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Resumo: Vigas de aço casteladas são vigas com aberturas sequenciais padronizadas na alma, fabricadas a partir
de perfis laminados a quente ou soldados. A principal característica destas vigas é o incremento de resistência
no perfil original, com o aumento da sua altura, sem alteração do peso. Elas apresentam limitações de
dimensões da abertura que estão ligadas à altura do perfil base, geralmente produzindo-se um perfil 50% maior
em altura. Neste trabalho, são estudadas as vigas casteladas expandidas em altura, através da soldagem de
perfis W e WT complementar na alma, no lugar de chapa de expansão, de modo a se obter vigas de maior
inércia, mais leves e com diferentes tipos de aberturas; adicionalmente estudou-se o comportamento destas
vigas com diferentes comprimentos. O presente trabalho aborda os resultados obtidos através da modelagem
por elementos finitos com análise não linear física e geométrica, com vistas a investigação do comportamento
estrutural quanto a resistência da seção transversal e rigidez.
Palavras-chave: Estruturas de aço; Análise não linear; Vigas Casteladas; Vigas Casteladas Expandidas; Ansys.
1. INTRODUÇÃO garantindo resistências mais elevadas. Observou-se
que o ganho de resistência para perfis mais baixos
A construção industrializada presente no Brasil
inicialmente são mais perceptíveis e que do ponto de
tem buscado a racionalização em vários níveis do
vista da deformação, o incremento do rendimento à
processo construtivo. Com o objetivo de obter um
flexão torna as vigas casteladas expandidas mais
melhor aproveitamento do espaço vertical e facilidade
competitivas.
de manutenções futuras nas edificações, torna-se
convencional a execução de aberturas nas vigas para Esta configuração apresentou um ganho em
a passagem de tubulações de serviço. relação as vigas casteladas convencionais na maioria
dos casos, justificando a sua utilização principalmente
Vigas casteladas são alguns exemplos de
se fosse necessário utilizar uma viga de alma cheia
utilização de aberturas. O processo resulta em vigas
com altura elevada.
mais resistentes e menos sensíveis a deformações,
bem como mais leves e indicadas para maiores vãos. O estudo realizado em 2017 [1] confirmou então
que a utilização da configuração castelada expandida
Estas vigas ainda podem ser expandidas em
é vantajosa pois apresenta uma redução considerável
altura, como já estudadas em 2017 [1], através de
do peso com ganho em altura para resistir melhor os
chapa aumentando ainda mais sua inércia e
momentos e ainda apresenta aberturas que facilitam • Viga Castelada Expandida com perfil WT155x10,5,
passagem de tubulações de serviço; e por WT125x11,15 e WT125x12,65 com a mesa
apresentarem alturas excêntricas e paralelas podem voltada para cima e;
garantir inclinação destes elementos caso necessário. • Viga Castelada Expandida com perfil WT155x10,5,
WT125x11,15 e WT125x12,65 com a mesa
A influência desta expansão também foi estudada
voltada para baixo.
por Wissmann [2] para diferentes configurações de
aberturas nas vigas. Que observou uma redução cerca E na segunda análise paramétrica, foi verificado o
de 15% no peso da estrutura e ganho de, em média, comportamento das vigas casteladas expandidas com
44% na resistência devido ao maior distanciamento chapa e com o perfil W150x13, mas com diferentes
entre as mesas comparado à altura de um perfil comprimentos.
expandido.
4. MODELAGEM COMPUTACIONAL
2. OBJETIVOS
4.1. Modelo experimental de calibração
Através do método dos elementos finitos, com o
A calibração do modelo numérico foi idealizada
software Ansys 15 [3], o presente trabalho tem como
baseada nos dados experimentais obtidos através de
objetivo desenvolver modelos numéricos, de forma
ensaios realizados no trabalho experimental de
parametrizada, de vigas de aço casteladas expandidas
Zirakian e Showkati [5].
na alma com a substituição da chapa de expansão por
perfis W e WT presentes no catálogo da Gerdau Zirakian e Showkati [5] elaboraram ensaios
Açominas [4], permitindo, com a colocação de experimentais utilizando perfis laminados IPE12 e
imperfeiçoes geométricas, efetuar uma análise não IPE14 com três variações de comprimento para cada
linear, a fim de simular seu comportamento perfil a fim de estudar a flambagem lateral por torção
estrutural. de vigas de aço casteladas. Na publicação constam
curvas de carga versus deslocamento lateral de vigas
Adicionalmente são estudadas as mesmas
com vão igual a 3600 mm de comprimento formadas
configurações de expansão para as vigas com
a partir de cada perfil.
diferentes comprimentos de vãos.
Para a calibração do modelo numérico de vigas
3. METODOLOGIA
casteladas do presente trabalho, foi adotado o ensaio
Inicialmente foram calibrados modelos de vigas da viga castelada formada com o perfil IPE12
casteladas com modelos experimentais presentes na identificado por Zirakian e Showkati [5] como C180-
literatura. 3600. Este protótipo apresenta as seguintes
propriedades geométricas: 180 mm de altura; 64 mm
Com o modelo calibrado, foram gerados seis
de largura de mesa; 6,3 mm de espessura de mesa e;
modelos em diferentes configurações para um perfil
4,4 mm de espessura de alma. E foram extraídas as
W310x38,7:
seguintes características físicas: 279,31 MPa e 894,35
• Viga na configuração original; MPa para tensão de escoamento e tensão de ruína,
• Viga Castelada e; respectivamente, da mesa e; 233,93 MPa e 892,23
• Viga Castelada Expandida com chapa de 150 mm MPa para tensão de escoamento e tensão de ruína,
de altura; respectivamente, da alma. Este protótipo constitui
uma viga castelada simplesmente apoiada submetida
Feito isto, foram realizadas análises paramétricas a carregamento aplicado no meio do vão.
divididas em duas etapas distintas.
Foram adotados sistemas de travamentos laterais
Na primeira, substituiu-se a chapa de expansão a 165 mm do apoio que incluíam dois membros dos
por diferentes perfis dois lados da viga. Adicionalmente, nos apoios, foram
• Viga Castelada Expandida com perfil W150x13; projetados e soldados enrijecedores apropriados na
alma e nas duas mesas. O arranjo experimental e a
configuração das aberturas das vigas casteladas estão componentes de tensores. Trata-se de um elemento
ilustrados na Figura 4.1 e Figura 4.2, respectivamente. adequado para a modelagem de problemas
estruturais que envolvam análise linear e análise não
linear física e geométrica. Na Figura 4.3, são
mostrados os aspectos do elemento SHELL181.
Figura 4.1 – Arranjo Experimental [5]
Figura 4.3 – Elemento SHELL181 [3]
4.2.1. Resultados
A fim de validar o modelo proposto, foram
comparadas as curvas de deslocamento lateral no
quarto do vão versus a carga aplicada conforme Figura
4.9. As siglas T.7, T.8 e T.9 indicam respectivamente as
leituras dos transdutores de deslocamento no topo,
Figura 4.5 – Malha de elementos finitos para C180-3600 no meio e na base da seção localizada à um quarto do
vão da viga testada experimentalmente e as siglas
UZ_T, UZ_M e UZ_B indicam respectivamente os
deslocamentos na direção Z para topo, meio e base na
mesma seção representada no modelo de elementos
finitos.
Figura 4.6 – Condições de contorno para C180-3600
Figura 4.11 – Viga castelada expandida
MX
Bitola d b tw tf
(mm x Kg/m) (mm) (mm) (mm) (mm)
W150x13 148 100 4,3 4,9
WT155x10,5 151,5 101 5,1 5,7
WT125x11,15 127 102 5,8 6,9 1
NODAL SOLUTION
1 0 .009819 .019638 .029457 .039276
NODAL SOLUTION
.00491 .014729 .024548 .034367 .044186
Estudo
STEP=1 Dirigido (W310X38.7_EXP_PERFIL-T)
SUB =44 DEC 6 2017
08:04:00
(d) VCEXP-I_W150x13 (Pmax = 367,47 kN)
TIME=27.5208
NLEPEQ (AVG)
RSYS=0
DMX =28.3051
SMX =.062634
MX
1
(a) Perfil WT com mesa (b) Perfil WT com mesa
0
NODAL SOLUTION
STEP=1
.006959
.013919
.020878
.027837
DMX =23.4809
Figura 5.2 – Seções expandidas com perfil WT SMX =.071608
MX
5.1.1. Resultados
Inicialmente, foram observados os mecanismos
que ocorreram nas vigas para as diferentes bitolas
adotadas na expansão. A Figura 5.3 apresenta as
deformações plásticas que ocorrerão no meio do vão 0
.007956
.015913
.023869
.031826
.039782
.047739
.055695
.063652
.071608
Estudo Dirigido (W310X38.7_EXP_PERFIL-TI3)
5.2.1. Resultados
M/Mp
1,00
Para representar o comportamento das vigas com
diferentes vãos, é exposto, na Figura 5.5, um gráfico
0,50
VORIG
VCEXP-CHAPA_150
VCAST
VCEXP-I-WT150x13
comparativo de carregamento distribuído equivalente
VCEXP-T-WT155x10,5 VCEXP-T-WT125x11,15 qeq versus o cortante referente a este carregamento
VCEXP-T-WT125x12,65 VCEXP-TI-WT155x10,5
VCEXP-TI-WT125x11,15 VCEXP-TI-WT125x12,65
Vref.
Comparativo para variação de altura
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
n=10
Deslocamento no centro do vão (mm) 160,00
n=10
140,00
Figura 5.4 – Ganho em relação a configuração original
120,00
5.2. Variação do comprimento
n=10
q_eq (kN/m)
100,00
n=16
este trabalho só fornecem resultados para vigas 60,00 n=16
0,00
Já que o modelo foi elaborado de forma 80,00 130,00 180,00 230,00 280,00 330,00 380,00
Vref (kN)
parametrizada, para alterar o comprimento das vigas
foi necessário somente aumentar a quantidade de Figura 5.5 – Comparativo para a variação de altura
aberturas, ou seja, o número de vezes que as células
Para a obtenção deste carregamento, o momento
foram repetidas. Sendo adotados modelos com 16
máximo obtido pela carga no meio do vão obtida
aberturas que originam vigas com aproximadamente
através do incremento de deslocamentos na análise
7,8 m e com modelos com 20 aberturas, originando
não linear dos modelos é substituído na formulação
vigas com 9,5 m.
para momento máximo de vigas com carregamento
distribuído, conforme a Eq. 5.1; e posteriormente Ao variar o comprimento das vigas, observou-se
substituído na formulação para obter o esforço que, os menores comprimentos apresentam valores
cortante indicado na Eq. 5.2. de carregamentos distribuídos admissíveis mais
elevados, conforme esperado. Esta análise também
8𝑀 mostrou a vantagem da utilização das vigas casteladas
𝑞"# = 2 (5.1)
𝐿 expandidas para vãos maiores tanto utilizando uma
𝑞𝐿 chapa de expansão de 150 mm quanto um perfil
𝑉*"+ = (5.2) W150x13.
2
Vale investigar com outros modelos mais
6. PRINCIPAIS CONCLUSÕES fidedignos, o comportamento das vigas sob
No presente trabalho foram realizadas análises carregamento distribuído para verificar a real
paramétricas através de modelos em elementos interferência do mesmo nas vigas com aberturas
finitos de vigas de aço casteladas expandidas com a sequenciais, já que o carregamento centrado
utilização do Software Ansys 15 [3]. apresenta altos valores de esforços cortantes neste
ponto, não sendo interessantes no comportamento
Estas análises foram divididas em dois estudos: destas vigas. Uma outra forma de analisar também os
um em que a chapa de expansão, das vigas casteladas esforços cisalhantes e de flexão de forma simultânea.
expandidas, foi substituída por perfis W e WT; e outro
no qual o comprimento das vigas foi variado. 7. PROPOSTA DE CONTINUAÇÃO DA PESQUISA
Ao analisar as deformações plásticas nas vigas Para a continuação do trabalho a ser realizado
com diferentes perfis de expansão, nota-se que todos para qualificação, pretende-se estudar o
os casos apresentaram formação de rótulas plásticas comportamento de vigas casteladas expandidas, mas
ao redor das aberturas e que no caso de uma com aberturas mais alargadas, interrompendo o perfil
expansão com perfil W150x13 ocorre uma ou chapa de expansão ao longo da viga. Esta análise
plastificação ao longo da alma do perfil de expansão. será feita a partir do modelo de uma viga de aço
Quando a expansão é feita com um perfil WT as Vierendeel (Figura 7.1).
rótulas plásticas que são formadas no perfil de
expansão não ocorrem nas adjacências das mesas
deste perfil. Acredita-se que essa intensidade de
plastificação ao longo da seção W150x13 ocorre
devido ao fato da mesma apresentar uma alma mais
esbelta. Figura 7.1 – Viga de aço Vierendeel
Com os resultados apresentados em um gráfico Com todos os dados obtidos, sugere-se elaborar
de deslocamento no centro do vão versus a razão do um controle estatístico dos dados obtidos para todos
momento máximo para as vigas na configuração os modelos gerados
original pelo momento de plastificação de cada uma Propõe-se também a realização de um estudo
das vigas nas configurações estudadas, pode-se analítico simplificado (Figura 7.2) para desenvolver
observar que a expansão com o perfil W155x13 formulações de dimensionamento para as vigas
apresentou melhores resultados que as demais casteladas expandidas para comparar com os
configurações e que a expansão com um perfil resultados do mais recente Design Guide 31 – AISC
WT155x10,5 permite um ganho considerável, tanto lançado no início de 2017.
para o perfil com a mesa voltada para cima quanto
para baixo, garantindo praticamente a mesma altura
da chapa escolhida, mas com peso inferior e espessura
de alma mais grossa que a bitola W155x13. Entretanto
acarretaria em um custo a mais para realização do Figura 7.2 – Analogia de viga Vierendeel para vigas alveolares
corte do perfil.
Todo este estudo será estendido para vigas
casteladas e vigas casteladas expandidas mistas de
aço e concreto afim de se obter o melhor modelo para
realização de ensaios experimentais. E por fim,
realizar uma análise econômica da fabricação destas
vigas.
REFERÊNCIAS
[1] Dias, B. V.; Andrade, S. A. L. de; Lima, L. R. O. de L.
Modelagem por elementos finitos de vigas de aço
casteladas e vigas casteladas expandidas. XXXVIII
Iberian Latin-American Congress on Computational
Methods in Engineering. ABMEC. Florianópolis, 2017.
[2] Wissmann, J. A. Estudo de vigas de aço com aberturas
de alma tipo alveolar, Litzka e vigas expandidas em
altura. Dissertação de Mestrado, Departamento de
Engenharia Civil – PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2009.
[3] Ansys 15.0®. ANSYS – Inc. Theory Reference. 2013.
[4] Gerdau Açominas. Tabela de Bitolas. Disponível em:
www.gerdau.com.br/perfisgerdauacominas. Acessado
em agosto de 2016.
[5] Zirakian, T.; Showkati, H. Distortional buckling of
castellated beams. Journal of Construction Steel
Research. Elsevier, 2006, p. 863-871.