada em diversas áreas.
As estruturas citadas são apenas alguns exemplos, sendo possível encontrar outras
aplicações.
Percebe-se, portanto, que os desafios envolvidos na exploração offshore estão relacionados
às diversas áreas da engenharia, o que faz com que os projetos desses empreendimentos
necessitem de profissionais com conhecimentos em todas as disciplinas. No curso web, serão
abordados diversos tópicos de diferentes engenharias, com o intuito de exercitar a
multidisciplinaridade dos futuros engenheiros.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 7


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
3 Histórico
O momento exato em que o petróleo despertou a atenção do homem não é conhecido ao
certo, contudo o seu uso remonta aos primórdios da civilização. Os egípcios o utilizavam
para embalsamar os mortos e para a construção de pirâmides, enquanto que os gregos e os
romanos lançavam mão do mesmo para fins bélicos.
A partir do século XIX, os primeiros poços petrolíferos foram perfurados, culminando com
uma corrida desenfreada pelo ouro negro, como o petróleo é conhecido. Com o advento dos
meios de transporte e da tecnologia, aliado ao crescimento da população, o petróleo tornou-
se indispensável para o fornecimento de energia e derivados com intuito de suprir as
necessidades do consumo mundial.
Muitos países produtores de petróleo, como os Estados Unidos, possuem a maior parte de
suas reservas onshore. Este fato fez com que as tecnologias desenvolvidas mundialmente
não se aplicassem perfeitamente à realidade do Brasil, que possui a maior parte de suas
reservas offshore. Assim, foram necessários altos investimentos em pesquisa e
desenvolvimento para obtenção de know how nesta área.
Desta maneira, a obtenção e a consolidação do conhecimento sobre prospecção marítima se
tornam ferramentas fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias, além de
ser base para uma estratégia de exploração em longo prazo e aproveitamento dos recursos
provenientes do petróleo. A Figura 3.1 apresenta o caminho percorrido pelo petróleo do
poço ao posto, abordando o upstream (exploração e produção) e dowstream (refino).

Figura 3.1: Petróleo: do poço ao posto

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 8


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
3.1 Evolução
A indústria offshore mundial teve seu início entre os anos 1930 e 1950 primeiramente na
Venezuela e no Golfo do México. A partir de então, a exploração expandiu-se para águas
européias e possibilitou a formação do primeiro bloco de empresas nesta segmentação,
entre elas Shell, Exxon, Texaco e AGIP. No Brasil, ao final da década de 50, obteve-se, com
o auxílio de análises geográficas, o conhecimento de que o país possuía reservas de petróleo
em profundidade marítima, sem a definição precisa dos locais. Dezoito anos mais tarde, a
confirmação ocorreu através da descoberta, no Campo de Guaracema, do primeiro poço
offshore. Ainda no mesmo ano, a primeira perfuração foi realizada na Bacia de Campos
(Campo de Garoupa - RJ). Entretanto, mesmo com a evolução dessas descobertas, os efeitos
econômicos e de exploração ainda eram pequenos, em virtude das tecnologias existentes
não serem condizentes com a realidade offshore brasileira.
A evolução dos programas de pesquisa em tecnologia offshore no Brasil começou a avançar
após 1986, depois da criação do PROCAP (Programa de Capacitação Tecnológica em Águas
Profundas) pela Petrobras, viabilizando um maior rendimento da produção e livrando-se da
limitação externa de tecnologia.
Junto ao programa, os centros de pesquisas da Petrobras, em colaboração com os centros
tecnológicos de universidades brasileiras, permitiram um avanço considerável na produção
petrolífera, quebrando, progressivamente, recordes de profundidade de lâmina d’água e
obtendo retornos sobre o investimento cada vez maiores.
Com a descoberta do pré-sal, a indústria petrolífera offshore encontra-se voltada para esse
novo desafio tecnológico, que deve consolidar a auto-suficiência brasileira no combustível
fóssil, além de obter reservas estratégicas e poderio para exportação, levando o Brasil a ser
um dos maiores produtores de petróleo do mundo. A Figura 3.2 esquematiza a evolução da
exploração brasileira de petróleo.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 9


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 3.2: Evolução da exploração de petróleo

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 10


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
4 Definições

4.1 O Petróleo
O petróleo é formado pela decomposição de grandes quantidades de material vegetal e
animal que durante milhões de anos, sob ação de altas pressões e calor, gera misturas de
compostos constituídos principalmente por hidrocarbonetos (compostos orgânicos
constituídos de carbono e hidrogênio). O petróleo é, portanto, uma mistura que pode se
apresentar nas fases gasosa (gás natural), líquida (óleo cru) ou sólida (xisto). É
caracterizado como uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro
característico e cor variando entre o negro e o castanho escuro.

Figura 4.1: Amostra de petróleo

Em geral, o petróleo depois de formado não se acumula na rocha na qual foi gerado
(conhecida como rocha geradora ou rocha matriz). Ele migra sob ação de pressões do
subsolo até encontrar uma rocha porosa. Se esta rocha porosa estiver cercada por uma
rocha impermeável, o petróleo é aprisionado em seu interior. Caso as condições de
porosidade da rocha e a quantidade acumulada de material formem uma jazida comercial, o
petróleo é extraído deste reservatório.
O petróleo, por si só, tem pouquíssimas aplicações práticas, servindo quase que somente
como óleo combustível. Para que ele tenha o potencial energético plenamente aproveitado,
bem como a sua utilização como matérias prima, é necessário desmembrar essa mistura em
faixas, como ilustra a Figura 4.2. Dessa forma, o petróleo deve ser processado e
transformado de forma conveniente, com o propósito de se obter a maior quantidade
possível de produtos valiosos e minimizar aqueles de menor valor comercial.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 11


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 4.2: Derivados do petróleo

Além da complexidade do petróleo, não existem dois poços com composições idênticas.
Essas diferenças influenciam no rendimento e qualidade das frações desejadas. O petróleo
pode receber algumas classificações como, por exemplo: leve, médio, pesado e extrapesado.
O parâmetro que mede a densidade relativa dos óleos e derivados e serve de parâmetro
para classificar o petróleo é o °API (American Petroleum Institute).

Onde G é a densidade relativa da amostra de petróleo a 60 °F em relação à água a 60 °F.


Defini-se que:
 Petróleo leve - ºAPI maior que 30. Em geral, é constituído basicamente por alcanos
com uma porcentagem de 15 a 25% de cicloalcanos;
 Petróleo médio - ºAPI de 22 a 30. Normalmente, além de alcanos, contém de 25 a
30% de hidrocarbonetos aromáticos;
 Petróleo pesado - ºAPI menor que 22. Em geral, é composto principalmente de
hidrocarbonetos aromáticos;
 Petróleo extrapesado - ºAPI menor que 10. Tipicamente, é constituído principalmente
de hidrocarbonetos de cadeia longa (superior ao pentano).
Essa classificação é primordial, pois, assim pode-se definir o valor agregado do óleo,
ou seja, quanto mais denso for o petróleo, mais difícil será a separação de seus derivados,
aumentando o custo de operação.
O verdadeiro valor do petróleo está inserido nas muitas aplicações oferecidas pelos seus
derivados, oriundos do refino do petróleo cru. Os derivados podem ser diretamente

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 12


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
comercializados para distribuidores e consumidores ou servirem de matéria-prima para
outras indústrias. Os principais derivados gerados no processo de refino são:
 Combustíveis ou Energéticos (Gás combustível, GLP, gasolina, querosene, óleo diesel,
óleo combustível, coque);
 Não-energéticos (Nafta, gasóleos, solventes, parafinas, lubrificantes, asfalto).
Para a geração de derivados do petróleo cru, o mesmo deve passar por diversos
processos em uma refinaria, que podem ser divididos em quatro grandes grupos:
 Processos de separação: de natureza física tem o objetivo de separar o petróleo em
suas frações básicas ou processar uma fração previamente produzida. São aplicadas
operações como modificações de temperatura, pressão e solubilidade em relação a
solventes. Como exemplo deste grupo pode-se citar a destilação em suas diversas
formas;
 Processo de conversão: de natureza química visam transformar uma fração do
petróleo em outra de maior valor agregado. Esse processo pode ser feito através de
reações de quebra, reagrupamento ou reestruturação molecular. Como exemplo
deste grupo pode-se citar o craqueamento catalítico e térmico;
 Processos de tratamento: de natureza química pretendem provocar melhorias nas
frações do petróleo eliminando ou diminuindo impurezas. Como exemplo deste grupo
pode-se citar o tratamento por membranas (MEA/DEA);
 Processos auxiliares: fornecem os insumos aos grupos anteriores ou tratam os
rejeitos. Como exemplos deste grupo, podem-se citar a geração de hidrogênio, a
recuperação de enxofre, as utilidades (vapor, água, energia elétrica, ar comprimido,
distribuição de gás e óleo combustível) e o tratamento de efluentes.

4.2 Gás Natural


O gás natural é composto pela mistura de hidrocarbonetos leves (metano, etano e propano)
que, em condições atmosféricas, permanecem no estado gasoso, além dos contaminantes. A
composição depende de sua origem, de sua maior ou menor associação ao óleo e de seu
grau de tratamento. Tipicamente, são encontrados no gás natural em torno de 80% de
metano, 10% de etano e 3% de propano.
O poço perfurado pode ter diversas proporções entre as fases água, óleo e gás. Essa
proporção definirá a finalidade do poço e é uma consequência das condições de formação do
petróleo. O poço de óleo tem como principal objetivo a extração do óleo e contém gás
associado ou em estado livre, formando a denominada capa de gás. Por outro lado, o poço
de gás tem como principal objetivo a extração do gás natural, conforme explicitado na
Figura 4.3.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 13


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 4.3: Origem e extração do gás natural

O processamento de gás natural é realizado através de uma instalação industrial


denominada Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN). O objetivo dessa unidade é
separar as frações pesadas (propano e mais pesados) existentes no gás natural úmido ou
rico. Assim será gerado o gás natural seco ou pobre (metano e etano) e uma corrente de
Gás Natural Liquefeito (GNL). Outro objetivo da UPGN é reduzir os teores de contaminantes
para atendimento às especificações de mercado. O teor de compostos mais pesados que o
propano no gás natural é a variável que define o seu valor de mercado e está relacionado,
principalmente, à presença de GLP (gás liquefeito de petróleo).
Os processos realizados em uma UPGN podem incluir etapas de tratamento, resfriamento e
compressão. Os hidrocarbonetos presentes no gás natural podem ser estabilizados e
separados por fracionamento de modo a se obter produtos de maior valor agregado.
O GNL é popularmente conhecido como gás de cozinha e é composto, principalmente, pelo
gás liquefeito de petróleo (GLP), que são as frações mais pesadas que o propano (C3+).
Algumas vezes, é possível produzir uma corrente de GNL composta por frações mais pesadas
que o etano, sendo possível a separação de frações líquidas de etano, de GLP e de gasolina
natural. Estes processos são realizados em uma UPGN conhecida como Unidade de
Recuperação de Líquidos (URL).
A importância do gás natural está relacionada a diversos fatores. Além do seu uso comum
como gás domiciliar, sua versatilidade como combustível deve ser destacada. À exceção do
querosene para aviões a jato, o gás natural tem a capacidade de substituir todos os outros
derivados de petróleo:
 Gasolina e álcool carburante em automóveis;
 Óleo combustível;
 Diesel;
 Carvão mineral e vegetal;

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 14


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
 Nafta, como matéria prima fundamental na indústria petroquímica;
 Matéria prima para a produção de solventes e fertilizantes, como a amônia, uréia e
respectivos derivados.
Além disso, o gás natural possui características que estimulam e facilitam o seu emprego,
como, por exemplo, o fato de se tratar de um combustível de queima total que não deixa
resíduo ou cinzas.

Figura 4.4: Armazenamento de gás natural em esferas

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 15


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
5 Pré-sal
O termo pré-sal é empregado para definir o conjunto de rochas localizadas nas porções
marinhas de grande parte do litoral brasileiro com potencial para a geração e acúmulo de
petróleo. Convencionou-se chamar estas reservas de pré-sal visto que há formação de um
intervalo de rochas que se estende por baixo de uma extensa camada de sal. Vale ressaltar
que o termo “pré” refere-se à temporalidade geológica e não à profundidade. Assim, a
rocha-reservatório do pré-sal foi formada antes de outra camada de rocha salina, que cobriu
aquela área milhões de anos depois, ou seja, mais recentemente na escala de tempo
geológica.

Figura 5.1: Características do pré-sal

No litoral brasileiro, as rochas do pré-sal estendem-se por 800 km, desde Santa Catarina até
o Espírito Santo, e chegam a atingir até 200 km de largura, conforme evidenciado pelos
resultados obtidos a partir de perfurações de poços. A profundidade total dessas rochas, que
é a distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de
sal, pode chegar a mais de 7 mil metros. Essas elevadas dimensões revelam desafios
técnicos e econômicos até então inéditos para o setor. A exigência de equipamentos de
exploração que suportem elevadas pressões e dutos que suportem altas temperaturas,

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 16


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
associada à logística de transporte do óleo são exemplos claros dos desafios a serem
enfrentados.

Figura 5.2: Localização do pré-sal

O petróleo da camada pré-sal é mais leve do que o petróleo encontrado no restante do


território nacional. Além do elevado °API, o petróleo do pré-sal brasileiro possui baixa acidez
e baixo teor de enxofre, características que elevam seu valor de mercado, gerando derivados
mais finos e poluindo menos quando é refinado, o que é estratégico para o Brasil.
Apenas no campo de Tupi, localizado na Bacia de Santos, as reservas possuem potencial de
até 8 bilhões de barris de petróleo e gás de boa qualidade. A descoberta pode significar um
aumento de 50% nas reservas de petróleo e gás do Brasil, atualmente cotados em 13
bilhões de barris.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 17


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
6 Exploração do Petróleo Offshore
De maneira geral, para a exploração marinha, pode-se agrupar todo o processo de
exploração em três conjuntos tecnológicos: o sistema de perfuração, a plataforma e o
mecanismo de transmissão do petróleo da profundeza do oceano para a plataforma.

6.1 Sistema de perfuração


A tecnologia de perfuração deve ser avaliada para viabilização da produção de petróleo em
alto mar. O sistema de perfuração divide-se em duas etapas: o sistema de busca do petróleo
e a perfuração propriamente dita. Esse tópico será abordado em maiores detalhes nos
módulos subsequentes.

6.2 Plataformas Offshore


As plataformas são estruturas fixas ou flutuantes que suportam as instalações do Topside
(convés onde está localizado o processamento primário) e o núcleo de perfuração.
Existem diversos sistemas de produção em operação no mundo e sua escolha depende das
características e onde será instalado. A seleção da plataforma deve satisfazer os requisitos
técnicos, mas também tem uma forte influência sobre o custo total do projeto, impactando
na sua viabilidade econômica. As estruturas abordadas nesse curso serão (Ver Figura 6.1):
 Plataforma Fixa
o Jaquetas (Jackets)
o GBS (Gravity Based Structure)
o Compliant Tower
 Auto-elevável
 FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading)
 Semissubmersível
 Tension Leg Plataform (TLP)
 SPAR
 FPDSO (Floating, Production, Drilling, Storage and Offloading)
No Brasil, são utilizadas FPSOs e plataformas semissubmersíveis para exploração em águas
profundas.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 18


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 6.1: Tipos de plataformas: Plataforma Fixa (1, 2 e 10); Compliant tower (3); Tension
Leg (4 e 5); SPAR (6); Plataforma Semissubmersível (7 e 8) e FPSO (9)

6.2.1 Plataforma Fixa


A plataforma fixa é projetada para receber todos os equipamentos de perfuração, estocagem
de materiais, alojamento de trabalhadores e as instalações necessárias para a produção dos
poços. Entretanto, não possui capacidade para estocagem de petróleo ou gás, tendo que
enviar estes produtos para a terra ou outra plataforma, através de tubulações (oleodutos e
gasodutos). A sua estrutura pode ser metálica ou de concreto e oferece pequena
possibilidade de alterações no desenvolvimento do campo.
Geralmente, são constituídas de estruturas modulares de aço que são instaladas no local da
operação sob estruturas denominadas Jaquetas ( Jackets), que contém estacas presas no
leito marinho. Este tipo de plataforma são as mais utilizadas em campos localizados em
lâminas d'água de até aproximadamente 200 metros.

Figura 6.2: Jaqueta (plataforma de Mexilhão, Bacia de Santos)

Outro tipo de plataforma fixa é a GBS (Gravity Based Structure). Devido ao sistema de
ancoragem, que utiliza o peso da própria plataforma, ela é técnicamente viável para

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 19


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
pequenas profundidades (de 25 a 150 m). Pode ser projetada para suportar condições
ambientais severas onde é submetida a forças sísmicas, das ondas e do gelo. É projetada
especificamente para cada poço pois leva em consideração fatores como o volume de óleo
estocado, profundidade da lâmina de água e dimensões do convés.
A plataforma do tipo Compliant Tower é técnica e economicamente competitiva para lâminas
d’água que variam de 300 a 600 m, onde plataformas do tipo jaqueta não são aplicáveis. Ela
é projetada para ser mais flexível do que as plataformas fixas tradicionais e ter um ciclo de
resposta à oscilação se submetida a perturbações ambientais.

Figura 6.3: Compliant Tower

6.2.2 Plataforma Auto-elevável (Jack-up)


As plataformas auto-eleváveis consistem em uma balsa com uma estrutura de apoio ou
pernas que são acionadas mecânica ou hidraulicamente e que se movimentam para baixo
até atingirem o fundo do mar. A plataforma fica localizada acima do nível da água, a uma
altura suficientemente grande para evitar a ação das ondas na mesma. Estas plataformas
realizam a perfuração de poços exploratórios em lâminas d`água de 5 a 130 metros.

Figura 6.4: Plataforma Auto-elevável

6.2.3 FPSO (Floating, Production, Storage & Offloading)


Os FPSO’s são navios ancorados em um local definido com capacidade para produzir,
processar, armazenar o petróleo e prover a transferência do óleo e, se economicamente

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 20


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
viável, a de gás natural. O casco dessa plataforma pode ser proveniente da modificação de u
antigo navio, normalmente petroleiro. No convés do navio é instalada uma planta de
processamento para separar e tratar os fluidos produzidos pelos poços. Uma das maiores
vantagens dessa plataforma é que o petróleo pode ser armazenado nos tanques da própria
embarcação, denominados cargo tanks. Periodicamente o petróleo é transferido para um
navio aliviador. Logo, não é necessária a construção de oleoduto da plataforma até a costa.
Por esse motivo, o FPSO é especialmente atrativo para regiões remotas. Essa estrutura é
tecnicamente viável para um grande faixa de lâmina de água (de 30 a 3050 m). Há outros
tipos de sistemas flutuantes de produção tais como:
 FPO - unidades flutuantes de produção e descarga (não armazenam petróleo)
 FSU - unidades flutuantes que apenas armazenam o petróleo.

Figura 6.5: FPSO

6.2.4 Semissubmersível
A plataforma semissubmersível é composta por um ou mais conveses, apoiado(s) em
flutuadores submersos. Ela é muito utilizada para perfuração de poços exploratórios, mas
não armazena petróleo.
Às perturbações ambientais, tais como ondas, correntes ou ventos, a plataforma tem um
elevado grau de movimentação. Mesmo sendo projetada para estar localizada dentro de um
raio de tolerância, essa movimentação pode acarretar danos aos equipamentos descidos no
poço exigindo. Por esse motivo, existe a necessidade de controlar o posicionamento da
estrutura na superfície do mar. Uma alternativa é o sistema de ancoragem, em que são
utilizados âncoras e cabos, que pode restaurar a posição de instalação quando esta é
modificada por ação externa. Outra possibilidade é o sistema de posicionamento dinâmico
que não possui ligação física da plataforma com o fundo do oceano, sendo utilizados
sensores acústicos e propulsores no casco da embarcação que, quando acionados por
computadores, são capazes de restaurar a posição da mesma.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 21


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Assim um projeto de semissubmersível visa sempre o menor capital investido e os seguintes
requisitos técnicos:
 Estrutura adequada e suficiente para suportar o tamanho da plataforma e carga;
 Diferença entre a superfície da água e deck suficiente para suportar as condições
ambientais mais severas do local de instalação;
 Estabilidade adequada para atender as condições operacionais e realizar as
movimentações necessárias;
 Boas características de movimentação.

Figura 6.6: Semissubmersível

6.2.5 Tension-Legs
As Tension-Legs são plataformas de pernas atirantadas que consistem em unidades
flutuantes utilizadas para a produção de petróleo. Sua estrutura é muito semelhante à da
plataforma semissubmersível e suas operações de perfuração, completação e produção são
semelhantes às executadas em plataformas fixas. Entretanto, este tipo de plataforma é
ancorada por estruturas tubulares com tendões fixos ao fundo do oceano por estacas, que
são mantidos esticados pelo excesso de flutuação da plataforma, reduzindo drasticamente
seus movimentos (Figura 6.7). Elas são aplicáveis para lâminas de água de 150 a 1800 m.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 22


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 6.7: Tension leg

6.2.6 SPAR
A plataforma do tipo SPAR é uma derivação do conceito de plataforma semissubmersível, em
que a diferença está na estrutura de flutuação que é apoiada sobre um ou mais cilindros
metálicos. Uma desvantagem é a necessidade da instalação do topside na locação final da
plataforma. Ela possui a capacidade de armazenar petróleo com algumas restrições técnicas.

Figura 6.8: SPAR

6.3 Recuperação de Petróleo


Após a avaliação da extensão da jazida de petróleo, se dá início a fase de extração. Quando
o óleo consegue chegar à superfície de maneira espontânea, pela pressão interna do próprio
gás contido no reservatório, o poço é denominado surgente. Entretanto, em alguns casos, a
pressão interna não é suficiente para permitir sua elevação natural e são, então, utilizados

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 23


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
processos mecânicos que promovem artificialmente o aumento desta pressão no
reservatório, maximizando o volume de petróleo extraído. Estas técnicas são conhecidas
como recuperação secundária, que pode ser realizada através da injeção de água ou de gás,
ou através de técnicas não tradicionais e mais elaboradas, como por injeção de CO 2. A
Figura 6.9 ilustra este tipo de recuperação. Existem outros processos de elevação artificial,
tal como o BCS.

Figura 6.9: Recuperação secundária do petróleo

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 24


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7 Processamento Primário do Petróleo (PPP)
O Processamento Primário do Petróleo consiste na etapa inicial do refino do óleo bruto
visando à separação do óleo, do gás e da água. Esse processo é conduzido, tanto em
ambiente onshore (em terra) quanto em ambiente offshore, diretamente depois da extração.
Os componentes separados são encaminhados a diversas etapas de tratamentos e
separações mais refinadas para se adequarem às especificações exigidas por norma, como
as da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O óleo
estabilizado (óleo processado com menor teor de hidrocarbonetos leves) é encaminhado às
refinarias para posteriores processamentos. A água produzida pode ser descartada ou
reinjetada nos poços para aumento de produção. O gás, após a devida compressão e
tratamento (remoção de CO2 e H2S e desidratação), pode ser:

Exportado como produto;


 Utilizado na própria plataforma como gás combustível (fuel gas);
 Reinjetado no poço – Ajuda na elevação de pressão no poço por processo mecânico
(“empurrando” o óleo). A injeção é feita através de poços, de maneira semelhante à
injeção de água;
 Gas lift (elevação artificial) – O gás é injetado na coluna de produção provocando a
redução da densidade média dos fluidos dentro dela, reduzindo o gradiente de
pressão em seu interior. É possível, com isso, reduzir a pressão de fluxo no fundo do
poço, o que permite aumentar a vazão de líquido produzido pelo reservatório.

Gás

Água Óleo

Figura 7.1: Possíveis destinos para o petróleo e o gás em plataformas

Esse tratamento inicial é essencial, pois evita que as substâncias que acompanham o óleo
cru (gás, salmoura - água, sais e sedimentos - e componentes inorgânicos) desencadeiem
problemas de corrosão e entupimento de dutos, danos a equipamentos e risco de
inflamabilidade durante o transporte do óleo para a refinaria.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 25


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.1 Visão Global do PPP
O fluxograma abaixo esquematiza simplificadamente o processo de separação primário. Nos
módulos subsequentes as etapas descritas serão aprofundadas.

Figura 7.2: Fluxograma do processamento primário do petróleo

7.2 Primeiro Estágio: Separação Gravitacional


A etapa inicial de separação permite a separação da maior parte da mistura óleo, água e
gás, não atendendo, porém, às especificações vigentes para cada fluido. Logo, é necessário
realizar tratamentos posteriores.

No óleo cru a água pode ser dividida em três formas:

 Água livre;
 Água dissolvida;
 Água emulsionada.
Essa primeira separação tem como objetivo principal separar a água livre. O óleo e a água
são praticamente imiscíveis, entretanto, em virtude do escoamento turbulento e ações
cisalhantes provenientes de válvulas e bombas, uma parte da água se dispersa no óleo em
gotículas muito pequenas, denominada emulsão água-óleo.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 26


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Para ajudar a separação da água emulsionada é preciso adicionar substâncias químicas,
chamadas desemulsificantes, que desestabilizam a emulsão. A injeção dessas substâncias
auxilia a coalescência das gotículas de água, formando gotas maiores e mais pesadas que,
por ação gravitacional, decantam rapidamente e permitem a separação das fases.

Figura 7.3: Coalescência de gotículas de água

Figura 7.4: Ilustração da quebra da emulsão

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 27


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.2.1 Separador Gravitacional Trifásico
A separação gravitacional trifásica realiza a separação do gás, água e óleo em um único
separador através do fenômeno da decantação. A vazão e o tempo de residência da carga
proveniente do poço são as variáveis que controlam o processo no equipamento.

Figura 7.5: Correntes de entrada e saída do separador trifásico

7.2.2 Separador Gravitacional Bifásico


Dependendo da composição do petróleo e estratégia de processo o primeiro separador pode
ser bifásico, separando apenas a fase gasosa da fase líquida (óleo+água).

Figura 7.6: Sistema de separadores bifásicos

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 28


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.3 Pré-aquecimento
O pré-aquecimento tem a finalidade de reduzir a viscosidade da mistura, quebrar a emulsão
formada pela mistura água-óleo e promover a redução da espuma, com o intuito de otimizar
a posterior separação dos componentes. Para tal, utilizam-se, geralmente, trocadores de
calor do tipo casco-tubo em um único estágio. O tipo de petróleo que mais se beneficia
deste pré-tratamento é aquele com baixo °API e de alta viscosidade.

7.4 Segundo Estágio de Separação


Nessa etapa do processo a quantidade de água ainda é muito grande porque:
 Nos processos em que o primeiro sistema de separação é bifásico a água ainda não
foi retirada.
 O aumento de temperatura fornecido pela etapa anterior é favorável para a
desestabilização da água emulsionada.
Além disso, com o aumento da temperatura, a quantidade de gás dissolvido diminui na
mistura. Dessa forma, é necessária a utilização de um ou mais vasos de separação
gravitacional.
Essa etapa é ao mesmo tempo tecnicamente vantajosa e indispensável do ponto de vista
econômico. Além de apresentar um custo inferior ao dos tratamentos posteriores, a
eficiência desse equipamento reduz o volume de óleo a ser processado, reduzindo custos
operacionais das etapas subsequentes.

7.5 Vaso Flash do Óleo


O óleo proveniente do vaso de separação pode possuir uma pequena quantidade de gás. Por
isso muitas vezes é interessante a presença de um vaso flash nessa etapa do processo já
que este é um equipamento de custo relativamente baixo. O objetivo desse vaso é retirar o
resquício de gás dissolvido no óleo através de brusca redução da pressão.

7.6 Tratamento Eletrostático do Óleo


O óleo que alimenta esse equipamento, ainda apresenta cerca de 5 a 20% de BSW, que
precisa ser removida até que se atinjam valores especificados nas normas.
O tratamento eletrostático tem essa finalidade e pode ser realizado em dois estágios:
desidratação e dessalgação. A existência da etapa de dessalgação depende da salinidade do
óleo tratado. O tratamento eletrostático utiliza água entre os dois estágios, que pode ser
dessanilizada aquecida ou água do mar, para diluição dos sais e assim atingir a especificação
requerida dos mesmos.
Nessa operação, aplica-se um campo elétrico na emulsão, que promove a polarização das
gotículas (devido à presença de sais dissolvidos) e seu deslocamento. Os choques entre as
gotículas ao longo do seu deslocamento favorecem a coalescência, resultando em gotículas
maiores, que por sua vez, decantam mais facilmente.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 29


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.7 Armazenamento/Transporte do Óleo
Ao fim da desidratação, o óleo pode passar por um tratamento de estabilização com intuito
de retirar o gás remanescente no óleo, através de separadores atmosféricos. O óleo
estabilizado é resfriado e então armazenado. No caso do FPSO o armazenamento ocorre nos
tanques do próprio navio, para ser transportado posteriormente, via embarcações ou
tubulações (oleodutos e gasodutos).

7.8 Água Produzida


O efluente de água deve ser cuidadosamente gerenciado para atender as normas de
especificação. Os principais fatores a serem controlados são:
 Volume de efluente produzido (esse volume é crescente à medida que a jazida
matura);
 Conteúdo salino;
 Presença de óleo residual;
 Presença de produtos químicos.
A água produzida durante o processo de separação e tratamento do óleo pode ser
encaminhada para duas áreas principais: descarte ou injeção no poço para aumento de
produção. No caso do descarte, a água separada contém um teor de oleosidade e
contaminantes que não podem ser diretamente enviados para o mar. Já na injeção,
salinidades inferiores à original podem levar à restrição ao fluxo e à perda de injetividade no
local, além do fato de que impurezas podem levar à obstrução mecânica do local de injeção.
Dentre os tratamentos básicos sofridos pela água produzida destacam-se a remoção de óleo
residual, remoção de gases, remoção de sólidos suspensos e eliminação de bactérias.

7.8.1 Remoção de Óleo


O sistema de remoção do óleo residual pode ser composto por:
 Bateria de hidrociclones: utiliza a força centrífuga para efetuar a separação, a partir
de uma velocidade ótima de escoamento. O número de hidrociclones é determinado
segundo a vazão de corrente de água a ser tratada;
 Trocadores de calor: Elevam a temperatura de forma a desfavorecer a formação de
emulsão;
 Flotadores: Utilizam o princípio da diferença de densidade entre os fluídos.
Além desses equipamentos é usualmente utilizado bactericida na água. As bactérias causam
basicamente problemas referentes à corrosão por liberação de H2S ao consumirem o
material carbônico.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 30


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 7.7: Tratamento da água

7.8.2 Remoção de Gás


A remoção de gases é essencial para evitar processos corrosivos. Gases como H 2S, CO2 e O2
podem estar presentes causando problemas em dutos e equipamentos. O tratamento para
eliminar tais gases pode ter um custo bastante elevado, sendo comum a aplicação de
anticorrosivos ou o uso de materiais resistentes à corrosão.

7.8.3 Remoção de Sólidos Suspensos


A filtração é o processo incumbido de remover os sólidos suspensos presentes na água
produzida. Contudo, tal processo deve ser instalado posteriormente à remoção de óleo
residual, pois a fase oleosa interfere na filtração, causando entupimentos.

7.9 Gás Produzido


O gás natural retirado do separador de produção possui os seguintes possíveis destinos:
 Elevar a pressão do poço (gás reinjetado ou gas lift);
 Queimar como gás combustível (fuel gas) na própria Unidade Estacionária de
Produção;
 Queimar no Flare (quando em quantidade insuficiente para processamento);
 Ser exportado para posterior tratamento e refino nas UPGNs.
Assim como o óleo, o gás contém contaminantes que impedem o envio direto do mesmo
para refinarias e unidades de produção. Os contaminantes presentes podem causar corrosão

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 31


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
e entupimento de dutos e equipamentos, dificultando o transporte e processamento do gás.
Para que o gás natural apresente teores estabelecidos por normas à concentração das
seguintes impurezas deve ser reduzida:
 Água;
 Compostos sulfurados (H2S e COS);
 CO2;
 Sólidos (areia);
 Líquidos (condensado de gás).
O gás separado na planta de processamento de óleo é encaminhado para a planta de
processamento de gás representada no fluxograma abaixo.

Figura 7.8: Esquema do condicionamento de gás

7.9.1 Unidade de Compressão Principal


A Unidade de Compressão Principal tem por objetivo comprimir o gás separado na planta de
separação e tratamento do óleo, bem como o gás recuperado no VRU, para que o gás tenha
energia suficiente para passar pelas Unidades de Desidratação de Gás, Ajuste de Dew Point
e Remoção de CO2, e ser exportado.

7.9.2 Unidade de Desidratação de Gás


A água presente no gás resulta na diminuição da eficiência de dutos de transporte, em
função dos seguintes fatores:
 Acúmulo de água condensada nas paredes, reduzindo a área de passagem;
 Formação de meio corrosivo devido ao contato com gases ácidos, ocasionando danos
a equipamentos e tubulações;

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 32


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
 Formação de hidratos, que são sólidos formados pela combinação física entre
moléculas de água e material carbônico de baixo peso molecular (vide Figura 7.9),
representando um grande problema no transporte do gás e na perda da produção.
A formação de hidratos será abordada nos módulos subsequentes. A Unidade de
Desidratação de Gás visa à redução do vapor de água presente no do gás saturado aos
níveis requeridos por especificações.

Figura 7.9: Hidrato em uma tubulação de gás

O processo mais utilizado para a desidratação é a absorção da água por Trietileno Glicol
(TEG), que é uma substância altamente higroscópica, estável e de fácil regeneração. Este
processo pode ser utilizado tanto para a desidratação quanto para o adoçamento. A Figura
7.10 ilustra o processo de absorção, que é realizado em colunas.

Figura 7.10: Esquema de uma coluna de absorção com TEG

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 33


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.9.3 Unidade de Ajuste de Dew Point
A remoção de CO2 do gás é muitas vezes realizada atreves de membranas, cujo
funcionamento é prejudicado pela formação de condensado em sua superfície.Nesse caso,
antes de entrar na Unidade de Remoção do CO2, a mistura gasosa deve passar por ajuste
em seu Ponto de Orvalho (Dew Point). Esse ajuste ocorre em vasos depuradores e podem
ter os seguintes princípios de funcionamento:
 Joule-Thompson: a expansão do gás em uma válvula provoca uma redução de
pressão com consequente redução da temperatura;
 Absorção refrigerada: o gás é submetido a um contato com um fluído auxiliar numa
torre de alta pressão e baixas temperaturas, que é obtida com o uso de fluído
refrigerante em circuito fechado.

O sistema de compressão também pode contar com vasos depuradores entre os estágios,
visto que a formação de líquidos durante a compressão causa danos severos aos
compressores.

7.9.4 Unidade de Remoção de CO2 e H2S


O adoçamento refere-se à remoção de gases ácidos presentes no gás natural, tais como CO 2
e H2S, que causam problemas de corrosão e toxicidade (no caso do H2S). O tratamento pode
ser efetuado mediante aplicação de solventes orgânicos (MEA, DEA) em torres de absorção,
por uso de peneiras moleculares (leito fixo) os quais absorvem os gases ácidos quando a
corrente de gás natural perpassa por esses elementos, ou via membranas (permeação em
polímeros), tecnologia mais utilizada em poços do pré-sal, devido a sua maior flexibilidade
quanto à vazão de gás e a concentração de CO2.
No caso do pré-sal, são observadas elevadas concentrações de CO2 na composição do poço,
podendo chegar a valores superiores a 10%, o que requer cuidados especiais quanto ao
tratamento do gás natural e à disposição da corrente ácida separada. Este é um dos grandes
desafios intrínsecos ao pré-sal devido aos problemas já apresentados.

7.9.5 Unidade de Compressão para Exportação


Essa unidade tem a finalidade de comprimir o gás para que possa ser conduzido pelos dutos
de forma segura e eficiente para cada destino proposto. Em geral, são necessários mais de
um estágio de compressão para tal serviço de modo que a pressão seja gradualmente
elevada. O sistema de compressão conta com compressores principais e auxiliares, bem
como resfriadores e vasos depuradores entre os estágios, que têm a finalidade de resfriar o
gás para a coleta do possível condensado formado durante o processo de liberação do
mesmo (visto que líquidos causam danos aos compressores). O aumento da pressão do gás
é necessário para a sua exportação e/ou utilização como gas lift. Em geral são necessárias
pressões da ordem de 200 bar.

7.9.6 Unidade de Compressão para Injeção de Gás


Quando a plataforma possui injeção de gás, e a pressão do gás não seja suficiente, essa
unidade fornece a energia necessária para o gás ser injetado no poço.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 34


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
7.9.7 Unidade de Compressão de CO2
A Unidade de Compressão de CO2 tem como objetivo elevar a pressão da corrente rica em
CO2 que deixa o adoçamento até a pressão de sucção da unidade de injeção. Devido aos
altos níveis de pressão exigidos para injeção, esta etapa de compressão deve ser realizada
em diversos estágios.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 35


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
8 Sistema Auxiliares
Em auxílio aos processos de condicionamento anteriores, sistemas como os de teste, de
alívio e de drenagem são essenciais para o funcionamento eficiente e seguro das Unidades
Estacionárias de Produção (UEP’s).
O sistema de teste presente nas UEP’s tem a finalidade de testar cada poço separadamente,
sem a necessidade de parar toda a produção da plataforma. A Figura 8.1 ilustra um
separador de teste.

Figura 8.1: Separador de teste

O teste de cada poço avalia medições de vazões de óleo, água e gás, o potencial do poço
(ou seja, o quanto ainda é possível extrair óleo do mesmo) e as características do poço
(estabilidade e injetividade são alguns exemplos).
O sistema de teste se assemelha ao processo realizado pelo separador de produção presente
no inicio do Processamento Primário, constituído por um aquecedor e separador de teste,
além de bombas de óleo e água, quando necessário.
Outro sistema importante na plataforma é o lançamento e recebimento de pig (ver Figura
8.2). Este sistema é utilizado para a inspeção de oleodutos e gasodutos como uma
ferramenta importante na avaliação da integridade de dutos e a consequente manutenção
operacional dos mesmos. Ele também pode ser utilizado para limpeza dos dutos.

Figura 8.2: Pig

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 36


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Um tipo particular de pig é o pig instrumentado, que se desloca no interior dos dutos,
impulsionado pelo próprio fluido, e é capaz de armazenar os registros da operação para
análise e avaliação posteriores, auxiliando na definição de ações preventivas ou corretivas
necessárias (ver Figura 8.3).

Figura 8.3: Pig instrumentado

O sistema de drenagem corresponde ao armazenamento e tratamento dos resíduos


provenientes dos condicionamentos de óleo, água e gás, que serão posteriormente
descartados. A drenagem pode ser fechada ou aberta dependendo da carga recebida e do
destino dos resíduos. Vale ressaltar que, dependendo das áreas de onde os resíduos são
provenientes, deve haver uma separação dos sistemas de drenagem, sendo um deles para
áreas denominadas classificadas (ou seja, com a presença de uma atmosfera potencialmente
explosiva ou com probabilidade de sua ocorrência) e outro para áreas não classificadas.
O sistema de geração de energia é de fundamental importância para a plataforma, já que o
sistema se encontra em alto mar e necessita de uma fonte de energia para o funcionamento
dos equipamentos, que pode ser realizada por motor a diesel ou turbinas a gás.
O sistema de alívio tem como finalidade abrandar qualquer tipo de sobrecarga na unidade
operacional. São sistemas de segurança e só serão acionados se ocorrer algum desvio não
previsto no projeto. Para tal, são utilizadas tochas de alta e de baixa pressão (flare) que
queimam o material para lá enviado, liberando-o para a atmosfera de modo a não permitir
que haja acúmulo na unidade e possíveis acidentes, conforme mostra a Figura 8.4.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 37


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
Figura 8.4: Flare

Além dos sistemas auxiliares ao processo, para o bom funcionamento da planta offshore é
necessário um conjunto de utilidades, dentre eles o sistema de gás combustível, água de
aquecimento e resfriamento, água de injeção, ar comprimido (instrumentos/serviço), diesel e
dosagem química. A seguir estão apresentadas as principais características destes sistemas:
 Sistema de gás combustível: Em geral, na indústria de petróleo e gás natural, o gás
combustível é um subproduto do processamento normal, normalmente utilizado como
fonte de energia de turbogeradores, piloto do flare, como gas de stripping e na
queima de fornos.
 Sistema de água de aquecimento e resfriamento: É muito comum a utilização de
sistemas fechados de circulação de água como meio de retirar ou transferir calor. Os
sistemas de água de resfriamento compõem-se, basicamente, de trocadores de calor
e de bombas de circulação, com a água indo até os equipamentos que necessitam
resfriamento e voltando para o resfriamento que acontece através de trocadores de
calor, geralmente a placas. O mesmo ocorre para os sistemas de aquecimento, no
qual podem utilizar fornos ou o calor gerado pelos turbogeradores como fonte de
energia.
 Sistema de captação de água de injeção: Utilizados em instalações offshore, os
sistemas de captação de água de injeção destinam-se a recolher água do mar, tratá-
la e transferí-la para injeção nos poços de petróleo e/ou gás natural, de forma a
reduzir o volume disponível no interior dos poços e facilitar a retirada subsequente de
mais óleo e/ou gás.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 38


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
 Sistema de ar comprimido (instrumentos/serviço): O ar comprimido é produzido por
simples compressão do ar atmosférico e utilizado de duas formas: como ar de serviço
- para limpeza em geral e movimentação de ferramentas pneumáticas -, e como ar
de instrumento - para acionamento das válvulas automáticas de controle ou de corte
da unidade industrial.
 Sistema de Diesel: O sistema de óleo diesel, no caso de plantas offshore, destina-se
ao suprimento desse combustível aos geradores de energia elétrica da instalação. O
sistema é normalmente composto de tanque(s) e bombas, estas destinadas ao envio
aos geradores. O óleo diesel, naturalmente, é oriundo de fonte externa.
 Sistema de dosagem química: Praticamente em todas as instalações de produção ou
de processamento de petróleo e/ou gás natural, há sistemas de dosagem de
produtos químicos, com finalidades específicas. É o caso, por exemplo, dos
desemulsificantes, quando se deseja reduzir ou impedir a formação de emulsões
água/óleo.
Como visto nos itens anteriores, o Processamento Primário engloba uma quantidade
considerável de sistemas e processos que permitem que o óleo e o gás atinjam as
especificações exigidas por norma.

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 39


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.
9 Considerações Finais
Neste módulo foi apresentado um panorama da produção offshore no Brasil e no mundo,
bem como a sua importância para o desenvolvimento de tecnologias de exploração do
petróleo no pré-sal.
Nos próximos módulos do curso, serão explorados com mais detalhes os tópicos citados
nessa apostila, bem como a sua aplicação junto ao OGM (Oil & Gas Manager), software
desenvolvido pela SIEMENS, no qual é possível realizar simulações de todas as etapas da
exploração do petróleo descritas nesta apostila.

* Quaisquer dúvidas referentes aos Módulos do curso deverão ser esclarecidas


com a equipe técnica da Chemtech somente através do fórum disponível no EAD
(Ensino à Distância).

Chemtech Serviços de Engenharia e Software 40


Ltda.
AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESSE MATERIAL PERTENCEM À CHEMTECH E NÃO PODEM SER REPRODUZIDAS SEM AUTORIZAÇÃO.

You might also like