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Polícia Militar do Estado do Tocantins

PM-TO
Curso de Formação de Soldados (CFSD)
Edital Nº 001/CFSD-2018/PMTO

JN042-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Policia Militar do Maranhão e Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão

Cargo: Curso de Formação de Soldados (CFSD)

(Baseado no Edital Nº 001/Cfsd-2018/PMTO)

• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico e Matemático
• Atualidades e Conhecimentos Regionais
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Penal
• Noções de Direitos Humanos
• Noções de Direito Penal Militar
• Noções de Informática
• Normas Pertinentes à PMTO

Autora
Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Compreensão, interpretação e inferências de textos................................................................................................................................. 83


Tipologia textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros textual......................................................................................................................................................................................................... 86
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
Relações semântico-lexicais, como metáfora, metonímia, antonímia, sinonímia, hiperonímia, hiponímia, reiteração,
comparação, redundância e outras................................................................................................................................................................... 76
Norma ortográfica.................................................................................................................................................................................................... 44
Morfossintaxe das classes de palavras: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, advérbio, preposição, conjunção, interjei-
ção, numerais e os seus respectivos empregos............................................................................................................................................ 07
Verbo............................................................................................................................................................................................................................. 07
Concordância verbal e nominal.......................................................................................................................................................................... 52
Regência nominal e verbal.................................................................................................................................................................................... 58
Coesão e Coerência textuais................................................................................................................................................................................ 86
Sintaxe: relações sintático-semânticas estabelecidas entre orações, períodos ou parágrafos (período simples e período
composto por coordenação e subordinação)............................................................................................................................................... 63
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Fonética e Fonologia: som e fonema, encontros vocálicos e consonantais e dígrafos................................................................ 01
Formação de palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Uso da Crase............................................................................................................................................................................................................... 71

Raciocínio Lógico e Matemático

Raciocínio Lógico e matemático: estruturas lógicas, lógica de argumentação, diagramas lógicos; ...................................... 01
Teoria de conjuntos; ............................................................................................................................................................................................... 30
Conjuntos numéricos: números naturais, inteiros, racionais e reais. ................................................................................................... 36
Relações, Equações de 1º e 2º graus, sistemas. .......................................................................................................................................... 41
Inequações do 1º e do 2º grau; ......................................................................................................................................................................... 41
Funções do 1º grau e do 2º grau e sua representação gráfica; ............................................................................................................ 45
Matrizes e Determinantes, ................................................................................................................................................................................... 51
Sistemas Lineares, ................................................................................................................................................................................................... 51
Análise combinatória, ............................................................................................................................................................................................ 55
Geometria espacial, ................................................................................................................................................................................................ 60
Geometria de sólidos.............................................................................................................................................................................................. 60

Atualidades e Conhecimentos Regionais

Mundo Contemporâneo: elementos de política internacional e brasileira. Cultura internacional. Cultura e sociedade
brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão. ....................................... 01
Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. .................................... 26
O desenvolvimento urbano brasileiro. ............................................................................................................................................................ 27
História e Geografia do Estado do Tocantins; o movimento separatista; a criação do Estado; os governos desde a cria-
ção; Governo e Administração Pública Estadual; divisão política do Estado, clima e vegetação; hidrografia; atualidades:
economia, política, desenvolvimento............................................................................................................................................................... 28
SUMÁRIO

Noções de Direito Constitucional

Dos princípios fundamentais; direitos e deveres individuais e coletivos; garantias dos direitos individuais, coletivos, so-
ciais e políticos; Da nacionalidade; partidos políticos;.............................................................................................................................. 01
Da Administração Pública; ................................................................................................................................................................................... 38
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública; ..................... 52
Ordem social. ............................................................................................................................................................................................................ 55
Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança
pública em geral....................................................................................................................................................................................................... 70

Noções de Direito Penal

Infração penal: elementos, espécies; Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Tipicidade, ilicitude, culpabilidade,
punibilidade; .............................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal. ............................................................................................................................................................................................ 07
Crimes contra a pessoa;......................................................................................................................................................................................... 08
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65), ......................................................................................................................................................... 16
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). ............................................................................................................................................................... 18
Código Penal (Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Título XI - Dos Crimes Contra a Administração
Pública.......................................................................................................................................................................................................................... 19

Noções de Direitos Humanos

Histórico dos direitos humanos; aspectos gerais; a Declaração Universal dos Direitos Humanos.......................................... 01
Direito Internacional e Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica;................................................................................... 13
Portaria interministerial Nº 4.226, Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, de
31 de dezembro de 2010...................................................................................................................................................................................... 27

Noções de Direito Penal Militar

Crime militar: conceito........................................................................................................................................................................................... 01


Da violência contra superior ou oficial de serviço....................................................................................................................................... 03
Do desrespeito a superior e do vilipêndio a símbolo nacional ou farda............................................................................................ 05
Da coação irresistível e da obediência hierárquica..................................................................................................................................... 05

Noções de Informática

Sistema operacional Windows 10. .................................................................................................................................................................... 01


Microsoft Office 2013: Word, Excel, Power Point e Microsoft Outlook. ............................................................................................. 10
Conceitos e tecnologias relacionados à Internet e a Correio Eletrônico. .......................................................................................... 72
Navegadores de Internet....................................................................................................................................................................................... 72
Conceitos básicos de segurança da informação.......................................................................................................................................109

Normas Pertinentes à PMTO

Lei Complementar nº 79, de 27/04/2012 – Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins,
e adota outras providências. ............................................................................................................................................................................... 01
Lei nº. 2.578, de 20/04/2012 – Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do To-
cantins, e adota outras providências................................................................................................................................................................ 06
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

19
LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

20
LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

21
LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos
ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

50
LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

72
LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

79
LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

84
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- de uma frase ou de um texto:
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

90
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
memorando, pois se trata de comunicação interna - des- guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática
consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin- Realizei a correção nos itens:
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
RACIOCÍNIO LÓGICO

Raciocínio Lógico e matemático: estruturas lógicas, lógica de argumentação, diagramas lógicos; ...................................... 01
Teoria de conjuntos; ............................................................................................................................................................................................... 30
Conjuntos numéricos: números naturais, inteiros, racionais e reais. ................................................................................................... 36
Relações, Equações de 1º e 2º graus, sistemas. .......................................................................................................................................... 41
Inequações do 1º e do 2º grau; ......................................................................................................................................................................... 41
Funções do 1º grau e do 2º grau e sua representação gráfica; ............................................................................................................ 45
Matrizes e Determinantes, ................................................................................................................................................................................... 51
Sistemas Lineares, ................................................................................................................................................................................................... 51
Análise combinatória, ............................................................................................................................................................................................ 55
Geometria espacial, ................................................................................................................................................................................................ 60
Geometria de sólidos.............................................................................................................................................................................................. 60
RACIOCÍNIO LÓGICO

RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO:


ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICA DE
ARGUMENTAÇÃO, DIAGRAMAS LÓGICOS;

Raciocínio Lógico Matemático

Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes,
induzindo a organização do pensamento e das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação de regras matemáti-
cas, construção de fórmulas e expressões aritméticas e algébricas. É de extrema importância que em matemática utilize-se
atividades envolvendo lógica, no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do potencial na busca por
soluções dos problemas matemáticos desenvolvidos e baseados nos conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como a probabilidade, os problemas de contagem, as pro-
gressões aritméticas e geométricas, as sequências numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre outros. Os fun-
damentos lógicos contribuem na resolução ordenada de equações, na percepção do valor da razão de uma sequência, na
elucidação de problemas aritméticos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
A utilização das atividades lógicas contribui na formação de indivíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos
responsáveis pela obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente conectado à curiosi-
dade, pesquisa, deduções, experimentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional e todas essas características estão
ligadas ao desenvolvimento lógico.

Raciocínio Lógico Dedutivo

A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico
é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premissa(s). A de-
dução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a compreensão
das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras, símbolos ou núme-
ros, a partir da observação dos termos dados.

Humor Lógico

Orientações Espacial e Temporal

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em
questões sobre a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas
faces, montagem de figuras com subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras
nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos
visuais.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Raciocínio Verbal Sequência de Números

O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um


consiste na associação de ideias de acordo com determina- mesmo número.
das regras. No caso do raciocínio verbal, trata-se da capaci-
dade de raciocinar com conteúdos verbais, estabelecendo
entre eles princípios de classificação, ordenação, relação e
significados. Ao contrário daquilo que se possa pensar, o
raciocínio verbal é uma capacidade intelectual que tende a Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente
ser pouco desenvolvida pela maioria das pessoas. No nível um mesmo número.
escolar, por exemplo, disciplinas como as línguas centram-
se em objetivos como a ortografia ou a gramática, mas não
estimulam/incentivam à aprendizagem dos métodos de ex-
pressão necessários para que os alunos possam fazer um
uso mais completo da linguagem.
Incremento em Progressão: O valor somado é que está
Por outro lado, o auge dos computadores e das consolas
de jogos de vídeo faz com que as crianças costumem jogar em progressão.
de forma individual, isto é, sozinhas (ou com outras crianças
que não se encontrem fisicamente com elas), pelo que não
é feito um uso intensivo da linguagem. Uma terceira causa
que se pode aqui mencionar para explicar o fraco raciocínio
verbal é o fato de jantar em frente à televisão. Desta forma, Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois
perde-se o diálogo no seio da família e a arte de conversar. anteriores.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas
para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as ana- 1 1 2 3 5 8 13
logias verbais, os exercícios para completar orações, a ordem Números Primos: Naturais que possuem apenas dois
de frases e os jogos onde se devem excluir certos conceitos divisores naturais.
de um grupo. Outras propostas implicam que sigam/res-
peitem certas instruções, corrijam a palavra inadequada (o 2 3 5 7 11 13 17
intruso) de uma frase ou procurem/descubram antônimos e
sinônimos de uma mesma palavra. Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são
naturais.
Lógica Sequencial
1 4 9 16 25 36 49
Lógica Sequencial
Sequência de Letras
O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental.
Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, As sequências de letras podem estar associadas a uma
para concluir através de mecanismos de comparações e série de números ou não. Em geral, devemos escrever
abstrações, quais são os dados que levam às respostas todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar com
verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo processo do
k, y e w) e circular as letras dadas para entender a lógica
raciocínio que ocorreu o desenvolvimento do método
proposta.
matemático, este considerado instrumento puramente
teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos.
Logo, resumidamente o raciocínio pode ser considerado ACFJOU
também um dos integrantes dos mecanismos dos processos Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses
cognitivos superiores da formação de conceitos e da solução números estão em progressão.
de problemas, sendo parte do pensamento.
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
Sequências Lógicas
B1 2F H4 8L N16 32R T64
As sequências podem ser formadas por números, letras,
pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer Nesse caso, associou-se letras e números (potências de
uma sequência, o importante é que existam pelo menos 2), alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1
três elementos que caracterize a lógica de sua formação, posições.
entretanto algumas séries necessitam de mais elementos
para definir sua lógica. Algumas sequências são bastante ABCDEFGHIJKLMNOPQRST
conhecidas e todo aluno que estuda lógica deve conhecê-
las, tais como as progressões aritméticas e geométricas,
a série de Fibonacci, os números primos e os quadrados
perfeitos.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Pessoas

Na série a seguir, temos sempre um homem seguido


de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e
a posição dos braços sempre alterna, ficando para cima em
uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim,
a sequência se repete a cada seis termos, tornando possível
determinar quem estará em qualquer posição.

Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de


circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos
Sequência de Figuras raios são os elementos da sequência de Fibonacci.

Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão


visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir.

O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre


arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje
em ruínas, era um retângulo que continha um quadrado
de lado igual à altura. Essa forma sempre foi considerada
satisfatória do ponto de vista estético por suas proporções
Sequência de Fibonacci sendo chamada retângulo áureo ou retângulo de ouro.

O matemático Leonardo Pisa, conhecido como


Fibonacci, propôs no século XIII, a sequência numérica:
(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem
uma lei de formação simples: cada elemento, a partir do
terceiro, é obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1
+ 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o
século XIII, muitos matemáticos, além do próprio Fibonacci,
dedicaram-se ao estudo da sequência que foi proposta,
e foram encontradas inúmeras aplicações para ela no
desenvolvimento de modelos explicativos de fenômenos
naturais.

Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Como os dois retângulos indicados na figura são
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma semelhantes temos: (1).
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados
de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1.
Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado Como: b = y – a (2).
2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo
5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos Resolvendo a equação:
quadrados que adicionamos para determinar os retângulos
formam a sequência de Fibonacci. em que não convém.

Logo:

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

Esse número é conhecido como número de ouro e Exemplo 3


pode ser representado por:

Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor


lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
da fachada do Partenon.

As figuras a seguir possuem números que representam


uma sequência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1

Multiplicar os números sempre por 3.


1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
A sequência numérica proposta envolve multiplicações 243 x 3 = 729
por 4. 729 x 3 = 2187
6 x 4 = 24 Exemplo 4
24 x 4 = 96
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2

A diferença entre os números vai aumentando 2


unidades.
24 – 22 = 2
A diferença entre os números vai aumentando 1 28 – 24 = 4
unidade. 34 – 28 = 6
13 – 10 = 3 42 – 34 = 8
17 – 13 = 4 52 – 42 = 10
22 – 17 = 5 64 – 52 = 12
28 – 22 = 6 78 – 64 = 14
35 – 28 = 7

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

QUESTÕES 03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000,


990, 970, 940, 900, 850, ...
01. Observe atentamente a disposição das cartas em (A) 800
cada linha do esquema seguinte: (B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos


hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um
deles que pode ser:

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
A carta que está oculta é:
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos
(A) (B) (C) de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
indicado abaixo:

.............
1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(D) (E) (A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e


escreveu em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo,
02. Considere que a sequência de figuras foi construída ela deseja que a soma dos números marcados nas faces
segundo um certo critério. opostas seja 7. A única alternativa cuja figura representa a
planificação desse cubo tal como deseja Ana é:
(A) (B)


(C) (D)

Se tal critério for mantido, para obter as figuras


subsequentes, o total de pontos da figura de número 15
deverá ser:
(A) 69
(B) 67 (E)
(C) 65
(D) 63
(E) 61

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. As figuras da sequência dada são formadas por (A) alar


partes iguais de um círculo. (B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval

12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas,


Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 linha a linha, segundo determinado padrão.
círculos completos na:
(A) 36ª figura
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras


seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a
figura que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:
(A) (B) Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui
corretamente o ponto de interrogação é:


(C) (D)

(A) (B) (C)


(E)

(D)
(E)

09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual 13. Observe que na sucessão seguinte os números
é o próximo número? foram colocados obedecendo a uma lei de formação.
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
(A) 4 Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais
(B) 20 que X + Y é igual a:
(C) 31 (A) 40
(D) 21 (B) 42
(C) 44
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados (D) 46
segundo determinado critério. (E) 48
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?
Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá
ocupar o lugar do ponto de interrogação é:

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no
em forma de triângulo, segundo determinado critério. total.

Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no
total.

Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de


simetria, tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no
total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no
total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no
total.
Considerando que na ordem alfabética usada são Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no
excluídas as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui total.
corretamente o ponto de interrogação é: Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1)
(A) P pontos no total.
(B) O
(C) N Em particular:
(D) M Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos
(E) L no total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi
considerado, temos para total de pontos da figura 15: Total
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela de pontos = 30 + 32 + 1 = 63 pontos.
sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que
os algarismos sejam separados. 03. Resposta “B”.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre
1234567891011121314151617181920... 1000 e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30,
entre 940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa 850 e o próximo número é 60, dessa forma concluímos que
sequência é: o próximo número é 790, pois: 850 – 790 = 60.
(A) 9
(B) 8 04. Resposta “D”
(C) 6 Nessa sequência lógica, observamos que a diferença:
(D) 3 entre 24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre
(E) 1 42 e 34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto
entre o próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos
que o próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14.

Respostas 05. Resposta “D”.


Observe a tabela:
01. Resposta: “A”.
A diferença entre os números estampados nas cartas Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
1 e 2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª
carta e, além disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22
dentro das opções dadas só pode ser a da opção (A).
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de
02. Resposta “D”. palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de que cada figura a partir da segunda tem a quantidade
simetria, tem-se: de palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no forma, fica fácil preencher o restante da tabela e determinar
total. a quantidade de palitos da 7ª figura.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no 06. Resposta “A”.
total. Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto
total. ao 6, somando 10 unidades. Na figura apresentada na
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no letra “C”, da mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao
total. 3, somando 8, não formando um lado. Na figura da letra

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

“D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não determinando multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-
um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação
estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2
portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y
que a planificação apresentada na letra “A” é a única para = 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40.
representar um lado.
14. Resposta “A”.
07. Resposta “B”. A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para direita do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . esquerda; continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas
16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos. pares na ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª
08. Resposta “B”. linha, então, as letras são, da direita para a esquerda, “M”,
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. “N”, “O”, e a letra que substitui corretamente o ponto de
Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A interrogação é a letra “P”.
figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição das
figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, 15. Resposta “B”.
a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é representada A sequência de números apresentada representa a
pela letra “B”. lista dos números naturais. Mas essa lista contém todos
os algarismos dos números, sem ocorrer a separação.
09. Resposta “D”. Por exemplo: 101112 representam os números 10, 11
A regularidade que obedece a sequência acima não se e 12. Com isso, do número 1 até o número 9 existem 9
dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2 x
número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124
Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o
“D”: Duzentos. número 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos
os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos.
10. Resposta “C”. Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a 276ª posição
Esta sequência é regida pela inicial de cada número. é o número 8, que aparece no número 128.
Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta
e um, pois ele inicia com a letra “T”. Estruturas lógicas

11. Resposta “E”. 1. Proposição


Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras Proposição ou sentença é um termo utilizado para ex-
letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da primir ideias, através de um conjunto de palavras ou sím-
mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da bolos. Este conjunto descreve o conteúdo dessa ideia.
palavra AMOSTRA, pelas 4 primeira letras invertidas. Com São exemplos de proposições:
isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras p: Pedro é médico.
letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL. q: 5 > 8
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite.
12. Resposta “C”.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas 2. Princípios fundamentais da lógica
por quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é.
com círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura O que é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta
que está faltando é um quadrado. As mãos das figuras a Parménides de Eleia.
estão levantadas, em linha reta ou abaixadas. Assim, Principio da não contradição: Uma proposição não
a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é o que pode ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2 Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só
pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda pode ser verdadeira ou falsa.
ou 1 levantada para a direita. Nesse caso, a figura que 3. Valor lógico 
está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna levantada para a Considerando os princípios citados acima, uma propo-
esquerda. Logo, a figura tem a cabeça quadrada, as mãos sição é classificada como verdadeira ou falsa.
levantadas e a perna erguida para a esquerda. Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição
13. Resposta “A”. verdadeira.
Existem duas leis distintas para a formação: uma para - a falsidade (F), quando se trata de uma proposição
a parte superior e outra para a parte inferior. Na parte falsa.
superior, tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu 4. Conectivos lógicos 
uma multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar
uma subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5 as proposições formando novas sentenças.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

Os principais conectivos lógicos são:  Proposição composta do tipo P(p, q, r)

~ não
∧ e
V Ou
→  se…então
↔ se e somente se

5. Proposições simples e compostas


As proposições simples são assim caracterizadas por Proposição composta do tipo P(p, q, r, s) 
apresentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras A tabela-verdade possui 24  = 16 linhas e é formada
minúsculas: p, q, r, s, t... igualmente as anteriores.
As proposições compostas são assim caracterizadas
por apresentarem mais de uma proposição conectadas pe- Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
los conectivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúscu- A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igual-
las: P, Q, R, S, T... mente as anteriores.
Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando
que a proposição composta Q é formada pelas proposi- 7. O conectivo não e a negação
ções simples r, s e t. O conectivo não e a negação de uma proposição p é
outra proposição que tem como valor lógico V se p for fal-
Exemplo: sa e F se p é verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a
Proposições simples: negação de p com a seguinte tabela-verdade: 
p: Meu nome é Raissa 
q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
r: 2+2=5  P ~P
s: O número 9 é ímpar  V F
t: O número 13 é primo F V
Proposições compostas  Exemplo:
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.  p = 7 é ímpar 
Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3.  ~p = 7 não é ímpar 
R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
P ~P
6. Tabela-Verdade V F

A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógi- q = 24 é múltiplo de 5 


co de uma proposição composta, sendo que os valores das ~q = 24 não é múltiplo de 5 
proposições simples já são conhecidos. Pois o valor lógico
q ~q
da proposição composta depende do valor lógico da pro-
posição simples.  F V
A seguir vamos compreender como se constrói essas ta-
belas-verdade partindo da árvore das possibilidades dos valo-
res lógicos das preposições simples, e mais adiante veremos 8. O conectivo e e a conjunção
como determinar o valor lógico de uma proposição composta. O conectivo e e a conjunção de duas proposi-
ções  p  e q é outra proposição que tem como valor lógi-
Proposição composta do tipo P(p, q) co V se p e q forem verdadeiras, e F em outros casos. O
símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção, com a se-
guinte tabela-verdade: 

P q pΛq
V V V
V F F
F V F
F F F

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo p = 7 + 5 < 4 
p = 2 é par  q = 2 é um número primo 
q = o céu é rosa p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa 
P q pΛq P q p→q
V F F F V V

p = 9 < 6  p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 


q = 3 é par p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par 
P q pΛq P q p→q
F F F V F F

p = 25 é múltiplo de 2 
9. O conectivo ou e a disjunção q = 12 < 3 
O conectivo ou  e a disjunção de duas proposi- p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 
ções p e q  é outra proposição que tem como valor lógi-
co  V se alguma das proposições for verdadeira e F se as
duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q) representa a P q p→q
disjunção, com a seguinte tabela-verdade:  F F V

P q pVq 11. O conectivo se e somente se e a bicondicional


A bicondicional p se e somente se q é outra proposição
V V V que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verda-
V F V deiras ou ambas falsas, e F nos outros casos. 
F V V O símbolo     representa a bicondicional, com a
seguinte tabela-verdade: 
F F F

Exemplo: P q p↔q
p = 2 é par  V V V
q = o céu é rosa  V F F
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
F V F
P q pVq
F F V
V F V
Exemplo
10. O conectivo se… então… e a condicional p = 24 é múltiplo de 3 
A condicional se p então q é outra proposição que tem q = 6 é ímpar  
como valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbo- = 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ím-
lo p → q representa a condicional, com a seguinte tabela- par. 
verdade: 
P q p→q P q p↔q
V V V V F F
V F F
F V V
12. Tabela-Verdade de uma proposição composta
F F V
Exemplo
Exemplo: Veja como se procede a construção de uma tabela-ver-
P: 7 + 2 = 9  dade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) →
Q: 9 – 7 = 2  (p ⋀ q), onde p e q são duas proposições simples.
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 
P q p→q Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q)
V V V
possui 24 = 4 linhas, logo: 

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.


a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

13. Tautologia Exemplo:


Uma proposição composta formada por duas ou mais Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente
proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for do Brasil
sempre verdadeira, independentemente dos valores lógi- Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda
cos das proposições p, q, r, ... que a compõem. de “~p” e o conetivo de “^”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin-
Exemplos: te forma: p ^ ~p
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela Exemplo
não passou no concurso do INSS A proposição  (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição,
pois o seu valor lógico é sempre F conforme a tabela-ver-
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com dade. Que significa que uma proposição não pode ser falsa
o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé go- e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o princípio da não
tinha. contradição.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos
uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos enten- p ~P q Λ (~q)
der isso melhor.
Exemplo: V F F
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai F V F
para segunda divisão
15. Contingência
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda Quando uma proposição não é tautológica nem contra
de “~p” e o conetivo de “V” válida, a chamamos de contingência ou proposição contin-
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin- gente ou proposição indeterminada.
te forma: p V ~p A contingência ocorre quando há tanto valores V como
F na última coluna da tabela-verdade de uma proposição.
Exemplo Exemplos: P∧Q , P∨Q , P→Q ...
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu
valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.  16. Implicação lógica
Definição
p ~P pVq A proposição P implica a proposição Q, quando a con-
dicional P → Q for uma tautologia.
V F V O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implica-
F V V ção lógica. 
Diferenciação dos símbolos → e ⇒
Exemplo O símbolo  →  representa uma operação matemática
A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a entre as proposições P e Q que tem como resultado a pro-
última coluna da tabela-verdade só possui V.  posição P → Q, com valor lógico V ou F.
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na
p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q) tabela-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da
condicional P → Q será sempre V, ou então que P → Q é
V V V V V uma tautologia. 
V F F F V
Exemplo
F V F F V
A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será: 
F F F V V

14. Contradição p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)


Uma proposição composta formada por duas ou mais V V V V V
proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for
sempre falsa, independentemente dos valores lógicos das V F F F V
proposições p, q, r, ... que a compõem
F V F F V
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma F F F V V
porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Portanto,  (p Λ q)  → (p  ↔ q) é uma tautologia, por
Petrópolis isso (p Λ q) ⇒ (p ↔q)
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos
uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos en-
tender isso melhor.

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

17. Equivalência lógica 4. p ou q = q ou p


Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou bran-
Definição co
Há equivalência entre as proposições P e Q somen-
te quando a bicondicional P  ↔  Q for uma tautologia ou 5. p ↔ q = q ↔ p
quando P e Q tiverem a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se
é equivalente a Q) é o símbolo que representa a equiva- amo.
lência lógica.  6. p ↔ q = (pq) e (qp)
Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔ Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e
O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo- se vivo então amo
sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
ção P ↔ Q com valor lógico V ou F. Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo:
O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e
de FV na tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógi-
co de P ↔ Q é sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.

Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 

p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)


V V F F V V V
V F V F F F V
F V F V V V V
F F V V V V V Equivalências da Condicional
As duas equivalências que se seguem são de funda-
Portanto,  p  →  q  é equivalente a  ~q  →  ~p, pois estas mental importância. Estas equivalências podem ser veri-
proposições possuem a mesma tabela-verdade ou a bicon- ficadas, ou seja, demonstradas, por meio da comparação
dicional (p → q) ↔ (~q → ~p) é uma tautologia. entre as tabelas-verdade. Fica como exercício para casa
Veja a representação: estas demonstrações. As equivalências da condicional são
(p → q) ⇔ (~q → ~p) as seguintes:
1) Se p então q = Se não q então não p.
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS Ex: Se chove então me molho = Se não me molho en-
tão não chove
Dizemos que duas proposições são logicamente equi- 2) Se p então q = Não p ou q.
valentes (ou simplesmente equivalentes) quando os resul- Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo
tados de suas tabelas-verdade são idênticos. ou passo no concurso
Uma consequência prática da equivalência lógica é que Colocando estes resultados em uma tabela, para aju-
ao trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe dar a memorização, teremos:
seja equivalente, estamos apenas mudando a maneira de
dizê-la.
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q,
pode ser representada simbolicamente como: p q, ou sim-
plesmente por p = q.
Começaremos com a descrição de algumas equivalên-
cias lógicas básicas. Equivalências com o Símbolo da Negação
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão so-
Equivalências Básicas mente, das negações das proposições compostas! Lembremos:

1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente

2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cine-
ma

3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

É possível que surja alguma dúvida em relação a úl- A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v
tima linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do ~(P ^ ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria
que foi aprendido: da seguinte forma:
p↔q = (pq) e (qp)
(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equi- PV
vale a duas condicionais!) P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q)
~(P/\~Q)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que
negar a sua conjunção equivalente. V V F F V V
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as V F V V F V
duas partes e troca-se o E por OU. Fica para casa a de-
F V F F V V
monstração da negação da bicondicional. Ok?
F F V F V V
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevan- 2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012)
tes são as seguintes: A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho
da classe ou Jorge é o mais novo da classe” é
1) p e (p ou q) = p A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é mé- mais velho da classe.
dico = Paulo é dentista B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
novo da classe.
2) p ou (p e q) = p C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é mé- mais novo da classe.
dico = Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências po- mais velho da classe.
dem ser facilmente demonstradas. E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela novo da classe.
seguinte:
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais
novo da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS ou Jorge não é o mais novo da classe.

3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)


Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitu-
ra está fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a brita-
deira, João sai de casa e Maria não ouve a televisão. Certo
dia, depois do almoço, Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
Questoes comentadas: C) O operário ligou a britadeira.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em D) O operário não ligou a britadeira.
Segurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
“João comprou um carro novo ou não é verdade que João “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Ma-
comprou um carro novo e não fez a viagem de férias.” é: ria não ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a
A) um paradoxo. britadeira não pode estar ligada.
B) um silogismo.
C) uma tautologia. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
D) uma contradição. Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, de-
E) uma contingência. pois de constatado pagamento de pensão alimentícia, o
magistrado determinou: “O réu deve ser imediatamente
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado solto, se por outro motivo não estiver preso”.
é sempre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, Considerando que a determinação judicial correspon-
independentemente dessas atribuições. de a uma proposição e que a decisão judicial será conside-
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela- rada descumprida se, e somente se, a proposição corres-
verdade com a proposição que você propôs não vamos ter pondente for falsa, julgue os itens seguintes.
uma tautologia, mas uma contingência.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo 8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
outro motivo para estar preso, então, a decisão judicial terá antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfei-
sido descumprida. çoar seu conhecimento da língua portuguesa. Durante sua
A) Certo estadia em nosso país, ele fica muito intrigado com a frase
B) Errado “não vou fazer coisa nenhuma”, bastante utilizada em nos-
A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente sol- sa linguagem coloquial. A dúvida dele surge porque
to, se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu A) a conjunção presente na frase evidencia seu signi-
continuar preso sem outro motivo para estar preso, será ficado.
descumprida a decisão judicial. B) o significado da frase não leva em conta a dupla
negação.
C) a implicação presente na frase altera seu significado.
5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
outro motivo para permanecer preso, então, a decisão ju- E) a negação presente na frase evidencia seu signifi-
dicial terá sido descumprida. cado.
A) Certo ~(~p) é equivalente a p
B) Errado Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar.
RESPOSTA: “B”.
P = se houver outro motivo
Q = será solto 9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário -
A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, en-
A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V tão Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição:
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse A) Paulo não estuda e Marta não é atleta.
V+F=F B) Paulo estuda e Marta não é atleta.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
motivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B”
imediatamente solto, então, ele está preso por outro moti- (AB) será da forma:
vo” são logicamente equivalentes.
~(A B) A^ ~B
Ou seja, para negarmos uma proposição composta re-
A) Certo
presentada por uma condicional, devemos confirmar sua
B) Errado
primeira parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo
conectivo conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
(“~ B”). Assim, teremos:
Deve ser imediatamente solto = S
RESPOSTA: “B”.
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser
imediatamente solto=P S
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
preso por outro motivo = ~SP TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia
a questão está correta. cantar.
B) Viviane não dançar é condição necessária para Már-
cia não cantar.
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
estará corretamente representada por “O réu não deve ser cantar.
imediatamente solto, mesmo não estando preso por outro D) Viviane não dançar é condição suficiente para Már-
motivo”. cia cantar.
A) Certo E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
B) Errado não cantar.

“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na
motivo não estiver preso” está no texto, assim: forma de condição suficiente e condição necessária:
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição sufi-
ser imediatamente solto” ciente para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa
possibilidade.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição neces- P Q ¬Q P→(¬Q)


sária para Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para
essa possibilidade. V V F F
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicio- V F V V
nal inicial, transformando-a em outra condicional equiva-
F V F V
lente, nesse caso utilizaremos o conceito da contrapositiva
ou contra posição: pq ~q ~p F F V V
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia
canta, Viviane dança” Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima,
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane ―Q‖ e ―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente
dança” na forma de condição suficiente e condição neces- se, ―P‖ for F.
sária, obteremos as seguintes possibilidades: Resposta: CERTO.
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente
para Viviane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possi- 13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A
bilidade. proposição [PvQ]Q é uma tautologia.
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária ( )Certo ( ) Errado
para Márcia cantar.
RESPOSTA: “C”. Construindo a tabela-verdade da proposição compos-
ta: [P Ú Q] ® Q, teremos como solução:
11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é (p^~q)↔(~p
médica.” A proposição equivalente a esta sentença é P Q Pv Q (Pv Q)→Q
v q)
A) Ana não é professora ou Camila é médica.
B) Se Ana é médica, então Camila é professora. V V V V→V V
C) Se Camila é médica, então Ana é professora. V F V V→F F
D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
F V V V→V V
E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
Existem duas equivalências particulares em relação a F F F F→F V
uma condicional do tipo “Se A, então B”.
P(P;Q) = VFVV
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então Portanto, essa proposição composta é uma contingência
B” é equivalente a “Se ~B, então ~A” ou indeterminação lógica.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será Resposta: ERRADO.
equivalente a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P
for F e P v Q for V, então Q é V.
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, ( )Certo ( ) Errado
então B” é equivalente a “~A ou B”
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P
equivalente a: vQ”, será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes
“Ana não é professora ou Camila é médica.” for verdadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que verdadeira, então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
esta configura no gabarito. Resposta: CERTO.
RESPOSTA: “A”.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consi- P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
derando que P e Q representem proposições conhecidas e P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
que V e F representem, respectivamente, os valores verda- P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
deiro e falso, julgue os próximos itens. (374 a 376) P4: Há criminosos livres.
C: Portanto a criminalidade é alta.
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/ Considerando o argumento apresentado acima, em
DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições que P1, P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, jul-
Q e P (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P gue os itens subsequentes. (377 e 378)
for F.
( )Certo ( ) Errado 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O
Observando a tabela-verdade da proposição compos- argumento apresentado é um argumento válido.
ta “P (¬ Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, ( )Certo ( ) Errado
temos:

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3


e P4 sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, de-
vemos considerar que todas as premissas são, necessaria-
mente, verdadeiras.
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
(V)
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
(V)
P4: Há criminosos livres. (V)

Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é ver-


dadeira (V), então a 2ª parte da condicional representada
pela premissa P3 será considerada falsa (F). Então, veja: Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da
condicional em P1, então, deveremos considerar também
como verdadeira (V), sua 2ª parte, pois uma verdade sem-
pre implica em outra verdade.
Considerando a proposição simples ―a criminalidade é
alta como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento
é, de fato, verdadeira (V), o que torna esse argumento válido.
Resposta: CERTO.

16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A


Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e co- negação da proposição P1 pode ser escrita como “Se a im-
nhecendo-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F), punidade não é alta, então a criminalidade não é alta”.
então o valor lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser ver- ( )Certo ( ) Errado
dadeiro (V). Assim, a proposição simples ―a justiça é eficaz‖
será considerada falsa (F). Seja P1 representada simbolicamente, por:
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é conside- A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não
rada falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples repre- é alta(q)
sentada pela premissa P2, também, será falsa (F). A negação de uma condicional é dada por:
~(pq)
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é
alta e a criminalidade não é alta.
Resposta:ERRADO.

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

ARGUMENTO
Argumento é uma relação que associa um conjunto de
proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipó-
teses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação
é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem
como consequência a proposição C (conclusão).
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) O argumento pode ser representado da seguinte forma:
e conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como
falsa (F), então o valor lógico da outra parte deverá ser, ne-
cessariamente, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjun-
ção simples será considerada verdadeira (V), quando, pelo
menos, uma de suas partes for verdadeira (V).

Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impu-


nidade é alta‖, então, confirmaremos também como ver-
dadeira (V), a 1ª parte da condicional representada pela
premissa P1.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXEMPLOS: EXEMPLO:
1. Todos os cariocas são alegres. O Flamengo é um bom time de futebol.
    Todas as pessoas alegres vão à praia O Palmeiras é um bom time de futebol.
    Todos os cariocas vão à praia. O Vasco é um bom time de futebol.
2. Todos os cientistas são loucos. O Cruzeiro é um bom time de futebol.
    Einstein é cientista. Todos os times brasileiros de futebol são bons.
    Einstein é louco! Note que não podemos afirmar que todos os times
brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico
de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos Exemplo: (FCC)  Considere que as seguintes afirma-
são os argumentos que têm somente duas premissas e mais ções são verdadeiras:
a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum, “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
em sua estrutura. “Existem crianças que são inteligentes.”
Assim sendo, certamente é verdade que:
ANALOGIAS (A) Alguma criança inteligente não gosta de passear
no Metrô de São Paulo.
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o (B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de
raciocínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação São Paulo é inteligente.
de uma situação conhecida com uma desconhecida. Uma (C) Alguma criança não inteligente não gosta de pas-
analogia depende de três situações: sear no Metrô de São Paulo.
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e im- (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de
portantes; São Paulo é inteligente.
• a quantidade de elementos parecidos entre as (E) Toda criança inteligente não gosta de passear no
situações deve ser significativo; Metrô de São Paulo.
• não pode existir conflitos marcantes.
SOLUÇÃO:
INFERÊNCIAS
Representando as proposições na forma de conjuntos
(diagramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos)
A indução está relacionada a diversos casos pequenos
teremos:
que chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido pode-
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
mos definir também a indução fraca e a indução forte. Essa
“Existem crianças que são inteligentes.”
indução forte ocorre quando não existe grandes chances
de que um caso discorde da premissa geral. Já a fraca re-
fere-se a falta de sustentabilidade de um conceito ou con-
clusão.
DEDUÇÕES

ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS


Os argumentos podem ser classificados em dois ti-
pos: Dedutivos e Indutivos.

1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premis-


sas fornecerem informações suficientes para comprovar a
veracidade da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo
quando a conclusão é completamente derivada das pre-
missas.
Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as
crianças gostam de passear no metrô e existem crianças
EXEMPLO: inteligentes, então alguma criança que gosta de passear
Todo ser humano têm mãe. no Metrô de São Paulo é inteligente. Logo, a alternativa
Todos os homens são humanos. correta é a opção B.
Todos os homens têm mãe.
CONCLUSÕES
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premis-
sas não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as VALIDADE DE UM ARGUMENTO
conclusões. Portanto, nos argumentos indutivos, a conclu- Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de
são possui informações que ultrapassam as fornecidas nas um  argumento dedutivo diremos que ele é válido ou
premissas. Sendo assim, não se aplica, então, a definição inválido. Atente-se para o fato que todos os argumentos
de argumentos válidos ou não válidos para argumentos in- indutivos são inválidos, portanto não há de se falar em
dutivos. validade de argumentos indutivos.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

A validade é uma propriedade dos argumentos que Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana
depende apenas da forma (estrutura lógica) das suas pro- cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e)
posições (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo. Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita.

Argumento Válido SOLUÇÃO:


Um argumento será válido quando a sua conclusão é Representando as premissas do enunciado na forma
uma consequência obrigatória de suas premissas. Em ou- de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos),
tras palavras, podemos dizer que quando um argumento obteremos:
é válido, a verdade de suas premissas deve garantir a ver- Premissas:
dade da conclusão do argumento. Isso significa que, se o “Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é
argumento é válido, jamais poderemos chegar a uma con- suspeita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito
clusão falsa quando as premissas forem verdadeiras. não é suspeita”. 
Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as “Ana não cometeu um crime perfeito”.
premissas sejam as proposições I e II abaixo.  Conclusão:
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é in- “Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, ape-
feliz. nas as premissas!)
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulhe-
res desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento
correto.

SOLUÇÃO:
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver
artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução,
teremos:
   I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
   II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. =
Toda mulher infeliz vive pouco.
O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não
cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita
ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos).
Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar, com
certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é inválido.

EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Bási-


cos - Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam re-


presentadas por letras maiúsculas, julgue os próximos
itens, relativos a lógica proposicional e de argumentação.

1. A expressão é uma tautologia.


Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das A) Certo
desempregadas (ver boneco), automaticamente estará no B) Errado
conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a
conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vi- Resposta: B.
vem pouco”, tem-se um argumento correto (correto = vá- Fazendo a tabela verdade:
lido!). P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q
Argumento Inválido V V V V V
Dizemos que um argumento é inválido, quando a ver- V F F V V
dade das premissas não é suficiente para garantir a verda-
F V V V V
de da conclusão, ou seja, quando a conclusão não é uma
consequência obrigatória das premissas. F F F F F

Portanto não é uma tautologia.

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é A) Certo


alto” e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” B) Errado
são logicamente equivalentes.
A) Certo Resposta: A.
B) Errado Fazendo a tabela verdade:
Resposta: A.
São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz P Q R (P→Q)^(~R)
não joga basquete” nega as duas partes da proposição, a
deixando equivalente a primeira. V V V F
V V F V
3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam V F V F
pelos mesmos caminhos” pode ser representada sim- V F F F
bolicamente por PΛQ, em que as proposições P e Q são
convenientemente escolhidas. F V V F
A) Certo F V F V
B) Errado F F V F
F F F V
Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado
para unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser con- TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CES-
siderada uma proposição, pois não pode ser considerada PE/2012)
verdadeira ou falsa.

4. Considere que a tabela abaixo representa as


primeiras colunas da tabela-verdade da proposição

Logo, a coluna abaixo representa a última coluna


dessa tabela-verdade.

Com base na situação descrita acima, julgue o item


a seguir.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não
disputará a eleição presidencial da República” é um argumento válido.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.

Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das premissas, considerando que as premissas são verda-
deiras então tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará a presidência.

(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos - CESPE/2012)

Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argu-
mentação: “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu
não ajo como um homem da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir
minhas responsabilidades, então não tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem da minha
idade, sou tratado como criança. Se não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.

Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilida-
des, então não tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então
não estou há 7 anos na faculdade e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.

Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 


Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e
“Dependo de mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos,
moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto
que trata-se da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou
não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

Diagramas Lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser
usados, é na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Basean-
do-se nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente
carro ou ainda quantas dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os
motoristas de motos e motoristas de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois comple-
taremos os outros espaços.

Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B.
A partir dos valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elemen-


tos.
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elemen-
tos.

Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os se-


guintes elementos:

a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.


b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
c) Dirigem somente motos 8 motoristas.
No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferên-
cia quanto à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada
a seguinte tabela:

Jornais Leitores Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pes-
soas leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas
A 300 não leem o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150.
B 250 Notamos ainda que 700 pessoas foram entrevistadas, que
é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150.
C 200
AeB 70
AeC 65 Diagrama de Euler
BeC 105
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de
A, B e C 40 Venn, mas não precisa conter todas as zonas (onde uma
Nenhum 150 zona é definida como a área de intersecção entre dois ou
mais contornos). Assim, um diagrama de Euler pode definir
Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicial- um universo de discurso, isto é, ele pode definir um sistema
mente montar os diagramas que representam cada con- no qual certas intersecções não são possíveis ou conside-
junto. A colocação dos valores começará pela intersecção radas. Assim, um diagrama de Venn contendo os atributos
dos três conjuntos e depois para as intersecções duas a para Animal, Mineral e quatro patas teria que conter inter-
duas e por último às regiões que representam cada con- secções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de
junto individualmente. Representaremos esses conjuntos quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente,
dentro de um retângulo que indicará o conjunto universo mostra todas as possíveis combinações ou conjunções.
da pesquisa.

Diagramas de Euler consistem em curvas simples fe-


chadas (geralmente círculos) no plano que mostra os con-
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não juntos. Os tamanhos e formas das curvas não são impor-
são leitores de nenhum dos três jornais. tantes: a significância do diagrama está na forma como
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos. eles se sobrepõem. As relações espaciais entre as regiões
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos. delimitadas por cada curva (sobreposição, contenção ou
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos. nenhuma) correspondem relações teóricas (subconjunto
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 ele- interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano
mentos. em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa
simbolicamente os elementos do conjunto, e o exterior, o

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

que representa todos os elementos que não são membros das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o
do conjunto. Curvas cujos interiores não se cruzam repre- exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as
sentam conjuntos disjuntos. Duas curvas cujos interiores curvas se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se,
se interceptam representam conjuntos que têm elemen- além disso, cada uma dessas regiões é conexa e há apenas
tos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa um número finito de pontos de interseção entre as curvas,
o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos então C é um diagrama de Venn para n conjuntos.
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido Nos casos mais simples, os diagramas são representa-
completamente dentro da zona interior de outro represen- dos por círculos que se encobrem parcialmente. As partes
ta um subconjunto do mesmo. referidas em um enunciado específico são marcadas com
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva uma cor diferente. Eventualmente, os círculos são repre-
de diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve con- sentados como completamente inseridos dentro de um
ter todas as possíveis zonas de sobreposição entre as suas retângulo, que representa o conjunto universo daquele
curvas, representando todas as combinações de inclusão / particular contexto ( já se buscou a existência de um con-
exclusão de seus conjuntos constituintes, mas em um dia- junto universo que pudesse abranger todos os conjuntos
grama de Euler algumas zonas podem estar faltando. Essa possíveis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era
falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus diagramas. impossível). A ideia de conjunto universo é normalmente
Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem atribuída a Lewis Carroll. Do mesmo modo, espaços inter-
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações nos comuns a dois ou mais conjuntos representam a sua
entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. intersecção, ao passo que a totalidade dos espaços perten-
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) centes a um ou outro conjunto indistintamente representa
são largamente utilizados para ensinar a teoria dos con- sua união.
juntos no campo da matemática ou lógica matemática no John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
campo da lógica. Eles também podem ser utilizados para ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores
representar relacionamentos complexos com mais clareza, de Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram incor-
já que representa apenas as relações válidas. Em estudos porados ao currículo escolar de matemática. Embora seja
mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para simples construir diagramas de Venn para dois ou três con-
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos juntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los para
para que se possa deduzir uma conclusão.
um número maior. Algumas construções possíveis são de-
vidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos como
Diagramas de Venn
Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
Além disso, encontram-se em uso outros diagramas simila-
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usa-
res aos de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce
dos em matemática para simbolizar graficamente proprie-
e Karnaugh.
dades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua
teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fe-
chadas simples desenhadas sobre um plano, de forma a Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: su-
simbolizar os conjuntos e permitir a representação das re- ponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes
lações de pertença entre conjuntos e seus elementos (por e o conjunto B representa os animais capazes de voar. A
exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações área onde os dois círculos se sobrepõem, designada por
de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, intersecção A e B ou intersecção A-B, conteria todas as
{1, 3} ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se to- criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm apenas
cam e estão uma no espaço interno da outra simbolizam duas pernas motoras.
conjuntos que possuem continência; ao passo que o ponto
interno a uma curva representa um elemento pertencente
ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções
de curvas fechadas contidas em um plano. O interior des-
sas curvas representa, simbolicamente, a coleção de ele-
mentos do conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis,
o “princípio desses diagramas é que classes (ou conjun- Considere-se agora que cada espécie viva está repre-
tos) sejam representadas por regiões, com tal relação entre sentada por um ponto situado em alguma parte do dia-
si que todas as relações lógicas possíveis entre as classes grama. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro
possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o dia- do círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o
grama deixa espaço para qualquer relação possível entre círculo B, já que ambos são bípedes mas não podem voar.
as classes, e a relação dada ou existente pode então ser Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam re-
definida indicando se alguma região em específico é vazia presentados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os
ou não-vazia”. Pode-se escrever uma definição mais formal canários, por sua vez, seriam representados na intersecção
do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) uma coleção de A-B, já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal
curvas fechadas simples desenhadas em um plano. C é uma que não fosse bípede nem pudesse voar, como baleias ou
família independente se a região formada por cada uma serpentes, seria marcado por pontos fora dos dois círculos.

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas
áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de 16 formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar
de cada círculo que pertence a ambos os círculos (onde há sobre os animais que voam ou tem duas patas (pelo menos
sobreposição), e as duas áreas que não se sobrepõem, mas uma das características); tal conjunto seria representado
estão em um círculo ou no outro): pela união de A e B. Já os animais que voam e não possuem
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A duas patas mais os que não voam e possuem duas patas,
sem sobreposição). seriam representados pela diferença simétrica entre A e B.
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir, que
sem sobreposição). incluem também outros dois casos.
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobre-
posição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam
(branco - fora).

Essas configurações são representadas, respectivamen-


te, pelas operações de conjuntos: diferença de A para B, União de dois conjuntos: A B
diferença de B para A, intersecção entre A e B, e conjunto
complementar de A e B. Cada uma delas pode ser repre-
sentada como as seguintes áreas (mais escuras) no diagra-
ma:

Diferença Simétrica de dois conjuntos: A B

Diferença de A para B: A\B

Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de B para A: B\A


Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-


se sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o
exemplo anterior, poderia-se introduzir o conjunto C dos ani-
mais que possuem bico. Neste caso, o diagrama define sete
áreas distintas, que podem combinar-se de 256 (28) maneiras
diferentes, algumas delas ilustradas nas imagens seguintes.
Intersecção de dois conjuntos: AB

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB) Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções


possíveis entre A, B e C.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

colegas estão me elogiando”, mesmo que todos eles es-


tejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões
são equivalentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B =
Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem
que o conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B. Temos as seguintes equivalências:
Algum A não é B = Algum A é não B = Algum não B é A.
Mas não é equivalente a Algum B não é A. Nas proposições
União de três conjuntos: A B C categóricas, usam-se também as variações gramaticais dos
verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ..., como
elo de ligação entre A e B.
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
Intersecção de três conjuntos: A B C - Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-
versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e
vice-versa).

Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas

Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das


proposições categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum
A \ (B C) A é B, Algum A é B e Algum A não é B, pode-se inferir de
imediato a verdade ou a falsidade de algumas ou de todas
as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então te-


mos as duas representações possíveis:

(B C) \ A 1 2
B
Proposições Categóricas
A = B
A
- Todo A é B
- Nenhum A é B
- Algum A é B e
- Algum A não é B Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o con- Algum A não é B. É falsa.
junto A é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está
contido em B. Atenção: dizer que Todo A é B não significa o 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então
mesmo que Todo B é A. Enunciados da forma Nenhum A é temos somente a representação:
B afirmam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é, não
tem elementos em comum. Atenção: dizer que Nenhum A
é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A. A B
Por convenção universal em Lógica, proposições da
forma Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, pressupomos que Todo A é B. É falsa.
nem todo A é B. Entretanto, no sentido lógico de algum, Algum A é B. É falsa.
está perfeitamente correto afirmar que “alguns de meus Algum A não é B. É verdadeira.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as 03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam
quatro representações possíveis: instrumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e
60 tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos músi-
cos desta Filarmônica tocam:
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?

04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R” e


que “Nenhum G é R”, então é necessariamente verdadeiro
que:
(A) algum A não é G;
(B) algum A é G.
(C) nenhum A é G;
Nenhum A é B. É falsa. (D) algum G é A;
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em (E) nenhum G é A;
1 e 2).
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou 05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol
falsa (em 3 e 4) – é indeterminada. mas não praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei
mas não praticam futebol. O total dos que praticam vôlei é
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, te- 15. Ao todo, existem 17 alunos que não praticam futebol. O
mos as três representações possíveis:
número de alunos da classe é:
(A) 30.
(B) 35.
(C) 37.
(D) 42.
(E) 44.

3 06. Um colégio oferece a seus alunos a prática de um


A B ou mais dos seguintes esportes: futebol, basquete e vôlei.
Sabe-se que, no atual semestre:
- 20 alunos praticam vôlei e basquete.
- 60 alunos praticam futebol e 55 praticam basquete.
Todo A é B. É falsa. - 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei.
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em
- o número de alunos que praticam só futebol é idênti-
1 e 2 – é indeterminada).
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira co ao número de alunos que praticam só vôlei.
(em 1 e 2 – é indeterminada). - 17 alunos praticam futebol e vôlei.
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os
QUESTÕES 45, não praticam vôlei.
01. Represente por diagrama de Venn-Euler O número total de alunos do colégio, no atual semes-
(A) Algum A é B tre, é igual a:
(B) Algum A não é B (A) 93
(C) Todo A é B (B) 110
(D) Nenhum A é B (C) 103
(D) 99
02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC) Con- (E) 114
siderando “todo livro é instrutivo” como uma proposição
verdadeira, é correto inferir que:
07. Numa pesquisa, verificou-se que, das pessoas en-
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição ne-
trevistadas, 100 liam o jornal X, 150 liam o jornal Y, 20 liam
cessariamente verdadeira.
(B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição neces- os dois jornais e 110 não liam nenhum dos dois jornais.
sariamente verdadeira. Quantas pessoas foram entrevistadas?
(C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição ver- (A) 220
dadeira ou falsa. (B) 240
(D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verda- (C) 280
deira ou falsa. (D) 300
(E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição ne- (E) 340
cessariamente verdadeira.

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Em uma entrevista de mercado, verificou-se que 02. Resposta “B”.


2.000 pessoas usam os produtos C ou D. O produto D é
usado por 800 pessoas e 320 pessoas usam os dois produ-
tos ao mesmo tempo. Quantas pessoas usam o produto C?
(A) 1.430
(B) 1.450
(C) 1.500
(D) 1.520 A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é
(E) 1.600 instrutivo” implica a total dissociação entre os diagramas.
E estamos com a situação inversa. A opção “B” é perfeita-
09. Sabe-se que o sangue das pessoas pode ser classi- mente correta. Percebam como todos os elementos do dia-
ficado em quatro tipos quanto a antígenos. Em uma pes- grama “livro” estão inseridos no diagrama “instrutivo”. Res-
quisa efetuada num grupo de 120 pessoas de um hospital, ta necessariamente perfeito que algum livro é instrutivo.
constatou-se que 40 delas têm o antígeno A, 35 têm o an-
tígeno B e 14 têm o antígeno AB. Com base nesses dados,
quantas pessoas possuem o antígeno O? 03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instru-
(A) 50 mentos de corda e S dos que tocam instrumentos de so-
(B) 52 pro. Chamemos de F o conjunto dos músicos da Filarmô-
(C) 59 nica. Ao resolver este tipo de problema faça o diagrama,
(D) 63 assim você poderá visualizar o problema e sempre comece
(E) 65 a preencher os dados de dentro para fora.

10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após
fazermos o diagrama, este número vai no meio.
Exatamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o
Passo 2:
jornal B. Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os
um dos jornais, encontre o percentual que leem ambos os
que só tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
jornais.
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
(A) 40%
(B) 45%
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos
(C) 50%
acima:
(D) 60%
(E) 65%
100 60 180
Respostas

01. Com o diagrama completamente preenchido, fica fá-


cil achara as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica
(A) tocam:
a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do
problema: 100 + 60 + 180 = 340
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 +
180 = 280
(B) c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340
= 160

04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições


(C) categóricas:
- Alguns A são R
- Nenhum G é R

Devemos fazer a representação gráfica de cada uma


(D) delas por círculos para ajudar-nos a obter a resposta corre-
ta. Vamos iniciar pela representação do Nenhum G é R, que
é dada por dois círculos separados, sem nenhum ponto em
comum.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando


os desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho
de A que está mais a esquerda, esta alternativa não é ver-
dadeira, isto é, tem elementos em A que estão em G. Pelo
mesmo motivo a alternativa “E” não é correta. Portanto, a
resposta é a alternativa “A”.

05. Resposta “E”.


Como já foi visto, não há uma representação gráfica
única para a proposição categórica do Alguns A são R, mas
geralmente a representação em que os dois círculos se in-
terceptam (mostrada abaixo) tem sido suficiente para re-
solver qualquer questão.

n = 20 + 7 + 8 + 9
n = 44

06. Resposta “D”.


n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15
n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
Agora devemos juntar os desenhos das duas propo- n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
sições categóricas para analisarmos qual é a alternativa 60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13
correta. Como a questão não informa sobre a relação en- n(sóF) = n(sóV) = 13
tre os conjuntos A e G, então teremos diversas maneiras n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20
de representar graficamente os três conjuntos (A, G e R). – 30 = 15
A alternativa correta vai ser aquela que é verdadeira para n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B)
quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução = 21- 15 = 6
da questão não faremos todas as representações gráficas Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
possíveis entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algu- nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
mas) representação(ões) de cada vez e passamos a analisar
qual é a alternativa que satisfaz esta(s) representação(ões),
se tivermos somente uma alternativa que satisfaça, então
já achamos a resposta correta, senão, desenhamos mais
outra representação gráfica possível e passamos a testar
somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas represen-
tações, uma em que o conjunto A intercepta parcialmente
o conjunto G, e outra em que não há intersecção entre eles.

07. Resposta “E”.

A B

80 20 130 + 110

Teste das alternativas:


Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando Começamos resolvendo pelo que é comum: 20 alunos
os desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa gostam de ler os dois.
é verdadeira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas Leem somente A: 100 – 20 = 80
representações há elementos em A que não estão em G. Leem somente B: 150 – 20 = 130
Passemos para o teste da próxima alternativa. Totaliza: 80 + 20 + 130 + 110 = 340 pessoas.
Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os de-
senhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A
que está mais a direita, esta alternativa não é verdadeira, isto
é, tem elementos em A que não estão em G. Pelo mesmo mo-
tivo a alternativa “D” não é correta. Passemos para a próxima.

29
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta “D”. Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras


maiúsculas A, B, C, ..., X, e os elementos pelas letras
A B minúsculas a, b, c, ..., x, y, ..., embora não exista essa
obrigatoriedade.
Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados
1200 320 480 por letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de
pontos) por letras minúsculas.
Outro conceito fundamental é o de relação de
Somente B: 800 – 320 = 480 pertinência que nos dá um relacionamento entre um
Usam A = total – somente B = 2000 – 480 = 1520. elemento e um conjunto.

09. Resposta “C”. Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos


x∈ A
A B
Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.
+ 59 Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos
26 14 21
x∉ A
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.

Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40 Como representar um conjunto


– 14 = 26 e somente B = 35 – 14 = 21.
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 – Pela designação de seus elementos: Escrevemos os
61 = 59 pessoas. elementos entre chaves, separando os por vírgula.

10. Resposta “A”. Exemplos


- Jornal A → 0,8 – x
- Jornal B → 0,6 – x - {3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos
- Intersecção → x 3, 6, 7 e 8.
{a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos
Então fica: a, b e m.
(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1 {1; {2; 3}; {3}} indica o conjunto cujos elementos são 1,
- x + 1,4 = 1 {2; 3} e {3}.
- x = - 0,4
x = 0,4. Pela propriedade de seus elementos: Conhecida
uma propriedade P que caracteriza os elementos de um
Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”. conjunto A, este fica bem determinado.
P termo “propriedade P que caracteriza os elementos
de um conjunto A” significa que, dado um elemento x
qualquer temos:
TEORIA DE CONJUNTOS; Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem
a propriedade P é indicado por:
{x, tal que x tem a propriedade P}

Conjuntos Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou |
É uma reunião, agrupamento de pessoas, seres ou ob- ou ainda :, podemos indicar o mesmo conjunto por:
jetos. Dá a ideia de coleção. {x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
{x : x tem a propriedade P}
Conjuntos Primitivos
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são Exemplos
primitivos, ou seja, não são definidos. - { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma - {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo
porção de livros são todos exemplos de conjuntos. que {0, 1, 2, 3}
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm - {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que
elementos. Um elemento de um conjunto pode ser uma {0, 1}
banana, um peixe ou um livro. Convém frisar que um conjunto
pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto. Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um Euler consiste em representar o conjunto através de um
feixe de retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é “círculo” de tal forma que seus elementos e somente eles
também conjunto (de pontos). estejam no “círculo”.

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um


- Se A = {a, e, i, o, u} então relacionamento entre um elemento e um conjunto e,
portanto, é diferente da relação de inclusão.
Simbolicamente
x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A
x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A

Igualdade

Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B


e indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto de
- Se B = {0, 1, 2, 3 }, então B e B é também subconjunto de A.
Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais
equivale, segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B
e B ⊂ A.
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e
somente se, possuem os mesmos elementos.
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Portanto
A ≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de B ou B não
Conjunto Vazio é subconjunto de A. Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou
B⊄A
Conjunto vazio é aquele que não possui elementos.
Representa-se pela letra do alfabeto norueguês 0/ ou, Exemplos
simplesmente { }.
Simbolicamente: ∀ x, x ∉ 0/ - {2,4} = {4,2}, pois {2,4} ⊂ {4,2} e {4,2} ⊂ {2,4}. Isto nos
mostra que a ordem dos elementos de um conjunto não
Exemplos deve ser levada em consideração. Em outras palavras, um
conjunto fica determinado pelos elementos que o mesmo
- 0/ = {x : x é um número inteiro e 3x = 1} possui e não pela ordem em que esses elementos são
- 0/ = {x | x é um número natural e 3 – x = 4} descritos.
- 0/ = {x | x ≠ x} - {2,2,2,4} = {2,4}, pois {2,2,2,4} ⊂ {2,4} e {2,4} ⊂
{2,2,2,4}. Isto nos mostra que a repetição de elementos é
Subconjunto desnecessária.
- {a,a} = {a}
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é - {a,b = {a} ⇔ a= b
também elemento de B, dizemos que A é um subconjunto - {1,2} = {x,y} ⇔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1)
de B ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido em B e Conjunto das partes
indicamos por A ⊂ B.
Simbolicamente: A ⊂ B ⇔ ( ∀ x)(x ∈ ∀ ⇒ x ∈ B) Dado um conjunto A podemos construir um novo
conjunto formado por todos os subconjuntos (partes) de A.
Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto Esse novo conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos
de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido (ou das partes) de A e é indicado por P(A).
em B. Simbolicamente: P(A)={X | X ⊂ A} ou X ⊂ P(A) ⇔ X ⊂
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo A
menos, um elemento de A que não é elemento de B.
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃ x)(x ∈ A e x ∉ B) Exemplos

Exemplos a) = {2, 4, 6}
P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A}
- {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
- {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4} b) = {3,5}
- {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6} P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B}

Inclusão e pertinência c) = {8}


P(C) = { 0/ , C}
A definição de subconjunto estabelece um
relacionamento entre dois conjuntos e recebe o nome de d) = 0/
relação de inclusão ( ⊂ ). P(D) = { 0/ }

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

Propriedades Número de Elementos da União e da Intersecção de


Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio. Conjuntos
Valem as seguintes propriedades Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura
abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os
respectivos números de elementos.
0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ }
0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)

Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos


e, portanto, P(A) possui 2n elementos.

União de conjuntos
A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A ou a
B. Representa-se por A ∪ B.
Simbolicamente: A 4 ∉BN = {X | X ∈ A ou X ∈ B}

Note que ao subtrairmos os elementos comuns


evitamos que eles sejam contados duas vezes.

Observações:
a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo
um deles estiver contido no outro, ainda assim a relação
dada será verdadeira.
b) Podemos ampliar a relação do número de elementos
Exemplos para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.
- {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6}
- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5} Observe o diagrama e comprove.
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4}
- {a,b} ∪ φ {a,b}
Intersecção de conjuntos

A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado


por todos os elementos que pertencem, simultaneamente,
a A e a B. Representa-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B
= {X | X ∈ A ou X ∈ B}

Subtração
Exemplos A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A e não
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3} pertencem a B. Representa-se por A – B. Simbolicamente:
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3} A – B = {X | X ∈ A e X ∉ B}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ

Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são


conjuntos disjuntos.

O conjunto A – B é também chamado de conjunto


complementar de B em relação a A, representado por CAB.
Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B}

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos Sejam:
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2} A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14} De acordo com o enunciado temos:

- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5} n( B ∪ D) = n( B) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33


CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5} 
Observações: Alguns autores preferem utilizar o n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15
conceito de completar de B em relação a A somente nos
casos em que B ⊂ A. Assim sendo
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto a) O número total de crianças da escola é:
complementar de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A
⇔ B = A – B = CAB` n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70
b) O número de crianças que são meninas ou são
ruivas é:

n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57

Questões

1 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO AD-


Exemplos MINISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então: cidade, 13 dele não se inscreveram nas comissões de Edu-
a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6} cação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos vereadores
b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2} se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles se
c) C = φ ⇒ C = S inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e
oito deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e
Número de elementos de um conjunto Saneamento Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu
Sendo X um conjunto com um número finito de em apenas uma dessas comissões. O número de vereado-
elementos, representa-se por n(X) o número de elementos res inscritos na comissão de Saneamento Básico é igual a
de X. Sendo, ainda, A e B dois conjuntos quaisquer, com A) 15.
número finito de elementos temos: B) 21.
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B) C) 18.
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B) D) 27.
n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B) E) 16.
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B)
2 – (TJ-SC) Num grupo de motoristas, há 28 que diri-
Resolução de Problemas gem automóvel, 12 que dirigem motocicleta e 8 que diri-
gem automóveis e motocicleta. Quantos motoristas há no
Exemplo: grupo?
Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças A) 16 motoristas
ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se B) 32 motoristas
a) quantas crianças existem na escola? C) 48 motoristas
b) quantas crianças são meninas ou são ruivas D) 36 motoristas

3 – (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014)


Dos 46 técnicos que estão aptos para arquivar documentos
15 deles também estão aptos para classificar processos e
os demais estão aptos para atender ao público. Há outros
11 técnicos que estão aptos para atender ao público, mas
não são capazes de arquivar documentos. Dentre esses
últimos técnicos mencionados, 4 deles também são capa-
zes de classificar processos. Sabe-se que aqueles que clas-
sificam processos são, ao todo, 27 técnicos. Considerando
que todos os técnicos que executam essas três tarefas fo-
ram citados anteriormente, eles somam um total de

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 58. 7 – (Agente Administrativo) Em uma cidade existem


B) 65. duas empresas de transporte coletivo, A e B. Exatamente
C) 76. 70% dos estudantes desta cidade utilizam a Empresa A e
D) 53. 50% a Empresa B. Sabendo que todo estudante da cidade é
E) 95. usuário de pelo menos uma das empresas, qual o % deles
que utilizam as duas empresas?
4 – (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARI- A) 20%
FADO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de B) 25%
C) 27%
atletas da delegação de um país nos jogos universitários
D) 33%
por medalha conquistada. Sabe-se que esse país conquis-
E) 35%
tou medalhas apenas em modalidades individuais. Sabe-se
ainda que cada atleta da delegação desse país que ganhou 8 – (METRÔ/SP – ENGENHEIRO SEGURANÇA DO
uma ou mais medalhas não ganhou mais de uma meda- TRABALHO – FCC/2014) Uma pesquisa, com 200 pessoas,
lha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). De acordo com o investigou como eram utilizadas as três linhas: A, B e C do
diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação desse país Metrô de uma cidade. Verificou-se que 92 pessoas utilizam
ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro. a linha A; 94 pessoas utilizam a linha B e 110 pessoas utili-
zam a linha C. Utilizam as linhas A e B um total de 38 pes-
soas, as linhas A e C um total de 42 pessoas e as linhas B e
C um total de 60 pessoas; 26 pessoas que não se utilizam
dessas linhas. Desta maneira, conclui-se corretamente que
o número de entrevistados que utilizam as linhas A e B e C
é igual a
A) 50.
B) 26.
C) 56.
D) 10.
E) 18.

9 – TJ/RS – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁ-


A análise adequada do diagrama permite concluir cor- RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Observando-se,
retamente que o número de medalhas conquistadas por durante certo período, o trabalho de 24 desenhistas do Tri-
esse país nessa edição dos jogos universitários foi de bunal de Justiça, verificou-se que 16 executaram desenhos
A) 15. arquitetônicos, 15 prepararam croquis e 3 realizaram outras
B) 29. atividades. O número de desenhistas que executaram de-
C) 52. senho arquitetônico e prepararam croquis, nesse período,
D) 46. é de
E) 40. A) 10.
B) 11.
5 – (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM C) 12.
SAÚDE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elementos D) 13.
que formam o conjunto dos múltiplos estritamente positi- E) 14.
vos do número 3, menores que 31?
A) 9 10 - (TJ/RS – OFICIAL DE TRANSPORTE – CE-
B) 10 TRO/2013) Dados os conjuntos A = {x | x é vogal da palavra
C) 11 CARRO} e B = {x | x é letra da palavra CAMINHO}, é correto
afirmar que A∩ B tem
D) 12
A) 1 elemento.
E) 13
B) 2 elementos.
C) 3 elementos.
D) 4 elementos.
6 - (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM E) 5 elementos.
SAÚDE NM – AOCP/2014) Considere dois conjuntos A e
B, sabendo que A ∩ B = {3}, A ∪ B = {0; 1; 2; 3; 5} e A – B Respostas
= {1 ; 2}, assinale a alternativa que apresenta o conjunto B.
A) {1; 2; 3} 1 - RESPOSTA: “C”
B) {0; 3} De acordo com os dados temos:
C) {0; 1; 2; 3; 5} 7 vereadores se inscreveram nas 3.
D) {3; 5} APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12
E) {0; 3; 5} não deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjun-
tos, pois ele já desconsidera os que se inscreveram nos três)

34
RACIOCÍNIO LÓGICO

APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento bá- Intersecções:


sico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comis-
sões, pois 13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30-7-12-8=3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 verea-
dores.

Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46

5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguin-
te conjunto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.

Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18 6 - RESPOSTA: “E”.


A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é ele-
2 – RESPOSTA: “B” mento de B.
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de A∪B, tiramos que B={0;3;5}.

7 - Resposta “A”.

Os que dirigem automóveis e motocicleta: 8


Os que dirigem apenas automóvel: 28-8 = 20
Os que dirigem apenas motocicleta: 12-8= 4
A quantidade de motoristas é o somatório: 20+8+4 =
32 motoristas.

3 - RESPOSTA: “B”.
Técnicos arquivam e classificam: 15 70 – 50 = 20.
Arquivam e atendem: 46-15=31 20% utilizam as duas empresas.
classificam e atendem: 4
Classificam: 15+4=19 como são 27 faltam 8 8 - RESPOSTA: “E”.
Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capa-
zes de classificar processos, logo apenas 11-4 = 7 técnicos
são aptos a atender ao público.
Somando todos os valores obtidos no diagrama tere-
mos: 31+15+7+4+8 = 65 técnicos.

92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42-
x+x+60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200
4 - RESPOSTA: “D”. 92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+60-
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam x+26=200
medalhas. 92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200
No caso das intersecções, devemos multiplicar por x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x
2 por ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas = 18
multiplica-se por 3.

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

9 - RESPOSTA: “A”. Exemplos:


a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.
b) 5, 6 e 7 são consecutivos.
c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
a) O antecessor do número m é m-1.
b) O antecessor de 2 é 1.
16-x+x+15-x+3=24 ➜ x+34 = 24 ➜ -x = 24-34 ➜ -x = c) O antecessor de 56 é 55.
-10, como não existe variável negativa neste caso multi- d) O antecessor de 10 é 9.
plica-se por (-1) ambos os lados , logo x = 10. Subconjuntos de
Vale lembrar que um asterisco, colocado junto à letra
10 - RESPOSTA: “B”. que simboliza um conjunto, significa que o zero foi excluí-
Como o conjunto A é dado pelas vogais: A={A,O}, e do de tal conjunto.
B é dado pelas letras : B={ C,A,M,I,N,H,O}, portanto A∩
B={A,O}

Expressões Numéricas
CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra-
NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS. ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:
Números Naturais Se em uma expressão numérica aparecer as quatro ope-
rações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão pri-
Os números naturais são o modelo matemático neces- meiramente, na ordem em que elas aparecerem e somente
sário para efetuar uma contagem. depois a adição e a subtração, também na ordem em que
Começando por zero e acrescentando sempre uma uni- aparecerem e os parênteses são resolvidos primeiro.
dade, obtemos os elementos dos números naturais:
Exemplo 1

10 + 12 – 6 + 7
A construção dos Números Naturais 22 – 6 + 7
- Todo número natural dado tem um sucessor (número 16 + 7
que vem depois do número dado), considerando também 23
o zero.
Exemplos: Seja m um número natural. Exemplo 2
a) O sucessor de m é m+1.
b) O sucessor de 0 é 1. 40 – 9 x 4 + 23
c) O sucessor de 1 é 2. 40 – 36 + 23
d) O sucessor de 19 é 20. 4 + 23
27
- Se um número natural é sucessor de outro, então os
dois números juntos são chamados números consecutivos. Exemplo 3
Exemplos: 25-(50-30)+4x5
a) 1 e 2 são números consecutivos. 25-20+20=25
b) 5 e 6 são números consecutivos.
c) 50 e 51 são números consecutivos. Números Inteiros
- Vários números formam uma coleção de números na- Podemos dizer que este conjunto é composto pelos
turais consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, números naturais, o conjunto dos opostos dos números
o terceiro é sucessor do segundo, o quarto é sucessor do naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:
terceiro e assim sucessivamente.

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

Subconjuntos do conjunto  : 1º) Transformamos o número em uma fração cujo nu-


merador é o número decimal sem a vírgula e o denomina-
1) dor é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros
quantas forem as casas decimais do número decimal dado:

2)

3)

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que pode
ser expresso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer,
com b≠0
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
Assim, os números são dois para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
exemplos de números racionais. alguns exemplos:
Exemplo 1
Representação Decimal das Frações
Seja a dízima 0, 333... .
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em
decimais Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os mem-
bros por 10: 10x = 3,333
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o nú- Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
mero decimal terá um número finito de algarismos após a da segunda:
vírgula. 10x – x = 3,333... – 0,333... → 9x = 3 → x = 3/9
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Exemplo 2

Seja a dízima 5, 1717... .

Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... .


Subtraindo membro a membro, temos:
99x = 512 → x = 512/99
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgu-
la, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para ser Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512/99 .
número racional
OBS: período da dízima são os números que se repe- Números Irracionais
tem, se não repetir não é dízima periódica e assim números Identificação de números irracionais
irracionais, que trataremos mais a frente.
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irracio-
nais.
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra-
cional é sempre um número irracional.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
Representação Fracionária dos Números Decimais -Os números irracionais não podem ser expressos na
Trata-se do problema inverso: estando o número ra- forma , com a e b inteiros e b≠0.
cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na
forma de fração. Temos dois casos:

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores


Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. que a ou iguais a a e menores do que b.
- O quociente de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.


Intervalo:{a,b[
- O produto de dois números irracionais, pode ser um Conjunto {x∈R|a≤x<b}
número racional. Intervalo fechado à direita – números reais maiores que
a e menores ou iguais a b.

Exemplo:  .  =  = 5 e 5 é um número racional.

Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um núme-


ro natural, se não inteira, é irracional. Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}
Números Reais
INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números


reais menores que b.

Fonte: www.estudokids.com.br

Representação na reta
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais


maiores ou iguais a a.

INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Intervalo:[a,b] Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


Conjunto: {x∈R|a≤x≤b} maiores que a.

Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-


nores que b.

Intervalo:]a,+ ∞[
Intervalo:]a,b[ Conjunto:{x∈R|x>a}
Conjunto:{x∈R|a<x<b}

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Potenciação Propriedades
Os números envolvidos em uma multiplicação são cha- 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências
mados de fatores e o resultado da multiplicação é o pro- de mesma base, repete-se a base e  adiciona-se (soma) os
duto, quando os fatores são todos iguais existe uma forma expoentes.
diferente de fazer a representação dessa multiplicação que
é a potenciação.  Exemplos:
2 . 2 . 2 . 2 = 16 → multiplicação de fatores iguais. 54 . 53 = 54+3= 57
(5.5.5.5) .( 5.5.5)= 5.5.5.5.5.5.5 = 57

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Casos Exemplos:
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. 96 : 92 = 96-2 = 94

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio 3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-
número. plica-se os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

3) Todo número negativo, elevado ao expoente par,


resulta em um número positivo. Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação

4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-


par, resulta em um número negativo.

Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas- números primos. Veja: 
sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
base. 

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o


valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

64=2.2.2.2.2.2=26

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira- Exemplo


se” um e multiplica.

1 1
3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5
1
Observe:
Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:
n
a.b = n a .n b
O radical de índice inteiro e positivo de um produto Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2 2 22 2 2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: Caso tenha:
* *
+

a na
n =
b nb Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.

O radical de índice inteiro e positivo de um quociente Racionalização de Denominadores


indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando. Normalmente não se apresentam números irracionais
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli-
Raiz quadrada números decimais minação dos radicais do denominador chama-se racionali-
zação do denominador.

1º Caso:Denominador composto por uma só parcela

Operações

Operações

Multiplicação
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Exemplo

Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife-


Divisão rença de quadrados no denominador:

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução
RELAÇÕES, EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS, A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
SISTEMAS. na linguagem matemática o que está no texto.
INEQUAÇÕES DO 1º E DO 2º GRAU; “Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
idade que Pedro tem hoje.”
Equação 1º grau
Equação é toda sentença matemática aberta represen-
tada por uma igualdade, em que exista uma ou mais letras
que representam números desconhecidos.
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação re- A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da
dutível à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, soma das idades de seus dois filhos,
chamados coeficientes, com a≠0. Pe=2(Pi+Pa)
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numéri- Pe=2Pi+2Pa
co de x que, substituindo no 1º membro da equação, tor-
na-se igual ao 2º membro. Lembrando que:
Pi=Pa+3
Nada mais é que pensarmos em uma balança.
Substituindo em Pe
Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6

Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a
Pe=40+6=46
equação também.
Soma das idades: 10+13+46=69
No exemplo temos:
3x+300
Resposta: B.
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio?
Equação 2º grau
3x+300=x+1500
A equação do segundo grau é representada pela fór-
Quando passamos de um lado para o outro invertemos
mula geral:
o sinal
3x-x=1500-300
2x=1200
Onde a, b e c são números reais,
X=600
Discussão das Raízes
Exemplo
1.
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro
tem hoje.
Se for negativo, não há solução no conjunto dos
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
números reais.
(A) 72;
(B) 69;
Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60.

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Composição de uma equação do 2ºgrau, conhecidas


as raízes

Podemos escrever a equação da seguinte maneira:

x²-Sx+P=0

Exemplo
, portanto não há solução real.
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

2. Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo

(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A


soma das idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando
somamos os quadrados dessas idades, obtemos 1000. A
mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
3. (B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
Se não há solução, pois não existe raiz quadrada A=44-J
real de um número negativo.
(44-J)²+J²=1000
Se , há duas soluções iguais: 1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
Se , há soluções reais diferentes: J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64

Relações entre Coeficientes e Raízes

Dada as duas raízes:

Soma das Raízes Inequação


Uma inequação é uma sentença matemática expressa
por uma ou mais incógnitas, que ao contrário da equação
que utiliza um sinal de igualdade, apresenta sinais de desi-
gualdade. Veja os sinais de desigualdade:
Produto das Raízes
>: maior 
<: menor
≥: maior ou igual 
≤: menor ou igual 

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

O princípio resolutivo de uma inequação é o mesmo da


equação, onde temos que organizar os termos semelhan-
tes em cada membro, realizando as operações indicadas.
No caso das inequações, ao realizarmos uma multiplicação
de seus elementos por –1 com o intuito de deixar a parte
da incógnita positiva, invertemos o sinal representativo da
desigualdade.

Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
4x – 2x > – 2 – 12
2x > – 14
x > –14/2
x>–7
Sistema de Inequação do 1º Grau
Inequação-Produto
Um sistema de inequação do 1º grau é formado por
Quando se trata de inequações-produto, teremos uma duas ou mais inequações, cada uma delas tem apenas uma
desigualdade que envolve o produto de duas ou mais fun- variável sendo que essa deve ser a mesma em todas as
ções. Portanto, surge a necessidade de realizar o estudo outras inequações envolvidas. 
da desigualdade em cada função e obter a resposta final
realizando a intersecção do conjunto resposta das funções. Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º
grau: 
Exemplo

a)(-x+2)(2x-3)<0

Vamos achar a solução de cada inequação. 

4x + 4 ≤ 0 
4x ≤ - 4 
x ≤ - 4 : 4 
x ≤ - 1 
Inequação-Quociente
Na inequação-quociente, tem-se uma desigualdade
de funções fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual
uma está dividindo a outra. Diante disso, deveremos nos
atentar ao domínio da função que se encontra no denomi-
nador, pois não existe divisão por zero. Com isso, a função S1 = {x   R | x ≤ - 1} 
que estiver no denominador da inequação deverá ser dife-
rente de zero. Fazendo o cálculo da segunda inequação temos: 
O método de resolução se assemelha muito à resolu- x + 1 ≤ 0 
ção de uma inequação-produto, de modo que devemos x ≤ - 1 
analisar o sinal das funções e realizar a intersecção do sinal
dessas funções.

Exemplo

Resolva a inequação a seguir: A “bolinha” é fechada, pois o sinal da inequação é igual. 

S2 = { x   R | x ≤ - 1} 

Calculando agora o CONJUTO SOLUÇÃO da inequação


x-2≠0 temos: 
x≠2

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

S = S1 ∩ S2 Sistemas de equações primeiro grau


Duas  equações de 1º grau, com duas incógnitas for-
mam um “sistema de equações”.
Para encontramos o par ordenado solução de um siste-
ma pode-se utilizar dois métodos para a sua solução. 
Esses dois métodos são: Substituição e Adição. 

Método da substituição 
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equa-
ção, veja como: 

Portanto:  Dado o sistema , enumeramos as equa-


S = { x   R | x ≤ - 1} ou S = ] - ∞ ; -1] ções. 

Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que
pode ser escrita numa das seguintes formas: Escolhemos a equação 1 e isolamos o x: 
ax²+bx+c>0 x + y = 20 
ax²+bx+c≥0 x = 20 – y 
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0 Agora na equação 2 substituímos o valor de x = 20 – y. 
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0  3x   +   4 y   = 72 
3 (20 – y) + 4y = 72 
 60-3y + 4y  = 72 
Exemplo  -3y + 4y   =   72 – 60
Vamos resolver a inequação 3x² + 10x + 7 < 0. y = 12 
Descobrimos o valor de y, para descobrir o valor de x
Resolvendo Inequações basta substituir 12 na equação 
Resolver uma inequação significa determinar os valores x = 20 – y. 
reais de x que satisfazem a inequação dada. x = 20 – y 
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x x = 20 – 12 
que tornem a expressão 3x² + 10x +7 negativa. x = 8 
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12) 

Método da adição 
Esse método consiste em adicionar as duas equações
de tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Para que isso aconteça será preciso que multipliquemos
algumas vezes as duas equações ou apenas uma equação
por números inteiros para que a soma de uma das incóg-
nitas seja zero. 

Dado o sistema: 

S = {x ∈ R / –7/3 < x < –1}

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma Substituindo III em I


das incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira A+A+13+C=30
equação por – 3.  2A+C=30-13
2A+C=17
C=17-2A (IV)
Substituindo III e IV em II
7A+10(A+13)+15(17-2A)=333
7A+10A +130+255-30A=333
-13A=-52
A=4
Agora, o sistema fica assim: Trabalhou 4 dias produzindo a peça A.
C=17-8=9 dias produzindo a peça C
Devemos multiplicar por 15, pois ele produz 15 peças
por dia de C
9x15=135 peças

Adicionando as duas equações:  FUNÇÕES DO 1º GRAU E DO 2º GRAU E SUA


       - 3x – 3y = - 60  REPRESENTAÇÃO GRÁFICA;
+     3x + 4y = 72
                y   = 12 

Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das Diagrama de Flechas


duas equações e substituir o valor de y encontrado: 
x + y = 20 
x + 12 = 20 
x = 20 – 12 
x = 8 
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12). 
Se resolver um sistema utilizando qualquer um dois
métodos o valor da solução será sempre o mesmo.

(MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)


Um artesão produz três tipos de peças: A, B e C. Em um Gráfico Cartesiano
mesmo dia ele só produz um desses tipos de peça, sendo
que ele consegue produzir, por dia, 7 peças do tipo A, ou
10 peças do tipo B, ou 15 do tipo C. Em 30 dias de trabalho,
ele produziu um total de 333 peças. O número de dias que
ele trabalhou produzindo peças do tipo B foi 13 a mais do
que o número de dias trabalhados produzindo peças do
tipo A. Nesses 30 dias, o número de peças do tipo C que
ele produziu foi
(A) 180.
(B) 135.
(C) 150.
(D) 120.
(E) 165.

Resposta: B.
Sabemos que se somarmos a produção dará 30 dias, e se Muitas vezes nos deparamos com situações que en-
multiplicarmos as peças pelos dias dará 333 peças produzidas. volvem uma relação entre grandezas. Assim, o valor a ser
pago na conta de luz depende do consumo medido no pe-
ríodo; o tempo de uma viagem de automóvel depende da
velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas,
o domínio e a imagem são conjuntos numéricos, e pode-
mos definir com mais rigor o que é uma função matemáti-
ca utilizando a linguagem da teoria dos conjuntos.

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f Sobrejetora: Quando todos os elementos do contra-
uma relação de A em B. domínio forem imagens de pelo menos um elemento do
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada domínio.
elemento x do conjunto A está associado um e apenas um
elemento y do conjunto B.

Notação: f:A→B (lê-se função f de A em B)

Domínio, contradomínio, imagem


O domínio é constituído por todos os valores que po-
dem ser atribuídos à variável independente. Já a imagem
da função é formada por todos os valores correspondentes
da variável dependente.
O conjunto A é denominado domínio da função, indi-
cada por D. O domínio serve para definir em que conjun-
to estamos trabalhando, isto é, os valores possíveis para a Bijetora: Quando apresentar as características de fun-
variável x. ção injetora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja,
O conjunto B é denominado contradomínio, CD. elementos distintos têm sempre imagens distintas e todos
Cada elemento x do domínio tem um correspondente os elementos do contradomínio são imagens de pelo me-
y no contradomínio. A esse valor de y damos o nome de nos um elemento do domínio.
imagem de x pela função f. O conjunto de todos os valores
de y que são imagens de valores de x forma o conjunto
imagem da função, que indicaremos por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}
criamos a função f: A→B.definida por f(x) = x + 5 que tam-
bém pode ser representada por y = x + 5. A representação,
utilizando conjuntos, desta função, é:

Função 1 grau

A função do 1° grau relacionará os valores numéricos


obtidos de expressões algébricas do tipo (ax + b), consti-
tuindo, assim, a função f(x) = ax + b.

Estudo dos Sinais

Definimos função como relação entre duas grandezas


representadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau,
No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contra- sua lei de formação possui a seguinte característica: y = ax
domínio é = {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im + b ou f(x) = ax + b, onde os coeficientes a e b pertencem
= {6, 9, 12} aos reais e diferem de zero. Esse modelo de função possui
como representação gráfica a figura de uma reta, portanto,
Classificação das funções as relações entre os valores do domínio e da imagem cres-
cem ou decrescem de acordo com o valor do coeficiente a.
Injetora: Quando para ela elementos distintos do do- Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente,
mínio apresentam imagens também distintas no contrado- e caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente.
mínio.

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Função Crescente: a > 0 Exemplo:


De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfi- Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.
co que os valores de y vão crescendo.
F(1)=1a+b
3=a+b

F(3)=3a+b
5=3a+b

Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II

Função Decrescente: a < 0 3(3-b)+b=5


Nesse caso, os valores de y, caem. 9-3b+b=5
-2b=-4
b=2
Portanto,
a=3-b
a=3-2=1

Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do se-
gundo grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
Raiz da função f(x)=a(x-x1)(x-x2)
É essencial que apareça ax² para ser uma função qua-
Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor drática e deve ser o maior termo.
em que a reta cruza o eixo x, para isso consideremos o
valor de y igual a zero, pois no momento em que a reta Considerações
intersecta o eixo x, y = 0. Observe a representação gráfica
a seguir: Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para
baixo se a<0

Discriminante(∆)
Podemos estabelecer uma formação geral para o cálcu- ∆=b²-4ac
lo da raiz de uma função do 1º grau, basta criar uma gene-
ralização com base na própria lei de formação da função, ∆>0
considerando y = 0 e isolando o valor de x (raiz da função). A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois
X=-b/a pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da
equação ax²+bx+c=0
Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema
com duas equações para acharmos o valor de a e b. ∆=0

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao


eixo x, no ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante , as


duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais

∆<0

A função não tem raízes reais

Raízes

Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoen-
te de uma ou mais potências de bases positivas e diferen-
tes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada
para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a pa-
rábola tem concavidade voltada para baixo e um ponto de
máximo V.  Solução
Em qualquer caso, as coordenadas de V são 

. Veja os gráficos:

Função exponencial

A expressão matemática que define a função exponen-


cial é uma potência. Nesta potência, a base é um número
  real positivo e diferente de 1 e o expoente é uma variável.

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

Função crescente - ax ay= ax + y


Se   temos uma função exponencial crescente, - ax / ay= ax - y
qualquer que seja o valor real de x. - (ax) y= ax.y
No gráfico da função ao lado podemos observar que à - (a b)x = ax bx
medida que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Grafica- - (a / b)x = ax / bx
mente vemos que a curva da função é crescente. - a-x = 1 / ax  

Dado um número real x, o módulo de x, denotado por


é igual a x se x≥0 e igual a –x se x<0.

Equação Modular
Toda equação em que a variável aparece em módulo.
Sua solução é obtida aplicando-se a definição de módulo.
Exemplo

Função decrescente
Se   temos uma função exponencial de-
crescente em todo o domínio da função. Solução
Neste outro gráfico podemos observar que à medida
que x aumenta, y diminui. Graficamente observamos que
a curva da função é decrescente.

2x-4=x+2
X=6
2x-4=-x-2
3x=2
X=2/3
S={2/3, 6}

Inequação Modular
Para resolver uma inequação modular, empregamos
inicialmente a propriedade seguinte, obtendo as inequa-
ções equivalentes de resoluções conhecidas.

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em
função da definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1 Exemplo
Este número é denotado por e em homenagem ao ma- Resolva as inequações:
temático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primei- a)
ros a estudar as propriedades desse número. b)
O valor deste número expresso com 10 dígitos deci-
mais, é:
e = 2,7182818284 Solução
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) a) x≤-2 ou x≥2
pode ser escrita como a potência de base e com expoente S={x∈R| x≤-2 ou x≥2}
x, isto é: 
ex = exp(x) b) -3<2x+5<3
-3-5<2x<3-5
Propriedades dos expoentes -8<2x<-2
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um -4<x<-1
número racional, então: S={x∈R|-4<x<-1}

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Função Modular Ainda com base na definição podemos estabelecer con-


dições de existência:
dada por f(x)=|x| denomina-se
função modular.
As principais características dessa função modular são:
-domínio:R Exemplo
-imagem:R+

Consequências da Definição
-

Exemplo
Faça o gráfico da função f(x)=|x²-5x+4|

Solução
Primeiramente, fazemos o gráfico da função sem o mó-
dulo:f(x)=x²-5x+4

Propriedades

O gráfico da função f(x)=|x²-5x+4| será


Mudança de Base

Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule:
a)log 6
b) log1,5
c) log 16

Solução

Considerando-se dois números N e a reais e positivos, a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781


com a ≠1, existe um número c tal que:
b)

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N c)


na base a

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Função Logarítmica A=(aij)2 x 2, onde aij=2i+j

Uma função dada por , em que


a constante a é positiva e diferente de 1, denomina-se fun-
ção logarítmica.

Portanto,

Tipos de Matriz

Matriz linha

Chama-se matriz linha a toda matriz que possui uma


única linha.
Assim, [2 3 7] é uma matriz do tipo 1 x 3.

Matriz coluna
MATRIZES E DETERMINANTES, Chama-se matriz coluna a toda matriz que possui uma
SISTEMAS LINEARES, única coluna.
Assim, é uma matriz coluna do tipo 2 x 1.

Chama-se matriz do tipo m x n, m ∈N* e n∈N*, a Matriz quadrada


toda tabela de m.n elementos dispostos em m linhas e n
colunas. Chama-se matriz quadrada a toda matriz que possui
Indica-se a matriz por uma letra maiúscula e colocar número de linhas igual ao número de colunas. Uma matriz
seus elementos entre parênteses ou entre colchetes como, quadrada A do tipo n x n é dita matriz quadrada de ordem
por exemplo, a matriz A de ordem 2x3. n e indica-se por An. Exemplo:

Diagonais
Representação da matriz Diagonal principal é a sequência tais que i=j, ou seja,
Forma explicita (ou forma de tabela) (a11, a22, a33,..)
A matriz A é representada indicando-se cada um de
seus elementos por uma letra minúscula acompanhada Diagonal secundária é a sequência dos elementos tais
de dois índices: o primeiro indica a linha a que pertence que i+j=n+1, ou seja, (a1n, a2 n-1,...)
o elemento: o segundo indica a coluna a que pertence o
elemento, isto é, o elemento da linha i e da coluna j é in-
dicado por ij.

Assim, a matriz A2 x 3 é representada por:

Forma abreviada
A matriz A é dada por (aij)m x n e por uma lei que fornece
aij em função de i e j.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Matriz diagonal Propriedades da adição


Comutativa: A + B = B + A
Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de Associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
matriz diagonal se, e somente se, todos os elementos que Elemento neutro: A + O = O + A = A
não pertencem à diagonal principal são iguais a zero. Elemento Oposto: A + (-A) = (-A) + A = O
Transposta da soma: (A + B)t = At + Bt

Subtração de matrizes

Sejam A=(aij), B=(bij) e C=(cij), matrizes do mesmo tipo


Matriz identidade m x n. Diz-se que C é a diferença A-B, se, e somente se,
C=A+(-B).
Uma matriz quadrada de ordem n(n>1) é chamada de
matriz identidade se, e somente se, os elementos da diago-
nal principal são iguais a um e os demais são iguais a zero.

Matriz nula

É chamada matriz nula se, e somente se, todos os ele-


mentos são iguais a zero.

Matriz Transposta Multiplicação de um número por uma matriz

Dada a matriz A=(aij) do tipo m x n, chama-se matriz Considere:


transposta de A a matriz do tipo n x m.

Multiplicação de matrizes

O produto (linha por coluna) de uma matriz A = (aij)


mxp
por uma matriz B = (bij)p x n é uma matriz C = (cij)m x n,
de modo que cada elemento cij é obtido multiplicando-se
ordenadamente os elementos da linha i de A pelos ele-
Adição de Matrizes mentos da coluna j de B, e somando-se os produtos assim
Sejam A= (aij), B=(bij) e C=(cij) matrizes do mesmo tipo obtidos.
m x n. Diz-se que C é a soma de A com B, e indica-se por
A+B. Dada as matrizes:

Dada as matrizes:

, portanto

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Matriz Inversa Regra 2


Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Uma matriz B
é chamada inversa de A se, e somente se,

Exemplo:
Determine a matriz inversa de A.
detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a32 a21 a13 - a31 a22 a13 -a12
a21 a33 - a32 a23 a11

Solução
Sistema de equações lineares
Seja Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto
de m equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.

Temos que x=3; y=2; z=1; t=1

Logo,

Determinante
Dada uma matriz quadrada, chama-se determinante o
número real a ela associado. Em que:

Cálculo do determinante
Determinante de ordem 1

Sistema Linear 2 x 2

Chamamos de sistema linear 2 x 2 o con­junto de equa-


ções lineares a duas incógnitas, consideradas simultanea-
Determinante de ordem 2 mente.
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
Dada a matriz

O determinante é dado por: a1 x + b1 y = c1



a2 + b2 y = c2

Determinante de ordem 3 Sistema Linear 3x3


Regra 1:
Repete a primeira e a segunda coluna

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sistemas Lineares equivalentes 3. Sistema Impossível

Dois sistemas lineares que admitem o mesmo conjunto


solução são ditos equivalentes. Por exemplo:

Não existe um par real que satisfaça simultaneamente


as duas equações. Logo o sistema não tem solução, por-
tanto é impossível.
São equivalentes, pois ambos têm o mesmo conjunto
solução S={(1,2)} Sistema Escalonado
Denominamos solução do sistema linear toda sequên-
cia ordenada de números reais que verifica, simultanea- Sistema Linear Escalonado é todo sistema no qual as
mente, todas as equações do sistema. incógnitas das equações lineares estão escritas em uma
Dessa forma, resolver um sistema significa encontrar mesma ordem e o 1º coeficiente não-nulo de cada equa-
todas as sequências ordenadas de números reais que satis- ção está à direita do 1º coeficiente não-nulo da equação
façam as equações do sistema. anterior.

Matriz Associada a um Sistema Linear Exemplo


Sistema 2x2 escalonado.
Dado o seguinte sistema:

Sistema 3x3
Matriz incompleta A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a
segunda tem dois e a terceira, apenas um.

Sistema 2x3
Classificação

1. Sistema Possível e Determinado

Resolução de um Sistema Linear por Escalonamento


O par ordenado (2, 1) é solução da equação, pois
Podemos transformar qualquer sistema linear em um
outro equivalente pelas seguintes transformações elemen-
tares, realizadas com suas equações:
-trocas as posições de duas equações
Como não existe outro par que satisfaça simultanea- -Multiplicar uma das equações por um número real di-
mente as duas equações, dizemos que esse sistema é SP- ferente de 0.
D(Sistema Possível e Determinado), pois possui uma única -Multiplicar uma equação por um número real e adicio-
solução. nar o resultado a outra equação.
Exemplo
2. Sistema Possível e Indeterminado

Inicialmente, trocamos a posição das equações, pois é


esse tipo de sistema possui infinitas soluções, os valores conveniente ter o coeficiente igual a 1 na primeira equação.
de x e y assumem inúmeros valores. Observe o sistema a
seguir, x e y podem assumir mais de um valor, (0,4), (1,3),
(2,2), (3,1) e etc. 

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

Depois eliminamos a incógnita x da segunda equação


Multiplicando a equação por -2: ANÁLISE COMBINATÓRIA,

Análise Combinatória

Somando as duas equações: Análise combinatória é uma parte da matemática que


estuda, ou melhor, calcula o número de possibilidades, e
estuda os métodos de contagem que existem em acertar
algum número em jogos de azar. Esse tipo de cálculo
nasceu no século XVI, pelo matemático italiano Niccollo
Fontana (1500-1557), chamado também de Tartaglia.
Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-
Sistemas com Número de Equações Igual ao Núme- 1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve
ro de Incógnitas métodos que permitem contar, indiretamente, o número
de elementos de um conjunto. Por exemplo, se quiser
Quando o sistema linear apresenta nº de equações saber quantos números de quatro algarismos são
igual ao nº de incógnitas, para discutirmos o sistema, ini- formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso
cialmente calculamos o determinante D da matriz dos coe- aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
ficientes (incompleta), e: propriedades existem:
- Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
- Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou - Princípio fundamental da contagem
impossível. - Fatorial
- Arranjos simples
Para identificarmos se o sistema é possível, indetermi- - Permutação simples
nado ou impossível, devemos conseguir um sistema esca- - Combinação
lonado equivalente pelo método de eliminação de Gauss. - Permutação com elementos repetidos

Exemplos Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que


a Regra do Produto, um princípio combinatório que indica
- Discutir, em função de a, o sistema: quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento
pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios
x + 3 y = 5 caracterizados como sucessivos e independentes:

2 x + ay = 1 • O primeiro estágio pode ocorrer de m modos
distintos.
Resolução • O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.

1 3 Desse modo, podemos dizer que o número de formas


diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual
D= = a−6 ao produto m . n
2 a
Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e
D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6 inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do
seu novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3
Assim, para a ≠ 6, o sistema é possível e determinado. tipos de modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e
Astra, sendo que para cada carro há 5 opções de cores:
Para a ≠ 6, temos: preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o número total
de opções que Alice poderá fazer?
x + 3 y = 5
 x + 3 y = 5 Resolução: Segundo o Principio Fundamental da
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9 Contagem, Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela
 poderá optar por 15 carros diferentes. Vamos representar
as 15 opções na árvore de possibilidades:
Que é um sistema impossível.
Assim, temos:
a ≠ 6 → SPD (Sistema possível e determinado)
a = 6 → SI (Sistema impossível)

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o


problema é saber quantas retas esses pontos determinam.
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela
ordem de seus elementos, os problemas de contagem
serão agrupados e considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados
arranjos.

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos


e o problema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número


natural n, representado por n!, é o produto de todos os
inteiros positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial
é normalmente definida por:

Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120

Generalizações: Um acontecimento é formado por k Note que esta definição implica em particular que 0!
estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk = 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois
ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1)
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não funcione para n = 0.
Os fatoriais são importantes em análise combinatória.
importa a ordem.
Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar
n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por
chamados permutações) E o número de opções que podem
10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”. ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial.
ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se
diferenciam pela natureza de um dos elemento.
ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
ordem dos elementos. Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem
Quando os elementos de um determinado conjunto ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um
A forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual
algarismos pretendemos obter números, neste caso, os a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os
agrupamentos de 13 e 31 são considerados distintos, pois agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem
indicam números diferentes. entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos.
Quando os elementos de um determinado conjunto A Cálculos do número de arranjos simples:
forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos
pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos Na formação de todos os arranjos simples dos n
são iguais, pois indicam a mesma reta. elementos de A, tomados k a k:

Conclusão: Os agrupamentos... n → possibilidades na escolha do 1º elemento.

1. Em alguns problemas de contagem, quando os n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois


agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um um deles já foi usado.
de seus elementos, os agrupamentos serão considerados
distintos. n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois
dois deles já foi usado.
ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados
.
combinações.
n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento,
pois l-1 deles já foi usado.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações


número total de arranjos simples dos n elementos de A obtemos todos os arranjos 3 a 3:
(tomados k a k), temos:
abc abd acd bcd
An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
(é o produto de k fatores) acb adb adc bdc
bac bad cad cbd
Multiplicando e dividindo por (n – k)! bca bda cda cdb
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb

(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos


Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!
Logo: C4,3 . P3 = A4,3

Podemos também escrever Cálculo do número de combinações simples: O


número total de combinações simples dos n elementos de
Permutações: Considere A como um conjunto com n A representados por C n,k, tomados k a k, analogicamente
elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A, ao exemplo apresentado, temos:
são denominados permutações simples de n elementos. De a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,
acordo com a definição, as permutações têm os mesmos obtemos Pk arranjos distintos.
elementos. São os n elementos de A. As duas permutações b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos
diferem entre si somente pela ordem de seus elementos. distintos.
Cálculo do número de permutação simples:
O número total de permutações simples de n elementos Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou
indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1)
(n – 2) . … . (n – k + 1), temos: A n,k
C n,k =
Pk
Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1)
(n – 2) . … .1 = n! Lembrando que:

Portanto: Pn = n!

Combinações Simples: são agrupamentos formados
com os elementos de um conjunto que se diferenciam Também pode ser escrito assim:
somente pela natureza de seus elementos. Considere A
como um conjunto com n elementos k um natural menor
ou igual a n. Os agrupamentos de k elementos distintos
cada um, que diferem entre si apenas pela natureza de seus
elementos são denominados combinações simples k a k, Arranjos Completos: Arranjos completos de n
dos n elementos de A. elementos, de k a k são os arranjos de k elementos
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
elementos distintos. Com os elementos de A podemos vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar
formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc – em consideração os arranjos com elementos distintos
abd – acd – bcd (arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk

Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. Permutações com elementos repetidos


abc abd acd bcd
Considerando:
acb
bac α elementos iguais a a,
bca β elementos iguais a b,
γ elementos iguais a c, …,
cab λ elementos iguais a l,
cba
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o 05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra
número de permutações distintas que é possível formarmos PROVA foram listadas em ordem alfabética, como se
com os n elementos: fossem palavras de cinco letras em um dicionário. A 73ª
palavra nessa lista é
(A) PROVA.
(B) VAPOR.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP.
Combinações Completas: Combinações completas de
(E) RAOPV.
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular as combinações completas devemos levar 06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
em consideração as combinações com elementos distintos dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se
(combinações simples) e as combinações com elementos analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial
repetidos. O total de combinações completas de n com 5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O
elementos, de k a k, indicado por C*n,k número de possíveis comissões é:
(A) 66
(B) 72
(C) 90
(D) 120
(E) 124
QUESTÕES
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola
01. Quantos números de três algarismos distintos
possui um banco de questões de matemática composto
podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
de 5 questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4
02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 sobre retas. De quantas maneiras distintas a equipe pode
clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada montar uma prova com 8 questões, sendo 3 de parábolas,
clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O 2 de circunferências e 3 de retas?
número total de jogos a serem realizados é: (A) 80
(A)182 (B) 96
(B) 91 (C) 240
(C)169 (D) 640
(D)196 (E) 1.280
(E)160
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco
uma eventualidade qualquer, dois particulares enfermeiros,
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos
por serem os mais experientes, nunca são escalados para
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição,
mas se os algarismos forem todos distintos, o número total trabalharem juntos. Sabendo-se que em todos os grupos
de senhas possíveis é: participa um dos dois enfermeiros mais experientes,
(A) 78.125 quantos grupos distintos de 3 enfermeiros podem ser
(B) 7.200 formados?
(C) 15.000 (A) 06
(D) 6.420 (B) 10
(E) 50 (C) 12
(D) 15
04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões (E) 20
com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia
executou a tarefa considerando as letras A e à como 09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes
diferentes, contudo, João queria que elas fossem para concorrer a uma gincana. O número de maneiras
consideradas como mesma letra. A diferença entre o
diferentes de formar duas equipes é
número de cartões feitos por Cláudia e o número de
(A) 10
cartões esperados por João é igual a
(A) 720 (B) 15
(B) 1.680 (C) 20
(C) 2.420 (D) 25
(D) 3.360 (E) 30
(E) 4.320

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Considere os números de quatro algarismos do 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
sistema decimal de numeração. Calcule: corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
a) quantos são no total; de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
b) quantos não possuem o algarismo 2; podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos número de possíveis comissões é
uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos;
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.


Resoluções

01.
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240

02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 08.


= 14 . 13 = 182. I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes
e outros 3.
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o
03. enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes
e 2 entre os 3 restantes.
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre
os 2 mais experientes é
Algarismos

IV) O número de possibilidades para se escolher 2


Letras
entre 3 restantes é
As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125
maneiras.
Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 .
3 . 2 = 120 maneiras.
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a V) Assim, o número total de grupos que podem ser
125 . 120 = 15.000. formados é 2 . 3 = 6

04. 09.
I) O número de cartões feitos por Cláudia foi

10.
II) O número de cartões esperados por João era a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680 e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464

05. Se as permutações das letras da palavra PROVA


forem listadas em ordem alfabética, então teremos: Binômio de Newton
P4 = 24 que começam por A
P4 = 24 que começam por O Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da
P4 = 24 que começam por P forma (a + b)n , sendo n um número natural .

A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que Exemplo: 


começa por R. Ela é RAOPV. B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do
binômio] ).

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton onde


:
a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2 ⎛ n⎞ n!
b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3 ⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)!
c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5
é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de
Nota: combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
seja, o número de combinações simples de n elementos
Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que de taxa p.
elas possuem uma lei de formação bem definida, senão ve-
jamos: Este número é também conhecido como Número
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima: Combinatório.
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5.
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser
obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memori- GEOMETRIA ESPACIAL,
zação: GEOMETRIA DE SÓLIDOS.
Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e
dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo,
para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci- GEOMETRIA PLANA
ma teríamos:
5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an- A Geometria é a parte da matemática que estuda as
terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o figuras e suas propriedades. A geometria estuda figuras
coeficiente do terceiro termo procurado. abstratas, de uma perfeição não existente na realidade.
Observe que os expoentes da variável a decrescem de Apesar disso, podemos ter uma boa ideia das figuras
n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o geométricas, observando objetos reais, como o aro da
terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de- cesta de basquete que sugere uma circunferência, as portas
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu  de 1 para 2). e janelas que sugerem retângulos e o dado que sugere um
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do cubo.
binômio de Newton (a + b)7 será:
(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21 Reta, semirreta e segmento de reta
a2b5 + 7 ab6 + b7
Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º ter-
mo (21 a2b5) ?
Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multipli-
camos 35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos o
resultado pela ordem do termo que é 5.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo
anterior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto ter-
mo, conforme se vê acima.

Observações: Definições.
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli-
nômio. a) Segmentos congruentes.
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos . Dois segmentos são congruentes se têm a mesma
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre- medida.
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais .
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n . b) Ponto médio de um segmento.
Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton Um ponto P é ponto médio do segmento AB se
pertence ao segmento e divide AB em dois segmentos
Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n congruentes.
, sendo p um número natural, é dado por
c) Mediatriz de um segmento.
⎛ n⎞ É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto
T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p médio
⎝ p⎠

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulo A soma de todos os lados da planta baixa se chama


Perímetro.
Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura
plana.

Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua
superfície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma
Definições. unidade de área:
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas
de mesma origem.

b) Ângulos congruentes: Dois ângulos são ditos


congruentes se têm a mesma medida.

c) Bissetriz de um ângulo: É a semirreta de origem no


vértice do ângulo que divide esse ângulo em dois ângulos
congruentes.

Perímetro: entendendo o que é perímetro.

Imagine uma sala de aula de 5m de largura por 8m de


comprimento. Veremos que a área do campo de futebol é 70 unidades
Quantos metros lineares serão necessários para de área.
colocar rodapé nesta sala, sabendo que a porta mede 1m
de largura e que nela não se coloca rodapé? A unidade de medida da área é: m² (metros quadrados),
cm² (centímetros quadrados), e outros.

Se tivermos uma figura do tipo:

A conta que faríamos seria somar todos os lados da


sala, menos 1m da largura da porta, ou seja:
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1
P = 26 – 1
P = 25 Sua área será um valor aproximado. Cada é uma
unidade, então a área aproximada dessa figura será de 4
unidades.

No estudo da matemática calculamos áreas de figuras


planas e para cada figura há uma fórmula pra calcular a
sua área.

Colocaríamos 25m de rodapé.

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Retângulo Quadrado
É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos os ângulos internos a congruentes (90º).
congruentes e iguais a 90º.

No cálculo da área de qualquer retângulo podemos


seguir o raciocínio: Sua área também é calculada com o produto da base
pela altura. Mas podemos resumir essa fórmula:

Como todos os lados são iguais, podemos dizer que


Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha base é igual a e a altura igual a , então, substituindo na
quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1 fórmula A = b . h, temos:
cm. Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm
de dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é A= .
a medida da superfície de uma figuras podemos dizer que A= ²
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.
Trapézio
É o quadrilátero que tem dois lados paralelos. A altura
de um trapézio é a distância entre as retas suporte de suas
bases.

O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o


outro, só que representado de forma diferente. O cálculo
da área do retângulo pode ficar também da seguinte forma:

A = 6 . 4 A = 24 cm²
Em todo trapézio, o segmento que une os pontos
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é: médios dos dois lados não paralelos, é paralelo às bases e
vale a média aritmética dessas bases.

A=b
.h

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

A área do trapézio está relacionada com a área do Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula: da área de um trapézio qualquer:
AT = A∆1 + A∆2
A = b . h (b = base e h = altura).
2 AT = B . h + b . h
2 2
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos
mais importantes (elementos utilizados no cálculo da sua
área): AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi-
2
dência, pois é um termo comum aos dois fatores.

AT = h (B + b)
2

Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer


Um trapézio é formado por uma base maior (B), por utilizamos a seguinte fórmula:
uma base menor (b) e por uma altura (h).
Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso A = h (B + b)
dividi-lo em dois triângulos, veja como: 2

Primeiro: completamos as alturas no trapézio: h = altura


B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio

Losango
É o quadrilátero que tem os lados congruentes.

Segundo: o dividimos em dois triângulos:

Em todo losango as diagonais são:


a) perpendiculares entre si;
b) bissetrizes dos ângulos internos.

A área do losango é definida pela seguinte fórmula:


A área desse trapézio pode ser calculada somando as d .D Onde D é a diagonal maior e d é a menor.
S=
áreas dos dois triângulos (∆CFD e ∆CEF). 2
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo
separadamente observamos que eles possuem bases Triângulo
diferentes e alturas iguais. Figura geométrica plana com três lados.

Cálculo da área do ∆CEF:

A∆1 = B . h
2
Cálculo da área do ∆CFD:

A∆2 = b . h
2

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer 4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base
polígono convexo é o ângulo formado entre um lado e o são congruentes. Observação - A base de um triângulo
prolongamento do outro lado. isósceles é o seu lado diferente.

Classificação dos triângulos.

a) quanto aos lados:


- triângulo equilátero.
- triângulo isósceles.
- triângulo escaleno.

b) quanto aos ângulos:


- triângulo retângulo.
- triângulo obtusângulo.
- triângulo acutângulo. Altura - É a distância entre o vértice e a reta suporte do
lado oposto.

Propriedades dos triângulos


Área do triangulo
1) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3
ângulos internos é 180º.

Segmentos proporcionais

2) Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo Teorema de Tales.


é igual à soma das medidas dos 2 ângulos internos não
adjacentes. Em todo feixe de retas paralelas, cortado por uma
reta transversal, a razão entre dois segmento quaisquer
de uma transversal é igual à razão entre os segmentos
correspondentes da outra transversal.

3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3


ângulos externos é 360º.

Semelhança de triângulos

Definição.
Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos
dois a dois congruentes e os lados correspondentes dois a
dois proporcionais.

Definição mais “popular”.


Dois triângulos são semelhantes se um deles é a
redução ou a ampliação do outro.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Importante - Se dois triângulos são semelhantes, a 6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao
proporcionalidade se mantém constante para quaisquer dobro de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que
dois segmentos correspondentes, tais como: lados, formam, entre si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
medianas, alturas, raios das circunferências inscritas, raios
das circunferências circunscritas, perímetros, etc.

Considerando AF=16cm e CB=9cm, determine:


a) as dimensões do cartão;
b) o comprimento do vinco AC

7. Na figura, os ângulos assinalados sao iguais, AC=2 e


AB=6. A medida de AE é:
Exercícios a)6/5 b)7/4 c)9/5 d)3/2 e)5/4

1. Seja um paralelogramo com as medidas da base e da


altura respectivamente, indicadas por b e h. Se construir-
mos um outro paralelogramo que tem o dobro da base e o
dobro da altura do outro paralelogramo, qual será relação
entre as áreas dos paralelogramos?

2. Os lados de um triângulo equilátero medem 5 mm.


8. Na figura a seguir, as distâncias dos pontos A e B à
Qual é a área deste triângulo equilátero?
reta valem 2 e 4. As projeções ortogonais de A e B sobre
essa reta são os pontos C e D. Se a medida de CD é 9, a que
distância de C deverá estar o ponto E, do segmento CD,
3. Qual é a medida da área de um paralelogramo cujas me- para que CÊA=DÊB
didas da altura e da base são respectivamente 10 cm e 2 dm? a)3
b)4
c)5
4. As diagonais de um losango medem 10 cm e 15 cm. d)6
Qual é a medida da sua superfície? e)7

5. Considerando as informações constantes no triangulo


PQR, pode-se concluir que a altura PR desse triângulo mede: 9. Para ladrilhar uma sala são necessários exatamente
400 peças iguais de cerâmica na forma de um quadrado.
Sabendo-se que a área da sala tem 36m², determine:
a) a área de cada peça, em m².
b) o perímetro de cada peça, em metros.

10. Na figura, os ângulos ABC, ACD, CÊD, são retos. Se


AB=2 3 m e CE= 3 m, a razão entre as áreas dos triângu-
los ABC e CDE é:

a)6
b)4
c)3
a)5 b)6 c)7 d)8 d)2
e) 3

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 8.

1. A2 = (2b)(2h) = 4bh = 4A1

2. Segundo o enunciado temos:


l=5mm

Substituindo na fórmula:
l² 3 5² 3
=
S ⇒=S = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4
9.
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
h=10
b=20

Substituindo na fórmula:
=
S b= = 100cm
.h 20.10 = ² 2dm²

4. Para o cálculo da superfície utilizaremos a fórmula


que envolve as diagonais, cujos valores temos abaixo: 10.
d1=10
d2=15

Utilizando na fórmula temos:


d1.d 2 10.15
S= ⇒ = 75cm ²
2 2

5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6
PR 9 6
GEOMETRIA ESPACIAL
x 96.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x Sólidos Geométricos
Para explicar o cálculo do volume de figuras geométri-
= =
a ) x 12( altura ); 2 x 24(comprimento)
cas, podemos pedir que visualizem a seguinte figura:
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15

7.

a) A  figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da
área da base pela altura do sólido, isto é

V = Ab x a

c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;


d) O volume do cilindro também se pode calcular da
mesma forma que o volume de um prisma reto.
Os formulários seguintes, das figuras geométricas são
para calcular da mesma forma que as acima apresentadas:

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

Figuras Geométricas: Classificação do cone

Quando observamos a posição relativa do eixo em re-


lação à base, os cones podem ser classificados como retos
ou oblíquos. Um cone é dito reto quando o eixo é perpen-
dicular ao plano da base e é oblíquo quando não é um
cone reto. Ao lado apresentamos um cone oblíquo.

Observação: Para efeito de aplicações, os cones mais


importantes são os cones retos. Em função das bases, os
cones recebem nomes especiais. Por exemplo, um cone é
dito circular se a base é um círculo e é dito elíptico se a
base é uma região elíptica.

O conceito de cone

Observações sobre um cone circular reto


1. Um cone circular reto é chamado cone de revolução
por ser obtido pela rotação (revolução) de um triângulo
retângulo em torno de um de seus catetos
Considere uma região plana limitada por uma curva 2. A seção meridiana do cone circular reto é a interse-
suave (sem quinas), fechada e um ponto P fora desse pla- ção do cone com um plano que contem o eixo do cone. No
no. Chamamos de cone ao sólido formado pela reunião de caso acima, a seção meridiana é a região triangular limitada
todos os segmentos de reta que têm uma extremidade em pelo triângulo isósceles VAB.
P e a outra num ponto qualquer da região.
3. Em um cone circular reto, todas as geratrizes são
Elementos do cone congruentes entre si. Se g é a medida de cada geratriz en-
- Base: A base do cone é a região plana contida no tão, pelo Teorema de Pitágoras, temos: g2 = h2 + R2
interior da curva, inclusive a própria curva.
- Vértice: O vértice do cone é o ponto P. 4. A Área Lateral de um cone circular reto pode ser
- Eixo: Quando a base do cone é uma região que pos- obtida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da
sui centro, o eixo é o segmento de reta que passa pelo base do cone):ALat = Pi R g
vértice P e pelo centro da base.
- Geratriz: Qualquer segmento que tenha uma extre- 5. A Área total de um cone circular reto pode ser ob-
midade no vértice do cone e a outra na curva que envolve tida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da base
a base. do cone):
- Altura: Distância do vértice do cone ao plano da base. ATotal = Pi R g + Pi R2
- Superfície lateral: A superfície lateral do cone é a
reunião de todos os segmentos de reta que tem uma extre-
midade em P e a outra na curva que envolve a base.
- Superfície do cone: A superfície do cone é a reunião
da superfície lateral com a base do cone que é o círculo.
- Seção meridiana: A seção meridiana de um cone é
uma região triangular obtida pela interseção do cone com
um plano que contem o eixo do mesmo.

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

Cones Equiláteros Aplicação: volumes de líquidos


Um problema fundamental para empresas que arma-
zenam líquidos em tanques esféricos, cilíndricos ou esfé-
ricos e cilíndricos é a necessidade de realizar cálculos de
volumes de regiões esféricas a partir do conhecimento da
altura do líquido colocado na mesma. Por exemplo, quan-
do um tanque é esférico, ele possui um orifício na parte
superior (pólo Norte) por onde é introduzida verticalmente
uma vara com indicadores de medidas. Ao retirar a vara,
Um cone circular reto é um cone equilátero se a sua observa-se o nível de líquido que fica impregnado na vara
seção meridiana é uma região triangular equilátera e neste e esta medida corresponde à altura de líquido contido na
caso a medida da geratriz é igual à medida do diâmetro região esférica. Este não é um problema trivial, como ob-
da base. servaremos pelos cálculos realizados na sequência.
A área da base do cone é dada por:
ABase=Pi R2

Pelo Teorema de Pitágoras temos:


(2R)2 = h2 + R2
h2 = 4R2 - R2 = 3R2

Assim:
h=R
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto
da área da base pela altura, então: A seguir apresentaremos elementos esféricos básicos e
algumas fórmulas para cálculos de áreas na esfera e volu-
V = (1/3) Pi R3 mes em um sólido esférico.
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2 A superfície esférica
então a área total será dada por: A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos
ATotal = 3 Pi R2 do espaço que estão localizados a uma mesma distância
denominada raio de um ponto fixo chamado centro.
O conceito de esfera Uma notação para a esfera com raio unitário centrada
A esfera no espaço R³ é uma superfície muito impor- na origem de R³ é:
tante em função de suas aplicações a problemas da vida. S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
Do ponto de vista matemático, a esfera no espaço R³ é con- Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4
fundida com o sólido geométrico (disco esférico) envolvido é dada por:
pela mesma, razão pela quais muitas pessoas calculam o S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }
volume da esfera. Na maioria dos livros elementares sobre
Geometria, a esfera é tratada como se fosse um sólido, he- Você conseguiria imaginar espacialmente tal esfera?
rança da Geometria Euclidiana. Do ponto de vista prático, a esfera pode ser pensada
Embora não seja correto, muitas vezes necessitamos como a película fina que envolve um sólido esférico. Em
falar palavras que sejam entendidas pela coletividade. De uma melancia esférica, a esfera poderia ser considerada a
um ponto de vista mais cuidadoso, a esfera no espaço R³ é película verde (casca) que envolve a fruta.
um objeto matemático parametrizado por duas dimensões, É comum encontrarmos na literatura básica a definição
o que significa que podemos obter medidas de área e de de esfera como sendo o sólido esférico, no entanto não
comprimento, mas o volume tem medida nula. Há outras se devem confundir estes conceitos. Se houver interesse
esferas, cada uma definida no seu respectivo espaço n-di- em aprofundar os estudos desses detalhes, deve-se tomar
mensional. Um caso interessante é a esfera na reta unidi- algum bom livro de Geometria Diferencial que é a área da
mensional: Matemática que trata do detalhamento de tais situações.

So = {x em R: x²=1} = {+1,-1}
Por exemplo, a esfera
S1 = { (x,y) em R²: x² + y² = 1 }

é conhecida por nós como uma circunferência de raio


unitário centrada na origem do plano cartesiano.

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O disco esférico é o conjunto de todos os pontos do sendo que esta circunferência intersecta o eixo OZ nos
espaço que estão localizados na casca e dentro da esfera. pontos de coordenadas (0,0,R) e (0,0,-R). Existem infinitas
Do ponto de vista prático, o disco esférico pode ser pen- circunferências maximais em uma esfera.
sado como a reunião da película fina que envolve o sólido Se rodarmos esta circunferência maximal C em torno
esférico com a região sólida dentro da esfera. Em uma me- do eixo OZ, obteremos a esfera através da rotação e por
lancia esférica, o disco esférico pode ser visto como toda este motivo, a esfera é uma superfície de revolução.
a fruta. Se tomarmos um arco contido na circunferência ma-
ximal cujas extremidades são os pontos (0,0,R) e (0,p,q) tal
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen- que p²+q²=R² e rodarmos este arco em torno do eixo OZ,
tro da esfera pelo ponto (0,0,0), a equação da esfera é dada obteremos uma superfície denominada calota esférica.
por:
x² + y² + z² = R²

e a relação matemática que define o disco esférico é o


conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é:
x² + y² + z² < R²

Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen-


Na prática, as pessoas usam o termo calota esférica
tro da esfera pelo ponto (xo,yo,zo), a equação da esfera é para representar tanto a superfície como o sólido geomé-
dada por: trico envolvido pela calota esférica. Para evitar confusões,
(x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² = R² usarei “calota esférica” com aspas para o sólido e sem aspas
para a superfície.
e a relação matemática que define o disco esférico é o A partir da rotação, construiremos duas calotas em
conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é, uma esfera, de modo que as extremidades dos arcos se-
o conjunto de todos os pontos (x,y,z) em R³ tal que: jam (0,0,R) e (0,p,q) com p²+q²=R² no primeiro caso (calota
(x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² < R² Norte) e no segundo caso (calota Sul) as extremidades dos
arcos (0,0,-R) e (0,r,-s) com r²+s²=R² e retirarmos estas duas
calotas da esfera, teremos uma superfície de revolução de-
Da forma como está definida, a esfera centrada na ori- nominada zona esférica.
gem pode ser construída no espaço euclidiano R³ de modo
que o centro da mesma venha a coincidir com a origem do
sistema cartesiano R³, logo podemos fazer passar os eixos
OX, OY e OZ, pelo ponto (0,0,0).

De um ponto de vista prático, consideremos uma me-


lancia esférica. Com uma faca, cortamos uma “calota esféri-
ca” superior e uma “calota esférica” inferior. O que sobra da
melancia é uma região sólida envolvida pela zona esférica,
algumas vezes denominada zona esférica.
Seccionando a esfera x²+y²+z²=R² com o plano z=0,
Consideremos uma “calota esférica” com altura h1 e
obteremos duas superfícies semelhantes: o hemisfério
raio da base r1 e retiremos desta calota uma outra “calota
Norte (“boca para baixo”) que é o conjunto de todos os esférica” com altura h2 e raio da base r2, de tal modo que
pontos da esfera onde a cota z é não negativa e o hemis- os planos das bases de ambas sejam paralelos. A região só-
fério Sul (“boca para cima”) que é o conjunto de todos os lida determinada pela calota maior menos a calota menor
pontos da esfera onde a cota z não é positiva. recebe o nome de segmento esférico com bases paralelas.
Se seccionarmos a esfera x²+y²+z²=R² por um plano
vertical que passa em (0,0,0), por exemplo, o plano x=0,
teremos uma circunferência maximal C da esfera que é uma
circunferência contida na esfera cuja medida do raio coinci-
de com a medida do raio da esfera, construída no plano YZ
e a equação desta circunferência será:
x=0, y² + z² = R2

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

No que segue, usaremos esfera tanto para o sólido A região circular S de integração será descrita por
como para a superfície, “calota esférica” para o sólido en- x²+y²<R² ou em coordenadas polares através de:
volvido pela calota esférica, a letra maiúscula R para en- 0<m<R, 0<t<2Pi
tender o raio da esfera sobre a qual estamos realizando A integral dupla que representa o volume da calota em
os cálculos, V será o volume, A(lateral) será a área lateral e função da altura h é dada por:
A(total) será a área total. Vc(h) = ∫ ∫ s (h − z)dxdy
Algumas fórmulas (relações) para objetos esféricos
ou seja
Objeto Relações e fórmulas Vc(h) = ∫ ∫ s (h − R + R 2 − (x 2 + y 2 ))dxdy
Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na
R² = h (2R-h)
forma:
Calota esférica (altura h, A(lateral) = 2 Pi R h 2x R
A(total) = Pi h (4R-h)
raio da base r)
V=Pi.h²(3R-h)/3=Pi(3R²+h²)/6
Vc(h) = ∫ ∫ (h − R +
t=0 m=0
R 2 − m 2 )mdmdt
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]²
Segmento esférico (altura A(lateral) = 2 Pi R h Após realizar a integral na variável t, podemos separá
h, raios das bases r1>r²) A(total) = Pi(2Rh+r1²+r2²) -la em duas integrais:
Volume=Pi.h(3r1²+3r2²+h²)/6 R R

Vc(h) = 2π { ∫ (h − R)m dm + ∫ R 2 − m 2 mdm}


Estas fórmulas podem ser obtidas como aplicações do 0 0
Cálculo Diferencial e Integral, mas nós nos limitaremos a
ou seja:
apresentar um processo matemático para a obtenção da R
fórmula do cálculo do volume da “calota esférica” em fun- Vc(h) = π {(h − R)R 2 − ∫ R 2 − m 2 (−2m)dm}
ção da altura da mesma. 0

Volume de uma calota no hemisfério Sul


Com a mudança de variável u=R²-m² e du=(-2m)dm
Consideremos a esfera centrada no ponto (0,0,R) com
poderemos reescrever:
raio R. R2

Vc(h) = π {(h − R)R + ∫


2
u du}
u=0

Após alguns cálculos obtemos:


VC(h) = Pi (h-R) [R² -(h-R)²] - (2/3)Pi[(R-h)³ - R³]
e assim temos a fórmula para o cálculo do volume da
calota esférica no hemisfério Sul com a altura h no intervalo
[0,R], dada por:
VC(h) = Pi h²(3R-h)/3

Volume de uma calota no hemisfério Norte


Se o nível do líquido mostra que a altura h já ultrapas-
A equação desta esfera será dada por:
sou o raio R da região esférica, então a altura h está no
x² + y² + (z-R)² = R²
intervalo [R,2R]
A altura da calota será indicada pela letra h e o plano
que coincide com o nível do líquido (cota) será indicado
por z=h. A interseção entre a esfera e este plano é dado
pela circunferência
x² + y² = R² - (h-R)²

Obteremos o volume da calota esférica com a altura


h menor ou igual ao raio R da esfera, isto é, h pertence ao
intervalo [0,R] e neste caso poderemos explicitar o valor de
z em função de x e y para obter:
z = R − R 2 − (x 2 + y 2 )
Lançaremos mão de uma propriedade de simetria da
Para simplificar as operações algébricas, usaremos a
esfera que nos diz que o volume da calota superior assim
letra r para indicar:
como da calota inferior somente depende do raio R da es-
r² = R² - (h-R)² = h(2R-h)
fera e da altura h e não da posição relativa ocupada.

70
RACIOCÍNIO LÓGICO

Aproveitaremos o resultado do cálculo utilizado para a Nesta tabela, a notação R[z] significa a raiz quadra-
calota do hemisfério Sul. Tomaremos a altura tal que: h=2R da de z>0.
-d, onde d é a altura da região que não contém o líquido.
Como o volume desta calota vazia é dado por: Prisma

VC(d) = Pi d²(3R-d)/3 Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces


e como h=2R-d, então para h no intervalo [R,2R], po- planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.
deremos escrever o volume da calota vazia em função de h: Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem
VC(h) = Pi (2R-h)²(R+h)/3 ser retos ou oblíquos.
Para obter o volume ocupado pelo líquido, em função
da altura, basta tomar o volume total da região esférica e
Prisma reto
retirar o volume da calota vazia, para obter:
V(h) = 4Pi R³/3 - Pi (2R-h)²(R+h)/3
que pode ser simplificada para: As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
V(h) = Pi h²(3R-h)/3 As arestas laterais são perpendiculares ao plano da
base.
Independentemente do fato que a altura h esteja no As faces laterais são retangulares.
intervalo [0,R] ou [R,2R] ou de uma forma geral em [0,2R], o
cálculo do volume ocupado pelo líquido é dado por:
V(h) = Pi h²(3R-h)/3 Prisma oblíquo

Poliedro As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


Poliedro é um sólido limitado externamente por planos As arestas laterais são oblíquas ao plano da base.
no espaço R³. As regiões planas que limitam este sólido são As faces laterais não são retangulares.
as faces do poliedro. As interseções das faces são as arestas
Bases: regiões poligonais
do poliedro. As interseções das arestas são os vértices do po-
congruentes
liedro. Cada face é uma região poligonal contendo n lados.
Altura: distância entre
Poliedros convexos são aqueles cujos ângulos diedrais
as bases
formados por planos adjacentes têm medidas menores do
Arestas laterais
que 180 graus. Outra definição: Dados quaisquer dois pon-
paralelas: mesmas
tos de um poliedro convexo, o segmento que tem esses
medidas
pontos como extremidades, deverá estar inteiramente con- Faces laterais:
tido no poliedro. paralelogramos
Poliedros Regulares Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo
Um poliedro é regular se todas as suas faces são re-
giões poligonais regulares com n lados, o que significa que Seções de um prisma
o mesmo número de arestas se encontram em cada vértice.
Seção transversal
Tetraedro Hexaedro (cubo) Octaedro É a região poligonal obtida pela interseção do prisma
com um plano paralelo às bases, sendo que esta região
poligonal é congruente a cada uma das bases.

Seção reta (seção normal)


É uma seção determinada por um plano perpendicular
às arestas laterais.
Princípio de Cavaliere
Consideremos um plano P sobre o qual estão apoiados
Áreas e Volumes dois sólidos com a mesma altura. Se todo plano paralelo
Poliedro regular Área Volume ao plano dado interceptar os sólidos com seções de áreas
Tetraedro a2 R[3] (1/12) a³ R[2] iguais, então os volumes dos sólidos também serão iguais.
Hexaedro 6 a2 a³
Octaedro 2 a2 R[3] (1/3) a³ R[2] Prisma regular
(1/4) a³ É um prisma reto cujas bases são regiões poligonais
Dodecaedro 3a2 R{25+10·R[5]}
(15+7·R[5]) regulares.
Icosaedro 5a2 R[3] (5/12) a³ (3+R[5])

71
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: Observamos que um cilindro é uma superfície no es-


Um prisma triangular regular é um prisma reto cuja paço R3, mas muitas vezes vale a pena considerar o cilindro
base é um triângulo equilátero. com a região sólida contida dentro do cilindro. Quando nos
Um prisma quadrangular regular é um prisma reto cuja referirmos ao cilindro como um sólido usaremos aspas, isto
base é um quadrado. é, “cilindro” e quando for à superfície, simplesmente escre-
veremos cilindro.
Planificação do prisma A reta que contém o segmento PQ é denominada gera-
triz e a curva que fica no plano do “chão” é a diretriz.

Um prisma é um sólido formado por todos os pontos


do espaço localizados dentro dos planos que contêm as fa-
ces laterais e os planos das bases. As faces laterais e as ba- Em função da inclinação do segmento PQ em relação
ses formam a envoltória deste sólido. Esta envoltória é uma ao plano do “chão”, o cilindro será chamado reto ou oblí-
“superfície” que pode ser planificada no plano cartesiano. quo, respectivamente, se o segmento PQ for perpendicular
Tal planificação se realiza como se cortássemos com ou oblíquo ao plano que contém a curva diretriz.
uma tesoura esta envoltória exatamente sobre as arestas
para obter uma região plana formada por áreas congruen- Objetos geométricos em um “cilindro”
tes às faces laterais e às bases.
A planificação é útil para facilitar os cálculos das áreas Num cilindro, podemos identificar vários elementos:
lateral e total. - Base É a região plana contendo a curva diretriz e todo
Volume de um prisma o seu interior. Num cilindro existem duas bases.
O volume de um prisma é dado por: - Eixo É o segmento de reta que liga os centros das
bases do “cilindro”.
Vprisma = Abase . h - Altura A altura de um cilindro é a distância entre os
dois planos paralelos que contêm as bases do “cilindro”.
Área lateral de um prisma reto com base poligonal - Superfície Lateral É o conjunto de todos os pontos
regular do espaço, que não estejam nas bases, obtidos pelo deslo-
A área lateral de um prisma reto que tem por base uma camento paralelo da geratriz sempre apoiada sobre a curva
região poligonal regular de n lados é dada pela soma das diretriz.
áreas das faces laterais. Como neste caso todas as áreas das - Superfície Total É o conjunto de todos os pontos
faces laterais são iguais, basta tomar a área lateral como: da superfície lateral reunido com os pontos das bases do
cilindro.
- Área lateral É a medida da superfície lateral do ci-
lindro.
- Área total É a medida da superfície total do cilindro.
- Seção meridiana de um cilindro É uma região poli-
gonal obtida pela interseção de um plano vertical que pas-
sa pelo centro do cilindro com o cilindro.
Cilindros Classificação dos cilindros circulares
Cilindro circular oblíquo Apresenta as geratrizes oblí-
quas em relação aos planos das bases.
Cilindro circular reto As geratrizes são perpendicula-
res aos planos das bases. Este tipo de cilindro é também
chamado de cilindro de revolução, pois é gerado pela rota-
ção de um retângulo.
Seja P um plano e nele vamos construir um círculo de Cilindro equilátero É um cilindro de revolução cuja se-
raio r. Tomemos também um segmento de reta PQ que não ção meridiana é um quadrado.
seja paralelo ao plano P e nem esteja contido neste plano P.
Um cilindro circular é a reunião de todos os segmen-
tos congruentes e paralelos a PQ com uma extremidade
no círculo.

72
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume de um “cilindro” 2) Solução: Cálculo da Área lateral Alat = 2 r h = 2


2.3 = 12 cm2
Em um cilindro, o volume é dado pelo produto da área Cálculo da Área total Atot = Alat + 2 Abase Atot = 12 + 2
da base pela altura. 22 = 12 + 8 = 20 cm2
V = Abase × h Cálculo do Volume V = Abase × h = r2 × h V = 22 ×
Se a base é um círculo de raio r, então: 3 = × 4 × 3 = 12 cm33
V = r2 h

Áreas lateral e total de um cilindro circular reto 3) Solução:


hprisma = 12
Quando temos um cilindro circular reto, a área lateral Abase do prisma = Abase do cone = A
é dada por: Vprisma = 2 Vcone
A hprisma = 2(A h)/3
Alat = 2 rh 12 = 2.h/3
h =18 cm
onde r é o raio da base e h é a altura do cilindro.
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 2 r h + 2 r2 4) Solução:
Atot = 2 r(h+r)
V = Vcilindro - Vcone
V = Abase h - (1/3) Abase h
Exercícios V = Pi R2 h - (1/3) Pi R2 h
V = (2/3) Pi R2 h cm3
1. Dado o cilindro circular equilátero (h = 2r), calcular a
área lateral e a área total.

2. Seja um cilindro circular reto de raio igual a 2cm e


altura 3cm. Calcular a área lateral, área total e o seu volume.

3. As áreas das bases de um cone circular reto e de um


prisma quadrangular reto são iguais. O prisma tem altura
12 cm e volume igual ao dobro do volume do cone. Deter-
minar a altura do cone.

4. Anderson colocou uma casquinha de sorvete dentro


de uma lata cilíndrica de mesma base, mesmo raio R e mes-
ma altura h da casquinha. Qual é o volume do espaço (va-
zio) compreendido entre a lata e a casquinha de sorvete?

Respostas

1) Solução: No cilindro equilátero, a área lateral e a área


total é dada por:

Alat = 2 r. 2r = 4 r2
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2
V = Abase h = r2. 2r = 2 r3

73
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO

01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-


trativo - FCC/2014)
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabili-
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das dade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72;
80; 88; 96}.
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) = 100
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus, números naturais, então, tem-se:
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a
probabilidade de ter ido de carro é igual a
A) 20%.
B) 40%. Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42;
C) 60%. 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93;
D) 50%. 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96}, então
E) 30%. AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então te-
mos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de 3
vezes (3 idas). e 8, compreendidos entre 1 e 100.
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das
vezes (3 idas). Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das 33 12 4 41
vezes (4 idas). + − = = 41%!
100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de
RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das 26
letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais. Com
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- base nessas informações, julgue os itens que se seguem.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade 03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
de o número ser divisível por 3 ou por 8? PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
A) 41% ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
B) 44% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
distintos.
C) 42%
( ) CERTA ( ) ERRADA
D) 45%
Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 letras,
E) 43% sendo permitida a repetição de caracteres, então podem ser
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; 26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. assim:
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = 26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos
100 números naturais, então, tem-se:
RESPOSTA: “ERRADA”.

74
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos RESPOSTA: “CERTA”.
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes.
E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
( ) CERTA ( ) ERRADA cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

75
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320
Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
320 Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-
las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
10 Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia.
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que
idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
totaliza:
mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
RESPOSTA: “D”.
76554
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM- !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram 32121
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema-
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a RESPOSTA: “D”.
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta-
gem de sua área original: (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
A) 35,2% UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
B) 36,4% em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
C) 37,4% piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
D) 38,6% que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
E) 40,0% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
matado: dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
sobraram 90% de floresta não desmatada. so, considere que somente um trabalho seja executado
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta quentes.
não desmatada.

76
RACIOCÍNIO LÓGICO

13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
Hercules poderia preparar e superior a 12x10! posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais
( ) CERTA ( ) ERRADA posições, assim, temos que:
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10
O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
dem, e inferior a 6! x 8!.
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
“capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira
lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30.
si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
( ) CERTA ( ) ERRADA
10 posições a serem permutadas.
10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
O número máximo de possíveis listas contendo o tra-
Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe-
turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
rior a 240 x 990 x 56 x 30. podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira ções a serem permutadas.
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas Ou seja:
demais casas: 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
x._._._._._._._._._._._=x.11! Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão 1 = 720), logo o valor
de Nemeia”. 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
Reagrupando os valores, temos: TO.
24 x 990 x 56 x 30.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este RESPOSTA: “CERTA”.
item ERRADO.
(TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
RESPOSTA: “ERRADA”. UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. pe.
( ) CERTA ( ) ERRADA
17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
O número máximo de possíveis listas contendo os tra- UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e empregados de nível médio e fundamental, então ela
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
rior a 72 x 42 x 20 x 6. ( ) CERTA ( ) ERRADA

77
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se essa equipe for formada somente com empregados Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida-
de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma- des, teremos:
da de mais de 60 maneiras distintas. 3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas
Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
médio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes:
19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
Fundamental e os demais de nível médio. dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ras distintas.
! ( ) CERTA ( ) ERRADA
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda-
mental e os demais de nível médio. Formando-se a equipe com dois empregados de nível
médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná-
sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio.
os funcionários de nível Fundamental.
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas !!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
des anteriores, encontramos: ximo, 40 equipes distintas.
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada RESPOSTA: “ERRADA”.
por mais de 60 maneiras distintas.
20. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
RESPOSTA: “CERTA”. uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 brancas,
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/ 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma vez 4
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados bolas .Quantos são os casos possíveis em que aparecem
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de exatamente uma bola de cada cor?
mais de 40 maneiras distintas.
( ) CERTA ( ) ERRADA Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 ma-
neiras possíveis de retirar uma bola branca; analogamente,
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fun-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 damental da Contagem, o número de casos possíveis em
maneiras distintas. que aparecem exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 .
2 . 1 = 24
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de
nível fundamental e os demais de nível Superior. RESPOSTA: “C”.

!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas

2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários


nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas

3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de


nível fundamental e os demais de nível médio ou superior.

!!! .!!! .!!! !1 = 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18


equipes distintas

78
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Mundo Contemporâneo: elementos de política internacional e brasileira. Cultura internacional. Cultura e sociedade
brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão. ....................................... 01
Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. .................................... 26
O desenvolvimento urbano brasileiro. ............................................................................................................................................................ 27
História e Geografia do Estado do Tocantins; o movimento separatista; a criação do Estado; os governos desde a cria-
ção; Governo e Administração Pública Estadual; divisão política do Estado, clima e vegetação; hidrografia; atualidades:
economia, política, desenvolvimento............................................................................................................................................................... 28
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

O advogado Nélio Machado, que representa Nuzman,


MUNDO CONTEMPORÂNEO: ELEMENTOS DE questionou a prisão desta terça: “É uma medida dura e não
POLÍTICA INTERNACIONAL E BRASILEIRA. é usual dentro do devido processo legal”.
CULTURA INTERNACIONAL. CULTURA Além de Nuzman, foi preso na operação “Unfair Play”
E SOCIEDADE BRASILEIRA: MÚSICA, seu braço-direito Leonardo Gryner, diretor de marketing
LITERATURA, ARTES, ARQUITETURA, RÁDIO, do COB e de comunicação e marketing do Comitê Rio-
CINEMA, TEATRO, JORNAIS, REVISTAS E 2016. Segundo o MPF, as prisões foram necessárias como
“garantia de ordem pública”, para permitir bloquear o pa-
TELEVISÃO.
trimônio, além de “impedir que ambos continuem atuan-
do, seja criminosamente, seja na interferência” das provas.
O MPF reforça ainda que, apesar dos indícios de cor-
POLÍTICA rupção, não houve movimentação no sentido de afastar
Nuzman e Gryner de suas funções junto ao COB. “Assim,
TENTATIVA DE OCULTAR DINHEIRO E 16 BARRAS ambos continuam gerindo os contratos firmados pelo
DE OURO LEVOU NUZMAN À PRISÃO, DIZ MPF. COB, mediante uso de dinheiro público além do pleno
DE ACORDO COM INVESTIGAÇÃO, NOS ÚLTIMOS acesso a documentos e informações necessárias à produ-
10 DOS 22 ANOS DE PRESIDÊNCIA DO COB, NUZMAN ção probatória”.
AMPLIOU SEU PATRIMÔNIO EM 457%, NÃO HAVENDO Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
INDICAÇÃO CLARA DE SEUS RENDIMENTOS.
TUCANOS QUEREM TIRAR AÉCIO DA PRESIDÊNCIA
A prisão temporária cumprida nesta quinta-feira (5) DO PARTIDO
contra Carlos Arthur Nuzman teve como um dos motivos
a tentativa de o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro Cresceu dentro do PSDB o movimento para forçar a
(COB) ocultar bens, segundo o Ministério Público Federal renúncia do senador Aécio Neves (MG) da presidência do
(MPF). Entre eles, valores em espécie e 16 quilos de ouro partido. Ele está licenciado do cargo desde maio, quando
que estariam em um cofre na Suíça. entrou na mira da delação da JBS. Na ocasião, caciques
De acordo com os investigadores da força-tarefa da tucanos esperavam a renúncia do político mineiro. Mas ele
Lava Jato no Rio, as apreensões na primeira etapa da Ope- resistiu.
ração “Unfair Play”, em 5 de setembro, levaram Nuzman a
fazer uma retificação na declaração de imposto de renda. Agora, com o novo afastamento de Aécio do manda-
Segundo o MPF, foi uma tentativa de regularizar os bens to de senador pelo Supremo Tribunal Federal, o partido
não declarados. voltou a articular a saída definitiva dele do comando tuca-
Um dos objetos apreendidos foi uma chave, que es- no. A percepção é que a permanência dele no cargo tem
tava guardada junto a cartões de agentes de serviços de trazido grande desgaste à imagem da legenda. A pressão
locação na Suíça. Segundo o MPF, são indícios de que é para que ele deixe a presidência do PSDB ainda em ou-
Nuzman guardou lá o ouro. tubro.
De acordo com o texto do documento de pedido de Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
prisão, “ao fazer a retificação da declaração de imposto de
renda para incluir esses bens, em 20/09/2017, [Nuzman] DELATOR DIZ QUE CONHECEU SUPOSTO OPERA-
claramente atuou para obstruir investigação da ocultação DOR DE PROPINA DE EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS.
de patrimônio” e “sequer apontou a origem desse patri- CHEFE DO SETOR DE PROPINAS DA ODEBRECHT
mônio, o que indica a ilicitude de sua origem”. DISSE QUE SE ENCONTROU COM HOMEM QUE PEDIU
Com as inclusões destes bens, os investigadores acre- DINHEIRO A ALDEMIR BENDINE.
ditam que os rendimentos declarados são insuficientes
para justificar a variação patrimonial em 2014. A omissão, O ex-funcionário da Odebrecht, Fernando Migliac-
segundo o MPF, seria de no mínimo R$ 1,87 milhões. cio, afirmou ao juiz Sérgio Moro que se encontrou mais
Ainda de acordo com o MPF, nos últimos 10 dos 22 de uma vez com um suposto intermediário de propinas,
anos de presidência do COB, Nuzman ampliou seu pa- que seriam pagas ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir
trimônio em 457%, não havendo indicação clara de seus Bendine.
rendimentos. Um relatório incluído no pedido de prisão Migliaccio atuava no Setor de Operações Estruturadas,
diz ainda que, em 2014, o patrimônio dobrou, com um que era usado pela empreiteira para fazer pagamentos ilí-
acréscimo de R$ 4.276.057,33. citos a funcionários públicos e agentes políticos. Ele pres-
“Chama a atenção o fato de que desse valor, R$ tou depoimento em um processo em que Bendine é acu-
3.851.490,00 são decorrentes de ações de companhia se- sado de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht,
diada nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fis- para ajudar a empresa a fechar contratos com a Petrobras.
cal”, diz o texto.

1
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Em depoimentos anteriores, ex-executivos da Ode- A comissão trabalhou pautada em seis eixos:


brecht confirmaram a história e apresentaram uma plani- Humanização da sanção penal;
lha com o suposto pagamento. No arquivo, consta que o efetividade do cumprimento da sanção penal;
dinheiro foi entregue a alguém com o codinome “Cobra”. ressocialização do sentenciado;
Para o Ministério Público Federal (MPF), trata-se de Ben- desburocratização de procedimentos;
dine. informatização;
No depoimento desta quarta-feira, Moro perguntou previsibilidade da execução penal.
a Migliaccio se ele conhecia Bendine ou André Gustavo Entre os objetivos do projeto, está a tentativa de de-
Vieira, o homem que é apontado como o operador da su- sinchar o sistema penitenciário no país. Para o relator da
posta propina. proposta, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG),o atual
Moro: O senhor conhece o senhor Aldemir Bendine ou sistema carcerário não está “estruturado para cumprir a
o senhor André Gustavo Vieira? sua missão legal: ressocializar”.
Migliaccio: O senhor Aldemir Bendine eu não conheço “Trata-se de um sistema [o atual] voltado para o en-
e o senhor André, eu não sei se é esse o nome, mas eu carceramento e para a contenção antecipada de pessoas,
imagino que sim sem julgamento definitivo. Como resultado, cria-se um
Moro: O senhor pode esclarecer? ambiente propício para as revoltas e as rebeliões”, justifi-
Migliaccio: Ele foi à minha sala algumas vezes no escri- cou Anastasia.
tório pra saber dos pagamentos
Moro: Desses pagamentos? Mudanças
Migliaccio: É. Entre outros pontos, a proposta prevê que:
Moro: O senhor mencionou que esse setor foi des- O trabalho do condenado passa a ser visto como parte
mantelado, mas esses pagamentos que foram lhe mos- integrante do programa de recuperação do preso, e não
trados [pagamentos ao codinome Cobra] pelo Ministério como benesse, e passa a ser remunerado com base no sa-
Público, pela procuradora, esse pagamentos foram feitos lário mínimo cheio, não mais com base em 75% do salário
pelo setor de operações estruturadas? mínimo;
Migliaccio: Sim. Quer fizer, eu não tenho certeza se to- estabelecimentos penais serão compostos de espaços
dos eles, mas se está no sistema, que eu não tenho mais reservados para atividades laborais;
domínio, nunca mais vi, se está lá é porque foi feito. gestores prisionais deverão implementar programas
Outro lado de incentivo ao trabalho do preso, procurando parcerias
Em nota, a defesa de Aldemir Bendine afirmou que ele junto às empresas e à Administração Pública
não recebeu qualquer valor. Os advogados de André Gus- deverão ser ampliadas as possibilidades de conversão
tavo Vieira não foram encontrados para comentar o teor da prisão em pena alternativa;
do depoimento. entre as formas de trabalho para presos, a preferência
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 para o trabalho de produção de alimentos dentro do pre-
sídio, como forma de melhorar a comida;
SENADO APROVA REFORMA DA LEI DE EXECUÇÃO deverão ser incluídos produtos de higiene entre os
PENAL; PROJETO VAI À CÂMARA itens de assistência material ao preso;
PROPOSTA FOI ELABORADA POR COMISSÃO DE deverá ser informatizado o acompanhamento da exe-
JURISTAS CRIADA PARA DEBATER O TEMA. ENTRE AS cução penal.
MUDANÇAS, ESTÁ O ESTABELECIMENTO DE LIMITE
MÁXIMO DE OITO PRESOS POR CELA. O texto também promove alterações na lei que institui
o sistema nacional de políticas públicas sobre drogas.
Senado aprovou nesta quarta-feira (4) um projeto que No ponto sobre consumo pessoal, a proposta estabe-
promove uma reforma da Lei de Execução Penal. lece que compete ao Conselho Nacional de Política sobre
Entre as mudanças previstas na proposta, está a defi- Drogas, em conjunto com o Conselho Nacional de Política
nição de limite máximo de oito presos por cela. A redação Criminal e Penitenciária, estabelecer os indicadores refe-
em vigor da lei, que é de 1984, prevê que o condenado renciais de natureza e quantidade da substância apreendi-
“será alojado em cela individual”, situação rara nos presí- da, compatíveis com o consumo pessoal.
dios brasileiros. Cumprimento de pena
Pela proposta, “em casos excepcionais”, serão admiti- A proposta também prevê a possibilidade do cumpri-
das celas individuais. mento de pena privativa de liberdade em estabelecimento
A medida também possibilita, como direito do preso, administrado por organização da sociedade civil, observa-
a progressão antecipada de regime no caso de presídio das as vedações estabelecidas na legislação, e cumpridos
superlotado (veja mais detalhes da proposta abaixo). os seguintes requisitos:
O projeto é derivado de uma comissão de juristas cria- Aprovar projeto de execução penal junto ao Tribunal
da pelo Senado para debater o tema. A proposta segue de Justiça da Unidade da Federação em que exercerá suas
agora para análise da Câmara dos Deputados. atividades;

2
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

cadastrar-se junto ao Departamento Penitenciário Na- Eleições de 2022 - Os partidos terão de obter, nas elei-
cional (Depen); ções para a Câmara, pelo menos 2% dos votos válidos, dis-
habilitar-se junto ao órgão do Poder Executivo com- tribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fede-
petente da Unidade da Federação em que exercerá suas ração, com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma
atividades; delas; ou ter eleito pelo menos 11 deputados, distribuídos
encaminhar, anualmente, ao Depen, relatório de rein- em, no mínimo, um terço das unidades da federação.
cidência e demais informações solicitadas; Eleições de 2026 - Os partidos terão de obter, nas
submeter-se à prestação de contas junto ao Tribunal eleições para a Câmara, pelo menos 2,5% dos votos vá-
de Contas da Unidade da Federação em que desenvolva lidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades
suas atividades. da federação, com ao menos 1,5% dos votos válidos em
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 cada uma delas; ou ter eleito pelo menos 13 deputados,
distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fe-
CONGRESSO PROMULGA EMENDA QUE EXTINGUE deração.
COLIGAÇÕES EM 2020 E CRIA CLÁUSULA DE BARREIRA Eleições de 2030 - Os partidos terão de obter, nas elei-
COM A PROMULGAÇÃO, CLÁUSULA DE DESEMPE- ções para a Câmara, pelo menos 3% dos votos válidos, dis-
NHO ELEITORAL PARA ACESSO DE PARTIDOS A RECUR- tribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fede-
SOS DO FUNDO PARTIDÁRIO E AO TEMPO GRATUITO DE ração, com ao menos 2% dos votos válidos em cada uma
RÁDIO E TV VALERÁ A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2018. delas; ou ter eleito pelo menos 15 deputados, distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da federação.
O Congresso Nacional promulgou, em sessão solene Levantamento feito pelo G1 mostrou que, se as regras
nesta quarta-feira (4), a Emenda Constitucional que cria previstas para 2018 estivessem em vigor nas eleições de
uma cláusula de desempenho, a partir de 2018, para as 2014, 14 partidos que hoje possuem acesso ao Fundo Par-
legendas terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo tidário e ao tempo gratuito de rádio e TV perderiam esses
gratuito de rádio e TV. direitos.
O texto também prevê o fim das coligações proporcio- Entre os partidos que teriam sido afetados caso a re-
nais, a partir das eleições de 2020. gra estivesse valendo na eleição de 2014, seis têm atual-
A alteração à Constituição foi aprovada nesta terça- mente representantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT
feira (3) pelo Senado. As votações dos dois turnos da pro- do B e Podemos (antigo PTN).
posta na Casa aconteceram em menos de 30 minutos. Na Outros oito, que não elegeram deputados em 2014,
semana passada, o texto havia sido aprovado pela Câmara. também seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB,
A classe política tem pressa na aprovação de novas re- PSDC, PSTU e PTC.
gras eleitorais. Isso porque, para valerem em 2018, as mo- O levantamento não levou em consideração as legen-
dificações precisam passar pelo Congresso até a próxima das criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara:
sexta-feira (6), um ano antes das próximas eleições. Rede e PMB.
Com a promulgação, a cláusula de desempenho elei- A proposta atual foi flexibilizada com relação à que foi
toral para acesso de partidos a recursos do Fundo Partidá- aprovada pelo Senado em 2016. Se prevalecesse a versão
rio e ao tempo gratuito de rádio e TV valerá a partir das original do texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradi-
eleições de 2018. cionais, como o PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras,
A emenda tem origem no Senado, onde foi aprovada de criação mais recente, também seriam prejudicadas. É o
em 2016. No entanto, durante análise na Câmara, os de- caso de PSOL, PROS e PV.
putados promoveram mudanças e flexibilizaram o texto, o A flexibilização da cláusula de barreira foi necessária
que levou o projeto para uma nova análise dos senadores. para que a proposta pudesse ser aprovada na Câmara.
Cláusula de desempenho Diante do prazo exíguo, os senadores aceitaram o texto
O texto estabelece a chamada cláusula de desempe- modificado pelos deputados para garantir que a cláusula
nho nas urnas para a legenda ter acesso ao Fundo Partidá- valha em 2018.
rio e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Fim das coligações
Como transição, até 2030, a cláusula de barreira crescerá A emenda acaba com as coligações partidárias a partir
gradualmente. Nas eleições posteriores a 2030, o desem- de 2020. Para 2018, continuam valendo as regras atuais,
penho mínimo exigido seria o mesmo do pleito de 2030. em que os partidos podem se juntar em alianças para dis-
Saiba abaixo os critérios: putar a eleição e somar os tempos de rádio e televisão e
Eleições de 2018 - Os partidos terão de obter, nas elei- podem ser desfeitas passado o pleito.
ções para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos As coligações também são levadas em conta na hora
válidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unida- da divisão das cadeiras. Hoje, deputados federais e esta-
des da federação, com ao menos 1% dos votos válidos em duais e vereadores são eleitos no modelo proporcional
cada uma delas; ou ter eleito pelo menos 9 deputados, com lista aberta.
distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fe-
deração.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

É feito um cálculo para a distribuição das vagas com CÂMARA GARANTE FUNDO BILIONÁRIO PARA
base nos votos no candidato e no partido ou coligação. ABASTECER CAMPANHAS EM 2018
São eleitos os mais votados nas legendas ou nas coliga-
ções. Em uma sessão tumultuada, a Câmara aprovou na noi-
Federações partidárias te desta quarta-feira, 4, o projeto que cria um fundo pú-
Além de abrandar a cláusula de barreira, os deputados blico bilionário para financiar as campanhas do ano que
excluíram do projeto a possibilidade de partidos com afi- vem. Assim que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
nidade ideológica se unirem em federações. A medida era (DEM-RJ), proclamou o resultado, deputados protestaram
uma saída para substituir, em parte, as coligações. contra a votação e quase partiram para a agressão física.
Na prática, o fim das federações deverá prejudicar O texto segue agora para a sanção presidencial. Para
partidos pequenos que contam com as alianças com ou- que os partidos possam ter acesso ao dinheiro para reali-
tras legendas para somar o tempo de rádio e TV e para zar o processo eleitoral em 2018, as novas regras têm de
garantir cadeiras na Câmara e nas Assembleias. ser sancionadas pelo presidente Michel Temer até 7 de ou-
A proposta era que os partidos com programas afins tubro.
pudessem se juntar em federações. As legendas teriam de Apesar de os parlamentares afirmarem que o fundo
atuar juntas não apenas durante as eleições, mas como um será de R$ 1,7 bilhão, o texto não estabelece um teto para
bloco parlamentar durante toda a legislatura. o valor, e sim um piso, ao dizer que o fundo será “ao me-
A ideia era garantir maior coesão entre os partidos, já nos equivalente” às duas fontes estabelecidas pelo projeto.
que atualmente siglas com pouca afinidade formam coli- A proposta estabelece que pelo menos 30% do va-
gações e as desfazem após as eleições. lor das emendas de bancadas sejam direcionadas para as
Desse modo, se juntos atingissem as exigências da campanhas eleitorais. A segunda fonte de recursos virá da
cláusula de desempenho, não perderiam o acesso ao Fun- transferência dos valores de compensação fiscal cedidos
do Partidário e ao tempo de rádio e TV. às emissoras de rádio e televisão que transmitem propa-
Janela partidária gandas eleitorais, que serão extintas. O horário eleitoral
Durante análise na Câmara, os deputados também durante o período de campanha, no entanto, foi mantido.
retiraram do texto um trecho que acabava com a janela O fundo público para abastecer as campanhas é uma
partidária seis meses antes da eleição. medida alternativa ao financiamento empresarial de cam-
Com isso, ficam mantidas as regras atuais em que os panha, proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em
detentores de mandato eletivo podem mudar de partido 2015.
no mês de março do ano eleitoral sem serem punidos com No começo da discussão, o Congresso chegou a cogi-
perda do mandato. tar um fundo que chegaria a R$ 3,6 bilhões. A articulação
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 foi encabeçada pelo líder do governo no Senador, Rome-
ro Jucá (PMDB-RR), com apoio de partidos da oposição,
GEDDEL, SAUD E FUNARO PROMOVEM BARRACO como o PT, PDT e PCdoB.
COM AMEAÇAS DE MORTE NA PAPUDA . A sessão que aprovou a proposta foi tumultuada. O
principal protesto dos deputados foi pelo fato de a vota-
A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do ope- ção do texto-base do projeto ter sido simbólica. Um dos
rador Lúcio Funaro e de Ricardo Saud, executivo da JBS, que protagonizaram a confusão foi o deputado Júlio Del-
tem provocado uma sessão de gritaria no presídio da Pa- gado (PSB-MG). Ele foi à tribuna e classificou como “ver-
puda, em Brasília, onde estão recolhidos. Segundo relatos, gonha” a votação ter sido nominal. Para ele, os deputados
Funaro aguarda o fim do banho de sol e antes de voltar que apoiam o fundo não quiseram deixar a “digital” na
para a cela manda aos gritos recado para Saud, preso do aprovação da medida.
outro lado: “Saud, vou te matar”, aterroriza o delator que o Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
entregou. Do seu lado “do muro”, Geddel faz coro: “Saud,
também vou te matar”. Saud devolve as provocações, mas PF AUTUA BATTISTI EM FLAGRANTE POR EVASÃO
só para Geddel. “Cala boca, seu gordo!” DE DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO
No seu quadrado. Os três estão separados e não se
encontram no banho de sol, justamente para evitar que A Polícia Federal indiciou o ativista italiano Cesare Bat-
cumpram a promessa. Há, inclusive, revezamento entre os tisti por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Battisti
advogados para que eles não se esbarrem nem no parla- foi preso em flagrante nesta quarta-feira, 4, quando estava
tório. tentando atravessar a fronteira para a Bolívia com US$ 6
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 mil – quantia superior a R$ 10 mil em dinheiro.
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália sob
acusação de quatro assassinatos. No último dia de seu se-
gundo mandato, em 2012, o então presidente Lula assinou
decreto no qual negou ao governo italiano o pedido de
extradição do ativista.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

O italiano não teria declarado o dinheiro. Os federais FICHA LIMPA ATINGE CONDENADOS ANTES DE
querem saber o que o ativista pretendia fazer com a quan- 2010, DECIDE STF
tia no país vizinho. POR 6 A 5, MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FE-
Após ser detido, segundo a PF, ‘agentes da Delegacia DERAL NEGARAM RECURSO DO VEREADOR DE NOVA
de Corumbá averiguaram a situação em que Battisti se en- SOURE, NA BAHIA, QUE FOI BARRADO DAS ELEIÇÕES
contrava na região de fronteira’. DE 2012 POR UMA CONDENAÇÃO EM 2004, ANTES DA
Em 27 de setembro, os advogados de Battisti entraram APROVAÇÃO DA LEI
com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF)
para barrar a possibilidade de extradição, deportação ou Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nes-
expulsão pelo presidente da República. O relator é o minis- ta quarta-feira (4) que o prazo de oito anos de inelegibilida-
tro Luiz Fux. Battisti teve sua extradição pedida pela Itália. de fixado pela Lei da Ficha Limpa pode ser aplicado inclusi-
Em 2011, o Supremo arquivou uma Reclamação ajui- ve para candidatos que tenham sido condenados antes da
zada pelo governo da Itália contra o ato de Lula, e deter- publicação da lei, em 2010. Com o plenário dividido, coube
minou a soltura do italiano. à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, desempatar o
A defesa de Battisti sustenta que, desde então, têm placar e definir o resultado.
havido ‘várias tentativas ilegais’ de remetê-lo para o exte- Os ministros ainda definirão nesta quinta-feira (5) se
rior por meio de outros mecanismos, como a expulsão e a vão modular a decisão da Corte, o que poderia limitar o
deportação. alcance do entendimento firmado no julgamento. O relator
Desde 2016, com as mudanças ocorridas no Poder do caso, ministro Ricardo Lewandowski, alertou ao final da
Executivo, os advogados afirmam que há notícias de que o sessão para o risco de prefeitos, vereadores e deputados
governo italiano pretende intensificar as pressões sobre o atualmente no exercício do mandato serem cassados.
governo brasileiro para obter a extradição. “Essa matéria foi exaustivamente analisada pelo Tribu-
O alegado risco levou à impetração do HC 136898, nal Superior Eleitoral, prevalecendo esse entendimento (de
que teve seguimento negado. Naquele habeas corpus, o retroatividade) de maneira correta”, disse Cármen Lúcia.
A Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis os can-
ministro Luiz Fux entendeu que não havia ato concreto de
didatos condenados por abuso de poder econômico ou
ameaça ou restrição ilegal do direito de locomoção que
político para a eleição na qual concorrem ou tenham sido
justificasse a concessão da ordem.
diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito
No novo HC, a defesa argumenta que, segundo notí-
anos seguintes. A legislação anterior previa um prazo de
cias veiculadas recentemente, há um procedimento sigi-
apenas três anos. Em 2011, o STF decidiu que a Lei da Ficha
loso em curso visando à revisão do ato presidencial que
Limpa valeria apenas a partir das eleições de 2012.
negou a extradição em 2010.
“Jamais vi uma situação idêntica em que se coloca em
Os advogados também informam que Battisti tem so-
segundo plano, de forma clara, ostensiva, a segurança ju-
licitado certidões e informações ao Ministério Público Fe-
rídica. A sociedade não pode viver em sobressaltos, muito
deral, Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exte- menos sobressaltos provocados pelo Supremo. Retroação
riores e Casa Civil a fim de obter cópias de procedimentos da lei, pra mim, é o fim em termos de Estado Democrático
sobre ele, mas até o momento nenhuma informação foi de Direito”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou
prestada. Outro argumento é a existência de ação civil pú- nesta quarta-feira contra a retroatividade da lei.
blica pela qual o Ministério Público pretende a declaração “A questão é muito séria, porque inaugura mediante a
da nulidade do ato que concedeu visto de permanência a voz do Supremo o vale tudo, que não se coaduna com o
Battisti, e, consequentemente, sua deportação. Estado Democrático de Direito”, concluiu Marco Aurélio.
O juízo da 20ª Vara Federal do Distrito Federal julgou A aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade
procedente a ação e determinou a imediata prisão admi- para políticos condenados antes da publicação da Lei da
nistrativa do italiano, mas a ordem foi suspensa liminar- Ficha Limpa também foi criticada pelo ministro Gilmar Men-
mente pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). des.
Finalmente, alegam que Battisti casou-se com uma bra- “Quando o legislador concebe mudanças – e são ne-
sileira e tem um filho que depende econômica e afetiva- cessárias mudanças – é óbvio que faz pra frente. ‘Ah, mas
mente dele, o que impede a sua expulsão. nós queremos atingir fatos passados’. Então rasgue a Cons-
Apontando risco iminente e irreversível, a defesa pede tituição, porque isso não passa no teste inclusive do ato ju-
a concessão de liminar para obstar eventual extradição, rídico perfeito, da coisa julgada. ‘Ah, mas queremos aplicar
deportação ou expulsão a ser levada a efeito pelo pre- o princípio da moralidade’. Isso é direito nazifascista, não
sidente da República. No mérito, pede-se a confirmação tem nada a ver conosco, com o nosso sistema”, disse Gilmar.
da liminar ou a conversão do HC em reclamação a fim de O plenário do STF se dividiu na questão. Além de Cár-
preservar a autoridade de decisão do STF que reconheceu men, votaram pela retroatividade do prazo de inelegibili-
que a negativa de extradição é insindicável pelo Poder Ju- dade os ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Edson Fachin, Dias
diciário (RCL 11423), determinando-se assim o trancamen- Toffoli e Luís Roberto Barroso. Em sentido contrário se po-
to da ação civil pública. sicionaram Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski, Alexandre
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 de Moraes e o decano da Corte, Celso de Mello.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A discussão girou em torno do caso do ex-vereador O ministro lembrou ainda que ‘a concessão de medi-
Dilermando Fereira Soares contra decisão do Tribunal Su- da cautelar pressupõe o atendimento concomitante dos
perior Eleitoral (TSE) que rejeitou o registro de sua candi- requisitos do fumus boni iuris e do perigo da demora, não
datura à reeleição no município de Nova Soure, na Bahia, tendo sido demostrado, de plano, o preenchimento do
nas eleições de 2012. Como o caso tem repercussão geral, primeiro requisito’.
a tese a ser firmada nesta quinta-feira valerá para diversas Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
instâncias em todo o País.
Dilermando foi alvo de condenação judicial que tran- ECONOMIA
sitou em julgado em 2004. Depois de cumprir o prazo de
três anos de inelegibilidade baseado na legislação anterior, LATAM VENDE SUBSIDIÁRIA DE SERVIÇOS NO CHI-
conseguiu se eleger vereador em 2008. Em 2012, tentou a LE POR US$ 38,4 MILHÕES
reeleição, mas teve o registro de candidatura impugnado OPERAÇÃO VAI RENDER À EMPRESA UM LUCRO
com base no novo prazo de oito anos de impedimento DE US$ 20 MILHÕES NO BALANÇO DO QUARTO TRI-
fixado pela Lei da Ficha Limpa, que já estava em vigor. MESTRE DESTE ANO, INFORMOU A COMPANHIA.
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
O grupo aéreo Latam anunciou nesta quinta-feira (5)
FUX NEGA LIMINAR E MANTÉM PROCESSO CON- que assinou acordo de venda de 100% do capital da em-
TRA SIMÃO JATENE POR CORRUPÇÃO presa de serviços aeroportuários Andes Aiport Services
GOVERNADOR DO PARÁ, DENUNCIADO PELO MI- SA, que era controlado pela holding, para a Acciona Air-
NISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, TENTAVA POR MEIO DE port Services SA por 24,3 bilhões de pesos chilenos (US$
HABEAS CORPUS SUSPENDER AÇÃO EM QUE É ACUSA- 38,4 milhões).
DO DE RECEBIMENTO DE ‘VANTAGENS INDEVIDAS’ DA A operação vai render à Latam um lucro de US$ 20 mi-
CERVEJARIA CERPA SOB ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO lhões no balanço do quarto trimestre deste ano, informou
a companhia em comunicado.
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, De acordo com o texto, a Andes Aiport Services SA
negou liminar no Habeas Corpus (HC) 148138 por meio realiza serviços aeroportuários, como manuseio de baga-
da qual a defesa do governador do Pará, Simão Jatene gens, abastecimento de combustível, limpeza e suprimen-
(PSDB), pedia para suspender processo no Superior Tribu- to de alimentos e bebidas nas aeronaves.
nal de Justiça (STJ) em que foi denunciado pela suposta Juntamente com a venda, foi assinado acordo por
prática de corrupção passiva, pelo suposto recebimento meio do qual a Andes Aiport Services vai continuar aten-
de vantagens indevidas da cervejaria Cerpa. dendo a Latam em Santiago por pelo menos cinco anos.
O relator não verificou um dos requisitos para a con- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
cessão da medida cautelar – a plausibilidade jurídico do
pedido (fumus boni iuris). ALTA NAS VENDAS DE CARROS NOVOS NÃO IMPE-
As informações foram divulgadas no site do Supremo. DE AUMENTO DE NEGOCIAÇÃO DE USADOS
Para a defesa de Jatene, o suposto crime apontado PUXADAS PELOS SEMINOVOS, VENDAS DE VEÍ-
pelo Ministério Público Federal ocorreu em setembro de CULOS DE ‘SEGUNDA MÃO’ SOBEM 8,4% DE JANEIRO
2002, portanto, aplicando o prazo prescricional do artigo A SETEMBRO, NA COMPARAÇÃO COM 2016. AS DOS
109, inciso III, do Código Penal (CP), a extinção da punibi- ZERO QUILÔMETRO ACUMULAM AUMENTO DE 8%.
lidade teria ocorrido em setembro de 2014.
O relator do caso no STJ reconheceu monocraticamen- O reaquecimento das vendas de carros zero no Brasil
te a prescrição da pretensão punitiva. não impede que a procura pelos usados continue aumen-
Em exame de agravo regimental, no entanto, a Corte tando.
entendeu que o suposto crime teve continuação em 2003, As negociações desses veículos cresceram 4,7% em
quando Jatene, ao assumir o governo, teria repactuado a setembro, na comparação com 1 ano atrás, de acordo com
proposta original para que o pagamento das vantagens dados da federação dos distribuidores, a Fenabrave.
indevidas fosse feito em parcelas. A entidade considera os registros de transferência de
Com isso, o STJ, levando em conta outros aspectos para documentos do Departamento Nacional de Trânsito (De-
a definição da prescrição – como a incidência de causa de natran).
aumento da pena referente a ocupação de função pública De janeiro a setembro, foram negociados 7,9 milhões
-, afastou a prescrição e manteve a tramitação do processo de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) usa-
para posterior análise do recebimento da denúncia. dos, um volume 8,5% mais alto que o registrado no mes-
O ministro Luiz Fux apontou que ‘a matéria de fundo mo período do ano passado.
do habeas exige uma análise mais detida, pois a pretensão Já as vendas de carros novos cresceram 7,9% sobre os
da defesa impõe a avaliação aprofundada entre os fatos 9 primeiros meses de 2016, com 1,5 milhão de unidades.
citados na denúncia e o que foi decidido pelo STJ’.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Base fraca Para o final de novembro de 2017, quando tipicamen-


O aumento na venda dos zero quilômetro, no entanto, te se inicia o replecionamento dos reservatórios devido ao
é em relação a uma base mais fraca que a dos carros usa- aumento das afluências, a expectativa é que os armaze-
dos, que, no ano passado, terminaram com estabilidade namentos equivalentes dos subsistemas Sul, Nordeste e
sobre 2015, enquanto as vendas de carros novos caíram Norte atinjam valores inferiores aos verificados em 2014,
ainda mais. ano mais crítico do histórico recente.
Segundo a Fenabrave, a cada 4 automóveis zero qui- O subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve alcançar ar-
lômetro emplacados em setembro último, 6 usados foram mazenamento próximo ao verificado em 2014, segundo o
negociados. A entidade diz que uma média normal é de 1 CMSE.
para 3. Dessa forma, “o CMSE reiterou a importância de viabi-
Seminovos lideram lização de recursos adicionais de usinas termelétricas que
Quando analisada a venda por “idade” dos veículos se encontram no momento operacionalmente disponíveis,
usados, os seminovos, como são chamados os que têm porém sem combustível”.
até 3 anos rodados, foram os únicos a registrar alta no “Assim, o Comitê encaminhará correspondência à Pe-
mês passado, segundo a Fenauto, federação que também trobras solicitando gestão da empresa no sentido de viabi-
contabiliza dados do segmento. lizar o fornecimento de combustível a essas usinas”, disse a
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 nota, sem identificar motivos para a falta de combustível.
No caso de uma operação térmica da Eletrobras no
GOVERNO DIZ QUE ABASTECIMENTO DE ELETRICI- Norte do país, a Petrobras tem sido forçada por decisão
DADE ESTÁ ASSEGURADO APESAR DE SECA judicial a fornecer o combustível, uma vez que a estatal do
NO FIM DO PERÍODO SECO, HIDRELÉTRICA DE SO- setor elétrico tem uma dívida bilionária com a petroleira,
BRADINHO, NO RIO SÃO FRANCISCO, TERÁ ARMAZE- que tem se negado a vender o produto.
NAMENTO ZERO, APONTAM ESTIMATIVAS DO COMI- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
TÊ DE MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO (CMSE)
BNDES ESPERA DESEMBOLSOS DE R$ 110 BILHÕES
A R$ 120 BILHÕES EM 2018
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)
VALOR REPRESENTA UM CRESCIMENTO DE ATÉ
afirmou nesta quarta-feira (4) que as condições de abas-
50% EM RELAÇÃO AOS R$ 80 BILHÕES PREVISTOS
tecimento de energia elétrica no país estão asseguradas,
PARA ESTE ANO.
apesar das previsões de chuvas abaixo da média em gran-
de parte das regiões de hidrelétricas do Brasil e dos níveis
Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvi-
críticos dos reservatórios do Nordeste.
mento Econômico e Social (BNDES) devem oscilar entre R$
Segundo nota do órgão formado por autoridades
110 bilhões e R$ 120 bilhões em 2018, um crescimento de
da área de energia do governo após reunião nesta quar-
até 50% em relação aos R$ 80 bilhões previstos para este
ta-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
ano, disse nesta quarta-feira (4) o diretor da área financei-
apresentou simulações atualizadas de expectativa de ar- ra da instituição, Carlos Thadeu de Freitas.
mazenamento nas hidrelétricas Três Marias e Sobradinho “Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo,
ao longo do período seco, utilizando os piores cenários de apesar de restrições, mas no ano que vem será o investi-
afluências verificados no histórico, “que têm se aproxima- mento que está num patamar pífio”, disse Freitas em en-
do da realidade vivenciada atualmente”. trevista à Reuters.
E os resultados apontam para o atingimento dos níveis Neste ano até agosto, os desembolsos do BNDES so-
de armazenamento, ao final do período seco, em novem- mam cerca de R$ 45 bilhões, com isso, a expectativa do
bro de 2017, de 4,2% na hidrelétrica de Três Marias e de banco é de uma aceleração nos últimos meses do ano.
zero para Sobradinho, no rio São Francisco. O superintendente da área financeira do BNDES, Sel-
Ainda assim, com a região Nordeste sendo suprida por mo Aronovich, afirmou que espera que no último trimes-
outras fontes de energia, como eólica e térmica, o CMSE tre de 2017 os desembolsos operem em no mínimo R$
avalia que é zero o risco de qualquer déficit de energia em 10 bilhões ao mês. “A média do último trimestre será de
2017 para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nor- pelo menos 10 bilhões de reais...Concessões, retomada da
deste. economia e juros baixos justificam esse otimismo”, disse o
Com base nos resultados apresentados pelo ONS para superintendente à Reuters.
diferentes cenários de período úmido, o CMSE reiterou a Segundo Freitas, as consultas de interessados em em-
importância de que sejam adotadas medidas necessárias préstimos do BNDES “estão melhorando razoavelmente
para preservação dos estoques dos reservatórios das usi- bem, por isso a expectativa de desembolso para o ano que
nas hidrelétricas do Rio São Francisco, a fim de proporcio- vem é de entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais”, afirmou
nar segurança hídrica para a bacia no próximo ano. ele citando as Finame e para capital de giro. A expectativa
é baseada em um crescimento do PIB de 3% a 4% em 2018.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

O diretor da área financeira comentou que o ban- DÉFICIT ACUMULADO DE FUNDOS DE PREVI-
co deve captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos DÊNCIA COMPLEMENTAR SOBE PARA R$ 77,6 BI, DIZ
mercados externos em 2018, como forma de fazer frente a ABRAPP
obrigações de desembolsos e atender em parte à chamada PARA O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
do governo federal para devolver recursos ao Tesouro. DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COM-
“Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dóla- PLEMENTAR, SITUAÇÃO DO POSTALIS É EXCEÇÃO E
res) no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a cap- SISTEMA ESTÁ BEM CAPITALIZADO.
tações externas, que é mais barato, porém não tão barato
quando o dinheiro que veio do Tesouro Nacional”, disse O déficit acumulado dos fundos fechados de previ-
Freitas. dência complementar subiu para R$ 77,6 bilhões em ju-
Ele estimou que em nome da prudência bancária o BN- nho, ante R$ 71,7 bilhões no fim de 2016, informou nesta
DES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 por quarta-feira (4) a Associação Brasileira das Entidades Fe-
cento do total das operações ativas, o equivalente a um chadas de Previdência Complementar (Abrapp).
“caixa prudencial entre 60 e 70 bilhões” de reais. O banco O déficit é a diferença entre o patrimônio de um plano
tinha em caixa até final de agosto cerca de R$ 170 bilhões, e seus compromissos com pagamentos atuais e futuros.
sendo que boa parte dos recursos já estava comprometida Segundo o balanço da Abrapp, dos 681 fundos de pensão
em financiamentos. no país, 220 apresentam déficit, ao passo que 461 regis-
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de tram superávit.
Castro, afirmou durante evento em São Paulo que a devo- O rombo cresce há 7 anos e atinge, sobretudo, fundos
lução em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco de pensão de estatais. Do déficit total, 88% do valor está
pelo governo “é materialmente improvável”. concentrado em apenas 10 planos, segundo a associação.
Questionado a respeito das demandas do governo, O total de participantes ativos nos fundos supera 2,5
Freitas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em milhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil, segun-
2015 e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e do a associação.
por isso os valores que o BNDES tem a receber nos próxi-
A Abrapp informou também que os ativos totais do
mos meses também será fraca. “Vai haver uma defasagem
sistema somavam R$ 808 bilhões em junho. A rentabili-
de uma volta fraca e demanda forte. Temos que atentar a
dade média do setor no primeiro semestre foi de 4,24%,
isso e o banco tem que ter caixa mínimo”, disse o diretor.
pouco abaixo da meta atuarial de 4,44%.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
A Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mentar (Previc), vinculada ao Ministério da Fazenda, de-
FUNDO DE PENSÃO DA CAIXA DECIDE VENDER FA-
cretou nesta quarta-feira intervenção no fundo de pensão
TIA NA ELDORADO
dos funcionários dos Correios, o Postalis, por um prazo de
J&F FECHOU EM SETEMBRO ACORDO DE VENDA
180 dias.
DO CONTROLE DA ELDORADO PARA O GRUPO HOLAN-
DÊS PAPER EXCELLENCE POR CERCA DE R$ 15 BILHÕES. A Abrapp considera que a intervenção no Postalis é
uma exceção dentro do sistema.
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Cai- “O sistema está conseguindo pagar seus benefícios
xa Econômica Federal, anunciou nesta quarta-feira (4) que normalmente”, disse o presidente da Abrapp, Luis Ricardo
decidiu exercer o direito de vender a participação de 8,53% Martins, a jornalistas na abertura do congresso anual da
na Eldorado Brasil Celulose. Segundo a agência Reuters, o Abrapp. “Temos um sistema sólido, que paga sem atrasos
valor da operação é avaliado em cerca de R$ 650 milhões. os direitos dos participantes”.
O fundo de pensão innveste na Eldorado por meio de Para o presidente da Abrapp, o mais importante nesse
cotas do fundo de investimento FIP Florestal. momento é garantir aos participantes do Postalis todos os
“A Fundação agora iniciará as negociações do contrato benefícios a que eles têm direito.
de compra e venda de cotas com a Paper Excellence, em- Outro fundo de pensão com alto déficit é o dos funcio-
presa com sede na Holanda que fez uma oferta para adqui- nários da Petrobras, o Petros. Em setembro, foi anunciado
rir a fabricante de celulose”, informou a Funcef. que os funcionários da Petrobras terão de pagar parcelas
No dia 2 de setembro, o grupo J&F, holding que con- extras de R$ 236 a R$ 3,6 mil mensais como parte do plano
trola a JBS, anunciou que fechou acordo de venda do con- para equacionar um rombo de mais de R$ 27 bilhões.
trole da Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence O acordo prevê que a Petrobras deverá gastar R$ 12,8
por cerca de R$ 15 bilhões. bilhões ao longo de 18 anos para equacionar o déficit do
A Funcef, assim como a Petros, fundo de pensão dos Petros. Apenas no primeiro ano, o desembolso previsto
empregados da Petrobras, tinham o direito de exercer sua para a empresa será de R$ 1,4 bilhão. Já a BR Distribuidora
opção de venda na companhia em até 30 dias. entrará com R$ 900 milhões.
Atualmente, a J&F detém 80,98% do capital da Eldo- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
rado. A fatia restante pertence a Petros (8,53%), Funcef
(8,53%) e FIP Olimpia (1,96%).
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

8
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

UBER LIMITA PODER DO EX-PRESIDENTE E ABRE No resultado trimestral, a companhia reverteu o pre-
ESPAÇO PARA INVESTIMENTO DE GRUPO JAPONÊS juízo líquido de US$ 191 milhões do quarto trimestre fiscal
AS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA DE GESTÃO APRO- do ano passado, em lucro de US$ 20 milhões no mesmo
VADAS PELA DIRETORIA, QUE DEPENDEM DO INVES- período de 2017. Os dados foram divulgados na manhã
TIMENTO DO SOFTBANK, INCLUEM A ELIMINAÇÃO desta quarta-feira (4) em balanço financeiro da empresa.
DO ‘SUPER-VOTO’ DE ALGUMAS AÇÕES, COMO AS O lucro por ação ficou em US$ 5,09 no ano fiscal de
CONTROLADAS POR KALANICK. 2017, superior aos US$ 2,99 obtidos um ano antes.
De acordo com a Monsanto, este desempenho “deverá
O conselho de administração do Uber aprovou em re- crescer no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018”. Para
união nesta terça-feira (3) um plano que reduz a influência o quarto trimestre, a empresa registrou lucro por ação de
do ex-presidente executivo da empresa Travis Kalanick e US$ 0,05, em comparação com uma perda por ação de
abre a porta para um investimento colossal do grupo de US$ 0,44 em 2016.
telecomunicações japonês SoftBank. A receita do quarto trimestre subiu 4,8%, para US$
A proposta adotada pela diretoria do Uber também 2,69 bilhões, ante US$ 2,56 bilhões em igual intervalo de
promete acabar com os confrontos entre partidários de um antes, enquanto o consenso dos analistas consultados
Kalanick e investidores que suspeitam que o fundador da pela FactSet apontava para uma queda a US$ 2,50 bilhões.
empresa pretende voltar à direção. A companhia atribuiu os resultados de vendas à ado-
“Hoje, após dar as boas-vindas aos novos diretores Ur- ção de novas tecnologias para a soja na América e os pre-
sula Burns e John Thain, a diretoria aprovou, por unanimi- ços globais do milho.
dade, avançar com o investimento do SoftBank e modificar O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ficou em US$
a política de administração empresarial para fortalecer sua 3,26 bilhões no acumulado de 2017, em comparação com
independência e garantir a igualdade entre todos os acio- US$ 2,41 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Na aná-
nistas”, informou o Uber em e-mail. lise trimestral, houve retração de US$ 62 milhões, porém,
“O interesse do SoftBank é um incrível voto de con- inferior à redução de US$ 103 milhões do quarto trimestre
fiança no negócio do Uber e em seu potencial a longo de 2016.
prazo, e esperamos concluir este investimento nas próxi- Considerando a pendente fusão com a Bayer, que de-
mas semanas”. verá ser concluída apenas no início de 2018, a Monsanto
A previsão é de que o Softbank injete entre US$ 1 bi- disse que não forneceria guidance para 2018. No entanto,
lhão e US$ 1,25 bilhão na empresa com sede em San Fran- um dos segmentos que continuará sendo chave é a tec-
cisco, cujo valor atual é de US$ 69 bilhões, segundo uma nologia Intacta RR2 PROTM para a soja da América do Sul.
fonte ligada ao assunto. O acordo com a Bayer envolve o volume financeiro de
Como medida de investimento secundário, o grupo ja- US$ 57 bilhões e deverá criar o maior fornecedor mundial
ponês lançaria uma oferta pública para comprar entre 14% de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.
e 17% das ações em circulação de grandes investidores, Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
segundo a fonte.
As alterações na política de gestão aprovadas pela PREÇO DA CESTA BÁSICA DE MANAUS REDUZ
diretoria, que dependem do investimento do SoftBank, 0,70% E FICA EM R$ 355,47 EM SETEMBRO
incluem a eliminação do “super-voto” de algumas ações, COM QUEDA DO VALOR DA CESTA, MANAUS PAS-
como as controladas por Kalanick, visando limitar a in- SOU A OCUPAR A 14° COLOCAÇÃO NO RANKING DAS
fluência dos fundadores do Uber. CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS DO PAÍS.
Também há a exigência de mais de dois terços dos
votos da diretoria para a aprovação de um novo diretor O custo da cesta básica de Manaus diminuiu em re-
-executivo. lação ao mês anterior ficando em R$ 355,47, de acordo
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 com pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com
LUCRO DA MONSANTO CRESCE 70% NO ANO FIS- a queda do valor da cesta, Manaus passou a ocupar a 14°
CAL DE 2017, PARA US$ 2,26 BILHÕES colocação no ranking das cestas básicas, dentre as 21 ca-
COMPANHIA ATRIBUIU MAIORES VENDAS A À pitais onde, atualmente é realizada. Açúcar (-9,60%) foi o
ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A SOJA NA produto que apresentou maior queda no mês seguido da
AMÉRICA E AOS PREÇOS GLOBAIS DO MILHO. farinha (-6,74%).
O preço da cesta básica de Manaus, composta por 12
A norte-americana Monsanto reportou lucro líquido produtos, teve variação de -0,70% em relação ao mês de
de US$ 2,26 bilhões no ano fiscal de 2017, encerrado em agosto. No mês anterior o conjunto de itens alimentícios
31 de agosto, resultado cerca de 70% maior em compara- essenciais custava R$ 357,97. Em setembro de 2016 a cesta
ção com US$ 1,33 bilhão registrados em 2016. básica custou R$ 401,44 e a variação acumulada nos últi-
mos doze meses ficou em -11,45%.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Na capital amazonense, sete produtos apresentaram INTERNACIONAL


queda e cinco tiveram alta no mês analisado.
Em setembro de 2017, houve predominância de queda WASHINGTON QUER MIL SOLDADOS ADICIONAIS
nos preços do açúcar, da farinha, óleo de soja e tomate. DA OTAN NO AFEGANISTÃO
Por outro lado, houve aumento da banana, pão e mantei- MINISTROS DA DEFESA DOS 29 PAÍSES DO GRU-
ga o que influenciou na diminuição do custo da Cesta em PO SE REUNIRÃO EM NOVEMBRO EM BRUXELAS PARA
Manaus. DEBATER DE FORMA MAIS PRECISA AS SUAS CONTRI-
O açúcar (-9,60%) foi o produto que apresentou maior BUIÇÕES.
queda no mês seguido da farinha (-6,74%), do óleo de soja
(-5,28%), do tomate (-4,00%), do feijão (-3,84%), do leite O governo dos Estados Unidos vai pedir a seus aliados
(-2,33%) e do arroz (-0,61%). A banana (3,40%) foi o pro- da Otan que contribuam com mil soldados adicionais para
duto que apresentou maior alta no mês seguido do pão ajudar na luta contra os talibãs no Afeganistão, afirmou a
(1,67%), da manteiga (1,09%), da carne (1,08%) e do café nova embaixadora da Washington na Organização do Tra-
(0,48%). tado do Atlântico Norte.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Kay Bailey Hutchison indicou que os mil soldados das
forças aliadas se uniriam aos 3.000 militares adicionais
QUANTIDADE DE PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JU- americano que seguem para o Afeganistão, como parte da
DICIAL CAI 58,6% EM SETEMBRO, DIZ SERASA. nova estratégia do presidente Donald Trump para o país.
COMPARAÇÃO É COM O MESMO MÊS DE 2016; A embaixadora disse que o pedido americano à Otan -
NÚMERO DE FALÊNCIAS TAMBÉM CAIU. cuja missão contribui para a formação do exército afegão
- ainda não é definitivo.
O número de empresas que pediram recuperação ju- “Nosso objetivo é dizer muito rapidamente, em duas
dicial caiu 58,6% em setembro ante o mesmo mês do ano semanas, o que precisamos exatamente”, afirmou.
passado. Foram 101 requerimentos. Na comparação com Os ministros da Defesa dos 29 países da Aliança Atlân-
agosto, a queda foi de 41,3%.
tica se reunirão em novembro em Bruxelas para debater de
Os dados são da Serasa Experian e foram divulgados
forma mais precisa as suas contribuições.
nesta quarta-feira (4).
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
De acordo com os economistas da instituição, a reto-
mada do crescimento econômico e a redução da taxa de
FORÇAS IRAQUIANAS RETOMAM DO ESTADO IS-
juros estão contribuindo para a diminuição dos pedidos
LÂMICO O CONTROLE DO CENTRO DE HAWIJA
de recuperação judicial em 2017, após os níveis recordes
CIDADE ERA ÚLTIMO REDUTO DO GRUPO EXTRE-
atingidos no ano passado.
MISTA NO NORTE DO IRAQUE.
As micro e pequenas empresas foram as que mais
precisaram de intervenção da Justiça nos negócios, com
59 pedidos em setembro. As médias vieram na sequência, As forças iraquianas anunciaram nesta quinta-feira (5)
com 26. As grandes companhias fizeram 16 pedidos. que retomaram o controle do centro Hawija, o último re-
No acumulado de janeiro a setembro, foram 1.087 duto do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no norte do
solicitações de recuperação judicial, 26,5% menos que no Iraque, e afirmaram que prosseguem em seu “avanço” para
mesmo período de 2016, quando haviam sido registradas libertar a região.
1.479 ocorrências. As unidades do exército e da polícia, assim como as
Nos primeiros nove meses do ano, as micro e peque- forças paramilitares de Hashd Al-Shaabi, “libertaram o
nas empresas fizeram 632 pedidos, enquanto as médias centro de Hawija em sua totalidade e continuam seu avan-
requisitaram 292 e as grandes, 163. ço”, afirma em um comunicado o general Amir Yarallah,
Falências que coordena as operações.
Ainda de acordo com o levantamento da Serasa, os A vitória na batalha por Hawija, iniciada em 21 de
pedidos de falência caíram 4,3% em setembro na compa- setembro, acontece ao mesmo tempo em que as forças
ração anual (178 ante 186). Frente a agosto deste ano, po- iraquianas continuam seus combates em outra frente, no
rém, foi registrado aumento de 7,9%. deserto próximo da fronteira com a Síria.
Novamente as micro e pequenas empresas lideraram Na área ao longo da fronteira síria, os extremistas con-
a lista, com 99 requerimentos de falência, seguidas pelas trolam duas localidades: Rawa e Al-Qaim, do outro lado
grandes empresas, com 40, e pelas médias, com 39. da província de Deir Ezzor, na Síria. Em 19 de setembro, as
No acumulado do ano até setembro foram contabi- forças iraquianas iniciaram uma ofensiva para reconquistar
lizados 1.329 pedidos de falência, queda de 5,4% ante o ambas.
mesmo período de 2016, quando foram registrados 1.405. Hawija, a 230 km de Bagdá, é uma cidade sunita de
Nos primeiros nove meses deste ano, as micro e pe- mais de 70.000 habitantes que recebeu o apelido de “Kan-
quenas empresas fizeram 705 pedidos, enquanto as gran- dahar do Iraque” pela presença de combatentes extremis-
des solicitaram 337 e as médias, 287. tas e em referência ao reduto dos talibãs no Afeganistão.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

10
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A cidade é uma das últimas grandes localidades do Como um ex-congressista republicano disse ao jornal
Iraque sob controle do EI, depois que os extremistas foram “The New York Times” em 2013: “Esse foi o único grupo
expulsos nos últimos meses de grande parte dos territó- em que eu disse: ‘Enquanto estiver no cargo, não vou me
rios que dominavam desde 2014. opor à NRA’”.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Será que isso pode mudar?
Os grupos pró-controle de armas, apoiados por ri-
CINCO RAZÕES PELAS QUAIS AS LEIS SOBRE AR- cos benfeitores como o ex-prefeito de Nova York Michael
MAS NÃO MUDAM NOS ESTADOS UNIDOS Bloomberg, se tornaram mais organizados nos últimos
APESAR DE ONDA DE CLAMORES POR MAIOR anos, tentando igualar o poder político da NRA. Mas en-
CONTROLE DE ARMAS TODA VEZ QUE HÁ UM MAS- quanto os defensores das armas continuarem a acumular
SACRE COMETIDO POR UM ATIRADOR, EM ÂMBITO vitórias legislativas e eleitorais, eles serão dominantes.
FEDERAL, PELO MENOS, QUASE NÃO HOUVE AVANÇO 2. Demografia do Congresso
NESSA DIREÇÃO EM DÉCADAS. As tentativas mais recentes de aprovar novas leis fede-
rais que regulassem as armas de fogo fracassaram antes
Se a história soa familiar é porque uma dinâmica pa- mesmo de começar, bloqueadas na Câmara dos Deputa-
recida tem se repetido nos últimos anos toda vez que um dos dos EUA - que está nas mãos dos republicanos desde
novo incidente envolvendo violência armada ganha as 2011.
manchetes nos EUA. Em junho de 2016, um grupo de políticos democratas
Após o massacre em Las Vegas, em que 58 pessoas organizou um ato na Casa para protestar contra a decisão
foram mortas e mais de 500 feridas por um único atirador, da liderança republicana de não colocar em votação dois
ativistas novos e antigos foram a público pedir leis que projetos de lei sobre o tema.
restrinjam a aquisição e o porte de armas. A Câmara tende aos direitos pró-armas pela mesma
Em âmbito federal, pelo menos, os clamores por uma razão que levou o Partido Republicano a dominá-la recen-
nova legislação não levaram a quase nenhuma ação em temente - por causa da forma como os distritos são distri-
buídos por cada Estado (através de legislações estaduais),
décadas, apesar de inúmeras pesquisas mostrando apoio
o partido tem conseguido mais “assentos seguros” e uma
público generalizado a medidas como reforço na checa-
proporção de cadeiras bem maior do que a indicada pelos
gem de antecedentes e proibição de armas de alto poder
votos absolutos recebidos.
letal, como fuzis de assalto.
Os representantes desses distritos costumam respon-
Com um índice tão alto de vítimas fatais desta vez, no
der diretamente à vontade de seus eleitores fiéis - aque-
ataque em Las Vegas, talvez a pressão por mudança seja
les que votam em eleições primárias do partido - e que
maior. Mas aqui estão cinco grandes obstáculos que exis-
não querem ser contrariados, principalmente em questões
tem nesse caminho.
controversas como o direito de portar armas.
1. A Associação Nacional do Rifle
A demografia também desempenha um papel no sen-
A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em in- timento pró-armas na Casa, já que existem mais distritos
glês) é um dos grupos de interesse mais influentes da po- rurais com níveis mais altos de posse de armamentos que
lítica americana - não apenas por causa do dinheiro gasto urbanos. Ou seja: alcançar uma maioria pró-controle nas
com lobby, mas também por causa do engajamento de áreas urbanas é pouco para mudar essa realidade política
seus cinco milhões de membros. na Câmara.
A entidade se opõe à maioria das propostas para for- A não ser que ocorra uma migração em massa de libe-
talecer a regulamentação de armas de fogo e está por trás rais urbanos sonhando com uma vida no campo, os dados
de esforços em âmbitos federal e estadual para reverter demográficos continuarão como estão.
várias restrições a propriedade de armas. No entanto, têm havido esforços para dar uma re-
Em 2016, a NRA gastou US$ 4 milhões em lobby e presentação mais justa na distribuição e apontamento de
contribuições diretas a políticos, assim como mais de US$ distritos. Barack Obama fez disso um de seus objetivos
50 milhões em campanhas políticas, incluindo cerca de pós-presidência, e a Suprema Corte atualmente está ana-
US$ 30 milhões para eleger o presidente Donald Trump. lisando um questionamento legal aos distritos legislativos
O orçamento anual global da associação gira em tor- de Wisconsin, que dão uma nítida vantagem aos republi-
no de US$ 250 milhões, distribuídos entre programas edu- canos. Mas não será fácil conseguir alguma mudança ex-
cacionais, centros ligados ao uso de armas, eventos para pressiva.
associados, patrocínios, assessoria legal e esforços afins. 3. Tática de obstrução
Mas para além dos números, a NRA tem construído Se um projeto de lei de controle de armas conseguis-
reputação em Washington como uma força política capaz se sair da Câmara dos Deputados, ainda enfrentaria um
de fazer ou derrubar até mesmo os políticos mais fortes. desafio no Senado, onde também pesa a divisão rural-ur-
A associação classifica os políticos de acordo com seus bana. Os Estados dominados pelos eleitores das grandes
votos e aloca seus recursos e os de seus membros - tanto cidades, como Nova York, Massachusetts ou Califórnia,
financeiros quanto organizacionais - para apoiar seus de- são superados em número por Estados rurais e do sul com
fensores mais ferozes e derrotar adversários. sentimentos pró-armas.

11
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

As regras do Senado também permitem que sejam 5. A diferença de entusiasmo


frustrados esforços no sentido de promulgar uma regu- Talvez o segundo maior obstáculo para novas leis de
lamentação de armas de fogo mais rigorosa graças a uma controle de armas em âmbito nacional seja que os opo-
tática de obstrução conhecida como filibuster - que, em nentes tendem a manter e defender fortemente suas cren-
linhas gerais, acaba fazendo com que um projeto que pre- ças, enquanto o apoio à nova regulamentação tende a re-
cisava de maioria simples de 51 votos para ser aprovado troceder e fluir em torno de cada novo caso de violência.
acabe precisando de 60 votos. A estratégia da NRA e dos políticos pró-armas é aguar-
Em 2013, após o tiroteio em uma escola de Newtown, dar a tempestade passar - e reter esforços legislativos até
Connecticut, parecia que medidas para fortalecer as veri- que a atenção se mova para outra direção e protestos de-
ficações de antecedentes de compra de armas contavam sapareçam.
com um significativo apoio bipartidário no Senado. Após Os políticos pró-armas oferecem seus pensamentos
um esforço combinado de lobby da NRA, no entanto, o e orações, observam momentos de silêncio e pedem que
projeto recebeu apenas 56 votos a favor, quatro menos bandeiras sejam hasteadas a meio mastro. Então, durante
que o necessário para quebrar a obstrução. a calmaria, os esforços legislativos são protelados e, em
Nenhuma medida de controle de armas chegou perto última instância, retirados do caminho.
de avançar desde então. Na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa
Será que isso pode mudar? Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse a jornalistas que
Donald Trump tem defendido o fim dessa obstrução, “há tempo e lugar para um debate político, mas agora é
que vê como obstáculo para a promulgação de sua agen- hora de se unir como país”.
da legislativa. A maioria dos senadores está, no entanto, Trump, em comentários ao sair da Casa Branca para
publicamente contra a mudança das regras. viagem a Porto Rico, disse que “falaremos sobre leis de
4. Os tribunais armas com o passar do tempo”.
Com o Congresso mais interessado em reverter as re- Será que isso pode mudar?
gulamentações existentes sobre armas de fogo do que em De acordo com uma pesquisa realizada durante a cam-
implantar novas regras, os Estados com tendência mais à panha presidencial de 2016, armas foram uma questão im-
esquerda nos Estados Unidos assumiram um papel maior portante tanto para democratas quanto para republicanos.
na implementação de medidas de controle de armas.
Isso pode ter sido um reflexo do tiroteio em massa recorde
Após o tiroteio na escola em Newtown, 21 Estados
daquele ano em uma discoteca de Orlando - mas também
aprovaram novas leis de armas, incluindo a imposição de
uma primeira indicação de uma nova tendência.
proibições de armas de combate em Connecticut, Mary-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
land e Nova York.
No entanto, algumas dessas leis enfrentaram outra
HOMEM QUE VENDEU ARMAS PARA ATIRADOR
barreira - o sistema judicial dos EUA. Nos últimos anos, a
DOS EUA SOFRE AMEAÇAS E DIZ QUE NÃO QUERIA
Suprema Corte do país decidiu duas vezes que o direito de
‘MACHUCAR NINGUÉM’
possuir armas pessoais, como pistolas ou revólveres, está
STEPHEN PADDOCK, AUTOR DO MAIOR MASSA-
na Constituição.
A Segunda Emenda diz que “sendo necessária à segu- CRE DA HISTÓRIA AMERICANA, FEZ APENAS UMA VI-
rança de um estado livre a existência de uma milícia bem SITA À LOJA NO INÍCIO DO ANO E COMPROU ‘VÁRIAS
organizada, o direito das pessoas a manter e portar armas ARMAS’; PROPRIETÁRIO REITERA QUE TODAS AS VEN-
não deve ser violado”. DAS FORAM LEGAIS.
Os ativistas por controle de armas argumentam que
o enfoque da cláusula estaria no princípio de criar uma A loja de armas dirigida por David Famiglietti, que tem
milícia “bem regulamentada”. Em 2008, no entanto, a corte 30 e poucos anos e gosta de caçar animais de grande por-
- altamente dividida - considerou que a Segunda Emenda te, fica em uma pequena ilha comercial entre as monta-
estabelece um amplo direito à titularidade de armas de nhas e a areia cinzenta do deserto de Nevada, a meia hora
fogo que proíbe exigências rigorosas de registro de armas de carro do centro de Las Vegas.
pessoais. Desde o último domingo, quando um de seus clientes
Desde então, instâncias inferiores tem desafiado proi- abriu fogo contra uma multidão de 20 mil pessoas e dei-
bições de armas de combate impostas por Estados, requi- xou 59 mortos e mais de 500 feridos, o movimento da loja,
sitos de registro e proibições de porte de arma em público. até então formado por donos de pequenos sítios, militares
Até agora, no entanto, a Suprema Corte declinou de ouvir da reserva e famílias inteiras de entusiastas de armas pesa-
novos casos ligados ao assunto. das, ganhou companhia indigesta: jornalistas, fotógrafos e
Será que isso pode mudar? cinegrafistas de todo o mundo em busca de informações.
O juiz Neil Gorsuch, nomeado por Trump, deixou claro Na última terça-feira, a BBC Brasil estava entre os no-
que vê os direitos da Segunda Emenda de forma ampla. vos visitantes da New Frontier Armory.
O presidente está preenchendo tribunais inferiores com
juízes pró-direitos a armas. Pelo menos nessa questão, o
Judiciário parece estar se movendo para a direita.

12
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Quando a reportagem se aproximou do balcão, um “Mesmo sabendo que isso não é o importante neste
jovem atendente de barba interrompeu uma explicação momento, pedimos que as pessoas deixem sua raiva onde
sobre as pistolas da vitrine e se adiantou, apontando para ela está em vez de ameaçar e machucar outras pessoas.”
uma equipe de chineses que carregavam câmaras com A loja vem recebendo ataques em comentários e ava-
lentes enormes. “Você é um deles?” liações no Google e em portais especializados. “Ótimo lu-
Antes da resposta, o homem estendeu um papel gas- gar para se abastecer para um assassinato em massa”, diz
to com o email de Famiglietti, também vice-presidente da um recente.
Coalizão de Armas de Fogo de Nevada, ligada a Associa- Por dentro da loja
ção Nacional do Rifle - principal grupo lobista pró-arma- A tensão, entretanto, não parece ter abatido as ven-
mento dos Estados Unidos e doador de US$ 30 milhões das. Nas duas horas em que a reportagem esteve presente,
para a campanha de Donald Trump à Presidência. duas pistolas foram vendidas, além de vários acessórios e
Do lado de fora, um homem magro na casa dos 60 materiais de proteção.
anos, notando a frustração deste repórter, pede um isquei- Atrás do balcão, pai e filho perguntavam sobre um fu-
ro e diz que “o dono (da loja) está aí, sim, vem todos os zil belga, vendido por US$ 2.549 (R$ 7,9 mil).
dias. Mas não quer falar pessoalmente com jornalistas”. “Que caro, pai!”, disse o menino. Ambos se interessa-
‘Não era a intenção’ ram mais por uma Colt semiautomática (US$ 1059, equi-
Famiglietti proibiu pessoalmente todos os funcioná- valente a R$ 3,3 mil).
rios e funcionárias de responder a qualquer pergunta da Pelo menos 200 armas ficam em exposição no estabe-
imprensa. lecimento, que abre de domingo a domingo.
Deu ordem para que informassem a todos que apenas As prateleiras não têm só armas, silenciadores e mu-
ele, o presidente da New Frontier Armory, seria a fonte nição.
para perguntas sobre o ocorrido. Também são vendidas camisetas como a que diz “Apo-
A reportagem esperou duas horas até que um alerta calipse Zumbi - ajudando os vivos a continuarem vivos e
no celular mostrasse uma resposta em formato de nota os mortos a continuarem mortos”.
oficial, na qual Famiglietti confirmava que o atirador Ste- Uma série de DVDs da marca “Táticas Vikings, feita de
phen Paddock, que se suicidou quando a polícia estava guerreiros para guerreiros” ocupa uma prateleira inteira e
prestes a arrombar seu quarto, havia comprado “várias ar- ensina desde fundamentos básicos para tiros de carabina
mas de fogo” ali no início do ano. e rifle, até dicas para acompanhar animais de caça sem ser
Ele fez apenas uma visita à New Frontier Armory. percebido.
O texto também ressaltava que todos os requisitos No caixa, um recipiente plástico com uma espécie de
locais, estaduais e federais haviam sido preenchidos pelo crânio guardava chocolates. A reportagem quis provar um
atirador, e apontava que, desde o evento, a loja vinha co- e não conteve o susto ao tirar o bombom: “Bang! Você
laborando “de todas as maneiras possíveis” com as inves- está morto”, “disse” a caveira.
tigações do FBI. Nas paredes, alvos de tiro em formato humano se
As respostas técnicas satisfizeram boa parte da im- enfileiram por 99 centavos de dólar. Um deles, chamado
prensa americana, que vem repetindo as aspas de Fami- “homem mau”, retrata um homem com cara de poucos
glietti à exaustão. amigos apontando uma pistola.
Mas os jornais acabaram deixando de lado trechos ‘Armas alteradas’
mais pessoais do texto. Após receber a nota oficial, a reportagem retornou o
“Não vendemos estas armas com a intenção de que email de Famiglietti de dentro da loja, perguntando se po-
ele pudesse machucar alguém de qualquer maneira, caso deria tirar mais algumas dúvidas.
se prove que ele usou essas armas específicas neste crime “Responderei com prazer”, respondeu o proprietário
terrível”, diz o proprietário. em poucos minutos.
Ele prossegue: “Seria como se culpassem o hotel Man- As novas perguntas se referiam a um eventual “estig-
dalay Bay por alugar um quarto (para ele), ou as autorida- ma”, destacado por veículos de imprensa americanos, que
des por nos darem permissão para fornecer a arma - isso defensores do armamento estariam enfrentando após o
obviamente não foi feito com intenções maldosas.” maior assassinato em massa da história do país.
Famiglietti também diz, na nota enviada à reportagem, Após o episódio, políticos do partido Democrata vêm
que ele e seus funcionários vêm sendo alvos de ameaças e pressionando o governo por leis federais mais exigentes
difamação desde o massacre. no controle de vendas de armas e acessórios - algo que o
“Desde que saiu a notícia de que nós somos uma das presidente Trump voltou a se recusar a comentar em visita
várias lojas onde Paddock comprou armas de fogo nesta rápida a Las Vegas na terça-feira.
área, eu e meus empregados estamos recebendo mensa- A BBC Brasil também perguntou qual era o perfil dos
gens de ódio com ameaças, telefonemas e SMSs ameaça- clientes da loja e se há planos de mudanças ou reforços
dores”, diz. nas verificações feitas sobre quem pretende comprar ar-
mamento.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

As respostas, até a publicação desta reportagem, não Ainda no hospital presidente cumprimentou médicos
haviam chegado. e responsáveis pelo primeiro atendimento no dia do ata-
Na única nota enviada, o dono da loja também afir- que e agradeceu ao trabalho deles. Trump disse que co-
mou que as armas vendidas ao atirador “não saíram do nheceu “algumas das pessoas mais incríveis” e convidou
estabelecimento com a capacidade de fazer o que vimos e alguns dos profissionais a visitá-lo em Washington. “É de
ouvimos, sem modificações”. deixar qualquer um muito orgulhoso por ser americano
“Não eram armas completamente automáticas e não quando vemos o trabalho que eles fizeram”, comentou.
haviam (sido) modificadas de nenhuma forma (legal ou Trump se reuniu ainda com policiais, membros de
ilegal) quando compradas de nós.” equipes de emergência e cidadãos civis que ajudaram a
Desde que o Congresso americano aprovou a Lei de socorrer vítimas no domingo, a quem também elogiou.
Proteção dos Proprietários de Armas de Fogo, em 1986, o “Vocês mostraram ao mundo e o mundo está assistindo, e
acesso de civis a armas novas e totalmente automáticas se vocês mostraram o que é profissionalismo”.
tornou extremamente restrito. Na sede da Polícia Metropolitana de Las Vegas, ele fez
Milhares de armas consideradas “de direito adquirido” uma declaração à imprensa, na qual disse que “os EUA são
- fabricadas e registradas antes de 1986 - ainda podem verdadeiramente um país em luto”.
ser compradas, mas por preços bastante altos e com ne- “Não podemos ser definidor pelo mal que nos ameaça
cessidade de aprovação pelo Escritório de Álcool, Tabaco, ou pela violência que incita esse terror. Somos definidos
Armas de Fogo e Explosivos do governo americano, em por nosso amor, nosso cuidado e nossa coragem”, afirmou.
Washington. O chefe de Estado americano classificou o massacre
A polícia americana diz que o atirador usou um aces- como “ato de pura maldade” no primeiro pronunciamento
sório legal em 12 de seus rifles semiautomáticos para que que fez após um atirador atingir a multidão. Nesse pri-
eles pudessem disparar centenas de rodadas por minuto. meiro discurso, Trump não fez nenhuma referência a um
Os dispositivos foram encontrados no quarto de Pad- aumento no controle na venda de armas. Desde a campa-
dock no hotel Mandalay Bay - junto a um total de 23 armas nha eleitoral de 2016, ele está alinhado com a postura da
Associação Nacional de Rifles (NRA).
de fogo.
Nesta quarta, questionado por jornalistas, Trump vol-
Os “bump-stocks”, ou adaptadores deslizantes de
tou a evitar a discussão sobre controle de armas e disse
fogo”, permitem que os rifles semiautomáticos disparem
mais uma vez que este não é o momento apropriado para
a uma velocidade semelhante à de uma metralhadora - e
discutir a questão.
podem ser comprados sem as checagens exigidas para a
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
compra de armas automáticas.
De acordo com o site de vendas online da loja, o pro-
GÁS SARIN É ENCONTRADO NAS ROUPAS DAS
duto não é comercializado pela New Frontier Armory.
ACUSADAS PELA MORTE DO IRMÃO DE KIM JONG-UN
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
KIM JONG-NAM MORREU 20 MINUTOS DEPOIS DE
SER ATINGIDO NO ROSTO PELO AGENTE NEUROTÓXI-
TRUMP VISITA SOBREVIVENTES DE MASSACRE DE CO VX, UM TIPO ALTAMENTE LETAL DO GÁS SARIN.
LAS VEGAS
ATIRADOR MATOU 58 PESSOAS E DEIXOU MAIS DE Vestígios de um tipo altamente letal do gás sarin, o
500 FERIDAS DURANTE FESTIVAL DE MÚSICA COUN- agente neurotóxico VX, foram encontrados nas roupas das
TRY NO DOMINGO (2).’EUA SÃO VERDADEIRAMENTE duas acusadas pelo assassinato na Malásia do meio-irmão
UM PAÍS EM LUTO’, DISSE PRESIDENTE, QUE ELOGIOU do líder norte-coreano, afirmou um químico durante o jul-
MÉDICOS E POLICIAIS E TEVE ENCONTRO PRIVADO DE gamento.
90 MINUTOS COM VÍTIMAS. Esta é a 1ª prova que vincula diretamente as duas mu-
lheres ao agente neurotóxico VX, considerado uma arma
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, es- de destruição em massa.
teve nesta quarta-feira (4) em Las Vegas para se encontrar No dia 13 de fevereiro, Kim Jong-Nam, meio-irmão
com sobreviventes do maior ataque a tiros da história dos do líder norte-coreano Kim Jong-Un, morreu 20 minutos
Estados Unidos. Um atirador matou 58 pessoas e deixou depois de ser atingido no rosto por este produto quando
mais de 500 feridas durante um festival de música country estava no aeroporto internacional de Kuala Lumpur.
no domingo (2). A indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Thi Huong, acu-
Acompanhado da primeira-dama, Melania, o presi- sadas pelo crime, estão sendo julgadas desde segunda-
dente visitou um hospital para conversar com vítimas e feira na Alta Corte de Shah Alam, subúrbio de Kuala Lum-
médicos que trabalharam no atendimento às vítimas. O pur, onde fica o aeroporto.
casal passou 90 minutos em um encontro privado com as “Encontramos VX na camisa sem mangas de Siti Ais-
vítimas e suas famílias, sem cobertura da imprensa. yah”, declarou o químico Raja Subramaniam durante seu
depoimento nesta quinta-feira como testemunha.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A camisa usada por Huong tinha VX em estado puro e PRESIDENTE DA CATALUNHA PEDE MEDIAÇÃO
uma substância usada para fabricar veneno. Também havia PARA RESOLVER CRISE COM GOVERNO ESPANHOL
vestígios de veneno em suas unhas, completou. CARLES PUIGDEMONT CONTINUA DEFENDENDO
As imagens das câmeras de segurança do aeroporto APLICAÇÃO DE REFERENDO INDEPENDENTISTA. GO-
mostram o momento em que as duas mulheres se aproxi- VERNO CATALÃO DEVE DECLARAR INDEPENDÊNCIA
maram de Kim antes de jogar o líquido em seu rosto. NA PRÓXIMA SEGUNDA, DIZ FONTE.
As duas foram detidas pouco depois do assassinato e
podem ser condenadas à pena de morte. O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigde-
Na abertura do julgamento, na segunda-feira, as duas mont, afirmou nesta quarta-feira (4) que a crise envolven-
se declararam inocentes. Ao longo da investigação, elas do esta região autônoma e o governo espanhol precisa de
negaram que desejavam cometer um assassinato e afirma- uma mediação, sem voltar atrás na sua defesa pela aplica-
ram que foram enganadas, que acreditavam estar partici- ção do resultado do referendo independentista do último
pando de um programa de televisão do tipo “pegadinha”. domingo.
Os advogados de defesa afirmam que os culpados são “Este momento precisa de mediação. Recebemos inú-
norte-coreanos que fugiram da Malásia. meras propostas nas últimas horas e vamos receber mais.
A Coreia do Sul acusa o Norte de ter organizado o as- Todas elas sabem que estou pronto para iniciar um proces-
sassinato, o que Pyongyang nega. Kim Jong-Nam criticava so de mediação”, afirmou. “Vou repetir quantas vezes for
o regime norte-coreano e vivia no exílio. necessário: diálogo e acordo são parte da cultura política
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 do nosso povo. No entanto, o Estado não deu nenhuma
resposta positiva a essas ofertas”, acrescentou.
APÓS PRISÃO NO BRASIL, ITÁLIA NEGOCIA EX- Os dirigentes catalães garantem que venceram o refe-
TRADIÇÃO DE BATTISTI rendo com 90% dos votos – 2,02 milhões de apoios sobre
CESARE BATTISTI FOI PRESO NESTA QUARTA EM um censo de 5,3 milhões de eleitores – e agora querem
CORUMBÁ. ELE FOI CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA declarar a independência de maneira unilateral. O governo
NA ITÁLIA. catalão liderado por Carles Puigdemont parece disposto a
declarar unilateralmente a independência, o que poderia
O governo italiano confirmou, sua vontade de obter acontecer já na próxima segunda-feira (9), durante uma
do Brasil a extradição do ex-militante de extrema-esquer- sessão do Parlamento regional, de acordo com uma fonte
da Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e do governo.
detido ontem na fronteira brasileira com a Bolívia. “No último domingo conseguimos fazer um referendo
Battisti foi preso nesta quarta em Corumbá, cidade diante de um oceano de dificuldades e de uma repressão
fronteiriça com a Bolívia, levando mais de R$ 10 mil em sem precedentes. Ontem demos um exemplo no respeito
dinheiro sem declarar à Polícia Federal. É suspeito de co- à greve-geral. E nos próximos dias voltaremos a mostrar a
meter crime de evasão de divisas. melhor cara do nosso país quando as instituições da Cata-
“Hoje trabalhamos com o embaixador (italiano no lunha terão que aplicar o resultado do referendo”, disse o
Brasil, Antonio) Bernardini para trazer Battisti para a Itália presidente catalão.
e entregá-lo à Justiça. Continuamos trabalhando com as Centenas de policiais intervieram em centros de vo-
autoridades brasileiras”, declarou o ministro italiano das tação, utilizando cassetetes para dispersar os militantes
Relações Exteriores, Angelino Alfano. concentrados na frente desses espaços para protegê-los e
Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Co- conseguir realizar a votação. Mais de 800 pessoas ficaram
munismo, Battisti, hoje com 62 anos, foi condenado à pri- feridas. O governo espanhol considera o referendo ilegal,
são perpétua na Itália por quatro homicídios ocorridos na alegando que a Constituição declara que o país é indivi-
década de 1970 e fugiu para o Brasil em 2004, onde viveu sível.
na clandestinidade. Foi detido no Rio de Janeiro em 2007. Durante seu pronunciamento, Puigdemont criticou o
Dois anos depois, a pedido do país europeu, o Supre- rei Filipe VI, que em seu discuso “ignorou as pessoas que
ma Tribunal Federal autorizou sua extradição, que foi ne- foram vítimas de violência policial”.
gada em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da “O rei faz dele o discurso e as políticas do governo de
Silva. Mariano Rajoy, que têm sido catastróficos em relação à
Desde 2007, Battisti ficou detido por quatro anos an- Catalunha, e ignora deliberadamente a milhões de cata-
tes de ser posto em liberdade em junho de 2011. lães que não pensamos como eles”, afirmou o presiden-
O último pedido de extradição por parte da Itália foi te catalão, dizendo que “não podemos compartilhar nem
em 25 de setembro e, segundo a imprensa italiana, o pre- aceitar” a mensagem do rei.
sidente Michel Temer teria-se mostrado favorável, o que Nesta terça, o rei criticou a conduta dos líderes cata-
pode ter motivado a “tentativa de fuga” de Battisti para a lães, dizendo que eles violaram as leis do Estado espanhol
Bolívia. e demonstraram uma “deslealdade inadmissível”.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos Timmermans evitou responder, durante o discurso, os
últimos 40 anos, desde que o executivo separatista cata- pedidos das autoridades catalãs por uma “mediação inter-
lão decidiu organizar este referendo de autodeterminação nacional”, reiterando a demanda da UE “a todos os atores
apesar de sua proibição. pertinentes a avançar para passar do confronto ao diálo-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 go”.
“Isto é um assunto interno da Espanha, que deve ser
UNIÃO EUROPEIA PEDE DIÁLOGO NA CATALUNHA, resolvido com base no âmbito constitucional espanhol”,
MAS DEFENDE MADRI reiterou o vice-presidente da Comissão, que reproduz,
‘CHEGOU O MOMENTO DE ENCONTRAR UMA SAÍ- assim, os principais argumentos do governo espanhol do
DA PARA O BECO SEM SAÍDA’, DIZ AUTORIDADE EU- primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy.
ROPEIA. DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DA CA- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
TALUNHA PODE SER FEITA NA PRÓXIMA SEGUNDA,
SEGUNDO FONTE. VIOLÊNCIA

A Eurocâmara pediu “diálogo”, nesta quarta-feira (4), JUSTIÇA NEGA LIBERDADE E MANTÉM PRISÃO DE
diante da crise aberta na Espanha com o referendo de MOTORISTA QUE MATOU 3 NA MARGINAL TIETÊ
independência na Catalunha, ao mesmo tempo em que TJ NEGOU NESTA SEMANA HABEAS CORPUS FEITO
a Comissão Europeia justificou o uso da força em alguns PELA DEFESA DE TALITA TAMASHIRO, QUE EM 30 DE
momentos para garantir “a supremacia do Direito”. SETEMBRO ATROPELOU E MATOU VÍTIMAS QUANDO
Os eurodeputados dos principais grupos também pe- DIRIGIA EMBRIAGADA, AO CELULAR E COM CNH SUS-
diram às autoridades da Catalunha que evitem uma decla- PENSA.
ração unilateral de independência, cuja adoção, segundo o
porta-voz dos social-democratas Gianni Pittella “colocaria A Justiça de São Paulo negou nesta semana o pedido
mais lenha na fogueira”. de liberdade feito pela defesa da motorista que atrope-
No entanto, o governo catalão liderado por Carles lou e matou três pessoas na Marginal Tietê. Talita Sayuri
Puigdemont parece disposto a declarar unilateralmente Tamashiro, de 28 anos, foi presa em flagrante no último
a independência, o que poderia acontecer já na próxima dia 30 de setembro por homicídio doloso - quando há in-
segunda-feira (9), durante uma sessão do Parlamento re- tenção ou se assume o risco de matar - e embriaguez ao
gional, de acordo com uma fonte do governo. volante.
“Chegou o momento de dialogar, de encontrar uma Na madrugada daquele sábado, Talita saiu embriaga-
saída para o beco sem saída, de trabalhar dentro da ordem da da balada Villa Mix, na Vila Olímpia, Zona Sul da capi-
constitucional da Espanha”, declarou em nome da Comis- tal, pegou seu Honda Fit verde, mesmo com a carteira de
são seu vice-presidente, Frans Timmermans, durante um habilitação suspensa, e dirigiu o veículo enquanto usava
debate convocado pela Eurocâmara sobre a situação na o celular.
Catalunha, após a resposta policial de Madri para impedir Na sequência, ela bateu o veículo em uma BMW pre-
a celebração do referendo do último domingo (1º). ta, estacionada no acostamento da via expressa, altura da
As imagens da atuação policial no domingo na Catalu- Ponte dos Remédios da marginal, sentido Rodovia Ayrton
nha, com apreensão de urnas e agressões contra pessoas Senna. Na colisão, atropelou o fisioterapeuta Raul Fernan-
que desejavam votar no referendo de independência con- do Nantes Antonio, de 48, a auxiliar administrativa Aline
siderado ilegal, obrigaram a UE a fazer um pronunciamen- Jesus Souza, 28, e a gerente de estacionamento Vanessa
to além de sua habitual resposta de considerar a situação Lopes Relva, também de 28. O trio morreu no local.
um “assunto interno” da Espanha. O G1 não conseguiu localizar o advogado Eduardo
Timmermans, autoridade europeia sobre o Estado de Siano, que defende Talita, para comentar a decisão liminar
Direito e a Carta de Direitos Fundamentais, afirmou que “a do desembargador Newton Neves, da 16ª Câmara de Di-
violência não resolve nada na política”, mas destacou que reito Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que
“todos os governos têm que respeitar a supremacia do Di- na última terça-feira (3) negou o habeas corpus em caráter
reito e isto exige, às vezes, um uso proporcional da força”. liminar feito pela defesa da motorista.
‘Consenso’ Siano havia pedido para o TJ reverter a tipificação cri-
“Há um consenso geral de que o governo regional da minal de homicídio doloso para homicídio culposo, no
Catalunha optou por ignorar a lei ao organizar o referendo qual não há intenção de matar, e, desse modo, soltasse
celebrado no domingo passado”, o qual havia sido proibi- sua cliente para que ela respondesse ao processo em li-
do pela Justiça espanhola, completou o vice-presidente da berdade.
Comissão, para quem a União Europeia é uma “comunida-
de baseada no Direito”.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Assumiu risco Ainda segundo a polícia, o relato da criança foi passa-


O desembargador não atendeu à solicitação da de- do para o Conselho Tutelar, que encaminhou a denúncia
fesa, lembrando que, segundo a polícia, Talita “após ter para a Delegacia de Atendimento à Mulher, à Criança e ao
ingerido bebida alcoólica e mesmo assim ter dirigido veí- Idoso. No Posto Médico Legal, o exame de corpo de delito
culo automotor por uma via tão perigosa, ter assumido o confirmou que a menina teve relações sexuais.
risco de causar um acidente com vítima fatal”. O mérito do A delegada Daniela Diniz Medeiros, que está à frente
pedido ainda será julgado futuramente por outros desem- do caso, disse que testemunhas já começaram a ser ouvi-
bargadores do TJ. das e as investigações apontam que a criança era abusada
Foi a terceira derrota da defesa de Talita na Justiça. pelo padrasto há cerca de cinco anos. Conforme relato da
A primeira havia sido na audiência de custódia do último enteada, o homem aproveitava os momentos em que a
domingo (1º), quando a juíza Carolina Nabarro Munhoz mãe da criança saía para trabalhar para cometer o abuso.
Rossi, do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste, converteu O suspeito do crime foi encaminhado para o presídio.
a prisão em flagrante da motorista em prisão preventiva Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
para que ela fique detida até seu eventual julgamento.
Dias depois disso, o juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE PROFESSOR SUSPEI-
da 5ª Vara do Júri, também no Fórum da Barra Funda, ne- TO DE ABUSAR DE ALUNAS NO MARANHÃO
gou o pedido do advogado de Talita para anular a prisão O PROFESSOR COSTUMAVA ACARICIAR AS ALU-
preventiva determinada pela juíza da audiência de custó- NAS, ALÉM DE PEDIR QUE ELAS LHE FIZESSEM MAS-
dia. SAGENS, SOB PENA DE SEREM SUSPENSAS DA SALA
“Os delitos, em tese, imputados à indiciada, além de DE AULA CASO RECUSASSEM.
ostentarem gravidade acentuada, geram inequívoca in-
tranquilidade social, já que, a despeito das inúmeras cam- Justiça decretou, na última segunda-feira (2), a prisão
panhas públicas educativas, infelizmente, tem-se tornado temporária de um professor de Bom Jardim (MA) após de-
fato corriqueiro mortes no trânsito por conta da nefasta núncias de que ele estaria abusando sexualmente de alu-
combinação entre álcool, condução de veículo automotor, nas de uma escola municipal.
excesso de velocidade e impunidade, motivos que, por si A Denúncia, assinada pelo promotor de justiça Fábio
sós, já reclamam diferenciado rigor na imposição das me- Santos de Oliveira, enquadra as condutas praticadas por
didas cautelares, de modo a assegurar o primado da lei e Jânio de Abreu como estupro de vulnerável, assédio sexual,
a garantia da ordem pública”, havia escrito. ato obsceno. Além disso, o professor transmitiu vídeos e
O teste de bafômetro feito logo depois do acidente fotos contendo cenas de sexo com crianças e adolescen-
apontou que a motorista tinha 0,48 miligrama de álcool tes, e armazenou em seu celular pornografia envolvendo
por litro de ar em seu organismo. Segundo o artigo 306 criança ou adolescente.
do Código Brasileiro de Trânsito, dirigir sob influência de No pedido de prisão preventiva, o promotor afirma
álcool acima de 0,34 miligrama dá de seis meses a 3 anos que o denunciado representa perigo para a sociedade,
de prisão, além da suspensão da habilitação. podendo continuar com as práticas. “Trata-se verdadeira-
Talita já estava com a carteira suspensa desde junho mente de um pedófilo, que certamente continuará a estu-
deste ano por ter atingido 36 pontos (o limite é 20). Ela prar, praticar ato libidinoso, assediar, constranger outras
está presa atualmente na Penitenciária Feminina de Tre- crianças e adolescentes, ainda que não sejam elas suas
membé, interior do estado. alunas em sala de aula”, ressalta.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 O professor costumava acariciar as alunas, além de pe-
dir que elas lhe fizessem massagens, sob pena de serem
SUSPEITO DE ABUSAR SEXUALMENTE DE ENTEA- suspensas da sala de aula caso recusassem. Além disso,
DA É PRESO EM ITUIUTABA ele fazia gestos obscenos e mostrava vídeos pornográficos
SEGUNDO A POLÍCIA CIVIL, INVESTIGAÇÕES APU- aos alunos no espaço de aprendizagem.
RAM SE ATOS DE VIOLÊNCIA SERIAM COMETIDOS Além da prisão preventiva, o juiz Raphael Leite Guedes
CONTRA MENINA DESDE QUE ELA TINHA 6 ANOS DE também atendeu ao pedido do Ministério Público para
IDADE. que o telefone celular de Jânio Silva de Abreu seja pericia-
do em busca de fotografias, vídeos e conversas que com-
Um homem de 44 anos foi preso nesta quarta-feira provem os crimes praticados pelo professor. O magistrado
(4) sob suspeita de abusar sexualmente da enteada de 11 determinou que o aparelho seja encaminhado à Polícia
anos em Ituiutaba. De acordo com a Polícia Civil, um in- Civil, que deverá apresentar um laudo pericial no prazo
quérito sobre o caso foi aberto no dia 29 de setembro, de 20 dias.
depois que a criança relatou para um funcionário da escola
onde estuda que sofria violência sexual desde os 6 anos
de idade.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Penas MEIO AMBIENTE


O crime de estupro de vulnerável tem pena prevista de
reclusão de oito a 15 anos. Para o assédio sexual, o Códi- ONG DIZ QUE ANIMAIS DA AMAZÔNIA SOFREM
go Penal prevê pena de detenção de um a dois anos. Por COM SELFIES DE TURISTAS
ato obsceno, o professor estaria sujeito a detenção de três BOTO-COR-DE-ROSA É PRINCIPAL ANIMAL OFERE-
meses a um ano ou multa. CIDO POR AGÊNCIAS PARA INTERAÇÃO COM OS VISI-
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu TANTES.
artigo 241-A, pena de reclusão pelo período de três a seis
anos, além de multa. Já no art. 241-B, a pena prevista é de Os animais da Amazônia sofrem com a atividade tu-
reclusão de um a quatro anos, mais multa. rística na região, que em muitos casos submete espécies
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 como o boto-cor-de-rosa e o bicho-preguiça a longas
sessões de fotos, alertam ativistas da ONG World Animal
SEGURANÇA DE CRECHE EM JANAÚBA ATEIA Protection.
FOGO EM CRIANÇAS DEIXANDO MORTOS E FERIDOS A organização, com sede na Inglaterra, publicou esta
ELE TAMBÉM ATEOU FOGO NELE semana um relatório em que afirma que desde 2014 as
fotos de pessoas com animais no Instagram aumentaram
Pelo menos três crianças morreram queimadas em 292% no mundo todo. E em 40% delas, os humanos apare-
uma creche em Janaúba, no Norte de Minas, na manhã cem “abraçando ou interagindo de forma inadequada com
desta quinta-feira (5). Segundo as primeiras informações um animal selvagem”.
da Polícia Militar, o guarda da creche ateou fogo em algu- Com frequência, os animais são capturados e maltra-
mas crianças e em seu próprio corpo. Ainda não há infor- tados antes de serem exibidos aos turistas, aponta a World
mações sobre o seu estado de saúde. Animal Protection, que se infiltrou em excursões na selva
O Samu foi acionado e está no local. O número de fe- amazônica do Brasil e do Peru para registrar estas intera-
ridos ainda não foi divulgado, mas segundo o Samu, várias ções.
“Atrás das câmeras, estes animais costumam ser es-
crianças sofreram queimaduras.
pancados, separados de suas mães quando bebês e guar-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
dados secretamente em lugares sujos e apertados; ou são
cevados reiteradamente com alimentos que podem ter um
MORADORES FIXAM PLACA EM RUA PARA AVISAR
impacto negativo a longo prazo em seu organismo e com-
SOBRE ALTO ÍNDICE DE ASSALTOS EM CARUARU
portamento”, afirma o grupo.
RUA ESTÁ LOCALIZADA NO BAIRRO PETRÓPOLIS,
“Com muita frequência os turistas desconhecem com-
EM CARUARU. PADRE JÁ FOI ASSALTADO NO LOCAL.
pletamente esta crueldade que torna os animais submis-
sos e disponíveis”, acrescenta.
Moradores da rua Visconde de Cairú fixaram placas
Em Manaus, capital do estado do Amazonas, 94% dos
para avisar sobre o alto índice de assaltos no local. A rua
18 passeios turísticos visitados pela World Animal Protec-
está localizada no Bairro Petrópolis, em Caruaru, Agreste tion ofereciam a oportunidade de “segurar e tocar animais
de Pernambuco, e fica próxima a uma faculdade, colégio selvagens” para tirar fotografias.
particular, e uma escola pública do município. Em tais pacotes, o boto-cor-de-rosa era o animal mais
Perto da rua ainda há um hotel e um posto de com- oferecido pelos agentes para este tipo de contato, seguido
bustíveis. A dona de casa Sônia Cavalcante foi uma das da preguiça-de-três-dedos, crocodilos, anacondas verdes
moradoras que teve a iniciativa de colocar as placas no e macacos.
local. Roberto Cabral, coordenador das operações de fisca-
“A insegurança está grande. Teve um dia que perto das lização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama),
12h levaram o carro de um vizinho. Eu já fui abordada por disse em uma entrevista à AFP que manter animais em
assaltantes na frente da minha casa. Eles estavam armados cativeiro para estes fins é ilegal no Brasil, mas que infeliz-
e eu saí correndo. Na minha casa tem câmeras de segu- mente isto “acontece”.
rança e eu sempre denuncio esse tipo de crime”, detalhou. Porém, “no contexto geral de tráfico de animais e de
Segundo Sônia, até o padre da paróquia do bairro foi caça que existe no Brasil, embora (a exploração turística de
vítima de assalto. “Nós queremos alertar para essa falta de animais) seja impactante, é algo mínimo”, apontou.
segurança. Depois das denúncias, vejo que o carro da polí- “A ironia é que o turista que normalmente tira fotos
cia tem passado mais vezes na rua”, contou a dona de casa. com o animal é aquele turista que adora os animais e, na
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 realidade, está contribuindo para o seu mal-estar, captura
e matança”, acrescentou Cabral.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

COMO ANIMAIS DA COSTA DO JAPÃO FORAM PA- “Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão
RAR NOS EUA - GRAÇAS A UM TSUNAMI que estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na
ONDAS GIGANTES ARRASTARAM CENTENAS DE verdade, me surpreenderia se não houvesse”.
OBJETOS PARA O MAR -- DE PEQUENOS PEDAÇOS DE O elemento chave que tornou isso possível, de acordo
PLÁSTICO A BARCOS DE PESCA --, QUE SERVIRAM DE com os pesquisadores, é a presença na água de plástico,
TRANSPORTE PARA CENTENAS DE ESPÉCIES DE CRIA- fibra de vidro e outros produtos que não se decompõem.
TURAS MARINHAS. “A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo
em comparação com a natureza duradoura do plástico”,
Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas disse Carlton.
japonesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o “Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse
Oceano Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco
de 2011. literalmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos
Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famí- agora é fornecer a essas espécies jangadas bastante dura-
lias de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, douras, mudamos a natureza de seus barcos”.
muitas vezes pegando carona em resíduos plásticos. Movendo-se muito mais devagar do que as embar-
Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que cações, as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram
muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies tempo às espécies para se adaptar gradualmente ao seu
desembocando nas praias ainda em 2017. novo ambiente, tornando mais fácil a reprodução e para
Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nor- suas larvas se prenderem aos detritos.
deste do Japão, desencadeando um enorme tsunami que Os pesquisadores estão preocupados com o fato de
atingiu quase 39 metros de altura, varrendo a costa do que, com tanto plástico nos oceanos, e com a mudança
país. Mais de 15 mil pessoas morreram. climática tornando os ciclones e as tempestades mais in-
As ondas gigantes arrastaram centenas de objetos tensas, a ameaça de invasão de espécies marinhas nunca
para o mar - de pequenos pedaços de plástico a barcos foi tão grande. A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra
de pesca. o impacto que esse transporte pode ter.
Um ano depois, os cientistas começaram a encontrar “Não há nada comparável em escala do que já vimos
destroços do tsunami, com criaturas vivas agarradas a eles, antes na história da ciência do mar”, afirmou Carlton.
desembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, do Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
Alasca à Califórnia.
“Centenas de milhares de criaturas foram transporta- NOVA ESPÉCIE DE RATAZANA GIGANTE É DESCO-
das e chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí BERTA POR CIENTISTA AUSTRALIANO
- a maioria dessas espécies nunca esteve no nosso radar QUATRO VEZES MAIOR QUE ROEDORES COMUNS,
como seres transportados pelo oceano em detritos mari- A RATAZANA SOBE EM ÁRVORES E CHEGA A MEIO ME-
nhos”, afirmou à BBC James Carlton, do Williams College e TRO DE COMPRIMENTO.
Mystic Seaport, principal autor do estudo.
“Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser Uma nova espécie da roedor, quatro vezes maior que
que algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. o comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano
Não ficaria surpreso se um pequeno barco de pesca japo- Pacífico.
nês perdido em 2011 aparecesse 10 anos após o evento”. O animal, que chega a atingir quase meio metro de
A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu comprimento, vive entre as árvores e se alimenta de casta-
289 espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são nhas que abre com seus dentes.
os mais comuns, mas há também caranguejos, mariscos, As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrália, já têm ou-
anêmonas e estrelas do mar. tras oito espécies de ratazanas, mas essa é a primeira nova
Os cientistas ainda estavam identificando novas espé- descoberta em 80 anos.
cies quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis anos Da mesma família de ratos e camundongos (Muridae),
após o tsunami. a nova espécie, chamada Uromys vika, já fazia parte do
De acordo com os pesquisadores, muitas outras es- folclore da ilha.
pécies provavelmente fizeram a jornada e até agora não Escondidos nas árvores
foram descobertas. Atualmente, nenhuma colônia de in- A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é
vasores foi estabelecida, mas a equipe acredita que isso biologicamente isolada.
pode acontecer. A maioria dos mamíferos que vivem lá não é encontra-
“Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Ore- da em nenhum outro lugar do planeta.
gon, ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem “Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me
viver tanto tempo, em condições tão difíceis”, disse John contaram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam
Chapman, da Universidade de Oregon, coautor do estudo. de vika, que vivia nas árvores”, diz Tyrone Lavery, biólogo
australiano que fez a descoberta.

19
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisa- O novo pedaço de gelo flutua na baía de Pine Island, no
dor associado da Universidade de Queensland, na Austrália, mar de Amundsen, e tem 185 km² -- cerca de duas vezes a
ele procurava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia con- área da capital do Espírito Santo, Vitória. Ele é maior do que
seguido encontrá-lo. o iceberg descoberto em janeiro deste ano na mesma região,
“Comecei a me questionar se era realmente uma espeé- mas menor do que o descoberto em julho de 2015 (225 km²).
cie diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando Larsen C
os ratos normais de ‘vika’”, conta ele. Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores
Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambien- já registrados, se desprendeu em outra região da Antártica, a
tal viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros Larsen C. O anúncio foi feito em julho deste ano por cientis-
derrubada por lenhadores. tas da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo Os cientistas estudavam o bloco de gelo há muitos anos.
para o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era Os olhares voltaram à região após notar as rupturas da plata-
um pesquisador associado. forma de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Larsen
“Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo C é a maior plataforma de gelo da Antártica e o pedaço que
de diferente”, diz ele. se desprendeu tem 5.800 km².
“Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Sa- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
lomão, e olhando as características do crânio, consegui ex-
cluir boa parte das espécies imediatamente.” JOVENS PERCORREM CIDADES EM NAVIO PARA
Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era ALERTAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
uma nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika.
O rato recém descoberto tem um longo e escamoso Ashwa Faheem é uma repórter fotográfica de 26 anos
rabo, que os pesquisadores acreditam que o ajuda a se que nasceu nas Ilhas Maldivas, uma das nações-ilha do Pací-
agarrar quando passa de uma árvore para outra. fico, lugar paradisíaco, ideal para quem pensa numa viagem
Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as turística para descansar e observar a natureza. Para Ashwa,
ilhas em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles
porém, este lado quase celestial de sua terra é apenas uma
evoluiram para ter dentes grandes e afiados que usam, de
faceta, distante de sua rotina. Ela já convive também, des-
acordo com a população local, para mordiscar castanhas e
de pequena, com outro lado menos divino, digamos assim,
cocoquinhos.
das ilhas em que nasceu e que, de uns tempos para cá, vêm
A espécie provavelmente será classificada de imediato
sofrendo com o aumento dos oceanos, fenômeno causado
como em perigo crítico de extinção devido à ameaça que
pelo aquecimento global:
sofrem da indústria madeireira. Cerca de 90% das árvores
“Nem tudo nas Maldivas é bonito. Quando o nível das
das ilhas já foram derrubadas.
águas sobe, perdemos muita terra. E quando a terra desapa-
“A região onde a espécie foi encontrada é um dos úni-
rece, perdemos recursos, a agricultura e a pesca. Muita gente
cos lugares que ainda têm florestas”, diz Lavery.
“É necessário documentar essa ratazana urgentemente usa a pesca e o turismo para sobreviver. Afeta tudo. É um
e encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, efeito de dominó”.
na ilha de Vangunu, onde a espécie vive.” Para levar essa mensagem mundo afora, aproveitando o
O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publi- momento pré-Conferência do Clima (COP-23), que acontece-
cação científica Journal of Mammalogy. rá em novembro na cidade alemã de Bonn, Ashwa se juntou
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 a um grupo de seis jovens, todos residentes em Pequenos
Estados Insulares em Desenvolvimento, como Maldivas. Eles
NOVO ICEBERG SE DESPRENDE DE GELEIRA NA AN- estão a bordo de um navio da ONG internacional Peace Boat
TÁRTICA, DIZ NASA e estão sendo chamados de “Embaixadores” do clima e da
PEDAÇO DE GELO ESTÁ LOCALIZADO EM REGIÃO paz. Vão visitar sete capitais e acabaram de deixar Lisboa, de
DIFERENTE DE LARSEN C, ONDE ICEBERG GIGANTESCO onde me chegaram as notícias do grupo via jornal “O Público”.
SE SOLTOU COM ANÚNCIO EM JULHO DESTE ANO. Os jovens embaixadores visitarão Barcelona, Nova York,
Edimburgo, Londres, Bordeaux e outras capitais, mas não vi-
Um novo iceberg se desprendeu da região da geleira de rão ao Brasil. Em cada um desses locais vão contar sobre seus
Pine Island, oeste da Antártica. A fotografia acima foi divulgada esforços para se manter num território que vai ser engolido
pela agência espacial americana (Nasa) nesta quarta-feira (27). pelo mar até o fim deste século.
A imagem de cor original foi capturada no último dia 21 Nessa mesma linha de pensamento, o premiê de outra
de setembro pelo satélite Landsat 8 da Nasa. Ela mostra o ilha ameaçada, Fiji, Frank Bainimarama, que também é presi-
início da fenda no centro da plataforma de gelo. dente da COP, saudou os participantes da última Assembleia
De acordo com a agência, essa ruptura produziu o ice- Geral da ONU. Para ele, não há como escapar do fato de que
berg B-44, visível em outras imagens capturadas em 23 de as mudanças climáticas constituem uma ameaça tão grande
setembro pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Euro- para a segurança global como qualquer outra fonte de con-
peia (ESA), com descoberta do analista Matthew Welshans, flito que a humanidade vive hoje. E não há “escolha a ser feita
do Centro Nacional do Gelo nos Estados Unidos (USNIC). entre prosperidade e um clima saudável.

20
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

“Milhões de pessoas já estão em movimento por cau- Selina vai precisar mesmo desse discurso quando o
sa da seca e as mudanças na agricultura ameaçando sua navio Peace Boat chegar a Nova York, o que está previsto
segurança alimentar. Ao longo da história, sabemos que para o mês que vem. Lá ela vai se encontrar com repre-
os seres humanos irão lutar pelo acesso à água. E, a me- sentantes das Nações Unidas, e o pedido não é qualquer
nos que abordemos as causas subjacentes das mudanças coisa: os países-ilha querem uma mudança radical no con-
climáticas, já sabemos que alguns lugares se tornarão in- sumo de combustíveis fósseis do mundo todo para que o
viáveis e outros desaparecerão completamente. Na minha aquecimento se mantenha a 1.5 grau acima do que era na
região, três de nossos vizinhos estão em risco, e é por isso Revolução Industrial. É este o único jeito, afirmam os cien-
que Fiji ofereceu refúgio às pessoas de Kiribati e Tuvalu se tistas, de os impactos não aumentarem de intensidade.
suas casas vierem a se afundar por completo”, disse ele. Além disso, querem também um financiamento. Vão
Fiji já perdeu parte de sua terra agricultável por cau- precisar de dinheiro para enfrentar os problemas causados
sa da salinidade excessiva trazida pelo mar. Bainimarama por furacões, como o Irma, que recentemente atingiu par-
disse que escolheu ser presidente da COP para poder le- te da costa dos Estados Unidos, México e ilhas do Caribe.
var adiante esse recado. Pelas regras das Conferências, já Não vai ser fácil convencer.
que ele é o presidente, a reunião deveria acontecer em Fiji, Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
mas o país não tem condições para sediar um encontro
tão grande, não ofereceria segurança aos líderes. Foi feito, JAPÃO MATA 177 BALEIAS NA COSTA DO PACÍFICO
então, um acordo com a Alemanha, que aceitou receber os PARA ‘FINS CIENTÍFICOS’
conferencistas em Bonn. ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS DE-
“Esse é um exemplo para o mundo de como países NUNCIAM A ALEGAÇÃO JAPONESA.
em extremos opostos da Terra e de meios e tamanho mui-
to diferentes podem trabalhar efetivamente em direção a Os japoneses mataram 177 baleias na costa nordes-
um objetivo comum. Fiji está profundamente consciente te do arquipélago no Pacífico, em uma missão que teria
de que os governos sozinhos não podem enfrentar esse “fins científicos”, segundo anunciou nesta terça-feira (26) a
desafio. É por isso que estamos colocando essa ênfase na agência de pesca japonesa.
noção de uma Grande Coalizão de governos em todos os Três navios especializados em caça às baleias iniciaram
níveis, a sociedade civil, o setor privado e os cidadãos co- a missão em junho e capturaram 43 baleias Minke e 143
muns movendo esta agenda para a frente. Estou dialogan- baleias-sei, de acordo com a agência. Segundo os japo-
do com governadores, prefeitos, líderes de todos os tipos neses, a caça às baleias seria “necessária” para calcular a
em nossas sociedades. Pessoas de fé. Pessoas na linha de quantidade de potenciais capturas a longo prazo, justi-
frente da luta climática. Mulheres. E os jovens, que repre- ficou a agência, que tem como objetivo “retomar algum
sentam o nosso futuro”, continuou o premiê. dia a pesca comercial”, segundo explicou o funcionário da
Todo o discurso de Frank Bainimarama é um forte agência Kohei Ito.
apelo porque ele tem certeza de que é preciso aumentar a O Japão é signatário da moratória da caça às baleias
resiliência de seu país contra as tormentas que virão pela da Comissão Baleeira Internacional (CBI), mas afirma que
frente, cada vez mais fortes. Para isso, quer juntar socieda- recorre à medida com fins de pesquisa, no Pacífico e na
de civil, empresários e governos. Para isso, conta também Antártica. As organizações de defesa das baleias denun-
com a performance dos jovens que estão navegando no ciam a alegação japonesa, assim como vários países, que
Peace Boat. De fato, não há como ficar imune a depoimen- consideram que Tóquio utiliza de maneira desonesta uma
tos como o de Selina Leem, que na COP-21, em Paris, foi a exceção da proibição da caça aos cetáceos, de 1986.
mais jovem delegada. No encerramento do encontro, ela Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça exigiu de
emocionou a todos com suas palavras: Tóquio o fim da caça às baleias no Atlântico, por conside-
“Tenho 18 anos e desde que nasci fico muito nervosa rar que os japoneses não cumpriam os critérios científicos
quanto à minha casa. Hoje estou ainda mais. O meu país exigidos. O Japão cancelou a temporada de caça de inver-
é muito afetado pela subida do nível das águas. Quando a no de 2014-2015, mas retomou a pesca no ano seguinte.
água sobe, arrasta-se por todo o lado. Toda a ilha é inun- Confrontos entre baleeiros japoneses e defensores
dada.” dos animais
Hoje com a equipe do Peace Boat, a jovem deu en- O Oceano Antártico já foi cenário de confrontos entre
trevista à reportagem do jornal “O Público” e listou o que, baleeiros japoneses e defensores dos cetáceos. No mês
para ela, pode ser feito para acabar com seu problema: passado, a organização ecologista Sea Shepherd anunciou
“Educar as pessoas. Falar com os líderes políticos. Tirar a desistência de tentar impedir a ação dos baleeiros japo-
fotografias. Fazer discursos públicos. Há muitas pequenas neses no Sul, reconhecendo seus próprios limites ante a
coisas que todos podemos fazer”, disse ela. potência marítima nipônica.

21
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A Noruega, que se opôs à moratória de 1986 e consi- O sistema criado por Rock e Pincus exige que as mu-
dera que esta não a afeta, e a Islândia, são os únicos dois lheres sigam com muita atenção seu ciclo de uso, toman-
países no mundo que praticam abertamente a caça co- do a pilula por 21 dias e interrompendo por sete. Caso se
mercial. O Japão tenta provar que a população de cetá- esqueçam de alguma dose, perde-se o efeito anticoncep-
ceos é suficientemente grande para suportar a retomada cional.
da caça comercial. Preocupado com a possibilidade de sua mulher se
O consumo da baleia tem uma longa tradição no Ja- esquecer da pílula diária, um homem chamado David
pão, onde a caça é praticada há muitos séculos. A indústria Wagner, que era pai de quatro filhos, criou em 1961 uma
baleeira teve seu auge depois da Segunda Guerra Mundial. embalagem redonda que permite ver se a mulher está to-
Mas a demanda dos consumidores japoneses caiu consi- mando a pílula corretamente. Várias empresas farmacêuti-
deravelmente nos últimos anos, o que provoca muitos cas copiaram o modelo, que segue popular ainda hoje em
questionamentos sobre o sentido das missões científicas. alguns países.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 A forma de promover essa nova apresentação da pílu-
la revela muito sobre aquela época, como ressaltou a jor-
CIÊNCIA E TECNOLOGIA nalista Leila Ettachfini em um artigo no site Broadly. “Fá-
cil para que você explique... e para que ela use”, dizia um
A SURPREENDENTE RAZÃO PELA QUAL OS INVEN- anúncio de 1964 da empresa Ortho-Novum. Outra publi-
TORES DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL DECIDIRAM cidade, de 1969, da marca Lyndiol dizia aos médicos para
QUE AS MULHERES DEVERIAM CONTINUAR MENS- “proteger sua paciente do próprio esquecimento”.
TRUANDO ‘Nenhuma razão médica’
VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU POR QUE A PÍLULA DEVE Muitos especialistas acreditam que os inventores da
SER TOMADA POR TRÊS SEMANAS E SEU USO, INTER- pílula podiam ter evitado tudo isso -- e não apenas por-
ROMPIDO NA QUARTA? ALGUNS PODEM IMAGINAR que a sociedade finalmente aceitou, com o tempo, que as
QUE SEUS CRIADORES TENHAM FEITO ISSO POR RA- mulheres não precisavam de um homem para lhes explicar
ZÕES MÉDICAS, MAS O MOTIVO NÃO FOI CIENTÍFICO, nada.
MAS CULTURAL. O médico baiano Elsimar Coutinho, coautor do livro
Menstruação, a Sangria Inútil (Gente, 1996), argumenta
A pílula anticoncepcional é considerada por muitos que “a ovulação incessante não cumpre nenhum propósi-
como um símbolo da emancipação feminina ao permitir to” e que as mulheres, se assim quiserem, podem tomar a
a elas ter relações sexuais sem medo de engravidar. No pílula por períodos mais longos para evitar não apenas a
entanto, a história por trás do seu desenvolvimento não gravidez, mas a própria menstruação, que é muitas vezes
teve muito a ver com essa ideia. incômoda e dolorosa.
Por exemplo: você já se perguntou por que o ciclo de O jornalista e sociólogo Malcom Gladwell apoiou essa
uso pílula envolve tomá-la por três semanas e interromper ideia em 2000 em um ensaio publicado na revista “The
o uso (ou adotar um placebo) na quarta semana? Alguns New Yorker” sobre o ciclo de 28 dias idealizado por Rock e
podem imaginar que seus criadores, John Rock e Gregory Pincus dizendo: “Não havia e não há nenhuma razão mé-
Pincus, tenham feito isso por razões médicas, mas o moti- dica para isso”.
vo não foi científico, mas cultural. Coutinho, diz Gladwell, destaca que a menstruação
Rock era um católico devoto, e para ele era importante gera uma série de problemas de saúde que poderiam ser
obter a aprovação do Vaticano. Por isso, ele queria que o evitados ao suprimi-la: dores abdominais, alterações no
sistema anticoncepcional fosse o mais parecido possível estado de ânimo, enxaquecas, endometriose e anemia.
com outro já aprovado pela Igreja Católica, o método rít- Por sua vez, Ettachfini afirmou em seu artigo que na
mico, conhecido popularmente como tabelinha, que con- verdade existem dois anticoncepcionais orais que podem
siste em não fazer sexo no período de ovulação, quando a ser tomados de forma contínua, sem sangramentos men-
mulher está fértil. sais. O Seasonale foi lançado em 2003 e propõe só quatro
Por isso, Rock pensou que, se a pílula emulasse o ciclo menstruações por ano: uma a cada estação. E, em 2007,
natural, poderia ser vista com bons olhos pelo papa. Mas foi aprovada a primeira pílula sem pausas para menstruar,
seu plano fracassou. a Lybrel.
A pílula foi aprovada em 1960 e tornou-se muito po- Críticos
pular, mas a Igreja levou quase uma década para se mani- Ainda que chame atenção o fato de que poucas mu-
festar publicamente e, quando o fez, condenou o método lheres saibam que podem optar por não menstruar, tam-
por considerá-lo “artificial”. bém não há um consenso de que isso seja uma boa ideia.
Esquecimento Há cientistas que inicialmente advertiram não haver
A essa altura, a principal preocupação já não era a Igre- estudos consistentes sobre o efeito para uma mulher de
ja, mas as mulheres. Como se tratava da reprodução (de não menstruar por longos períodos de tempo. Mas espe-
evitá-la, para ser mais preciso), alguns homens se preo- cialistas concordam que isso não gera problemas de saú-
cupavam em deixar essa responsabilidade na mão delas. de.

22
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Há ainda quem alerte sobre os perigos de se tomar a Testes em macacos


pílula, em especial por períodos prolongados. Nos Estados Unidos, um grupo de oito macacos rhe-
O site Broadly publicou um ano atrás que há cada vez sus passou por testes para verificar a eficiência de prote-
mais estudos que falam da existência de um vínculo entre ção com esse coquetel. Quatro receberam o trio de anti-
o uso de anticoncepcionais hormonais e a depressão, ci- corpos e os outros quatro receberam um placebo. Um dia
tando um uma pesquisa dinamarquesa que mostrou que depois, foram infectados pelo vírus da zika isolado pela
adolescentes que tomavam a pílula tinham “um risco 80% equipe do IOC/Fiocruz em 2016, extraído de um paciente
maior” de terem de tomar antidepressivos. do Rio de Janeiro.
Por outro lado, para algumas mulheres, menstruar é De acordo com o artigo publicado nesta quarta, a taxa
uma parte fundamental de sua identidade, ainda que ou- de proteção nos animais chegou a 100%. Testes adicionais
tras se recusem a associar o ciclo reprodutivo com a iden- demonstraram que os anticorpos continuaram ativos e em
tidade de gênero. altas quantidades seis meses após a injeção.
A certeza é que, no fim das contas, o importante é que Uma dose desta junção de anticorpos pode ser uma
as mulheres saibam que têm mais de uma opção. saída mais segura para gestantes durante a gestação. De
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 acordo com a pesquisadora e uma das autoras do artigo,
Myrna Bonaldo, do IOC/Fiocruz, as vacinas são boas so-
INJEÇÃO DE ANTICORPOS É PROPOSTA DE TRATA- luções, mas podem apresentar ainda algum risco para as
MENTO PREVENTIVO CONTRA ZIKA EM GESTANTES grávidas porque são feitas com o vírus atenuado (“enfra-
CIENTISTAS TESTARAM ANTICORPOS SELECIONA- quecido”).
DOS EM LABORATÓRIO EM PRIMATAS COM PROTE- “Para as pessoas em geral, a infecção pelo vírus da zika
ÇÃO DE 100%. não causa grandes problemas. Uma vacina resolve. Agora,
durante a gravidez que ocorre o problema é maior. Não
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Mia- podemos correr o risco de tentar prevenir a mãe e atingir
mi, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Univer- o bebê», disse.
O próximo passo será a administração do coquetel em
sidade de São Paulo (USP) obteve respostas positivas em
primatas gestantes e, na fase seguinte, em seres humanos.
macacos rhesus para um futuro tratamento preventivo
Já prevendo uma possível ocorrência de reação adver-
contra zika em gestantes. Os resultados foram publicados
sa do sistema imunológico em caso de infecção por den-
nesta quarta-feira (4), na revista científica “Science Trans-
gue, que é da família dos flavivírus, assim como o zika, os
lational Medicine”.
especialistas realizaram pequenas modificações na estru-
O macaco rhesus tem reação parecida ao ser humano
tura genética dos anticorpos monoclonais para tornar sua
ao entrar em contato com o zika: o vírus consegue infectar,
administração ainda mais segura. Desta forma, o coquetel
se replicar e causar danos aos fetos. Por isso, os cientistas
também poderia ser utilizado por pessoas com histórico
escolheram a espécie para os testes em animais.
de infecção por dengue, incluindo gestantes.
Antes de chegar à fase com os primatas, os cientistas A descoberta também contou com a colaboração de
passaram por algumas etapas. Anticorpos são moléculas especialistas do Instituto de Pesquisa Scripps, da Univer-
liberadas pelas células para “proteger” o corpo. As primei- sidade de Emory, dos Institutos Nacionais de Saúde dos
ras referências à existência deles na ciência são datadas do Estados Unidos e do Instituto Ragon.
final do século XIX. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
Se eles são conhecidos há tanto tempo, por que só
agora resolveram usá-los em um tratamento contra o zika? DE TESTE DE DNA CASEIRO A ORGANISMOS GE-
O trabalho dos cientistas foi identificar quais são as NETICAMENTE MODIFICADOS: OS PROJETOS DOS
células de imunização mais eficientes contra o zika, traba- BIOHACKERS BRASILEIROS
lho de engenharia genética eficiente, mas recente e não ENTUSIASTAS DA BIOLOGIA “FAÇA VOCÊ MESMO”
popularizado. Primeiro, eles extraíram, isolaram e purifi- CRIAM SEUS PRÓPRIOS EQUIPAMENTOS, FAZEM EX-
caram 91 anticorpos monoclonais do sangue humano, a PERIMENTOS FORA DA UNIVERSIDADE E PROCURAM
partir de um paciente que estava infectado pelo vírus -- ou SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS DO COTIDIANO.
seja: nesta época, a pessoa estava produzindo uma grande
quantidade para combater a doença. Parece um papo comum: um grupo de jovens que ain-
Depois, os cientistas precisaram identificar entre esse da não se formou na faculdade se reúne ao redor de um
vasto número de moléculas produzidas pelo paciente porção de esfirras baratas e discute se aquela carne tem
quais eram os mais eficientes contra o zika. Foram feitos origem duvidosa.
testes em laboratório para ver as opções que melhor neu- A paranoia sobre a origem da proteína animal é fre-
tralizavam o vírus. Os anticorpos monoclonais chamados quente, mas, nessa turma, a conversa não fica só na teoria
SMZAb1, SMZAb2 e SMZAb5 foram os mais eficazes. Che- conspiratória: reunidas em um laboratório de garagem, as
gou-se a um coquetel com esse trio. amigas estão testando protocolos para fazer um teste de
procedência da carne. Isso mesmo: checar se o DNA da-
quela amostra é realmente bovino.

23
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Bem-vindo ao mundo do biohacking: um universo Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que in-
onde entusiastas fazem uso da biologia de maneira ama- jetam chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações
dora em resposta a uma curiosidade científica, uma dúvida colocando substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos
pessoal ou um problema coletivo. no próprio corpo. Essa é a vertente do biohacking que
Faça você mesmo acaba chamando mais atenção, mas também atrai críticas
A palavra hacking não é novidade. No Brasil, costuma dentro do movimento.
ser associada à ideia de hackers que invadem computado- “É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam
res e roubam dados, os «piratas de computadores». atenção, mas são minoria. Estamos falando de tecnologias
Mas o conceito de hacking na verdade é muito mais que estão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz senti-
amplo – e não está necessariamente ligado à ações ma- do você colocar em seu corpo um negócio que em pouco
liciosas. Em seu sentido original, significa fazer modifica- tempo vai ficar obsoleto”, diz Andres Ochoa.
ções em sistemas ou programas para obter um recurso Ele argumenta que a grande tendência são as tecno-
que antes não estava disponível, encontrar uma melhoria logias “usáveis”, como relógios inteligentes e circuitos que
ou corrigir um problema. podem ser colados sobre a pele e removidos com facili-
Existe inclusive a chamada “cultura hacker”, uma ideo- dade.
logia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circula- “Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma
ção de informação, descentralização de conhecimento e declaração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que
inovação. tenha uma grande função prática”, diz o biohacker Otto
O hacking também não precisa estar restrito ao mun- Heringer, de São Paulo, que começou a fazer experimentos
do da informática: o biohacking une o universo da biologia como distração e acabou criando uma pequena empresa
com a cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer para criar um novo defensivo agrícola através do desliga-
dizer “do it yourself”, ou “faça você mesmo”. mento de um gene de pragas.
“A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a Um de seus sócios, Erico Perrella, implantou um chip
ciência não precisa se restringir à área da universidade. RFID na mão em 2014 - sua intenção era usar o mecanis-
É ampliar o número de experiências possíveis com me- mo para dar partida em sua kombi, mas o carro acabou
nos recursos”, diz o colombiano Andres Ochoa, consultor vendido, e o chip, que ainda está em sua mão, hoje não
de tecnologia e criador da rede SynTechBio, que reúne tem mais utilidade para ele.
biohackers da América Latina. A rede tem como membros Já dentro do campo das experimentações, as possibi-
pelo menos 14 grupos espalhados pelo continente, três lidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideia de
deles no Brasil. analisar a origem de alimentos, por exemplo, se baseia em
O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja, uma técnica chamada DNA Barcoding (Codigo de Barras
atrai pessoas de áreas como Física, Design, Artes, Compu- de DNA, em tradução livre).
tação e Matemática. “Elas juntam seus conhecimentos à Todo segundo sábado do mês o centro Genspace, em
Biologia para desenvolver projetos”, diz Ochoa. Nova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem
Claro que, assim como hackers de computadores, os suas próprias amostras de alimentos e façam testes do
interessados precisam ter um bom conhecimento no as- tipo. Há quem invista na divulgação científica e nas possi-
sunto para poder se aventurar em ações mais inovadoras. bilidades educacionais da Biologia DIY.
Mas isso não significa ter doutorado em Biotecnologia, diz É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores
a professora Liza Felicori, da Universidade Federal de Mi- do Conector Ciência, iniciativa que visa colocar em conta-
nas Gerais (UFMG). to escolas com métodos de ensino de baixo custo e fazer
“A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o co- os próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para
nhecimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz descobrir a biodiversidade com um microscópio de papel,
experimentos com alunos de ensino médio e eles enten- fazer a automação de luzes com sensores de luminosida-
dem, fazem bem. Conseguem tranquilamente extrair o de, entre outros usos.
DNA de um morango, por exemplo”, afirma ela, que está Outro caminho comum é o desenvolvimento de novos
montando um laboratório aberto para pessoas de fora da materiais, como fez o estudante de Biotecnologia baiano
universidade. Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo
“Muitas vezes, a universidade fica fechada demais em que converte fibra do coco verde em papel reciclável usan-
si mesma. Os jovens não têm os bloqueios de quem lida do métodos caseiros e materiais acessíveis.
com as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo “É um material fibroso genérico que você mistura com
novas soluções.” outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá
Chips e DNA pra fazer telha, piso, tijolo”, explica Alves. “Aqui, o alto con-
Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos sumo de coco é um problema grande, porque eles acabam
focados em fazer experimentos para encontrar soluções; empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue.”
pessoas interessadas em desenvolver e baratear equipa- “Novos materiais são um nicho”, diz Andres Ochoa.
mentos e em montar laboratórios coletivos que possibili- “No Brasil já se trabalha com produção de um tecido eco-
tem esses experimentos; e uma terceira vertente, interes- lógico que parece com couro a partir dos micro-oganis-
sada em modificações corporais tecnológicas. mos que fazem kombucha (uma bebida fermentada).”

24
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Manipular micro-organismos também é muito útil Interessado em baratear equipamentos para esses la-
para tornar alguns tipos de fármacos mais acessíveis. An- boratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu
drés Ochoa participou da fase inicial do projeto Open In- projetos nesse sentido e acabou lançando a start-up [em-
sulin, em que um grupo de 16 biohackers se uniu para criar presa iniciante de tecnologia] Prometheus Science, na Ale-
um protocolo open source (aberto) de insulina - espécie manha.
de instrução que serve de base para a produção da subs- Sua empresa é parte da enorme comunidade criando
tância, usada no tratamento de diabetes, de maneira mais equipamentos baratos e mais acessíveis. “Possibilitando
barata e acessível. O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 que um experimento que custa 100 euros possa ser feito
mil ( R$ 50 mil) no Experiment, uma plataforma de finan- por 3, você quebra um das principais barreiras da ciência,
ciamento coletivo para pesquisas científicas. que é a dificuldade de acesso por causa de dinheiro”, diz
No Brasil, não há legislação específica para “labora- ele.
tórios de garagem”, no entanto, tudo o que é produzido Nós e eles
fica sujeitos à legislação específica para aquele produto. Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Bio-
Remédios, por exemplo, terão de passar por aprovação da logia DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas,
Anvisa antes de serem distribuídos. como sequenciamento de DNA, foram ficando mais aces-
Por isso, os biohackers acabam criando empresas e síveis. Já no Brasil e em países como Índia e África do Sul,
muitas vezes profissionalizando o que era um hobby. A en- contam os biohackers, o movimento surgiu da necessida-
genheira química Clarissa Lopes, o estudante de Engenha- de.
ria Aeroespacial Lucas Milagres e o estudante de Bioinfor- “Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão
mática Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar barato que a galera consegue montar laboratórios na pró-
seu projeto de usar bactérias na produção de calcitriol, um pria garagem. Aqui em São Paulo, não tem como fazer
medicamento usado no tratamento de insuficiência crôni- isso. Para começar, a gente nem tem garagem”, diz Otto
ca renal. Heringer, que faz especialização na Universidade de São
“A indústria farmacêutica usa hoje outro processo, de Paulo (USP).
bem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local”, Há mais de 80 espaços de Biologia DIY pelo mundo,
afirma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do pro- de acordo com o site DIYBio. A maioria é em cidades do
jeto por ainda não ter registrado uma patente. Sua expec- hemisfério norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Ale-
tativa é chegar a um forma de produção mais barata do manha), Paris (França), Nova York e São Francisco (Estados
remédio. Unidos).
Laboratórios “Não posso reclamar da USP, mas muitas universida-
O Brasil já tem diversos laboratórios “de garagem” des federais não têm os laboratórios que os caras na Eu-
abertos, com impressoras 3D e outros materiais para quem ropa têm em casa”, afirma o Heringer. Nos Estados Unidos,
é adepto do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Rio de por exemplo, é possível comprar kits prontos de engenha-
Janeiro, e o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeitura ria genética pela internet.
de São Paulo. No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a
Para trabalhar com “Biologia de Garagem”, no entanto, maioria dos laboratórios abertos na área de biologia ainda
é preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com são, de algum modo, ligados às universidades - ocupando
equipamentos específicos e protocolos de biossegurança. espaços ou reaproveitando equipamentos.
São os chamados wetlabs, laboratórios “molhados”, por- “Mesmo a ciência ‘oficial’ que fazemos muitas vezes
que lidam com componentes vivos. é em uma salinha minúscula, com material improvisado,
O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Uni- com muita dificuldade. A gente está acostumado com a
versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um deles. Ele gambiarra. Sair dos muros da universidade ou dos labo-
já recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano. ratórios das grandes indústrias é quase uma questão de
Há microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para sobrevivência pra gente. O biohacking faz muito mais sen-
separar componentes de soluções), uma impressora 3D, tido para nós do que para eles”, afirma.
uma máquina de PCR (para reproduzir DNA em grandes Ele também aponta a diferença nos tipos de iniciativas:
quantidades) e um nanodrop (que mede a concentração enquanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para
de moléculas). resolver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa,
A estudante Carol Gonzaga também montou um des- muitos deles são mais recreativos ou tem um quê de hob-
ses espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Rio de by excêntrico.
Janeiro. O laboratório fica atualmente em um local impro- Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já
visado, mas será levado para um galpão de 320 m². começaram as surgir as preocupações com possíveis riscos
“Terá um espaço de fabricação digital, uma cozinha – laboratórios amadores não poderiam criar organismos
experimental, laboratório de biohacking e um laboratório nocivos? O FBI, a polícia federal americana, monitora o
de mídia para lidar com eletrônica e comunicação”, explica movimento, mas não há regulamentação específica.
ela, que conseguiu apoio do parque tecnológico da Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Os entusiastas dizem que todos os locais seguem pro- • 2. A revelação de que de Lucy morreu ao cair de
tocolos de biossegurança e cartilhas de bom funciona- uma árvore
mento. O cientista francês Thomas Landrain, que estuda o Lucy, a Australopithecos mais famosa da história, pode
movimento, diz em sua pesquisa que os espaços ainda não ter morrido ao cair de uma árvore, anunciaram cientistas em
têm sofisticação suficiente para gerar problemas. agosto deste ano. Em estudo publicado na revista científi-
Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohac- ca Nature, a equipe de pesquisadores estudou as faturas do
kers seguem entusiasmados. “Tornar a ciência mais aces- ancestral humano e comparou-as com restos mortais de ou-
sível tem um enorme potencial transformador”, diz André tros casos clínicos para descobrir como ela havia morrido -
Maia Chagas, do Prometheus Science. até então um mistério para os cientistas. Lucy viveu na África
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 há 3,18 milhões de anos e seu fóssil foi descoberto em 1974
pelo professor Donald Johanson e o estudante Tom Gray,
em Hadar, na Etiópia. A espécie é chamada de Australopithe-
cus anamensis. Lucy era uma fêmea de pouco mais de um
DESCOBERTAS E INOVAÇÕES CIENTÍFICAS NA metro de estatura, que combinava traços humanos com ca-
ATUALIDADE E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE racterísticas similares às do chimpanzé, e já caminhava ere-
CONTEMPORÂNEA. ta. Neste mês, outro grupo de cientistas descobriu que Lucy
passava muito tempo em árvores,  principalmente, à noite,
para repousar  e escapar de predadores, além de procurar
O ano teve ainda a descoberta do exoplaneta habitá- alimentos. Em uma de suas sonecas, Lucy pode ter caído.
vel mais próximo de nós e a constatação de que Lucy, a Estudos sobre a vida e morte da fêmea podem trazer mui-
Australopithecos mais famosa da história, morreu ao cair tas informações sobre a sua espécie e a evolução humana
de uma árvore, trazendo novas revelações sobre a evo- - se  Lucy  morreu assim, os antropólogos podem chegar a
lução humana. Confira abaixo os 5 fatos científicos mais uma série de conclusões. Por exemplo, que Australopithe-
importantes de 2016: cus realmente se revezavam entre andar no chão e pular de
árvore em árvore. O fato de Lucy ter sofrido o acidente se-
ria uma indicação de que seu corpo estava cada vez menos
• 1. O anúncio da deteção das ondas gravitacio-
adaptado à vida nas copas, algo determinante para a nossa
nais
evolução, visto que a agilidade como bípedes se mostrou
Cem anos depois de previstas por Albert Einstein, as
fundamental para nos tornarmos melhores caçadores e para
ondas gravitacionais foram, enfim, detectadas. Em feve-
sobrevivermos em savanas.
reiro deste ano, cientistas anunciaram que conseguiram,
pela primeira vez, captar essas minúsculas ondulações no
• 3. A provável existência de um novo planeta no
espaço-tempo – aquilo que os físicos descrevem metafori-
sistema solar
camente como o tecido do universo, o ambiente dinâmico
Segundo os cientistas do Instituto de Tecnologia da Ca-
onde todos os acontecimentos transcorrem –, a única par-
lifórnia (Caltech, na sigla em inglês), há “boas evidências” da
te da Teoria da Relatividade Geral que ainda não havia sido existência de um “Planeta Nove” no sistema solar. De acor-
comprovada pela ciência. A  confirmação do fenômeno é do com os pesquisadores, que anunciaram a hipótese para
uma conquista histórica, buscada há anos pelos pesquisa- sua existência em janeiro de 2016, esse novo planeta teria
dores. Para detectar diretamente essas ondas, foi necessá- uma massa de cerca de 10 vezes a da Terra (e 5.000 vezes
ria uma colaboração de mais de 1.000 cientistas em uni- a de Plutão) e levaria entre 10.000 e 20.000 anos para dar
versidades espalhadas pelos Estados Unidos e em outros uma volta completa em torno do Sol. Sua localização es-
14 países – incluindo o Brasil. Os detectores, com braços taria 20 vezes mais longe que Netuno, o oitavo planeta no
em forma de “L” de cerca de quatro quilômetros de exten- sistema solar. Já da Terra, o Planeta Nove pode estar de 32
são, foram feitos para captar oscilações muito mais sutis bilhões a 160 bilhões de quilômetros de distância. Por ser,
que a luz – eles poderiam registrar distorções viajando no possivelmente, o planeta mais distante do Sol, ele planeta
espaço com o tamanho de um milésimo do diâmetro de jamais foi visto por qualquer telescópio - a possibilidade de
um núcleo atômico. Einstein previu que os objetos que se sua existência foi feita com base em cálculos matemáticos e
movimentam no Universo produzem ondulações no espa- modelagem computadorizada. O novo membro do sistema
ço-tempo e que estas se propagam pelo espaço. As ondas solar também pode ser responsável por um fenômeno que,
gravitacionais seriam essas distorções mínimas no campo até o momento, era um mistério espacial: a inclinação de seis
gravitacional do Universo que transportam energia, uma graus do sistema solar. Em linhas gerais, os oito planetas or-
espécie de “eco” dos eventos cósmicos. Para os especia- bitam o Sol como se estivessem em um mesmo plano. Esse
listas, a detecção das ondas abre um tipo de “janela” para plano, contudo, é inclinado em relação ao Sol. Se pudésse-
enxergar o univerno, inaugurando uma nova foram de fa- mos ver de fora, a impressão seria de que a estrela (e não o
zer astronomia. plano) estivesse inclinada. De acordo com os pesquisadores,
a existência do Planeta Nove seria uma razão plausível para a
inclinação - e mais uma evidência de sua provável existência.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

• 4. A descoberta de “Proxima b”
Em agosto de 2016, cientistas anunciaram ter desco- O DESENVOLVIMENTO URBANO BRASILEIRO.
berto o planeta habitável fora do sistema solar mais próxi-
mo de nós, encerrando uma busca de anos. O exoplaneta
“Proxima b”, como foi batizado, orbita Proxima Centauri,
a estrela mais perto do Sol, e tem  condições de tempe- O processo de urbanização no território brasileiro ini-
ratura parecidas com as da Terra, o que pode permitir a ciou-se, de maneira mais concreta, a partir do final do sé-
existência de água líquida em sua superfície -- condição culo XIX, com o início gradativo da  industrialização no
essencial para o surgimento de vida. A 4,2 anos-luz (cada país. No entanto, foi após os anos 1930 que a presença
ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros) de dis- das indústrias tornou-se mais intensiva e a urbanização
tância de nós, o novo planeta é possivelmente rochoso e começou a intensificar-se. A segunda metade do século XX
tem a massa 1,3 vez maior que a da Terra. O estudo com a serviu de incremento graças ao intenso êxodo rural oca-
descrição do planeta, publicado na revista Nature, mostra sionado pela mecanização das atividades produtivas no
que o novo planeta completa uma volta em torno de sua meio rural, o que gerou um maior desemprego no campo
estrela a cada 11,2 dias terrestres. A descoberta é resulta- e a grande leva de migrantes em direção às principais ci-
do do trabalho de dezesseis anos de uma equipe de mais dades do Brasil.
de trinta cientistas que trabalharam com as observações A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela
feitas pelos telescópios e outros instrumentos do  Obser- primeira vez, passou a ter uma população predominante-
vatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). “Proxima mente urbana, ou seja, a maior parte dos habitantes con-
b provavelmente será o primeiro exoplaneta visitado por centrava-se nas cidades. Atualmente, mais de 80% dos
uma sonda feita por seres humanos”,  disse Julien Morin, habitantes do Brasil residem em cidades, sendo a maioria
coautor do estudo e astrofísico da Universidade de Mon- desses em grandes centros urbanos e capitais, tais como
tpellier, na França. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre
e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a ur-
• 5. O paradeiro do robô Philae banização brasileira contou com um intensivo processo
Perdido em uma fenda escura, coberta por gelo e ro- de metropolização — a concentração das populações nas
chas do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Era lá que grandes metrópoles.
estava o robô Philae,  segundo as imagens captadas pela
sonda espacial Rosetta, em setembro 2016. Ao tocar a su- Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigual-
perfície, no pouso histórico sobre o cometa, em 12 de no- dade tanto em tamanho das cidades e número de habi-
vembro de 2014, Philae quicou duas vezes e parou longe tantes quanto em níveis de avanço econômico e ofertas
do ponto escolhido pelos cientistas. O imprevisto fez com de infraestrutura no espaço urbano brasileiro. A região Su-
que o robô ficasse perdido em uma zona com pouca ex- deste, dessa forma, abrange a maior parte dos habitantes
posição à luz solar, alimento de suas baterias,   e parasse e possui as maiores taxas de urbanização, com destaque
de enviar dados à Terra. Até setembro, a sonda Rosetta, para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam
que orbitava o cometa, ainda não havia conseguido lo- com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades.
calizá-lo. Em 27 de julho deste ano, os cientistas haviam Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da re-
decidido cortar as comunicações com o módulo, prepa- gião Nordeste apresentam números mais modestos nesse
rando o fim da missão, que aconteceu em 30 de setembro, sentido. Os estados menos urbanizados do Brasil são Pará,
com um novo pouso sobre o cometa, desta vez, da sonda Maranhão e Piauí, enquanto outros apresentam números
Rosetta. A meta da missão Rosetta era estudar a superfície pouco maiores, mas com índices populacionais baixos, o
do cometa 67P, buscando a água e o material orgânico que torna suas cidades menores em termos demográficos,
presente nesse corpo celeste que, de acordo com algumas a exemplo do Acre e de Roraima.
teorias, podem ter sido responsáveis por trazer a água ou Outro exemplo de estado com pouca população e com
até mesmo os componentes orgânicos necessários ao sur- elevada urbanização é Goiás, graças à grande quantidade
gimento da vida para a Terra. de pessoas habitando a região metropolitana de Goiânia
Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/as-5-descober- e o entorno do Distrito Federal. Assim como os dois esta-
tas-cientificas-mais-importantes-de-2016/ dos do Sudeste acima mencionados, o território goiano é
cerca de 90% composto por populações urbanas, mas o
seu número total de habitantes é de apenas seis milhões e
meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a
capital paulista, que, sozinha, ultrapassa os onze milhões.

27
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A densidade populacional mais elevada na região Su- Em termos de vegetação, o Tocantins é um dos nove
deste deve-se às heranças econômicas e estruturais herda- estados que formam a região Amazônica. Sua vegetação
das dos ciclos produtivos anteriores, sobretudo do auge do de cerrado (87% do território) divide espaço, sobretudo,
período cafeeiro da história da economia brasileira. Por esse com a floresta de transição amazônica.
motivo, é nessa região que se encontram as duas únicas ci- Mais da metade do território do Tocantins (50,25%)
dades globais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, que, jun- são áreas de preservação, unidades de conservação e ba-
tas, formam uma megalópole, ponto de intensa aglomera- cias hídricas, onde se incluem santuários naturais como a
ção urbana com níveis internacionais de alcance produtivo. Ilha do Bananal (a maior ilha fluvial do mundo) e os par-
Atrás das duas cidades globais estão as metrópoles ques estaduais do Cantão, do Jalapão, do Lajeado e o Mo-
nacionais, responsáveis por estabelecer articulações in- numento Nacional das Árvores Fossilizadas, entre outros.
tensivas com praticamente todo o território nacional. São No Cantão, três importantes ecossistemas chegam a en-
elas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Bra- contrar-se: o amazônico, o pantaneiro e o cerrado.
sília e outras. Enquanto isso, há também as metrópoles re- Só em reservas indígenas, totalizam-se 2 milhões de
gionais, com destaque para Campinas, Goiânia, Manaus, hectares protegidos, onde uma população de 10 mil indí-
Florianópolis, entre outras. genas preserva suas tradições, seus costumes e crenças.
Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e No Tocantins existem sete etnias (Karajá, Xambioá, Javaé,
metropolização vistos ao longo do século XX, o início do Xerente, krahô Canela, Apinajè e Pankararú), distribuídas
século XXI, sobretudo nessa segunda década, demarca um em 82 aldeias.
gradativo processo de descentralização, com o crescimen-
to das metrópoles de médio porte e a desmetropolização Principais rios: Tocantins, Araguaia (que juntos for-
— quando as cidades médias passam a receber uma maior mam a maior bacia hidrográfica inteiramente situada em
carga de investimentos, indústrias, empregos e habitantes. território brasileiro), do Sono, das Balsas, Paranã e Manuel
No entanto, é errado pensar que as grandes metrópoles Alves. Todos rios perenes, o que contribui para que o To-
do país perderam a importância, pelo contrário, suas es- cantins seja considerado um dos 5 estados mais ricos em
água do país.
truturas seguem modernizando-se e, de cidades indus-
triais, elas lentamente vão se tornando centros burocrá-
Limites: Maranhão e Pará, ao Norte;
ticos, concentrando a maior parte das sedes das grandes
Goiás, ao Sul;
empresas nacionais e internacionais.
Maranhão, Piauí e Bahia, ao Leste;
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra-
Pará e Mato Grosso, a Oeste.
fia/o-espaco-urbano-brasileiro.htm
Desbravamento da região
A colonização do Brasil se deu dentro do contexto da
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO política mercantilista do século XVI que via no comércio
TOCANTINS; O MOVIMENTO SEPARATISTA; A a principal forma de acumulação de capital, garantido,
CRIAÇÃO DO ESTADO; OS GOVERNOS DESDE principalmente, através da posse de colônias e de metais
A CRIAÇÃO; GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO preciosos.
Além de desbravar, explorar e povoar novas terras os
PÚBLICA ESTADUAL; DIVISÃO POLÍTICA DO
colonizadores tinham também uma justificativa ideoló-
ESTADO, CLIMA E VEGETAÇÃO; HIDROGRAFIA;
gica: a expansão da fé cristã. “Explorava-se em nome de
ATUALIDADES: ECONOMIA, POLÍTICA, Deus e do lucro, como disse um mercador italiano” (AMA-
DESENVOLVIMENTO. DO, GARCIA). A preocupação em catequizar as populações
encontradas foi constante.
A colônia brasileira, administrada política e economi-
História de Tocantins camente pela metrópole, tinha como função fornecer pro-
dutos tropicais e/ou metais preciosos e consumir produtos
Criado em 1988 pela Assembleia Nacional Constituin- metropolitanos. Portugal, então, iniciou a colonização pela
te, o Tocantins é o mais novo dos 26 estados do Brasil. Lo- costa privilegiando a cana de açúcar como principal pro-
caliza-se na região Norte, exatamente no centro geográfi- duto de exportação.
co do país, condição que lhe possibilita fazer limites com Enquanto os colonizadores portugueses se concen-
estados do Nordeste, Centro-Oeste e do próprio Norte. travam no litoral, no século XVII ingleses, franceses e
Na maior parte, o território do Tocantins é formado holandeses conquistavam a região norte brasileira esta-
por planícies e/ou áreas suavemente onduladas, estenden- belecendo colônias que servissem de base para posterior
do-se por imensos planaltos e chapadões, o que constitui exploração do interior do Brasil. Os franceses, depois de
pouca variação altimétrica se comparado com a maioria devidamente instalados no forte de São Luís na costa ma-
dos outros estados. Assim, o ponto mais elevado do To- ranhense, iniciam a exploração dos sertões do Tocantins.
cantins é a Serra das Traíras, com altitude máxima de 1.340 Coube a eles a descoberta do Rio Tocantins pela foz no
metros. ano de 1610 (RODRIGUES).

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

O rio Tocantins foi um dos caminhos para o conheci- O rei cedia a particulares o direito de exploração de
mento e exploração da região onde hoje se localiza o Esta- riquezas minerais mediante o pagamento do quinto, que
do do Tocantins. Nasce no Planalto Central de Goiás e cor- segundo ordenação do reino, era uma decorrência do do-
ta, no sentido sul-norte, todo o território do atual Estado mínio real sobre todo o subsolo. O rei, não querendo rea-
do Tocantins. lizar a exploração diretamente, cedia a seus súditos este
Só mais de quinze anos depois dos franceses foi que os direito exigindo em troca o quinto do metal fundido e
portugueses iniciaram a colonização da região pela “deci- apurado, a salvo de todos os gastos.
dida ação dos jesuítas”. E ainda no século XVII os padres da
Companhia de Jesus fundaram as aldeias missionárias da Em julho de 1722 a bandeira do Anhanguera saiu de
Palma (Paranã) e do Duro (Dianópolis) (SECOM). São Paulo. Em 1725 volta com a notícia da descoberta de
córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra
 Norte de Goiás na história como as Minas dos Goyazes. Dentro da divisão
O norte de Goiás deu origem ao atual Estado do Tocan- do trabalho no império português, este é o título de exis-
tins. Segundo a historiadora Parente (1999), esta região foi tência e de identidade de Goiás durante quase um século.
interpretada sob três versões. Inicialmente, norte de Goiás
foi denominativo atribuído somente à localização geográ- Um grande contingente populacional deslocou-se
fica dentro da região das Minas dos Goyazes na época dos para “a região do Araés, como a princípio se chamou essa
descobrimentos auríferos no século XVIII. Com referência parte do Brasil, que diziam possuir montanhas de ouro,
ao aspecto geográfico, essa denominação perdurou por lagos encantados e os martírios de Nosso Senhor de Jesus
mais de dois séculos, até a divisão do Estado de Goiás, Cristo gravados nas pedras das montanhas. Era um novo
quando a região norte passa a ser o Estado do Tocantins. Eldorado de histórias romanescas e contos fabulosos”
Num segundo momento, com a descoberta de grandes (ALENCASTRE).
minas na região, o norte de Goiás passou a ser conhecido Diante dessas expectativas reinou, nos primeiros tem-
como uma das áreas que mais produziam ouro na capita- pos, a anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os
nia. Esta constatação despertou o temor ao contrabando
desejos. O proprietário, o industrialista, o aventureiro, to-
que acabou fomentando um arrocho fiscal maior que nas
dos convergiam seus esforços e seus capitais para a mine-
outras áreas mineradoras.
ração” (ALENCASTRE).
Por último, o norte de Goiás passou a ser visto, após a
Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas
queda da mineração, como sinônimo de atraso econômico
à capitania de São Paulo na condição de intendência, com
e involução social, gerador de um quadro de pobreza para
a capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a
a maior parte da população.
quem foi atribuído o cargo de superintendente das minas
Essa região foi palco primeiramente de uma fase épi-
com o objetivo de “representar e manter a ordem legal e
ca vivida pelos seus exploradores, “que em quinze anos
instaurar o arcabouço tributário” ( PALACIN).
abriam caminhos e estradas, vasculharam rios e monta-
nhas, desviam correntes, desmatam regiões inteiras, recha-
çaram os índios, exploram, habitam e povoam uma área Formação dos arraiais
imensa....” (PALACIM)
Descoberto o ouro, a região passa, de acordo com a “Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação so-
política mercantilista do século XVIII, a ser incorporada ao lene do primeiro arraial de Goiás, o arraial de Sant’Anna,
Brasil. O período aurífero foi brilhante, mas breve. E a deca- esse foi o critério para o surgimento dos demais arraiais.
dência, quase sem transição, sujeitou a região a um estado Para as margens dos rios ou riachos auríferos deslocaram-
de abandono. se populações da metrópole e de todas as partes da co-
Foi na economia de subsistência que a população en- lônia, formando à proporção em que se descobria ouro,
controu mecanismos de resistência para se integrar econo- um novo arraial “que podia progredir ou ser abandonado,
micamente ao mercado nacional. Essa integração, embora dependendo da quantidade de riquezas existentes” (PA-
lenta, foi se concretizando baseada na produção agrope- RENTE).
cuária, que predomina até hoje e constitui a base econômi- Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descober-
ca do Estado do Tocantins (PARENTE). tas auríferas no norte de Goiás e, por causa delas, a forma-
ção dos primeiros arraiais no território onde hoje se situa
Economia do ouro o Estado do Tocantins. Natividade e Almas (1734), Arraias
As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais no e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40,
ano 1690 e em Cuiabá em 1718 despertaram a crença de surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e mais tarde Prínci-
que em Goiás, situado entre Minas Gerais e Mato Gros- pe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e
so, também deveria existir ouro. Foi essa a argumentação Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração e
da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera no século XIX se transformaram em vilas e posteriormente
(filho do primeiro Anhanguera que esteve com o pai na em cidades.
região anos antes), para conseguir a licença do rei de Por-
tugal a fim de explorar a região.

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta
todos os tipos permitiu que a composição social da popu- mesma sujeita à capitação e censo, à venalidade dos em-
lação dos arraiais de ouro se tornasse bastante heterogê- pregados de registros e contagens, à falsificação na própria
nea. Trabalhar, enriquecer e regressar ao lugar de origem casa de fundição, ao quinto (...), ao confisco por qualquer
eram os objetivos dos que se dirigiam para as minas. Em ligeira desconfiança de contrabando” (ALENCASTRE). À
sua maioria eram homens brancos, solteiros ou desacom- época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o
panhados da família, que contribuíram para a mistura de método de quintamento nas casas de fundição. A das minas
raças com índias e negras escravas. No final do século de Goiás era em São Paulo. Para lá que deveriam ir os mi-
XVIII, os mestiços já eram grande parte da população que neiros para quintar seu ouro. Recebiam de volta, depois de
posteriormente foram absorvidos no comércio e no servi- descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real.
ço militar. O ouro em pó podia ser usado como moeda no território
A população branca era composta de mineiros e de das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado
pessoas pobres que não tinham nenhuma ocupação e ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamen-
eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. te ficava como obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo
Ser mineiro significava ser dono de lavras e escravos. todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabavam
Era o ideal de todos os habitantes das minas, um título de ficando com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade,
honra e praticamente acessível a quase todos os brancos. canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por
O escravo podia ser comprado a crédito, sua posse dava conseguinte, pagar o quinto correspondente.
o direito de requerer uma data - um lote no terreno de O método da casa de fundição para a cobrança do quin-
mineração - e o ouro era de fácil exploração, do tipo alu- to seria ideal se não fosse um problema que tomava de so-
vional, acumulado no fundo e nas margens dos rios. bressalto o governo português: o contrabando do ouro, que
Todos, uns com mais e outros com menos ações, oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do imposto
participavam da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e mais dez por cento de ágio”.
contratadores que residiam em Lisboa ou Rio de Janeiro Das minas para a costa ou para o exterior era sempre um
mantinham aqui seus administradores. Escravos, mulatos negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas
e forros também praticavam a faiscagem - procura de faís- régias e provisões, nem os sequestros, devassas de registros,
cas de ouro em terras já anteriormente lavradas. Alguns, prêmios prometidos aos delatores e comissões aos soldados
pela própria legislação, tinham muito mais vantagens. puderam por freio (...)”.(PALACIN).
O negro teve uma importância fundamental nas re- O grande contrabando era dos comerciantes que con-
giões mineiras. Além de ser a mão-de-obra básica em to- trolavam o comércio desde os portos, praticado (...) “por
das as atividades, da extração do ouro ao carregamento meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subor-
nos portos, era também uma mercadoria de grande va- nos de soldados, que custodiavam o comboio dos quintos
lor. Primeiro, a quantidade de negros cativos foi condição reais”. Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o es-
casso policiamento, o costume inveterado e a inflexibilidade
determinante para se conseguir concessões de lavras e,
das leis econômicas. (PALACIN). A seu favor tinha o poder
portanto, para um branco se tornar mineiro. Depois, com
político, jurídico e econômico sobre toda a colônia. Assim,
a instituição da capitação no lugar do quinto, o escravo
decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o
tornou-se referência de valor para o pagamento do im-
isolamento destas.
posto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados
A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de
que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro
acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas
para a Coroa. Mas a situação do negro era desoladora. Os
bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do
maus tratos e a dureza do trabalho nas minas resultavam
Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado
em constantes fugas.
o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí.
A mão-de-obra indígena na produção para a exporta- Foi proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando a
ção foi muito menor que a negra. Isso é devido ao fato da região de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão.
não adaptação do índio ao rigor do trabalho exigido pelo À proporção que crescia a importância das minas sur-
branco, gerando uma produção de baixa rentabilidade. giram atritos com os governadores das capitanias do Mara-
nhão e Pará, “quando do descobrimento das minas de Nati-
O controle das minas vidade e São Félix e dos boatos de suas grandes riquezas (...).
Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Os governadores tomaram para si a incumbência de nomear
Minas de Goyazes, o governo português tomou uma sé- autoridades para os ditos arraiais e outras minas que pudes-
rie de medidas para garantir para si o maior proveito da sem surgir, a fim de tomarem posse e cobrarem os quintos de
exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas ouro ali existentes”.(PARENTE).O resultado foi o afastamento
estradas em direção às minas. Os rios foram trancados à dessa interferência seguido da proibição, através de bandos,
navegação. As indústrias proibidas ou limitadas. A lavoura da entrada das populações das capitanias limítrofes na região
e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não e a saída dos que estavam dentro sem autorização judicial.
podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fisca-
lizado. E o fisco, insaciável na arrecadação.

30
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Decadência da produção A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades ad-
A produção do ouro goiano teve o seu apogeu nos pri- ministrativas metropolitanas quanto dos mineiros e co-
meiros dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 merciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não
e 1735. Foi o período em que o ouro aluvional aflorava por se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de
toda a região, resultando numa produtividade altíssima. ouro, que surgiam e desapareciam no Tocantins, contribuí-
Quando se iniciou a cobrança do imposto de capitação em ram apenas para o expansionismo geográfico. Cada vez
todas as regiões mineiras, a produção começou a cair, pos- se adentrava mais o interior em busca do ouro aluvional,
sivelmente mascarada pelo incremento do contrabando na mas em vão.
região, impossível de se mensurar.
De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais
alto por ser o período da volta da cobrança do quinto nas No norte da capitania a crise foi mais profunda. Isolada
casas de fundição. Mas a produtividade continuou decres- tanto propositadamente quanto geograficamente, essa re-
cendo. O motivo dessa contradição era a própria extensão gião sempre sofreu medidas que frearam o seu desenvolvi-
das áreas mineiras, que compensavam e excediam a redu- mento. A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins
ção de produtividade. e Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica de a
A distâncias das minas do norte, os custos para levar região atingir outros mercados consumidores das capitanias
o ouro e o risco de ataques indígenas aos mineiros justi- do norte da colônia. O caminho aberto que ligava Cuiabá a
ficaram a criação de uma casa de fundição em São Félix Goiás não contribuiu em quase nada para interligar o co-
em 1754. Mas, já em 1797, foi transferida para Cavalcante, mércio da região com outros centros abastecedores, visto
“por não arrecadar o suficiente para cobrir as despesas de que o mercado interno estava voltado ao litoral nordestino.
sua manutenção”.(PARENTE). Esse isolamento, junto com o fato de não se incentivar a pro-
A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da dução agro-pecuária nas regiões mineiras, tornava abusivo o
diminuição da arrecadação da Casa de Fundição de São preço de gêneros de consumo e favorecia a especulação. A
Félix. Foram tomadas algumas providências como a insta- carência de transportes, a falta de estradas e o risco frequen-
lação de um registro, posto fiscal, entre Santa Maria (Ta- te de ataques indígenas dificultavam o comércio.
guatinga) e Vila do Duro (Dianópolis).
Além destas dificuldades, o contrabando e a cobrança
de pesados tributos contribuíram para drenagem do ouro
Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação
para fora da região. Dos impostos, somente o quinto era
foi organizar bandeiras para tentar novos descobrimentos.
remetido para Lisboa. Todos os outros (entradas, dízimos,
Tem-se notícia do itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-
contagens, etc.) eram destinados à manutenção da colônia e
se rumo ao Pontal (região de Porto Real), pela margem es-
da própria capitania.
querda do Tocantins e entrou em conflito com os Xerente,
Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento eco-
resultando na morte de seu comandante.
nômico devido à falta de acumulação de capital e ao atrofia-
A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelân-
mento do mercado interno após o fim do ciclo da minera-
dia (GO) para as margens do rio Araguaia em busca dos
ção, a população se volta para a economia de subsistência.
Martírios, serra onde se acreditava existir imensas riquezas
auríferas. Mas a expedição só chegou até a ilha do Bananal
onde sofreu ataques dos Xavante e Javaé, dali retornando. Nas últimas décadas do século XVIII e início do século
No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação de
da arrecadação do quinto com o fim das descobertas do crise, o que levou os governantes goianos a voltarem suas
ouro de aluvião, predominando a faiscagem nas minas an- atenções para as atividades econômicas que antes sofreram
tigas. Quase sem transição, chegou a súbita decadência. proibições, objetivando soerguer a região da crise em que
mergulhara.
A crise econômica
O declínio da mineração foi irreversível e arrastou Subsistência da população e a integração econômica
“consigo os outros setores a uma ruína parcial: diminui- Na segunda década do século XIX, com o fim da mine-
ção da importação e do comércio externo, menor arre- ração, os aglomerados urbanos estacionaram ou desapare-
cadação de impostos, diminuição da mão-de-obra pelo ceram e grande parte da população abandonou a região. Os
estancamento na importação de escravos, estreitamento que permaneceram foram para zona rural e dedicaram-se
do comércio interno, com tendência à formação de zonas à criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum
de economia fechada e um consumo dirigido à pura sub- excedente para aquisição de gêneros essenciais (PALACIN).
sistência, esvaziamento dos centros de população, rurali- Toda a capitania entrou num processo de estagnação
zação, empobrecimento e isolamento cultural” (PALACIN). econômica. No norte, o quadro de abandono, despovoa-
Toda a capitania entrou em crise e nada foi feito para a sua mento, pobreza e miséria foi descrito por muitos viajantes
revitalização. Endividados com os comerciantes, os minei- e autoridades que passaram pela região nas primeiras déca-
ros estavam descapitalizados. das do século XIX.

31
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Saint-Hilaire, na divisa norte/sul da capitania, revelou: Criação da Comarca do Norte - 1809


“à exceção de uma casinha que me pareceu abandonada, Para facilitar a administração, a aplicação da justiça e,
não encontrei durante todo o dia nenhuma propriedade, ne- principalmente, incentivar o povoamento e o desenvolvi-
nhum viajante, não vi o menor trato de terra cultivada, nem mento da navegação dos rios Tocantins e Araguaia, o Alvará
mesmo um único boi”. de 18 de março de 1809 dividiu a Capitania de Goiás em duas
Johann Emanuel Pohl, anos depois, passando pelo po- comarcas (regiões): a Comarca do Sul e a Comarca do Norte.
voado de Santa Rita constatou: “é um lugar muito pequeno, Esta recebeu o nome de Comarca de São João das Duas Bar-
em visível decadência (...). Por não haver negros, por falta de ras, assim como chamaria a vila que, na confluência do Ara-
braços, as lavras de ouro estão inteiramente descuradas e guaia no Tocantins se mandaria criar com este mesmo nome
abandonadas”. para ser sua sede. Para nela servir foi nomeado o desembar-
gador Joaquim Theotônio Segurado como seu ouvidor.
O desembargador Theotônio Segurado, que mais tarde A nova comarca compreendia os julgados de Porto
se tornaria ouvidor da Comarca do Norte, em relatório de Real, Natividade, Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante,
1806, deu conta das penúrias em que vivia a região em fun- Traíras e Flores. O arraial do Carmo, que já tinha sido ca-
ção tanto do abandono como da falta de meios para contra- beça de julgado, perde essa condição que foi transferida
por esse quadro: “A capitania nada exportava; o seu comércio para Porto Real, ponto que começava a prosperar com a
externo era absolutamente passivo: os gêneros da Europa, navegação do Tocantins. Enquanto não se fundava a vila
vindos em bestas do Rio ou Bahia pelo espaço de 300 léguas, de São João das Duas Barras, Natividade seria a sede da
chegavam caríssimos; os negociantes vendiam tudo fiado: ouvidoria. A função primeira de Theotônio Segurado era
daí a falta de pagamentos, daí as execuções, daí a total ruína designar o local onde deveria ser fundada essa vila.
da Capitania”. Alegando a distância e a descentralização em relação
Diante dessa situação, a Coroa Portuguesa tomou cons- aos julgados mais povoados, o ouvidor e o povo do nor-
ciência de que só através do povoamento, da agricultura, da te solicitaram a D. João autorização para a construção da
pecuária e do comércio com outras regiões que a capitania sede da comarca em outro local. No lugar escolhido por
poderia retomar o fluxo comercial de antes. Como saída para Segurado, o alvará de 25 de janeiro de 1814 autorizava a
a crise voltaram-se as atenções para as possibilidades de li- construção da sede na confluência dos rios Palma e Pa-
gação comercial com o litoral, através da capitania do Pará, ranã, a vila de Palma, hoje a cidade de Paranã.
pela navegação dos rios Tocantins e Araguaia (CAVALCANTE). A vila de São João das Duas Barras recebeu o título de
As picadas, os caminhos e a navegação pelos rios To- vila, mas nunca chegou a ser construída. Theotônio Segu-
cantins e Araguaia, todos interditados na época da minera- rado, administrador da Comarca do Norte, muito traba-
ção para conter o contrabando, foram liberados desde 1782. lhou para o desenvolvimento da navegação do Tocantins
Como efeito imediato o norte começou a se relacionar com o e o incremento do comércio com o Pará. Assumiu posição
Pará, ainda que de forma precária e inexpressiva. de liderança como grande defensor dos interesses regio-
Nas primeiras décadas do século XIX, o desembargador nais e, tão logo se mostrou oportuno, não hesitou em rei-
Theotônio Segurado já apontava a navegação dos rios To- vindicar legalmente a autonomia político-administrativa
cantins e Araguaia como alternativa para o desenvolvimento da região.
da região através do estímulo à produção para um comércio O 18 de março foi, oficialmente, considerado o Dia da
mais vantajoso tanto no norte como em toda a Capitania, Autonomia pela lei 960 de 17 de março de 1998, por ser a
diferente do tradicionalmente realizado com a Bahia, Minas data da criação da Comarca do Norte, estabelecida como
Gerais e São Paulo. Com esse fim propôs a formação de com- marco inicial da luta pela emancipação do Estado.
panhias de comércio, o estímulo à agricultura, o povoamento
das margens desses rios oferecendo isenção por dez anos do Movimento Separatista do Norte de Goiás - 1821
pagamento de dízimos aos que ali se estabelecessem, e, aos a 1824
comerciantes, concessão de privilégios na exportação para o A Revolução do Porto no ano de 1820, em Portugal,
Pará (CAVALCANTE). exigindo a recolonização do Brasil, mobilizou na colônia,
especificamente no litoral, a elite intelectualizada em prol
Com estas propostas chamou a atenção das autorida- da emancipação do país. Em Goiás, essas ideias liberais
des governamentais para a importância do comércio de refletiram na tentativa de derrubar a própria personifica-
Goiás com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins. Foi ção da dominação portuguesa: o capitão-general Manoel
ele próprio realizador de viagens para o Pará incentivando a Sampaio.
navegação do Tocantins. Destacou-se como um grande de- Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821,
fensor dos interesses da região quando foi ouvidor da Co- sob a liderança do capitão Felipe Antônio Cardoso e do pe.
marca do norte. A criação dessa comarca visava promover o Luiz Bartolomeu Marques.
povoamento no extremo norte para fomentar o comércio e a
navegação dos rios Araguaia e Tocantins.

32
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Coube ao primeiro mobilizar os quartéis e ao segun- Trajetória de luta pela criação do Tocantins
do conclamar o povo e lideranças para a preparação de No final do século XIX e no decorrer do século XX, a
um golpe que iria depor Sampaio. Contudo, houve uma ideia de se criar o Tocantins, estado ou território, esteve
denúncia sobre o golpe e, em seguida, foi ordenada a pri- inserida no contexto das discussões apresentadas em tor-
são dos principais líderes rebeldes. O pe. Marques conse- no da redivisão territorial do país, no plano nacional. Mas,
guiu fugir e novamente articulou contra o capitão-general. a concretização desta ideia só veio com a Constituição de
Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes foram expul- 1988 que criou o Estado do Tocantins pelo desmembra-
sos da capital Vila Boa. Alguns vieram para o norte, como mento do estado de Goiás.
o capitão Cardoso, que teve ordem para se retirar para
o distrito de Arraias, e o pe. José Cardoso de Mendonça, Ainda no Império, duas tentativas: a defesa de Vis-
enviado para a aldeia de Formiga e Duro. conde de Taunay, na condição de deputado pela Província
de Goiás, propondo a separação do norte goiano para a
Mas os acontecimentos que ocorreram na capital não criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com a vila
ficaram isolados. A ideia da nomeação de um governo capital em Boa Vista (Tocantinópolis), em 1863; e, de modo
provisório, depois de fracassada na capital, foi aclamada mais concreto, em 1889, com o projeto de Fausto de Souza
no norte onde já havia anseios separatistas. O desejo do para a redivisão do Império em 40 províncias, constando a
padre Luiz Bartolomeu Marques não era outro senão a do Tocantins na região que compreendia o norte goiano.
independência do Brasil. E a deposição de Sampaio seria Nas primeiras décadas da República o discurso sepa-
apenas o primeiro passo. Para este fim contavam com o vi- ratista sobreviveu na imprensa regional, principalmente
gário de Cavalcante, Francisco Joaquim Coelho de Matos, de Porto Nacional - maior centro econômico e político da
que cedeu a direção das coisas ao desembargador Joa- época - em periódicos como “Folha do Norte” e “Norte de
quim Theotônio Segurado. Goiás”. A partir da década de 1930 que o discurso retorna
No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada à esfera nacional.
tentativa de deposição de Sampaio, instalou-se o gover- Após a criação pela Constituição de 1937 dos terri-
no independencista do norte, com capital provisória em tórios do Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia -
Cavalcante. O ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio Itaguaçu e Ponta Porã (extintos pela Constituição de 1946),
Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta provisória até houve também quem defendesse a criação do território do
janeiro de 1822. No dia seguinte, o governo provisório da Tocantins.
Comarca da Palma fez circular uma proclamação em que
declarou-se separado do governo.(ALENCASTRE). As justi- A criação do Estado do Tocantins - 1988
ficativas para a separação do norte em relação ao centro- O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o
sul de Goiás eram, para Segurado, de natureza econômica, momento oportuno para mobilizar a população em tor-
política, administrativa e geográfica. no de um projeto de existência quase secular e pelo qual
lutaram muitas gerações: a autonomia política do norte
A instalação de um governo independente - não ne- goiano, já batizado Tocantins.
cessariamente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim A Conorte apresentou à Assembleia Constituinte uma
ao governo do capitão-general da Comarca do Sul - pa- emenda popular com cerca de 80 mil assinaturas como
recia ser o único objetivo de Theotônio Segurado. A sua reforço à proposta de criação do Estado. Foi criada a União
posição não-independencista provocou a insatisfação de Tocantinense, organização supra-partidária com o objetivo
alguns dos seus correligionários políticos e a retirada de de conscientização política em toda a região norte para
apoio à causa separatista. Em outubro de 1821, transfere lutar pelo Tocantins também através de emenda popular.
a capital para Arraias provocando oposição e animosidade Com objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do Es-
dos representantes de Cavalcante. Com o seu afastamento tado do Tocantins, que conquistou importantes adesões
em janeiro de 1822, quando partiu para Lisboa como de- para a causa separatista. “O povo nortense quer o Estado
putado representante de Goiás na Corte, agravou a crise do Tocantins. E o povo é o juiz supremo. Não há como
interna. contestá-lo”, reconhecia o governador de Goiás na época,
“A partir dessa data uma série de atritos parecem de- Henrique Santilo. (SILVA)
nunciar que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da
Segurado, nenhuma liderança capaz de impor-se com a Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Cons-
autoridade representativa da maioria dos arraiais conse- tituinte, redige e entrega ao presidente da Assembleia, o
guiu se firmar. Pelo contrário, os interesses particulares dos deputado Ulisses Guimarães, a fusão de emendas criando
líderes de Cavalcante, Palmas, Arraias e Natividade se so- o Estado do Tocantins que foi votada e aprovada no mes-
brepuseram à causa separatista regional” (CAVALCANTE). mo dia.
Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição, em 05 de outubro de 1988,
nascia o Estado do Tocantins.

33
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

A eleição dos primeiros representantes tocantinenses Divisão Política de Tocantins


foi realizada em 15 de novembro de 1988, pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Goiás, junto com as eleições dos pre- Quando o Estado do Tocantins foi criado, havia ape-
feitos municipais. Além do governador e seu vice, foram nas 60 municípios. A seguir, ainda por Goiás, foram cria-
escolhidos os senadores e deputados federais e estaduais. dos mais 19 novos municípios, dois dos quais, Aliança do
A cidade de Miracema do Norte, localizada na região Tocantins e São Valério da Natividade, foram instalados a
central do novo Estado, foi escolhida como capital provisó- 1º de Janeiro de 1989. Os demais 17 novos municípios ti-
ria. No dia 1º de janeiro de 1989 foi instalado o Estado do veram suas eleições municipais realizadas a 16 de abril e
Tocantins e empossados o governador, José Wilson Siquei- foram instalados a 1º de Junho deste mesmo ano, com a
ra Campos; seu vice, Darci Martins Coelho; os senadores posse dos primeiros Prefeitos e Vices e as respectivas Câ-
Moisés Abrão Neto, Carlos Patrocínio e Antônio Luiz Maya; maras de Vereadores.
juntamente com oito deputados federais e 24 deputados Até 1º de Janeiro deste ano de 1990, o Estado do To-
estaduais. cantins contava com 80 Municípios. Com a fusão de Ta-
Ato contínuo, o governador assinou decretos criando quarussu do Porto com Palmas, Município criado pela
as Secretarias de Estado e viabilizando o funcionamento Constituinte Estadual, reduziu-se para 79 o número de
dos poderes Legislativo e Judiciário e dos Tribunais de Jus- Municípios no Estado.
tiça e de Contas. Foram nomeados o primeiro secretariado Geografia de Tocantins
e os primeiros desembargadores.
Também foi assinado decreto mudando o nome das O estado do Tocantins está situado na região Norte do
cidades do novo Estado que tinham a identificação “do Brasil. É o mais novo dos 26 estados do país. Seus limites
Norte” e passaram para “do Tocantins”. Foram alterados, são os seguintes: Goiás (Sul); Piauí (Leste); Maranhão (Nor-
por exemplo, os nomes de Miracema do Norte, Paraíso do deste); Bahia (Sudeste); Pará (Noroeste) e Mato Grosso
Norte e Aurora do Norte para Miracema do Tocantins, Pa- (Sudoeste). A extensão territorial do estado de Tocantins é
raíso do Tocantins e Aurora do Tocantins. de 277.620,9 km², divididos em 139 municípios. A capital
No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primei- do estado é Palmas.
ra Constituição do Estado, feita nos moldes da Constituição O relevo do Tocantins é predominantemente forma-
Federal. Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já do por planícies, embora sejam encontradas planaltos e
existentes. Atualmente, o Estado possui 139 municípios. depressões, principalmente na região sul do estado, com
Foi construída, no centro geográfico do Estado, numa pouca variação de altitude. A maior parte do estado não
área de 1.024 Km2 desmembrada do município de Porto ultrapassa a altitude de 500 metros, em relação ao nível do
Nacional, a cidade de Palmas, para ser a sede do governo mar. O ponto mais elevado do estado tem 1340 metros de
estadual. Em 1º de janeiro de 1990, foi instalada a capital. altitude, e fica na Serra das Traíras.
Governo de Tocantins A vegetação predominante no estado é o  Cerrado 
A Procuradoria Geral do Estado do Tocantins é institui- (cobre 90% do território), cujas principais características
ção de natureza permanente, essencial à Justiça e à Admi- são os grandes arbustos e as árvores esparsas, de galhos
nistração Pública Estadual, sendo a unidade de representa- retorcidos e raízes profundas.
ção do Estado para fins judiciais e extrajudiciais, consultoria O restante do território é constituído pela floresta de
e assessoramento jurídicos ao Chefe do Poder Executivo, transição amazônica, ao norte do estado. Nas margens
estando diretamente subordinada a este. dos Rios Araguaia e Tocantins são encontradas pequenos
Constituem atribuições da Procuradoria Geral do Esta- trechos de Mata Atlântica. Mais da metade do território é
do a centralização das leis e decretos gerais vigentes de in- considerado área de preservação, comdestaque para a Ilha
teresse do Estado do Tocantins, para efeitos de orientação do Bananal (maior ilha fluvial do mundo) e para o Parque
e informação sistemática dos órgãos do Poder Executivo. estadual do Cantão, no qual os ecossistemas do Cerrado,
Além disso, cabe também à PGE a orientação do pensa- o Pantaneiro e o Amazônico se encontram.
mento jurídico do Poder Executivo, mediante a fixação de O clima no estado é tropical. A temperatura média é
jurisprudências, devidamente atualizadas.  de 32°C no período de seca (de abril a setembro) e de
A PGE tem como norte atender ao interesse público, 26°C no período de chuvas (de outubro a março). Na re-
zelar pelo cumprimento das normas jurídicas, das decisões gião norte do estado as temperaturas médias são cerca de
judiciais e dos pareceres por ela emitidos, de forma a res- 3°C mais altas do que na região sul.
guardar o Estado e os interesses dos órgãos da Administra- O Tocantins é um dos estados de maior potencial
ção Pública em consonância com a Constituição Federal e hídrico do país. Seus principais rios são o Araguaia e o
a legislação vigente. Tocantins. AIlha  do Bananal fica no Rio Araguaia. Outros
Além disso, a PGE é legitimada para a promoção da importantes rios da região são: rio do Sono, rio das Balsas
Ação Civil Pública, o exercício do controle da legalidade e e rio Paraná.
moralidade dos atos do Poder Executivo, o exame das an- As principais cidades do estado, além da capital Pal-
tepropostas e anteprojetos de leis, preposições de declara- mas, São: Araguaína, Gurupi, Porto Nacional, Paraíso do
ção de nulidade de atos administrativos, quando solicitado Tocantins, Araguatins, Colinas do Tocantins, Miracema do
pelo Chefe do Executivo. Tocantins, Tocantinópolis e Guaraí.

34
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

Aspectos Geográficos De maneira geral podemos afirmar que a cobertura ve-


getal predominante no Tocantins é o cerrado, perfazendo um
A vegetação do Tocantins é bastante variada; apresen- percentual superior a 60%. O restante é composto por flo-
ta desde o campo cerrado, cerradão, campos limpos ou restas esparsas que podem ser identificadas, sobretudo, nas
rupestres a floresta equatorial de transição, sob forma de Bacias hídricas Tocantins-Araguaia – Paranã e seus afluentes.
“mata de galeria”, extremamente variada. Os recursos naturais de origem vegetal que merecem
A vegetação é o espelho do clima. Em área, o cerrado maior destaque no Tocantins são: o coco babaçu, o pequi e
ocupa o primeiro lugar no Estado do Tocantins. As árvores o buruti. O babaçu é rico em celulose e óleo, que, ao lado
do cerrado estão adaptadas à escassez de água durante do pequi é aproveitado nos pratos típicos da região. O coco
uma estação do ano. Caracterizam-se por uma vegetação tem grande valor industrial, pois serve para a fabricação de
campestre, com árvores e arbustos esparsos, útil à criação gorduras, sabões e sabonetes. A casca do coco serve como
extensiva do gado, por ser uma vegetação de campos na- combustível e a palha do babaçu presta-se para o fabrico
de redes, cordas, cobertura de casas etc.
turais, em espécie vegetal dos diferentes tipos de Cerrado.
Outra riqueza vegetal largamente explorada é a pro-
Cerrado  – Árvores de pequeno porte, poucas folha-
dução da madeira-de-lei.
gens, raízes longas adequadas à procura de água no sub-
solo, folhas pequenas duras e grossas, ciando grande parte
na Estação seca. As espécies nativas mais comuns são: pau- Relevo
terra, pau-santo, barbatimão, pequi, araticum e muricí. O relevo do Estado do Tocantins é sóbrio. Pertence ao
Campo Sujo – Uma divisão do cerrado, que apresenta Planalto Central Brasileiro. Caracteriza-se, sobretudo, pelo
árvores bastante espaçadas uma das outras e, às vezes, em solo sob cerrados, predominando, na sua maioria, super-
formação compacta. Ex: lixeira, gramínea etc. fícies tabulares e aplainadas, resultantes dos processos de
Campo Limpo – Caracteriza-se por se constituir uma pediplanação.
formação tipicamente herbácea, com feição de estepes,
quando isoladas; se em tubas deixam parcelas de terrenos Há, no Estado, 4 regiões geográficas a saber:
descobertas, sob a forma de pradarias; quando é contínua, 1ª Chapada da Bahia do Meio-Norte: fronteiras gerais
reveste densamente o terreno. Está ligada à topografia e Bahia- Maranhão – são chapadas com altitudes variadas
hidrografia, notando-se uma associação nos divisores de de 300 a 600 metros, representadas pela Serra da Canga-
água, nas encostas das elevações onde o lençol freático lha e Mangabeira no Município de Itacajá.
aflora, e, também, nas várzeas dos rios. Ex: Ilha do Bananal 2ª Chapada da Bacia de São Francisco: apresenta como
– onde se dá criação extensiva do gado no Estado. divisor das águas das Bacias São Francisco/Tocantins, com
Floresta Equatorial  – Aparece de modo contínuo no altitude média de 900 metros. Características fisionômica:
norte do Estado, próximo ao paralelo 5º, e acompanha o a Serra Geral de Goiás, a Leste do Estado.
curso dos rios, sob forma de “mata de galeria”. Essa forma- 3ª Planalto do Tocantins: com altitude médias de 700
ção em área de temperatura quente e pluviosidade elevada metro. Os planaltos Cristalino e Pleneplanície do Araguaia
propicia o aparecimento de uma forma densa bastante es- se constituem degraus intermediários, com altitudes mé-
tratificada, composta de espécies variadas dias entre 1.000 a 300 metros.
4ª Peneplanície do Araguaia: constituída por um pene-
Floresta Tropical – Características de regiões cuja plano de colinas suaves com altitudes de 300 metros a 400
temperatura é permanentemente quente com chuvas su- metros, ao longo dos vales dos rios Araguaia e das Mortes.
periores a um total de 1500 mm anual. Apresenta muitas O Estado, num todo, é caracterizado por variadas ga-
espécies vegetais de grande valor econômico como as mas de rochas ígneas e metamórficas do complexo crista-
madeiras-de- lei, destacando-se o Mogno e o Pau-Brasil lino e unidades sedimentares de diversas idades.
etc. As bordas litorâneas do vale do Tocantins, no norte do
Estado, notadamente Tocantinópolis e Babaçulândia, ofe- Clima
recem uma grande riqueza vegetal – o babaçu. O estado No Estado do Tocantins, o clima predominante é Tro-
ocupa o 3º lugar, no Brasil, em relação à sua produção. pical caracterizado por uma estação chuvosa (de outubro
Resultantes da interação entre altitudes, latitudes, rele- a abril) e outra seca (de maio a setembro). É condicionado
vo, solo, hidrografia e o clima, o Estado pode ser dividido fundamentalmente pela sua ampla extensão latitudinal e
em três regiões que são: pelo relevo de altitude gradual e crescente de norte a sul,
1ª Região Norte: de influência Amazônica, caracteriza- que variam desde as grande planícies fluviais até as pla-
da pelas florestas fluviais. taformas e cabeceiras elevadas entre 200 a 600 metros,
2ª Região do Médio Araguaia: constituída, principalmente, especialmente pelo relevo mais acidentado, acima de 600
pelo complexo do Bananal – onde se encontram os cerrados as- metros de altitude Sul.
sociados às matas de Galeria e à Floresta Estacional Semidecidual. Há uma certa homogeneidade climática no Tocantins .
3ª Região Centro-Sul e Leste: onde predomina o cerra- Porém, por sua grande extensão de contorno vertical defi-
do com algumas variações de Floresta Estacional Decidual nem-se duas áreas climáticas distintas a saber.
nas fronteiras de Bahia- Goiás.

35
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

1ª Ao Norte do paralelo 6ºS, onde o relevo é suave- QUESTÃO


mente ondulado, coberto pela Floresta Fluvial Amazônica,
o clima é úmido, segundo Kopper, sem inverno seco. Com 01) “‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça
temperaturas médias anuais variando entre 24º-C e 28º, mundial, controvérsia e mitos. Com 98% das reservas, Bra-
as máximas ocorrem em agosto/setembro com 38º-C e a sil não tem política específica para o mineral. Exportações
média mínima mensal em julho, com 22º C, sendo que a cresceram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em
temperatura média anual é de 26º C. Em geral as precipita- 2012.”
ções pluviômetricas são variáveis entre 1.500 a 2.100 mm, Em relação ao nióbio brasileiro, assinale a alternativa
com chuvas de novembro a março. correta.
2ª Ao Sul do paralelo 6º S, onde o clima predominante A O depósito localizado no carbonatito do barreiro
é subúmido ou (estacionalmente) seco, os meses chuvosos em Araxá (MG) é responsável pela maior produção brasi-
e os secos se equilibram e as temperaturas médias anuais leira. O nióbio é considerado fundamental para a indústria
diminuem lentamente, à medida que se eleva a altitude. de alta tecnologia, como os tomógrafos de ressonância
As máximas coincidem com o rigor das secas em setem- magnética, para a indústria aeroespacial, entre outras.
bro/outubro com ar seco e enfumaçado das queimadas de B As maiores reservas de nióbio estão localizadas na
pastos e cerrados. Assim, a temperatura compensada no Amazônia (75%), onde a empresa Vale detém o monopólio
extremo sul, varia de 22º C e 23º C, no centro varia de 24º de exploração e comercialização.
C a 25º C e no norte, de 26ºC a 27ºC. As chuvas ocorrem C O nióbio é um mineral nobre e raro encontrado em
de outubro a abril. poucos países e seu preço está muito próximo do valor do
ouro, o que levou Walter Moreira Salles, banqueiro brasi-
Hidrografia leiro, a investir na extração desse minério.
A hidrografia do Estado do Tocantins é delimitada a D O fato de o Brasil possuir cerca de 98% das reser-
Oeste pelo Rio Araguaia, a leste pelo Rio Tocantins. Ambos vas conhecidas garante ao país muitos anos de monopólio
correm de sul para norte e se unem no setentrião do Esta- da oferta. Devido ao crescimento da intensidade de uso e
do banhando boa parte do torrão tocantinense. das inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e
O PRODIAT, Projeto de Desenvolvimento Integrado da a valorização desse mineral são comparadas ao ouro e ao
Bacia do Araguaia/Tocantins, dividiu a hidrografia do Esta- petróleo.
do em duas sub-bacias a saber: E A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos
1ª Sub-bacia do Rio Araguaia: formada pelo Rio Ara- das duas gigantes mineradoras que operam no país, a es-
guaia e seus afluentes, tendo um terço de seu volume no tatal Companhia Siderúrgica Nacional e a Anglo American.
Estado.
2ª Sub-bacia do Rio Tocantins: formada pelo Rio To- Resposta: A
cantins e seus afluentes, ocupando dois terços de seu vo-
lume aproximadamente no Estado.
O Rio Araguaia nasce nas vertentes da Serra do Caiapó
e corre de sul para norte, formando a maior ilha fluvial do
mundo, a ilha do Bananal e lança suas águas no Tocantins
depois de percorrer 1.135 km engrossado por seus afluen-
tes.
O Rio Tocantins, nasce na Lagoa Formosa em Goiás a
mais de 1.000m de altitude. Ele forma-se depois de rece-
ber as águas dos rios das Almas e Maranhão. Sendo um rio
de planalto, lança suas águas barrentas em plena baía de
Guajará no Pará.
Concluindo, podemos afirmar que o regime hídrico
das bacias Araguaia/Tocantins é bem definido, apresen-
tando um período de estiagem que culmina em setembro/
outubro e um período de cheias culminando em fevereiro/
abril. Há anos em que as enchentes ocorrem mais cedo, no
mês de dezembro, dependendo da antecipação das chu-
vas nas cabeceiras. (MINTER).

36
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS

ANOTAÇÕES

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38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Dos princípios fundamentais; direitos e deveres individuais e coletivos; garantias dos direitos individuais, coletivos, so-
ciais e políticos; Da nacionalidade; partidos políticos;.............................................................................................................................. 01
Da Administração Pública; ................................................................................................................................................................................... 38
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública; ..................... 52
Ordem social. ............................................................................................................................................................................................................ 55
Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança
pública em geral....................................................................................................................................................................................................... 70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ponsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não são


DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS; DIREITOS ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS; igualmente consagrados como humanos.
GARANTIAS DOS DIREITOS INDIVIDUAIS,
COLETIVOS, SOCIAIS E POLÍTICOS; DA Dos direitos e deveres individuais e coletivos
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
NACIONALIDADE; PARTIDOS POLÍTICOS;
individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do ca-
pítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do
indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio-
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e mandado de segurança coletivo).
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- 1) Brasileiros e estrangeiros
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notada-
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- mente, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- País”. No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e sido interpretada no sentido de que os direitos estarão
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
protegidos com relação a todas as pessoas nos limites da
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
soberania do país.
direitos que expressamente constam no título II do texto
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
constitucional.
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
terísticas principais:
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
quadra a noção de dimensões de direitos. ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten- titulares de direitos políticos.
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes 2) Relação direitos-deveres
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premis-
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do sa reconhecida nos direitos fundamentais de que não há
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da direito que seja absoluto, correspondendo-se para cada
autonomia privada. direito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamen-
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po- tais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa relativos.
humana. Explica Canotilho1 quanto aos direitos fundamentais:
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser en-
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- tendida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais.
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- Como ao titular de um direito fundamental corresponde
lidades. um dever por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem que o particular está vinculado aos direitos fundamentais
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- como destinatário de um dever fundamental. Neste senti-
lisados de maneira isolada, separada. do, um direito fundamental, enquanto protegido, pressu-
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não poria um dever correspondente”. Com efeito, a um direito
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são fundamental conferido à pessoa corresponde o dever de
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela respeito ao arcabouço de direitos conferidos às outras
falta de uso (prescrição). pessoas.
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou 1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
como argumento para afastamento ou diminuição da res- e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3) Direitos e garantias Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
A Constituição vai além da proteção dos direitos e distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
estabelece garantias em prol da preservação destes, bem ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
como remédios constitucionais a serem utilizados caso es- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
tes direitos e garantias não sejam preservados. Neste sen- propriedade, nos termos seguintes [...].
tido, dividem-se em direitos e garantias as previsões do
artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
garantias são as disposições assecuratórias. inciso:
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
comunicação, independentemente de censura ou licença”
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da obrigações.
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
artigo 5º, LXV2. mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- pectiva mais ampla.
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
cionais. de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé- enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di- todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
reitos. tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
4) Direitos e garantias em espécie demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu falando na igualdade perante a lei.
caput: No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu
que não bastava igualar todos os homens em direitos e
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem deveres para torná-los iguais, pois nem todos possuem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- as mesmas condições de exercer estes direitos e deveres.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade Logo, não é suficiente garantir um direito à igualdade for-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à mal, mas é preciso buscar progressivamente a igualdade
propriedade, nos termos seguintes [...]. material. No sentido de igualdade material que aparece o
direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um se do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição aplicar e executar a lei, uma postura de promoção de polí-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as ticas governamentais voltadas a grupos vulneráveis.
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos
constitucionais-penais. Ações afirmativas
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
- Direito à igualdade vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
Abrangência dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
dade: concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
tais condições.
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
2 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- um grupo específico não pode ser usada como critério de
ferência. inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se- Vedação à tortura


gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo De forma expressa no texto constitucional destaca-se
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; previsão no inciso III do artigo 5º:
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
discriminação reversa. Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas a tratamento desumano ou degradante.
defende que elas representam o ideal de justiça compen-
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis- como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca- constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
se uma concretização do princípio da igualdade material);
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
bem como promovem a diversidade.
se o artigo 1º:
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
Art. 1º Constitui crime de tortura:
vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
as garantias aos portadores de deficiência, entre outras I - constranger alguém com emprego de violência ou
medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudên- são da vítima ou de terceira pessoa;
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
afirmativas são válidas. nosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
- Direito à vida II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
Abrangência dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- pessoal ou medida de caráter preventivo.
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa Pena - reclusão, de dois a oito anos.
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. em lei ou não resultante de medida legal.
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
nos4. pena de detenção de um a quatro anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, I - se o crime é cometido por agente público;
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig-
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
nidade.
anos; 
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi- ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com dobro do prazo da pena aplicada.
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e me fechado.
II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
- Direito à liberdade
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For- teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
tium, 2008, p. 15. que o seguem.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Liberdade e legalidade Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
Prevê o artigo 5º, II, CF: lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
dentemente de censura ou licença.
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes- artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
niente. controle do poder. A censura somente é cabível quando
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- necessária ao interesse público numa ordem democrática,
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
maneira que a lei não proíba. tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
Liberdade de pensamento e de expressão expressão.
O artigo 5º, IV, CF prevê:
Liberdade de crença/religiosa
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
ter uma opinião, depois o de expressá-la. distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber-
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- dade de organização religiosa.
vicção filosófica ou política: Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
ternativa, fixada em lei. exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
Trata-se de instrumento para a consecução do direito os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir em público, bem como a de recebimento de contribuições
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
mento. refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é de igrejas e suas relações com o Estado.
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei. Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva.
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
prisionais civis e militares, mas também a hospitais. regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: mação.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal dentemente do pagamento de taxas:
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
tiva, fixada em lei. de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
teresse pessoal.
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
contrarie tais preceitos. manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
Liberdade de informação cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
O direito de acesso à informação também se liga a uma regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
artigo 5º, XIV, CF: sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
sário ao exercício profissional. a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Trata-se da liberdade de informação, consistente na Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
liberdade de procurar e receber informações e ideias por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
rência. núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: certidões ser dissociado do direito de petição.
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade CF:
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
o interesse social o exigirem.
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e bens.
do Estado.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
liberdade de sair do país não significa que existe um direito rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no tal substância ilícita fosse utilizada).
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- Liberdade de associação
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. XVII, CF:
A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
locomoção pela prisão civil por dívida. para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário ciação implica na formação de um grupo organizado que
infiel. se mantém por um período de tempo considerável, dotado
de estrutura e organização próprias.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento à estatal.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O texto constitucional se estende na regulamentação
da liberdade de associação.
Liberdade de trabalho O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
5º, XIII, CF: Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
são de advogado aquele que não se formou em Direito associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados em suas atividades econômicas.
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
cadastro no Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.

Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. de reverter a decisão e permitir que a associação continue
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever seja, no curso de um processo judicial.
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
poder público para que ele organize o policiamento e a as- tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indiví-
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de duo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
A liberdade de associação envolve não somente o di- para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- judicial.
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
forme artigo 5º, XX, CF: O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém
pode nele entrar sem o consentimento do morador, a não
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
ser EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito
sociar-se ou a permanecer associado.
(o morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para
- Direitos à privacidade e à personalidade seu domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremo-
to...) ou para prestar socorro (morador teve ataque do co-
Abrangência ração, está sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURAN-
Prevê o artigo 5º, X, CF: TE O DIA por determinação judicial.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren- Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspon-
te de sua violação. dência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
O legislador opta por trazer correlacionados no mes- judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona-
fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
lidade.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, Personalidade jurídica e gratuidade de registro
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. Quando se fala em reconhecimento como pessoa
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- perante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais dos direitos de personalidade, consistente na personali-
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um dade jurídica. Basicamente, consiste no direito de ser re-
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e conhecido como pessoa perante a lei.
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti- gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição
midade, pela vida privada, e pela publicidade). de com ele arcar.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhe-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- cidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- nascimento; b) a certidão de óbito.
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por O reconhecimento do marco inicial e do marco final
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
dência
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- menos favorecidos.
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
comunicações. Direito à indenização e direito de resposta
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. se dois instrumentos, o direito à indenização e o direito
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons- de resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes-
proporcional ao agravo, além da indenização por dano soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli-
material, moral ou à imagem. dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de
garantir o direito à vida.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pen- algum direito individual fundamental (intimidade, liberda-
samento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
Judiciário com a consequente responsabilidade civil e pe- Especificamente no que tange à segurança jurídica,
nal de seus autores, decorrentes inclusive de publicações tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e con-
trole da matéria que divulga”9. Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
tem de se defender de críticas públicas no mesmo
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
meio em que foram publicadas garantida exatamente
de da lei.
a mesma repercussão. Mesmo quando for garantido
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
o direito de resposta não é possível reverter plena-
Direito Brasileiro:
mente os danos causados pela manifestação ilícita de
pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
indenização. geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
A manifestação ilícita do pensamento geralmente e a coisa julgada.
causa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
econômico e não econômico. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
Dano material é aquele que atinge o patrimônio seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
(material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
financeiramente e indenizado. ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extra- judicial de que já não caiba recurso.
patrimonial contido nos direitos da personalidade (como
a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o - Direito à propriedade
decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
capacidade, o estado de família)”10. lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do
Código Civil: Função social da propriedade material
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias
à administração da justiça ou à manutenção da ordem pú- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
blica, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, dade.
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
principal fator limitador deste direito:
sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destina-
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
rem a fins comerciais.
ção social.
- Direito à segurança A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- considerada como um direito individual nem como institui-
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
rança jurídica. do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. sitivo... Op. Cit., p. 437.
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
Buenos Aires: Astrea, 1982. sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mica são preordenados à vista da realização de seu fim: solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza-
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, sucessivamente, de:
que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin- I - parcelamento ou edificação compulsórios;
culada à consecução daquele princípio”. II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur-
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- bana progressivo no tempo;
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o III - desapropriação com pagamento mediante títulos
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e, parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais da indenização e os juros legais14.
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
humano. Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
A Constituição Federal delimita o que se entende por teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
função social: que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes. Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
serão indenizadas em dinheiro.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte No que tange à desapropriação por necessidade ou
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
volvimento e de expansão urbana.
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
função social quando atende às exigências fundamentais de ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
ção.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
I - aproveitamento racional e adequado; nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
veis e preservação do meio ambiente; Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
III - observância das disposições que regulam as rela-
ções de trabalho; Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
tários e dos trabalhadores. riza a União a propor a ação de desapropriação.

Desapropriação Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer


No caso de desrespeito à função social da proprieda- procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que processo judicial de desapropriação.
pode-se depreender do texto constitucional duas possibi-
lidades de desapropriação: por desrespeito à função social
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
e por necessidade ou utilidade pública. imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário to-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- mar duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edi-
propriação por desatendimento à função social: ficação compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se am-
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu- bas medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano desatendimento à função social.
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento mu- propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na
- Estatuto da cidade). prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A desapropriação por utilidade ou necessidade pública Política agrária e reforma agrária


deve se dar mediante prévia e justa indenização em di- Enquanto desdobramento do direito à propriedade
nheiro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimi- imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda
tando o procedimento e conceituando utilidade pública, o artigo 5º, XXVI, CF:
em seu artigo 5º:
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
casos de utilidade pública: será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
a) a segurança nacional; rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
b) a defesa do Estado; meios de financiar o seu desenvolvimento.
c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública; Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
e) a criação e melhoramento de centros de população, quena propriedade será assegurado que permaneça com
seu abastecimento regular de meios de subsistência; ela e a torne mais produtiva.
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas A preservação da pequena propriedade em detrimen-
minerais, das águas e da energia hidráulica; to dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretri-
g) a assistência pública, as obras de higiene e deco- zes-guias da regulamentação da política agrária brasileira,
ração, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes que tem como principal escopo a realização da reforma
medicinais; agrária.
h) a exploração ou a conservação dos serviços públi- Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
cos; se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
logradouros públicos; a execução de planos de urbaniza- Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
ção; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a montante de recursos para atender ao programa de refor-
construção ou ampliação de distritos industriais; ma agrária no exercício.
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos his- Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais,
tóricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos estaduais e municipais as operações de transferência de
urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou
característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais Como a finalidade da reforma agrária é transformar
particularmente dotados pela natureza; terras improdutivas e grandes propriedades em atinen-
l) a preservação e a conservação adequada de arqui- tes à função social, alguns imóveis rurais não podem ser
vos, documentos e outros bens moveis de valor histórico abrangidos pela reforma agrária:
ou artístico;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
memorativos e cemitérios; fins de reforma agrária:
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
pouso para aeronaves; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de na- II - a propriedade produtiva.
tureza científica, artística ou literária; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
p) os demais casos previstos por leis especiais. propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
dos requisitos relativos a sua função social.
Um grande problema que faz com que processos
que tenham a desapropriação por objeto se estendam é Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
a indevida valorização do imóvel pelo Poder Público, que 187:
geralmente pretende pagar valor muito abaixo do devi-
do, necessitando o Judiciário intervir em prol da correta Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
avaliação. cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
qual há a destinação de um bem expropriado (desapro- bem como dos setores de comercialização, de armazena-
priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial- mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilí- I - os instrumentos creditícios e fiscais;
cita quando resultante de desvio do propósito original; II - os preços compatíveis com os custos de produção e
e será lícita quando a Administração Pública dê ao bem a garantia de comercialização;
finalidade diversa, porém preservando a razão do inte- III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
resse público. IV - a assistência técnica e extensão rural;

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - o seguro agrícola; a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-


VI - o cooperativismo; zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba-
VII - a eletrificação rural e irrigação; no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali-
VIII - a habitação para o trabalhador rural. zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as ativida- e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
des agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrí- localização.
cola e de reforma agrária. b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
As terras devolutas e públicas serão destinadas con- prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
forme a política agrícola e o plano nacional de reforma restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
agrária (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, depen- Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
derá de prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
no caso de alienações ou concessões de terras públicas dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
para fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho- porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não po- também não se poderia prejudicar o proprietário.
derão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
189, CF). é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen- e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
CF). guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Usucapião Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- taca-se o artigo 191, CF:
priedade que decorre da posse prolongada por um longo
tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
dado, a ponto de se tornar proprietário. superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em rir-lhe-á a propriedade.
casos específicos, denominados usucapião especial urba- Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
na e usucapião especial rural. dos por usucapião.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
especial urbana: Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana seguintes requisitos específicos:
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco a) Imóvel rural
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
rural. ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão assunto muito controverso.
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
dentemente do estado civil. outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
suidor mais de uma vez. antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
usucapião. na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Uso temporário Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento


No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di- e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có-
reito de propriedade que não possui o caráter definitivo digo de defesa do consumidor.
da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
XXV, CF: A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi- de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
se houver dano.
Propriedade intelectual
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação Além da propriedade material, o constituinte protege
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da 5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
Direito sucessório clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
O direito sucessório aparece como uma faceta do di- obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
no artigo 5º, XXX e XXXI, CF: Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
clusive nas atividades desportivas;
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;

O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
lei, a defesa do consumidor. intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se neas e enciclopédias; entre outras.
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
consumidor. reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
O Direito do Consumidor pode ser considerado um gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº tar sua honra ou imagem.
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
Transitórias: falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, soas leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quan-
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi- to como defensores, modificações no direito substantivo
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de destinadas a evitar litígios ou facilitar sua solução e a uti-
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo lização de mecanismos privados ou informais de solução
que estas modalidades de utilização podem se dar a título dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia inovações
oneroso ou gratuito. radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
“Os direitos autorais, também conhecidos como co- de representação judicial”.
pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis, Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res- aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria- o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que to-
ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti- das as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que garantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já
o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou que para que exista o verdadeiro acesso à justiça é neces-
produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda sário que se aplique o direito material de maneira justa e
configura a reprodução de obra alheia sem a necessária célere.
permissão do autor”16. Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
- Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
à justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
apontaram três ondas de acesso, isto é, três posiciona-
mentos básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
ondas foram percebidas paulatinamente com a evolução cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
do Direito moderno conforme implementadas as bases cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorren-
a emergência de uma nova onda quando superada a afir- tes na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia
mação das premissas da onda anterior, restando parcial- for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos
mente implementada (visto que até hoje enfrentam-se de admissibilidade, ela será resolvida, independentemen-
obstáculos ao pleno atendimento em todas as ondas). te de haver ou não previsão específica a respeito na le-
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu gislação.
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remu- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
neração por parte dos advogados e, ao final, levando à favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
criação de um aparato estrutural para a prestação da as-
sistência pelo Estado. Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência ju-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e rídica integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
Garth18, veio a onda de superação do problema na re- ciência de recursos.
presentação dos interesses difusos, saindo da concepção
tradicional de processo como algo restrito a apenas duas O constituinte, ciente de que não basta garantir o
partes individualizadas e ocasionando o surgimento de acesso ao Poder Judiciário, sendo também necessária a
novas instituições, como o Ministério Público. efetividade processual, incluiu pela Emenda Constitucio-
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma ter- nal nº 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constitui-
ceira onda consistente no surgimento de uma concepção ção:
mais ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto
de instituições, mecanismos, pessoas e procedimentos Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e
utilizados: “[...] esse enfoque encoraja a exploração de administrativo, são assegurados a razoável duração do
uma ampla variedade de reformas, incluindo alterações processo e os meios que garantam a celeridade de sua
nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos tramitação.
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pes-  
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
significa que se deve acelerar o processo em detrimento
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
1997. de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. é preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris nem menos que o necessário para a efetiva realização da
Editor, 1998, p. 31-32. justiça no caso concreto.
18 Ibid., p. 49-52
19 Ibid., p. 67-73

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direitos constitucionais-penais micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-


cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex- mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
ceção X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
Anterioridade e irretroatividade da lei
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen- O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
de conhecer previamente daquele que a julgará no processo o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
fato ocorrer. sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon- crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina-
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF: ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há
crime sem lei anterior que o defina.
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-
exceção. se o artigo 5º, XL, CF:

Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
criado para uma situação pretérita, bem como não reco- beneficiar o réu.
nhecido como legítimo pela Constituição do país.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
Tribunal do júri anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
artigo 5º, XXXVIII, CF: nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
com a organização que lhe der a lei, assegurados: que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a) a plenitude de defesa; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
b) o sigilo das votações; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
c) a soberania dos veredictos; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos dade da lei penal mais benéfica.
contra a vida.
Menções específicas a crimes
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
não magistrados, no caso de determinados crimes que por atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
nal. Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
ciais e administrativos. mento específico a certas práticas criminosas.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com-
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões nos termos da lei.
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri-
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
jurisdição. provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o curso do tempo).
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o a) privação ou restrição da liberdade;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles b) perda de bens;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo c) multa;
evitá-los, se omitirem. d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in- dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo nado, consideradas as características do agente e do delito.
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
concedida antes da sentença final ou depois da condena- do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito prisional, por um determinado tempo.
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do do patrimônio do indivíduo delituoso.
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e A prestação social alternativa corresponde às penas
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra digo Penal.
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos Por seu turno, a individualização da pena deve também
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF:
disso, são crimes que não aceitam fiança.
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
a idade e o sexo do apenado.
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
A distinção do estabelecimento conforme a natureza
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
Personalidade da pena ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
5º, XLV, CF: cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a Também se denota o respeito à individualização da
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido. Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
O princípio da personalidade encerra o comando de o te o período de amamentação.
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se da criança, não a afastando do seio materno de maneira
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. tação.

Individualização da pena Vedação de determinadas penas


A individualização da pena tem por finalidade concre- O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia-
ridades do agente. Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
A primeira menção à individualização da pena se en- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
contra no artigo 5º, XLVI, CF: termos do art. 84, XIX;

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) de caráter perpétuo; Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-


c) de trabalhos forçados; que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
d) de banimento; etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
e) cruéis. necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
moral.
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
que lesionem a constituição físico-psíquica dos condena-
dos”20 . Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que de seus bens sem o devido processo legal.
o constituinte não estabeleceu uma total vedação, autori-
zando-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, de- Pelo princípio do devido processo legal a legislação
ve-se respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
a legislação deve prever a pena de morte ao fato antes guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
dele ser praticado. No ordenamento brasileiro, este pa- de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
pel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº pena de nulidade processual.
1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada Surgem como corolário do devido processo legal o
por fuzilamento nos casos tipificados em seu Livro II, que contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
aborda os crimes militares em tempo de guerra. mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- o artigo 5º, LV, CF:
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de tra-
balhos forçados, de banimento e cruéis. Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
mento contrário à dignidade do recluso, embora o traba- ela inerentes.
lho forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das
condições do apenado, não podendo ser cruel ou me- O devido processo legal possui a faceta formal, pela
nosprezar a capacidade física e intelectual do condenado; qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
como o trabalho não existe independente da educação, ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
porque o trabalho deve se aproximar da realidade do faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
mundo externo, será remunerado; além disso, condições que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
de dignidade e segurança do trabalhador, como descanso porcionalidade.
semanal e equipamentos de proteção, deverão ser res-
peitados. Vedação de provas ilícitas
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Respeito à integridade do preso
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos.
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral. Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da de direito material, constitucional ou legal, no momento
pessoa humana. da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição seria paradoxal.
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura
e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, Presunção de inocência
CF), o que vale na execução da pena. Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei. Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. garantias constitucionais.

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ação penal privada subsidiária da pública Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: do depoimento do interrogatório são assinados pelas au-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen-
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- tais.
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
legal. que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
são do poder público na atividade de persecução criminal relaxada pela autoridade judiciária.
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
interessado a proponha. Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
são do artigo 5º, LXVI, CF:
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar- Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. com ou sem fiança.
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos,
porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber- ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
dade daquele que assim agiu. ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.

Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- Indenização por erro judiciário
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei. Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante tempo fixado na sentença.
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
condenação). nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação além do tempo que foi condenada a cumprir.
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
5) Direitos fundamentais implícitos
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao deral:
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada. Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
entrar em contato com sua família e com um advogado,
conforme artigo 5º, LXIII, CF: Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe nas exemplificativo, não taxativo.
assegurada a assistência da família e de advogado.
6) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: mento interno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório internacionais em que a República Federativa do Brasil
policial. seja parte”.

17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Para o tratado internacional ingressar no ordenamen- Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à


to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne- titucional os tratados internacionais de direitos humanos
gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
do Presidente da República), submissão do tratado assina- riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro- da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21. da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
seja, tratado internacional de direitos humanos. revogaria a Constituição no ponto controverso).
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima- 7) Tribunal Penal Internacional
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin- Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os tado adesão.
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-  
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol- O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
outras normas”22. Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
brasileiro porque somente existe previsão constitucional internacional (artigo 1º, ETPI).
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- compete o processo e julgamento de violações contra indi-
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
significa que tais direitos eram menos importantes devido da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
implícitos. restrita a uma situação específica”23.
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so-
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti- Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
vos membros: de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
tes às emendas constitucionais.  nas forças inimigas, etc.”.

Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados Remédios constitucionais


de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- Remédios constitucionais são as espécies de ações ju-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante conhecidos no texto constitucional quando a declaração e
ao da emenda constitucional. a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder
21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e 23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio- 24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter-
nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes 2) Habeas data


direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
uma forma de violação.
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
1) Habeas corpus assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII: de entidades governamentais ou de caráter público; b) para
a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem- processo sigiloso, judicial ou administrativo.
pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar-
lidade ou abuso de poder. tigo 5º, LXXVII, CF).
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act,
de 1974.
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais
VII, CF.
constantes de registros ou bancos de dados de entidades
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa,
governamentais ou de caráter público, para o conhecimen-
de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé- to ou retificação (correção).
dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade acesso a informações pessoais.
de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou- d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es-
tros remédios constitucionais de direitos que não este, o trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri-
habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de-
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho e) Legitimidade passiva: entidades governamentais
predominantemente penal, pois protege o direito de ir e da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
vir e vai contra a restrição arbitrária da liberdade. bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de cas privadas prestadores de serviços de interesse público
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con- que possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se ma- f) Competência: Conforme o caso, nos termos da
terializado. Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé- nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí-
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa zes federais (art. 109, VIII).
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de
restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem novembro de 1997.
se concentrar numa mesma pessoa. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
ou privado. 3) Mandado de segurança individual
g) Competência: é determinada pela autoridade coa- Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
648, CPP: Poder Público.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu-
quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi-
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando nares possessórias.
quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa- natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de
ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão
nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo,
manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos
os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de direi-
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a tos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou re-
667 do Código de Processo Penal. tificação de informações relativas à pessoa do impetrante,

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

constantes de registros ou bancos de dados de entidades e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci-
governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09,
instrumentos específicos. é de partido político com representação no Congresso Na-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza cional, bem como de organização sindical, entidade de
civil, independente da natureza do ato impugnado (admi- classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminên- líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses
cia de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, ou de seus membros.
quando já consumado o abuso/ilegalidade. f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança
a necessidade de dilação probatória, isto devido à nature- coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
za célere e sumária do procedimento. membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran-
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- te.
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou § 1º O mandado de segurança coletivo não induz li-
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi-
mais reconhecidas por lei. vidual se não requerer a desistência de seu mandado de
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no comprovada da impetração da segurança coletiva.
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se poderá ser concedida após a audiência do representante
autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato im- judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática”. pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
5) Ação popular
coatora.
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009.
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
4) Mandado de segurança coletivo
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de in-
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
gresso com mandado de segurança coletivo, consoante
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
ao artigo 5º, LXX:
a) Origem: Constituição Federal de 1934.
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo-
pode ser impetrado por: a) partido político com represen- cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
tação no Congresso Nacional; b) organização sindical, en- coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos
tidade de classe ou associação legalmente constituída e em interesses transindividuais.
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional,
resses de seus membros ou associados. que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra-
a) Origem: Constituição Federal de 1988. tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque-
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú-
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e de- blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de
terminadas associações. algum modo lide com a coisa pública.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza f) Competência: Será fixada de acordo com a origem
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- 4.717/65).
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos junho de 1965.
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável
a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre 6) Mandado de injunção
tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun- Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
à cidadania. sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
seja proposto o mandado de injunção são a existência de princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di- terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in-
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra-
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não a ordem social, se concentra em trazer normativas mais
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais.
não sejam aplicáveis.
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
a regulamentação de normas constitucionais de eficácia li- ciais
mitada. Independentemente da categoria de direitos que este-
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula- sentido meramente formal, mas necessariamente material.
rize direito fundamental não materializável por omissão le- Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a como também se mostram essenciais.
legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
elaboração de norma regulamentadora for atribuição do categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, moradia, assim como nem todos se encontram na posição
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
administração direta ou indireta, excetuados os casos da real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e direitos fundamentais.
da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei- alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança, dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
vinculados. direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº mais plena possível.
13.300/2016. Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
Direitos sociais sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
normas programáticas e que necessitam de uma postura tes a esta categoria de direitos.
interventiva estatal em prol da implementação.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram 2) Reserva do possível e mínimo existencial
menção genérica no artigo 6º, CF: Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
notadamente porque estão previstos em normas progra-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- máticas e porque a implementação deles gera um ônus
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
a segurança, a previdência social, a proteção à materni- dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
dade e à infância, a assistência aos desamparados, na tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
forma desta Constituição.  em prol da efetivação destes.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- cluindo o ensino médio gratuito).
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
Público como determinador de que particulares respeitem alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Estatuto Máximo25. lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
a cláusula da reserva do possível como argumento para a de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
não implementação de determinado direito social – seja na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
entendimento dominante.
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
4) Direito individual do trabalho
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de assédio moral).
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
Fundamental do Estado”26. despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do lei complementar, que preverá indenização compensatória,
possível, embora viável, não pode servir de muleta para dentre outros direitos.
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, Significa que a demissão, se não for motivada por justa
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen- compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- gador.
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
atender esta demanda. Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, semprego involuntário.
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po- do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
der Judiciário em prol de sua efetivação. desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
3) Princípio da proibição do retrocesso contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
assistência financeira temporária.
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
retrocesso, de modo que um direito social garantido não
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
pode deixar de o ser. viço.
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen-
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí- ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em da casa própria ou da aposentadoria e em situações de
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. causa ou em caso de algumas doenças graves.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
porte e previdência social, com reajustes periódicos que noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
ção para qualquer fim. atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
Trata-se de uma visível norma programática da Cons- tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
horas do dia seguinte.
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e constituindo crime sua retenção dolosa.
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
Socioeconômicos (Dieese)”27. há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
à complexidade do trabalho. o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre- incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, XXXIX, CF).
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
estabelecido em conformidade com a data base da cate- participação na gestão da empresa, conforme definido em
goria, por isso ele é definido em conformidade com um
lei.
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
trabalhador.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o conhecida também por Programa de Participação nos Re-
disposto em convenção ou acordo coletivo. sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de- empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
missão em massa durante uma crise, situações que devem dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
ser negociadas em convenção ou acordo coletivo. cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.

Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, Salário-família é o benefício pago na proporção do


mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
baseada em comissões por venda e metas); condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
quer idade, independente de carência e desde que o salá-
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
sentado no final de cada ano. qualquer idade será de R$ 24,66.

Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
superior à do diurno. perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor- Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
normal. dias.

A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- xados em lei.
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que do que os homens recebem mais porque os empregadores
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- entendem que eles necessitam de um salário maior para
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com de forma especial.
a própria família.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
ferencialmente aos domingos. da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
munerado coincidente com um domingo a cada período, mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). trabalhado ou indenizado.

Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
rança.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos dade e na ausência de agentes que possam comprometer
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
lei. registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação na empresa.
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância acordos coletivos de trabalho.
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de balho, que encontra regulamentação constitucional nos
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais trabalhadores entram em negociação com as empresas na
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
mínimo. na forma da lei.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São conside- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má-
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades para que possa operá-la).
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
do adicional de periculosidade será o salário do empre- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em- a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
presa.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
tes adicionais. definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. temporária, da capacidade para o trabalho.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
to social no próprio artigo 6º, CF. buição com natureza de tributo que as empresas pagam
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
de em creches e pré-escolas. to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi-

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
compreendido como prestação garantida pelo Estado cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) o trabalho em condições desfavoráveis.
com a indenização devida pelo empregador em caso
de culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estan- Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
do amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
Superior do Trabalho; balhador avulso.

Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos re- Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
sultantes das relações de trabalho, com prazo prescri- presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
cional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do trabalhador com vínculo empregatício permanente.
contrato de trabalho. A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tute- do artigo 7º:
la jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo
assim, há um período de tempo que o empregado tem Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
para requerer seu direito na Justiça do Trabalho. A pres- goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
crição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
relativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
anos durante a vigência do contrato de trabalho. primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salá- previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social. 
rios, de exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção aten-
substituição processual, participação e representação clas-
ta contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo
sista29.
constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa- A liberdade de associação profissional ou sindical tem
ração salarial judicialmente. escopo no artigo 8º, CF:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimi- Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
nação no tocante a salário e critérios de admissão do cal, observado o seguinte:
trabalhador portador de deficiência. I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
limitações, possui condições de ingressar no mercado intervenção na organização sindical;
de trabalho e não pode ser preterida meramente por II - é vedada a criação de mais de uma organização
conta de sua deficiência. sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os pro- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
fissionais respectivos. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são questões judiciais ou administrativas;
igualmente relevantes e contribuem todos para a so- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
ciedade, não cabendo a desvalorização de um trabalho se tratando de categoria profissional, será descontada em
apenas por se enquadrar numa ou outra categoria. folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho notur- prevista em lei;
no, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, filiado a sindicato;
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
anos. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 1) Nacionalidade como direito humano fundamen-
negociações coletivas de trabalho; tal
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- Os direitos humanos internacionais são completamen-
tado nas organizações sindicais; te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité-
grave nos termos da lei. rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- brasileiro não admite a figura do apátrida.
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
tigo 9º, CF: passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
um processo conhecido como naturalização.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
sobre os interesses que devam por meio dele defender. nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
da comunidade. aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar
penas da lei. o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di-
o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
versas.
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de um governante, de um poder despótico, de decisões
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
rios sejam objeto de discussão e deliberação. to séria”30.
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
no artigo 11, CF: direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
pregados, é assegurada a eleição de um representante ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
dimento direto com os empregadores. desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
Nacionalidade humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
um nacional pode adquirir direitos políticos. cometeram tais violações.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que 2) Naturalidade e naturalização
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
assim de direitos e obrigações. são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
não é a mesma coisa que população. População é o con- 30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
trangeiros residentes no país e os apátridas. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-


de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
Estado. anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira requeiram a nacionalidade brasileira.
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se A naturalização deve ser voluntária e expressa.
percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con- O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
nacional brasileiro. artigo 112:

a) Brasileiros natos Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con-
Art. 12, CF. São brasileiros: cessão da naturalização:
I - natos: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, II - ser registrado como permanente no Brasil;
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam III - residência contínua no território nacional, pelo
a serviço de seu país; prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou ao pedido de naturalização;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
da República Federativa do Brasil; condições do naturalizando;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- manutenção própria e da família;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- VI - bom procedimento;
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
sileira. nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
superior a 1 (um) ano; e
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
VIII - boa saúde.
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
Destaque vai para o requisito da residência contínua.
em território do país independentemente da nacionalidade
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
de do local de nascimento mas sim da descendência de um
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
nacional do país (critério comum em países que tiveram
êxodo de imigrantes). o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- ria no artigo 12, II, “a”.
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
nha nascido no território brasileiro. gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em Judiciário para fazê-lo valer31.
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- c) Tratamento diferenciado
dade brasileira ou não. A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
b) Brasileiros naturalizados sentido, o artigo 12, § 2º, CF:

Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
II - naturalizados: ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- sos previstos nesta Constituição.
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
e idoneidade moral; ferência.

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta- 4) Perda da nacionalidade


belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele- Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
cer as hipóteses de distinção. nalidade do brasileiro que:
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
enumeradas no parágrafo seguinte. dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
os cargos: lei estrangeira;
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
III - de Presidente do Senado Federal; dição para permanência em seu território ou para o exercício
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; de direitos civis.
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas; A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
VII - de Ministro de Estado da Defesa. de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido nalidade do outro país for uma exigência para continuar
num critério de revezamento nenhum membro pode ser lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
impacto em termos de representação do país ou de segu- nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
rança nacional. lidade brasileira.
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- 5) Deportação, expulsão e entrega
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário A deportação representa a devolução compulsória de
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). mera irregularidade de visto.
A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
6.815/1980:
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado cionais.
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em trangeiro que:
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- manência no Brasil;
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- b) havendo entrado no território nacional com infração
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
mente direitos políticos nos dois países. para estrangeiro.

29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um VII - o fato constituir crime político; e
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- quando o fato constituir, principalmente, infração da lei
tuição no artigo 5º, §4º). penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao
delito político, constituir o fato principal.
6) Extradição § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão deral, a apreciação do caráter da infração.
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou considerar crimes políticos os atentados contra Che-
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. fes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de de processos violentos para subverter a ordem política ou
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- social.
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: I - ter sido o crime cometido no território do Estado
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime penais desse Estado; e
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- II - existir sentença final de privação de liberdade, ou
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri-
que foram objeto do pedido de extradição. bunal ou autoridade competente do Estado requerente,
salvo o disposto no artigo 82.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradi-
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países,
pedido daquele em cujo território a infração foi come-
p. ex., não pode ocorrer a extradição).
tida.
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferên-
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
cia, sucessivamente:
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. I - o Estado requerente em cujo território haja sido co-
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): metido o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar
para uma pena aceita no Brasil. do extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferên-
nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedi- cia o Governo brasileiro.
mento: § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos
Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go- disserem respeito à preferência de que trata este artigo. 
verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando
prometer ao Brasil a reciprocidade.  Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomáti-
ca ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Minis-
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:  tério da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente. 
II - o fato que motivar o pedido não for considerado § 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações pre-
crime no Brasil ou no Estado requerente; cisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul- do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ain-
gar o crime imputado ao extraditando; da, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência,
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão a pena e sua prescrição. 
igual ou inferior a 1 (um) ano; § 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- documentos. 
mo fato em que se fundar o pedido; § 3o  Os documentos indicados neste artigo serão
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se- acompanhados de versão feita oficialmente para o idio-
gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; ma português. 

30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressu- § 2º Não estando o processo devidamente instruído,
postos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em o Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da Repú-
tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao blica, poderá converter o julgamento em diligência para
Supremo Tribunal Federal.  suprir a falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias,
Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de decorridos os quais o pedido será julgado independentemen-
que trata o caput, o pedido será arquivado mediante de- te da diligência.
cisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído, data da notificação que o Ministério das Relações Exterio-
uma vez superado o óbice apontado.  res fizer à Missão Diplomática do Estado requerente.

Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá, Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comuni-
em caso de urgência e antes da formalização do pedido de cado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão
extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessen-
cautelar do extraditando por via diplomática ou, quan- ta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do
do previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após território nacional. 
exame da presença dos pressupostos formais de admis-
sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extradi-
ao Supremo Tribunal Federal.  (Redação dada pela Lei nº tando do território nacional no prazo do artigo anterior, será
12.878, de 2013) ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a pro-
§ 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cesso de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar. 
cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser apre-
sentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo
outro meio que assegure a comunicação por escrito.  (Reda- pedido baseado no mesmo fato. 
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresen-
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo proces-
tado ao Ministério da Justiça por meio da Organização
sado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível
Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente
com pena privativa de liberdade, a extradição será exe-
instruído com a documentação comprobatória da existência
cutada somente depois da conclusão do processo ou do
de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro.  (Reda-
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
no artigo 67. 
§ 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no-
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual-
venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado
mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a
da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradi-
sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por
ção. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo pre- laudo médico oficial.
visto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade,
não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mes- Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ain-
mo fato sem que a extradição haja sido devidamente reque- da que responda a processo ou esteja condenado por
rida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) contravenção. 

Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem pré- Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Esta-
vio pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal do requerente assuma o compromisso: 
Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo I - de não ser o extraditando preso nem processado por
recurso da decisão.  fatos anteriores ao pedido;
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), imposta por força da extradição;
o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.  III - de comutar em pena privativa de liberdade a
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. IV - de não ser o extraditando entregue, sem consen-
timento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e V - de não considerar qualquer motivo político, para
hora para o interrogatório do extraditando e, conforme agravar a pena.
o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, cor-
rendo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa.  Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa re- brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com
clamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu
ilegalidade da extradição. poder. 

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
neste artigo poderão ser entregues independentemente mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
da entrega do extraditando. nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capa-
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao cidade passiva tenha necessariamente a ativa.
Estado requerente, escapar à ação da Justiça e homi-
ziar-se no Brasil, ou por ele transitar, será detido me- 2) Democracia direta e indireta
diante pedido feito diretamente por via diplomática, e de Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
novo entregue sem outras formalidades.  frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser I - plebiscito;
permitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no ter- II - referendo;
III - iniciativa popular.
ritório nacional, de pessoas extraditadas por Estados es-
trangeiros, bem assim o da respectiva guarda, mediante
A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
apresentação de documentos comprobatórios de con-
ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
cessão da medida. 
der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
7) Idioma e símbolos pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
da República Federativa do Brasil. sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
poderão ter símbolos próprios. rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
Idioma é a língua falada pela população, que confe- decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
re caráter diferenciado em relação à população do resto política e depois se consulta a população. Embora os dois
do mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
de uma nação. ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e in- que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
ternacionalmente. libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a constitucional, legislativa ou administrativa”32.
previsão é feito dentro do capítulo do texto constitucio- Na iniciativa popular confere-se à população o poder
nal que aborda o tema. de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
Direitos políticos buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos artigo 61, §2°, CF:
direitos políticos, já que somente um nacional pode ad-
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
quirir direitos políticos. No entanto, nem todo nacional
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
é titular de direitos políticos. Os nacionais que são titu-
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
lares de direitos políticos são denominados cidadãos.
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro é um
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular
do direito de sufrágio universal. 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
voto
1) Sufrágio universal O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobe- dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
rania popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
eleitorais, a capacidade ativa – votar e exercer a demo-
cracia direta – e a capacidade passiva – ser eleito como Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
representante no modelo da democracia indireta. Ou I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
ainda, sufrágio universal é o direito de todos cidadãos II - facultativos para:
de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) os analfabetos; Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi-


b) os maiores de setenta anos; to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
posse.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: 5) Inelegibilidade
Atender às condições de elegibilidade é necessário
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri- não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
bilidade.
gatório, os conscritos.
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- atingidos determinados cargos.
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
disponíveis para os dias da eleição. Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.
4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
capacidade passiva do sufrágio universal. faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei: portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
I - a nacionalidade brasileira; e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Gover-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; nadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
V - a filiação partidária;
poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
da República e Senador; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Estado e do Distrito Federal; dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado subsequente.
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
d) dezoito anos para Vereador. último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
analfabetos. leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, 2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
para ser eleito é preciso ser cidadão. mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim,
para se candidatar a cargo no município, deve ter domicílio Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, deve o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para se Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral vos mandatos até seis meses antes do pleito.
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans-
ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
eleições. os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus man-
A filiação partidária implica no lançamento da candi- datos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das
datura por um partido político, não se aceitando a filiação eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces-
avulsa. sário que tivesse renunciado até 04/04/2014.

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
te da República, de Governador de Estado ou Território, do lizarem durante o período remanescente do mandato para o
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular da legislatura;
de mandato eletivo e candidato à reeleição. d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
reeleição. e) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
didas as seguintes condições: o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar-se da atividade; 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- plementar nº 135, de 2010)
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
os militares que não podem se alistar ou os que podem, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
para exercício de mandato considerada vida pregressa do tortura, terrorismo e hediondos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
indireta. Complementar nº 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi- sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
artigo 1º, que segue. ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
I - para qualquer cargo: todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
a) os inalistáveis e os analfabetos; tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici- h) os detentores de cargo na administração pública di-
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin- reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter-
gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti- ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

condenados em decisão transitada em julgado ou proferida p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
Lei Complementar nº 135, de 2010) observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- q) os magistrados e os membros do Ministério Público
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
go ou função de direção, administração ou representação, tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
dade; de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
2010)
j) os que forem condenados, em decisão transitada em
II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
de seus cargos e funções:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
1. os Ministros de Estado:
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- militar, da Presidência da República;
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) da Presidência da República;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, República;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de da Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 8. os Magistrados;
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Territórios;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 11. os Interventores Federais;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 12. os Secretários de Estado;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 13. os Prefeitos Municipais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em Estados e do Distrito Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
135, de 2010) Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº do Senado Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);
n) os que forem condenados, em decisão transitada em d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
o) os que forem demitidos do serviço público em decor- exercido cargo ou função de direção, administração ou re-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da
8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm-
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas
Complementar nº 135, de 2010) influir na economia nacional;

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:


empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
o abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferi- a desincompatibilização;
ram, por força regular, o controle de referidas empresas ou b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
grupo de empresas; ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anterio- ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
res ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, admi- c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
nistração ou representação em entidades representativas de cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições V - para o Senado Federal:
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
sidente da República especificados na alínea a do inciso II
repassados pela Previdência Social;
deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das
tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
funções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou
no território do Estado, observados os mesmos prazos;
Superintendente de sociedades com objetivos exclusivos de b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
operações financeiras e façam publicamente apelo à pou- para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
pança e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
empresa ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer for- VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
ma, de vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
decorrentes de contratos que obedeçam a cláusulas unifor- tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
mes; nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, prazos;
hajam exercido cargo ou função de direção, administração VII - para a Câmara Municipal:
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que sincompatibilização;
obedeça a cláusulas uniformes; b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
j) os que, membros do Ministério Público, não se te- Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
nham afastado das suas funções até 6 (seis) meses anterio- para a desincompatibilização .
res ao pleito; § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e até 6 (seis) meses antes do pleito.
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre-
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6
integrais; (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou
substituído o titular.
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
Distrito Federal;
lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
tratar de repartição pública, associação ou empresas que (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- dato eletivo e candidato à reeleição.
vados os mesmos prazos; § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamen- deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
te de seus cargos ou funções: definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com-
do Estado ou do Distrito Federal; plementar nº 135, de 2010)
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização
Zona Aérea; com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as- de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea
sistência aos Municípios; k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao dis-
4. os secretários da administração municipal ou mem- posto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple-
bros de órgãos congêneres; mentar nº 135, de 2010).

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

6) Impugnação de mandato 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im- Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
pugnação de mandato. em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me-
contados da diplomação, instruída a ação com provas de nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.

Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Dos partidos políticos
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
7) Perda e suspensão de direitos políticos já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
II - incapacidade civil absoluta; de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
III - condenação criminal transitada em julgado, en- regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
quanto durarem seus efeitos; mentais da pessoa humana [...].
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, lecendo a Constituição um limite de números de partidos
§ 4º. políticos que possam ser constituídos, permitindo também
que sejam extintos, fundidos e incorporados.
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
sal. Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
moral ou religiosa. 17, §4º, CF).
O inciso V se refere à ação de improbidade administra- O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi- tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
suspensão dos direitos políticos.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera- distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos normas de disciplina e fidelidade partidária. 
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
suspensão. CF).
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
vedado pelo texto constitucional. televisão, na forma da lei.

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; ses que representa, a administração pública está proibida
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
Administração Pública blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
1) Princípios da Administração Pública igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi- de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser- impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte- pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 coletivo.
e Lei n° 8.429/92. c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor relacionada ao poder público. A administração pública não
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
tuição Federal: da moralidade deve se fazer presente não só para com os
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
também, ao seguinte: [...]
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
anteriores.
São princípios da administração pública, nesta ordem:
d) Princípio da publicidade: A administração pública
Legalidade
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Impessoalidade
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Moralidade
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Administração Pública. É de fundamental importância um servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas caracteriza ato de improbidade administrativa.
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho33 princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
e Spitzcovsky34: político-eleitoral:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
proíbe. Contudo, como a administração pública representa obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação caráter educativo, informativo ou de orientação social,
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o res públicos.
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
Estado deve respeitar as leis que dita. a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- instrumentos para proteção são o direito de petição e as
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
Paulo: Método, 2011. prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ticipação do usuário na administração pública direta e ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
indireta, regulando especialmente: único comportamento possível) e dos atos discricionários
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís-
interna, da qualidade dos serviços; sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII; cricionários.
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles36 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini37,
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
procura por produtividade e economicidade. Alcança os dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se rios quanto os vinculados.
referindo diretamente à conduta dos agentes.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem vidores
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
dos à função pública a probidade e a motivação: cípios da administração pública estudados no tópico ante-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini35 alerta que são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
alguns autores tratam veem como distintos os princípios tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há  forma da lei.
características que permitam tratar os mesmos como pro-
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
que a probidade administrativa é um aspecto particular da 8.112/1990, que prevê:
moralidade administrativa.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
investidura em cargo público:
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
I - a nacionalidade brasileira;
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais II - o gozo dos direitos políticos;
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão cargo;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro V - a idade mínima de dezoito anos;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da VI - aptidão física e mental.
Administração. § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
os atos administrativos devem ser motivados para que o professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo com as normas e os procedimentos desta Lei.
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem 36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
ser observados os motivos dos atos administrativos. São Paulo: Malheiros, 1993.
35 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 37 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo
207 da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de
prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de
sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
regulamentos.

No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concur-
sos de provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é
o cargo de confiança, que não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.

Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, por igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de vali-
dade não expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade.
Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga
e não ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso
no serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Observa-se o seguinte quadro comparativo38:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo
ocupantes de cargo efetivo. reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode Sem concurso público, ressalvado o percentual
exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função mínimo reservado ao servidor de carreira.
em si não prescindível de concurso público.
Somente são conferidas atribuições e É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
responsabilidade Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, Destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere De livre nomeação e exoneração
à função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela
preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários
públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de
Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiên-
cia e definirá os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o
servidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas
de Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconi-
zado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado)
quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto,
de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e esta-
tutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado
moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”39.

38 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
39 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse pú-
blico. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
de índices. mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. res aos pagos pelo Poder Executivo.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu- Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
ção e exoneração. ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po-
tigos 40 e 41: deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra-
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. previstas nos incisos II a VII do art. 61.

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele- fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
cidas em lei.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei-
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
62. caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de previstas em lei.
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
93. XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
tagens de caráter permanente, é irredutível. respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
ao local de trabalho. disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta-
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior duais e Distritais e dos Vereadores.
ao salário mínimo.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi-
Ainda, o artigo 37 da Constituição: paração salarial:

Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara-
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
administração direta, autárquica e fundacional, dos remuneração de pessoal do serviço público.
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os de política de administração e remuneração de pessoal,
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per- integrado por servidores designados pelos respectivos
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros mostrem similares.
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
dos por servidor público não serão computados nem acu- exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório à remuneração devida pela participação em conselhos de
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
vantagem até então percebida.
Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor; se em que houver compatibilidade de horário e local com o
b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos dos órgãos ou entidades envolvidos.
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
tamente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho40, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- dessa infração – art. 133” 41.
titucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques- Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e
tão: seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre- administrativos, na forma da lei.
vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
da de cargos públicos. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
presas públicas, sociedades de economia mista da União, por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- ritários para a realização de suas atividades e atuarão
nicípios. de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
dicionada à comprovação da compatibilidade de horá- vênio.
rios.
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção “O Estado tem como finalidade essencial a garantia
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati- na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
vidade. atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
41 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu empresas públicas e às sociedades de economia mista
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
A importância da Administração Tributária foi reconhecida Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti- mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
precedência e de seus servidores sobre os demais setores Continua o artigo 37, CF:
da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe-
tência”42.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
contratados mediante processo de licitação pública que
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
definir as áreas de sua atuação. mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mento das obrigações.
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-
Órgãos da administração indireta somente podem ser mas para licitações e contratos da Administração Pública
criados por lei específica e a criação de subsidiárias des- e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con-
tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e junto de procedimentos administrativos (administrativos
controla diretamente determinada empresa pública ou so- porque parte da administração pública) para as compras
ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên- mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
tese para observar que quase todos os autores que abor-
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
ção é um processo formal onde há a competição entre os
da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em- interessados.
presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes- crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res-
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos pectivas ações de ressarcimento.
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
considerar inválida sua autorização”43.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres-
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto creverá:
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen- destituição de cargo em comissão;
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
que o fato se tornou conhecido.
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I -  o prazo de duração do contrato; § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; como crime.
III -  a remuneração do pessoal. § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
42 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu-
taria_sao_paulo.htm nal proferida por autoridade competente.
43 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom- § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
plicado. São Paulo: GEN, 2014. meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Prescrição é um instituto que visa regular a perda do Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes pú-
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 blicos passaram a ser responsabilizados na esfera civil
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade pelos atos de improbidade administrativa descritos nos
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- artigos 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A
nos graves (pena de advertência), contados da data em que existência de esferas distintas de responsabilidade (civil,
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se penal e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- que, ontologicamente, não se trata de punições idênti-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- cas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsa-
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a bilização em esferas distintas do Direito.
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Destaca-se um conceito mais amplo de agente pú-
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- blico previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- 2º porque o agente público pode ser ou não um servidor
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo público. Ele poderá estar vinculado a qualquer institui-
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais ção ou órgão que desempenhe diretamente o interesse
propor ação disciplinar. do Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes
da administração direta, indireta e fundacional, confor-
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as me o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- entidade privada que desempenhe tais fins, desde que a
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública
ções privilegiadas. em mais de 50% do patrimônio ou receita anual. Caso a
verba pública que tenha auxiliado uma entidade privada
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre a qual o Estado não tenha concorrido para criação ou
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei.
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja infe-
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da rior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi- ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu so-
de 4 de setembro de 2001.
bre a contribuição dos cofres públicos. Significa que se
Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
buscado por outra via que não a ação de improbidade
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
administrativa.
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
improbidade administrativa em três categorias:
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
a) Ato de improbidade administrativa que importe
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. O grupo mais grave de atos de improbidade admi-
nistrativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimen-
3) Atos de improbidade administrativa to + ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra- indevida + em razão do exercício de cargo, mandato,
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni- emprego, função ou outra atividade nas entidades do
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita- O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obede-
sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo ça aos ditames morais, notadamente no desempenho de
qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since- função de interesse estatal.
ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”44. Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia um policial recebe propina pratica ato de improbidade
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- administrativa, mas não atinge diretamente os cofres pú-
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten- blicos).
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre- Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri-
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im-
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com
intenção). Não cabe prática por omissão.45
44 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- 45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Paulo: Método, 2011.

45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Ato de improbidade administrativa que importe Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- alíquota mínima.
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao d) Ato de improbidade administrativa que atente
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- contra os princípios da administração pública (artigo
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como 11, Lei nº 8.429/1992)
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
o seu conteúdo46. os princípios da administração pública qualquer ação ou
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que lidade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O gru-
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal- po mais ameno de atos de improbidade administrativa se
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
se refere a destruição47. nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. gerais da administração pública50.
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu- o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
STJ consolidou a tese de que é indispensável a existên- embora caiba a prática por ação ou omissão.
cia de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo diante do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade,
com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando
quando o agente não pretende atingir o resultado da- o ato de improbidade administrativa não tiver gerado ob-
noso, mas atua com negligência, imprudência ou impe- tenção de vantagem
rícia (REsp n° 1.127.143)”48. Para Carvalho Filho49, não há Com efeito, os atos de improbidade administrativa
inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando não são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição
que é possível dosar a pena conforme o agente aja com na esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
dolo ou culpa. simultaneamente um ato de improbidade administrativa
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem ambos, nas duas esferas.
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas-
c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida-
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi- de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação
nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio
157, de 2016) público; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad-
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se-
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente,
fixando-se a alíquota mínima em 2%. descreve os procedimentos administrativo e judicial.
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob-
sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2% tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde-
para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis- vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá
cal), prejudicando os municípios vizinhos. não só reparar eventual dano causado mas também colo-
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente.
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida-
46 Ibid. mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento
48 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re-
nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível
em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp. parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013. devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi-
49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 50 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de vidores
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, taurando-se o equilíbrio social.53
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- limites da herança, embora existam reflexos na ação que
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
sem prejuízo da ação penal cabível”. fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- uma absolvição por falta de provas não o faz).
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
lei é o instrumento adequado para tanto51. fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às
Carvalho Filho52 tece considerações a respeito de algu- regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
mas das sanções: ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
danos que seus agentes causem durante a prestação do
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
derivar de origem ilícita”.
aos direitos humanos reconhecidos.
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
netária e juros de mora.
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
- Perda de função pública: “se o agente é titular de
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa- pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
res trabalhistas e temporários), a perda da função pública se encontram no art. 186 do Código Civil:
se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
empregado. No caso de exercer apenas uma função públi- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
se sujeitam a procedimento especial para perda da função ilícito.
pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
Administrativa. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
- Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga- (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
indenizatório, mas punitivo. terial, econômico e não econômico).
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me- cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é
nos sócio majoritário da instituição vitimada. o dano específico, individualizado, que atinge determina-
- Proibição de contratar: o agente punido não pode da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul-
participar de processos licitatórios. trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
52 Ibid. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
na circunstância específica possuía o dever de impedir o cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
assalto, como no caso de uma viatura presente no local - contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabi-
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito lidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou
humano reconhecido). omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por terá o dever de indenizar.
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
nº 8.112/90:
das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
cular.
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
e administrativas poderão cumular-se, sendo independen-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. tes entre si.
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
por um agente público no exercício de suas funções e que mente acionado e responde pelos atos de seus servidores
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
tado. ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada aciona-se o agente público que praticou o ato.
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- praticados pelo agente público no exercício de sua fun-
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que ção que violam direitos humanos. A título de exemplo,
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, peculato, consistente em apropriação ou desvio de di-
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais nheiro público (art. 312, CP), que viola o bem comum e
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de o interesse da coletividade; concussão, que é a exigência
regresso se agiram com dolo ou culpa. de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: uma situação de constrangimento e medo que viola dire-
tamente sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tra-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- tamento humano, cuja pena é agravada quando praticada
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos por funcionário público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo
funcionário que violar a ética do serviço público, como
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- advertência, suspensão e demissão.
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
Evidencia-se a independência entre as esferas civil,
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
penal e administrativa no que tange à responsabilização
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
do agente público que cometa ato ilícito.
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
Tomadas as exigências de características dos danos
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto acima colacionadas, notadamente a anormalidade, con-
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, sidera-se que para o Estado ser responsabilizado por um
considerada a existência de uma relação obrigacional que dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da so-
põe. ciedade e a plena cobertura de todas as fatalidades que
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- possam acontecer em território nacional.
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele palavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas
esperado.54 condições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de
54 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretan-
Paulo: Método, 2011. do em prejuízo dentro de sua previsibilidade.

48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- §  1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mais componentes do sistema remuneratório observará:
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos dade dos cargos componentes de cada carreira;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais II -  os requisitos para a investidura;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- III -  as peculiaridades dos cargos.
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do entre os entes federados.
dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
blicos estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- do a natureza do cargo o exigir.
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
a questão remuneratória: fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
sua remuneração;
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
ção dos cargos e empregos públicos.
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
norma do inciso anterior; tários provenientes da economia com despesas correntes
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
ção por merecimento; parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
de afastamento, os valores serão determinados como se no § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
exercício estivesse. dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

6) Regime de remuneração e previdência dos servi- Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti-
dores públicos vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên- cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui- regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
ção Federal: mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser-
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri-
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
Municípios instituirão conselho de política de administra- disposto neste artigo.
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores §  1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A dos §§ 3º e 17:
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
planos de carreira para os servidores da administração pú- rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;

49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
complementar; nibilidade.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público contagem de tempo de contribuição fictício.
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
doria, observadas as seguintes condições: total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
de contribuição, se mulher; o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
cionais ao tempo de contribuição. em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ção, e de cargo eletivo.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
concessão da pensão. para o regime geral de previdência social.
§  3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
munerações utilizadas como base para as contribuições do ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- público, aplica-se o regime geral de previdência social.
tigo e o art. 201, na forma da lei. § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
§  4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
vidores:
do regime geral de previdência social de que trata o art.
I -  portadores de deficiência;
201.
II -  que exerçam atividades de risco;
§ 15. O regime de previdência complementar de que
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui- parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto chadas de previdência complementar, de natureza pública,
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen- que oferecerão aos respectivos participantes planos de be-
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
educação infantil e no ensino fundamental e médio. § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada que tiver ingressado no serviço público até a data da publi-
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do cação do ato de instituição do correspondente regime de
regime de previdência previsto neste artigo. previdência complementar.
§  7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de § 17. Todos os valores de remuneração considerados
pensão por morte, que será igual: para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa- mente atualizados, na forma da lei.
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
limite, caso aposentado à data do óbito; ou para os benefícios do regime geral de previdência social de
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite para os servidores titulares de cargos efetivos.
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se- completado as exigências para aposentadoria voluntária
tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade na data do óbito. atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para ao valor da sua contribuição previdenciária até completar
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor- as exigências para aposentadoria compulsória contidas no
me critérios estabelecidos em lei. § 1º, II.

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
próprio de previdência social para os servidores titula- respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o caput deste artigo.
disposto no art. 142, § 3º, X. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo único do art. 29.
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
cia social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
pacitante. dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
7) Estágio probatório e perda do cargo cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento efetivo em virtude de concurso público. mento para participar de curso de formação decorrente de
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: aprovação em concurso para outro cargo na Administração
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- Pública Federal.
gado; § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
II -  mediante processo administrativo em que lhe licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
seja assegurada ampla defesa; 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
III -  mediante procedimento de avaliação periódica formação, e será retomado a partir do término do impedi-
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada mento.
ampla defesa.
§  2º Invalidada por sentença judicial a demissão do O estágio probatório pode ser definido como um lapso
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem- dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
po de serviço. exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
§  3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade- to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
quado aproveitamento em outro cargo. ramento no órgão ou entidade de lotação.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
missão instituída para essa finalidade. tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser- que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su- to no artigo 41 da Constituição Federal.
jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob- rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos
jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, nota-
os seguinte fatores: damente: em virtude de sentença judicial transitada em
I - assiduidade; julgado; mediante processo administrativo em que lhe
II - disciplina; seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
III - capacidade de iniciativa; mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
IV - produtividade; de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
V - responsabilidade. lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
gio probatório, será submetida à homologação da autori- 8) Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, dos Territórios
realizada por comissão constituída para essa finalidade, Prevê o artigo 42, CF:

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na públicos, na hipótese de calamidade pública, responden-
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- do a União pelos danos e custos decorrentes.
trito Federal e dos Territórios. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. justificaram a sua decretação.
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor so- § 3º Na vigência do estado de defesa:
bre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes I - a prisão por crime contra o Estado, determina-
dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. da pelo executor da medida, será por este comunicada
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de
lei específica do respectivo ente estatal. delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação;
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA; poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA; pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorroga-
ção, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro
Estado de Defesa e o Estado de Sítio horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins- Congresso Nacional, que decidirá por maioria absolu-
tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o ta.
Estado de Defesa e o Estado de Sítio. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
Estado de defesa e estado de sítio são duas situações será convocado, extraordinariamente, no prazo de cin-
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, co dias.
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den-
próprio Estado e suas instituições democráticas. tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
O estado de defesa é decretado para preservar ou continuar funcionando enquanto vigorar o estado de de-
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem fesa.
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o es-
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de tado de defesa.
grandes proporções na natureza.
O estado de sítio é decretado quando estado de defesa Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
não resolveu o problema, quando o problema atinge todo podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.
o país, ou em casos de guerra. Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a
A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo preservação ou restabelecimento em locais restritos e
141, CF, que seguem. determinados a ordem pública e a paz social que este-
jam ameaçados por grave instabilidade institucional ou
Seção I calamidade de grande proporção.
DO ESTADO DE DEFESA Ainda, a especificidade que se percebe pela exigên-
cia de determinação do local e do prazo de vigência
Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o (que não pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, dias), bem como pela delimitação de medidas.
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem voltam ao estado de defesa por instabilidade institucio-
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente nal (casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades o direito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa
de grandes proporções na natureza. por calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso tem-
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter- porário de bens e serviços públicos).
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas a Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de
serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as Defesa, embora seja feita pelo Presidente da República,
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: não é um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião
I - restrições aos direitos de: do Conselho da República e do Conselho de Defesa Na-
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; cional e depois submeter o decreto para aprovação pelo
b) sigilo de correspondência; Congresso Nacional por maioria absoluta.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seção II de defesa e estado de guerra. Também há requisitos de


DO ESTADO DE SÍTIO especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e medi-
das coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. Entre
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Na- enumeradas no artigo 139, CF.
cional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de: Seção III
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrên- DISPOSIÇÕES GERAIS
cia de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
durante o estado de defesa; líderes partidários, designará Comissão composta de cinco
II - declaração de estado de guerra ou resposta a de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução
agressão armada estrangeira. das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar sítio.
autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorroga-
ção, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da res-
ponsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua ou agentes.
duração, as normas necessárias a sua execução e as ga- Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
rantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência se-
de publicado, o Presidente da República designará o execu- rão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem
tor das medidas específicas e as áreas abrangidas. ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode- providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, indicação das restrições aplicadas.
de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a O Congresso Nacional, mediante Comissão específica,
agressão armada estrangeira. exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Pra-
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de ticados atos atentatórios serão punidos mesmo após ces-
sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Sena- sado o estado de defesa ou de sítio.
do Federal, de imediato, convocará extraordinariamente
o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a Forças armadas
fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funciona- Já o capítulo II do título V aborda as forças armadas,
mento até o término das medidas coercitivas. que exercem a defesa do Estado.

Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado CAPÍTULO II


com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas DAS FORÇAS ARMADAS
contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade deter- Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
minada; rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou nacionais permanentes e regulares, organizadas com
condenados por crimes comuns; base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su-
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon- prema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informa- da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
ções e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
forma da lei; § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
IV - suspensão da liberdade de reunião; a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego
V - busca e apreensão em domicílio; das Forças Armadas.
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
VII - requisição de bens. disciplinares militares.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III § 3º Os membros das Forças Armadas são denomina-
a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser
em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respec- fixadas em lei, as seguintes disposições: 
tiva Mesa. I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres
a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República
No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reser-
Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, va ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos
bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipó- militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos
teses são de grave comoção nacional, ineficácia do estado uniformes das Forças Armadas; 

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
a reserva, nos termos da lei;  serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar prestação de outros serviços para o Estado, assim como os
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo- eclesiásticos.
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea Direito à segurança pública
‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por an- A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Fe-
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para deral, a saber, o aspecto de direito e garantia individual e
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo de- coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º, da Cons-
pois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transfe- tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da
rido para a reserva, nos termos da lei;  igualdade, e da propriedade), bem como o aspecto de di-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre- reito social, por estar prevista no artigo 6º, da Constituição
ve;  Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, todavia, se
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º,
filiado a partidos políticos; CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra discipli-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado namento no artigo 144, da Constituição da República.
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci- Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua
são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública,
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta-
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por senten- do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes
ça transitada em julgado, será submetido ao julgamento de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
previsto no inciso anterior;  direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, a justiça por próprias mãos.
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede-
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;    ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado,
IX -  (Revogado) direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo
de transferência do militar para a inatividade, os direitos, 144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga-
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa- rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são:
ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom-
compromissos internacionais e de guerra.  beiros militares.
Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter- destes órgãos que devem garantir a segurança pública,
mos da lei. com suas respectivas competências:
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri-
buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo- como órgão permanente, organizado e mantido pela União
se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção e estruturado em carreira, destina-se a:
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de ca- I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
ráter essencialmente militar.  cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
a outros encargos que a lei lhes atribuir.  interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei;
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér- II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re- drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e áreas de competência;
hierarquizadas, além de terem vedações como o direito de III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação ria e de fronteiras;
a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró- diciária da União.

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
ostensivo das rodovias federais. na forma da lei.

Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, ór-


gão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
ORDEM SOCIAL.
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
mento ostensivo das ferrovias federais. 

Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de- TÍTULO VIII
legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com- Da Ordem Social
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
CAPÍTULO I
ração de infrações penais, exceto as militares.
DISPOSIÇÃO GERAL
Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po-
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
de bombeiros militares, além das atribuições definidas em Ordem social é a expressão que se refere à organiza-
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. ção da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça
social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental).
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Gover-
nadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. CAPÍTULO II
Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das DA SEGURIDADE SOCIAL
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui-
ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são Seção I
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- DISPOSIÇÕES GERAIS
rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”:
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as saúde, previdência e assistência social.
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saú-
respectivo ente estatal. de, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú- objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
blica, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais;
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
III - seletividade e distributividade na prestação dos be-
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
nefícios e serviços;
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po- VI - diversidade da base de financiamento;
liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será VII - caráter democrático e descentralizado da adminis-
fixada na forma do § 4º do art. 39.  tração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Go-
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para verno nos órgãos colegiados. 
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
soas e do seu patrimônio nas vias públicas:  Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, me-
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que diante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficien- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
te; e  contribuições sociais:

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equi- § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
parada na forma da lei, incidentes sobre:  contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que complementar. 
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;  § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
b) a receita ou o faturamento;  para os quais as contribuições incidentes na forma dos in-
c) o lucro;  cisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdên- § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
cia social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a
de que trata o art. 201;  receita ou o faturamento. 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de Seção II
quem a lei a ele equiparar.  DA SAÚDE
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
União. à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social universal e igualitário às ações e serviços para sua promo-
será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsá- ção, proteção e recuperação.
veis pela saúde, previdência social e assistência social, ten-
do em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
de seus recursos. sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, sistema único, organizado de acordo com as seguintes di-
obedecido o disposto no art. 154, I. retrizes:
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social I - descentralização, com direção única em cada esfera
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a corres- de governo;
pondente fonte de custeio total. II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data III - participação da comunidade.
da publicação da lei que as houver instituído ou modifica- § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter-
do, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b». mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
social as entidades beneficentes de assistência social que nicípios, além de outras fontes. 
atendam às exigências estabelecidas em lei. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatá- cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
rio rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de per-
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de eco- centuais calculados sobre: 
nomia familiar, sem empregados permanentes, contribui- I – no caso da União, a receita corrente líquida do res-
rão para a seguridade social mediante a aplicação de uma pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%
alíquota sobre o resultado da comercialização da produção (quinze por cento);  
e farão jus aos benefícios nos termos da lei.  II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos
caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cál- recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a,
culo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa respectivos Municípios; 
ou da condição estrutural do mercado de trabalho.  III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro-
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156
cursos para o sistema único de saúde e ações de assistên- e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I,
cia social da União para os Estados, o Distrito Federal e os alínea b e § 3º.
Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
respectiva contrapartida de recursos.  a cada cinco anos, estabelecerá:

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;   IV - participar da formulação da política e da execução
II – os critérios de rateio dos recursos da União vincu- das ações de saneamento básico;
lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvi-
aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos mento científico e tecnológico e a inovação;
Municípios, objetivando a progressiva redução das dispari- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
dades regionais;  controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das para consumo humano;
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e VII - participar do controle e fiscalização da produção,
municipal;  transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- psicoativos, tóxicos e radioativos;
derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
combate às endemias por meio de processo seletivo pú- compreendido o do trabalho.
blico, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso que mais necessitam de investimento estatal na atualidade
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior parte
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente dos casos no Poder Judiciário contra o Estado envolvem a
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, invocação deste direito, diante da recusa do Poder públi-
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência co em custear tratamentos médicos e cirúrgicos. Em que
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário tem
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso sa- se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados
larial. recursos suficientes para fornecer um tratamento adequa-
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e do a todos os nacionais.
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de aspecto repressivo, propiciando a cura de doenças, mas
saúde ou de agente de combate às endemias poderá per- também o preventivo. Sendo assim, o Estado deve desen-
der o cargo em caso de descumprimento dos requisitos volver políticas sociais e econômicas para reduzir o risco de
específicos, fixados em lei, para o seu exercício.  doenças e agravos, bem como para propiciar o acesso uni-
versal e igualitário aos serviços voltado ao seu tratamento.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva- (art. 196, CF).
da. A terceirização e a colaboração de agentes privados
§ 1º As instituições privadas poderão participar de for- nas políticas de saúde pública é autorizada pela Constitui-
ma complementar do sistema único de saúde, segundo ção, sem prejuízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF).
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou Sendo assim, ou o próprio Estado implementará as políti-
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as cas ou fiscalizará, regulamentará e controlará a implemen-
sem fins lucrativos. tação destas por terceiros.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lu- rede hierarquizada e regionalizada de ações e serviços
crativos. públicos de saúde, devendo seguiras seguintes diretrizes:
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em- “descentralização, com direção única em cada esfera de
presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no governo”, de forma que haverá direção do SUS nos âm-
País, salvo nos casos previstos em lei. bitos municipal, estadual e federal, não se concentrando
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos o sistema numa única esfera; “atendimento integral, com
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, serviços assistenciais”, do que se depreende que a preven-
bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue ção é a melhor saída para um sistema eficaz, não havendo
e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comerciali- prejuízo para as atividades repressivas; e “participação da
zação. comunidade”. Com efeito, busca-se pela descentralização a
abrangência ampla dos serviços de saúde, que devem em
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de si também ser amplos – preventivos e repressivos, sendo
outras atribuições, nos termos da lei: que todos agentes públicos e a própria comunidade de-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs- vem se envolver no processo.
tâncias de interesse para a saúde e participar da produção O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemo- da seguridade social, que também abrange a previdência e
derivados e outros insumos; a assistência social, sendo financiado com este orçamento,
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio- nos moldes do artigo 198, §1º, CF. 
lógica, bem como as de saúde do trabalhador; A questão orçamentária de incumbência mínima de
III - ordenar a formação de recursos humanos na área cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º
de saúde; do artigo 198, CF. 

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Correlato à participação da comunidade no SUS, tem- I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
se o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.  anos de contribuição, se mulher; 
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
campo da assistência à saúde, questão regulamentada no anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite
artigo 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das ques- para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
tões mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a comple- que exerçam suas atividades em regime de economia fami-
mentaridade do sistema por parte de instituições privadas, liar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pes-
mediante contrato ou convênio, desde que sem fins lucra- cador artesanal. 
tivos por parte destas instituições. Em verdade, é muito co- § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágra-
mum que hospitais de ensino de instituições particulares fo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor
com cursos na área de biológicas busquem este convênio, que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
encontrando frequentemente entraves que não possuem das funções de magistério na educação infantil e no ensino
natureza jurídica, mas política. fundamental e médio. 
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constitui- § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a con-
ção, que vem a ser complementada no âmbito infracons- tagem recíproca do tempo de contribuição na administra-
titucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, ção pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese
prevê o artigo 200 as atribuições do SUS. em que os diversos regimes de previdência social se com-
pensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
Seção III em lei.
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
Art. 201. A previdência social será organizada sob a geral de previdência social e pelo setor privado. 
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio título, serão incorporados ao salário para efeito de contri-
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:  buição previdenciária e consequente repercussão em be-
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e nefícios, nos casos e na forma da lei. 
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
idade avançada; 
previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva-
III - proteção ao trabalhador em situação de desempre-
mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,
go involuntário; 
desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garan-
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependen-
tindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-
tes dos segurados de baixa renda; 
mínimo. 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o dis- que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências in-
posto no § 2º.  feriores às vigentes para os demais segurados do regime
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen- geral de previdência social. 
ciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiá-
rios do regime geral de previdência social, ressalvados os Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
casos de atividades exercidas sob condições especiais que complementar e organizado de forma autônoma em relação
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se ao regime geral de previdência social, será facultativo, ba-
tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos seado na constituição de reservas que garantam o benefício
definidos em lei complementar.  contratado, e regulado por lei complementar. 
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- § 1° A lei complementar de que trata este artigo asse-
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá gurará ao participante de planos de benefícios de entida-
valor mensal inferior ao salário mínimo.  des de previdência privada o pleno acesso às informações
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados relativas à gestão de seus respectivos planos. 
para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, § 2° As contribuições do empregador, os benefícios
na forma da lei.  e as condições contratuais previstas nos estatutos, regu-
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para lamentos e planos de benefícios das entidades de previ-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, con- dência privada não integram o contrato de trabalho dos
forme critérios definidos em lei. participantes, assim como, à exceção dos benefícios conce-
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên- didos, não integram a remuneração dos participantes, nos
cia social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa termos da lei. 
participante de regime próprio de previdência.  § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de de- Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas,
zembro de cada ano.  sociedades de economia mista e outras entidades públicas,
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguin- hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder
tes condições:  a do segurado. 

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a apo-
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive sentadoria pelo regime geral de previdência social. Profes-
suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista sor de ensino infantil, fundamental e médio, que tenha ex-
e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto clusivamente desempenhado estas funções, tem o tempo
patrocinadoras de entidades fechadas de previdência pri- de contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para homem
vada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência e 25 anos para mulher).
privada.  Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo ante- períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes
rior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas per- se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no
missionárias ou concessionárias de prestação de serviços outro (artigo 201, §9º, CF).
públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de A questão de verba destinada à cobertura do risco de
previdência privada.  acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201,
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° des- CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro
te artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá outras pro-
membros das diretorias das entidades fechadas de previ- vidências.
dência privada e disciplinará a inserção dos participantes Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário,
nos colegiados e instâncias de decisão em que seus inte- prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito
resses sejam objeto de discussão e deliberação.  de contribuição previdenciária e consequente repercussão
em benefícios, nos casos e na forma da lei.
A previdência social e a assistência social se diferen- Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a
ciam principalmente porque a previdência social volta-se disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF.
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus con- Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de
tribuintes, ao passo que a assistência social tem por foco a previdência privada, que pode se organizar de forma autô-
oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para a noma e possui caráter complementar e facultativo.
seguridade social. Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previ- de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Comple-
dência social em regime geral, de caráter contributivo e fi- mentar e dá outras providências.
liação obrigatória, sendo que devem ser adotados critérios
de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se Seção IV
que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao regime e DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
prestarão contribuição a ele, não havendo a opção de dele
se desvincular. No mais, são previstas como campos de Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
atendimento pela previdência: “I - cobertura dos eventos necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção social, e tem por objetivos:
à maternidade, especialmente à gestante;  III - proteção I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; adolescência e à velhice;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não de deficiência e a promoção de sua integração à vida comu-
se aceitando valor inferior ao salário mínimo). nitária;
Os critérios para a concessão de aposentadoria são V - a garantia de um salário mínimo de benefício men-
unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF. sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que com-
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo provem não possuir meios de prover à própria manutenção
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
mínimo (artigo 201, §2º, CF).
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo Art. 204. As ações governamentais na área da assistên-
201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajusta- cia social serão realizadas com recursos do orçamento da se-
dos (artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação do guridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes,
valor real da contribuição e do benefício. e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
Integrante de regime próprio de previdência não pode I - descentralização político-administrativa, cabendo a
se vincular como segurado facultativo, prestando contri- coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor-
buições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o denação e a execução dos respectivos programas às esferas
que geraria uma indevida cumulação de benefícios. estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao dé- de assistência social;
cimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, a II - participação da população, por meio de organiza-
ser calculado com base no valor dos proventos do mês de ções representativas, na formulação das políticas e no con-
dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF).  trole das ações em todos os níveis.

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito CAPÍTULO III


Federal vincular a programa de apoio à inclusão e pro- DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
moção social até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no Seção I
pagamento de:  DA EDUCAÇÃO
I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
II - serviço da dívida;  Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada e da família, será promovida e incentivada com a colabo-
diretamente aos investimentos ou ações apoiados.  ração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qua-
A disciplina da assistência social se dá nos artigos lificação para o trabalho.
203 e 204 da Constituição. Resta evidente o caráter não
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguin-
contributivo do sistema, que se guia pelo princípio da
tes princípios:
fraternidade, fazendo com que os que possuem melho-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
res condições de contribuir o façam e que os que não
na escola;
possuem recebam a partir da contribuição destes um
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
tratamento digno mínimo de suas necessidades. pensamento, a arte e o saber;
Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
204, CF, que aborda o Benefício de Prestação Continua- e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
da – BPC, “instituído pela Constituição Federal de 1988 IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social oficiais;
– LOAS, Lei nº 8.742/1993; pelas Leis nº 12.435/2011 e nº V - valorização dos profissionais da educação escolar,
12.470/2011, que alteram dispositivos da LOAS e pelos garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008. exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos
O BPC é um benefício da Política de Assistência So- das redes públicas; 
cial, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do VI - gestão democrática do ensino público, na forma da
Sistema Único de Assistência Social – SUAS e para aces- lei;
sá-lo não é necessário ter contribuído com a Previdência VII - garantia de padrão de qualidade.
Social. É um benefício individual, não vitalício e intrans- VIII - piso salarial profissional nacional para os profissio-
ferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) nais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de tra-
ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, balhadores considerados profissionais da educação básica e
com impedimentos de longo prazo, de natureza física, sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação Distrito Federal e dos Municípios. 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi-
ções com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá-
comprovar não possuir meios de garantir o próprio sus- tico-científica, administrativa e de gestão financeira e pa-
tento, nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal trimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade
familiar per capita deve ser inferior a 1/4 (um quarto) do entre ensino, pesquisa e extensão.
§ 1º É facultado às universidades admitir professores,
salário mínimo vigente.
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do De-
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
senvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por in-
pesquisa científica e tecnológica. 
termédio da Secretaria Nacional de Assistência Social
(SNAS), que é responsável pela implementação, coorde- Art. 208. O dever do Estado com a educação será efeti-
nação, regulação, financiamento, monitoramento e ava- vado mediante a garantia de:
liação do Benefício. A operacionalização é realizada pelo I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
Os recursos para o custeio do BPC provêm da Segu- oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso
ridade Social, sendo administrado pelo MDS e repassado na idade própria; 
ao INSS, por meio do Fundo Nacional de Assistência So- II - progressiva universalização do ensino médio gratui-
cial (FNAS). Atualmente são 3,6 milhões (dados de março to; 
de 2012) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo III - atendimento educacional especializado aos porta-
1,9 milhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”55. dores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;
55 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassis- IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian-
tenciais/bpc ças até 5 (cinco) anos de idade; 

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
um; vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con- impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
dições do educando; manutenção e desenvolvimento do ensino.
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
educação básica, por meio de programas suplementares de pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
material didático escolar, transporte, alimentação e assis- pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
tência à saúde.  considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito receita do governo que a transferir.
público subjetivo. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo «caput» deste artigo, serão considerados os sistemas de
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsa-
na forma do art. 213.
bilidade da autoridade competente.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano na-
cional de educação. 
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas § 4º Os programas suplementares de alimentação e
as seguintes condições: assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financia-
I - cumprimento das normas gerais da educação na- dos com recursos provenientes de contribuições sociais e
cional; outros recursos orçamentários.
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder § 5º A educação básica pública terá como fonte adicio-
Público. nal de financiamento a contribuição social do salário-edu-
cação, recolhida pelas empresas na forma da lei. 
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensi- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
no fundamental, de maneira a assegurar formação básica contribuição social do salário-educação serão distribuídas
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacio- proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
nais e regionais. educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. 
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons-
tituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às esco-
de ensino fundamental. las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus
também a utilização de suas línguas maternas e processos excedentes financeiros em educação;
próprios de aprendizagem. II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Público, no caso de encerramento de suas atividades.
Municípios organizarão em regime de colaboração seus sis- § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
temas de ensino. destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental
e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insu-
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
ficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cur-
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino pú-
sos regulares da rede pública na localidade da residência
blicas federais e exercerá, em matéria educacional, função
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qua- § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí-
lidade do ensino mediante assistência técnica e financeira mulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;  ou por instituições de educação profissional e tecnológica
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino poderão receber apoio financeiro do Poder Público. 
fundamental e na educação infantil. 
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
mente no ensino fundamental e médio.  cação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a sistema nacional de educação em regime de colaboração
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios defi- e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de imple-
nirão formas de colaboração, de modo a assegurar a uni- mentação para assegurar a manutenção e desenvolvimento
versalização do ensino obrigatório.  do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritaria- meio de ações integradas dos poderes públicos das diferen-
mente ao ensino regular.  tes esferas federativas que conduzam a:

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - erradicação do analfabetismo; - “valorização dos profissionais da educação escolar,


II - universalização do atendimento escolar; garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres-
III - melhoria da qualidade do ensino; so exclusivamente por concurso público de provas e títu-
IV - formação para o trabalho; los, aos das redes públicas”, bem como “piso salarial pro-
V - promoção humanística, científica e tecnológica do fissional nacional para os profissionais da educação escolar
País. pública, nos termos de lei federal”, pois sem a valorização
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos dos profissionais responsáveis pelo ensino será inatingível
públicos em educação como proporção do produto interno o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei disporá sobre as
bruto.  categorias de trabalhadores considerados profissionais da
educação básica e sobre a fixação de prazo para a elabora-
O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direi- ção ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
to à educação como um de seus direitos sociais. A educa- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”
ção proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa, não (artigo 206, parágrafo único, CF);
apenas capacitando-a para o trabalho, mas também para - “gestão democrática do ensino público, na forma
a vida social como um todo. Contudo, a educação tem um da lei”, remetendo ao direito de participação popular na
custo para o Estado, já que nem todos podem arcar com o tomada de decisões políticas referentes às atividades de
custeio de ensino privado. ensino; e
No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se a - “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem
questão da obrigação do Estado com relação ao direito à qualidade de ensino é impossível atingir uma melhoria na
educação, assim como menciona-se quais outros agentes qualificação pessoal e profissional dos nacionais. 
responsáveis pela efetivação deste direito. O ensino universitário encontra respaldo no artigo 207
Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, di- da Constituição, tendo autonomia didático-científica, ad-
reito de todos e dever do Estado e da família, será promo- ministrativa e de gestão financeira e patrimonial, e sendo
vida e incentivada com a colaboração da sociedade, visan- baseado na tríade ensino-pesquisa-extensão, disciplina
do ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para que se estende a instituições de pesquisa científica e tec-
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. nológica. Com vistas ao aperfeiçoamento desta tríade, au-
Resta claro que a educação não é um dever exclusivo toriza-se a contratação de profissionais estrangeiros.
do Estado, mas da sociedade como um todo e, principal- Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição
mente, da família. Depreende-se que educação vai além possuem uma menor densidade normativa, colacionando
do mero aprendizado de conteúdos e envolve a educação princípios diretores e ideias basilares, o artigo 208 volta-se
para a cidadania e o comportamento ético em sociedade à regulamentação do modo pelo qual o Estado efetivará o
– a educação da qual o constituinte fala não é apenas a direito à educação.
formal, mas também a informal. Interessante notar, em primeira análise, que o Estado
Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece se exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação
os princípios que devem guiar o ensino: superior, no art. 208, V, quando assegura, apenas, o “aces-
- “igualdade de condições para o acesso e permanência so” aos níveis mais elevados de ensino, pesquisa e cria-
na escola”, que significa a compreensão de que a educação ção artística. Fica denotada ausência de comprometimento
é um direito de todos e não apenas dos mais favorecidos, orçamentário e infraestrutural estatal com um número su-
cabendo ao Estado investir para que os menos favorecidos ficiente de universidades/faculdades públicas aptas a re-
ingressem e permaneçam na escola; cepcionar o maciço contingente de alunos que saem da
- “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar camada básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo
o pensamento, a arte e o saber”, de forma que o ensino de aplicação da reserva do possível dentro da Constituição.
tem um caráter ativo e passivo, indo além da compreensão Ainda, é preciso observar que se utiliza a expressão “se-
de conteúdos dogmático se abrangendo também os pro- gundo a capacidade de cada um”, de forma que o critério
cessos criativos; para admissão em universidades/faculdades públicas é, so-
- “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, mente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado
e coexistência de instituições públicas e privadas de ensi- em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame
no”, de modo que não se entende haver um único método nacional do ensino médio.
de ensino, uma única maneira de aprender, permitindo a O ensino básico possui conteúdos mínimos, fixados
exploração das atividades educacionais também por ins- nos moldes do artigo 210, CF. A menção do ensino religio-
tituições privadas. A respeito das instituições privadas, o so como facultativo remete à laicidade do Estado, ao passo
artigo 209, CF prevê que “o ensino é livre à iniciativa pri- que a menção ao ensino de línguas de povos indígenas
vada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento remete ao pluralismo político, fundamento da República
das normas gerais da educação nacional; II - autorização e Federativa.
avaliação de qualidade pelo Poder Público”; O artigo 211, CF trabalha com a organização e colabo-
- “gratuidade do ensino público em estabelecimentos ração dos sistemas de ensino entre os entes federativos.
oficiais”, sendo esta a principal vertente de implementação Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição traba-
do direito à educação pelo Estado; lham com aspectos orçamentários:

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 tra- § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
balha com o plano nacional de educação, de duração de- cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco dé-
cenal (na atualidade, estamos no início da implementação cimos por cento de sua receita tributária líquida, para o
do PNE cuja duração se estende até o ano de 202456), que financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
tem metas ali descritas.  aplicação desses recursos no pagamento de: 
I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
Seção II II - serviço da dívida; 
DA CULTURA III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
tamente aos investimentos ou ações apoiados. 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani- em regime de colaboração, de forma descentralizada e par-
festações culturais.
ticipativa, institui um processo de gestão e promoção con-
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas
junta de políticas públicas de cultura, democráticas e perma-
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gru-
nentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade,
pos participantes do processo civilizatório nacional.
tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano,
  2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemo-
rativas de alta significação para os diferentes segmentos social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
étnicos nacionais. § 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na
 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabele-
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural cidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguin-
do País e à integração das ações do poder público que tes princípios: 
conduzem à:  I - diversidade das expressões culturais; 
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;  II - universalização do acesso aos bens e serviços cultu-
II produção, promoção e difusão de bens culturais;  rais; 
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cul- III - fomento à produção, difusão e circulação de conhe-
tura em suas múltiplas dimensões;  cimento e bens culturais; 
IV democratização do acesso aos bens de cultura;  IV - cooperação entre os entes federados, os agentes pú-
V valorização da diversidade étnica e regional.  blicos e privados atuantes na área cultural; 
V - integração e interação na execução das políticas,
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os programas, projetos e ações desenvolvidas; 
bens de natureza material e imaterial, tomados individual- VI - complementaridade nos papéis dos agentes cultu-
mente ou em conjunto, portadores de referência à identida- rais;  
de, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da VII - transversalidade das políticas culturais; 
sociedade brasileira, nos quais se incluem: VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
I - as formas de expressão; da sociedade civil; 
II - os modos de criar, fazer e viver; IX - transparência e compartilhamento das informações; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; X - democratização dos processos decisórios com parti-
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais cipação e controle social; 
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai- dos recursos e das ações; 
sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
científico.
orçamentos públicos para a cultura. 
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunida-
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cul-
de, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
tura, nas respectivas esferas da Federação: 
por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento
e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e I - órgãos gestores da cultura; 
preservação. II - conselhos de política cultural; 
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a III - conferências de cultura; 
gestão da documentação governamental e as providências IV - comissões intergestores; 
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. V - planos de cultura; 
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o VI - sistemas de financiamento à cultura; 
conhecimento de bens e valores culturais. VII - sistemas de informações e indicadores culturais; 
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão VIII - programas de formação na área da cultura; e 
punidos, na forma da lei. IX - sistemas setoriais de cultura. 
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sis-
detentores de reminiscências históricas dos antigos qui- tema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação
lombos. com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de
56 http://pne.mec.gov.br/ governo. 

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or- § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invis-
ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis pró- tam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País,
prias.  formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e
que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem
O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado ao empregado, desvinculada do salário, participação nos
da cultura, depreendendo-se que o acesso à educação en- ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu
volve também o acesso à cultura, numa concepção ampla trabalho.
deste direito social. § 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades
Seção III públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e
DO DESPORTO tecnológica.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desporti- caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos
vas formais e não-formais, como direito de cada um, obser- quanto privados, nas diversas esferas de governo. 
vados: § 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e
associações, quanto a sua organização e funcionamento; inovação, com vistas à execução das atividades previstas
II - a destinação de recursos públicos para a promoção no caput.  
prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
para a do desporto de alto rendimento; Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na-
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissio- cional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvol-
nal e o não- profissional; vimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da popu-
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desporti- lação e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei
vas de criação nacional. federal.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. demais entes, públicos ou privados, a constituição e a ma-
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de ses- nutenção de parques e polos tecnológicos e de demais am-
senta dias, contados da instauração do processo, para pro- bientes promotores da inovação, a atuação dos inventores
ferir decisão final. independentes e a criação, absorção, difusão e transferên-
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma cia de tecnologia.  
de promoção social.
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa os Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação
precisa desfrutar de momentos de diversão e relaxamento com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas,
ao lado de amigos e familiares, razão pela qual o Estado inclusive para o compartilhamento de recursos humanos
deve propiciar atividades voltadas a este fim. Neste sen- especializados e capacidade instalada, para a execução de
tido, as atividades de lazer podem ter naturezas variadas, projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecno-
destacando-se as culturais (direito à cultura, já abordado) lógico e de inovação, mediante contrapartida financeira ou
e desportivas. não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma
da lei.   
CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colabo-
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvol- ração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vis-
vimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tec- tas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico
nológica e a inovação.   e a inovação.  
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica recebe- § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do
rá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem SNCTI.  
público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.   § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderan- legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.   
temente para a solução dos problemas brasileiros e para o
desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnolo-
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos huma- gia no âmbito da ordem social. Em verdade, o desenvol-
nos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, vimento científico e tecnológico é decorrência do inves-
inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tec- timento em educação, afinal, a pesquisa é uma das prin-
nológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e cipais vertentes da educação e permite a implementação
condições especiais de trabalho.   prática do conhecimento obtido em prol da sociedade.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO V § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de se-


DA COMUNICAÇÃO SOCIAL leção e direção da programação veiculada são privativas de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a qualquer meio de comunicação social. 
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou § 3º Os meios de comunicação social eletrônica, inde-
veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o dispos- pendentemente da tecnologia utilizada para a prestação
to nesta Constituição. do serviço, deverão observar os princípios enunciados no
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa consti- art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a
tuir embaraço à plena liberdade de informação jornalística prioridade de profissionais brasileiros na execução de pro-
em qualquer veículo de comunicação social, observado o duções nacionais. 
disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangei-
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza po- ro nas empresas de que trata o § 1º. 
lítica, ideológica e artística. § 5º As alterações de controle societário das empresas
§ 3º Compete à lei federal: de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Na-
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo cional. 
ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas
etárias a que não se recomendem, locais e horários em que Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e reno-
sua apresentação se mostre inadequada; var concessão, permissão e autorização para o serviço de
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o prin-
e à família a possibilidade de se defenderem de programas cípio da complementaridade dos sistemas privado, público
ou programações de rádio e televisão que contrariem o dis- e estatal.
posto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, § 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.
ambiente. § 2º A não renovação da concessão ou permissão de-
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoó- penderá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
Congresso Nacional, em votação nominal.
licas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá
restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo an-
efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na
terior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre
forma dos parágrafos anteriores.
os malefícios decorrentes de seu uso.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, di-
de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
reta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligo-
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
pólio.
anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação
televisão.
independe de licença de autoridade.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o
rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, cultu-
rais e informativas; É por intermédio dos veículos de comunicação social
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à que se exercem a liberdade de expressão (faceta ativa) e
produção independente que objetive sua divulgação; a liberdade de informação (faceta passiva). O Título VIII
III - regionalização da produção cultural, artística e jor- da Constituição Federal, ao regulamentar a ordem social,
nalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; atento à necessidade do exercício destas dimensões da li-
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da berdade, traz a disciplina da comunicação social.
família. Neste sentido, o caput do artigo 220 da Constituição
prevê: “a manifestação do pensamento, a criação, a expres-
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de ra- são e a informação, sob qualquer forma, processo ou veí-
diodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de bra- culo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto
sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de nesta Constituição”.
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que Logo, quando a Constituição regulamenta a comunica-
tenham sede no País.  ção social tem por fulcro preservar o mais intenso possível
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento exercício da liberdade de comunicação. Em destaque, os §§
do capital total e do capital votante das empresas jornalís- 1º e 2º do artigo 220, CF.
ticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá Entretanto, não se entende haver censura quando a
pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou União, mediante lei federal, tece regulamentações sobre
naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obriga- classificação etária de programações e sobre restrições a
toriamente a gestão das atividades e estabelecerão o con- propagandas de determinados tipos de produtos, confor-
teúdo da programação.  me o artigo 220, §§3º e 4º, CF.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Com vistas a resguardar a real liberdade de informa- § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
ção, impedindo que as informações que cheguem a públi- gado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
co sejam manipuladas ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF com solução técnica exigida pelo órgão público competen-
prevê que os meios de comunicação social não podem ser te, na forma da lei.
objeto de monopólio ou oligopólio. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
do artigo 220, CF preconiza a dispensabilidade de licença jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen-
de autoridade. temente da obrigação de reparar os danos causados.
Aceitar a liberdade de comunicação não implica em § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
permitir que todo tipo de informação seja veiculada na im- a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Cos-
prensa, devendo ser conferido o atendimento dos precei- teira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
tos descritos no artigo 221, CF. forma da lei, dentro de condições que assegurem a pre-
Como o exercício da exploração da mídia jornalística, servação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
radiodifusora e televisiva implica num forte impacto e in- recursos naturais.
fluência sociais, coloca-se como propriedade privativa de § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
brasileiro nato ou naturalizado, de acordo com a regulação das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
do artigo 222, CF. proteção dos ecossistemas naturais.
Com vistas a assegurar o respeito à normativa do arti- § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão
go 222, CF, o artigo 223, CF aborda a concessão, a permis- ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
são e a autorização. poderão ser instaladas.
Também buscando a efetividade da regulamentação, § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do
prevê o artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas des-
Nacional do Conselho de Comunicação Social. portivas que utilizem animais, desde que sejam manifesta-
ções culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constitui-
CAPÍTULO VI ção Federal, registradas como bem de natureza imaterial
DO MEIO AMBIENTE integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-es-
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- tar dos animais envolvidos.
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e Direitos transindividuais são aqueles que não possuem
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as um titular determinado e pertencem à coletividade, sendo
presentes e futuras gerações. também denominados direitos difusos e coletivos.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum- Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos
be ao Poder Público: dos coletivos, no sentido de que os primeiros são muito
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essen- mais heterogêneos e vagos, não cabendo determinar o
ciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossiste- grupo ou categoria de pessoas atingidas, enquanto que
mas;  segundos são mais específicos, recaindo sobre um grupo
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimô- de pessoas que pode ser identificado, embora não plena-
nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à mente determinado.
pesquisa e manipulação de material genético;   Aos direitos difusos e coletivos são conferidos meca-
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços nismos de tutela específicos para sua proteção, bem como
territoriais e seus componentes a serem especialmente pro- atribuída competência para tanto a órgãos determinados
tegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente que exercerão um papel representativo. No Brasil, desta-
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa cam-se instituições como o Ministério Público e a Defen-
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; soria Pública. Sem prejuízo, como visto, há remédios cons-
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou titucionais que se voltam à proteção de interesses desta
atividade potencialmente causadora de significativa degra- categoria, como o mandado de segurança coletivo e a pró-
dação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambien- pria ação popular, sem falar na ação civil pública e na ação
tal, a que se dará publicidade;   de improbidade administrativa, também mencionadas no
V - controlar a produção, a comercialização e o empre- texto constitucional.
go de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco Mancuso57 utiliza o termo interesses difusos e coletivos
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;    para tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando que
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis interesses podem ser:
de ensino e a conscientização pública para a preservação do a) Individuais: são os interesses privados, de cunho
meio ambiente; egoístico;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 57 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: con-
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais ceito e legitimação para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
a crueldade.  2004, p. 82-87.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Metaindividuais: são interesses que excedem a ór- § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
bita de atuação individual e se projetam numa ordem cole- comunidade formada por qualquer dos pais e seus des-
tiva, podendo ser coletivos ou difusos; cendentes.
c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
como profissão, categoria ou família, isto é, caracterizan- jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
do-se pelo exercício coletivo de interesses coletivos. No- § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-
ta-se que pertencem a grupos ou categorias de pessoas cio. 
determináveis, possuindo uma só base jurídica; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
d) Difusos: abrange um número indeterminado de humana e da paternidade responsável, o planejamento fa-
pessoas reunidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais miliar é livre decisão do casal, competindo ao Estado pro-
ampla que dos interesses difusos (fato, não Direito) e o nú- piciar recursos educacionais e científicos para o exercício
mero de pessoas é indeterminado (não determinável como desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
nos coletivos). Em verdade, excedem o interesse público de instituições oficiais ou privadas.
ou geral. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pes-
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, po- soa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
de-se afirmar que há uma coletivização da maioria dos di- para coibir a violência no âmbito de suas relações.
reitos individuais anteriormente reconhecidos e afirmados,
na medida do possível conforme a situação em concreto, Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado as-
bem como a percepção de direitos que são puramente di- segurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
fusos ou coletivos. prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma ção, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
categoria de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
o portador de deficiência e o consumidor, saindo da di- além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
mensão individual e olhando de uma maneira mais ampla discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
para o grupo, tem-se o enquadramento de tradicionais di- § 1º O Estado promoverá programas de assistência
reitos individuais como direitos difusos e coletivos. integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de admitida a participação de entidades não governamentais,
categorias de direitos difusos e coletivos que surgem de mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
maneira autônoma, sem partir de um direito individual es- preceitos: 
pecífico previamente garantido. Neste viés, destaca-se a I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
questão do direito ao meio ambiente equilibrado. nados à saúde na assistência materno-infantil;
O constituinte demonstra especial interesse na prote- II - criação de programas de prevenção e atendimento
ção desta categoria autônoma de direitos que é o direito especializado para as pessoas portadoras de deficiência físi-
ambiental, regulamentando a questão no capítulo VI do tí- ca, sensorial ou mental, bem como de integração social do
tulo VIII, que aborda a ordem social. Não obstante, prevê a adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
“defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
e serviços e de seus processos de elaboração e prestação” obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discrimi-
como princípio da ordem econômica (artigo 170, VI, CF). nação. 
O direito ao meio ambiente saudável é um clássico di- § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
reito difuso, pertencente a toda a sociedade e não somente gradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação
às presentes, mas também às futuras gerações. Com razão, de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
o dever de cuidado é compartilhado entre Estado (em to- adequado às pessoas portadoras de deficiência.
das suas esferas, numa cooperação inter-regional, como se § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin-
extrai de prescrições do §1º do artigo 225, CF) e sociedade. tes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
CAPÍTULO VII trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
Da Família, da Criança, do Adolescente, do II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
Jovem e do Idoso III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jo-
vem à escola; 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial pro- IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
teção do Estado. buição de ato infracional, igualdade na relação processual e
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos a legislação tutelar específica;
da lei. V - obediência aos princípios de brevidade, excepciona-
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvol-
união estável entre o homem e a mulher como entidade fa- vimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa
miliar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. da liberdade;

67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência A fundação tradicional da família se dá pelo casamen-
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao to, de modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem:
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles- “§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O
cente órfão ou abandonado; casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. O
VII - programas de prevenção e atendimento especia- fato do casamento ser gratuito facilita o acesso a ele. Por
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de seu turno, a previsão do casamento civil, aceitando que o
entorpecentes e drogas afins.
religioso tenha o mesmo efeito, consolida a afirmação do
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
Estado laico. Aliás, Lei nº 1.110/1950 regula o reconheci-
exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na for- mento dos efeitos civis ao casamento religioso.
ma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efeti- Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o cons-
vação por parte de estrangeiros. tituinte aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, igualdade entre homem e mulher no casamento e depois
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, a possibilidade de dissolução do vínculo conjugal. Quanto
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à dissolução do vínculo conjugal, ressalta-se que não mais
à filiação. se exige um lapso temporal entre a separação de fato ou
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- judicial para a concessão do divórcio, sendo que o divórcio
lescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. pode ser postulado desde logo (é o que decorre da Emen-
§ 8º A lei estabelecerá:  da Constitucional nº 66/2010).
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direi- No entanto, o constituinte está ciente de que o casa-
tos dos jovens;  mento não é a única forma de se constituir família, pre-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
vendo no § 3º o reconhecimento da união estável como
visando à articulação das várias esferas do poder público
para a execução de políticas públicas.  entidade familiar e no § 4º o reconhecimento da família
monoparental.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. do artigo 226, CF.
Por fim, o constituinte denota preocupação com a vio-
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os lência doméstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e de consolidação deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica e familiar
praticada contra a mulher.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação 3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das
garantindo-lhes o direito à vida.
principais diretrizes do direito da criança e do adolescente
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
tados preferencialmente em seus lares. que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida criança e adolescente deve receber tratamento especial do
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são
o futuro do país e as bases de construção da sociedade.
Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente Explica Liberati58: “Por absoluta prioridade, devemos
a proteção à maternidade e à infância, o constituinte deixa entender que a criança e o adolescente deverão estar em
clara sua intenção de proteger todos os núcleos vulnerá- primeiro lugar na escala de preocupação dos governantes;
veis da família: a proteção da mãe envolve a proteção da devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas to-
família, a proteção da infância abrange também a do ado- das as necessidades das crianças e adolescentes [...]. Por
lescente e do jovem e, porque não dizer, dos idosos, já que absoluta prioridade, entende-se que, na área administra-
estes também estão numa idade em que cuidado especial tiva, enquanto não existirem creches, escolas, postos de
deve ser despendido. Em verdade, há associações que tra- saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes
balham com a proteção integrada de todos estes núcleos
dignas moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas,
vulneráveis.
construir praças, sambódromos monumentos artísticos
1) Proteção à maternidade e à infância etc., porque a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças
Envolve medidas de seguridade e assistência social e são importantes que as obras de concreto que ficam par a
outras voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de demonstrar o poder do governante”.
maneira saudável e na presença do seio materno. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên-
2) Proteção da família cias, seguindo em seus dispositivos a ideologia do princí-
O constituinte reconhece a família como base da so- pio da absoluta prioridade.
ciedade e a coloca como objeto de especial proteção do 58 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do
Estado já no caput do artigo 226, CF. Adolescente: Comentários. São Paulo: IBPS.

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistên- rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível uma
cia à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I se de- emenda constitucional que alterasse a menoridade penal.
preende a intrínseca relação entre a proteção da criança e Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
do adolescente com a proteção da maternidade e da infân-
cia, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso II se depreen- 4) Proteção do idoso
de a proteção de outro grupo vulnerável, que é a pessoa A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que “[...]
portadora de deficiência, valendo lembrar que o Decreto nº os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção na velhice, carência ou enfermidade”. Consolida o dever de
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência solidariedade familiar, compensando os pais que criaram
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em seus filhos quando tinham condições e que hoje se encon-
30 de março de 2007, foi promulgado após aprovação no tram na posição de necessitados. Contudo, este dever de
Congresso Nacional nos moldes da Emenda Constitucional amparo não é exclusivo da família, conforme se extrai do
nº 45/2004, tendo força de norma constitucional e não de artigo 230, CF.
lei ordinária. A preocupação com o direito da pessoa porta- O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a trans-
dora de deficiência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a forma numa parte dispensável da sociedade, que merece
lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e isolamento. Pelo contrário, suas experiências devem ser va-
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos lorizadas e incorporadas nas práticas sociais, tornando-as
de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado mais adequadas. Assim, Estado, família e sociedade pos-
às pessoas portadoras de deficiência”. suem o dever compartilhado de conferir assistência aos
A proteção especial que decorre do princípio da prio- idosos.
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se,
ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do artigo 227: CAPÍTULO VIII
“A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- DOS ÍNDIOS
ção sexual da criança e do adolescente”.
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização
de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
Constituição prevê que “a adoção será assistida pelo Poder originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condi- competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
ções de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Neste todos os seus bens.
sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, dispõe § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
sobre a adoção. as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre-
Constituição anterior e do até então vigente Código Civil servação dos recursos ambientais necessários a seu bem
de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos -estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural,
ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os segundo seus usos, costumes e tradições.
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de- § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
signações discriminatórias relativas à filiação”. destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi- fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á nelas existentes.
em consideração o disposto no art. 204” tem em vista a § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos
adoção de práticas de assistência social, com recursos da os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas
seguridade social, em prol da criança e do adolescente. minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comuni-
estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a re- dades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
gular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juven- resultados da lavra, na forma da lei.
tude, de duração decenal, visando à articulação das várias § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e
esferas do poder público para a execução de políticas pú- indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
blicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos terras, salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em
jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. população, ou no interesse da soberania do País, após de-
Mais informações sobre a Política mencionada no inciso II liberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer
e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
que direcionam a implementação dela podem ser obtidas § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju-
na rede59. rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o do-
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis mínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legis- a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos
lação especial”. Percebe-se que a normativa não está no lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse pú-
59 http://www.juventude.gov.br/politica blico da União, segundo o que dispuser lei complementar,

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização * § 4º. O militar da ativa que tomar posse em cargo,
ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda
benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. que da administração indireta, ficará agregado ao respec-
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. tivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nesta
174, § 3º e § 4º. situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o
tempo de serviço apenas para aquela promoção e transfe-
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações rência
são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de para a reserva, sendo, depois de dois anos de afasta-
seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em mento, contínuos ou não, transferido para a inatividade.
todos os atos do processo. * § 4º com redação determinada pela Emenda Constitu-
cional nº 07, de 15/12/1998.
Os povos indígenas teciam os fios de sua própria his- § 5º. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.
tória no território brasileiro antes da chegada de um Esta- * § 6º. O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode
do colonizador e intervencionista, que veio a se mostrar estar filiado a partidos políticos.
inapto para cumprir com suas próprias obrigações. O Esta- * § 6º com redação determinada pela Emenda Constitu-
do deveria ser restituidor e garante do direito étnico e do cional nº 07, de 15/12/1998.
direito comunitário, permitindo aos povos indígenas res- § 7º. O oficial condenado na Justiça Comum ou Militar
taurar sua ordem institucional e retomar os fios de sua his- à pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sen-
tória. Mostra-se necessário ver a nação como uma coalizão tença transitada em julgado, será submetido a julgamento
de povos, permitindo que cada qual resolva seus conflitos perante a Justiça Militar que decidirá sobre a perda do seu
internamente60. cargo ou patente, se o considerar indigno ao oficialato ou
A questão indígena encontra regulamentação no Título com ele incompatível.
VIII, que aborda a ordem social, capítulo VIII. § 8º. A lei disporá sobre os limites de idade, a estabili-
Com vistas a assegurar a defesa destes direitos, con- dade e outras condições de transferência do servidor
militar para a inatividade.
fere-se legitimidade para as comunidades e organizações
*§ 9º.Aplicam-se aos militares do Estado as disposições
indígenas de ingresso no Judiciário para defesa de seus in-
do art. 42 da Constituição Federal, sendo as patentes
teresses, com intervenção do Ministério Público em todos
dos oficiais conferidas pelo Governador do Estado.
os feitos.
* § 9º com redação determinada pela Emenda Constitu-
cional nº 15, de 26/09/2005.
* § 10. ( Revogado pela Emenda Constitucional nº 15, de
26/09/2005).
NORMAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
DO TOCANTINS PERTINENTES AOS TÍTULO XI
MILITARES DO ESTADO, ÀS POLÍCIAS Da Segurança da Sociedade
ESTADUAIS E À SEGURANÇA PÚBLICA EM e do Sistema Penitenciário
GERAL. CAPÍTULO I
Da Segurança do Indivíduo e da Sociedade

Art. 114. A segurança pública, dever do Estado, direito


SUBSEÇÃO III e responsabilidade de todos, é exercida para a
Dos Servidores Públicos Militares preservação da ordem pública e incolumidade das pes-
soas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos estaduais:
* Art. 13. Os membros da Polícia Militar e do Corpo de I - Polícia Civil;
Bombeiros Militar são militares do Estado, regidos por esta- II - Polícia Militar;
tuto próprio, estabelecido em lei. *III – Corpo de Bombeiros Militar.
* Caput do art. 13 com redação determinada pela *Inciso III acrescentado pela Emenda Constitucional nº
Emenda Constitucional nº 07, de 15/12/1998. 15, de 26/09/2005.
§ 1º. As patentes com prerrogativas, direitos e deveres *§ 1º. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar
a elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais são regidos por legislação especial, que define sua
da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos estrutura, deveres, prerrogativas de seus integrantes, de
os títulos, postos e uniformes militares. modo a assegurar a eficiência de suas atividades e atuação
* § 2º. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 07, de harmônica, observados os preceitos da Constituição Fe-
15/12/1998.) deral.
§ 3º. O militar em atividade que aceitar cargo público * § 1º com redação determinada pela Emenda Constitu-
civil permanente será transferido para a reserva. cional nº 15, de 26/09/2005.
* § 2º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 15, de
60 SEGATO, Rita Laura. Que cada povo teça os fios da sua his-
tória: o pluralismo jurídico em diálogo didático com os legisladores.
26/09/2005).
Revista de Direito da Universidade de Brasília. Brasília, v. 1, ano 1, p. * § 3º. A lei definirá a estrutura e funcionamento da Po-
65-92, jan./jun.2014. lícia Civil, observados os preceitos desta e da

70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição Federal. *§4º Os Delegados de Polícia de carreira jurídica serão


* § 3º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 07, lotados nos órgãos da Polícia Civil situados nas
de 15/12/1998. sedes das comarcas.
*§ 4º. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar *§5º Lei Complementar de iniciativa do Chefe do Poder
forças auxiliares e reservas do Exército, juntamente Executivo disporá sobre a estruturação e o subsídio
com a Polícia Civil, subordinam-se ao Governador do da carreira jurídica de Delegado de Polícia em quadro
Estado. próprio, dependendo o respectivo ingresso de concurso pú-
* § 4º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 07, blico de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Ad-
de 15/12/1998 e com redação determinada pela Emenda
vogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel
Constitucional nº 15, de 26/09/2005.
em
Art. 115. O exercício da função policial é privativo do direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica ou o
policial de carreira, recrutado exclusivamente por mesmo tempo em efetivo exercício em cargo de natureza
concurso público de provas ou de provas e títulos, sub- policial e
metido a curso de formação policial. obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classifica-
Parágrafo único. Os integrantes dos serviços policiais ção.
serão reavaliados periodicamente, aferindo-se suas *§§3º, 4º e 5º acrescentados pela Emenda Constitucional
condições para o exercício do cargo, na forma da lei. nº 26, de 26/06/2014.
Art. 116. A Polícia Civil é dirigida por delegado de polí- *Art. 117. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Mili-
cia de carreira, incumbindo-se das funções de polícia tar, são instituições permanentes, organizadas com
judiciária e da apuração das infrações penais, exceto as base na hierarquia e disciplina militares, competindo,
militares e as da competência da União. entre outras, as seguintes atividades para:
*§1º As funções de polícia judiciária e a apuração de *I - a Polícia Militar:
infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia *a) policiamento ostensivo de prevenção criminal, de se-
são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Es- gurança, de trânsito urbano e rodoviário;
tado, sendo-lhe assegurados os direitos inerentes às demais *b) atividades relacionadas com a preservação e restau-
carreiras ração da ordem pública e com a garantia do
poder de polícia dos órgãos e entidades da administra-
jurídicas do Estado, a independência funcional além das
ção pública, em especial das áreas fazendária,
seguintes garantias:
sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do
*a) vitaliciedade, que será adquirida após três anos de solo e de patrimônio cultural;
efetivo exercício, não podendo perder o cargo senão *II – o Corpo de Bombeiros Militar:
por sentença judicial transitada em julgado; *a) a coordenação e execução de ações de defesa civil;
*b) inamovibilidade, salvo remoção de ofício por motivo *b) a prevenção e o combate aos incêndios;
de interesse publico por ato fundamentado de dois *c) proteção, busca e salvamento em alturas, terrestre e
terços do Conselho Superior da Polícia Civil, ou a pedido, aquático de pessoas e bens;
mediante concurso de remoção, onde deverão ser observa- *d) estabelecimento de normas relativas à segurança
dos, das pessoas e de seu patrimônio contra incêndio e
alternadamente, os critérios de antiguidade e mereci- catástrofes ou pânico;
mento. *e) perícia de incêndios;
*§1º com redação determinada pela Emenda Constitu- *f) resgate de vítimas de acidentes e sinistros;
cional nº 26, de 26/06/2014. *g) analisar projetos contra incêndio e pânico, fiscalizar
*§2º. Ao delegado de polícia, na qualidade de autorida- sua execução, aplicar sanções e interdições
de policial, cabe a condução da investigação criminal em edificações ou locais de concentração de público que
por meio de inquérito policial ou outro procedimento não apresente as condições de segurança
previsto em lei, que tenha como objetivo a apuração das exigidas por normas vigentes.
*III – A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, a
circunstâncias, da materialidade e da autoria das infra-
função de polícia judiciária militar, nos termos da lei federal.
ções penais, atuando de acordo com seu livre convencimento
*Parágrafo único. Lei Complementar organizará a Polí-
técnico-jurídico, com independência funcional, isenção cia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.
e imparcialidade. *Art. 117 com redação determinada pela Emenda Cons-
*§2º com redação determinada pela Emenda Constitu- titucional nº 15, de 26/09/2005.
cional nº 26, de 26/06/2014.
*§3º O inquérito policial ou outro procedimento previsto CAPÍTULO II
em lei em curso somente poderá ser avocado ou Do Sistema Penitenciário
redistribuído por superior hierárquico, mediante despa-
cho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas Art. 118. O Estado garantirá a dignidade e a integrida-
hipóteses de física e moral dos presos.
de inobservância dos procedimentos previstos em regu- Parágrafo único. Serão asseguradas condições para
lamento da corporação que prejudique a eficácia da inves- que as presidiárias possam permanecer com seus filhos
tigação. durante o período de amamentação.

71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 119. Lei complementar organizará o Conselho Pe- 3. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
nitenciário do Estado, estabelecendo competências e atri- pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
buições. va do Brasil, reconhece-se que:
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
EXERCÍCIOS jetivos.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- contrapõe ao valor social do trabalho.
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). do decorrente de estupro.
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
ceto: de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
(A) são objetivos fundamentais da república federati- discriminação, é um de seus objetivos.
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
zir as desigualdades sociais e regionais. tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil. 4. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
alguma coisa senão em virtude de lei. Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve- é INCORRETO afirmar que:
dado o anonimato. (A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
um dos objetivos fundamentais da república federativa do humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Brasil. e o pluralismo político.
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
formas de discriminação.
os mais importantes valores que informam a elaboração da
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
Constituição da República Federativa do Brasil.
mente por meio de representantes eleitos.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
(D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
assinale a alternativa correta.
blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
I - Nas relações internacionais, a República brasileira
os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode- direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
Estados, concessão de asilo político. e a defesa da paz são princípios regedores das relações
II - Os princípios não são dotados de normatividade, internacionais da República Federativa do Brasil.
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
jurídicas efetivas. 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans- 5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
sistema de comandos. tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie- consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro- reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
priedade privada. 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos seguir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda- I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor-
de do caput do art. 5º da Constituição Federal. ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen-
(A) Apenas I, II, III estão corretas. tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos
(B) Apenas II e IV estão corretas. direitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
(E) Todas as afirmações estão corretas. exemplificativo.

72
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - Os direitos e garantias expressos na Constituição V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a


Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais pela falta de complementação de uma lei.
em que o Brasil seja parte. (A) Todas as afirmações estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (B) Apenas I, II e III estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola- (D) Apenas II, III e V estão corretas.
ção. (E) Apenas IV e V estão corretas.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 8. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
suas liturgias. na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
(A) Apenas I, II e III estão corretas. víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe parida-
(C) Apenas III e V estão corretas. de de condições com o Estado para defender-se.
(D) Apenas IV e V estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a
(E) Todas as questões estão corretas. seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re- pela autoridade competente.
médios constitucionais são as formas estabelecidas pela II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores social o exigirem.
essenciais e indisponíveis do ser humano. III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
Assim, é correto afirmar, exceto: meios ilícitos.
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. fiança.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação depositário infiel.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
de poder. (B) Apenas I, III e V estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (C) Apenas III e IV estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual (D) Apenas IV e V estão corretas.
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e (E) Todas as questões estão corretas.
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- 9. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
ciplinares militares. Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
quando for concreta a lesão. for conhecido.
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
7. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
em relação aos outros remédios constitucionais analise as taurado.
questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor- 10. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci-
registros ou banco de dados de entidades governamentais das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que
ou de caráter público. (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
II - Será concedido habeas data para a retificação de (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, imprescritível.
judicial ou administrativo. (C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de tância.
entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha- (D) os templos religiosos, entendidos como casas de
beas data será a pessoa jurídica componente da adminis- Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
tração direta e indireta do Estado.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à au- 11. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
toridade competente que faça uma lei para tornar viável o MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no
exercício dos direitos e liberdades constitucionais. artigo 5º da Constituição Federal:

73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. 15. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu
prio. pedido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser in-
do pela lei de execução penal. terposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao lei, que foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Administração
ta. Pública federal notificou Pedro para devolver os valores re-
cebidos, comunicando que não mais ocorreriam os paga-
12. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- mentos futuros, em decorrência da norma em foco.
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO correta
(A) em caso de desastre. (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(B) em caso de flagrante delito. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(C) para prestar socorro. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. julgada formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
13. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador de Pedro diante de nova legislação.
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
que é: tes.
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
mentado o anonimato; 16. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
terial, moral ou à imagem; lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício O pleito de João
profissional; (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
sura ou licença; lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- ameaça a direito
formações de seu interesse particular, sendo vedada a (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as-
alegação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe-
sociedade e do Estado. tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder
14. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (C) não encontra amparo constitucional, uma vez
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, que a obtenção de certidões em repartições públicas será
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
manos: direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a pessoal.
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; segurança da sociedade e do Estado.
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
de três quintos dos respectivos membros; vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen- dade de sua tramitação.
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
com observância do processo legislativo ordinário; 17. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito da reserva do possível
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
ordem jurídica interna. efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.

74
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de balhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi- emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o to, mas é determinado pela CLT.
direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 21. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
18. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
suas disposições, a Emenda pela Constituição federal, Pietro
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
tido antes da sua naturalização.
mediante incentivos específicos.
(C) poderá ser extraditado.
(B) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
gas afim.
(C) não determinou a extensão ao trabalhador do-
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
denatória transitou em julgado após a naturalização.
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
lher, mediante incentivos específicos.
(D) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, 22. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- privativo de brasileiro nato o cargo de
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
xidade do trabalho. (B) Senador.
(E) não determinou a extensão ao trabalhador do- (C) Juiz de Direito.
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- (D) Delegado de Polícia.
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por (E) Deputado Federal.
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
são e à complexidade do trabalho. 23. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
No caso de condenação criminal transitada em julgado,
19. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di-
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- reitos políticos:
tais, à organização político-administrativa, à administração (A) mantidos.
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (B) cassados.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (C) perdidos.
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades (D) suspensos.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade. 24. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que
Certo ( ) concerne às condições de elegibilidade para o cargo de
Errado ( ) prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
20. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo
alternativa correta. de prefeito.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida-
seguintes é exaustivo. tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.

75
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
candidatar-se ao cargo de prefeito. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, assessoramento.
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. 29. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
25. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna- a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
tiva correta a respeito dos partidos políticos. para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos finan- te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
ceiros por parte de empresas transnacionais. quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propagan- Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
da no rádio e na televisão, exceto aqueles que não pos- São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
suam representação no Congresso Nacional.
Com base no que determina a Constituição Federal a
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
nacional.
(A) A investidura em cargo ou emprego público de-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas
para aprovação. vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
(E) Em razão de sua importante função institucional, cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito (B) A Administração pública direta e indireta obede-
público. cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência.
26. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - (C) O prazo de validade do concurso público será de
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
ganização político-administrativa da República Federativa (D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
do Brasil. munerada de cargos públicos.
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado. ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
Certo ( ) que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
Errado ( ) ações de ressarcimento.

27. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - 30. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- relação à competência privativa da União para legislar, é
ganização político-administrativa da República Federativa INCORRETO afirmar que compete privativamente à União
do Brasil. legislar sobre
A despeito de serem entes federativos, os territórios (A) registros públicos.
federais carecem de autonomia. (B) comércio exterior e interestadual.
Certo ( ) (C) organização do sistema nacional de emprego e
Errado ( ) condições para o exercício de profissões.
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
28. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
ternativa INCORRETA:
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
(A) A administração pública direta e indireta de qual-
meio ambiente e controle da poluição.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. 31. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li- rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
vre associação sindical. blica, analise as afirmativas.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis- I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, pelo Poder Executivo.
na forma da lei. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos gos, funções e empregos públicos da administração direta,
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
do, pois, sociedades de economia mista. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou

76
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- vidores públicos em estágio probatório.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
pessoal do serviço público. tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
(A) I, II e III. regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
(B) I, apenas. geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú-
(C) I e II, apenas. blicos enquanto não for promulgada lei específica para o
(D) I e III, apenas. exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole-
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
32. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 35. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu- que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
nelas existentes. competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(D) É vedado às universidades e às instituições de pes- (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos que, apesar da matéria se inserir na competência residual
e cientistas estrangeiros. dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
estadual para atender as suas peculiaridades locais.
33. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer- (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
ca da organização do Estado, em consonância com a Cons- a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
tituição Federal, assinale a alternativa correta. poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
(A) É competência comum da União, dos estados, do (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
acesso à cultura, à educação e à ciência. poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
(B) É competência exclusiva da União proteger os do- culiaridades.
cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artísti- (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
co e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá- a matéria insere-se na competência residual dos Estados
veis e os sítios arqueológicos. para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a dadas pela Constituição.
evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. 36. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a Compete privativamente à União legislar sobre
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti- (A) produção e consumo.
co e paisagístico. (B) assistência jurídica e defensoria pública.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (C) trânsito e transporte.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
mico e urbanístico.
34. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (E) educação, cultura, ensino e desporto.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
públicos civis da Administração direta 37. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que termos da Constituição Federal, dentre outros,
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
prestação dos serviços públicos. (B) a indisponibilidade dos bens.

77
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) a impossibilidade de deixar o país. (A) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú-
(D) a suspensão dos direitos civis. blica, entre outras, as leis que disponham sobre organiza-
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- ção do Ministério Público e da Defensoria Pública da União,
cial. bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
38. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- Federal e dos Territórios.
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. (B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- outras, sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito ci-
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação vil, direito penal, direito processual penal, direito proces-
ao município de origem. sual civil e organização do Poder Judiciário e do Ministério
De acordo com as normas constitucionais federais, Público, a carreira e a garantia de seus membros.
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um (C) Se a medida provisória não for apreciada em até
novo Município, são indispensáveis: cento e vinte dias contados de sua publicação, entrará em
(A) lei estadual e referendo. regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das
(B) lei municipal e plebiscito. Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que
(C) lei municipal e referendo. se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati-
(D) lei estadual e plebiscito. vas da Casa em que estiver tramitando.
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
39. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) visto pela outra, em um só turno de discussão e votação,
Assinale a afirmativa INCORRETA: e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta- aprovar, ou, se o projeto for emendado ou rejeitado, volta-
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para rá à Casa iniciadora.
formar um ente único.
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição 42. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
dos Estados federados à União. FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe-
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con-
lecimento do poder central decorrente da predominância tas da União
de atribuições conferidas à União. (A) julgar as contas as contas dos administradores e
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de demais responsáveis por recursos públicos.
três esferas de competências: União, Estados e Municípios. (B) julgar as contas do presidente da república.
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug-
40. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado
23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alter- federal.
nativa CORRETA: (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida-
(A) A Constituição Federal poderá ser emendada me- de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
diante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da administração direta.
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presi- (E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
dente da República ou de Mais da metade das Assembleias nacionais de cujo capital social a união participe, de forma
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo.
cada uma delas pela maioria absoluta de seus membros.
(B) A matéria constante de proposta de emenda 43. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
constitucional rejeitada ou havida por prejudicada somen- FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício,
te poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indi-
legislativa por deliberação de, no mínimo, dois terços dos cado pelo Tribunal Superior do Trabalho para compor este
membros de uma das Casas Legislativas. Tribunal Superior e ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, apo-
(C) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- sentado neste ano de 2014”. Antes de ser nomeado pelo
blica leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Presidente da República o nome do Magistrado Tício deve-
Armadas. rá ser aprovado pela maioria
(D) A discussão e votação dos projetos de lei de ini- (A) absoluta do Senado Federal.
ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal (B) absoluta do Congresso Nacional.
Federal e dos Tribunais superiores terão início no Senado (C) simples do Senado Federal.
Federal. (D) simples do Congresso Nacional.
(E) As leis complementares serão aprovadas por (E) absoluta do Supremo Tribunal Federal.
maioria simples.
44. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
41. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No to- FGV/2014) Os membros da Comissão Parlamentar de In-
cante às normas constitucionais referentes ao processo le- quérito do Sistema Carcerário constataram a presença de
gislativo, assinale a alternativa correta. mulheres detidas em cadeia pública masculina em uma

78
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

unidade federativa brasileira. As detentas reclamavam da (A) 15 dias.


infraestrutura precária e confirmaram denúncias de que (B) 30 dias.
uma menina de 16 anos ficou detida na mesma unidade (C) 45 dias.
prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias (D) 60 dias.
político-administrativas, havendo a intervenção federal
para assegurar a garantia dos direitos da pessoa humana, 48. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con-
ela deverá ser decretada pelo Presidente da República: siderando o que estabelecem as normas constitucionais
(A) espontaneamente, sem necessidade de controle sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA.
político do Congresso Nacional. (A) A perda do cargo é a consequência inafastável
(B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça. para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad-
(C) após prévia autorização do Congresso Nacional. ministração Pública, seja direta ou indireta.
(D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre-
de representação do Procurador-Geral da República. sidente da República, verificada nos últimos dois anos do
(E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso
de seu Órgão Especial, com chancela final do Legislativo Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta
do Estado. dias depois da última vaga.
(C) Do Conselho da República participam, também,
45. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos
Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos
no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer- com mandato de quatro anos, admitida uma única recon-
reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro- dução.
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade” (D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo
(cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39. de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República,
ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im- são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es-
perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
Congresso Nacional nos processos de (E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
(A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora- República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di-
ção das leis ordinárias e complementares. reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a
(B) conversão de medida provisória em lei e de elabo- necessária autorização prévia do Senado Federal.
ração das leis ordinárias e complementares.
(C) revisão constitucional e de elaboração das leis or- 49. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine
dinárias e complementares. a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente,
(D) conversão de medida provisória em lei e de elabo- vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após
ração das emendas constitucionais. a conclusão do terceiro ano de mandato.
(E) elaboração das emendas constitucionais e de A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa
aprovação de tratados e convenções internacionais sobre correta.
direitos humanos com estatura equivalente às emendas (A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e
constitucionais. completa o mandato.
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o
46. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun- cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias
do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi- depois de abertas as vagas.
vo”, compete ao Presidente da República, exceto: (C) O Presidente do Congresso Nacional assume o
(A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre- cargo e completa o mandato.
ditar seus representantes diplomáticos. (D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume
(B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias
se necessário, dos órgãos instituídos em lei. após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na
(C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei forma da lei.
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre-
mo Tribunal Federal RESPOSTAS
(D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e
funcionamento da administração federal, quando não im- 1. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór- racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
gãos públicos. que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
47. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
do país, sob pena de perda do cargo, por até: assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania

79
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e pluralismo político não são fundamentos da República a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”;
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI,
um Estado Democrático de Direito. CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
2. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” estão corretas.
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto,
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- 6. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs-
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre-
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
apenas o item “II” está incorreto. situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
3. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no relação a punições disciplinares militares”.
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre 7. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce-
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
com os objetivos. informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governa-
4. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
pular direta no poder por intermédio de processos como judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do
atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va-
contra uma entidade governamental da administração di-
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer-
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º,
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
5. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal que a demora do legislador em regulamentar uma norma
diferença entre direitos e garantias é que os primeiros constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex: direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas ral.
corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê
em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta 8. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
fundamento que também demonstra que o item “III” está processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 16. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”. nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a
Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad- receber dos órgãos públicos informações de seu interes-
missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
(artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju- prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-
alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto gurança da sociedade e do Estado”.
esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
17. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível
9. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - busca impedir que se argumente por uma obrigação infi-
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. nita do Estado de atender direitos econômicos, sociais e
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do culturais. No entanto, não pode ser invocada como mule-
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- ta para impedir que estes direitos adquiram efetividade.
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, Se a invocação da reserva do possível não demonstrar
notadamente), ela será aplicada. cabalmente que o Estado não tem condições de arcar
com as despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar
10. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, a omissão.
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- 18. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque 72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta de votação como PEC das domésticas, deu redação ao
porque é aceita a pena de morte para os crimes milita- parágrafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos
res praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque direitos enumerados nos incisos do caput para a catego-
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. ria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII,
VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
11. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci-
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
das em lei e observada a simplificação do cumprimento
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decor-
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
noturno superior à do diurno”).
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
como a sua integração à previdência social”. Os direitos
12. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
descritos na alternativa “C” estão previstos nos incisos
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, não estendidos
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- aos empregados domésticos pela emenda.
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a 19. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o
qualquer hora, mas somente durante o dia. direito de greve: “É assegurado o direito de greve, com-
petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
13. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou ati-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício vidades essenciais e disporá sobre o atendimento das
profissional”. necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos
cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
14. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos 20. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas dos direitos humanos internacionais e das convenções e
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução
determinados requisitos para a incorporação. proporcional pode ser aceita se intermediada por nego-
ciação coletiva, evitando cenário de demissão em massa;
15. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, “D” está incorreta porque a licença-gestante encontra ar-
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei cabouço constitucional, tal como a licença-paternidade,
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito restando “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF.
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto no ar-
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere tigo 7º: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a menos, um terço a mais do que o salário normal” (artigo
segurança jurídica. 7º, XVII, CF).

81
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

21. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne- Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor- políticos de organização paramilitar”.
pecentes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a conde-
nação tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum 26. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
22. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; e não possuem soberania.
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do 27. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
a Presidência da República. com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
23. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem distrito Federal e os Municípios.
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- 28. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja tiva “A” como de necessária observância na Administração
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - conde- Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
nação criminal transitada em julgado, enquanto durarem Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
seus efeitos”. VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
24. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, V, CF.
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mí- Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor
nima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
a candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- mente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); economia mista não estão excluídas da proibição de acu-
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido mulação remunerada de cargos, razão pela qual a alterna-
(artigo 14, §8º, I, CF). tiva é incorreta.

25. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 29. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
nal como preceito que deva necessariamente se observado: princípios da Administração Pública previstos no caput do
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação regulamentadas”.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- 30. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fau-

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

na, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 34. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
naturais, proteção do meio ambiente e controle da polui- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
ção”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
e I competências privativas da União que constam, nesta tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
31. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, independente da lei complementar, tem o direito público,
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos reito abrange o servidor público em estágio probatório,
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de constitucionalmente garantido.
cargos, funções e empregos públicos da administração di-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
35. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
“Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, necessária a existência de lei delimitando o interesse local
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Município apresenta-se apenas como outra possibili-
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do dade de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio definindo o que seria de interesse do Município, mas em
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito mia para decidir o que seria de seu interesse.
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 36. Resposta: “C”. A competência privativa legislati-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- va da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito previsão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre pro-
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do dução e consumo, a competência é legislativa concorrente
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- entre União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF),
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é assim como a de legislar sobre assistência jurídica e Defen-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies soria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanísti-
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. co (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
32. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 37. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque
previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por-
38. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo
207, §1º, CF). A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
33. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B” na forma da lei”.
competência concorrente entre todos os entes federados
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre to- 39. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
dos os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência rizado por uma rígida separação de competências entre o
concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
“E” competência concorrente entre União, estados e DF (ar- bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
tigo 24, IX, CF). submissão e sim de autonomia.

83
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

40. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece pro- nacionais de cujo capital social a União participe, de forma
jetos de leis que somente podem ser propostos pelo Pre- direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI
sidente da República, que são de sua iniciativa privativa, - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
como os que “fixem ou modifiquem os efetivos das Forças pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
Armadas” (inciso I). A alternativa “A” repete o artigo 60, instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
caput, mas afirma que a maioria dos membros das Assem- a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
bleias Legislativas deve ser absoluta, quando na verdade Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
nem mesmo a deliberação de 2/3 dos membros altera isto, VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
razão pela qual “B” está incorreta. “D” está incorreta porque despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
a porta de entrada destes projetos de lei é a Câmara dos em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
Deputados. “E” resta incorreta porque “as leis complemen- proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo
tares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF), para que o órgão ou entidade adote as providências neces-
não maioria simples. sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
41. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonân- nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
cia com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre irregularidades ou abusos apurados”.
sobre: [...] d) organização do Ministério Público e da De-
fensoria Pública da União, bem como normas gerais para a 43. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF:
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública “Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - apro-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. A alter- var previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
nativa “B” está errada porque amplia o rol de vedações do escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o prazo de Constituição”; sendo que a respeito prevê o artigo 111-A,
45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está errada CF: “o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquiva- e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
mento (artigo 65, caput, CF). trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
42. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con- absoluta do Senado Federal” (grifo nosso).
tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição
Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista 44. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação
logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do da intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Su-
Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri- premo Tribunal Federal, de representação do Procurador-
bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar Geral da República, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso
as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú- de recusa à execução de lei federal”. Por seu turno, prevê o
blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado referido artigo 34, VII, CF: “VII - assegurar a observância dos
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
as contas dos administradores e demais responsáveis sistema representativo e regime democrático; b) direitos
por dinheiros, bens e valores públicos da administra- da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação
ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades de contas da administração pública, direta e indireta”. No
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con- caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao
tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra princípio da dignidade da pessoa humana.
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
- apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de 45. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti- gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car- beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
go de provimento em comissão, bem como a das conces- autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo- leis complementares, quase sempre a deliberação principal
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci- posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-

84
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

46. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva 02. (TRE/CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Ro-
“C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva- berval, brasileiro, ficou viúvo, pois sua esposa Amália, ho-
tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução, landesa e que não tinha filhos, faleceu na Escócia durante
no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por um passeio turístico, cujo ascendente paterno, Arquime-
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. des, reside na Espanha e sua ascendente materna, Hilda,
reside na França. Amália era proprietária de três imóveis
47. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente no Brasil e, segundo a Constituição Federal, a sucessão dos
e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença seus bens será regulada, no caso, pela lei:
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período A) Francesa em benefício de Roberval, pois prevalece o
domicilio de Hilda.
superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”.
B) Holandesa em benefício de Roberval, mesmo lhe
sendo mais favorável a lei brasileira.
48. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo C) Escocesa em benefício de Roberval, pois prevalece
81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- o local do óbito.
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois D) Espanhola em benefício de Roberval, pois prevalece
de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl- o domicilio de Arquimedes.
timos dois anos do período presidencial, a eleição para am- E) Brasileira em benefício de Roberval, sempre que não
bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, lhe seja mais favorável a lei pessoal de Amália.
pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. Consoante o art. 5º, XXXI, CF, a sucessão de bens de es-
trangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira
49. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, que não lhes seja mais favorável a lei pessoa do “de cujus”.
é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu- Em mesmo sentido, o art. 10, §1º, da Lei de Introdução às
tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe- Normas do Direito Brasileiro. Isto posto, a alternativa que
deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice guarda perfilhamento com o dispositivo constitucional é a
-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de letra “E”.
aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo
a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a RESPOSTA: “E”.
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
03. (TJ/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Lúcio,
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”
Amélia e Tito, respectivamente, pai, mãe e filho, são lavra-
(artigo 81, §1º, CF). dores na pequena cidade de Amambaí, Estado do Mato
Grosso do Sul, e sozinhos, sem a ajuda de funcionários,
cultivam soja na sua pequena propriedade rural, assim de-
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES finida em lei. Lúcio investiu todas as suas economias pes-
soais na compra de uma máquina específica para ajudar a
sua família na colheita da soja, acreditando que seria farta
01. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII - e que a máquina lhes traria um excelente resultado eco-
FGV/2013) A Constituição declara que todos podem reunir- nômico. Porém, ocorreu uma geada que estragou toda a
se em local aberto ao público. Algumas condições para que plantação, deixando Lúcio sem condições de saldar seus
as reuniões se realizem são apresentadas nas alternativas a débitos vencidos decorrentes da atividade produtiva, sen-
seguir, à exceção de uma. Assinale-a: do processado judicialmente. Nesse caso, a referida peque-
A) Os participantes não portem armas. na propriedade rural:
B) A reunião seja autorizada pela autoridade compe- A) Será penhorada, porém o Juiz limitará a penhora à
tente. parte de propriedade de Lúcio, pois Amélia e Tito não com-
C) A reunião não frustre outra reunião anteriormente praram a máquina.
B) É penhorável sempre porque deve garantir o paga-
convocada para o mesmo local.
mento integral das dividas decorrentes da atividade pro-
D) Os participantes reúnam-se pacificamente.
dutiva, independentemente da existência de outros bens.
C) Será penhorada desde que não existam outros bens
O Texto Maior determina que todos podem reunir-se penhoráveis.
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, D) Será penhorada, mas, segundo a Constituição Fede-
independentemente de autorização, desde que não frus- ral, o Juiz dará a prévia oportunidade a Lucio de pagar as
trem outra reunião anteriormente convocada para o mes- dívidas em trinta e seis meses sem juros.
mo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade E) É impenhorável, face a vedação constitucional.
competente (art. 5º, XVI, CF).
Nestes termos, a alternativa “B” deve ser assinalada, A pequena propriedade rural, assim definida em lei,
pois é o único requisito que não está previsto na norma desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe-
descrita acima. nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
vidade produtiva, dispondo a lei sobe os meios de financiar
RESPOSTA: “B”. o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF).

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim, em face da vedação constitucional, a proprie- II. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao
dade de Lúcio, Amélia e Tito é impenhorável, o que torna agravo, além da indenização por dano material, moral ou
correta a letra “E”. à imagem.
III. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
RESPOSTA: “E”. lesão ou ameaça a direito.
IV. As associações somente poderão ser compulsoria-
04 (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) A mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por de-
Constituição da República assegura a todos, independen- cisão judicial transitada em julgado.
temente do pagamento de taxas: Está correto o que se afirma apenas em:
A) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa A) I e II.
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. B) I e III.
B) A obtenção de certidões em repartições públicas e C) II e III.
estabelecimentos privados, para defesa de direitos e escla- D) II e IV.
recimento de situações de interesse pessoal. E) III e IV.
C) O registro civil de nascimento, a certidão de casa-
mento e a certidão de óbito. O item “I” está errado, pois, apesar de somente se per-
D) As ações de habeas corpus, habeas data e o manda- mitir a pena de morte no Brasil em caso de guerra declara-
do de segurança. da (art. 5º, XLVII, “a”, CF), as penas de caráter perpétuo não
E) A prestação de assistência jurídica integral pelo Es- são admitidas em hipótese alguma, com ou sem guerra
tado. (art. 5º, XLVII, “b”).
O item “II” está correto, por reproduzir a essência do
Conforme o art. 5º, XXXIV, da Lei Fundamental, assegu- que está previsto no art. 5º, V, da Constituição Federal, a
ra-se a todos, independentemente do pagamento de taxas, saber, a disposição de que é assegurado o direito de res-
o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de posta, proporcional ao agravo, além da indenização por
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (alínea dano material, moral ou à imagem.
“a”), bem como a obtenção de certidões em repartições O item “III” está certo: a lei não excluirá da apreciação
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de si- do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV,
tuações de interesse pessoal (alínea “b”). A alternativa “A” CF).
está correta, por tratar desta situação prevista na alínea “a”. O item “IV” está incorreto. Exige-se decisão judicial
A alternativa “B” está errada, pois, como visto no pa- transitada em julgado apenas para se dissolver compul-
rágrafo acima, o direito à obtenção gratuita de certidões soriamente as associações. Para suspender suas atividades
somente vale para repartições públicas, mas não para esta- não há essa exigência (art. 5º, XIX, CF).
belecimentos privados. Sendo assim, corretos os itens “II” e “III”, convém assi-
A alternativa “C” está incorreta, pois, conforme o inciso nalar a alternativa “C”.
LXXVI, alíneas “a” e “b”, do art. 5º, da Constituição, apenas
o registro civil de nascimento e a certidão de óbito são RESPOSTA: “C”.
gratuitos para os reconhecidamente pobres na forma da
lei. Quanto à gratuidade da certidão de casamento, o pará-
grafo único, do art. 1512, do Código Civil, prevê que a ha-
bilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão
serão isentos de selos, emolumentos e custas, apenas para
as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
A alternativa “D” está errada, pois o art. 5º, LXXVI, CF
prevê a gratuidade apenas das ações de habeas corpus e
habeas data.
Por fim, o que torna incorreta a alternativa “E” é o fato
de que o Estado somente prestará assistência jurídica inte-
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
cursos (art. 5º, LXXIV, CF).

RESPOSTA: “A”.

05. (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) Con-


sidere as seguintes afirmações a respeito dos direitos e
garantias fundamentais expressos na Constituição da Re-
pública:
I. Não haverá penas de morte ou de caráter perpétuo,
salvo em caso de guerra declarada.

86
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Infração penal: elementos, espécies; Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Tipicidade, ilicitude, culpabilidade,
punibilidade; .............................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal. ............................................................................................................................................................................................ 07
Crimes contra a pessoa;......................................................................................................................................................................................... 08
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65), ......................................................................................................................................................... 16
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). ............................................................................................................................................................... 18
Código Penal (Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Título XI - Dos Crimes Contra a Administração
Pública.......................................................................................................................................................................................................................... 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

conduta caracterizava uma mera contravenção, porém,


INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES; com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA considerada crime/delito.
INFRAÇÃO PENAL; TIPICIDADE, ILICITUDE,
CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE; Sujeito Ativo
Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano maior
de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal.
INFRAÇÃO PENAL A exceção acontece nos crimes contra o meio ambiente
Elementos da Infração Penal onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito
ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição
A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica Federal.
qualquer conduta descrita na lei e, através dessa conduta,
ofende um bem jurídico de uma terceira pessoa. Art. 225 [...].
Ou seja, as infrações penais constituem determinados § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao
comportamentos humanos proibidos por lei, sob a ameaça meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
de uma pena. jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen-
temente da obrigação de reparar os danos causados.
Espécies de Infração Penal
Sujeito Passivo
A legislação brasileira, apresenta um sistema biparti- O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito
do sobre as espécies de infração penal, uma vez que exis- passivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como a
tem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contravenção). sociedade são prejudicados quando as leis são desobede-
Situação diferente ocorre com alguns países tais como a cidas. O sujeito passivo material é o titular do bem jurídi-
França e a Espanha que adotaram o sistema tripartido (cri- co ofendido e pode ser tanto pessoa física como pessoa
me ≠ delito ≠ contravenção).
jurídica.
As duas espécies de infração penal são: o crime, con-
siderado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se,
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito
porém que, apesar de existirem duas espécies, os conceitos
passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
são bem parecidos, diferenciando-se apenas na gravidade
podemos citar o furto de um computador de uma repar-
da conduta e no tipo (natureza) da sanção ou pena.
tição pública.
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes
e delitos se distinguem por serem infrações mais graves,
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser,
enquanto que a contravenção refere-se às infrações menos
graves. ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma
infração penal.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem O princípio da lesividade diz que, para haver uma in-
no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de
-Lei 3.914/41). alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isolada- próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
mente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena (Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, uma terceira pessoa.
isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou am- Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
bas. Alternativa ou cumulativamente. fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do
Em razão dos crimes serem condutas mais graves, en- CP) ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço
tão eles são repelidos através da imposição de penas mais militar (Art. 184 do CPM).
graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
As contravenções, todavia, por serem condutas menos Diferenças práticas entre crimes e contravenções
graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão
simples e/ou multa). a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-
A escolha se determinada infração penal será crime/ quanto que na contravenção, por força do Art. 4º do De-
delito ou contravenção é puramente política, da mesma creto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
forma que o critério de escolha dos bens que devem ser
protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplica-
infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a da, enquanto que nas contravenções a extraterritorialida-
conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal de não é aplicada.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara
máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefício
que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo da progressão de regime para os presos condenados por
máximo de cumprimento de pena é de 5 anos. crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progressão de
regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos e
d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto equiparados, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
-Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções. quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou contra- quintos), se reincidente.
venção no Brasil e após a prática de crime no estrangeiro.
Não há reincidência após a prática de contravenção no es- São considerados crimes hediondos:
trangeiro.
1. Homicídio simples, quando em atividade típica de
“Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra- grupo de extermínio
tica uma contravenção depois de passar em julgado a sen- (art. 121);
tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, 2. Homicídio qualificado
por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contra- (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V);
venção.” 3. Latrocínio
(art. 157, § 3o);
Semelhança no estudo dos crimes e contravenções. 4. Extorsão qualificada pela morte
(art. 158, § 2o);
Vimos que em termos práticos existem algumas dife- 5. Extorsão mediante seqüestro simples e na forma
renças entre crime e contravenção, porém, não podemos qualificada
falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o);
contravenção como o crime, substancialmente, são fatos 6. Estupro
típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis. (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
Ou seja, possuem a mesma estrutura. rágrafo único);
7. Atentado violento ao pudor
Crimes Hediondos (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
rágrafo único);
Diferente do que costuma se pensar no senso comum, 8. Epidemia com resultado morte
juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado (art. 267, § 1o);
com extrema violência e com requintes de crueldade e sem 9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
nenhum senso de compaixão ou misericórdia por parte de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
seus autores, mas sim um dos crimes expressamente pre- (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o B, redação dada
vistos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes que o legis- pela Lei no 9.677/98);
lador entendeu merecerem maior reprovação por parte do 10. Genocídio
Estado. (art.(s). 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou con-
Os crimes hediondos, do ponto de vista criminológico, sumado).
são os crimes que estão no topo da pirâmide de desvalora-
ção criminal, devendo, portanto, ser entendidos como cri- Existem crimes que não são hediondos, todavia equi-
mes mais graves ou revoltantes, que causam maior aversão parados a esses e submetidos, portanto, ao mesmo trata-
à coletividade. mento penal mais severo reservado a esta espécie de de-
Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig- lito:
nifica ato profundamente repugnante, imundo, horrendo,
sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, segun- 1. Terrorismo;
do os padrões da moral vigente. 2. Tortura e;
O crime hediondo é o crime que causa profunda e 3. Tráfico ilícito de entorpecentes
consensual repugnância por ofender, de forma acentuada-
mente grave, valores morais de indiscutível legitimidade, Crimes de Menor Potencial Ofensivo – segundo Damá-
como o sentimento comum de piedade, de fraternidade, sio (1)
de solidariedade e de respeito à dignidade da pessoa hu-
mana. Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos cri-
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de que mes de menor potencial ofensivo:
existem condutas que se revelam como a antítese extrema
dos padrões éticos de comportamento social, de que seus De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Criminais
autores são portadores de extremo grau de perversidade, (Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor poten-
periculosidade e em razão disso, merecem sempre o grau cial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os crimes
máximo de reprovação ética por parte da sociedade e do aos quais a lei comine pena máxima não superior a um ano
próprio sistema de controle. (art. 61).

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A Lei dita que :” Consideram-se infrações de menor O resultado naturalístico ou material consiste na modi-
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-
que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, se de um evento que só se faz necessário em crimes mate-
ou multa”. riais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta
Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou Fe- e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para
deral, devem ser considerados delitos de menor potencial efeito de consumação.
ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máximo, pena O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
detentiva não superior a dois anos, ou multa; de manei- ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe-
ra que os Juizados Especiais Criminais da Justiça Comum nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli-
passam a ter competência sobre todos os delitos a que a citamente, algum resultado, pois não há delito sem que
norma de sanção imponha, no máximo, pena detentiva não ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem
superior a dois anos (até dois anos) ou multa. penalmente protegido.
Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão A doutrina moderna dá preferência ao exame do re-
ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio- sultado jurídico . Este constitui elemento implícito de todo
nais, como da igualdade e da proporcionalidade. fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção
De modo que o delito mais grave, por atingir um bem de tipicidade material.
jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de me- O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos-
nor potencial ofensivo; enquanto o outro, de menor lesi- prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em
vidade objetiva, por afetar bem jurídico individual, teria a determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua
qualificação de crime de maior potencial ofensivo. análise seria malferir o princípio da legalidade.

Tipicidade Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo de Cau-


A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o salidade
fato delituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na Entende-se por relação de causalidade o vínculo que
lei penal. É preciso que todos os elementos presentes no une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como
consequência derivada. Trata-se do liame que une a cau-
tipo se reproduzam na situação de fato
sa ao resultado que produziu. O nexo de causalidade in-
teressa particularmente ao estudo do Direito Penal, pois,
Assim, o Fato Típico é denominado como o comporta-
em face de nosso Código Penal (art. 13), constitui requisito
mento humano que se molda perfeitamente aos elementos
expresso do fato típico. Esse vínculo, porém, não se fará
constantes do modelo previsto na lei penal.
necessário em todos os crimes, mas somente naqueles em
A primeira característica do crime é ser um fato típico,
que à conduta exigir-se a produção de um resultado, isto
descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
é, de uma modificação no mundo exterior, ou seja, cuida-se
vida que corresponde exatamente a um modelo de fato de um exame que se fará necessário no âmbito dos crimes
contido numa norma penal incriminadora, a um tipo. materiais ou de resultado.
Para que o operador do Direito possa chegar à con-
clusão de que determinado acontecimento da vida é um Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do
fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, de- resultado constitui elemento necessário ao fato típico de
compô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com qualquer infração penal.
certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de Deve ser analisada em dois planos: formal e material.
adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta. Entende-se por tipicidade a relação de subsunção en-
Essa relação é a tipicidade. tre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e
Para que determinado fato da vida seja considerado a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os (tipicidade material).
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos. Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramen-
Os elementos de um fato típico são a conduta humana, to. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, con-
a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resulta- forme ele se enquadre ou não na lei penal.
do), a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo
causal) e, por fim, a tipicidade. Consumação e Tentativa

Conduta Crime Consumado


Considera-se conduta a ação ou omissão humana Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A condu- o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
ta compreende duas formas: o agir e o omitir-se. ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente
ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código
Resultado Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que todos os elementos de sua definição legal. No homicídio,
possui dois significados distintos em matéria penal. Pode por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar-
se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a
resultado jurídico ou normativo. morte da vítima.

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Crime Tentado Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição


O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, in- entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
ciso II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
execução do delito mas este não se consuma por circuns- tipo penal, é antijurídico.
tâncias alheias à sua vontade. De acordo com o parágrafo
único do art. 14, do Código Penal, “salvo disposição em Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que re-
contrário, pune-se a tentativa com a pena corresponden- tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
te ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. criminosa (fato típico).
Para fixar a pena, o magistrado deve usar como critério a Art. 23 - Exclusão da ilicitude
maior ou menor proximidade da consumação, de forma Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
que quanto mais o agente percorrer o “iter criminis”, maior I - em estado de necessidade;
será sua punição. II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exer-
cício regular de direito.
Pena de Crime Consumado e Crime Tentado
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
Para a punição da tentativa se considera a extensão da
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
conduta do autor até o momento em que foi interrompida.
Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
redução (1/3). quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limi- uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
tes, de modo justificado.
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente
O excesso Punível na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor
e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de
Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipó-
vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode teses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de
encontrar-se em três situações diferentes: necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
dever legal ou o exercício regular de direito.
i) usa de um meio moderado e dentro do necessário
para repelir à agressão; O estado de necessidade e a legítima defesa são con-
ceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo
Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do
defesa. dever legal e o exercício regular de um direito, como exclu-
dentes da ilicitude ou da antijuridicidade.
ii) de maneira consciente emprega um meio desneces-
sário ou usa imoderadamente o meio necessário; A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
A legítima defesa fica afastada por excluído um dos só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
seus requisitos essenciais. que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de
ü imoderação quanto ao uso do meio;
acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela.
ü emprego de um meio desnecessário.
Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor,
esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena-
iii) após a reação justa (meio e moderação) por impre-
mento jurídico.
vidência ou conscientemente continua desnecessariamen-
te na ação. Um exemplo possível de estrito cumprimento do de-
ver legal pode restar configurado no crime de homicídio,
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi- em que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que esta-
ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen- vam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte
te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O do marginal. Neste sentido - RT 580/447.
agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
O exercício regular de um direito, como excludente da
Ilicitude ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações ju-
rídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do exer-
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descum- cício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não
primento de um dever jurídico imposto por normas de di- poderá ser considerada antijurídica, já que está de acordo
reito público, sujeitando o agente a uma pena. com o direito.

4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Um exemplo de exercício regular de um direito, como O erro de tipo está no art. 20, “caput”, do Código Pe-
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega- nal. Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo não
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, tem plena consciência do que está fazendo; imagina estar
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a
para si (RT - 461/341). praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser
inteiramente lícita.
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não Tipo é a descrição legal da norma proibitiva, vale dizer,
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do é a norma que descreve condutas (previstas abstratamen-
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário te) que são criminosas. Quando o indivíduo pratica um
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de- fato e ele se subsume na descrição legal, tem-se o crime,
ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo surgindo ai o “ius puniendi” do Estado. Porém, podem
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res- ocorrer circunstâncias que, se objetivamente constatadas,
tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a excepcionarão o poder de punir do Estado e dentre estas
regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. exceções encontra-se o erro de tipo.
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento
Culpabilidade cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e consciente
A Culpabilidade é um elemento integrante do concei- de praticar o crime, ou assumir o risco de produzi-lo (Dolo
to definidor de uma infração penal. A motivação e objeti- Direto e Eventual respectivamente, CP art. 18, I) .
vos subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A Assim, de acordo com o que dispõe o art. 20, caput,
culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta do Código Penal, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto,
ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo a própria tipicidade (como visto, o dolo foi deslocado para
(intenção), ou pelo menos com imprudência, negligência Tipicidade de acordo com a Teoria Finalista). Observe não
ou imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis há qualquer mácula à culpabilidade , por força disso, se o
tais modalidades erro for vencível, haverá punição por crime culposo desde
que previsto no tipo penal. Trata-se de um consectário ló-
Causas de exclusão da culpabilidade gico do Princípio da Excepcionalidade do crime culposo,
O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi- art. 20, caput, CP, modalidade examinada mais adiante.
lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato Um conceito bem amplo de erro de tipo é dado por
típico e antijurídico Damásio de Jesus, in verbis : “erro de tipo é o que incide so-
a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca- bre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou
esse entendimento. dados secundários da norma penal incriminadora”.
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto
ou retardado (art. 26); Erro de Proibição
- desenvolvimento mental incompleto por presunção Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21
legal, do menor de 18 anos (art. 27); do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que
- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na
ou força maior (art. 28, § 1º). verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe
b) inexistência da possibilidade de conhecimento da o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade.
ilicitude: Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a
- erro de proibição (art. 21). consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um
c) inexigibilidade de conduta diversa: juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade,
- coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte); que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos
- obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte). e costumes, da escolaridade, da tradição, família etc.

Punibilidade Erro na Execução


A punibilidade é uma das condições para o exercício (Aberratio Ictus)
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal Previsto no art. 73 do CP: “quando por acidente ou erro
(pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito. no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atin-
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As- gir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
sim, é punível a conduta que pode receber pena. responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20. No caso de
Erro de Tipo ser também atingida a pessoa pretendida, aplica-se a regra
do art. 70 (concurso formal).”
Erro é a falsa representação da realidade ou o falso ou Aqui, a pessoa visada é uma, embora outra venha a ser
equivocado conhecimento de um objetivo (é um estado atingida, involuntária e acidentalmente. O agente dirige a
positivo). conduta contra a vítima visada, o gesto criminoso é dirigi-

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

do corretamente, mas a execução sai errada e a vontade por não configurado o dolo eventual, o agente seria con-
criminosa vai concretizar-se em pessoa diferente. Logo, denado por homicídio culposo e doloso, em concurso for-
esse erro não surge no processo de formação de vontade mal próprio.
do agente, mas sim no momento de sua execução.
Aqui ocorre um erro de pessoa para pessoa, já que o Resultado Diverso do Pretendido
ofendido diverge do animus do agente. O aberratio ictus (Aberratio Criminis ou Aberratio Delicti)
pode ser dividido em:
a) Aberratio ictus com unidade simples: aqui, há um Previsto no art. 74 do CP: “fora dos casos do artigo
único resultado, ou seja, o agente erra a pessoa, atingindo anterior (aberratio ictus), quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do preten-
somente um terceiro. Responderá o agente como se tives-
dido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
se atingido a pessoa visada.
como crime culposo; se ocorre também o resultado pre-
A importância dessa hipótese é a consequência do cri- tendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
me: v.g., se o agente, querendo acertar seu pai, atira e mata Aqui, ocorre erro de coisa para pessoa. Nesse caso, se
terceira pessoa, responderá por homicídio doloso agrava- houver um resultado único, deve-se desprezar o dolo ini-
do pelo fato de ser contra ascendente. cial do agente, que era de causar dano, e o responsabilizar
b) Aberratio ictus com unidade complexa: aqui, há pelo resultado por ele produzido a título de culpa, devendo
dois resultados, embora uma única ação. O agente atinge responder, portanto, pelo homicídio ou pelas lesões corpo-
a pessoa visada, mas também um terceiro. Teremos então rais por ele causadas culposamente.
quatro hipóteses de unidade complexa, partindo-se do Veja que, na aberratio criminis, o crime que se queria
pressuposto, no caso do homicídio, de que em todos os cometer não é punido nem mesmo a título de tentativa,
casos o agente atua com o dolo de matar: sendo o crime aberrante punido somente se houver a ex-
1. Agente atira em A, causando sua morte, e também pressa tipificação da forma culposa.
a morte de B: agente responderá por homicídio doloso e Não se admite que o erro seja de pessoa para coisa
homicídio culposo, aplicando-se o aumento do concurso porque não existe crime contra coisas culposo, é fato atí-
formal. Não se aplica a incidência da agravante caso B fos- pico.
se seu pai. Logo, vemos que as consequências são:
2. Agente mata A e fere B: agente responderá por a) Punição do agente pelo crime culposo, se prevista
tal modalidade no CP;
homicídio doloso consumado, em concurso formal com o
b) Punição do agente pelo crime doloso contra coisa
crime de lesões corporais culposas, aplicando-se a causa
(resultado doloso pretendido) + punição pelo crime cul-
de aumento, desde que benéfica. Aqui, não há erro na exe- poso, se prevista tal modalidade, aplicando-se a regra do
cução, há concurso formal próprio. concurso formal do art. 70. (unidade complexa)
3. Agente fere A e fere B: agente responderá por ten- Art. 73 “aberratio ictus” Art. 74 “aberratio crimi-
tativa de homicídio em concurso formal com lesões corpo- nis”
rais culposas, aplicando-se a regra de aumento, desde que • Erro na execução
benéfica. • Agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurí-
4. Agente fere A e mata B: responderá por homicídio dico, de pessoa diversa O agente, em razão do
doloso consumado, aplicando-se a regra de aumento. Po- erro, atinge bem jurídico diverso
rém, nesse caso, se B fosse seu pai, não haveria a incidência • Relação: pessoa x pessoa • Relação: coisa x
da agravante. pessoa
Sempre que ocorre a aberratio ictus com unidade com- • Responde pelo resultado provocado consideran-
plexa, haverá concurso formal próprio de crimes. do a vítima pretendida Responde pelo resulta-
do produzido a título de culpa ou em concurso formal, se
Aberratio Ictus e Dolo Eventual também der causa ao resultado desejado
Não há se confundir ambos os institutos. No dolo
Concurso Material Benéfico nas Hipóteses de Aberratio
eventual, o agente atua dentro do complexo volitivo, assu-
Ictus e Aberratio Criminis
mindo conscientemente o desejo de, se consumado, ferir
Em qualquer das duas hipóteses, quando houver uni-
determinado bem jurídico, ainda que sua vontade seja di- dade complexa, ou seja, a produção do resultado preten-
rigida contra outro. dido e do não pretendido, deverá ser observada a regra do
No aberratio ictus, o agente não tem a intenção de agir concurso material benéfico, cedendo a regra do concurso
contra a pessoa vítima do crime, já que visava atingir outra. formal próprio caso seu resultado seja mais gravoso ao
Assim, somente ocorrerá se o resultado aberrante for pro- agente.
veniente de culpa, afastando-se o erro na hipótese de dolo,
seja ele direto ou eventual. Aberratio Causae
Clássico exemplo no homicídio: se o agente atira numa Ocorre quando o resultado pretendido inicialmente
multidão, querendo matar X, mas sabendo dos riscos de pelo agente advir de causa que ele não havia cogitado, v.g.,
atingir terceiros e assumindo ele, caso mate X e Y com um quando o agente, querendo matar uma pessoa afogada, a
tiro, responderá por dois homicídios dolosos em concurso arremessa de uma ponte, mas essa morre em função do
formal. Se a hipótese fosse apenas de erro na execução, impacto de sua cabeça contra o pilar de sustentação.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Também ocorre no caso do dolo geral, que se manifes- Quando existe algum agravo à saúde mental, os indi-
ta quando o agente, julgando ter obtido o resultado inten- víduos podem ser considerados inimputáveis – se não ti-
cionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só verem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem
então é que efetivamente o resultado desejado se produz. autocontrole, são isentos de pena.
É o caso do agente que, após atirar em alguém, a enterra Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discer-
achando que já estava morta. Somente com o enterro é nimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou
que ele a mata, não pelo tiro, mas por sufocamento. prejudicados por doença ou transtorno mental.
Em qualquer caso, o agente responderá pelo seu dolo.
Causas que excluem a imputabilidade
Erro de Subsunção
Não possui previsão legal, trata-se de criação doutri- Doença Mental,
nária. Desenvolvimento mental incompleto,
Não se confunde com o erro de tipo, pois não há falsa Desenvolvimento mental retardado e
percepção da realidade e, também não se confunde com o Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou
erro de proibição, vez que o agente sabe da ilicitude do seu força maior.
comportamento. Portanto, trata-se de erro que recai sobre
valorações jurídicas equivocadas, sobre interpretações jurí- 1. Doença mental
dicas errôneas. No erro de subsunção, o agente interpreta
equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamen- É a perturbação mental ou psíquica de qualquer or-
to. dem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender
O erro de subsunção não exclui dolo, nem a culpa, o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de
tampouco isenta o agente da pena; ele responderá pelo acordo com esse entendimento. Importante esclarecer que
crime, podendo ter a pena atenuada conforme preceitua o a dependência patológica, como drogas configura doença
art. 66 do Código Penal: mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.
Art. 66, CP: A pena poderá ser ainda atenuada em razão
2. Desenvolvimento mental incompleto
de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
embora não prevista expressamente em Lei.
É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à re-
Tem por consequência:
cente idade cronológica do agente ou a sua falta de con-
• não isenta o agente de pena, mas pode servir
vivência na sociedade, ocasionando imaturidade mental e
como atenuante;
emocional.
Competência nas Hipóteses de Crimes Aberrantes
Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem san-
Competência: Policial civil, policial federal e atirador. ção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência da
Atirador pretendia matar policial civil, mas por erro na exe- ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento
cução provoca morte do policial federal. Estamos diante medidas sócio educativos prevista no ECA.
de uma aberratio ictus. Ou seja, ele responde por homicí-
dio doloso, nos termos do artigo 74 do CP, considerando 3. Desenvolvimento mental retardado
as qualidades da vítima pretendida. A competência para
julgamento será da Justiça Federal. Isto porque o erro da É o incompatível com o estágio de vida em que se
execução só tem reflexos penais e não processuais penais. encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desen-
assim, não há reflexos na competência. a competência volvimento normal para aquela idade cronológica. Sua
sempre considera a vítima real e não a pretendida. capacidade não corresponde às experiências para aquele
momento de vida, o que significa que a plena potencialida-
de jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados não
possuem condições de entender o crime que cometeram.
IMPUTABILIDADE PENAL.
Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas
inimputáveis
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código
prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, também, Penal sobre menoridade penal) neste interessa saber se
definir a imputabilidade como a capacidade do agente en- o agente é portador de alguma doença mental ou desen-
tender o caráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de volvimento mental incompleto ou retardo, caso positivo é
determinar-se de acordo com esse entendimento. considerado inimputável.

É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o so-
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza- mente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele
ção de um determinado ato. tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

fato e de orientar-se de acordo com esse entendimento, Redução de pena


ou seja, o momento da pratica do crime. A emoção não Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a
excluir a imputabilidade. E pessoa que comete crime, com dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saú-
integral alternação de seu estado físico-psíquico responde de mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
pelos seus atos. retardado não era inteiramente capaz de entender o cará-
ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa gerado- entendimento.
ra esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetivamen-
te no momento da ação delituosa, retirando do agente a Menores de dezoito anos
capacidade de entendimento e vontade. Desta forma, será
inimputável aquele que, em razão de uma causa prevista Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
em lei (doença mental, incompleto ou retardado), atue no mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabeleci-
momento da pratica da infração penal sem capacidade de das na legislação especial.
entender o caráter criminoso do fato.
Emoção e paixão
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema
biopsicológico Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
(a) Causal: existencial de doença mental ou de desen-
volvimento incompleto ou retardado, causas prevista em Embriaguez
lei.
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
delituosa. ou substância de efeitos análogos.
(c) Consequencial: perda total da capacidade de enten- § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
der ou da capacidade de querer. completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
Somente há inimputabilidade se os três requisitos es-
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
tiverem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos,
acordo com esse entendimento.
regidos pelo sistema biológico.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
Questões processuais sobre inimputabilidade
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exame
pericial, através do médico legal, exame denominado inci- de determinar-se de acordo com esse entendimento.
dente de insanidade mental, onde suspende-se o processo
ate o resulto final. Há prazo de 10 dias para provar a exis-
tência da causa excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719,
CRIMES CONTRA A PESSOA;
de junho de 2008).

Embriaguez
Crimes.
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão
da capacidade de entendimento e vontade do agente, em Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada por
álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos como HOMICÍDIO
morfina, ópio, cocaína entre outros. De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
Dispõe o Código Penal: é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da
vida do ser humano.
(...) Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
TÍTULO III não possui características de qualificação, privilégio ou ate-
DA IMPUTABILIDADE PENAL nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação
da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.
Inimputáveis Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primei-
ro – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença do privilégio, sempre que o agente comete o crime impeli-
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar- do por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente domínio de violenta emoção, logo após a injusta provoca-
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- ção da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto
nar-se de acordo com esse entendimento. a um terço.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun- Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
do – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges-
pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguin- tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
tes condições: mediante paga ou promessa de recompen- cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
sa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com em- de seu representante legal.
prego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo Lesões corporais
comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimula-
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a oculta- saúde de outra pessoa.
ção, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa-
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência, rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu-
negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re- pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou
o resultado poderia ter sido evitado. aceleração de parto.
No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-
ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 -
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza-
diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar ção do membro, sentido ou função; deformidade perma-
prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é nente; ou aborto.
aumentada de um terço se o crime é praticado contra pes-
soa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave preterintencional).
que torne desnecessária a sanção penal.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al- pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio sexto a um terço.
resultar lesão corporal de natureza grave.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re-
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime do era previsível.
não se pune a tentativa.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
puerperal, isto é, logo pós o parto). ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva-
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom- lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita-
pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti- três anos.
mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato,
e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento PARTE ESPECIAL
da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado TÍTULO I
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
a dez anos. CAPÍTULO I
Aborto provocado com o consentimento da gestante DOS CRIMES CONTRA A VIDA
– Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for Homicídio simples
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, Art. 121. Matar alguém:
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
grave ameaça ou violência.
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um Caso de diminuição de pena
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
causas, lhe sobrevém a morte. vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Homicídio qualificado § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um


§ 2° Se o homicídio é cometido: terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por Lei nº 13.104, de 2015)
outro motivo torpe; I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
II - por motivo fútil; ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
resultar perigo comum; 13.104, de 2015)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- III - na presença de descendente ou de ascendente da
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
dade ou vantagem de outro crime: Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Parágrafo único - A pena é duplicada:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste- Aumento de pena
ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até ter- causa, a capacidade de resistência.
ceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº
Infanticídio
13.142, de 2015)
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
o próprio filho, durante o parto ou logo após:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de
Pena - detenção, de dois a seis anos.
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
Aborto provocado pela gestante ou com seu con-
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
sentimento
13.104, de 2015)
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de um a três anos.
Homicídio culposo Aborto provocado por terceiro
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
1965) gestante:
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
Aumento de pena gestante: (Vide ADPF 54)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 Pena - reclusão, de um a quatro anos.
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fraude, grave ameaça ou violência
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumenta-
da de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa Forma qualificada
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos ante-
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) riores são aumentadas de um terço, se, em consequência
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode- do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
rá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra- gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são du-
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que a plicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº morte.
6.416, de 24.5.1977) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me- (Vide ADPF 54)
tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pre-
texto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo Aborto necessário
de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- 2004)
dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
seu representante legal. cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
CAPÍTULO II agente das relações domésticas, de coabitação ou de hos-
DAS LESÕES CORPORAIS pitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
Lesão corporal dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo,
outrem: se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
Pena - detenção, de três meses a um ano. aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
Lesão corporal de natureza grave
mentada de um terço se o crime for cometido contra pes-
§ 1º Se resulta:
soa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340,
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 2006)
de trinta dias; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
II - perigo de vida; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
função; Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrên-
IV - aceleração de parto: cia dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
Pena - reclusão, de um a cinco anos. consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição,
§ 2° Se resulta: a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
I - Incapacidade permanente para o trabalho; nº 13.142, de 2015)
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; CAPÍTULO III
IV - deformidade permanente; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Perigo de contágio venéreo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
Lesão corporal seguida de morte ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam de que sabe ou deve saber que está contaminado:
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de produzí-lo: § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de pro-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
duzir o contágio:
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Substituição da pena Perigo para a vida ou saúde de outrem
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos direto e iminente:
mil réis a dois contos de réis: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- constitui crime mais grave.
terior; Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
II - se as lesões são recíprocas. um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação
Lesão corporal culposa de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 9.777, de 1998)

Aumento de pena Abandono de incapaz


§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Có- guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
digo.(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abando-
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do no:
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) Pena - detenção, de seis meses a três anos.

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu- Pena - reclusão, de um a quatro anos.


reza grave: § 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 2º - Se resulta a morte: § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (In-
cluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se CAPÍTULO IV
de um terço: DA RIXA
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, Rixa
irmão, tutor ou curador da vítima. Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os con-
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído tendores:
pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
Exposição ou abandono de recém-nascido
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa,
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
ocultar desonra própria: a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- CAPÍTULO V
ve: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Calúnia
Pena - detenção, de dois a seis anos. Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
fato definido como crime:
Omissão de socorro Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos- § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou imputação, a propala ou divulga.
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública: Exceção da verdade
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se I - se, constituindo o fato imputado crime de ação pri-
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e tri- vada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecor-
plicada, se resulta a morte. rível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica-
Condicionamento de atendimento médico-hospita- das no nº I do art. 141;
lar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendi- Difamação
mento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensi-
nº 12.653, de 2012).
vo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
ta. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de na- Exceção da verdade
tureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
Lei nº 12.653, de 2012). admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa Injúria
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de edu- Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
cação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de ou o decoro:
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
meios de correção ou disciplina: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. diretamente a injúria;
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou-
ve: tra injúria.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi- Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
derem aviltantes: deste Código, e mediante representação do ofendido, no
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
da pena correspondente à violência. § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re- 12.033. de 2009)
ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência:(Redação dada CAPÍTULO VI
pela Lei nº 10.741, de 2003) DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído SEÇÃO I
pela Lei nº 9.459, de 1997) DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Disposições comuns Constrangimento ilegal


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen- Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual-
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
governo estrangeiro; que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
II - contra funcionário público, em razão de suas fun- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
ções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que Aumento de pena
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em do-
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- bro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído três pessoas, ou há emprego de armas.
pela Lei nº 10.741, de 2003) § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corres-
pondentes à violência.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
mento do paciente ou de seu representante legal, se justi-
Exclusão do crime
ficada por iminente perigo de vida;
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
II - a coação exercida para impedir suicídio.
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
pela parte ou por seu procurador;
Ameaça
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges-
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de inju-
to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
riar ou difamar; injusto e grave:
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
público, em apreciação ou informação que preste no cum- Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
primento de dever do ofício. presentação.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Sequestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
Retratação questro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se re- Pena - reclusão, de um a três anos.
trata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
de pena. I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o II - se o crime é praticado mediante internação da víti-
ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofen- ma em casa de saúde ou hospital;
sa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere dias.
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi-
pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluí-
ofensa. do pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Redução a condição análoga à de escravo IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra- ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi-
vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada gência)
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua loco- for primário e não integrar organização criminosa. (Incluído
moção em razão de dívida contraída com o empregador ou pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
preposto:(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da SEÇÃO II
pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMI-
10.803, de 11.12.2003) CÍLIO
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003) Violação de domicílio
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as-
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra- tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
balho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
se apodera de documentos ou objetos pessoais do traba- § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.(Incluído lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) por duas ou mais pessoas:
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é co- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
metido:(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) pena correspondente à violência.
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
10.803, de 11.12.2003) metido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli- com inobservância das formalidades estabelecidas em lei,
gião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) ou com abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de em casa alheia ou em suas dependências:
2016) (Vigência) I - durante o dia, com observância das formalidades
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante gra- II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
ve ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fina- crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
lidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 4º - A expressão «casa» compreende:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In- I - qualquer compartimento habitado;
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - aposento ocupado de habitação coletiva;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de III - compartimento não aberto ao público, onde al-
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) guém exerce profissão ou atividade.
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do pa-
2016) (Vigência) rágrafo anterior;
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. SEÇÃO III
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) DOS CRIMES CONTRA A
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o crime for cometido por funcionário público no Violação de correspondência
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; (In- Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) respondência fechada, dirigida a outrem:
II - o crime for cometido contra criança, adolescente Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência) Sonegação ou destruição de correspondência
III - o agente se prevalecer de relações de parentes- § 1º - Na mesma pena incorre:
co, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de- I - quem se apossa indevidamente de correspondência
pendência econômica, de autoridade ou de superioridade alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a so-
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou nega ou destrói;
função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei
ou telefônica nº 12.737, de 2012) Vigência
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou ra- nectado ou não à rede de computadores, mediante vio-
dioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica lação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
entre outras pessoas; de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
III - quem impede a comunicação ou a conversação re- autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
feridas no número anterior; instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (In-
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioe- cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
létrico, sem observância de disposição legal. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano ta.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
para outrem. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun- distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô- computador com o intuito de permitir a prática da condu-
nico: ta definida no caput.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - detenção, de um a três anos. Vigência
§ 4º - Somente se procede mediante representação, § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. da invasão resulta prejuízo econômico.(Incluído pela Lei nº
12.737, de 2012) Vigência
Correspondência comercial § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei,
ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir corres- ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadi-
pondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: do:(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- multa, se a conduta não constitui crime mais grave.(Incluí-
presentação. do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a
SEÇÃO IV dois terços se houver divulgação, comercialização ou trans-
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE missão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informa-
DOS SEGREDOS ções obtidos.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
Divulgação de segredo crime for praticado contra:(Incluído pela Lei nº 12.737, de
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo 2012) Vigência
de documento particular ou de correspondência confiden- I - Presidente da República, governadores e prefei-
cial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação tos;(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
possa produzir dano a outrem: II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;(Incluído
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou-
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- IV - dirigente máximo da administração direta e indire-
tração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (In-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pú- Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vi-
blica, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei gência
nº 9.983, de 2000) Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somen-
te se procede mediante representação, salvo se o crime é
Violação do segredo profissional cometido contra a administração pública direta ou indireta
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Fede-
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou ral ou Municípios ou contra empresas concessionárias de
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
presentação.

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial


ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 4.898/65), recibo de importância recebida a título de carceragem, cus-
tas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena
Regula o Direito de Representação e o processo de ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem-
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liber-
abuso de autoridade. dade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
Art. 1º O direito de representação e o processo de remuneração.
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as au- Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
toridades que, no exercício de suas funções, cometerem sanção administrativa civil e penal.
abusos, são regulados pela presente lei. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
Art. 2º O direito de representação será exercido por com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
meio de petição: a) advertência;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência b) repreensão;
legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
respectiva sanção; cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver vantagens;
competência para iniciar processo-crime contra a autori- d) destituição de função;
dade culpada. e) demissão;
Parágrafo único. A representação será feita em duas f) demissão, a bem do serviço público.
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualifi- do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
cação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de quinhentos a dez mil cruzeiros.
três, se as houver. § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten- regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
tado: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
a) à liberdade de locomoção; b) detenção por dez dias a seis meses;
b) à inviolabilidade do domicílio; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
c) ao sigilo da correspondência; qualquer outra função pública por prazo até três anos.
d) à liberdade de consciência e de crença; § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
e) ao livre exercício do culto religioso; ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
f) à liberdade de associação; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- toridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
cício do voto; poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
h) ao direito de reunião; não poder o acusado exercer funções de natureza policial
i) à incolumidade física do indivíduo; ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- anos.
cício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) Art. 7º recebida a representação em que for solicitada
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade militar competente determinará a instauração de inquérito
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de para apurar o fato.
poder; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais,
xame ou a constrangimento não autorizado em lei; civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe- § 2º não existindo no município no Estado ou na le-
tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; gislação militar normas reguladoras do inquérito adminis-
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou trativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos
detenção ilegal que lhe seja comunicada; arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se propo- (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
nha a prestar fiança, permitida em lei; § 3º O processo administrativo não poderá ser sobres-
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra des- civil.
pesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcio-
quanto à espécie quer quanto ao seu valor; nal da autoridade civil ou militar.

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão
à autoridade administrativa ou independentemente dela, ser apresentada em juízo, independentemente de intima-
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa- ção.
bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
Art. 10. Vetado catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có- salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos
digo de Processo Civil. para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
de inquérito policial ou justificação por denúncia do Minis- sáveis tais providências.
tério Público, instruída com a representação da vítima do Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
abuso. dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen- diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho- perito, o representante do Ministério Público ou o advoga-
ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua do que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, do réu.
bem assim, a designação de audiência de instrução e jul- Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
gamento. zar-se se ausente o Juiz.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
em duas vias. Juiz não houver comparecido, os presentes poderão reti-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- rar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado audiência.
poderá: Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
audiência de instrução e julgamento, a designação de um
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
perito para fazer as verificações necessárias.
interrogatório do réu, se estiver presente.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen-
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
julgamento.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito,
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a repre-
sentação poderá conter a indicação de mais duas testemu- o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público
nhas. ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advo-
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de gado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Juiz.
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará ou- mente a sentença.
tro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em re-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer sumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi- a sentença.
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
intervir em todos os termos do processo, interpor recursos do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
retomar a ação como parte principal. Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti-
rejeitando a denúncia. vadamente, até o dobro.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins- do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrroga- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
velmente. dentro de cinco dias. Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- caberão os recursos e apelações previstas no Código de
gamento final e para comparecer à audiência de instrução Processo Penal.
e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
acompanhado da segunda via da representação e da de- Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independên-
núncia. cia e 77º da República.

17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16


CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90). da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos ten-
tados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497,
de 2017)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trá-
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo
são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. I - anistia, graça e indulto;
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras II - fiança.(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
providências. § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cum-
prida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Lei nº 11.464, de 2007)
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes cri- aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cum-
mes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de primento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for
dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tenta- primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação
dos: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
7.210, de 1984) § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no
II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
2015) neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. por igual período em caso de extrema e comprovada ne-
129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), cessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma-
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até incolumidade pública.
terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei Art. 4º (Vetado).
nº 13.142, de 2015) Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se-
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);(Inciso incluído pela guinte inciso:
Lei nº 8.930, de 1994) “Art. 83. ..............................................................
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (In- ........................................................................
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualifica- condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico
da (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
nº 8.930, de 1994) apenado não for reincidente específico em crimes dessa
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada natureza.”
pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e
3 e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (In- a seguinte redação:
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) “Art. 157. .............................................................
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena
de 1998) é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera- resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem pre-
ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais juízo da multa.
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada ........................................................................
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído Art. 159. ...............................................................
pela Lei nº 9.695, de 1998) Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma § 1º .................................................................
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul- Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei § 2º .................................................................
nº 12.978, de 2014) Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos § 3º .................................................................
o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ........................................................................

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 213. ...............................................................


Pena - reclusão, de seis a dez anos. CÓDIGO PENAL (DECRETO-LEI Nº 2.848,
Art. 214. ............................................................... DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940): TÍTULO XI -
Pena - reclusão, de seis a dez anos. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
........................................................................ PÚBLICA.
Art. 223. ...............................................................
Pena - reclusão, de oito a doze anos.
Parágrafo único. ........................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos
........................................................................ crimes funcionais, praticados por determinado grupo de
Art. 267. ............................................................... pessoas no exercício de sua função, associado ou não com
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o
........................................................................ correto funcionamento dos órgãos do Estado.
Art. 270. ............................................................... A Administração Pública deste modo, em geral dire-
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços
.......................................................................” públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo
seguinte parágrafo: passivo eventual administrado prejudicado.
“Art. 159. .............................................................. O agente, representante de um poder estatal, tem por
........................................................................ função principal cumprir regularmente seus deveres, con-
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te-
co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a liber- nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for-
tação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo
terços.» quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre- soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri-
vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de cri- gatoriamente, pela lei penal.
mes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entor-
pecentes e drogas afins ou terrorismo. Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de
Parágrafo único. O participante e o associado que de- 2003, condicionou a progressão de regime prisional nos
nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando crimes contra a Administração Pública à prévia reparação
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
terços. praticado, com os acréscimos legais.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capi-
tulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, A lei em comento não impede a progressão aos crimes
2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acres- conquiste o referido benefício.
cidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos
de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses Crimes Funcionais
referidas no art. 224 também do Código Penal. Espécies
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a próprios e impróprios.
seguinte redação: Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de fun-
“Art. 35. ................................................................ cionário público ao autor, o fato passa a ser tratado como
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capí- um tipo penal descrito.
tulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de
previstos nos arts. 12, 13 e 14.” servidor publico, desaparece também o crime funcional,
Art. 11. (Vetado). desclassificando a conduta para outro delito, de natureza
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- diversa.
ção.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e Art. 327. Considera-se funcionário público, para os
102º da República. efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer-
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra-
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.

19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os Peculato mediante Erro de Outrem
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes
de cargos em comissão ou de função de direção ou asses- Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade admi-
soramento de órgão da administração direta, sociedade de nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passi-
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo vo: Estado e o particular lesado. A modalidade de peculato
poder público. mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito uni- multa a um determinado contribuinte e esse contribuinte
tário, sem atender aos ensinamentos do Direito Administrati- paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro.
vo, tomando a expressão no sentido amplo. Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse di-
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcio- nheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o
nário público não apenas o servidor legalmente investido em favorecimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua
cargo público, mas também o que servidor publico efetivo ou consumação se dá quando ele passa a ser o titular da coisa.
temporário. Admite-se a tentativa.

Tipos penais Contra Administração Pública Concussão

O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato des- Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo
vio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurí-
de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva dico é a probidade da administração pública. Sujeito ativo:
e Prevaricação, são os crimes tipificado com praticados por Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo
agentes públicos. é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de
crime formal pois consuma-se com a exigência, se houver
Peculato entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima não
responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do dessa maneira.
peculato é a probidade da administração pública. É um crime
próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcionário público Excesso de Exação
e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos o particular.
Admite-se a participação. A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres
Peculato Apropriação públicos, porém o funcionário se apropria do valor.

É uma apropriação indébita e o objeto pode ser dinheiro, Corrupção Passiva


valor ou bem móvel. É de extrema importância que o funcio-
nário tenha a posse da coisa em razão do seu cargo. Consu- Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi-
mação: Se dá no momento da apropriação, em que ele passa a nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o
agir como o titular da coisa apropriada. Admite-se a tentativa. Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será,
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada.
Peculato Desvio
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, au-
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui o menta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de pra-
sujeito ativo além do servidor pode tem participação de uma ticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de
3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e admite-se privilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pes-
a tentativa. soa. Só se consuma pela prática do ato do servidor público.

Peculato Furto Prevaricação

Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad-
detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão da fa- ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná-
cilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola pública rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou
que tem a chave de todas as salas da escola, aproveita-se da deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com
sua função e facilidade e subtrai algo que não estava sob sua o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do
posse, tem-se o peculato furto. agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.

Peculato Culposo Os crimes contra a Administração Pública é demasia-


damente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o diretor cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em
esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e subtrai um crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas,
bem. A consumação se dá no momento em que o 3o subtrai a para apenas satisfazer o egoismo e egocentrismo desses
coisa. Não admite-se a tentativa. agentes corruptos.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi- cumento
ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
valorizar os servidores. inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
TÍTULO XI constitui crime mais grave.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
DOS CRIMES PRATICADOS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO diversa da estabelecida em lei:
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Peculato
Concussão
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinhei-
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti-
retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio: mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, Excesso de exação
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe propor- social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
ciona a qualidade de funcionário. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
Peculato culposo 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
crime de outrem: dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - detenção, de três meses a um ano. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibi- cofres públicos:
lidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Peculato mediante erro de outrem Corrupção passiva


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilida- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
de que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Inserção de dados falsos em sistema de informa- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente
qüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
dados da Administração Pública com o fim de obter vanta-
infringindo dever funcional.
gem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. tarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ceden-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) do a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Modificação ou alteração não autorizada de siste-
ma de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
de informações ou programa de informática sem autori- prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
zação ou solicitação de autoridade competente: (Incluído Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
pela Lei nº 9.983, de 2000) dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Prevaricação
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
até a metade se da modificação ou alteração resulta dano te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
para a Administração Pública ou para o administrado.(In- de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluí-
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o do pela Lei nº 9.983, de 2000)
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que per- § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-
mita a comunicação com outros presos ou com o ambiente tração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 2000)
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res- Violação do sigilo de proposta de concorrência
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercí- Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
cio do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devas-
fato ao conhecimento da autoridade competente: sá-lo:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Advocacia administrativa Funcionário público


Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
se privado perante a administração pública, valendo-se da efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
qualidade de funcionário: muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da mul- quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra-
ta. tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Violência arbitrária § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupan-
a pretexto de exercê-la:
tes de cargos em comissão ou de função de direção ou as-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
sessoramento de órgão da administração direta, sociedade
pena correspondente à violência.
de economia mista, empresa pública ou fundação instituí-
da pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
CAPÍTULO II
permitidos em lei:
DOS CRIMES PRATICADOS POR
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Usurpação de função pública
de fronteira: Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
longado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Resistência
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exo- violência ou ameaça a funcionário competente para execu-
nerado, removido, substituído ou suspenso: tá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Violação de sigilo funcional Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe das correspondentes à violência.
a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, Desobediência
se o fato não constitui crime mais grave. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (In- público:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o Desacato
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informa- Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
ções ou banco de dados da Administração Pública; (Incluí- função ou em razão dela:
do pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descami-
de 1995) nho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre-
texto de influir em ato praticado por funcionário público Contrabando
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
o agente alega ou insinua que a vantagem é também des- 13.008, de 26.6.2014)
tinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contraban-
1995) do; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Corrupção ativa que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou 26.6.2014)
retardar ato de ofício: III - reinsere no território nacional mercadoria brasilei-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ra destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
funcional. proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Descaminho
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades co-
consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008,
merciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
de 26.6.2014)
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estran-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
geiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou flu-
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos vial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de concor-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- rência
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, pública ou venda em hasta pública, promovida pela ad-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, ministração federal, estadual ou municipal, ou por entida-
no exercício de atividade comercial ou industrial, merca- de paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou
doria de procedência estrangeira que introduziu clandes- licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
tinamente no País ou importou fraudulentamente ou que oferecimento de vantagem:
sabe ser produto de introdução clandestina no território Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
nacional ou de importação fraudulenta por parte de ou- além da pena correspondente à violência.
trem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abs-
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou tém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem ofere-
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, cida.
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada
de documentação legal ou acompanhada de documentos Inutilização de edital ou de sinal
que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
de 26.6.2014) conspurcar edital afixado por ordem de funcionário públi-
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- co; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por deter-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou minação legal ou por ordem de funcionário público, para
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exer- identificar ou cerrar qualquer objeto:
cido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
26.6.2014)

23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Subtração ou inutilização de livro ou documento CAPÍTULO II-A


(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmen- DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
te, livro oficial, processo ou documento confiado à cus- A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
tódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
em serviço público: Corrupção ativa em transação comercial internacio-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não nal
constitui crime mais grave. Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indire-
tamente, vantagem indevida a funcionário público estran-
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluí- geiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar,
do pela Lei nº 9.983, de 2000) omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguin- 11.6.2002)
tes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (In-
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
documento de informações previsto pela legislação pre-
ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
videnciária segurados empregado, empresário, trabalha-
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou
dor avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipara-
o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº
do que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
10467, de 11.6.2002)
de 2000)
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos pró- Tráfico de influência em transação comercial inter-
prios da contabilidade da empresa as quantias descon- nacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
tadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou pro-
2000) messa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros por funcionário público estrangeiro no exercício de suas
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais funções, relacionado a transação comercial internacional:
fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, esponta- agente alega ou insinua que a vantagem é também desti-
neamente, declara e confessa as contribuições, impor- nada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467,
tâncias ou valores e presta as informações devidas à pre- de 11.6.2002)
vidência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
de 2000) 10467, de 11.6.2002)
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran-
aplicar somente a de multa se o agente for primário e geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoria-
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº mente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
9.983, de 2000) função pública em entidades estatais ou em representa-
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ções diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
previdência social, administrativamente, como sendo o
empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organiza-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ções públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467,
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua de 11.6.2002)
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a CAPÍTULO III
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTI-
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ÇA
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do Reingresso de estrangeiro expulso
reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
pela Lei nº 9.983, de 2000) geiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
nova expulsão após o cumprimento da pena.

24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Denunciação caluniosa parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chama-


Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po- da a intervir em processo judicial, policial ou administrati-
licial, de processo judicial, instauração de investigação ad- vo, ou em juízo arbitral:
ministrativa, inquérito civil ou ação de improbidade admi- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
nistrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o pena correspondente à violência.
sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Exercício arbitrário das próprias razões
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa-
se serve de anonimato ou de nome suposto. tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é permite:
de prática de contravenção. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
além da pena correspondente à violência.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so-
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
mente se procede mediante queixa.
do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró-
não se ter verificado:
pria, que se acha em poder de terceiro por determinação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
judicial ou convenção:
Auto-acusação falsa Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem: Fraude processual
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de pro-
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou
Falso testemunho ou falsa perícia de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquéri- efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas
to policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº aplicam-se em dobro.
10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Favorecimento pessoal
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
processo penal, ou em processo civil em que for parte enti- Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
dade da administração pública direta ou indireta.(Redação § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen-
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata Favorecimento real
ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au-
28.8.2001) toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual-
proveito do crime:
quer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tra-
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
dutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunica-
ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de
28.8.2001) ção móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda- estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 2009).
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluí-
um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova do pela Lei nº 12.012, de 2009).
destinada a produzir efeito em processo penal ou em pro-
cesso civil em que for parte entidade da administração pú- Exercício arbitrário ou abuso de poder
blica direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
de 28.8.2001) liberdade individual, sem as formalidades legais ou com
abuso de poder:
Coação no curso do processo Pena - detenção, de um mês a um ano.
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcioná-
de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, rio que:

25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
estabelecimento destinado a execução de pena privativa Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
de liberdade ou de medida de segurança; restituir autos, documento ou objeto de valor probatório,
II - prolonga a execução de pena ou de medida de se- que recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
gurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
executar imediatamente a ordem de liberdade;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custó- Exploração de prestígio
dia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou-
tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha:
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
segurança Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
galmente presa ou submetida a medida de segurança de- também se destina a qualquer das pessoas referidas neste
tentiva: artigo.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por Violência ou fraude em arrematação judicial
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
é de reclusão, de dois a seis anos. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
ca-se também a pena correspondente à violência. mento de vantagem:
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda além da pena correspondente à violência.
está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três suspensão de direito
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autorida-
meses a um ano, ou multa.
de ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
judicial:
Evasão mediante violência contra a pessoa
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, CAPÍTULO IV
usando de violência contra a pessoa: DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
correspondente à violência.
Contratação de operação de crédito
Arrebatamento de preso Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po- crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legisla-
der de quem o tenha sob custódia ou guarda: tiva: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
correspondente à violência. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
Motim de presos autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
ou disciplina da prisão: I – com inobservância de limite, condição ou montante
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pena correspondente à violência.
II – quando o montante da dívida consolidada ultra-
passa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei
Patrocínio infiel nº 10.028, de 2000)
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procura-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo pa- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
trocínio, em juízo, lhe é confiado: pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a
pagar, de despesa que não tenha sido previamente empe-
Patrocínio simultâneo ou tergiversação nhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluído
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo- pela Lei nº 10.028, de 2000)
gado ou procurador judicial que defende na mesma causa, Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In-
simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Assunção de obrigação no último ano do mandato QUESTÕES


ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri- 01. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – 2014 - UESPI)
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do Constitui abuso de autoridade, exceto:
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga (A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberda-
no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser de de locomoção.
paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida (B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberda-
suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei de de consciência e de crença.
nº 10.028, de 2000) (C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de re-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído união.
pela Lei nº 10.028, de 2000) (D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular
de natureza grave.
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído (E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados
pela Lei nº 10.028, de 2000) ao exercício do voto e ao direito de reunião.
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 02. (DETRAN/DF - Agente de Trânsito – 2012 - FU-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído NIVERSA) Constitui abuso de autoridade,
pela Lei nº 10.028, de 2000) (A) Ordenar ou executar medida privativa da liberdade
individual.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº (B) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve-
10.028, de 2000) xame ou a constrangimento, mesmo que autorizado em lei,
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito pois essa atitude é incompatível com o Estado de Direito.
sem que tenha sido constituída contragarantia em valor (C) Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro-
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma ponha a prestar fiança, ainda que não prevista em lei.
da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) (D) Lesar a honra ou o patrimônio de pessoa natural ou
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In- jurídica, mesmo quando esse ato for praticado sem abuso
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) ou desvio de poder.
(E) Recusar o carcereiro ou o agente de autoridade po-
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela licial recibo de importância adquirida a título de carcera-
Lei nº 10.028, de 2000) gem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa.
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
mover o cancelamento do montante de restos a pagar 03. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – 2014
inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído - FCC) No que concerne aos crimes de abuso de autorida-
pela Lei nº 10.028, de 2000) de, é correto afirmar que:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) por crime de abuso de autoridade praticado em serviço,
segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de
Aumento de despesa total com pessoal no último Justiça.
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº (B) É cominada pena privativa de liberdade na modali-
10.028, de 2000) dade de reclusão.
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que (C) Se considera autoridade apenas quem exerce car-
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cen- go, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar,
to e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da não transitório e remunerado.
legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) (D) Não é cominada pena de multa.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído (E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado
pela Lei nº 10.028, de 2000) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
profissional.
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 04. (Prefeitura de Taubaté/SP – Escriturário – 2015
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta -PUBLICONSULT) Se um servidor, ao final do expediente,
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos leva para casa clips, canetas, borrachas, folhas de papel,
da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou por exemplo, ainda que em pequena quantidade, fere o
sem que estejam registrados em sistema centralizado de patrimônio público, cometendo um ato ilícito, que é um
liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de crime previsto no Código Penal brasileiro, caracterizado
2000) pela apropriação, por parte do servidor público, de valores
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído ou qualquer outro bem móvel ou de consumo em proveito
pela Lei nº 10.028, de 2000) próprio ou de outrem. Trata-se do(a):

27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(A) Concussão 10. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe


(B) Improbidade administrativa – 2015 - VUNESP) Nos termos do Código Penal, a imputa-
(C) Peculato bilidade penal é excluída pela
(D) Prevaricação (A) embriaguez completa e culposa que torna o autor,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
05. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário – 2014 - entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
FCC) No que concerne aos crimes contra o patrimônio, acordo com esse entendimento.
(A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo (B) doença mental ou desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da ação
da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de ex-
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
torsão.
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência em- tendimento.
pregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves, (C) emoção
a pena aumenta-se de um terço. (D) paixão.
(C) se configura o crime de receptação mesmo se a coi- (E) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
sa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da omis-
crime não classificado como de natureza patrimonial. são, da plena capacidade de entender o caráter ilícito do
(D) não comete infração penal quem se apropria de fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen-
coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou to.
força da natureza.
(E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade RESPOSTAS
alheia não configura, em tese, o crime de furto por não se
tratar de bem móvel. 01. D.
O preso não tem o direito de fugir, muito pelo con-
06. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VU- trário, conforme estabelecido no Art. 50 da lei em análise:
NESP) Nos termos do Código Penal, assinale a alternativa Art. 50. = Comete falta grave o condenado à pena priva-
que contenha apenas crimes contra o patrimônio. tiva de liberdade que: II – fugir.
(A) Homicídio; estelionato; extorsão
02. E.
(B) Estelionato; furto; roubo.
A questão pediu apenas a letra da lei, ou seja, a le-
(C) Dano; estupro; homicídio tra “G” do art. 4º da lei 4898/65, que é uma letra morta,
(D) Furto; roubo; lesão corporal. uma vez que há a inaplicabilidade desse tipo penal por não
(E) Extorsão; lesão corporal; dano. existir no sistema carcerário brasileiro quaisquer custas ou
emolumentos ou outras despesas semelhantes, tornando
07. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014- Aroeira) esse tipo penal inaplicável. Dessa forma, se o agente prati-
É crime contra o patrimônio, em que somente se procede car essa conduta ela será ATÍPICA em relação ao delito de
mediante representação, abuso de autoridade.
(A) o furto de coisa comum.
(B) a alteração de limites. 03. E.
(C) o dano simples. O Artigo 3º da Lei do Abuso de Autoridade assim pre-
(D) a fraude à execução. ceitua:
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten-
08. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – 2013 - tado:
VUNESP) A conduta de constranger alguém, mediante vio- (A) à liberdade de locomoção;
lência ou grave ameaça e com o intuito de obter para si ou (B) à inviolabilidade do domicílio;
para outrem trem indevida vantagem econômica, a fazer, (C) ao sigilo da correspondência;
(D) à liberdade de consciência e de crença;
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa caracteriza
(E) ao livre exercício do culto religioso;
o crime de
f) à liberdade de associação;
(A) extorsão. g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
(B) abuso de poder. cício do voto;
(C) exercício arbitrário. h) ao direito de reunião;
(D) coação no curso do processo. i) à incolumidade física do indivíduo;
(E) roubo. j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
cício profissional.
09. (TJ/ RJ – Juiz Substituto – 2012 - VUNESP) A
regra tempus regit actum explica o fenômeno da 04. C.
(A) retroatividade da lei penal mais benéfica. (Peculato) Art. 312 do CP - Apropriar-se o funcionário
(B) ultratividade da lei penal excepcional. público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
(C) territorialidade temperada. público ou particular, de que tem a posse em razão do car-
(D) extraterritorialidade. go, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio

28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

05. C. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez


Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente inca-
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a paz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
adquira, receba ou oculte: se de acordo com esse entendimento.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortui-
06. B. to ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
Código Penal: omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou mento.
depois de havê-la, por qualquer meio,
Referências
07. A.
Furto de coisa comum Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32954/cri-
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, mes-contra-administracao-publica-cometidos-por-agen-
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a tes-publicos. Acesso em março de 2016.
coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou CAPEZ, Fernando. Direito Penal Parte Especial. ed. Sa-
multa. raiva 2004, volume 3;
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- OAB 1 fase – Doutrina : volume único/ coordenação
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o João Aguirre, Nestor Távora; coordenação pedagógica
agente. Francisco Fontenele – Rio: Forense: São Paulo: MÉTODO,
Embora o direito de punir continue sendo estatal, a ini- 2014.
ciativa se transfere ao ofendido quando os delitos atingem
sua intimidade, de forma que pode optar por não levar a NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal.
questão a juízo, assim a legitimidade ativa é do próprio Editora Revista dos Tribunais. 2ª Edição - 2006.
particular ofendido.
Disponível em: https://juniorcampos2.wordpress.
08. A. com/2014/05/11/da-aplicacao-da-lei-penal-vigencia-no-
Código Penal: tempo-e-no-espaco/. Acesso em março de 2016.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- Disponível em: http://wesleycaetano.jusbrasil.com.br/
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se artigos/171779619/interpretacao-da-lei-penal. Acesso em
faça ou deixar fazer alguma coisa: março de 2016.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, JESUS, Damásio de. Ampliado o rol dos crimes de me-
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço nor potencial ofensivo. São Paulo: Complexo Jurídico Da-
até metade. másio de Jesus, jul. 2001.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
o disposto no § 3º do artigo anterior. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.as-
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da p?id_dh=1239. Acesso em março de 2016.
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.as-
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão p?id_dh=9704. Acesso em março de 2016.
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. Disponível em: http://www.tudosobreconcursos.com/
materiais/direito-penal/dos-crimes-contra-a-vida. Acesso
09. B. em março de 2016.
Código Penal:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de- Disponível em: http://ccdias.jusbrasil.com.br/arti-
corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns- gos/180440189/resumo-de-direito-penal-dos-crimes-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado contra-o-patrimonio. Acesso em março de 2016.
durante sua vigência.
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10. E. tismo-penal-uma-ciencia-do-direito-uma-ideia-filosofica
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Art. 28(...) 2016.

29
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30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Crime militar: conceito........................................................................................................................................................................................... 01


Da violência contra superior ou oficial de serviço....................................................................................................................................... 03
Do desrespeito a superior e do vilipêndio a símbolo nacional ou farda............................................................................................ 05
Da coação irresistível e da obediência hierárquica..................................................................................................................................... 05
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Civil é o cidadão e representa todas aquelas pessoas


que não fazem parte das forças armadas do seu país, ou
CRIME MILITAR: CONCEITO. seja, que não são militares (Direito Internacional Humani-
tário).

Militar é relativo à guerra, às Forças Armadas, à sua or-


Os crimes militares estão definidos no CPM, sendo que ganização e às suas atividades.
em tempo de paz as circunstâncias estão descritas no art.
9º e, em tempo de guerra no art. 10 do CPM. Os membros das Forças Armadas, em razão de sua
Mas o que é crime? Guilherme de Souza Nucci, na obra destinação constitucional, formam uma categoria especial
“Código Penal Militar Comentado”, de 2014, conceitua cri- de servidores da Pátria e são denominados militares, como
me como conduta lesiva a bem juridicamente tutelado, descreve o art. 3º da Lei nº 6.880/80, Estatuto dos Militares.
merecedora de pena, devidamente prevista em lei. O con-
ceito formal desdobra-se no analítico, para o qual o crime MILITAR ATIVA MILITAR INATIVO
é um fato típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável. A puni- DE SERVIÇO RESERVA
bilidade não é elemento do delito, mas somente um dado
fundamental para assegurar a aplicação efetiva da sanção DE FOLGA REFORMADO
penal. O citado autor afirma que a corrente tripartida (fato
Deve-se compreender com atenção o disposto no art.
típico, antijurídico e culpável) é amplamente majoritária
12 CPM, em que militar da reserva ou reformado empre-
na doutrina brasileira, abrangendo causalistas, finalistas e
gado na administração militar, equipara-se ao militar em
funcionalistas. A ótica bipartida (fato típico e antijurídico, situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei pe-
sendo culpabilidade pressuposto de aplicação da pena), de nal militar.
fundo finalista, teve o seu apogeu nos anos 80, experimen-
tando um declínio acentuado de lá para a atualidade. Art 9º - Consideram-se crimes militares, em tempo de
O crime possui a figura do sujeito ativo e do sujeito paz:
passivo. O sujeito ativo é a pessoa que pratica a conduta I - os crimes de que trata este Código, quando definidos
descrita pelo tipo penal. Não é contemplada na seara pe- de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos,
nal militar a discussão sobre a possibilidade de a pessoa qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
jurídica ser sujeito ativo em crime ambiental (NUCCI, 2014).
O sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegi- Ato obsceno:
do pelo tipo penal incriminador, que foi violado. Divide-se Art. 238 do CPM: “Praticar ato obsceno em lugar sujeito
em sujeito passivo formal (ou constante) que é o titular do à administração militar.”
interesse jurídico de punir, que surge com a prática da in- Art. 233 do CP: “Praticar ato obsceno em lugar público,
fração penal. É sempre o Estado. O sujeito passivo material ou lugar aberto, ou exposto ao público.”
(ou eventual) é o titular do bem jurídico diretamente lesado
pela conduta do agente (NUCCI, 2014). Desobediência
Art. 301 do CPM: “Desobedecer a ordem legal de au-
toridade militar”.
Para que a conduta seja tipificada como crime militar é
necessária a seguinte análise: Art. 330 do CP: “Desobedecer a ordem legal de funcio-
nário público”.
Em razão:
- da matéria (ratione materiae), o bem jurídico que é Autoridade militar:
protegido pela lei panal e que é lesado ou posto em perigo Art. 22 do CPM: “É considerada militar, para efeito da
pela ação delituosa. aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo
- do local (ratione loci), não importa a condição do de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,
agente e do sujeito passivo, o fato é considerado militar e para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disci-
for praticado em local sujeito à administração militar. plina militar”.
- da pessoa (ratione personae), pressupõe militar o de-
lito praticado por militar, sem outras condições. Funcionário público:
- do tempo (ratione temporis), se for praticado em tem- Art. 327 do CP: “Considera-se funcionário público, para
po de guerra. os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
- da função (propter officium), o fato criminoso é consi- remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”.
derado ilícito militar se o agente, ainda que fora do horário I - os crimes de que trata este Código, quando definidos
de serviço, praticá-lo em razão da função. de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos,
qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Diante das razões, é oportuno compreender a defini-
ção de civil e militar.

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Embriaguez em serviço c) por militar em serviço ou atuando em razão da fun-


Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou ção, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ain-
apresentar-se embriagado para prestá-lo. da que fora do lugar sujeito à administração militar contra
militar da reserva, ou reformado, ou civil;
Dormir em serviço Sujeito ativo: militar da ativa.
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como Circunstância: serviço, razão da função, comissão, for-
oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, matura..
ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plan- Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reforma-
tão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço do.
de natureza semelhante.
d) por militar durante o período de manobras ou exercí-
Insubmissão cio, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelha-
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incor- do, ou civil;
poração, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresen- Sujeito ativo: militar da ativa.
tando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação: Circunstância: período de manobras.
Pena - impedimento, de três meses a um ano. Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reforma-
do.
E se o crime está tipificado no CPM e no CP ou em
outra lei penal? e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado,
contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem
Furto simples (CPM) administrativa militar.
Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia Sujeito ativo: militar da ativa.
móvel: Sujeito passivo: patrimônio sob a administrçao militar,
Pena - reclusão, até seis anos. ordem administrativa militar.

Furto (CP) III - Os crimes praticados por militar da reserva, ou re-


Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia formado, ou por civil, contra as instituições militares, consi-
móvel: derando-se como tais não só os compreendidos no inciso I,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. como os do inciso II nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou
Mas, e se? contra a ordem administrativa militar;
Homicídio simples (CPM) Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Art. 205. Matar alguém: Sujeito passivo: patrimônio sob a administração militar,
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ordem administrativa militar.

Homicídio simples (CP) b) em lugar sujeito à administração militar contra mi-


Art. 121. Matar alguém: litar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no
Neste caso, socorre-se ao inciso II do art. 9º do CPM. exercício de função inerente ao seu cargo;
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
II - os crimes previstos neste Código, embora também Circunstâncias: lugar sujeito a administração militar.
o sejam com igual definição na lei penal comum, quando Sujeito passivo: militar da ativa, funcionário de ministé-
praticado: rio militar ou justiça militar no exercício de função.

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado c) contra militar em formatura, ou durante o período
contra militar da mesma situação ou assemelhado; e prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
Sujeito ativo: militar da ativa. acampamento, acantonamento ou manobras;
Sujeito passivo: militar da ativa. Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Observação necessária: o termo assemelhado (art. 21, Circunstâncias: formatura, prontidão, vigilância, obser-
CPM) não existe mais no universo jurídico desde a edição vação, exploração, acampamento, acantonamento, mano-
do Decreto nº 23.203/47. bras.
Sujeito passivo: militar.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado,
em lugar sujeito à administração militar, contra militar da d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mili-
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; tar, contra militar em função de natureza militar, ou no de-
Sujeito ativo: militar da ativa. sempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação
Circunstância: lugar sujeito a administração militar. de ordem pública, administrativa ou jurídica, quando legal-
Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reforma- mente requisitado para aquele fim, ou em obediência à de-
do. terminação legal superior.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado. E, ainda, o estabelecido no art. 18 do CPPM – Inde-
Sujeito passivo: militar em funçaõ de natureza militar pendentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar
desempenhando serviço de vigilância quando legalmente detido, durante as investigações policiais, até trinta dias,
requisitado ou em obediência a determinação legal supe- comunicando-se a detenção à autoridade judiciária compe-
rior. tente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias,
pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea,
A Lei nº 13.491, de 2017, alterou o Código Penal Militar mediante solicitação fundamentada do encarregado do in-
no sentido de que: quérito e por via hierárquica.
§ 1o Os crimes de que trata este artigo (artigo 9º),
quando dolosos contra a vida e cometidos por militares Observa-se que não há reincidência entre crime co-
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. mum e crime propriamente militar, conforme descrito no
§ 2o Os crimes de que trata este artigo (artigo 9º), Código Penal:
quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Art. 64, do CP – Para efeito de reincidência:
Justiça Militar da União, se praticados no contexto: II – não se consideram os crimes militares próprios e po-
líticos.
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem es-
tabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro Por exemplo, crime de deserção, crime propriamente
de Estado da Defesa; militar, o autor não será considerado reincidente em futu-
II – de ação que envolva a segurança de instituição mi- ra prática de delito comum.
litar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de
paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsi-
diária, realizadas em conformidade com o disposto no art. DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU OFICIAL
142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes di- DE SERVIÇO.
plomas legais:

a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código


Brasileiro de Aeronáutica; Da violência contra superior ou militar de serviço
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999 – Lei
de Preparo e Emprego das Forças Armadas; Violência contra superior
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Có- Art. 157. Praticar violência contra superior:
digo de Processo Penal Militar; e Pena - detenção, de três meses a dois anos.
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Elei-
toral. As Corporações Militares, Estaduais ou Federais, são
regidas por dois princípios fundamentais, a hierarquia e a
Compete à justiça militar processar e julgar os crimes disciplina, que estão estabelecidos expressamente no art.
propriamente militares e os impropriamente militares. São 142, da Constituição Federal de 1988. A hierarquia se faz
julgados pela Justiça Militar da União os militares das For- presente não apenas nas Instituições Militares brasileiras,
ças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e civis, e mas também nas Instituições Militares existentes em outros
pela Justiça Militar dos Estados os integrantes da Polícia países. Não existe Força Militar que não seja regida pelos
Militar e Corpo de Bombeiro Militar, exceto os crimes dolo- princípios de hierarquia e disciplina. Até mesmo os chama-
sos contra a vide de civil. dos grupos paramilitares, que foram vedados pelo Estado
democrático de Direito previsto no vigente texto constitu-
Crime militar é “ratione legis”. A lei poderá eleger que cional são regidos por princípios de hierarquia e disciplina.
crime militar é aquele praticado por militar ou em determi- Portanto, todo aquele que ingressa em uma força militari-
nado lugar, mas não é reconhecimento de crime militar. A zada sabe que estará sujeito a obrigações, as quais muitas
lei não distingue quais crimes são propriamente ou impro- vezes são rígidas, mas necessárias para o cumprimento da
priamente militares. missão que é destinada aos militares.
O sujeito ativo deste crime, que é um crime propria-
É necessário observar o disposto no artigo 5º, LXI da mente militar, é o militar que possui grau hierárquico infe-
CF – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por rior em relação à vítima. O crime pode ser praticado tanto
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária pelo militar federal como pelo militar estadual.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime O sujeito passivo do crime em comento é a Adminis-
propriamente militar, definidos em lei. tração Militar, Estadual ou Federal, uma vez que sua auto-
ridade acaba sendo questionada pelo ato praticado pelo

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

infrator. O sujeito passivo mediato é a pessoa que sofre Se o crime tiver sido praticado contra oficial general, e
a violência, no caso o militar que possui grau hierárquico o infrator for condenado a uma pena mínima, por exemplo,
superior ao infrator. Em razão disto, a vítima deste crime três anos de reclusão, o Juiz deverá aumentar a pena em
poderá ser tanto uma praça como um oficial. um terço, o que levará a um aumento de um ano, tota-
lizando uma pena definitiva em quatro anos de reclusão.
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se repre- O aumento determinado neste parágrafo não é facultati-
sentado pelo verbo praticar violência, ou seja, praticar um vo, mas obrigatório, e caso este não seja observado pelo
ato ilegal contra o superior hierárquico, o que evidencia Conselho de Justiça, Permanente ou Especial, o Ministério
muitas vezes a falta de comprometido do infrator para com Público deverá interpor recurso para que a norma penal
a Corporação Militar a qual pertence, e que muitas vezes seja respeitada.
ingressou de forma voluntária, tendo conhecimento que a
vida militar possui regras que são diferentes daquelas ob- § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se,
servadas na sociedade em geral. além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
Se da violência praticada pelo agente resultar na vítima
Aurélio Buarque de Holanda define violência como uma lesão corporal, o infrator responderá por um concurso
sendo, “a qualidade de violento, o ato violento, o ato de de crimes, ou seja, além da pena prevista para a violência,
violentar; no âmbito jurídico, o constrangimento físico ou ficará sujeito ainda a pena prevista para o crime de lesão
moral; o uso da força; coação. corporal, art. 209, do Código Penal Militar.

O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre § 4º Se da violência resulta morte:


e consciente de praticar a conduta que se encontra devida- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
mente descrita no tipo penal sob comento. Este parágrafo agrava a pena do agente em razão do
resultado. Se em razão da violência resultar na morte da
O tipo penal não admite a prática do ilícito de forma vítima, o infrator ficará sujeito a uma de reclusão de no
culposa, ou seja, por meio de atos de imprudência, negli- mínimo doze e no máximo trinta anos de reclusão. A pena
gência ou mesmo imperícia. é bem mais severa em razão do bem tutelado pela norma
penal que é a autoridade do superior hierárquico. A lei não
A ação penal cabível na espécie é uma ação penal pú- admite o que o superior sofra qualquer tipo de violência,
blica incondicionada que ficará a cargo do Ministério Pú- tampouco admite o evento morte.
blico Militar, quando se tratar de interesse da União, Forças
Armadas, e do Ministério Estadual ou do Distrito Federal § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime
quando o agente for um militar pertencente a Polícia Mi- ocorre em serviço.
litar ou ao Corpo de Bombeiros Militar. A pena prevista Este parágrafo estabelece um outro aumento de pena
para o ilícito é a pena de detenção, de três meses a dois no quantum de um sexto quando a violência contra o su-
anos. Apesar da pena prevista ser uma pena que poderia perior é praticada em serviço. O legislador entendeu que a
ser considerada de menor potencial ofensivo, não é possí- conduta praticada em serviço não merece receber o mes-
vel a aplicação dos benefícios previstos na Lei Federal nº mo tratamento que foi estabelecido no caput do artigo. A
9099/95. O crime de violência contra superior é um crime disposição é correta e poderia ser até mais severa, pois a
propriamente militar que ofende os princípios de hierar- prática deste crime, por exemplo, na presença de outras
quia e disciplina, e por isso não se recomenda a aplicação pessoas demonstra não apenas um desrespeito para com o
dos benefícios que forma estabelecidas pela Lei dos Juiza- superior, mas também o desrespeito para com as pessoas
dos Especiais Civis e Criminais. que são as destinatárias dos serviços prestados pelas forças
militares, que terão uma visão negativa daqueles que tem o
Formas qualificadas compromisso de proteger a nação e também a integridade
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que per- e o patrimônio daqueles que vivem no território dos Esta-
tence o agente, ou oficial general: dos da Federação e do Distrito Federal.
Pena - reclusão, de três a nove anos.
Violência contra militar de serviço
O artigo conforme foi mencionado no caput protege Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de ser-
a autoridade militar, e em determinados casos a lei penal viço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão:
militar entendeu que deveria agravar a pena do agente, es- Pena - reclusão, de três a oito anos.
tabelece uma sanção mais severa para o infrator.
Formas qualificadas
§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é au- § 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é
mentada de um terço. aumentada de um terço.
No caso da violência ser praticada pelo agente com o § 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se,
emprego de arma, a pena também será agravada. Segundo além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
estabelece o referido parágrafo, a pena do infrator será au- § 3º Se da violência resulta morte:
mentada em um terço. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

No presente crime, o sujeito ativo deste crime poderá Desrespeito a símbolo nacional
ser militar ou civil. Trata-se de crime impropriamente mili-
tar. Frise-se que neste crime há a ausência de dolo no re- Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lu-
sultado. gar sujeito à administração militar, ato que se traduza em
ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos.

DO DESRESPEITO A SUPERIOR E DO Despojamento desprezível


VILIPÊNDIO A SÍMBOLO NACIONAL OU FARDA.
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração mili-
tar, insígnia ou distintivo, por menosprêzo ou vilipêndio:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Desrespeito a superior
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o
fato é praticado diante da tropa, ou em público.
A legislação confere proteção à figura do superior hie-
rárquico, especialmente no tocante ao respeito que deve
ser dispensado à sua figura. Note-se que não é à pessoa
que se confere a proteção, mas à figura que este representa
dentro da organização militar. DA COAÇÃO IRRESISTÍVEL E DA OBEDIÊNCIA
HIERÁRQUICA.
O objeto da tutela penal é a disciplina. A conduta incri-
minada consiste em desrespeitar, o que significa faltar com
consideração, com respeito, com acatamento, incompatí-
veis com a posição hierárquica de subordinado e superior, Coação irresistível
estabelecida pela estrutura organizacional das Forças Ar-
madas, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Milita- a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculda-
res. Trata-se de conduta que, no meio social, é considerada de de agir segundo a própria vontade;
como falta de educação e no serviço público civil, enseja
punição disciplinar. Obediência hierárquica

No presente artigo ressalta-se a proteção à disciplina e b) em estrita obediência a ordem direta de superior
hierárquico, em matéria de serviços.
à hierarquia, mormente pelo fato que a figura delitiva exi-
gir, para sua configuração, que terceiro militar esteja pre-
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da or-
sente, configurada, neste momento, a ofensa à ordem da dem.
instituição militar.
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de
CAPÍTULO IV ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou
DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO NA- na forma da execução, é punível também o inferior.
CIONAL OU A FARDA

Desrespeito a superior

Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:


Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
não constitui crime mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial general ou ofi-


cial de serviço

Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o coman-


dante da unidade a que pertence o agente, oficial-general,
oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada
da metade.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

QUESTÕES 04. (MPM - Promotor de Justiça Militar - 2013 -


MPM) Acerca das causas excludentes do crime, assinale a
01. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário – 2017 alternativa incorreta.
- VUNESP) Assinale a alternativa que apresenta a assertiva (A) No Código Penal Militar existe uma causa de justi-
correta. ficação especial que é a discriminante do comandante de
(A) Desrespeitar um superior hierárquico diante de um navio, aeronave ou praça de guerra, concedendo autorida-
civil caracteriza o crime militar de desrespeito a superior. de ao comandante para compelir seus subordinados a rea-
(B) O despojamento, apenas por menosprezo, de uni-
lizarem manobras e serviços urgentes, com a finalidade de
forme militar por parte do militar não caracteriza crime mi-
salvaguardar quer vidas humanas, quer a própria unidade.
litar.
(C) O militar que critica publicamente em rede social na (B) O estrito cumprimento do dever legal é causa de
internet uma resolução do Governo pratica o crime militar exclusão de ilicitude, prevista no Código Penal Militar de
de publicação ou crítica indevida. 1969, que não o conceitua, assim como não é conceituado
(D) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional no Código Penal. Ambos, porém, definem o estado de ne-
se caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo cessidade e a legítima defesa.
militar ao símbolo nacional independentemente do lugar (C) No direito militar pátrio, em matéria de legítima
ou diante de quem o ato for praticado. defesa, em que pese ser permitida a repulsa à “agressão,
(E) Pratica o crime militar de deserção o militar que se atual ou iminente, a direito próprio ou de outrem”, serão
ausenta, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar sempre considerados elementos constitutivos do crime: a
em que deve permanecer, por mais de dois dias. qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia,
de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia ou plantão,
quando a ação é praticada em repulsa à agressão.
02. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto – 2016 -
(D) A diferença entre o estado de necessidade como
VUNESP) Com relação aos crimes contra a Autoridade ou
excludente de culpabilidade e o estado de necessidade
Disciplina Militar, é correto afirmar:
(A) o simples concerto de militares para a prática do como excludente do crime, quanto aos requisitos que os
crime de motim não é punível, nos termos da lei penal mi- constituem, é que, neste, o agente não era legalmente
litar, se estes não iniciarem, ao menos, os atos executórios obrigado a arrostar o perigo e, naquele, não lhe era razoa-
do crime de motim. velmente exigível conduta diversa.
(B) militares que apenas se utilizam de viatura militar
para ação militar, em detrimento da ordem ou disciplina
militar, mas sem ocupar quartel, cometem o crime de mo- 05. (TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VU-
tim. NESP) Assinale a alternativa que indica um crime propria-
(C) o militar que, estando presente no momento da mente militar, de acordo com a denominada Teoria Clássica.
prá- tica do crime de motim, não usar de todos os meios (A) Dano em navio de guerra ou mercante em serviço
ao seu alcance para impedi-lo, será responsabilizado como militar (art. 263 do Código Penal Militar).
partícipe deste. (B) Ingresso clandestino (art. 302 do Código Penal Mi-
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim
litar)
e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências,
(C) Favorecimento a desertor (art. 193 do Código Penal
denuncia o ajuste de que participou terá a pena diminuída
pela metade com relação ao referido crime militar. Militar).
(E) a reunião de dois ou mais militares com armamento (D) Omissão de socorro (art. 201 do Código Penal Mi-
ou material bélico, de propriedade militar, para a prá- tica litar).
de violência contra coisa particular, só caracterizará o crime (E) Ofensa às Forças Armadas (art. 219 do Código Penal
de organização de grupo para a prática de violência se a Militar).
coisa se encontrar em lugar sujeito à administração militar.

06. TJM-SP - Juiz de Direito Substituto - 2016 - VU-


03. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo – NESP). Com relação aos crimes contra a Autoridade ou
2014 - CESPE) Julgue o item subsequente, a respeito dos Disciplina Militar, é correto afirmar:
crimes militares e dos delitos em espécie previstos na parte (A) o simples concerto de militares para a prática do
especial do Código Penal. crime de motim não é punível, nos termos da lei penal mi-
Aquele que deixar de comunicar à administração mili-
litar, se estes não iniciarem, ao menos, os atos executórios
tar o óbito de sua genitora e, assim, obtiver vantagem ilícita
do crime de motim.
mediante saques dos valores depositados a título de pen-
são na conta-corrente da ex-pensionista cometerá o crime (B) militares que apenas se utilizam de viatura militar
militar de estelionato, cuja tipicidade não pode ser afastada para ação militar, em detrimento da ordem ou disciplina
mediante reparação integral do dano. militar, mas sem ocupar quartel, cometem o crime de mo-
( ) Certo ( ) Errado tim.

6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

(C) o militar que, estando presente no momento da 10. (SEDS-PE - Sargento - Policia Militar - 2010 - MS
prá- tica do crime de motim, não usar de todos os meios CONCURSOS) Em relação ao inquérito policial militar, assi-
ao seu alcance para impedi-lo, será responsabilizado como nale a alternativa ERRADA:
partícipe deste. (A) A autoridade militar não poderá mandar arquivar
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de
e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, crime ou de inimputabilidade do indiciado.
denuncia o ajuste de que participou terá a pena diminuída (B) O arquivamento do inquérito não obsta a instaura-
pela metade com relação ao referido crime militar. ção de outro. Se novas provas aparecerem em relação ao
(E) a reunião de dois ou mais militares com armamento fato, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção de
ou material bélico, de propriedade militar, para a prá- tica
punibilidade.
de violência contra coisa particular, só caracterizará o crime
(C) O Ministério Público poderá requerer o arquiva-
de organização de grupo para a prática de violência se a
coisa se encontrar em lugar sujeito à administração militar. mento dos autos se entender inadequada a instauração do
inquérito.
(D) Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos
07. (TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto - 2015 – a autoridade policial militar, a não ser mediante requisição
CESPE) Acerca do concurso de agentes, assinale a opção do Ministério Público para diligências por ele consideradas
correta à luz do CPM. imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
(A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja (E) O inquérito é indispensável para o oferecimento da
concurso de pessoas, as condições ou as circunstâncias de denúncia.
caráter pessoal dos coautores serão consideradas apenas
nos casos em que os agentes tenham consciência dessas
condições ou circunstâncias. RESPOSTAS
(B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o
fato de um agente dirigir as atividades dos demais agentes
01. C.
envolvidos no evento delituoso.
Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licen-
(C) Se o crime for praticado com o concurso de dois
ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada ça, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato
em dobro. de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou
(D) Agente cuja participação no crime seja de menor a qualquer resolução do Governo.
importância deve ser apenado na mesma proporção que Tal crítica, para constituir crime, deve ser pública.
os demais agentes envolvidos no delito. O sujeito ativo só pode ser militar.
(E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente d) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional
com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais in- se caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo
feriores que estiverem exercendo função de oficial, serão militar ao símbolo nacional independentemente do lugar
considerados cabeças da ação delituosa. ou diante de quem o ato for praticado.
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar
sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultra-
08. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda je a símbolo nacional.
Categoria - 2015 - CESPE) Ainda com relação ao direito
e) Pratica o crime militar de deserção o militar que se
penal militar, julgue o item que se segue.
ausenta, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
Se um oficial das Forças Armadas cometer crime de
furto simples, ele ficará sujeito à declaração de indignidade em que deve permanecer, por mais de dois dias.
para o oficialato, qualquer que seja a sua pena. Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade
( ) Certo ( ) Errado em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por
mais de oito dias.

09. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda


Categoria – 2015 – CESPE) Em cada um do próximo item, 02. B.
é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma as- CPM
sertiva a ser julgada à luz do direito penal militar. Motim
Em determinada organização militar, durante o expe- Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
diente, dois militares que trabalhavam na mesma seção I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou ne-
desentenderam-se e um deles, sem justificativa e intencio- gando-se a cumpri-la;
nalmente, disparou sua arma de fogo contra o outro, que
II - recusando obediência a superior, quando estejam
faleceu imediatamente. Nessa situação, o autor do disparo
agindo sem ordem ou praticando violência;
cometeu crime impropriamente militar.
( ) Certo ( ) Errado III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou
em resistência ou violência, em comum, contra superior;

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou es- Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para
tabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena,
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em
ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243,
transporte, para ação militar, ou prática de violência, em 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
desobediência a ordem superior ou em detrimento da or-
dem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento 09. Certo.
de um terço para os cabeças. Trata-se de crime impropriamente militar haja vista que
o homicídio está previsto tanto no CP quando no CPM. Po-
rém, como se trata de crime de militar da ativa e militar da
03. Certo. ativa o crime será militar (art. 205 do CPM).
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio 10. E.
fraudulento: Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuí-
Agravação de pena zo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em de- a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos
trimento da administração militar. por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de
escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
04. C. c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código
Art. 47, II CPM Penal Militar.

05. D. Referências
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Art. 201, CPM. Deixar o comandante de socorrer, sem Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou es- lotexto.php?cod=4967&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
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artigo,a-exclusao-de-militar-em-decorrencia-de-condena-
06. B. cao-penal-uma-analise-comparativa-entre-militares-esta-
Código Penal Militar duais-e-f,55777.html. Acesso em novembro de 2016.
Artigo 149, IV: Reunirem-se militares ou assemelhados:
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou es- ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues Rosa. Disponível
tabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, em: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridi-
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, cos/3715223. Acesso em maio de 2017.
ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de
transporte, para ação militar, ou prática de violência, em Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
desobediência a ordem superior ou em detrimento da or- lotexto.php?cod=4131&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
dem ou da disciplina militar: em maio de 2017.

Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/


07. E. textosjuridicos/2023571. Acesso em maio de 2017.
Código Penal Militar
Art 53, § 5º - Quando o crime é cometido por inferior e Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, assim lotexto.php?cod=4318&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
como os inferiores que exercem função de oficial. em maio de 2017.

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08. Certo. artigos/121940533/breves-consideracoes-sobre-a-deser-
Código Penal Militar cao-nas-forcas-militares-estaduais-e-do-distrito-federal.
Indignidade para o oficialato Acesso em maio de 2017.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido,


SOBRE: DIREITO PENAL pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão
1. (TJ/AL – Auxiliar Judiciário – CESPE/2012) Assina- do Ministério Público, ou à autoridade policial.
le a opção correta a respeito de ação penal. § 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito,
A) Nas hipóteses de ação penal privada, se o ofen- se com a representação forem oferecidos elementos que o
dido morrer ou for declarado ausente por decisão judi- habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá
cial, a ação será extinta, uma vez que não haverá mais a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
legitimidade processual que justifique o seu prossegui-
mento. Finalmente, para os adeptos da referida tese, o § 1º do
B) Em se tratando de delitos de ação penal pública art. 46, descreve mais uma hipótese de dispensabilidade do
condicionada à representação do ofendido, o órgão do inquérito policial:
MP dispensará o inquérito se, com a representação, fo-
rem oferecidos elementos que o habilitem a promover Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando
a ação penal. o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão
C) Tanto a ação pública incondicionada quanto a do Ministério Público receber os autos do inquérito policial,
ação condicionada devem ser promovidas por denún- e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último
cia do MP, independentemente de representação do caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
ofendido. (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do
D) Seja qual for o crime, quando praticado em de- Ministério Público receber novamente os autos.
trimento do patrimônio da União ou de estado, a ação § 1o  Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
penal será pública condicionada à representação da au- policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
toridade competente. se-á da data em que tiver recebido as peças de informações
E) Se o MP, em vez de apresentar a denúncia, re- ou a representação.
querer o arquivamento do inquérito policial, o juiz, no
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, No último caso, se houver devolução do inquérito à
deverá determinar o prosseguimento da ação penal. autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data
em que o órgão do Ministério Público receber novamente
Atualmente, a doutrina tradicional entende que o in- os autos.
quérito policial, apesar de ser uma peça importante, não é
imprescindível. RESPOSTA: “B”.
Os defensores dessa corrente sustentam que o inqué-
rito policial não é uma etapa obrigatória da persecução pe- 2. (FEPESE/SC - Auditor Fiscal da Receita Estadual –
nal, podendo ser dispensado sempre que o integrante do SEFAZ/2010) De acordo com o Código Penal, pode-se
Ministério Público ou o ofendido tiver elementos suficien- afirmar:
tes para promover a ação penal. a) A representação será irretratável depois de rece-
Os doutrinadores baseiam tal entendimento no fato de bida a denúncia.
o art. 12, do Código de Processo Penal, utilizar a expressão b) O direito de queixa pode ser exercido mesmo de-
“sempre que”, que significa uma condição. pois de renunciado tacitamente.
c) O ofendido decai do direito de queixa ou de re-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou presentação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”. meses, contado do data em que se praticou a conduta
delituosa, ainda que outro seja o momento do resulta-
Da mesma forma, porque o art. 27, do CPP, que trata do.
da  delatio criminis  postulatória, estabelece que qualquer d) Quando a lei considera como elemento ou cir-
um do povo poderá fornecer, por escrito, informações cunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os constituem crimes, cabe ação pública em relação àque-
elementos de convicção. le, desde que, em relação a qualquer destes, se deva
Essa circunstância significa, que quando tais informa- proceder por iniciativa do Ministério Público.
ções forem suficientes não é necessário o inquérito policial: e) Para produzir efeitos, o perdão independe de
Art.  27.  Qualquer pessoa do povo  poderá  provocar a aceitação pelo querelado.
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba
a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações O Código Penal, em seu art. 101 dispõe sobre a ação
sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os penal no crime complexo:
elementos de convicção.
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
No mesmo sentido, o § 5º, do art. 39, do CPP, estabe- circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
lece que o integrante do  Parquet  dispensará o inquérito constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele,
se forem apresentados elementos suficientes para a desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder
propositura da ação: por iniciativa do Ministério Público.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Assim, a questão está correta de acordo com disposto Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em
no Código Penal. que somente se procede mediante queixa, obsta ao
prosseguimento da ação.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
3. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) No
sistema criminal brasileiro, não se admite a renúncia tá- 7. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) O
cita ao direito de queixa. prazo decadencial de representação para os sucessores
corre a partir do momento em que eles forem notifica-
A questão está errada pois contrária dispositivo de lei, dos judicialmente para manifestar interesse em repre-
haja vista que, de acordo com o art. 104, do Código Penal. sentar.

Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido O Código Penal, art. 103, reza que o prazo decadencial é
quando renunciado expressa ou tacitamente. de 6 meses contado do dia em que o ofendido ou sucessor
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito veio a saber quem é o autor do crime.
de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
a indenização do dano causado pelo crime.  ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
RESPOSTA: “ERRADA”. dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
4. (DPU - Agente administrativo – CESPE /2010) prazo para oferecimento da denúncia. 
Para oferecer queixa, o procurador deve ser necessaria-
mente advogado e possuir poderes gerais de represen- RESPOSTA: “ERRADA”.
tação do ofendido.
8. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito da
ação penal no crime complexo será intentada, em qual-
Ação pública e de iniciativa privada:
quer hipótese, por intermédio de queixa-crime.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. 
O Código Penal, no art. 101, dispõe sobre a ação penal
2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
no crime complexo, vejamos:
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para
representá-lo.  
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
Desse modo, a questão está errada, pois a representação circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
não necessita ser efetuada por advogado com poderes constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele,
gerais de representação do ofendido. desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder
por iniciativa do Ministério Público.  
RESPOSTA: “ERRADA”.
Dessa forma, a questão errada ao contrariar dispositivo
5. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na de lei quando afirma que a ação penal no crime complexo
ação penal privada, a vítima poderá perdoar o agressor, será intentada por intermédio de queixa-crime.
ainda que o processo esteja em grau de recurso e tra-
mitando perante tribunal, contanto que o faça antes do RESPOSTA: “ERRADA”.
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
9. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No
A questão está de acordo com o disposto no Código caso de morte do ofendido ou quando declarado au-
Penal, art. 106, § 2º que reza que “Não é admissível o perdão sente por decisão judicial, se comparecer mais de uma
depois que passa em julgado a sentença condenatória”, pessoa com direito de queixa, terá preferência o côn-
desse modo, a questão está correta. juge, e, na ausência deste, o parente mais próximo na
ordem de ascendente, descendente ou irmão. Havendo
RESPOSTA: “CORRETA”. divergência entre os sucessores, o juiz extinguirá a ação
penal.
6. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Nos crimes de ação penal pública ou nos que se pro- O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que:
cede mediante queixa, o perdão do ofendido obsta o
prosseguimento da ação. § 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido
declarado ausente por decisão judicial, o direito de
A afirmativa está errada porque contraria o disposto no oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
Código Penal, art. 105, in verbis: ascendente, descendente ou irmão.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

A doutrina entende havendo divergência entre O Código Penal em seu art. 103, reza que:
sucessores, a ordem de preferência deverá ser respeitada.
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o
RESPOSTA: “ERRADA”. ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia
10. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
recusa do perdão por um dos querelados não produz § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo
efeitos jurídicos aos demais querelados que aceitarem para oferecimento da denúncia.
ser perdoados e impede, de igual modo, a extinção da
Observamos que o prazo para a representação é
punibilidade.
decadencial, de seis meses. Caso transcorra o prazo, o
exercício do direito não passará aos sucessores.
O Código Penal em seu art. 106 dispõe que:
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso
ou tácito: 13. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Em
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos qualquer infração penal, o recebimento de valores pelo
aproveita; ofendido ou seus sucessores, como indenização do dano
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o causado pelo crime, consiste em renúncia tácita ao direi-
direito dos outros; to de queixa ou de representação.
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. Resposta: errada.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. De acordo com o parágrafo único, do art. 104, do Código
Penal, in verbis:
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em
julgado a sentença condenatória.
Parágrafo Único. Importa renúncia tácita ao direito de
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-
Desse modo, observamos que a questão está errada, lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
haja vista que, se um dos querelados não aceitar o perdão, indenização do dano causado pelo crime.
os outros que o aceitaram terão extinta a punibilidade.
Assim, a questão está errada.
RESPOSTA: “ERRADA”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
11. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Na sucessão do direito de queixa ou de representação, 14. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
caso o cônjuge, que possui preferência, manifeste de- extinção da pessoa jurídica, titular da ação penal privada
sinteresse em propor a ação ou em ofertar a represen- em curso, sem deixar sucessor, autoriza o MP a dar segui-
tação, isso obstará o direito dos outros sucessores. mento à ação.

O art. 100 do Código Penal, dispõe sobre a ação pública


O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que: e de iniciativa privada e em seu § 2º, reza que:
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido § 2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante
declarado ausente por decisão judicial, o direito de queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, representá-lo.
ascendente, descendente ou irmão.
Em caso de extinção da pessoa jurídica, o Ministério Pú-
Dessa forma, caso o cônjuge manifeste desinteresse blico não poderá dar prosseguimento à ação, portanto, a
em propor a ação ou em ofertar a representação, não questão está errada.
obstará o direito dos demais sucessores.
RESPOSTA: “ERRADA”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
15. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A de-
núncia é o instrumento de provocação da jurisdição na ação
12. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na penal pública, seja esta condicionada ou incondicionada.
ação penal pública condicionada à representação, caso
a vítima, maior de idade e capaz, tenha deixado trans- A questão está correta, haja vista que, a ação penal pública,
correr o prazo para representar, mesmo tendo ciência seja ela condicionada ou incondicionada, necessita de provocação
da autoria da infração penal, vindo esta a falecer, o di- do Ministério Público e é inicia por meio da denúncia.
reito de representação passará aos sucessores.
RESPOSTA: “CORRETA”.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

16. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na 20. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
ação penal pública condicionada, caso o MP não ofere- única possibilidade da ação penal privada personalís-
ça denúncia no prazo, ocorrerá para este a decadência. sima do ofendido existente no ordenamento jurídico
brasileiro é a do crime de induzimento a erro essencial
Vejamos o que dispõe o art. 103, do Código Penal: e ocultação de impedimento para o casamento.

Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o A única possibilidade existente em nosso Direito Penal
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se da ação penal privada personalíssima do ofendido é a
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
do crime de induzimento a erro essencial e ocultação de
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no
impedimento para o casamento.
caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
De acordo com o Código Penal:
De acordo com mencionado artigo, observamos que na
ação penal pública condicionada, existe prazo decadencial Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
para o oferecimento da representação, entretanto, não há essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento
prazo decadencial para a denúncia, devendo ser observado que não seja casamento anterior:
o prazo prescricional do delito. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
RESPOSTA: “ERRADA”. contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro
17. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Se, ou impedimento, anule o casamento.
na ação penal privada personalíssima, a vítima se tornar
incapaz, o direito de queixa transfere-se ao curador le- RESPOSTA: “CORRETA”.
gal e uma vez restabelecida a capacidade, pode a vítima
prosseguir com a ação penal intentada ou desistir dela.
21. (TJ/MS - Magistratura – FGV/2008) O prazo para
A legitimidade ativa, na ação penal privada o ajuizamento da queixa-crime é:
personalíssima, é exclusiva do ofendido, desse modo, é
a) de seis meses, iniciando a fluência desse prazo
vedado seu exercício ao curador legal.
no dia seguinte ao dia em que o ofendido vem a saber
RESPOSTA: “ERRADA”. quem é o autor do crime.
b) de dois meses, iniciando a fluência desse prazo
18. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) no dia seguinte ao dia em que o ofendido vem a saber
Na ação penal privada personalíssima, sendo a vítima quem é o autor do crime.
menor de idade, deverá aguardara maioridade para in- c) de seis meses, iniciando a fluência desse prazo
gressar com a ação penal, ou nomear curador especial no dia em que o ofendido vem a saber quem é o autor
para tal fim. do crime.
d) de dois meses, iniciando a fluência desse prazo
Na ação penal personalíssima, a legitimidade ativa é no dia em que o ofendido vem a saber quem é o autor
exclusiva do ofendido, não cabendo portanto, a nomeação do crime.
de curador especial. Caso o ofendido seja menos, este deve e) enquanto não estiver prescrito o crime praticado.
aguardar a maioridade para ingressar com ação penal e a
partir de então terá início a contagem do prazo decadencial. O Código Penal trata da decadência do direito de
queixa ou de representação em seu artigo 103:
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
19. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
caso de falecimento do titular da ação penal privada
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
personalíssima com a ação penal em curso, os sucesso-
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
res poderão prosseguir no feito.
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
Como já antes mencionado, a legitimidade, na ação prazo para oferecimento da denúncia. 
penal personalíssima, é exclusiva do ofendido, em caso de
falecimento do titular da ação penal privada personalíssima, Desse modo, a resposta correta é a alternativa “C”.
não haverá possibilidade de prosseguimento no feito por
seus sucessores. RESPOSTA: “C”.

RESPOSTA: “ERRADA”.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

22. (OAB – FGV/2006) sobre a ação penal, assinale a Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
alternativa INCORRETA: da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
a) A ação de iniciativa privada é provida mediante resultado.
representação do ofendido ou de quem tenha qualida-
de para representá-lo. Segundo esta teoria, considera-se praticado o crime
b) A ação penal é pública, salvo quando a lei ex- no momento da ação ou omissão, independentemente do
pressamente a declara privativa do ofendido. momento do resultado. Conjuntamente aos princípios da
c) No caso de morte do ofendido, o direito de ofe- legalidade e anterioridade, surge o princípio do tempus re-
recer queixa passa ao cônjuge, ascendente, descenden- git actum, pelo qual a lei a ser aplicada ao crime será a lei
te ou irmão. vigente no momento da prática da conduta delituosa.
d) A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos Desse modo, o fato de lei nova suprimir determinado
crimes de ação pública, se o Ministério Público não ofe- recurso, existente em legislação anterior, não afasta o di-
rece no prazo denúncia no prazo legal. reito à recorribilidade subsistente pela lei anterior, quando
o julgamento tiver ocorrido antes da entrada em vigor da
Vejamos o que alude o Código Penal sobre a ação lei nova.
publica e ação privada em seu art. 100 e § 2º:
RESPOSTA: “A”.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 24. (TRF/5ª Região – Estágio em Direito – TRF/5ª
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para Região/2013) Sobre a aplicação da lei penal, é CORRE-
representá-lo. TO dizer que:
a) a lei excepcional ou temporária não se aplica ao
Desse modo, a alternativa “A” está errada, pois a ação fato praticado durante sua vigência, se decorrido o pe-
de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ríodo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. a determinaram.
b) considera-se praticado o crime no momento da
RESPOSTA: “A”. ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
c) a lei brasileira não se aplica aos crimes contra o
23. (TRE/MS – Analista Judiciário - Área Judiciária - patrimônio ou a fé pública da União, do Direito Fede-
CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação da lei pro- ral, de Estado, de Território, de Município, de empresa
cessual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
assinale a opção correta. fundação instituída pelo Poder Público, se praticados
A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato no estrangeiro.
de lei nova suprimir determinado recurso, existente em d) considera-se praticado o crime no lugar em que
legislação anterior, não afasta o direito à recorribilida- ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, sendo
de subsistente pela lei anterior, quando o julgamento irrelevante onde se produziu ou deveria produzir-se o
tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. resultado.
B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imedia- e) aplica-se a lei brasileira, embora cometidos no
tamente, invalidando os atos realizados sob a vigência estrangeiro, aos crimes contra a administração pública
da lei anterior que com ela for incompatível. praticados por qualquer pessoa.
C) O princípio da imediatidade da lei processual O Código Penal, em seu art. 4º, adotou a teoria da
penal abarca o transcurso do prazo processual iniciado atividade em que “considera-se praticado o crime no
sob a égide da legislação anterior, ainda que mais gra- momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
vosa ao réu. momento do resultado”.
D) A lei processual penal posterior, que de qualquer
modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos ante- Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
riores, ainda que decididos por sentença condenatória da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
transitada em julgado. resultado.
E) De acordo com o princípio da territorialidade,
aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito RESPOSTA: “B”.
ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista
do princípio da igualdade estabelecido na Constituição
Federal de 1988.

Quanto ao tempo do crime O Código Penal adotou a


teoria da atividade, conforme dispõe o art. 4º.

14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Histórico dos direitos humanos; aspectos gerais; a Declaração Universal dos Direitos Humanos.......................................... 01
Direito Internacional e Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica;................................................................................... 13
Portaria interministerial Nº 4.226, Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, de 31
de dezembro de 2010............................................................................................................................................................................................. 27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona


uma discussão a respeito da prevalência da lei natural so-
HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS; bre a lei posta. Na obra, a protagonista discorda da proibi-
ASPECTOS GERAIS; A DECLARAÇÃO ção do rei Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. vez que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão
e argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse
feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser en-
O surgimento dos direitos humanos está envolvido terrado para que pudesse partir desta vida: a lei natural
num histórico complexo no qual pesaram vários fatores: prevaleceria então sobre a ordem do rei.4
tradição humanista, recepção do direito romano, senso Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.),
comum da sociedade da Europa na Idade Média, tradição o primeiro grande filósofo grego, questionaram essa con-
cristã, entre outros1. Com efeito, são muitos os elementos cepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto
relevantes para a formação do conceito de direitos huma- da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no es-
nos tal qual perceptível na atualidade de forma que é difícil paço, não havendo que se falar num direito imutável; ao
estabelecer um histórico linear do processo de formação passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu,
destes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fato- estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural,
res históricos e filosóficos diretamente ligados à construção reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa5.
de uma concepção contemporânea de direitos humanos. Aristóteles6 argumenta: “lei particular é aquela que
É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja, cada comunidade determina e aplica a seus próprios mem-
mesmo antes da existência de Cristo, que o ser humano bros; ela é em parte escrita e em parte não escrita. A lei
passou a ser considerado, em sua igualdade essencial, universal é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada um
como um ser dotado de liberdade e razão. Surgiam assim alguma medida do divino, uma justiça natural e uma injus-
os fundamentos intelectuais para a compreensão da pes- tiça que está associada a todos os homens, mesmo naque-
soa humana e para a afirmação da existência de direitos les que não têm associação ou pacto com outro”.
universais, porque a ela inerentes. Durante este período Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo,
que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre doutrina que se desenvolveu durante seis séculos, desde os
todos os homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco últimos três séculos anteriores à era cristã até os primeiros
séculos para que a Organização das Nações Unidas - ONU, três séculos desta era, mas que trouxe ideias que prevale-
que pode ser considerada a primeira organização interna- ceram durante toda a Idade Média e mesmo além dela. O
cional a englobar a quase-totalidade dos povos da Terra, estoicismo organizou-se em torno de algumas ideias cen-
proclamasse, na abertura de uma Declaração Universal dos trais, como a unidade moral do ser humano e a dignidade
Direitos Humanos de 1948, que “todos os homens nascem do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como
livres e iguais em dignidade e direitos”2. consequência, de direitos inatos e iguais em todas as par-
No berço da civilização grega continuou a discussão a tes do mundo, não obstante as inúmeras diferenças indivi-
respeito da existência de uma lei natural inerente a todos duais e grupais7.
os homens. As premissas da concepção de lei natural estão Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.),
justamente na discussão promovida na Grécia antiga, no um dos principais pensadores do período da jovem repú-
espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis3 que, original- blica romana, também defendeu a existência de uma lei
mente, a concepção de lei natural está ligada não só à de natural. Neste sentido é a assertiva de Cícero8: “a razão reta,
natureza, mas também à de diké: a noção de justiça simbo- conforme à natureza, gravada em todos os corações, imu-
lizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, mas tável, eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta do
com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, de mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora com suas
modo que a justiça deveria corresponder às leis da cidade; proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem fica
entretanto, é preciso considerar que os costumes primiti- impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
vos trazem o justo por natureza, que pode se contrapor nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser
ao justo por convenção ou legislação, devendo prevalecer o 4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução
primeiro, que se refere ao naturalmente justo, sendo esta a Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2003.
origem da ideia de lei natural. 5 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Di-
1 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma- reito: justiça, liberdade e poder. São Paulo: Lúmen,
nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex. 2002.
São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009. 6 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo
2 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Silvano Madeira. São Paulo: Rideel, 2007. 
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: 7 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação
Saraiva, 2004. Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo:
3 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Di- Saraiva, 2004.
reito: justiça, liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 8 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradu-
2002. ção Amador Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado; ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o Par-
não há que procurar para ela outro comentador nem intér- lamento inglês, embora isto não signifique que o poder do
prete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, - uma an- rei não tenha sido absoluto em certos momentos, como na
tes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutável, entre dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de
todos os povos e em todos os tempos”. Direito.
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profun-
medieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes damente pelo antropocentrismo, colocando o homem no
pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. centro do universo, ocupando o espaço de Deus. Natural-
-1274 d.C.)9, supondo que o mundo e toda a comunidade mente, as premissas da lei natural passaram a ser ques-
do universo são regidos pela razão divina e que a própria tionadas, já que geralmente se associavam à dimensão do
razão do governo das coisas em Deus fundamenta-se em divino. A negação plena da existência de direitos inatos ao
lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divina, pois a homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so-
razão divina nada concebe no tempo e é sempre eterna. berano, o que gerou consequências que desagradavam a
Com base nisso, Aquino10 chamou de lei natural “a partici- burguesia.
pação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.)
natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas considerada um marco para o pensamento absolutista, re-
coisas que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos pre- lata com precisão este contexto no qual o poder do sobe-
ceitos da lei de natureza, que a razão prática naturalmente rano poderia se sobrepor a qualquer direito alegadamente
apreende ser bens humanos”. Logo, a lei natural determina inato ao ser humano desde que sua atitude garantisse a
o agir virtuoso, o que se espera do homem em sociedade, manutenção do poder. Maquiavel13 considera “na condu-
independentemente da lei humana. ta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
Com a concepção medieval de pessoa humana é que não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
se iniciou um processo de elaboração em relação ao prin- príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios
cípio da igualdade de todos, independentemente das dife- que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elo-
renças existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem giados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as apa-
cultural. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal rências e os resultados”.
de direitos humanos, com base na igualdade essencial da Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de
pessoa11. forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvi-
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a da até então que negava a exigência do respeito à Ética,
monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se es- logo, ao direito natural, no espaço público. Somente num
tabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao momento histórico posterior se permitiu algum resgate
se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 os da aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da
barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas taxas Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o
impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as
Carta - Magna Charta Libertatum de 1215. Referido do- Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão
cumento, em sua abertura, expõe a noção de concessão do antropocentrista permaneceu, mas começou a se consoli-
rei aos súditos, estabelece a existência de uma hierarquia dar a ideia de que não era possível que o soberano impu-
social sem conceder poder absoluto ao soberano, prevê li- sesse tudo incondicionalmente aos seus súditos.
mites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privi- Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
légios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao de Soberano, ao qual todos deveriam obediência, mas que
prever conceitos como o de devido processo legal, habeas não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indiví-
corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declara- duos que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem
ção de direitos humanos, principalmente ao se considerar povo não há soberano) teriam direitos no regime social e,
que poucos homens naquele período eram de fato livres, em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas
mas ela foi fundamental naquele contexto histórico de falta questões iniciam uma visão moderna do direito natural, re-
de limites ao soberano12. A Magna Carta de 1215 instituiu conhecendo-o como um direito que acompanha o cidadão
9 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.14
Tradução Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Antes que despontassem as grandes revoluções que
Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral interromperam o contexto do absolutismo europeu, na In-
Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pe- glaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia das
liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do
reira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II,
questões 57 a 122. vista da Toledo. Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p.
10 Ibid. 201-227, nov. 2006.
11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação 13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
Saraiva, 2004. 14 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma-
12 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algu- nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex.
mas Contribuições Jurídicas. Revista Intertemas: re- São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.

2
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou trans- luções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que
formar o absolutismo de fato em absolutismo de direito, o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não
ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas
Direitos - Petition of Rights de 1628, que exigia o cumpri- pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal.
mento da Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou No entanto, Rousseau era o pensador que mais se dife-
a fazê-lo, fechando por duas vezes o Parlamento, sendo renciava dos dois anteriores, que eram mais individualistas
que a segunda vez gerou uma violenta reação que desen- e trouxeram os principais fundamentos do Estado Liberal,
cadeou uma guerra civil. Neste meio tempo, enquanto o porque defendia a entrega do poder a quem realmente es-
Parlamento estava operante, foi aprovado o Habeas Cor- tivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais se
pus Act, de 1679. Após diversas transições no trono inglês, aproxima da atual concepção de democracia.
despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 até 1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a
1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência
que aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights de das treze Colônias da América Continental Britânica, regis-
1689. trada na Declaração de Independência. Após diversas ba-
Todo este movimento resultou, assim, nas garantias ex- talhas, a Inglaterra reconheceu a independência em 1783.
pressas do habeas corpus e do Bill of Rights. Por sua vez, a Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o
instituição-chave para a limitação do poder monárquico e artigo I do referido documento assegura a igualdade de
para garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parla- todos de maneira livre e independente, considerando esta
mento e foi a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a como um direito inato; o artigo II estabelece que o poder
ideia de governo representativo, ainda que não do povo, pertence ao povo e que o Estado é responsável perante
mas pelo menos de suas camadas superiores15. ele; o artigo V prevê a separação dos poderes e o artigo VI
Tais ideias liberais foram importantes como base para o institui a realização de eleições diretas, necessariamente.
Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta- Após, em 1787, sobreveio a Constituição norte-america-
ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, na. A declaração americana estava mais voltada aos ame-
se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O ricanos do que à humanidade, razão pela qual a Revolução
processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur- Francesa costuma receber mais destaque num cenário his-
guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico, tórico global.
gerando o Iluminismo. 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade
O Iluminismo lançou base para os principais eventos do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo
que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primei-
sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Ti- ro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de
veram origem nestes movimentos todos os principais fatos julho de 1789, seguida por outros levantes populares. Der-
do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a dis- rubados os privilégios das classes dominantes, a Assem-
seminação do liberalismo burguês, o declínio das aristo- bleia se reuniu para o preparo de uma carta de liberdades,
cracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do
classe entre os trabalhadores16. Cidadão de 178917.
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado- Entre outras noções, tal documento previu: a liberda-
res da época, transportando o racionalismo para a política, de e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos
refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re- (artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos
belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segu-
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado rança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do
dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio
d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espí- da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo
rito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece a necessária separação de poderes (artigo 16).
menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de- 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou
fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando na Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a
na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita vida de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar
ao seu caráter democrático. Enfim, estes três contratualis- o êxodo de milhões de pessoas do interior para as cida-
tas trouxeram em suas obras as ideias centrais das Revo- des. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Neste contexto, surgiu a consciência de classe18, lançando-
Saraiva, 2004. se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
16 BURNS, Edward McNall. História da civiliza-
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch 17 Ibid.
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 18 Ibid.

3
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em
buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o 1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que impedi-
mercado capitalista, beneficiando quem possui maior nú- ram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e im-
mero de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja possibilitaram o domínio da região setentrional da Rússia
a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que (produtora de alimentos e petróleo). Já o evento que cul-
o proletariado passou a ser vítima do poder econômico. minou na rendição do Japão foi o lançamento das bombas
No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente to-
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho mou conhecimento da extensão da tirania alemã quando
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros os exércitos Aliados abriram os campos de concentração
em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para na Alemanha e nos países por ela ocupados, encontran-
tanto, passaram a organizar greves. do prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, além de
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à prote- milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
ção da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram
do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o perseguidos, torturados e mortos20.
princípio da proteção e que gerou os princípios da prima- Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res-
zia, da irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se ponsável por redigir o primeiro documento de relevância
que no campo destes direitos e dos demais direitos eco- internacional abrangendo a questão dos direitos humanos.
nômicos, sociais e culturais não basta uma postura do in- Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização
divíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio
econômico. da igualdade soberana de todos os estados que buscassem
Entre os documentos relevantes que merecem menção a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de
nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e So-
1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Trata- cial, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
do de Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a de Justiça21.
Organização Internacional do Trabalho - OIT (que emitia Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de
convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra 1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
Mundial (que havia durado de 1914 a 1918). submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o
No final do século XIX e no início de século XX, o mun- principal argumento levantado foi o de que todas as ações
do passou por variadas crises de instabilidade diplomáti- praticadas foram baseadas em ordens superiores, todas
ca, posto que vários países possuíam condições suficien- dotadas de validade jurídica perante a Constituição. Ex-
tes para se sobreporem sobre os demais, resultado dos plica Lafer22: “No plano do Direito, uma das maneiras de
avanços tecnológicos e das melhorias no padrão de vida assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
da sociedade. Neste contexto, surgiram condições para a dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto
eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram em matéria constitucional quanto em todos os desdobra-
o curso da história da civilização ocidental. mentos normativos. A Constituição de Weimar nunca foi
Embora o processo de internacionalização dos direi- ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei de plenos
tos humanos tenha antecedentes no pós-Primeira Guerra poderes de 24 de março de 1933 teve não só o efeito de
Mundial, notadamente, a criação da Liga das Nações e da legalizar a posse de Hitler no poder como o de legalizar
Organização Internacional do Trabalho com o Tratado geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
de Versalhes de 1919, é no pós-Segunda Guerra Mundial como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer-
que se encontram as bases do direito internacional dos di- ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se
reitos humanos. a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei
Os eventos da Segunda Guerra Mundial foram mar- do Parlamento que modificou a Constituição. Também a
cados pela desumanização: todos com o devido respaldo Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada
jurídico perante o ordenamento dos países que determi- na prática, nunca foi abolida”.
navam os atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
um Direito que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
validade, foi o Positivismo que teve como precursor Hans Direitos Humanos. Um dos principais pensadores que con-
Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito. tribuiu para a Declaração Universal dos Direitos Humanos
No entender de Kelsen19, a justiça não é a característica
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas por-
20 BURNS, Edward McNall. História da civiliza-
que é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem
pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afas- ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
tada como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch
é o valor moral inerente ao Direito. Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
21 Ibid.
19 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. 22 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah
Fontes, 2003. Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

4
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

de 1948 foi Maritain23, que entendia que os direitos huma- Declaração Universal dos Direitos Humanos
nos da pessoa como tal se fundamentam no fato de que a
pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor a Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da 
ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direitos, Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo o de 1948
homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do Preâmbulo
amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: O preâmbulo é um elemento comum em textos cons-
tais elementos determinam o agir moral e levam à produ- titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge
ção do bem na sociedade humanista integral. Miranda28 define: “[...] proclamação mais ou menos sole-
Moraes24 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais ne, mais ou menos significante, anteposta ao articulado
importante conquista no âmbito dos direitos humanos fun- constitucional, não é componente necessário de qualquer
damentais em nível internacional, muito embora o instru- Constituição, mas tão somente um elemento natural de
mento adotado tenha sido uma resolução, não constituin- Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou
do seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que de grande transformação político-social”. Do conceito do
a compõem. O fato é que desse documento se originaram
autor é possível extrair elementos para definir o que re-
muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, sen-
presentam os preâmbulos em documentos internacionais:
do que dois deles praticamente repetem e pormenorizam
proclamação dotada de certa solenidade e significância
o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos que antecede o texto do documento internacional e, em-
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser
Ainda internacionalmente, após os pactos menciona- considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica
dos, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, e de transformação político-social que levou à elaboração
Piovesan25 apontou os seguintes documentos: Convenção do documento como um todo. No caso da Declaração de
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Dis- 1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes
criminação Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas às Guerras Mundiais.
as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção so- Considerando que o reconhecimento da dignidade ine-
bre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos das rente a todos os membros da família humana e de seus di-
Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura, etc. reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regio- justiça e da paz no mundo,
nais de proteção, que buscam internacionalizar os direitos O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual
humanos no plano regional, em especial na Europa, na todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade
América e na África26. Resultou deste processo a Convenção e para que ela seja preservada é preciso que os direitos
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Cos- inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no
ta Rica) de 1969. preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento.
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
textos das Constituições Federais. Afinal, como explica La- dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não
fer27, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direi- possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in-
to racional, universalmente válido, gerou implicações re- transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
levantes na teoria constitucional e influenciou o processo comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
de codificação a partir de então. Embora muitos direitos autonomia privada.
humanos também se encontrem nos textos constitucionais, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja-
proteção porque o fato de este direito não estar assegu- ram a consciência da Humanidade e que o advento de um
rado constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra,
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
23 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do
a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olym- homem comum,
pio Editora, 1967. A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos quando da abertura dos campos de concentração nazis-
fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, considerados seres humanos perante aquele regime polí-
tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside-
doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís-
25 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Di- tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
reito Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: importância de se atentar para os antecedentes históricos
Saraiva, 2008. e compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
26 Ibid. dentemente de qualquer fator.
27 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah 28 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. constituição. Lisboa: Petrony, 1978.

5
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Considerando essencial que os direitos humanos sejam O primeiro artigo da Declaração é altamente represen-
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o docu-
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira- mento:
nia e a opressão, a) Princípios da universalidade, presente na palavra
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du- todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta- direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon-
mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o
(Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados retrocesso.
(Rússia e o regime de Stálin). Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
Considerando essencial promover o desenvolvimento de
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
relações amistosas entre as nações,
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis-
Depois de duas grandes guerras a humanidade conse- criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por
guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao
amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores
ganhou uma nova força. de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pes-
Considerando que os povos das Nações Unidas reafir- soas com diferentes condições, iguais possibilidades, prote-
maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen- gendo e respeitando suas diferenças.29
tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual- b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a digni-
dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi- dade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual ela
ram promover o progresso social e melhores condições de merece todo o respeito por parte dos Estados e dos demais
vida em uma liberdade mais ampla, indivíduos, independentemente de qualquer fator como
Considerando que os Estados-Membros se compromete- aparência, religião, sexualidade, condição financeira. Todo
ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o ser humano é digno e, por isso, possui direitos que visam
respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda- garantir tal dignidade.
mentais e a observância desses direitos e liberdades, c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, os
Considerando que uma compreensão comum desses di- direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada qual
reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno representativa de um momento histórico no qual se eviden-
ciou a necessidade de garantir direitos de certa categoria.
cumprimento desse compromisso,
A primeira dimensão, presente na expressão livres, refere-se
Todos os países que fazem parte da Organização das
aos direitos civis e políticos, os quais garantem a liberda-
Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto de do homem no sentido de não ingerência estatal e de
os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos participação nas decisões políticas, evidenciados historica-
demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o mente com as Revoluções Americana e Francesa. A segun-
compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que da dimensão, presente na expressão iguais, refere-se aos
a fundou e que traz os princípios condutores da ação da direitos econômicos, sociais e culturais, os quais garantem
organização. a igualdade material entre os cidadãos exigindo prestações
positivas estatais nesta direção, por exemplo, assegurando
A Assembleia  Geral proclama direitos trabalhistas e de saúde, possuindo como antece-
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos dente histórico a Revolução Industrial. A terceira dimensão,
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to- presente na expressão fraternidade, refere-se ao necessário
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada olhar sobre o mundo como um lugar de todos, no qual cada
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara- qual deve reconhecer no outro seu semelhante, digno de
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- direitos, olhar este que também se lança para as gerações
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção futuras, por exemplo, com a preservação do meio ambiente
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, e a garantia da paz social, sendo o marco histórico justa-
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância mente as Guerras Mundiais.30 Assim, desde logo a Declara-
ção estabelece seus parâmetros fundamentais, com esteio
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Esta-
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de
dos-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua
1789 e na Constituição Francesa de 1791, quais sejam igual-
jurisdição. dade, liberdade e fraternidade. Embora os direitos de 1ª, 2ª
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das e 3ª dimensão, que se baseiam nesta tríade, tenham surgido
Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os de forma paulatina, devem ser considerados em conjunto
membros e por onde passam inúmeros tratados interna- proporcionando a plena realização do homem31.
cionais.
29 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
Artigo I claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida- Fortium, 2008.
de e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem 30 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradu-
agir em relação umas às outras com espírito de fraterni- ção Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
dade.

6
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a Artigo III


igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à seguran-
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja ça pessoal.
um grau satisfatório de dignidade. p. 8 Segundo Lenza34, “abrange tanto o direito de não ser
Neste sentido, as discriminações legais asseguram morto, privado da vida, portanto, direito de continuar vivo,
a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir- como também o direito de ter uma vida digna”. Na pri-
mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do meira esfera, enquadram-se questões como pena de mor-
menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre te, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia, entre
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se desdo-
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando bramentos como a proibição de tratamentos indignos, a
suas diferenças. p. 8 exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc.
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbi-
Artigo II tam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle-
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos.
Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida.
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião,
ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou
principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode
Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b)
dignidade da pessoa humana, de forma que todos seres direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna
humanos são iguais independentemente de qualquer con- quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da
dição, possuindo os mesmos direitos visando a preserva- vida através da pena de morte35.
ção de sua dignidade. Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec-
O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impe- tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para o
de a distinção entre pessoas pela condição do país ou terri- desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liberdade
tório a que pertença, o que é importante sob o aspecto de é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, sendo
proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra, pessoas um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que decorre
perseguidas politicamente, nacionais de Estados que não da inteligência e da volição, duas características da pessoa
cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não obstante, a humana”36.
discriminação não é proibida apenas quanto a indivíduos, O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem
mas também quanto a grupos humanos, sejam formados medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões,
por classe social, etnia ou opinião em comum32. logo, é uma maneira de garantir o direito à vida37.
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo in-
distinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os Artigo IV
homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a es-
Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi- cravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as
ciente para que este realmente se efetive. É fundamental suas formas. 
aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados viabi- “O trabalho escravo não se confunde com o trabalho
lizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim de servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio,
não somente com a igualdade material diante da lei, mas do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres
também, e principalmente, através do reconhecimento e humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão,
por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de
respeito das desigualdades naturais entre os homens, as
trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
quais devem ser resguardadas pela ordem jurídica, pois é
de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
somente assim que será possível propiciar a aludida capa-
servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
cidade de gozo a todos”33.
34 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
31 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 35 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.
32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 36 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.
33 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 37 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.

7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo. Um dos desdobramentos do princípio da igualdade


O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de
utilização do solo, que superava a metade da colheita”38. caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a
A abolição da escravidão foi uma luta histórica em uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas que
todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos prin- venham a se encontrar na situação por ela descrita. Não
cípios da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir significa que a legislação não possa estabelecer, em abstra-
que um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser to, regras especiais para um grupo de pessoas desfavoreci-
tratado como coisa. O ser humano não possui valor finan- do socialmente, direcionando ações afirmativas, por exem-
ceiro e nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a plo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto,
escravidão não pode ser aceita. todas estas ações devem respeitar a proporcionalidade e a
razoabilidade (princípio da igualdade material).
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
Artigo VIII
ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais
crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma competentes remédio efetivo para os atos que violem os di-
confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes- reitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela cons-
soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento tituição ou pela lei.
ou castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios
das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Estados
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n° -partes o dever de estabelecer em suas legislações inter-
39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe- nas instrumentos para proteção dos direitos humanos. Ge-
lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil ralmente, nos textos constitucionais são estabelecidos os
em 28 de setembro de 1989. direitos fundamentais e os instrumentos para protegê-los,
por exemplo, o habeas corpus serve à proteção do direito à
Artigo VI liberdade de locomoção.
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo IX
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Ne- Prisão e detenção são formas de impedir que a pes-
gar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direitos e
soa saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privan-
contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua própria
do-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão
existência. [...] O reconhecimento da personalidade jurídica
é imprescindível à plena realização da pessoa humana. Tra- ou mudança forçada de uma pessoa do país, sendo assim
ta-se de garantir a cada um, em todos os lugares, a possi- também uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de
bilidade de desenvolvimento livre e isonômico”39. locomoção em um determinado território. Nenhuma des-
O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci- tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o
do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, respeito aos requisitos previstos em lei.
razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri-
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, praticado um ato que comprometa a segurança ou outro
independentemente da Constituição daquele país nada direito fundamental de outra pessoa.
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa
humana não perde tal caráter apenas por sair do território Artigo X
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au-
do princípio da universalidade. diência justa e pública por parte de um tribunal independen-
te e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
Artigo  VII fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual- “De acordo com a ordem que promana do preceito
quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis-
criminação. direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
38 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
Fortium, 2008. imparcialidade do juiz”40.
39 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 40 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.

8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de Artigo XII


exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri-
julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco- vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência,
lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi- nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem di-
zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí- reito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen- A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade
temente de pressões externas para que o julgamento se dê se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen-
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial, tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa- de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um
grado e para que alguém possa ser privado dela por uma interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber-
condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos dade - do outro.
trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado. “O direito à intimidade representa relevante manifes-
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como
Artigo XI expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o di- reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
reito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pú- ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”42.
blico no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garan- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
tias necessárias à sua defesa. cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
O princípio da presunção de inocência ou não culpa- desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra a viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
condenação criminal transitada em julgado, isto é, proces- ceiros, preservando-se sua privacidade.
sada até o último recurso interposto pelo acusado, este
Artigo XIII
deve ser tido como inocente. Durante o processo penal,
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa,
residência dentro das fronteiras de cada Estado.
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan-
Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado
próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao
a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que
reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
merecerá sanção.
nário público a residir no município em que está sediado
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi-
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro- cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação
va no processo penal que deve ser validamente produzida da liberdade, normas administrativas de controle de vias e
para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in- veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou
divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente áreas de segurança nacional e qualquer situação em que
cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas- o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos43.
ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me- inclusive o próprio, e a este regressar.
didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores A nacionalidade é um direito humano, assim como a li-
devem estar previstos em lei”41. berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men-
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de
omissão que, no momento, não constituíam delito perante deixá-lo.
o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, Artigo XIV
era aplicável ao ato delituoso. 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal procurar e de gozar asilo em outros países. 
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma 2. Este direito não pode ser invocado em caso de per-
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a seguição legitimamente motivada por crimes de direito co-
atos praticados no passado - nem para um ato que não era mum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de um Nações Unidas.
ato que era considerado crime seja aumentada. Evidencia
não só o respeito à liberdade, mas também - e principal- 42 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso
mente - à segurança jurídica. de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007.
41 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 43 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.

9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per- “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con- o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”45. O direito
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro, à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais
crime praticado. justamente adquiridos, respeitada a função social.

Artigo XV Artigo XVIII


1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.  Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mu-
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. dar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas-
em particular.
se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de
Silva46 aponta que a liberdade de pensamento, que
direitos e obrigações. Não é aceita a figura do apátrida ou
também pode ser chamada de liberdade de opinião, é con-
heimatlos, o indivíduo que não possui nenhuma naciona-
siderada pela doutrina como a liberdade primária, eis que
lidade. é ponto de partida de todas as outras, e deve ser entendida
É possível mudar de nacionalidade nas situações pre- como a liberdade da pessoa adotar determinada atitude
vistas em lei, naturalizando-se como nacional de outro Es- intelectual ou não, de tomar a opinião pública que crê ver-
tado que não aquele do qual originalmente era nacional. dadeira. Tal opinião pública se refere a diversos aspectos,
Geralmente, a permanência no território do pais por um entre eles religião e crença.
longo período de tempo dá direito à naturalização, abrindo A liberdade de religião atrela-se à liberdade de cons-
mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova. ciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não
ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamento
Artigo XVI e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a li-
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer berdade de consciência também concretiza a liberdade de
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de ter ou não ter religião, ter ou não ter opinião político-parti-
contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais dária ou qualquer outra manifestação positiva ou negativa
direitos em relação ao casamento, sua duração e sua disso- da consciência47.
lução.  No que tange à exteriorização da liberdade de religião,
2. O casamento não será válido senão com o livre e ple- ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida
no consentimento dos nubentes. nenhuma perseguição, assim como é garantido o direito de
O casamento, como todas as instituições sociais, varia praticá-la em grupo ou individualmente.
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um Artigo XIX
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expres-
formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
família. A principal finalidade do casamento é estabele- opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e
cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e ideias por quaisquer meios e independentemente de fron-
afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de teiras.
direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.44
Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força para
algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno con-
sentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a lei
traga limitações como a idade, pois o casamento é uma
instituição séria, base da família, e somente a maturidade 45 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos
pode permitir compreender tal importância. fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º
a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,
Artigo XVII doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em so- 46 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
ciedade com outros. constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro- 2006.
priedade. 47 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
44 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil bra- claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
sileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. Fortium, 2008.

10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Silva48 entende que a liberdade de expressão pode ser Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So-
vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu- cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de
nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que via- direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so-
bilizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igualdade
da informação e do pensamento. Contudo, o a manifesta- material.
ção do pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada,
devendo se pautar na verdade e no respeito dos direitos à Artigo XXII
honra, à intimidade e à imagem dos demais membros da Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
sociedade. segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização e
Artigo XX recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
1. Toda pessoa tem direito à  liberdade de reunião e as- culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvol-
sociação pacíficas.  vimento da sua personalidade.
O direito de reunião pode ser exercido independente- Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas. ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as- 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
sociação. tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém prestações positivas estatais, geralmente externadas por
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
será livre, também, para decidir se permanece associado que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
ou não”49. porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
Artigo XXI trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
de seu país, diretamente ou por intermédio de representan- investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
tes livremente escolhidos.  direitos se dá de maneira gradual.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
público do seu país.  Artigo XXIII
3. A vontade do povo será a base  da autoridade do go- 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas e de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou proces- proteção contra o desemprego.
so equivalente que assegure a liberdade de voto. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de igual remuneração por igual trabalho.
governo em que o poder de tomar decisões políticas está 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
eleger um representante). Uma democracia pode existir de proteção social. 
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi- 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos ingressar para proteção de seus interesses.
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
por seu representante eleito), nos termos que este artigo gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
da Declaração prevê. A principal classificação das demo- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua por si só o sentimento de importância para a sociedade por
vontade por voto direto e individual em casa questão re- parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
levante; b) indireta, também chamada representativa, em de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais os índices de desemprego o máximo possível.
escolhido(s) representa(m) todos os eleitores. A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho
realizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao
48 SILVA, José Afonso da. Curso de direito princípio da igualdade, por não ser justo que uma pessoa
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, que desempenhe as mesmas funções que a outra receba
2006. menos por um fator externo, característico dela, como sexo
49 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional ou raça. No âmbito do serviço público é mais fácil controlar
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. tal aspecto, mas são inúmeras as empresas privadas que

11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

pagam menor salário a mulheres e que não chegam a ser 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
levadas à justiça por isso. Não obstante, a remuneração deve assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
ser suficiente para proporcionar uma existência digna, com o fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
necessário para manter assegurados ao menos minimamen- A proteção da maternidade tem sentido porque sem
te todos os direitos humanos previstos na Declaração. isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista jam protegidas com atenção especial para que se tornem
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associação, adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta.
não podendo ninguém ser impedido ou forçado a ingressar
ou sair de um sindicato. Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
Artigo XXIV
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
mitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico
remuneradas. -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem superior, esta baseada no mérito.
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, as- 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
segura-se horários livres para que a pessoa desfrute de mo- volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
mentos de lazer e descanso, bem como impede-se a fixação do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São medidas damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
que asseguram isto a previsão de descanso semanal remu- rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
nerado, a limitação do horário de trabalho, a concessão de religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
férias remuneradas anuais, entre outras. prol da manutenção da paz. 
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é fornecido 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
“[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. De for- ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
ma geral, os dispositivos em comento versam sobre o direito O direito à educação deve ser garantido obrigatoria-
ao trabalho, principal meio de sobrevivência dos indivíduos que mente e gratuitamente, no mínimo, até o ensino funda-
‘vendem’ força de trabalho em troca de uma remuneração jus- mental. O acesso a cursos técnicos não são obrigatórios,
ta. Ademais, estabelecem a liberdade do cidadão de escolher o mas devem ser disponibilizados. Como o ensino superior é
trabalho e, uma vez obtido o emprego, o direito de nele encon-
mais caro, o Estado deve criar sistemas de seleção para o
trar condições justas, tanto no tocante à remuneração, como
ingresso conforme o mérito dos candidatos (vestibulares).
no que diz respeito ao limite de horas trabalhadas e períodos
de repouso (disposição constante do artigo XXIV da Declara- Nota-se que o conceito de educação é muito mais
ção). Garantem ainda o direito dos trabalhadores de se unirem abrangente que a mera alfabetização, envolvendo conteú-
em associação, com o objetivo de defesa de seus interesses”50. dos voltados à formação da pessoa humana.

Artigo XXV Artigo XXVII


1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da
de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os ser- do processo científico e de seus benefícios. 
viços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses mo-
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica,
de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.     literária ou artística da qual seja autor.
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão de Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprie-
vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as esfe- dade intelectual se evidenciam, principalmente, sob o as-
ras: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se sabe pecto da liberdade de expressão, na esfera específica da
que é um objetivo constante do Estado Democrático de Di- liberdade de comunicação ou informação, que, nos dizeres
reito proporcionar que pessoas cheguem o mais próximo
de Silva52, “compreende a liberdade de informar e a liberda-
possível - e cada vez mais - desta circunstância.
de de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade
Fala-se em segurança no sentido de segurança pública,
e do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de
de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco-
toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí-
lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado51.
veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro
Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o
lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui
Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos,
garante a manutenção financeira dos que por algum moti- um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque o
vo não possuem condição de trabalhar. autor de uma obra nunca deixará de ser considerado como
tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor o direito
50 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. 52 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
51 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 2006.

12
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

de explorar benefícios econômicos de sua obra53. Cada vez Artigo XXX


mais esta dualidade entre direitos se encontra em conflito, Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
uma vez que a evolução tecnológica trouxe meios para a interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
cópia em massa de conteúdos protegidos pela proprieda- grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou
de intelectual. praticar qualquer ato destinado à destruição  de quaisquer
dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
Artigo XVIII “A colidência entre os direitos afirmados na Declaração
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e interna- é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que, no
cional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na pre- eventual choque entre duas normas garantistas, os sujeitos
sente Declaração possam ser plenamente realizados. nela mencionados se valham de uma interpretação tenden-
Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos te a infirmar qualquer das disposições da Declaração ao
humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu argumento de que estão respeitando um direito em detri-
compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir o mento de outro”56.
respeito a estes direitos no âmbito de seu território. Com Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
isso, a pessoa estará numa ordem social e internacional na impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas
qual seus direitos humanos sejam assegurados, preservan- tivessem tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes
do-se sua dignidade. Em outras palavras, “devidamente necessariamente colidiriam com os direitos das outras pes-
emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem inter- soas, os quais teriam que ser violados. Este é um dos senti-
nacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces dos do princípio da relatividade dos direitos humanos - os
das instituições humanitárias, tanto estatais quanto parti- direitos humanos não podem ser utilizados como um es-
culares, orientando seus passos a serviço da comunidade cudo para práticas ilícitas ou como argumento para afasta-
humana”54. mento ou diminuição da responsabilidade por atos ilícitos,
assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram
Artigo XXIX seus limites nos demais direitos igualmente consagrados
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em como humanos. Isto vale tanto para os indivíduos, numa
que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é atitude perante os demais, quanto para os Estados, ao ex-
possível. ternar o compromisso global assumido perante a ONU.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei,
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhe-
DIREITO INTERNACIONAL E DIREITOS
cimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e HUMANOS, PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA
do bem-estar de uma sociedade democrática. RICA;
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e prin-
cípios das Nações Unidas.
O surgimento dos direitos humanos está envolvido
Explica Canotilho55 que “a ideia de deveres fundamen- num histórico complexo no qual pesaram vários fatores:
tais é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos tradição humanista, recepção do direito romano, senso
direitos fundamentais. Como ao titular de um direito fun- comum da sociedade da Europa na Idade Média, tradição
damental corresponde um dever por parte de um outro cristã, entre outros57. Com efeito, são muitos os elementos
titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado relevantes para a formação do conceito de direitos huma-
aos direitos fundamentais como destinatário de um dever nos tal qual perceptível na atualidade de forma que é difícil
fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, en- estabelecer um histórico linear do processo de formação
quanto protegido, pressuporia um dever correspondente”. destes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fato-
Esta é a ideia que a Declaração de 1948 busca trazer: não res históricos e filosóficos diretamente ligados à construção
será assegurada nenhuma liberdade que contrarie a lei ou de uma concepção contemporânea de direitos humanos.
os demais direitos de outras pessoas, isto é, os preceitos É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja,
universais consagrados pelas Nações Unidas. mesmo antes da existência de Cristo, que o ser humano
passou a ser considerado, em sua igualdade essencial,
53 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet:
como um ser dotado de liberdade e razão. Surgiam assim
liberdade de informação, privacidade e responsabilida- os fundamentos intelectuais para a compreensão da pes-
de civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
54 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De- 56 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008. Fortium, 2008.
55 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito 57 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma-
constitucional e teoria da constituição. 2. ed. Coim- nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex.
bra: Almedina, 1998. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.

13
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

soa humana e para a afirmação da existência de direitos Aristóteles62 argumenta: “lei particular é aquela que
universais, porque a ela inerentes. Durante este período cada comunidade determina e aplica a seus próprios mem-
que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre bros; ela é em parte escrita e em parte não escrita. A lei
todos os homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco universal é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada um
séculos para que a Organização das Nações Unidas - ONU, alguma medida do divino, uma justiça natural e uma injus-
que pode ser considerada a primeira organização interna- tiça que está associada a todos os homens, mesmo naque-
cional a englobar a quase-totalidade dos povos da Terra, les que não têm associação ou pacto com outro”.
proclamasse, na abertura de uma Declaração Universal dos Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo,
Direitos Humanos de 1948, que “todos os homens nascem doutrina que se desenvolveu durante seis séculos, desde os
livres e iguais em dignidade e direitos”58. últimos três séculos anteriores à era cristã até os primeiros
No berço da civilização grega continuou a discussão a três séculos desta era, mas que trouxe ideias que prevale-
respeito da existência de uma lei natural inerente a todos ceram durante toda a Idade Média e mesmo além dela. O
os homens. As premissas da concepção de lei natural estão estoicismo organizou-se em torno de algumas ideias cen-
justamente na discussão promovida na Grécia antiga, no trais, como a unidade moral do ser humano e a dignidade
espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis59 que, origi- do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como
nalmente, a concepção de lei natural está ligada não só à consequência, de direitos inatos e iguais em todas as par-
de natureza, mas também à de diké: a noção de justiça sim- tes do mundo, não obstante as inúmeras diferenças indivi-
bolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, duais e grupais63.
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.),
de modo que a justiça deveria corresponder às leis da ci- um dos principais pensadores do período da jovem repú-
dade; entretanto, é preciso considerar que os costumes pri- blica romana, também defendeu a existência de uma lei na-
mitivos trazem o justo por natureza, que pode se contrapor tural. Neste sentido é a assertiva de Cícero64: “a razão reta,
ao justo por convenção ou legislação, devendo prevalecer o conforme à natureza, gravada em todos os corações, imu-
primeiro, que se refere ao naturalmente justo, sendo esta a tável, eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta do
origem da ideia de lei natural. mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora com suas
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem fica
uma discussão a respeito da prevalência da lei natural so- impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
bre a lei posta. Na obra, a protagonista discorda da proibi- nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser
ção do rei Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado;
vez que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão não há que procurar para ela outro comentador nem intér-
e argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse prete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, - uma an-
feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra tes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutável, entre
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser en- todos os povos e em todos os tempos”.
terrado para que pudesse partir desta vida: a lei natural Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período
prevaleceria então sobre a ordem do rei.60 medieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C.
o primeiro grande filósofo grego, questionaram essa con- -1274 d.C.)65, supondo que o mundo e toda a comunidade
cepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto do universo são regidos pela razão divina e que a própria
da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no es- razão do governo das coisas em Deus fundamenta-se em
paço, não havendo que se falar num direito imutável; ao lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divina, pois a
passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu, razão divina nada concebe no tempo e é sempre eterna.
estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural, Com base nisso, Aquino66 chamou de lei natural “a partici-
reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa61. pação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei

62 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo


Silvano Madeira. São Paulo: Rideel, 2007. 
63 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação
58 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo:
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Saraiva, 2004. 64 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradu-
59 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Di- ção Amador Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
reito: justiça, liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 65 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica.
2002. Tradução Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C.
60 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral
Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2003. Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pe-
61 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Di- reira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II,
reito: justiça, liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, questões 57 a 122.
2002. 66 Ibid.

14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas manutenção do poder. Maquiavel69 considera “na condu-
coisas que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos pre- ta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
ceitos da lei de natureza, que a razão prática naturalmente não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
apreende ser bens humanos”. Logo, a lei natural determina príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios
o agir virtuoso, o que se espera do homem em sociedade, que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elo-
independentemente da lei humana. giados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as apa-
Com a concepção medieval de pessoa humana é que rências e os resultados”.
se iniciou um processo de elaboração em relação ao prin- Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de
cípio da igualdade de todos, independentemente das dife- forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvi-
renças existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem da até então que negava a exigência do respeito à Ética,
cultural. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal logo, ao direito natural, no espaço público. Somente num
de direitos humanos, com base na igualdade essencial da momento histórico posterior se permitiu algum resgate
pessoa67. da aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o
monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se es- movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as
tabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão
se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 os antropocentrista permaneceu, mas começou a se consoli-
barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas taxas dar a ideia de que não era possível que o soberano impu-
impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna sesse tudo incondicionalmente aos seus súditos.
Carta - Magna Charta Libertatum de 1215. Referido do- Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
cumento, em sua abertura, expõe a noção de concessão do de Soberano, ao qual todos deveriam obediência, mas que
rei aos súditos, estabelece a existência de uma hierarquia não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indiví-
social sem conceder poder absoluto ao soberano, prevê li- duos que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem
mites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privi- povo não há soberano) teriam direitos no regime social e,
légios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas
prever conceitos como o de devido processo legal, habeas questões iniciam uma visão moderna do direito natural, re-
conhecendo-o como um direito que acompanha o cidadão
corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declara-
e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.70
ção de direitos humanos, principalmente ao se considerar
Antes que despontassem as grandes revoluções que
que poucos homens naquele período eram de fato livres,
interromperam o contexto do absolutismo europeu, na In-
mas ela foi fundamental naquele contexto histórico de falta
glaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia das
de limites ao soberano68. A Magna Carta de 1215 instituiu
liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do
ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o Par-
clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou trans-
lamento inglês, embora isto não signifique que o poder do
formar o absolutismo de fato em absolutismo de direito,
rei não tenha sido absoluto em certos momentos, como na ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de
dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de Direitos - Petition of Rights de 1628, que exigia o cumpri-
Direito. mento da Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profun- a fazê-lo, fechando por duas vezes o Parlamento, sendo
damente pelo antropocentrismo, colocando o homem no que a segunda vez gerou uma violenta reação que desen-
centro do universo, ocupando o espaço de Deus. Natural- cadeou uma guerra civil. Neste meio tempo, enquanto o
mente, as premissas da lei natural passaram a ser ques- Parlamento estava operante, foi aprovado o Habeas Cor-
tionadas, já que geralmente se associavam à dimensão do pus Act, de 1679. Após diversas transições no trono inglês,
divino. A negação plena da existência de direitos inatos ao despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 até
homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so- 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange,
berano, o que gerou consequências que desagradavam a que aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights de
burguesia. 1689.
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) Todo este movimento resultou, assim, nas garantias ex-
considerada um marco para o pensamento absolutista, re- pressas do habeas corpus e do Bill of Rights. Por sua vez, a
lata com precisão este contexto no qual o poder do sobe- instituição-chave para a limitação do poder monárquico e
rano poderia se sobrepor a qualquer direito alegadamente para garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parla-
inato ao ser humano desde que sua atitude garantisse a mento e foi a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a
ideia de governo representativo, ainda que não do povo,
mas pelo menos de suas camadas superiores71.
67 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: 69 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução
Saraiva, 2004. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
68 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algu- 70 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma-
mas Contribuições Jurídicas. Revista Intertemas: re- nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex.
vista da Toledo. Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.
201-227, nov. 2006.

15
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Tais ideias liberais foram importantes como base para o institui a realização de eleições diretas, necessariamente.
Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta- Após, em 1787, sobreveio a Constituição norte-america-
ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, na. A declaração americana estava mais voltada aos ame-
se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O ricanos do que à humanidade, razão pela qual a Revolução
processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur- Francesa costuma receber mais destaque num cenário his-
guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico, tórico global.
gerando o Iluminismo. 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade
O Iluminismo lançou base para os principais eventos do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo
que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primei-
sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Ti- ro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de
veram origem nestes movimentos todos os principais fatos julho de 1789, seguida por outros levantes populares. Der-
do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a dis- rubados os privilégios das classes dominantes, a Assem-
seminação do liberalismo burguês, o declínio das aristo- bleia se reuniu para o preparo de uma carta de liberdades,
cracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de
que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do
classe entre os trabalhadores72.
Cidadão de 178973.
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado-
Entre outras noções, tal documento previu: a liberda-
res da época, transportando o racionalismo para a política,
de e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos
refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re-
belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre (artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segu-
dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 rança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do
d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espí- direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio
rito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e
menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de- a necessária separação de poderes (artigo 16).
fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou
na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita na Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face vida de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
ao seu caráter democrático. Enfim, estes três contratualis- avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar
tas trouxeram em suas obras as ideias centrais das Revo- o êxodo de milhões de pessoas do interior para as cida-
luções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que des. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal. Neste contexto, surgiu a consciência de classe74, lançando-
No entanto, Rousseau era o pensador que mais se dife- se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
renciava dos dois anteriores, que eram mais individualistas Fato é que quanto maior a autonomia de vontade -
e trouxeram os principais fundamentos do Estado Liberal, buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o
porque defendia a entrega do poder a quem realmente es- mercado capitalista, beneficiando quem possui maior nú-
tivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais se mero de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja
aproxima da atual concepção de democracia. a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a o proletariado passou a ser vítima do poder econômico.
Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico
das treze Colônias da América Continental Britânica, regis-
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho
trada na Declaração de Independência. Após diversas ba-
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros
talhas, a Inglaterra reconheceu a independência em 1783.
em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para
Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o
tanto, passaram a organizar greves.
artigo I do referido documento assegura a igualdade de
todos de maneira livre e independente, considerando esta Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à prote-
como um direito inato; o artigo II estabelece que o poder ção da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se
pertence ao povo e que o Estado é responsável perante do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o
ele; o artigo V prevê a separação dos poderes e o artigo VI princípio da proteção e que gerou os princípios da prima-
zia, da irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se
71 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação que no campo destes direitos e dos demais direitos eco-
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: nômicos, sociais e culturais não basta uma postura do in-
Saraiva, 2004. divíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder
72 BURNS, Edward McNall. História da civiliza- econômico.
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch 73 Ibid.
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 74 Ibid.

16
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Entre os documentos relevantes que merecem menção Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res-
nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de ponsável por redigir o primeiro documento de relevância
1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Trata- internacional abrangendo a questão dos direitos humanos.
do de Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização
Organização Internacional do Trabalho - OIT (que emitia das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio
convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra da igualdade soberana de todos os estados que buscassem
Mundial (que havia durado de 1914 a 1918). a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de
No final do século XIX e no início de século XX, o mun- Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e So-
do passou por variadas crises de instabilidade diplomáti- cial, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
ca, posto que vários países possuíam condições suficien- de Justiça77.
tes para se sobreporem sobre os demais, resultado dos Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de
avanços tecnológicos e das melhorias no padrão de vida 1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
da sociedade. Neste contexto, surgiram condições para a submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o
eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram principal argumento levantado foi o de que todas as ações
o curso da história da civilização ocidental. praticadas foram baseadas em ordens superiores, todas
Embora o processo de internacionalização dos direi- dotadas de validade jurídica perante a Constituição. Ex-
tos humanos tenha antecedentes no pós-Primeira Guerra plica Lafer78: “No plano do Direito, uma das maneiras de
Mundial, notadamente, a criação da Liga das Nações e da assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
Organização Internacional do Trabalho com o Tratado dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto
de Versalhes de 1919, é no pós-Segunda Guerra Mundial em matéria constitucional quanto em todos os desdobra-
que se encontram as bases do direito internacional dos di- mentos normativos. A Constituição de Weimar nunca foi
reitos humanos. ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei de plenos
Os eventos da Segunda Guerra Mundial foram mar- poderes de 24 de março de 1933 teve não só o efeito de
cados pela desumanização: todos com o devido respaldo legalizar a posse de Hitler no poder como o de legalizar
jurídico perante o ordenamento dos países que determi- geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer-
navam os atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a
ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se
um Direito que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua
a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei
validade, foi o Positivismo que teve como precursor Hans
do Parlamento que modificou a Constituição. Também a
Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada
No entender de Kelsen75, a justiça não é a característica
na prática, nunca foi abolida”.
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas por-
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
que é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem
das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afas- Direitos Humanos. Um dos principais pensadores que con-
tada como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça tribuiu para a Declaração Universal dos Direitos Humanos
é o valor moral inerente ao Direito. de 1948 foi Maritain79, que entendia que os direitos huma-
A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em nos da pessoa como tal se fundamentam no fato de que a
1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que impedi- pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor
ram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e im- a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direi-
possibilitaram o domínio da região setentrional da Rússia tos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo
(produtora de alimentos e petróleo). Já o evento que cul- o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do
minou na rendição do Japão foi o lançamento das bombas amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus atos:
atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente to- tais elementos determinam o agir moral e levam à produ-
mou conhecimento da extensão da tirania alemã quando ção do bem na sociedade humanista integral.
os exércitos Aliados abriram os campos de concentração Moraes80 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais
na Alemanha e nos países por ela ocupados, encontran- importante conquista no âmbito dos direitos humanos fun-
do prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, além de damentais em nível internacional, muito embora o instru-
milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram 77 Ibid.
perseguidos, torturados e mortos76. 78 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
75 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. 79 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e
Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olym-
Fontes, 2003. pio Editora, 1967.
76 BURNS, Edward McNall. História da civiliza- 80 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa- fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

17
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

mento adotado tenha sido uma resolução, não constituin- Considerando que a Convenção Americana sobre Direi-
do seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou em
a compõem. O fato é que desse documento se originaram vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de confor-
muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo midade com o disposto no segundo parágrafo de seu art. 74;
que dois deles praticamente repetem e pormenorizam o A primeira fase do chamado processo de elaboração
seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Di- dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à União
reitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos “manter relações com Estados estrangeiros e participar de
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. organizações internacionais”, nos termos do artigo 21, I
Ainda internacionalmente, após os pactos menciona- da Constituição Federal. O único agente nas relações in-
dos, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, ternacionais com competência exclusiva é o Presidente da
Piovesan81 apontou os seguintes documentos: Convenção República, que manterá as relações com o respectivo Es-
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Dis- tado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos
criminação Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas internacionais, que precisam apenas do referendo do Con-
as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção
gresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da
sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos
Constituição Federal. O momento seguinte é o da assina-
das Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura,
tura do tratado por esta autoridade competente. Contudo,
etc.
a exigibilidade dos tratados depende de atos posteriores.
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regio-
A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é
nais de proteção, que buscam internacionalizar os direitos
humanos no plano regional, em especial na Europa, na indispensável para a conclusão de um tratado no ordena-
América e na África82. Resultou deste processo a Conven- mento jurídico brasileiro, já que muito embora a compe-
ção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da tência seja exclusiva do Presidente da República, cabe ao
Costa Rica) de 1969. Congresso Nacional, por meio de um decreto legislativo,
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos autorizar a ratificação do ato internacional. Nos termos do
textos das Constituições Federais. Afinal, como explica La- artigo 49, I da Constituição Federal “é da competência ex-
fer83, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito clusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente
racional, universalmente válido, gerou implicações rele- sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acar-
vantes na teoria constitucional e influenciou o processo de retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimô-
codificação a partir de então. Embora muitos direitos hu- nio nacional”. Quanto ao Pacto de São José da Costa Rica,
manos também se encontrem nos textos constitucionais, este foi negociado e assinado pela autoridade do Executi-
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem vo competente e posteriormente submetido à aprovação
proteção porque o fato de este direito não estar assegu- do Congresso Nacional, a qual foi concedida pelo Decreto
rado constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública Legislativo n° 27/92. Somente depois esta foi promulgada
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. pelo Decreto n° 678/92 e ratificada pelo Brasil perante a
Organização dos Estados Americanos.
DECRETO n° 678, de 6 de novembro de 1992.
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Hu- DECRETA:
manos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
de 1969. (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição ao presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e como nela se contém.
Considerando que a Convenção Americana sobre Direi-
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato inter-
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada
nacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro
no âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São
fez a seguinte declaração interpretativa: “O Governo do Bra-
José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em
sil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , não incluem o di-
vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do
reito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão
segundo parágrafo de seu art. 74;
Considerando que o Governo brasileiro depositou a car- Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão
ta de adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; da anuência expressa do Estado”.
Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua
81 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Di- publicação.
reito Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência
Saraiva, 2008. e 104° da República.
82 Ibid. ITAMAR FRANCO
83 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos Fernando Henrique Cardoso
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.11.1992.
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

18
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Depois do processo de internacionalização dos direitos direitos humanos. Assim, os países da América se reuniram
humanos, iniciou-se um processo de regionalização deles, para a formação de uma organização específica, a Organi-
ou seja, adaptação do conteúdo de cada uma das decla- zação dos Estados Americanos, e para a assunção de um
rações de direitos até então proferidas a determinadas re- compromisso internacional continental pela preservação
giões do globo. dos direitos humanos.

ANEXO PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PRO-


CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMA- TEGIDOS
NOS (1969)
(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)
A primeira parte da Convenção trata do aspecto ma-
terial da proteção dos direitos humanos na América. No
PREÂMBULO
capítulo I, são estabelecidos os deveres dos Estados-partes,
Os Estados Americanos signatários da presente Conven- que são os de respeito e adoção das disposições do pacto
ção, no ordenamento jurídico interno; no capítulo II são enume-
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Conti- rados os direitos civis e políticos, que são praticamente os
nente, dentro do quadro das instituições democráticas, um mesmos declarados no âmbito internacional, embora mais
regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no amplos em relação a alguns direitos; no capítulo III ocorre
respeito dos direitos humanos essenciais; uma remissão à Carta da Organização dos Estados Ameri-
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa hu- canos no tocante aos direitos econômicos, sociais e cultu-
mana não derivam do fato de ser ela nacional de determi- rais, de realização progressiva; no capítulo IV são tratados
nado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os os casos de suspensão de garantias, interpretação e apli-
atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma cação; no capítulo V abordam-se os deveres das pessoas.
proteção internacional, de natureza convencional, coadju-
vante ou complementar da que oferece o direito interno dos Capítulo I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
Estados americanos;
Considerando que esses princípios foram consagrados Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
na Carta da Organização dos Estados Americanos, na De- 1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na
a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a ga-
Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram
rantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja su-
reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos inter-
nacionais, tanto de âmbito mundial como regional; jeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de
dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição
humano livre, isento do temor e da miséria, se forem cria- econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
das condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus 2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser hu-
direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus mano.
direitos civis e políticos; e Os Estados-membros da OEA assumem o compro-
Considerando que a Terceira Conferência Interamerica- misso de respeitar os direitos humanos declarados neste
na Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorpo- documento para com todos os seres humanos que ingres-
ração à própria Carta da Organização de normas mais am- sem em território de sua jurisdição, não apenas nacionais.
plas sobre os direitos econômicos, sociais e educacionais e Nota-se, ainda, que não há ser humano que possa não ser
resolveu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos considerado como pessoa.
Humanos determinasse a estrutura, competência e processo
dos órgãos encarregados dessa matéria; Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
Convieram no seguinte: Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no
Pelo preâmbulo da Convenção denotam-se os antece- artigo 1° ainda não estiver garantido por disposições legis-
dentes históricos e as intenções envoltas em sua elabora-
lativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprome-
ção. Basicamente, os direitos humanos já haviam sido reco-
tem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitu-
nhecidos internacionalmente desde a criação da ONU e a
cionais e com as disposições desta Convenção, as medidas
elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos
de 1948 por todos os Estados-membros da organização. legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para
Entretanto, ainda se buscava um caminho para a efetivação tornar efetivos tais direitos e liberdades.
deles, garantindo a dignidade inerente à pessoa humana O conteúdo da Convenção tem um caráter genérico,
em qualquer localidade, independentemente de fatores de forma que meios específicos para assegurar os direitos
externos. Neste sentido, optou-se por um processo de re- nela previstos dentro do ordenamento interno são neces-
gionalização dos direitos humanos, no qual as peculiarida- sários. Este artigo deixa claro o dever dos Estados-partes
des das grandes regiões globais poderiam ser levadas em de adaptar o ordenamento interno a este contexto.
consideração, permitindo maior efetividade das normas de

19
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS No ideário de proteção à vida, impedindo a aplicação


de pena de morte, a Convenção adota um posicionamento
Em relação à primeira dimensão de direitos, aponta de não retrocesso. Basicamente, para os casos e nas loca-
Bobbio84: “[...] o desenvolvimento dos direitos do homem lidades em que a pena de morte foi abolida não é possível
passou por três fases: num primeiro momento, afirmaram- passar a aplicá-la.
se os direitos de liberdade, isto é, todos aqueles direitos 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados
que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para que a hajam abolido.
o indivíduo, ou para os grupos particulares, uma esfera de Os países que adotavam pena de morte antes da Con-
liberdade em relação ao Estado; num segundo momento, venção não podem ampliar sua aplicação para outros cri-
foram propugnados os direitos políticos, os quais – conce- mes, mas não são obrigados a aboli-la plenamente.
bendo a liberdade não apenas negativamente, como não 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada
impedimento, mas positivamente, como autonomia – ti- a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos
veram como consequência a participação cada vez mais políticos.
ampla, generalizada e frequente dos membros de uma co- A aplicação de pena de morte por crimes políticos sig-
munidade no poder político (ou liberdade no Estado) [...]”. nificaria uma violação dos direitos políticos, que permitem
Estes dois momentos representam a formação da primeira o livre exercício do pensamento perante o Estado. Sem isto,
dimensão de direitos humanos, correspondentes aos direi- não há democracia. Assim, somente cabe pena de morte
tos civis e políticos, os quais são abordados neste capítulo
para certos delitos comuns mais graves aos quais já se apli-
da Convenção. Em geral, tais direitos não exigem uma pos-
cava tal pena antes da Convenção naquele Estado-parte.
tura ativa estatal, mas sim de abstenção, deixando de se
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que,
ingerir em direitos humanos individuais e permitindo que
as pessoas participem das decisões políticas. no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito
anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em esta-
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade do de gravidez.
jurídica Não é possível aplicar pena de morte a menores de 18
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua per- anos (proteção à criança e ao adolescente) e nem às mu-
sonalidade jurídica. lheres grávidas (proteção da maternidade e da infância).
“O conceito de personalidade está umbilicalmente li- 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar
gado ao de pessoa. Todo aquele que nasce com vida tor- anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser
na-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena
portanto, qualidade ou atributo do ser humano. Pode ser de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão
definida como aptidão genérica para adquirir direitos e ante a autoridade competente.
contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É pressupos- Segundo Bitencourt86, anistia “é o esquecimento jurí-
to para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. dico do ilícito e tem por objeto fatos (não pessoas) defini-
A personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem dos como crimes, de regra, políticos, militares ou eleitorais,
jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando excluindo-se, normalmente, os crimes comuns”; ao passo
-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, que indulto coletivo ou propriamente dito “destina-se a
liberdade e igualdade. É qualidade jurídica que se revela um grupo determinado de condenados e é delimitado pela
como preliminar de todos os direitos e deveres”85. natureza do crime e quantidade da pena aplicada, além de
outros requisitos que o diploma legal pode estabelecer”; já
Artigo 4º - Direito à vida a comutação da pena é o indulto parcial, não extinguindo a
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. punibilidade, mas diminuindo a pena a ser cumprida.
Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o
momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
arbitrariamente. 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integri-
Atenção: a Convenção assegura a proteção à vida des-
dade física, psíquica e moral.
de a concepção! Não obstante, veda a morte por razões
São garantias inerentes ao direito à vida e ao direito à
arbitrárias, por exemplo, pena de morte sem o devido pro-
saúde.
cesso legal.
2. Nos países que não houverem abolido a pena de mor- 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas
te, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa
cumprimento de sentença final de tribunal competente e em privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido
conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promul- à dignidade inerente ao ser humano.
gada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
atualmente. confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes-
soa que tortura, sendo assim uma espécie de trato cruel,
84 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradu- desumano ou degradante. As penas também não podem
ção Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ser cruéis, desumanas ou degradantes, por exemplo, de
85 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil bra- 86 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direi-
sileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. to penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

20
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

trabalhos forçados. O cumprimento da pena, ainda que em exemplo, colocar um professor para limpar os banheiros
si ela não seja cruel, a exemplo da privativa de liberdade, da prisão e não para ministrar aulas aos detentos é uma
deve se dar de maneira digna, não se aceitando a falta de violação.
estrutura nos estabelecimentos prisionais. 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. para os efeitos deste artigo:
Pelo princípio da personalidade da pena o crime pode a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
a injustiça se fosse possível alguém responder pelos atos trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância
ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de res- e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os
tringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. executarem não devem ser postos à disposição de particu-
4. Os processados devem ficar separados dos condena- lares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;
dos, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser sub- b) serviço militar e, nos países em que se admite a isen-
metidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas ção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional
não condenadas. que a lei estabelecer em lugar daquele;
Trata-se de um benefício inerente à presunção de ino- c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade
cência: os que ainda são considerados inocentes perante a que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade;
lei devem ficar separados dos culpados. d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem cívicas normais.
ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especia- Evidencia-se que trabalho obrigatório não significa tra-
lizado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento. balho forçado. Nestes casos, não há trabalho forçado, por
Para proteger as crianças e os adolescentes tem-se um mais que o indivíduo na verdade não queira desempenhá
sistema específico para processo e condenação criminal, -lo.
bem como local próprio de execução da pena.
6. As penas privativas de liberdade devem ter por fina- Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
lidade essencial a reforma e a readaptação social dos con- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança
denados. pessoais.
A pena tem função retributiva e preventiva (geral e es- A liberdade aparece ligada à segurança porque a priva-
pecial). Retributiva por ser uma resposta ao mal causado ção da liberdade de um por parte do Estado visa, necessa-
pelo criminoso para a sociedade. Preventiva geral no sen- riamente, a preservação da segurança dos demais.
tido de intimidar todos os destinatários da norma penal, 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, sal-
visando impedir que eles pratiquem crimes; preventiva es- vo pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas
pecial no sentido de impedir o autor do crime que volte Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de
a delinquir. Há, ainda, a função social ou ressocializadora, acordo com elas promulgadas.
que visa permitir que o condenado seja devolvido à socie- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarce-
dade em condições de não mais cometer crimes e conviver ramento arbitrários.
pacificamente. A legislação deve ser expressa a respeito dos casos em
que se admite a privação da liberdade de locomoção.
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou ser- razões da detenção e notificada, sem demora, da acusação
vidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de ou das acusações formuladas contra ela.
mulheres são proibidos em todas as suas formas. 5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzi-
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho da, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito
certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liber-
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpreta- dade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberda-
da no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, impos- de pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
ta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado comparecimento em juízo.
não deve afetar a dignidade, nem a capacidade física e inte- 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a re-
lectual do recluso. correr a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
Se todo ser humano é uma pessoa e, como tal, dotada decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou de-
de dignidade, aceitar a escravidão seria absurdo. Inerente a tenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem
isto se encontra a vedação de trabalhos forçados: não sig- ilegais. Nos Estados-partes cujas leis prevêem que toda pes-
nifica que não pode existir trabalho obrigatório, mas a ne- soa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem
gativa em cumpri-lo não pode impedir o cumprimento da direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de
pena, embora o desempenho do trabalho possa gerar sua que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso
diminuição proporcional aos dias trabalhados. Havendo não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser
trabalho obrigatório, este não pode influenciar a dignidade interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
e nem a capacidade física ou intelectual do acusado, por

21
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Os itens 4 a 6 tratam do devido processo legal (ampla a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por
defesa e contraditório) garantidos àquele que é privado de um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale
sua liberdade de locomoção. É preciso que a pessoa seja a língua do juízo ou tribunal;
notificada a respeito dos motivos da acusação, seja levada b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da
ao juiz que decidirá sobre a manutenção da prisão e possa acusação formulada;
interpor recurso contra tal decisão. c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessá-
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio rios à preparação de sua defesa;
não limita os mandados de autoridade judiciária competen- d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de
te expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-
alimentar. se, livremente e em particular, com seu defensor;
Uma das maiores polêmicas jurídicas brasileiras nos e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor
últimos anos envolve justamente este dispositivo da Con- proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a
venção: enquanto ela somente permite a prisão por dívida legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio,
em caso de obrigação alimentar, a Constituição brasileira nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
a permite também para os depositários infiéis (aquele que f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes
fica vinculado ao cumprimento de uma obrigação mera- no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemu-
mente contratual, cuja função que lhe é confiada envolve nhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
a guarda de uma coisa específica, devendo conservá-la e sobre os fatos;
restituí-la in natura quando for exigida pelo depositante ou g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma,
pagar o preço equivalente se a coisa não mais existir na sua nem a confessar-se culpada; e
esfera de disponibilidade). Ocorre que os tratados de direi- h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal su-
tos humanos, a partir da Emenda Constitucional n° 45/04, perior.
cumpridas as condições do artigo 5°, §3° são considerados Todas as garantias enumeradas fazem parte do devi-
como emendas constitucionais; mas a Convenção em estu- do processo legal, formado pelo binômio contraditório +
do foi ratificada antes desta alteração legislativa, havendo ampla defesa. Pelo princípio do devido processo legal “nin-
posicionamentos diversos a respeito dela possuir ou não guém será privado da liberdade ou de seus bens sem o de-
o caráter constitucional. Depois de muitas discussões, o vido processo legal. Corolário a esse princípio, asseguram-
Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05 de dezembro se aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
de 2008 que é ilegal a prisão civil do depositário infiel, uti- aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa,
lizando-se da tese de que os tratados de direitos huma- com os meios e recursos a ela inerentes”87. São meios, por
nos têm status supralegal, ou seja, encontram-se acima exemplo, a conferência de um tradutor e de um defensor,
das leis ordinárias, porém abaixo da Constituição Federal. público ou privado, e ainda os direitos ao silêncio e à não
Neste sentido, a súmula vinculante n° 25 e Habeas Corpus produção de provas contra si. São recursos as vias de ques-
n° 87.585-8/TO. tionamento da decisão judicial perante outro juiz ou tribu-
nal superior.
Artigo 8º - Garantias judiciais 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devi- de nenhuma natureza.
das garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Assim, não é que a confissão não seja um meio de pro-
Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido va válido: é válida, mas não pode ser obtida à força, por
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação exemplo, mediante tortura ou ameaça.
penal formulada contra ela, ou na determinação de seus di- 4. O acusado absolvido por sentença transitada em jul-
reitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de gado não poderá ser submetido a novo processo pelos mes-
qualquer outra natureza. mos fatos.
Evidencia-se o direito ao contraditório, consistente Não cabe revisão criminal pro societate - em favor da
em poder ouvir e dar uma resposta a respeito dos fatos sociedade. Não importa se o acusado foi indevidamente
controversos levados a juízo, em qualquer esfera. Também absolvido, transitada em julgado a decisão não poderá ser
traz o princípio do juiz natural e da vedação ao tribunal de processado novamente pelo mesmo fato. A revisão crimi-
exceção, de forma que sempre será fixado o juízo compe- nal só é possível se surgirem provas para absolver o réu
tente de maneira prévia por regras de organização judiciá- condenado criminalmente, nunca para condená-lo.
ria, avaliando-se ainda se aquele juízo atribuído é de fato 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for
imparcial (não possuindo inimizades ou amizades para com necessário para preservar os interesses da justiça.
as partes). O segredo de justiça é limitado a alguns casos porque,
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se em regra, “o direito subjetivo das partes e advogados à
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente com- intimidade somente estará garantido se não prejudicar o
provada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem di- interesse público à informação”88.
reito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
O estado de inocência é inerente à pessoa humana, de 87 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
forma que somente pode ser considerada culpada após o esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
trânsito em julgado do processo criminal que apure de- 88 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
vidamente o ilícito (princípio da presunção de inocência). esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

22
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as pró-


Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões prias crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei
que, no momento em que foram cometidos, não constituam e que se façam necessárias para proteger a segurança, a or-
delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- dem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades
se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento das demais pessoas.
da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, 4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a
a lei estipular a imposição de pena mais leve, o deliquente que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral
deverá dela beneficiar-se. que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Há uma regra dominante em termos de conflito de leis Uma das esferas da liberdade de pensamento é a liber-
dade de crença religiosa. Cada qual tem direito a professar
penais no tempo que é a da irretroatividade da lei penal,
a crença que quiser no Estado democrático, não podendo
sem a qual não haveria nem segurança e nem liberdade
ser tolhido deste direito. No entanto, há algumas limitações
na sociedade, em flagrante desrespeito ao princípio da le- lógicas ao exercício deste direito, notadamente quanto às co-
galidade e da anterioridade da lei. Logo, o tempo rege a lisões com outros direitos humanos: por exemplo, não pode
ação - tempus regit actum - e uma lei somente abrange os ser aceita a prática de sacrifício humano nos cultos religiosos.
atos praticados durante a sua vigência, não antes (retroati- A religiosidade é um dos aspectos em que os pais in-
vidade) nem depois (ultra-atividade). Contudo, o princípio fluenciam os filhos e, por isso, possuem direito de vê-los edu-
da irretroatividade vige somente quanto à lei mais severa, cados em consonância com tais crenças.
de forma que a lei que for mais favorável ao réu irá retroa-
gir, no que se consolida o princípio da retroatividade da lei Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão
mais benéfica.89 1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento
e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, re-
Artigo 10 - Direito à indenização ceber e difundir informações e ideias de qualquer natureza,
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito,
lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de
em julgado, por erro judiciário. sua escolha.
Uma pessoa injustamente condenada por um erro es- “Na verdade, o ser humano, através dos processos inter-
tatal na apuração do ilícito tem direito a indenização. nos de reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam
nada mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa-
Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de
1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao opinião”90.
reconhecimento de sua dignidade. 2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades
ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que
domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais se façam necessárias para assegurar:
à sua honra ou reputação. a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pes-
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais soas;
ingerências ou tais ofensas. b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou
Privacidade e personalidade são direitos que parecem da saúde ou da moral públicas.
interligados, uma vez que a primeira é condição de expan- Silva91 explica que “o homem se torna cada vez mais livre
são da segunda. A honra pode ser objetiva, no que tange na medida em que amplia seu domínio sobre a natureza”,
ao modo como o mundo vê a pessoa, e subjetiva, referin- ou seja, com a evolução da sociedade, a tendência é que o
do-se à maneira como ela se vê. Para o bom desenvolvi- círculo que delimita a esfera da liberdade se amplie. Entre-
mento da personalidade é preciso garantir a privacidade, tanto, o direito à liberdade nunca foi assegurado de forma
cabendo à lei proteger todos estes bens jurídicos. irrestrita, assim como nunca se defendeu no campo ético que
alguém pudesse exercê-lo sem limites. Não significa que é
aceita a censura prévia, como era comum nos regimes ditato-
Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião
riais, mas que é preciso limitar a veiculação de conteúdos que
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência violem direitos humanos alheios ou atentem contra a moral
e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar social. Por exemplo, se uma pessoa publicar um conteúdo
sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de ofensivo a outra cometerá violação da honra, se divulgar
crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua conteúdos antissemitas praticará crime de preconceito e
religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto discriminação.
em público como em privado.
2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas 90 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR,
que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 10.
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
91 SILVA, José Afonso da. Curso de direito
89 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direi- constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
to penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. 2006.

23
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias mar o poder público para que ele tome providências para
e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou garantir a segurança numa manifestação grupal principal-
particulares de papel de imprensa, de frequências radioelé- mente se ela tiver grande repercussão (exemplificando, al-
tricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão gumas paradas gays chegam a reunir milhões de pessoas).
de informação, nem por quaisquer outros meios destinados
a obstar a comunicação e a circulação de ideias e opiniões. Artigo 16 - Liberdade de associação
A propriedade dos meios de comunicação não pode 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livre-
ser utilizada para manipulação do pensamento da popu- mente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos,
lação. trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura outra natureza.
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, 2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às res-
para proteção moral da infância e da adolescência, sem pre- trições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma
juízo do disposto no inciso 2. sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional,
Antes de permitir que um espetáculo chegue ao pú- da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde
blico é aceita a avaliação prévia do conteúdo, limitando o ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais
acesso, por exemplo, a determinada faixa etária. pessoas.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, 3. O presente artigo não impede a imposição de restri-
bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religio- ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de
so que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, associação, aos membros das forças armadas e da polícia.
ao crime ou à violência. Entidades associativas têm legitimidade para represen-
Permitir o incentivo a este tipo de pensamento con- tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente, podendo
trário à paz mundial vai contra o que os sistemas global e defender, em nome próprio, direitos de seus associados.
regional de proteção de direitos humanos buscam. Logo, caracteriza a união das forças individuais num grupo
organizado e devidamente autorizado por lei. Ninguém é
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta obrigado a ingressas ou permanecer em uma associação.
Nenhuma associação pode defender interesses ilícitos (por
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou
exemplo, seria absurdo permitir que o PCC ou o Comando
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão le-
Vermelho fossem consideradas associações, posto que reú-
galmente regulamentados e que se dirijam ao público em
nem criminosos). Enfim, a lei pode limitar, com razoabilida-
geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua
de e proporcionalidade, a liberdade de associação.
retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximi-
Artigo 17 - Proteção da família
rão das outras responsabilidades legais em que se houver 1. A família é o núcleo natural e fundamental da socie-
incorrido. dade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rá- contraírem casamento e de constituírem uma família, se ti-
dio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não verem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis
seja protegida por imunidades, nem goze de foro especial. internas, na medida em que não afetem estas o princípio da
A publicação de um conteúdo ofensivo dá ao ofendido não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
direito de resposta (direito de em local idêntico, com mes- 3. O casamento não pode ser celebrado sem o consenti-
mo destaque e circulação, expor seus argumento contrários mento livre e pleno dos contraentes.
à ofensa publicada), mas não exime o ofensor de responder 4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apro-
por seu ato. Para garantir isto, nos meios de comunicação priadas para assegurar a igualdade de direitos e a adequada
é preciso de um responsável que não seja impedido de ser equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao
processado regularmente, ou seja, que não possua imuni- casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolu-
dades ou goze de foro especial. ção. Em caso de dissolução, serão adotadas as disposições
que assegurem a proteção necessária aos filhos, com base
Artigo 15 - Direito de reunião unicamente no interesse e conveniência dos mesmos.
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem ar- 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos
mas. O exercício desse direito só pode estar sujeito às res- nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do
trições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma casamento.
sociedade democrática, ao interesse da segurança nacio- A proteção da família é essencial porque ela é a base
nal, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a da estrutura social. O tradicional modo de constituição da
saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das família é o casamento, tanto que ele é protegido nesta Con-
demais pessoas. venção e na DUDH, sendo o consentimento dos nubentes
O direito de reunião evidencia a liberdade de expres- um requisito essencial. Durante o casamento, as obriga-
são conferida aos indivíduos e aos grupos sociais. Grupos ções devem ser partilhadas e, em caso de dissolução, deve
de pessoas podem se reunir para manifestar algum pen- ser priorizado o melhor interesse dos filhos para decidir a
samento, respeitados os limites legais, por exemplo, não é respeito de guarda, visitas e alimentos. No mais, os filhos
autorizada a presença de armas, ou ainda, é preciso infor- nascidos dentro ou fora do casamento são equiparados.

24
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 18 - Direito ao nome 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qual-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de quer país, inclusive de seu próprio país.
seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser res-
assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se tringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável,
for necessário. em uma sociedade democrática, para prevenir infrações pe-
O nome é um modo de individualização da pessoa na- nais ou para proteger a segurança nacional, a segurança ou a
tural. “Integra a personalidade, individualiza a pessoa não ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e
só durante a sua vida como também após a sua morte, e liberdades das demais pessoas.
indica a sua procedência familiar”92. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por
Artigo 19 - Direitos da criança motivo de interesse público.
Toda criança terá direito às medidas de proteção que a A liberdade de circulação dentro de seu país ou em um
sua condição de menor requer, por parte da sua família, da território em que entre legalmente não é plena: pode ser
sociedade e do Estado. restringida em virtude de lei, bem como visando proteger o
A criança é parte fundamental da sociedade, represen- interesse público e a segurança social.
tando seu futuro. Protegê-la significa garantir que no futuro 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do
existirão adultos preparados para construir uma sociedade qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.
melhor. Para tanto são criados inúmeros mecanismos. No 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território
Brasil, destaca-se o Estatuto da Criança e do Adolescente. de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser
expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade
Artigo 20 - Direito à nacionalidade com a lei.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. Nota-se que não se garante o livre ingresso em território
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em que não o do próprio país, para tanto é preciso respeitar as
cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. regras do país para recebimento de estrangeiros - apenas se
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua na- veda a expulsão arbitrária do que já esteja lá.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em
cionalidade, nem do direito de mudá-la.
território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos polí-
Com estas regras, impede-se que uma pessoa não se
ticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com
vincule jurídica e politicamente a um Estado, integrando o
a legislação de cada Estado e com as Convenções internacio-
povo e desfrutando de direitos e obrigações. No mínimo,
nais.
terá a nacionalidade do território em que tiver nascido. A
O asilo político é instituição pela qual um Estado confere
figura do apátrida é vedada. Em certos casos, será possível
abrigo e proteção a um indivíduo que tenha fugido de um
mudar de nacionalidade, não podendo a pessoa ser impe- outro Estado no qual sofria perseguição por delitos políticos
dida. ou conexos a ele.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou en-
Artigo 21 - Direito à propriedade privada tregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em
lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social
O direito à propriedade é garantido, mas não de forma ou de suas opiniões políticas.
ilimitada. Entre os limites possíveis destaca-se o do respei- 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
to à função social. Por exemplo, não poderá manter a pro- A extradição é permitida, dentro dos limites da legisla-
priedade aquele que não a torna produtiva. ção de direitos humanos.
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo
mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de Artigo 23 - Direitos políticos
utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na for- 1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos
ma estabelecidos pela lei. e oportunidades:
O item se refere ao instituto da desapropriação, pelo a) de participar da condução dos assuntos públicos, di-
qual o Estado toma a propriedade de um bem em prol do retamente ou por meio de representantes livremente eleitos;
interesse coletivo, indenizando o proprietário. b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas,
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de explora- realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secre-
ção do homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei. to, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
Usura significa agiotagem, uma pessoa emprestar di- Participar das decisões políticas de maneira direta ou
nheiro por juros abusivos e utilizar meios controversos para indireta é um direito político de primeira dimensão. Exis-
receber os juros e o valor emprestado de volta. tem modalidades de participação direta, consolidando a
democracia direta, mas geralmente, como são muitos os
Artigo 22 - Direito de circulação e de residência indivíduos que podem participar em sociedade, adota-se a
1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território democracia indireta, na qual são eleitos representantes por
de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de meio do voto. Ainda assim, são comuns alguns mecanismos
nele residir, em conformidade com as disposições legais. de participação direta, como o plebiscito, o referendo e a
92 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil bra- iniciativa popular, formando um modelo de democracia
sileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. misto.

25
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra
funções públicas de seu país. emergência que ameace a independência ou segurança
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportuni- do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
dades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências
motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instru- da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtu-
ção, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz de desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
competente, em processo penal. incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o
O acesso às funções públicas geralmente se dá por Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma
concurso público, não podendo utilizar critérios preconcei- fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
tuosos para admissão. origem social.
A limitações de direitos humanos é permitida, mas não
Artigo 24 - Igualdade perante a lei é possível que ela viole premissas ligadas à dignidade hu-
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguin- mana, como raça, cor, sexo, idioma, religião. Por exemplo,
te, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção na situação descrita no artigo seria aceitável autorizar tra-
da lei. balhos forçados compatíveis com a dignidade humana.
Trata-se do princípio da igualdade perante a lei. Assim, 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos
a lei é válida para todas as pessoas, embora possa esta- direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao re-
belecer regramentos específicos para certos grupos sociais conhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida),
vulneráveis. 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão
e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da retroativida-
Artigo 25 - Proteção judicial de), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápi- família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20
do ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das
tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.
seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição, Nem precisaria especificar, pois tais direitos estão liga-
pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal dos justamente a raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem
violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no social. Entretanto, a especificação aumenta a segurança ju-
exercício de suas funções oficiais. rídica.
No Brasil, entre outros instrumentos, destacam-se o 3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do
mandado de segurança, o habeas corpus e o habeas data. direito de suspensão deverá comunicar imediatamente aos
2. Os Estados-partes comprometem-se: outros Estados-partes na presente Convenção, por intermé-
a) a assegurar que a autoridade competente prevista dio do Secretário Geral da Organização dos Estados Ame-
pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda ricanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os
pessoa que interpuser tal recurso; motivos determinantes da suspensão e a data em que haja
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e dado por terminada tal suspensão.
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades com- Assim, o direito de suspensão é, basicamente, a pos-
petentes, de toda decisão em que se tenha considerado pro- sibilidade do Estado-parte da Organização dos Estados
cedente o recurso. Americanos, por alguma razão específica e discriminada
Não basta prever tais garantias, é preciso conferir es- em suas justificativas, de deixar de cumprir parte do con-
trutura ao Judiciário para cumpri-las. teúdo da Convenção Americana de Direitos Humanos,
respeitados os limites consagrados internacionalmente no
Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E que tange à dignidade humana.
CULTURAIS
Artigo 28 - Cláusula federal
Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo 1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as provi- como Estado federal, o governo nacional do aludido Esta-
dências, tanto no âmbito interno, como mediante coopera- do-parte cumprirá todas as disposições da presente Con-
ção internacional, especialmente econômica e técnica, a fim venção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce
de conseguir progressivamente a plena efetividade dos di- competência legislativa e judicial.
reitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre A forma federativa de Estado tem origem nos Estados
educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Orga- Unidos, em 1787. No federalismo por agregação, os Esta-
nização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo dos independentes ou soberanos abrem mão de parcela de
de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via sua soberania para agregar-se entre si e formarem um Es-
legislativa ou por outros meios apropriados. tado Federativo, mas mantendo a autonomia entre si: foi o
que ocorreu nos Estados Unidos. Mas também é possível o
Capítulo IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTER- federalismo por desagregação, quando a federação surge
PRETAÇÃO E APLICAÇÃO a partir de um Estado unitário e resolve descentralizar-se,
a exemplo do Brasil desde 1891. Dentro da federação há
Artigo 27 - Suspensão de garantias repartição de competências entre a União e as unidades

26
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

federativas. Como a União que firma os compromissos in- Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos
ternacionais, nem sempre ela terá competência para fazer Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Con-
cumprir todas as normas deles, que podem ser da alçada venção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos
das unidades federativas. de acordo com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que As sentenças da corte trazem direitos e liberdades por
correspondem à competência das entidades componentes ela reconhecidos e que deverão ser cumpridos pelo Estado
da federação, o governo nacional deve tomar imediatamen- -parte a qual se referem.
te as medidas pertinentes, em conformidade com sua Cons-
tituição e com suas leis, a fim de que as autoridades compe- Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS
tentes das referidas entidades possam adotar as disposições
Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos
cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comu-
Enfim, o máximo que é possível para a União é alertar
nidade e a humanidade.
as suas unidades federativas para que elas tomem provi- 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos
dências para o cumprimento das normas convencionadas dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigên-
internacionalmente. cias do bem comum, em uma sociedade democrática.
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem cons- Explica Canotilho93 quanto aos direitos fundamentais,
tituir entre eles uma federação ou outro tipo de associação, mas o mesmo vale para os direitos humanos: “a ideia de
diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respec- deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como
tivo contenha as disposições necessárias para que continuem o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de
sendo efetivas no novo Estado, assim organizado, as normas um direito fundamental corresponde um dever por parte
da presente Convenção. de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está
É possível que Estados-partes firmem entre si tratados vinculado aos direitos fundamentais como destinatário de
específicos, caso em que deverão se atentar para as normas um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda-
da Convenção. mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres-
pondente”. Logo, a um direito humano conferido à pessoa
Artigo 29 - Normas de interpretação corresponde o dever de respeito ao arcabouço de direitos
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser conferidos às outras pessoas.
interpretada no sentido de: Considera-se um aspecto da característica da relativi-
dade dos direitos humanos, que não podem ser utilizados
a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou in-
como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
divíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liber-
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por
dades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior atos ilícitos. Assim, os direitos humanos não são ilimitados
medida do que a nela prevista; e encontram seus limites nos demais direitos igualmente
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou li- consagrados como humanos.
berdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de
qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções
em que seja parte um dos referidos Estados;
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226,
ser humano ou que decorrem da forma democrática repre- ESTABELECE DIRETRIZES SOBRE O USO DA
sentativa de governo; FORÇA PELOS AGENTES DE SEGURANÇA
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a De- PÚBLICA, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010.
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e ou-
tros atos internacionais da mesma natureza.
A Convenção não pode ser usada para contrariar os
preceitos que ela visa proteger, para permitir a violação de PORTARIA INTERMINISTERIAL No- 4.226, DE 31 DE
direitos humanos fundamentais consagrados. DEZEMBRO DE 2010

Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agen-


Artigo 30 - Alcance das restrições
tes de Segurança Pública.
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção,
ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconheci- O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA e o MINISTRO DE
dos, não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS
forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
propósito para o qual houverem sido estabelecidas. que lhes conferem os incisos I e II, do parágrafo único, do
No decorrer da Convenção são reconhecidos vários ca- art. 87, da Constituição Federal e,
sos em que é possível limitar direitos humanos, mas sem-
pre é preciso ter em mente o interesse da coletividade e a 93 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito
finalidade pelas quais foram aceitas. constitucional e teoria da constituição. 2. ed. Coim-
bra: Almedina, 1998.

27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

CONSIDERANDO que a concepção do direito à segu- § 3º As unidades citadas no caput deste artigo terão
rança pública com cidadania demanda a sedimentação de 60 dias, contados a partir da publicação desta portaria,
políticas públicas de segurança pautadas no respeito aos para instituir Comissão responsável por avaliar sua situa-
direitos humanos; ção interna em relação às diretrizes não mencionadas nos
CONSIDERANDO o disposto no Código de Conduta parágrafos anteriores e propor medidas para assegurar as
para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adequações necessárias.
adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979, nos Princí- da República e o Ministério da Justiça estabelecerão me-
pios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos canismos para estimular e monitorar iniciativas que visem
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados à implementação de ações para efetivação das diretrizes
pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Preven- tratadas nesta portaria pelos entes federados, respeitada a
ção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, realizado repartição de competências prevista no art. 144 da Consti-
em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de tuição Federal.
1999, nos Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pública do
do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis Ministério da Justiça levará em consideração a observância
pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico das diretrizes tratadas nesta portaria no repasse de recur-
e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de sos aos entes federados.
24 de maio de 1989 e na Convenção Contra a Tortura e Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua pu-
outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou De- blicação.
gradantes, adotado pela Assembleia Geral das Nações Uni-
das, em sua XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de ANEXO I
dezembro de 1984 e promulgada pelo Decreto n.º 40, de DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA E ARMAS DE
15 de fevereiro de 1991; FOGO PELOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA
CONSIDERANDO a necessidade de orientação e pa-
dronização dos procedimentos da atuação dos agentes de
1. O uso da força pelos agentes de segurança pública
segurança pública aos princípios internacionais sobre o uso
deverá se pautar nos documentos internacionais de prote-
da força;
ção aos direitos humanos e deverá considerar, primordial-
CONSIDERANDO o objetivo de reduzir paulatinamente
mente:
os índices de letalidade resultantes de ações envolvendo
a. ao Código de Conduta para os Funcionários Respon-
agentes de segurança pública; e,
sáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela Assembleia Ge-
CONSIDERANDO as conclusões do Grupo de Trabalho,
ral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de
criado para elaborar proposta de Diretrizes sobre Uso da
dezembro de 1979;
Força, composto por representantes das Polícias Federais,
b. os Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva
Estaduais e Guardas Municipais, bem como com represen-
do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis
tantes da sociedade civil, da Secretaria de Direitos Huma-
nos da Presidência da República e do Ministério da Justiça, pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico
resolvem: e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de
Art. 1o Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o Uso da 24 de maio de 1989;
Força pelos Agentes de Segurança Pública, na forma do c. os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas
Anexo I desta Portaria. de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação
Parágrafo único. Aplicam-se às Diretrizes estabelecidas da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas
no Anexo I, as definições constantes no Anexo II desta Por- para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquen-
taria. tes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de
Art. 2º A observância das diretrizes mencionadas no setembro de 1999;
artigo anterior passa a ser obrigatória pelo Departamento d. a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamen-
de Polícia Federal, pelo Departamento de Polícia Rodoviária tos ou penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada
Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional e pela pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua XL Ses-
Força Nacional de Segurança Pública. são, realizada em Nova York em 10 de dezembro de 1984
§ 1º As unidades citadas no caput deste artigo terão 90 e promulgada pelo Decreto n.º 40, de 15 de fevereiro de
dias, contados a partir da publicação desta portaria, para 1991.
adequar seus procedimentos operacionais e seu processo 2. O uso da força por agentes de segurança pública
de formação e treinamento às diretrizes supramenciona- deverá obedecer aos princípios da legalidade, necessidade,
das. proporcionalidade, moderação e conveniência.
§ 2º As unidades citadas no caput deste artigo terão 60 3. Os agentes de segurança pública não deverão dispa-
dias, contados a partir da publicação desta portaria, para rar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos de legí-
fixar a normatização mencionada na diretriz No- 9 e para tima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente
criar a comissão mencionada na diretriz No- 23. de morte ou lesão grave.

28
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pes- e.iniciar, por meio da Corregedoria da instituição, ou
soa em fuga que esteja desarmada ou que, mesmo na pos- órgão equivalente, investigação imediata dos fatos e cir-
se de algum tipo de arma, não represente risco imediato de cunstâncias do emprego da força;
morte ou de lesão grave aos agentes de segurança pública f.promover a assistência médica às pessoas feridas em
ou terceiros. decorrência da intervenção, incluindo atenção às possíveis
5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veícu- sequelas;
lo que desrespeite bloqueio policial em via pública, a não g.promover o devido acompanhamento psicológico
ser que o ato represente um risco imediato de morte ou aos agentes de segurança pública envolvidos, permitindo-
lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros. lhes superar ou minimizar os efeitos decorrentes do fato
6. Os chamados “disparos de advertência” não são con- ocorrido; e
siderados prática aceitável, por não atenderem aos princí- h.afastar temporariamente do serviço operacional, para
pios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibi- avaliação psicológica e redução do estresse, os agentes de
lidade de seus efeitos. segurança pública envolvidos diretamente em ocorrências
7. O ato de apontar arma de fogo contra pessoas du- com resultado letal.
rante os procedimentos de abordagem não deverá ser uma 12. Os critérios de recrutamento e seleção para os
prática rotineira e indiscriminada. agentes de segurança pública deverão levar em considera-
8. Todo agente de segurança pública que, em razão da ção o perfil psicológico necessário para lidar com situações
sua função, possa vir a se envolver em situações de uso de estresse e uso da força e arma de fogo.
da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos 13. Os processos seletivos para ingresso nas institui-
de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção ções de segurança pública e os cursos de formação e espe-
necessários à atuação específica, independentemente de cialização dos agentes de segurança pública devem incluir
portar ou não arma de fogo. conteúdos relativos a direitos humanos.
9. Os órgãos de segurança pública deverão editar atos 14. As atividades de treinamento fazem parte do tra-
normativos disciplinando o uso da força por seus agentes, balho rotineiro do agente de segurança pública e não de-
definindo objetivamente: verão ser realizadas em seu horário de folga, de maneira a
a. os tipos de instrumentos e técnicas autorizadas; serem preservados os períodos de descanso, lazer e convi-
b. as circunstâncias técnicas adequadas à sua utiliza- vência sócio-familiar.
15. A seleção de instrutores para ministrarem aula em
ção, ao ambiente/entorno e ao risco potencial a terceiros
qualquer assunto que englobe o uso da força deverá levar
não envolvidos no evento;
em conta análise rigorosa de seu currículo formal e tempo
c. o conteúdo e a carga horária mínima para habilitação
de serviço, áreas de atuação, experiências anteriores em
e atualização periódica ao uso de cada tipo de instrumento;
atividades fim, registros funcionais, formação em direitos
d. a proibição de uso de armas de fogo e munições que
humanos e nivelamento em ensino. Os instrutores deve-
provoquem lesões desnecessárias e risco injustificado; e
rão ser submetidos à aferição de conhecimentos teóricos e
e. o controle sobre a guarda e utilização de armas e
práticos e sua atuação deve ser avaliada.
munições pelo agente de segurança pública.
16. Deverão ser elaborados procedimentos de habilita-
10. Quando o uso da força causar lesão ou morte de
ção para o uso de cada tipo de arma de fogo e instrumento
pessoa(s), o agente de segurança pública envolvido deverá de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica,
realizar as seguintes ações: psicológica, física e treinamento específico, com previsão
a. facilitar a prestação de socorro ou assistência médica de revisão periódica mínima.
aos feridos; 17. Nenhum agente de segurança pública deverá por-
b. promover a correta preservação do local da ocor- tar armas de fogo ou instrumento de menor potencial
rência; ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e
c. comunicar o fato ao seu superior imediato e à auto- sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de me-
ridade competente; e nor potencial ofensivo for introduzido na instituição deve-
d. preencher o relatório individual correspondente so- rá ser estabelecido um módulo de treinamento específico
bre o uso da força, disciplinado na Diretriz n.º 22. com vistas à habilitação do agente.
11. Quando o uso da força causar lesão ou morte de 18. A renovação da habilitação para uso de armas de
pessoa(s), o órgão de segurança pública deverá realizar as fogo em serviço deve ser feita com periodicidade mínima
seguintes ações: de 1 (um) ano.
a.facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos feridos; 19. Deverá ser estimulado e priorizado, sempre que
b.recolher e identificar as armas e munições de todos possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor po-
os envolvidos, vinculando-as aos seus respectivos portado- tencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, de
res no momento da ocorrência; acordo com a especificidade da função operacional e sem
c.solicitar perícia criminalística para o exame de local e se restringir às unidades especializadas.
objetos bem como exames médico-legais; 20. Deverão ser incluídos nos currículos dos cursos de
d.comunicar os fatos aos familiares ou amigos da(s) formação e programas de educação continuada conteúdos
pessoa(s) ferida(s) ou morta(s); sobre técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo.

29
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

21. As armas de menor potencial ofensivo deverão ser Equipamentos de menor potencial ofensivo: Todos os
separadas e identificadas de forma diferenciada, conforme artefatos, excluindo armas e munições, desenvolvidos e
a necessidade operacional. empregados com a finalidade de conter, debilitar ou in-
22. O uso de técnicas de menor potencial ofensivo capacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e
deve ser constantemente avaliado. minimizar danos à sua integridade.
23. Os órgãos de segurança pública deverão criar co- Equipamentos de proteção: Todo dispositivo ou pro-
missões internas de controle e acompanhamento da leta- duto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a
lidade, com o objetivo de monitorar o uso efetivo da força redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes
pelos seus agentes. de segurança pública.
24. Os agentes de segurança pública deverão preen- Força: Intervenção coercitiva imposta à pessoa ou gru-
cher um relatório individual todas as vezes que dispararem po de pessoas por parte do agente de segurança pública
arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de menor com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei.
potencial ofensivo, ocasionando lesões ou mortes. O re- Instrumentos de menor potencial ofensivo: Conjunto
latório deverá ser encaminhado à comissão interna men- de armas, munições e equipamentos desenvolvidos com a
cionada na Diretriz n.º 23 e deverá conter no mínimo as finalidade de preservar vidas e minimizar danos à integri-
seguintes informações: dade das pessoas.
a.circunstâncias e justificativa que levaram o uso da Munições de menor potencial ofensivo: Munições pro-
força ou de arma de fogo por parte do agente de segu- jetadas e empregadas, especificamente, para conter, debi-
rança pública; litar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando
b.medidas adotadas antes de efetuar os disparos/usar vidas e minimizando danos a integridade das pessoas en-
instrumentos de menor potencial ofensivo, ou as razões volvidas.
pelas quais elas não puderam ser contempladas; Nível do Uso da Força: Intensidade da força escolhi-
c.tipo de arma e de munição, quantidade de disparos da pelo agente de segurança pública em resposta a uma
efetuados, distância e pessoa contra a qual foi disparada a ameaça real ou potencial.
arma; Princípio da Conveniência: A força não poderá ser em-
d. instrumento(s) de menor potencial ofensivo utiliza- pregada quando, em função do contexto, possa ocasionar
do(s), especificando a frequência, a distância e a pessoa danos de maior relevância do que os objetivos legais pre-
contra a qual foi utilizado o instrumento; tendidos.
e. quantidade de agentes de segurança pública feridos Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pú-
ou mortos na ocorrência, meio e natureza da lesão; blica só poderão utilizar a força para a consecução de um
f. quantidade de feridos e/ou mortos atingidos pelos objetivo legal e nos estritos limites da lei.
disparos efetuados pelo(s) agente(s) de segurança pública; Princípio da Moderação: O emprego da força pelos
g. número de feridos e/ou mortos atingidos pelos ins- agentes de segurança pública deve sempre que possível,
trumentos de menor potencial ofensivo utilizados pelo(s) além de proporcional, ser moderado, visando sempre re-
agente(s) de segurança pública; duzir o emprego da força.
h. número total de feridos e/ou mortos durante a mis- Princípio da Necessidade: Determinado nível de força
são; só pode ser empregado quando níveis de menor intensi-
i. quantidade de projéteis disparados que atingiram dade não forem suficientes para atingir os objetivos legais
pessoas e as respectivas regiões corporais atingidas; pretendidos.
j. quantidade de pessoas atingidas pelos instrumentos Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utiliza-
de menor potencial ofensivo e as respectivas regiões cor- do deve sempre ser compatível com a gravidade da amea-
porais atingidas; ça representada pela ação do opositor e com os objetivos
k. ações realizadas para facilitar a assistência e/ou auxí- pretendidos pelo agente de segurança pública.
lio médico, quando for o caso; e Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjunto de
l. se houve preservação do local e, em caso negativo, procedimentos empregados em intervenções que deman-
apresentar justificativa. dem o uso da força, através do uso de instrumentos de
25. Os órgãos de segurança pública deverão, observa- menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas
da a legislação pertinente, oferecer possibilidades de reabi- e minimizar danos à integridade das pessoas.
litação e reintegração ao trabalho aos agentes de seguran- Uso Diferenciado da Força: Seleção apropriada do nível
ça pública que adquirirem deficiência física em decorrência de uso da força em resposta a uma ameaça real ou poten-
do desempenho de suas atividades. cial visando limitar o recurso a meios que possam causar
ferimentos ou mortes.
ANEXO II
GLOSSÁRIO

Armas de menor potencial ofensivo: Armas projetadas


e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de
conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas,
preservando vidas e minimizando danos à sua integridade.

30
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

EXERCÍCIOS R: B. Os direitos de liberdade e igualdade são o foco


da Declaração de 1948, como se percebe pelos seus dois
1. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Juiz) Sobre os tratados in- primeiros artigos: “Artigo I. Todas as pessoas nascem livres
ternacionais, assinale a alternativa correta. e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão  e
a) Podem ser celebrados pelo Presidente da República consciência e devem agir em relação umas às outras com
ou pelo Presidente do Senado. espírito de fraternidade. Artigo II. Toda pessoa tem capaci-
b) Celebrados pela autoridade competente, precisam dade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
ser referendados pelo Congresso Nacional. nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja
c) Nas hipóteses de grave violação de direitos huma- de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de
nos, o Procurador Geral da República, com a finalidade de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci-
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
mento, ou qualquer outra condição”. 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Supremo Tribu-
3. (CESPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público) Parte
nal Federal, em qualquer fase do inquérito ou pro- cesso,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça superior do formulário
Federal. A Declaração Universal de Direitos Humanos
d) Os tratados e convenções internacionais sobre di- a) foi proclamada pelos revolucionários franceses do
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do final do século XVIII e confirmada, após a Segunda Guerra
Congresso Nacional, em dois turnos, por maioria simples Mundial, pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às b) foi o primeiro documento internacional a estabele-
emendas constitucionais. cer expressamente o princípio da vedação ao retrocesso
e) Compete exclusivamente ao Senado Federal resolver social.
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter- na- c) nada declara sobre o direito à propriedade, em razão
cionais que acarretem encargos ou compromissos gravo- da necessidade de acomodação das diferentes ideologias
sos ao patrimônio nacional. das potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial.
R: B. A primeira fase do chamado processo de elabo- d) não faz referência à possibilidade de qualquer pes-
ração dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à soa deixar o território de qualquer país ou nele ingressar,
União “manter relações com Estados estrangeiros e partici- embora assegure expressamente a liberdade de locomo-
par de organizações internacionais”, nos termos do artigo ção dentro das fronteiras dos Estados.
21, I da Constituição Federal. O único agente nas relações e) assegura a toda pessoa o direito de participar do
internacionais com competência exclusiva é o Presidente
governo de seu próprio país, diretamente ou por meio de
da República, que manterá as relações com o respectivo
representantes.
Estado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos
internacionais, que precisam apenas do referendo do Con- R: E. Nos termos do artigo XXI, item 1, “toda pessoa
gresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da tem o direito de tomar parte no governo de seu país, dire-
Constituição Federal. O momento seguinte é o da assina- tamente ou por intermédio de representantes livremente
tura do tratado por esta autoridade competente. Contudo, escolhidos”.
a exigibilidade dos tratados depende de atos posteriores.
A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é 4. (FCC - 2010 - SJCDH-BA - Agente Penitenciário) São
indispensável para a conclusão de um tratado no ordena- princípios fundamentais proclamados no artigo I da Decla-
mento jurídico brasileiro, já que muito embora a compe- ração Universal dos Direitos Humanos, de 1948:
tência seja exclusiva do Presidente da República, cabe ao a) a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade
Congresso Nacional, por meio de um decreto legislativo, de pensamento e religião.
autorizar a ratificação do ato internacional. Nos termos do b) a presunção de inocência e a inviolabilidade da vida
artigo 49, I da Constituição Federal “é da competência ex- privada.
clusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente c) o amplo acesso à educação e ao trabalho.
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acar- d) a liberdade de ir e vir e o direito de buscar asilo em
retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio outros países.
nacional”. e) a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
R: E. Preconiza o citado dispositivo: “todas as pessoas
2. (CESPE - 2011 - TRF 5ª Região - Juiz) Parte superior
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dota-
do formulário
das de razão e consciência e devem agir em relação umas
A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
a) não trata de direitos econômicos. às outras com espírito de fraternidade”.
b) trata dos direitos de liberdade e igualdade.
c) trata o meio ambiente ecologicamente equilibrado 5. (FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) Ao intro-
como direito de todos. duzir a concepção contemporânea de direitos humanos, a
d) não faz referência a direitos políticos. Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 afirma
e) não faz referência a direitos culturais e à bioética. que

31
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

a) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interde- 7. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Quan-
pendência dos direitos humanos, conferindo primazia ao do se fala em direitos humanos, considerando sua historici-
valor da solidariedade, como condição ao exercício dos di- dade, é correto dizer que:
reitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. a) somente passam a existir com as Declarações de Di-
b) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- reitos elaboradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa de
dência dos direitos humanos, conferindo paridade hierár- 1688.
quica entre direitos civis e políticos e direitos econômicos, b) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da
sociais e culturais. Carta Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção
c) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- dos Direitos do Homem em âmbito universal.
dência dos direitos humanos, conferindo primazia aos di- c) a concepção contemporânea de Direitos Humanos
reitos civis e políticos, como condição ao exercício dos di- foi introduzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do
reitos econômicos, sociais e culturais. Homem e do Cidadão, fruto da Revolução Francesa.
d) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interde- d) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a
pendência dos direitos humanos, conferindo primazia aos partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades come-
direitos econômicos, sociais e culturais, como condição ao tidas durante o nazismo.
exercício dos direitos civis e políticos. R: D. Com a Declaração Universal dos Direitos Huma-
e) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- nos de 1948 se iniciou um processo de internacionalização
dência dos direitos humanos, conferindo primazia aos di- dos direitos humanos porque ela foi o primeiro documento
reitos econômicos, sociais e culturais, como condição ao internacional a abordar os direitos humanos, discriminan-
exercício dos direitos civis e políticos. do-os expressamente. Ocorre que com a crescente posi-
R: B. A declaração Universal dos Direitos Humanos de tivação do Direito pelo Estado que se fez presente antes
1948 reconhece todos os direitos humanos, sejam eles da e durante as grandes guerras, ele se tornou um simples
primeira, da segunda ou da terceira dimensão, como es- instrumento de gestão e comando da sociedade, ou seja,
senciais à dignidade humana. Logo, não há primazia entre deixou de ser algo dado pela razão comum, gerando uma
eles. No mais, de fato, direitos humanos são dotados de mutabilidade no tempo e um particularismo no espaço: o
universalidade (valem para todos seres humanos, garantin- lícito e o ilícito passou a ser basicamente o que cada Esta-
do impõe como tal, não o consolidado pelo direito natu-
do-se um sistema global), indivisibilidade (compõem um
ral. O mundo somente tomou conhecimento da extensão
único conjunto de direitos porque não podem ser analisa-
da tirania alemã quando os exércitos Aliados abriram os
dos de maneira isolada, separada) e interdependência (as
campos de concentração na Alemanha e nos países por ela
dimensões de direitos humanos apresentam uma relação
ocupados, encontrando prisioneiros famintos, doentes e
orgânica entre si, logo, a dignidade da pessoa humana
brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, polo-
deve ser buscada por meio da implementação mais eficaz
neses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich
e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais,
em geral, que foram perseguidos, torturados e mortos. No
econômicos e de solidariedade como um todo único e in- Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a julga-
dissolúvel). mento os principais líderes nazistas, o principal argumen-
to levantado foi o de que todas as ações praticadas foram
6. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário baseadas em ordens superiores, todas dotadas de validade
A respeito da internacionalização dos direitos huma- jurídica perante a Constituição. Percebeu-se a necessidade
nos, assinale a alternativa correta.  de impedir que isto ocorresse novamente e, para tanto, os
a) Já antes do fim da II Guerra Mundial ocorreu a inter- direitos naturais ora consagrados desde o início da história
nacionalização dos direitos humanos, com a limitação dos foram positivados, num movimento de laicização e siste-
poderes do Estado a fim de garantir o respeito integral aos matização do Direito característico do mundo moderno,
direitos fundamentais da pessoa humana. formando uma ponte involuntária entre o jusnaturalismo e
b) A limitação do poder, quando previsto na Consti- o positivismo jurídico.
tuição, garante por si só o respeito aos direitos humanos.
c) A criação de normas de proteção internacional no 8. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Juiz) Sobre os tratados in-
âmbito dos direitos humanos possibilita a responsabiliza- ternacionais, assinale a alternativa correta.
ção do Estado quando as normas nacionais forem omissas. a) Podem ser celebrados pelo Presidente da República
d) A internacionalização dos direitos humanos impõe ou pelo Presidente do Senado.
que o Estado, e não o indivíduo, seja sujeito de direito in- b) Celebrados pela autoridade competente, precisam
ternacional. ser referendados pelo Congresso Nacional.
R: C. As normas de proteção de direitos humanos são c) Nas hipóteses de grave violação de direitos huma-
dotadas de universalidade, de forma que valem para todos nos, o Procurador Geral da República, com a finalidade de
os indivíduos do mundo, independentemente do território assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
em que se encontrem. Assim, funcionam como limitadoras tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
da soberania estatal, posto que o Estado não pode fazer o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Supremo Tribu-
que bem entender contra os direitos humanos e ficar im- nal Federal, em qualquer fase do inquérito ou pro- cesso,
pune. Para tanto, inúmeros mecanismos se encontram pre- incidente de deslocamento de competência para a Justiça
vistos internacionalmente. Federal.

32
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

d) Os tratados e convenções internacionais sobre di- ramericana de Direitos Humanos; d está incorreta porque
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do não existe uma relação hierárquica entre os sistemas em
Congresso Nacional, em dois turnos, por maioria simples questão, além do que há exceções sobre o esgotamento
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às de recursos no âmbito interno. Somente resta a alternativa
emendas constitucionais. c, que está correta, uma vez que a Declaração Universal
e) Compete exclusivamente ao Senado Federal resolver dos Direitos Humanos de 1948 foi o primeiro documento
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacio- internacional relevante a abordar os direitos humanos que
nais que acarretem encargos ou compromissos gravosos deveriam ser garantidos a todas as pessoas do planeta.
ao patrimônio nacional.
R: B. A primeira fase do chamado processo de elabo- 10. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário
ração dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à Com relação aos chamados “direitos econômicos, so-
União “manter relações com Estados estrangeiros e partici- ciais e culturais”, é correto afirmar que 
par de organizações internacionais”, nos termos do artigo a) são direitos humanos de segunda geração, o que
21, I da Constituição Federal. O único agente nas relações significa que não são juridicamente exigíveis, diferente-
internacionais com competência exclusiva é o Presidente
mente do que ocorre com os direitos civis e políticos.
da República, que manterá as relações com o respectivo
b) são previstos, no âmbito do sistema interamericano,
Estado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos
no texto original da Convenção Americana sobre Direitos
internacionais, que precisam apenas do referendo do Con-
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
gresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da
Constituição Federal. O momento seguinte é o da assina- c) formam, juntamente com os direitos civis e políticos,
tura do tratado por esta autoridade competente. Contudo, um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os
a exigibilidade dos tratados depende de atos posteriores. quais não há qualquer relação hierárquica.
A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é d) incluem o direito à participação no processo eleito-
indispensável para a conclusão de um tratado no ordena- ral, à educação, à alimentação e à previdência social.
mento jurídico brasileiro, já que muito embora a compe- Parte inferior do formulário
tência seja exclusiva do Presidente da República, cabe ao R: C. A única coisa que distingue os direitos civis e po-
Congresso Nacional, por meio de um decreto legislativo, líticos dos direitos econômicos, sociais e culturais é que os
autorizar a ratificação do ato internacional. Nos termos do primeiros, pertencentes à 1ª dimensão de direitos huma-
artigo 49, I da Constituição Federal “é da competência ex- nos, exigem do Estado apenas uma postura passiva, de não
clusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente intervenção, enquanto que o seu exercício se dá direta-
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acar- mente pelos indivíduos com maior facilidade; já os segun-
retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio dos, componentes da 2ª dimensão, exigem do Estado uma
nacional”. postura ativa, ou seja, a elaboração de políticas públicas
para a efetivação destes direitos. Por isso, são disciplinados
9. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Con- internacionalmente em dois Pactos. No entanto, como a
siderando a evolução histórica, os marcos jurídicos fun- Declaração Universal dos Direitos Humanos confere a am-
damentais e a estrutura normativa dos Direitos Humanos, bos a mesma essencialidade para a dignidade humana é
pode-se afirmar que possível afirmar que não existe entre eles nenhuma relação
a) a globalização dos direitos humanos forçou os Es- hierárquica.
tados a escolherem entre um sistema global e um regional
de proteção a esses direitos, uma vez que ambos sistemas 11. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário
não podiam coexistir. Em 2010, o Congresso Nacional aprovou por Decreto
b) os indivíduos passaram a ser sujeitos de direito in- Legislativo a Convenção Internacional sobre os Direitos das
ternacional, mas, por razões de soberania, ainda dependem
Pessoas com Deficiência. Essa convenção já foi aprovada na
dos Estados para acionar os mecanismos de proteção dos
forma do artigo 5º, § 3º, da Constituição, sendo sua hierar-
direitos humanos.
quia normativa de 
c) a Declaração Universal dos Direitos Humanos in-
a) lei federal ordinária.
troduziu internacionalmente a concepção contemporânea
desses direitos. b) emenda constitucional.
d) a vítima de uma lesão dos direitos humanos deverá c) lei complementar.
acionar em sua proteção, nessa ordem, o sistema jurídico d) status supralegal.
nacional, depois o regional e, por último, o global, em ra- Parte inferior do formulário
zão da hierarquia da estrutura normativa de proteção. R: B. O caráter é de emenda constitucional por causa
R: C. A alternativa a está incorreta porque os sistemas do artigo 5°, §3°, CF: “os tratados e convenções interna-
regionais (interamericano, europeu, africano...) coexistem cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
com o global (Organização das Nações Unidas, notada- cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
mente); b está incorreta porque existem meios de acesso quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
direto a mecanismos internacionais de proteção de direitos lentes às emendas constitucionais”.
humanos, por exemplo, representação à Comissão Inte-

33
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

12. (CESPE - 2011 - TRF 3ª Região - Juiz Federal) Parte 14. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte
superior do formulário superior do formulário
Conforme a jurisprudência do STF, tratados de direi- A proteção internacional dos direitos humanos é um
tos humanos anteriores à Emenda Constitucional nº 45/03 conjunto de normas jurídicas que garante o respeito à dig-
possuem, no direito brasileiro, status hierárquico nidade de todas as pessoas. Com relação ao sistema e à
a) supraconstitucional. natureza de proteção internacional contra as violações de
b) constitucional originário. direitos humanos, assinale a opção correta
c) constitucional derivado. a) Os tratados institutivos de garantias de direitos hu-
d) supralegal. manos fundamentam-se na noção contratualista, que su-
e) legal. pera o princípio da reciprocidade e é comum aos direitos
Parte inferior do formulário dos tratados.
R: D. O Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05 de b) A natureza diplomática da proteção internacional
dezembro de 2008 que é ilegal a prisão civil do depositário dos direitos humanos atribui aos Estados o dever de pro-
infiel, utilizando-se da tese de que os tratados de direitos teger tanto os nacionais quanto os estrangeiros que se en-
humanos têm status supralegal, ou seja, encontram-se aci- contrem em território pátrio, do que se depreende que a
ma das leis ordinárias, porém abaixo da Constituição Fe- nacionalidade tem especial importância nesse contexto.
deral. Neste sentido, a súmula vinculante n° 25 e Habeas c) A natureza do sistema de proteção internacional dos
Corpus n° 87.585-8/TO. direitos humanos é de domínio reservado do Estado nos
limites de sua soberania, possibilitando a responsabilização
13. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte internacional do Estado quando as instituições nacionais
superior do formulário
forem omissas na tarefa de proteger os direitos humanos.
Acerca da afirmação histórica dos direitos humanos,
d) A natureza sinalagmática dos tratados internacionais
assinale a opção correta.
impõe obrigações estatais efetivas para a proteção dos in-
a) A Magna Carta, de 1215, instituiu a separação dos
divíduos e de seus direitos diante de outro Estado contra-
poderes ao declarar que o funcionamento do parlamento,
tante.
um órgão que visa defender os súditos perante o rei, não
e) O regime objetivo das normas internacionais de di-
pode estar sujeito ao arbítrio deste.
reitos humanos refere-se às várias obrigações dos Estados
b) Os sistemas das minorias e de mandatos, criados no
com os indivíduos que estão sob sua jurisdição, indepen-
âmbito das Nações Unidas, garantiam que os habitantes
dentemente da nacionalidade da pessoa.
pertencentes às minorias de determinados países europeus
Parte inferior do formulário
enviassem petições ao Comitê de Minorias.
c) A Declaração de Filadélfia é considerada a primeira R: E. Uma característica do sistema internacional de
carta política a atribuir aos direitos trabalhistas o estatuto proteção de direitos humanos é a universalidade, pela qual
de direito fundamental, juntamente com as liberdades in- todos os seres humanos possuem exatamente os mesmos
dividuais e os direitos políticos. direitos inerentes à dignidade em todo lugar do planeta,
d) A importância histórica do habeas corpus, de 1679, independente de sua nacionalidade, consoante a um Siste-
consiste no fato de que essa garantia judicial, instituída na ma Global de Proteção dos Direitos Humanos. Neste senti-
Inglaterra para proteger a liberdade de locomoção, serviu do, o preâmbulo traz uma fórmula genérica e o artigo XVIII
de modelo para a criação de outras formas de proteção frisa: “toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
das liberdades fundamentais, como o juicio de amparo, na nacional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na
América Latina. presente Declaração possam ser plenamente realizados”.
e) A Constituição de Weimar foi o primeiro documen-
to a afirmar os princípios democráticos na história política
moderna. 15. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte
R: D. Embora o Habeas Corpus já existisse na Inglaterra, superior do formulário
notadamente tendo como marco a Magna Carta de 1215, Com relação à proteção dos direitos humanos e à sua
somente em 1679 foi promulgada a Lei do Habeas Corpus, constitucionalização, assinale a opção correta.
delineando os direitos inerentes a esta garantia e tornan- a) A CF distingue cidadania de nacionalidade, referin-
do-a mais eficaz. O diploma inglês serviu de parâmetro do-se esta à possibilidade de a pessoa ser titular de direitos
para legislações em todo mundo, inclusive servindo de pa- políticos e aquela, ao vínculo entre pessoa e Estado.
râmetro para criação de outras garantias semelhantes. No b) Na CF, assim como na Constituição de 1946, o prin-
México, a juicio de amparo visa proteger garantias consti- cípio da prevalência de direitos humanos é estabelecido
tucionais em geral, não somente inerentes à liberdade. No como princípio fundamental a reger o Estado nas suas re-
Brasil, o mandado de segurança é uma garantia inspirada lações internacionais.
no Habeas Corpus. c) Os direitos fundamentais, restritos, na CF, exclusi-
vamente aos direitos individuais, são cláusulas pétreas, ou
seja, não podem ser alterados por emenda constitucional.

34
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

d) Os direitos fundamentais podem ser restringidos a) A referida convenção não pode funcionar como base
tanto por expressa disposição constitucional quanto por legal para a extradição, quando permitida, de pessoa acu-
norma infraconstitucional com fundamento na CF. sada de tortura.
e) A titularidade de direitos fundamentais é atribuída b) O Comitê contra a Tortura deve ser composto por
aos estrangeiros residentes no país, mas não aos estran- pessoas de reputação ilibada indicadas pelos Estados-par-
geiros não residentes. tes e aprovadas pelo secretário-geral da ONU.
Parte inferior do formulário c) Essa convenção não estabelece garantias para o acu-
R: D. Nenhum direito fundamental é ilimitado, corres- sado da prática de tortura.
pondendo a cada direito conferido um dever. Por isso, na d) O referido acordo internacional define a tortura
aplicação da lei é continuamente feito um raciocínio de como qualquer ato por meio do qual dores ou sofrimentos
ponderação e equilíbrio, estabelecendo limitações tanto na agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
própria Constituição quanto na legislação infraconstitucio- a uma pessoa a fim de castigá-la por ato que ela tenha co-
nal (pois a Constituição não daria conta de sozinha trazer metido, mesmo que tais dores ou sofrimentos sejam con-
todas limitações), que deve ser compatível com o texto sequência unicamente de sanções legítimas.
constitucional.
e) Quando o Estado-parte reconhecer a competência
do Comitê contra a Tortura para receber e processar peti-
16. (Defensoria/ MT - 2009 - FCC) - A violação à digni-
ções individuais, devem ser sempre consideradas inadmis-
dade dos presos é um grave problema nacional. A exem-
plo disso, a superpopulação carcerária no Estado do Mato síveis as petições apócrifas.
Grosso era de 91,4% em 2007 (DEPEN, 2008). Em face do R: E. Todas as petições recebidas pelo Comitê devem
que dispõe os tratados internacionais de direitos humanos ser fidedignas e indicar de forma fundamentada porque
referidos no Edital do presente concurso, considere as afir- o Estado teria cometido tortura. Neste sentido, petições
mações abaixo: apócrifas são aquelas que não possuem legitimidade, não
I. É um direito do condenado criminalmente dispor de podendo ser aceitas.
cela individual, com área mínima de seis metros quadrados;
II. O condenado criminalmente não pode ser obrigado 18. (PGE/AC - Procurador - FMP-RS/2014) A Convenção
à realização de trabalhos na prisão; sobre os direitos das pessoas com deficiência foi incorpo-
III. As pessoas privadas de liberdade devem ter por fi- rada no ordenamento brasileiro com hierarquia supralegal,
nalidade essencial a reabilitação social e moral dos conde- mas infraconstitucional. Em relação à afirmativa, assinale a
nados; alternativa verdadeira.
IV. O isolamento celular máximo, como medidas puni- A) A afirmativa está correta.
tiva, não pode ultrapassar trinta dias; B) A afirmativa está parcialmente correta, pois não exis-
Diante dessas afirmações é correto afirmar que: te hierarquia supralegal.
a) apenas a II e III são verdadeiras; C) A afirmativa está incorreta.
b) apenas I e III são verdadeiras;
D) Nenhuma das alternativas anteriores.
c) apenas II e III são falsas;
R: C. A Convenção Internacional sobre os Direitos das
d) I, II e IV são falsas;
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo des-
e) I, II e III são verdadeiras.
R: D. O item I está incorreto porque embora o artigo ponta como o mais relevante tratado internacional na ma-
10 das regras mínimas para o tratamento dos presos trate téria em estudo que foi ratificado pelo Brasil, isto porque
das acomodações destinadas aos reclusos, especialmente possui o status de emenda constitucional, já que foi apro-
dormitórios, as quais devem satisfazer todas as exigências vado nos moldes do artigo 5º, §3º, CF.
de higiene e saúde, tornando-se devidamente em consi-
deração as condições climatéricas e especialmente a cubi- 19. (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) As
cagem de ar disponível, o espaço mínimo, a iluminação, o penas que poderão ser fixadas pelo Tribunal Penal Interna-
aquecimento e a ventilação, bem como façam previsão no cional (Estatuto de Roma, 1998) são
artigo 9º de celas individuais para descanso, sabe-se que a) expatriação, prisão até 30 anos ou perpétua e perda
são recomendações aos Estados que devem progressiva- dos produtos, bens e haveres provenientes do crime.
mente ser atingidas, não um direito do preso. O item II está b) prisão, no mínimo de 3 anos e, no máximo, perpé-
incorreto porque as regras mínimas reconhecem a obriga- tua, multa, ou perda de produtos e bens provenientes do
toriedade do trabalho no artigo 71. O item IV está incorreto crime, ainda que de forma indireta.
porque embora no artigo 32 as regras mínimas critiquem c) advertência, prisão, de 3 anos a 30 anos e a perda
tal prática, não estabelece limites temporais. dos produtos, bens e haveres provenientes do crime
d) prisão até 30 anos ou perpétua, multa e perda dos
17. (CESPE - 2013 - DPE-TO - Defensor Público) Assi-
produtos, bens e haveres provenientes do crime
nale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura
e) expatriação, prisão de 3 a 30 anos ou perpétua e
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou De-
perda dos produtos, bens e haveres decorrentes do crime
gradantes.

35
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

R: D. O artigo 77 do Estatuto de Roma traz as penas R: B. Prevê o art. 21 do Pacto Internacional dos Direitos
aplicáveis aos seus condenados, com o seguinte teor: “Ar- Civis e Políticos: “Direito de reunião pacífica será reconhe-
tigo 77. Penas Aplicáveis. 1. Sem prejuízo do disposto no cido. O exercício desse direito estará sujeito apenas às res-
artigo 110, o Tribunal pode impor à pessoa condenada por trições previstas em lei e que se façam necessárias, em um
um dos crimes previstos no artigo 5o do presente Esta- sociedade democrática, no interesse da segurança nacio-
tuto uma das seguintes penas: a) Pena de prisão por um nal, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a
número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 saúde públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas”.
anos; ou b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de
ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o 22. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)
justificarem, 2. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá Assinale a alternativa que contempla a afirmativa que está
em consonância com o disposto no Pacto Internacional dos
aplicar: a) Uma multa, de acordo com os critérios previstos
Direitos Civis e Políticos:
no Regulamento Processual; b) A perda de produtos, bens
a) ninguém poderá ser privado do direito de entrar em
e haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime, seu próprio país, exceto se estiver sendo formalmente acu-
sem prejuízo dos direitos de terceiros que tenham agido sado de terrorismo.
de boa fé”. b) não haverá penas restritivas de direitos.
c) toda pessoa que for presa e possuir diploma de cur-
20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia) Prevê so superior terá direito a cela especial e separada dos de-
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos que nin- mais presos.
guém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados d) se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a
ou obrigatórios: imposição de pena mais leve, o delinquente não poderá
a) mesmo em casos de emergência ou de calamidade dela beneficiar-se.
que ameacem o bem-estar da comunidade. e) ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos
b) não sendo o serviço militar considerado trabalho forçados ou obrigatórios.
forçado ou obrigatório, podendo os países prever a isenção R: E. Pelo art. 8º, 3, “a” do Pacto, “ninguém poderá ser
obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios”,
por motivo de consciência.
embora sejam a seguir enumeradas situações que não po-
c) restando proibido aos Estados-Partes legislar para dem ser consideradas trabalhos forçados ou obrigatórios e
que determinados crimes sejam punidos com prisão e tra- exceções nas quais eles são aceitos.
balhos forçados.
d) devendo ser previstos como crimes pelos Estados 23. (CESPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) Julgue
-Partes a servidão, a escravidão e o tráfico de escravos. o item que se segue, referente ao direito internacional dos
e) não podendo qualquer trabalho ou serviço ser con- direitos humanos e ao sistema interamericano de direitos
siderado como parte das obrigações cívicas normais. humanos: “Nos termos do Pacto Internacional de Direitos
R: B. O art. 8º do Pacto prevê em seu item 3, “c”, ii, que Civis e Políticos, a autodeterminação dos povos esgota-se
“[...] não serão considerados ‘trabalhos forçados ou obriga- na possibilidade de estabelecer livremente o seu estatuto
tórios’ [...] qualquer serviço de caráter militar e, nos países político”.
em que se admite a isenção por motivo de consciência, R: Errado. Preconiza o art. 1º, 1, do Pacto Internacional
qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles dos Direitos Civis e Políticos: “Todos os povos têm direito
à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam
que se oponha ao serviço militar por motivo de consciên-
livremente seu estatuto político e asseguram livremente
cia”.
seu desenvolvimento econômico, social e cultural”. Logo,
o direito à autodeterminação vai além do estabelecimen-
to do estatuto político próprio e envolve a capacidade de
21. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia) O autogestão e, consequentemente, de direcionamento das
direito de reunião pacífica é reconhecido pelo Pacto Inter- políticas econômicas, sociais e culturais.
nacional de Direitos Civis e Políticos que:
a) não poderá ser restringido por lei, ainda que em fun- 24. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) Segundo
ção de proteção à saúde ou à moral públicas. a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Pe-
b) permite que a lei preveja as restrições necessárias, nas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (ONU, 1984), para
em uma sociedade democrática, no interesse da segurança a caracterização da tortura é relevante:
nacional, da segurança ou da ordem pública. a) sua finalidade e irrelevante a intensidade do sofri-
c) condiciona o exercício desse direito à comunicação mento causado.
prévia e à autorização da autoridade competente. b) que seja praticada por funcionário público e irrele-
vante sua finalidade.
d) não impedirá que se submeta a restrições legais o
c) a finalidade do ato e irrelevante o local onde ocorre.
exercício desse direito por membros das forças armadas e d) que o sofrimento seja agudo e irrelevante a qualida-
da polícia. de de quem a pratica.
e) poderá ser restringido, no entanto, em períodos de e) o local onde ocorre e irrelevante a intensidade do
legalidade extraordinária ou de guerra externa. sofrimento causado.

36
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

R: C. O art. 1º, 1, da Convenção coloca que “‘tortura’


designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agu- ANOTAÇÕES
dos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a
uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa,
informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ___________________________________________________
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras ___________________________________________________
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discrimina-
___________________________________________________
ção de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimen-
tos são infligidos por um funcionário público ou outra pes- ___________________________________________________
soa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação,
ou com o seu consentimento ou aquiescência. [...]”. ___________________________________________________
Logo, são relevantes: a finalidade (alguma das descritas
no dispositivo retro - expressão “a fim de”), que seja prati- ___________________________________________________
cada por funcionário público ou com sua participação, e a ___________________________________________________
intensidade do sofrimento (se o sofrimento for mínimo não
se pode afirmar que houve tortura). Em relação ao local, é ___________________________________________________
irrelevante, tanto é que se fixa uma ampliação do conceito
de jurisdição no art. 7º da Convenção. ___________________________________________________

25. (UPENET - 2014 - PM-PE - Oficial da Polícia Mili- ___________________________________________________


tar) Considera-se a Convenção contra a tortura e outros ___________________________________________________
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes,
adotada pela Resolução nº 39/46, da Assembleia Geral das ___________________________________________________
Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1984: “Art. 4º. 1.
Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura ___________________________________________________
sejam considerados crimes nos termos da sua lei penal. O
___________________________________________________
mesmo aplicar-se-á à tentativa de infligir tortura e a todo
ato praticado por qualquer pessoa que constitua cumplici- ___________________________________________________
dade ou participação em tortura. 2. Cada Estado Parte pe-
nalizará adequadamente tais crimes, levando em conside- ___________________________________________________
ração sua gravidade”. Responda: Cada Estado Parte tomará
as medidas que sejam necessárias, de modo a estabelecer ___________________________________________________
sua jurisdição sobre os crimes previstos no artigo 4, nos ___________________________________________________
seguintes casos:
I. Quando os crimes tenham sido cometidos em qual- ___________________________________________________
quer território sob a sua jurisdição ou a bordo de um navio
ou de uma aeronave registrada no Estado em apreço. ___________________________________________________
II. Quando o suposto criminoso for nacional do Estado
em apreço. ___________________________________________________
III. Quando a vítima for cidadã do Estado em apreço, se ___________________________________________________
este o considerar apropriado.
Assinale a alternativa correta: ___________________________________________________
a) todas as afirmativas estão corretas.
b) apenas a afirmativa II está incorreta. ___________________________________________________
c) apenas as afirmativas I e III estão incorretas.
___________________________________________________
d) apenas as afirmativas II e III estão corretas.
e) todas as afirmativas estão incorretas ___________________________________________________
R: A. Os itens I, II e III estão corretos pelo mesmo fun-
damento, a saber, o art. 5º da Convenção: “1. Cada Estado ___________________________________________________
Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua
jurisdição sobre os crimes previstos no art. 4º nos seguin- ___________________________________________________
tes casos: a) quando os crimes tenham sido cometidos em ___________________________________________________
qualquer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio
ou aeronave registrada no Estado em questão; b) quan- ___________________________________________________
do o suposto autor for nacional do Estado em questão; c)
quando a vítima for nacional do Estado em questão e este ___________________________________________________
o considerar apropriado”.
___________________________________________________

37
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ANOTAÇÕES

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38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sistema operacional Windows 10. .................................................................................................................................................................... 01


Microsoft Office 2013: Word, Excel, Power Point e Microsoft Outlook. ............................................................................................. 10
Conceitos e tecnologias relacionados à Internet e a Correio Eletrônico. .......................................................................................... 72
Navegadores de Internet....................................................................................................................................................................................... 72
Conceitos básicos de segurança da informação.......................................................................................................................................109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Pro:
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 10. Assim como a  Home, essa versão também é destinada
para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. A versão
Pro difere-se do Home em relação à certas funcionalidades
que não estão presentes na versão mais básica. Essa é a ver-
WINDOWS 10 são recomendada para pequenas empresas, graças aos seus
recursos para segurança digital, suporte remoto, produtivida-
O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto é, de e uso de sistemas baseados na nuvem. Disponível gratui-
um conjunto de programas (software) que permite adminis- tamente para atualização (durante o primeiro ano de lança-
trar os recursos de um computador. mento) para clientes licenciados do Windows 7 e do Windows
É importante ter em conta que os sistemas operacionais 8.1. A versão para varejo ainda não teve seu preço revelado.
funcionam tanto nos computadores como em outros dispo-
sitivos eletrônicos que usam microprocessadores (Smartpho- Windows 10 Enterprise
nes, leitores de DVD, etc.). No caso do Windows, a sua versão Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 En-
padrão funciona com computadores embora também exis- terprise é voltado para o mercado corporativo. Os alvos des-
tam versões para smartphones (Windows Mobile). sa edição são as empresas de médio e grande porte, e o SO
A Microsoft domina comodamente o mercado dos siste- apresenta capacidades que focam especialmente em tecnolo-
mas operacionais, tendo em conta que o Windows está ins- gias desenvolvidas no campo da segurança digital e produti-
talado em mais de 90% dos computadores ligados à Internet vidade. A proteção dos dispositivos, aplicações e informações
em todo o mundo. sensíveis às empresas é o foco dessa variante.
Entre as suas principais aplicações (as quais podem ser A edição vai estar disponível através do programa de Li-
desinstaladas pelos usuários ou substituídas por outras se- cenciamento por Volume, facilitando a vida dos consumido-
melhantes sem que o sistema operacional deixe de funcio- res que têm acesso a essa ferramenta. O Windows Update
nar), destacaremos o navegador Internet Explorer (a partir do for Business também estará presente aqui, juntamente com o
Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor multimídia Windows Long Term Servicing Branch, como uma opção de distribuição
Media Player, o editor de imagens Paint e o processador de de updates de segurança para situações e ambientes críticos.
texto WordPad.
A principal novidade que o Windows trouxe desde as Windows 10 Education:
suas origens foi o seu atrativo visual e a sua facilidade de uti- Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a versão Edu-
lização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua inglesa como cation é destinada a atender as necessidades do meio edu-
“janelas”) deve-se precisamente à forma sob a qual o sistema cacional. Os funcionários, administradores, professores e es-
apresenta ao usuário os recursos do seu computador, o que tudantes poderão aproveitar os recursos desse sistema ope-
facilita as tarefas diárias. racional que terá seu método de distribuição baseado através
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo de in- da versão acadêmica de licenciamento de volume.
terface do usuário, exibindo a saída do sistema ou permitindo
a entrada de dados. Uma interface gráfica do usuário que use Windows 10 Mobile
janelas como uma de suas principais metáforas é chamada O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
sistema de janelas, como um gerenciador de janela. de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen, como
As janelas são geralmente apresentadas como objetos smartphones e tablets. Essa edição vai contar com os mesmos
bidimensionais e retangulares, organizados em uma área de apps incluídos na versão Home, além de uma versão do Offi-
trabalho. Normalmente um programa de computador assu- ce otimizada para o toque. O Continuum também vai marcar
me a forma de uma janela para facilitar a assimilação pelo presença nos dispositivos que forem compatíveis com a fun-
usuário. Entretanto, o programa pode ser apresentado em cionalidade.
mais de uma janela, ou até mesmo sem uma respectiva janela.
Windows 10 Mobile Enterprise:
Sobre as diferentes versões Projetado para smartphones e tablets do setor corpora-
O Windows apresenta diversas versões através dos anos tivo. Essa edição também estará disponível através do Licen-
e diferentes opções para o lar, empresa, dispositivos móveis e ciamento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
de acordo com a variação no processador. Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas para o
mercado corporativo.
Windows 10 Home
Edição do sistema operacional voltada para os consumi- Windows 10 IoT Core
dores domésticos que utilizam PCs (desktop e notebook), ta- Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft prome-
blets e os dispositivos “2 em 1”. O Windows 10 Home vai con- te que haverá edições para dispositivos como caixas eletrô-
tar com a maioria das funcionalidades já apresentadas: Cor- nicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendi-
tana como assistente pessoal, navegador Microsoft Edge, o mento para o varejo e robôs industriais – todas baseadas no
recurso Continuum para os aparelhos compatíveis, Windows Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise. O
Hello (reconhecimento facial, de íris e de digitais para auten- Windows 10 IoT Core – que contém em seu nome a sigla
ticação), stream de jogos do Xbox One e os apps universais, em inglês para Internet das Coisas – vai ser destinado para
como Photos, Maps, Mail, Calendar, Music e Video. dispositivos pequenos e de baixo custo.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 10 Microsoft Edge


Windows 10 é a mais recente versão do sistema operacional A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
da Microsoft. Multiplataforma, o download do software pode ser neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
instalado em PCs (via ISO ou Windows Update) e dispositivos substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão
móveis (Windows 10 mobile) como smartphones e tablets. A do Windows.
versão liberada para computadores (Windows 10 e Windows 10 O novo navegador foi desenvolvido como um app Uni-
Pro) une a interface clássica do Windows 7 com o design reno- versal e receberá novas atualizações através da Windows
vado do Windows 8 e 8.1, criando um ambiente versátil capaz de Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de
se adaptar a telas de todos os tamanhos e perfeito para uso com páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui supor-
teclado e mouse, como o tradicional desktop. te para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta me-
lhor a diferentes tamanhos de tela.
Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades: Com ele os usuários também poderão fazer anotações
em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
Menu Iniciar
tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue
O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava toda
na Web com você e assim encontre informações úteis que
a área do monitor. Muitos usuários não conseguiram se adaptar
muito bem e isto fez com que a Microsoft trouxesse o menu podem te ajudar.
Iniciar de volta no Windows 10.
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem fixar
tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos disponibili-
zados através da Windows Store. O menu também pode ser ex-
pandido automaticamente no modo Tablet para se comportar como
a tela inicial do Windows 8 e 8.1.

Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a


Cortana encontrará informações como horários de funcio-
namento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
durante a navegação.
Cortana
A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Microsoft Áreas de trabalho virtuais
no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela também estará O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das
presente nos PCs.
10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com
A Cortana permitirá que os usuários façam chamadas no
este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas de
Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem compro-
trabalho com programas específicos abertos em cada uma
missos agendados, definam lembretes, configurem o alarme,
tomem notas e muito mais. Infelizmente, sua disponibilidade no delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela do In-
lançamento do Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar ternet Explorer visível em uma área de trabalho enquanto
dependendo da região. trabalha no Word em outra.
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win-
dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk-
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta no
máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto que
no Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este modo
o usuário pode alternar facilmente entre o uso do híbrido
como tablet e como notebook, basicamente combinando
a simplicidade do tablet com a experiência de uso tradi-
cional.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Novos aplicativos Email e Calendário


Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma in-
terface melhorada e oferecem mais recursos do que as atuais
versões para Windows 8.1. No caso do aplicativo Email, ele
conta com um editor de texto mais rico baseado no app Uni-
versal do Word para Windows 10 e também permite que o
usuário utilize um plano de fundo personalizado para o app.

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavillion


x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10 pode
ser configurado para que entre no modo Tablet automati-
camente. Com isso não é necessário perder tempo mexen-
do nas configurações quando for necessário usar o híbrido
como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante  uma demonstração em abril, a Microsoft co- Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
nectou um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que
Bluetooth para usar o aparelho em um modo que oferece o usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/
mais produtividade. Com isso o smartphone basicamente se semana/mês mais facilmente.
transformou em um PC com área de trabalho e tudo.

Nova Windows Store


Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a nova
Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A Microsoft
também já confirmou que ela também oferecerá aplicativos
Win32 tradicionais.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Business”,
que oferecerá aplicativos para usuários finais e aplicativos pri-
vados voltados para ambientes corporativos e organizações.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto es-
pecífico de aplicativos que serão instalados nos computado-
res disponíveis para os alunos.

08 – Central de Ações Novo Painel de Controle moderno


A Central de Ações é a nova central de notificações do A última das 10 novidades no Windows 10 listadas neste
Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações artigo é o novo Painel de Controle moderno do sistema opera-
do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso rápido a cional. Ele oferece bem mais opções que a versão moderna pre-
recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação e VPN. sente no Windows 8.1, o que é uma boa notícia para os usuários.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows No topo da janela do Explorador de Arquivos há vários


que permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial, menus e controles úteis. Os controles avançar e voltar, repre-
você vai descobrir como usar esse recurso dentro do Win- sentados por uma seta para a frente ou para trás, podem levá
dows 10, a versão mais recente do sistema operacional, -lo de volta para a tela anterior ou seguinte.
vendo o que mudou e o que permaneceu o mesmo no Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do Ex-
mais novo sistema operacional da Microsoft. plorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa opção vai
levá-lo um nível acima. Vamos supor que você esteja na pasta
File Explorer - Explorando Arquivos no Windows 10 de Trabalho, dentro da pasta Documentos. Clicar nesse bo-
tão vai levá-lo à pasta Documentos, mesmo que não estivesse
nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite nele
para procurar arquivos em qualquer lugar do seu computador
ou dentro das pastas que você estiver explorando.

Comece abrindo o Explorador de Arquivos  através do


atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone de
pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Windows 10. A
janela que vai se abrir é dividida em duas áreas. A área da es-
querda permite navegar entre várias pastas, como downloads,
fotos ou músicas do seu sistema operacional. A pasta Docu-
mentos é onde a maioria dos seus arquivos estará gravado.
Você irá notar que alguns comandos mudam, dependen-
do do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você abre
a pasta Música, o menu se adapta para trazer as opções de
reproduzir um arquivo ou reproduzir todos.
Na barra de endereços também há atalhos para mudar de
uma pasta para outras. Na frente de cada “passo” do endereço
você poderá ver uma setinha. Clique nela para abrir um menu
suspenso com outras pastas que você pode abrir diretamente.

Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo


nome do Meu Computador. Então, uma lista de subpastas
vai se abrir. Selecione Documentos. Para selecionar qual-
quer pasta na área de navegação, basta clicar uma vez. Para
abrir pastas e arquivos na área principal, clique duas vezes.

Você pode controlar a maneira como os ícones são exibi-


dos na área principal do Explorador de Arquivos. Essa opção
fica no menu Exibir. As formas de visualização incluem ícones
extra-grandes, grandes, médios, pequenos, lista, conteúdos e
detalhes. Basta colocar o mouse sobre cada uma para ver um
preview.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde ficam os documentos?


Qualquer coisa que exista no seu computador está ar-
mazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. Em
cima de tudo, estão os dispositivos que são, basicamente,
qualquer peça física passível de armazenar alguma coisa.
Os principais dispositivos são o disco rígido; CD; DVD; car-
tões de memória e pendrives.
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dispo-
nível limitada, que pode ser dividida em pedaços chama-
dos  partições. Assim, cada uma destas divisões é exibida
como umaunidade diferente no sistema. Para que a ideia
fique clara, o HD é um armário e aspartições são as gave-
tas: não aumentam o tamanho do armário, mas permitem
guardar coisas de forma independente e/ou organizada.
A visualização em detalhes permite enxergar facilmen- Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, con-
te diversas informações sobre os arquivos e partas – por tém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter
exemplo, data de modificação, tipo de arquivo, tamanho mais arquivos... e assim, sucessivamente. A organização de
e outros. tudo isso é assim:
Quando estiver usando a visualização em detalhes,
você pode personalizar as informações que são exibidas.
Clique com o botão direito sobre uma coluna para exibir
um menu suspenso com diversas opções de dados; para
acrescentar ou retirar um, clique sobre ele. A opção “More”,
no final da lista, traz centenas de outros metadados. É claro
que alguns podem não estar disponíveis, dependendo do
tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhendo
qual vai ser o critério de organização; por exemplo, data
de criação. Então, clique sobre o título da coluna de dados
correspondente, e todos os itens serão organizados. Ao
lado do título da coluna surgirá uma seta: se ela apontar
para cima, a organização será crescente, e se apontar para
baixo, será decrescente.
Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de pre-
visualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direi-
ta do Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos
antes de abri-los. Essa opção funciona principalmente para
imagens ou arquivos em PDF.
A opção Painel de Visualização permite ver apenas
uma miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Painel
de Detalhes inclui também muitas informações sobre os
arquivos. Clique em cima de alguns desses detalhes, como
autor ou artista, para editar as informações diretamente.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Dispositivos Você acessa cada uma destas unidades em “Este Com-


putador”, como na figura abaixo:

São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar


dados. Existem dezenas deles e os principais são:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está
e etc. particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma parti-
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que ção são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que um disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia. mostra a divisão de espaço entre três partições diferentes:
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar
vídeos e com um espaço disponível menor.
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de ar-
mazenamento.
Cartões de Memória:  como o próprio nome diz, são
pequenos cartões em que você grava dados e são prati-
camente iguais aos Pendrives. São muito usados em note-
books, câmeras digitais, celulares, MP3 players e ebooks.
Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um leitor insta-
lado na máquina. Os principais são os cartões SD, Memory
Stick, CF ou XD.
HD Externo ou Portátil:  são discos rígidos portáteis, 3. Pastas
As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di-
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (geral-
retórios - não contém informação propriamente dita e sim
mente) e têm uma grande capacidade de armazenamento.
arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organi-
Disquete:  se você ainda tem um deles, parabéns! O
zar tudo o que está dentro de cada unidade.
disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a
armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e de
curta durabilidade.

2. Unidades e Partições
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po-
dem variar de um computador para outro.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4. Arquivos Acessórios do Windows são aplicativos


Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos. Como pôde ver, computadores necessitam de Sistema
Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente. Operacional para funcionar. Porém, sem softwares aplicati-
Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, progra- vos de nada serviriam. Se você adquirisse um computador
mas, músicas e etc. com Windows, mas não adquirisse nenhum software apli-
Também há arquivos que não nos dizem muito como, cativo (processador de textos, planilha eletrônica, ....), seu
por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas computador seria totalmente inútil.
que são muito importantes porque fazem com que o Win- Assim, para que um consumidor não fique decepcio-
dows funcione. Neste caso, são como as peças do motor de nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu
um carro: elas estão lá para que o carango funcione bem. alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles não
são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Operacio-
nal Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi dado o
nome de Acessórios do Windows.

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do  Windows, clicando a se-
quência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você loca-
5. Atalhos lizará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador  Internet Explorer  é um exemplo. Além
dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista
de aplicativos.

O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de


abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim?
Um atalho não tem conteúdo algum e sua única função é
“chamar o arquivo” que realmente queremos e que está
armazenado em outro lugar.
Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa
se tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha
uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglo-
merado de atalhos.
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo
original fica intacto.
Principais Acessórios do Windows 10
6. Bibliotecas do Windows 7
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá- Existem outros, outros poderão ser lançados e incre-
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem ape- mentados, mas os relacionados a seguir são os mais po-
nas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas. pulares:
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\ - Assistência Rápida
Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi- - Bloco de Notas
blioteca de música. - Calculadora
- Ferramenta de Captura
- Internet Explorer
- Mapa de Caracteres
- Paint
- Windows Explorer
- WordPad

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vantagens dos Acessórios do Windows WordPad


Algumas pessoas desprezam esses programas por
acharem que são muito simples. Na verdade, trata-se de
preconceito por falta de capacitação adequada.
São fáceis de aprender
Rápidos para carregar
De excelente qualidade
Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, postits
e outros itens que você encontra numa mesa de escritório.
São encontrados em  quaisquer computadores com
Windows.

Bloco de Notas

Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto do


Write) é um editor de textos mais sofisticado. Podemos di-
zer, uma “miniatura do Word”, inclusive, com muitas com-
patibilidades.
É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu-
mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha
sido criado originalmente no Word.
Muitos concursos e exames de progressão  exigem  o
conhecimento do WordPad

Ferramenta de Captura

O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem


formatação (significa que você não poderá sublinhar, inse-
rir imagens e outros recursos).
Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tor-
nando-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em
chats, usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não dis-
ponibiliza um recurso para salvar).
Também funciona para editar programas de computa-
dor, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc.
Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni-
pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema-
mente útil.
Com a  Ferramenta de Captura  você copia e salva
qualquer parte da sua tela, transformando num arqui-
vo png ou jpg, por exemplo.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de transferência Questões comentadas


Área de transferência (conhecida popularmente como co-
piar e colar) é um recurso utilizado por um sistema operacional 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi-
para o armazenamento de pequenas quantidades de dados nale a opção correta.
para transferência entre documentos ou aplicativos, através das (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
operações de cortar, copiar e colar bastando apenas clicar com ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle, de
o botão direito do mouse e selecionar uma das opções. O uso modo a garantir a correta remoção dos arquivos relacionados
mais comum é como parte de uma interface gráfica, e geral- ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional.
mente é implementado como blocos temporários de memória (B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DELE-
que podem ser acessados pela maioria ou todos os programas TE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos diretó-
do ambiente. Implementações antigas armazenavam dados rios de programas instalados na máquina em uso.
como texto plano, sem meta informações como tipo de fon- (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um
te, estilo ou cor. As mais recentes implementações suportam computador, pois bastam o nome do usuário e a senha da má-
múltiplos formatos de dados, que variam entre RTF e HTML, quina para se ter acesso às contas dos demais usuários possi-
velmente cadastrados nessa máquina.
passando por uma variedade de formatos de imagens como
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios dispo-
bitmap e vetor até chegar a tipos mais complexos como plani-
níveis por meio da instalação do pacote Office, entre eles, cal-
lhas e registros de banco de dados.
culadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
Ctrl+C para copiar informação para a Área de Transferência
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão
Ctrl+X para cortar informação para a Área de Transferência Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windows,
Ctrl+V para colar informação da Área de Transferência dar saída no usuário correntemente em uso na máquina e, em
seguida, desligar o computador.
Integração do office 2016 com Windows 10
O Office 2016 é a primeira versão do programa desde o Comentários: Para desinstalar um programa de forma se-
lançamento do Windows 10, com alguns truques incorporados gura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover
a ele como o Windows Hello que é um acumulado de identi- programas
ficadores biométricos que podem ou não estar presentes na Resposta – Letra A
máquina, como leitores digitais e íris. O outro é o assistente
digital da Microsoft (Cortana), porem ainda não está disponível 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as infor-
no Brasil. mações estão contidas em arquivos de vários formatos, que
são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias
removíveis do computador, organizados em:
(A) telas.
(B) pastas.
(C) janelas.
(D) imagens.
(E) programas.

Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma bem cla-


ra a organização por meio de PASTAS, que nada mais são do que
compartimentos que ajudam a organizar os arquivos em endere-
ços específicos, como se fosse um sistema de armário e gavetas.
Resposta: Letra B
O Office 2016 (que também é compatível com as versões 7
3- Um item selecionado do Windows pode ser excluído
e 8 do Windows), está completamente otimizado para extrair o
permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se
máximo do Windows 10, criando uma solução ideal de produ-
simultaneamente as teclas
tividade. Uma das possibilidades está com o novo recurso Win- (A) Ctrl + Delete.
dows Hello, que facilita o processo de login no computador por (B) Shift + End.
meio de reconhecimento facial, da íris ou da impressão digital. (C) Shift + Delete.
Ele pode ser usado também para acessar o Office de forma (D) Ctrl + End.
segura e simples (mas exige uma câmera especial para isso). (E) Ctrl + X.
Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Office para
mobile contam com uma interface ótima para telas de toque e Comentário: Quando desejamos excluir permanentemente
são universais, o que os torna excelentes para o recurso Con- um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes para a lixeira,
tinuum do sistema operacional. A função permite que novos basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto com a tecla Delete.
smartphones com o sistema da Microsoft possam ser utiliza- O Windows exibirá uma mensagem do tipo “Você tem certeza
dos como PCs por meio de um dock específico para conectá-lo que deseja excluir permanentemente este arquivo?” ao invés de
a um monitor, permitindo a liberdade que o teclado e mouse “Você tem certeza que deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
proporcionam – mas ainda não foi oficialmente lançado. Resposta: C

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de


arquivos, sem que haja perda de informação? MICROSOFT OFFICE 2013: WORD, EXCEL,
(A) Compactação POWER POINT E MICROSOFT OUTLOOK.
(B) Deleção
(C) Criptografia
(D) Minimização MS OFFICE 2013
(E) Encolhimento adaptativo
O Microsoft Office é uma suíte de aplicativos para escritório que
Comentários: A compactação de arquivos é uma téc- contém programas como processador de texto, planilha de cálculo,
nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados banco de dados (Também conhecido como DB “Data Base”), apre-
podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem- sentação gráfica e gerenciador de tarefas, de e-mails e contatos.
plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar, O Word é o processador de texto do Microsoft Office, sendo
SolusZip, etc. o paradigma atual de WYSIWYG. Facilita a criação, o compartilha-
Resposta: A mento e a leitura de documentos. Desde a versão 2.0 (1992) já
se apresentava como um poderoso editor de textos que permi-
05- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- tia tarefas avançadas de automação de escritório. Com o passar
reta. do tempo, se desenvolveu rapidamente e, atualmente, é o editor
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- mais utilizado pelas grandes empresas e por outros usuários.
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o O Microsoft Excel faz parte do pacote Microsoft Office da Mi-
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão crosoft e atualmente é o programa de folha de cálculo mais po-
Iniciar do Windows. pular do mercado. As planilhas eletrônicas agilizam muito todas
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- as tarefas que envolvem cálculos e segundo estudos efetuados,
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de são os aplicativos mais utilizados nos escritórios do mundo inteiro.
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de O Microsoft PowerPoint é uma aplicação que permite o
Modos de Exibição. design de apresentações para empresas, apresentações esco-
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede lares..., sejam estas texto ou gráficas. Tem um vasto conjunto
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para de ferramentas, nomeadamente a inserção de som, imagens,
acesso direto a elas. efeitos automáticos e formatação de vários elementos.
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com MS WORD
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo. O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é conside-
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- rado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o cresci-
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de mento de ferramentas gratuitas como Google Docs e LibreOffice.
máquinas ligadas à Internet.
Interface
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui-
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu-
ras e Detalhes.
Resposta: B

Fonte:
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-no-
windows-10/
http://ziggi.uol.com.br/blog/windows-10-explorador-de
-arquivos-4671#ixzz4fZmKAUlx
https://www.ciabyte.com.br/faq/acessorios-windows.asp
https://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-ha-de-no-
vo-no-office-2016/51582

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de


títulos do documento ,
que como é um novo documento apresenta como título
“Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápi-
do, que permite acessar alguns comandos
mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode per-
sonalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha
para baixo) à direita dela.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou
outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma
tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bastando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local desejado pela
parte esquerda da janela.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o documento não
possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a partir da
versão 2007, os documentos são salvos na versão .DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder
salvar seu documento e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para
Documento do Word 97-2003.

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word


Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, observe também que ele mostra uma relação de documentos recen-
tes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será
necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha Salvar
Como.

Visualização do Documento
Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. An-
terior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
Leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do documento à
direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão fechar
no topo à direita da tela.
Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam
textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom
o Word apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.

Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar- A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-
gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré- ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
definidos, como também personalizá-las. será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.

Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos


Ao personalizar as margens, é possível alterar as mar- utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
gens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orien- e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho
tação da página, se retrato ou paisagem, configurar a fora e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o
de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é
mesma janela temos a guia Papel. o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa-
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
alimentação do papel. opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Colunas

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”, abre-
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente se a janela que vimos em Layout.
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto. Plano de Fundo da Página

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página,
localizado na Aba Design possui três botões para modificar
o documento.

Clique no botão Marca d’água.

Números de Linha
É bastante comum em documentos acrescentar nume-
ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Página Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado impor-


tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
Nesta janela podemos definir uma imagem como mar- por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for-
ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica- copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne-
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão
possível definir um texto como marca d’água. O segundo
Colar, escolher Colar Especial.
botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e
automaticamente ele muda a cor do texto.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de tex-
tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu Observe na imagem que ele traz o texto no formato
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor, HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
tamanho e tipo de fonte, etc. nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique
em OK.
Selecionando pelo Mouse
Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o Localizar e Substituir
cursor aponta para a direita. Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo. na opção Substituir.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado
e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir em
seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas de uma
única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escrita
em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão o
Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e se-
melhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA responsável
pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar
uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma letra
também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir
fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao
clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobres-
crito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús- em outro.


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos Formatação de parágrafos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para A principal regra da formatação de parágrafos é que
realçar o texto e o botão de cor do texto. independentemente de onde estiver o cursor a formatação
será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha
ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será
necessárioselecionar os parágrafos a serem formatados. A
formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Ini-
cio, e os recuos também na ABA Layout da Página.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-


res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte. da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

A janela fonte contém os principais comandos de for-


matação e permite que você possa observar as alterações
antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avan-
çado.
Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-
tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bordas no parágrafo.

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos As opções disponíveis são praticamente as mesmas
apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao disponíveis pelo grupo.
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas
Formatação de Parágrafos. réguas superiores.

Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo
parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Numeração.

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto


tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode observar que o Word automaticamente


adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Marcador.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-


selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você Podemos começar escolhendo uma definição de borda
poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada
importar, poderá utilizar uma imagem externa. uma das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se
pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da
Bordas e Sombreamento borda. A Guia Sombreamento permite atribuir um preen-
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso chimento de fundo ao texto selecionado. Você pode es-
texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará- colher uma cor base, e depois aplicar uma textura junto
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a dessa cor.
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão Cabeçalho e Rodapé
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma O Word sempre reserva uma parte das margens para o
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
e Sombreamento. rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.


Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeçalho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo


de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no
grupo Texto, temos o botão Data e Hora.
Alterar o brilho, contraste ou nitidez de uma imagem
Você pode ajustar o brilho relativo de uma imagem,
seu contraste (a diferença entre suas áreas mais escuras
e mais claras) e como nitidez ou desfocado aparece. Estes
são também denominados correções de imagem.

No sentido horário da parte superior esquerda: a ima-


Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. gem original, a imagem com aumento de suavização, con-
Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque traste e brilho.
a opção Atualizar automaticamente.
Aplicar correções a uma imagem
Inserindo Elementos Gráficos Clique na imagem cujo brilho deseja alterar.
O Word permite que se insira em seus documentos Em Ferramentas de Imagem, na guia Formatar, no gru-
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as po Ajustar, clique em Correções.
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemen-
to Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador. Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de cor-
A imagem será inserida no local onde estava seu cur- reções pode aparecer diferente.
sor.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pon- de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
tilhadas em sua volta, para mover a imagem de local, basta seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar -la e abrir a guia Formatar.
redimensionar a imagem, basta clicar em um dos peque- Siga um ou mais destes procedimentos:
nos quadrados em suas extremidades, que são chamados Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada.
por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção da As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita,
imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do mais suavização.
texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as
configurações de manipulação da imagem.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Minia- Grupo Ajustar na guia Formatar em Ferramentas de
turas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais brilho. Imagem
Miniaturas na parte superior mostram menos contraste e na Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
parte inferior, mais contraste. de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das mi- seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
niaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar na -la e abrir a guia Formatar.
opção desejada. Clique no efeito artístico desejado. Você pode mover
Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de cor- o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das imagens
reção de imagem e, em seguida, mova o controle deslizante em miniatura efeito e usar visualização dinâmica para ver
para nitidez, brilho ou contraste ou insira um número na caixa como sua imagem ficará com esse efeito aplicado, antes de
ao lado do controle deslizante. clicar no efeito desejado.
Para ajustar o efeito artístico, clique em Opções de
efeitos artísticos na parte inferior da lista de imagens em
miniatura. No painel Formatar imagem, você pode aplicar
uma variedade de efeitos adicionais, incluindo a sombra,
reflexo, brilho, bordas suaves e efeitos 3D.

Recolorir
Clique duas vezes na imagem que deseja recolorir.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Formatar e, no
grupo Ajustar, clique em Cor.

Compactar Imagem
A opção Compactar Imagens permite deixar sua ima-
gem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
opção o Word mostra a seguinte janela:
Clique na miniatura desejada. Você pode mover o pontei-
ro do mouse sobre qualquer efeito para ver como ficará sua
imagem com esse efeito aplicado antes de clicar no efeito de-
sejado.
Para usar cores adicionais, incluindo as cores de tema, co-
res da guia Padrão ou cores personalizadas, clique em Mais
Variações e, em seguida, clique em Mais Cores. O efeito de
Recoloração será aplicado usando a cor selecionada.

Aplicar um efeito artístico


Clique na imagem à qual deseja aplicar um efeito artístico.
Clique em Ferramentas de imagem > Formatar e clique
em Efeitos artísticos no grupo Ajustar.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode-se aplicar a compactação a imagem seleciona-


da, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a re-
solução da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a
imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alte-
rações feitas.
No grupo Organizar é possível definir a posição da
imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-


mensionar a imagem definindo Largura e Altura.
Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas

Através deste grupo é possível acrescentar bordas a


sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no Inserindo Elementos Gráficos
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para O Word permite que se insira em seus documentos
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas. opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima- ilustrações.
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.
SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.

WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa
no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no res-
pectivo balão.

Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação do
Word.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado


É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lembre-
se da senha para poder desativar esse recurso quando estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.)

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Revisar. DICA:  Antes de compartilhar a versão final do seu do-


Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
em Bloqueio de Controle. mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em pro-
priedades e outras informações que talvez você não que-
ria compartilhar amplamente. Para executar o Inspetor de
Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente
e para trás, na parte inferior da página.
Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na
caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.

Enquanto as alterações controladas estiverem bloquea-


das, você não poderá desativar o controle de alterações, Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações. o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con- para ampliá-lo.
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Con-
trole. O Word solicitará que você digite sua senha. Depois
que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alte-
rações continuará ativado, mas agora você poderá aceitar e
rejeitar alterações.
Escolha o número de cópias e qualquer outra opção
desejada e clique no botão Imprimir.
Desativar o controle de alterações
Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações, mas
todas as alterações já realizadas continuarão marcadas no
documento até que você as remova.
Remover alterações controladas

IMPORTANTE:  A única maneira de remover alterações


controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las.
Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão aju-
da a ver qual será a aparência do documento final, mas isso
apenas oculta temporariamente as alterações controladas.
As alterações não são excluídas e aparecerão novamente da
próxima vez em que o documento for aberto. Para excluir
permanentemente as alterações controladas, aceite-as ou
rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa


para a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique em Re-
visão  >  Excluir. Para excluir todos os comentários, clique
em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Documento.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimir páginas específicas Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você


No menu Arquivo, clique em Imprimir. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
das propriedades do documento ou alterações controladas se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
e comentários, clique na seta em  Configurações, ao lado somente ao que foi selecionado.
de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as
opções.

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-


tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.
Para imprimir somente determinadas páginas, siga um
destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, sele-
cione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último
número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada  e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exemplo,
3, 4-6).

Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações pron-
tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrado todos os estilos presentes no documento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem
três botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação
dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a
formatação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo
está disponível somente a este documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use as  Ferramentas de Tabela  para escolher diferen- Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
tes cores, estilos de tabela,  adicionar uma borda a uma automaticamente a largura das colunas com Automático
página ou remover bordas de uma tabela. Você pode até ou pode definir uma largura específica para todas as co-
mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma lunas.
coluna ou linha de números em uma tabela. Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria co-
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabe- lunas muito estreitas que são expandidas conforme você
la, o Word pode convertê-lo em uma tabela. adiciona conteúdo.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamen- Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
tos de largura personalizada tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as ao tamanho de seu documento. Se quiser que as tabelas
colunas, use o comando Inserir Tabela. criadas tenham uma aparência semelhante à da tabela que
você está criando, marque a caixa Lembrar dimensões para
novas tabelas.

Projetar sua própria tabela


Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e
linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica,
a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamen-
te a tabela que você deseja.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez


colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de
largura das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela. Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células
Defina o número de colunas e linhas. dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
teiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do
retângulo.

Na seção  Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que você
quer apagar.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em ver-
melho e os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão
sairá com as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte do texto.
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em qualquer parte do texto.
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não façam parte
do Word.
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que estejam da mesma forma no texto.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Índices Será mostrada uma janela de configuração de seu índi-


ce. Clique no botão Opções.
Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele
normalmente aparece no início de documentos. A princi-
pal regra é que todo parágrafo que faça parte de seu índi-
ce precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local onde
você precisa que fique seu índice e clique no botão Sumá-
rio, localizado na guia referência. Serão mostrados alguns
modelos de sumário, clique em Inserir Sumário.

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos


os estilos presentes no documento, então é nela que você
define quais estilos farão parte de seu índice. No exemplo
apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o nível 2 ao
Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão suas
entradas de índice clique em OK. Retorna-se a janela an-
terior, onde você pode definir qual será o preenchimento
entre as chamadas de índice e seu respectivo número de
página e na parte mais abaixo, você pode definir o Forma-
to de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. Ao
clicar em Ok, seu índice será criado.

Quando houver necessidade de atualizar o índice, bas-


ta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte
do índice e escolher Atualizar Campo.

Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Verificar Ortografia e gramatica


Na guia Revisão, no grupo Revisão de Texto, clique em Ortografia e Gramática.

Você pode acessar esse comando rapidamente, adicionando-o à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Para isso,
clique com o botão direito do mouse em Ortografia e Gramática e, em seguida, clique em Adicionar à Barra de Ferramentas
de Acesso Rápido, no menu de atalho.
Quando o programa encontra erros de ortografia, uma caixa de diálogo ou painel de tarefas é exibido mostrando a
primeira palavra incorreta encontrada pelo verificador ortográfico.
Depois que solucionar cada palavra incorreta, o programa sinalizará a próxima palavra incorreta para que você possa
decidir o que fazer.
Apenas no Outlook ou no Word, quando o programa conclui a sinalização de erros ortográficos, ele mostra os erros
gramaticais. Para cada erro, clique em uma opção na caixa de diálogo Ortografia e Gramática.

Como funciona a verificação ortográfica automática


Quando você verifica a ortografia automaticamente enquanto digita, por certo não vai precisar corrigir muitos erros or-
tográficos. O programa do Microsoft Office pode sinalizar as palavras com ortografia incorreta à medida que você trabalha,
para que você possa localizá-las facilmente, como no exemplo a seguir.

Clique com o botão direito do mouse em uma palavra escrita incorretamente para ver as sugestões de correção.

Dependendo do programa do Microsoft Office que você está usando, clique com o botão direito do mouse em uma
palavra para obter outras opções, como adicionar a palavra ao dicionário personalizado.
Como funciona a verificação gramatical automática (aplica-se somente ao Outlook e ao Word)
Após ativar a verificação gramatical automática, o Word e o Outlook sinalizam os possíveis erros gramaticais e estilís-
ticos à medida que você trabalha nos documentos do Word e em itens abertos do Outlook (exceto Anotações), conforme
mostrado no exemplo a seguir.

Clique com botão direito do mouse no erro para ver mais opções.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para


tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas
ele também funciona muito bem para cálculos simples e
para rastrear de quase todos os tipos de informações. A
chave para desbloquear todo esse potencial é a grade de
células. As células podem conter números, texto ou fórmu-
las. Você insere dados nas células e as agrupa em linhas e
colunas. Isso permite que você adicione seus dados, classi-
fique-os e filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos in-
críveis. Vejamos as etapas básicas para você começar.

Criar uma nova pasta de trabalho


Uma sugestão de correção pode ser exibida no menu Os documentos do Excel são chamados de pastas de
de atalho. Você pode também optar por ignorar o erro ou trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor-
clicar em Sobre esta sentença para ver por que o programa malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar
considera o texto um erro. quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode
criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se-
Proteger um documento com senha paradamente.
Ajude a proteger um documento confidencial contra Clique em Arquivo e em Novo.
edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é pos- Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco
sível evitar que um documento seja aberto.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu-
mento > Criptografar com Senha.

Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As cé-
lulas são referenciadas por sua localização na linha e na
coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira
linha da coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
guinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
clique em OK. má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
clique em OK. você deseja adicionar.
Observações :  Clique na guia  Página Inicial  e, em seguida, clique
Você sempre pode alterar ou remover sua senha. em AutoSoma no grupo Edição.
As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Veri-
fique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando digitar
uma senha pela primeira vez.
Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma senha
forte da qual se lembrará.
MS EXCEL1
A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na
1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel célula selecionada.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma fórmula simples Inserir dados em uma tabela


Somar números é uma das coisas que você poderá fazer, Um modo simples de acessar grande parte dos recur-
mas o Excel também pode executar outras operações mate- sos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso per-
máticas. Experimente algumas fórmulas simples para adicio- mite que você filtre ou classifique rapidamente os dados.
nar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores. Selecione os dados clicando na primeira célula e arras-
Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=). tar a última célula em seus dados.
Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fórmula. Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressionada
Digite uma combinação de números e operadores de cál- ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção
culos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de menos para selecionar os dados.
(-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação ou a barra Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
(/) para divisão. direito da seleção.
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Pressione Enter.
Isso executa o cálculo.
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você deseja
que o cursor permaneça na célula ativa).

Aplicar um formato de número


Para distinguir entre os diferentes tipos de números, adi-
cione um formato, como moeda, porcentagens ou datas.
Selecione as células que contêm números que você deseja
formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na seta
na caixa Geral.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-


Selecione um formato de número la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
tão Tabela.

Clique na seta   no cabeçalho da tabela de uma co-


luna.

Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-


lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você
deseja mostrar na tabela.

Caso você não veja o formato de número que está pro-


curando, clique em Mais Formatos de Número.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar totais para os números


As ferramentas de Análise Rápida permitem que você
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
Selecione as células que contêm os números que você
somar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão
para aplicar os totais.

Adicionar significado aos seus dados


A formatação condicional ou minigráficos podem des-
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
ção Dinâmica para experimentar.
Para classificar os dados, clique em  Classificar de A a Selecione os dados que você deseja examinar mais de-
Z ou Classificar de Z a A. talhadamente.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Explore as opções nas guias  Formatação  e  Minigráfi-
cos para ver como elas afetam os dados.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale-


ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média
e baixa.

Quando gostar da opção, clique nela.

Clique em OK.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar os dados em um gráfico Localizar ou substituir texto e números em uma plani-


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico cor- lha do Excel para Windows
reto para seus dados e fornece uma apresentação visual Localize e substitua textos e números usando curingas ou
com apenas alguns cliques. outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas, colu-
Selecione as células contendo os dados que você quer nas ou pastas de trabalho.
mostrar em um gráfico. Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Loca-
direito da seleção. lizar e Selecionar.
Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
dados e clique no que desejar.

Siga um destes procedimentos:


Para localizar texto ou números, clique em Localizar.
Para localizar e substituir texto ou números, clique
em Substituir.
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que você
deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e, em se-
OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta guida, clique em uma pesquisa recente na lista.
galeria, dependendo do que for recomendado para seus Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco (*)
dados. ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa:
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de caracte-
Salvar seu trabalho res. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.
Clique no botão  Salvar  na  Barra de Ferramentas de Use o ponto de interrogação para localizar um único ca-
Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S. ractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”.
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de interroga-
ção e caracteres de til (~) nos dados da planilha precedendo
-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para localizar
dados que contenham “?”, use ~? como critério de pesquisa.
Se você salvou seu trabalho antes, está pronto. Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e
Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo: siga um destes procedimentos:
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra- Para procurar dados em uma planilha ou em uma pasta
balho e navegue até uma pasta. de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha ou Pasta
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pas- de Trabalho.
ta de trabalho. Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na caixa Pes-
Clique em Salvar. quisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas.
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai-
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários.
Imprimir o seu trabalho
OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comentá-
Clique em  Arquivo  e, em seguida, clique em  Impri-
rios só estão disponíveis na guia Localizar, e somente Fórmu-
mir ou pressione Ctrl+P.
las está disponível na guia Substituir.
Visualize as páginas clicando nas setas  Próxima Pági- Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de mi-
na e Página Anterior. núsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiúsculas de
minúsculas.
Para procurar células que contenham apenas os carac-
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa de
seleção Coincidir conteúdo da célula inteira.
A janela de visualização exibe as páginas em preto e Se você deseja procurar texto ou números que também
branco ou colorida, dependendo das configurações de sua tenham uma formatação específica, clique em Formato e faça
impressora. as suas seleções na caixa de diálogo Localizar Formato.
Se você não gostar de como suas páginas serão im- DICA: Se você deseja localizar células que correspondam
pressas, você poderá mudar as margens da página ou adi- a uma formato específico, exclua qualquer critério da cai-
cionar quebras de página. xa Localizar e selecione a célula que contenha a formatação
Clique em Imprimir. que você deseja localizar. Clique na seta ao lado de Formato,
clique em Escolher formato da célula e, em seguida, clique na
célula que possui a formatação a ser pesquisada.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Siga um destes procedimentos: Definir uma coluna com uma largura específica
Para localizar texto ou números, clique em  Localizar
Tudo ou Localizar Próxima. Selecione as colunas a serem alteradas.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão matar.
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
em Localizar ou Localizar Tudo.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis- Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
ponível, clique na guia Substituir. Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em Clique em OK.
andamento pressionando ESC. DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor- coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna
rências dos caracteres encontrados, clique em  Substi- selecionada, clique em  Largura da Coluna, digite o valor
tuir ou Substituir tudo. desejado e clique em OK.
DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formatação Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
que você define. Se você pesquisar dados na planilha nova- mente ao conteúdo (AutoAjuste)
mente e não conseguir encontrar caracteres que você sabe Selecione as colunas a serem alteradas.
que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções de Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Loca- matar.
lizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois em Op-
ções  para exibir as opções de formatação. Clique na seta
ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.

Alterar a largura da coluna e a altura da linha


Em uma planilha, você pode especificar uma largura
de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o núme-
ro de caracteres que podem ser exibidos em uma célula
formatada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de Em  Tamanho da Célula, clique em  Ajustar Largura da
coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for Coluna Automaticamente.
definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma
409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1 rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele-
ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm). cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer
A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente limite entre dois títulos de coluna.
1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
(zero), a linha ficará oculta.
Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão
é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou
milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na
categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na
lista Unidades da Régua).

Fazer com que a largura da coluna corresponda à de


outra coluna
Selecione uma célula da coluna com a largura deseja-
da.
Pressione Ctrl+C ou, na guia  Página Inicial, no gru-
po Área de Transferência, clique em Copiar.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as colunas


desejadas e arraste um limite à direita do título de coluna sele-
cionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao con-
Clique com o botão direito do mouse na coluna de teúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas vezes no li-
destino, aponte paraColar Especial e clique no botão Man- mite à direita do título de coluna selecionado.
ter Largura da Coluna Original  Para alterar a largura de todas as colunas da planilha, clique
no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qualquer título de
Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma coluna.
planilha ou pasta de trabalho
O valor da largura de coluna padrão indica o número
médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma cé-
lula. É possível especificar outro valor de largura de coluna
padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de tra-
balho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma
guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas
as Planilhas no menu de atalhoTE000127572.
Definir uma linha com uma altura específica
Selecione as linhas a serem alteradas.

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em Formatar.
matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja e, em
seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Selecione as linhas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em Formatar.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.


Na caixa  Largura padrão da coluna, digite uma nova
medida e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas
as novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar
um modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo
como base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura da
Siga um destes procedimentos: Linha.
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
do lado direito do título da coluna até que ela fique do DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida todas
tamanho desejado. as linhas da planilha, clique no botão Selecionar Tudo e, em se-
guida, clique duas vezes no limite abaixo de um dos títulos de
linha.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar números como moeda


Você pode exibir um número com o símbolo de moe-
da padrão selecionando a célula ou o intervalo de célu-
las e clicando em  Formato de Número de Contabilização 

  no grupo  Número  da guia  Página Inicial. (Se desejar


aplicar o formato Moeda, selecione as células e pressione
Ctrl+Shift+$.)
Alterar outros aspectos de formatação
Selecione as células que você deseja formatar.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de
Diálogo ao lado deNúmero.

Alterar a altura das linhas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abaixo
do título da linha até que ela fique com a altura desejada.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir


a caixa de diálogoFormatar Células.
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego-
ria, clique em Moedaou Contábil.
Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas
desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de linha
selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, clique
no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de qual-
quer título de linha.

Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con- Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda dese-
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha. jado.
OBSERVAÇÃO:  Se desejar exibir um valor monetário
Formatar números como moeda no Excel sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Para exibir números como valores monetários, forma- Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de cimais desejadas para o número.
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. Por exemplo, para exibir  R$138.691  em vez de colo-
As opções de formatação de número estão disponíveis na car  R$ 138.690,63  na célula, insira  0  na caixa  Casas deci-
guia Página Inicial, no grupo Número. mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú-
mero na caixa  Amostra. Ela mostra como a alteração das
casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está disponível para o formato de número Contábil. O motivo disso é
que constitui prática contábil padrão mostrar números negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique em OK.
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso significará
que talvez a célula não seja suficientemente larga para exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique duas vezes
no limite direito da coluna que contém as células com o erro #####. Esse procedimento redimensiona automaticamente a
coluna para se ajustar ao número. Você também pode arrastar o limite direito até que as colunas fiquem com o tamanho
desejado.

Remover formatação de moeda


Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na caixa de listagem Geral.
As células formatadas com o formato Geral não têm um formato de número específico.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais
complexos e vários valores. Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exemplo, na fun-
ção: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a função o processo
passa a ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal
de igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma função depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos
podem ser números, textos, valores lógicos, referências, etc...

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:

Criar uma fórmula simples


Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fórmulas
simples sempre começam com um sinal de igual (=), seguido de constantes que são valores numéricos e operadores de
cálculo como os sinais de mais (+), menos (-), asterisco (*) ou barra (/).
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o pri-
meiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão das operações matemáticas, a multiplicação e executada antes da
adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos operadores que você deseja usar no cálculo.
Você pode inserir quantas constantes e operadores forem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula, você pode selecionar as células que contêm os valores que
deseja usar e inserir os operadores entre as células da seleção.
Pressione Enter.
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente (guia Página
Inicial, grupo Edição ).

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você também pode usar funções (como a função SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as referências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma fórmula
simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial especificado
‘=A2^A3 =A2^A3
em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2

Usar referências de célula em uma fórmula


Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa uma função, você pode fazer referência aos dados das células
de uma planilha incluindo referências de célula nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou seleciona
a referência de célula A2, a fórmula usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você também pode fazer referência
a um intervalo de células.
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Na barra de fórmulas  , digite = (sinal de igual).
Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local em
outra pasta de trabalho.
Ao selecionar um intervalo de células, você pode arrastar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou arrastar
o canto da borda para expandir a seleção.

1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadrados.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em uma borda codificada por cor, significa que a referência está
relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA :  Você também pode inserir uma referência a um intervalo ou célula nomeada.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos” (B2:B4)
e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o total de ativos dos três
departamentos no nome definido “Ativos”,
‘=SOMA(Ativos) =SOMA(Ativos)
que é definido como o intervalo de células
B2:B4. (385000)
‘=SOMA(Ativos)- Subtrai a soma do nome definido “Passivos” =SOMA(Ativos)-
SOMA(Passivos) da soma do nome definido “Ativos”. (293000) SOMA(Passivos)

Criar uma fórmula usando uma função


Você pode criar uma fórmula para calcular valores na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas  =SO-
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre
começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir Função  .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.

Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na cai-
xa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de
texto ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em 
 para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.
DICA :  Se você usar funções frequentemente, poderá inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar
o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da função

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pressionando F1.
Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas
que usam funções.

Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
Calcula a média de todos os números no intervalo
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
A1:B4

Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e trigonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mistura de todos os três.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SOMA(A2:A10)
= SOMA(A2:A10, C2:C10)

Nome do argumento Descrição


número1    (Obrigatório) O primeiro número que você deseja somar. O número pode ser como “4”, uma
referência de célula, como B6, ou um intervalo de células, como B2:B8.
número2-255    (Opcional) Este é o segundo número que você deseja adicionar. Você pode especificar até 255
números dessa forma.

Soma rápida com a barra de Status


Se você quiser obter rapidamente a soma de um intervalo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o in-
tervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel.

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula ou
várias células. Se você com o botão direito na barra de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out exibindo
todas as opções que você pode selecionar. Observe que ele também exibe valores para o intervalo selecionado se você tiver
esses atributos marcados. 

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando o Assistente de AutoSoma que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma quando terminar. Guia de função Intellisense: a soma (Nú-
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione mero1, [núm2]) flutuantes marca abaixo a função é o guia
uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo de Intellisense. Se você clicar no nome de função ou soma,
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula ele se transformará em um hiperlink azul, que o levará para
na faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assis- o tópico de ajuda para essa função. Se você clicar nos ele-
tente de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo mentos de função individual, as peças representantes na
para ser somados e criar a fórmula para você. Ele também fórmula serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria
pode trabalhar horizontalmente se você selecionar uma realçadas como há apenas uma referência numérica nesta
célula para a esquerda ou à direita do intervalo a serem fórmula. A marca de Intellisense será exibido para qualquer
somados. função.

Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente

Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os


intervalos contíguos de soma AutoSoma horizontalmente
A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que
você selecione outras funções comuns, como: Exemplo 4 – somar células não-contíguas
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções

Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele-
ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um
por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4,
o Excel seria gerar =SOMA(C2:C6) desde que ele reconheça
AutoSoma verticalmente um intervalo contíguo.
O Assistente de AutoSoma detectou automaticamente Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
células B2: B5 como o intervalo a serem somados. Tudo o não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
que você precisa fazer é pressione Enter para confirmá-la. (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
Se você precisar adicionar/excluir mais células, você pode tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
manter a tecla Shift > tecla de direção da sua escolha até você. Pressione enter quando terminar.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica:  você pode usar ALT + = para adicionar rapida- Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
mente a função soma para uma célula. Tudo o que você Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
precisa fazer é selecionar o intervalo (s). não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor-
Observação:  você pode perceber como o Excel tem narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e
realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles lhe dar a soma dos valores numéricos.
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3
é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as
funções, a menos que o intervalo referenciado esteja em
uma planilha diferente ou em outra pasta de trabalho. Para
acessibilidade aprimorada com tecnologia assistencial,
você pode usar intervalos nomeados, como “Semana1”,
“Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referência a eles, sua
fórmula:
=SOMA(Week1,Week2)
Práticas Recomendadas SOMA ignora valores de texto
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas #REF! Erro de excluir linhas ou colunas
para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23
Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor- Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não se-
retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células rão atualizados para excluir a linha excluída e retornará um
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você #REF! erro, onde uma função soma atualizará automatica-
pode formatar os valores quando eles estão nas células, mente.
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem em
uma fórmula.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas

#VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-


meros.
Se você usar um fórmula como:
= A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3 = Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar
linhas ou colunas
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será
atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma função
soma atualizará automaticamente (contanto que você não
estiver fora do intervalo referenciado na fórmula). Isso é es-
pecialmente importante se você esperar sua fórmula para
atualizar e não, como ele deixará incompletos resultados
que você não pode capturar.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célula
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla-
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a
célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa,
muito mais assim que apenas tentando construir uma fór-
mula que faz referência apenas uma única folha.
SOMA com referências de célula individuais versus in- i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1
tervalos Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
Usando uma fórmula como: soma 3 dimensionais:
=SOMA(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
=SOMA(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já soma-
dos. = SOMA(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês ( janeiro a dezembro) e
você precisa total-las em uma planilha de reSOMAo.

= SOMA(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.
Observação:  se suas planilhas tem espaços em seus
nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:
= SOMA(‘January Sales:December Sales’! A2)
= SOMA(A2:A14) *-25% SOMA com outras funções
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor mensal:
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte-
rados, assim:
= SOMA(A2:A14) * E2
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs-
titua a “*” com “/”: = SOMA(A2:A14)/E2
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
soma usando + ou - assim: =SOMA(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
= SOMA(A1:A10) + E2 Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
= SOMA(A1:A10)-E2 células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
branco).

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SE fosse?” Você sempre deve se certificar de que suas etapas


A função SE é uma das funções mais populares do Ex- sigam uma progressão lógica; caso contrário, sua fórmula
cel e permite que você faça comparações lógicas entre um não executará aquilo que você acha que ela deveria exe-
valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais simples, cutar. Isso é especialmente importante quando você cria
a função SE diz: instruções SE complexas (aninhadas).
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
faça outra coisa) Mais exemplos de SE
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados.
O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o
segundo se a comparação for Falsa.
Exemplos de SE simples

=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça-


mento”)
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen-
do  SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”,
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”)

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
mula retorna um 1 ou um 2)

= SE(C2>B2,C2-B2,0)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula
em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor or-
çado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário,
=SE(C2=1;”Sim”;”Não”) não retorne nada).
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada
para  avaliar erros. Você não está limitado a verificar ape-
nas se um valor é igual a outro e retornar um único resul-
tado; você também pode usar operadores matemáticos e
executar cálculos adicionais dependendo de seus critérios.
Também é possível aninhar várias funções SE juntas para
realizar várias comparações.
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”).
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel
reconhece automaticamente.

Introdução
A melhor maneira de começar a escrever uma instru-
ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar. =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes, Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se não

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Práticas Recomendadas - Constantes Exemplo de SE aninhada


No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de Im-
posto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na fór-
mula. Geralmente, não é recomendável colocar constantes
literais (valores que talvez precisem ser alterados ocasional-
mente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem ser difí-
ceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor colocar
constantes em suas próprias células, onde elas ficam fora das
constantes abertas e podem ser facilmente encontradas e al-
teradas. Nesse caso, tudo bem, pois há apenas uma função
SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas raramente será alterada.
Mesmo se isso acontecer, será fácil alterá-la na fórmula. Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois
Usar SE para verificar se uma célula está em branco resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran- SE podem ter de 3 a 64 resultados.
co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula =SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”))
exiba um resultado sem entrada. Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”).
CONT.SE
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para con-
tar o número de células que atendem a um critério; por
exemplo, para contar o número de vezes que uma cidade
específica aparece em uma lista de clientes.

Sintaxe
CONT.SE(intervalo, critério)
Por exemplo:
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
=CONT.SE(A2:A5,A4)
Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:
=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”) Nome do argumento Descrição
Que diz  SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
O grupo de células
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você tam-
que você deseja
bém poderia facilmente usar sua própria fórmula para a
contar. Intervalo pode
condição “Não está em branco”. No próximo exemplo
conter números, matrizes,
usamos “” em vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa intervalo    (obrigatório)
um intervalo nomeado ou
“nada”.
referências que contenham
números. Valores em branco
e texto são ignorados.
Um número, expressão,
referência de célula ou
cadeia de texto que
determina quais células
serão contadas.
Por exemplo, você pode usar
um número como 32, uma
critérios    (obrigatório)
comparação, como “> 32”,
uma célula como B4 ou uma
palavra como “maçãs”.
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) CONT.SE usa apenas um
Essa fórmula diz  SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, único critério. Use  CONT.
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um SES  se você quiser usar
exemplo de um método muito comum de usar “” para im- vários critérios.
pedir que uma fórmula calcule se uma célula dependente
está em branco:
=SE(D3=””;””;SuaFórmula())
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua
fórmula).

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função SOMASE
Você pode usar a função SOMASE para somar os valores em uma intervalo que atendem aos critérios que você especi-
ficar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que contém números, você quer somar apenas os valores que são maiores
do que 5. Você pode usar a seguinte fórmula: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argumentos:
intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser avaliada por critérios. Células em cada intervalo devem ser números
ou nomes, matrizes ou referências que contenham números. Valores em branco e texto são ignorados. O intervalo selecio-
nado pode conter datas no formato padrão do Excel (exemplos abaixo).
critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um número, expressão, referência de célula, texto ou função que define
quais células serão adicionadas. Por exemplo, os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”, “maçãs” ou HOJE().
IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve estar
entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéricos, as aspas duplas não serão necessárias.
intervalo_soma   Opcional. As células reais a serem adicionadas, se você quiser adicionar células diferentes das especi-
ficadas no argumento intervalo. Se o argumento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células especificadas no
argumento intervalo (as mesmas células às quais os critérios são aplicados).
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. O
ponto de interrogação corresponde a qualquer caractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de caracte-
res. Para localizar um ponto de interrogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.

Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com mais
de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VALOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais
adicionadas são determinadas pelo uso da célula na extremidade superior esquerda do argumentointervalo_soma como a
célula inicial e, em seguida, pela inclusão das células correspondentes em termos de tamanho e forma no argumento in-
tervalo. Por exemplo:

Se o intervalo for e intervalo_soma for Então, as células reais serão


A1:A5 B1:B5 B1:B5
A1:A5 B1:B3 B1:B5
A1:B4 C1:D4 C1:D4
A1:B4 C1:C2 C1:D4

Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de células,
o recálculo da planilha pode levar mais tempo do que o esperado.

MÁXIMO (Função MÁXIMO)


Descrição
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
Sintaxe
MÁXIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor máximo
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números nesta matriz ou referência serão usados. Células
vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÁXIMOA.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÁXIMO(A2:A6) Maior valor no intervalo A2:A6. 27
=MÁXIMO(A2:A6; 30) Maior valor no intervalo A2:A6 e o valor 30. 30

MÍNIMO (Função MÍNIMO)


Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.
Sintaxe
MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor MÍNIMO
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números daquela matriz ou referência poderão ser usados.
Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÍNIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÍNIMO(A2:A6) O menor dos números no intervalo A2:A6. 2
O menor dos números no intervalo A2:A6 e
=MIN(A2:A6;0) 0
0.

Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte fun-
ção =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mesclar células Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-


A mesclagem combina duas ou mais células para criar uma pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de criar um Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
rótulo que se estende por várias colunas. Por exemplo, aqui, as seus dados aparecem naquele formato.
células A1, B1 e C1 foram mescladas para criar o rótulo “Ven-
das Mensais” e descrever as informações nas linhas de 2 a 7.

Selecione duas ou mais células adjacentes que você de-


seja mesclar.

IMPORTANTE :  Verifique se os dados que você deseja


agrupar na célula mesclada estão contidos na célula superior
esquerda. Os dados nas outras células mescladas serão excluí-
dos. Para preservar os dados das outras células, copie-os em
outra parte da planilha antes de fazer a mesclagem.
DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,
Clique em Início > Mesclar e Centralizar.
clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
gráfico disponíveis.
Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, cli-
que nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
gráfico para adicionar elementos de gráfico como  títulos
de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência
do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.
Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, verifi-
que se você não está editando uma célula e se as células que
você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
DICA :  Para mesclar células sem centralizar, clique na seta
ao lado de  Mesclar e Centralizar  e clique em  Mesclar Atra-
vés ou Mesclar Células.
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que
foram mescladas.

Criar um gráfico no Excel para Windows


Use o comando  Gráficos Recomendados  na guia  Inse-
rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados.
Selecione os dados que você deseja incluir no seu gráfico.
Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICAS :  Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Use as opções nas guias Design e Formatar para perso- Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâ-
nalizar a aparência do gráfico. micas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica
Recomendada  é uma boa opção. Quando você usa este
recurso, o Excel determina um layout significativo, combi-
nando os dados com as áreas mais adequadas da Tabela
Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos
adicionais. Depois que uma Tabela Dinâmica básica é cria-
da, você pode explorar orientações diferentes e reorgani-
zar os campos para obter os resultados desejados.
Se você não vir essas guias, adicione as  Ferramentas Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
de gráfico  à faixa de opções clicando em qualquer lugar bela Dinâmica.
no gráfico. Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
Criar uma Tabela Dinâmica no Excel para analisar dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
dados da planilha Na guia Inserir, clique em  Tabela Dinâmica Recomen-
A capacidade de analisar todos os dados da planilha dada.
pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, espe-
cialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar,
recomendando e, em seguida, criando automaticamente
Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para re-
SOMAir, analisar, explorar e apresentar dados. Por exem-
plo, veja uma lista simples de despesas:

O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova plani-


lha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.

Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque
a caixa de seleção para o campo.
Por padrão, campos não numéricos
Adicionar um são adicionados à áreaLinha, as
campo hierarquias de data e hora são
adicionadas à área  Coluna  e os
campos numéricos são adicionados
à área Valores.
Na área  NOME DO CAMPO,
Remover um campo desmarque a caixa de seleção para
o campo.
Arraste o campo de uma área
da  Lista de Campos da Tabela
Mover um campo
Dinâmica para outra, por exemplo,
Aqui estão os mesmos dados reSOMAidos em uma Ta- de Colunas para Linhas.
bela Dinâmica: Atualizar a Tabela Na guia  Analisar Tabela Dinâmica,
Dinâmica clique em Atualizar.

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Se você sabe como organizar seus dados, pode criar
uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
bela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo de
células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela
Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para especificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.
Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e
Adicionar um campo
hora são adicionadas à área  Colunae os campos numéricos são adicionados à
área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra,
Mover um campo
por exemplo, de Colunas para Linhas.
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e,
na caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado em


um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Proteger com senha uma pasta de trabalho


O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você pode
também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com a
senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros para
ler dados não criptografados.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos começar solicitando senhas para abrir um ar- Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabili-
quivo e alterar dados. tada nessa versão do Excel.
Clique em Arquivo > Salvar como. Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta
Clique em um local, como Computador ou a página da de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Tra-
Web Meu Site. balho acende.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das
pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo  Salvar como, vá até a pasta que
você quer usar, abra a lista  Ferramentas  e clique em  Op-
ções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma se-
nha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO:  Para remover uma senha, siga as etapas
acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha Criptografar a pasta de trabalho com uma senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de se- No modo de exibição Backstage, você pode definir uma
nha usado no Excel. senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de
Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
clique em OK.
OBSERVAÇÃO :  Para remover uma senha, siga as eta-
pas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a
Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para senha em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo
abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo. de senha usado no Excel.
Por que minha senha desaparece quando salvo no for-
mato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usan-
do o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida na
pasta de trabalho desapareceu.
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arquivo
anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é des-
cartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel 97-
2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a pasta
de trabalho novamente.
Consulte as anotações abaixo para mais informações.
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça isto: Proteger uma planilha com ou sem uma senha no
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho. Excel
Clique em Estrutura. Para ajudar a proteger seus dados de alterações não
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou
essa opção e a opçãoWindows. sem senha. Ela impede que outras pessoas removam a pro-
Digite uma senha na caixa Senha. teção da planilha: a senha deve ser inserida para desprote-
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. ger a planilha.
OBSERVAÇÕES :  Por padrão, quando você protege uma planilha, o excel
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de proteger
pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar a planilha, desbloqueie quaisquer células que desejar alte-
a senha uma vez. rar antes de seguir essas etapas.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia so- Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
mente leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar conteúdo de células bloqueadas está marcada.
seus dados. Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
Selecionar a opção  Estrutura  previne outros usuários proteger a planilha. 
de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou Outros usuários podem remover a proteção se você
ocultar planilhas e renomear planilhas. não usar uma senha.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

IMPORTANTE :  Anote sua senha e armazene-a em lo-


cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você a
recuperar senhas perdidas.
Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
confirmá-la.

Em  Cores do Tema  ou  Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Marque ou desmarque as caixas de seleção em Permi-


tir que todos os usuários desta planilha possam  e clique
em OK.
OBSERVAÇÕES :  Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais Co-
Para remover a proteção da planilha, clique em  Revi- res, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione a
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se ne- cor desejada.
cessário. DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemen-
Se uma macro não pode executar na planilha protegi- te, clique em  Cor de Preenchimento  . Você também
da, você verá uma mensagem e a macro será interrompida encontrará até 10 cores personalizadas selecionadas mais
recentemente em Cores recentes.
Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
células Quando você deseja algo mais do que apenas um
É possível realçar dados em células utilizando  Cor de preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um pa-
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de drão ou efeitos de preenchimento.
fundo ou padrão das células. Veja como: Selecione a célula ou intervalo de células que deseja
Selecione as células que deseja realçar. formatar.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso irá go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.
ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar a legi-
bilidade da planilha exibindo bordas ao redor de todas as
células.

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a


cor desejada.
Clique em  Página Inicial  > seta ao lado de  Cor de
Preenchimento  .

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de sele-


ção Preto e branco e Qualidade de rascunho.
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua planilha,
talvez esteja trabalho no modo de alto contraste. Se não visuali-
zar cores ao visualizar antes de imprimir, talvez nenhuma impres-
sora colorida esteja selecionada.

Principais atalhos
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir para ex-
cluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célula e a
exibição de fórmulas na planilha.
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima da
célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos e exi-
cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um pa- bir espaços reservados para objetos.
drão na caixa Estilo do Padrão. CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura de tó-
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique picos.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
em  Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
opções desejadas.
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha contiver
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano de
dados, este comando seleciona a região atual. Pressionar CTR-
fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecionados.
L+A novamente seleciona a região atual e suas linhas de reSO-
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de preen-
MAo. Pressionar CTRL+A novamente seleciona a planilha inteira.
chimento
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do ar-
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou efei-
gumento quando o ponto de inserção está à direita de um nome
tos de preenchimento das células, basta selecioná-las. Clique de função em uma fórmula.
em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchimento, e CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
então selecione Sem Preenchimento. CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C)  — exibe a Área de
Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para copiar
o conteúdo e o formato da célula mais acima de um intervalo
selecionado nas células abaixo.
CTRL+F  — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
com a guia Localizar selecionada.
SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIFT+F4
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preenchi- repete a última ação de Localizar.
mento em cores CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Células
Se as opções de impressão estiverem definidas como Pre- com a guia Fonte selecionada.
to e branco ouQualidade de rascunho — seja propositalmen- CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também exi-
te ou porque a pasta de trabalho contém planilhas e gráficos be essa caixa de diálogo.)
grandes ou complexos que resultaram na ativação automá- CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
tica do modo de rascunho — não será possível imprimir as com a guia Substituir selecionada.
células em cores. Veja aqui como resolver isso: CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para
logo Configurar Página. novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para os
hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou lo-
calizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm
comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de um
intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponível
somente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um
objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Mar-
cas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é dife-
rente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


=SOMA(A1;A2).
Para aplicar a fórmula de soma
Dica: Sempre separe a indica-
você precisa, apenas, selecionar
ção das células com ponto e
as células que estarão envolvidas
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) vírgula (;). Dessa forma, mes-
na adição, incluindo a sequência
mo as que estiverem em loca-
no campo superior do programa
lizações distantes serão consi-
junto com o símbolo de igual (=)
deradas na adição
Segue a mesma lógica da adição,
mas dessa vez você usa o sinal
correspondente a conta que será
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
feita (-) no lugar do ponto e vír-
gula (;), e retira a palavra “soma”
da função
Use o asterisco (*) para indicar o
Multiplicação = (célulaX*célulaY) = (A1*A2)
símbolo de multiplicação
A divisão se dá com a barra de
Divisão =(célulaX/célulaY) divisão (/) entre as células e sem =(A1/A2)
palavra antes da função

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e
mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra
“media” antes das células
indicadas, que são sempre
Média =MEDIA(célula X:célulaY) =MEDIA(A1:A10)
separadas por dois pontos (:) e
representam o grupo total que
você precisa calcular
Segue a mesma lógica, mas usa
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
a palavra “max”
Dessa vez, use a expressão
Mínima =MIN(célula X:célulaY) =MIN(A1:A10)
“min”

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo

=se(B1<=0 ; “a ser envia-


do” ; “no estoque”)
Essa linguagem diz ao
Excel que se o conteúdo
=se(célulaX<=0 da célula B1 é menor ou
Função ; “O que precisa igual a zero ele deve exibir
Se saber 1” ; “o que a mensagem “a ser envia-
precisa saber 2”) do” na célula que contem
a fórmula. Caso o conteú-
do seja maior que zero, a
mensagem que aparecerá
é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

MS POWERPOINT2

As apresentações do PowerPoint funcionam como apresentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou uma
história, você a divide em slides. Considere cada slide com uma tela em branco para as imagens, palavras e formas que
ajudarão a criar sua história.
Escolha um tema
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém corres-
pondências de cores, fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
Escolher um tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e clique em Criar.

2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para aplicar uma variação de cor diferente a um tema


específico, no grupo Variantes, selecione uma variante.
O grupo de  variantes  aparece à direita do grupo  te-
mas  e as opções variam dependendo do tema que você
selecionou.

Adicionar cor e design aos meus slides com temas


Você não é um designer profissional, mas você quiser
sua apresentação pareça que você está. “Temas” tudo o
que fazer para você — você apenas escolha um e crie!
Quando você abre o PowerPoint, vê os designs de slide
coloridos internos (ou ‘temas’) que pode aplicar às apre-
OBSERVAÇÃO :  Se você não vir quaisquer variantes,
sentações.
Escolher um tema quando você abre o PowerPoint pode ser porque você está usando um tema personaliza-
Escolha um tema. do, um tema mais antigo projetado para versões anteriores
do PowerPoint, ou porque você importou alguns slides de
outra apresentação com um tema personalizado ou mais
antigo.
Criar e salvar um tema personalizado
Você pode criar um tema personalizado modificando
um tema existente ou começar do zero com uma apresen-
tação em branco.
Clique primeiro slide e, em seguida, na guia Design, cli-
que na seta para baixo no grupo variantes.
Clique em cores, fontes, efeitos ou Estilos de plano de
fundo e escolha uma das opções internas ou personalizar
o seu próprio.
Quando terminar de personalizar estilos, clique na seta
para baixo no grupo temas e clique em Salvar tema atual.
DICA :  Esses temas internos são ótimos para wides- Dê um nome para seu tema e clique em Salvar. Por pa-
creen (16:9) e apresentações de tela padrão (4:3). drão, ele é salvar com seus outros temas do PowerPoint e
Escolha uma variação de cor e clique em Criar. estará disponível no grupo  temas  em um cabeçalho  per-
sonalizado

Adicionar um novo slide

Na guia Exibir, clique em Normal.

Alterar o tema ou variação da sua apresentação


Se você mudar de ideia, poderá sempre alterar o tema
ou variação na guia Design. No painel de miniaturas de slides à esquerda, clique no
Na guia Design, escolha um tema com as cores, as fon- slide depois do qual deseja adicionar o novo slide.
tes e os efeitos desejados. Na guia Início, clique em Novo Slide.
DICA : Para visualizar a aparência que o slide terá com
um tema aplicado, coloque o ponteiro do mouse sobre a
miniatura de cada tema.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Para selecionar vários slides, pressione e mantenha


pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
deseja mover e arraste-os como um grupo para o novo local.

Excluir um slide
No painel à esquerda, clique com o botão direito do
mouse na miniatura de slide que você deseja excluir (man-
tenha pressionada a tecla CTRL para selecionar vários sli-
des) e então clique em Excluir Slide.

Na galeria de layouts, clique no layout desejado para o


seu novo slide. Cada opção na galeria é um layout de slide
diferente que pode conter espaços reservados para texto,
vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, uma tela de fundo e
formatação de temas, como cores, fontes e efeitos. 
Seu novo slide é inserido, e você pode clicar dentro de
um espaço reservado para começar a adicionar conteúdo.

Reorganizar a ordem dos slides


No painel à esquerda, clique na miniatura do slide que
deseja mover e então arraste-o para o novo local.

Salvar a sua apresentação


Na guia Arquivo, escolha Salvar.
Selecionar ou navegar até uma pasta.
Na caixa  Nome do arquivo, digite um nome para a
apresentação e escolha Salvar.
OBSERVAÇÃO : Se você salvar arquivos com frequência
em uma determinada pasta, você pode ‘fixar’ o caminho para
que ele fique sempre disponível (conforme mostrado abaixo).

DICA :  Salve o trabalho à medida que o fizer. Pressio-


ne CTRL + S com frequência.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece a digitar.

Formatar seu texto


Selecione o texto.
Em Ferramentas de desenho, escolha Formatar.

Siga um destes procedimentos:


Para alterar a cor de seu texto, escolha Preenchimento de Texto e escolha uma cor.
Para alterar a cor do contorno de seu texto, escolha Contorno do Texto e, em seguida, escolha uma cor.
Para aplicar uma sombra, reflexo, brilho, bisel, rotação 3D, uma transformação, escolha Efeitos de Texto e, em seguida,
escolha o efeito desejado.

Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unidade local ou em um servidor interno, escolha Imagens, procure a
imagem e escolha Inserir.
Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens Online e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.

Escolha uma imagem e clique em Inserir.


Adicionar anotações do orador
Os slides ficam melhores quando você não insere informações em excesso. Você pode colocar fatos úteis e anotações
nas anotações do orador e consultá-los durante a apresentação.
Para abrir o painel de anotações, na parte inferior da janela, clique em Anotações  .
Clique no painel de Anotações abaixo do slide e comece a digitar suas anotações.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fazer sua apresentação


Na guia Apresentação de Slides, siga um destes procedimentos:
Para iniciar a apresentação no primeiro slide, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo.

Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar
Online para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business

Sair da exibição Apresentação de Slides


Para sair da exibição de Apresentação de Slides a qualquer momento, pressione a tecla Esc do teclado.

O que é um layout de slide?


Cada layout de slide contém espaços reservados para texto, vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, um plano de fundo
e muito mais, contendo também a formatação, como cores de tema, fontes e efeitos para esses objetos.
Cada tema (paleta de cores, fontes e efeitos especiais) que você usa em sua apresentação inclui um slide mestre e um
conjunto de layouts relacionados. Se usar mais de um tema na apresentação, você terá mais de um slide mestre e vários
conjuntos de layouts.
Você alterar os layouts de slide que são criados para o PowerPoint no modo de exibição de Slide mestre. A imagem
abaixo mostra o slide mestre e dois dos dez layouts do tema base no modo de exibição de Slide mestre.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que é um slide mestre?


Slides mestres foram projetados para ajudá-lo a criar
apresentações com ótima aparência em menos tempo,
sem muito esforço. Quando desejar que todos os slides
para conter as mesmas fontes e imagens (como logotipos),
você poderá fazer essas alterações no Slide mestre e elas
vai ser aplicadas a todos os slides.

Em seguida, ao incluir conteúdo nos slides, você pode


escolher os layouts de slide mais adequados ao conteúdo, Para acessar o modo de exibição de Slide mestre, na
como mostrado aqui no Modo de Exibição Normal. guia Exibição, localizamos o bloco Modos de Exibição Mes-
tre.

Os layouts de slide relacionados aparecem logo abaixo


do slide mestre.

O diagrama a seguir mostra as várias partes de um la-


yout que você pode incluir em um slide do PowerPoint.

Quando você edita o slide mestre, todos os slides que


seguem aquele mestre conterá essas alterações. No entan-
to, a maioria das alterações feitas serão provavelmente ser
os layouts de slide relacionada ao mestre.
Quando fizer alterações em layouts e o slide mestre no
modo de exibição de Slide mestre, outras pessoas que tra-
balham na sua apresentação (no modo de exibição Normal)
não podem excluir acidentalmente ou editar que você já fez.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica final: é recomendável editar o slide mestre e os layouts antes de começar a criar os slides individuais. Dessa ma-
neira, todos os slides adicionados à sua apresentação se basearão em suas edições personalizadas. Se você editar o slide
mestre ou os layouts após criar cada slide, precisará aplicar novamente os layouts alterados aos slides da apresentação no
modo de exibição Normal. Caso contrário, as alterações não aparecerão nos slides.

Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que com-
plementar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses
temas predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação incluem um slide mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você
usar mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.

Layouts de Slide

Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide mes-
tre, na guia Exibir, selecione Mestre de lado. Os layouts estão localizados embaixo do slide mestre no painel de miniatura
no lado esquerdo da tela.

Cada tema tem um número diferente de layouts. Você provavelmente não usar todos os layouts fornecidos com um
tema específico, mas escolher os layouts que melhor correspondem conteúdo do slide.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No modo de exibição Normal, você aplicará os layouts Você pode alterar nada sobre um layout para atender
aos slides (mostrado abaixo). às suas necessidades. Quando você altera um layout e vá
para Normal visualização, todos os slides que você adi-
ciona depois que será baseado neste layout e refletirão a
aparência alterada de layout. No entanto, se houver slides
existentes na sua apresentação que se baseiam a versão
antiga do layout, você precisará reaplicar o layout para es-
ses slides.

Aplicar ou alterar um layout de slide


Todos os temas no PowerPoint incluem um slide mes-
tre e um conjunto de layouts de slide. O layout de slide que
você escolher dependerá da cor, tipos de letra e como você
quer que o texto e outro conteúdo sejam organizados nos
slides. Se os layouts predefinidos não funcionarem, você
poderá alterá-los.
Aplicar um layout de slide no Modo de Exibição Nor-
mal
Cada layout de slide é configurada de forma diferente Escolha um layout predefinido que coincida com o ar-
— com tipos diferentes de espaços reservados em locais ranjo do texto e outros espaços reservados de objeto que
diferentes em cada layout. você planeja incluir no slide.
Cada slide mestre tem um layout de slide relacionados Na guia Exibição, clique em Normal.
chamado Layout de Slide de título, e cada tema organiza No Modo de Exibição Normal, no painel de miniaturas
o texto e outros espaços reservados de objeto para que o à esquerda, clique no slide ao qual você deseja aplicar um
layout diferente, com efeitos, fontes e cores diferentes. A layout.
imagem abaixo mostra primeiro, a versão do tema base do Na guia Página Inicial, clique em Layout e selecione o
layout chamado Layout do Slide de título. E para compa- layout desejado.
rá-lo, o layout de slide abaixo dele é o Layout de Slide de
título do tema Integral.

Alterar um layout de slide no Modo de Exibição de Sli-


de Mestre
Se você não encontrar um layout de slide que funcio-
ne com o texto e outros objetos que você planeja incluir
nos slides, altere um layout no Modo de Exibição de Slide
Mestre.
Na guia Exibição, clique em Normal.
No Modo de Exibição de Slide Mestre, no painel de
miniaturas à esquerda, clique em um layout de slide que
você deseja alterar.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Design, clique em Tamanho do Slide e selecio-


ne uma opção.

Alterar a orientação, clique em Tamanho do Slide per-


sonalizado e, em seguida, selecione na orientação desejada
em orientação.

Na guia Slide Mestre, para alterar o layout, execute um


ou mais dos seguintes procedimentos:
Para adicionar um espaço reservado, clique em Inserir
Espaço Reservado e, em seguida, escolha um tipo de espa-
ço reservado na lista.
Para reorganizar um espaço reservado, clique na borda
do espaço reservado até ver uma seta de quatro pontas e
arraste o espaço reservado para o novo local no slide.
Para excluir um espaço reservado, selecione-o e, em
seguida, pressione Delete no teclado.
Para adicionar um novo layout, clique em  Inserir La- Para criar um tamanho de slide personalizado, clique
yout. em  Tamanho do Slide personalizado  e selecione tela, lar-
Para renomear um layout, no painel de miniaturas à gura e altura opções no lado esquerdo da caixa de diálo-
esquerda, clique com o botão direito do mouse layout que go Tamanho do Slide.
você deseja renomear, clique em Renomear Layout, digite
o novo nome do layout e clique em Renomear. Adicione espaços reservados para slide layouts para
IMPORTANTE: Se você alterar um layout que você usou conter texto, imagens, vídeos, etc.
em sua apresentação, ir para o modo de exibição Normal Espaços reservados são caixas com bordas pontilhadas
e reaplicar o novo layout para esses slides se desejar obter que armazenam conteúdo em seu lugar em um layout de
suas alterações. Por exemplo, se você alterar o layout de slide. Você pode adicionar um espaço reservado para um
slide de demonstração, os slides da sua apresentação usan- layout de slide para conter conteúdo, como texto, imagens,
do o layout de demonstração mantêm a aparência original, tabelas, gráficos, SmartArt gráficos, clip-art, vídeos e muito
se você não aplicar o layout revisado para cada uma delas. mais.
Alterar a orientação dos slides IMPORTANTE :  Só podem ser adicionados a espaços
Você pode alterar a orientação de todos os slides pa- reservados em layouts, slides não individuais em uma apre-
drão, widescreen ou um tamanho personalizado, e você sentação de slides.
pode especificar a orientação retrato ou paisagem de slides Na guia Exibir, clique em Slide Mestre.
e anotações. No painel de miniaturas esquerdo, clique no layout de
slide ao qual você deseja adicionar um ou mais espaços
reservados.
A seguir é mostrado o layout de slide Título e Conteú-
do, que contém um espaço reservado para o título e outro
para qualquer tipo de conteúdo:

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode alterar um espaço reservado para redimen-


sioná-lo, reposicione, ou alterando a fonte, o tamanho, o
caso, a cor ou o espaçamento do texto dentro dele. Você
também pode excluir um espaço reservado de um layout
de slide ou um slide individual selecionando-a e pressio-
nando Delete.

Atalhos usados com frequência


A tabela a seguir relaciona os atalhos mais usados no
PowerPoint.
Para Pressione
Aplicar negrito ao texto
Ctrl+B
selecionado.
Altere o tamanho
ALT + C, F e, em
da fonte do texto
seguida, S
Na guia Slide Mestre, clique em Inserir Espaço Reserva- selecionado.
do e, em seguida, clique no tipo de espaço reservado que Altere o zoom do slide. ALT + W, P
você deseja adicionar. Recorte o texto
selecionado, objeto ou Ctrl+X
slide.
Copie o texto
selecionado, objeto ou Ctrl+C
slide.
Colar recortado ou
copiado texto, objetos Ctrl+V
ou slide.
Desfazer a última ação. Ctrl+Z
Salve a apresentação. Ctrl+B
Inserir uma imagem. ALT + N, P
Inserir uma forma. ALT + H, S e H
Selecione um tema. ALT + G, H
Selecione um layout de
ALT + H, L
slide.
Ir para o próximo slide. Page Down
Vá para o slide anterior. Page Up
Vá para a guia página
Alt+C
inicial.
Mover para a guia
ALT+T
Inserir.
Inicie a apresentação de
ALT + S, B
slides.
Painel com scorecard
Encerre a apresentação
Clique em um local no layout de slide e arraste para de- e mapa estratégico;
de slides.
senhar o espaço reservado. Você pode adicionar quantos perguntas
espaços reservados como desejar. Feche o PowerPoint. ALT + F, X
Quando terminar, na guia Slide mestre, clique em Fe-
char modo de exibição mestre.
Siga um destes procedimentos:
Para reaplicar o layout alterado recentemente a um sli-
de existente, na lista de miniaturas de slide, selecione o sli-
de e, em seguida, na guia página inicial, clique em Layout e,
em seguida, selecione o layout revisado.
Para adicionar um novo slide que contém o layout (com
os recém-adicionado espaços reservados), na guia página
inicial, clique em Novo Slide e, em seguida, selecione o la-
yout revisado do slide.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OUTLOOK 2013 Na página Configuração Automática de Conta, insira


o seu nome, endereço de email e senha e escolha Avançar.
O Microsoft Outlook é um software de automação de Observação : Se você receber uma mensagem de erro
escritório e cliente de correio electrónico que faz parte do após escolher Avançar, verifique novamente seu endere-
pack Microsoft Office. Mas não é apenas um gerenciador ço de email e senha. Se ambos estiverem corretos, escolha
de e-mails, o Outlook possui funcionalidades de grupos Configuração manual ou tipos de servidor adicionais..
de discussão com base em padrões avançados de inter- Escolha Concluir.
net, além de possuir calendário integral e gerenciamento
de tarefas e de contatos. Além disso, possui capacidades A configuração automática não funcionou
de colaboração em tempo de execução e em tempo de Se a instalação não tiver sido concluída, o Outlook
criação robustos e integrados. pode solicitar que você tente novamente usando uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se isso
Configurando uma conta3 não funcionar, escolha Configuração manual ou tipos de
Em muitos casos, o Outlook pode configurar a sua servidor adicionais.
conta para você apenas com um endereço de email e uma Observações: Se estiver usando o Outlook 2016, você
senha. Ao iniciar o Outlook pela primeira vez, o Assistente não poderá usar o tipo de configuração manual para as
Automático de Conta é iniciado. contas do Exchange. Contate o seu administrador se hou-
ver falha na configuração automática de conta. Ele infor-
Para configurar uma conta automaticamente mará a você o nome do Exchange Server para seu email e
Abra o Outlook e, quando o Assistente Automático de o ajudará a configurar o Outlook.
Conta for aberto, escolha Avançar. Se você atualizar para o Outlook 2016 a partir de uma
Observação : Se o Assistente não abrir ou se você qui- versão anterior e receber mensagens de erro informando
ser adicionar uma outra conta de email, na barra de ferra- que não é possível fazer logon ou iniciar o Outlook, é por-
mentas, escolha a guia Arquivo. que o serviço Descoberta Automática do Exchange não foi
configurado ou não está funcionando corretamente.

Para configurar uma conta manualmente


Escolha Configuração manual ou tipos de servidor adi-
cionais > Avançar.

Na página Contas de Email, escolha Avançar > Adicio-


nar Conta.

Selecione o tipo de conta desejado e escolha Avançar.


Preencha as seguintes informações:
Seu Nome, Endereço de Email, Tipo de Conta, Servidor
de Entrada de Emails, Servidor de Saída de Emails, Nome
de Usuário e Senha.
Escolha Testar Configurações da Conta para verificar as
informações inseridas.
Observação : Se o teste falhar, escolha Mais Configu-
rações. O administrador poderá solicitar que você faça ou-
tras alterações, incluindo inserir portas específicas para o
servidor de entrada (POP3 ou IMAP) ou o servidor de saída
(SMTP).
3 Fonte: Ajuda do MSOutlook Escolha Avançar > Concluir.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir uma conta de email Criar uma mensagem de email


Para excluir uma conta de email Clique em Novo Email, ou pressione Ctrl + N.
No painel direito da guia Arquivo, selecione Configura-
ções de Conta > Configurações de Conta.

Se várias contas de email configuradas no Microsoft


Outlook, o botão de aparece e a conta que enviará a men-
sagem é mostrada. Para alterar a conta, clique em de.
Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem.
Insira os endereços de email dos destinatários ou os
nomes na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários
com um ponto e vírgula.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis-
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e
clique nos nomes desejados.
Não vejo a caixa Cco. Como posso ativá-lo?
Para exibir a caixa Cco para esta e todas as mensagens
futuras, clique em Opções e, no grupo Mostrar Campos,
clique em Cco.
Clique em Anexar arquivo para adicionar um anexo.
Ou clique em Anexar Item para anexar itens do Outlook,
como mensagens de email, tarefas, contatos ou itens de
calendário.
Na lista de contas de email, selecione a conta que de-
seja excluir e escolha Remover.

Dica :  Se você não gostar a fonte ou o estilo do seu


email, você pode alterar sua aparência. Também é uma boa
ideia Verificar a ortografia em sua mensagem antes de en-
viar.
Após terminar de redigir sua mensagem, clique em En-
viar.
Observação : Se você não consegue encontrar o botão
Enviar, talvez você precise configurar uma conta de email.

Pesquisar email
Da  Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de
email, localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas
Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser- mensagens.
vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que Para encontrar uma palavra que você sabe que está
pode ser instalado somente em plataformas da família em uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em
Windows Server. particular, digite a palavra ou o nome da pessoa na cai-
xa  Pesquisar. Mensagens que contenham a palavra ou o
nome que você especificou serão exibidas com o texto de
pesquisa destacado nos resultados.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Restrinja os resultados de pesquisa Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô-
No grupo  Escopo  na faixa de opções, escolha onde nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as
você deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim
Correio Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do no ano seguinte a rede se torna internacional.
Outlook. Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do
No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
está procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
pelo assunto. to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
ao selecionar: leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
Com Anexos – para localizar somente emails com ane- caísse no domínio público.
xos Com esta popularidade e o surgimento de softwares
Categorizado – para localizar emails que tenham sido de navegação de interface amigável, no fim da década de
atribuídos a uma categoria específica 90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
Esta Semana – para pesquisar quando o email foi re- informática começaram a utilizar a rede internacional.
cebido. Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje,
Ontem, Mês Passado, etc.) Acesso à Internet
Enviado para  – para localizar emails enviados a você, O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
não enviados diretamente a você ou enviados por outro de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
destinatário ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
apenas à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
Importante  – para localizar somente emails rotulados relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
como importantes • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
CONCEITOS E TECNOLOGIAS
• Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
RELACIONADOS À INTERNET E A CORREIO tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
ELETRÔNICO. bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
NAVEGADORES DE INTERNET. • Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.

INTERNET Endereço Eletrônico ou URL


Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
“Imagine que fosse descoberto um continente tão conhecer o seu endereço.
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Este endereço, que é único, também é considerado sua
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- www.xxxx.com.br
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se Onde:
expandiria com o desenvolvimento.” www = protocolo da World Wide Web
John P. Barlow xxx = domínio
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear com = comercial
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá- br = brasil
gono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec-
tando bases militares, em quatro localidades. É um serviço disponível na Internet que possui um con-
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar bilizados a qualquer um.
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas liza uma linguagem especial, chamada HTML.
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos.
Era necessário criar um modelo padrão e univer- Domínio
sal para que as máquinas continuassem trocando da- Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
àquela rede.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

.com = Instituição comercial ou provedor de serviço HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS


.edu = Instituição acadêmica Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das
.gov = Instituição governamental redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons-
.mil = Instituição militar norte-americana truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o
.net = Provedor de serviços em redes nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de
.org = Organização sem fins lucrativos uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro-
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama-
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de
Trasferência em Hipertexto como os serviços oferecidos são de fato implementados.
É um protocolo ou língua específica da internet, res- A camada n em uma máquina estabelece uma conver-
ponsável pela comunicação entre computadores. são com a camada n em outra máquina. As regras e conven-
Um hipertexto é um texto em formato digital, e ções utilizadas nesta conversação são chamadas coletiva-
pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe- mente de protocolo da camada n, conforme ilustrado na Fi-
ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa gura abaixo para uma rede com sete camadas. As entidades
Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na que compõem as camadas correspondentes em máquinas
forma de blocos de textos, imagens ou sons. diferentes são chamadas de processos parceiros. Em outras
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o palavras, são os processos parceiros que se comunicam uti-
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou lizando o protocolo.
outro documento. Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente
da camada n em uma máquina para a camada n em outra
Home Page máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor-
Sendo assim, home page designa a página inicial, prin- mações de controle para a camada imediatamente abaixo,
cipal do site ou web page. até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou 1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co-
Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis- municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação
tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
física através de linhas sólidas.
um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
de um usuário dentro de uma comunidade virtual.

HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de


Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na
transmissão através da Internet, evitando longos perío-
dos de espera e congestionamento na rede). Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
Browser ou Navegador a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
É o programa específico para visualizar as páginas da projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede e
web. o que cada camada deve fazer, uma das considerações mais
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em importantes é definir interfaces limpas entre as camadas.
HTML, apresentando as páginas formatadas para os Isso requer, por sua vez, que cada camada desempenhe um
usuários. conjunto específico de funções bem compreendidas. Além
de minimizar a quantidade de informações que deve ser
ARQUITETURAS DE REDES passada de camada em camada, interfaces bem definidas
As modernas redes de computadores são projetadas também tornam fácil a troca da implementação de uma ca-
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- mada por outra implementação completamente diferente
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas por canais
de satélite), pois tudo o que é exigido da nova implemen-
tação é que ela ofereça à camada superior exatamente os
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O conjunto de camadas e protocolos é chamado de Classes de endereços IP


arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem
conter informações suficientes para que um implementa- ser utilizados tanto para identificar o seu computador den-
dor possa escrever o programa ou construir o hardware de tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet.
cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com-
protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura, quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer
não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces- sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma
sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um
sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor- endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta,
retamente todos os protocolos. cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni-
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se
O endereço IP então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa-
Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um lhar toda a rede.
recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re-
quando você quer enviar um presente a alguém, você ob- des locais quanto para utilização na internet, contamos com
tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades
transportadora para entregar. É graças ao endereço que é IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In-
possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que,
Também é graças ao seu endereço - único para cada resi- basicamente, divide os endereços em três classes principais
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas e mais duas complementares. São elas:
de água, aquele produto que você comprou em uma loja Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
on-line, enfim. redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conecta-
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu dos;
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni- 16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. servado.
O endereço IP é uma sequência de números composta As três primeiras classes são assim divididas para aten-
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro der às seguintes necessidades:
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 - Os endereços IP da classe A são usados em locais
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili-
zado como identificador da rede e os demais servem como
identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso-
ras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os
restantes para identificar os dispositivos;
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- requerem grande quantidade de redes, mas com poucos
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en- dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível são usados para identificar a rede e o último é utilizado
a organização das casas da região onde você mora. Neste para identificar as máquinas.
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos especiais para a comunicação entre os computadores, en-
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos ras ou experimentais.
octetos são usados na identificação de computadores.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-


dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço Identificador
Identificador Máscara
começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto Classe Endereço IP
da rede
do
de sub-rede
é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço computador
127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja, A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de
localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
maneira simultânea.

Endereços IP privados Você percebe então que podemos ter redes com más-
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
essencialmente, estes: que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores.
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, máscaras novamente entram em ação.
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária).
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez,
mento de rede - como um roteador - que receba a cone- é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C,
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos 255.255.255.0, é:
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento 11111111.11111111.11111111.00000000
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
de computadores. da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema
Máscara de sub-rede com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns
dereçamento, mas podem também representar desperdí- zeros do último octeto por 1.
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
dos números que um octeto destinado a identificar dis- resultando em:
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a 11111111.11111111.11111111.11100000
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en- Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
xergar as classes A, B e C da seguinte forma: bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re-
- A: N.H.H.H; des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi-
- B: N.N.H.H; bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para
- C: N.N.N.H. o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta-
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan-
são destinados para a identificação da rede e quantos são te é 255.255.255.224.
utilizados para identificar os dispositivos. Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: empregado também em endereços classes A e B, conforme
se um octeto é usado para identificação da rede, este re- a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível
ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub IP estático e IP dinâmico
-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
desta relação: temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
exceto se tal ação for executada manualmente. Como
exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
o mesmo IP.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento
a um computador quando este se conecta à rede, mas que da quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que exemplo:
você conectou seu computador à internet hoje. Quando FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para enten-
der melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem Finalizando
80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a
empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa.
Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, quando Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa
se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo fase, que podemos considerar de transição, o que veremos é a
utilizado. É mais ou menos assim que os provedores de in- “convivência” entre ambos os padrões. Não por menos, prati-
ternet trabalham. camente todos os sistemas operacionais atuais e a maioria dos
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto com um quanto
é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). com o outro. Por isso, se você é ou pretende ser um profissional
que trabalha com redes ou simplesmente quer conhecer mais o
IP nos sites assunto, procure se aprofundar nas duas especificações.
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de A esta altura, você também deve estar querendo desco-
um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.infowes- brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma
ter.com, por exemplo, como é que o seu computador sabe de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exemplo,
qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu Iniciar e,
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar Enter. Em
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. ambientes Linux, o comando é ifconfig.
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis-
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a
uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, por
exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o sistema
envia a solicitação a um servidor responsável por termina-
ções “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do endereço
e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consul-
tado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua
casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a par-
em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por tir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará
diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes- o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endere-
soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos ço IP do acesso à internet em uso pela rede, você pode visitar
com um grande problema: o número de IPs disponíveis deixa sites como whatsmyip.org.
de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, Provedor
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário
- respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.76 conectar-se com um computador que já esteja na Internet (no
8.211.456 de endereços, um número absurdamente alto! caso, o provedor) e esse computador deve permitir que seus
usuários também tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Em-
bratel, que por sua vez, está conectada com outros computa-
dores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a cone-
xão física que interliga o provedor de acesso com a Embratel.
Neste caso, a Embratel é conhecida como backbone, ou seja,
é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o
backbone como se fosse uma avenida de três pistas e os links
como se fossem as ruas que estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de
transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os da-
dos. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve
ser feito um contrato com o provedor de acesso, que fornece-
rá um nome de usuário, uma senha de acesso e um endereço
eletrônico na Internet.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

URL - Uniform Resource Locator .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden- .net -> computadores com funções de administrar re-
tificação de onde está localizado o computador e quais re- des. Exemplo: embratel.net
cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL: .org -> organizações não governamentais. Exemplo:
http://www.novaconcursos.com.br care.org
Será mais bem explicado adiante.
Home Page
Como descobrir um endereço na Internet? Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
ficar. acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor- dentro das Home Pages.
mações que preciso? O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de http://www.endereço.com/página.html
procura, que são sites que possuem um enorme banco de Por exemplo, a página principal da Pronag:
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- http://www.pronag.com.br/index.html
ges), que permitem a procura por um determinado assun-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista PLUG-INS
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
de páginas encontradas. de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces- pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
sivamente. g-ins são encontradas na página:
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
Barra de endereços ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
ces/
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- etc.).
reço da página. - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
Alguns sites interessantes: - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) PCX, etc.).
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) - Negócios e Utilitários
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) - Apresentações
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú-
blico) FTP - Transferência de Arquivos
• www.siapenet.gog.br (contracheque) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) para o seu computador.
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
Identificação de endereços de um site do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
Exemplo: http://www.pelotas.com.br sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de programa.
comunicação • Shareware: Programa demonstração que pode ser
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
.com -> tipo de organização ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
......br -> identifica o país mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
Tipos de Organizações: que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam. tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
edu teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.
com
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegar nas páginas Busca e pesquisa na web


Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um
documento normal e de links das próprias páginas. Os sites de busca servem para procurar por um deter-
minado assunto ou informação na internet.
Como salvar documentos, arquivos e sites Alguns sites interessantes:
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como. • www.google.com.br
• http://br.altavista.com
Como copiar e colar para um editor de textos • http://cade.search.yahoo.com
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o • http://br.bing.com/
botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Como fazer a pesquisa

Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-


quisa. Por exemplo:
www.google.com.br

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar
museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até partici-
par de novelas interativas. As informações na Web são or-
ganizadas na forma de páginas de hipertexto, cada um com
seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar
a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
chamado Endereço no navegador. O software estabelece a quisa.
conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Re-
cherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala-
pesquisas através da exibição de páginas de texto. Ficou cla- vras com ou sem acento.
ro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía
para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas. Opções de pesquisa
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios,
apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW
ganhou força extra com a inserção de um visualizador (tam-
bém conhecido como browser) de páginas capaz não ape-
nas de formatar texto, mas também de exibir gráficos, som
e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido Web: pesquisa em todos os sites
dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andree- Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
sen. O sucesso do Mosaic foi espetacular. Exemplo do resultado se uma pesquisa.
Depois disto, várias outras companhias passaram a pro-
duzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic.
Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Commu-
nications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o
Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos ou-
tros browsers.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for-
ma:

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. INTRANET


Exemplo: A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
da empresa.
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- O grande sucesso da Internet, é particularmente da
dos por assunto em categorias. Exemplo: World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
Como escolher palavra-chave ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
cluam a palavra digitada. colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas nante explosão na informação disponível na Internet, que
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
sequência de termos que foram digitadas. Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna que tem interessado um número cada vez maior de em-
páginas que incluam todas presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• as palavras aleatoriamente na página. sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- advento e disseminação promete operar uma revolução
cam antes do sinal de tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
• menos são excluídas da pesquisa. cimento das primeiras redes locais de computadores, no
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um final da década de 80.
cálculo em um site de pesquisa.
O que é Intranet?
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
Por exemplo: 3+4 1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
projetadas para a comunicação por computador entre em-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
Irá retornar: rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi-
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre dor). A vantagem da intranet é que esses programas são
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande
programas de navegação na Web, os browsers. importância no desenvolvimento de softwares aplicativos
que obedeçam aos três conceitos anteriores.
Objetivo de construir uma Intranet
Organizações constroem uma intranet porque ela é Como montar uma Intranet
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital- empresas, e em instalar um servidor Web.
funcionários com conhecimentos das operações e produ- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo-
tos da empresa. sitório das informações contidas na intranet. É lá que os
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail
Aplicações da Intranet ou qualquer outro tipo de arquivo.
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu-
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O pri-
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet meiro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: de arquivos. Independentemente das aplicações utilizadas
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ- na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem falar um
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos; idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
de membros das equipes, situações de projetos; definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
nuais de qualidade; dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
estações clientes.
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades
Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be-
nários acessam as informações colocadas à sua disposição
nefícios.
no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
permite folhear os documentos.
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado.
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume
Comparando Intranet com Internet
quase somente em clicar nos links que remetem às novas Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
complexa e exige a presença de profissionais especializa- protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
nela armazenadas. guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
A intranet é baseada em quatro conceitos: A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
• Conectividade - A base de conexão dos computa- ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
qualquer tipo de informação digital entre si; vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
forma transparente; corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
• Navegação - É possível passar de um documento a ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
facilitam o acesso não linear aos documentos; por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra- da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
ças à execução de programas aplicativos, que podem es- medida da necessidade de uma abordagem organizada.
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres- num ambiente controlado e seguro.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vantagens e Desvantagens da Intranet Como a Intranet é ligada à Internet


Alguns dos benefícios são:
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição
de software, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
técnicas e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
remotas;
• Incrementando o acesso a informações da concor-
rência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par-
ceiros (revendas);
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso
à informação;
• Uma única interface amigável e consistente para
aprender e usar;
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); Segurança da Intranet
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
reza; mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con-
• Redução de tempo na pesquisa a informações; trole de acesso e criptografia.
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e Autenticação - É o processo que consiste em verificar
informação; se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
• Redução no tempo de configuração e atualização dos tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
sistemas; de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve-
• Simplificação e/ou redução das licenças de software rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
e outros; usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado
• Redução de custos de documentação; a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
• Redução de custos de suporte; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Redução de redundância na criação e manutenção
de páginas; Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
• Redução de custos de arquivamento; mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
• Compartilhamento de recursos e habilidade. secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
Alguns dos empecilhos são: - um protocolo Web seguro;
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola-
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
cessário configurar e manter aplicativos separados, como dores proxy, que são programas que residem no firewall
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
cado, como faria com um pacote de software para grupo no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
de trabalho; exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a contrário.
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
ções de software para grupo de trabalho que funcionam ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não com grande capacidade de armazenamento, tapes...
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários Queremos ainda referir que para o funcionamento de
remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen- uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
volver aplicativos cliente/servidor. figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos
de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans-
missão …

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXTRANET Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços


A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de para ir diretamente para um site. Ou toque, ou clique, na
computadores que faz uso da Internet para partilhar com barra de endereços para ver os sites que mais visita (os
segurança parte do seu sistema de informação. sites mais frequentes).
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços
computadores que faz uso da Internet para partilhar com e toque ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o
segurança parte do seu sistema de informação. mecanismo de pesquisa padrão.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei- Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir?
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode Digite uma palavra na barra de endereços para ver suges-
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a tões de sites, aplicativos e pesquisa enquanto digita. Basta
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre- tocar ou clicar em uma das sugestões acima da barra de
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet endereços.
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde
somente “usuários registrados” podem navegar, previa-
mente autenticados por sua senha (login).

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in-
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages,
servidor FTP etc.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base Multitarefas com guias e janelas
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
novas soluções. uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea- fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- as guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer.
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, Para ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, (ou clique) na tela.
distribuição, contabilidade entre outros.

Internet Explorer4
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos
e truques comuns, você poderá usar seu novo navegador
com todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites
favoritos.

Noções básicas sobre navegação


Mãos à obra. Para abrir o Internet  Explorer,  toque ou
clique no bloco Internet Explorer na tela Inicial.
Uma barra de endereços, três formas de usar
A barra de endereços é o seu ponto de partida para
navegar pela Internet. Ela combina barra de endereços e Abrindo e alternando as guias
caixa de pesquisa para que você possa navegar, pesquisar Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão
ou receber sugestões em um só local. Ela permanece fora Nova guia . Em seguida, insira uma URL ou um termo de
do caminho quando não está em uso para dar mais espaço pesquisa ou selecione um de seus sites favoritos ou mais
para os sites. Para que a barra de endereços apareça, passe visitados.
o dedo de baixo para cima na tela ou clique na barra na Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas
parte inferior da tela se estiver usando um mouse. Há três na barra de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em
maneiras de utilizá-la: uma só janela. Feche as guias tocando ou clicando em Fe-
char no canto de cada guia.
4 Fonte: Ajuda do Internet Explorer

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As home pages são os sites que se abrem sempre que


você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Ex-
plorer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de
notícias ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura
do navegador. Dessa maneira, os sites que você visita com
mais frequência estarão prontos e esperando por você.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con-
figurações.

(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can-


to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para
cima e clique em Configurações.)
Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque
Usando várias janelas de navegação ou clique em Gerenciar.
Também é possível abrir várias janelas no Internet Ex- Insira a URL de um site que gostaria de definir como
plorer  11 e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma home page ou toque ou clique em Adicionar site atual se
nova janela, pressione e segure o bloco Internet  Explorer estiver em um site que gostaria de transformar em home
(ou clique nele com o botão direito do mouse) na tela Ini- page.
cial e, em seguida, toque ou clique em Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Para salvar seus sites favoritos
Abra uma janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado Salvar um site como favorito é uma forma simples de
direito ou esquerdo da tela. Em seguida, arraste a outra memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar
janela a partir do lado esquerdo da tela. sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windo-
Dica ws 8.1 a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta
Você pode manter a barra de endereços e as guias en- da Microsoft, todos os favoritos já existentes terão sido im-
caixadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer portados automaticamente.)
pesquisas rapidamente. Abra o botão Configurações, to- Vá até um site que deseja adicionar.
que ou clique em Opções e, em Aparência, altere Sempre Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir
mostrar a barra de endereços e as guias para Ativado. os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique
Personalizando sua navegação no botão Favoritos  para mostrar a barra de favoritos.
Depois de ter aprendido as noções básicas sobre o uso Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em se-
do navegador, você poderá alterar suas home pages, adi- guida, toque ou clique em Adicionar.
cionar sites favoritos e fixar sites à tela Inicial.
Para escolher suas home pages

Para fixar um site na tela Inicial


A fixação de um site cria um bloco na tela Inicial, o
que fornece acesso com touch ao site em questão. Alguns
sites fixados mostrarão notificações quando houver novo
conteúdo disponível. Você pode fixar quantos sites quiser e
organizá-los em grupos na tela Inicial.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei-


tura ativado

Para personalizar as configurações do modo de exibi-


ção de leitura
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con-
figurações.

(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can-


to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para
cima e clique em Configurações.)
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição de
leitura, escolha um estilo de fonte e um tamanho de texto.
Estas são algumas opções de estilo que você pode se-
Para exibir os comandos de aplicativos, passe o dedo
lecionar.
de baixo para cima (ou clique).
Toque ou clique no botão Favoritos , toque ou clique
no botão Fixar site  e, em seguida, toque ou clique em
Fixar na Tela Inicial.
Dica
Você pode alternar rapidamente os favoritos e as guias
tocando ou clicando no botão Favoritos ou no botão
Guias nos comandos de aplicativos.

Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da In-


ternet
Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure pelo
ícone Modo de exibição de leitura na barra de endere-
ços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer itens
desnecessários, como anúncios, para que as matérias sejam
destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir a página
no modo de exibição de leitura. Quando quiser retornar à
navegação, basta tocar ou clicar no ícone novamente.

Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei-


tura desativado

Para salvar páginas na Lista de Leitura


Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que
deseje ler mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista
de Leitura em vez de enviá-lo por email para você mesmo
ou de deixar mais guias de navegação abertas. A Lista de
Leitura é a sua biblioteca pessoal de conteúdo. Você pode
adicionar artigos, vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela
diretamente do Internet  Explorer, sem sair da página em
que você está.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em Não demorou muito para que o navegador começasse
Compartilhar. a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob-
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direito servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente
da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique em assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es-
Compartilhar.) paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer.
Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em Seu sistema de abas permite que o usuário navegue
Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân-
de Leitura. cias do programa. A função de navegação privativa é muito
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico,
Ajudando a proteger sua privacidade dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista
Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar, com- de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre-
partilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso dia- servados apenas arquivos salvos por downloads e novos
riamente na Internet, o que pode disponibilizar suas informa- favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com
ções pessoais para outras pessoas. O Internet Explorer ajuda as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
você a se proteger melhor com uma segurança reforçada e te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
mais controle sobre sua privacidade. Estas são algumas das sincronização de dados na nuvem.
maneiras pela quais você pode proteger melhor a sua privaci-
dade durante a navegação: Principais características
Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armazenam · Navegação em abas;
informações como o seu histórico de pesquisa para ajudar a · A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
melhorar sua experiência. Quando você usa uma guia InPriva- do os links em segundo plano
te, pode navegar normalmente, mas os dados como senhas, Eles já estarão carregados quando você for ler;
o histórico de pesquisa e o histórico de páginas da Internet · Bloqueador de popups:
são excluídos quando o navegador é fechado. Para abrir uma · O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
nova guia InPrivate, passe o dedo de baixo para cima na tela popups;
(ou clique nela) para mostrar os comandos de aplicativos, ou · Pesquisa inteligente;
toque ou clique no botão Ferramentas de guia e em Nova · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
guia InPrivate. barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
Track para ajudar a proteger sua privacidade. O rastreamento antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo localiza-
refere-se à maneira como os sites, os provedores de conteúdo dor de palavras na página busca pelo texto na medida em
terceiros, os anunciantes, etc. aprendem a forma como você que você as digita, agilizando a busca;
interage com eles. Isso pode incluir o rastreamento das pági- · Favoritos RSS;
nas que você visita, os links em que você clica e os produtos · A integração do RSS nos favoritos permite que você
que você adquire ou analisa. No Internet Explorer, você pode fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
usar a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
Track para ajudar a limitar as informações que podem ser co- a partir do Firefox 2;
letadas por terceiros sobre a sua navegação e para expressar · Downloads sem perturbação;
suas preferências de privacidade para os sites que visita. · Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
FIREFOX5 ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
Firefox é um navegador web de código aberto e multi- pode ser personalizada sem problemas;
plataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux e · Você decide como deve ser seu navegador;
Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da pla- · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
taforma. O Firefox possui suporte para extensões, navegação te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, ins-
por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte para sincroni- tale extensões que adiciona novas funções, adicione temas
zação de informações, gerenciador de senhas, bloqueador de que modificam o visual do Firefox e coloque mais mecanis-
janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor ortográfico, ge- mos nos campos de pesquisa.
renciador de download, leitor de feeds RSS e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também suporta O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil (Pt Br). para a sua necessidade:
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake Ross · Fácil utilização;
em 2002, somente dois anos depois a plataforma de navega- · Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
ção pela internet se desmembrou de outras ferramentas e se tem todas as funções que você está acostumado - favori-
tornou um browser independente. No começo, o Firefox se tos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as pá-
popularizou apenas entre o nicho de adeptos do “software ginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades
livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de milhões de do- intuitivas;
wnloads.
5 Fonte: Ajuda do Firefox

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

· Compacto; Seus sites favoritos estão mais perto do que nunca


· A maioria das distribuições está em torno dos 5MB. Você - Adicione e visualize seus Favoritos rapidamente
leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para o seu - Salve qualquer site com apenas um clique
computador em uma conexão discada e segunda em uma co-
nexão banda larga. A configuração é simples e intuitiva. Logo
você estará navegando com essa ferramenta.

Principais novidades
Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
- As opções que você mais acessa, todas no mesmo lugar
- Pensado para facilitar o acesso
- Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamente
do Firefox

Como funcionam as sugestões de sites?


O Firefox exibe links de sites como miniaturas ou lo-
gotipos na página Nova Aba. Quando usar o Firefox pela
primeira vez, verá links para sites da Mozilla. Esses sites
serão eventualmente substituídos por sites visitados com
mais frequência.

Conheça o Firefox Hello


- Converse por vídeo com qualquer pessoa, em qualquer lugar
- É grátis! Não é preciso ter conta ou baixar complementos.
- Escolha como você quer pesquisar

Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba

Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir


Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar
- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você digita estes controles clique no ícone da engrenagem no canto
- Escolha o site certo para cada pesquisa superior direito da nova aba.
- Use a estrela para adicionar Favoritos
Exibir seus sites principais
Clique no ícone de engrenagem na página Nova Aba e
marque Exibir os sites mais visitados.

Mostrar uma Nova Aba em branco


Para remover todos os sites da página Nova Aba, sele-
cione Exibir página em branco.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no “X” no canto superior direito do site para ex-


cluí-lo da página.
Nota: Se acidentalmente remover um site, pode recu-
perá-lo clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos
sites foram removidos clique em Restaurar tudo.

Reorganizar

Clique e arraste uma Sugestão para dentro da posição


que desejar. Ela será “fixada” nesse novo local.
Desativar os controles da Nova Aba Adicionar um dos seus favoritos
Para ocultar tudo na sua página Nova Aba, incluindo os Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e ar-
controles da Nova Aba (ou para escolher a página que abre rastá-los para a página Nova Aba.
em uma nova aba) você pode instalar o complemento New Antes de iniciar, configure o Firefox para lembrar o his-
Tab Override (browser.newtab.url replacement). tórico.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Personalizar a página Nova aba os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
O comportamento padrão do Firefox é exibir os sites Arraste um favorito para dentro da posição que você
em destaque em uma nova aba. Aprenda como personali- quiser.
zar, fixar, remover e reorganizar esses sites.

Fixar

Clique no ícone no canto superior esquerdo da suges-


tão para fixá-la naquela posição na página.
Dica: Configure o Firefox Sync para sincronizar suas Su- Como faço para configurar o Sync no meu compu-
gestões fixadas entre os seus outros computadores. tador?
O Sync permite compartilhar seus dados e preferên-
Remover cias (como favoritos, histórico, senhas, abas abertas, Lista
de Leitura e complementos instalados) com todos os seus
dispositivos. Aprenda como configurar o Firefox Sync.
Importante:  O  Sync  requer a versão mais recente do
Firefox. Certifique-se de que você atualizou o Firefox em
quaisquer computadores ou dispositivos Android.
Configurar o Sync requer duas partes: A criação de
uma conta no seu dispositivo principal e entrar nesta conta
usando outros dispositivos. Aqui estão os passos em de-
talhes:

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Crie uma conta do Sync Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas
Clique no botão de menu    e depois em  Entrar no Os favoritos são atalhos para as páginas da web que
Sync. A página de acesso será aberta em uma nova aba. você mais gosta.
Como eu crio um favorito?
Fácil — é só clicar na estrela!
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na
Barra de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito
será adicionado na pasta “Não organizados”. Pronto!

Nota:  Se não visualizar uma seção do Sync no menu,


você ainda está usando uma versão antiga do Sync. 
Clique no botão Começar.
Preencha o formulário para criar uma conta e clique
em Sign Up. Anote o endereço de e-mail e a senha usada,
você precisará disso mais tarde para entrar. Dica: Quer adicionar todas as abas de uma só vez?
Verifique nas suas mensagens se recebeu o link de Clique com o botão direito do mouse em qualquer aba e
verificação e clique nele para confirmar seu endereço de selecione Adicionar todas as abas.... Dê um nome a pasta
e-mail. Você já está pronto para começar a usar! e escolha onde quer guardá-la. Clique adicionar favoritos
para finalizar.
Conecte dispositivos adicionais ao Sync
Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um
resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a favorito?
senha que usou no começo da configuração do sync. Para editar os detalhes do seu favorito, clique nova-
Clique no botão de menu    , e, em seguida, clique mente na estrela e a caixa Propriedades do favorito apa-
em Entrar no Sync. recerá.
Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
conta Firefox.
Clique no link Already have an account? Sign in na par-
te inferior da página.

Na janela Propriedades do favorito você pode modifi-


Insira o e-mail e a senha que você usou para criar sua
nova conta do Sync. car qualquer um dos seguintes detalhes:
Depois que você tiver entrado, o Firefox Sync começará Nome: O nome que o Firefox exibe para os favoritos
a sincronização de suas informações através dos seus dis- em menus.
positivos conectados. Pasta: Escolha em que pasta guardar seu favorito sele-
cionando uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu
Remover um dispositivo do Sync Favoritos ou a Barra dos favoritos). Nesse menu, você tam-
Clique no botão   para expandir o Menu. bém pode clicar em Selecionar... para exibir uma lista de
Clique no nome da sua conta no Sync (geralmente seu todas as pastas de favoritos.
endereço de e-mail) para abrir as preferências do Sync. Tags: Você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e
Clique em Desconectar. Seu dispositivo não será mais organizar seus favoritos. Quando você terminar suas modi-
sincronizado. ficações, clique em Concluir para fechar a caixa.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde posso encontrar meus favoritos?


A forma mais fácil de encontrar um site para o qual
você criou um favorito é digitar seu nome na Barra de En-
dereços. Enquanto você digita, uma lista de sites que já
você visitou, adicionou aos favoritos ou colocou tags apa-
recerá. Sites com favoritos terão uma estrela amarela ao
seu lado. Apenas clique em um deles e você será levado até
lá instantaneamente.

Como eu ativo a Barra de favoritos?


Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o
seginte:
Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/ocultar barras e no final selecione
Como eu organizo os meus favoritos? Barra dos favoritos.
Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus Clique no botão verde Sair da personalização.
favoritos.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos Removendo apenas uma página dos Favoritos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Acesse a página que deseja remover nos Favoritos.
Clique no ícone da estrela à direita da sua barra de pes-
quisa.
Na janela Editar este favorito, clique Remover Favorito.

Removendo mais de uma página ou pasta dos Favo-


ritos
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
No painel esquerdo da janela do gerenciador, clique na
pasta que deseja visualizar. Seu conteúdo será mostrado
no painel direito.
No painel direito, selecione os itens que deseja remo-
ver.
Por padrão, os favoritos que você cria estarão localiza-
Com os itens a serem removidos selecionado, clique no
dos na pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra late- botão Organizar e selecione Excluir.
ral da janela “Biblioteca” para exibir os favoritos que você
adicionou. Dê um clique duplo em um favorito para abri-lo.
Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você tam-
bém pode arrastar favoritos para outras pastas como a
“Menu Favoritos”, que exibe seus favoritos no menu aberto
pelo botão Favoritos. Se você adicionar favoritos à pasta
“Barra de favoritos”, eles aparecerão nela (embaixo da Barra
de navegação).

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando novas pastas As alterações efetuadas na janela Biblioteca será refle-


tido na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos Reorganizando manualmente
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Clique com o botão direito do mouse na pasta que irá os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
conter a nova pasta, então selecione Nova pasta.... Clique na pasta que contém o favorito que você deseja
mover para expandi-la.
Clique no favorito que você quer mover e arraste-o
para a posição desejada.

Na janela de nova pasta, digite o nome e (opcional-


mente) uma descrição para a pasta que você deseja criar.

Para mover um favorito para uma pasta diferente, ar-


Adicionando favoritos em pastas raste-o para cima da pasta.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos As alterações efetuadas na janela Biblioteca serão re-
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. fletidas na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
Clique na pasta que contém atualmente o favorito que
você deseja mover. Ordenar visualizações na janela Biblioteca
Arraste o favorito sobre a pasta e solte o botão para Para ver os seus favoritos em várias ordens de classifi-
mover o favorito para a pasta. cação, use a janela Biblioteca:
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Ordenando por nome os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos No painel esquerdo, clique na pasta que deseja visuali-
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. zar. O conteúdo será exibido no painel da direita.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que de- Clique no botão Exibir, selecione Ordenar e depois
seja ordenar e selecione Ordenar pelo nome. Os Favoritos escolha uma ordem de classificação.
serão colocados em ordem alfabética. A ordem de classificação na janela Biblioteca é apenas
para visualização, e não vai ser refletido na barra lateral, no
menu ou no botão de favoritos.

Definindo a Página Inicial


Veja como abrir automaticamente qualquer página
web na inicialização do Firefox ou clicando no botão Pági-
na inicial .
Abra a página web que deseja definir como sua página
inicial.
Clique e arraste a aba para cima do botão Página Inicial
.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Sim para definir esta página como sua pá-


gina inicial.

Dica: Mais opções de configuração da página inicial es-


tão disponíveis na janela Opções .

Clique no botão menu e depois em Opções, na ja-


Como as sugestões de pesquisa funcionam
nela que foi aberta vá para o painel Geral.
Se você ver uma sugestão de pesquisa que corresponde ao
A partir do menu drop-down, selecione Abrir página que você está procurando, clique nela para ver resultados para
em branco na inicialização ou Restaurar janelas e abas an- aquele termo de pesquisa. Isso pode poupar tempo e ajudar
teriores. você a encontrar o que está procurando com menos digitação.
Clicando em Usar as páginas abertas, as páginas que Ativar as sugestões de pesquisa enviará as palavras-chave
estiverem abertas serão configuradas como páginas ini- que você digita num campo de busca para o mecanismo de
ciais, abrindo cada página em uma aba separada. pesquisa padrão - a menos que pareça que você está digitan-
do uma URL ou hostname. Os campos de pesquisa incluem:
Para restaurar as configurações da página inicial, siga - a barra de pesquisa
os seguintes passos: - páginas iniciais (como mostrado na imagem acima)
Clique no botão , depois em Opções - a barra de endereço (onde as Sugestões de Pesquisa
Selecione o painel Geral. podem ser desativadas separadamente)
Clique no botão Restaurar o padrão localizado logo
abaixo do campo Página Inicial. O mecanismo de pesquisa padrão pode coletar essas
informações de acordo com os termos da política de pri-
vacidade deles, e os usuários preocupados sobre essas in-
formações sendo coletadas podem desejar não ativar as
sugestões de pesquisa. As sugestões de pesquisa estão de-
sativadas por padrão no modo de Navegação Privada. Você
deve ativá-las explicitamente em uma janela de navegação
privativa para ativá-las nesse modo.

Ativando ou desativando as sugestões de pesquisa


As sugestões de pesquisa podem ser ativadas ou de-
sativadas a qualquer momento marcando ou desmarcando
a caixa Fornecer sugestões de pesquisa na seção Pesquisar
das opções do Firefox:
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
feitas serão salvas automaticamente.

Sugestões de pesquisa no Firefox


Muitos mecanismos de pesquisa (incluindo Yahoo,
Google, Bing e outros) fornecem sugestões de pesquisa,
as quais são baseadas em pesquisas populares que outras
pessoas fazem e que estão relacionadas com uma palavra
ou palavras que você inserir. Quando as Sugestões de Pes-
quisa estão ativadas, o texto que você digita em um campo
de pesquisa é enviado para o mecanismo de busca, o qual
analisa as palavras e exibe uma lista de pesquisas relacio-
nadas. Para ver sugestões de pesquisa na barra de endereços,
marque a opção Mostrar sugestões de pesquisa na barra
de localização.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando a Barra de Pesquisa Gerenciador de Downloads


Basta digitar na barra de Pesquisa na sua barra de fer-
ramentas ou na página de Nova Aba. A Biblioteca e o painel de downloads controlam os ar-
quivos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus arqui-
vos e configurar as definições de download.

Como faço para acessar meus downloads?


Você pode acessar seus downloads facilmente clicando
no icone download (a seta para baixo na barra de ferramen-
tas). A seta vai aparecer azul para que você saiba que exis-
tem arquivos baixados.

Durante um download, o icone de download muda para


um timer que mostra o progresso do seu download. O timer
volta a ser uma seta quando o download for concluído.
Enquanto você digita na busca da barra de ferramen-
tas, o seu mecanismo de pesquisa padrão mostra suges-
tões para ajudá-lo a procurar mais rápido. Essas sugestões
são baseadas em pesquisas populares ou em suas pesqui-
sas anteriores (se estiver ativado).

Clique no icone download para abrir o painel de down-


loads. O painel Downloads exibe os últimos três arquivos baixa-
dos, juntamente com o tempo, tamanho e fonte do download:

Pressione Enter para pesquisar usando o seu mecanis-


mo de pesquisa padrão, ou selecione outro mecanismo de Para ver todos os seus downloads, acesse a Biblioteca
pesquisa clicando no logotipo. clicando em Exibir todos os downloads na parte inferior do
Mecanismos de pesquisa disponíveis painel de Downloads.
O Firefox vem com os seguintes mecanismos de pes-
quisa por padrão:
- Google para pesquisar na web através do Google
Nota: O padrão de busca do Google é criptografado
para evitar espionagem.
- Yahoo para pesquisar na web através do Yahoo
- Bing para pesquisar na web através do Microsoft Bing
- BuscaPé para procurar comparações de preços, pro-
dutos e serviços no site BuscaPé.
- DuckDuckGo como mecanismo de pesquisa para
para usuários que não querem ser rastreados.
- Mercado Livre para procurar por itens à venda ou em
leilão no Mercado Livre
- Twitter para procurar pessoas no Twitter
- Wikipédia (pt) para pesquisar na enciclopédia online
gratuita Wikipédia Portuguesa.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Biblioteca mostra essas informações para todos os Como deixar o Firefox em tela inteira
seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que ele
eles do seu histórico. ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas apertadas
de netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou só
porque quer!
Ative o modo Tela inteira
Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.

Como posso gerenciar meus arquivos baixados?


No painel Downloads e na sua Biblioteca, existe um
botão icone a direita de cada arquivo que muda de acordo
com o progresso atual do download.

Pausar: Você pode pausar qualquer download em pro-


gresso clicando com o botão direito no arquivo e selecio-
nando Pausar. Isto pode ser útil, por exemplo, se você pre-
cisa abrir um pequeno download que começou depois de
um download grande. A Pausa de downloads lhe dá a opção Desative o modo Tela inteira
de decidir qual dos seus downloads são mais importantes. Traga o meu computador de volta! Encolha o Firefox
Quando você quiser continuar o download desses arquivos, para seu tamanho normal.
clique com o botão direito no arquivo e selecione Continue. Mova o mouse para o topo da tela para fazer a barra de
Cancelar : Se depois de iniciar o download você de- ferramentas reaparecer
cidir que não precisa mais do arquivo, cancelar o download Clique no botão menu no lado direito da barra de
é simples: apenas clique no botão X ao lado do arquivo. ferramentas e selecione Tela inteira.
Este botão se transformará em um símbolo de atualização, Atalhos de teclado
clique novamente para reiniciar o download. Para aqueles de boa memória. Use a tela inteira através
Abrir o arquivo: Quando o download acabar, você pode do teclado.
dar um clique no arquivo para abrir-lo.
Abrir pasta : Uma vez que o arquivo tenha concluído Atalho para alternar o modo Tela inteira: Pressione a
o download, o ícone à direita da entrada do arquivo torna- tecla F11.
se uma pasta. Clique no ícone da pasta para abrir a pasta Nota: Em computadores com teclado compacto (como
que contém esse arquivo. netbooks e laptops), pode ser necessário usar a combina-
Remover arquivo da lista: Se você não quiser manter o ção de teclas fn + F11.
registro de um determinado download, simplesmente cli-
que com o botão direito no arquivo, então selecione Excluir Histórico
da lista. Isto irá remover a arquivo da lista, mas não vai Toda vez que você navega na internet o Firefox guarda
apagar o arquivo em si. várias informações suas, como por exemplo: sites que você
Repetir um download : Se por qualquer razão um visitou, arquivos que você baixou, logins ativos, dados de
download não completar, clique no botão a direita do ar- formulários, entre outros. Toda essa informação é chamada
quivo - um simbolo de atualizar - para reiniciar. de histórico. No entanto, se estiver usando um computador
Limpar downloads: Clique no botão Limpar Downloads público ou compartilha um computador com alguém, você
no topo da janela da Biblioteca para limpar todo o histórico pode não querer que outras pessoas vejam esses dados.
de itens baixados.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?
Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em
seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.

Em seguida, clique na seta ao lado de Detalhes para


selecionar exatamente quais informações você quer que
Histórico de navegação e downloads: Histórico de na- sejam limpas.
vegação é a lista de sites que você visitou que são exibidos
no menu Histórico, a lista do Histórico na janela Biblioteca
e a lista de endereços da função de completar automati-
camente da Barra de endereços. Histórico dos downloads
é a lista de arquivos que foram baixados por você e são
exibidos na janela Downloads.
Dados memorizados de formulários e Barra de Pesqui-
sa: O histórico de dados memorizados de formulários inclui
os itens que você preencheu em formulários de páginas
web para a funcionalidade de Preenchimento Automático
de Formulários. O histórico da Barra de Pesquisa inclui os
itens que você pesquisou na Barra de Pesquisa do Firefox.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os
websites que você visita, tais como o estado da sua auten-
ticação e preferências do site. Também incluem informa-
ções e preferências do site armazenadas por plugins como
o Adobe Flash. Cookies podem também ser usados por
terceiros para rastreá-lo entre páginas. Finalmente, clique no botão Limpar agora. A janela
Nota: Para poder limpar cookies criados pelo Flash será fechada e os itens selecionados serão limpos.
você precisa estar usando a versão mais recente do plugin. Como faço para o Firefox limpar meu histórico auto-
Cache: O cache armazena arquivos temporariamente, maticamente?
tais como páginas web e outras mídias online, que o Firefox Se você precisa limpar seu histórico sempre que usar o
baixou da Internet para tornar o carregamento das páginas Firefox, você pode configurá-lo para que isso seja feito au-
e sites que você já visitou mais rápido. tomaticamente assim que você sair, assim você não esquece.
Logins ativos: Caso você tenha se logado em um web- Clique no botão , depois em Opções
site que usa autenticação HTTP desde a vez mais recente Selecione o painel Privacidade.
que você abriu o Firefox, este site é considerado “ativo”. Ao Defina O Firefox irá: para Usar minhas configurações.
limpar estes registros você sai destes sites.
Dados offline de sites: Se você permitir, um website
pode guardar informações em seu computador para que
você possa continuar a utilizá-lo mesmo sem estar conec-
tado à Internet.
Preferências de sites: Preferências de sites, incluindo
o nível de zoom salvo para cada página específica, codi-
ficação de caracteres e as permissões de páginas (como
excessões para bloqueadores de anúncios) estão descritas
em janela de Propriedades da Página.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marque a opção Limpar histórico quando o Firefox fe-


char.

Para especificar que tipos de histórico devem ser lim-


pos, clique no botão Configurar..., ao lado de Limpar histó-
rico quando o Firefox fechar.
Na janela Configurações para a limpeza do histórico,
marque os itens que você quer que sejam limpos automa-
ticamente sempre que você sair do Firefox.

Finalmente, feche a janela Biblioteca.

O leitor de PDF
O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao
navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
tórico. houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações converte os PDFs para o HTML 5.
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histó-
rico?
Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,
clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
abrir a janela da Biblioteca.
Use o campo Localizar no histórico no canto superior
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
você deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:

Na janela de impressão que foi aberta, ajuste as con-


figurações do que você está prestes a imprimir, se for ne-
cessário.
Clique em OK para iniciar a impressão.
Janela de configurações de impressão

Como apresentado na tela irá imprimir da mesma for-


ma que você vê a página web no Firefox.
O campo selecionado irá imprimir somente o conteúdo
dentro da última borda que você clicou.
Cada campo separadamente irá imprimir o conteúdo
de todas as bordas, mas em páginas separadas.
Mudando a configuração da página
Para alterar a orientação da página, alterar se as cores
e imagens de fundo são impressas, as margens da página,
o que incluir no cabeçalho e rodapé das páginas impressas,
na parte superior da janela do Firefox, clique no botão Fi-
refox, veja mais em Imprimir... (menu Arquivo no Windows
XP) e selecione Configurar página.... A janela de configura-
Seção Impressoras: ção de página irá aparecer.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
Clique no menu drop-down ao lado de Name para mu- ferências do Firefox em uma base por impressora.
dar qual a impressora imprimirá a página que você está
vendo.
Nota: A impressora padrão é a do Windows. Quando
uma página da web é impressa com a impressora selecio-
nada, ela se torna a impressora padrão do Firefox.
Cique em Propiedades... para mudar o tamanho do pa-
pel, qualidade de impressão e outras configurações espe-
cíficas da impressora.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formato e Opções Na aba Margens e Cabeçalhos/Rodapé você pode al-


terar:
Margens: Você pode colocar a largura da margem se-
paradamente para cima, baixo, esquerda e direita.
Cabeçalho e Rodapé: Use os menus dropdown para
selecionar o que irá aparecer na página impressa. O valor
do dropdown superior esquerdo aparece no canto superior
esquerdo da página; o valor do dropdown superior central
aparece na parte superior central da página, e assim por
diante. Você pode escolher entre:
--em branco--: Nada será impresso.
Título: Imprime o título das páginas web.
Endereço: Imprime o endereço das páginas web.
Data/Hora: Imprime a data e hora em que a página foi
impressa.
Página #: Imprime o número da página.
Página # de #: Imprime o número da página e o total
de páginas.
Personalizar...: Coloque seu próprio texto de cabeçalho
ou rodapé. Isso pode ser usado pra mostrar o nome da
empresa ou organização no alto ou na parte de baixo de
Na aba Formato e Opções você pode alterar: toda página impressa.
Formato: Clique em OK para concluir as alterações e fechar a
Selecione Retrato para a maioria dos documentos e janela de configuração de páginas.
páginas web.
Selecione Paisagem para páginas e imagens largas. Visualizar impressão
Escala: Para tentar uma página web em menos folhas Para ver como a página web que você quer imprimir
impressas, você pode ajustar a escala. Reduzir para caber ficará quando impressa, na parte superior da janela do Fire-
ajusta automaticamente a escala. fox, clique no botão Firefox, veja mais em Imprimir...(menu
Opções: Selecione Imprimir cores e imagens de fundo Arquivo no Windows XP), e selecione Visualizar impressão.
para que o Firefox imprima as páginas com cor e imagens A janela de pré-visualização permite mudar algumas
de fundo como elas são mostradas na tela, caso contrário, das opções descritas acima. Acesse a janela de impressão
Firefox imprimirá com o fundo branco. clicando em Imprimir..., ou a janela de configuração de pá-
Margens e Cabeçalho/ Rodapé gina clicando em Configurar página.... Clique nas setas ao
lado do campo Página: para trocar as páginas do docu-
mento. As setas duplas mudam para a primeira ou última
página, as setas únicas vão para a próxima página ou a
anterior. Você também pode ajustar a escala e o formato
(veja acima).

Clique em Fechar para sair da visualização da impres-


são.
Firefox Hello - conversas por vídeo e voz online
O Firefox Hello lhe deixa navergar e discutir páginas
web com seus amigos diretamente no navegador. Tudo
que você precisa é uma webcam (opcional), um microfone,
e a versão mais recente do Firefox para ligar para os ami-
gos que estão em navegadores suportados pelo WebRTC
como Firefox, Chrome, ou Opera.
Nota: O Firefox Hello não está disponível na Navega-
ção Privada.
Iniciar uma conversa
Clique no botão Hello .
Clique em Navegar nessa página com um amigo.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador

Como abrir uma nova janela privativa?


Existem duas maneiras de se abrir uma nova Janela Pri-
vativa.
Abrir uma nova Janela Privativa vazia
Clique no botão de menu e depois em Nova janela
privativa.

Copie e cole o link para a sua ferramenta de mensa-


gens preferida clicando em Copiar Link.
Envie o link por e-mail para o seu amigo clicando no
botão Enviar link por E-mail. Isso abrirá sua aplicação de
e-mail padrão.

Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa

Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.

Controlar suas notificações


Você pode desligar as notificações no Firefox se você
preferir não ser notificado quando um amigo se juntar:

Clique no botão do Hello .


Clique na engrenagem na parte de baixo do painel e
escolha Desligar notificações.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site segu-
ro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o
site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.

O que a navegação privativa não salva?


Páginas visitadas: Nenhuma página será adicionada à
lista de sites no histórico, lista de história da janela da Bi- O botão de Identidade do Site estar na barra de ende-
blioteca, ou na lista de endereços da Awesome Bar. reço à esquerda do endereço web. Mais comumente, quan-
Entradas em formulário e na barra de pesquisa: Nada do visualizando um site seguro, o botão de Identidade do
digitado em caixas de texto em páginas web ou na barra de Site será um cadeado verde.
busca será salvo para o autocomplete.
Senhas: Nenhuma senha será salva.
Lista de arquivos baixados: os arquivos que você baixar
não serão listados na Janela de Downloads depois de de- No entanto, em algumas circunstâncias raras, ele tam-
sativar a Navegação Privativa. bém pode ser um cadeado verde com um triângulo de
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os si- alerta cinza, um cadeado cinza com um triângulo de alerta
tes que você visita como preferências, status de login, e os amarelo, ou um cadeado cinza com uma linha vermelha.
dados utilizados por plugins, como o Adobe Flash. Cookies
também podem ser utilizados por terceiros para rastreá-lo
através dos sites.
Conteúdo web em Cache e Conteúdo Web off-line e Nota: Clicando no botão à esquerda da barra de en-
de dados do usuário ‘: Nenhum arquivo temporário da In- dereço nos traz o Centro de Controle, o qual lhe permite
ternet (cache) ou arquivos armazenados para o uso off-line visualizar mais informações detalhadas sobre o estado de
serão salvo. segurança da conexão e alterar algumas configurações de
Nota: segurança e privacidade. Aviso: Você nunca deve enviar
Favoritos criados ao usar a Navegação Privativa serão qualquer tipo de informação sensível (informação bancá-
salvos. ria, dados de cartão de crédito, Números de Seguridade
Todos os arquivos que você baixar para o seu compu- Social, etc.) para um site sem o ícone de cadeado na barra
tador durante o uso de navegação privada serão salvos. de endereço - neste caso não é verificado que você está se
O Firefox Hello não está disponível na navegação pri- comunicando com o site pretendido nem que seus dados
vativa. estão seguros contra espionagem!
Posso definir o Firefox para sempre usar a navegação
privativa? Cadeado verde
O Firefox está definido para lembrar o histórico por Um cadeado verde (com ou sem um nome de organi-
padrão, mas você pode alterar essa configuração de pri- zação) indica que:
vacidade no Firefox Opções (clique no menu Firefox , Você está realmente conectado ao website cujjo en-
escolha Opções e selecione o painel Privacidade). Quando dereço é exibido na barra de endereço; a conexão não foi
alterar a configuração do histórico para nunca lembrar o interceptada.
histórico, isto equivale a estar sempre no modo de nave- A conexão entre o Firefox e o website é criptografada
gação privativa. para evitar espionagem.
Importante: Quando o firefox está definido para nunca
lembrar o histórico você não verá uma máscara roxa na
parte superior de cada janela, mesmo que esteja efetiva-
mente no modo de navegação privativa. Para restaurar a
navegação normal, vá para o painel privacidade Opções e
defina o Firefox para lembrar o histórico. Um cadeado verde mais o nome da empresa ou or-
Outras formas de controlar as informações que o Fire- ganização, também em verde, significa que o website está
fox salva usando um Certificado de Validação Avançada. Um certi-
Você sempre pode remover a navegação recente, as ficado de Validação Avançada é um tipo especial de cer-
pesquisas e histórico de download depois de visitar um tificado do site que requer um processo de verificação de
site. identidade significativamente mais rigoroso do que outros
tipos de certificados.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configurações de Segurança
Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
talação de complementos. Para evitar que tentativas de
Para sites usando certificados VE, o botão de identida- instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
de do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar ins-
da companhia ou organização do website, então você sabe talar um complemento e bloqueia a tentativa de instalação.
quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o Para permitir que sites específicos instalem complementos,
mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla. você deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para desativar
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta esse aviso para todos os sites.
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessaria- que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
mente exibir ou funcionar inteiramente correto. você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta soais sobre você sem autorização através da Internet.
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas fiável.
parcialmente criptografada e não impede espionagem. Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
você fazendo com que passe suas informações pessoais
(isto é frequentemente chamado de “phishing”).
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível
(informação bancária, dados de cartão de crédito, Números Logins
de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de iden- Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
tidade do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. segurança senhas que você digita em formulários web para
Cadeado cinza com um traço vermelho facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa opção
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No en-
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- tanto, mesmo com isso marcado, você ainda será questio-
mente criptografada e não previne contra espionagem ou nado se deseja salvar ou não as senhas para um site quan-
ataque man-in-the-middle. do você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar Nun-
ca para este site, aquele site será adicionado à uma lista de
exceções. Para acessar essa lista ou para remover sites dela,
clique no botão Exceções….
Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números solicitado que você digite a senha na primeira vez que for
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando
listra vermelha. ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modifi-
car senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver defini-
Configurações de segurança e senhas da, você precisará digitá-la para alterar ou remover a senha
Este artigo explica as configurações disponíveis no pai- mestra.
nel Segurança da janela Opções do Firefox. Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua dividuais clicando no botão Logins salvos….
segurança ao navegar na internet.
Encontrar e instalar complementos para adicionar
funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Existem três tipos de complementos:

- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.

- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e
faixa de abas com uma imagem de fundo
O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
- Plugins pedir que você confirme a sua instalação.
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- serão salvas e restauradas após a reinicialização.
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações ramentas após a instalação..
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras
empresas. Como desativar extensões e temas
Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
Para visualizar quais complementos estão instalados: nar sem ser removido:
Clique no botão escolha complementos. A aba com- Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
plementos irá abrir. tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. No gerenciador de complementos, selecione o pai-
Como faço para encontrar e instalar complementos? nel Extensões ou Aparência.
Aqui está um resumo para você começar: Selecione o complemento que deseja desativar.
Clique no botão de menu e selecione Complemen- Clique no botão Desativar.
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei-
No gerenciador de complementos, selecione o painel niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
Get Add-ons. reiniciar.
Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
Para ver mais informações sobre um complemento ou complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão o Firefox.
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo.
Você também pode pesquisar por complementos es- Como desativar plugins
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
dendo então instalar qualquer complemento que encon- ser removido:
trar, com o botão Instalar. Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Plugins.
Selecione o plugin que deseja desativar.
Selecione Nunca Ativar no menu de seleção.
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu-
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção.

Como remover extensões e temas


Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Extensões ou Aparência.
Selecione o complemento que você deseja remover.
Clique no botão Excluir.
Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei-
niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
reiniciar.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como desinstalar plugins Diálogo de fontes


Geralmente os plugins vem com seus próprios desinsta- Na lista  Fontes padrão para, escolha um grupo de
ladores. Se precisar de ajuda para desinstalar alguns dos plu- caracteres/idioma. Por exemplo, para configurar o grupo
gins mais populares, vá para lista de artigos de plugins e sele- de fontes padrão dos idiomas ocidentais (latinos), clique
cione o artigo do respectivo plugin que você quer desinstalar. em Latin.. Para um grupo de caracteres/idioma que não es-
teja na lista, clique em Outros Sistemas de Escrita.
Configurações de Conteúdo Escolha se a fonte proporcional deverá ser com serifa
(como “Times New Roman”) ou sem serifa (como “Arial”),
e então especifique o tamanho padrão da fonte propor-
cional.
Especifique as fontes utilizadas para fontes com seri-
fa, sem serifa e monoespaçada (largura fixa). Você também
pode especificar o tamanho para as fontes monoespaça-
das.
Você também pode especificar o tamanho mínimo de
fonte que pode ser exibido na tela. Isso pode ser útil em
sites que utilizam tamanhos de fonte muito pequenos e
pouco legíveis.
Páginas podem usar outras fontes: Por padrão, o Fi-
refox exibe as fontes especificadas pelo autor da página.
Desative essa  opção  para forçar todos os sites a usar as
fontes padrão.
Codificação de texto para conteudo legado: A codifica-
ção de caracteres selecionada nessa caixa será a codifica-
ção padrão utilizada para exibir páginas que não especifi-
quem uma codificação.
Diálogo de cores
Cores padrão: Aqui você pode modificar as cores pa-
DRM Content drão de texto e fundo que serão utilizadas nas páginas em
Reproduzir conteúdo DRM: Por padrão, o Firefox per- que essas cores não foram especificadas por seu autor. Cli-
mite a reprodução de conteúdo de áudio e vídeo protegido que nas amostras de cores para modificá-las.
por Gerencimento de Direitos Digitais (DRM). Ao desmarcar Usar cores do sistema: Marque essa opção para usar as
esta opção essa funcionalidade será desligada. cores de fonte e fundo definidas pelo seu Sistema Opera-
cional em vez das cores definidas acima.
Notificações Aparência padrão dos links: Aqui você pode modificar
O Firefox lhe permite escolher quais websites tem per- as cores padrão dos links das páginas. Clique nas amostras
missão para lhe enviar notificações. Clique em Escolher para de cores para modificá-las.
fazer alterações na lista de sites permitidos. Sublinhar: Por padrão, o Firefox sublinha os links das
Não me perturbe: Selecione esta opção para suspender páginas. Desmarque essa opção para modificar esse com-
temporariamente todas as notificações até você fechar e rei- portamento. Note que vários sites especificam seus pró-
niciar o Firefox. prios estilos de links e nesses sites essa  opção  não tem
efeito.
Pop-ups Páginas podem usar outras cores: Por padrão, o Firefox
Bloquear janelas  popup: Por padrão, o Firefox bloqueia exibe as cores especificadas pelo autor da página. Desa-
janelas popup inconvenientes em sites da web. Desmarque tive essa opção para forçar todos os sites a usar as cores
essa  opção  para desativar o Bloqueador de Popups. Alguns padrão.
sites utilizam popups com funções importantes. Para permitir Idiomas
que sites específicos utilizem popups, clique em Exceções…, di- Algumas páginas oferecem mais de um idioma para
gite o domínio do site e clique em Permitir. Para excluir um site exibição. Clique no botão  Selecionar…para especificar o
da lista de sites permitidos, selecione-o e clique em Excluir o idioma ou idiomas de sua preferência.
site. Para limpar a lista completamente, clique em Excluir tudo. Idiomas: Para adicionar um idioma à lista de idiomas
clique emSelecione um idioma para adicionar…, clique so-
Fontes e cores bre o idioma escolhido e clique no botãoAdicionar. Exclua
Fonte padrão  e  Tamanho: Normalmente as páginas da um idioma da lista selecionando-o e clicando no botão Ex-
web são exibidas na fonte e tamanho especificados aqui. cluir. Você também pode reordenar os idiomas usando os
Entretanto, páginas da web podem definir fontes diferentes, botões Para cima e Para baixo para determinar a ordem de
que serão exibidos a não ser que você especifique o contrá- preferência no caso de haver mais de um idioma disponí-
rio na janela Fontes. Clique no botãoAvançado… para acessar vel.
mais opções de fontes.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use atalhos do mouse para executar tarefas comuns Página atual


no Firefox
Esta é uma lista dos atalhos do mouse mais comuns no Comando Atalho
Mozilla Firefox.
Ir uma tela para baixo Page Down
Comando Atalho Ir uma tela para cima Page Up
Voltar Shift + Rolar para baixo Ir para o final da página End
Avançar Shift + Rolar para cima Ir para o início da página Home
Aumentar Zoom Ctrl + Rolar para cima Ir para o próximo frame F6
Diminuir Zoom Ctrl + Rolar para baixo Ir para o frame anterior Shift + F6
Clicar com botão do Imprimir Ctrl + P
Fechar Aba
meio na Aba Salvar página como Ctrl + S
Clicar com botão do Mais zoom
Abrir link em uma nova Aba Ctrl + +
meio no link
Menos zoom Ctrl + -
clicar com o botão do
Nova aba tamanho normal Ctrl + 0
meio na barra de abas
Ctrl + Clicar com botão Editando
Abrir em nova Aba em segun- esquerdo no link
do plano* Clicar com botão do
meio no link Comando Atalho
Ctrl + Shift + Botão es- Copiar Ctrl + C
Abrir em nova Aba em pri-
querdo Recortar Ctrl + X
meiro plano*
Shift + Botão do meio
Apagar Del
Shift  + Clicar com bo-
Abrir em uma Nova Janela Colar Ctrl + V
tão esquerdo no link
Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl + Arrastar Aba
Recarregar (ignorar cache) Shift + Botão recarregar Refazer Ctrl + Y
Salvar como... Alt + Botão esquerdo Selecionar tudo Ctrl + A
Desfazer Ctrl + Z
* Os atalhos para abrir Abas em primeiro e segun-
do plano serão trocadas se a opção  Ao abrir um link em
uma nova Aba, carregá-la em primeiro plano estiver ativa GOOGLE CHROME
no Painel de configurações geral.. O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e
já conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O pro-
Atalhos de teclado grama apresenta excelente qualidade em seu desenvolvi-
Navegação mento, como quase tudo o que leva a marca Google. O
browser não deve nada para os gigantes Firefox e Internet
Explorer e mostra que não está de brincadeira no mundo
Comando Atalho dos softwares.
Alt + ← Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo
Voltar
Backspace Google Chrome.
Alt + → Funções visíveis
Avançar
Shift + Backspace Antes de detalhar melhor os aspectos mais complica-
Página inicial Alt + Home dos do navegador, vamos conferir todas as funções dis-
poníveis logo em sua janela inicial. Observe a numeração
Abrir arquivo Ctrl + O na imagem abaixo e acompanhe sua explicação logo em
seguida:
F5
Atualizar a página
Ctrl + R
Ctrl + F5
Atualizar a página (ignorar o cache)
Ctrl + Shift + R
Parar o carregamento Esc

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1.    As setas são ferramentas bem conhecidas por todos Abas


que já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar ou vol-
tar nas páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao manter A segunda tarefa importante para quem quer usar o
o botão pressionado sobre elas, você fará com que o histórico Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
inteiro apareça na janela. úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
2.   Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
são sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao pres-
link em que você se encontra, o que serve para situações bem sionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda mais rá-
específicas – links de download perdidos, imagens que não pido. Também é possível utilizar o botão direito sobre o novo
abriram, erros na diagramação da página. endereço e escolher a opção “Abrir link em uma nova guia”.
3.   O ícone remete à palavra home (casa) e leva o navegador
à página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos você a mo- Liberdade
dificar esta página para qualquer endereço de sua preferência.
4.   A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É
que nada mais são do que sites que você quer ter a disposição possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
de um modo mais rápido e fácil de encontrar. a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
5.   Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para
outros sites sem precisar de duas janelas diferentes.
testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse
6.   A barra de endereços é o local em que se encontra o
faz com que fechem automaticamente.
link da página visitada. A função adicional dessa parte no Chro-
me é que ao digitar palavras-chave na lacuna, o mecanismo de
busca do Google é automaticamente ativado e exibe os resul-
tados em questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna
à esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no nave-
gador. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor
detalhadas nos próximos parágrafos.

Para Iniciantes

Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvi- O botão direito abre o menu de contexto da aba, em
das básicas sobre essa categoria de programas, continue lendo que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar
este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe seu a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode
tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os conceitos e abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples-
ações mais básicas do programa. mente apertando o F1.
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma
forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar o Fechei sem querer!
programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o endereço do
local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki, por exemplo, Quem nunca fechou uma aba importante acidental-
basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível dispensar o famo- mente em um momento de distração? Pensando nisso,
so “www”, inserido automaticamente pelo programa.) o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no
No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecio-
queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-cha- ná-la para que a última página retorne ao navegador.
ve do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o Chro-
me acessa o site de buscas do Google e exibe os resultados ra-
pidamente. No exemplo utilizamos apenas a palavra “Baixaki”.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configuração Dados de navegação: durante o uso do computador, o


Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar
Antes de continuar com as outras funções do Google sites, links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Lim-
Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para par dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto
isso, vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela a função “Importar dados” coleta informações de outros
e procure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e navegadores.
selecione “Opções”. Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique
um de sua preferência. Para retornar ao normal, selecione
“Redefinir para o tema padrão”.

Configurações avançadas

Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado


para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade,
que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com
suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
Básicas arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do que o navegador pergunte o local para cada novo down-
navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e load.
configurar as páginas que deseja abrir.
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba Downloads
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Tam-
bém é possível escolher se o atalho para a home (aquele Todos os navegadores mais famosos da atualidade
em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador. contam com pequenos gerenciadores de download, o que
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro, facilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tem-
aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar po. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em
na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista um link de download, muitas vezes o programa pergunta-
de mecanismos. rá se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo abaixo:
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sem-
pre que algum software ou link for executado, o Chrome
será automaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais

Senhas: define basicamente se o programa salvará ou


não as senhas que você digitar durante a navegação. A op-
ção “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o
que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os
formulários da internet (cadastros e aberturas de contas)
serão sugeridos automaticamente após a primeira digita-
ção.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embai- Gerenciador de tarefas


xo da janela, mostrando o progresso do download. Você
pode clicar no canto dela e conferir algumas funções es- Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno
peciais para a situação. Além disso, ao selecionar a função gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o
“Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é botão direito no topo da página (como indicado na figura)
exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.
você está baixando

Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela.


Ela controla todas as abas e funções executadas pelo na-
vegador. Caso uma das guias apresente problemas você
pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o
Pesquise dentro dos sites programa. A função é muito útil e evita diversas dores de
cabeça.
Outra ferramenta muito prática do navegador é a pos-
sibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de al-
guns sites, como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a
busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o
que você precisa fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para
que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do
Chrome.

CORREIO ELETRÔNICO
Navegação anônima
O correio eletrônico6 se parece muito com o correio
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma
ou históricos de navegação no computador, utilize a nave- caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men-
gação anônima. Basta clicar no menu com o desenho da sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do
chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa?
que também pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma
+ N. comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza
papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário,
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio,
carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono
tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró-
prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa-
dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci-
lidade de uso do correio convencional com a velocidade
do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado
meio de comunicação.

6 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
ewebmail001.asp

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Estrutura e Funcionalidade do e-mail A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os enviar mensagens para você. Também é possível enviar men-
endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome sagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto basta
do usuário + @ + host, onde: usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima.
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro. das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O
nome do usuário do seu provedor. WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail,
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o endere- pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem
ço eletrônico. Exemplo: click21.com.br . acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao servi- um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que-
ço 24 horas por dia. rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra
por usuários. Os provedores, também, disputam quem ofe-
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br rece maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo
encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil.
A caixa postal é composta pelos seguintes itens: Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensa- Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu
gens recebidas. 120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culminando
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- com o anúncio de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb).
viadas. A última campanha do GMail, e-mail do Google, é de aumen-
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails tar sua caixa postal constantemente, a última vez que acessei
que foram enviados. estava em 2663 Mb.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não
WebMail
terminou de redigir.
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro-
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presen-
grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails
tes:
possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande o
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do des-
número de provedores que oferecem correio eletrônico gra-
tinatário.
tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mes-
» Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
ma mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão » GMail – http://www.gmail.com
para todos os destinatários. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no » iG Mail – http://www.ig.com.br
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
nos.
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se-
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem guir as instruções do site. Outro importante fator a ser ob-
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.). servado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tem-
mensagem. po a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb,
mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de
porém representando as mesmas funções. Além dos destes agenda e contatos.
campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EX- Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério
CLUIR as mensagens, este botões bem como suas funcionali- de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por
dades veremos em detalhes, mais à frente. exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o
Para receber seus e-mails você não precisa estar conecta- menor propaganda possível.
do à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo » Criando seu e-mail
você não estado com seu computador ligado, seus e-mail são Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen-
recebidos e armazenados na sua caixa postal, localizada no te simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
seu provedor. Quando você acessa sua caixa postal, pode ler WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
seus e-mail on-line (diretamente na Internet, pelo WebMail) ou tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
baixar todos para seu computador através de programas de endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
correio eletrônico. Um programa muito conhecido é o Outlook você conheça. O processo de cadastro é muito simples, bas-
Express, o qual detalhar mais à frente. ta preencher um formulário e depois você terá sua conta de
e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br) 8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você
ou qualquer outro de sua preferência. está, no exemplo a Caixa de Entrada.
2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será 9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men-
aberto um formulário, preencha-o observando todos os sagens que estão na tela e também o total da seção sele-
campos. Os campos do formulário têm suas particularida- cionada.
des de provedor para provedor, no entanto todos trazem 10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão
a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a todos os comandos relacionados com as mensagens exi-
primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais
cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O
nome de usuário com o nome do provedor é que será seu botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men-
endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno- sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão
me@outlook.com. “Contas externas” abre uma seção para configurar outras
3. Após preencher todo o formulário clique no botão contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
“Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado. postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci-
Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co- so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP.
mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por 11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista
outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails
lhe informando do problema. Isso acontece porque den- na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique
tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo-
usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de
esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como: sua caixa postal.
seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você 12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um
(o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas;
sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do
conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está nome, quando está normal significa que todas as mensa-
pronto para ser usado. gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu-
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas,
» Entendendo a Interface do WebMail o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta-
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio.
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir
Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra- bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa também as mensagens das diversas pastas existentes na
mais adiante. sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser- de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
vidor. gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens. da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no-
Semelhante à função novo e-mail do Outlook. meá-las, também serve para classificar as mensagens que
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus por padrão estão classificadas através da coluna “Data”,
endereços de e-mail são previamente guardados para uti- para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre
lização futura, nesta seção também é possível criar grupos nome dela.
para facilitar o gerenciamento dos seus contatos. 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são
nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas
ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha, mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não
definir número de e-mail por página, assinatura, resposta existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário
automática, etc. de acordo com suas necessidades.
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
seção com vários tópicos de ajuda. seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen- próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi-
dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado- guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
res de terceiros. baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links
endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; são os mesmos apresentados no item 10.
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos


CONCEITOS BÁSICOS DE SEGURANÇA DA sejam observados para garantir a segurança desde a insta-
INFORMAÇÃO lação do sistema, dos quais podemos destacar:
• Seja minimalista: Instale somente os aplicativos ne-
cessários, aplicativos com problemas podem facilitar o
CONCEITOS DE SEGURANÇA acesso de um atacante;
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema
A Segurança da Informação refere-se à proteção exis- que não serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia au-
tente sobre as informações de uma determinada empresa, tomaticamente diversos aplicativos que não são necessá-
instituição governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto rios, esses aplicativos também podem facilitar a vida de um
as informações corporativas quanto as pessoais. atacante;
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo • Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações
ou dado que tenha valor para alguma organização ou pes- de rede: problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o
soa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou exposta sistema vulnerável a ataques remotos que podem ser reali-
ao público para consulta ou aquisição. zados através da rede ou Internet;
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não • Use partições diferentes para os diferentes tipos de
de ferramentas) para a definição do nível de segurança dados: a divisão física dos dados facilita a manutenção da
existente e, com isto, serem estabelecidas as bases para segurança;
análise da melhoria ou piora da situação de segurança exis- • Remova todas as contas de usuários não utilizadas:
tente. Contas de usuários sem senha, ou com a senha original de
A segurança de uma determinada informação pode ser instalação, podem ser facilmente exploradas para obter-se
afetada por fatores comportamentais e de uso de quem acesso ao sistema.
se utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca Grande parte das invasões na Internet acontece devi-
ou por pessoas mal intencionadas que tem o objetivo de do a falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os
furtar, destruir ou modificar a informação. administradores de sistemas não foram capazes de corrigir
Antes de proteger, devemos saber: a tempo. Essa afirmação pode ser confirmada facilmente
• O que proteger. pelo simples fato de que quando uma nova vulnerabilidade
• De quem proteger. é descoberta, um grande número de ataques é realizado
• Pontos vulneráveis. com sucesso. Por isso é extremamente importante que os
• Processos a serem seguidos. administradores de sistemas se mantenham atualizados
sobre os principais problemas encontrados nos aplicati-
MECANISMOS DE SEGURANÇA vos utilizados, através dos sites dos desenvolvedores ou
O suporte para as recomendações de segurança pode específicos sobre segurança da Informação. As principais
ser encontrado em: empresas comerciais desenvolvedoras de software e as
• CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam o principais distribuições Linux possuem boletins periódicos
contato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura informando sobre as últimas vulnerabilidades encontradas
(que garante a existência da informação) que a suporta. e suas devidas correções. Alguns sistemas chegam até a
Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas possuir o recurso de atualização automática, facilitando
nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâm- ainda mais o processo.
pagos, alagamentos, problemas na rede elétrica, acesso
indevido de pessoas aos servidores ou equipamentos de Firewalls
rede, treinamento inadequado de funcionários, etc.
Medidas de proteção física, tais como serviços de guar- Definimos o firewall como sendo uma barreira inteli-
da, uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno gente entre duas redes, geralmente a rede local e a Inter-
de televisão e sistemas de escuta são realmente uma parte net, através da qual só passa tráfego autorizado. Este trá-
da segurança da informação. As medidas de proteção física fego é examinado pelo firewall em tempo real e a seleção
são frequentemente citadas como “segurança computacio- é feita de acordo com um conjunto de regras de acesso
nal”, visto que têm um importante papel também na pre- Ele é tipicamente um roteador (equipamento que liga as
venção dos itens citados no parágrafo acima. redes com a Internet), um computador rodando filtragens
O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados de pacotes, um software Proxy, um firewall-in-a-box (um
por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhu- hardware proprietário específico para função de firewall),
ma se a segurança física não for garantida. ou um conjunto desses sistemas.
Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de
Instalação e Atualização um produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a
rede. Geralmente, essas regras são elaboradas consideran-
A maioria dos sistemas operacionais, principalmente do as políticas de acesso da organização.
as distribuições Linux, vem acompanhada de muitos apli- Podemos observar que o firewall é único ponto de
cativos que são instalados opcionalmente no processo de entrada da rede, quando isso acontece o firewall também
instalação do sistema. pode ser designado como check point.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos fi- Considerações sobre o uso de Firewalls
rewalls podemos destacar três tipos principais:
• Filtros de pacotes Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e
• Stateful Firewalls são inestimáveis para segurança da informação, existem al-
• Firewalls em Nível de Aplicação guns ataques que os firewalls não podem proteger, como a
interceptação de tráfego não criptografado, ex: Intercepta-
- Filtros de Pacotes ção de e-mail. Além disso, embora os firewalls possam pro-
Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele con- ver um único ponto de segurança e auditoria, eles também
trola a origem e o destino dos pacotes de mensagens da Inter- podem se tornar um único ponto de falha – o que quer
net. Quando uma informação é recebida, o firewall verifica as dizer que os firewalls são a última linha de defesa. Significa
informações sobre o endereço IP de origem e destino do pacote que se um atacante conseguir quebrar a segurança de um
e compara com uma lista de regras de acesso para determinar firewall, ele vai ter acesso ao sistema, e pode ter a oportu-
se pacote está autorizado ou não a ser repassado através dele. nidade de roubar ou destruir informações. Além disso, os
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na firewalls protegem a rede contra os ataques externos, mas
maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém não contra os ataques internos. No caso de funcionários
pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o uso mal intencionados, os firewalls não garantem muita pro-
de roteadores como única defesa para uma rede corporativa teção. Finalmente, como mencionado os firewalls de filtros
não é aconselhável. de pacotes são falhos em alguns pontos. - As técnicas de
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita direta- Spoofing podem ser um meio efetivo de anular a sua pro-
mente no roteador, para uma maior performance e controle, teção.
é necessária a utilização de um sistema específico de firewall. Para uma proteção eficiente contra as ameaças de se-
Quando um grande número de regras é aplicado diretamente gurança existentes, os firewalls devem ser usados em con-
no roteador, ele acaba perdendo performance. Além disso, Fire- junto com diversas outras medidas de segurança.
wall mais avançados podem defender a rede contra spoofing e Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
ataques do tipo DoS/DDoS. apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes /
blindagem / guardas / etc.
- Stateful Firewalls
• CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall. ou limitam o acesso à informação, que está em ambiente
Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, que controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo,
é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de fire- ficaria exposta a alteração não autorizada por elemento
wall examina todo o conteúdo de um pacote, não apenas seu mal intencionado.
cabeçalho, que contém apenas os endereços de origem e des- Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
tino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’ porque examina troles lógicos:
os conteúdos dos pacotes para determinar qual é o estado da
conexão, Ex: Ele garante que o computador destino de uma in- Mecanismos de encriptação
formação tenha realmente solicitado anteriormente a informa-
ção através da conexão atual. A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, os palavras gregas:
stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas até • CRIPTO = ocultar, esconder.
que uma conexão para a porta específica seja requisitada. Isso • GRAFIA = escrever
permite uma maior proteção contra a ameaça de port scanning. Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou
em códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam
- Firewalls em Nível de Aplicação uma mensagem incompreensível permitindo apenas que
Nesse tipo de firewall o controle é executado por aplicações o destinatário que conheça a chave de encriptação possa
específicas, denominadas proxies, para cada tipo de serviço a decriptar e ler a mensagem com clareza.
ser controlado. Essas aplicações interceptam todo o tráfego Permitem a transformação reversível da informação de
recebido e o envia para as aplicações correspondentes; as- forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal,
sim, cada aplicação pode controlar o uso de um serviço. algoritmos determinados e uma chave secreta para, a partir
Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de per- de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma
formance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando sequência de dados encriptados. A operação inversa é a
proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle no desencriptação.
tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar melhor
os eventos associados a um dado serviço. Assinatura digital
A maior dificuldade na sua implementação é a necessidade
de instalação e configuração de um proxy para cada aplicação, Um conjunto de dados encriptados, associados a um
sendo que algumas aplicações não trabalham corretamente documento do qual são função, garantindo a integridade
com esses mecanismos. do documento associado, mas não a sua confidencialidade.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A assinatura digital, portanto, busca resolver dois pro- O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi-
blemas não garantidos apenas com uso da criptografia para nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate
codificar as informações: a Integridade e a Procedência. Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais avança-
Ela utiliza uma função chamada one-way hash function, das técnicas de criptografia disponíveis e de padrões inter-
também conhecida como: compression function, crypto- nacionais (norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para
graphic checksum, message digest ou fingerprint. Essa fun- a emissão e chancela digital dos Certificados de Identidade
ção gera uma string única sobre uma informação, se esse Digital.
valor for o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, Podemos destacar três elementos principais:
significa que essa informação não foi alterada. - Informação de atributo: É a informação sobre o obje-
Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, to que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode in-
pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um cluir seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua orga-
novo hash pode ter sido calculado. nização e o departamento da organização onde trabalha.
Para solucionar esse problema, é utilizada a criptogra- - Chave de informação pública: É a chave pública da
fia assimétrica com a função das chaves num sentido inver- entidade certificada. O certificado atua para associar a cha-
so, onde o hash é criptografado usando a chave privada do ve pública à informação de atributo, descrita acima. A cha-
remetente, sendo assim o destinatário de posse da chave ve pública pode ser qualquer chave assimétrica, mas usual-
pública do remetente poderá decriptar o hash. Dessa ma- mente é uma chave RSA.
neira garantimos a procedência, pois somente o remeten- - Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA
te possui a chave privada para codificar o hash que será assina os dois primeiros elementos e, então, adiciona credi-
aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da bilidade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica
informação original, protegido pela criptografia, garantirá a assinatura e acreditará na informação de atributo e chave
a integridade da informação. pública associadas se acreditar na Autoridade em Certifi-
cação.
Mecanismos de garantia da integridade da informação Existem diversos protocolos que usam os certificados
digitais para comunicações seguras na Internet:
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con-
• Secure Socket Layer ou SSL;
sistindo na adição.
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
• Form Signing;
Mecanismos de controle de acesso
• Authenticode / Objectsigning.
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões
certificados digitais e é usado em praticamente todos os
inteligentes.
sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
Mecanismos de certificação jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de
adoção onde apenas os servidores estavam identificados
Atesta a validade de um documento. O Certificado Di- com certificados digitais, e assim tínhamos garantido, além
gital, também conhecido como Certificado de Identidade da identidade do servidor, o sigilo na sessão. Entretanto,
Digital associa a identidade de um titular a um par de cha- apenas com a chegada dos certificados para os browsers é
ves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas que pudemos contar também com a identificação na ponta
em conjunto, fornecem a comprovação da identidade. É cliente, eliminando assim a necessidade do uso de senhas
uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cé- e logins.
dula de Identidade - serve como prova de identidade, reco- O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois
nhecida diante de qualquer situação onde seja necessária a permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem
comprovação de identidade. encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os
O Certificado Digital pode ser usado em uma grande e-mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros
variedade de aplicações, como comércio eletrônico, grou- durante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a
pware (Intranets e Internet) e transferência eletrônica de do destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia
fundos. da identidade de quem enviou o e-mail.
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certifi- usuários emitam recibos online com seus certificados di-
cado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban-
identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado por king e solicita uma transferência de fundos. O sistema do
ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá so- banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário as-
licitar ao comprador seu Certificado de Identidade Digital, sine com seu certificado digital um recibo confirmando a
para identificá-lo com segurança e precisão. operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco para
Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado servir como prova, caso o cliente posteriormente negue ter
de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e efetuado a transação.
a comunicação com segurança não será estabelecida.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Authenticode e o Object Signing são tecnologias que Divulgação


permitem que um desenvolvedor de programas de compu-
tador assine digitalmente seu software. Assim, ao baixar um A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/ou
software pela Internet, o usuário tem certeza da identidade custar tão caro quanto um ataque de “Negação de Serviço”,
do fabricante do programa e que o software se manteve ínte- pois informações que não podiam ser acessadas por ter-
gro durante o processo de download. Os certificados digitais ceiros, agora estão sendo divulgadas ou usadas para obter
se dividem em basicamente dois formatos: os certificados de vantagem em negócios.
uso geral (que seriam equivalentes a uma carteira de identi- Dependendo da informação ela pode ser usada como
dade) e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco, objeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:
carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral são emiti- • Expor informações em mensagens de erro;
dos diretamente para o usuário final, enquanto que os de uso • Expor código em sites.
restrito são voltados basicamente para empresas ou governo.
Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS)
Integridade: Medida em que um serviço/informação é
genuino, isto é, esta protegido contra a personificação por A forma mais conhecida de ataque que consiste na
intrusos. perturbação de um serviço, devido a danos físicos ou ló-
gicos causados no sistema que o suportam. Para provocar
Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é um DoS, os atacantes disseminam vírus, geram grandes
detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um spam- volumes de tráfego de forma artificial, ou muitos pedidos
mer, ou de qualquer agente externo estranho ao sistema, en- aos servidores que causam subcarga e estes últimos ficam
ganando-o, fazendo-o pensar que esteja de fato explorando impedidos de processar os pedidos normais.
uma vulnerabilidade daquele sistema. O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exem-
plo:
AMEAÇAS À SEGURANÇA • “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood);
• “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados.
Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco
O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server
algum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de al-
contendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o
guma vulnerabilidade do ambiente.
DHCP Server Local com solicitações de IP, fazendo com que
Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos
nenhuma estação com IP dinâmico obtenha endereço IP.
de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que
existem as prioridades; essas prioridades são os pontos que
Elevação de Privilégios
podem comprometer o “Negócio da Empresa”, ou seja, o que
é crucial para a sobrevivência da Empresa é crucial no seu
projeto de Segurança. Acontece quando o usuário mal-intencionado quer
Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de executar uma ação da qual não possui privilégios adminis-
FVRDNE: trativos suficientes:
Falsificação • Explorar saturações do buffer para obter privilégios
do sistema;
Falsificação de Identidade é quando se usa nome de • Obter privilégios de administrador de forma ilegítima.
usuário e senha de outra pessoa para acessar recursos ou Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador
executar tarefas. Seguem dois exemplos: da Rede efetuou logon numa máquina e a deixou desblo-
• Falsificar mensagem de e-mail; queada, e com isso adicionar a sua própria conta aos gru-
• Executar pacotes de autenticação. pos Domain Admins, e Remote Desktop Users. Com isso
Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt ele faz o que quiser com a rede da empresa, mesmo que
com sua senha, grudado no seu monitor. esteja em casa.

Violação Quem pode ser uma ameaça?

A Violação ocorre quando os dados são alterados: Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos,
• Alterar dados durante a transmissão; muitas vezes conhecidos como crackers, (hackers não são
• Alterar dados em arquivos. agentes maliciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis
falhas). Estas pessoas são motivadas para fazer esta ilega-
Repudiação lidade por vários motivos. Os principais motivos são: noto-
A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um riedade, autoestima, vingança e o dinheiro. É sabido que
ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi fei- mais de 70% dos ataques partem de usuários legítimos de
to. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log após um sistemas de informação (Insiders) -- o que motiva corpora-
acesso indevido. Exemplos: ções a investir largamente em controles de segurança para
• Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu; seus ambientes corporativos (intranet).
• Comprar um produto e mais tarde negar que comprou.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É necessário identificar quem pode atacar a minha NÍVEL DE SEGURANÇA


rede, e qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
• Principiante – não tem nenhuma experiência em pro- Depois de identificado o potencial de ataque, as orga-
gramação e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não nizações têm que decidir o nível de segurança a estabele-
tem noção do que está fazendo ou das consequências da- cer para um rede ou sistema os recursos físicos e lógicos a
quele ato. necessitar de proteção. No nível de segurança devem ser
• Intermediário – tem algum conhecimento de pro- quantificados os custos associados aos ataques e os asso-
gramação e utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta ciados à implementação de mecanismos de proteção para
pessoa pode querer algo além de testar um “Programinha minimizar a probabilidade de ocorrência de um ataque .
Hacker”.
• Avançado – Programadores experientes, possuem co- POLÍTICAS DE SEGURANÇA
nhecimento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar
ataques estruturados. Certamente não estão só testando De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Han-
os seus programas. dbook), uma política de segurança consiste num conjunto
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários formal de regras que devem ser seguidas pelos usuários
da empresa, e provavelmente estão se aproveitando de al- dos recursos de uma organização.
guma vulnerabilidade do seu ambiente. As políticas de segurança devem ter implementação
realista, e definir claramente as áreas de responsabilidade
VULNERABILIDADES dos usuários, do pessoal de gestão de sistemas e redes e
da direção. Deve também adaptar-se a alterações na or-
Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles ganização. As políticas de segurança fornecem um enqua-
que exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilida- dramento para a implementação de mecanismos de segu-
de do sistema operacional, aplicativos ou políticas internas. rança, definem procedimentos de segurança adequados,
Veja algumas vulnerabilidades: processos de auditoria à segurança e estabelecem uma
• Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas base para procedimentos legais na sequência de ataques.
previsíveis ou que não usam requisitos mínimos de com- O documento que define a política de segurança deve
plexidade. Deixar um Postit com a sua senha grudada no deixar de fora todos os aspetos técnicos de implementa-
monitor é uma vulnerabilidade. ção dos mecanismos de segurança, pois essa implemen-
• Software sem Patches – Um gerenciamento de Ser- tação pode variar ao longo do tempo. Deve ser também
vice Packs e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade co- um documento de fácil leitura e compreensão, além de
mum. Veja casos como os ataques do Slammer e do Blaster, resumido.
sendo que suas respectivas correções já estavam disponí- Algumas normas definem aspectos que devem ser le-
veis bem antes dos ataques serem realizados. vados em consideração ao elaborar políticas de segurança.
• Configuração Incorreta – Aplicativos executados com Entre essas normas estão a BS 7799 (elaborada pela Bri-
contas de Sistema Local, e usuários que possuem permis- tish Standards Institution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão
sões acima do necessário. brasileira desta primeira).
• Engenharia Social – O Administrador pode alterar Existem duas filosofias por trás de qualquer política
uma senha sem verificar a identidade da chamada. de segurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente
• Segurança fraca no Perímetro – Serviços desneces- permitido é proibido) e a permissiva (tudo que não é proi-
sários, portas não seguras. Firewall e Roteadores usados bido é permitido).
incorretamente. Enfim, implantar Segurança em um ambiente não
• Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de depende só da Tecnologia usada, mas também dos Pro-
autenticação usando protocolos de texto simples, dados cessos utilizados na sua implementação e da responsabi-
importantes enviados em texto simples pela Internet. lidade que as Pessoas têm neste conjunto. Estar atento ao
Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que surgimento de novas tecnologias não basta, é necessário
não seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco entender as necessidades do ambiente, e implantar polí-
de suas vulnerabilidades. ticas que conscientizem as pessoas a trabalhar de modo
Nem todos os problemas de segurança possuem uma seguro.
solução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que
de Risco, analisando e balanceando todas as informações instalando um bom Antivírus você elimina as suas vulnera-
sobre Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabilidade e bilidades ou diminui a quantidade de ameaças. É extrema-
impacto. mente necessário conhecer o ambiente e fazer um estudo,
para depois poder implementar ferramentas e soluções de
segurança.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

QUESTÕES GERAIS 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de


arquivos, sem que haja perda de informação?
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assinale (A) Compactação
a opção correta. (B) Deleção
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve ser (C) Criptografia
feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle, de (D) Minimização
modo a garantir a correta remoção dos arquivos relacionados (E) Encolhimento adaptativo
ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional.
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DE- Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
LETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos dire- nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
tórios de programas instalados na máquina em uso. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha SolusZip, etc.
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuários Resposta: A
possivelmente cadastrados nessa máquina.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios dis-
poníveis por meio da instalação do pacote Office, entre eles, 5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel:
calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão
Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windo-
ws, dar saída no usuário correntemente em uso na máquina e,
em seguida, desligar o computador.

Comentários: Para desinstalar um programa de forma segura


deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover programas
Resposta – Letra A
 
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co-
2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as infor-
lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será:
mações estão contidas em arquivos de vários formatos, que
(A) 7
são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias
(B) 56
removíveis do computador, organizados em:
(C) 448
(A) telas.
(B) pastas. (D) 511
(C) janelas. (E) uma mensagem de erro
(D) imagens.  
(E) programas. Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma bem cla- em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po-
ra a organização por meio de PASTAS, que nada mais são do que sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser
compartimentos que ajudam a organizar os arquivos em endere- copiada de D1 para D3:
ços específicos, como se fosse um sistema de armário e gavetas.  
Resposta: Letra B

3- Um item selecionado do Windows XP pode ser excluído


permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se
simultaneamente as teclas
(A) Ctrl + Delete.
(B) Shift + End.
(C) Shift + Delete.
(D) Ctrl + End.
(E) Ctrl + X.
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so-
Comentário: Quando desejamos excluir permanentemen- mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam
te um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes para ‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten-
a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto com do-se o resultado 448.
a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem do tipo Resposta: C.
“Você tem certeza que deseja excluir permanentemente este
arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja enviar este
arquivo para a lixeira?”.
Resposta: C

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6- “O correio eletrônico é um método que permite Estão corretas apenas as afirmativas:


compor, enviar e receber mensagens através de sistemas A) I, II, III, IV
eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciadores B) I, II
de email, EXCETO: C) I, II, III
A) Mozilla Thunderbird. D) I, II, IV
B) Yahoo Messenger. E) I, III, IV
C) Outlook Express.
D) IncrediMail. Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
E) Microsoft Office Outlook 2003. so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e
nico podem funcionar por meio de um software instalado III são verdadeiros.
em nosso computador local ou por meio de um programa
que funciona dentro de um navegador, via acesso por In-
ternet. Este programa da Internet, que não precisa ser ins-
talado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
No item IV encontramos o item falso da questão, o que
Maiores Desvantagens:
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men-
• Ocupam espaço em disco;
sagem de e-mail significa copiar e não mover!
• Compatibilidade com os servidores de e-mail
Resposta: C.
(nem sempre são compatíveis).
A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do
grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook ambiente MS Office, assinale a opção correta.
Microsoft Outlook Express; (A) Ao se clicar no nome de um documento gravado
Mozilla Thunderbird; com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Win-
IcrediMail dows ativa o MS Access para a abertura do documento em
Eudora tela.
Pegasus Mail (B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas
Apple Mail (Apple) ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL
Kmail (Linux) + V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de
Windows Mail todos os aplicativos da suíte MS Office.
A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, (C) A opção Salvar Como, disponível no menu das apli-
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o cações do MS Office, permite que o usuário salve o docu-
gabarito da questão. mento correntemente aberto com outro nome. Nesse caso,
Resposta: B. a versão antiga do documento é apagada e só a nova ver-
são permanece armazenada no computador.
7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e cor- (D) O menu Exibir permite a visualização do documen-
reio eletrônico, analise: to aberto correntemente, por exemplo, no formato do MS
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pe- Word para ser aberto no MS PowerPoint.
los navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Goo- (E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a ela-
gle Chrome) para localizar recursos e páginas da Internet boração de apresentações de slides que utilizem conteúdo
(Exemplo: http://www.google.com.br). e imagens de maneira estruturada e organizada.
II. Download significa descarregar ou baixar; é a trans-
ferência de dados de um servidor ou computador remoto Comentários: O menu editar geralmente contém os co-
para um computador local. mandos universais dos programas da Microsoft como é o
III. Upload é a transferência de dados de um computa- caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do
dor local para um servidor ou computador remoto. localizar.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail signifi- Em relação às outras letras:
ca movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo
um destinatário, com endereço eletrônico. Excel e não o Access

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Internet,
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está lo-
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- calizada tal máquina.
grama e não de um programa para o outro como é o caso (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se
da afirmativa. conectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação no caso de salas de bate-papo.
de slides e sim o Ms Power Point. (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
Resposta: B mento de arquivos na Internet.
(D) Quando se digita o endereço de uma página web, o
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi- termo http significa o protocolo de acesso a páginas em for-
nale a opção correta. mato HTML, por exemplo.
(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de cor-
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla
reio eletrônico envia uma mensagem com anexo para outro
a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre
destinatário de correio eletrônico.
na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Comentários: Os itens apresentados nessa questão estão
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os proto-
barra de endereços do navegador: http://intranet.com. colos mais comuns:
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de carre-
rede local, pois sua função é conectar um computador à gamento de páginas de Hipertexto –  HTML
rede de telefonia fixa. - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma má-
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina quina na rede
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada - POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. de emails direto no PC via gerenciador de emails
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar- - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo padrão
mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de de envio de emails
acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet. - IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante
ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário a
Comentários: O modelo cliente/servidor é questiona- possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensagens
do em termos de internet pois não é tão robusto quanto de email direto no servidor.
redes P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transferência
do servidor central impede o acesso aos usuários clientes, de arquivos
no segundo mesmo que um servidor “caia” outros servi- Resposta: D
dores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo
que o download continue. Ex: programas torrent, Emule, 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção correta.
Limeware, etc. (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas e
Em relação às outras letras: arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o Painel
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão Iniciar do
para localizar e identificar conjuntos de computadores na Windows.
Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na- (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos
em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modifi-
vegador.
cação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
Exibição.
forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede ofe-
é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
rece um histórico de páginas visitadas na Internet para acesso
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu- direto a elas.
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma (D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim opção Renomear for acionada no Windows Explorer com o
acessar redes locais. botão direito do mouse,será salva uma nova versão do arquivo
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com- e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
putação que fornece serviços a uma rede de computado- (E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura
res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/ de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca
ou restringe acessos. Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de má-
Resposta: D quinas ligadas à Internet.

Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arquivos são


mostrados de várias formas como Listas, Miniaturas e Detalhes.
Resposta: B

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atenção: Para responder às questões de números Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
de computadores. de a segurança solicitada no enunciado.
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deverão Resposta: A
ser verificados para que não contenham erros. Alguns artigos
digitados deverão conter a imagem dos resultados obtidos em 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, valores e totais. Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de arquivos em lotes, também denominados scripts, o
devem ser tomados para a recuperação em caso de perda e shell de comando é um programa que fornece comuni-
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às cação entre o usuário e o sistema operacional de forma
informações guardadas. direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas na dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de
internet visando o atendimento do nível de qualidade da in- um comando da pasta Acessórios denominado
formação prestada à sociedade, pelo órgão. (A) Prompt de Comando
O ambiente operacional de computação disponível para (B) Comandos de Sistema
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do (C) Agendador de Tarefas
MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio ele- (D) Acesso Independente
trônico, em português e em suas versões padrões mais utili- (E) Acesso Direto
zadas atualmente.
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, Resposta: “A”
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada
Comentários
em portas do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe-
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
eletrônica,
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
resultados diferentes do original.
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
(C) somente podem ser copiadas para o editor de textos
çados.
dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas.
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
a uma. 15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “co- Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
ladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela. gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
  textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
Comentários: Sempre que se copia células de uma plani- chado, o resultado obtido será
lha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam como
uma tabela simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os
números são colados.
Resposta: E

13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio do


correio eletrônico, deve considerar as operações de
(A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos ende-
reços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. Resposta: “C”
(C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere- Comentários:
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”. Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d,
(D) de desanexação de arquivos e de inserção dos ende- e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens
reços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”. d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa
(E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere- alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. formatações foi o item c.
 

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Resposta: “C”


Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Comentário:
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en- Expressão =MÉDIA(A1:A3)
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
cliente, respectivamente, um dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
(A) download e um upload Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(B) downgrade e um upgrade Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(C) downfile e um upfile que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
(D) upgrade e um downgrade em ordem crescente.
(E) upload e um download Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
Resposta: “E”. que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números
Comentários:
em ordem decrescente.
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)

17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)


Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
ao texto em edição.
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
a) 1
Resposta: “B” b) 2
Comentário: c) 3
• Ação numerar - “INSERIR” d) 4
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS” e) 5
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
Resposta: “D”
18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Comentário:
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1

a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Passo 2 21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-


que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
e A3 zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
Passo 3 22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
propagação, o resultado configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po- Resposta: D


werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode Comentário:
ser feita na guia
a) Geral.
b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua até
que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em se-
guida, clique na régua no local desejado.

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma tabulação Direita define a extremidade do texto à Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
direita. Conforme você digita, o texto é movido para a esquerda. chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de um matório) em uma única questão. A função ARRED é para
ponto decimal. Independentemente do numero de dígitos, o arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
ponto decimal ficará na mesma posição. inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
uma barra vertical na posição de tabulação. decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Uma (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
planilha do Microsoft Excel, na sua configuração padrão, entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
possui os seguintes valores nas células: B1=4, B2=1 e B3=3. ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA (B1:B3)/3;2,7);2) in- casas decimais.
serida na célula B5 apresentará o seguinte resultado:
(A) 2
Considere a figura que mostra o Windows Explorer
(B) 1,66
do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
(C) 2,667
(D) 2,7 nal, e responda às questões de números 24 e 25.
(E) 2,67

Resposta: E
Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
será fechado 01. (UFBA - AUXILIAR DE ADMINISTRAÇÃO –
(A) o Meu computador. UFBA/2012) - O pendrive serve para controlar as infor-
(B) o Disco Local (C:). mações acessadas pela internet.
(C) o painel Pastas. ( ) Certo
(D) Meus documentos. ( ) Errado
(E) o painel de arquivos.
Um pendrive é um dispositivo móvel, portátil de ar-
Resposta: C mazenamento. Em analogia podemos dizer que é compa-
Comentário: rável ao antigo disquete, ao CD, DVD, ou outra unidade de
armazenamento, mas lembrando que seus dados podem
ser gravados e apagados. O pendrive é um hardware que
possui um tipo especial de memória: a memória flash, que
possui um custo relativamente reduzido, consome pouca
energia e possibilita o armazenamento de uma grande
quantidade de informações. Além desse tipo especial de
memória, o pendrive possui o conector USB (Universal Se-
rial Bus), que está presente em diversos tipos de equipa-
mentos eletrônicos.

RESPOSTA: “ERRADO”.

02. (TRE/RJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO DE


COMPUTADOR – CESPE/2012) - Com relação aos barra-
mentos de entrada e saída, julgue os itens seguintes. O
barramento AGP impede, para a execução de operações
complexas, o acesso à memória principal diretamente.
( ) Certo
( ) Errado

A sigla AGP vem de AcceleratedGraphicsPort, ou seja,


Porta Gráfica Acelerada e foi criada especialmente para dar
suporte à velocidade gráfica cada vez mais crescente das
placas de vídeo. Com referência ao uso que faz da memória
Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/ principal, a alocação realizada pelo barramento AGP é di-
oculta o painel PASTAS. nâmico, permite um uso eficiente da memória de imagem
(frame buffer) e um melhor gerenciamento da memória.

RESPOSTA: “ERRADO”.

03. (TRE/CE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO


DE COMPUTADOR – FCC/2012) - O barramento AGP
(AcceleratedGraphicsPort) é utilizado para conectar
uma placa de aceleração gráfica para o processamento
de imagens. Uma das vantagens desse barramento é a
grande capacidade de transferência de dados, chegan-
do a transmitir mais de 2MB por segundo a um clock de 
a) 133 MHz.
b) 33 MHz.
c) 2,2 GHz.
d) 100 GHz.
e) 66 MHz.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As placas de vídeo exigem uma alta velocidade de 05. (UFBA - TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFORMA-
transferência no barramento para que as imagens não apa- ÇÃO – UFBA/2012) - USB é o barramento especialmente
reçam em quadros para o usuário. O barramento AGP (Ac- desenvolvido para placa de vídeo, que faz a comunicação
celeratedGraphicsPort), também conhecido com slot AGP, entre a placamãe e a placa de vídeo.
consiste em um encaixe fixado na placa mãe que promove
velocidade na transferência e otimiza o gerenciamento de ( ) Certo
memória. Existem várias versões de barramento AGP (AGP ( ) Errado
1X, AGP 2X, AGP 4X, AGP 8X), mas todos operam a 32 bits
e 66 MHZ. USB é a sigla para Universal Serial Bus e consiste em um
conector que tem a missão de padronizar os diversos tipos
que existem como serial, paralelo, PS2, evitando encaixes
equivocados, padronizando interfaces e arquiteturas e trazen-
do outras tecnologias que tornem a conexão e utilização de
periféricos rápidas e fáceis. A um conector USB podemos ligar
impressora, mouse, scanner, webcam e outros periféricos.

Barramento AGP

RESPOSTA: “E”.

04. (TRE/CE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO


DE COMPUTADOR – FCC/2012) - O barramento PCI Ex-
press  (PCIe) foi desenhado para substituir os antigos
barramentos PCI, bem como o AGP. Este barramento
USB
pode fornecer altas Taxas de transferência, e em sua
versão 3.0 essa taxa é de até
RESPOSTA: “ERRADO”.
a) 12 GT/s. 06. (TSE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE
b) 10 GT/s. SISTEMAS –CONSULPLAN/2012) - Observe a placa mãe
c) 4 GT/s. Gigabyte para microcomputadores versão desktop. 
d) 2 GT/s.
e) 8 GT/s.

O barramento PCI Express também pode ser chamado


de PCle ou PCl – EX. Foi desenvolvido para dar mais velo-
cidade às placas que têm o encaixe próprio para o slot PCI
e para substituir o AGP e traz uma proposta de transferên-
cia de dados de forma serial, ou seja, não são transmitidos
vários bits ao mesmo tempo, por vários canais de trans-
missão, gerando problemas com interferência magnética
e atraso de propagação, conforme ocorria no slot AGP ou
PCI comum. Ele transmite os bits um a um, serialmente, por
um único canal.
A taxa de transferência é representada pela sigla GT/s,
ou seja, Gigatransfer por segundo, sendo que 1 GT/s signi-
fica 109 ou um bilhão de transferências por segundo.
O barramento PCI Express possui várias gerações, por
exemplo: 1.1, 2.0, 3.0. A taxa de transferência da geração
3.0 é de 8GT/s, usa menos energia e é considerado mais
barato do que suas versões anteriores.

RESPOSTA: “E”.
Placa mãe Gigabyte – GA–A75M-UD2H

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na versão OFFBOARD da placa mãe apresentada na


figura, uma placa de vídeo deve ser instalada no slot iden-
tificado por
a) G1.
b) G2.
c) G3.
d) G4.

As placas mãe são o suporte para todas as outras peças


do computador. Através delas sabemos quanto podemos ex-
pandir de memória, processador, placa de som, vídeo e outras.
Existem placas de vídeo onboard, que são aquelas onde
os recursos de som, vídeo e rede, por exemplo, estão inseri- Chipset de vídeo onboard
dos na própria placa mãe através de chipsets soldados nela.
RESPOSTA: “E”.
Nesses casos todos os outros recursos de som, vídeo e rede
são usados da placa mãe, diminuindo seu desempenho.
08. (TRT - 12ª REGIÃO (SC) - TÉCNICO JUDICIÁRIO
As placas offboard são aquelas que possuem slots, ou
- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) - Basica-
seja, encaixes próprios para placas de expansão de som, ví- mente, o Windows trabalha com dois tipos de memória. O
deo, rede e outras. Dessa forma, há um barramento apropria- primeiro deles é a memória principal, também chamada de
do para trabalhar junto a essas placas que trazem diversos física. Ela é a quantidade de RAM instalada na máquina.
recursos para otimizar seu desempenho junto à placa mãe e Já a memória conhecida como virtual é uma espécie de
demais hardwares instalados. memória auxiliar, usada pelo computador em alguns
Dos slots marcados na imagem, o que está indicado casos especiais. Essa memória é:
como G3, mostra um slot PCI Express, que possui alta taxa a) um registrador da unidade central de processamento.
de transferência e arquitetura desenvolvida para, entre outras b) uma área reservada na ROM do computador.
funções, substituir o slot AGP que era preparado para traba- c) um arquivo hospedado no disco rígido da máquina.
lhar com placas de vídeo. d) uma área de acesso na BIOS (Basic Input/Ou-
tput System).
RESPOSTA: “C”. e) uma memória cache.

07. (PROCON/RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – CE- A memória RAM, ou memória principal, consiste em
PERJ/2012) - Atualmente existem microcomputadores, na um hardware que é encaixado na placa mãe por um soque-
versão desktop, que utilizam placamãe com componentes te específico. A memória virtual não é física, é configurável
integrados, numa modalidade em que a placa de vídeo pelo sistema operacional e destina uma parte do HD para
e de rede, por exemplo, não são instaladas em soquetes dar suporte à memória RAM, guardando as informações e
e, sim, fazem parte da própria placamãe, compartilhando passando a trabalhar como uma extensão dela.
memória da RAM existente, acarretando menor desem-
penho, se comparado à instalação em soquetes indepen-
dentes. A modalidade que utiliza componentes integra-
dos na própria placa mãe é conhecida pelo termo técnico: 
a) Chipset-shared
b) Plug-and-play
c) Balanced-line
d) Offboard
e) Onboard

Um computador desktop é um computador comum de


mesa. A placa mãe é a peça fundamental da máquina, onde
serão encaixadas todas as outras peças necessárias para seu
funcionamento.
O termo onboard quer dizer “na placa” e referem-seàs
placas mãe que possuem vários chipsets soldados a ela que
trazem funções específicas de vídeo, som e rede, por exem- Configuração de Memória Virtual – SO Windows
plo. Esses chipsets compartilham outros recursos da placa
mãe para poderem desenvolver suas atividades, o que gera No Windows XP, por exemplo, podemos configurar a
uma perda de desempenho da máquina. As placas mãe on- memória virtual pelo Painel de controle, em Configurações
board são muito difundidas, visto seu baixo custo em relação avançadas do sistema.
às offboards.
RESPOSTA: “C”.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

09. (MPU - ANALISTA – BIBLIOTECONOMIA – CES- A memória cache pode ser encontrada junto ou próxima
PE/2013) - A respeito de informática para bibliotecas, ao processador, desempenhando o trabalho de servir-lhe in-
julgue os itens subsequentes. A memória cache de um formações que frequentemente são acessadas. É uma memó-
computador é um dispositivo de armazenamento rápido, ria SRAM, ou seja, uma memória estática de acesso aleatório
assim como a memória ROM (read-onlymemory), sen- que é verificada primeiramente pelo processador, justamente
do ambos esses dispositivos considerados áreas inter- por manter sua velocidade, o que não é permitido se este tiver
mediárias de armazenamento.  que buscar os dados necessários na memória RAM.
( ) Certo No esquema podemos verificar que, quanto mais próxi-
( ) Errado ma e menor é a memória, mais rápido será seu trabalho junto
ao processador, porém, menor será a quantidade de informa-
A memória cache é uma pequena quantidade de me- ção alocada.
mória presente junto ou próxima ao processador para
trocar informações com ele rapidamente. É uma memó- RESPOSTA: “C”.
ria volátil, ou seja, perde suas informações na ausência de
energia. É uma memória de leitura e gravação, um tipo de 11. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – FUN-
memória RAM estática que possui vários transistores para CAB/2013) - Os registradores utilizados pela CPU e pela
alocar os dados. A memória ROM, como o próprio nome memória para comunicação e transferência de informa-
diz, é uma memória de apenas leitura e não é volátil. ções são, respectivamente:
a) Contador de Instruções (CI) e Registrador de Da-
RESPOSTA: “ERRADO”. dos de Memória (RDM).
b) Registrador de Endereços de Memória (REM) e
10. (TRT 9ª REGIÃO (PR) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - Contador de Instruções (CI).
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) - A maio- c) Registrador de Dados de Memória (RDM) e Regis-
ria dos sistemas computacionais trabalha com técnicas trador de Endereços de Memória (REM).
d) Decodificador de Instruções (DI) e Contador de
para combinar uma pequena quantidade de memória
Instruções (CI).
rápida com uma grande quantidade de memória mais
e) Decodificador de Instruções (DI) e Registrador de
lenta para se obter um conjunto de memórias adequa-
Dados de Memória (RDM).
do a um custo razoável. A memória pequena e rápida
é chamada ...... A ideia básica é simples: as palavras de
Os registradores são unidades de armazenamento voláteis
memória usadas com mais frequência são nela man-
dentro do processador. Os registradores utilizados nos procedi-
tidas. Quando ...... precisa de uma palavra, examina a
mentos que envolvem a memória principal, ou seja, a memória
memória rápida em primeiro lugar. Somente se a pa- RAM,sãoo RDM, que é o registrador de dados de memória (MBR
lavra não estiver ali é que ela recorre As lacunas são – memory buffer register) e se comunica com a memória principal
correta e respectivamente preenchidas com através do barramento de dados,e o REM – registrador de endere-
a) EPROM - o computador - à RAM. ços da memória (MAR – memoryaddressregister)que se comunica
b) RAM - o computador - ao HD. com a memória principal através do barramento de endereços.
c) cache - a CPU - à memória principal. O RDM e o REM alocam informações transferidas da RAM
d) BIOS - a CPU - à memória principal. para a Unidade Central de Processamento, mas o RDM guar-
e) RAM - o processador - ao HD. da a informação que está sendo transferida da RAM para a
UCP (leitura) ou da UCP para RAM (escrita). O REM guarda o
endereço de acesso a uma posição de memória ao se iniciar
a operação de leitura ou escrita. Em seguida, o endereço é
encaminhado à área de controle da RAM para decodificação
e localização da célula desejada.

RESPOSTA: “C”.

12. (TRT 15ª REGIÃO (CAMPINAS) - ANALISTA JUDI-


CIÁRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) - É
a unidade que armazena a posição de memória que con-
Esquema Processador x memórias tém a instrução que o computador está executando em
um determinado momento. Ela informa à ULA qual ope-
O esquema simplificado acima mostra: ração a executar, buscando a informação (da memória)
1 – Processador (CPU) que a ULA precisa para executá-la. O texto se refere à 
2 – Memória cache L1 a) ISA - Unidade de Arquitetura Integrada.
3 – Memória cache L2 b) UCP - Unidade Central de Processamento.
4 – Memória RAM c) ALU - Unidade Aritmética e Lógica.
d) UC - Unidade de Controle.
e) PCI - Unidade de Controle de Periféricos.

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ULA é a Unidade Lógica e Aritmética que fica dentro Os barramentos são conexões que fazem a interliga-
da Unidade Central de Processamento e é responsável por ção de um componente com a placamãe. Como exemplos
realizar operações matemáticas e operações lógicas como de peças que se conectam àplaca-mãe pelos barramentos,
“E”, “OU”, “Não” e “Verdadeiro ou falso”. Respectivamente, podemos citar processador, memória, placa de som, vídeo,
essas operações são conhecidas pelos nomes e sigla em rede. Considerando o barramento de entrada e saída para
Inglês: “AND”, “NOT”, “OR”, “XOR”. nossa exemplificação, que é aquele onde conectamos dis-
A Unidade de Controle (UC) é um componente do pro- positivos de entrada e saída como placas de som e vídeo,
cessador responsável por gerar sinais elétricos que contro- os dados percorrem as vias da placa, chegam ao barramen-
lam outros componentes, como a ULA e os registradores. to e são levados do computador ao usuário ou do usuário
Armazena a posição de memória que contém a instrução ao computador.
que o computador está executando nesse momento. Envia
sinais elétricos para a ULA informando qual operação exe- RESPOSTA: “E”.
cutar (soma, divisão, AND, OR...), quais registradores forne-
cerão dados de entrada para ULA e qual será o registrador 15. (DPE/SP - AGENTE DE DEFENSORIA - ENGE-
que armazenará o resultado da operação. NHEIRO CIVIL – FCC/2013) - A placa-mãe é um dos
componentes críticos dos computadores, pois definirá
RESPOSTA: “D”. as limitações da máquina como um todo. Você deve
prestar muita atenção em uma série de detalhes na
13. (TRT 17ª REGIÃO (ES) - ANALISTA JUDICIÁRIO hora de escolher suamotherboard. Assinale a alternati-
- ENGENHARIA ELÉTRICA – CESPE/2013) - Com relação va correta sobre a placa- -mãe.
aos componentes, funcionamento e sistemas operacio- a) Compatibilidade com pentes de memória: se não
nais de microcomputadores, julgue os itens subsequen- houver compatibilidade com o barramento DRR, é pro-
tes. vável que dentro de poucos anos o componente fique
As memórias DRAM são voláteis e com acessos sín- estagnado, por não poder possibilitar mais upgrades.
cronos em relação ao clock da placa mãe.  b) Pinagem do processador: os processadores ga-
( ) Certo nham a cada ano novas arquiteturas e por isso precisam
( ) Errado de novos slots nas placas-mãe. Hoje os fabricantes de
CPUs Intel e Asususam o topo da tecnologia conhecida
As memórias DRAM(DynamicRandom – AcessMemory) como Soquete 7.
são dinâmicas, pois possuem apenas um transistor por cé- c) Slots disponíveis para placas  offboard: placas
lula, o que faz necessária a atualização constante da in- de vídeo offboard, placas de som e outros dispositivos
formação para que continue alocada. São voláteis, pois se exigem slots (geralmente APG, hoje raros são os dispo-
houver perda de energia, os dados que estiverem nela se- sitivos PCI-Express) disponíveis para a instalação. Sem
rão perdidos. Mas os acessos não são síncronos em relação eles, não há como fazer a comunicação entre placa of-
ao clock da placa mãe, pois a DRAM possui uma interface fboard e o sistema operacional que o reconhecerá.
assíncrona. d) Chipset: se você não quiser instalar placas de ví-
O clock é um sinal que coordena as ações de dois ou deo  offboard, deve ficar ainda mais atento para esse
mais circuitos eletrônicos. No caso da placa mãe também é detalhe. O chipset é um conjunto de chips utilizado na
conhecido como clock externo e é ditado pelo processador. placa-mãe que realizam diversas funções de hardware,
Uma interface síncrona é aquela onde a leitura ou es- como controle dos barramentos, controle e acesso à
crita dos dados é sincronizada pelo clock do sistema ou do memória, processamento das informações gráficas on-
barramento. A DRAM é assíncrona, pois quando o proces- board etc. As placas-mãe com chipset ATI e Intel são
sador faz uma solicitação à memória e espera que ela res- muito utilizadas.
ponda, essa resposta pode não ser feita no sinal do clock. e) USB: se antes as USB 1.0 eram ultrapassadas,
agora os usuários devem tomar cuidado com as USB
RESPOSTA: “ERRADO”. 2.1, não que elas estejam sendo abandonadas, mas é re-
comendado que já sejam escolhidas as placas- -mãe
14. (TRT 15ª REGIÃO (CAMPINAS) - ANALISTA JUDI- com USB 3.1.
CIÁRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) -
Pode-se comparar a placamãe de um computador com O termo offboard quer dizer fora da placa, ou seja,
uma cidade, onde os prédios seriam os componentes é um recurso que não está presente na placa mãe, mas
como processador, memória, placas e discos e os bar- pode ser incluído a ela através de um soquete específico.
ramentos seriam  No caso de placas onboard, o contrário ocorre, ou seja, a
a) os semáforos. maioria dos recursos do computador estão inseridos na
b) as ruas e avenidas. placa mãe através de chips que realizam a maior parte da
c) as represas. função de diversas placas e utilizam o restante dos recursos
d) os estacionamentos. da própria placamãe.
e) os acostamentos.
RESPOSTA: “D”.

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

16. (AL/RN - TÉCNICO LEGISLATIVO - TÉCNICO EM HAR- 17. (AL/RN - TÉCNICO LEGISLATIVO - TÉCNICO EM
DWARE – FCC/2013) - A placa-mãe é responsável pela comuni- HARDWARE – FCC/2013) - Analise as ações a seguir:
cação entre os componentes do computador. Sobre ela analise: I. Ligar um computador com a chave da fonte sele-
I. Como atualmente a maior parte dos dispositivos do mi- cionada em 110 V, em uma tomada de 220 V.
cro são componentes onboard na placa-mãe, os fabricantes II. Instalar placas com o computador ligado.
de placas acabaram tornando-se a principal fonte de drivers. III. Ligar o computador com um processador
II. O componente básico da placa-mãe é o PCB, a placa Athlon sem o cooler e deixá-lo funcionando por algum
de circuito impresso onde são soldados os demais compo- tempo.
nentes. Embora apenas duas faces sejam visíveis, o PCB da IV. Ligar o computador com um pente de memória
placa-mãe é composto por um total de 40 a 100 placas. mal encaixado.
III. A maior parte dos componentes da placa, incluindo Na maioria dos casos, não haverá maiores conse-
os resistores, MOSFETs e chips em geral utilizam solda de quências (como a queima de componentes), na ação
superfície, por isso é muito fácil substituí-los manualmen- descrita APENAS em 
te, basta saber quais são os componentes defeituosos. a) I e II.
IV. Os menores componentes da placa são os resisto- b) I e III.
res e os capacitores cerâmicos. Eles são muito pequenos, c) III e IV.
medindo pouco menos de um milímetro quadrado e por d) IV.
isso são instalados de forma automatizada e com grande e) II e IV.
precisão.
Está correto o que se afirma APENAS em  Se um computador estiver ligado com seu pente de
a) IV. memória mal encaixado, o equipamento não corre muitos
b) I e II. riscos de queima, mas também não funcionará e podem ser
c) I e IV. diversos os problemas causados por este erro,dependendo
d) III e IV. da circunstância. É muito comum que a placa-mãe emita
e) II e III.
sinais sonoros em sequência específica para informar que
há um problema no pente de memória instalado nela.
Os drives são programas especialmente desenvolvidos para
fazer com que o hardware instalado, seja ele uma placa de som, ví-
RESPOSTA: “D”.
deo ou outra, seja reconhecido pelo sistema operacional e funcione
adequadamente. Nas placas onboard, os chips soldados a elas rea-
lizam a função de placas diversas. Quando compramos uma placa-
mãe onboard, o CD de instalação da placa já traz os drives, ou seja,
os programas de instalação de todos os chips que existem nela.
Os resistores e os componentes cerâmicos são componen-
tes eletrônicos, como demonstra a imagem a seguir, e são os
menores componentes da placa- -mãe.

“Você pode diferenciar os resistores dos capacitores que apa-


recem na foto pela cor. Os resistores são escuros e possuem nú-
meros decalcados, enquanto os capacitores são de uma cor clara.
Estes pequenos capacitores são sólidos, compostos de um tipo de
cerâmica. Eles são muito diferentes dos capacitores eletrolíticos
(que veremos em detalhes a seguir) e possuem uma capacitância
muito mais baixa”.

RESPOSTA: “C”.

126
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Lei Complementar nº 79, de 27/04/2012 – Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins,
e adota outras providências. ............................................................................................................................................................................... 01
Lei nº. 2.578, de 20/04/2012 – Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Tocan-
tins, e adota outras providências....................................................................................................................................................................... 06
NORMAS PERTINENTES À PMTO

VIII- realizar a guarda externa de estabelecimentos penais e as


LEI COMPLEMENTAR Nº 79, DE 27/04/2012 – missões de segurança de dignitários em conformidade com a lei;
DISPÕE SOBRE A ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA IX - garantir o exercício do poder de polícia pelos
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS, Poderes e Órgãos Públicos do Estado, especialmente os
das áreas fazendária, sanitária, de uso e ocupação do solo, do
E ADOTA OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
patrimônio cultural e do meio ambiente;
X - efetuar o patrulhamento aéreo no âmbito de sua
competência.
LEI COMPLEMENTAR Nº 79, DE 27 DE ABRIL DE
2012. Art. 3º A PMTO é subordinada diretamente ao Chefe do
Poder Executivo.
Publicada no Diário Oficial nº 3.617
CAPÍTULO II
Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar DA ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA POLÍCIA MILITAR
Seção I
do Estado do Tocantins, e adota outras providências.
Da Estrutura Geral
O Governador do Estado do Tocantins:
Art. 4º A PMTO é estruturada em órgãos de direção, de
apoio, de execução e especiais.
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do To-
cantins decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
Art. 5º Os órgãos de direção realizam o comando e a ad-
ministração da Corporação.
CAPÍTULO I
DA DESTINAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR, DAS MIS- Art. 6º Os órgãos de apoio realizam e assessoram a ativi-
SÕES E DA SUBORDINAÇÃO dade-meio da Corporação, atendendo às necessidades admi-
nistrativas, de assessoramento técnico, de pessoal, de ensino
Art. 1º A Polícia Militar do Estado do Tocantins - PMTO, e instrução, de semoventes e de material da PMTO, atuando
instituição permanente, força auxiliar e reserva do Exército em cumprimento às diretrizes e ordens dos órgãos de direção.
Brasileiro, organizada com base na hierarquia e na discipli-
na militares, destina-se à preservação da ordem pública e à Art. 7º Os órgãos de execução são constituídos pelas
realização do policiamento ostensivo no território do Estado unidades operacionais da Corporação e realizam as ativida-
do Tocantins. des-fim da PMTO; cumprem as missões ou a destinação da
Corporação, executando as diretrizes e ordens emanadas dos
Art. 2º Compete à PMTO: órgãos de direção, amparados pelos órgãos de apoio.
I - planejar, organizar, dirigir, supervisionar, coordenar,
controlar e executar as ações de polícia ostensiva e de preser- Seção II
vação da ordem pública; Dos Órgãos de Direção
II - executar, com exclusividade, ressalvadas as mis-
sões peculiares às Forças Armadas, o policiamento osten- Art. 8º Compete aos órgãos de direção:
sivo fardado para prevenção e repressão dos ilícitos penais e I - o comando, a administração e o planejamento geral,
infrações definidas em lei, bem como as ações necessárias ao com vistas à organização da
pronto restabelecimento da ordem pública; Corporação;
III - atuar de maneira preventiva, repressiva ou dis- II - o acionamento, por meio de diretrizes e ordens, dos
suasiva em locais ou áreas específicas em que ocorra ou se órgãos de apoio e dos de execução;
presuma possível a perturbação da ordem pública; III - a coordenação, o controle, a fiscalização e a atuação
IV - exercer o policiamento ostensivo e a fiscalização de dos órgãos de apoio e os de execução.
trânsito nas rodovias estaduais e, no limite de sua competên-
cia, nas vias urbanas e rurais, além de outras ações destinadas Art. 9º Os órgãos de direção compõem o Comando
ao cumprimento da legislação de trânsito; Geral da Corporação que se constitui do:
V - desempenhar, nos limites de sua competência, a po- I - Comandante Geral;
lícia administrativa do meio ambiente, na fiscalização, cons- II - Estado Maior.
tatação e autuação de infrações ambientais e outras ações
pertinentes, e colaborar com os demais órgãos ambientais na Art. 10. O Comandante Geral, responsável superior pelo
proteção do meio ambiente; comando, pela administração e pelo emprego da Corporação
VI - proceder, nos termos da lei, à apuração das infrações é nomeado por ato do Chefe do Poder Executivo, dentre os
penais de competência da polícia judiciária militar; Coronéis da ativa diplomados em Curso Superior de Polícia,
VII - planejar e realizar ações de inteligência destinadas pertencentes ao Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM
à prevenção criminal e ao exercício da polícia ostensiva e da do Estado do Tocantins.
preservação da ordem pública na esfera de sua competência; Parágrafo único. O Comandante Geral é auxiliado pelo
Estado Maior.

1
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 11. O Estado Maior é o responsável perante o Co- Art. 13. O Subchefe do Estado Maior substitui o Chefe
mandante Geral por ações de planejamento, estudo, orien- do Estado Maior em seus impedimentos legais e eventuais.
tação, coordenação, fiscalização e controle das atividades Parágrafo único. O Subchefe do Estado Maior é no-
da PMTO, cabendo-lhe a formulação de diretrizes, ordens meado por ato do Chefe do Poder Executivo mediante indi-
e normas gerais de ação do Comandante Geral no aciona- cação do Comandante Geral, dentre os Coronéis do QOPM
mento dos órgãos de apoio e de execução, no cumprimen- da Corporação e tem precedência funcional sobre os de-
to de suas missões. mais Policiais Militares, exceto sobre o Comandante Geral e
§1º O Estado Maior é composto pelas seguintes seções: o Chefe do Estado Maior.
I - 1a Seção (PM/1): responsável pelo planejamento de
matérias relativas à gestão profissional e à legislação; Seção III
II - 2a Seção (PM/2): responsável pelo planejamento Dos Órgãos de Apoio
das atividades de inteligência, contra-inteligência, guarda
e manutenção de documentos e arquivos sigilosos; e por Art. 14. São órgãos de apoio da PMTO:
confeccionar o boletim geral reservado da Corporação; I - Gabinete do Comandante Geral - GCG;
III - 3a Seção (PM/3): responsável pelo planeja- II - Academia Policial Militar Tiradentes - APMT;
mento dos assuntos relativos à articulação operacional, III - Ajudância Geral - AG;
à administração e ao controle das operações policiais mili- IV - Assessoria de Comunicação - ASCOM; V - Asses-
tares; e pelos estudos, doutrina e pesquisas relativas à pre- soria Jurídica - AJUR;
servação da ordem pública, ao policiamento ostensivo VI - Assessoria junto à Assembleia Legislativa - AAL;
e à padronização de procedimentos operacionais da VII - Assessoria junto à Prefeitura Municipal de Palmas
Corporação; - APMP;
IV - 4a Seção (PM/4): responsável pelo planejamento VIII- Assessoria junto à Secretaria da Segurança Pública
das matérias relativas à logística, à infraestrutura e ao con- - ASESP;
trole patrimonial da Corporação; IX - Assessoria junto à Secretaria do Trabalho e da As-
V - 5a Seção (PM/5): responsável pelo planejamento sistência Social - ASETAS;
das atividades de comunicação social, publicidade, relacio- X - Assessoria junto ao Ministério Público Estadual -
namento com a mídia, cerimonial, eventos e marketing AMP;
institucional; XI - Assessoria junto ao Tribunal de Contas do Estado
VI - 6a Seção (PM/6): responsável pelo planejamen- - ATCE;
to das matérias relativas ao orçamento e às finanças da XII - Assessoria junto ao Tribunal de Justiça do Estado
Corporação; - ATJ;
VII - 7a Seção (PM/7): responsável pelo planejamento XIII- Assessoria junto ao Departamento Estadual de
das matérias relativas: Trânsito - ADET;
a) às atividades de informática e telecomuni- XIV- Assessoria Técnica de Informática e Telecomuni-
cação; cações - ATIT;
b) à elevação da qualidade dos serviços, no XV - Capelania Militar - CAPMIL;
âmbito de suas atribuições, através da eficiência e da eco- XVI- Comissão de Promoção de Oficiais - CPO;
nomicidade das atividades administrativas e operacionais XVII- Comissão de Promoção de Praças - CPP;
da Corporação. XVIII- Comissão Permanente de Medalhas - CPM;
§2º O Chefe da PM/5 acumula a função de Assessor de XIX- Corregedoria Geral - CORREG;
Comunicação. XX - Diretoria de Apoio Logístico - DAL;
§3º O Chefe da PM/7 acumula a função de Asses- XXI- Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa - DEIP;
sor Técnico de Informática e XXII- Diretoria de Gestão Profissional - DGP;
Telecomunicações. XXIII- Diretoria de Orçamento e Finanças - DOF; XXIV-
Diretoria de Saúde e Promoção Social - DSPS;
Art. 12. O Chefe do Estado Maior é o principal assessor XXV- Núcleo Setorial de Controle Interno - NUSCIN.
do Comandante Geral, competindo-lhe a direção, orienta- §1º Os órgãos de apoio previstos nos incisos VI a VIII e
ção, coordenação e fiscalização dos trabalhos do Estado X a XIII deste artigo auxiliam o Comando Geral da Corpo-
Maior, cumulativamente com a função de Subcomandante ração quanto às matérias de interesse institucional, a cargo
Geral da PMTO. dos respectivos órgãos.
§1º O Chefe do Estado Maior substitui o Comandante §2º A assessoria de que trata o inciso IX deste artigo
Geral em seus impedimentos legais e eventuais. auxilia o Comando Geral junto ao Programa Pioneiros Mi-
§2º O Chefe do Estado Maior é nomeado por ato rins.
do Chefe do Poder Executivo mediante indicação do §3º A CAPMIL, regulada por ato do Chefe do Poder
Comandante Geral, dentre os Coronéis da ativa pertencen- Executivo, vincula-se diretamente ao Comando Geral na
tes ao QOPM e tem precedência funcional sobre os demais condição de órgão de assistência religiosa aos Militares,
Policiais Militares, exceto sobre o Comandante Geral. vedada a prática obrigatória de qualquer culto.

2
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 15. Ao GCG, diretamente subordinado ao Coman- II - tem precedência funcional sobre os demais Poli-
dante Geral, cabe a: ciais Militares, exceto sobre o Comandante Geral, o Chefe
I - assistência ao Comandante Geral, Chefe do Estado do Estado Maior e o Subchefe do Estado Maior.
Maior e Subchefe do Estado Maior, quanto ao assessora- §2º O QCG, a APMT e todos os Batalhões e Compa-
mento direto, imediato e de caráter pessoal no desempe- nhias Independentes da PMTO contam com corregedorias
nho de suas funções; locais, subordinadas aos respectivos comandantes e vincu-
II - intermediação de contatos com os órgãos ladas tecnicamente à Corregedoria Geral.
internos e externos.
Parágrafo único. O GCG é chefiado por um Oficial Su- Art. 25. A DAL é responsável pela execução, coordena-
perior da ativa da Corporação, de livre escolha do Coman- ção, fiscalização, acompanhamento e controle das matérias
dante Geral. relativas às atividades de suprimento e manutenção de ma-
terial, de obras e de patrimônio.
Art. 16. A APMT, vinculada tecnicamente à DEIP, é
responsável por formar, aperfeiçoar e especializar Oficiais Art. 26. A DEIP é responsável pelo planejamento, exe-
e Praças da Corporação e de coirmãs. cução, coordenação, fiscalização, acompanhamento e con-
Parágrafo único. Podem ser criados, por ato do Co- trole das matérias relativas ao ensino, instrução e pesquisa
mandante Geral, Núcleos de Formação, Aperfeiçoamento desenvolvidos na Corporação.
e Especialização - NFAE nas Unidades da Corporação, vin-
culados à DEIP. Art. 27. Cabe à DGP:
I - a execução, a coordenação, a fiscalização, o acom-
Art. 17. A AG é responsável pela administração do panhamento e o controle das matérias relacionadas aos
Quartel e da Banda de Música do profissionais em trabalho na Corporação;
Comando Geral e pela coordenação das demais Ban- II - o assessoramento de Comissões;
das de Músicas. III - a identificação e a expedição da identidade funcio-
nal dos Policiais Militares.
Parágrafo único. O Ajudante Geral acumula a função de
Comandante do Quartel do
Art. 28. A DOF é responsável pela execução, coordena-
Comando Geral - QCG.
ção, fiscalização, acompanhamento e controle das matérias
relativas às atividades de administração financeira, orça-
Art. 18. A ASCOM é responsável pela execução das
mentária e contábil da Corporação.
atividades de comunicação social, publicidade, relaciona-
mento com a mídia, cerimonial, eventos e marketing ins-
Art. 29. A DSPS é responsável pela execução, coorde-
titucional.
nação, fiscalização, acompanhamento e controle das ma-
térias relativas aos serviços de saúde e à promoção social
Art. 19. A AJUR é órgão de assessoramento direto e dos Policiais Militares estaduais ativos e inativos, seus de-
imediato ao Comandante Geral. pendentes e pensionistas, cabendo- lhe manter a DGP per-
manentemente informada das situações de afastamentos
Art. 20. A ATIT é responsável pela execução das maté- de Policiais Militares.
rias relativas à informática e às telecomunicações. Parágrafo único. A Junta Militar Central de Saúde -
JMCS, composta por Oficiais do Quadro de Saúde ou por
Art. 21. A CPO é responsável pelas matérias relativas profissionais civis, subordinada DSPS, é responsável pela
à promoção de Oficiais. Art. 22. A CPP é responsável pelas execução das inspeções de saúde de interesse da PMTO.
matérias relativas à promoção de Praças.
Art. 23. A CPM é responsável pelas matérias relativas à Art. 30. O NUSCIN, órgão de assessoramento direto ao
concessão de medalhas no âmbito da Corporação. Comandante Geral, é responsável pelas providências refe-
rentes à defesa do patrimônio público no âmbito da Cor-
Art. 24. A CORREG, órgão técnico subordinado ao Co- poração.
mandante Geral, com atuação em todo Estado, tem por
finalidade: Art. 31. Cabe ao Comandante Geral instituir assesso-
I - assegurar a correta aplicação da lei; rias e comissões, de caráter temporário, que se tornem ne-
II - padronizar os procedimentos de Polícia Judiciária cessárias ao desenvolvimento dos serviços da Corporação,
Militar e de processos e procedimentos administrativos desde que não impliquem aumento de despesa.
disciplinares;
III - realizar correições e fiscalizações; Art. 32. As funções de diretores e chefes da Seção do
IV - garantir a preservação dos princípios da hierarquia Estado Maior são exclusivas do posto de Coronel ou Tenen-
e disciplina da Corporação. te-Coronel do QOPM.
§1º O Corregedor Geral: Parágrafo único. A DSPS é dirigida por um Coronel ou
I - é escolhido e nomeado pelo Comandante Geral Tenente-Coronel do QOS ou, excepcionalmente, do QOPM.
dentre os Coronéis do QOPM;

3
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Seção IV Art. 39. A disposição e o efetivo de cada UPM operacio-


Dos Órgãos Especiais nal se constituem em função das necessidades, das carac-
terísticas fisiográficas, psicossociais, políticas e econômicas
Art. 33. Os Colégios Militares são órgãos especiais da das áreas, subáreas ou setores de sua responsabilidade.
PMTO. §1º São disposições de um BPM:
I - possuir duas até seis Companhias;
Seção V II - cada Companhia possuir dois a seis Pelotões;
Dos Órgãos de Execução III - cada Pelotão possuir dois a seis Destacamentos
PM-DPM ou Subdestacamentos PM-SDPM;
Art. 34. Os órgãos de execução da PMTO são constituí- IV - cada Destacamento PM ou Subdestacamento PM
dos pelas Unidades Policiais Militares - UPM, encarregadas manter três praças no mínimo, um deles graduado.
de executar as atividades-fim da Corporação em determi- §2º Constitui a CIPM:
nada área ou especialidade. I - de dois a seis Pelotões;
II - cada Pelotão, de dois a seis DPM ou SDPM;
Art. 35. Incluem-se entre as UPM: III - cada DPM ou SDPM, manter três Praças ou mais,
I - o Comando de Policiamento - CP; um deles graduado.
II - o Batalhão de Polícia Militar - BPM;
III - a Companhia Independente de Polícia Militar - Art. 40. O desdobramento das OM, em todos os níveis,
CIPM. no território do Estado do Tocantins, consta do Plano de
§1º As UPM dividem-se em subunidades. Articulação, elaborado pelo Estado Maior e aprovado por
§2º O Quartel do Comando Geral é considerado unida- ato do Comandante Geral da Polícia Militar.
de administrativa da Corporação. Art. 36. O CP é o escalão
intermediário de comando responsável pela coordenação Art. 41. Sempre que o policiamento exigir, podem ser
das criados, a critério do Comandante Geral, Comandos Regio-
nais de Policiamento - CRP, escalões intermediários, subor-
atividades operacionais em determinada região, abran-
dinados respectivamente ao Comando de Policiamento da
gendo BPM, CIPM e atividades de policiamento especiali-
Capital - CPC e ao Comando de Policiamento do Interior
zado.
- CPI.
Parágrafo único. O CP constitui-se de:
I - um Comandante;
Art. 42. Cabe ao Comandante Geral avaliar a necessida-
II - um Subcomandante;
de do desmembramento de um Batalhão em duas ou mais
III - um Estado Maior;
áreas de novos Batalhões ou Companhias Independentes.
IV - Pelotão de Comando e Serviços - PCS.
Seção VI
Art. 37. O BPM é a unidade encarregada da execução Da Gestão Profissional
das atividades de policiamento ostensivo, em determinada
área ou em serviço especializado, recebendo a respectiva Art. 43. Os profissionais da PMTO compreendem:
denominação precedida do numeral ordinal cronológico I - o pessoal ativo:
de criação. a) os Oficiais do:
Parágrafo único. O BPM constitui-se de: 1. Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM: com-
I - um Comandante; posto por Oficiais da carreira de combatentes, diplomados
II - um Subcomandante; em Curso de Formação de Oficiais de Academia de Polícia
III - um Estado Maior; Militar ou de Unidade de Ensino Militar equivalente, ini-
IV - Companhia - Cia PM; ciando a carreira no Posto de 2o Tenente, após o aspiranta-
V - Pelotão de Comando e Serviços - PCS; do, podendo alcançar o Posto de Coronel PM;
VI - Destacamento - DPM; 2.Quadro de Oficiais de Saúde - QOS: constituído de
VII - Subdestacamento - SDPM. Art. 38. A CIPM: Oficiais de formação superior, admitidos mediante concur-
I - encarrega-se de atribuições peculiares de so público específico, nas áreas de Medicina, Odontologia,
BPM que não estejam incluídas na área da circunscrição Serviço Social, Bioquímica ou Biomedicina, Enfermagem,
deste; Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veteriná-
II - constitui-se de: ria, Psicologia, Nutrição e Educação Física, iniciando a car-
a) um Comandante; reira no Posto de 2o Tenente, após o aspirantado;
b) um Subcomandante; 3. Quadro de Oficiais Especialistas - QOE: compos-
c) um Estado Maior; to por Oficiais de formação superior, admitidos mediante
d) Pelotão de Comando e Serviços - PCS; concurso público específico, nas áreas de Administração,
e) Destacamento - DPM; Direito, Economia, Ciências Contábeis, Pedagogia, Enge-
f) Subdestacamento - SDPM. nharia, Tecnologia da Informação e Teologia, iniciando a
carreira no Posto de 2o Tenente, após o aspirantado, po-
dendo alcançar o Posto de Major PM;

4
NORMAS PERTINENTES À PMTO

4.Quadro de Oficiais de Administração - QOA: formado III- QOE: exercer as atividades técnico-administrativas
por Oficiais habilitados em Curso de Habilitação de Oficiais inerentes a habilitação específica e assistência religiosa
de Administração, admitidos mediante seleção específica, para os Oficiais Capelães, além de outros encargos pró-
dentre os Subtenentes e Sargentos do QPPM habilitados prios da carreira militar;
em Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, podendo al- IV- QOA: exercer as atividades administrativas defini-
cançar o Posto de Major PM; das no Quadro de Organização e Distribuição do Efetivo -
5.Quadro de Oficiais Músicos - QOM: formado por Ofi- QOD, além de outros encargos próprios da carreira militar;
ciais habilitados em Curso de Habilitação de Oficiais Músi- V- QOM: sem prejuízo da execução da habilidade ins-
cos, admitidos mediante seleção específica, dentre os Sub- trumental, chefiar atividades administrativas e exercer a re-
tenentes e Sargentos do QPE, podendo alcançar o Posto gência nas bandas de música, funções definidas no QOD,
de Major PM; além de outros encargos próprios da carreira militar.
b) as Praças do:
1. Quadro de Praças Especiais Policiais Militares - QPES: Art. 44. O efetivo da PMTO é fixado em lei.
constituído pelos Aspirantes a
Oficiais e Cadetes; Art. 45. Respeitado o efetivo fixado em lei, cabe ao
2.Quadro de Praças Policiais Militares - QPPM: cons- Chefe do Poder Executivo aprovar o
tituído por Praças da carreira de combatentes, admitidos QOD.
mediante concurso público para ingresso na Graduação de
Soldado PM, podendo alcançar a Graduação de Subtenen- CAPÍTULO III
te PM; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FI-
3.Quadro de Praças Especialistas - QPE: constituído por NAIS
Praças, admitidas mediante concurso público específico, na
área técnica de música, para ingresso na Graduação de Sol- Art. 46. O Comandante Geral pode utilizar, na forma da
dado PM, podendo alcançar a Graduação de Subtenente lei, o profissional civil necessário aos serviços gerais e de
natureza técnica ou especializada.
PM;
4.Quadro de Praças de Saúde - QPS: constituído
Art. 47. Ato do Chefe do Poder Executivo, mediante
por Praças, admitidas mediante concurso público espe-
proposta do Comandante Geral, pode dispor sobre a cria-
cífico, na área técnica de enfermagem e de radiologia, e
ção, transformação, extinção, denominação, localização e
outras especialidades técnicas de saúde, para ingresso
estruturação dos órgãos da PMTO, de acordo com a orga-
na Graduação de Soldado PM, podendo alcançar até a
nização básica prevista nesta Lei e dentro dos limites fixa-
Graduação de Subtenente PM;
dos na lei de efetivos.
II - o pessoal inativo:
a) da reserva remunerada: Oficiais e Praças transferi-
Art. 48. A Casa Militar é regida por legislação especial.
dos para a reserva remunerada;
b) reformados: Oficiais e Praças reformados.
§1º Os Oficiais integrantes do Quadro de Especialistas Art. 49. Cabe aos chefes, diretores, assessores ou co-
e do Quadro de Administração, juntamente com as Pra- mandantes de UPM propor ao Comandante Geral, em no-
ças do Quadro de Praças Especialistas, podem, a critério venta dias, o regulamento dos serviços do respectivo órgão
do Comando Geral e mediante planejamento próprio, ser de direção, apoio ou execução.
instruídos, mobilizados, colocados de prontidão ou con-
vocados para trabalhos específicos, desde que recebam o Art. 50. Os meios de comunicação oficial da PMTO são
treinamento necessário. o Boletim Geral e o Boletim
§2º A carreira dos Oficiais pertencentes ao QOS pode Reservado.
alcançar o Posto de: Parágrafo único. Ato do Comandante Geral dispõe so-
I -Coronel, para os Oficiais com formação bre o detalhamento do conteúdo da publicação de cada
superior nas áreas de Medicina e boletim de que trata este artigo.
Odontologia;
II -Major, para os Oficiais com formação superior nas Art. 51. Revoga-se a Lei Complementar 44, de 3 de abril
demais áreas. de 2006. Art. 52. Esta Lei entra em vigor na data de sua
§3º Compete aos Oficiais do: publicação.
I -QOPM: realizar o comando, a chefia e a di- Palácio Araguaia, em Palmas, aos 27 dias do mês
reção dos órgãos que compõem a estrutura organizacional de março de 2012; 191º da
da PMTO; Independência, 124º da República e 24º do Estado.
II - QOS: realizar os serviços respectivos de cada habi-
litação na área da saúde além de outros encargos próprios JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS
da carreira militar; Governador do Estado

5
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 5º O serviço policial militar consiste no exercício


LEI Nº. 2.578, DE 20/04/2012 – DISPÕE SOBRE de atividades inerentes à Polícia Militar, e compreende to-
O ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES E BOM- dos os encargos relacionados ao policiamento ostensivo e
BEIROS MILITARES DO ESTADO DO TOCANTINS, E à manutenção da ordem pública.
ADOTA OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Art. 6º O serviço bombeiro militar consiste no exercício
de atividades destinadas a preservar a ordem pública con-
LEI Nº 2.578, DE 20 DE ABRIL DE 2012. substanciada em ações de tranquilidade, salubridade e paz
social no Estado.
Publicada no Diário Oficial nº 3.612
Art. 7º A carreira militar estadual é caracterizada
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e por atividade continuada e inteiramente devotada às fi-
Bombeiros Militares do Estado do Tocantins, e adota nalidades das instituições militares estaduais, na conformi-
outras providências. dade do art. 117 da Constituição Estadual e da legislação
pertinente.
O Governador do Estado do Tocantins Parágrafo único. A carreira militar estadual é privativa
do pessoal da ativa. Art. 8º São equivalentes as expressões:
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do I - na ativa;
Tocantins decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - da ativa em serviço ativo; III - em serviço na ativa;
IV - em serviço;
CAPÍTULO I V - em atividade;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES VI - em atividade militar estadual, conferida ao militar
no desempenho de:
Art. 1º A presente Lei regula o ingresso na Corporação, a) cargo;
a relação jurídica funcional, os direitos, as obrigações, a éti- b) comissão;
ca e as prerrogativas dos Policiais e Bombeiros Militares do c) incumbência ou missão;
Estado do Tocantins. d) serviço ou atividade considerada de natu-
reza militar.
Art. 2º A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar Parágrafo único. É de natureza militar e considerado
são instituições permanentes, reserva do Exército Brasileiro, integrante dos quadros de organização da Corporação a
diretamente subordinadas ao Governador do Estado. função ou cargo para o qual o interesse público e a conve-
niência administrativa recomendem a nomeação de militar
Art. 3º Compete, em todo o território tocantinense: do Estado.
I - à Polícia Militar o exercício da polícia os-
tensiva e a preservação da ordem pública; II - ao Corpo de Art. 9º A situação jurídica dos militares estaduais é de-
Bombeiros Militar as atribuições previstas em leis específi- finida pelos dispositivos constitucionais aplicáveis, por esta
cas e as Lei e pela legislação que lhes outorguem direitos e prerro-
ações de defesa civil. gativas e imponham deveres e obrigações.

Art. 4º Os militares, em razão da destinação constitu- Art. 10. Para os efeitos desta Lei, adotam-se as seguin-
cional da Corporação, e em decorrência das leis vigentes, tes conceituações:
constituem categoria de agente público estadual, denomi- I - Comandante: é o título genérico dado ao militar
nado militar, na conformidade do art. 42 da Constituição estadual, correspondente ao de diretor, chefe ou outra de-
Federal. nominação que venha a ter aquele que, investido de auto-
Parágrafo único. Os militares estaduais encontram-se ridade decorrente de leis e regulamentos, for responsável
em uma das seguintes situações: I - na ativa: pela administração, emprego, instrução e disciplina de uma
a) militares estaduais de carreira; Organização Militar (OM);
II - Missão, Tarefa ou Atividade: é o dever advindo de
b) integrantes da reserva remunerada, quan- uma ordem específica de comando, direção ou chefia;
do convocados; II - na inatividade: III - Corporação: é a denominação dada, nesta Lei, à
a) reserva remunerada, quando recebam proventos Polícia Militar do Estado do Tocantins - PMTO e ao Corpo
do Estado, sujeitos à prestação de serviços na ativa, me- de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins- CBMTO;
diante aceitação voluntária, após convocação; IV - Organização Militar - OM: é a denominação dada
b) reformados, quando, tendo passado por uma das à Unidade Policial Militar - UPM e à Unidade de Bombeiro
situações anteriores, estejam dispensados definitivamente Militar - UBM, administrativa ou operacional, da Corpora-
da prestação de serviço na ativa, mas continuam a receber ção incluídas suas subunidades;
proventos do Estado. V - Sede: é todo o território do município no qual se
localizem as instalações administrativas de uma OM;

6
NORMAS PERTINENTES À PMTO

VI - Serviço Ativo: é a situação do militar capacitado CAPÍTULO II


legalmente para o exercício de cargo, comissão, função ou DO INGRESSO NA CORPORAÇÃO
encargo militar;
VII - Efetivo Serviço: é o efetivo desempenho de *Art. 11. O ingresso na Corporação depende da aprova-
cargo, comissão, encargo, incumbência, serviço, ativida- ção em concurso público de provas ou de provas e títulos,
de, função de natureza ou de interesse militar, previsto com aplicação de exame de conhecimentos e habilidades,
em leis ou outros dispositivos legais; exame de capacidade física, avaliação de saúde e psicoló-
VIII -Comissão, Encargo e Incumbência: é o exercício gica e exame toxicológico, na forma prevista nesta Lei e
das atribuições que, pela generalidade, peculiaridade, du- no correspondente edital, exigindo-se ainda do candidato:
ração, vulto ou natureza das obrigações, não são cataloga-
das como posições titulares nos Quadros de Organização e Art. 11. O ingresso na Corporação depende da aprova-
Distribuições de Efetivo (QOD) da Corporação; ção em concurso público de provas ou de provas e títulos,
IX - Função Militar: é o exercício das atribuições ine- com aplicação de exame de conhecimentos e habilidades,
rentes ao cargo, comissão, encargo ou incumbência; exame de capacidade física, avaliação de saúde e psicológi-
X - Adição: é o ato administrativo que vincula o militar ca, na forma prevista nesta Lei e no correspondente edital,
a uma OM, sem integrá-lo ao seu efetivo, ficando subordi- exigindo-se ainda do candidato:
nado ao comando desta para todos os fins;
XI - Inclusão ou Nomeação: é o ato administrativo pelo *Art. 11 com redação determinada pela Lei nº 3.126, de
qual o candidato habilitado em concurso público específico 25/08/2016
é admitido na Corporação; I - a nacionalidade brasileira;
XII - Declaração: é o ato administrativo pelo qual o Ca- II - idade mínima de 18 anos, no ato da inclusão;
dete é elevado a Aspirante a Oficial, após conclusão, com III - idade máxima, no ato da inscrição no concurso pú-
aproveitamento, do respectivo curso de formação; blico, de 30 anos;
XIII- Movimentação: é a denominação genérica do ato IV - altura mínima de 1,63m, se do sexo masculino, e
administrativo que implica uma das seguintes situações: 1,60m, se do sexo feminino;
a) Classificação: é a modalidade de movimentação *V- conclusão do ensino médio para Praças e gra-
que lota o militar em uma OM, em decorrência de promo- duação em nível superior para
ção, reversão, término de licença, conclusão ou interrupção Oficiais, na conformidade do respectivo edital;
de curso; *Inciso V com redação determinada pela Lei nº 2.924,
b) Transferência: é a modalidade de movimentação, de 3/12/2014.
com animus de definitividade, de uma para outra OM ou, V - conclusão do Ensino Médio;
no âmbito de uma OM, de uma para outra fração, desta- VI - idoneidade moral, comprovada mediante apre-
cada ou não, e pode ser feita por necessidade do serviço sentação de certidões policial e judicial, na forma prevista
ou a bem da disciplina, ou ainda por interesse próprio a em edital;
requerimento do interessado; VII - comprovação negativa de sentença condenatória,
c) Nomeação: é a modalidade de movimentação, fora trânsita em julgado, em âmbito penal, penal militar e elei-
do âmbito da OM, em que a função, comissão, encargo e toral;
incumbência a ser ocupado pelo militar é nela especificado; VIII -estar em dia com as obrigações eleitorais;
d) Designação: é a modalidade de movimentação IX - se do sexo masculino, estar em dia com as obri-
do militar para realizar curso ou estágio ou exercer função gações do serviço militar; X - pleno exercício dos direitos
especificada no âmbito da OM; políticos;
XIV - Almanaque: documento que contém a escala hie- XI - estar compatibilizado para nova investidura em
rárquica constituída por militares da ativa de um determi- cargo público;
nado posto ou graduação de um Quadro, posicionados XII - não ser ex-aluno ou ex-agente público, civil ou
em ordem decrescente de antiguidade e numerados de militar, desligado, demitido ou exonerado por incompatibi-
um até o limite de vagas estabelecidas por lei de fixação lidade ou motivo disciplinar;
do efetivo; XIII -procedimento irrepreensível e idoneidade mo-
XV - Excedente: situação especial e transitória a que, ral ilibada, avaliados segundo normas baixadas pelo Co-
automaticamente, passa o militar da ativa quando, sendo mandante-Geral da Corporação.
o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ultra- *XIV- Carteira Nacional de Habilitação – CNH, permis-
passe o efetivo de seu Quadro, em virtude de promoção de são válida para dirigir ou comprovante de aprovação junto
outro militar mais antigo em ressarcimento de preterição ao Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN, no míni-
ou, ainda, outro caso previsto em lei; mo na categoria “B”.
XVI- Licenciamento: o pedido de exoneração das pra- *Inciso XIV acrescentado pela Lei nº 3.126, de 25/08/2016
ças; § 1º O exame de conhecimentos e habilidades, de ca-
XVII- Trânsito: é o período de afastamento temporário ráter eliminatório e classificatório, é aplicado por meio de
do serviço, concedido ao militar cuja movimentação impli- provas objetivas, discursivas, orais, práticas ou prático-o-
que, obrigatoriamente, mudança de município. Destina-se rais, na forma desta Lei e do correspondente edital.
aos preparativos decorrentes da mudança.

7
NORMAS PERTINENTES À PMTO

§ 2º O exame de capacidade física, de caráter eliminató- § 10. As vagas para ingresso na Corporação, destinadas
rio, consiste em exercícios variados, por sexo, estabelecidos ao sexo feminino, são limitadas a 10% do total disponibiliza-
no edital do concurso, que permitam avaliar a capacidade do no concurso público.
de realização de esforços e a resistência à fadiga física dos *§ 11. O disposto nos incisos III e IV do caput deste ar-
candidatos. tigo não se aplica a candidato já pertencente a Quadro da
§ 3º A avaliação de saúde, de caráter eliminatório, consis- Corporação.
te em exames médicos, testes clínicos e exames laboratoriais, *§11 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
estabelecidos no edital do concurso, à custa do candidato. 3/12/2014.
§ 4º A avaliação psicológica: § 11. O disposto no inciso IV do caput deste artigo não
I - de caráter eliminatório, consiste em avaliação obje- se aplica ao candidato pertencente aos Quadros da Corpo-
tiva e padronizada das características cognitivas e de per- ração.
sonalidade dos candidatos, mediante emprego de técnicas *§ 12 O disposto no inciso V do caput deste artigo não
científicas, admitindo-se testes de personalidade, de se aplica aos candidatos já aprovados ou classificados em
inteligência, inventários e questionários, na conformidade concurso público realizado até à data de vigência desta Lei.
do edital do concurso; *§12 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
II - é destinada a identificar os traços de personalidade 3/12/2014.
incompatíveis com os critérios de inclusão na Corporação, § 12. A idade fixada no inciso III do caput deste artigo
fundados nas exigências funcionais e comportamentais do para o candidato pertencente aos Quadros da Corporação
cargo a ser ocupado. é de 32 anos.
*§ 5º. O exame toxicológico, estabelecido no caput § 13. A regra estabelecida no §10 deste artigo não
deste artigo, é de caráter confidencial e realizado às custas se aplica aos Quadros de
do candidato. Especialistas e de Saúde.
*§5º com redação determinada pela Lei nº 3.126, de § 14. O acesso inicial ao Quadro de Oficiais Policiais Mili-
25/08/2016 tares - QOPM e ao Quadro de Oficiais Bombeiros Militares -
§ 5º O candidato à graduação de Soldado PM/BM tem QOBM se dá na graduação de Cadete que, após a conclusão
como fase do certame o Curso de Formação de Soldados de e aprovação no Curso de Formação de Oficiais, é declarado
caráter classificatório e eliminatório. Aspirante a Oficial.
§ 6º Para os efeitos do §4o deste artigo, são considera- § 15. O acesso inicial aos Quadros de Oficiais de Saúde e
dos traços de personalidade incompatíveis para inclusão na Especialistas -QOS se dá na graduação de Aspirante a Oficial.
Corporação: *§ 16. O acesso inicial aos Quadros de Praças se dá na
I - descontrole emocional; designação hierárquica de
II - descontrole da agressividade; III - descontrole da Aluno-Soldado.
impulsividade; *§16 com redação determinada pela Lei nº 3.126, de
IV - alterações acentuadas da afetividade; 25/08/2016
V - oposicionismo às normas sociais e figuras § 16. O acesso inicial aos Quadros de Praças se dá na
de autoridade; graduação de Soldado.
VI - dificuldade acentuada para estabelecer contato in- § 17. Não pode ingressar na Corporação e dela é demi-
terpessoal; tido o candidato que tenha exercido atividades prejudiciais
VII - funcionamento intelectual abaixo da média, ou danosas à segurança pública ou à segurança nacional.
associado a prejuízo no comportamento adaptativo e *§ 18. Os alunos dos cursos de formação são submeti-
desempenho deficitário de acordo com idade e grupamento dos à investigação social, de caráter eliminatório, podendo
social; ser demitidos, se não possuírem procedimento e idoneidade
VIII -distúrbio acentuado da energia vital, de forma a moral irrepreensíveis, nos termos do respectivo edital.
comprometer a capacidade para ação, com depressão ou *§18 com redação determinada pela Lei nº 3.126, de
elação acentuadas. 25/08/2016
*§ 7º. Após o ingresso, o militar é submetido a curso de § 18. O candidato é submetido à investigação social, de
formação ou habilitação específico. caráter eliminatório, que se realiza durante o processo se-
*Inciso 7º com redação determinada pela Lei nº 3.126, de letivo, até o término do respectivo Curso de Formação ou
25/08/2016 Habilitação, podendo vir a ser eliminado do concurso ou
§ 7º Após o ingresso, o militar é submetido a curso de demitido, se não possuir procedimento e idoneidade moral
formação ou habilitação específico, exceto quando se tratar irrepreensíveis, nos termos do respectivo edital.
de concurso para a graduação de Soldado. § 19. Ao candidato regularmente matriculado no Curso
§ 8º O militar reprovado no curso de que trata o §7º, de Formação de Soldados, dentro do número de vagas pre-
deste artigo, é exonerado da visto no respectivo edital, é fornecido, durante o período do
Corporação ou reconduzido ao posto ou graduação an- curso de formação profissional, o auxílio-financeiro de R$
terior. 800,00. (Revogado pela Lei nº 3.126, de 25/08/2016)
§ 9º A exoneração ou recondução prevista no parágrafo Art. 12. O exercício das funções militares é privativo do
anterior é precedida de sindicância instaurada para apurar militar de carreira.
os fatos que ensejaram a reprovação, assegurados o contra-
ditório e a ampla defesa.

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NORMAS PERTINENTES À PMTO

CAPÍTULO III Art. 15. Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica


DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA dos militares estaduais compreendem:
I - o Círculo de Oficiais Superiores:
Art. 13. A hierarquia e a disciplina são a base institu- a) Coronel;
cional da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, b) Tenente-Coronel;
e a autoridade e a responsabilidade crescem com o grau c) Major;
hierárquico. II - o Círculo de Oficial Intermediário: Capitão;
§ 1º A hierarquia militar consiste na ordenação da au- III - o Círculo de Oficiais Subalternos:
toridade em níveis diferenciados, dentro da estrutura da a) 1º Tenente;
Corporação. b) 2º Tenente;
§ 2º A ordenação a que se refere o §1º deste artigo IV - Círculo de Praças Especiais:
se faz por postos ou graduações; e, dentro de um mesmo a) Aspirante a Oficial;
posto ou graduação, se faz pela antiguidade no posto ou b) Aluno do Curso de Formação de Oficiais, abran-
na graduação. gendo:
§ 3º O respeito à hierarquia é consubstanciado no espí- 1. Cadete III;
rito de acatamento à sequência de autoridade. 2. Cadete II;
§ 4º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento 3. Cadete I;
integral das leis, regulamentos, normas e disposições que V - o Círculo de Subtenentes e Sargentos:
fundamentam a Corporação e coordenam o seu funciona- a) Subtenente;
mento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito b) 1º Sargento;
cumprimento do dever por parte de todos e cada um de c) 2º Sargento;
seus integrantes. d) 3º Sargento;
§ 5º A disciplina e o respeito à hierarquia devem VI - o Círculo de Cabos e Soldados:
ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre a) Cabo;
militares da ativa, da reserva remunerada, reformados e de
b) Soldado.
outras organizações militares.
*c) Aluno-Soldado
§ 6º O regulamento disciplinar é baixado através de ato
*Alínea “c” acrescentada pela Lei nº 3.126, de 25/08/2016
do Chefe do Poder Executivo, com a observância das se-
§ 1º Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido
guintes particularidades:
por ato do Chefe do Poder
I - a pena disciplinar de prisão ou detenção não pode
Executivo.
ser superior a trinta dias;
§ 2º Graduação é o grau hierárquico da praça, conferi-
II - nenhuma punição disciplinar pode ser aplicada
do por ato do Comandante-Geral da Corporação.
sem o devido processo legal e sem observância da ampla
defesa e do contraditório; § 3º O grau hierárquico inicial e final dos diversos qua-
III - ao militar estadual é assegurado o direito de re- dros da Corporação, bem como suas qualificações, são fi-
correr das punições disciplinares, utilizando os recursos xados, em cada caso, na Lei de Organização Básica da Cor-
previstos nesta Lei; poração.
IV - as penas disciplinares somente serão aplicadas § 4º Sempre que o militar da reserva remunerada ou re-
visando à manutenção da harmonia militar e ao exemplo formado fizer uso do posto ou graduação, deve mencionar
que possa ser transmitido a todos os integrantes da Cor- sua respectiva situação.
poração; § 5º O aluno matriculado no Curso de Formação ou de
V - a pena de demissão é aplicada ao militar não está- Habilitação de:
vel, após sindicância, e, ao estável, após submissão a Con- I - Oficiais frequenta o círculo de Oficiais Subalternos;
selho de Justificação ou de Disciplina; II - Sargentos frequenta o círculo de Subte-
VI - as punições disciplinares a que estão sujeitos os nentes e Sargentos;
militares são as seguintes, em ordem de gravidade cres- III - Soldados frequenta o círculo de Cabos e Soldados.
cente: § 6º O Quadro de Organização e Distribuição do Efeti-
a) advertência; vo (QOD) da Corporação é estabelecido por ato do Chefe
b) repreensão; do Poder Executivo.
c) detenção;
d) prisão; Art. 16. A antiguidade, em cada posto ou graduação, é
e) reforma disciplinar; contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva
f) demissão. inclusão, promoção, nomeação, declaração, ou reinclusão
salvo quando taxativamente for fixada outra data ou crité-
Art. 14. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivên- rio estabelecido em lei.
cia entre os militares da mesma categoria e tem a finalida- § 1º A precedência entre militares da ativa, do mesmo
de de desenvolver o espírito de camaradagem em ambien- grau hierárquico, é assegurada pela antiguidade no posto
te de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo. ou na graduação, salvo nos casos de precedência funcional
estabelecida em lei ou regulamento.

9
NORMAS PERTINENTES À PMTO

§ 2º No caso de ser igual a antiguidade referida no caput I - assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das
deste artigo, a antiguidade é estabelecida: ordens, das regras de serviço e das normas operativas pelas
I - entre os militares do mesmo quadro, mediante praças que lhe estiverem diretamente subordinadas;
classificação final e geral do respectivo curso de formação II - a manutenção da coesão e do moral das mesmas
ou habilitação; praças, em todas as circunstâncias.
II - nos demais casos, com base nos postos ou nas gra-
duações anteriores. No desempate da antiguidade, recorre-se, Art. 23. Os cabos e soldados desempenham, essencial-
sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data da in- mente, atividades de execução.
clusão e à data de nascimento para definir a precedência e, neste
último caso, os mais velhos serão considerados mais antigos; Art. 24. Às Praças Especiais cabe a rigorosa observância
III - entre os alunos dos cursos de formação ou habilitação das prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes,
de oficiais e de formação ou habilitação de soldados, de acor- exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendiza-
do com a ordem classificatória do respectivo concurso, válida do técnico-profissional.
para o primeiro ano do curso, e, nos demais anos, conforme
classificação prevista no regulamento do órgão de formação. Art. 25. Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação: decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
I - os militares da ativa têm precedência sobre os inativos; praticar, atendido o art. 38 do Código Penal Militar.
II - a precedência entre os militares da ativa e os da reser-
va que estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo CAPÍTULO IV
serviço no posto ou na graduação. DO CARGO E DA FUNÇÃO MILITAR ESTADUAL

Art. 17. A precedência entre as praças especiais e as de- Art. 26. Cargo militar é aquele que só pode ser exercido
mais praças é assim regulada: I - os Aspirantes a Oficial PM por militar em serviço ativo.
são hierarquicamente superiores às demais praças; § 1º O cargo militar a que se refere este artigo é o que se
II - o aluno do Curso de Formação de Oficiais é hie- encontra especificado no Quadro de Organização, ou pre-
rarquicamente superior ao Subtenente; visto, caracterizado ou definido como tal, em outras dis-
III - o aluno do Curso de Habilitação de Oficiais tem pre- posições legais.
cedência hierárquica sobre o § 2º A cada cargo militar corresponde um conjunto de
Subtenente, restrita ao período do curso; atribuições, deveres e responsabilidades que se constituem
IV - o praça do Curso de Formação ou Habilitação de Ca- em obrigações do respectivo ocupante.
bos e de Sargentos tem precedência hierárquica sobre seus § 3º As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser
pares, restrita ao período do curso. compatíveis com o correspondente grau hierárquico e defini-
das em legislação ou regulamentação específica.
Art. 18. A Corporação mantém um assento individual no
qual são registrados todos os dados referentes ao seu pessoal Art. 27. Considera-se vago o cargo ocupado por militar
da ativa e da reserva. extraviado ou desertor.

Art. 19. Os Alunos Oficiais são declarados Aspirantes a Ofi- Art. 28. Função militar é o exercício das obrigações ineren-
cial pelo Comandante-Geral da Corporação. tes ao cargo militar.
Parágrafo único. O aspirantado é o estágio probatório do Oficial.
Art. 29. Dentro de uma mesma organização militar, a se-
Seção Única quência de substituições, bem como as normas, atribuições e
Do Comando e da Subordinação responsabilidades relativas, são estabelecidas na legislação es-
pecífica, respeitadas a precedência e as qualificações exigidas
Art. 20. A subordinação não afeta a dignidade do militar e de- para o exercício de suas funções.
corre, exclusivamente, da estrutura hierarquizada da Corporação.
Art. 30. A contar da data da nomeação, o Oficial do último
Art. 21. O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o posto da Corporação que tenha ocupado cargo, pelo período
exercício do Comando, da de dois anos, de Comandante-Geral, Chefe do Estado Maior
Chefia e da Direção das organizações militares. ou Chefe da Casa Militar não é obrigado a exercer, na Corpo-
ração, cargo ou função hierarquicamente inferior, podendo ser
Art. 22. Os Subtenentes e os Sargentos auxiliam e com- empregado em outro órgão da estrutura do Estado.
plementam as atividades dos Oficiais, quer no treinamento e
no emprego dos meios, quer na instrução e na administração, Art. 31. As obrigações que, pela generalidade, pecu-
podendo, também, ser empregados na execução de atividade- liaridade, duração, vulto ou natureza, não sejam catalogadas
fim da Corporação. como posições tituladas em Quadro de Organização, ou em
Parágrafo único. No exercício das atividades mencionadas outro dispositivo legal, são cumpridas como encargo, incum-
neste artigo, e no comando de subordinados, os Subtenentes bência, comissão, serviço ou atividade militar ou de natureza
e Sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e militar.
pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes:

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NORMAS PERTINENTES À PMTO

CAPÍTULO V XVII - abster-se o militar, ainda que na inatividade, do


DAS OBRIGAÇÕES DOS MILITARES uso das designações hierárquicas quando:
a) em atividades político-partidárias, salvo se
Seção I candidato a cargo eletivo;
Do Valor Militar b) em atividades comerciais;
c) em atividades industriais;
Art. 32. São manifestações essenciais do valor militar: d) discutir ou provocar questões públicas ou pela
I - o sentimento de servir à comunidade, traduzido imprensa, a respeito de assuntos políticos ou militares, ex-
pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo cetuados os de natureza exclusivamente técnica, se auto-
integral devotamento à manutenção da ordem pública rizado;
mesmo com risco da própria vida; e) no exercício de cargo ou função de natu-
II - o civismo e o culto das tradições históricas; reza civil;
III - a fé na elevada missão da Corporação; XVIII- zelar pelo bom nome da Corporação e de cada
IV - o espírito de corpo, o orgulho do militar pela or- um dos seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer
ganização a que serve; aos preceitos e deveres da ética militar;
V - o amor à profissão militar e o entusiasmo XIX- cultuar e zelar pela inviolabilidade dos símbolos e
com que é exercida; das tradições da Pátria, dos Estados, dos Municípios e das
VI - o aprimoramento técnico-profissional. Instituições Militares; XX - cumprir os deveres de cidadão;
XXI- preservar a natureza e o meio ambiente;
Seção II XXII- servir à comunidade, procurando, no exercício da
Da Ética Militar suprema missão de preservar a ordem pública, promover
sempre o bem-estar comum;
Art. 33. O sentimento do dever, o denodo militar e o XXIII- atuar com devotamento ao interesse público, co-
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes da locando-o acima dos interesses particulares;
Corporação, condutas moral e profissional irrepreensíveis, XXIV- atuar de forma disciplinada e disciplinadora;
com a fiel observância dos seguintes preceitos e deveres XXV- exercer todos os atos de serviço com presteza
da ética militar: e pontualidade, desenvolvendo o hábito de estar na hora
I - amar a verdade e a responsabilidade como funda- certa no local determinado, para exercer a sua habilidade;
mento da dignidade; XXVI - buscar com energia o êxito do serviço e o aper-
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade as feiçoamento técnico-profissional e moral;
funções que lhe couberem em decorrência do cargo, incu- XXVII - exercer as funções com integridade e equilíbrio,
tindo também o senso de responsabilidade em seus subor- seguindo os princípios que regem a Administração Públi-
dinados; ca, não sujeitando o cumprimento do dever a influências
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; indevidas;
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as XXVIII-abster-se, quando no serviço ativo, do uso de
instruções e as ordens das autoridades competentes; influências de pessoas para a obtenção de facilidades pes-
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e soais ou para esquivar-se ao cumprimento de ordem ou
na apreciação do mérito dos subordinados; obrigações impostas, em razão do serviço;
VI - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico pró- XXIX - procurar manter boas relações com outras cate-
prio e dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da gorias profissionais e elevar o conceito e os padrões de sua
missão comum; própria profissão, cioso de sua competência e autoridade;
VII - praticar a camaradagem e desenvolver, per- XXX - ser fiel na vida militar, cumprindo os
manentemente, o espírito de cooperação; compromissos para com a Pátria, com o Estado, com sua
VIII -ser discreto em suas atitudes e maneiras, bem Corporação e com seus superiores hierárquicos;
como na linguagem escrita e falada; XXXI - manter ânimo forte e fé nas Corporações Milita-
IX - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de res, mesmo diante das maiores dificuldades, demonstran-
matéria sigilosa de que tenha conhecimento; do persistência no trabalho para solucioná-las;
X - acatar as ordens das autoridades civis; XI XXXII - manter ambiente de harmonia e camarada-
- cumprir os deveres de cidadão; gem na vida militar, evitando comentários deselegantes
XII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na sobre os componentes da Corporação, ainda que na re-
particular; XIII- observar as normas da boa educação; serva ou reformado, solidarizando-se nas dificuldades que
XIV- garantir assistência moral e material ao seu lar e possam ser minimizadas com sua ajuda ou intervenção;
conduzir-se como chefe de família exemplar; XXXIII- não pleitear para si, indevidamente, cargo,
XV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inativi- função ou benefício de outro militar;
dade, de modo a que não sejam prejudicados os princípios XXXIV- conduzir-se de modo a que não seja subser-
da disciplina, do respeito e do decoro militares; viente nem fira os princípios de respeito e decoro militares,
XVI- abster-se do uso do posto ou da graduação para ainda que na inatividade;
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para XXXV - exercer a profissão sem alegar restrições de or-
encaminhar negócios particulares ou de terceiros; dem religiosa, política, racial ou social;

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NORMAS PERTINENTES À PMTO

XXXVI- respeitar a integridade física, moral e psíquica da Seção III


pessoa do condenado ou do criminalmente imputado; Do Compromisso Militar
XXXVII- manter-se, constantemente, cuidadoso com sua
apresentação e postura pessoal; Art. 36. Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar
XXXVIII- evitar publicidade visando à promoção pessoal; ou no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins,
XXXIX- agir com isenção, equidade e absoluto respeito presta compromisso de honra, no qual afirma a sua acei-
pelo ser humano, não usando sua autoridade pública para a tação consciente das obrigações e dos deveres militares e
prática de arbitrariedades; manifesta a sua firme disposição de bem e fielmente cum-
XL - não abusar dos meios e dos bens públicos pri-los.
postos à sua disposição, nem distribuí-los a outrem, em detri-
mento dos interesses da Administração Pública, coibindo tam- Art. 37. O compromisso a que se refere o art. 36 desta
bém a transferência de tecnologia própria da função militar; Lei tem caráter solene e é prestado na presença de tropa,
XLI - exercer a função pública com honestidade, não tão logo o militar adquira o grau de instrução compatível
aceitando vantagem indevida de qualquer espécie, mantendo- com o perfeito entendimento de seus deveres como inte-
se incorruptível, e opondo-se a todos os atos que atentem con- grante da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar,
tra a dignidade da função; da seguinte forma:
XLII- dedicar-se integralmente ao serviço militar, prote- I - “Ao ingressar na Polícia Militar do Estado do To-
gendo as pessoas, o patrimônio e o meio ambiente com ab- cantins, prometo regular a minha conduta pelos precei-
negação e desprendimento pessoal, arriscando, se necessário, tos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das
a própria vida; autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me
XLIII- atuar sempre, respeitados os impedimentos le- inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da
gais, mesmo não estando de serviço, para preservar a ordem ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com
pública ou prestar socorro, desde que não exista, naquele mo- o sacrifício da própria vida”;
mento e local, força de serviço suficiente; II - “Ao ingressar no Corpo de Bombeiros Militar do
XLIV- tratar o subordinado dignamente e com urbanidade; Estado do Tocantins, prometo regular a minha conduta pe-
XLV - manter o sigilo de assuntos de natureza confidencial los preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens
que tenha ciência em razão da atividade profissional, exceto das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me
por imposição da justiça e da disciplina militar. inteiramente ao serviço bombeiro militar, à manutenção da
Parágrafo único. Entende-se por dedicação integral ao ser- ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com
viço militar, nos termos do inciso XLII deste artigo, o empenho o sacrifício da própria vida”.
exclusivo do militar durante o turno de serviço para o qual es- § 1º O compromisso do Aspirante a Oficial da Po-
teja escalado, de modo ordinário ou extraordinário, e para lícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar é presta-
o cumprimento de obrigações legais decorrentes da função do no estabelecimento de formação de oficiais, de acordo
militar. com o respectivo regulamento, da seguinte forma:
I - “Ao ser declarado Aspirante a Oficial da Polícia Mi-
Art. 34. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve, litar do Estado do Tocantins, assumo o compromisso de
bem como a filiação a partido político enquanto permanecer cumprir rigorosamente as ordens a que estiver subordina-
em atividade. do e dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à
manutenção da ordem pública e à segurança da comuni-
Art. 35. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar dade, mesmo com o risco da própria vida”;
parte na administração ou gerência de sociedade, ou delas ser II - “Ao ser declarado Aspirante a Oficial do Corpo de
sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista, em socie- Bombeiros Militar do Estado do Tocantins, assumo o com-
dade anônima ou sociedade empresária limitada. promisso de cumprir rigorosamente as ordens a que estiver
§ 1º O militar na reserva remunerada, quando convocado, subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço bom-
fica proibido de tratar, nas organizações militares e nas reparti- beiro militar, à manutenção da ordem pública e à seguran-
ções públicas civis, dos interesses de organizações ou empresas ça da comunidade, mesmo com o risco da própria vida”.
privadas de qualquer natureza. § 2º Ao ser promovido ao primeiro posto, o Oficial da
§ 2º Ao militar da ativa é vedada a acumulação remunerada Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar presta
de cargos públicos, excetuados os casos previstos na Constitui- compromisso de Oficial, em solenidade especialmente pro-
ção Federal. gramada, da seguinte forma:
§ 3º É proibida ao militar a manifestação individual ou co- I - “Perante a Bandeira do Brasil, e pela minha hon-
letiva sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório, de ra, prometo cumprir os deveres de Oficial da Polícia Militar
cunho político-partidário e sobre assuntos de natureza militar do Estado do Tocantins, e dedicar-me inteiramente ao seu
de caráter sigiloso. serviço”;
§ 4º Ao bombeiro militar da ativa é proibida: II - “Perante a Bandeira do Brasil, e pela minha honra,
I - elaborar, ou, de qualquer forma, colaborar para a apre- prometo cumprir os deveres de Oficial do Corpo de Bom-
sentação de projeto contra incêndio e pânico; beiros Militar do Estado do Tocantins, e dedicar-me inteira-
II - usar da sua qualidade de bombeiro militar para facilitar mente ao seu serviço”.
a aprovação de projeto do interesse de outrem.

12
NORMAS PERTINENTES À PMTO

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII


DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES

Art. 38. A violação das obrigações, dos preceitos ou dos Art. 42. Transgressão disciplinar é a infração adminis-
deveres militares constitui crime ou transgressão discipli- trativa caracterizada pela violação aos preceitos ou deveres
nar na conformidade da legislação ou regulamentação da ética inerentes à atividade militar, incorrendo o autor nas
específica. sanções previstas nesta Lei.
Parágrafo único. A violação a que se refere este artigo é § 1º A infração administrativa prescreve, desde a
tão mais grave quanto mais elevado o grau hierárquico do data do conhecimento pela
infrator. Administração Pública da ocorrência do ato ou do fato,
em: I - um ano a transgressão leve;
Art. 39. A inobservância dos deveres previstos em leis e II - dois anos a transgressão média; III - cinco anos a
regulamentos ou a falta de exação no cumprimento deles transgressão grave.
acarreta, para o militar, responsabilidade funcional, pecuniá- § 2º A instauração de processo disciplinar interrompe a
ria, disciplinar ou penal, na conformidade da legislação es- prescrição da infração administrativa.
pecífica.
Parágrafo único. A apuração da responsabilidade admi- Art. 43. O julgamento do infrator deve ser precedido de
nistrativa ou penal pode concluir pela incompatibilidade do exame e de análise que considerem:
militar com o cargo e pela incapacidade para o exercício das I - seus antecedentes;
funções militares a ele inerentes. II - as causas determinantes da transgressão;
III - a natureza dos fatos ou dos atos que a constituir;
Art. 40. São competentes para instaurar ou determinar a IV- as consequências advindas ou que dela possam ad-
instauração de sindicância, e aplicar as sanções disciplinares, vir. Art. 44. São transgressões de natureza leve:
as seguintes autoridades: I - deixar de prestar a informação que lhe couber em
I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os procedimentos administrativos; II - deixar de comunicar ao
integrantes das Corporações superior hierárquico a execução de ordem deste recebida;
Militares Estaduais, as sanções previstas nesta Lei; III - usar ou portar, em serviço, armamento não regula-
II - o Comandante-Geral, em relação a todos que lhe mentado ou determinado, salvo se autorizado pelo coman-
forem funcionalmente subordinados, as sanções previstas dante ou chefe direto;
nesta Lei, exceto a demissão de oficial; IV - dirigir-se ao Chefe do Poder Executivo ou autorida-
III - o Chefe do Estado Maior, em relação a todos de militar sem obediência à cadeia de comando acerca de
militares que lhe forem funcionalmente subordinados, as assuntos institucionais;
sanções disciplinares até trinta dias de prisão; V - comparecer fardado em reuniões de cará-
IV - o Corregedor-Geral, em relação a todos militares ter político, exceto quando em serviço; VI - conversar ou
sujeitos a esta Lei, exceto o Comandante-Geral, o Chefe do fazer ruído em ocasião ou em horário impróprios;
Estado Maior, o Subchefe do Estado Maior e todos os inte- VII - deixar de encaminhar à autoridade competente,
grantes da Casa Militar, as sanções disciplinares até trinta dias por via hierárquica e com presteza, documento que haja re-
de prisão; cebido cujo exame não seja de sua competência;
V - o Secretário-Chefe e o Subchefe da Casa Militar, em VIII- chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou de
relação a todos os militares que lhe forem funcionalmente instrução, ou a solenidade para a qual tenha sido designado;
subordinados, as sanções disciplinares previstas nesta Lei, ex- IX - descuidar do asseio próprio ou do local do trabalho;
ceto a demissão de oficial; X - deixar de içar ou arriar a bandeira ou insíg-
VI - o Diretor, o Subdiretor, o Chefe de Seção do Estado nia nos horários determinados; XI - quando em serviço ou
Maior, os Comandantes ou Subcomandantes de OM, em re- fardado, faltar aos preceitos da civilidade;
lação a todos os militares que lhes forem funcionalmente su- XII - causar alarde injustificável.
bordinados, as sanções disciplinares até trinta dias de prisão.
Art. 45 São transgressões de natureza média:
Art. 41. São competentes para a instauração de Conselho I - concorrer para a discórdia ou desarmonia entre mi-
de Justificação e de Conselho de Disciplina e para determi- litares ou cultivar ou incentivar a inimizade entre integrantes
nar o imediato afastamento do acusado do exercício de suas da Corporação;
funções: II - deixar de punir o transgressor ou de comunicar a
I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os autoria da transgressão da disciplina;
militares estaduais; III - dificultar ao subordinado a apresentação de recurso
II - o Comandante-Geral da Corporação e, na falta ou disciplinar;
impedimento deste, o Chefe do Estado Maior, em relação a IV - deixar de participar, em tempo hábil, à autoridade
todos os militares que lhe forem funcionalmente subordina- competente a impossibilidade de comparecer a qualquer
dos; ato de serviço ou instrução;
III - o Secretário-Chefe da Casa Militar, em relação a to- V - faltar a qualquer ato de serviço e de instrução ou a
dos os militares que lhe forem funcionalmente subordinados. solenidade para a qual tenha sido designado;

13
NORMAS PERTINENTES À PMTO

VI - quando de folga, frequentar lugares incompatíveis XXVIII- retirar-se da presença de superior hierárqui-
com o decoro da classe ou da sociedade; co sem sua permissão, deixar de saudá-lo militarmente,
VII - não atender à solicitação do pessoal de serviço no bem como deixar o superior de corresponder às
sentido de mostrar o conteúdo de embrulho ou de qual- homenagens e sinais de respeito a ele dirigidas;
quer objeto que esteja portando no interior do quartel; XXIX- sobrepor ao uniforme ou ao próprio corpo ade-
VIII - conduzir viatura militar, sem pertencer ao qua- reço não autorizado ou não regulamentado pela Corpora-
dro de motoristas ou pilotos da Corporação ou sem farda- ção ou, ainda, usar indevidamente distintivos, medalhas
mento, salvo em situação de comprovada necessidade ou ou condecorações;
por ordem superior; XXX- utilizar de qualquer meio de comunicação para
IX - desconsiderar autoridade civil ou militar, ou des- transmitir mensagem ou imagem ofensiva à moral ou à
respeitar qualquer agente público no exercício de suas fun- dignidade de qualquer pessoa ou de integrante de qual-
ções; quer instituição;
X - deixar de devolver, ao final do serviço, o armamen- XXXI- conduzir viatura militar sem possuir habilitação
to ou equipamento que lhe tenha sido entregue; específica, salvo estado de necessidade;
XI - permutar serviço sem permissão da autoridade XXXII- deixar de conferir, no início e no final do serviço,
competente; o armamento ou o equipamento sob sua responsabilidade;
XII - dar entrevista, publicar ou fornecer dados sobre XXXIII- conduzir ou transportar bem pertencente ao
assuntos institucionais, sigilosos ou não, sem autorização Estado com imprudência, negligência ou imperícia, ou sem
superior; autorização.
XIII -negar-se a receber, injustificadamente, equipa-
mento ou qualquer outro objeto que lhe seja destinado ou Art. 46 São transgressões de natureza grave:
deva ficar sob sua responsabilidade; I - abandonar o serviço ou sua área de circunscrição
XIV -autorizar ou determinar ao subordinado atribui- sem motivo ou sem prévia autorização da autoridade com-
ções estranhas ao cargo que ocupe, exceto em situações petente;
transitórias, no interesse público;
II - fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade no
XV - distribuir ou divulgar publicações, estampas ou
âmbito da Corporação; III - exercer sua função de forma
objetos que atentem contra a disciplina ou a moral;
fraudulenta, por ato comissivo ou omissivo;
XVI -abrir ou tentar abrir local de entrada não permiti-
IV - ameaçar, induzir ou instigar alguém a que não
da, ou nele adentrar ou permitir adentrar sem autorização;
declare a verdade em procedimento administrativo, civil ou
XVII- demonstrar desídia, imperícia, imprudência ou
penal;
negligência no desempenho de ato de serviço ou instru-
V - exercer ou administrar, o militar em servi-
ção;
XVIII- atrasar injustificadamente a chamada ou brado ço ativo, outra atividade profissional:
para atendimento de ocorrência; XIX - extrapolar, sem jus- a) legalmente vedada ou incompatível com a
tificação prévia, o prazo de entrega ou conclusão de pro- profissão de Militar Estadual;
cesso b) que cause prejuízo ao serviço;
ou procedimento administrativo; c) com emprego de bens do Estado;
XX- portar-se de modo inconveniente, qualquer que VI - utilizar-se de profissionais ou recursos logísticos
seja o local, deixando de observar os princípios da boa da Administração ou sob sua responsabilidade a fim de
educação e da moral, em desprestígio da Corporação; atender a interesses pessoais ou de terceiros;
XXI- utilizar indevidamente, ou permitir o uso indevido, VII - aconselhar ou concorrer para que não seja cum-
de qualquer meio de comunicação pertencente à Corpo- prida qualquer ordem emanada de autoridade competen-
ração; te, ou para que seja retardada a sua execução;
XXII- falar ao celular quando na direção de viatura mi- VIII - não cumprir ordem recebida;
litar; IX - emitir ordem de que saiba ser impossível a sua
XXIII- conduzir ou transportar, em veículos pertencen- execução, ou esquivar-se de explicitá-la ou fornecê-la por
tes à Corporação, passageiro ou carga em desconformi- escrito, quando necessário;
dade com as normas de trânsito, ressalvadas as situações X - permitir que preso sob sua custódia conserve em
transitórias de interesse público; seu poder telefone ou instrumento que possa danificar a
XXIV- retardar ou prejudicar o serviço de polícia judi- prisão, ou outro objeto de que possa se valer para a prática
ciária militar, processo ou procedimento administrativo; de ilicitude;
XXV- violar ou deixar de preservar o local de crime ou XI - não se apresentar, pronto para o serviço, ao fim
acidente; de licença, férias, dispensa do serviço, afastamento médico,
XXVI- retardar, sem justo motivo, a execução de ordem ou após saber da cassação ou suspensão de que qualquer
de superior hierárquico; delas;
XXVII - apresentar-se o militar, em qualquer situação, XII - representar a Corporação ou a Unidade em que
mal uniformizado, com o uniforme alterado, desfalcado sirva sem autorização;
ou com apresentação diferente da prevista, contrariando o XIII - efetuar, em folha de pagamento, desconto
Regulamento de Uniforme, norma a respeito ou determi- não autorizado ou determiná-lo, quando para isso com-
nação superior; petente, fora das previsões legais e regulamentares;

14
NORMAS PERTINENTES À PMTO

XIV - usar de força desnecessária ou de violência XXXVII- publicar ou encaminhar para publicação, em qual-
física ou verbal, em ato de serviço ou não, maltratando, hu- quer meio de comunicação, matéria que denigra a imagem de
milhando, constrangendo ou infamando qualquer pessoa, outro militar ou que atente contra a hierarquia ou a disciplina;
ou deixar que alguém o faça; XXXVIII- elaborar o bombeiro militar projeto contra incên-
XV - deixar de prestar auxílio, quando necessário ou dio e pânico, ou de qualquer forma concorrer para sua apre-
solicitado, em desastre e acidentes ou em prisão de de- sentação, ou, ainda, usar de seu cargo para facilitar-lhe a apro-
linquente, tendo condições de fazê-lo ainda que de folga; vação em favor de outrem.
XVI - dirigir-se ou referir-se de forma desrespeitosa a
superior hierárquico, censurar- lhe ato ou procurar descon- Art. 47. Ao aluno de qualquer curso ou estágio apli-
siderá-lo em círculo militar ou entre civis; cam-se supletivamente as disposições disciplinares previstas
XVII - provocar ou desafiar superior, par ou subordina- no estabelecimento de ensino em que estiver matriculado.
do com palavras ofensivas, gestos ou ações incompatíveis
com a camaradagem reinante entre os militares; Art. 48. Além das infrações previstas no art. 46 desta Lei,
XVIII - promover escândalo ou nele envolver-se, com- constituem transgressões graves as condutas que violem os
prometendo a respeitabilidade da preceitos e deveres éticos especificados neste Estatuto.
Corporação ou de seus integrantes;
XIX - promover ou participar de luta corporal com Art. 49. A classificação das transgressões definidas nos arts.
outro militar, salvo em instrução ou atividades desportivas 44, 45, 46 e 48 pode, motivadamente, ser alterada, em decor-
pertinentes; rência de qualquer das situações fixadas no art. 43 desta Lei.
XX - introduzir ou consumir bebidas alcoólicas, ou
comparecer embriagado em quartel ou áreas militares; CAPÍTULO VIII
XXI - consumir ou induzir alguém a consumir bebi- DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES
da alcoólica, estando em serviço ou fardado, em qualquer
local; Seção I
XXII - valer-se do cargo para lograr proveito Das Espécies
pessoal ou para terceiro;
XXIII - extraviar ou danificar, dolosa ou culposamente, Art. 50. São processos administrativos disciplinares no
ou não ter o devido zelo com qualquer material pertencen- âmbito da Corporação:
te à Fazenda Pública; I - a sindicância;
XXIV - utilizar-se de forma abusiva dos bens perten- II - os Conselhos de Justificação ou de Disciplina.
centes à Fazenda Pública; XXV - exigir ou solicitar qual-
quer espécie de donativo pelo serviço executado; Seção II
XXVI - receber ou permitir que subordinado receba, em Da Sindicância
qualquer local de ocorrência policial ou de atendimento a
incêndio, desabamento, inundação ou outro serviço de so- Art. 51. A sindicância é o procedimento pelo qual a
corro, quaisquer objetos ou valores, ainda que doados pelo Administração Militar apura as transgressões disciplinares
proprietário ou responsável; do militar, impondo-lhe penalidades, assegurados a ampla
XXVII - andar ostensivamente armado em trajes civis; defesa e o contraditório.
XXVIII -envolver-se em negócios ilegais ou imorais; Parágrafo único. Procede-se, igualmente, por sindicân-
XXIX - fazer, promover, participar ou instigar mani- cia a apuração, de natureza investigatória, dos elementos
festação de caráter coletivo contrário aos princípios re- de convicção para a promoção post-mortem, invalidez per-
gentes da vida militar; manente ou bravura.
XXX - deixar de comunicar os ilícitos de que tiver co-
nhecimento e não lhe caiba promover os atos de repressão; Art. 52. As peças da sindicância devem ser escritas, nu-
XXXI - quando em horário de serviço, dirigir-se a luga- meradas e rubricadas pelo sindicante, obedecida a seguin-
res incompatíveis com o decoro da classe e da sociedade, te ordem cronológica:
salvo em razão do serviço; I - instauração;
XXXII - deixar de apresentar-se, após o trânsito, à Uni- II - autuação;
dade para a qual tenha sido transferido ou classificado, III - citação do sindicado;
desde que o fato não tipifique crime de deserção; IV - interrogatório do sindicado;
XXXIII- quebrar a cadeia de comando; V - defesa preliminar em três dias úteis;
XXXIV- perder injustificadamente a chamada ou o VI - instrução;
brado para atendimento de ocorrência; VII - alegações finais em cinco dias úteis;
XXXV - simular doença para esquivar-se de cumprir sua VIII - relatório do Sindicante;
função, ou ordem recebida, ou a fim de retardar procedi- IX - solução;
mento administrativo ou inquérito policial militar; X - enquadramento, quando violada a norma
XXXVI- facilitar a utilização por outrem ou utilizar-se sancionadora.
de meios ilegais, imorais, fraudulentos ou não permitidos,
para se beneficiar em curso, instrução, concurso ou seleção;

15
NORMAS PERTINENTES À PMTO

§ 1º O Sindicante, para a formação de seu convencimen- VII - cometa falta disciplinar de natureza grave, apurada
to, pode reinquirir o Sindicado em qualquer fase procedi- em sindicância, já estando no insuficiente ou no mau com-
mental. portamento;
§ 2º As testemunhas arroladas pela defesa devem ser VIII - tenha incorrido na prática, ou concorrido para
ouvidas após as do rol da acusação. ela, de incitamento à perturbação da ordem pública, ou
pela participação em movimentos reivindicatórios contrá-
Art. 53. A conclusão da sindicância dá-se em trinta dias rios à hierarquia e disciplina militar;
da publicação da portaria instauradora em boletim orgânico IX - tenha se filiado a partido político ou a sindicato,
da Corporação. participado de greve, ou exercido atividades prejudiciais à
Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode segurança nacional ou perigosas contra esta;
ser prorrogado por vinte dias, a critério da autoridade com- X - tenha incorrido na prática, ou concorrido para ela,
petente. de comércio ilegal, doação ou empréstimo de munição ou
arma de fogo.
Art. 54. Podem ser designados Sindicantes os Oficiais
ou Aspirantes a Oficial, a critério da autoridade instauradora, Art. 58. Os Conselhos têm o prazo de cinquenta dias,
respeitada a hierarquia. computados a partir da sessão inaugural, para a conclusão
de seus trabalhos.
Seção III Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina ser prorrogado pela autoridade nomeante em até trinta
dias.
Art. 55. Os Conselhos de Justificação e de Disciplina des-
tinam-se a avaliar, do ponto de vista da ética e da disciplina Art. 59. Os Conselhos constituem-se de três Oficiais,
militares, a capacidade do militar estável de permanecer no sendo o de maior posto ou antiguidade o Presidente, o
serviço ativo da Corporação, assegurados o devido processo que lhe seguir em antiguidade, o Relator e o seguinte,
legal, o contraditório e a ampla defesa. o Secretário; todos com direito a voto e com precedência
§ 1º O Oficial acusado é submetido a Conselho de Justi- hierárquica sobre o militar a ele submetido.
ficação, e a Praça a Conselho de Disciplina. § 1º Na formação dos Conselhos de Disciplina, pode
§ 2º Aplicam-se os procedimentos dos Conselhos que ser designado um graduado e, no de Justificação, Oficiais
se trata este artigo aos militares reformados e na reserva inativos, desde que com precedência hierárquica sobre o
remunerada. militar a ele submetido.
§ 2º Os Conselhos funcionam sempre com a totalidade
Art. 56. Incumbe ao Chefe do Poder Executivo, dos seus membros. Art. 60. Os Conselhos devem seguir o
quando necessário, baixar o regulamento dos Conselhos seguinte rito:
de Justificação e de Disciplina. I - Instauração;
II - Sessão Inaugural, quando são realizados os seguin-
Art. 57. É submetido ao Conselho de Justificação ou de tes procedimentos:
Disciplina o militar que: a) autuação do ato de nomeação do Conse-
I - tenha perdido a nacionalidade brasileira; lho;
II - tenha procedido incorretamente ou com incúria no b) expedição do mandado de citação e intimação
desempenho de suas funções no cargo, comissão ou encar- para comparecer à sessão de qualificação e interrogatório;
go que lhe tenha sido designado; c) requisição do levantamento da vida fun-
III - tenha praticado ato que afete a sua honra pessoal, o cional do militar acusado;
pundonor militar ou o decoro da classe, em desproveito dos d) comunicação ao Comandante-Geral da
valores militares e deveres éticos estabelecidos nesta Lei; Corporação da abertura do procedimento;
e) designação do dia e da hora para a sessão
IV - tenha incorrido na prática ou concorrido para a prá- de qualificação e interrogatório;
tica de crime hediondo, tortura, consumo ou tráfico ilícito de f) determinação de outras providências com
entorpecentes e drogas afins ou outros crimes com empre- vistas à instrução do processo;
go de violência ou grave ameaça; III - Citação e Intimação do acusado;
V - tenha sido considerado inabilitado para integrar IV - Sessão de Qualificação e Interrogatório do
os quadros de acesso à promoção, por mais de três vezes, Acusado e entrega do Libelo Acusatório;
mesmo em caráter provisório, ao ter seu nome apreciado V - Abertura de prazo de três dias úteis para
pela respectiva Comissão de Promoção, desde que esta re- apresentação de defesa preliminar;
comende, fundamentadamente, a instauração do Conselho VI - Instrução;
de Justificação ou de Disciplina; VII - Abertura de prazo de cinco dias úteis para apre-
VI - tenha sido condenado por prática de crime doloso, sentação das alegações finais de defesa;
pela Justiça Comum ou Militar, a pena privativa de liberdade VIII - Sessão de deliberação; IX - Relatório;
superior a dois anos, com sentença trânsita em julgado que X - Julgamento.
não comine perda da função pública;

16
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 61. O militar submetido a Conselho deve ser inti- IV - uma transferência a bem da disciplina equivale a
mado de todas as sessões, exceto à sessão inaugural e deli- uma detenção.
beração do relatório, sendo esta secreta. § 2º É automática a contagem de tempo para reclassifi-
cação de comportamento, e começa a fluir a partir da data
Art. 62. No relatório são descritas as diligências feitas, as em que se encerrar o cumprimento da punição.
pessoas inquiridas e os resultados obtidos, indicando-se a § 3º Ao ser incluído na Corporação, a praça é classifica-
autoria e as circunstâncias em que foram praticadas as infra- da no comportamento “bom”.
ções capituladas no libelo acusatório. Ao final, propõem-se,
cumulativamente ou não, no que couber, as seguintes me- CAPÍTULO IX
didas: DAS REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES
I - instauração de Inquérito Policial Militar - IPM, se
houver indícios de crime militar; Art. 66. As reposições e indenizações ao erário são
II - encaminhamento de documentos à autoridade poli- realizadas pelos militares na conformidade desta Lei.
cial competente quando houver indícios de cometimento de § 1º Para os fins desta Lei, considera-se:
infração penal de natureza comum; I - reposição, a devolução de qualquer parcela recebi-
III - reforma nos termos desta Lei; da indevidamente pelo militar;
IV - transferência para a reserva remunerada proporcio- II - indenização, o ressarcimento pelos prejuízos a
nal, se considerado inabilitado definitivamente para inclusão que der causa, dolosa ou culposamente.
nos quadros de acesso para promoção, na forma desta Lei; § 2º A reposição é feita:
V - demissão; I - em parcelas cujo valor não exceda a 25% do sub-
VI - aplicação de qualquer outra sanção disciplinar sídio do militar;
prevista nesta Lei, que não a demissão; II - em única parcela, quando constatado pagamento
VII - arquivamento. indevido no mês anterior ao do processamento da folha.
Parágrafo único. A medida apresentada à autoridade jul- § 3º A indenização é feita em parcelas cujo valor não
exceda a 10% do subsídio do militar.
gadora é aquela deliberada pela maioria dos membros do
§ 4º A indenização pela moradia em prédios públicos
Conselho.
ou residências funcionais tem o valor estabelecido pelo ins-
trumento que a regular.
Art. 63. Recebidos os autos, a autoridade nomeante, no
§ 5º O ressarcimento a fundo de assistência é estabele-
prazo de vinte dias, decide de acordo com o proposto pelo
cido no respectivo regulamento.
Conselho ou, motivadamente, aplica outra medida, na con-
§ 6º Os descontos de que trata este artigo são publica-
formidade com o estabelecido no artigo anterior.
dos em Boletim Orgânico da Corporação.
Parágrafo único. A autoridade nomeante, após rece-
ber os autos concluídos, se necessário, antes do julgamen- Art. 67. Em nenhuma hipótese o militar pode receber
to, pode devolvê-los ao presidente do conselho para novas importância mensal inferior a 40%
diligências, abrindo prazo máximo de trinta dias, observado de seu subsídio.
o contraditório e a ampla defesa.
CAPÍTULO X
Seção IV DOS DIREITOS
Do Comportamento Militar
Art. 68. São direitos dos militares:
Art. 64. O comportamento da praça reflete sua conduta I - garantia do posto e da patente em toda a sua ple-
civil e profissional, sob o ponto de vista da disciplina militar. nitude, com as vantagens, as prerrogativas e os deveres a
ela inerentes, quando Oficial;
Art. 65. O comportamento militar da praça é classificado II - garantia da graduação, em toda a sua plenitude,
em: com as vantagens, as prerrogativas e os deveres a ela ine-
I - excepcional: quando, no período de oito anos de efe- rentes, quando Praças com estabilidade assegurada;
tivo serviço, não tenha sofrido qualquer punição disciplinar; III - nas condições ou nas limitações impostas na legis-
II - ótimo: quando, no período de quatro anos de efetivo lação específica:
serviço, tenha sido punido com até uma detenção; a) a estabilidade, quando Praça, aos três
III - bom: quando, no período de dois anos de efetivo anos de efetivo serviço prestado na
serviço, tenha sido punido com até duas prisões; Corporação;
IV - insuficiente: quando, no período de um ano de efe- b) o uso das designações hierárquicas;
tivo serviço, tenha sido punido com até duas prisões; c) a ocupação de cargos correspondente ao
V - mau: quando, no período de um ano de efetivo servi- posto ou graduação;
ço, tenha sido punido com mais de duas prisões. d) a percepção de remuneração condigna,
§ 1º Para efeito deste artigo: respeitados os limites estabelecidos no inciso XI do art. 37
I - duas repreensões equivalem a uma detenção; II - da Constituição Federal;
quatro repreensões equivalem a uma prisão; III - duas deten- e) o auxílio-natalidade;
ções equivalem a uma prisão; f) a constituição de pecúlio policial militar;

17
NORMAS PERTINENTES À PMTO

g) a promoção; Seção I
h) a transferência para a reserva remunerada: Da Remuneração
1. a pedido;
2. reforma; Art. 73. Os militares são remunerados exclusivamente
i) as férias, os afastamentos temporários do por subsídios.
serviço e as licenças;
j) a exoneração e o licenciamento voluntá- *Art. 74. O cargo de Secretário-Chefe da Casa Militar
rios; tem prerrogativas, direitos e subsídio equivalentes aos de
k) o porte de arma; Secretário de Estado. (NR)
l) o tratamento de saúde por conta integral *Art. 74 com redação determinada pela Lei 2.844, de
do Estado, nas enfermidades contraídas em serviço ou em 31/03/2014.
razão da função; Art. 74. Os cargos de Comandante-Geral e de Secretá-
m) a realização de cursos na própria Corpora- rio-Chefe da Casa Militar têm as prerrogativas, os direitos e
ção, ou em outras Polícias Militares ou os subsídios equivalentes aos de Secretário de Estado.
Corpos de Bombeiros Militares;
n) a licença maternidade; o) a licença por Art. 75. O direito do militar ao subsídio tem início a
adoção; p) a licença paternidade; q) o auxílio-fune- partir:
ral; I - do ato da inclusão na Corporação;
r) o décimo terceiro salário, com base na re- II - do ato de reversão ao serviço ativo.
muneração integral ou no valor dos proventos;
s) o salário-família; Art. 76. Suspende-se, temporariamente, o subsídio do
t) as férias anuais de trinta dias de duração, militar:
remuneradas com um terço a mais da remuneração normal; I - em licença para tratar de interesse particular; II - na
u) o devido processo legal e os recursos a ele situação de desertor;
inerentes; III - quando agregado para exercer atividade ou função
*IV – a paridade e a integralidade entre militares ativos, estranha à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Mili-
inativos e seus pensionistas. tar, ou cargo, emprego ou função pública temporária, não
*Inciso IV acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014. eletiva, ainda que da administração indireta, salvo quando
couber opção pelo subsídio do posto ou da graduação;
Art. 69. O auxílio-natalidade é devido ao militar por IV - quando condenado à pena de suspensão do posto
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao ou da graduação, do cargo ou da função, na forma prevista
subsídio do cargo efetivo do Soldado vigente à época do no Código Penal Militar.
evento, inclusive no caso de natimorto.
§ 1º O auxílio-natalidade não é devido a mais de um Art. 77. O subsídio do militar considerado desaparecido
dos pais. ou extraviado em caso de calamidade pública, em viagem,
§ 2º Na hipótese de parto múltiplo, o valor do auxílio é no desempenho de qualquer serviço ou operação militar, é
acrescido de 50%. pago aos que teriam direito à pensão respectiva.
Parágrafo único. No caso deste artigo, decorridos seis
Art. 70. O Pecúlio Militar consiste na contribuição de meses, faz-se a habilitação dos beneficiários, na forma da
todos os integrantes das Corporações cujo montante é ar- lei civil, cessando o pagamento do subsídio.
recadado com a máxima presteza e repassado ao familiar
do militar falecido ou a pessoa ou entidade indicada por Art. 78. O pagamento do subsídio cessa na data em
este, e, na sua falta, na forma da legislação civil. que o militar for desligado ou excluído do serviço ativo da
Parágrafo único. 5% do montante arrecadado rever- Corporação em conformidade com esta Lei.
tem-se ao fundo de assistência.
Art. 79. Do indulto, da comutação, do livramento con-
Art. 71. O auxílio-funeral é devido à família do militar dicional ou da suspensão condicional da pena não decorre
ativo ou inativo falecido, no valor equivalente ao seu subsí- direito em prol do militar a qualquer subsídio que tenha
dio ou provento. deixado de perceber.
§ 1º O auxílio é devido, também, ao militar, por morte
do cônjuge, do companheiro ou de filho menor ou inválido. Art. 80. Os proventos da inatividade são devidos ao mi-
§ 2º O auxílio é pago no menor prazo possível à pessoa litar desligado do serviço ativo em virtude de:
da família que houver custeado o funeral. I - transferência para reserva remunerada;
§ 3º Se o funeral for custeado por terceiro, este é inde- II - reforma.
nizado, na conformidade do caput deste artigo. *Art. 81. Ao transferir-se para a inatividade, o militar
tem direito a proventos equivalentes ao subsídio do posto
Art. 72. Caso o militar esteja a serviço fora do seu mu- o graduação que ocupava na ativa.
nicípio de lotação e vier a falecer, as despesas de transporte *Art. 81 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
do corpo correm à conta do Estado. 3/12/2014.

18
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 81. Por ocasião de sua passagem para a inativida- Seção II


de, o militar tem direito ao valor dos proventos igual ao Das Vantagens Pecuniárias
subsídio do posto ou da graduação que ocupava na ativa,
correspondente ao tempo de contribuição, computável até Art. 83. São vantagens pecuniárias dos militares:
o máximo de trinta anos, para homens, e vinte e cinco anos, I - diárias;
para mulheres. II - ajuda de custo;
§ 1º O tempo de serviço considerado pela legislação III - bolsa de estudo;
vigente à data da promulgação da IV - pró-labore, em razão de atividade temporária de
Emenda Constitucional Federal 20 é computado como magistério militar, extensiva aos civis que vierem a exercer
tempo de contribuição. essa atividade no âmbito da Corporação.
§ 2º Os proventos da inatividade não podem ser supe- Parágrafo único. Incumbe ao Chefe do Poder Executivo
riores aos subsídios da atividade, ressalvadas as situações regulamentar o valor, a concessão e o pagamento das van-
constituídas até a data da vigência desta Lei. tagens pecuniárias de que trata este artigo.
*§ 3º Os proventos mencionados no caput deste arti-
go, reajustáveis na mesma data e proporção dos subsídios Seção III
dos militares da ativa, correspondem ao tempo de contri- Da Promoção
buição computável até o máximo de:
*I- 30 anos, para homens; Art. 84. O acesso na hierarquia militar é seletivo, gra-
*II – 25 anos, para mulheres. dual e sucessivo e é feito mediante promoções, na forma
*§3º acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014. da legislação específica, de modo a obter-se um fluxo regu-
*§ 4º A regra disposta no caput deste artigo, não se lar e equilibrado da carreira.
aplica ao militar reformado que for promovido pelo critério § 1º O planejamento da carreira dos militares, Oficiais
de invalidez permanente, o qual terá direito ao valor dos e Praças, obedecida a legislação específica, é atribuição do
proventos igual ao subsídio do novo posto ou graduação Comandante-Geral da Corporação.
alcançada. § 2º A promoção é ato administrativo que tem como
*§4º acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014. finalidade básica a seleção dos militares para o exercício de
funções pertinentes ao grau hierárquico superior.
Art. 82. Os proventos do militar incapacitado para o
serviço ativo são computados: Art. 85. As promoções são efetuadas pelos critérios:
I - integralmente, correspondente ao subsídio do grau I - de antiguidade, decorrente da precedência hie-
hierárquico que possuía na ativa, quando reformado em rárquica de um militar sobre os demais de igual posto ou
consequência de qualquer dos motivos referidos nos inci- graduação do mesmo quadro;
sos I, II e III do art. 127 desta Lei; II - de merecimento, que tem como pressuposto o
II - integralmente, correspondente ao subsídio do grau conjunto de qualidades e atributos que distinguem e real-
hierárquico que possuía na ativa, quando reformado em çam o valor do militar entre seus pares, avaliados no de-
consequência de qualquer dos motivos previstos no inciso curso da carreira e no desempenho de cargos e comissões
IV do art. 127 desta Lei, desde que considerado inválido to- exercidos, particularmente no grau hierárquico que ocupa
tal e permanentemente para qualquer atividade laborativa; ao ser cogitado para promoção;
III - proporcionais ao tempo de contribuição e corres- III - por escolha, efetuada por ato do Chefe do Poder
pondente ao subsídio do grau hierárquico que possuía na Executivo, ao posto de Coronel, do Tenente-Coronel, que
ativa quando reformado em consequência de qualquer dos julgar qualificado para o desempenho dos altos cargos de
motivos referidos no inciso IV do art. 127 desta Lei, desde comando, chefia ou direção;
que constatado, por junta médica da Corporação, que o IV - por bravura, resultante de ato ou atos incomuns
militar é portador de doença incapacitante para o serviço de coragem, audácia e abnegação que, ultrapassando os
militar estadual e não for possível o seu aproveitamento limites normais do cumprimento do dever, representem
nas atividades administrativas da Polícia Militar ou do Cor- feitos indispensáveis às operações militares, pelos resulta-
po de Bombeiros Militar. dos alcançados ou pelo exemplo deles emanado;
§ 1º O militar reformado proporcionalmente ao tem- V - post mortem, com vistas a:
po de contribuição, de acordo com o inciso III deste arti- a) expressar o reconhecimento do Estado ao militar
go, tem direito a revisão dos seus proventos se, por junta falecido no cumprimento em consequência do dever;
médica da Corporação, for constatado o agravamento do b) preencher as condições exigidas nesta Lei,
quadro clínico que deu origem à sua reforma. não efetivado em virtude do óbito;
§ 2º O militar reformado nos termos do inciso III deste VI - de tempo de contribuição para o militar que com-
artigo não pode perceber provento inferior ao salário mí- plete o tempo necessário de contribuição previdenciária
nimo. destinado à sua transferência voluntária para a reserva re-
munerada no posto ou graduação imediatamente superior
àquele em que se encontre;

19
NORMAS PERTINENTES À PMTO

*VII -de invalidez permanente, a que faz jus o Policial I - interesse da manutenção da ordem; II - extrema
Militar ativo ou inativo que for ou tenha sido julgado inca- necessidade de serviço;
paz definitivamente para o serviço militar, pela Junta Militar III - transferência para a inatividade.
Central de Saúde, em razão de ferimento ou enfermidade § 3º É vedada a acumulação de três períodos de férias,
decorrente do cumprimento do dever ou que nele tenha a independentemente dos motivos enunciados no §2o deste
sua causa eficiente, comprovado por sindicância ou inqué- artigo.
rito policial militar.
*Inciso VII com redação determinada pela Lei nº 3.028, Art. 88. O militar tem direito aos seguintes pe-
de 4/11/2015. ríodos integrais de afastamento do serviço, obedecidas a
VII -de invalidez permanente, a que faz jus o militar legislação pertinente, por motivo de:
da ativa que for julgado incapaz definitivamente para o I - núpcias, oito dias;
serviço militar, pela Junta Militar de Saúde, em razão de II - luto, oito dias, por morte de:
ferimento ou enfermidade decorrente do cumprimento do a) cônjuge ou companheiro;
dever ou que nele tenha a sua causa eficiente, comprovado b) descendente ou ascendente, por consa-
por sindicância ou inquérito policial militar. guinidade, em linha reta;
§ 1º Em casos extraordinários, pode haver promoção c) parente por afinidade, em primeiro grau,
pelo critério de ressarcimento de preterição. na linha reta ascendente ou descendente;
§ 2º A promoção do militar feita em ressarcimento de d) colateral por consaguinidade até segundo
preterição é efetuada pelo critério a que tinha direito, com grau; III - instalação, até dez dias;
o número que lhe cabia na escala hierárquica, como se IV -trânsito, até trinta dias;
houvesse sido promovido na época devida. V - finalização de trabalho objeto de curso de
§ 3º A promoção pelo critério de tempo de contribui- graduação ou pós-graduação, até dez dias consecutivos;
ção: I - independe: VI - data natalícia do militar, um dia.
a) do preenchimento de quaisquer dos requisitos Parágrafo único. O afastamento do serviço por motivo
estabelecidos na Lei de Promoções dos Militares Estaduais;
de núpcias ou luto é concedido, no primeiro caso, se solici-
b) de vaga em posto ou graduação do qua-
tado por antecipação à data do evento e, no segundo, até
dro a que pertencer o militar; II - induz promoção do Sub-
oito dias após o óbito.
tenente para o posto de Segundo-Tenente;
III - não se aplica aos ocupantes do posto de Coronel,
Art. 89. As férias e outros afastamentos mencionados
atendido, neste caso, o disposto na Lei 1.775, de 13 de abril
nesta Seção são concedidos sem prejuízo da remuneração
de 2007;
e computados como tempo de efetivo serviço para todos
IV - precede o ato de transferência para a reserva re-
os efeitos legais.
munerada.
§ 4º Os demais requisitos e condições necessários à
efetivação das promoções pelos critérios previstos neste Seção V
artigo são estabelecidos em lei específica. Das Licenças

Seção IV Art. 90. Licença é o ato liberatório do serviço do militar


Das Férias e outros Afastamentos em caráter total e temporário, baixado pelo Comandante-
Temporários do Serviço Geral, obedecidas as disposições legais e regulamentares.
Parágrafo único. Facultam-se as seguintes licenças:
Art. 86. O militar tem férias de trinta dias, acumuláveis I - para tratar de interesse particular;
até o máximo de dois períodos em caso de necessidade do II - para tratamento de saúde de pessoa da família;
serviço. III - para tratamento da própria saúde;
Parágrafo único. Para qualquer período aquisitivo de IV - maternidade;
férias são exigidos doze meses de efetivo serviço. V - por adoção;
VI - paternidade.
Art. 87. Compete ao Comandante-Geral a aprova-
ção dos planos de férias das organizações militares su- Art. 91. A licença para tratar de interesse particular é
bordinadas, bem como a fiscalização do seu cumprimento. concedida ao militar com mais de dez anos de efetivo ser-
§ 1º A concessão das férias não anula direito a licenças viço, pelo prazo de até dois anos, mediante requerimento,
e não é prejudicada: I - pela fruição anterior de licença atendido o mérito administrativo.
para tratamento de saúde; Parágrafo único. A licença de que trata este artigo, en-
II - por punição anterior decorrente de transgressão quanto durar, interrompe a remuneração e a contagem do
disciplinar; III - pelo estado de guerra; tempo de efetivo serviço.
IV - para que sejam cumpridos atos de serviço.
§ 2º O período planejado de férias dos militares é sus- Art. 92. As licenças maternidade, por adoção e paterni-
penso ou alterado, mediante registro nos assentamentos, e dade tem os seguintes prazos de duração:
somente nos seguintes casos: I - licença maternidade, cento e vinte dias;

20
NORMAS PERTINENTES À PMTO

II - licença por adoção, concedida à militar que adotar Art. 97. Incumbe à Junta Militar Central de Saúde (JMCS)
ou obtiver guarda judicial para fins de adoção: formar livremente sua convicção fundada em fatos, circuns-
a) cento e vinte dias, se a criança tiver até um tâncias ou elementos, independentemente de:
ano de idade; I - diagnósticos e pareceres de especialistas;
b) sessenta dias, se a criança tiver mais de um II - atestados emitidos por outros profissionais de saúde;
até quatro anos de idade; III - resultados de exames subsidiários;
c) trinta dias, se a criança tiver mais de quatro IV - diagnósticos decorrentes de internação.
até oito anos de idade; Parágrafo único. Pode compor a Junta Militar Central de
III - licença paternidade, oito dias, concedida ao militar Saúde (JMCS) profissional civil integrante da Junta Médica
por nascimento de filho, reconhecimento de paternidade ou Oficial do Estado.
que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção, de
criança até oito anos de idade. Art. 98. A licença para tratar de interesse particular pode
Parágrafo único. Para amamentar o próprio filho, até a suspender-se: I - em caso de mobilização e estado de guerra;
idade de seis meses, a militar lactante tem direito, durante a II - em caso de estado de defesa ou de sítio;
jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que pode ser III - para cumprimento de sentença que implique restri-
parcelada em dois períodos de meia hora. ção da liberdade individual; IV - em caso de indiciação em
inquérito policial militar;
Art. 93. A duração da licença maternidade pode, atendido V - em caso de pronúncia em processo criminal.
o mérito administrativo, ser prorrogada por sessenta dias me-
diante requerimento da militar beneficiada. Seção VI
Parágrafo único. Para que a prorrogação de que trata este Dos Recursos
artigo seja efetivada, a militar deve requerer o benefício antes
de findar o último mês da licença maternidade. Art. 99. O militar que se julgar prejudicado por qualquer
ato administrativo de superior hierárquico pode recorrer da
decisão, ao amparo da legislação vigente.
Art. 94. A duração da licença por adoção pode ser pror-
§ 1º São recursos disciplinares: I - no âmbito da sindicância:
rogada, atendido o mérito administrativo, mediante requeri-
a) o pedido de reconsideração;
mento da militar beneficiada, em:
b) o recurso hierárquico;
I - quarenta e cinco dias, no caso de criança com até um
II - no âmbito dos Conselhos de Justificação e de Disci-
ano de idade;
plina, a apelação.
II - trinta dias, no caso de criança com mais de um até
§ 2º O direito de recorrer, na esfera administrativa, preclui:
oito anos de idade. I - em trinta dias corridos, a contar do recebimento de
comunicação oficial, quanto a ato que decorra da composição
Art. 95. Durante o período de prorrogação da licença ma- de quadro de acesso para promoção;
ternidade ou da licença por adoção, a militar não pode exer- II - em cinco dias úteis:
cer qualquer atividade remunerada, e a criança não pode ser a) para interpor pedido de reconsideração de ato ou recur-
mantida em creche ou organização similar. so hierárquico, a contar da data em que o militar tome conheci-
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do dis- mento oficial da decisão em que se aplicou a sanção disciplinar;
posto neste artigo, a militar perde o direito à prorrogação da b) da data em que tome conhecimento oficial do inde-
licença. ferimento do pedido de reconsideração;
III - em quinze dias úteis para interpor apelação, a contar da
Art. 96. A licença para tratamento de saúde de pessoa da data em que o militar tome conhecimento oficial do teor do julga-
família ou para tratamento da própria saúde pode ser conce- mento proferido pela autoridade nomeante do respectivo conselho.
dida ao militar, a pedido ou de ofício, precedida de inspeção § 3º A reconsideração é o recurso interposto por reque-
realizada pelo serviço de saúde da Corporação, sem prejuízo rimento dirigido à autoridade prolatora, no qual o militar
do subsídio. que se julgue prejudicado, injustiçado ou ofendido, pede o
§ 1º Na impossibilidade física de locomoção do paciente, reexame da decisão.
a inspeção de saúde pode ser realizada no local onde este se § 4º Recurso hierárquico é o recurso disciplinar interposto
encontrar. pelo militar irresignado com o indeferimento do pedido de
§ 2º As licenças referidas no caput deste artigo somente reconsideração de ato, dirigido diretamente:
são concedidas depois da homologação pelo serviço de saú- I - ao Chefe do Estado-Maior, quando a autoridade ins-
de da Corporação. tauradora da sindicância for o Corregedor ou a autoridade
§ 3º O serviço de saúde da Corporação, em sendo neces- funcionalmente inferior a este;
sário, pode modificar o período anteriormente prescrito, após II - à autoridade imediata e funcionalmente superior nos
análise da documentação apresentada ou avaliação do pa- demais casos.
ciente, retroagindo seus efeitos à data inicial do afastamento. § 5º A apelação consiste no recurso interposto contra o
§ 4º Computa-se falta ao militar que não se apresenta ao julgamento proferido nos autos do Conselho de Justificação
serviço na data fixada para o término da licença. ou Disciplina, dirigido à autoridade superior à nomeante.
§ 5º Findo o prazo da licença, o pedido de prorrogação § 6º O pedido de reconsideração, o recurso hierárquico
sujeita o militar a nova inspeção pelo serviço de saúde da Cor- e a apelação cabem a cada um dos militares que se julgue
poração. prejudicado, injustiçado ou ofendido.

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NORMAS PERTINENTES À PMTO

Seção VII Seção Única


Do Alistamento Eleitoral Dos Uniformes

Art. 100. Todos os militares são alistáveis como eleitores. Art. 104. Os uniformes da Corporação, com seus distin-
O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: tivos, insígnias e emblemas, são privativos dos militares e
I - se contar menos de dez anos de serviço, deve afastar- representam o símbolo da autoridade de que lhes é confe-
se da atividade; rida pelo Estado, com as prerrogativas inerentes.
II - se contar mais de dez anos de serviço, é agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passa automaticamente, Art. 105. Em regulamento específico são disciplinados
no ato da diplomação, para a reserva remunerada, proporcio- os modelos dos uniformes, seus distintivos, insígnias, em-
nalmente ao seu tempo de contribuição. blemas, descrição, composição, peças e acessórios.
§ 1º O militar transferido para a reserva remunerada na § 1º É proibido ao militar estadual o uso do uniforme:
conformidade do inciso II deste artigo pode, mediante re- I - em reuniões, propaganda ou manifestações de ca-
querimento, observado o mérito administrativo, retornar ao ráter político-partidário, salvo se em serviço;
serviço ativo da Corporação desde que terminado o mandato II - na inatividade, salvo para comparecer a so-
eletivo, por renúncia ou implemento de tempo. lenidades militares e, quando autorizado, a cerimônias
§ 2º O retorno do militar cujo mandato eletivo houver cessa- cívicas comemorativas de datas nacionais ou atos solenes
do, depende de ato do: I - Chefe do Poder Executivo, se Oficial; de caráter particular;
II - Comandante-Geral, se Praça. III - no estrangeiro, em atividades não relacionadas
§ 3º No caso do § 2o deste artigo, a antiguidade é contada com a missão militar, salvo se expressamente autorizado
a partir da data do respectivo ato. ou determinado.
§ 2º O militar na inatividade, cuja conduta possa ser
CAPÍTULO XI considerada ofensiva à dignidade da classe, pode ser de-
DAS PRERROGATIVAS finitivamente proibido de usar uniformes, por decisão do
Comandante- Geral da Corporação, assegurado o contra-
Art. 101. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas hon- ditório e a ampla defesa.
ras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e cargos. § 3º O militar fardado tem as obrigações inerentes ao
Parágrafo único. São prerrogativas dos militares estaduais: uniforme que usa e aos distintivos, emblemas e insígnias
I - o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e em- que ostente.
blemas militares, correspondentes ao posto ou à graduação;
II - as honras, o tratamento e os sinais de respeito que lhes Art. 106. É defeso ao civil ou a organização civil usar
são assegurados em leis e regulamentos; uniforme ou ostentar distintivo, equipamento, viatura, in-
III - o cumprimento de pena de prisão ou detenção so- sígnia ou emblema que possa ser confundido com o ado-
mente em organização militar, cujo Comandante, Chefe ou Di- tado pela Corporação.
retor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou o detido, Parágrafo único. São responsáveis pela infração de que
na conformidade da legislação vigente; trata este artigo:
IV - o julgamento em foro especial, nos crimes milita- I - o presidente, o diretor ou o chefe de reparti-
res, na conformidade da legislação vigente. ção, instituto, departamento ou organização de qualquer
natureza;
Art. 102. Somente em flagrante delito pode o militar ser II - o dirigente de sociedade empresária; III - o em-
preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a entregá pregador.
-lo imediatamente à autoridade militar estadual mais próxima,
só podendo retê-lo na delegacia ou no posto policial durante CAPÍTULO XII
o tempo necessário a lavratura do flagrante, informado dos DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS
seus direitos, entre os quais o de permanecer calado e de con-
tar com a assistência de sua família e de advogados. Seção I
§ 1º Cabe ao Comandante-Geral da Corporação a iniciati- Da Agregação
va de responsabilizar a autoridade que não cumprir o dispos-
to neste artigo ou maltratar ou consentir que seja maltratado Art. 107. A agregação é a situação na qual o militar da
qualquer militar estadual preso, ou não lhe der o tratamento ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu
relacionado ao seu posto ou graduação. quadro, nela permanecendo sem número.
§ 2º Sempre que o militar, quando em julgamento na Justi- § 1º O militar deve ser agregado quando:
ça Comum, esteja com risco de morte, cumpre ao Comandan- I - nomeado para cargo não considerado de natureza
te-Geral da Corporação, em entendimento com a autoridade militar;
judiciária, providenciar as medidas necessárias à segurança dos II - aguardar transferência para a reserva remunerada,
pretórios ou tribunais com emprego da força policial militar. por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que
a motivem;
Art. 103. Os militares da ativa, no exercício de suas fun- III - condenado à pena de suspensão do posto,
ções, são dispensados do serviço do Tribunal do Júri e da graduação, cargo ou função na conformidade do Código
Justiça Eleitoral. Penal Militar.

22
NORMAS PERTINENTES À PMTO

IV - julgado incapaz definitivamente para o serviço, en- Seção II


quanto tramita o processo de reforma; Da Reversão
V - ultrapassados seis meses contínuos em licença para
tratamento da própria saúde; VI - ultrapassados seis meses Art. 108. Reversão é o ato pelo qual o militar agregado
contínuos em licença para tratar de interesse particular; VII - ul- retorna ao respectivo quadro, tão logo cesse o motivo que
trapassados seis meses contínuos em licença para tratamento determinou a agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe
em pessoa da compete na respectiva escala numérica.
família;
VIII - oficialmente considerado extraviado; Art. 109. A qualquer tempo pode ser determinada a re-
IX - oficialmente declarado desertor, se Oficial ou Praça versão do militar, exceto nos casos dos incisos III, IV, V, VIII,
estável; XIII e XV do §1o do art. 107 desta Lei.
X - apresentar-se voluntariamente ou ter sido
capturado, após deserção; Art. 110. A reversão se faz por ato do Comandante-Ge-
XI - ficar unicamente a disposição da justiça comum, para ral da Corporação.
se ver processar, exceto se a ação penal decorrer de ato do ser-
viço; Seção III
XII - ultrapassar seis meses contínuos, sujeito a processo no Do Excedente
foro militar, exceto se a ação penal decorrer de ato do serviço;
XIII - tiver sido condenado à pena restritiva de liberdade Art. 111. O militar em situação de excedente não sofre
superior a seis meses, com sentença transitada em julgado, en- restrição em seus direitos e é identificado no respectivo al-
quanto durar a sua execução, ou até que seja declarado indig- manaque com abreviatura Excd.
no de pertencer à Corporação ou com ela incompatível;
XIV - nomeado para qualquer cargo, emprego ou Seção IV
função pública temporária, de natureza civil não eletiva, ainda Do Ausente
que na administração indireta;
XV - candidato a cargo eletivo, desde que conte com dez Art. 112. É considerado ausente o militar que, por mais
ou mais anos de serviço. de vinte e quatro horas consecutivas:
§ 2º O militar agregado na conformidade do inciso II do I - deixar de comparecer à sua organização militar, sem
parágrafo anterior, ainda que afastado de suas funções, é con- comunicar qualquer motivo ou impedimento;
siderado em serviço ativo para todos os efeitos legais. II - ausentar-se, sem licença da organização militar a
§ 3º É considerado em serviço ativo para todos os efeitos que serve ou do local onde deve permanecer.
legais, o militar: Parágrafo único. O militar é considerado ausente até o
I - que ficar unicamente à disposição da Justiça Comum prazo não confirmativo da deserção.
para se ver processar e julgar;
II - sujeito a processo na Justiça Militar, decorrente de ato Seção V
de serviço. Do Desaparecimento, do Extravio e do Falecimento
§ 4º A agregação do militar, a que se referem os incisos I e
XIV do §1º, deste artigo, é contada a partir da data da nomea- Art. 113. É considerado desaparecido o militar da
ção no novo cargo até o regresso à Corporação ou a transfe- ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em via-
rência ex officio para a reserva remunerada. gem, em operações militares ou em caso de calamidade pú-
§ 5º A agregação do militar, a que se referem os incisos V, blica, tiver paradeiro ignorado por mais de oito dias.
VI, VII, e XII do §1º, deste artigo, é contada a partir do primeiro Parágrafo único. A situação de desaparecido só é con-
dia após os respectivos prazos, e enquanto durar o evento. siderada quando não houver indício de deserção.
§ 6º A agregação do militar, a que se referem os incisos III,
VIII, IX, X e XI do §1º, deste artigo, é contada a partir da data Art. 114. O militar que, na forma do artigo anterior, per-
indicada no ato que torna público o respectivo evento. manecer desaparecido por mais de trinta dias, é oficialmen-
§ 7º A agregação do militar, a que se refere o inciso XV do te considerado extraviado.
§1o, deste artigo, é contada a partir da data do registro como
candidato até sua diplomação ou retorno à Corporação, se não Art. 115. O extravio do militar da ativa acarreta inter-
eleito. rupção do serviço militar, com o consequente afastamento
§ 8º O militar agregado permanece sujeito às obrigações temporário do serviço ativo, a partir da data em que for
disciplinares concernentes às suas relações com outros milita- oficialmente considerado extraviado.
res e autoridades civis. § 1º A exclusão do serviço ativo é feita seis meses após
§ 9º O militar agregado fica adido ao Quartel do Co- a agregação por motivo de extravio.
mando Geral para efeito de alterações e remuneração, con- § 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, ca-
tinuando a figurar no respectivo almanaque, sem número, no lamidade pública ou outro acidente oficialmente reconhe-
lugar que até então ocupava, com abreviatura “Ag” e anotações cido, o extravio ou o desaparecimento do militar da ativa é
esclarecedoras da situação. considerado falecimento, para os fins desta Lei, tão logo se-
§ 10. A agregação se faz por ato do Comandante-Geral da jam esgotados os prazos máximos de possível sobrevivên-
Corporação. cia, ou quando encerradas as providências de salvamento.

23
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 116. O reaparecimento do militar extraviado ou Art. 123. Cabe transferência ex officio para a reserva
desaparecido, já excluído do serviço ativo, resulta em sua remunerada quando o militar: I - atingir as seguintes ida-
reinclusão e nova agregação, enquanto se apurem as cau- des limites:
sas que deram origem ao afastamento. a) o Oficial Superior, sessenta anos;
b) o Oficial Subalterno e Intermediário, cin-
Art. 117. O falecimento do militar da ativa acarreta a quenta e oito anos;
exclusão do serviço ativo a partir da data do óbito. c) o Subtenente e Sargento, cinquenta e sete
anos;
CAPÍTULO XIII d) o Cabo e Soldado, cinquenta e quatro
DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO anos;
II - for considerado inabilitado para inclusão nos qua-
Art. 118. A exclusão do serviço ativo da Corporação é dros de acesso à promoção, em caráter definitivo;
feita em consequência de: I - transferência para reserva III - estiver agregado por mais de um ano contínuo
remunerada; em virtude de licença para tratar de saúde em pessoa da
II - reforma; família;
III - deserção; IV - ultrapassar dois anos de afastamento, contínuos
IV - falecimento; ou não, agregado em virtude de nomeação em cargo pú-
V - extravio. blico civil temporário, não eletivo, ainda que da Adminis-
tração Indireta;
Art. 119. A exclusão do serviço ativo opera-se por V - for diplomado em cargo eletivo, se contar mais de
ato do Comandante-Geral da Corporação. dez anos de serviço;
VI - após três matrículas ou indicações para frequen-
Art. 120. A transferência para a reserva remunerada ou tar curso necessário à sua elevação na carreira militar, não
a reforma não isenta o militar de indenização dos prejuízos se interessar na respectiva matrícula, ou, matriculado, não
que tenha causado à Fazenda Pública Estadual. completá-lo com o aproveitamento;
VII - se oficial do QOA, QOE ou QOS, ultrapassar cin-
Seção I co anos de permanência no último posto da hierarquia de
Da Transferência para a Reserva Remunerada seu quadro, desde que conte com trinta ou mais anos de
serviço;
Art. 121. A transferência do militar para a reserva remu-
nerada é efetuada: I - a pedido; VIII - se praça, ultrapassar três anos de permanência
II - ex officio. na mesma graduação, desde que conte trinta ou mais anos
de serviço;
Art. 122. A transferência para a reserva remunerada, IX - ultrapassar cinco anos de permanência no último
a pedido, é concedida, mediante requerimento, ao militar posto da Corporação, desde que conte, no mínimo, com
que contar no mínimo dez anos de efetivo serviço na Cor- trinta anos de serviço.
poração e: § 1º A nomeação do militar para os cargos de que trata
I - trinta anos de contribuição, se homem; o inciso IV somente pode ser feita:
II - vinte e cinco anos de contribuição, se mulher. I - pela autoridade federal competente mediante
§ 1º O militar que requerer sua transferência para requisição ao Chefe do Poder
a reserva remunerada por ter cumprido o tempo es- Executivo, quando o cargo for do âmbito federal;
tabelecido neste artigo, é automaticamente afastado das II - pelo Chefe do Poder Executivo, ou mediante sua
atividades militares. autorização, quando o cargo for estadual ou municipal.
§ 2º A transferência para a reserva remunerada depen- § 2º Enquanto permanecer no cargo de que trata o in-
de da indenização, pelo militar, das despesas realizadas ciso IV, o militar tem assegurada a contagem do tempo de
pelo Estado com curso ou estágio destinado ao seu aper- contribuição para a reserva remunerada, bem assim para
feiçoamento, por tempo superior a seis meses, se ainda optar pela remuneração do posto ou da graduação.
não contraprestado igual prazo de serviço. Aplica- se, ao § 3º A transferência do militar para a reserva remune-
caso, no que couber, o disposto no art. 133 desta Lei. rada pode ser suspensa na vigência do estado de guerra,
§ 3º A inativação do militar que estiver respondendo estado de defesa e estado de sítio ou em caso de mobili-
a inquérito ou a processo judicial, desde que conte com o zação.
tempo de contribuição estabelecido neste artigo, é conce- § 4º A transferência para reserva remunerada, pre-
dida, mediante requerimento. A concessão comunicada, vista no inciso VI deste artigo, depende de indicação da
de imediato, à autoridade policial ou judicial compe- comissão de promoções e de decisão do Comandante-Ge-
tente. ral da Corporação.

24
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Seção II b) seja o acidente em serviço confirmado na conformida-


Da Reforma de do §2o deste artigo e por meio de Sindicância ou Inquérito
Policial Militar, que deve ser parte integrante do processo, para
Art. 124. A passagem do militar para a inatividade, por esclarecer as circunstâncias do fato que deu origem ao acidente.
reforma, se efetua ex officio. § 2º Os casos de que tratam os incisos I e II do caput
deste artigo são provados, sempre que possível, por docu-
Art. 125. A reforma é aplicada ao militar que: mento sanitário de origem, utilizando-se, como subsidiários
I - superar em três anos as idades limites estabeleci- ao esclarecimento da situação, os termos do acidente, ocor-
das no inciso I do art. 123 desta Lei; rência policial, baixa ao hospital, prontuários ou papeletas de
II - for julgado incapacitado definitivamente para a ati- tratamento nas enfermarias e hospitais e os registros de baixa.
vidade militar; § 3º Nenhum militar é reformado quando possível seu
III - estiver agregado por mais de um ano, por ter aproveitamento nas atividades administrativas da Corpora-
ção, compatíveis com suas condições de saúde.
sido julgado incapacitado temporariamente para o serviço
§ 4º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou in-
militar, ainda que se trate de moléstia curável;
curáveis:
IV - for condenado à pena de reforma prevista no Có-
I - tuberculose ativa;
digo Penal Militar, por sentença com trânsito em julgado;
II - alienação mental;
V - considerado culpado em processo nos Conselhos III - esclerose múltipla;
de Justificação ou de Disciplina, instaurado para determinar IV - neoplasia maligna;
a conveniência de sua permanência no serviço ativo cujo V - cegueira;
julgamento seja pela aplicação desta medida. VI - hanseníase;
VII - cardiopatia grave;
Art. 126. Anualmente, no mês de janeiro, o órgão VIII -doença de Parkinson;
de pessoal da Corporação faz organizar a relação dos IX - paralisia irreversível e incapacitante;
militares que tenham completado a idade de que trata o X - espondiloartrose anquilosante;
inciso I do art. XI - nefropatia grave;
125 desta Lei, para efeito de reforma. XII - estados avançados do mal de Paget (osteíte defor-
mante); XIII -Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS;
Art. 127. A incapacidade definitiva pode sobrevir em XIV -outras que a lei indicar, com base na medicina espe-
consequência de: cializada.
I - acidente em serviço, ferimento recebido na manu- § 5º No caso de tuberculose, a Junta Militar Central de
tenção da ordem pública, enfermidade contraída nessa si- Saúde deve fundar seu julgamento, obrigatoriamente, nas
tuação ou que nela tenha a causa eficiente; observações clínicas, acompanhadas de repetidos exames
II - doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com subsidiários, de modo a comprovar, com segurança, a ativi-
relação de causa e efeito inerente às condições do serviço; dade da doença.
III - doença grave, contagiosa ou incurável; § 6º Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio
IV - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, mental grave persistente no qual, esgotados os meios habi-
sem relação de causa e efeito inerente às condições do tuais de tratamento, permaneça alteração completa ou consi-
serviço. derável na personalidade, destruindo a autodeterminação do
§ 1º Considera-se acidente em serviço aquele que pragmatismo e tornando o militar total e permanentemente
ocorra com militar da ativa, quando: I - no exercício de impossibilitado para toda e qualquer atividade laborativa.
§ 7º São excluídas do conceito de alienação mental as
suas atribuições funcionais;
epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas pela Junta
II - no cumprimento de ordens emanadas de autorida-
Militar Central de Saúde.
de militar competente;
§ 8º Considera-se paralisia todo caso de neuropatia grave
III - no decurso de viagens a serviço, previstas em re-
e definitiva que afete a motilidade, sensibilidade, troficidade e
gulamentos ou autorizadas por autoridade militar compe- demais funções nervosas no qual, esgotados os meios habi-
tente; tuais de tratamento, permaneçam distúrbios graves, extensos
IV - no decurso de viagens impostas por motivo e definitivos que tornem o militar, total e permanentemente,
de movimentação efetuadas no interesse do serviço ou impossibilitado para toda e qualquer atividade laborativa.
a pedido; § 9º São também equiparadas às paralisias os ca-
V - no deslocamento entre a sua residência e a orga- sos de afecção ósteo-músculo- articulares graves e crônicos,
nização em que serve ou o local de trabalho, ou naquele como reumatismos graves e crônicos ou progressivos e doen-
em que sua missão deva ter início ou prosseguimento, e ças similares, nos quais, esgotados os meios habituais de tra-
vice- versa, atendido o seguinte: tamento, permaneçam distúrbios extensos e definitivos, quer
a) a relação entre tempo e espaço, o itinerário percor- ósteo-músculo-articulares, quer secundários das funções ner-
rido pelo militar entre sua residência e o local de trabalho vosas, motilidade, troficidade ou mais funções que tornem o
e vice-versa e, em dias sem expediente, se o militar esteja militar total e permanentemente impossibilitado para toda e
escalado de serviço; qualquer atividade laborativa.

25
NORMAS PERTINENTES À PMTO

§ 10. São equiparados à cegueira não só casos de afec- CAPÍTULO XIV


ção crônicas, progressivas e incuráveis, que conduzam à DA DEMISSÃO, EXONERAÇÃO, PERDA DO POSTO E
perda total da visão, como também os de visão rudimen- DA PATENTE DOS OFICIAIS, E DA GRADUAÇÃO
tar que apenas permitam a percepção de vultos, não DAS PRAÇAS E DA DECLARAÇÃO DE INDIGNIDADE
susceptíveis de correção por lente nem removíveis por DE PERMANÊNCIA NO SERVIÇO ATIVO DA CORPORA-
tratamento médico-cirúrgico. ÇÃO

Art. 128. O militar reformado por incapacidade defini- Art. 132. A exclusão da Corporação efetua-se por:
tiva, que for julgado apto em inspeção de saúde, por Junta I - demissão;
Médica Militar, em grau de recurso ou revisão, pode retor- II - exoneração;
nar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva remu- III - perda do posto ou da patente; IV - perda da gra-
nerada, na conformidade da legislação específica. duação;
V - licenciamento.
§ 1º Dá-se o retorno ao serviço ativo quando o
Parágrafo único. O militar exonerado ou demitido não
tempo decorrido na situação de reformado não ultra-
tem direito a qualquer remuneração, regendo-lhe a situa-
passe dois anos, ocupando o militar a mesma posição de
ção militar a Lei Federal do Serviço Militar.
antiguidade que lhe cabia na escala hierárquica anterior da
reforma. Não havendo vaga, o militar passa à situação de Art. 133. A exoneração é concedida a requerimento do
excedente até o surgimento da primeira vaga. interessado:
§ 2º A transferência para a reserva remunerada, atendi- I - sem indenização aos cofres públicos, quando
do o limite de idade, ocorre quando o tempo decorrido na contar tempo igual ou superior ao transcorrido com sua
situação de reformado ultrapassar dois anos. formação, habilitação, aperfeiçoamento ou especialização
profissional;
Art. 129. A remuneração do militar reformado por alie- II - com indenização aos cofres públicos, pela forma-
nação mental, enquanto não sobrevier nomeação judicial ção, habilitação, aperfeiçoamento ou especialização profis-
de curador, é paga aos seus beneficiários, desde que o te- sional, pelo tempo que restar para completar o previsto no
nham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem inciso I deste artigo.
tratamento condigno. § 1º A indenização prevista no inciso II deste artigo é
§ 1º A interdição do militar reformado por alienação calculada com base na remuneração atualizada referente
mental deve ser providenciada junto ao órgão judicial com- ao posto ou graduação ostentada durante o curso de
petente, por iniciativa dos beneficiários, parentes ou res- formação ou preparação, multiplicada pelos meses restan-
ponsáveis, até noventa dias a contar da data do ato da re- tes.
forma, sob pena de suspensão da respectiva remuneração § 2º Quando, durante o curso de formação ou prepara-
até que a sobrevinda da curatela. ção, houver elevação na escala hierárquica, o valor a que se
§ 2º A Corporação deve provocar o Ministério Público refere o §1o deste artigo é calculado com base na média
a fim de promover a interdição do militar reformado por aritmética da remuneração atualizada referente aos graus
alienação mental, quando: hierárquicos ostentados durante o curso.
I - inexistente a interdição ou não tenha sido ela pro-
movida por alguma das pessoas designadas nos incisos I e Art. 134. O militar é exonerado de ofício quando:
II do art. 1.768 do Código Civil Brasileiro; I - tomar posse em cargo público de provi-
II - existindo as pessoas mencionadas no inciso ante- mento efetivo;
II - tendo sido incluído na Corporação, não se apre-
cedente, estas forem incapazes.
sentar no prazo estabelecido.
§ 3º Os atos e processos administrativos de registro de
interdição do militar têm rito sumário.
Art. 135. O militar que responda a processo disciplinar
só pode ser exonerado, a pedido, após a conclusão do pro-
Art. 130. Para os fins desta Seção, as seguintes Praças cesso e o cumprimento da penalidade aplicada.
são consideradas:
I - Segundo Tenente, os Aspirantes a Oficial; Art. 136. O direito à exoneração pode ser suspenso na
II - Aspirantes a Oficial, os Cadetes; vigência de estado de guerra, calamidade pública, estado
de defesa e de sítio, grave perturbação da ordem pública
Seção III ou em caso de mobilização.
Da Deserção
Art. 137. O militar que houver perdido o posto e a pa-
Art. 131. O militar oficialmente declarado desertor tem tente ou a graduação é demitido ex officio.
sua situação funcional definida na conformidade do Códi-
go de Processo Penal Militar. Art. 138. O militar da reserva remunerada ou reforma-
do que houver perdido o posto ou a patente ou a gradua-
ção continua a perceber os proventos da sua inativação.

26
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 139. O militar pode ser demitido a bem da discipli- Art. 143. É computado como se estivesse em exercício
na se demonstrar incompatibilidade para o exercício da ati- das respectivas funções, o tempo que o militar estiver afas-
vidade militar ou se tiver conduta que não lhe recomende a tado por motivo de ferimento recebido em acidente em
permanência no serviço ativo da Corporação. serviço, na manutenção da ordem pública ou de moléstia
adquirida no exercício de qualquer função militar estadual.
Art. 140. A demissão da Corporação a bem da disci-
plina acarreta a perda do grau hierárquico e não isenta o Art. 144. O tempo de contribuição do militar beneficia-
demitido das indenizações dos prejuízos que causou à Fa- do por anistia é na conformidade do respectivo ato con-
zenda Pública Estadual. cessivo.

CAPÍTULO XV Art. 145. O tempo de contribuição passado pelo militar


DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO no exercício de atividades decorrentes ou dependentes de
operações de guerra é regulado em legislação específica.
Art. 141. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem-
po, contínuo ou não, computado dia a dia, entre a data Art. 146. O pedido de transferência para a reserva re-
da inclusão na Corporação e a do limite estabelecido para munerada do militar que tenha completo o tempo de con-
contagem, ou a data de exclusão do serviço ativo. tribuição, ou esteja em via de completá-lo, é comunicado,
§ 1º Computa-se, ainda, como tempo de efetivo ser- para efeito de substituição, ao Comandante-Geral da Cor-
viço: poração com antecedência de trinta dias.
I - o tempo de contribuição prestado em qualquer
organização militar, Federal ou Estadual, contado exclusi- Art. 147. Na contagem dos anos de serviço, não pode
vamente para fins de inatividade; ser computada qualquer superposição dos tempos de ser-
II - o tempo passado dia a dia nas organizações mi- viço público federal, estadual ou municipal, ou passado em
litares do Estado do Tocantins pelo militar da reserva da órgãos da administração indireta e fundações mantidas
Corporação, convocado ou mobilizado para o exercício de pelo poder público entre si, nem como os acréscimos de
funções militares estaduais. tempos para os possuidores de cursos universitários, inclu-
§ 2º Ao tempo de contribuição a que se refere este ar- sive o prestado à atividade privada, e nem com o tempo de
tigo, apurado e totalizado em dias, é aplicado o divisor de contribuição computável após a inclusão na Corporação,
trezentos e sessenta e cinco dias para a correspondente matrícula em órgão de formação militar ou nomeação para
obtenção dos anos de efetivo serviço. posto ou graduação na Corporação.

Art. 142. Anos de Serviço é a expressão que designa o CAPÍTULO XVI


tempo de contribuição a que se refere o art. 141 desta Lei, DA CONVOCAÇÃO DE MILITAR DA RESERVA RE-
não computados para fins de gratificações, adicionais ou MUNERADA
quaisquer outras vantagens pecuniárias, com os seguintes
acréscimos: Art. 148. O militar na reserva remunerada pode ser
I - tempo de contribuição público federal, estadual convocado para o serviço ativo, em caráter transitório e
ou municipal, prestado pelo militar estadual anterior à sua mediante aceitação voluntária, por ato do Chefe do Poder
inclusão na Corporação, excetuado o constante do inciso I Executivo, se conveniente ao serviço, quando:
do § 1o do art. 141 desta Lei; I - se torne necessário o aproveitamento de conheci-
II - tempo de contribuição prestado em atividades pri- mentos técnicos e especializados do militar;
vadas; II - não haja, no serviço ativo, militar habilitado a
III - tempo de contribuição autônoma. exercer a função vaga na Organização Militar.
Parágrafo único. Não se computa para nenhum efeito § 1º O militar designado tem os direitos e os deve-
o tempo: res do militar da ativa em igual situação hierárquica, salvo
I - passado em licença para tratar de interesse par- quanto à promoção.
ticular; § 2º A convocação a que se refere este artigo é realiza-
II - passado como desertor; da por ato do Comandante-Geral da Corporação, quando
III - decorrido em cumprimento de pena de suspen- se tratar de praças.
são de exercício do posto, graduação, cargo ou função § 3º A transitoriedade da convocação não impede ao
por sentença com trânsito em julgado; militar a permanência no serviço ativo, até que implemente
IV - decorrido em cumprimento de pena restritiva da o tempo necessário à sua inativação.
liberdade, por sentença com trânsito em julgado, desde § 4º O militar convocado por tempo determinado re-
que não tenha sido concedida suspensão condicional da torna, automaticamente, à situação anterior, assegurando-
pena, ou não tenha o militar sido designado para o exer- se-lhe os direitos adquiridos durante o período da convo-
cício de qualquer cargo ou função. Neste caso, o tempo é cação.
computado para todos os efeitos, se as condições estipula- § 5º A antiguidade dos militares convocados para o
das na sentença não o impeçam. serviço ativo regula-se pela norma do art. 16 desta Lei.

27
NORMAS PERTINENTES À PMTO

CAPÍTULO XVII CAPÍTULO XIX


DA JORNADA DE TRABALHO DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVIÇO

Art. 149. Os comandantes das unidades, das compa- Art. 152. As recompensas constituem o reconhecimen-
nhias incorporadas ou destacadas, dos pelotões, dos des- to do Estado pelos bons serviços prestados pelo militar.
tacamentos ou subdestacamentos são responsáveis pela § 1º São recompensas militares:
adequação do emprego dos militares de modo a cumpri- I - o prêmio de honra ao mérito;
rem as obrigações institucionais, guardado o período de II - as condecorações por serviços prestados; III - os
repouso, mínimo, equivalente ao dobro das horas traba- elogios e as referências elogiosas;
lhadas. IV - a dispensa do serviço.
§ 1º Independentemente do período de repouso mí- § 2º As recompensas são concedidas na conformidade
nimo fixado neste artigo, o militar pode ser convocado das normas estabelecidas nas leis e nos regulamentos da
semanalmente, uma vez para instrução geral e duas vezes Corporação.
para atividades de educação física, não excedendo cada
convocação a três horas contínuas. Art. 153. A dispensa do serviço é concedida ao militar
§ 2º Excepcionalmente, na iminência ou ocorrência de para afastamento total do serviço, em caráter temporário,
calamidade ou perturbação da ordem pública, operações e com remuneração integral, computada como tempo de
eventos sociais de grande concentração popular, o militar efetivo serviço:
pode ser convocado no interesse do serviço em regime di- I - em recompensa pelos bons serviços prestados, por
ferenciado de que trata o caput deste artigo. prazo não superior a trinta dias,
§ 3º A jornada de trabalho do aluno matriculado em II - mediante desconto em férias.
curso da Corporação é regulada pela unidade a que se vin-
cula. CAPÍTULO XX
DA INSPEÇÃO DE SAÚDE
CAPÍTULO XVIII
Art. 154. A inspeção de saúde, normatizada por ato do
DA MOVIMENTAÇÃO
Comandante-Geral da Corporação, tem por objetivo avaliar
a situação de higidez do militar, com vistas à promoção, à
Art. 150. Os Regulamentos de movimentação de Ofi-
realização de cursos, à seleção interna e à melhoria de sua
ciais e Praças em serviço ativo, da Polícia Militar e do Corpo
qualidade de vida, em função dos riscos existentes no am-
de Bombeiros Militar, são baixados por decreto do Chefe
biente de trabalho e de doenças laborais.
do Poder Executivo, compreendendo:
I - a jurisdição de âmbito estadual da Corporação;
CAPÍTULO XXI
II - o aprimoramento da eficiência da Corporação;
DO CONCEITO PROFISSIONAL E MORAL
III - a prioridade na formação e aperfeiçoamento dos
Quadros; Art. 155. O conceito profissional e moral, graduado de
IV - a operacionalidade da força militar em termos de zero a cento e trinta pontos, é atribuído individualmente,
emprego permanente; para efeito de promoção, pelo Comandante ao qual o ava-
V - a predominância do interesse público sobre o inte- liado esteja ou tenha sido subordinado funcionalmente nos
resse privado; últimos seis meses.
VI - a continuidade no desempenho das funções; § 1º Na atribuição do conceito, a que se refere este
VII - a movimentação como decorrência dos deveres e artigo, consideram-se os requisitos relativos à moral e ao
das obrigações da carreira militar e como direito, nos casos desempenho profissional do militar, a seguir definidos:
especificados na legislação pertinente; I - contribuição para a manutenção da hierarquia e da
VIII - a disciplina; disciplina:
IX - a vivência profissional de âmbito estadual; a) participação do militar de forma discipli-
X - o interesse do militar, quando pertinente. nada e disciplinadora;
Parágrafo único. No cumprimento do disposto no inci- b) consciência e respeito à ordenação das au-
so IX deste artigo, pode o militar, a critério do Comandan- toridades em seus diferentes níveis;
te-Geral da Corporação, ser movimentado a todo tempo. II - interesse no aprimoramento intelectual e profissio-
nal: empenho do militar no seu desenvolvimento cultural
Art. 151. O militar está sujeito, como decorrência dos e técnico;
deveres e das obrigações da atividade militar, a servir em III - consciência ética e respeito aos direitos e deveres
qualquer parte do Estado e, quando designado, em qual- inerentes à cidadania: conduta do militar que denote cons-
quer parte do país ou do exterior. ciência moral quanto ao cumprimento das leis e ordens das
autoridades constituídas, ao cumprimento dos princípios
norteadores dos direitos humanos e dos demais princípios
regentes da vida em sociedade;

28
NORMAS PERTINENTES À PMTO

IV - destemor e segurança nas atitudes: capacidade CAPÍTULO XXII


de o policial militar enfrentar com coragem, conhecimen- DAS CONTRIBUIÇÕES COMPULSÓRIAS
to, firmeza, equilíbrio e prudência as situações difíceis ou
perigosas; Art. 156. O militar estadual contribui para:
V - disponibilidade e compromisso com o resulta- I - o pecúlio militar, mediante chamada do Coman-
do: grau de comprometimento do militar, convocado ou dante-Geral; II - fundo de assistência dos Militares ativos
não, em contribuir para o atendimento das necessidades e inativos.
da instituição e para o cumprimento das metas da Corpo- § 1º Para fins do inciso I deste artigo, os militares ativos
ração; e inativos contribuem com 0,7% do subsídio do soldado,
VI - criatividade: capacidade de buscar e propor ideias cuja regulamentação se faz por ato do Comandante-Geral
para soluções de problemas no ambiente de trabalho; da Corporação.
VII - iniciativa no exercício profissional: predisposição § 2º Para fins do inciso II deste artigo, os militares ati-
do policial militar para resolver prontamente as situações, vos e inativos contribuem com 0,5% do subsídio do posto
por mais difíceis que sejam, e que não estejam inseridas ou da graduação para a formação do fundo de assistência,
nas ordens recebidas, mediante ação consciente e refle- cuja regulamentação se faz por ato do Comandante-Geral
tida; da Corporação.
VIII - apresentação e higiene pessoais: zelo do poli-
cial militar com a aparência e a higiene pessoais; CAPÍTULO XXIII
IX - esforço de aprimoramento físico: ações do DO FUNDO DE FARDAMENTO DA POLÍCIA MILI-
policial militar com vistas ao desenvolvimento e à ma- TAR
nutenção do condicionamento físico adequado ao desem-
penho de suas atividades; Art. 157. O Fundo Fardamento – FUNFARDA destina-se
X - zelo com os bens da Fazenda Pública: responsabi- a prover as despesas com fardamento do Policial Militar
lidade do policial militar pelo uso e pela conservação dos ativo.
meios e bens públicos;
XI - relacionamento em sociedade: conduta ilibada do Art. 158. São aportes financeiros do FUNFARDA:
policial militar no meio civil; I - R$ 65,80, por Policial Militar, repassados, mensal-
XII - pontualidade e assiduidade: cumprimento do ho- mente, pelo Tesouro do Estado ao Fundo, juntamente com
rário de entrada e permanência no local de trabalho, e saí- os repasses da folha de pagamento;
da dele, e a frequência; II - doações;
XIII - organização e qualidade: habilidade do policial III - resultados de aplicação dos valores do Fundo no
militar em exercer suas atividades de forma ordenada e mercado financeiro.
sistemática com resultado satisfatório visando à excelência Parágrafo único. O valor de que trata o inciso I deste
do serviço. artigo pode ser modificado por ato do Chefe do Poder
§ 2º O conceito é atribuído pelo avaliador, para cada Executivo.
quesito referido no §1o deste artigo, da seguinte forma:
I - dez pontos para Excelente; Art. 159. Cumpre ao Comandante-Geral da Polícia Mi-
II - oito pontos para Muito Bom; III - cinco pontos litar a gestão e a regulamentação do FUNFARDA.
para Bom;
IV - três pontos para Regular; CAPÍTULO XXIV
V - zero ponto para Insuficiente. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 3º Para fins de verificação do valor final atribuído
pelo avaliador, somam-se os valores conferidos para cada Art. 160. O militar, ao ser transferido para a reserva
quesito. remunerada, reformado, demitido ou exonerado, deve
§ 4º Para fins de cálculo do conceito profissional e mo- transferir formalmente os bens e valores que estiverem
ral, extrai-se a média aritmética dos valores finais atribuí- sob sua guarda ao Comandante da Unidade a que perten-
dos pelos avaliadores. cia ou a quem este indicar.
Parágrafo único. Quando o militar estiver impossibili-
tado de realizar a transferência de que trata este artigo, o
Comandante-Geral da Corporação ou a autoridade a que
ele esteja imediatamente subordinado, nomeia comissão
para o inventário dos bens, para efeito de transmissão ao
sucessor designado.

29
NORMAS PERTINENTES À PMTO

Art. 161. É vedado o uso, por parte de qualquer pessoa


ou organização civil, de designações que possam sugerir ANOTAÇÕES
vinculação à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Mi-
litar.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica ___________________________________________________
às associações, aos clubes, aos círculos e a outras institui-
___________________________________________________
ções que congreguem membros da Corporação e que se
destinem, exclusivamente, ao intercâmbio social e assis- ___________________________________________________
tencial entre militares e respectivos familiares, e entre os
militares e a sociedade civil do local. ___________________________________________________

___________________________________________________
Art. 162. O Chefe do Poder Executivo pode convocar
oficiais da reserva remunerada da própria Corporação para ___________________________________________________
presidir inquéritos policiais militares ou Conselho de Jus-
tificação ou para a realização de outros procedimentos ___________________________________________________
administrativos, quando falte oficial da ativa em situação
___________________________________________________
hierárquica compatível com a do investigado.
§ 1º O convocado na conformidade deste artigo, ale- ___________________________________________________
gando razões relevantes de natureza pessoal, pode pedir
dispensa da missão para o qual seja designado. ___________________________________________________
§ 2º A convocação, precedida de inspeção de saúde, ___________________________________________________
perdura pelo tempo necessário ao total cumprimento do
encargo. ___________________________________________________
§ 3º Finda a atividade objeto da convocação, recalcu-
lam-se os proventos do convocado, mediante adequação ___________________________________________________
à nova situação e ao tempo efetivo de serviço prestado. ___________________________________________________

Art. 163. Aplicam-se subsidiariamente na Corporação ___________________________________________________


as normas que regem o Exército
___________________________________________________
Brasileiro, no que lhe for pertinente.
___________________________________________________
Art. 164. Fica assegurada a promoção ao Posto e à
Graduação imediatamente superior a todos os militares ___________________________________________________
que preencham os requisitos estabelecidos em Lei, obser-
___________________________________________________
vadas as vagas existentes.
___________________________________________________
Art. 165. Revogam-se:
I - a Lei 125, de 31 de janeiro de 1990; ___________________________________________________
II - a Lei 1.161, de 27 de junho de 2000; ___________________________________________________
III - a Lei 1.162, de 27 de junho de 2000;
V- a Lei 1.437, de 3 de março de 2004. ___________________________________________________

Art. 166. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ___________________________________________________
cação. ___________________________________________________

Palácio Araguaia, em Palmas, aos 20 dias do mês ___________________________________________________


de abril de 2012; 191º da
___________________________________________________
Independência, 124º da República e 24º do Estado.
___________________________________________________
JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS
Governador do Estado ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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