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RESUMO
A hidropsia fetal é um quadro grave, que apresenta alta mortalidade perinatal. Devido à
utilização cada vez mais difundida da imunoglobulina anti-D, a hidropsia fetal por
A idade gestacional média ao diagnóstico foi de 27,5 semanas. Houve duas gestações
gemelares duplas e em cada uma delas um feto era hidrópico. Dos nove fetos estudados,
três apresentaram isoimunização Rh; outros três diagnósticos foram: uma síndrome de
Down, uma cardiopatia e uma infecção intra-útero. Permaneceram sem diagnóstico três
fatores etiológicos, três para transfusão intra-útero (fetos com isoimunização Rh), e uma
porém não mostrou alterações específicas que direcionassem o diagnósti co nos casos
não esclarecidos.
B
SUMMARY
Fetal hydropsis a serious disease with high perinatal mortality. The incidence of fetal
hydrops caused by Rh isoimmunization has falled, in part because of the large utilization of
anti-D immunoglobulin. Thus, the incidence of nonimmune fetal hydrops becomes more
The mean gestacional age by diagnosis was 27.5 weeks. There were two twin pregnancies
(double), each one with hydrops in one fetus. From nine studied fetuses, three had the
diagnosis of Rh isoimmunization, one had Down syndrome, one had cardiopaty and one
realized eight cordocentesis: four just for etiologic diagnosis, three for in-utero transfusion
(Rh isoimmunization) and one for digitalics administration (fetal cardiopaty). Post-mortem
examination gave us the diagnosis in one case (pulmonary infection) and confirmed
previous ones, but did not help the diagnosis in the other cases.
Fetal hydrops has bad prognosis, but we think that the advances in diagnosis and
treatment may change this situation and help to improve the surveillence of these fetuses.
C
INTRODUÇÃO
O edema generalizado fetal é reconhecido há muito tempo, mas data de 1932 a primeira
descrição de uma doença na qual a anasarca fetal era o sinal mais visível, junto com
Hidropsia fetal é o acúmulo de líquido no feto, desde edema dos tecidos frouxos até
derrame pericárdico, ascite e derrame pleural (Graves, 1984; Holzgreve, 1991; Mallman,
pele maior que 5 mm. Podem ser vistos derrames serosos nas cavidades peritoneal,
pleural ou pericárdica (Rodeck, 1991). A definição de hidropsia fetal difere de autor para
autor: ascite fetal e polidrâmnio; ascite, edema de couro cabeludo e derrame pericárdico;
ascite, hidrotórax e edema com ou sem derrames cavitários; ascite e edema (Rodeck,
1984; Im, 1984; Rodeck, 1991). A hidropsia fetal não-imune incide entre 1/1600 a 1/1700
D
Dentre as etiologias descritas para a hidropsia não-imune foram relatadas em uma série
E
MATERIAL E MÉTODOS
Foram revisados os prontuários de nove gestantes cujos fetos eram hidrópicos, nascidos
associados à hidropsia fetal, que consistia nos seguintes exames maternos: hemograma,
nascidos.
F
RESULTADOS
A idade média deste grupo de pacientes foi de 25 anos, variando entre 14 e 31 anos. A
paridade variou entre 1 e 5, e uma delas tinha antecedente de mais que 3 abortos
Tabela 1.
brucelose, listeriose, citomegalovirose e sífilis foram todos negativos. Uma paciente teve
glicemia de jejum alterada, com Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO) normal.
Neste grupo de estudo, 3 pacientes apresentavam sensibilização para o fator Rh. Entre as
outras pacientes, uma era portadora de condilomatose vaginal e outra era depressiva
Duas pacientes cursaram gestações gemelares (duplas), e, em cada uma delas, apenas
G
Identificamos uma Síndrome de Down intra -útero e uma cardiopatia (flutter atrial). Outro
via cordão umbilical, com reversão do quadro de flutter atrial. Neste último caso, a mãe foi
Nenhum dos fetos apresentou IgM positiva para as infecções pesquisadas. Um feto
Houve óbito fetal em 88,9 % dos casos. Sete fetos evoluíram para parto normal, um para
cesariana por sofrimento fetal e um para parto a fórceps de Simpson para alívio materno.
outro.
H
CASO EDEMA TCSC ASCITE DERRAME TÓRAX MF
POLIDRÂMNIO
1 + + +
2 + +
3 +
4 + + + + +
5 + + +
6 + +
7 + +
8 + +
9 + + +
+ = presente
TCSC = tecido celular subcutâneo
MF = malformação fetal
I
DISCUSSÃO
Vários fatores podem ser usados para predizer o curso da doença em uma paciente com
aloimunização feto-materna: título sérico de anticorpos maternos, história obstétrica e
espectrofotometria do líquido amniótico a 450 nm (método de Lilley). Entretanto, é difícil
prever o desenvolvimento da hidropsia com base em parâmetros indiretos.
J
Em uma série de 20 casos observou que 65% deles apresentavam elevação na pressão
venosa umbilical medida por ocasião da cordocentese, todos com quadros típicos de
envolvimento cardíaco na produção da hidropsia. Após instituição de terapia que reverteu
o processo de base para a hidropsia observou redução siginficativa dos valores
pressóricos, com reversão da hidropsia.
A investigacão da hidropsia fetal não-imune pode ser feita, gradualmente, com métodos
não-invasivos (hemograma, proteinograma, dosagens metabólicas, sorologias para
infecção, teste de tolerância à glicose, ultrassonografia e ecocardiografia fetal) e invasivos
(amniocentese, cordocentese para avaliação, respectivamente, do líquido amniótico e
sangue fetais, e biópsia de vilo corial) (Holzgreve, 1991).
Uma grande proporção de casos de hidropsia fetal não-imune permanece com etiologia
não esclarecida, sendo considerados idiopáticos (Mallmann, 1991). Em uma série de 26
casos, entretanto, foi encontrada patologia associada em 24, diferindo de outras revisões,
nas quais 30 a 65% dos casos foram considerados idiopáticos (Graves, 1984). Em nossa
série, 3 entre 9 fetos permaneceram sem diagnóstico etiológico.
K
tomadas. Conseguida a cardioversão, é feita então uma dose de manutenção de 0,5 mg
por dia, até o parto. No caso apresentado nesta série, a cardioversão só foi possível após
a digitalização direta por cordocentese. Provavelmente este procedimento foi necessário
porque o feto já se apresentava hidrópico, dificultando a difusão do digital administrado à
mãe por via oral pela via transplacentária.
Após a cardioversão, podem ser necessárias até seis semanas para a resolução da
hidropsia. Propranolol também já foi administrado com a digoxina, mas sua eficácia não
foi comprovada, e os efeitos colaterais neonatais tornaram-no uma opção menos atraente
(Graves, 1984). A interação medicamentosa entre beta-bloqueadores e digitálicos
também confere riscos, o que conta -indica sua utilização simultânea.
L
Das hidropsias fetais não-imunes, 5% se relacionam com infecção viral, bacteriana ou por
protozoários. Recentemente, a associação entre a hidropsia fetal e a infecção pelo
parvovirus B19 tem sido relatada. A fisiopatologia da hidropsia fetal nesta associação é
similar à das hemoglobinopatias e anemias hemolíticas: há diminuicão de volume dos
eritrócitos, porque os eritroblastos são destruídos como alvo da infecção. Assim, ocorrem
anemia, diminuição da pressão coloidosmótica do plasma e insuficiência card íaca
congestiva. A hibridização do DNA confirma a infecção pelo B19 (Dehner, 1991), mas não
é disponível em nosso meio. Kovacks et al (1992) relataram o uso da reação em cadeia
da polimerase (PCR) como método útil, extremamente sensível (detecta 100.000
equivalentes de genoma viral) e muito mais rápido no diagnóstico da infecção por
parvovírus. Não foi feito diagnóstico de infecção intra-útero em nenhum dos 9 casos
estudados na UNICAMP.
M
A hidropsia fetal não-imune se associa também com complicações maternas, a saber,
pré-eclâmpsia, hemorragia pós-parto, dificuldades de extração placentária, anemia,
hipoalbuminemia, infecção do trato urinário, diabetes mellitus (Graves, 1984; Holzgreve,
1991). Em nosso estudo, nenhuma das mães apresentou complicações associadas à
presença de hidropsia fetal.
CONCLUSÃO
N
BIBLIOGRAFIA
O
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