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Leia atentamente o texto e responda às 4. Cada um pode, facilmente, achar
questões. numerosas ilustrações das diferenças en-
tre as formas de pensamento ou de racio-
cínio dos ingleses e dos latinos. Descobrir
1. Cita-se com freqüência o lado empi- as raízes é menos evidente. A compara-
rista anglo-saxão em face da propensão ção das práticas jurídicas oferece um
latina à abstração, ao pensamento concei- exemplo interessante destas diferenças.
tual e aos princípios. Henri Poincarré já 5. O direito consuetudinário, tal como
tinha observado que se ensinava a mecâ- está consolidado e perpetuado na common
nica (dita “racional” em física) de forma law inglesa, está fundado na tradição.
diferente, de acordo com o lado da Man- Em cada litígio, para arbitrar, o júri
cha de onde se olhava. popular procura na memória coletiva da co-
2. Na França, nós a ensinávamos munidade um “caso” precedente no qual se
como a matemática, partindo dos teo- possa buscar inspiração para julgar eqüita-
remas, dos princípios, da base teórica tivamente, por analogia, de acordo com o
de onde se derivava e, a seguir, deduti- costume, o caso em questão. É, pois, a par-
vamente, as conseqüências práticas, tir de um ou de diversos casos similares
assim como os diversos exemplos. Na que se infere a conduta a sustentar, sem-
Inglaterra, ao contrário, partia-se dos pre levando em conta as particularidades
fatos experimentais, de onde se infe- do caso específico em julgamento.
ria, a seguir, por indução, os princípios 6. Ao contrário, o direito romano é um
teóricos. direito escrito e abstrato. Um jurista fa-
3. Bertrand Russel, por sua vez, obser- miliarizado com este direito e investido
vava com humor que, na literatura sobre da autoridade do Estado é chamado a
a psicologia animal experimental, os ani- julgar as demandas que lhe são feitas e a
mais estudados pelos americanos agi- decidir entre as partes presentes. Ele
tam-se com frenesi e entusiasmo e, final- procura num texto a fórmula jurídica
mente, atingem, por acaso, o resultado vi- que se aplica a esta situação particular e
sado. Os animais observados pelos ale- apresenta sua decisão apoiando-se sobre
mães param para pensar e, finalmen- a jurisprudência.
te, descobrem a solução por um proces-
so voluntário e consciente (...). Uma AMADO, G., FAUCHEUX, C., e LAURENT, A. Mu-
anedota de origem desconhecida ilus- dança Organizacional e Realidades Culturais: con-
trastes franco-americanos. Em CHANLAT,
tra, igualmente, esta oposição. Per-
Jean-François (coord.), O Indivíduo na Organização
gunta-se a um inglês se ele gosta de – Dimensões Esquecidas, vol. II. São Paulo: Atlas,
espinafre. Ele coça a cabeça, pensati- 1994, p. 154-155.
vo, e depois responde: “Provavelmente,
pois eu como com bastante freqüên-
cia.” A mesma pergunta formulada a Questão 16
um italiano, de acordo com a história,
provoca a resposta imediata: “Espina- Observe o seguinte fragmento, extraído do
fre? Eu adoro!”. Depois, este entusias- primeiro parágrafo do texto: “Henri Poincarré
ta, sendo perguntado quando ele co- já tinha observado que se ensinava mecânica
meu espinafre pela última vez, coça (dita “racional” em física) de forma diferente,
então a cabeça, reunindo suas lem- de acordo com o lado da Mancha de onde se
branças para admitir: “Oh! Deve fazer olhava”. Com base nesse fragmento, pode-se
bem uns dez anos!”. inferir que:
português 2
a) A Mancha permite uma série de diferentes d) Das diferenças entre os modos inglês, fran-
interpretações, daí que o ensino da mecânica cês e italiano de fazer experiências.
pode ser diferente em diferentes locais. e) Das diferenças entre os modos alemão e
b) Henri Poincarré foi o primeiro a observar, italiano de ensinar mecânica.
no ensino da mecânica, a diferença entre os
anglo-saxões e os latinos. alternativa C
c) O trecho “...de acordo com o lado da Man- O texto trata das diferenças entre os modos de
cha...” refere-se, mais especificamente, à pensar latino e anglo-saxão. Para isso, ilustra a
Inglaterra e à França. situação com os exemplos do ensino da mecânica
d) É o lado da Mancha que determina o modo para franceses e ingleses e do consumo de espi-
como se ensina a mecânica. nafre pelos italianos e ingleses.
e) Entre a França e a Inglaterra, a diferença de
ensino resume-se a uma diferença de método.
Questão 19
alternativa C
Segundo o texto, direito consuetudinário:
A menção ao “lado da Mancha de onde se olha- a) Tem o mesmo significado que litígios.
va” diz respeito especificamente aos países sepa-
b) Ressalta essencialmente as diferenças en-
rados por ele (canal da Mancha), ou seja, à Fran-
ça e à Inglaterra. tre as diversas comunidades.
c) É incoerente com o modo inglês de ver o
mundo.
Questão 17 d) Aplica-se mais adequadamente nos EUA
que na Inglaterra.
De acordo com o sentido atribuído pelo texto e) É base para julgar as contendas jurídicas
a empirista (primeiro parágrafo), pode-se en- na Inglaterra.
tender que o empirismo:
a) Parte da experiência para chegar ao co- alternativa E
nhecimento. Segundo o texto, direito consuetudinário é utiliza-
b) Tem uma concepção atomista e materialis- do pela Inglaterra e está fundado na tradição e no
ta da natureza. julgamento por analogia.
c) Envolve o comportamento explosivo dos la-
tinos.
d) Está demonstrado na praticidade dos fran- Questão 20
ceses.
e) Tem como exemplo a soberba dos anglo- No texto ocorre a concordância entre o verbo
saxões. e seu sujeito passivo, EXCETO em:
a) Pergunta-se a um inglês se ele gosta de es-
alternativa A pinafre (terceiro parágrafo).
O empirismo é entendido como um método por b) Cita-se com freqüência o lado... (primeiro
meio do qual se chega a uma conclusão científica parágrafo).
por observação de fatos verificados pela expe- c) ...que se ensinava a mecânica... (primeiro
riência. parágrafo).
d) ...de onde se inferia, a seguir, por indução,
os princípios teóricos (segundo parágrafo).
Questão 18 e) ...no qual se possa buscar inspiração...
(quinto parágrafo).
O texto trata essencialmente:
a) Das diferenças entre os modos francês e in- alternativa D
glês de ensinar mecânica.
Em “inferia-se... os princípios” há uma incorreção,
b) Das diferenças entre os modos alemão e na medida em que o sujeito plural “os princípios”
italiano de perceber o espinafre. deveria levar o verbo inferir para o plural.
c) Das diferenças entre os modos latino e an- Corrigindo: inferiam-se, a seguir, por indução, os
glo-saxão de pensar. princípios.
português 3
e) Se o menino se entretesse com o cão que d) A correspondência não foi entregue no es-
passeava na rua... critório.
Se não cabesse na bolsa o frasco que você me e) Diogo tinha expulso os índios que cerca-
emprestasse... vam o povoado.
alternativa A alternativa D
l Conjuga-se o verbo entreter como ter. Para os verbos abundantes, utiliza-se o particípio
l O verbo caber possui futuro do subjuntivo irre- regular com os auxiliares ter e haver. Assim, sus-
gular: couber. pendido, chegado, dispersado e expulsado seriam
os particípios corretamente empregados nas ou-
tras alternativas.
Questão 26
Caetano Veloso acaba de gravar uma can- Questão 28
ção, do filme Lisbela e o Prisioneiro. Tra-
ta-se de Você não me ensinou a te esquecer. Na língua portuguesa, às vezes, verbos dife-
A propósito do título da canção, pode-se di- rentes assumem a mesma forma verbal. Isso
zer que: NÃO OCORRE em:
a) A regra da uniformidade do tratamento é
respeitada, e o estilo da frase revela a lingua- a) Fui, pretérito perfeito do indicativo de ir e
gem regional do autor. de ser.
b) O desrespeito à norma sempre revela falta b) Viemos, pretérito perfeito do indicativo de
de conhecimento do idioma; nesse caso não é vir e presente do indicativo de ver.
diferente. c) Vimos, pretérito perfeito do indicativo de
c) O correto seria dizer Você não me ensinou ver e presente do indicativo de vir.
a lhe esquecer. d) For, futuro do subjuntivo de ir e de ser.
d) Não deveria ocorrer a preposição a nessa e) Fora, pretérito mais-que-perfeito do indica-
frase, já que o verbo ensinar é transitivo dire- tivo de ir e de ser.
to.
e) Desrespeita-se a regra da uniformidade de alternativa B
tratamento. Com isso, o estilo da frase acaba · Pretérito perfeito do indicativo do verbo vir:
por aproximar-se do da fala. vim – vieste – veio – viemos – viestes – vieram
· Pretérito perfeito do indicativo do verbo ver:
alternativa E vi – viste – viu – vimos – vistes – viram