You are on page 1of 5

estrutura, o pape] que'as propriedades categoriais e temáticas de cada item

lexical tem na determinação cia forma das combinações de palavras, a- Aspectos da sintaxe
condições sobre dependências a longa distancia, a distribuição das expres
sões nominais em função das suas propriedades referenciais. do Português Brasileiro
A procura das propriedades universais da linguagem humana, i. e.. do
sistema de conhecimento característico da espécie humana que. sob D ante Lucchesi
estimulação apropriada, evolui para o conhecimento de uma língua parti Tânia Lobo
cular levou a uma mudança cie enfoque: do estudo de regras descritivas do
construções específicas passou-se para o estudo de princípios comuns às
gramáticas das línguas naturais c dos parâmetros responsáveis pela varia
ção tipológica ou particular.

O conhecimento internalizado que os falantes têm de sua língua pode


Leituras complementarei-: ser formalizado em termos do que se chama gramática particular de uma
uaI^Im ' i,,S2: GAZDAR- G.. Ei. KLEIN. G. K. PULLUM c I. SAG. 19X5: migua. Desse modo. a gramática particular opõe-se à gramática univer
uvn vru^' L• l""!: HALE' K" l983; MORAVCSIK. E. c J WIRTH ,,,, ,. sal, que reúne as estruturas comuns a todas as línguas naturais e é a for
ivbü: NfcWMEYEK. F. (org |. [988: OUHALLA J. 1994: RAPOSO. E. P.. IW2: malização dos mecanismos e processos da mente humana que constituem
REINHART. T.. 1976; STOWELL, T. 1981. a faculdade da linguagem. Enquanto na constituição de uma pramá-
tjcji_jjaiüc,ula^L^e_p,Qde__vi.slumbrar a interveniência^dejjatoresjmtóricos
e^ulturais^que_^ndividualizam frente às demais gramáticas particulares,
a gramática universal é a representação de estruturas que constituem o le
gado genético da espécie humana, sendo. pois. comum a todos os indi
víduos dessa espécie e o ponto de partida de todo o fenômeno lingüístico,
tanto do ponto de vista ontogenético quanto do ponto de vista filoecné-
tico.
A formalização do conceito de gramática particular, no âmbito da Gra
mática Generativa, insere-se no objetivo perseguido na tradição lingüística
de alcançar uma expressão lingüística formal para a idéia comum de lín-
gua- A-definiÇão dos aspectos sintáctiços_mie, para além ja_bjiselni£Üísnca
gQJBum^ndividualizam a gramática de uma língua frente às gramáticas de
outras línguas pode ajudar a esclarecer q que "diferencia, porevejnpTprb
Conhecimento lingüístico intuitivo de um falante do Inglês do.conhecimento
lingüístico intuitivo de um falante do Alemão.
Se entre línguas como o Alemão e o Inglês, malgrado o seu «paren
tesco» lingüístico, a distinção entre duas línguas, ou entre duas gramáticas,
parece evidente, em outros casos, os limites são suficientemente tênues para
provocar bastante polêmica, ainda mais que este tipo de questão sofre sem
pre uma série de influxos de natureza política e ideológica. No mundo
lusofônico. no qual nos inserimos, estas questões são particularmente rele
vantes: o Galego c o Português são línguas distintas, ou não? Fala-se a
mesma língua em Portugal e no Brasil? E qual é a situação nos demais
países onde a língua oficial é o Português?
302
303
-r )

A transposição do problema para o plano da gramática visa a deixar gramática portuguesa». Além de definir o seu objeto de estudo como a(s)
um pouco o terreno socio-histórico da língua, em que uma abordagem ex gramálica(s) da língua, i. é., o conhecimento intuitivo dos falantes (a lín
clusivamente lingüística e formal não seria suficiente para dar conta da gua interna), e não a língua externa, concentrando os seus estudos no ní
questão, para o terreno do conhecimento implícito do falante individual, em vel da sintaxe — entendida como o núcleo dessa gramática —, 'larallo vai
que a lingüística formal pode caminhar com mais segurança, neutralizan buscar fundamentar a sua posição com estudos empíricos de processos de
do na medida do possível as interferências de ordem política e ideológica. mudança que se verificam no desenvolvimento histórico da língua.
Assim, no âmbito mais gera! do que se define como língua portuguesa, Segundo essa posição, a variação nos aspectos da sintaxe poderia ex
entendida como um objeto socio-histórico, pode-se falar de gramáticas di plicar melhor as diferenças existentes entre gramáticas de línguas diferen
ferenciadas, com base nas diferenças sintáticas que se observam no conhe tes, ou entre gramáticas de uma mesma iingua (cf. Taraiio e Kaíu, 1989).
cimento de falantes congregados em uma mesma entidade de natureza Neste caso, dados e estudos de base quantitativa poderiam demonstrar que
política e cultural. essas diferenças reflectiriam mudanças operadas no conhecimento lingüístico
dos falantes da língua. fc
Assim a configuração de uma gramática basileira no final do século XIX.
Em busca de uma gramática brasileira ainda segundo Tarallo (1993:70), decorreria de quatro grandes mudanças
sintáticas: (i) a implementação de objetos nulos c o aumento da freqüên
A rigor, pode-se dizer que o Português começou a se diferenciar em cia de sujeitos lexicais, resultante de uma reorganização do sistema pro
distintas modalidades desde o momento em que se deu a sua transplanta- nominal; (ii) a mudança nas estratégias de construção de orações relativas:
ção para as colônias de além-mar. Tal é o que se deu, por exemplo, com (iii) a mudança nos padrões sentenciais básicos, com um enrijecimento cia
a colonização do Brasil, iniciada em meados do século XVI. Através de ordem SVO; (iv) a mudança, nas perguntas diretas e indiretas, de um pa
crônicas de viajantes dos séculos XVII e XVlll, já podemos notar o interes drão sentenciai VS para um padrão SV.
se despertado pejas diferenças e semelhanças que se observavam entre o
falar da Colônia e o cia Metrópole. Contudo essa questão só vai alcançar
maior notoriedade na segunda metade do século XIX. Envolvida em fones Aspectos sintáticos que caracterizam
sentimentos nacionalistas decorrentes da independência política do Brasil, a gramática brasileira
ocorrida em 1822. chegará a ser propugnada a existência de uma língua
brasileira, em oposição à língua portuguesa da ex-Metrópole. Não obstante Não obstante essas mudanças que se observam na língua falada no
as conotações ideológicas dessa proposição, a constituição de uma nação Brasil, o ensino da língua materna nas escolas ainda se fundamenta em um
com instituições, imprensa, literatura e culturas próprias fatalmente deter modelo de língua fortemente decalcado do padrão europeu, o que leva al
minaria profundamente o processo histórico de desenvolvimento da língua guns lingüistas a falarem mesmo em uma situação de diglossia entre a lín
falada no Brasil.
gua falada pelo aluno ao entrar na escola e o padrão escrito ensinado nessa
Essa diferenciação da língua falada no Brasil, em relação à modali escola (cf., por ex., Corrêa, 1991). Assim, a caracterização de alguns as
dade européia, destacada a partir de então, seria objeto, tanto das manifes pectos do Português do Brasil que se fará a seguir não diz respeito à nor
tações claramente impressionistas e/ou marcadas por fortes conotações ma lingüística encontrada nas gramáticas normativas brasileiras, mas a
ideológicas, quanto das diversas correntes que se sucederam nas tradições estruturas que podem ser facilmente observadas na fala das camadas de
lmgüístico-filológicas portuguesa e brasileira, que buscaram dar um tra pouca ou nenhuma escolarização, bem como na fala espontânea da cama
tamento exclusivamente lingüístico à questão. Recentemente, surge, dentro da definida como culta.
dessa segunda linha, uma formulação que tenta expressar sistematica Os aspectos da sintaxe destacados a seguir são os seguintes: 1) a rea
mente essas diferenças que se observam no «português d'aquém e d'além lização do sujeito e a flexão verbal; 2) a realização variável do objeto
mar».
direto; 3) a colocação dos clíticos; 4) as orações relativas; e 5) a ordem
A partir do conceito de gramática, esboçado no início desta seção. dos constituintes na sentença.
Tarallo (1993) postulará «a emergência de uma gramática brasileira que,
ao final do século XIX, mostrava claras diferenças estruturais em relação à

304 305
1. Sujeito nulo/sujeito lexical e a fiexão verbal
das gerações mais jovens e à das gerações mais velhas, em contexto in
Um dos aspectos destacados por Chomsky (1981) para distinguir as formal; e (iii) é observado apenas entre falantes analfabetos ou entre pes
gramáticas das diferentes línguas é a opção de não se realizar lexicalmente soas com baixo nível de escolarização.
o sujeito, denominado desde então parâmetro do sujeito nulo. Assim, o A simplificação da morfologia verbal, segundo Duarte (o/> cit.). teria
ortugues e caracterizado como uma língua de sujeito nulo (ou uma lín detonado o processo de mudança na fixação do parâmetro pro-drop. Esse
gua pro-drop) pois permite a não realização lexical do sujeito, seja ele processo, ainda não concluído, configuraria sincronicamente o que Roberts
relerencial, ou não: (1993) define como um sistema de sujeito nulo «defcciivo». Nesse siste
ma, preserva-se ainda a ocorrência categórica do sujeito nulo não referen
(1) Estou muito cansado. cial — conforme (2), acima.
Por outro lado, ainda segundo Duarte (op. cit.: 123). a identificação do
(2) Chove muito durante o inverno. sujeito nulo referencial, minoritário em ocorrências, passou a estar depen
dente de algo exterior à concordância: para a 2.1 pessoa, haveria a interfe
Ja o Prancês constituiria uma exceção no quadro das línguas Románi- rência do contexto pragmático; para a 3.a pessoa, a ocorrência do sujeito
cas. pois nessa língua a realização lexical do sujeito é obrigatória: nulo dependeria, na maioria dos casos, da correferência com um SN já
mencionado no discurso; c, finalmente, a I.' pessoa, por não contar com
(3) (a) Je suis ires fatieué. um reforço para além da concordância, apresentaria o estágio mais adian
(b) 'Suis três fatigué. tado de mudança, sendo, em muitos casos, a realização do pronome lexical
eu amplamente maioritária.
Í4) (a) II pleut beaucoup pendam 1'hiver.
(b) * Pleut beaucoup pendant 1'hivcr.
2. A realização variável do objeto direto:
A correlação entre a riqueza dos paradiemas flexionais do verbo e a clítico acusativo. pronome nominativo e objeto nulo
ocorrência cio sujeito nulo tem sido um dos aspectos mais enfatizados na
unam a oe caracterizar a natureza das chamadas líncuas pro-drop. Den No PB, a realização do objeto direto correferente com um SN mencio
tro do conjunto oe mudanças sintáticas por que estaria a passar o Portu nado no discurso é um fenômeno lingüístico variável, em decorrência di
guês cio Brasil (doravante PB), refere-se como sendo das mais importantes urna mudança em curso que se verifica na estrutura da língua. Essa mudan
a evolução de «uma marcação positiva para uma marcação negativa den ça resulta do processo de perda do clítico acusativo de 3." pessoa — o(s).
tro do parâmetro pro-drop, [coincidindo] com uma significativa redução ou o(s) —, dando margem a duas estratégias de preenchimento da posição de
simplificação nos paradigmas flexionais» (Duarte, 1993: 107). objeto direto:

.in.tT^nrf10 P°r Uma realidade socioiingüística profundamente estra (i) a ocorrência de objetos nulos |e] nos mais diversos contextos
dada, olB, a pan-.r du paradigma flexionai de 6 formas previsto pela
norma ^d apresenta hoje, na sua realidade oral, 3paradigmas distin sintáticos, sendo o antecedente um SN (cf. 5) ou uma sentença
tos, resultantes de crescentes processos de simplificação: (cf. 6).

(0 eu amo; você/ele ama; nós amamos; vocês/eles amam (5) Conte aquela piada nova para o João. Você já contou je| para ele?
00 eu amo; você/ele/a gente ama; vocês/eles amam
_ Oi.) eu amo; você/ele/a gente/vocês/eles amou (6) O Pedro disse que vai passar no teste. Eu acho difícil |e).

Adistribuição desses três paradigmas por entre os falantes pode ser (ii) a utilização da forma nominativa de 3." pessoa em função de
grosso modo assim caracterizada: (i) corresponde à língua escrita e à fala acusativo:

das gerações mais velhas ou das mais novas, em contexto formal; (ii) à fala
(7) A Paula está vindo; eu já chamei ela.
306
307
itaite (1989). ao analisar os condicionamentos de natureza lingüística gunda forma verbal, ponanto a forma não finita do verbo. Assim, firma
ciessa variação, observa que a opção pelo objeto nulo é favorecida quando ram-se como gerais na língua, usos dos seguintes tipos:
o antecedente e marcado pelo traço semântico [-animadoj. independente
mente da estrutura sintática em que ocorra: (13) Eu estava //le-contando a história

(8) Eu comprei o dicionário e emprestei |e] ao João. (14) Vamos /jo.v-encontrar amanhã à tarde

(9) Você refoga a carne e deixa 'e1 cozinhar bastante (15) Os políticos haviam se-corrompido
Aopção pelo uso da forma ele como acusativo seria a mais freqüente A colocação pós-verbal do clítico, não tendo sido de todo banida do
çm estruturas sintáticas com predicativo ou estruturas em que o objeto e PB contemporâneo (doravante PBC), tem o seu uso definido sobretudo poi
também sujeito de uma oração subordinada - em associação a um ante fatores de natureza extralingüística, estando associada, por exemplo, a fa
cedente marcado pelo traço semântico [-fanimado]: lantes com um nível mais elevado de escolaridade ou de faixa etária mais
elevada, e também aos registros mais formais de comunicação.
(10) Eu não tenho nenhuma queixa contra o professo,. Eu acho cie
maravilnoso.

4. As estratégias de relativização
(11) Amanhã, o meu filho viajará para São Paulo. Eu deixei ele ir
sozinho.
A norma padrão prevê as seguintes construções para as orações relativas:

(16) O menino que caiu está chorando.


3. A colocação dós clíticos
(17) O rapaz a quem deste o livro é meu conhecido.
mrnird° P"r-Spe(Tlivadas diacronicamente, as diferenças aue se observam
na colocação dos cht.cos entre o Português Europeu (doravante PE, e oPB Essas estruturas são comuns ao PE e são analisadas a partir do movi
aevem ser caracterizadas como resultantes de processos de mudança que mento de um sintagma-Q (cf. Dependências locais e movimento de cons
se operaram tanto cm um quanto em outro caso (cf. Lobo 19ÍP) ' tituintes, neste capítulo). Já no PB, as estratégias mais comuns de
ao rWn^l' ° aSPeCí° ma'S imPortante a sal.entar-se no que diz respeito relativização são as exemplificadas abaixo:
ao de envolvimento histórico divergente do PB éa generalização do uso
Z*toT'STerh"' f° ClÍÜC(K sul-ertendo-se. assim, restrições im- (18) (a) Eu tenho uma amiga que [e] é ótima,
sSatTi a S'ntát,Ca dü frHSe ^Ue se ^nficavam em fases pas- (b) Eu tenho uma amiga que ela é ótima.
PH contn n'gUa P"r;USUesa *W* ^ mantiveram, ainda que outra, no
(19) (a) O vestido que eu saí [e] ontem está sujo.
uai absoluta e o exemplo mais significativo das mudanças ocorridas n< no (b) O vestido que eu saí com ele ontem está sujo.

(12) Me empreste o seu 1ívro. Em seu estudo sobre esse aspecto da gramática do PB. Tarallo (1983)
distribui essas construções em três tipos:

meris st! ^ sentenciais


comr ™k'
°C°rrCram marcadas
na COl°CaÇa° dos cliticos *»&™ «*>
por formas simples do verbo.
(i)
(ii)
relativa com lacuna — (18a);
relativa com pronome lembrete — (18b) e (19b);
do ar ;otn1h-qUC
adotar "l™
como padrão geral "P***"
de colocação verbais.
do clítico asuaNessas, passou-se
anteposição àse-a (iii) relativa cortadora — (19a)

308
309
.A relativa com lacuna é pelo menos superficialmente idêntica ao rico no século XVIII, é amplamente subvertido no PB, de modo que atual
nadrão e só ocorre quando o processo de relativização se dá a partir de mente a freqüência do padrão SV nessas sentenças é de mais de 909;
uma posição de sujeito ou objeto direto. Já a relativa com pronome lem Assim o PBC difere radicalmente do PEC, no qual, em quase todas as
brete (ou resumptivo) em que a posição da lacuna é preenchida por um SN interrogativas. o movimento de V para uma posição à esquerda de S c
— preposicionado, ou não — correferente com o SN antecedente da rela obrigatório, deixando um vestígio [vj na sua posição original, como cm;
tiva, ocorre com todas funções sintáticas. A relativa cortadora, que ocorre
com as posições objeto indireto, oblíquo e genitivo, se diferencia da rela (21) O que comprou o João (v)?
tiva com pronome lembrete correspondente (cf. 19) pela ausência, tanto do
SN correferente quanto da preposição que o rege. (22) Onde está a Luísa (v)?
Segundo Tarallo (1983), essas construções, resultantes de um processo
de mudança que atinge um estágio significativo no final do século passa Essa é basicamente a situação que também se observa no Português do
do, não derivam de uma regra de movimento, como ocorre com as cons
truções do padrão. Nas relativas com lacuna e cortadora. ocorre um
século XVi, como se pode observar no exemplo abaixo (extraído de Rossi.
apagamento dos constituintes in situ, enquanto nas relativas com pronome
iembrete essa posição é ocupada pelo SN correferente. Em todas cias. o (23) Que dizeis vós (v)? (Gil Vicente)
que deve ser analisado como um complementador (ou seja, como uma con
junção integrante), c não como um pronome relativo. Desse modo, as la
cunas identificadas nas duas primeiras construções devem ser vistas como No PBC, além do predomínio da ordem SV tanto nas interrogativas
categorias vazias — [e] —, semelhantes aos pronomes nulos. com elementos Q(cf. 24 e 25) quanto nas interrogativas sim/não (cf. 37).
Atualmente, em termos sociolingüísticos, pode-se dizer que a variante verifica-se igualmente a possibilidade de interrogativas-Q sem nenhum
movimento (cf. 27 e 28;:
cortadora tende a ser implementada, já que a variante com pronome lem
brete ainda é em certa medida estigmatizada. (24) Onde o Pedro estuda?
(25) O que esta cooperativa produz?
;-. A ordem dos constituintes na sentença
(26) A Maria trabalha na Faculdade?
As mudanças relativas ao aumento da freqüência de sujeitos lexicais
combinado com o crescimento de objetos nulos, acima descritas, provoca (27) O João foi para onde?
riam a alteração de um outro aspecto da sintaxe do PBC: a ordem dos
constituintes na sentença. Assim, nota-se, na gramática do PBC, um (28) Você está lendo o quê?
cnrijecbnento da ordem sujeito-verbo-objeto —SV(O) —que se manifesta
tanto nas sentenças declarativas quanto nas orações interrogativas. Em sua
pesquisa diacrônica. Berlinck (1989) observa que a freqüência de ocorrên Na modalidade oral espontânea do PBC, além das construções
cia de sentenças declarativas com a ordem VS — como em (20) — cai interrogativas com a expressão, dita expletiva. «é que» (cf. 29) são muito
no PB de 427c no século xvm para 21% nos dias de hoje, ou seja, é re freqüentes as construções em que o sintagma-Q é acompanhado por um
duzida à metade.
«que» na posição de núcleo (cf. 30, 31):
(20) Naquele momento, encontrou o João a solução de todos os seus (29) O que é que essa cooperativa produz?
problemas.
(30) O que que você fez ontem?
Contudo, a mudança mais significativa é a que se pode observar nas (31) Onde que está o livro?
sentenças interrogativas. Duarte (1992) constata que o padrão VS, categó-
310
31

You might also like