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Canção de Madrugar

De linho te vesti, de nardos te enfeitei


Amor que nunca vi, mas sei

Sei dos teus olhos acesos na noite


Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti, o vinho que pisei


O fel do que sofri, e dei, dei

Dei do meu corpo o chicote de força


Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca, nunca te encontrei


Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis, quis

Sei meu amor inventado que um dia


Teu corpo há de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem
Pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem
Feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem
Forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras, nem
Choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem
Pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem
Feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem mal

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