Professional Documents
Culture Documents
PM-TO
Curso de Formação de Soldados (CFSD)
Edital Nº 001/CFSD-2018/PMTO
JN042-2018
DADOS DA OBRA
• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico e Matemático
• Atualidades e Conhecimentos Regionais
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Penal
• Noções de Direitos Humanos
• Noções de Direito Penal Militar
• Noções de Informática
• Normas Pertinentes à PMTO
Autora
Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Capa
Joel Ferreira dos Santos
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte
PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado no
site.
O código encontra-se no verso da capa da apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: FV054-17
PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Raciocínio Lógico e matemático: estruturas lógicas, lógica de argumentação, diagramas lógicos; ...................................... 01
Teoria de conjuntos; ............................................................................................................................................................................................... 30
Conjuntos numéricos: números naturais, inteiros, racionais e reais. ................................................................................................... 36
Relações, Equações de 1º e 2º graus, sistemas. .......................................................................................................................................... 41
Inequações do 1º e do 2º grau; ......................................................................................................................................................................... 41
Funções do 1º grau e do 2º grau e sua representação gráfica; ............................................................................................................ 45
Matrizes e Determinantes, ................................................................................................................................................................................... 51
Sistemas Lineares, ................................................................................................................................................................................................... 51
Análise combinatória, ............................................................................................................................................................................................ 55
Geometria espacial, ................................................................................................................................................................................................ 60
Geometria de sólidos.............................................................................................................................................................................................. 60
Mundo Contemporâneo: elementos de política internacional e brasileira. Cultura internacional. Cultura e sociedade
brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão. ....................................... 01
Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. .................................... 26
O desenvolvimento urbano brasileiro. ............................................................................................................................................................ 27
História e Geografia do Estado do Tocantins; o movimento separatista; a criação do Estado; os governos desde a cria-
ção; Governo e Administração Pública Estadual; divisão política do Estado, clima e vegetação; hidrografia; atualidades:
economia, política, desenvolvimento............................................................................................................................................................... 28
SUMÁRIO
Dos princípios fundamentais; direitos e deveres individuais e coletivos; garantias dos direitos individuais, coletivos, so-
ciais e políticos; Da nacionalidade; partidos políticos;.............................................................................................................................. 01
Da Administração Pública; ................................................................................................................................................................................... 38
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública; ..................... 52
Ordem social. ............................................................................................................................................................................................................ 55
Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança
pública em geral....................................................................................................................................................................................................... 70
Infração penal: elementos, espécies; Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Tipicidade, ilicitude, culpabilidade,
punibilidade; .............................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal. ............................................................................................................................................................................................ 07
Crimes contra a pessoa;......................................................................................................................................................................................... 08
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65), ......................................................................................................................................................... 16
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). ............................................................................................................................................................... 18
Código Penal (Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Título XI - Dos Crimes Contra a Administração
Pública.......................................................................................................................................................................................................................... 19
Histórico dos direitos humanos; aspectos gerais; a Declaração Universal dos Direitos Humanos.......................................... 01
Direito Internacional e Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica;................................................................................... 13
Portaria interministerial Nº 4.226, Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, de
31 de dezembro de 2010...................................................................................................................................................................................... 27
Noções de Informática
Lei Complementar nº 79, de 27/04/2012 – Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins,
e adota outras providências. ............................................................................................................................................................................... 01
Lei nº. 2.578, de 20/04/2012 – Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do To-
cantins, e adota outras providências................................................................................................................................................................ 06
LÍNGUA PORTUGUESA
Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA
Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp
LETRA E FONEMA
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi
- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.
1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.
1
LÍNGUA PORTUGUESA
- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.
3) Consoantes Dígrafos
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.
2
LÍNGUA PORTUGUESA
Dígrafos Consonantais
Dígrafos Vocálicos
* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).
Dífonos
Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
3
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.
4
LÍNGUA PORTUGUESA
• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.
5
LÍNGUA PORTUGUESA
Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
6
LÍNGUA PORTUGUESA
de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
7
LÍNGUA PORTUGUESA
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
8
LÍNGUA PORTUGUESA
9
LÍNGUA PORTUGUESA
2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)
10
LÍNGUA PORTUGUESA
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.
* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).
11
LÍNGUA PORTUGUESA
Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.
12
LÍNGUA PORTUGUESA
13
LÍNGUA PORTUGUESA
O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”
14
LÍNGUA PORTUGUESA
15
LÍNGUA PORTUGUESA
- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
16
LÍNGUA PORTUGUESA
17
LÍNGUA PORTUGUESA
18
LÍNGUA PORTUGUESA
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
19
LÍNGUA PORTUGUESA
20
LÍNGUA PORTUGUESA
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)
21
LÍNGUA PORTUGUESA
São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
22
LÍNGUA PORTUGUESA
- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)
23
LÍNGUA PORTUGUESA
24
LÍNGUA PORTUGUESA
25
LÍNGUA PORTUGUESA
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
26
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré
27
LÍNGUA PORTUGUESA
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo
Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.
28
LÍNGUA PORTUGUESA
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais
29
LÍNGUA PORTUGUESA
30
LÍNGUA PORTUGUESA
31
LÍNGUA PORTUGUESA
* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.
- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).
* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)
- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
32
LÍNGUA PORTUGUESA
* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
33
LÍNGUA PORTUGUESA
34
LÍNGUA PORTUGUESA
35
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.
* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:
Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
36
LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
37
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
Modo Indicativo
Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
38
LÍNGUA PORTUGUESA
Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
39
LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
40
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Infinitivo Pessoal
* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).
41
LÍNGUA PORTUGUESA
42
LÍNGUA PORTUGUESA
* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões
2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.
43
LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç
2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.
O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.
44
LÍNGUA PORTUGUESA
G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).
45
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
46
LÍNGUA PORTUGUESA
47
LÍNGUA PORTUGUESA
Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.
48
LÍNGUA PORTUGUESA
49
LÍNGUA PORTUGUESA
2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado
50
LÍNGUA PORTUGUESA
51
LÍNGUA PORTUGUESA
52
LÍNGUA PORTUGUESA
4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.
5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
53
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.
54
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:
55
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.
b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.
56
LÍNGUA PORTUGUESA
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.
57
LÍNGUA PORTUGUESA
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
58
LÍNGUA PORTUGUESA
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.
59
LÍNGUA PORTUGUESA
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.
60
LÍNGUA PORTUGUESA
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.
ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)
61
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Questões
1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.
62
LÍNGUA PORTUGUESA
63
LÍNGUA PORTUGUESA
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.
64
LÍNGUA PORTUGUESA
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.
65
LÍNGUA PORTUGUESA
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões
O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.
O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.
66
LÍNGUA PORTUGUESA
67
LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.
Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva
68
LÍNGUA PORTUGUESA
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)
d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)
69
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
70
LÍNGUA PORTUGUESA
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
71
LÍNGUA PORTUGUESA
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
72
LÍNGUA PORTUGUESA
73
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!
74
LÍNGUA PORTUGUESA
- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.
75
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
76
LÍNGUA PORTUGUESA
77
LÍNGUA PORTUGUESA
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.
78
LÍNGUA PORTUGUESA
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!
79
LÍNGUA PORTUGUESA
É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.
80
LÍNGUA PORTUGUESA
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.
81
LÍNGUA PORTUGUESA
Figuras de Som
Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.
1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.
A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia
82
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.
83
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.
84
LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia. textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E) a energia e o barulho. dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.
85
LÍNGUA PORTUGUESA
86
LÍNGUA PORTUGUESA
87
LÍNGUA PORTUGUESA
88
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/
Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.
89
LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução
1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O
90
LÍNGUA PORTUGUESA
91
LÍNGUA PORTUGUESA
92
LÍNGUA PORTUGUESA
93
LÍNGUA PORTUGUESA
Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.
94
LÍNGUA PORTUGUESA
95
LÍNGUA PORTUGUESA
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática
consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
96
LÍNGUA PORTUGUESA
O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.
97
LÍNGUA PORTUGUESA
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:
98
LÍNGUA PORTUGUESA
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.
99
LÍNGUA PORTUGUESA
100
LÍNGUA PORTUGUESA
Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.
101
LÍNGUA PORTUGUESA
Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.
102
LÍNGUA PORTUGUESA
103
LÍNGUA PORTUGUESA
- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função
104
LÍNGUA PORTUGUESA
específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.
105
LÍNGUA PORTUGUESA
- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a
106
LÍNGUA PORTUGUESA
própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)
107
LÍNGUA PORTUGUESA
108
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.
109
LÍNGUA PORTUGUESA
(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
110
RACIOCÍNIO LÓGICO
Raciocínio Lógico e matemático: estruturas lógicas, lógica de argumentação, diagramas lógicos; ...................................... 01
Teoria de conjuntos; ............................................................................................................................................................................................... 30
Conjuntos numéricos: números naturais, inteiros, racionais e reais. ................................................................................................... 36
Relações, Equações de 1º e 2º graus, sistemas. .......................................................................................................................................... 41
Inequações do 1º e do 2º grau; ......................................................................................................................................................................... 41
Funções do 1º grau e do 2º grau e sua representação gráfica; ............................................................................................................ 45
Matrizes e Determinantes, ................................................................................................................................................................................... 51
Sistemas Lineares, ................................................................................................................................................................................................... 51
Análise combinatória, ............................................................................................................................................................................................ 55
Geometria espacial, ................................................................................................................................................................................................ 60
Geometria de sólidos.............................................................................................................................................................................................. 60
RACIOCÍNIO LÓGICO
Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes,
induzindo a organização do pensamento e das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação de regras matemáti-
cas, construção de fórmulas e expressões aritméticas e algébricas. É de extrema importância que em matemática utilize-se
atividades envolvendo lógica, no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do potencial na busca por
soluções dos problemas matemáticos desenvolvidos e baseados nos conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como a probabilidade, os problemas de contagem, as pro-
gressões aritméticas e geométricas, as sequências numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre outros. Os fun-
damentos lógicos contribuem na resolução ordenada de equações, na percepção do valor da razão de uma sequência, na
elucidação de problemas aritméticos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
A utilização das atividades lógicas contribui na formação de indivíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos
responsáveis pela obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente conectado à curiosi-
dade, pesquisa, deduções, experimentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional e todas essas características estão
ligadas ao desenvolvimento lógico.
A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico
é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premissa(s). A de-
dução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a compreensão
das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras, símbolos ou núme-
ros, a partir da observação dos termos dados.
Humor Lógico
Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em
questões sobre a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas
faces, montagem de figuras com subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras
nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos
visuais.
1
RACIOCÍNIO LÓGICO
2
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sequência de Pessoas
Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Como os dois retângulos indicados na figura são
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma semelhantes temos: (1).
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados
de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1.
Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado Como: b = y – a (2).
2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo
5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos Resolvendo a equação:
quadrados que adicionamos para determinar os retângulos
formam a sequência de Fibonacci. em que não convém.
Logo:
3
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 1
Exemplo 2
4
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
A carta que está oculta é:
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos
(A) (B) (C) de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
indicado abaixo:
.............
1° 2° 3°
(C) (D)
5
RACIOCÍNIO LÓGICO
(C) (D)
(E)
(D)
(E)
09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual 13. Observe que na sucessão seguinte os números
é o próximo número? foram colocados obedecendo a uma lei de formação.
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200
6
RACIOCÍNIO LÓGICO
14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas Na figura n: n pontos de cada lado 2.n pontos no
em forma de triângulo, segundo determinado critério. total.
Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado 30 pontos no
total.
7
RACIOCÍNIO LÓGICO
“D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não determinando multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-
um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação
estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2
portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y
que a planificação apresentada na letra “A” é a única para = 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40.
representar um lado.
14. Resposta “A”.
07. Resposta “B”. A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para direita do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . esquerda; continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas
16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos. pares na ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª
08. Resposta “B”. linha, então, as letras são, da direita para a esquerda, “M”,
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. “N”, “O”, e a letra que substitui corretamente o ponto de
Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A interrogação é a letra “P”.
figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição das
figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, 15. Resposta “B”.
a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é representada A sequência de números apresentada representa a
pela letra “B”. lista dos números naturais. Mas essa lista contém todos
os algarismos dos números, sem ocorrer a separação.
09. Resposta “D”. Por exemplo: 101112 representam os números 10, 11
A regularidade que obedece a sequência acima não se e 12. Com isso, do número 1 até o número 9 existem 9
dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2 x
número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124
Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o
“D”: Duzentos. número 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos
os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos.
10. Resposta “C”. Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a 276ª posição
Esta sequência é regida pela inicial de cada número. é o número 8, que aparece no número 128.
Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta
e um, pois ele inicia com a letra “T”. Estruturas lógicas
8
RACIOCÍNIO LÓGICO
~ não
∧ e
V Ou
→ se…então
↔ se e somente se
P q pΛq
V V V
V F F
F V F
F F F
9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo p = 7 + 5 < 4
p = 2 é par q = 2 é um número primo
q = o céu é rosa p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa
P q pΛq P q p→q
V F F F V V
p = 25 é múltiplo de 2
9. O conectivo ou e a disjunção q = 12 < 3
O conectivo ou e a disjunção de duas proposi- p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
ções p e q é outra proposição que tem como valor lógi-
co V se alguma das proposições for verdadeira e F se as
duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q) representa a P q p→q
disjunção, com a seguinte tabela-verdade: F F V
Exemplo: P q p↔q
p = 2 é par V V V
q = o céu é rosa V F F
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa
F V F
P q pVq
F F V
V F V
Exemplo
10. O conectivo se… então… e a condicional p = 24 é múltiplo de 3
A condicional se p então q é outra proposição que tem q = 6 é ímpar
como valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbo- = 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ím-
lo p → q representa a condicional, com a seguinte tabela- par.
verdade:
P q p→q P q p↔q
V V V V F F
V F F
F V V
12. Tabela-Verdade de uma proposição composta
F F V
Exemplo
Exemplo: Veja como se procede a construção de uma tabela-ver-
P: 7 + 2 = 9 dade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) →
Q: 9 – 7 = 2 (p ⋀ q), onde p e q são duas proposições simples.
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2
P q p→q Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q)
V V V
possui 24 = 4 linhas, logo:
10
RACIOCÍNIO LÓGICO
d) Valores lógicos de p Λ q
11
RACIOCÍNIO LÓGICO
12
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será:
1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente
2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cine-
ma
3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte
13
RACIOCÍNIO LÓGICO
É possível que surja alguma dúvida em relação a úl- A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v
tima linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do ~(P ^ ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria
que foi aprendido: da seguinte forma:
p↔q = (pq) e (qp)
(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equi- PV
vale a duas condicionais!) P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q)
~(P/\~Q)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que
negar a sua conjunção equivalente. V V F F V V
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as V F V V F V
duas partes e troca-se o E por OU. Fica para casa a de-
F V F F V V
monstração da negação da bicondicional. Ok?
F F V F V V
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevan- 2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012)
tes são as seguintes: A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho
da classe ou Jorge é o mais novo da classe” é
1) p e (p ou q) = p A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é mé- mais velho da classe.
dico = Paulo é dentista B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
novo da classe.
2) p ou (p e q) = p C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é mé- mais novo da classe.
dico = Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências po- mais velho da classe.
dem ser facilmente demonstradas. E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela novo da classe.
seguinte:
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais
novo da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS ou Jorge não é o mais novo da classe.
14
RACIOCÍNIO LÓGICO
4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo 8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
outro motivo para estar preso, então, a decisão judicial terá antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfei-
sido descumprida. çoar seu conhecimento da língua portuguesa. Durante sua
A) Certo estadia em nosso país, ele fica muito intrigado com a frase
B) Errado “não vou fazer coisa nenhuma”, bastante utilizada em nos-
A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente sol- sa linguagem coloquial. A dúvida dele surge porque
to, se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu A) a conjunção presente na frase evidencia seu signi-
continuar preso sem outro motivo para estar preso, será ficado.
descumprida a decisão judicial. B) o significado da frase não leva em conta a dupla
negação.
C) a implicação presente na frase altera seu significado.
5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
outro motivo para permanecer preso, então, a decisão ju- E) a negação presente na frase evidencia seu signifi-
dicial terá sido descumprida. cado.
A) Certo ~(~p) é equivalente a p
B) Errado Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar.
RESPOSTA: “B”.
P = se houver outro motivo
Q = será solto 9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário -
A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, en-
A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V tão Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição:
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse A) Paulo não estuda e Marta não é atleta.
V+F=F B) Paulo estuda e Marta não é atleta.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
motivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B”
imediatamente solto, então, ele está preso por outro moti- (AB) será da forma:
vo” são logicamente equivalentes.
~(A B) A^ ~B
Ou seja, para negarmos uma proposição composta re-
A) Certo
presentada por uma condicional, devemos confirmar sua
B) Errado
primeira parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo
conectivo conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
(“~ B”). Assim, teremos:
Deve ser imediatamente solto = S
RESPOSTA: “B”.
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser
imediatamente solto=P S
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
preso por outro motivo = ~SP TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia
a questão está correta. cantar.
B) Viviane não dançar é condição necessária para Már-
cia não cantar.
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
estará corretamente representada por “O réu não deve ser cantar.
imediatamente solto, mesmo não estando preso por outro D) Viviane não dançar é condição suficiente para Már-
motivo”. cia cantar.
A) Certo E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
B) Errado não cantar.
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na
motivo não estiver preso” está no texto, assim: forma de condição suficiente e condição necessária:
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição sufi-
ser imediatamente solto” ciente para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa
possibilidade.
15
RACIOCÍNIO LÓGICO
16
RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
ARGUMENTO
Argumento é uma relação que associa um conjunto de
proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipó-
teses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação
é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem
como consequência a proposição C (conclusão).
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) O argumento pode ser representado da seguinte forma:
e conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como
falsa (F), então o valor lógico da outra parte deverá ser, ne-
cessariamente, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjun-
ção simples será considerada verdadeira (V), quando, pelo
menos, uma de suas partes for verdadeira (V).
17
RACIOCÍNIO LÓGICO
EXEMPLOS: EXEMPLO:
1. Todos os cariocas são alegres. O Flamengo é um bom time de futebol.
Todas as pessoas alegres vão à praia O Palmeiras é um bom time de futebol.
Todos os cariocas vão à praia. O Vasco é um bom time de futebol.
2. Todos os cientistas são loucos. O Cruzeiro é um bom time de futebol.
Einstein é cientista. Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Einstein é louco! Note que não podemos afirmar que todos os times
brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons.
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico
de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirma-
são os argumentos que têm somente duas premissas e mais ções são verdadeiras:
a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum, “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
em sua estrutura. “Existem crianças que são inteligentes.”
Assim sendo, certamente é verdade que:
ANALOGIAS (A) Alguma criança inteligente não gosta de passear
no Metrô de São Paulo.
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o (B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de
raciocínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação São Paulo é inteligente.
de uma situação conhecida com uma desconhecida. Uma (C) Alguma criança não inteligente não gosta de pas-
analogia depende de três situações: sear no Metrô de São Paulo.
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e im- (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de
portantes; São Paulo é inteligente.
• a quantidade de elementos parecidos entre as (E) Toda criança inteligente não gosta de passear no
situações deve ser significativo; Metrô de São Paulo.
• não pode existir conflitos marcantes.
SOLUÇÃO:
INFERÊNCIAS
Representando as proposições na forma de conjuntos
(diagramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos)
A indução está relacionada a diversos casos pequenos
teremos:
que chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido pode-
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
mos definir também a indução fraca e a indução forte. Essa
“Existem crianças que são inteligentes.”
indução forte ocorre quando não existe grandes chances
de que um caso discorde da premissa geral. Já a fraca re-
fere-se a falta de sustentabilidade de um conceito ou con-
clusão.
DEDUÇÕES
18
RACIOCÍNIO LÓGICO
A validade é uma propriedade dos argumentos que Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana
depende apenas da forma (estrutura lógica) das suas pro- cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e)
posições (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo. Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita.
SOLUÇÃO:
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver
artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução,
teremos:
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. =
Toda mulher infeliz vive pouco.
O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não
cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita
ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos).
Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar, com
certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é inválido.
EXERCICIOS:
19
RACIOCÍNIO LÓGICO
20
RACIOCÍNIO LÓGICO
5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não
disputará a eleição presidencial da República” é um argumento válido.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das premissas, considerando que as premissas são verda-
deiras então tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará a presidência.
Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argu-
mentação: “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu
não ajo como um homem da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir
minhas responsabilidades, então não tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem da minha
idade, sou tratado como criança. Se não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.
6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilida-
des, então não tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então
não estou há 7 anos na faculdade e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e
“Dependo de mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos,
moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
21
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto
que trata-se da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.
8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou
não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade
Diagramas Lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser
usados, é na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.
Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Basean-
do-se nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente
carro ou ainda quantas dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os
motoristas de motos e motoristas de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois comple-
taremos os outros espaços.
Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B.
A partir dos valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas.
22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Jornais Leitores Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pes-
soas leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas
A 300 não leem o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150.
B 250 Notamos ainda que 700 pessoas foram entrevistadas, que
é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150.
C 200
AeB 70
AeC 65 Diagrama de Euler
BeC 105
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de
A, B e C 40 Venn, mas não precisa conter todas as zonas (onde uma
Nenhum 150 zona é definida como a área de intersecção entre dois ou
mais contornos). Assim, um diagrama de Euler pode definir
Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicial- um universo de discurso, isto é, ele pode definir um sistema
mente montar os diagramas que representam cada con- no qual certas intersecções não são possíveis ou conside-
junto. A colocação dos valores começará pela intersecção radas. Assim, um diagrama de Venn contendo os atributos
dos três conjuntos e depois para as intersecções duas a para Animal, Mineral e quatro patas teria que conter inter-
duas e por último às regiões que representam cada con- secções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de
junto individualmente. Representaremos esses conjuntos quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente,
dentro de um retângulo que indicará o conjunto universo mostra todas as possíveis combinações ou conjunções.
da pesquisa.
23
RACIOCÍNIO LÓGICO
que representa todos os elementos que não são membros das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o
do conjunto. Curvas cujos interiores não se cruzam repre- exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as
sentam conjuntos disjuntos. Duas curvas cujos interiores curvas se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se,
se interceptam representam conjuntos que têm elemen- além disso, cada uma dessas regiões é conexa e há apenas
tos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa um número finito de pontos de interseção entre as curvas,
o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos então C é um diagrama de Venn para n conjuntos.
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido Nos casos mais simples, os diagramas são representa-
completamente dentro da zona interior de outro represen- dos por círculos que se encobrem parcialmente. As partes
ta um subconjunto do mesmo. referidas em um enunciado específico são marcadas com
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva uma cor diferente. Eventualmente, os círculos são repre-
de diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve con- sentados como completamente inseridos dentro de um
ter todas as possíveis zonas de sobreposição entre as suas retângulo, que representa o conjunto universo daquele
curvas, representando todas as combinações de inclusão / particular contexto ( já se buscou a existência de um con-
exclusão de seus conjuntos constituintes, mas em um dia- junto universo que pudesse abranger todos os conjuntos
grama de Euler algumas zonas podem estar faltando. Essa possíveis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era
falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus diagramas. impossível). A ideia de conjunto universo é normalmente
Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem atribuída a Lewis Carroll. Do mesmo modo, espaços inter-
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações nos comuns a dois ou mais conjuntos representam a sua
entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. intersecção, ao passo que a totalidade dos espaços perten-
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) centes a um ou outro conjunto indistintamente representa
são largamente utilizados para ensinar a teoria dos con- sua união.
juntos no campo da matemática ou lógica matemática no John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
campo da lógica. Eles também podem ser utilizados para ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores
representar relacionamentos complexos com mais clareza, de Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram incor-
já que representa apenas as relações válidas. Em estudos porados ao currículo escolar de matemática. Embora seja
mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para simples construir diagramas de Venn para dois ou três con-
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos juntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los para
para que se possa deduzir uma conclusão.
um número maior. Algumas construções possíveis são de-
vidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos como
Diagramas de Venn
Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
Além disso, encontram-se em uso outros diagramas simila-
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usa-
res aos de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce
dos em matemática para simbolizar graficamente proprie-
e Karnaugh.
dades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua
teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fe-
chadas simples desenhadas sobre um plano, de forma a Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: su-
simbolizar os conjuntos e permitir a representação das re- ponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes
lações de pertença entre conjuntos e seus elementos (por e o conjunto B representa os animais capazes de voar. A
exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações área onde os dois círculos se sobrepõem, designada por
de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, intersecção A e B ou intersecção A-B, conteria todas as
{1, 3} ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se to- criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm apenas
cam e estão uma no espaço interno da outra simbolizam duas pernas motoras.
conjuntos que possuem continência; ao passo que o ponto
interno a uma curva representa um elemento pertencente
ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções
de curvas fechadas contidas em um plano. O interior des-
sas curvas representa, simbolicamente, a coleção de ele-
mentos do conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis,
o “princípio desses diagramas é que classes (ou conjun- Considere-se agora que cada espécie viva está repre-
tos) sejam representadas por regiões, com tal relação entre sentada por um ponto situado em alguma parte do dia-
si que todas as relações lógicas possíveis entre as classes grama. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro
possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o dia- do círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o
grama deixa espaço para qualquer relação possível entre círculo B, já que ambos são bípedes mas não podem voar.
as classes, e a relação dada ou existente pode então ser Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam re-
definida indicando se alguma região em específico é vazia presentados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os
ou não-vazia”. Pode-se escrever uma definição mais formal canários, por sua vez, seriam representados na intersecção
do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) uma coleção de A-B, já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal
curvas fechadas simples desenhadas em um plano. C é uma que não fosse bípede nem pudesse voar, como baleias ou
família independente se a região formada por cada uma serpentes, seria marcado por pontos fora dos dois círculos.
24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas
áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de 16 formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar
de cada círculo que pertence a ambos os círculos (onde há sobre os animais que voam ou tem duas patas (pelo menos
sobreposição), e as duas áreas que não se sobrepõem, mas uma das características); tal conjunto seria representado
estão em um círculo ou no outro): pela união de A e B. Já os animais que voam e não possuem
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A duas patas mais os que não voam e possuem duas patas,
sem sobreposição). seriam representados pela diferença simétrica entre A e B.
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir, que
sem sobreposição). incluem também outros dois casos.
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobre-
posição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam
(branco - fora).
Complementar de A em U: AC = U \ A
25
RACIOCÍNIO LÓGICO
(B C) \ A 1 2
B
Proposições Categóricas
A = B
A
- Todo A é B
- Nenhum A é B
- Algum A é B e
- Algum A não é B Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o con- Algum A não é B. É falsa.
junto A é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está
contido em B. Atenção: dizer que Todo A é B não significa o 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então
mesmo que Todo B é A. Enunciados da forma Nenhum A é temos somente a representação:
B afirmam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é, não
tem elementos em comum. Atenção: dizer que Nenhum A
é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A. A B
Por convenção universal em Lógica, proposições da
forma Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, pressupomos que Todo A é B. É falsa.
nem todo A é B. Entretanto, no sentido lógico de algum, Algum A é B. É falsa.
está perfeitamente correto afirmar que “alguns de meus Algum A não é B. É verdadeira.
26
RACIOCÍNIO LÓGICO
3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as 03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam
quatro representações possíveis: instrumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e
60 tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos músi-
cos desta Filarmônica tocam:
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?
27
RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após
fazermos o diagrama, este número vai no meio.
Exatamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o
Passo 2:
jornal B. Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os
um dos jornais, encontre o percentual que leem ambos os
que só tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
jornais.
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
(A) 40%
(B) 45%
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos
(C) 50%
acima:
(D) 60%
(E) 65%
100 60 180
Respostas
28
RACIOCÍNIO LÓGICO
n = 20 + 7 + 8 + 9
n = 44
A B
80 20 130 + 110
29
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conjuntos Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou |
É uma reunião, agrupamento de pessoas, seres ou ob- ou ainda :, podemos indicar o mesmo conjunto por:
jetos. Dá a ideia de coleção. {x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
{x : x tem a propriedade P}
Conjuntos Primitivos
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são Exemplos
primitivos, ou seja, não são definidos. - { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma - {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo
porção de livros são todos exemplos de conjuntos. que {0, 1, 2, 3}
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm - {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que
elementos. Um elemento de um conjunto pode ser uma {0, 1}
banana, um peixe ou um livro. Convém frisar que um conjunto
pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto. Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um Euler consiste em representar o conjunto através de um
feixe de retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é “círculo” de tal forma que seus elementos e somente eles
também conjunto (de pontos). estejam no “círculo”.
30
RACIOCÍNIO LÓGICO
Igualdade
Exemplos a) = {2, 4, 6}
P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A}
- {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
- {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4} b) = {3,5}
- {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6} P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B}
31
RACIOCÍNIO LÓGICO
União de conjuntos
A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A ou a
B. Representa-se por A ∪ B.
Simbolicamente: A 4 ∉BN = {X | X ∈ A ou X ∈ B}
Observações:
a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo
um deles estiver contido no outro, ainda assim a relação
dada será verdadeira.
b) Podemos ampliar a relação do número de elementos
Exemplos para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.
- {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6}
- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5} Observe o diagrama e comprove.
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4}
- {a,b} ∪ φ {a,b}
Intersecção de conjuntos
Subtração
Exemplos A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A e não
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3} pertencem a B. Representa-se por A – B. Simbolicamente:
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3} A – B = {X | X ∈ A e X ∉ B}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
32
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos Sejam:
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2} A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14} De acordo com o enunciado temos:
n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57
Questões
33
RACIOCÍNIO LÓGICO
34
RACIOCÍNIO LÓGICO
Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46
5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguin-
te conjunto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.
7 - Resposta “A”.
3 - RESPOSTA: “B”.
Técnicos arquivam e classificam: 15 70 – 50 = 20.
Arquivam e atendem: 46-15=31 20% utilizam as duas empresas.
classificam e atendem: 4
Classificam: 15+4=19 como são 27 faltam 8 8 - RESPOSTA: “E”.
Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capa-
zes de classificar processos, logo apenas 11-4 = 7 técnicos
são aptos a atender ao público.
Somando todos os valores obtidos no diagrama tere-
mos: 31+15+7+4+8 = 65 técnicos.
92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42-
x+x+60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200
4 - RESPOSTA: “D”. 92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+60-
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam x+26=200
medalhas. 92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200
No caso das intersecções, devemos multiplicar por x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x
2 por ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas = 18
multiplica-se por 3.
35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Expressões Numéricas
CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra-
NATURAIS, INTEIROS, RACIONAIS E REAIS. ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:
Números Naturais Se em uma expressão numérica aparecer as quatro ope-
rações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão pri-
Os números naturais são o modelo matemático neces- meiramente, na ordem em que elas aparecerem e somente
sário para efetuar uma contagem. depois a adição e a subtração, também na ordem em que
Começando por zero e acrescentando sempre uma uni- aparecerem e os parênteses são resolvidos primeiro.
dade, obtemos os elementos dos números naturais:
Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
A construção dos Números Naturais 22 – 6 + 7
- Todo número natural dado tem um sucessor (número 16 + 7
que vem depois do número dado), considerando também 23
o zero.
Exemplos: Seja m um número natural. Exemplo 2
a) O sucessor de m é m+1.
b) O sucessor de 0 é 1. 40 – 9 x 4 + 23
c) O sucessor de 1 é 2. 40 – 36 + 23
d) O sucessor de 19 é 20. 4 + 23
27
- Se um número natural é sucessor de outro, então os
dois números juntos são chamados números consecutivos. Exemplo 3
Exemplos: 25-(50-30)+4x5
a) 1 e 2 são números consecutivos. 25-20+20=25
b) 5 e 6 são números consecutivos.
c) 50 e 51 são números consecutivos. Números Inteiros
- Vários números formam uma coleção de números na- Podemos dizer que este conjunto é composto pelos
turais consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, números naturais, o conjunto dos opostos dos números
o terceiro é sucessor do segundo, o quarto é sucessor do naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:
terceiro e assim sucessivamente.
36
RACIOCÍNIO LÓGICO
2)
3)
Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que pode
ser expresso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer,
com b≠0
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;
Assim, os números são dois para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
exemplos de números racionais. alguns exemplos:
Exemplo 1
Representação Decimal das Frações
Seja a dízima 0, 333... .
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em
decimais Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os mem-
bros por 10: 10x = 3,333
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o nú- Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade
mero decimal terá um número finito de algarismos após a da segunda:
vírgula. 10x – x = 3,333... – 0,333... → 9x = 3 → x = 3/9
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Exemplo 2
37
RACIOCÍNIO LÓGICO
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}
Fonte: www.estudokids.com.br
Representação na reta
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}
Intervalo:]a,+ ∞[
Intervalo:]a,b[ Conjunto:{x∈R|x>a}
Conjunto:{x∈R|a<x<b}
38
RACIOCÍNIO LÓGICO
Potenciação Propriedades
Os números envolvidos em uma multiplicação são cha- 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências
mados de fatores e o resultado da multiplicação é o pro- de mesma base, repete-se a base e adiciona-se (soma) os
duto, quando os fatores são todos iguais existe uma forma expoentes.
diferente de fazer a representação dessa multiplicação que
é a potenciação. Exemplos:
2 . 2 . 2 . 2 = 16 → multiplicação de fatores iguais. 54 . 53 = 54+3= 57
(5.5.5.5) .( 5.5.5)= 5.5.5.5.5.5.5 = 57
Casos Exemplos:
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. 96 : 92 = 96-2 = 94
2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio 3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-
número. plica-se os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56
Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas- números primos. Veja:
sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
base.
64=2.2.2.2.2.2=26
39
RACIOCÍNIO LÓGICO
1 1
3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5
1
Observe:
Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:
n
a.b = n a .n b
O radical de índice inteiro e positivo de um produto Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.
a na
n =
b nb Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Operações
Operações
Multiplicação
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.
Exemplo
40
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução
RELAÇÕES, EQUAÇÕES DE 1º E 2º GRAUS, A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
SISTEMAS. na linguagem matemática o que está no texto.
INEQUAÇÕES DO 1º E DO 2º GRAU; “Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
idade que Pedro tem hoje.”
Equação 1º grau
Equação é toda sentença matemática aberta represen-
tada por uma igualdade, em que exista uma ou mais letras
que representam números desconhecidos.
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação re- A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da
dutível à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, soma das idades de seus dois filhos,
chamados coeficientes, com a≠0. Pe=2(Pi+Pa)
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numéri- Pe=2Pi+2Pa
co de x que, substituindo no 1º membro da equação, tor-
na-se igual ao 2º membro. Lembrando que:
Pi=Pa+3
Nada mais é que pensarmos em uma balança.
Substituindo em Pe
Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6
Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a
Pe=40+6=46
equação também.
Soma das idades: 10+13+46=69
No exemplo temos:
3x+300
Resposta: B.
Outro lado: x+1000+500
E o equilíbrio?
Equação 2º grau
3x+300=x+1500
A equação do segundo grau é representada pela fór-
Quando passamos de um lado para o outro invertemos
mula geral:
o sinal
3x-x=1500-300
2x=1200
Onde a, b e c são números reais,
X=600
Discussão das Raízes
Exemplo
1.
(PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro
tem hoje.
Se for negativo, não há solução no conjunto dos
A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
números reais.
(A) 72;
(B) 69;
Se for positivo, a equação tem duas soluções:
(C) 66;
(D) 63;
(E) 60.
41
RACIOCÍNIO LÓGICO
x²-Sx+P=0
Exemplo
, portanto não há solução real.
Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.
2. Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0
Exemplo
Resolução
A+J=44
A²+J²=1000
Se não há solução, pois não existe raiz quadrada A=44-J
real de um número negativo.
(44-J)²+J²=1000
Se , há duas soluções iguais: 1936-88J+J²+J²=1000
2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
Se , há soluções reais diferentes: J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64
42
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo 1
4x + 12 > 2x – 2
4x – 2x > – 2 – 12
2x > – 14
x > –14/2
x>–7
Sistema de Inequação do 1º Grau
Inequação-Produto
Um sistema de inequação do 1º grau é formado por
Quando se trata de inequações-produto, teremos uma duas ou mais inequações, cada uma delas tem apenas uma
desigualdade que envolve o produto de duas ou mais fun- variável sendo que essa deve ser a mesma em todas as
ções. Portanto, surge a necessidade de realizar o estudo outras inequações envolvidas.
da desigualdade em cada função e obter a resposta final
realizando a intersecção do conjunto resposta das funções. Veja alguns exemplos de sistema de inequação do 1º
grau:
Exemplo
a)(-x+2)(2x-3)<0
4x + 4 ≤ 0
4x ≤ - 4
x ≤ - 4 : 4
x ≤ - 1
Inequação-Quociente
Na inequação-quociente, tem-se uma desigualdade
de funções fracionárias, ou ainda, de duas funções na qual
uma está dividindo a outra. Diante disso, deveremos nos
atentar ao domínio da função que se encontra no denomi-
nador, pois não existe divisão por zero. Com isso, a função S1 = {x R | x ≤ - 1}
que estiver no denominador da inequação deverá ser dife-
rente de zero. Fazendo o cálculo da segunda inequação temos:
O método de resolução se assemelha muito à resolu- x + 1 ≤ 0
ção de uma inequação-produto, de modo que devemos x ≤ - 1
analisar o sinal das funções e realizar a intersecção do sinal
dessas funções.
Exemplo
S2 = { x R | x ≤ - 1}
43
RACIOCÍNIO LÓGICO
Método da substituição
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equa-
ção, veja como:
Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.
Inequação 2º grau
Chama-se inequação do 2º grau, toda inequação que
pode ser escrita numa das seguintes formas: Escolhemos a equação 1 e isolamos o x:
ax²+bx+c>0 x + y = 20
ax²+bx+c≥0 x = 20 – y
ax²+bx+c<0
ax²+bx+c<0 Agora na equação 2 substituímos o valor de x = 20 – y.
ax²+bx+c≤0
ax²+bx+c≠0 3x + 4 y = 72
3 (20 – y) + 4y = 72
60-3y + 4y = 72
Exemplo -3y + 4y = 72 – 60
Vamos resolver a inequação 3x² + 10x + 7 < 0. y = 12
Descobrimos o valor de y, para descobrir o valor de x
Resolvendo Inequações basta substituir 12 na equação
Resolver uma inequação significa determinar os valores x = 20 – y.
reais de x que satisfazem a inequação dada. x = 20 – y
Assim, no exemplo, devemos obter os valores reais de x x = 20 – 12
que tornem a expressão 3x² + 10x +7 negativa. x = 8
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)
Método da adição
Esse método consiste em adicionar as duas equações
de tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Para que isso aconteça será preciso que multipliquemos
algumas vezes as duas equações ou apenas uma equação
por números inteiros para que a soma de uma das incóg-
nitas seja zero.
Dado o sistema:
44
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resposta: B.
Sabemos que se somarmos a produção dará 30 dias, e se Muitas vezes nos deparamos com situações que en-
multiplicarmos as peças pelos dias dará 333 peças produzidas. volvem uma relação entre grandezas. Assim, o valor a ser
pago na conta de luz depende do consumo medido no pe-
ríodo; o tempo de uma viagem de automóvel depende da
velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas,
o domínio e a imagem são conjuntos numéricos, e pode-
mos definir com mais rigor o que é uma função matemáti-
ca utilizando a linguagem da teoria dos conjuntos.
45
RACIOCÍNIO LÓGICO
Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f Sobrejetora: Quando todos os elementos do contra-
uma relação de A em B. domínio forem imagens de pelo menos um elemento do
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada domínio.
elemento x do conjunto A está associado um e apenas um
elemento y do conjunto B.
Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}
criamos a função f: A→B.definida por f(x) = x + 5 que tam-
bém pode ser representada por y = x + 5. A representação,
utilizando conjuntos, desta função, é:
Função 1 grau
46
RACIOCÍNIO LÓGICO
F(3)=3a+b
5=3a+b
Isolando a em I
a=3-b
Substituindo em II
Assim, f(x)=x+2
Discriminante(∆)
Podemos estabelecer uma formação geral para o cálcu- ∆=b²-4ac
lo da raiz de uma função do 1º grau, basta criar uma gene-
ralização com base na própria lei de formação da função, ∆>0
considerando y = 0 e isolando o valor de x (raiz da função). A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois
X=-b/a pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da
equação ax²+bx+c=0
Dependendo do caso, teremos que fazer um sistema
com duas equações para acharmos o valor de a e b. ∆=0
47
RACIOCÍNIO LÓGICO
∆<0
Raízes
Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoen-
te de uma ou mais potências de bases positivas e diferen-
tes de 1.
Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.
. Veja os gráficos:
Função exponencial
48
RACIOCÍNIO LÓGICO
Equação Modular
Toda equação em que a variável aparece em módulo.
Sua solução é obtida aplicando-se a definição de módulo.
Exemplo
Função decrescente
Se temos uma função exponencial de-
crescente em todo o domínio da função. Solução
Neste outro gráfico podemos observar que à medida
que x aumenta, y diminui. Graficamente observamos que
a curva da função é decrescente.
2x-4=x+2
X=6
2x-4=-x-2
3x=2
X=2/3
S={2/3, 6}
Inequação Modular
Para resolver uma inequação modular, empregamos
inicialmente a propriedade seguinte, obtendo as inequa-
ções equivalentes de resoluções conhecidas.
A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)
O número e é um número irracional e positivo e em
função da definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1 Exemplo
Este número é denotado por e em homenagem ao ma- Resolva as inequações:
temático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primei- a)
ros a estudar as propriedades desse número. b)
O valor deste número expresso com 10 dígitos deci-
mais, é:
e = 2,7182818284 Solução
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) a) x≤-2 ou x≥2
pode ser escrita como a potência de base e com expoente S={x∈R| x≤-2 ou x≥2}
x, isto é:
ex = exp(x) b) -3<2x+5<3
-3-5<2x<3-5
Propriedades dos expoentes -8<2x<-2
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um -4<x<-1
número racional, então: S={x∈R|-4<x<-1}
49
RACIOCÍNIO LÓGICO
Consequências da Definição
-
Exemplo
Faça o gráfico da função f(x)=|x²-5x+4|
Solução
Primeiramente, fazemos o gráfico da função sem o mó-
dulo:f(x)=x²-5x+4
Propriedades
Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule:
a)log 6
b) log1,5
c) log 16
Solução
50
RACIOCÍNIO LÓGICO
Portanto,
Tipos de Matriz
Matriz linha
Matriz coluna
MATRIZES E DETERMINANTES, Chama-se matriz coluna a toda matriz que possui uma
SISTEMAS LINEARES, única coluna.
Assim, é uma matriz coluna do tipo 2 x 1.
Diagonais
Representação da matriz Diagonal principal é a sequência tais que i=j, ou seja,
Forma explicita (ou forma de tabela) (a11, a22, a33,..)
A matriz A é representada indicando-se cada um de
seus elementos por uma letra minúscula acompanhada Diagonal secundária é a sequência dos elementos tais
de dois índices: o primeiro indica a linha a que pertence que i+j=n+1, ou seja, (a1n, a2 n-1,...)
o elemento: o segundo indica a coluna a que pertence o
elemento, isto é, o elemento da linha i e da coluna j é in-
dicado por ij.
Forma abreviada
A matriz A é dada por (aij)m x n e por uma lei que fornece
aij em função de i e j.
51
RACIOCÍNIO LÓGICO
Subtração de matrizes
Matriz nula
Multiplicação de matrizes
Dada as matrizes:
, portanto
52
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
Determine a matriz inversa de A.
detA= a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a32 a21 a13 - a31 a22 a13 -a12
a21 a33 - a32 a23 a11
Solução
Sistema de equações lineares
Seja Um sistema de equações lineares mxn é um conjunto
de m equações lineares, cada uma delas com n incógnitas.
Logo,
Determinante
Dada uma matriz quadrada, chama-se determinante o
número real a ela associado. Em que:
Cálculo do determinante
Determinante de ordem 1
Sistema Linear 2 x 2
53
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sistema 3x3
Matriz incompleta A primeira equação tem três coeficientes não-nulos, a
segunda tem dois e a terceira, apenas um.
Sistema 2x3
Classificação
54
RACIOCÍNIO LÓGICO
Análise Combinatória
55
RACIOCÍNIO LÓGICO
Generalizações: Um acontecimento é formado por k Note que esta definição implica em particular que 0!
estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk = 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois
ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1)
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não funcione para n = 0.
Os fatoriais são importantes em análise combinatória.
importa a ordem.
Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar
n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por
chamados permutações) E o número de opções que podem
10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”. ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial.
ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se
diferenciam pela natureza de um dos elemento.
ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
ordem dos elementos. Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem
Quando os elementos de um determinado conjunto ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um
A forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual
algarismos pretendemos obter números, neste caso, os a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os
agrupamentos de 13 e 31 são considerados distintos, pois agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem
indicam números diferentes. entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos.
Quando os elementos de um determinado conjunto A Cálculos do número de arranjos simples:
forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos
pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos Na formação de todos os arranjos simples dos n
são iguais, pois indicam a mesma reta. elementos de A, tomados k a k:
56
RACIOCÍNIO LÓGICO
Portanto: Pn = n!
Combinações Simples: são agrupamentos formados
com os elementos de um conjunto que se diferenciam Também pode ser escrito assim:
somente pela natureza de seus elementos. Considere A
como um conjunto com n elementos k um natural menor
ou igual a n. Os agrupamentos de k elementos distintos
cada um, que diferem entre si apenas pela natureza de seus
elementos são denominados combinações simples k a k, Arranjos Completos: Arranjos completos de n
dos n elementos de A. elementos, de k a k são os arranjos de k elementos
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
elementos distintos. Com os elementos de A podemos vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar
formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc – em consideração os arranjos com elementos distintos
abd – acd – bcd (arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk
57
RACIOCÍNIO LÓGICO
Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o 05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra
número de permutações distintas que é possível formarmos PROVA foram listadas em ordem alfabética, como se
com os n elementos: fossem palavras de cinco letras em um dicionário. A 73ª
palavra nessa lista é
(A) PROVA.
(B) VAPOR.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP.
Combinações Completas: Combinações completas de
(E) RAOPV.
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular as combinações completas devemos levar 06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
em consideração as combinações com elementos distintos dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se
(combinações simples) e as combinações com elementos analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial
repetidos. O total de combinações completas de n com 5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O
elementos, de k a k, indicado por C*n,k número de possíveis comissões é:
(A) 66
(B) 72
(C) 90
(D) 120
(E) 124
QUESTÕES
07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola
01. Quantos números de três algarismos distintos
possui um banco de questões de matemática composto
podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
de 5 questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4
02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 sobre retas. De quantas maneiras distintas a equipe pode
clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada montar uma prova com 8 questões, sendo 3 de parábolas,
clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O 2 de circunferências e 3 de retas?
número total de jogos a serem realizados é: (A) 80
(A)182 (B) 96
(B) 91 (C) 240
(C)169 (D) 640
(D)196 (E) 1.280
(E)160
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre
03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco
uma eventualidade qualquer, dois particulares enfermeiros,
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos
por serem os mais experientes, nunca são escalados para
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição,
mas se os algarismos forem todos distintos, o número total trabalharem juntos. Sabendo-se que em todos os grupos
de senhas possíveis é: participa um dos dois enfermeiros mais experientes,
(A) 78.125 quantos grupos distintos de 3 enfermeiros podem ser
(B) 7.200 formados?
(C) 15.000 (A) 06
(D) 6.420 (B) 10
(E) 50 (C) 12
(D) 15
04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões (E) 20
com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia
executou a tarefa considerando as letras A e à como 09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes
diferentes, contudo, João queria que elas fossem para concorrer a uma gincana. O número de maneiras
consideradas como mesma letra. A diferença entre o
diferentes de formar duas equipes é
número de cartões feitos por Cláudia e o número de
(A) 10
cartões esperados por João é igual a
(A) 720 (B) 15
(B) 1.680 (C) 20
(C) 2.420 (D) 25
(D) 3.360 (E) 30
(E) 4.320
58
RACIOCÍNIO LÓGICO
10. Considere os números de quatro algarismos do 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
sistema decimal de numeração. Calcule: corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
a) quantos são no total; de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
b) quantos não possuem o algarismo 2; podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos número de possíveis comissões é
uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos;
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
Resoluções
01.
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240
04. 09.
I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
10.
II) O número de cartões esperados por João era a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680 e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464
59
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observações: Definições.
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli-
nômio. a) Segmentos congruentes.
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos . Dois segmentos são congruentes se têm a mesma
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre- medida.
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais .
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n . b) Ponto médio de um segmento.
Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton Um ponto P é ponto médio do segmento AB se
pertence ao segmento e divide AB em dois segmentos
Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n congruentes.
, sendo p um número natural, é dado por
c) Mediatriz de um segmento.
⎛ n⎞ É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto
T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p médio
⎝ p⎠
60
RACIOCÍNIO LÓGICO
Área
Área é a medida de uma superfície.
A área do campo de futebol é a medida de sua
superfície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente
à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma
Definições. unidade de área:
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas
de mesma origem.
61
RACIOCÍNIO LÓGICO
Retângulo Quadrado
É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos os ângulos internos a congruentes (90º).
congruentes e iguais a 90º.
A = 6 . 4 A = 24 cm²
Em todo trapézio, o segmento que une os pontos
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é: médios dos dois lados não paralelos, é paralelo às bases e
vale a média aritmética dessas bases.
A=b
.h
62
RACIOCÍNIO LÓGICO
A área do trapézio está relacionada com a área do Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula: da área de um trapézio qualquer:
AT = A∆1 + A∆2
A = b . h (b = base e h = altura).
2 AT = B . h + b . h
2 2
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos
mais importantes (elementos utilizados no cálculo da sua
área): AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi-
2
dência, pois é um termo comum aos dois fatores.
AT = h (B + b)
2
Losango
É o quadrilátero que tem os lados congruentes.
A∆1 = B . h
2
Cálculo da área do ∆CFD:
A∆2 = b . h
2
63
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer 4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base
polígono convexo é o ângulo formado entre um lado e o são congruentes. Observação - A base de um triângulo
prolongamento do outro lado. isósceles é o seu lado diferente.
Segmentos proporcionais
Semelhança de triângulos
Definição.
Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos
dois a dois congruentes e os lados correspondentes dois a
dois proporcionais.
64
RACIOCÍNIO LÓGICO
Importante - Se dois triângulos são semelhantes, a 6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao
proporcionalidade se mantém constante para quaisquer dobro de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que
dois segmentos correspondentes, tais como: lados, formam, entre si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
medianas, alturas, raios das circunferências inscritas, raios
das circunferências circunscritas, perímetros, etc.
a)6
b)4
c)3
a)5 b)6 c)7 d)8 d)2
e) 3
65
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas 8.
Substituindo na fórmula:
l² 3 5² 3
=
S ⇒=S = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4
9.
3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:
h=10
b=20
Substituindo na fórmula:
=
S b= = 100cm
.h 20.10 = ² 2dm²
5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6
PR 9 6
GEOMETRIA ESPACIAL
x 96.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x Sólidos Geométricos
Para explicar o cálculo do volume de figuras geométri-
= =
a ) x 12( altura ); 2 x 24(comprimento)
cas, podemos pedir que visualizem a seguinte figura:
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15
7.
V = Ab x a
66
RACIOCÍNIO LÓGICO
O conceito de cone
67
RACIOCÍNIO LÓGICO
Assim:
h=R
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto
da área da base pela altura, então: A seguir apresentaremos elementos esféricos básicos e
algumas fórmulas para cálculos de áreas na esfera e volu-
V = (1/3) Pi R3 mes em um sólido esférico.
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2 A superfície esférica
então a área total será dada por: A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos
ATotal = 3 Pi R2 do espaço que estão localizados a uma mesma distância
denominada raio de um ponto fixo chamado centro.
O conceito de esfera Uma notação para a esfera com raio unitário centrada
A esfera no espaço R³ é uma superfície muito impor- na origem de R³ é:
tante em função de suas aplicações a problemas da vida. S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
Do ponto de vista matemático, a esfera no espaço R³ é con- Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4
fundida com o sólido geométrico (disco esférico) envolvido é dada por:
pela mesma, razão pela quais muitas pessoas calculam o S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }
volume da esfera. Na maioria dos livros elementares sobre
Geometria, a esfera é tratada como se fosse um sólido, he- Você conseguiria imaginar espacialmente tal esfera?
rança da Geometria Euclidiana. Do ponto de vista prático, a esfera pode ser pensada
Embora não seja correto, muitas vezes necessitamos como a película fina que envolve um sólido esférico. Em
falar palavras que sejam entendidas pela coletividade. De uma melancia esférica, a esfera poderia ser considerada a
um ponto de vista mais cuidadoso, a esfera no espaço R³ é película verde (casca) que envolve a fruta.
um objeto matemático parametrizado por duas dimensões, É comum encontrarmos na literatura básica a definição
o que significa que podemos obter medidas de área e de de esfera como sendo o sólido esférico, no entanto não
comprimento, mas o volume tem medida nula. Há outras se devem confundir estes conceitos. Se houver interesse
esferas, cada uma definida no seu respectivo espaço n-di- em aprofundar os estudos desses detalhes, deve-se tomar
mensional. Um caso interessante é a esfera na reta unidi- algum bom livro de Geometria Diferencial que é a área da
mensional: Matemática que trata do detalhamento de tais situações.
So = {x em R: x²=1} = {+1,-1}
Por exemplo, a esfera
S1 = { (x,y) em R²: x² + y² = 1 }
68
RACIOCÍNIO LÓGICO
O disco esférico é o conjunto de todos os pontos do sendo que esta circunferência intersecta o eixo OZ nos
espaço que estão localizados na casca e dentro da esfera. pontos de coordenadas (0,0,R) e (0,0,-R). Existem infinitas
Do ponto de vista prático, o disco esférico pode ser pen- circunferências maximais em uma esfera.
sado como a reunião da película fina que envolve o sólido Se rodarmos esta circunferência maximal C em torno
esférico com a região sólida dentro da esfera. Em uma me- do eixo OZ, obteremos a esfera através da rotação e por
lancia esférica, o disco esférico pode ser visto como toda este motivo, a esfera é uma superfície de revolução.
a fruta. Se tomarmos um arco contido na circunferência ma-
ximal cujas extremidades são os pontos (0,0,R) e (0,p,q) tal
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen- que p²+q²=R² e rodarmos este arco em torno do eixo OZ,
tro da esfera pelo ponto (0,0,0), a equação da esfera é dada obteremos uma superfície denominada calota esférica.
por:
x² + y² + z² = R²
69
RACIOCÍNIO LÓGICO
No que segue, usaremos esfera tanto para o sólido A região circular S de integração será descrita por
como para a superfície, “calota esférica” para o sólido en- x²+y²<R² ou em coordenadas polares através de:
volvido pela calota esférica, a letra maiúscula R para en- 0<m<R, 0<t<2Pi
tender o raio da esfera sobre a qual estamos realizando A integral dupla que representa o volume da calota em
os cálculos, V será o volume, A(lateral) será a área lateral e função da altura h é dada por:
A(total) será a área total. Vc(h) = ∫ ∫ s (h − z)dxdy
Algumas fórmulas (relações) para objetos esféricos
ou seja
Objeto Relações e fórmulas Vc(h) = ∫ ∫ s (h − R + R 2 − (x 2 + y 2 ))dxdy
Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na
R² = h (2R-h)
forma:
Calota esférica (altura h, A(lateral) = 2 Pi R h 2x R
A(total) = Pi h (4R-h)
raio da base r)
V=Pi.h²(3R-h)/3=Pi(3R²+h²)/6
Vc(h) = ∫ ∫ (h − R +
t=0 m=0
R 2 − m 2 )mdmdt
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]²
Segmento esférico (altura A(lateral) = 2 Pi R h Após realizar a integral na variável t, podemos separá
h, raios das bases r1>r²) A(total) = Pi(2Rh+r1²+r2²) -la em duas integrais:
Volume=Pi.h(3r1²+3r2²+h²)/6 R R
70
RACIOCÍNIO LÓGICO
Aproveitaremos o resultado do cálculo utilizado para a Nesta tabela, a notação R[z] significa a raiz quadra-
calota do hemisfério Sul. Tomaremos a altura tal que: h=2R da de z>0.
-d, onde d é a altura da região que não contém o líquido.
Como o volume desta calota vazia é dado por: Prisma
71
RACIOCÍNIO LÓGICO
72
RACIOCÍNIO LÓGICO
Respostas
Alat = 2 r. 2r = 4 r2
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2
V = Abase h = r2. 2r = 2 r3
73
RACIOCÍNIO LÓGICO
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO
Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então te-
mos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de 3
vezes (3 idas). e 8, compreendidos entre 1 e 100.
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das
vezes (3 idas). Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das 33 12 4 41
vezes (4 idas). + − = = 41%!
100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de
RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das 26
letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais. Com
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- base nessas informações, julgue os itens que se seguem.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade 03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
de o número ser divisível por 3 ou por 8? PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
A) 41% ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
B) 44% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
distintos.
C) 42%
( ) CERTA ( ) ERRADA
D) 45%
Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 letras,
E) 43% sendo permitida a repetição de caracteres, então podem ser
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; 26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. assim:
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = 26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos
100 números naturais, então, tem-se:
RESPOSTA: “ERRADA”.
74
RACIOCÍNIO LÓGICO
04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos RESPOSTA: “CERTA”.
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes.
E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
( ) CERTA ( ) ERRADA cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:
75
RACIOCÍNIO LÓGICO
76
RACIOCÍNIO LÓGICO
13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
Hercules poderia preparar e superior a 12x10! posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais
( ) CERTA ( ) ERRADA posições, assim, temos que:
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10
O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
dem, e inferior a 6! x 8!.
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
“capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira
lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30.
si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
( ) CERTA ( ) ERRADA
10 posições a serem permutadas.
10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
O número máximo de possíveis listas contendo o tra-
Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe-
turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
rior a 240 x 990 x 56 x 30. podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira ções a serem permutadas.
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas Ou seja:
demais casas: 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
x._._._._._._._._._._._=x.11! Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão 1 = 720), logo o valor
de Nemeia”. 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
Reagrupando os valores, temos: TO.
24 x 990 x 56 x 30.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este RESPOSTA: “CERTA”.
item ERRADO.
(TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
RESPOSTA: “ERRADA”. UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. pe.
( ) CERTA ( ) ERRADA
17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
O número máximo de possíveis listas contendo os tra- UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e empregados de nível médio e fundamental, então ela
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
rior a 72 x 42 x 20 x 6. ( ) CERTA ( ) ERRADA
77
RACIOCÍNIO LÓGICO
Se essa equipe for formada somente com empregados Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida-
de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma- des, teremos:
da de mais de 60 maneiras distintas. 3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas
Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
médio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.
78
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Mundo Contemporâneo: elementos de política internacional e brasileira. Cultura internacional. Cultura e sociedade
brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão. ....................................... 01
Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. .................................... 26
O desenvolvimento urbano brasileiro. ............................................................................................................................................................ 27
História e Geografia do Estado do Tocantins; o movimento separatista; a criação do Estado; os governos desde a cria-
ção; Governo e Administração Pública Estadual; divisão política do Estado, clima e vegetação; hidrografia; atualidades:
economia, política, desenvolvimento............................................................................................................................................................... 28
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
1
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
2
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
cadastrar-se junto ao Departamento Penitenciário Na- Eleições de 2022 - Os partidos terão de obter, nas elei-
cional (Depen); ções para a Câmara, pelo menos 2% dos votos válidos, dis-
habilitar-se junto ao órgão do Poder Executivo com- tribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fede-
petente da Unidade da Federação em que exercerá suas ração, com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma
atividades; delas; ou ter eleito pelo menos 11 deputados, distribuídos
encaminhar, anualmente, ao Depen, relatório de rein- em, no mínimo, um terço das unidades da federação.
cidência e demais informações solicitadas; Eleições de 2026 - Os partidos terão de obter, nas
submeter-se à prestação de contas junto ao Tribunal eleições para a Câmara, pelo menos 2,5% dos votos vá-
de Contas da Unidade da Federação em que desenvolva lidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades
suas atividades. da federação, com ao menos 1,5% dos votos válidos em
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 cada uma delas; ou ter eleito pelo menos 13 deputados,
distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fe-
CONGRESSO PROMULGA EMENDA QUE EXTINGUE deração.
COLIGAÇÕES EM 2020 E CRIA CLÁUSULA DE BARREIRA Eleições de 2030 - Os partidos terão de obter, nas elei-
COM A PROMULGAÇÃO, CLÁUSULA DE DESEMPE- ções para a Câmara, pelo menos 3% dos votos válidos, dis-
NHO ELEITORAL PARA ACESSO DE PARTIDOS A RECUR- tribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fede-
SOS DO FUNDO PARTIDÁRIO E AO TEMPO GRATUITO DE ração, com ao menos 2% dos votos válidos em cada uma
RÁDIO E TV VALERÁ A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2018. delas; ou ter eleito pelo menos 15 deputados, distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da federação.
O Congresso Nacional promulgou, em sessão solene Levantamento feito pelo G1 mostrou que, se as regras
nesta quarta-feira (4), a Emenda Constitucional que cria previstas para 2018 estivessem em vigor nas eleições de
uma cláusula de desempenho, a partir de 2018, para as 2014, 14 partidos que hoje possuem acesso ao Fundo Par-
legendas terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo tidário e ao tempo gratuito de rádio e TV perderiam esses
gratuito de rádio e TV. direitos.
O texto também prevê o fim das coligações proporcio- Entre os partidos que teriam sido afetados caso a re-
nais, a partir das eleições de 2020. gra estivesse valendo na eleição de 2014, seis têm atual-
A alteração à Constituição foi aprovada nesta terça- mente representantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT
feira (3) pelo Senado. As votações dos dois turnos da pro- do B e Podemos (antigo PTN).
posta na Casa aconteceram em menos de 30 minutos. Na Outros oito, que não elegeram deputados em 2014,
semana passada, o texto havia sido aprovado pela Câmara. também seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB,
A classe política tem pressa na aprovação de novas re- PSDC, PSTU e PTC.
gras eleitorais. Isso porque, para valerem em 2018, as mo- O levantamento não levou em consideração as legen-
dificações precisam passar pelo Congresso até a próxima das criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara:
sexta-feira (6), um ano antes das próximas eleições. Rede e PMB.
Com a promulgação, a cláusula de desempenho elei- A proposta atual foi flexibilizada com relação à que foi
toral para acesso de partidos a recursos do Fundo Partidá- aprovada pelo Senado em 2016. Se prevalecesse a versão
rio e ao tempo gratuito de rádio e TV valerá a partir das original do texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradi-
eleições de 2018. cionais, como o PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras,
A emenda tem origem no Senado, onde foi aprovada de criação mais recente, também seriam prejudicadas. É o
em 2016. No entanto, durante análise na Câmara, os de- caso de PSOL, PROS e PV.
putados promoveram mudanças e flexibilizaram o texto, o A flexibilização da cláusula de barreira foi necessária
que levou o projeto para uma nova análise dos senadores. para que a proposta pudesse ser aprovada na Câmara.
Cláusula de desempenho Diante do prazo exíguo, os senadores aceitaram o texto
O texto estabelece a chamada cláusula de desempe- modificado pelos deputados para garantir que a cláusula
nho nas urnas para a legenda ter acesso ao Fundo Partidá- valha em 2018.
rio e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV. Fim das coligações
Como transição, até 2030, a cláusula de barreira crescerá A emenda acaba com as coligações partidárias a partir
gradualmente. Nas eleições posteriores a 2030, o desem- de 2020. Para 2018, continuam valendo as regras atuais,
penho mínimo exigido seria o mesmo do pleito de 2030. em que os partidos podem se juntar em alianças para dis-
Saiba abaixo os critérios: putar a eleição e somar os tempos de rádio e televisão e
Eleições de 2018 - Os partidos terão de obter, nas elei- podem ser desfeitas passado o pleito.
ções para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos As coligações também são levadas em conta na hora
válidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unida- da divisão das cadeiras. Hoje, deputados federais e esta-
des da federação, com ao menos 1% dos votos válidos em duais e vereadores são eleitos no modelo proporcional
cada uma delas; ou ter eleito pelo menos 9 deputados, com lista aberta.
distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da fe-
deração.
3
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
É feito um cálculo para a distribuição das vagas com CÂMARA GARANTE FUNDO BILIONÁRIO PARA
base nos votos no candidato e no partido ou coligação. ABASTECER CAMPANHAS EM 2018
São eleitos os mais votados nas legendas ou nas coliga-
ções. Em uma sessão tumultuada, a Câmara aprovou na noi-
Federações partidárias te desta quarta-feira, 4, o projeto que cria um fundo pú-
Além de abrandar a cláusula de barreira, os deputados blico bilionário para financiar as campanhas do ano que
excluíram do projeto a possibilidade de partidos com afi- vem. Assim que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
nidade ideológica se unirem em federações. A medida era (DEM-RJ), proclamou o resultado, deputados protestaram
uma saída para substituir, em parte, as coligações. contra a votação e quase partiram para a agressão física.
Na prática, o fim das federações deverá prejudicar O texto segue agora para a sanção presidencial. Para
partidos pequenos que contam com as alianças com ou- que os partidos possam ter acesso ao dinheiro para reali-
tras legendas para somar o tempo de rádio e TV e para zar o processo eleitoral em 2018, as novas regras têm de
garantir cadeiras na Câmara e nas Assembleias. ser sancionadas pelo presidente Michel Temer até 7 de ou-
A proposta era que os partidos com programas afins tubro.
pudessem se juntar em federações. As legendas teriam de Apesar de os parlamentares afirmarem que o fundo
atuar juntas não apenas durante as eleições, mas como um será de R$ 1,7 bilhão, o texto não estabelece um teto para
bloco parlamentar durante toda a legislatura. o valor, e sim um piso, ao dizer que o fundo será “ao me-
A ideia era garantir maior coesão entre os partidos, já nos equivalente” às duas fontes estabelecidas pelo projeto.
que atualmente siglas com pouca afinidade formam coli- A proposta estabelece que pelo menos 30% do va-
gações e as desfazem após as eleições. lor das emendas de bancadas sejam direcionadas para as
Desse modo, se juntos atingissem as exigências da campanhas eleitorais. A segunda fonte de recursos virá da
cláusula de desempenho, não perderiam o acesso ao Fun- transferência dos valores de compensação fiscal cedidos
do Partidário e ao tempo de rádio e TV. às emissoras de rádio e televisão que transmitem propa-
Janela partidária gandas eleitorais, que serão extintas. O horário eleitoral
Durante análise na Câmara, os deputados também durante o período de campanha, no entanto, foi mantido.
retiraram do texto um trecho que acabava com a janela O fundo público para abastecer as campanhas é uma
partidária seis meses antes da eleição. medida alternativa ao financiamento empresarial de cam-
Com isso, ficam mantidas as regras atuais em que os panha, proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em
detentores de mandato eletivo podem mudar de partido 2015.
no mês de março do ano eleitoral sem serem punidos com No começo da discussão, o Congresso chegou a cogi-
perda do mandato. tar um fundo que chegaria a R$ 3,6 bilhões. A articulação
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 foi encabeçada pelo líder do governo no Senador, Rome-
ro Jucá (PMDB-RR), com apoio de partidos da oposição,
GEDDEL, SAUD E FUNARO PROMOVEM BARRACO como o PT, PDT e PCdoB.
COM AMEAÇAS DE MORTE NA PAPUDA . A sessão que aprovou a proposta foi tumultuada. O
principal protesto dos deputados foi pelo fato de a vota-
A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do ope- ção do texto-base do projeto ter sido simbólica. Um dos
rador Lúcio Funaro e de Ricardo Saud, executivo da JBS, que protagonizaram a confusão foi o deputado Júlio Del-
tem provocado uma sessão de gritaria no presídio da Pa- gado (PSB-MG). Ele foi à tribuna e classificou como “ver-
puda, em Brasília, onde estão recolhidos. Segundo relatos, gonha” a votação ter sido nominal. Para ele, os deputados
Funaro aguarda o fim do banho de sol e antes de voltar que apoiam o fundo não quiseram deixar a “digital” na
para a cela manda aos gritos recado para Saud, preso do aprovação da medida.
outro lado: “Saud, vou te matar”, aterroriza o delator que o Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
entregou. Do seu lado “do muro”, Geddel faz coro: “Saud,
também vou te matar”. Saud devolve as provocações, mas PF AUTUA BATTISTI EM FLAGRANTE POR EVASÃO
só para Geddel. “Cala boca, seu gordo!” DE DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO
No seu quadrado. Os três estão separados e não se
encontram no banho de sol, justamente para evitar que A Polícia Federal indiciou o ativista italiano Cesare Bat-
cumpram a promessa. Há, inclusive, revezamento entre os tisti por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Battisti
advogados para que eles não se esbarrem nem no parla- foi preso em flagrante nesta quarta-feira, 4, quando estava
tório. tentando atravessar a fronteira para a Bolívia com US$ 6
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 mil – quantia superior a R$ 10 mil em dinheiro.
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália sob
acusação de quatro assassinatos. No último dia de seu se-
gundo mandato, em 2012, o então presidente Lula assinou
decreto no qual negou ao governo italiano o pedido de
extradição do ativista.
4
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
O italiano não teria declarado o dinheiro. Os federais FICHA LIMPA ATINGE CONDENADOS ANTES DE
querem saber o que o ativista pretendia fazer com a quan- 2010, DECIDE STF
tia no país vizinho. POR 6 A 5, MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FE-
Após ser detido, segundo a PF, ‘agentes da Delegacia DERAL NEGARAM RECURSO DO VEREADOR DE NOVA
de Corumbá averiguaram a situação em que Battisti se en- SOURE, NA BAHIA, QUE FOI BARRADO DAS ELEIÇÕES
contrava na região de fronteira’. DE 2012 POR UMA CONDENAÇÃO EM 2004, ANTES DA
Em 27 de setembro, os advogados de Battisti entraram APROVAÇÃO DA LEI
com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF)
para barrar a possibilidade de extradição, deportação ou Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nes-
expulsão pelo presidente da República. O relator é o minis- ta quarta-feira (4) que o prazo de oito anos de inelegibilida-
tro Luiz Fux. Battisti teve sua extradição pedida pela Itália. de fixado pela Lei da Ficha Limpa pode ser aplicado inclusi-
Em 2011, o Supremo arquivou uma Reclamação ajui- ve para candidatos que tenham sido condenados antes da
zada pelo governo da Itália contra o ato de Lula, e deter- publicação da lei, em 2010. Com o plenário dividido, coube
minou a soltura do italiano. à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, desempatar o
A defesa de Battisti sustenta que, desde então, têm placar e definir o resultado.
havido ‘várias tentativas ilegais’ de remetê-lo para o exte- Os ministros ainda definirão nesta quinta-feira (5) se
rior por meio de outros mecanismos, como a expulsão e a vão modular a decisão da Corte, o que poderia limitar o
deportação. alcance do entendimento firmado no julgamento. O relator
Desde 2016, com as mudanças ocorridas no Poder do caso, ministro Ricardo Lewandowski, alertou ao final da
Executivo, os advogados afirmam que há notícias de que o sessão para o risco de prefeitos, vereadores e deputados
governo italiano pretende intensificar as pressões sobre o atualmente no exercício do mandato serem cassados.
governo brasileiro para obter a extradição. “Essa matéria foi exaustivamente analisada pelo Tribu-
O alegado risco levou à impetração do HC 136898, nal Superior Eleitoral, prevalecendo esse entendimento (de
que teve seguimento negado. Naquele habeas corpus, o retroatividade) de maneira correta”, disse Cármen Lúcia.
A Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis os can-
ministro Luiz Fux entendeu que não havia ato concreto de
didatos condenados por abuso de poder econômico ou
ameaça ou restrição ilegal do direito de locomoção que
político para a eleição na qual concorrem ou tenham sido
justificasse a concessão da ordem.
diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito
No novo HC, a defesa argumenta que, segundo notí-
anos seguintes. A legislação anterior previa um prazo de
cias veiculadas recentemente, há um procedimento sigi-
apenas três anos. Em 2011, o STF decidiu que a Lei da Ficha
loso em curso visando à revisão do ato presidencial que
Limpa valeria apenas a partir das eleições de 2012.
negou a extradição em 2010.
“Jamais vi uma situação idêntica em que se coloca em
Os advogados também informam que Battisti tem so-
segundo plano, de forma clara, ostensiva, a segurança ju-
licitado certidões e informações ao Ministério Público Fe-
rídica. A sociedade não pode viver em sobressaltos, muito
deral, Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exte- menos sobressaltos provocados pelo Supremo. Retroação
riores e Casa Civil a fim de obter cópias de procedimentos da lei, pra mim, é o fim em termos de Estado Democrático
sobre ele, mas até o momento nenhuma informação foi de Direito”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou
prestada. Outro argumento é a existência de ação civil pú- nesta quarta-feira contra a retroatividade da lei.
blica pela qual o Ministério Público pretende a declaração “A questão é muito séria, porque inaugura mediante a
da nulidade do ato que concedeu visto de permanência a voz do Supremo o vale tudo, que não se coaduna com o
Battisti, e, consequentemente, sua deportação. Estado Democrático de Direito”, concluiu Marco Aurélio.
O juízo da 20ª Vara Federal do Distrito Federal julgou A aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade
procedente a ação e determinou a imediata prisão admi- para políticos condenados antes da publicação da Lei da
nistrativa do italiano, mas a ordem foi suspensa liminar- Ficha Limpa também foi criticada pelo ministro Gilmar Men-
mente pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). des.
Finalmente, alegam que Battisti casou-se com uma bra- “Quando o legislador concebe mudanças – e são ne-
sileira e tem um filho que depende econômica e afetiva- cessárias mudanças – é óbvio que faz pra frente. ‘Ah, mas
mente dele, o que impede a sua expulsão. nós queremos atingir fatos passados’. Então rasgue a Cons-
Apontando risco iminente e irreversível, a defesa pede tituição, porque isso não passa no teste inclusive do ato ju-
a concessão de liminar para obstar eventual extradição, rídico perfeito, da coisa julgada. ‘Ah, mas queremos aplicar
deportação ou expulsão a ser levada a efeito pelo pre- o princípio da moralidade’. Isso é direito nazifascista, não
sidente da República. No mérito, pede-se a confirmação tem nada a ver conosco, com o nosso sistema”, disse Gilmar.
da liminar ou a conversão do HC em reclamação a fim de O plenário do STF se dividiu na questão. Além de Cár-
preservar a autoridade de decisão do STF que reconheceu men, votaram pela retroatividade do prazo de inelegibili-
que a negativa de extradição é insindicável pelo Poder Ju- dade os ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Edson Fachin, Dias
diciário (RCL 11423), determinando-se assim o trancamen- Toffoli e Luís Roberto Barroso. Em sentido contrário se po-
to da ação civil pública. sicionaram Gilmar, Marco Aurélio, Lewandowski, Alexandre
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 de Moraes e o decano da Corte, Celso de Mello.
5
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A discussão girou em torno do caso do ex-vereador O ministro lembrou ainda que ‘a concessão de medi-
Dilermando Fereira Soares contra decisão do Tribunal Su- da cautelar pressupõe o atendimento concomitante dos
perior Eleitoral (TSE) que rejeitou o registro de sua candi- requisitos do fumus boni iuris e do perigo da demora, não
datura à reeleição no município de Nova Soure, na Bahia, tendo sido demostrado, de plano, o preenchimento do
nas eleições de 2012. Como o caso tem repercussão geral, primeiro requisito’.
a tese a ser firmada nesta quinta-feira valerá para diversas Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
instâncias em todo o País.
Dilermando foi alvo de condenação judicial que tran- ECONOMIA
sitou em julgado em 2004. Depois de cumprir o prazo de
três anos de inelegibilidade baseado na legislação anterior, LATAM VENDE SUBSIDIÁRIA DE SERVIÇOS NO CHI-
conseguiu se eleger vereador em 2008. Em 2012, tentou a LE POR US$ 38,4 MILHÕES
reeleição, mas teve o registro de candidatura impugnado OPERAÇÃO VAI RENDER À EMPRESA UM LUCRO
com base no novo prazo de oito anos de impedimento DE US$ 20 MILHÕES NO BALANÇO DO QUARTO TRI-
fixado pela Lei da Ficha Limpa, que já estava em vigor. MESTRE DESTE ANO, INFORMOU A COMPANHIA.
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
O grupo aéreo Latam anunciou nesta quinta-feira (5)
FUX NEGA LIMINAR E MANTÉM PROCESSO CON- que assinou acordo de venda de 100% do capital da em-
TRA SIMÃO JATENE POR CORRUPÇÃO presa de serviços aeroportuários Andes Aiport Services
GOVERNADOR DO PARÁ, DENUNCIADO PELO MI- SA, que era controlado pela holding, para a Acciona Air-
NISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, TENTAVA POR MEIO DE port Services SA por 24,3 bilhões de pesos chilenos (US$
HABEAS CORPUS SUSPENDER AÇÃO EM QUE É ACUSA- 38,4 milhões).
DO DE RECEBIMENTO DE ‘VANTAGENS INDEVIDAS’ DA A operação vai render à Latam um lucro de US$ 20 mi-
CERVEJARIA CERPA SOB ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO lhões no balanço do quarto trimestre deste ano, informou
a companhia em comunicado.
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, De acordo com o texto, a Andes Aiport Services SA
negou liminar no Habeas Corpus (HC) 148138 por meio realiza serviços aeroportuários, como manuseio de baga-
da qual a defesa do governador do Pará, Simão Jatene gens, abastecimento de combustível, limpeza e suprimen-
(PSDB), pedia para suspender processo no Superior Tribu- to de alimentos e bebidas nas aeronaves.
nal de Justiça (STJ) em que foi denunciado pela suposta Juntamente com a venda, foi assinado acordo por
prática de corrupção passiva, pelo suposto recebimento meio do qual a Andes Aiport Services vai continuar aten-
de vantagens indevidas da cervejaria Cerpa. dendo a Latam em Santiago por pelo menos cinco anos.
O relator não verificou um dos requisitos para a con- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
cessão da medida cautelar – a plausibilidade jurídico do
pedido (fumus boni iuris). ALTA NAS VENDAS DE CARROS NOVOS NÃO IMPE-
As informações foram divulgadas no site do Supremo. DE AUMENTO DE NEGOCIAÇÃO DE USADOS
Para a defesa de Jatene, o suposto crime apontado PUXADAS PELOS SEMINOVOS, VENDAS DE VEÍ-
pelo Ministério Público Federal ocorreu em setembro de CULOS DE ‘SEGUNDA MÃO’ SOBEM 8,4% DE JANEIRO
2002, portanto, aplicando o prazo prescricional do artigo A SETEMBRO, NA COMPARAÇÃO COM 2016. AS DOS
109, inciso III, do Código Penal (CP), a extinção da punibi- ZERO QUILÔMETRO ACUMULAM AUMENTO DE 8%.
lidade teria ocorrido em setembro de 2014.
O relator do caso no STJ reconheceu monocraticamen- O reaquecimento das vendas de carros zero no Brasil
te a prescrição da pretensão punitiva. não impede que a procura pelos usados continue aumen-
Em exame de agravo regimental, no entanto, a Corte tando.
entendeu que o suposto crime teve continuação em 2003, As negociações desses veículos cresceram 4,7% em
quando Jatene, ao assumir o governo, teria repactuado a setembro, na comparação com 1 ano atrás, de acordo com
proposta original para que o pagamento das vantagens dados da federação dos distribuidores, a Fenabrave.
indevidas fosse feito em parcelas. A entidade considera os registros de transferência de
Com isso, o STJ, levando em conta outros aspectos para documentos do Departamento Nacional de Trânsito (De-
a definição da prescrição – como a incidência de causa de natran).
aumento da pena referente a ocupação de função pública De janeiro a setembro, foram negociados 7,9 milhões
-, afastou a prescrição e manteve a tramitação do processo de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) usa-
para posterior análise do recebimento da denúncia. dos, um volume 8,5% mais alto que o registrado no mes-
O ministro Luiz Fux apontou que ‘a matéria de fundo mo período do ano passado.
do habeas exige uma análise mais detida, pois a pretensão Já as vendas de carros novos cresceram 7,9% sobre os
da defesa impõe a avaliação aprofundada entre os fatos 9 primeiros meses de 2016, com 1,5 milhão de unidades.
citados na denúncia e o que foi decidido pelo STJ’.
6
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
7
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
O diretor da área financeira comentou que o ban- DÉFICIT ACUMULADO DE FUNDOS DE PREVI-
co deve captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos DÊNCIA COMPLEMENTAR SOBE PARA R$ 77,6 BI, DIZ
mercados externos em 2018, como forma de fazer frente a ABRAPP
obrigações de desembolsos e atender em parte à chamada PARA O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
do governo federal para devolver recursos ao Tesouro. DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COM-
“Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dóla- PLEMENTAR, SITUAÇÃO DO POSTALIS É EXCEÇÃO E
res) no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a cap- SISTEMA ESTÁ BEM CAPITALIZADO.
tações externas, que é mais barato, porém não tão barato
quando o dinheiro que veio do Tesouro Nacional”, disse O déficit acumulado dos fundos fechados de previ-
Freitas. dência complementar subiu para R$ 77,6 bilhões em ju-
Ele estimou que em nome da prudência bancária o BN- nho, ante R$ 71,7 bilhões no fim de 2016, informou nesta
DES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 por quarta-feira (4) a Associação Brasileira das Entidades Fe-
cento do total das operações ativas, o equivalente a um chadas de Previdência Complementar (Abrapp).
“caixa prudencial entre 60 e 70 bilhões” de reais. O banco O déficit é a diferença entre o patrimônio de um plano
tinha em caixa até final de agosto cerca de R$ 170 bilhões, e seus compromissos com pagamentos atuais e futuros.
sendo que boa parte dos recursos já estava comprometida Segundo o balanço da Abrapp, dos 681 fundos de pensão
em financiamentos. no país, 220 apresentam déficit, ao passo que 461 regis-
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de tram superávit.
Castro, afirmou durante evento em São Paulo que a devo- O rombo cresce há 7 anos e atinge, sobretudo, fundos
lução em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco de pensão de estatais. Do déficit total, 88% do valor está
pelo governo “é materialmente improvável”. concentrado em apenas 10 planos, segundo a associação.
Questionado a respeito das demandas do governo, O total de participantes ativos nos fundos supera 2,5
Freitas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em milhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil, segun-
2015 e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e do a associação.
por isso os valores que o BNDES tem a receber nos próxi-
A Abrapp informou também que os ativos totais do
mos meses também será fraca. “Vai haver uma defasagem
sistema somavam R$ 808 bilhões em junho. A rentabili-
de uma volta fraca e demanda forte. Temos que atentar a
dade média do setor no primeiro semestre foi de 4,24%,
isso e o banco tem que ter caixa mínimo”, disse o diretor.
pouco abaixo da meta atuarial de 4,44%.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
A Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mentar (Previc), vinculada ao Ministério da Fazenda, de-
FUNDO DE PENSÃO DA CAIXA DECIDE VENDER FA-
cretou nesta quarta-feira intervenção no fundo de pensão
TIA NA ELDORADO
dos funcionários dos Correios, o Postalis, por um prazo de
J&F FECHOU EM SETEMBRO ACORDO DE VENDA
180 dias.
DO CONTROLE DA ELDORADO PARA O GRUPO HOLAN-
DÊS PAPER EXCELLENCE POR CERCA DE R$ 15 BILHÕES. A Abrapp considera que a intervenção no Postalis é
uma exceção dentro do sistema.
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Cai- “O sistema está conseguindo pagar seus benefícios
xa Econômica Federal, anunciou nesta quarta-feira (4) que normalmente”, disse o presidente da Abrapp, Luis Ricardo
decidiu exercer o direito de vender a participação de 8,53% Martins, a jornalistas na abertura do congresso anual da
na Eldorado Brasil Celulose. Segundo a agência Reuters, o Abrapp. “Temos um sistema sólido, que paga sem atrasos
valor da operação é avaliado em cerca de R$ 650 milhões. os direitos dos participantes”.
O fundo de pensão innveste na Eldorado por meio de Para o presidente da Abrapp, o mais importante nesse
cotas do fundo de investimento FIP Florestal. momento é garantir aos participantes do Postalis todos os
“A Fundação agora iniciará as negociações do contrato benefícios a que eles têm direito.
de compra e venda de cotas com a Paper Excellence, em- Outro fundo de pensão com alto déficit é o dos funcio-
presa com sede na Holanda que fez uma oferta para adqui- nários da Petrobras, o Petros. Em setembro, foi anunciado
rir a fabricante de celulose”, informou a Funcef. que os funcionários da Petrobras terão de pagar parcelas
No dia 2 de setembro, o grupo J&F, holding que con- extras de R$ 236 a R$ 3,6 mil mensais como parte do plano
trola a JBS, anunciou que fechou acordo de venda do con- para equacionar um rombo de mais de R$ 27 bilhões.
trole da Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence O acordo prevê que a Petrobras deverá gastar R$ 12,8
por cerca de R$ 15 bilhões. bilhões ao longo de 18 anos para equacionar o déficit do
A Funcef, assim como a Petros, fundo de pensão dos Petros. Apenas no primeiro ano, o desembolso previsto
empregados da Petrobras, tinham o direito de exercer sua para a empresa será de R$ 1,4 bilhão. Já a BR Distribuidora
opção de venda na companhia em até 30 dias. entrará com R$ 900 milhões.
Atualmente, a J&F detém 80,98% do capital da Eldo- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
rado. A fatia restante pertence a Petros (8,53%), Funcef
(8,53%) e FIP Olimpia (1,96%).
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
8
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
UBER LIMITA PODER DO EX-PRESIDENTE E ABRE No resultado trimestral, a companhia reverteu o pre-
ESPAÇO PARA INVESTIMENTO DE GRUPO JAPONÊS juízo líquido de US$ 191 milhões do quarto trimestre fiscal
AS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA DE GESTÃO APRO- do ano passado, em lucro de US$ 20 milhões no mesmo
VADAS PELA DIRETORIA, QUE DEPENDEM DO INVES- período de 2017. Os dados foram divulgados na manhã
TIMENTO DO SOFTBANK, INCLUEM A ELIMINAÇÃO desta quarta-feira (4) em balanço financeiro da empresa.
DO ‘SUPER-VOTO’ DE ALGUMAS AÇÕES, COMO AS O lucro por ação ficou em US$ 5,09 no ano fiscal de
CONTROLADAS POR KALANICK. 2017, superior aos US$ 2,99 obtidos um ano antes.
De acordo com a Monsanto, este desempenho “deverá
O conselho de administração do Uber aprovou em re- crescer no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018”. Para
união nesta terça-feira (3) um plano que reduz a influência o quarto trimestre, a empresa registrou lucro por ação de
do ex-presidente executivo da empresa Travis Kalanick e US$ 0,05, em comparação com uma perda por ação de
abre a porta para um investimento colossal do grupo de US$ 0,44 em 2016.
telecomunicações japonês SoftBank. A receita do quarto trimestre subiu 4,8%, para US$
A proposta adotada pela diretoria do Uber também 2,69 bilhões, ante US$ 2,56 bilhões em igual intervalo de
promete acabar com os confrontos entre partidários de um antes, enquanto o consenso dos analistas consultados
Kalanick e investidores que suspeitam que o fundador da pela FactSet apontava para uma queda a US$ 2,50 bilhões.
empresa pretende voltar à direção. A companhia atribuiu os resultados de vendas à ado-
“Hoje, após dar as boas-vindas aos novos diretores Ur- ção de novas tecnologias para a soja na América e os pre-
sula Burns e John Thain, a diretoria aprovou, por unanimi- ços globais do milho.
dade, avançar com o investimento do SoftBank e modificar O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ficou em US$
a política de administração empresarial para fortalecer sua 3,26 bilhões no acumulado de 2017, em comparação com
independência e garantir a igualdade entre todos os acio- US$ 2,41 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Na aná-
nistas”, informou o Uber em e-mail. lise trimestral, houve retração de US$ 62 milhões, porém,
“O interesse do SoftBank é um incrível voto de con- inferior à redução de US$ 103 milhões do quarto trimestre
fiança no negócio do Uber e em seu potencial a longo de 2016.
prazo, e esperamos concluir este investimento nas próxi- Considerando a pendente fusão com a Bayer, que de-
mas semanas”. verá ser concluída apenas no início de 2018, a Monsanto
A previsão é de que o Softbank injete entre US$ 1 bi- disse que não forneceria guidance para 2018. No entanto,
lhão e US$ 1,25 bilhão na empresa com sede em San Fran- um dos segmentos que continuará sendo chave é a tec-
cisco, cujo valor atual é de US$ 69 bilhões, segundo uma nologia Intacta RR2 PROTM para a soja da América do Sul.
fonte ligada ao assunto. O acordo com a Bayer envolve o volume financeiro de
Como medida de investimento secundário, o grupo ja- US$ 57 bilhões e deverá criar o maior fornecedor mundial
ponês lançaria uma oferta pública para comprar entre 14% de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.
e 17% das ações em circulação de grandes investidores, Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
segundo a fonte.
As alterações na política de gestão aprovadas pela PREÇO DA CESTA BÁSICA DE MANAUS REDUZ
diretoria, que dependem do investimento do SoftBank, 0,70% E FICA EM R$ 355,47 EM SETEMBRO
incluem a eliminação do “super-voto” de algumas ações, COM QUEDA DO VALOR DA CESTA, MANAUS PAS-
como as controladas por Kalanick, visando limitar a in- SOU A OCUPAR A 14° COLOCAÇÃO NO RANKING DAS
fluência dos fundadores do Uber. CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS DO PAÍS.
Também há a exigência de mais de dois terços dos
votos da diretoria para a aprovação de um novo diretor O custo da cesta básica de Manaus diminuiu em re-
-executivo. lação ao mês anterior ficando em R$ 355,47, de acordo
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 com pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com
LUCRO DA MONSANTO CRESCE 70% NO ANO FIS- a queda do valor da cesta, Manaus passou a ocupar a 14°
CAL DE 2017, PARA US$ 2,26 BILHÕES colocação no ranking das cestas básicas, dentre as 21 ca-
COMPANHIA ATRIBUIU MAIORES VENDAS A À pitais onde, atualmente é realizada. Açúcar (-9,60%) foi o
ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A SOJA NA produto que apresentou maior queda no mês seguido da
AMÉRICA E AOS PREÇOS GLOBAIS DO MILHO. farinha (-6,74%).
O preço da cesta básica de Manaus, composta por 12
A norte-americana Monsanto reportou lucro líquido produtos, teve variação de -0,70% em relação ao mês de
de US$ 2,26 bilhões no ano fiscal de 2017, encerrado em agosto. No mês anterior o conjunto de itens alimentícios
31 de agosto, resultado cerca de 70% maior em compara- essenciais custava R$ 357,97. Em setembro de 2016 a cesta
ção com US$ 1,33 bilhão registrados em 2016. básica custou R$ 401,44 e a variação acumulada nos últi-
mos doze meses ficou em -11,45%.
9
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
10
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A cidade é uma das últimas grandes localidades do Como um ex-congressista republicano disse ao jornal
Iraque sob controle do EI, depois que os extremistas foram “The New York Times” em 2013: “Esse foi o único grupo
expulsos nos últimos meses de grande parte dos territó- em que eu disse: ‘Enquanto estiver no cargo, não vou me
rios que dominavam desde 2014. opor à NRA’”.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Será que isso pode mudar?
Os grupos pró-controle de armas, apoiados por ri-
CINCO RAZÕES PELAS QUAIS AS LEIS SOBRE AR- cos benfeitores como o ex-prefeito de Nova York Michael
MAS NÃO MUDAM NOS ESTADOS UNIDOS Bloomberg, se tornaram mais organizados nos últimos
APESAR DE ONDA DE CLAMORES POR MAIOR anos, tentando igualar o poder político da NRA. Mas en-
CONTROLE DE ARMAS TODA VEZ QUE HÁ UM MAS- quanto os defensores das armas continuarem a acumular
SACRE COMETIDO POR UM ATIRADOR, EM ÂMBITO vitórias legislativas e eleitorais, eles serão dominantes.
FEDERAL, PELO MENOS, QUASE NÃO HOUVE AVANÇO 2. Demografia do Congresso
NESSA DIREÇÃO EM DÉCADAS. As tentativas mais recentes de aprovar novas leis fede-
rais que regulassem as armas de fogo fracassaram antes
Se a história soa familiar é porque uma dinâmica pa- mesmo de começar, bloqueadas na Câmara dos Deputa-
recida tem se repetido nos últimos anos toda vez que um dos dos EUA - que está nas mãos dos republicanos desde
novo incidente envolvendo violência armada ganha as 2011.
manchetes nos EUA. Em junho de 2016, um grupo de políticos democratas
Após o massacre em Las Vegas, em que 58 pessoas organizou um ato na Casa para protestar contra a decisão
foram mortas e mais de 500 feridas por um único atirador, da liderança republicana de não colocar em votação dois
ativistas novos e antigos foram a público pedir leis que projetos de lei sobre o tema.
restrinjam a aquisição e o porte de armas. A Câmara tende aos direitos pró-armas pela mesma
Em âmbito federal, pelo menos, os clamores por uma razão que levou o Partido Republicano a dominá-la recen-
nova legislação não levaram a quase nenhuma ação em temente - por causa da forma como os distritos são distri-
buídos por cada Estado (através de legislações estaduais),
décadas, apesar de inúmeras pesquisas mostrando apoio
o partido tem conseguido mais “assentos seguros” e uma
público generalizado a medidas como reforço na checa-
proporção de cadeiras bem maior do que a indicada pelos
gem de antecedentes e proibição de armas de alto poder
votos absolutos recebidos.
letal, como fuzis de assalto.
Os representantes desses distritos costumam respon-
Com um índice tão alto de vítimas fatais desta vez, no
der diretamente à vontade de seus eleitores fiéis - aque-
ataque em Las Vegas, talvez a pressão por mudança seja
les que votam em eleições primárias do partido - e que
maior. Mas aqui estão cinco grandes obstáculos que exis-
não querem ser contrariados, principalmente em questões
tem nesse caminho.
controversas como o direito de portar armas.
1. A Associação Nacional do Rifle
A demografia também desempenha um papel no sen-
A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em in- timento pró-armas na Casa, já que existem mais distritos
glês) é um dos grupos de interesse mais influentes da po- rurais com níveis mais altos de posse de armamentos que
lítica americana - não apenas por causa do dinheiro gasto urbanos. Ou seja: alcançar uma maioria pró-controle nas
com lobby, mas também por causa do engajamento de áreas urbanas é pouco para mudar essa realidade política
seus cinco milhões de membros. na Câmara.
A entidade se opõe à maioria das propostas para for- A não ser que ocorra uma migração em massa de libe-
talecer a regulamentação de armas de fogo e está por trás rais urbanos sonhando com uma vida no campo, os dados
de esforços em âmbitos federal e estadual para reverter demográficos continuarão como estão.
várias restrições a propriedade de armas. No entanto, têm havido esforços para dar uma re-
Em 2016, a NRA gastou US$ 4 milhões em lobby e presentação mais justa na distribuição e apontamento de
contribuições diretas a políticos, assim como mais de US$ distritos. Barack Obama fez disso um de seus objetivos
50 milhões em campanhas políticas, incluindo cerca de pós-presidência, e a Suprema Corte atualmente está ana-
US$ 30 milhões para eleger o presidente Donald Trump. lisando um questionamento legal aos distritos legislativos
O orçamento anual global da associação gira em tor- de Wisconsin, que dão uma nítida vantagem aos republi-
no de US$ 250 milhões, distribuídos entre programas edu- canos. Mas não será fácil conseguir alguma mudança ex-
cacionais, centros ligados ao uso de armas, eventos para pressiva.
associados, patrocínios, assessoria legal e esforços afins. 3. Tática de obstrução
Mas para além dos números, a NRA tem construído Se um projeto de lei de controle de armas conseguis-
reputação em Washington como uma força política capaz se sair da Câmara dos Deputados, ainda enfrentaria um
de fazer ou derrubar até mesmo os políticos mais fortes. desafio no Senado, onde também pesa a divisão rural-ur-
A associação classifica os políticos de acordo com seus bana. Os Estados dominados pelos eleitores das grandes
votos e aloca seus recursos e os de seus membros - tanto cidades, como Nova York, Massachusetts ou Califórnia,
financeiros quanto organizacionais - para apoiar seus de- são superados em número por Estados rurais e do sul com
fensores mais ferozes e derrotar adversários. sentimentos pró-armas.
11
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
12
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Quando a reportagem se aproximou do balcão, um “Mesmo sabendo que isso não é o importante neste
jovem atendente de barba interrompeu uma explicação momento, pedimos que as pessoas deixem sua raiva onde
sobre as pistolas da vitrine e se adiantou, apontando para ela está em vez de ameaçar e machucar outras pessoas.”
uma equipe de chineses que carregavam câmaras com A loja vem recebendo ataques em comentários e ava-
lentes enormes. “Você é um deles?” liações no Google e em portais especializados. “Ótimo lu-
Antes da resposta, o homem estendeu um papel gas- gar para se abastecer para um assassinato em massa”, diz
to com o email de Famiglietti, também vice-presidente da um recente.
Coalizão de Armas de Fogo de Nevada, ligada a Associa- Por dentro da loja
ção Nacional do Rifle - principal grupo lobista pró-arma- A tensão, entretanto, não parece ter abatido as ven-
mento dos Estados Unidos e doador de US$ 30 milhões das. Nas duas horas em que a reportagem esteve presente,
para a campanha de Donald Trump à Presidência. duas pistolas foram vendidas, além de vários acessórios e
Do lado de fora, um homem magro na casa dos 60 materiais de proteção.
anos, notando a frustração deste repórter, pede um isquei- Atrás do balcão, pai e filho perguntavam sobre um fu-
ro e diz que “o dono (da loja) está aí, sim, vem todos os zil belga, vendido por US$ 2.549 (R$ 7,9 mil).
dias. Mas não quer falar pessoalmente com jornalistas”. “Que caro, pai!”, disse o menino. Ambos se interessa-
‘Não era a intenção’ ram mais por uma Colt semiautomática (US$ 1059, equi-
Famiglietti proibiu pessoalmente todos os funcioná- valente a R$ 3,3 mil).
rios e funcionárias de responder a qualquer pergunta da Pelo menos 200 armas ficam em exposição no estabe-
imprensa. lecimento, que abre de domingo a domingo.
Deu ordem para que informassem a todos que apenas As prateleiras não têm só armas, silenciadores e mu-
ele, o presidente da New Frontier Armory, seria a fonte nição.
para perguntas sobre o ocorrido. Também são vendidas camisetas como a que diz “Apo-
A reportagem esperou duas horas até que um alerta calipse Zumbi - ajudando os vivos a continuarem vivos e
no celular mostrasse uma resposta em formato de nota os mortos a continuarem mortos”.
oficial, na qual Famiglietti confirmava que o atirador Ste- Uma série de DVDs da marca “Táticas Vikings, feita de
phen Paddock, que se suicidou quando a polícia estava guerreiros para guerreiros” ocupa uma prateleira inteira e
prestes a arrombar seu quarto, havia comprado “várias ar- ensina desde fundamentos básicos para tiros de carabina
mas de fogo” ali no início do ano. e rifle, até dicas para acompanhar animais de caça sem ser
Ele fez apenas uma visita à New Frontier Armory. percebido.
O texto também ressaltava que todos os requisitos No caixa, um recipiente plástico com uma espécie de
locais, estaduais e federais haviam sido preenchidos pelo crânio guardava chocolates. A reportagem quis provar um
atirador, e apontava que, desde o evento, a loja vinha co- e não conteve o susto ao tirar o bombom: “Bang! Você
laborando “de todas as maneiras possíveis” com as inves- está morto”, “disse” a caveira.
tigações do FBI. Nas paredes, alvos de tiro em formato humano se
As respostas técnicas satisfizeram boa parte da im- enfileiram por 99 centavos de dólar. Um deles, chamado
prensa americana, que vem repetindo as aspas de Fami- “homem mau”, retrata um homem com cara de poucos
glietti à exaustão. amigos apontando uma pistola.
Mas os jornais acabaram deixando de lado trechos ‘Armas alteradas’
mais pessoais do texto. Após receber a nota oficial, a reportagem retornou o
“Não vendemos estas armas com a intenção de que email de Famiglietti de dentro da loja, perguntando se po-
ele pudesse machucar alguém de qualquer maneira, caso deria tirar mais algumas dúvidas.
se prove que ele usou essas armas específicas neste crime “Responderei com prazer”, respondeu o proprietário
terrível”, diz o proprietário. em poucos minutos.
Ele prossegue: “Seria como se culpassem o hotel Man- As novas perguntas se referiam a um eventual “estig-
dalay Bay por alugar um quarto (para ele), ou as autorida- ma”, destacado por veículos de imprensa americanos, que
des por nos darem permissão para fornecer a arma - isso defensores do armamento estariam enfrentando após o
obviamente não foi feito com intenções maldosas.” maior assassinato em massa da história do país.
Famiglietti também diz, na nota enviada à reportagem, Após o episódio, políticos do partido Democrata vêm
que ele e seus funcionários vêm sendo alvos de ameaças e pressionando o governo por leis federais mais exigentes
difamação desde o massacre. no controle de vendas de armas e acessórios - algo que o
“Desde que saiu a notícia de que nós somos uma das presidente Trump voltou a se recusar a comentar em visita
várias lojas onde Paddock comprou armas de fogo nesta rápida a Las Vegas na terça-feira.
área, eu e meus empregados estamos recebendo mensa- A BBC Brasil também perguntou qual era o perfil dos
gens de ódio com ameaças, telefonemas e SMSs ameaça- clientes da loja e se há planos de mudanças ou reforços
dores”, diz. nas verificações feitas sobre quem pretende comprar ar-
mamento.
13
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
As respostas, até a publicação desta reportagem, não Ainda no hospital presidente cumprimentou médicos
haviam chegado. e responsáveis pelo primeiro atendimento no dia do ata-
Na única nota enviada, o dono da loja também afir- que e agradeceu ao trabalho deles. Trump disse que co-
mou que as armas vendidas ao atirador “não saíram do nheceu “algumas das pessoas mais incríveis” e convidou
estabelecimento com a capacidade de fazer o que vimos e alguns dos profissionais a visitá-lo em Washington. “É de
ouvimos, sem modificações”. deixar qualquer um muito orgulhoso por ser americano
“Não eram armas completamente automáticas e não quando vemos o trabalho que eles fizeram”, comentou.
haviam (sido) modificadas de nenhuma forma (legal ou Trump se reuniu ainda com policiais, membros de
ilegal) quando compradas de nós.” equipes de emergência e cidadãos civis que ajudaram a
Desde que o Congresso americano aprovou a Lei de socorrer vítimas no domingo, a quem também elogiou.
Proteção dos Proprietários de Armas de Fogo, em 1986, o “Vocês mostraram ao mundo e o mundo está assistindo, e
acesso de civis a armas novas e totalmente automáticas se vocês mostraram o que é profissionalismo”.
tornou extremamente restrito. Na sede da Polícia Metropolitana de Las Vegas, ele fez
Milhares de armas consideradas “de direito adquirido” uma declaração à imprensa, na qual disse que “os EUA são
- fabricadas e registradas antes de 1986 - ainda podem verdadeiramente um país em luto”.
ser compradas, mas por preços bastante altos e com ne- “Não podemos ser definidor pelo mal que nos ameaça
cessidade de aprovação pelo Escritório de Álcool, Tabaco, ou pela violência que incita esse terror. Somos definidos
Armas de Fogo e Explosivos do governo americano, em por nosso amor, nosso cuidado e nossa coragem”, afirmou.
Washington. O chefe de Estado americano classificou o massacre
A polícia americana diz que o atirador usou um aces- como “ato de pura maldade” no primeiro pronunciamento
sório legal em 12 de seus rifles semiautomáticos para que que fez após um atirador atingir a multidão. Nesse pri-
eles pudessem disparar centenas de rodadas por minuto. meiro discurso, Trump não fez nenhuma referência a um
Os dispositivos foram encontrados no quarto de Pad- aumento no controle na venda de armas. Desde a campa-
dock no hotel Mandalay Bay - junto a um total de 23 armas nha eleitoral de 2016, ele está alinhado com a postura da
Associação Nacional de Rifles (NRA).
de fogo.
Nesta quarta, questionado por jornalistas, Trump vol-
Os “bump-stocks”, ou adaptadores deslizantes de
tou a evitar a discussão sobre controle de armas e disse
fogo”, permitem que os rifles semiautomáticos disparem
mais uma vez que este não é o momento apropriado para
a uma velocidade semelhante à de uma metralhadora - e
discutir a questão.
podem ser comprados sem as checagens exigidas para a
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
compra de armas automáticas.
De acordo com o site de vendas online da loja, o pro-
GÁS SARIN É ENCONTRADO NAS ROUPAS DAS
duto não é comercializado pela New Frontier Armory.
ACUSADAS PELA MORTE DO IRMÃO DE KIM JONG-UN
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
KIM JONG-NAM MORREU 20 MINUTOS DEPOIS DE
SER ATINGIDO NO ROSTO PELO AGENTE NEUROTÓXI-
TRUMP VISITA SOBREVIVENTES DE MASSACRE DE CO VX, UM TIPO ALTAMENTE LETAL DO GÁS SARIN.
LAS VEGAS
ATIRADOR MATOU 58 PESSOAS E DEIXOU MAIS DE Vestígios de um tipo altamente letal do gás sarin, o
500 FERIDAS DURANTE FESTIVAL DE MÚSICA COUN- agente neurotóxico VX, foram encontrados nas roupas das
TRY NO DOMINGO (2).’EUA SÃO VERDADEIRAMENTE duas acusadas pelo assassinato na Malásia do meio-irmão
UM PAÍS EM LUTO’, DISSE PRESIDENTE, QUE ELOGIOU do líder norte-coreano, afirmou um químico durante o jul-
MÉDICOS E POLICIAIS E TEVE ENCONTRO PRIVADO DE gamento.
90 MINUTOS COM VÍTIMAS. Esta é a 1ª prova que vincula diretamente as duas mu-
lheres ao agente neurotóxico VX, considerado uma arma
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, es- de destruição em massa.
teve nesta quarta-feira (4) em Las Vegas para se encontrar No dia 13 de fevereiro, Kim Jong-Nam, meio-irmão
com sobreviventes do maior ataque a tiros da história dos do líder norte-coreano Kim Jong-Un, morreu 20 minutos
Estados Unidos. Um atirador matou 58 pessoas e deixou depois de ser atingido no rosto por este produto quando
mais de 500 feridas durante um festival de música country estava no aeroporto internacional de Kuala Lumpur.
no domingo (2). A indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Thi Huong, acu-
Acompanhado da primeira-dama, Melania, o presi- sadas pelo crime, estão sendo julgadas desde segunda-
dente visitou um hospital para conversar com vítimas e feira na Alta Corte de Shah Alam, subúrbio de Kuala Lum-
médicos que trabalharam no atendimento às vítimas. O pur, onde fica o aeroporto.
casal passou 90 minutos em um encontro privado com as “Encontramos VX na camisa sem mangas de Siti Ais-
vítimas e suas famílias, sem cobertura da imprensa. yah”, declarou o químico Raja Subramaniam durante seu
depoimento nesta quinta-feira como testemunha.
14
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A camisa usada por Huong tinha VX em estado puro e PRESIDENTE DA CATALUNHA PEDE MEDIAÇÃO
uma substância usada para fabricar veneno. Também havia PARA RESOLVER CRISE COM GOVERNO ESPANHOL
vestígios de veneno em suas unhas, completou. CARLES PUIGDEMONT CONTINUA DEFENDENDO
As imagens das câmeras de segurança do aeroporto APLICAÇÃO DE REFERENDO INDEPENDENTISTA. GO-
mostram o momento em que as duas mulheres se aproxi- VERNO CATALÃO DEVE DECLARAR INDEPENDÊNCIA
maram de Kim antes de jogar o líquido em seu rosto. NA PRÓXIMA SEGUNDA, DIZ FONTE.
As duas foram detidas pouco depois do assassinato e
podem ser condenadas à pena de morte. O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigde-
Na abertura do julgamento, na segunda-feira, as duas mont, afirmou nesta quarta-feira (4) que a crise envolven-
se declararam inocentes. Ao longo da investigação, elas do esta região autônoma e o governo espanhol precisa de
negaram que desejavam cometer um assassinato e afirma- uma mediação, sem voltar atrás na sua defesa pela aplica-
ram que foram enganadas, que acreditavam estar partici- ção do resultado do referendo independentista do último
pando de um programa de televisão do tipo “pegadinha”. domingo.
Os advogados de defesa afirmam que os culpados são “Este momento precisa de mediação. Recebemos inú-
norte-coreanos que fugiram da Malásia. meras propostas nas últimas horas e vamos receber mais.
A Coreia do Sul acusa o Norte de ter organizado o as- Todas elas sabem que estou pronto para iniciar um proces-
sassinato, o que Pyongyang nega. Kim Jong-Nam criticava so de mediação”, afirmou. “Vou repetir quantas vezes for
o regime norte-coreano e vivia no exílio. necessário: diálogo e acordo são parte da cultura política
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 do nosso povo. No entanto, o Estado não deu nenhuma
resposta positiva a essas ofertas”, acrescentou.
APÓS PRISÃO NO BRASIL, ITÁLIA NEGOCIA EX- Os dirigentes catalães garantem que venceram o refe-
TRADIÇÃO DE BATTISTI rendo com 90% dos votos – 2,02 milhões de apoios sobre
CESARE BATTISTI FOI PRESO NESTA QUARTA EM um censo de 5,3 milhões de eleitores – e agora querem
CORUMBÁ. ELE FOI CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA declarar a independência de maneira unilateral. O governo
NA ITÁLIA. catalão liderado por Carles Puigdemont parece disposto a
declarar unilateralmente a independência, o que poderia
O governo italiano confirmou, sua vontade de obter acontecer já na próxima segunda-feira (9), durante uma
do Brasil a extradição do ex-militante de extrema-esquer- sessão do Parlamento regional, de acordo com uma fonte
da Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e do governo.
detido ontem na fronteira brasileira com a Bolívia. “No último domingo conseguimos fazer um referendo
Battisti foi preso nesta quarta em Corumbá, cidade diante de um oceano de dificuldades e de uma repressão
fronteiriça com a Bolívia, levando mais de R$ 10 mil em sem precedentes. Ontem demos um exemplo no respeito
dinheiro sem declarar à Polícia Federal. É suspeito de co- à greve-geral. E nos próximos dias voltaremos a mostrar a
meter crime de evasão de divisas. melhor cara do nosso país quando as instituições da Cata-
“Hoje trabalhamos com o embaixador (italiano no lunha terão que aplicar o resultado do referendo”, disse o
Brasil, Antonio) Bernardini para trazer Battisti para a Itália presidente catalão.
e entregá-lo à Justiça. Continuamos trabalhando com as Centenas de policiais intervieram em centros de vo-
autoridades brasileiras”, declarou o ministro italiano das tação, utilizando cassetetes para dispersar os militantes
Relações Exteriores, Angelino Alfano. concentrados na frente desses espaços para protegê-los e
Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Co- conseguir realizar a votação. Mais de 800 pessoas ficaram
munismo, Battisti, hoje com 62 anos, foi condenado à pri- feridas. O governo espanhol considera o referendo ilegal,
são perpétua na Itália por quatro homicídios ocorridos na alegando que a Constituição declara que o país é indivi-
década de 1970 e fugiu para o Brasil em 2004, onde viveu sível.
na clandestinidade. Foi detido no Rio de Janeiro em 2007. Durante seu pronunciamento, Puigdemont criticou o
Dois anos depois, a pedido do país europeu, o Supre- rei Filipe VI, que em seu discuso “ignorou as pessoas que
ma Tribunal Federal autorizou sua extradição, que foi ne- foram vítimas de violência policial”.
gada em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da “O rei faz dele o discurso e as políticas do governo de
Silva. Mariano Rajoy, que têm sido catastróficos em relação à
Desde 2007, Battisti ficou detido por quatro anos an- Catalunha, e ignora deliberadamente a milhões de cata-
tes de ser posto em liberdade em junho de 2011. lães que não pensamos como eles”, afirmou o presiden-
O último pedido de extradição por parte da Itália foi te catalão, dizendo que “não podemos compartilhar nem
em 25 de setembro e, segundo a imprensa italiana, o pre- aceitar” a mensagem do rei.
sidente Michel Temer teria-se mostrado favorável, o que Nesta terça, o rei criticou a conduta dos líderes cata-
pode ter motivado a “tentativa de fuga” de Battisti para a lães, dizendo que eles violaram as leis do Estado espanhol
Bolívia. e demonstraram uma “deslealdade inadmissível”.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
15
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos Timmermans evitou responder, durante o discurso, os
últimos 40 anos, desde que o executivo separatista cata- pedidos das autoridades catalãs por uma “mediação inter-
lão decidiu organizar este referendo de autodeterminação nacional”, reiterando a demanda da UE “a todos os atores
apesar de sua proibição. pertinentes a avançar para passar do confronto ao diálo-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 go”.
“Isto é um assunto interno da Espanha, que deve ser
UNIÃO EUROPEIA PEDE DIÁLOGO NA CATALUNHA, resolvido com base no âmbito constitucional espanhol”,
MAS DEFENDE MADRI reiterou o vice-presidente da Comissão, que reproduz,
‘CHEGOU O MOMENTO DE ENCONTRAR UMA SAÍ- assim, os principais argumentos do governo espanhol do
DA PARA O BECO SEM SAÍDA’, DIZ AUTORIDADE EU- primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy.
ROPEIA. DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DA CA- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
TALUNHA PODE SER FEITA NA PRÓXIMA SEGUNDA,
SEGUNDO FONTE. VIOLÊNCIA
A Eurocâmara pediu “diálogo”, nesta quarta-feira (4), JUSTIÇA NEGA LIBERDADE E MANTÉM PRISÃO DE
diante da crise aberta na Espanha com o referendo de MOTORISTA QUE MATOU 3 NA MARGINAL TIETÊ
independência na Catalunha, ao mesmo tempo em que TJ NEGOU NESTA SEMANA HABEAS CORPUS FEITO
a Comissão Europeia justificou o uso da força em alguns PELA DEFESA DE TALITA TAMASHIRO, QUE EM 30 DE
momentos para garantir “a supremacia do Direito”. SETEMBRO ATROPELOU E MATOU VÍTIMAS QUANDO
Os eurodeputados dos principais grupos também pe- DIRIGIA EMBRIAGADA, AO CELULAR E COM CNH SUS-
diram às autoridades da Catalunha que evitem uma decla- PENSA.
ração unilateral de independência, cuja adoção, segundo o
porta-voz dos social-democratas Gianni Pittella “colocaria A Justiça de São Paulo negou nesta semana o pedido
mais lenha na fogueira”. de liberdade feito pela defesa da motorista que atrope-
No entanto, o governo catalão liderado por Carles lou e matou três pessoas na Marginal Tietê. Talita Sayuri
Puigdemont parece disposto a declarar unilateralmente Tamashiro, de 28 anos, foi presa em flagrante no último
a independência, o que poderia acontecer já na próxima dia 30 de setembro por homicídio doloso - quando há in-
segunda-feira (9), durante uma sessão do Parlamento re- tenção ou se assume o risco de matar - e embriaguez ao
gional, de acordo com uma fonte do governo. volante.
“Chegou o momento de dialogar, de encontrar uma Na madrugada daquele sábado, Talita saiu embriaga-
saída para o beco sem saída, de trabalhar dentro da ordem da da balada Villa Mix, na Vila Olímpia, Zona Sul da capi-
constitucional da Espanha”, declarou em nome da Comis- tal, pegou seu Honda Fit verde, mesmo com a carteira de
são seu vice-presidente, Frans Timmermans, durante um habilitação suspensa, e dirigiu o veículo enquanto usava
debate convocado pela Eurocâmara sobre a situação na o celular.
Catalunha, após a resposta policial de Madri para impedir Na sequência, ela bateu o veículo em uma BMW pre-
a celebração do referendo do último domingo (1º). ta, estacionada no acostamento da via expressa, altura da
As imagens da atuação policial no domingo na Catalu- Ponte dos Remédios da marginal, sentido Rodovia Ayrton
nha, com apreensão de urnas e agressões contra pessoas Senna. Na colisão, atropelou o fisioterapeuta Raul Fernan-
que desejavam votar no referendo de independência con- do Nantes Antonio, de 48, a auxiliar administrativa Aline
siderado ilegal, obrigaram a UE a fazer um pronunciamen- Jesus Souza, 28, e a gerente de estacionamento Vanessa
to além de sua habitual resposta de considerar a situação Lopes Relva, também de 28. O trio morreu no local.
um “assunto interno” da Espanha. O G1 não conseguiu localizar o advogado Eduardo
Timmermans, autoridade europeia sobre o Estado de Siano, que defende Talita, para comentar a decisão liminar
Direito e a Carta de Direitos Fundamentais, afirmou que “a do desembargador Newton Neves, da 16ª Câmara de Di-
violência não resolve nada na política”, mas destacou que reito Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que
“todos os governos têm que respeitar a supremacia do Di- na última terça-feira (3) negou o habeas corpus em caráter
reito e isto exige, às vezes, um uso proporcional da força”. liminar feito pela defesa da motorista.
‘Consenso’ Siano havia pedido para o TJ reverter a tipificação cri-
“Há um consenso geral de que o governo regional da minal de homicídio doloso para homicídio culposo, no
Catalunha optou por ignorar a lei ao organizar o referendo qual não há intenção de matar, e, desse modo, soltasse
celebrado no domingo passado”, o qual havia sido proibi- sua cliente para que ela respondesse ao processo em li-
do pela Justiça espanhola, completou o vice-presidente da berdade.
Comissão, para quem a União Europeia é uma “comunida-
de baseada no Direito”.
16
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
17
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
18
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
COMO ANIMAIS DA COSTA DO JAPÃO FORAM PA- “Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão
RAR NOS EUA - GRAÇAS A UM TSUNAMI que estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na
ONDAS GIGANTES ARRASTARAM CENTENAS DE verdade, me surpreenderia se não houvesse”.
OBJETOS PARA O MAR -- DE PEQUENOS PEDAÇOS DE O elemento chave que tornou isso possível, de acordo
PLÁSTICO A BARCOS DE PESCA --, QUE SERVIRAM DE com os pesquisadores, é a presença na água de plástico,
TRANSPORTE PARA CENTENAS DE ESPÉCIES DE CRIA- fibra de vidro e outros produtos que não se decompõem.
TURAS MARINHAS. “A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo
em comparação com a natureza duradoura do plástico”,
Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas disse Carlton.
japonesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o “Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse
Oceano Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco
de 2011. literalmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos
Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famí- agora é fornecer a essas espécies jangadas bastante dura-
lias de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, douras, mudamos a natureza de seus barcos”.
muitas vezes pegando carona em resíduos plásticos. Movendo-se muito mais devagar do que as embar-
Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que cações, as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram
muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies tempo às espécies para se adaptar gradualmente ao seu
desembocando nas praias ainda em 2017. novo ambiente, tornando mais fácil a reprodução e para
Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nor- suas larvas se prenderem aos detritos.
deste do Japão, desencadeando um enorme tsunami que Os pesquisadores estão preocupados com o fato de
atingiu quase 39 metros de altura, varrendo a costa do que, com tanto plástico nos oceanos, e com a mudança
país. Mais de 15 mil pessoas morreram. climática tornando os ciclones e as tempestades mais in-
As ondas gigantes arrastaram centenas de objetos tensas, a ameaça de invasão de espécies marinhas nunca
para o mar - de pequenos pedaços de plástico a barcos foi tão grande. A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra
de pesca. o impacto que esse transporte pode ter.
Um ano depois, os cientistas começaram a encontrar “Não há nada comparável em escala do que já vimos
destroços do tsunami, com criaturas vivas agarradas a eles, antes na história da ciência do mar”, afirmou Carlton.
desembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, do Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
Alasca à Califórnia.
“Centenas de milhares de criaturas foram transporta- NOVA ESPÉCIE DE RATAZANA GIGANTE É DESCO-
das e chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí BERTA POR CIENTISTA AUSTRALIANO
- a maioria dessas espécies nunca esteve no nosso radar QUATRO VEZES MAIOR QUE ROEDORES COMUNS,
como seres transportados pelo oceano em detritos mari- A RATAZANA SOBE EM ÁRVORES E CHEGA A MEIO ME-
nhos”, afirmou à BBC James Carlton, do Williams College e TRO DE COMPRIMENTO.
Mystic Seaport, principal autor do estudo.
“Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser Uma nova espécie da roedor, quatro vezes maior que
que algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. o comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano
Não ficaria surpreso se um pequeno barco de pesca japo- Pacífico.
nês perdido em 2011 aparecesse 10 anos após o evento”. O animal, que chega a atingir quase meio metro de
A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu comprimento, vive entre as árvores e se alimenta de casta-
289 espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são nhas que abre com seus dentes.
os mais comuns, mas há também caranguejos, mariscos, As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrália, já têm ou-
anêmonas e estrelas do mar. tras oito espécies de ratazanas, mas essa é a primeira nova
Os cientistas ainda estavam identificando novas espé- descoberta em 80 anos.
cies quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis anos Da mesma família de ratos e camundongos (Muridae),
após o tsunami. a nova espécie, chamada Uromys vika, já fazia parte do
De acordo com os pesquisadores, muitas outras es- folclore da ilha.
pécies provavelmente fizeram a jornada e até agora não Escondidos nas árvores
foram descobertas. Atualmente, nenhuma colônia de in- A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é
vasores foi estabelecida, mas a equipe acredita que isso biologicamente isolada.
pode acontecer. A maioria dos mamíferos que vivem lá não é encontra-
“Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Ore- da em nenhum outro lugar do planeta.
gon, ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem “Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me
viver tanto tempo, em condições tão difíceis”, disse John contaram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam
Chapman, da Universidade de Oregon, coautor do estudo. de vika, que vivia nas árvores”, diz Tyrone Lavery, biólogo
australiano que fez a descoberta.
19
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisa- O novo pedaço de gelo flutua na baía de Pine Island, no
dor associado da Universidade de Queensland, na Austrália, mar de Amundsen, e tem 185 km² -- cerca de duas vezes a
ele procurava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia con- área da capital do Espírito Santo, Vitória. Ele é maior do que
seguido encontrá-lo. o iceberg descoberto em janeiro deste ano na mesma região,
“Comecei a me questionar se era realmente uma espeé- mas menor do que o descoberto em julho de 2015 (225 km²).
cie diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando Larsen C
os ratos normais de ‘vika’”, conta ele. Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores
Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambien- já registrados, se desprendeu em outra região da Antártica, a
tal viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros Larsen C. O anúncio foi feito em julho deste ano por cientis-
derrubada por lenhadores. tas da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo Os cientistas estudavam o bloco de gelo há muitos anos.
para o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era Os olhares voltaram à região após notar as rupturas da plata-
um pesquisador associado. forma de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Larsen
“Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo C é a maior plataforma de gelo da Antártica e o pedaço que
de diferente”, diz ele. se desprendeu tem 5.800 km².
“Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Sa- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
lomão, e olhando as características do crânio, consegui ex-
cluir boa parte das espécies imediatamente.” JOVENS PERCORREM CIDADES EM NAVIO PARA
Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era ALERTAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
uma nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika.
O rato recém descoberto tem um longo e escamoso Ashwa Faheem é uma repórter fotográfica de 26 anos
rabo, que os pesquisadores acreditam que o ajuda a se que nasceu nas Ilhas Maldivas, uma das nações-ilha do Pací-
agarrar quando passa de uma árvore para outra. fico, lugar paradisíaco, ideal para quem pensa numa viagem
Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as turística para descansar e observar a natureza. Para Ashwa,
ilhas em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles
porém, este lado quase celestial de sua terra é apenas uma
evoluiram para ter dentes grandes e afiados que usam, de
faceta, distante de sua rotina. Ela já convive também, des-
acordo com a população local, para mordiscar castanhas e
de pequena, com outro lado menos divino, digamos assim,
cocoquinhos.
das ilhas em que nasceu e que, de uns tempos para cá, vêm
A espécie provavelmente será classificada de imediato
sofrendo com o aumento dos oceanos, fenômeno causado
como em perigo crítico de extinção devido à ameaça que
pelo aquecimento global:
sofrem da indústria madeireira. Cerca de 90% das árvores
“Nem tudo nas Maldivas é bonito. Quando o nível das
das ilhas já foram derrubadas.
águas sobe, perdemos muita terra. E quando a terra desapa-
“A região onde a espécie foi encontrada é um dos úni-
rece, perdemos recursos, a agricultura e a pesca. Muita gente
cos lugares que ainda têm florestas”, diz Lavery.
“É necessário documentar essa ratazana urgentemente usa a pesca e o turismo para sobreviver. Afeta tudo. É um
e encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, efeito de dominó”.
na ilha de Vangunu, onde a espécie vive.” Para levar essa mensagem mundo afora, aproveitando o
O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publi- momento pré-Conferência do Clima (COP-23), que acontece-
cação científica Journal of Mammalogy. rá em novembro na cidade alemã de Bonn, Ashwa se juntou
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 a um grupo de seis jovens, todos residentes em Pequenos
Estados Insulares em Desenvolvimento, como Maldivas. Eles
NOVO ICEBERG SE DESPRENDE DE GELEIRA NA AN- estão a bordo de um navio da ONG internacional Peace Boat
TÁRTICA, DIZ NASA e estão sendo chamados de “Embaixadores” do clima e da
PEDAÇO DE GELO ESTÁ LOCALIZADO EM REGIÃO paz. Vão visitar sete capitais e acabaram de deixar Lisboa, de
DIFERENTE DE LARSEN C, ONDE ICEBERG GIGANTESCO onde me chegaram as notícias do grupo via jornal “O Público”.
SE SOLTOU COM ANÚNCIO EM JULHO DESTE ANO. Os jovens embaixadores visitarão Barcelona, Nova York,
Edimburgo, Londres, Bordeaux e outras capitais, mas não vi-
Um novo iceberg se desprendeu da região da geleira de rão ao Brasil. Em cada um desses locais vão contar sobre seus
Pine Island, oeste da Antártica. A fotografia acima foi divulgada esforços para se manter num território que vai ser engolido
pela agência espacial americana (Nasa) nesta quarta-feira (27). pelo mar até o fim deste século.
A imagem de cor original foi capturada no último dia 21 Nessa mesma linha de pensamento, o premiê de outra
de setembro pelo satélite Landsat 8 da Nasa. Ela mostra o ilha ameaçada, Fiji, Frank Bainimarama, que também é presi-
início da fenda no centro da plataforma de gelo. dente da COP, saudou os participantes da última Assembleia
De acordo com a agência, essa ruptura produziu o ice- Geral da ONU. Para ele, não há como escapar do fato de que
berg B-44, visível em outras imagens capturadas em 23 de as mudanças climáticas constituem uma ameaça tão grande
setembro pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Euro- para a segurança global como qualquer outra fonte de con-
peia (ESA), com descoberta do analista Matthew Welshans, flito que a humanidade vive hoje. E não há “escolha a ser feita
do Centro Nacional do Gelo nos Estados Unidos (USNIC). entre prosperidade e um clima saudável.
20
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
“Milhões de pessoas já estão em movimento por cau- Selina vai precisar mesmo desse discurso quando o
sa da seca e as mudanças na agricultura ameaçando sua navio Peace Boat chegar a Nova York, o que está previsto
segurança alimentar. Ao longo da história, sabemos que para o mês que vem. Lá ela vai se encontrar com repre-
os seres humanos irão lutar pelo acesso à água. E, a me- sentantes das Nações Unidas, e o pedido não é qualquer
nos que abordemos as causas subjacentes das mudanças coisa: os países-ilha querem uma mudança radical no con-
climáticas, já sabemos que alguns lugares se tornarão in- sumo de combustíveis fósseis do mundo todo para que o
viáveis e outros desaparecerão completamente. Na minha aquecimento se mantenha a 1.5 grau acima do que era na
região, três de nossos vizinhos estão em risco, e é por isso Revolução Industrial. É este o único jeito, afirmam os cien-
que Fiji ofereceu refúgio às pessoas de Kiribati e Tuvalu se tistas, de os impactos não aumentarem de intensidade.
suas casas vierem a se afundar por completo”, disse ele. Além disso, querem também um financiamento. Vão
Fiji já perdeu parte de sua terra agricultável por cau- precisar de dinheiro para enfrentar os problemas causados
sa da salinidade excessiva trazida pelo mar. Bainimarama por furacões, como o Irma, que recentemente atingiu par-
disse que escolheu ser presidente da COP para poder le- te da costa dos Estados Unidos, México e ilhas do Caribe.
var adiante esse recado. Pelas regras das Conferências, já Não vai ser fácil convencer.
que ele é o presidente, a reunião deveria acontecer em Fiji, Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
mas o país não tem condições para sediar um encontro
tão grande, não ofereceria segurança aos líderes. Foi feito, JAPÃO MATA 177 BALEIAS NA COSTA DO PACÍFICO
então, um acordo com a Alemanha, que aceitou receber os PARA ‘FINS CIENTÍFICOS’
conferencistas em Bonn. ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS DE-
“Esse é um exemplo para o mundo de como países NUNCIAM A ALEGAÇÃO JAPONESA.
em extremos opostos da Terra e de meios e tamanho mui-
to diferentes podem trabalhar efetivamente em direção a Os japoneses mataram 177 baleias na costa nordes-
um objetivo comum. Fiji está profundamente consciente te do arquipélago no Pacífico, em uma missão que teria
de que os governos sozinhos não podem enfrentar esse “fins científicos”, segundo anunciou nesta terça-feira (26) a
desafio. É por isso que estamos colocando essa ênfase na agência de pesca japonesa.
noção de uma Grande Coalizão de governos em todos os Três navios especializados em caça às baleias iniciaram
níveis, a sociedade civil, o setor privado e os cidadãos co- a missão em junho e capturaram 43 baleias Minke e 143
muns movendo esta agenda para a frente. Estou dialogan- baleias-sei, de acordo com a agência. Segundo os japo-
do com governadores, prefeitos, líderes de todos os tipos neses, a caça às baleias seria “necessária” para calcular a
em nossas sociedades. Pessoas de fé. Pessoas na linha de quantidade de potenciais capturas a longo prazo, justi-
frente da luta climática. Mulheres. E os jovens, que repre- ficou a agência, que tem como objetivo “retomar algum
sentam o nosso futuro”, continuou o premiê. dia a pesca comercial”, segundo explicou o funcionário da
Todo o discurso de Frank Bainimarama é um forte agência Kohei Ito.
apelo porque ele tem certeza de que é preciso aumentar a O Japão é signatário da moratória da caça às baleias
resiliência de seu país contra as tormentas que virão pela da Comissão Baleeira Internacional (CBI), mas afirma que
frente, cada vez mais fortes. Para isso, quer juntar socieda- recorre à medida com fins de pesquisa, no Pacífico e na
de civil, empresários e governos. Para isso, conta também Antártica. As organizações de defesa das baleias denun-
com a performance dos jovens que estão navegando no ciam a alegação japonesa, assim como vários países, que
Peace Boat. De fato, não há como ficar imune a depoimen- consideram que Tóquio utiliza de maneira desonesta uma
tos como o de Selina Leem, que na COP-21, em Paris, foi a exceção da proibição da caça aos cetáceos, de 1986.
mais jovem delegada. No encerramento do encontro, ela Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça exigiu de
emocionou a todos com suas palavras: Tóquio o fim da caça às baleias no Atlântico, por conside-
“Tenho 18 anos e desde que nasci fico muito nervosa rar que os japoneses não cumpriam os critérios científicos
quanto à minha casa. Hoje estou ainda mais. O meu país exigidos. O Japão cancelou a temporada de caça de inver-
é muito afetado pela subida do nível das águas. Quando a no de 2014-2015, mas retomou a pesca no ano seguinte.
água sobe, arrasta-se por todo o lado. Toda a ilha é inun- Confrontos entre baleeiros japoneses e defensores
dada.” dos animais
Hoje com a equipe do Peace Boat, a jovem deu en- O Oceano Antártico já foi cenário de confrontos entre
trevista à reportagem do jornal “O Público” e listou o que, baleeiros japoneses e defensores dos cetáceos. No mês
para ela, pode ser feito para acabar com seu problema: passado, a organização ecologista Sea Shepherd anunciou
“Educar as pessoas. Falar com os líderes políticos. Tirar a desistência de tentar impedir a ação dos baleeiros japo-
fotografias. Fazer discursos públicos. Há muitas pequenas neses no Sul, reconhecendo seus próprios limites ante a
coisas que todos podemos fazer”, disse ela. potência marítima nipônica.
21
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A Noruega, que se opôs à moratória de 1986 e consi- O sistema criado por Rock e Pincus exige que as mu-
dera que esta não a afeta, e a Islândia, são os únicos dois lheres sigam com muita atenção seu ciclo de uso, toman-
países no mundo que praticam abertamente a caça co- do a pilula por 21 dias e interrompendo por sete. Caso se
mercial. O Japão tenta provar que a população de cetá- esqueçam de alguma dose, perde-se o efeito anticoncep-
ceos é suficientemente grande para suportar a retomada cional.
da caça comercial. Preocupado com a possibilidade de sua mulher se
O consumo da baleia tem uma longa tradição no Ja- esquecer da pílula diária, um homem chamado David
pão, onde a caça é praticada há muitos séculos. A indústria Wagner, que era pai de quatro filhos, criou em 1961 uma
baleeira teve seu auge depois da Segunda Guerra Mundial. embalagem redonda que permite ver se a mulher está to-
Mas a demanda dos consumidores japoneses caiu consi- mando a pílula corretamente. Várias empresas farmacêuti-
deravelmente nos últimos anos, o que provoca muitos cas copiaram o modelo, que segue popular ainda hoje em
questionamentos sobre o sentido das missões científicas. alguns países.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 A forma de promover essa nova apresentação da pílu-
la revela muito sobre aquela época, como ressaltou a jor-
CIÊNCIA E TECNOLOGIA nalista Leila Ettachfini em um artigo no site Broadly. “Fá-
cil para que você explique... e para que ela use”, dizia um
A SURPREENDENTE RAZÃO PELA QUAL OS INVEN- anúncio de 1964 da empresa Ortho-Novum. Outra publi-
TORES DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL DECIDIRAM cidade, de 1969, da marca Lyndiol dizia aos médicos para
QUE AS MULHERES DEVERIAM CONTINUAR MENS- “proteger sua paciente do próprio esquecimento”.
TRUANDO ‘Nenhuma razão médica’
VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU POR QUE A PÍLULA DEVE Muitos especialistas acreditam que os inventores da
SER TOMADA POR TRÊS SEMANAS E SEU USO, INTER- pílula podiam ter evitado tudo isso -- e não apenas por-
ROMPIDO NA QUARTA? ALGUNS PODEM IMAGINAR que a sociedade finalmente aceitou, com o tempo, que as
QUE SEUS CRIADORES TENHAM FEITO ISSO POR RA- mulheres não precisavam de um homem para lhes explicar
ZÕES MÉDICAS, MAS O MOTIVO NÃO FOI CIENTÍFICO, nada.
MAS CULTURAL. O médico baiano Elsimar Coutinho, coautor do livro
Menstruação, a Sangria Inútil (Gente, 1996), argumenta
A pílula anticoncepcional é considerada por muitos que “a ovulação incessante não cumpre nenhum propósi-
como um símbolo da emancipação feminina ao permitir to” e que as mulheres, se assim quiserem, podem tomar a
a elas ter relações sexuais sem medo de engravidar. No pílula por períodos mais longos para evitar não apenas a
entanto, a história por trás do seu desenvolvimento não gravidez, mas a própria menstruação, que é muitas vezes
teve muito a ver com essa ideia. incômoda e dolorosa.
Por exemplo: você já se perguntou por que o ciclo de O jornalista e sociólogo Malcom Gladwell apoiou essa
uso pílula envolve tomá-la por três semanas e interromper ideia em 2000 em um ensaio publicado na revista “The
o uso (ou adotar um placebo) na quarta semana? Alguns New Yorker” sobre o ciclo de 28 dias idealizado por Rock e
podem imaginar que seus criadores, John Rock e Gregory Pincus dizendo: “Não havia e não há nenhuma razão mé-
Pincus, tenham feito isso por razões médicas, mas o moti- dica para isso”.
vo não foi científico, mas cultural. Coutinho, diz Gladwell, destaca que a menstruação
Rock era um católico devoto, e para ele era importante gera uma série de problemas de saúde que poderiam ser
obter a aprovação do Vaticano. Por isso, ele queria que o evitados ao suprimi-la: dores abdominais, alterações no
sistema anticoncepcional fosse o mais parecido possível estado de ânimo, enxaquecas, endometriose e anemia.
com outro já aprovado pela Igreja Católica, o método rít- Por sua vez, Ettachfini afirmou em seu artigo que na
mico, conhecido popularmente como tabelinha, que con- verdade existem dois anticoncepcionais orais que podem
siste em não fazer sexo no período de ovulação, quando a ser tomados de forma contínua, sem sangramentos men-
mulher está fértil. sais. O Seasonale foi lançado em 2003 e propõe só quatro
Por isso, Rock pensou que, se a pílula emulasse o ciclo menstruações por ano: uma a cada estação. E, em 2007,
natural, poderia ser vista com bons olhos pelo papa. Mas foi aprovada a primeira pílula sem pausas para menstruar,
seu plano fracassou. a Lybrel.
A pílula foi aprovada em 1960 e tornou-se muito po- Críticos
pular, mas a Igreja levou quase uma década para se mani- Ainda que chame atenção o fato de que poucas mu-
festar publicamente e, quando o fez, condenou o método lheres saibam que podem optar por não menstruar, tam-
por considerá-lo “artificial”. bém não há um consenso de que isso seja uma boa ideia.
Esquecimento Há cientistas que inicialmente advertiram não haver
A essa altura, a principal preocupação já não era a Igre- estudos consistentes sobre o efeito para uma mulher de
ja, mas as mulheres. Como se tratava da reprodução (de não menstruar por longos períodos de tempo. Mas espe-
evitá-la, para ser mais preciso), alguns homens se preo- cialistas concordam que isso não gera problemas de saú-
cupavam em deixar essa responsabilidade na mão delas. de.
22
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
23
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Bem-vindo ao mundo do biohacking: um universo Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que in-
onde entusiastas fazem uso da biologia de maneira ama- jetam chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações
dora em resposta a uma curiosidade científica, uma dúvida colocando substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos
pessoal ou um problema coletivo. no próprio corpo. Essa é a vertente do biohacking que
Faça você mesmo acaba chamando mais atenção, mas também atrai críticas
A palavra hacking não é novidade. No Brasil, costuma dentro do movimento.
ser associada à ideia de hackers que invadem computado- “É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam
res e roubam dados, os «piratas de computadores». atenção, mas são minoria. Estamos falando de tecnologias
Mas o conceito de hacking na verdade é muito mais que estão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz senti-
amplo – e não está necessariamente ligado à ações ma- do você colocar em seu corpo um negócio que em pouco
liciosas. Em seu sentido original, significa fazer modifica- tempo vai ficar obsoleto”, diz Andres Ochoa.
ções em sistemas ou programas para obter um recurso Ele argumenta que a grande tendência são as tecno-
que antes não estava disponível, encontrar uma melhoria logias “usáveis”, como relógios inteligentes e circuitos que
ou corrigir um problema. podem ser colados sobre a pele e removidos com facili-
Existe inclusive a chamada “cultura hacker”, uma ideo- dade.
logia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circula- “Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma
ção de informação, descentralização de conhecimento e declaração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que
inovação. tenha uma grande função prática”, diz o biohacker Otto
O hacking também não precisa estar restrito ao mun- Heringer, de São Paulo, que começou a fazer experimentos
do da informática: o biohacking une o universo da biologia como distração e acabou criando uma pequena empresa
com a cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer para criar um novo defensivo agrícola através do desliga-
dizer “do it yourself”, ou “faça você mesmo”. mento de um gene de pragas.
“A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a Um de seus sócios, Erico Perrella, implantou um chip
ciência não precisa se restringir à área da universidade. RFID na mão em 2014 - sua intenção era usar o mecanis-
É ampliar o número de experiências possíveis com me- mo para dar partida em sua kombi, mas o carro acabou
nos recursos”, diz o colombiano Andres Ochoa, consultor vendido, e o chip, que ainda está em sua mão, hoje não
de tecnologia e criador da rede SynTechBio, que reúne tem mais utilidade para ele.
biohackers da América Latina. A rede tem como membros Já dentro do campo das experimentações, as possibi-
pelo menos 14 grupos espalhados pelo continente, três lidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideia de
deles no Brasil. analisar a origem de alimentos, por exemplo, se baseia em
O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja, uma técnica chamada DNA Barcoding (Codigo de Barras
atrai pessoas de áreas como Física, Design, Artes, Compu- de DNA, em tradução livre).
tação e Matemática. “Elas juntam seus conhecimentos à Todo segundo sábado do mês o centro Genspace, em
Biologia para desenvolver projetos”, diz Ochoa. Nova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem
Claro que, assim como hackers de computadores, os suas próprias amostras de alimentos e façam testes do
interessados precisam ter um bom conhecimento no as- tipo. Há quem invista na divulgação científica e nas possi-
sunto para poder se aventurar em ações mais inovadoras. bilidades educacionais da Biologia DIY.
Mas isso não significa ter doutorado em Biotecnologia, diz É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores
a professora Liza Felicori, da Universidade Federal de Mi- do Conector Ciência, iniciativa que visa colocar em conta-
nas Gerais (UFMG). to escolas com métodos de ensino de baixo custo e fazer
“A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o co- os próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para
nhecimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz descobrir a biodiversidade com um microscópio de papel,
experimentos com alunos de ensino médio e eles enten- fazer a automação de luzes com sensores de luminosida-
dem, fazem bem. Conseguem tranquilamente extrair o de, entre outros usos.
DNA de um morango, por exemplo”, afirma ela, que está Outro caminho comum é o desenvolvimento de novos
montando um laboratório aberto para pessoas de fora da materiais, como fez o estudante de Biotecnologia baiano
universidade. Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo
“Muitas vezes, a universidade fica fechada demais em que converte fibra do coco verde em papel reciclável usan-
si mesma. Os jovens não têm os bloqueios de quem lida do métodos caseiros e materiais acessíveis.
com as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo “É um material fibroso genérico que você mistura com
novas soluções.” outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá
Chips e DNA pra fazer telha, piso, tijolo”, explica Alves. “Aqui, o alto con-
Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos sumo de coco é um problema grande, porque eles acabam
focados em fazer experimentos para encontrar soluções; empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue.”
pessoas interessadas em desenvolver e baratear equipa- “Novos materiais são um nicho”, diz Andres Ochoa.
mentos e em montar laboratórios coletivos que possibili- “No Brasil já se trabalha com produção de um tecido eco-
tem esses experimentos; e uma terceira vertente, interes- lógico que parece com couro a partir dos micro-oganis-
sada em modificações corporais tecnológicas. mos que fazem kombucha (uma bebida fermentada).”
24
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Manipular micro-organismos também é muito útil Interessado em baratear equipamentos para esses la-
para tornar alguns tipos de fármacos mais acessíveis. An- boratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu
drés Ochoa participou da fase inicial do projeto Open In- projetos nesse sentido e acabou lançando a start-up [em-
sulin, em que um grupo de 16 biohackers se uniu para criar presa iniciante de tecnologia] Prometheus Science, na Ale-
um protocolo open source (aberto) de insulina - espécie manha.
de instrução que serve de base para a produção da subs- Sua empresa é parte da enorme comunidade criando
tância, usada no tratamento de diabetes, de maneira mais equipamentos baratos e mais acessíveis. “Possibilitando
barata e acessível. O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 que um experimento que custa 100 euros possa ser feito
mil ( R$ 50 mil) no Experiment, uma plataforma de finan- por 3, você quebra um das principais barreiras da ciência,
ciamento coletivo para pesquisas científicas. que é a dificuldade de acesso por causa de dinheiro”, diz
No Brasil, não há legislação específica para “labora- ele.
tórios de garagem”, no entanto, tudo o que é produzido Nós e eles
fica sujeitos à legislação específica para aquele produto. Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Bio-
Remédios, por exemplo, terão de passar por aprovação da logia DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas,
Anvisa antes de serem distribuídos. como sequenciamento de DNA, foram ficando mais aces-
Por isso, os biohackers acabam criando empresas e síveis. Já no Brasil e em países como Índia e África do Sul,
muitas vezes profissionalizando o que era um hobby. A en- contam os biohackers, o movimento surgiu da necessida-
genheira química Clarissa Lopes, o estudante de Engenha- de.
ria Aeroespacial Lucas Milagres e o estudante de Bioinfor- “Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão
mática Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar barato que a galera consegue montar laboratórios na pró-
seu projeto de usar bactérias na produção de calcitriol, um pria garagem. Aqui em São Paulo, não tem como fazer
medicamento usado no tratamento de insuficiência crôni- isso. Para começar, a gente nem tem garagem”, diz Otto
ca renal. Heringer, que faz especialização na Universidade de São
“A indústria farmacêutica usa hoje outro processo, de Paulo (USP).
bem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local”, Há mais de 80 espaços de Biologia DIY pelo mundo,
afirma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do pro- de acordo com o site DIYBio. A maioria é em cidades do
jeto por ainda não ter registrado uma patente. Sua expec- hemisfério norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Ale-
tativa é chegar a um forma de produção mais barata do manha), Paris (França), Nova York e São Francisco (Estados
remédio. Unidos).
Laboratórios “Não posso reclamar da USP, mas muitas universida-
O Brasil já tem diversos laboratórios “de garagem” des federais não têm os laboratórios que os caras na Eu-
abertos, com impressoras 3D e outros materiais para quem ropa têm em casa”, afirma o Heringer. Nos Estados Unidos,
é adepto do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Rio de por exemplo, é possível comprar kits prontos de engenha-
Janeiro, e o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeitura ria genética pela internet.
de São Paulo. No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a
Para trabalhar com “Biologia de Garagem”, no entanto, maioria dos laboratórios abertos na área de biologia ainda
é preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com são, de algum modo, ligados às universidades - ocupando
equipamentos específicos e protocolos de biossegurança. espaços ou reaproveitando equipamentos.
São os chamados wetlabs, laboratórios “molhados”, por- “Mesmo a ciência ‘oficial’ que fazemos muitas vezes
que lidam com componentes vivos. é em uma salinha minúscula, com material improvisado,
O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Uni- com muita dificuldade. A gente está acostumado com a
versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um deles. Ele gambiarra. Sair dos muros da universidade ou dos labo-
já recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano. ratórios das grandes indústrias é quase uma questão de
Há microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para sobrevivência pra gente. O biohacking faz muito mais sen-
separar componentes de soluções), uma impressora 3D, tido para nós do que para eles”, afirma.
uma máquina de PCR (para reproduzir DNA em grandes Ele também aponta a diferença nos tipos de iniciativas:
quantidades) e um nanodrop (que mede a concentração enquanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para
de moléculas). resolver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa,
A estudante Carol Gonzaga também montou um des- muitos deles são mais recreativos ou tem um quê de hob-
ses espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Rio de by excêntrico.
Janeiro. O laboratório fica atualmente em um local impro- Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já
visado, mas será levado para um galpão de 320 m². começaram as surgir as preocupações com possíveis riscos
“Terá um espaço de fabricação digital, uma cozinha – laboratórios amadores não poderiam criar organismos
experimental, laboratório de biohacking e um laboratório nocivos? O FBI, a polícia federal americana, monitora o
de mídia para lidar com eletrônica e comunicação”, explica movimento, mas não há regulamentação específica.
ela, que conseguiu apoio do parque tecnológico da Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
25
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Os entusiastas dizem que todos os locais seguem pro- • 2. A revelação de que de Lucy morreu ao cair de
tocolos de biossegurança e cartilhas de bom funciona- uma árvore
mento. O cientista francês Thomas Landrain, que estuda o Lucy, a Australopithecos mais famosa da história, pode
movimento, diz em sua pesquisa que os espaços ainda não ter morrido ao cair de uma árvore, anunciaram cientistas em
têm sofisticação suficiente para gerar problemas. agosto deste ano. Em estudo publicado na revista científi-
Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohac- ca Nature, a equipe de pesquisadores estudou as faturas do
kers seguem entusiasmados. “Tornar a ciência mais aces- ancestral humano e comparou-as com restos mortais de ou-
sível tem um enorme potencial transformador”, diz André tros casos clínicos para descobrir como ela havia morrido -
Maia Chagas, do Prometheus Science. até então um mistério para os cientistas. Lucy viveu na África
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 há 3,18 milhões de anos e seu fóssil foi descoberto em 1974
pelo professor Donald Johanson e o estudante Tom Gray,
em Hadar, na Etiópia. A espécie é chamada de Australopithe-
cus anamensis. Lucy era uma fêmea de pouco mais de um
DESCOBERTAS E INOVAÇÕES CIENTÍFICAS NA metro de estatura, que combinava traços humanos com ca-
ATUALIDADE E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE racterísticas similares às do chimpanzé, e já caminhava ere-
CONTEMPORÂNEA. ta. Neste mês, outro grupo de cientistas descobriu que Lucy
passava muito tempo em árvores, principalmente, à noite,
para repousar e escapar de predadores, além de procurar
O ano teve ainda a descoberta do exoplaneta habitá- alimentos. Em uma de suas sonecas, Lucy pode ter caído.
vel mais próximo de nós e a constatação de que Lucy, a Estudos sobre a vida e morte da fêmea podem trazer mui-
Australopithecos mais famosa da história, morreu ao cair tas informações sobre a sua espécie e a evolução humana
de uma árvore, trazendo novas revelações sobre a evo- - se Lucy morreu assim, os antropólogos podem chegar a
lução humana. Confira abaixo os 5 fatos científicos mais uma série de conclusões. Por exemplo, que Australopithe-
importantes de 2016: cus realmente se revezavam entre andar no chão e pular de
árvore em árvore. O fato de Lucy ter sofrido o acidente se-
ria uma indicação de que seu corpo estava cada vez menos
• 1. O anúncio da deteção das ondas gravitacio-
adaptado à vida nas copas, algo determinante para a nossa
nais
evolução, visto que a agilidade como bípedes se mostrou
Cem anos depois de previstas por Albert Einstein, as
fundamental para nos tornarmos melhores caçadores e para
ondas gravitacionais foram, enfim, detectadas. Em feve-
sobrevivermos em savanas.
reiro deste ano, cientistas anunciaram que conseguiram,
pela primeira vez, captar essas minúsculas ondulações no
• 3. A provável existência de um novo planeta no
espaço-tempo – aquilo que os físicos descrevem metafori-
sistema solar
camente como o tecido do universo, o ambiente dinâmico
Segundo os cientistas do Instituto de Tecnologia da Ca-
onde todos os acontecimentos transcorrem –, a única par-
lifórnia (Caltech, na sigla em inglês), há “boas evidências” da
te da Teoria da Relatividade Geral que ainda não havia sido existência de um “Planeta Nove” no sistema solar. De acor-
comprovada pela ciência. A confirmação do fenômeno é do com os pesquisadores, que anunciaram a hipótese para
uma conquista histórica, buscada há anos pelos pesquisa- sua existência em janeiro de 2016, esse novo planeta teria
dores. Para detectar diretamente essas ondas, foi necessá- uma massa de cerca de 10 vezes a da Terra (e 5.000 vezes
ria uma colaboração de mais de 1.000 cientistas em uni- a de Plutão) e levaria entre 10.000 e 20.000 anos para dar
versidades espalhadas pelos Estados Unidos e em outros uma volta completa em torno do Sol. Sua localização es-
14 países – incluindo o Brasil. Os detectores, com braços taria 20 vezes mais longe que Netuno, o oitavo planeta no
em forma de “L” de cerca de quatro quilômetros de exten- sistema solar. Já da Terra, o Planeta Nove pode estar de 32
são, foram feitos para captar oscilações muito mais sutis bilhões a 160 bilhões de quilômetros de distância. Por ser,
que a luz – eles poderiam registrar distorções viajando no possivelmente, o planeta mais distante do Sol, ele planeta
espaço com o tamanho de um milésimo do diâmetro de jamais foi visto por qualquer telescópio - a possibilidade de
um núcleo atômico. Einstein previu que os objetos que se sua existência foi feita com base em cálculos matemáticos e
movimentam no Universo produzem ondulações no espa- modelagem computadorizada. O novo membro do sistema
ço-tempo e que estas se propagam pelo espaço. As ondas solar também pode ser responsável por um fenômeno que,
gravitacionais seriam essas distorções mínimas no campo até o momento, era um mistério espacial: a inclinação de seis
gravitacional do Universo que transportam energia, uma graus do sistema solar. Em linhas gerais, os oito planetas or-
espécie de “eco” dos eventos cósmicos. Para os especia- bitam o Sol como se estivessem em um mesmo plano. Esse
listas, a detecção das ondas abre um tipo de “janela” para plano, contudo, é inclinado em relação ao Sol. Se pudésse-
enxergar o univerno, inaugurando uma nova foram de fa- mos ver de fora, a impressão seria de que a estrela (e não o
zer astronomia. plano) estivesse inclinada. De acordo com os pesquisadores,
a existência do Planeta Nove seria uma razão plausível para a
inclinação - e mais uma evidência de sua provável existência.
26
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
• 4. A descoberta de “Proxima b”
Em agosto de 2016, cientistas anunciaram ter desco- O DESENVOLVIMENTO URBANO BRASILEIRO.
berto o planeta habitável fora do sistema solar mais próxi-
mo de nós, encerrando uma busca de anos. O exoplaneta
“Proxima b”, como foi batizado, orbita Proxima Centauri,
a estrela mais perto do Sol, e tem condições de tempe- O processo de urbanização no território brasileiro ini-
ratura parecidas com as da Terra, o que pode permitir a ciou-se, de maneira mais concreta, a partir do final do sé-
existência de água líquida em sua superfície -- condição culo XIX, com o início gradativo da industrialização no
essencial para o surgimento de vida. A 4,2 anos-luz (cada país. No entanto, foi após os anos 1930 que a presença
ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros) de dis- das indústrias tornou-se mais intensiva e a urbanização
tância de nós, o novo planeta é possivelmente rochoso e começou a intensificar-se. A segunda metade do século XX
tem a massa 1,3 vez maior que a da Terra. O estudo com a serviu de incremento graças ao intenso êxodo rural oca-
descrição do planeta, publicado na revista Nature, mostra sionado pela mecanização das atividades produtivas no
que o novo planeta completa uma volta em torno de sua meio rural, o que gerou um maior desemprego no campo
estrela a cada 11,2 dias terrestres. A descoberta é resulta- e a grande leva de migrantes em direção às principais ci-
do do trabalho de dezesseis anos de uma equipe de mais dades do Brasil.
de trinta cientistas que trabalharam com as observações A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela
feitas pelos telescópios e outros instrumentos do Obser- primeira vez, passou a ter uma população predominante-
vatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). “Proxima mente urbana, ou seja, a maior parte dos habitantes con-
b provavelmente será o primeiro exoplaneta visitado por centrava-se nas cidades. Atualmente, mais de 80% dos
uma sonda feita por seres humanos”, disse Julien Morin, habitantes do Brasil residem em cidades, sendo a maioria
coautor do estudo e astrofísico da Universidade de Mon- desses em grandes centros urbanos e capitais, tais como
tpellier, na França. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre
e outras. Afinal, além de um acelerado êxodo rural, a ur-
• 5. O paradeiro do robô Philae banização brasileira contou com um intensivo processo
Perdido em uma fenda escura, coberta por gelo e ro- de metropolização — a concentração das populações nas
chas do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Era lá que grandes metrópoles.
estava o robô Philae, segundo as imagens captadas pela
sonda espacial Rosetta, em setembro 2016. Ao tocar a su- Esse foi um dos motivos responsáveis pela desigual-
perfície, no pouso histórico sobre o cometa, em 12 de no- dade tanto em tamanho das cidades e número de habi-
vembro de 2014, Philae quicou duas vezes e parou longe tantes quanto em níveis de avanço econômico e ofertas
do ponto escolhido pelos cientistas. O imprevisto fez com de infraestrutura no espaço urbano brasileiro. A região Su-
que o robô ficasse perdido em uma zona com pouca ex- deste, dessa forma, abrange a maior parte dos habitantes
posição à luz solar, alimento de suas baterias, e parasse e possui as maiores taxas de urbanização, com destaque
de enviar dados à Terra. Até setembro, a sonda Rosetta, para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que contam
que orbitava o cometa, ainda não havia conseguido lo- com mais de 90% de seus habitantes vivendo em cidades.
calizá-lo. Em 27 de julho deste ano, os cientistas haviam Por outro lado, a região Norte e algumas áreas da re-
decidido cortar as comunicações com o módulo, prepa- gião Nordeste apresentam números mais modestos nesse
rando o fim da missão, que aconteceu em 30 de setembro, sentido. Os estados menos urbanizados do Brasil são Pará,
com um novo pouso sobre o cometa, desta vez, da sonda Maranhão e Piauí, enquanto outros apresentam números
Rosetta. A meta da missão Rosetta era estudar a superfície pouco maiores, mas com índices populacionais baixos, o
do cometa 67P, buscando a água e o material orgânico que torna suas cidades menores em termos demográficos,
presente nesse corpo celeste que, de acordo com algumas a exemplo do Acre e de Roraima.
teorias, podem ter sido responsáveis por trazer a água ou Outro exemplo de estado com pouca população e com
até mesmo os componentes orgânicos necessários ao sur- elevada urbanização é Goiás, graças à grande quantidade
gimento da vida para a Terra. de pessoas habitando a região metropolitana de Goiânia
Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/as-5-descober- e o entorno do Distrito Federal. Assim como os dois esta-
tas-cientificas-mais-importantes-de-2016/ dos do Sudeste acima mencionados, o território goiano é
cerca de 90% composto por populações urbanas, mas o
seu número total de habitantes é de apenas seis milhões e
meio de pessoas aproximadamente, bem menos do que a
capital paulista, que, sozinha, ultrapassa os onze milhões.
27
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
A densidade populacional mais elevada na região Su- Em termos de vegetação, o Tocantins é um dos nove
deste deve-se às heranças econômicas e estruturais herda- estados que formam a região Amazônica. Sua vegetação
das dos ciclos produtivos anteriores, sobretudo do auge do de cerrado (87% do território) divide espaço, sobretudo,
período cafeeiro da história da economia brasileira. Por esse com a floresta de transição amazônica.
motivo, é nessa região que se encontram as duas únicas ci- Mais da metade do território do Tocantins (50,25%)
dades globais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, que, jun- são áreas de preservação, unidades de conservação e ba-
tas, formam uma megalópole, ponto de intensa aglomera- cias hídricas, onde se incluem santuários naturais como a
ção urbana com níveis internacionais de alcance produtivo. Ilha do Bananal (a maior ilha fluvial do mundo) e os par-
Atrás das duas cidades globais estão as metrópoles ques estaduais do Cantão, do Jalapão, do Lajeado e o Mo-
nacionais, responsáveis por estabelecer articulações in- numento Nacional das Árvores Fossilizadas, entre outros.
tensivas com praticamente todo o território nacional. São No Cantão, três importantes ecossistemas chegam a en-
elas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Bra- contrar-se: o amazônico, o pantaneiro e o cerrado.
sília e outras. Enquanto isso, há também as metrópoles re- Só em reservas indígenas, totalizam-se 2 milhões de
gionais, com destaque para Campinas, Goiânia, Manaus, hectares protegidos, onde uma população de 10 mil indí-
Florianópolis, entre outras. genas preserva suas tradições, seus costumes e crenças.
Após os longos ciclos de urbanização, êxodo rural e No Tocantins existem sete etnias (Karajá, Xambioá, Javaé,
metropolização vistos ao longo do século XX, o início do Xerente, krahô Canela, Apinajè e Pankararú), distribuídas
século XXI, sobretudo nessa segunda década, demarca um em 82 aldeias.
gradativo processo de descentralização, com o crescimen-
to das metrópoles de médio porte e a desmetropolização Principais rios: Tocantins, Araguaia (que juntos for-
— quando as cidades médias passam a receber uma maior mam a maior bacia hidrográfica inteiramente situada em
carga de investimentos, indústrias, empregos e habitantes. território brasileiro), do Sono, das Balsas, Paranã e Manuel
No entanto, é errado pensar que as grandes metrópoles Alves. Todos rios perenes, o que contribui para que o To-
do país perderam a importância, pelo contrário, suas es- cantins seja considerado um dos 5 estados mais ricos em
água do país.
truturas seguem modernizando-se e, de cidades indus-
triais, elas lentamente vão se tornando centros burocrá-
Limites: Maranhão e Pará, ao Norte;
ticos, concentrando a maior parte das sedes das grandes
Goiás, ao Sul;
empresas nacionais e internacionais.
Maranhão, Piauí e Bahia, ao Leste;
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra-
Pará e Mato Grosso, a Oeste.
fia/o-espaco-urbano-brasileiro.htm
Desbravamento da região
A colonização do Brasil se deu dentro do contexto da
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO ESTADO DO política mercantilista do século XVI que via no comércio
TOCANTINS; O MOVIMENTO SEPARATISTA; A a principal forma de acumulação de capital, garantido,
CRIAÇÃO DO ESTADO; OS GOVERNOS DESDE principalmente, através da posse de colônias e de metais
A CRIAÇÃO; GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO preciosos.
Além de desbravar, explorar e povoar novas terras os
PÚBLICA ESTADUAL; DIVISÃO POLÍTICA DO
colonizadores tinham também uma justificativa ideoló-
ESTADO, CLIMA E VEGETAÇÃO; HIDROGRAFIA;
gica: a expansão da fé cristã. “Explorava-se em nome de
ATUALIDADES: ECONOMIA, POLÍTICA, Deus e do lucro, como disse um mercador italiano” (AMA-
DESENVOLVIMENTO. DO, GARCIA). A preocupação em catequizar as populações
encontradas foi constante.
A colônia brasileira, administrada política e economi-
História de Tocantins camente pela metrópole, tinha como função fornecer pro-
dutos tropicais e/ou metais preciosos e consumir produtos
Criado em 1988 pela Assembleia Nacional Constituin- metropolitanos. Portugal, então, iniciou a colonização pela
te, o Tocantins é o mais novo dos 26 estados do Brasil. Lo- costa privilegiando a cana de açúcar como principal pro-
caliza-se na região Norte, exatamente no centro geográfi- duto de exportação.
co do país, condição que lhe possibilita fazer limites com Enquanto os colonizadores portugueses se concen-
estados do Nordeste, Centro-Oeste e do próprio Norte. travam no litoral, no século XVII ingleses, franceses e
Na maior parte, o território do Tocantins é formado holandeses conquistavam a região norte brasileira esta-
por planícies e/ou áreas suavemente onduladas, estenden- belecendo colônias que servissem de base para posterior
do-se por imensos planaltos e chapadões, o que constitui exploração do interior do Brasil. Os franceses, depois de
pouca variação altimétrica se comparado com a maioria devidamente instalados no forte de São Luís na costa ma-
dos outros estados. Assim, o ponto mais elevado do To- ranhense, iniciam a exploração dos sertões do Tocantins.
cantins é a Serra das Traíras, com altitude máxima de 1.340 Coube a eles a descoberta do Rio Tocantins pela foz no
metros. ano de 1610 (RODRIGUES).
28
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
O rio Tocantins foi um dos caminhos para o conheci- O rei cedia a particulares o direito de exploração de
mento e exploração da região onde hoje se localiza o Esta- riquezas minerais mediante o pagamento do quinto, que
do do Tocantins. Nasce no Planalto Central de Goiás e cor- segundo ordenação do reino, era uma decorrência do do-
ta, no sentido sul-norte, todo o território do atual Estado mínio real sobre todo o subsolo. O rei, não querendo rea-
do Tocantins. lizar a exploração diretamente, cedia a seus súditos este
Só mais de quinze anos depois dos franceses foi que os direito exigindo em troca o quinto do metal fundido e
portugueses iniciaram a colonização da região pela “deci- apurado, a salvo de todos os gastos.
dida ação dos jesuítas”. E ainda no século XVII os padres da
Companhia de Jesus fundaram as aldeias missionárias da Em julho de 1722 a bandeira do Anhanguera saiu de
Palma (Paranã) e do Duro (Dianópolis) (SECOM). São Paulo. Em 1725 volta com a notícia da descoberta de
córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra
Norte de Goiás na história como as Minas dos Goyazes. Dentro da divisão
O norte de Goiás deu origem ao atual Estado do Tocan- do trabalho no império português, este é o título de exis-
tins. Segundo a historiadora Parente (1999), esta região foi tência e de identidade de Goiás durante quase um século.
interpretada sob três versões. Inicialmente, norte de Goiás
foi denominativo atribuído somente à localização geográ- Um grande contingente populacional deslocou-se
fica dentro da região das Minas dos Goyazes na época dos para “a região do Araés, como a princípio se chamou essa
descobrimentos auríferos no século XVIII. Com referência parte do Brasil, que diziam possuir montanhas de ouro,
ao aspecto geográfico, essa denominação perdurou por lagos encantados e os martírios de Nosso Senhor de Jesus
mais de dois séculos, até a divisão do Estado de Goiás, Cristo gravados nas pedras das montanhas. Era um novo
quando a região norte passa a ser o Estado do Tocantins. Eldorado de histórias romanescas e contos fabulosos”
Num segundo momento, com a descoberta de grandes (ALENCASTRE).
minas na região, o norte de Goiás passou a ser conhecido Diante dessas expectativas reinou, nos primeiros tem-
como uma das áreas que mais produziam ouro na capita- pos, a anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os
nia. Esta constatação despertou o temor ao contrabando
desejos. O proprietário, o industrialista, o aventureiro, to-
que acabou fomentando um arrocho fiscal maior que nas
dos convergiam seus esforços e seus capitais para a mine-
outras áreas mineradoras.
ração” (ALENCASTRE).
Por último, o norte de Goiás passou a ser visto, após a
Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas
queda da mineração, como sinônimo de atraso econômico
à capitania de São Paulo na condição de intendência, com
e involução social, gerador de um quadro de pobreza para
a capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a
a maior parte da população.
quem foi atribuído o cargo de superintendente das minas
Essa região foi palco primeiramente de uma fase épi-
com o objetivo de “representar e manter a ordem legal e
ca vivida pelos seus exploradores, “que em quinze anos
instaurar o arcabouço tributário” ( PALACIN).
abriam caminhos e estradas, vasculharam rios e monta-
nhas, desviam correntes, desmatam regiões inteiras, recha-
çaram os índios, exploram, habitam e povoam uma área Formação dos arraiais
imensa....” (PALACIM)
Descoberto o ouro, a região passa, de acordo com a “Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação so-
política mercantilista do século XVIII, a ser incorporada ao lene do primeiro arraial de Goiás, o arraial de Sant’Anna,
Brasil. O período aurífero foi brilhante, mas breve. E a deca- esse foi o critério para o surgimento dos demais arraiais.
dência, quase sem transição, sujeitou a região a um estado Para as margens dos rios ou riachos auríferos deslocaram-
de abandono. se populações da metrópole e de todas as partes da co-
Foi na economia de subsistência que a população en- lônia, formando à proporção em que se descobria ouro,
controu mecanismos de resistência para se integrar econo- um novo arraial “que podia progredir ou ser abandonado,
micamente ao mercado nacional. Essa integração, embora dependendo da quantidade de riquezas existentes” (PA-
lenta, foi se concretizando baseada na produção agrope- RENTE).
cuária, que predomina até hoje e constitui a base econômi- Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descober-
ca do Estado do Tocantins (PARENTE). tas auríferas no norte de Goiás e, por causa delas, a forma-
ção dos primeiros arraiais no território onde hoje se situa
Economia do ouro o Estado do Tocantins. Natividade e Almas (1734), Arraias
As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais no e Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40,
ano 1690 e em Cuiabá em 1718 despertaram a crença de surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e mais tarde Prínci-
que em Goiás, situado entre Minas Gerais e Mato Gros- pe (1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e
so, também deveria existir ouro. Foi essa a argumentação Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração e
da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera no século XIX se transformaram em vilas e posteriormente
(filho do primeiro Anhanguera que esteve com o pai na em cidades.
região anos antes), para conseguir a licença do rei de Por-
tugal a fim de explorar a região.
29
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta
todos os tipos permitiu que a composição social da popu- mesma sujeita à capitação e censo, à venalidade dos em-
lação dos arraiais de ouro se tornasse bastante heterogê- pregados de registros e contagens, à falsificação na própria
nea. Trabalhar, enriquecer e regressar ao lugar de origem casa de fundição, ao quinto (...), ao confisco por qualquer
eram os objetivos dos que se dirigiam para as minas. Em ligeira desconfiança de contrabando” (ALENCASTRE). À
sua maioria eram homens brancos, solteiros ou desacom- época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o
panhados da família, que contribuíram para a mistura de método de quintamento nas casas de fundição. A das minas
raças com índias e negras escravas. No final do século de Goiás era em São Paulo. Para lá que deveriam ir os mi-
XVIII, os mestiços já eram grande parte da população que neiros para quintar seu ouro. Recebiam de volta, depois de
posteriormente foram absorvidos no comércio e no servi- descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real.
ço militar. O ouro em pó podia ser usado como moeda no território
A população branca era composta de mineiros e de das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado
pessoas pobres que não tinham nenhuma ocupação e ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamen-
eram tratados, nos documentos oficiais, como vadios. te ficava como obrigação dos comerciantes. Estes, vendendo
Ser mineiro significava ser dono de lavras e escravos. todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabavam
Era o ideal de todos os habitantes das minas, um título de ficando com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade,
honra e praticamente acessível a quase todos os brancos. canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por
O escravo podia ser comprado a crédito, sua posse dava conseguinte, pagar o quinto correspondente.
o direito de requerer uma data - um lote no terreno de O método da casa de fundição para a cobrança do quin-
mineração - e o ouro era de fácil exploração, do tipo alu- to seria ideal se não fosse um problema que tomava de so-
vional, acumulado no fundo e nas margens dos rios. bressalto o governo português: o contrabando do ouro, que
Todos, uns com mais e outros com menos ações, oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do imposto
participavam da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e mais dez por cento de ágio”.
contratadores que residiam em Lisboa ou Rio de Janeiro Das minas para a costa ou para o exterior era sempre um
mantinham aqui seus administradores. Escravos, mulatos negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas
e forros também praticavam a faiscagem - procura de faís- régias e provisões, nem os sequestros, devassas de registros,
cas de ouro em terras já anteriormente lavradas. Alguns, prêmios prometidos aos delatores e comissões aos soldados
pela própria legislação, tinham muito mais vantagens. puderam por freio (...)”.(PALACIN).
O negro teve uma importância fundamental nas re- O grande contrabando era dos comerciantes que con-
giões mineiras. Além de ser a mão-de-obra básica em to- trolavam o comércio desde os portos, praticado (...) “por
das as atividades, da extração do ouro ao carregamento meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subor-
nos portos, era também uma mercadoria de grande va- nos de soldados, que custodiavam o comboio dos quintos
lor. Primeiro, a quantidade de negros cativos foi condição reais”. Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o es-
casso policiamento, o costume inveterado e a inflexibilidade
determinante para se conseguir concessões de lavras e,
das leis econômicas. (PALACIN). A seu favor tinha o poder
portanto, para um branco se tornar mineiro. Depois, com
político, jurídico e econômico sobre toda a colônia. Assim,
a instituição da capitação no lugar do quinto, o escravo
decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o
tornou-se referência de valor para o pagamento do im-
isolamento destas.
posto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados
A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de
que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro
acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas
para a Coroa. Mas a situação do negro era desoladora. Os
bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do
maus tratos e a dureza do trabalho nas minas resultavam
Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado
em constantes fugas.
o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí.
A mão-de-obra indígena na produção para a exporta- Foi proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando a
ção foi muito menor que a negra. Isso é devido ao fato da região de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão.
não adaptação do índio ao rigor do trabalho exigido pelo À proporção que crescia a importância das minas sur-
branco, gerando uma produção de baixa rentabilidade. giram atritos com os governadores das capitanias do Mara-
nhão e Pará, “quando do descobrimento das minas de Nati-
O controle das minas vidade e São Félix e dos boatos de suas grandes riquezas (...).
Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Os governadores tomaram para si a incumbência de nomear
Minas de Goyazes, o governo português tomou uma sé- autoridades para os ditos arraiais e outras minas que pudes-
rie de medidas para garantir para si o maior proveito da sem surgir, a fim de tomarem posse e cobrarem os quintos de
exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas ouro ali existentes”.(PARENTE).O resultado foi o afastamento
estradas em direção às minas. Os rios foram trancados à dessa interferência seguido da proibição, através de bandos,
navegação. As indústrias proibidas ou limitadas. A lavoura da entrada das populações das capitanias limítrofes na região
e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não e a saída dos que estavam dentro sem autorização judicial.
podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fisca-
lizado. E o fisco, insaciável na arrecadação.
30
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Decadência da produção A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades ad-
A produção do ouro goiano teve o seu apogeu nos pri- ministrativas metropolitanas quanto dos mineiros e co-
meiros dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 merciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não
e 1735. Foi o período em que o ouro aluvional aflorava por se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de
toda a região, resultando numa produtividade altíssima. ouro, que surgiam e desapareciam no Tocantins, contribuí-
Quando se iniciou a cobrança do imposto de capitação em ram apenas para o expansionismo geográfico. Cada vez
todas as regiões mineiras, a produção começou a cair, pos- se adentrava mais o interior em busca do ouro aluvional,
sivelmente mascarada pelo incremento do contrabando na mas em vão.
região, impossível de se mensurar.
De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais
alto por ser o período da volta da cobrança do quinto nas No norte da capitania a crise foi mais profunda. Isolada
casas de fundição. Mas a produtividade continuou decres- tanto propositadamente quanto geograficamente, essa re-
cendo. O motivo dessa contradição era a própria extensão gião sempre sofreu medidas que frearam o seu desenvolvi-
das áreas mineiras, que compensavam e excediam a redu- mento. A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins
ção de produtividade. e Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica de a
A distâncias das minas do norte, os custos para levar região atingir outros mercados consumidores das capitanias
o ouro e o risco de ataques indígenas aos mineiros justi- do norte da colônia. O caminho aberto que ligava Cuiabá a
ficaram a criação de uma casa de fundição em São Félix Goiás não contribuiu em quase nada para interligar o co-
em 1754. Mas, já em 1797, foi transferida para Cavalcante, mércio da região com outros centros abastecedores, visto
“por não arrecadar o suficiente para cobrir as despesas de que o mercado interno estava voltado ao litoral nordestino.
sua manutenção”.(PARENTE). Esse isolamento, junto com o fato de não se incentivar a pro-
A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da dução agro-pecuária nas regiões mineiras, tornava abusivo o
diminuição da arrecadação da Casa de Fundição de São preço de gêneros de consumo e favorecia a especulação. A
Félix. Foram tomadas algumas providências como a insta- carência de transportes, a falta de estradas e o risco frequen-
lação de um registro, posto fiscal, entre Santa Maria (Ta- te de ataques indígenas dificultavam o comércio.
guatinga) e Vila do Duro (Dianópolis).
Além destas dificuldades, o contrabando e a cobrança
de pesados tributos contribuíram para drenagem do ouro
Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação
para fora da região. Dos impostos, somente o quinto era
foi organizar bandeiras para tentar novos descobrimentos.
remetido para Lisboa. Todos os outros (entradas, dízimos,
Tem-se notícia do itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-
contagens, etc.) eram destinados à manutenção da colônia e
se rumo ao Pontal (região de Porto Real), pela margem es-
da própria capitania.
querda do Tocantins e entrou em conflito com os Xerente,
Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento eco-
resultando na morte de seu comandante.
nômico devido à falta de acumulação de capital e ao atrofia-
A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelân-
mento do mercado interno após o fim do ciclo da minera-
dia (GO) para as margens do rio Araguaia em busca dos
ção, a população se volta para a economia de subsistência.
Martírios, serra onde se acreditava existir imensas riquezas
auríferas. Mas a expedição só chegou até a ilha do Bananal
onde sofreu ataques dos Xavante e Javaé, dali retornando. Nas últimas décadas do século XVIII e início do século
No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação de
da arrecadação do quinto com o fim das descobertas do crise, o que levou os governantes goianos a voltarem suas
ouro de aluvião, predominando a faiscagem nas minas an- atenções para as atividades econômicas que antes sofreram
tigas. Quase sem transição, chegou a súbita decadência. proibições, objetivando soerguer a região da crise em que
mergulhara.
A crise econômica
O declínio da mineração foi irreversível e arrastou Subsistência da população e a integração econômica
“consigo os outros setores a uma ruína parcial: diminui- Na segunda década do século XIX, com o fim da mine-
ção da importação e do comércio externo, menor arre- ração, os aglomerados urbanos estacionaram ou desapare-
cadação de impostos, diminuição da mão-de-obra pelo ceram e grande parte da população abandonou a região. Os
estancamento na importação de escravos, estreitamento que permaneceram foram para zona rural e dedicaram-se
do comércio interno, com tendência à formação de zonas à criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum
de economia fechada e um consumo dirigido à pura sub- excedente para aquisição de gêneros essenciais (PALACIN).
sistência, esvaziamento dos centros de população, rurali- Toda a capitania entrou num processo de estagnação
zação, empobrecimento e isolamento cultural” (PALACIN). econômica. No norte, o quadro de abandono, despovoa-
Toda a capitania entrou em crise e nada foi feito para a sua mento, pobreza e miséria foi descrito por muitos viajantes
revitalização. Endividados com os comerciantes, os minei- e autoridades que passaram pela região nas primeiras déca-
ros estavam descapitalizados. das do século XIX.
31
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
32
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Coube ao primeiro mobilizar os quartéis e ao segun- Trajetória de luta pela criação do Tocantins
do conclamar o povo e lideranças para a preparação de No final do século XIX e no decorrer do século XX, a
um golpe que iria depor Sampaio. Contudo, houve uma ideia de se criar o Tocantins, estado ou território, esteve
denúncia sobre o golpe e, em seguida, foi ordenada a pri- inserida no contexto das discussões apresentadas em tor-
são dos principais líderes rebeldes. O pe. Marques conse- no da redivisão territorial do país, no plano nacional. Mas,
guiu fugir e novamente articulou contra o capitão-general. a concretização desta ideia só veio com a Constituição de
Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes foram expul- 1988 que criou o Estado do Tocantins pelo desmembra-
sos da capital Vila Boa. Alguns vieram para o norte, como mento do estado de Goiás.
o capitão Cardoso, que teve ordem para se retirar para
o distrito de Arraias, e o pe. José Cardoso de Mendonça, Ainda no Império, duas tentativas: a defesa de Vis-
enviado para a aldeia de Formiga e Duro. conde de Taunay, na condição de deputado pela Província
de Goiás, propondo a separação do norte goiano para a
Mas os acontecimentos que ocorreram na capital não criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com a vila
ficaram isolados. A ideia da nomeação de um governo capital em Boa Vista (Tocantinópolis), em 1863; e, de modo
provisório, depois de fracassada na capital, foi aclamada mais concreto, em 1889, com o projeto de Fausto de Souza
no norte onde já havia anseios separatistas. O desejo do para a redivisão do Império em 40 províncias, constando a
padre Luiz Bartolomeu Marques não era outro senão a do Tocantins na região que compreendia o norte goiano.
independência do Brasil. E a deposição de Sampaio seria Nas primeiras décadas da República o discurso sepa-
apenas o primeiro passo. Para este fim contavam com o vi- ratista sobreviveu na imprensa regional, principalmente
gário de Cavalcante, Francisco Joaquim Coelho de Matos, de Porto Nacional - maior centro econômico e político da
que cedeu a direção das coisas ao desembargador Joa- época - em periódicos como “Folha do Norte” e “Norte de
quim Theotônio Segurado. Goiás”. A partir da década de 1930 que o discurso retorna
No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada à esfera nacional.
tentativa de deposição de Sampaio, instalou-se o gover- Após a criação pela Constituição de 1937 dos terri-
no independencista do norte, com capital provisória em tórios do Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia -
Cavalcante. O ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio Itaguaçu e Ponta Porã (extintos pela Constituição de 1946),
Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta provisória até houve também quem defendesse a criação do território do
janeiro de 1822. No dia seguinte, o governo provisório da Tocantins.
Comarca da Palma fez circular uma proclamação em que
declarou-se separado do governo.(ALENCASTRE). As justi- A criação do Estado do Tocantins - 1988
ficativas para a separação do norte em relação ao centro- O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o
sul de Goiás eram, para Segurado, de natureza econômica, momento oportuno para mobilizar a população em tor-
política, administrativa e geográfica. no de um projeto de existência quase secular e pelo qual
lutaram muitas gerações: a autonomia política do norte
A instalação de um governo independente - não ne- goiano, já batizado Tocantins.
cessariamente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim A Conorte apresentou à Assembleia Constituinte uma
ao governo do capitão-general da Comarca do Sul - pa- emenda popular com cerca de 80 mil assinaturas como
recia ser o único objetivo de Theotônio Segurado. A sua reforço à proposta de criação do Estado. Foi criada a União
posição não-independencista provocou a insatisfação de Tocantinense, organização supra-partidária com o objetivo
alguns dos seus correligionários políticos e a retirada de de conscientização política em toda a região norte para
apoio à causa separatista. Em outubro de 1821, transfere lutar pelo Tocantins também através de emenda popular.
a capital para Arraias provocando oposição e animosidade Com objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do Es-
dos representantes de Cavalcante. Com o seu afastamento tado do Tocantins, que conquistou importantes adesões
em janeiro de 1822, quando partiu para Lisboa como de- para a causa separatista. “O povo nortense quer o Estado
putado representante de Goiás na Corte, agravou a crise do Tocantins. E o povo é o juiz supremo. Não há como
interna. contestá-lo”, reconhecia o governador de Goiás na época,
“A partir dessa data uma série de atritos parecem de- Henrique Santilo. (SILVA)
nunciar que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da
Segurado, nenhuma liderança capaz de impor-se com a Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Cons-
autoridade representativa da maioria dos arraiais conse- tituinte, redige e entrega ao presidente da Assembleia, o
guiu se firmar. Pelo contrário, os interesses particulares dos deputado Ulisses Guimarães, a fusão de emendas criando
líderes de Cavalcante, Palmas, Arraias e Natividade se so- o Estado do Tocantins que foi votada e aprovada no mes-
brepuseram à causa separatista regional” (CAVALCANTE). mo dia.
Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição, em 05 de outubro de 1988,
nascia o Estado do Tocantins.
33
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
34
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
35
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
36
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
37
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Dos princípios fundamentais; direitos e deveres individuais e coletivos; garantias dos direitos individuais, coletivos, so-
ciais e políticos; Da nacionalidade; partidos políticos;.............................................................................................................................. 01
Da Administração Pública; ................................................................................................................................................................................... 38
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública; ..................... 52
Ordem social. ............................................................................................................................................................................................................ 55
Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às polícias estaduais e à segurança
pública em geral....................................................................................................................................................................................................... 70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3) Direitos e garantias Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
A Constituição vai além da proteção dos direitos e distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
estabelece garantias em prol da preservação destes, bem ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
como remédios constitucionais a serem utilizados caso es- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
tes direitos e garantias não sejam preservados. Neste sen- propriedade, nos termos seguintes [...].
tido, dividem-se em direitos e garantias as previsões do
artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e as Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
garantias são as disposições assecuratórias. inciso:
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
comunicação, independentemente de censura ou licença”
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da obrigações.
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
artigo 5º, LXV2. mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- pectiva mais ampla.
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
cionais. de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé- enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di- todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
reitos. tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
4) Direitos e garantias em espécie demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu falando na igualdade perante a lei.
caput: No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu
que não bastava igualar todos os homens em direitos e
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem deveres para torná-los iguais, pois nem todos possuem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- as mesmas condições de exercer estes direitos e deveres.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade Logo, não é suficiente garantir um direito à igualdade for-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à mal, mas é preciso buscar progressivamente a igualdade
propriedade, nos termos seguintes [...]. material. No sentido de igualdade material que aparece o
direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um se do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição aplicar e executar a lei, uma postura de promoção de polí-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as ticas governamentais voltadas a grupos vulneráveis.
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos
constitucionais-penais. Ações afirmativas
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
- Direito à igualdade vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
Abrangência dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
dade: concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
tais condições.
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
2 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- um grupo específico não pode ser usada como critério de
ferência. inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade e legalidade Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
Prevê o artigo 5º, II, CF: lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
dentemente de censura ou licença.
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes- artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
niente. controle do poder. A censura somente é cabível quando
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- necessária ao interesse público numa ordem democrática,
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
maneira que a lei não proíba. tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
Liberdade de pensamento e de expressão expressão.
O artigo 5º, IV, CF prevê:
Liberdade de crença/religiosa
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
ter uma opinião, depois o de expressá-la. distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber-
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- dade de organização religiosa.
vicção filosófica ou política: Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
ternativa, fixada em lei. exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
Trata-se de instrumento para a consecução do direito os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir em público, bem como a de recebimento de contribuições
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
mento. refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é de igrejas e suas relações com o Estado.
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei. Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva.
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
prisionais civis e militares, mas também a hospitais. regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: mação.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal dentemente do pagamento de taxas:
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
tiva, fixada em lei. de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
teresse pessoal.
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
contrarie tais preceitos. manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
Liberdade de informação cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
O direito de acesso à informação também se liga a uma regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
artigo 5º, XIV, CF: sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
sário ao exercício profissional. a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Trata-se da liberdade de informação, consistente na Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
liberdade de procurar e receber informações e ideias por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
rência. núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: certidões ser dissociado do direito de petição.
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade CF:
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
o interesse social o exigirem.
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e bens.
do Estado.
5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
liberdade de sair do país não significa que existe um direito rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no tal substância ilícita fosse utilizada).
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- Liberdade de associação
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. XVII, CF:
A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
locomoção pela prisão civil por dívida. para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário ciação implica na formação de um grupo organizado que
infiel. se mantém por um período de tempo considerável, dotado
de estrutura e organização próprias.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento à estatal.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O texto constitucional se estende na regulamentação
da liberdade de associação.
Liberdade de trabalho O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
5º, XIII, CF: Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
são de advogado aquele que não se formou em Direito associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados em suas atividades econômicas.
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
cadastro no Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. de reverter a decisão e permitir que a associação continue
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever seja, no curso de um processo judicial.
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
poder público para que ele organize o policiamento e a as- tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indiví-
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de duo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
A liberdade de associação envolve não somente o di- para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- judicial.
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
forme artigo 5º, XX, CF: O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém
pode nele entrar sem o consentimento do morador, a não
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
ser EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito
sociar-se ou a permanecer associado.
(o morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para
- Direitos à privacidade e à personalidade seu domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremo-
to...) ou para prestar socorro (morador teve ataque do co-
Abrangência ração, está sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURAN-
Prevê o artigo 5º, X, CF: TE O DIA por determinação judicial.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren- Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspon-
te de sua violação. dência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
O legislador opta por trazer correlacionados no mes- judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona-
fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
lidade.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, Personalidade jurídica e gratuidade de registro
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. Quando se fala em reconhecimento como pessoa
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- perante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais dos direitos de personalidade, consistente na personali-
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um dade jurídica. Basicamente, consiste no direito de ser re-
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e conhecido como pessoa perante a lei.
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti- gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição
midade, pela vida privada, e pela publicidade). de com ele arcar.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhe-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- cidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- nascimento; b) a certidão de óbito.
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por O reconhecimento do marco inicial e do marco final
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
dência
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- menos favorecidos.
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
comunicações. Direito à indenização e direito de resposta
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. se dois instrumentos, o direito à indenização e o direito
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons- de resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes-
proporcional ao agravo, além da indenização por dano soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli-
material, moral ou à imagem. dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de
garantir o direito à vida.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pen- algum direito individual fundamental (intimidade, liberda-
samento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
Judiciário com a consequente responsabilidade civil e pe- Especificamente no que tange à segurança jurídica,
nal de seus autores, decorrentes inclusive de publicações tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e con-
trole da matéria que divulga”9. Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
O direito de resposta é o direito que uma pessoa quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
tem de se defender de críticas públicas no mesmo
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
meio em que foram publicadas garantida exatamente
de da lei.
a mesma repercussão. Mesmo quando for garantido
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
o direito de resposta não é possível reverter plena-
Direito Brasileiro:
mente os danos causados pela manifestação ilícita de
pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
indenização. geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
A manifestação ilícita do pensamento geralmente e a coisa julgada.
causa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
econômico e não econômico. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
Dano material é aquele que atinge o patrimônio seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
(material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
financeiramente e indenizado. ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extra- judicial de que já não caiba recurso.
patrimonial contido nos direitos da personalidade (como
a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o - Direito à propriedade
decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
capacidade, o estado de família)”10. lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do
Código Civil: Função social da propriedade material
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias
à administração da justiça ou à manutenção da ordem pú- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
blica, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, dade.
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
principal fator limitador deste direito:
sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destina-
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
rem a fins comerciais.
ção social.
- Direito à segurança A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- considerada como um direito individual nem como institui-
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
rança jurídica. do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. sitivo... Op. Cit., p. 437.
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
Buenos Aires: Astrea, 1982. sitivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
mica são preordenados à vista da realização de seu fim: solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza-
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, sucessivamente, de:
que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin- I - parcelamento ou edificação compulsórios;
culada à consecução daquele princípio”. II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur-
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- bana progressivo no tempo;
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o III - desapropriação com pagamento mediante títulos
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e, parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais da indenização e os juros legais14.
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
humano. Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
A Constituição Federal delimita o que se entende por teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
função social: que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes. Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
serão indenizadas em dinheiro.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte No que tange à desapropriação por necessidade ou
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
volvimento e de expansão urbana.
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
função social quando atende às exigências fundamentais de ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
ção.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
I - aproveitamento racional e adequado; nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
veis e preservação do meio ambiente; Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
III - observância das disposições que regulam as rela-
ções de trabalho; Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
tários e dos trabalhadores. riza a União a propor a ação de desapropriação.
9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
lei, a defesa do consumidor. intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se neas e enciclopédias; entre outras.
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
consumidor. reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
O Direito do Consumidor pode ser considerado um gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº tar sua honra ou imagem.
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
Transitórias: falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, soas leigas ou paraprofissionais, tanto como juízes quan-
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi- to como defensores, modificações no direito substantivo
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de destinadas a evitar litígios ou facilitar sua solução e a uti-
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo lização de mecanismos privados ou informais de solução
que estas modalidades de utilização podem se dar a título dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia inovações
oneroso ou gratuito. radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
“Os direitos autorais, também conhecidos como co- de representação judicial”.
pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis, Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res- aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria- o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que to-
ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti- das as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que garantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já
o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou que para que exista o verdadeiro acesso à justiça é neces-
produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda sário que se aplique o direito material de maneira justa e
configura a reprodução de obra alheia sem a necessária célere.
permissão do autor”16. Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
- Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
à justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
apontaram três ondas de acesso, isto é, três posiciona-
mentos básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
ondas foram percebidas paulatinamente com a evolução cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
do Direito moderno conforme implementadas as bases cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorren-
a emergência de uma nova onda quando superada a afir- tes na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia
mação das premissas da onda anterior, restando parcial- for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos
mente implementada (visto que até hoje enfrentam-se de admissibilidade, ela será resolvida, independentemen-
obstáculos ao pleno atendimento em todas as ondas). te de haver ou não previsão específica a respeito na le-
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu gislação.
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remu- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
neração por parte dos advogados e, ao final, levando à favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
criação de um aparato estrutural para a prestação da as-
sistência pelo Estado. Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência ju-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e rídica integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
Garth18, veio a onda de superação do problema na re- ciência de recursos.
presentação dos interesses difusos, saindo da concepção
tradicional de processo como algo restrito a apenas duas O constituinte, ciente de que não basta garantir o
partes individualizadas e ocasionando o surgimento de acesso ao Poder Judiciário, sendo também necessária a
novas instituições, como o Ministério Público. efetividade processual, incluiu pela Emenda Constitucio-
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma ter- nal nº 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constitui-
ceira onda consistente no surgimento de uma concepção ção:
mais ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto
de instituições, mecanismos, pessoas e procedimentos Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e
utilizados: “[...] esse enfoque encoraja a exploração de administrativo, são assegurados a razoável duração do
uma ampla variedade de reformas, incluindo alterações processo e os meios que garantam a celeridade de sua
nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos tramitação.
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pes-
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
significa que se deve acelerar o processo em detrimento
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
1997. de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. é preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris nem menos que o necessário para a efetiva realização da
Editor, 1998, p. 31-32. justiça no caso concreto.
18 Ibid., p. 49-52
19 Ibid., p. 67-73
13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
criado para uma situação pretérita, bem como não reco- beneficiar o réu.
nhecido como legítimo pela Constituição do país.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
Tribunal do júri anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
artigo 5º, XXXVIII, CF: nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
com a organização que lhe der a lei, assegurados: que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a) a plenitude de defesa; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
b) o sigilo das votações; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
c) a soberania dos veredictos; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos dade da lei penal mais benéfica.
contra a vida.
Menções específicas a crimes
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
não magistrados, no caso de determinados crimes que por atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
nal. Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
ciais e administrativos. mento específico a certas práticas criminosas.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com-
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões nos termos da lei.
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri-
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
jurisdição. provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o curso do tempo).
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o a) privação ou restrição da liberdade;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles b) perda de bens;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo c) multa;
evitá-los, se omitirem. d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in- dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo nado, consideradas as características do agente e do delito.
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
concedida antes da sentença final ou depois da condena- do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito prisional, por um determinado tempo.
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do do patrimônio do indivíduo delituoso.
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e A prestação social alternativa corresponde às penas
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra digo Penal.
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos Por seu turno, a individualização da pena deve também
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF:
disso, são crimes que não aceitam fiança.
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
a idade e o sexo do apenado.
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
A distinção do estabelecimento conforme a natureza
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
Personalidade da pena ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
5º, XLV, CF: cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a Também se denota o respeito à individualização da
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido. Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
O princípio da personalidade encerra o comando de o te o período de amamentação.
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se da criança, não a afastando do seio materno de maneira
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. tação.
15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ação penal privada subsidiária da pública Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: do depoimento do interrogatório são assinados pelas au-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen-
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- tais.
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
legal. que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
são do poder público na atividade de persecução criminal relaxada pela autoridade judiciária.
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
interessado a proponha. Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
são do artigo 5º, LXVI, CF:
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar- Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. com ou sem fiança.
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos,
porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber- ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
dade daquele que assim agiu. ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- Indenização por erro judiciário
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei. Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante tempo fixado na sentença.
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
condenação). nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação além do tempo que foi condenada a cumprir.
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
5) Direitos fundamentais implícitos
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao deral:
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada. Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
entrar em contato com sua família e com um advogado,
conforme artigo 5º, LXIII, CF: Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe nas exemplificativo, não taxativo.
assegurada a assistência da família e de advogado.
6) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: mento interno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório internacionais em que a República Federativa do Brasil
policial. seja parte”.
17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
constantes de registros ou bancos de dados de entidades e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci-
governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09,
instrumentos específicos. é de partido político com representação no Congresso Na-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza cional, bem como de organização sindical, entidade de
civil, independente da natureza do ato impugnado (admi- classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminên- líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses
cia de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, ou de seus membros.
quando já consumado o abuso/ilegalidade. f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança
a necessidade de dilação probatória, isto devido à nature- coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos
za célere e sumária do procedimento. membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran-
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- te.
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou § 1º O mandado de segurança coletivo não induz li-
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi-
mais reconhecidas por lei. vidual se não requerer a desistência de seu mandado de
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no comprovada da impetração da segurança coletiva.
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se poderá ser concedida após a audiência do representante
autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato im- judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática”. pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
5) Ação popular
coatora.
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009.
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
4) Mandado de segurança coletivo
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de in-
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
gresso com mandado de segurança coletivo, consoante
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
ao artigo 5º, LXX:
a) Origem: Constituição Federal de 1934.
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo-
pode ser impetrado por: a) partido político com represen- cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
tação no Congresso Nacional; b) organização sindical, en- coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos
tidade de classe ou associação legalmente constituída e em interesses transindividuais.
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional,
resses de seus membros ou associados. que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra-
a) Origem: Constituição Federal de 1988. tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque-
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú-
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e de- blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de
terminadas associações. algum modo lide com a coisa pública.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza f) Competência: Será fixada de acordo com a origem
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- 4.717/65).
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos junho de 1965.
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável
a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre 6) Mandado de injunção
tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun- Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
à cidadania. sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
seja proposto o mandado de injunção são a existência de princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di- terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in-
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra-
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não a ordem social, se concentra em trazer normativas mais
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais.
não sejam aplicáveis.
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
a regulamentação de normas constitucionais de eficácia li- ciais
mitada. Independentemente da categoria de direitos que este-
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula- sentido meramente formal, mas necessariamente material.
rize direito fundamental não materializável por omissão le- Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a como também se mostram essenciais.
legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
elaboração de norma regulamentadora for atribuição do categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, moradia, assim como nem todos se encontram na posição
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
administração direta ou indireta, excetuados os casos da real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e direitos fundamentais.
da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei- alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança, dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
vinculados. direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
e) Procedimento: Regulamentado pela Lei nº mais plena possível.
13.300/2016. Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
Direitos sociais sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
normas programáticas e que necessitam de uma postura tes a esta categoria de direitos.
interventiva estatal em prol da implementação.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram 2) Reserva do possível e mínimo existencial
menção genérica no artigo 6º, CF: Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
notadamente porque estão previstos em normas progra-
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- máticas e porque a implementação deles gera um ônus
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
a segurança, a previdência social, a proteção à materni- dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
dade e à infância, a assistência aos desamparados, na tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
forma desta Constituição. em prol da efetivação destes.
21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- cluindo o ensino médio gratuito).
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
Público como determinador de que particulares respeitem alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Estatuto Máximo25. lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
a cláusula da reserva do possível como argumento para a de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
não implementação de determinado direito social – seja na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
entendimento dominante.
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
4) Direito individual do trabalho
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de assédio moral).
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
Fundamental do Estado”26. despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do lei complementar, que preverá indenização compensatória,
possível, embora viável, não pode servir de muleta para dentre outros direitos.
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, Significa que a demissão, se não for motivada por justa
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen- compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- gador.
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
atender esta demanda. Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, semprego involuntário.
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po- do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
der Judiciário em prol de sua efetivação. desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
3) Princípio da proibição do retrocesso contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
assistência financeira temporária.
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
retrocesso, de modo que um direito social garantido não
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
pode deixar de o ser. viço.
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen-
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí- ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em da casa própria ou da aposentadoria e em situações de
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. causa ou em caso de algumas doenças graves.
22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
porte e previdência social, com reajustes periódicos que noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
ção para qualquer fim. atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
Trata-se de uma visível norma programática da Cons- tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
horas do dia seguinte.
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e constituindo crime sua retenção dolosa.
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
Socioeconômicos (Dieese)”27. há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
à complexidade do trabalho. o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre- incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, XXXIX, CF).
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
estabelecido em conformidade com a data base da cate- participação na gestão da empresa, conforme definido em
goria, por isso ele é definido em conformidade com um
lei.
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
trabalhador.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o conhecida também por Programa de Participação nos Re-
disposto em convenção ou acordo coletivo. sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de- empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
missão em massa durante uma crise, situações que devem dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
ser negociadas em convenção ou acordo coletivo. cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
superior à do diurno. perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor- Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
normal. dias.
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- xados em lei.
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que do que os homens recebem mais porque os empregadores
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- entendem que eles necessitam de um salário maior para
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com de forma especial.
a própria família.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
ferencialmente aos domingos. da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
munerado coincidente com um domingo a cada período, mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). trabalhado ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
rança.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos dade e na ausência de agentes que possam comprometer
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.
24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
lei. registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação na empresa.
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância acordos coletivos de trabalho.
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de balho, que encontra regulamentação constitucional nos
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais trabalhadores entram em negociação com as empresas na
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
mínimo. na forma da lei.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São conside- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má-
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades para que possa operá-la).
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
do adicional de periculosidade será o salário do empre- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em- a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
presa.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
tes adicionais. definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. temporária, da capacidade para o trabalho.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
to social no próprio artigo 6º, CF. buição com natureza de tributo que as empresas pagam
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
de em creches e pré-escolas. to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi-
25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
compreendido como prestação garantida pelo Estado cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) o trabalho em condições desfavoráveis.
com a indenização devida pelo empregador em caso
de culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estan- Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
do amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
Superior do Trabalho; balhador avulso.
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos re- Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
sultantes das relações de trabalho, com prazo prescri- presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
cional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do trabalhador com vínculo empregatício permanente.
contrato de trabalho. A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tute- do artigo 7º:
la jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo
assim, há um período de tempo que o empregado tem Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
para requerer seu direito na Justiça do Trabalho. A pres- goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
crição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
relativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
anos durante a vigência do contrato de trabalho. primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salá- previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social.
rios, de exercício de funções e de critério de admissão
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção aten-
substituição processual, participação e representação clas-
ta contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo
sista29.
constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa- A liberdade de associação profissional ou sindical tem
ração salarial judicialmente. escopo no artigo 8º, CF:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimi- Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
nação no tocante a salário e critérios de admissão do cal, observado o seguinte:
trabalhador portador de deficiência. I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
limitações, possui condições de ingressar no mercado intervenção na organização sindical;
de trabalho e não pode ser preterida meramente por II - é vedada a criação de mais de uma organização
conta de sua deficiência. sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os pro- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
fissionais respectivos. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são questões judiciais ou administrativas;
igualmente relevantes e contribuem todos para a so- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
ciedade, não cabendo a desvalorização de um trabalho se tratando de categoria profissional, será descontada em
apenas por se enquadrar numa ou outra categoria. folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho notur- prevista em lei;
no, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, filiado a sindicato;
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
anos. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 1) Nacionalidade como direito humano fundamen-
negociações coletivas de trabalho; tal
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- Os direitos humanos internacionais são completamen-
tado nas organizações sindicais; te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité-
grave nos termos da lei. rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- brasileiro não admite a figura do apátrida.
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
tigo 9º, CF: passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
um processo conhecido como naturalização.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
sobre os interesses que devam por meio dele defender. nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
da comunidade. aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar
penas da lei. o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di-
o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
versas.
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de um governante, de um poder despótico, de decisões
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
rios sejam objeto de discussão e deliberação. to séria”30.
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
no artigo 11, CF: direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
pregados, é assegurada a eleição de um representante ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
dimento direto com os empregadores. desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
Nacionalidade humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
um nacional pode adquirir direitos políticos. cometeram tais violações.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que 2) Naturalidade e naturalização
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
assim de direitos e obrigações. são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
não é a mesma coisa que população. População é o con- 30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
trangeiros residentes no país e os apátridas. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.
27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a) Brasileiros natos Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con-
Art. 12, CF. São brasileiros: cessão da naturalização:
I - natos: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, II - ser registrado como permanente no Brasil;
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam III - residência contínua no território nacional, pelo
a serviço de seu país; prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou ao pedido de naturalização;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
da República Federativa do Brasil; condições do naturalizando;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- manutenção própria e da família;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- VI - bom procedimento;
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
sileira. nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
superior a 1 (um) ano; e
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
VIII - boa saúde.
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
Destaque vai para o requisito da residência contínua.
em território do país independentemente da nacionalidade
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
de do local de nascimento mas sim da descendência de um
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
nacional do país (critério comum em países que tiveram
êxodo de imigrantes). o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- ria no artigo 12, II, “a”.
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
nha nascido no território brasileiro. gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em Judiciário para fazê-lo valer31.
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- c) Tratamento diferenciado
dade brasileira ou não. A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
b) Brasileiros naturalizados sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
II - naturalizados: ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- sos previstos nesta Constituição.
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
e idoneidade moral; ferência.
28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um VII - o fato constituir crime político; e
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- quando o fato constituir, principalmente, infração da lei
tuição no artigo 5º, §4º). penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao
delito político, constituir o fato principal.
6) Extradição § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão deral, a apreciação do caráter da infração.
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou considerar crimes políticos os atentados contra Che-
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. fes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de de processos violentos para subverter a ordem política ou
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- social.
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). Art. 78. São condições para concessão da extradição:
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: I - ter sido o crime cometido no território do Estado
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime penais desse Estado; e
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- II - existir sentença final de privação de liberdade, ou
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri-
que foram objeto do pedido de extradição. bunal ou autoridade competente do Estado requerente,
salvo o disposto no artigo 82.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradi-
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países,
pedido daquele em cujo território a infração foi come-
p. ex., não pode ocorrer a extradição).
tida.
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferên-
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
cia, sucessivamente:
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. I - o Estado requerente em cujo território haja sido co-
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): metido o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar
para uma pena aceita no Brasil. do extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferên-
nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedi- cia o Governo brasileiro.
mento: § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos
Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go- disserem respeito à preferência de que trata este artigo.
verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando
prometer ao Brasil a reciprocidade. Art. 80. A extradição será requerida por via diplomáti-
ca ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Minis-
Art. 77. Não se concederá a extradição quando: tério da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente.
II - o fato que motivar o pedido não for considerado § 1o O pedido deverá ser instruído com indicações pre-
crime no Brasil ou no Estado requerente; cisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul- do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ain-
gar o crime imputado ao extraditando; da, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência,
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão a pena e sua prescrição.
igual ou inferior a 1 (um) ano; § 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- documentos.
mo fato em que se fundar o pedido; § 3o Os documentos indicados neste artigo serão
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se- acompanhados de versão feita oficialmente para o idio-
gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; ma português.
30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressu- § 2º Não estando o processo devidamente instruído,
postos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em o Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da Repú-
tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao blica, poderá converter o julgamento em diligência para
Supremo Tribunal Federal. suprir a falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias,
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de decorridos os quais o pedido será julgado independentemen-
que trata o caput, o pedido será arquivado mediante de- te da diligência.
cisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído, data da notificação que o Ministério das Relações Exterio-
uma vez superado o óbice apontado. res fizer à Missão Diplomática do Estado requerente.
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comuni-
em caso de urgência e antes da formalização do pedido de cado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão
extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessen-
cautelar do extraditando por via diplomática ou, quan- ta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do
do previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após território nacional.
exame da presença dos pressupostos formais de admis-
sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extradi-
ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Lei nº tando do território nacional no prazo do artigo anterior, será
12.878, de 2013) ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a pro-
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cesso de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar.
cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser apre-
sentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo
outro meio que assegure a comunicação por escrito. (Reda- pedido baseado no mesmo fato.
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresen-
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo proces-
tado ao Ministério da Justiça por meio da Organização
sado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível
Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente
com pena privativa de liberdade, a extradição será exe-
instruído com a documentação comprobatória da existência
cutada somente depois da conclusão do processo ou do
de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro. (Reda-
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
no artigo 67.
§ 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no-
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual-
venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado
mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a
da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradi-
sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por
ção. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo pre- laudo médico oficial.
visto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade,
não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mes- Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ain-
mo fato sem que a extradição haja sido devidamente reque- da que responda a processo ou esteja condenado por
rida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) contravenção.
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem pré- Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Esta-
vio pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal do requerente assuma o compromisso:
Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo I - de não ser o extraditando preso nem processado por
recurso da decisão. fatos anteriores ao pedido;
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), imposta por força da extradição;
o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. III - de comutar em pena privativa de liberdade a
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. IV - de não ser o extraditando entregue, sem consen-
timento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e V - de não considerar qualquer motivo político, para
hora para o interrogatório do extraditando e, conforme agravar a pena.
o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, cor-
rendo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa. Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa re- brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com
clamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu
ilegalidade da extradição. poder.
31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
neste artigo poderão ser entregues independentemente mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
da entrega do extraditando. nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capa-
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao cidade passiva tenha necessariamente a ativa.
Estado requerente, escapar à ação da Justiça e homi-
ziar-se no Brasil, ou por ele transitar, será detido me- 2) Democracia direta e indireta
diante pedido feito diretamente por via diplomática, e de Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
novo entregue sem outras formalidades. frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser I - plebiscito;
permitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no ter- II - referendo;
III - iniciativa popular.
ritório nacional, de pessoas extraditadas por Estados es-
trangeiros, bem assim o da respectiva guarda, mediante
A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
apresentação de documentos comprobatórios de con-
ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
cessão da medida.
der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
7) Idioma e símbolos pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
da República Federativa do Brasil. sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
poderão ter símbolos próprios. rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
Idioma é a língua falada pela população, que confe- decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
re caráter diferenciado em relação à população do resto política e depois se consulta a população. Embora os dois
do mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
de uma nação. ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e in- que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
ternacionalmente. libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a constitucional, legislativa ou administrativa”32.
previsão é feito dentro do capítulo do texto constitucio- Na iniciativa popular confere-se à população o poder
nal que aborda o tema. de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
Direitos políticos buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos artigo 61, §2°, CF:
direitos políticos, já que somente um nacional pode ad-
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
quirir direitos políticos. No entanto, nem todo nacional
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
é titular de direitos políticos. Os nacionais que são titu-
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
lares de direitos políticos são denominados cidadãos.
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro é um
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular
do direito de sufrágio universal. 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
voto
1) Sufrágio universal O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobe- dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
rania popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
eleitorais, a capacidade ativa – votar e exercer a demo-
cracia direta – e a capacidade passiva – ser eleito como Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
representante no modelo da democracia indireta. Ou I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
ainda, sufrágio universal é o direito de todos cidadãos II - facultativos para:
de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
te da República, de Governador de Estado ou Território, do lizarem durante o período remanescente do mandato para o
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular da legislatura;
de mandato eletivo e candidato à reeleição. d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
reeleição. e) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
didas as seguintes condições: o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar-se da atividade; 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- plementar nº 135, de 2010)
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
os militares que não podem se alistar ou os que podem, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
para exercício de mandato considerada vida pregressa do tortura, terrorismo e hediondos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
indireta. Complementar nº 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi- sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
artigo 1º, que segue. ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
I - para qualquer cargo: todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
a) os inalistáveis e os analfabetos; tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici- h) os detentores de cargo na administração pública di-
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin- reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter-
gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti- ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem
34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
Lei Complementar nº 135, de 2010) observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- q) os magistrados e os membros do Ministério Público
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
go ou função de direção, administração ou representação, tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
dade; de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
2010)
j) os que forem condenados, em decisão transitada em
II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
de seus cargos e funções:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
1. os Ministros de Estado:
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- militar, da Presidência da República;
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) da Presidência da República;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, República;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de da Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 8. os Magistrados;
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Territórios;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 11. os Interventores Federais;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 12. os Secretários de Estado;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 13. os Prefeitos Municipais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em Estados e do Distrito Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
135, de 2010) Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº do Senado Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);
n) os que forem condenados, em decisão transitada em d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
o) os que forem demitidos do serviço público em decor- exercido cargo ou função de direção, administração ou re-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da
8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm-
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas
Complementar nº 135, de 2010) influir na economia nacional;
35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Dos partidos políticos
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
7) Perda e suspensão de direitos políticos já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
II - incapacidade civil absoluta; de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
III - condenação criminal transitada em julgado, en- regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
quanto durarem seus efeitos; mentais da pessoa humana [...].
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, lecendo a Constituição um limite de números de partidos
§ 4º. políticos que possam ser constituídos, permitindo também
que sejam extintos, fundidos e incorporados.
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
sal. Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
moral ou religiosa. 17, §4º, CF).
O inciso V se refere à ação de improbidade administra- O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi- tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
suspensão dos direitos políticos.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera- distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos normas de disciplina e fidelidade partidária.
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
suspensão. CF).
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
vedado pelo texto constitucional. televisão, na forma da lei.
37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ticipação do usuário na administração pública direta e ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
indireta, regulando especialmente: único comportamento possível) e dos atos discricionários
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís-
interna, da qualidade dos serviços; sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII; cricionários.
III - a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles36 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini37,
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
procura por produtividade e economicidade. Alcança os dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se rios quanto os vinculados.
referindo diretamente à conduta dos agentes.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem vidores
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
dos à função pública a probidade e a motivação: cípios da administração pública estudados no tópico ante-
a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini35 alerta que são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
alguns autores tratam veem como distintos os princípios tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há forma da lei.
características que permitam tratar os mesmos como pro-
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
que a probidade administrativa é um aspecto particular da 8.112/1990, que prevê:
moralidade administrativa.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
investidura em cargo público:
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
I - a nacionalidade brasileira;
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais II - o gozo dos direitos políticos;
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão cargo;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro V - a idade mínima de dezoito anos;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da VI - aptidão física e mental.
Administração. § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí-
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
os atos administrativos devem ser motivados para que o professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo com as normas e os procedimentos desta Lei.
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem 36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
ser observados os motivos dos atos administrativos. São Paulo: Malheiros, 1993.
35 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 37 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.
39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo
207 da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de
prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de
sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
regulamentos.
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concur-
sos de provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é
o cargo de confiança, que não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período.
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira.
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, por igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de vali-
dade não expirado.
O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade.
Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga
e não ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso
no serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela
preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários
públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de
Injunção nº 20).
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiên-
cia e definirá os critérios de sua admissão.
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o
servidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas
de Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconi-
zado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado)
quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto,
de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e esta-
tutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado
moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”39.
38 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
39 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse pú-
blico. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.
41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
de índices. mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. res aos pagos pelo Poder Executivo.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu- Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
ção e exoneração. ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po-
tigos 40 e 41: deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra-
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele- fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
cidas em lei.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei-
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
62. caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de previstas em lei.
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
93. XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
tagens de caráter permanente, é irredutível. respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
ao local de trabalho. disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta-
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior duais e Distritais e dos Vereadores.
ao salário mínimo.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi-
Ainda, o artigo 37 da Constituição: paração salarial:
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara-
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
administração direta, autárquica e fundacional, dos remuneração de pessoal do serviço público.
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os de política de administração e remuneração de pessoal,
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per- integrado por servidores designados pelos respectivos
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros mostrem similares.
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá
dos por servidor público não serão computados nem acu- exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva.
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório à remuneração devida pela participação em conselhos de
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
vantagem até então percebida.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; se em que houver compatibilidade de horário e local com o
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos dos órgãos ou entidades envolvidos.
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
tamente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho40, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- dessa infração – art. 133” 41.
titucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques- Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e
tão: seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos pre- administrativos, na forma da lei.
vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
da de cargos públicos. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
presas públicas, sociedades de economia mista da União, por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- ritários para a realização de suas atividades e atuarão
nicípios. de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
dicionada à comprovação da compatibilidade de horá- vênio.
rios.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção “O Estado tem como finalidade essencial a garantia
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati- na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
vidade. atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
41 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu empresas públicas e às sociedades de economia mista
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
A importância da Administração Tributária foi reconhecida Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti- mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
precedência e de seus servidores sobre os demais setores Continua o artigo 37, CF:
da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe-
tência”42.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
contratados mediante processo de licitação pública que
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
definir as áreas de sua atuação. mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mento das obrigações.
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-
Órgãos da administração indireta somente podem ser mas para licitações e contratos da Administração Pública
criados por lei específica e a criação de subsidiárias des- e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con-
tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e junto de procedimentos administrativos (administrativos
controla diretamente determinada empresa pública ou so- porque parte da administração pública) para as compras
ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên- mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
tese para observar que quase todos os autores que abor-
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
ção é um processo formal onde há a competição entre os
da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em- interessados.
presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes- crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res-
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos pectivas ações de ressarcimento.
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
considerar inválida sua autorização”43.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar pres-
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto creverá:
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen- destituição de cargo em comissão;
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
que o fato se tornou conhecido.
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato; § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; como crime.
III - a remuneração do pessoal. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
42 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu-
taria_sao_paulo.htm nal proferida por autoridade competente.
43 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom- § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
plicado. São Paulo: GEN, 2014. meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes pú-
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 blicos passaram a ser responsabilizados na esfera civil
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade pelos atos de improbidade administrativa descritos nos
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- artigos 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A
nos graves (pena de advertência), contados da data em que existência de esferas distintas de responsabilidade (civil,
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se penal e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- que, ontologicamente, não se trata de punições idênti-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- cas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsa-
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a bilização em esferas distintas do Direito.
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Destaca-se um conceito mais amplo de agente pú-
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- blico previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- 2º porque o agente público pode ser ou não um servidor
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo público. Ele poderá estar vinculado a qualquer institui-
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais ção ou órgão que desempenhe diretamente o interesse
propor ação disciplinar. do Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes
da administração direta, indireta e fundacional, confor-
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as me o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- entidade privada que desempenhe tais fins, desde que a
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública
ções privilegiadas. em mais de 50% do patrimônio ou receita anual. Caso a
verba pública que tenha auxiliado uma entidade privada
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre a qual o Estado não tenha concorrido para criação ou
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei.
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja infe-
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da rior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi- ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu so-
de 4 de setembro de 2001.
bre a contribuição dos cofres públicos. Significa que se
Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
buscado por outra via que não a ação de improbidade
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
administrativa.
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
improbidade administrativa em três categorias:
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
a) Ato de improbidade administrativa que importe
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. O grupo mais grave de atos de improbidade admi-
nistrativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimen-
3) Atos de improbidade administrativa to + ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra- indevida + em razão do exercício de cargo, mandato,
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni- emprego, função ou outra atividade nas entidades do
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita- O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obede-
sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo ça aos ditames morais, notadamente no desempenho de
qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since- função de interesse estatal.
ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”44. Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
do serviço público que se intensificavam com a ineficácia um policial recebe propina pratica ato de improbidade
do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De- administrativa, mas não atinge diretamente os cofres pú-
correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten- blicos).
tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre- Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri-
juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im-
ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil. perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com
intenção). Não cabe prática por omissão.45
44 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- 45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Paulo: Método, 2011.
45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Ato de improbidade administrativa que importe Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- alíquota mínima.
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao d) Ato de improbidade administrativa que atente
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- contra os princípios da administração pública (artigo
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como 11, Lei nº 8.429/1992)
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
o seu conteúdo46. os princípios da administração pública qualquer ação ou
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que lidade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O gru-
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal- po mais ameno de atos de improbidade administrativa se
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
se refere a destruição47. nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. gerais da administração pública50.
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu- o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
STJ consolidou a tese de que é indispensável a existên- embora caiba a prática por ação ou omissão.
cia de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo diante do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade,
com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando
quando o agente não pretende atingir o resultado da- o ato de improbidade administrativa não tiver gerado ob-
noso, mas atua com negligência, imprudência ou impe- tenção de vantagem
rícia (REsp n° 1.127.143)”48. Para Carvalho Filho49, não há Com efeito, os atos de improbidade administrativa
inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando não são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição
que é possível dosar a pena conforme o agente aja com na esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
dolo ou culpa. simultaneamente um ato de improbidade administrativa
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem ambos, nas duas esferas.
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas-
c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida-
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi- de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação
nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio
157, de 2016) público; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad-
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se-
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente,
fixando-se a alíquota mínima em 2%. descreve os procedimentos administrativo e judicial.
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob-
sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2% tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde-
para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis- vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá
cal), prejudicando os municípios vizinhos. não só reparar eventual dano causado mas também colo-
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente.
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida-
46 Ibid. mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento
48 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re-
nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível
em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp. parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013. devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi-
49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 50 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.
46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de vidores
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, taurando-se o equilíbrio social.53
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- limites da herança, embora existam reflexos na ação que
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
sem prejuízo da ação penal cabível”. fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- uma absolvição por falta de provas não o faz).
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
lei é o instrumento adequado para tanto51. fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às
Carvalho Filho52 tece considerações a respeito de algu- regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
mas das sanções: ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
danos que seus agentes causem durante a prestação do
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
derivar de origem ilícita”.
aos direitos humanos reconhecidos.
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
netária e juros de mora.
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
- Perda de função pública: “se o agente é titular de
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa- pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
res trabalhistas e temporários), a perda da função pública se encontram no art. 186 do Código Civil:
se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
empregado. No caso de exercer apenas uma função públi- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
se sujeitam a procedimento especial para perda da função ilícito.
pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
Administrativa. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
- Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga- (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
indenizatório, mas punitivo. terial, econômico e não econômico).
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me- cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é
nos sócio majoritário da instituição vitimada. o dano específico, individualizado, que atinge determina-
- Proibição de contratar: o agente punido não pode da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul-
participar de processos licitatórios. trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
52 Ibid. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
na circunstância específica possuía o dever de impedir o cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
assalto, como no caso de uma viatura presente no local - contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabi-
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito lidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou
humano reconhecido). omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por terá o dever de indenizar.
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
nº 8.112/90:
das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
cular.
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
e administrativas poderão cumular-se, sendo independen-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. tes entre si.
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
por um agente público no exercício de suas funções e que mente acionado e responde pelos atos de seus servidores
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
tado. ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada aciona-se o agente público que praticou o ato.
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- praticados pelo agente público no exercício de sua fun-
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que ção que violam direitos humanos. A título de exemplo,
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, peculato, consistente em apropriação ou desvio de di-
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais nheiro público (art. 312, CP), que viola o bem comum e
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de o interesse da coletividade; concussão, que é a exigência
regresso se agiram com dolo ou culpa. de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: uma situação de constrangimento e medo que viola dire-
tamente sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tra-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- tamento humano, cuja pena é agravada quando praticada
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos por funcionário público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo
funcionário que violar a ética do serviço público, como
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- advertência, suspensão e demissão.
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
Evidencia-se a independência entre as esferas civil,
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
penal e administrativa no que tange à responsabilização
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
do agente público que cometa ato ilícito.
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
Tomadas as exigências de características dos danos
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto acima colacionadas, notadamente a anormalidade, con-
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, sidera-se que para o Estado ser responsabilizado por um
considerada a existência de uma relação obrigacional que dano, ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da so-
põe. ciedade e a plena cobertura de todas as fatalidades que
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- possam acontecer em território nacional.
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele palavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas
esperado.54 condições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de
54 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretan-
Paulo: Método, 2011. do em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mais componentes do sistema remuneratório observará:
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos dade dos cargos componentes de cada carreira;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais II - os requisitos para a investidura;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- III - as peculiaridades dos cargos.
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do entre os entes federados.
dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
blicos estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- do a natureza do cargo o exigir.
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
a questão remuneratória: fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
sua remuneração;
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
ção dos cargos e empregos públicos.
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
norma do inciso anterior; tários provenientes da economia com despesas correntes
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
ção por merecimento; parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
de afastamento, os valores serão determinados como se no § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
exercício estivesse. dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
6) Regime de remuneração e previdência dos servi- Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efeti-
dores públicos vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên- cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui- regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
ção Federal: mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser-
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri-
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
Municípios instituirão conselho de política de administra- disposto neste artigo.
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A dos §§ 3º e 17:
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
planos de carreira para os servidores da administração pú- rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
complementar; nibilidade.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público contagem de tempo de contribuição fictício.
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
doria, observadas as seguintes condições: total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
de contribuição, se mulher; o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
cionais ao tempo de contribuição. em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ção, e de cargo eletivo.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
concessão da pensão. para o regime geral de previdência social.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
munerações utilizadas como base para as contribuições do ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- público, aplica-se o regime geral de previdência social.
tigo e o art. 201, na forma da lei. § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
vidores:
do regime geral de previdência social de que trata o art.
I - portadores de deficiência;
201.
II - que exerçam atividades de risco;
§ 15. O regime de previdência complementar de que
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui- parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto chadas de previdência complementar, de natureza pública,
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen- que oferecerão aos respectivos participantes planos de be-
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
educação infantil e no ensino fundamental e médio. § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada que tiver ingressado no serviço público até a data da publi-
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do cação do ato de instituição do correspondente regime de
regime de previdência previsto neste artigo. previdência complementar.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de § 17. Todos os valores de remuneração considerados
pensão por morte, que será igual: para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa- mente atualizados, na forma da lei.
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
limite, caso aposentado à data do óbito; ou para os benefícios do regime geral de previdência social de
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite para os servidores titulares de cargos efetivos.
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se- completado as exigências para aposentadoria voluntária
tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade na data do óbito. atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para ao valor da sua contribuição previdenciária até completar
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor- as exigências para aposentadoria compulsória contidas no
me critérios estabelecidos em lei. § 1º, II.
50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
próprio de previdência social para os servidores titula- respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o caput deste artigo.
disposto no art. 142, § 3º, X. § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta- teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo único do art. 29.
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
cia social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
pacitante. dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
7) Estágio probatório e perda do cargo cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
mento efetivo em virtude de concurso público. mento para participar de curso de formação decorrente de
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: aprovação em concurso para outro cargo na Administração
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- Pública Federal.
gado; § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
II - mediante processo administrativo em que lhe licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
seja assegurada ampla defesa; 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
III - mediante procedimento de avaliação periódica formação, e será retomado a partir do término do impedi-
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada mento.
ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do O estágio probatório pode ser definido como um lapso
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem- dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
po de serviço. exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade- to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
quado aproveitamento em outro cargo. ramento no órgão ou entidade de lotação.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
missão instituída para essa finalidade. tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser- que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su- to no artigo 41 da Constituição Federal.
jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob- rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos
jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, nota-
os seguinte fatores: damente: em virtude de sentença judicial transitada em
I - assiduidade; julgado; mediante processo administrativo em que lhe
II - disciplina; seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
III - capacidade de iniciativa; mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
IV - produtividade; de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
V - responsabilidade. lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
gio probatório, será submetida à homologação da autori- 8) Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, dos Territórios
realizada por comissão constituída para essa finalidade, Prevê o artigo 42, CF:
51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na públicos, na hipótese de calamidade pública, responden-
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- do a União pelos danos e custos decorrentes.
trito Federal e dos Territórios. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. justificaram a sua decretação.
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor so- § 3º Na vigência do estado de defesa:
bre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes I - a prisão por crime contra o Estado, determina-
dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. da pelo executor da medida, será por este comunicada
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de
lei específica do respectivo ente estatal. delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação;
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA; poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA; pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorroga-
ção, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro
Estado de Defesa e o Estado de Sítio horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins- Congresso Nacional, que decidirá por maioria absolu-
tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o ta.
Estado de Defesa e o Estado de Sítio. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
Estado de defesa e estado de sítio são duas situações será convocado, extraordinariamente, no prazo de cin-
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, co dias.
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den-
próprio Estado e suas instituições democráticas. tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
O estado de defesa é decretado para preservar ou continuar funcionando enquanto vigorar o estado de de-
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem fesa.
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o es-
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de tado de defesa.
grandes proporções na natureza.
O estado de sítio é decretado quando estado de defesa Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
não resolveu o problema, quando o problema atinge todo podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.
o país, ou em casos de guerra. Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a
A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo preservação ou restabelecimento em locais restritos e
141, CF, que seguem. determinados a ordem pública e a paz social que este-
jam ameaçados por grave instabilidade institucional ou
Seção I calamidade de grande proporção.
DO ESTADO DE DEFESA Ainda, a especificidade que se percebe pela exigên-
cia de determinação do local e do prazo de vigência
Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o (que não pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, dias), bem como pela delimitação de medidas.
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem voltam ao estado de defesa por instabilidade institucio-
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente nal (casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades o direito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa
de grandes proporções na natureza. por calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso tem-
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter- porário de bens e serviços públicos).
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas a Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de
serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as Defesa, embora seja feita pelo Presidente da República,
medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: não é um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião
I - restrições aos direitos de: do Conselho da República e do Conselho de Defesa Na-
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; cional e depois submeter o decreto para aprovação pelo
b) sigilo de correspondência; Congresso Nacional por maioria absoluta.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
a reserva, nos termos da lei; serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar prestação de outros serviços para o Estado, assim como os
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo- eclesiásticos.
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea Direito à segurança pública
‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por an- A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Fe-
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para deral, a saber, o aspecto de direito e garantia individual e
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo de- coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º, da Cons-
pois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transfe- tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da
rido para a reserva, nos termos da lei; igualdade, e da propriedade), bem como o aspecto de di-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre- reito social, por estar prevista no artigo 6º, da Constituição
ve; Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, todavia, se
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º,
filiado a partidos políticos; CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra discipli-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado namento no artigo 144, da Constituição da República.
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci- Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua
são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública,
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta-
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por senten- do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes
ça transitada em julgado, será submetido ao julgamento de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
previsto no inciso anterior; direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, a justiça por próprias mãos.
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede-
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’; ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado,
IX - (Revogado) direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo
de transferência do militar para a inatividade, os direitos, 144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga-
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa- rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são:
ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom-
compromissos internacionais e de guerra. beiros militares.
Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter- destes órgãos que devem garantir a segurança pública,
mos da lei. com suas respectivas competências:
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atri-
buir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo- como órgão permanente, organizado e mantido pela União
se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção e estruturado em carreira, destina-se a:
filosófica ou política, para se eximirem de atividades de ca- I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
ráter essencialmente militar. cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
a outros encargos que a lei lhes atribuir. interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
segundo se dispuser em lei;
As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér- II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re- drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e áreas de competência;
hierarquizadas, além de terem vedações como o direito de III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação ria e de fronteiras;
a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró- diciária da União.
54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
ostensivo das rodovias federais. na forma da lei.
Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de- TÍTULO VIII
legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com- Da Ordem Social
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
CAPÍTULO I
ração de infrações penais, exceto as militares.
DISPOSIÇÃO GERAL
Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po-
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
de bombeiros militares, além das atribuições definidas em Ordem social é a expressão que se refere à organiza-
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. ção da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça
social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental).
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Gover-
nadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. CAPÍTULO II
Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das DA SEGURIDADE SOCIAL
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui-
ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são Seção I
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- DISPOSIÇÕES GERAIS
rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”:
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as saúde, previdência e assistência social.
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saú-
respectivo ente estatal. de, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú- objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
blica, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais;
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
III - seletividade e distributividade na prestação dos be-
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
nefícios e serviços;
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po- VI - diversidade da base de financiamento;
liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será VII - caráter democrático e descentralizado da adminis-
fixada na forma do § 4º do art. 39. tração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Go-
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para verno nos órgãos colegiados.
a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
soas e do seu patrimônio nas vias públicas: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, me-
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que diante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficien- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
te; e contribuições sociais:
55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equi- § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
parada na forma da lei, incidentes sobre: contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que complementar.
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
b) a receita ou o faturamento; para os quais as contribuições incidentes na forma dos in-
c) o lucro; cisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdên- § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
cia social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a
de que trata o art. 201; receita ou o faturamento.
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de Seção II
quem a lei a ele equiparar. DA SAÚDE
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
União. à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social universal e igualitário às ações e serviços para sua promo-
será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsá- ção, proteção e recuperação.
veis pela saúde, previdência social e assistência social, ten-
do em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei,
de seus recursos. sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, sistema único, organizado de acordo com as seguintes di-
obedecido o disposto no art. 154, I. retrizes:
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social I - descentralização, com direção única em cada esfera
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a corres- de governo;
pondente fonte de custeio total. II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data III - participação da comunidade.
da publicação da lei que as houver instituído ou modifica- § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter-
do, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b». mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
social as entidades beneficentes de assistência social que nicípios, além de outras fontes.
atendam às exigências estabelecidas em lei. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatá- cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
rio rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de per-
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de eco- centuais calculados sobre:
nomia familiar, sem empregados permanentes, contribui- I – no caso da União, a receita corrente líquida do res-
rão para a seguridade social mediante a aplicação de uma pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%
alíquota sobre o resultado da comercialização da produção (quinze por cento);
e farão jus aos benefícios nos termos da lei. II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos
caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cál- recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a,
culo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos
utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa respectivos Municípios;
ou da condição estrutural do mercado de trabalho. III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro-
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156
cursos para o sistema único de saúde e ações de assistên- e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I,
cia social da União para os Estados, o Distrito Federal e os alínea b e § 3º.
Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
respectiva contrapartida de recursos. a cada cinco anos, estabelecerá:
56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; IV - participar da formulação da política e da execução
II – os critérios de rateio dos recursos da União vincu- das ações de saneamento básico;
lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvi-
aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos mento científico e tecnológico e a inovação;
Municípios, objetivando a progressiva redução das dispari- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
dades regionais; controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das para consumo humano;
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e VII - participar do controle e fiscalização da produção,
municipal; transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- psicoativos, tóxicos e radioativos;
derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
combate às endemias por meio de processo seletivo pú- compreendido o do trabalho.
blico, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso que mais necessitam de investimento estatal na atualidade
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior parte
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente dos casos no Poder Judiciário contra o Estado envolvem a
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, invocação deste direito, diante da recusa do Poder públi-
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência co em custear tratamentos médicos e cirúrgicos. Em que
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário tem
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso sa- se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados
larial. recursos suficientes para fornecer um tratamento adequa-
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e do a todos os nacionais.
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de aspecto repressivo, propiciando a cura de doenças, mas
saúde ou de agente de combate às endemias poderá per- também o preventivo. Sendo assim, o Estado deve desen-
der o cargo em caso de descumprimento dos requisitos volver políticas sociais e econômicas para reduzir o risco de
específicos, fixados em lei, para o seu exercício. doenças e agravos, bem como para propiciar o acesso uni-
versal e igualitário aos serviços voltado ao seu tratamento.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva- (art. 196, CF).
da. A terceirização e a colaboração de agentes privados
§ 1º As instituições privadas poderão participar de for- nas políticas de saúde pública é autorizada pela Constitui-
ma complementar do sistema único de saúde, segundo ção, sem prejuízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF).
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou Sendo assim, ou o próprio Estado implementará as políti-
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as cas ou fiscalizará, regulamentará e controlará a implemen-
sem fins lucrativos. tação destas por terceiros.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lu- rede hierarquizada e regionalizada de ações e serviços
crativos. públicos de saúde, devendo seguiras seguintes diretrizes:
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em- “descentralização, com direção única em cada esfera de
presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no governo”, de forma que haverá direção do SUS nos âm-
País, salvo nos casos previstos em lei. bitos municipal, estadual e federal, não se concentrando
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos o sistema numa única esfera; “atendimento integral, com
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, serviços assistenciais”, do que se depreende que a preven-
bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue ção é a melhor saída para um sistema eficaz, não havendo
e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comerciali- prejuízo para as atividades repressivas; e “participação da
zação. comunidade”. Com efeito, busca-se pela descentralização a
abrangência ampla dos serviços de saúde, que devem em
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de si também ser amplos – preventivos e repressivos, sendo
outras atribuições, nos termos da lei: que todos agentes públicos e a própria comunidade de-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs- vem se envolver no processo.
tâncias de interesse para a saúde e participar da produção O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemo- da seguridade social, que também abrange a previdência e
derivados e outros insumos; a assistência social, sendo financiado com este orçamento,
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio- nos moldes do artigo 198, §1º, CF.
lógica, bem como as de saúde do trabalhador; A questão orçamentária de incumbência mínima de
III - ordenar a formação de recursos humanos na área cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º
de saúde; do artigo 198, CF.
57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Correlato à participação da comunidade no SUS, tem- I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
se o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF. anos de contribuição, se mulher;
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
campo da assistência à saúde, questão regulamentada no anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite
artigo 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das ques- para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
tões mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a comple- que exerçam suas atividades em regime de economia fami-
mentaridade do sistema por parte de instituições privadas, liar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pes-
mediante contrato ou convênio, desde que sem fins lucra- cador artesanal.
tivos por parte destas instituições. Em verdade, é muito co- § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágra-
mum que hospitais de ensino de instituições particulares fo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor
com cursos na área de biológicas busquem este convênio, que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
encontrando frequentemente entraves que não possuem das funções de magistério na educação infantil e no ensino
natureza jurídica, mas política. fundamental e médio.
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constitui- § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a con-
ção, que vem a ser complementada no âmbito infracons- tagem recíproca do tempo de contribuição na administra-
titucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, ção pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese
prevê o artigo 200 as atribuições do SUS. em que os diversos regimes de previdência social se com-
pensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
Seção III em lei.
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
Art. 201. A previdência social será organizada sob a geral de previdência social e pelo setor privado.
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio título, serão incorporados ao salário para efeito de contri-
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: buição previdenciária e consequente repercussão em be-
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e nefícios, nos casos e na forma da lei.
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
idade avançada;
previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva-
III - proteção ao trabalhador em situação de desempre-
mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,
go involuntário;
desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garan-
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependen-
tindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-
tes dos segurados de baixa renda;
mínimo.
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o dis- que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências in-
posto no § 2º. feriores às vigentes para os demais segurados do regime
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen- geral de previdência social.
ciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiá-
rios do regime geral de previdência social, ressalvados os Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
casos de atividades exercidas sob condições especiais que complementar e organizado de forma autônoma em relação
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se ao regime geral de previdência social, será facultativo, ba-
tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos seado na constituição de reservas que garantam o benefício
definidos em lei complementar. contratado, e regulado por lei complementar.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- § 1° A lei complementar de que trata este artigo asse-
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá gurará ao participante de planos de benefícios de entida-
valor mensal inferior ao salário mínimo. des de previdência privada o pleno acesso às informações
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados relativas à gestão de seus respectivos planos.
para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, § 2° As contribuições do empregador, os benefícios
na forma da lei. e as condições contratuais previstas nos estatutos, regu-
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para lamentos e planos de benefícios das entidades de previ-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, con- dência privada não integram o contrato de trabalho dos
forme critérios definidos em lei. participantes, assim como, à exceção dos benefícios conce-
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên- didos, não integram a remuneração dos participantes, nos
cia social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa termos da lei.
participante de regime próprio de previdência. § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de de- Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas,
zembro de cada ano. sociedades de economia mista e outras entidades públicas,
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguin- hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder
tes condições: a do segurado.
58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a apo-
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive sentadoria pelo regime geral de previdência social. Profes-
suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista sor de ensino infantil, fundamental e médio, que tenha ex-
e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto clusivamente desempenhado estas funções, tem o tempo
patrocinadoras de entidades fechadas de previdência pri- de contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para homem
vada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência e 25 anos para mulher).
privada. Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo ante- períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes
rior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas per- se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no
missionárias ou concessionárias de prestação de serviços outro (artigo 201, §9º, CF).
públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de A questão de verba destinada à cobertura do risco de
previdência privada. acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201,
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° des- CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro
te artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá outras pro-
membros das diretorias das entidades fechadas de previ- vidências.
dência privada e disciplinará a inserção dos participantes Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário,
nos colegiados e instâncias de decisão em que seus inte- prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito
resses sejam objeto de discussão e deliberação. de contribuição previdenciária e consequente repercussão
em benefícios, nos casos e na forma da lei.
A previdência social e a assistência social se diferen- Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a
ciam principalmente porque a previdência social volta-se disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF.
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus con- Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de
tribuintes, ao passo que a assistência social tem por foco a previdência privada, que pode se organizar de forma autô-
oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para a noma e possui caráter complementar e facultativo.
seguridade social. Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previ- de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Comple-
dência social em regime geral, de caráter contributivo e fi- mentar e dá outras providências.
liação obrigatória, sendo que devem ser adotados critérios
de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se Seção IV
que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao regime e DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
prestarão contribuição a ele, não havendo a opção de dele
se desvincular. No mais, são previstas como campos de Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
atendimento pela previdência: “I - cobertura dos eventos necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção social, e tem por objetivos:
à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; adolescência e à velhice;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não de deficiência e a promoção de sua integração à vida comu-
se aceitando valor inferior ao salário mínimo). nitária;
Os critérios para a concessão de aposentadoria são V - a garantia de um salário mínimo de benefício men-
unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF. sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que com-
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo provem não possuir meios de prover à própria manutenção
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
mínimo (artigo 201, §2º, CF).
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo Art. 204. As ações governamentais na área da assistên-
201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajusta- cia social serão realizadas com recursos do orçamento da se-
dos (artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação do guridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes,
valor real da contribuição e do benefício. e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
Integrante de regime próprio de previdência não pode I - descentralização político-administrativa, cabendo a
se vincular como segurado facultativo, prestando contri- coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor-
buições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o denação e a execução dos respectivos programas às esferas
que geraria uma indevida cumulação de benefícios. estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao dé- de assistência social;
cimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, a II - participação da população, por meio de organiza-
ser calculado com base no valor dos proventos do mês de ções representativas, na formulação das políticas e no con-
dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF). trole das ações em todos os níveis.
59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
um; vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con- impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
dições do educando; manutenção e desenvolvimento do ensino.
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
educação básica, por meio de programas suplementares de pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
material didático escolar, transporte, alimentação e assis- pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
tência à saúde. considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito receita do governo que a transferir.
público subjetivo. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo «caput» deste artigo, serão considerados os sistemas de
ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados
Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsa-
na forma do art. 213.
bilidade da autoridade competente.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano na-
cional de educação.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas § 4º Os programas suplementares de alimentação e
as seguintes condições: assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financia-
I - cumprimento das normas gerais da educação na- dos com recursos provenientes de contribuições sociais e
cional; outros recursos orçamentários.
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder § 5º A educação básica pública terá como fonte adicio-
Público. nal de financiamento a contribuição social do salário-edu-
cação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensi- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
no fundamental, de maneira a assegurar formação básica contribuição social do salário-educação serão distribuídas
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacio- proporcionalmente ao número de alunos matriculados na
nais e regionais. educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons-
tituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às esco-
de ensino fundamental. las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus
também a utilização de suas línguas maternas e processos excedentes financeiros em educação;
próprios de aprendizagem. II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Público, no caso de encerramento de suas atividades.
Municípios organizarão em regime de colaboração seus sis- § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
temas de ensino. destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental
e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insu-
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
ficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cur-
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino pú-
sos regulares da rede pública na localidade da residência
blicas federais e exercerá, em matéria educacional, função
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qua- § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí-
lidade do ensino mediante assistência técnica e financeira mulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; ou por instituições de educação profissional e tecnológica
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino poderão receber apoio financeiro do Poder Público.
fundamental e na educação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
mente no ensino fundamental e médio. cação, de duração decenal, com o objetivo de articular o
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a sistema nacional de educação em regime de colaboração
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios defi- e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de imple-
nirão formas de colaboração, de modo a assegurar a uni- mentação para assegurar a manutenção e desenvolvimento
versalização do ensino obrigatório. do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritaria- meio de ações integradas dos poderes públicos das diferen-
mente ao ensino regular. tes esferas federativas que conduzam a:
61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 tra- § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
balha com o plano nacional de educação, de duração de- cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco dé-
cenal (na atualidade, estamos no início da implementação cimos por cento de sua receita tributária líquida, para o
do PNE cuja duração se estende até o ano de 202456), que financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
tem metas ali descritas. aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
Seção II II - serviço da dívida;
DA CULTURA III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
tamente aos investimentos ou ações apoiados.
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani- em regime de colaboração, de forma descentralizada e par-
festações culturais.
ticipativa, institui um processo de gestão e promoção con-
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas
junta de políticas públicas de cultura, democráticas e perma-
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gru-
nentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade,
pos participantes do processo civilizatório nacional.
tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano,
2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemo-
rativas de alta significação para os diferentes segmentos social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
étnicos nacionais. § 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabele-
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural cidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguin-
do País e à integração das ações do poder público que tes princípios:
conduzem à: I - diversidade das expressões culturais;
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II - universalização do acesso aos bens e serviços cultu-
II produção, promoção e difusão de bens culturais; rais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cul- III - fomento à produção, difusão e circulação de conhe-
tura em suas múltiplas dimensões; cimento e bens culturais;
IV democratização do acesso aos bens de cultura; IV - cooperação entre os entes federados, os agentes pú-
V valorização da diversidade étnica e regional. blicos e privados atuantes na área cultural;
V - integração e interação na execução das políticas,
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os programas, projetos e ações desenvolvidas;
bens de natureza material e imaterial, tomados individual- VI - complementaridade nos papéis dos agentes cultu-
mente ou em conjunto, portadores de referência à identida- rais;
de, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da VII - transversalidade das políticas culturais;
sociedade brasileira, nos quais se incluem: VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
I - as formas de expressão; da sociedade civil;
II - os modos de criar, fazer e viver; IX - transparência e compartilhamento das informações;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; X - democratização dos processos decisórios com parti-
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais cipação e controle social;
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai- dos recursos e das ações;
sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
científico.
orçamentos públicos para a cultura.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunida-
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cul-
de, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
tura, nas respectivas esferas da Federação:
por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento
e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e I - órgãos gestores da cultura;
preservação. II - conselhos de política cultural;
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a III - conferências de cultura;
gestão da documentação governamental e as providências IV - comissões intergestores;
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. V - planos de cultura;
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o VI - sistemas de financiamento à cultura;
conhecimento de bens e valores culturais. VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão VIII - programas de formação na área da cultura; e
punidos, na forma da lei. IX - sistemas setoriais de cultura.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sis-
detentores de reminiscências históricas dos antigos qui- tema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação
lombos. com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de
56 http://pne.mec.gov.br/ governo.
63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or- § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invis-
ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis pró- tam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País,
prias. formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e
que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem
O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado ao empregado, desvinculada do salário, participação nos
da cultura, depreendendo-se que o acesso à educação en- ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu
volve também o acesso à cultura, numa concepção ampla trabalho.
deste direito social. § 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades
Seção III públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e
DO DESPORTO tecnológica.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desporti- caput , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos
vas formais e não-formais, como direito de cada um, obser- quanto privados, nas diversas esferas de governo.
vados: § 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia e
associações, quanto a sua organização e funcionamento; inovação, com vistas à execução das atividades previstas
II - a destinação de recursos públicos para a promoção no caput.
prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
para a do desporto de alto rendimento; Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na-
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissio- cional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvol-
nal e o não- profissional; vimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da popu-
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desporti- lação e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei
vas de criação nacional. federal.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. demais entes, públicos ou privados, a constituição e a ma-
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de ses- nutenção de parques e polos tecnológicos e de demais am-
senta dias, contados da instauração do processo, para pro- bientes promotores da inovação, a atuação dos inventores
ferir decisão final. independentes e a criação, absorção, difusão e transferên-
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma cia de tecnologia.
de promoção social.
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa os Municípios poderão firmar instrumentos de cooperação
precisa desfrutar de momentos de diversão e relaxamento com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas,
ao lado de amigos e familiares, razão pela qual o Estado inclusive para o compartilhamento de recursos humanos
deve propiciar atividades voltadas a este fim. Neste sen- especializados e capacidade instalada, para a execução de
tido, as atividades de lazer podem ter naturezas variadas, projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecno-
destacando-se as culturais (direito à cultura, já abordado) lógico e de inovação, mediante contrapartida financeira ou
e desportivas. não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma
da lei.
CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colabo-
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvol- ração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vis-
vimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tec- tas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico
nológica e a inovação. e a inovação.
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica recebe- § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do
rá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem SNCTI.
público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderan- legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.
temente para a solução dos problemas brasileiros e para o
desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnolo-
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos huma- gia no âmbito da ordem social. Em verdade, o desenvol-
nos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, vimento científico e tecnológico é decorrência do inves-
inclusive por meio do apoio às atividades de extensão tec- timento em educação, afinal, a pesquisa é uma das prin-
nológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e cipais vertentes da educação e permite a implementação
condições especiais de trabalho. prática do conhecimento obtido em prol da sociedade.
64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Com vistas a resguardar a real liberdade de informa- § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
ção, impedindo que as informações que cheguem a públi- gado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
co sejam manipuladas ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF com solução técnica exigida pelo órgão público competen-
prevê que os meios de comunicação social não podem ser te, na forma da lei.
objeto de monopólio ou oligopólio. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
do artigo 220, CF preconiza a dispensabilidade de licença jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen-
de autoridade. temente da obrigação de reparar os danos causados.
Aceitar a liberdade de comunicação não implica em § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
permitir que todo tipo de informação seja veiculada na im- a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Cos-
prensa, devendo ser conferido o atendimento dos precei- teira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
tos descritos no artigo 221, CF. forma da lei, dentro de condições que assegurem a pre-
Como o exercício da exploração da mídia jornalística, servação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
radiodifusora e televisiva implica num forte impacto e in- recursos naturais.
fluência sociais, coloca-se como propriedade privativa de § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
brasileiro nato ou naturalizado, de acordo com a regulação das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
do artigo 222, CF. proteção dos ecossistemas naturais.
Com vistas a assegurar o respeito à normativa do arti- § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão
go 222, CF, o artigo 223, CF aborda a concessão, a permis- ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
são e a autorização. poderão ser instaladas.
Também buscando a efetividade da regulamentação, § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do
prevê o artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas des-
Nacional do Conselho de Comunicação Social. portivas que utilizem animais, desde que sejam manifesta-
ções culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constitui-
CAPÍTULO VI ção Federal, registradas como bem de natureza imaterial
DO MEIO AMBIENTE integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-es-
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- tar dos animais envolvidos.
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e Direitos transindividuais são aqueles que não possuem
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as um titular determinado e pertencem à coletividade, sendo
presentes e futuras gerações. também denominados direitos difusos e coletivos.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum- Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos
be ao Poder Público: dos coletivos, no sentido de que os primeiros são muito
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essen- mais heterogêneos e vagos, não cabendo determinar o
ciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossiste- grupo ou categoria de pessoas atingidas, enquanto que
mas; segundos são mais específicos, recaindo sobre um grupo
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimô- de pessoas que pode ser identificado, embora não plena-
nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à mente determinado.
pesquisa e manipulação de material genético; Aos direitos difusos e coletivos são conferidos meca-
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços nismos de tutela específicos para sua proteção, bem como
territoriais e seus componentes a serem especialmente pro- atribuída competência para tanto a órgãos determinados
tegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente que exercerão um papel representativo. No Brasil, desta-
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa cam-se instituições como o Ministério Público e a Defen-
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; soria Pública. Sem prejuízo, como visto, há remédios cons-
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou titucionais que se voltam à proteção de interesses desta
atividade potencialmente causadora de significativa degra- categoria, como o mandado de segurança coletivo e a pró-
dação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambien- pria ação popular, sem falar na ação civil pública e na ação
tal, a que se dará publicidade; de improbidade administrativa, também mencionadas no
V - controlar a produção, a comercialização e o empre- texto constitucional.
go de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco Mancuso57 utiliza o termo interesses difusos e coletivos
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; para tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando que
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis interesses podem ser:
de ensino e a conscientização pública para a preservação do a) Individuais: são os interesses privados, de cunho
meio ambiente; egoístico;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 57 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: con-
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais ceito e legitimação para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
a crueldade. 2004, p. 82-87.
66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Metaindividuais: são interesses que excedem a ór- § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
bita de atuação individual e se projetam numa ordem cole- comunidade formada por qualquer dos pais e seus des-
tiva, podendo ser coletivos ou difusos; cendentes.
c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
como profissão, categoria ou família, isto é, caracterizan- jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
do-se pelo exercício coletivo de interesses coletivos. No- § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-
ta-se que pertencem a grupos ou categorias de pessoas cio.
determináveis, possuindo uma só base jurídica; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
d) Difusos: abrange um número indeterminado de humana e da paternidade responsável, o planejamento fa-
pessoas reunidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais miliar é livre decisão do casal, competindo ao Estado pro-
ampla que dos interesses difusos (fato, não Direito) e o nú- piciar recursos educacionais e científicos para o exercício
mero de pessoas é indeterminado (não determinável como desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
nos coletivos). Em verdade, excedem o interesse público de instituições oficiais ou privadas.
ou geral. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pes-
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, po- soa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
de-se afirmar que há uma coletivização da maioria dos di- para coibir a violência no âmbito de suas relações.
reitos individuais anteriormente reconhecidos e afirmados,
na medida do possível conforme a situação em concreto, Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado as-
bem como a percepção de direitos que são puramente di- segurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
fusos ou coletivos. prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma ção, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
categoria de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
o portador de deficiência e o consumidor, saindo da di- além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
mensão individual e olhando de uma maneira mais ampla discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
para o grupo, tem-se o enquadramento de tradicionais di- § 1º O Estado promoverá programas de assistência
reitos individuais como direitos difusos e coletivos. integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de admitida a participação de entidades não governamentais,
categorias de direitos difusos e coletivos que surgem de mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
maneira autônoma, sem partir de um direito individual es- preceitos:
pecífico previamente garantido. Neste viés, destaca-se a I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
questão do direito ao meio ambiente equilibrado. nados à saúde na assistência materno-infantil;
O constituinte demonstra especial interesse na prote- II - criação de programas de prevenção e atendimento
ção desta categoria autônoma de direitos que é o direito especializado para as pessoas portadoras de deficiência físi-
ambiental, regulamentando a questão no capítulo VI do tí- ca, sensorial ou mental, bem como de integração social do
tulo VIII, que aborda a ordem social. Não obstante, prevê a adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
“defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
e serviços e de seus processos de elaboração e prestação” obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discrimi-
como princípio da ordem econômica (artigo 170, VI, CF). nação.
O direito ao meio ambiente saudável é um clássico di- § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos lo-
reito difuso, pertencente a toda a sociedade e não somente gradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação
às presentes, mas também às futuras gerações. Com razão, de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
o dever de cuidado é compartilhado entre Estado (em to- adequado às pessoas portadoras de deficiência.
das suas esferas, numa cooperação inter-regional, como se § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguin-
extrai de prescrições do §1º do artigo 225, CF) e sociedade. tes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
CAPÍTULO VII trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
Da Família, da Criança, do Adolescente, do II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
Jovem e do Idoso III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jo-
vem à escola;
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial pro- IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
teção do Estado. buição de ato infracional, igualdade na relação processual e
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos a legislação tutelar específica;
da lei. V - obediência aos princípios de brevidade, excepciona-
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvol-
união estável entre o homem e a mulher como entidade fa- vimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa
miliar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. da liberdade;
67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência A fundação tradicional da família se dá pelo casamen-
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao to, de modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem:
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles- “§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O
cente órfão ou abandonado; casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. O
VII - programas de prevenção e atendimento especia- fato do casamento ser gratuito facilita o acesso a ele. Por
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de seu turno, a previsão do casamento civil, aceitando que o
entorpecentes e drogas afins.
religioso tenha o mesmo efeito, consolida a afirmação do
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
Estado laico. Aliás, Lei nº 1.110/1950 regula o reconheci-
exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na for- mento dos efeitos civis ao casamento religioso.
ma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efeti- Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o cons-
vação por parte de estrangeiros. tituinte aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, igualdade entre homem e mulher no casamento e depois
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, a possibilidade de dissolução do vínculo conjugal. Quanto
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à dissolução do vínculo conjugal, ressalta-se que não mais
à filiação. se exige um lapso temporal entre a separação de fato ou
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- judicial para a concessão do divórcio, sendo que o divórcio
lescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. pode ser postulado desde logo (é o que decorre da Emen-
§ 8º A lei estabelecerá: da Constitucional nº 66/2010).
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direi- No entanto, o constituinte está ciente de que o casa-
tos dos jovens; mento não é a única forma de se constituir família, pre-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
vendo no § 3º o reconhecimento da união estável como
visando à articulação das várias esferas do poder público
para a execução de políticas públicas. entidade familiar e no § 4º o reconhecimento da família
monoparental.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. do artigo 226, CF.
Por fim, o constituinte denota preocupação com a vio-
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os lência doméstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e de consolidação deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica e familiar
praticada contra a mulher.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação 3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das
garantindo-lhes o direito à vida.
principais diretrizes do direito da criança e do adolescente
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
tados preferencialmente em seus lares. que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que cada
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida criança e adolescente deve receber tratamento especial do
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Estado e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são
o futuro do país e as bases de construção da sociedade.
Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente Explica Liberati58: “Por absoluta prioridade, devemos
a proteção à maternidade e à infância, o constituinte deixa entender que a criança e o adolescente deverão estar em
clara sua intenção de proteger todos os núcleos vulnerá- primeiro lugar na escala de preocupação dos governantes;
veis da família: a proteção da mãe envolve a proteção da devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas to-
família, a proteção da infância abrange também a do ado- das as necessidades das crianças e adolescentes [...]. Por
lescente e do jovem e, porque não dizer, dos idosos, já que absoluta prioridade, entende-se que, na área administra-
estes também estão numa idade em que cuidado especial tiva, enquanto não existirem creches, escolas, postos de
deve ser despendido. Em verdade, há associações que tra- saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes
balham com a proteção integrada de todos estes núcleos
dignas moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas,
vulneráveis.
construir praças, sambódromos monumentos artísticos
1) Proteção à maternidade e à infância etc., porque a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças
Envolve medidas de seguridade e assistência social e são importantes que as obras de concreto que ficam par a
outras voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de demonstrar o poder do governante”.
maneira saudável e na presença do seio materno. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providên-
2) Proteção da família cias, seguindo em seus dispositivos a ideologia do princí-
O constituinte reconhece a família como base da so- pio da absoluta prioridade.
ciedade e a coloca como objeto de especial proteção do 58 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do
Estado já no caput do artigo 226, CF. Adolescente: Comentários. São Paulo: IBPS.
68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistên- rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível uma
cia à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I se de- emenda constitucional que alterasse a menoridade penal.
preende a intrínseca relação entre a proteção da criança e Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
do adolescente com a proteção da maternidade e da infân-
cia, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso II se depreen- 4) Proteção do idoso
de a proteção de outro grupo vulnerável, que é a pessoa A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que “[...]
portadora de deficiência, valendo lembrar que o Decreto nº os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção na velhice, carência ou enfermidade”. Consolida o dever de
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência solidariedade familiar, compensando os pais que criaram
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em seus filhos quando tinham condições e que hoje se encon-
30 de março de 2007, foi promulgado após aprovação no tram na posição de necessitados. Contudo, este dever de
Congresso Nacional nos moldes da Emenda Constitucional amparo não é exclusivo da família, conforme se extrai do
nº 45/2004, tendo força de norma constitucional e não de artigo 230, CF.
lei ordinária. A preocupação com o direito da pessoa porta- O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a trans-
dora de deficiência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a forma numa parte dispensável da sociedade, que merece
lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e isolamento. Pelo contrário, suas experiências devem ser va-
dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos lorizadas e incorporadas nas práticas sociais, tornando-as
de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado mais adequadas. Assim, Estado, família e sociedade pos-
às pessoas portadoras de deficiência”. suem o dever compartilhado de conferir assistência aos
A proteção especial que decorre do princípio da prio- idosos.
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se,
ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do artigo 227: CAPÍTULO VIII
“A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- DOS ÍNDIOS
ção sexual da criança e do adolescente”.
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização
de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
Constituição prevê que “a adoção será assistida pelo Poder originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condi- competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
ções de sua efetivação por parte de estrangeiros”. Neste todos os seus bens.
sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, dispõe § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
sobre a adoção. as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre-
Constituição anterior e do até então vigente Código Civil servação dos recursos ambientais necessários a seu bem
de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos -estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural,
ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os segundo seus usos, costumes e tradições.
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de- § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
signações discriminatórias relativas à filiação”. destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi- fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á nelas existentes.
em consideração o disposto no art. 204” tem em vista a § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos
adoção de práticas de assistência social, com recursos da os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas
seguridade social, em prol da criança e do adolescente. minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comuni-
estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a re- dades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
gular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de juven- resultados da lavra, na forma da lei.
tude, de duração decenal, visando à articulação das várias § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e
esferas do poder público para a execução de políticas pú- indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
blicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, institui § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos terras, salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em
jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. população, ou no interesse da soberania do País, após de-
Mais informações sobre a Política mencionada no inciso II liberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer
e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
que direcionam a implementação dela podem ser obtidas § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju-
na rede59. rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o do-
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis mínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legis- a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos
lação especial”. Percebe-se que a normativa não está no lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse pú-
59 http://www.juventude.gov.br/politica blico da União, segundo o que dispuser lei complementar,
69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização * § 4º. O militar da ativa que tomar posse em cargo,
ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda
benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. que da administração indireta, ficará agregado ao respec-
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. tivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nesta
174, § 3º e § 4º. situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o
tempo de serviço apenas para aquela promoção e transfe-
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações rência
são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de para a reserva, sendo, depois de dois anos de afasta-
seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em mento, contínuos ou não, transferido para a inatividade.
todos os atos do processo. * § 4º com redação determinada pela Emenda Constitu-
cional nº 07, de 15/12/1998.
Os povos indígenas teciam os fios de sua própria his- § 5º. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.
tória no território brasileiro antes da chegada de um Esta- * § 6º. O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode
do colonizador e intervencionista, que veio a se mostrar estar filiado a partidos políticos.
inapto para cumprir com suas próprias obrigações. O Esta- * § 6º com redação determinada pela Emenda Constitu-
do deveria ser restituidor e garante do direito étnico e do cional nº 07, de 15/12/1998.
direito comunitário, permitindo aos povos indígenas res- § 7º. O oficial condenado na Justiça Comum ou Militar
taurar sua ordem institucional e retomar os fios de sua his- à pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sen-
tória. Mostra-se necessário ver a nação como uma coalizão tença transitada em julgado, será submetido a julgamento
de povos, permitindo que cada qual resolva seus conflitos perante a Justiça Militar que decidirá sobre a perda do seu
internamente60. cargo ou patente, se o considerar indigno ao oficialato ou
A questão indígena encontra regulamentação no Título com ele incompatível.
VIII, que aborda a ordem social, capítulo VIII. § 8º. A lei disporá sobre os limites de idade, a estabili-
Com vistas a assegurar a defesa destes direitos, con- dade e outras condições de transferência do servidor
militar para a inatividade.
fere-se legitimidade para as comunidades e organizações
*§ 9º.Aplicam-se aos militares do Estado as disposições
indígenas de ingresso no Judiciário para defesa de seus in-
do art. 42 da Constituição Federal, sendo as patentes
teresses, com intervenção do Ministério Público em todos
dos oficiais conferidas pelo Governador do Estado.
os feitos.
* § 9º com redação determinada pela Emenda Constitu-
cional nº 15, de 26/09/2005.
* § 10. ( Revogado pela Emenda Constitucional nº 15, de
26/09/2005).
NORMAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
DO TOCANTINS PERTINENTES AOS TÍTULO XI
MILITARES DO ESTADO, ÀS POLÍCIAS Da Segurança da Sociedade
ESTADUAIS E À SEGURANÇA PÚBLICA EM e do Sistema Penitenciário
GERAL. CAPÍTULO I
Da Segurança do Indivíduo e da Sociedade
70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 119. Lei complementar organizará o Conselho Pe- 3. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
nitenciário do Estado, estabelecendo competências e atri- pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
buições. va do Brasil, reconhece-se que:
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
EXERCÍCIOS jetivos.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- contrapõe ao valor social do trabalho.
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). do decorrente de estupro.
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
ceto: de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
(A) são objetivos fundamentais da república federati- discriminação, é um de seus objetivos.
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
zir as desigualdades sociais e regionais. tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil. 4. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
alguma coisa senão em virtude de lei. Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve- é INCORRETO afirmar que:
dado o anonimato. (A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
um dos objetivos fundamentais da república federativa do humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
Brasil. e o pluralismo político.
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
formas de discriminação.
os mais importantes valores que informam a elaboração da
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
Constituição da República Federativa do Brasil.
mente por meio de representantes eleitos.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
(D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
assinale a alternativa correta.
blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
I - Nas relações internacionais, a República brasileira
os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode- direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
Estados, concessão de asilo político. e a defesa da paz são princípios regedores das relações
II - Os princípios não são dotados de normatividade, internacionais da República Federativa do Brasil.
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
jurídicas efetivas. 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans- 5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
sistema de comandos. tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie- consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro- reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
priedade privada. 2009,13ª. ed., p. 671).
V - A diferença de salários, de critério de admissão por Com base na afirmação acima, analise as questões a
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos seguir e assinale a alternativa correta.
trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda- I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor-
de do caput do art. 5º da Constituição Federal. ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen-
(A) Apenas I, II, III estão corretas. tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos
(B) Apenas II e IV estão corretas. direitos.
(C) Apenas III e V estão corretas. II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa-
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas. rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente
(E) Todas as afirmações estão corretas. exemplificativo.
72
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. 15. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu
prio. pedido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser in-
do pela lei de execução penal. terposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao lei, que foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Administração
ta. Pública federal notificou Pedro para devolver os valores re-
cebidos, comunicando que não mais ocorreriam os paga-
12. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- mentos futuros, em decorrência da norma em foco.
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO correta
(A) em caso de desastre. (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(B) em caso de flagrante delito. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(C) para prestar socorro. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. julgada formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
13. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador de Pedro diante de nova legislação.
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
que é: tes.
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
mentado o anonimato; 16. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
terial, moral ou à imagem; lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício O pleito de João
profissional; (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
sura ou licença; lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- ameaça a direito
formações de seu interesse particular, sendo vedada a (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as-
alegação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe-
sociedade e do Estado. tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder
14. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (C) não encontra amparo constitucional, uma vez
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, que a obtenção de certidões em repartições públicas será
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
manos: direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a pessoal.
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; segurança da sociedade e do Estado.
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
de três quintos dos respectivos membros; vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen- dade de sua tramitação.
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
com observância do processo legislativo ordinário; 17. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito da reserva do possível
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
ordem jurídica interna. efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
74
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de balhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi- emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o to, mas é determinado pela CLT.
direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 21. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
18. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
suas disposições, a Emenda pela Constituição federal, Pietro
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
tido antes da sua naturalização.
mediante incentivos específicos.
(C) poderá ser extraditado.
(B) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
gas afim.
(C) não determinou a extensão ao trabalhador do-
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
denatória transitou em julgado após a naturalização.
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
lher, mediante incentivos específicos.
(D) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, 22. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- privativo de brasileiro nato o cargo de
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
xidade do trabalho. (B) Senador.
(E) não determinou a extensão ao trabalhador do- (C) Juiz de Direito.
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- (D) Delegado de Polícia.
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por (E) Deputado Federal.
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
são e à complexidade do trabalho. 23. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
No caso de condenação criminal transitada em julgado,
19. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di-
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- reitos políticos:
tais, à organização político-administrativa, à administração (A) mantidos.
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (B) cassados.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e (C) perdidos.
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades (D) suspensos.
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade. 24. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que
Certo ( ) concerne às condições de elegibilidade para o cargo de
Errado ( ) prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
20. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo
alternativa correta. de prefeito.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida-
seguintes é exaustivo. tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
75
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
candidatar-se ao cargo de prefeito. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, assessoramento.
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. 29. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
25. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna- a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
tiva correta a respeito dos partidos políticos. para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos finan- te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
ceiros por parte de empresas transnacionais. quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propagan- Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
da no rádio e na televisão, exceto aqueles que não pos- São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
suam representação no Congresso Nacional.
Com base no que determina a Constituição Federal a
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
nacional.
(A) A investidura em cargo ou emprego público de-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas
para aprovação. vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
(E) Em razão de sua importante função institucional, cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito (B) A Administração pública direta e indireta obede-
público. cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência.
26. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - (C) O prazo de validade do concurso público será de
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
ganização político-administrativa da República Federativa (D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
do Brasil. munerada de cargos públicos.
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado. ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
Certo ( ) que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
Errado ( ) ações de ressarcimento.
27. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - 30. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or- relação à competência privativa da União para legislar, é
ganização político-administrativa da República Federativa INCORRETO afirmar que compete privativamente à União
do Brasil. legislar sobre
A despeito de serem entes federativos, os territórios (A) registros públicos.
federais carecem de autonomia. (B) comércio exterior e interestadual.
Certo ( ) (C) organização do sistema nacional de emprego e
Errado ( ) condições para o exercício de profissões.
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
28. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
ternativa INCORRETA:
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
(A) A administração pública direta e indireta de qual-
meio ambiente e controle da poluição.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. 31. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li- rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
vre associação sindical. blica, analise as afirmativas.
(C) A administração fazendária e seus servidores fis- I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, pelo Poder Executivo.
na forma da lei. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos gos, funções e empregos públicos da administração direta,
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
do, pois, sociedades de economia mista. Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
76
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- vidores públicos em estágio probatório.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
pessoal do serviço público. tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
(A) I, II e III. regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
(B) I, apenas. geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú-
(C) I e II, apenas. blicos enquanto não for promulgada lei específica para o
(D) I e III, apenas. exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole-
tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
32. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 35. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu- que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
nelas existentes. competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(D) É vedado às universidades e às instituições de pes- (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos que, apesar da matéria se inserir na competência residual
e cientistas estrangeiros. dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
estadual para atender as suas peculiaridades locais.
33. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer- (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
ca da organização do Estado, em consonância com a Cons- a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
tituição Federal, assinale a alternativa correta. poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
(A) É competência comum da União, dos estados, do (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
acesso à cultura, à educação e à ciência. poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
(B) É competência exclusiva da União proteger os do- culiaridades.
cumentos, as obras e outros bens de valor histórico, artísti- (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
co e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá- a matéria insere-se na competência residual dos Estados
veis e os sítios arqueológicos. para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a dadas pela Constituição.
evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. 36. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a Compete privativamente à União legislar sobre
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti- (A) produção e consumo.
co e paisagístico. (B) assistência jurídica e defensoria pública.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (C) trânsito e transporte.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
mico e urbanístico.
34. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (E) educação, cultura, ensino e desporto.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
públicos civis da Administração direta 37. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que termos da Constituição Federal, dentre outros,
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
prestação dos serviços públicos. (B) a indisponibilidade dos bens.
77
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) a impossibilidade de deixar o país. (A) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú-
(D) a suspensão dos direitos civis. blica, entre outras, as leis que disponham sobre organiza-
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- ção do Ministério Público e da Defensoria Pública da União,
cial. bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
38. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- Federal e dos Territórios.
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. (B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- outras, sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito ci-
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação vil, direito penal, direito processual penal, direito proces-
ao município de origem. sual civil e organização do Poder Judiciário e do Ministério
De acordo com as normas constitucionais federais, Público, a carreira e a garantia de seus membros.
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um (C) Se a medida provisória não for apreciada em até
novo Município, são indispensáveis: cento e vinte dias contados de sua publicação, entrará em
(A) lei estadual e referendo. regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das
(B) lei municipal e plebiscito. Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que
(C) lei municipal e referendo. se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati-
(D) lei estadual e plebiscito. vas da Casa em que estiver tramitando.
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
39. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) visto pela outra, em um só turno de discussão e votação,
Assinale a afirmativa INCORRETA: e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta- aprovar, ou, se o projeto for emendado ou rejeitado, volta-
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para rá à Casa iniciadora.
formar um ente único.
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição 42. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
dos Estados federados à União. FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe-
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con-
lecimento do poder central decorrente da predominância tas da União
de atribuições conferidas à União. (A) julgar as contas as contas dos administradores e
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de demais responsáveis por recursos públicos.
três esferas de competências: União, Estados e Municípios. (B) julgar as contas do presidente da república.
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug-
40. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado
23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alter- federal.
nativa CORRETA: (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida-
(A) A Constituição Federal poderá ser emendada me- de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
diante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da administração direta.
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presi- (E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
dente da República ou de Mais da metade das Assembleias nacionais de cujo capital social a união participe, de forma
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo.
cada uma delas pela maioria absoluta de seus membros.
(B) A matéria constante de proposta de emenda 43. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
constitucional rejeitada ou havida por prejudicada somen- FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício,
te poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indi-
legislativa por deliberação de, no mínimo, dois terços dos cado pelo Tribunal Superior do Trabalho para compor este
membros de uma das Casas Legislativas. Tribunal Superior e ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, apo-
(C) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- sentado neste ano de 2014”. Antes de ser nomeado pelo
blica leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Presidente da República o nome do Magistrado Tício deve-
Armadas. rá ser aprovado pela maioria
(D) A discussão e votação dos projetos de lei de ini- (A) absoluta do Senado Federal.
ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal (B) absoluta do Congresso Nacional.
Federal e dos Tribunais superiores terão início no Senado (C) simples do Senado Federal.
Federal. (D) simples do Congresso Nacional.
(E) As leis complementares serão aprovadas por (E) absoluta do Supremo Tribunal Federal.
maioria simples.
44. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
41. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No to- FGV/2014) Os membros da Comissão Parlamentar de In-
cante às normas constitucionais referentes ao processo le- quérito do Sistema Carcerário constataram a presença de
gislativo, assinale a alternativa correta. mulheres detidas em cadeia pública masculina em uma
78
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
79
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
e pluralismo político não são fundamentos da República a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”;
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI,
um Estado Democrático de Direito. CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
2. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” estão corretas.
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto,
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- 6. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs-
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre-
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
apenas o item “II” está incorreto. situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
3. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no relação a punições disciplinares militares”.
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre 7. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce-
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
com os objetivos. informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governa-
4. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
pular direta no poder por intermédio de processos como judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do
atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va-
contra uma entidade governamental da administração di-
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer-
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º,
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
5. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal que a demora do legislador em regulamentar uma norma
diferença entre direitos e garantias é que os primeiros constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex: direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas ral.
corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê
em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta 8. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
fundamento que também demonstra que o item “III” está processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à
80
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 16. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”. nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a
Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad- receber dos órgãos públicos informações de seu interes-
missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
(artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju- prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-
alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto gurança da sociedade e do Estado”.
esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
17. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível
9. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - busca impedir que se argumente por uma obrigação infi-
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. nita do Estado de atender direitos econômicos, sociais e
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do culturais. No entanto, não pode ser invocada como mule-
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- ta para impedir que estes direitos adquiram efetividade.
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, Se a invocação da reserva do possível não demonstrar
notadamente), ela será aplicada. cabalmente que o Estado não tem condições de arcar
com as despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar
10. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, a omissão.
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- 18. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque 72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta de votação como PEC das domésticas, deu redação ao
porque é aceita a pena de morte para os crimes milita- parágrafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos
res praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque direitos enumerados nos incisos do caput para a catego-
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. ria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII,
VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
11. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci-
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
das em lei e observada a simplificação do cumprimento
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decor-
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
rentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
noturno superior à do diurno”).
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem
como a sua integração à previdência social”. Os direitos
12. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
descritos na alternativa “C” estão previstos nos incisos
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, não estendidos
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- aos empregados domésticos pela emenda.
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a 19. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o
qualquer hora, mas somente durante o dia. direito de greve: “É assegurado o direito de greve, com-
petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
13. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou ati-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício vidades essenciais e disporá sobre o atendimento das
profissional”. necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos
cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
14. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos 20. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas dos direitos humanos internacionais e das convenções e
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução
determinados requisitos para a incorporação. proporcional pode ser aceita se intermediada por nego-
ciação coletiva, evitando cenário de demissão em massa;
15. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, “D” está incorreta porque a licença-gestante encontra ar-
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei cabouço constitucional, tal como a licença-paternidade,
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito restando “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF.
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto no ar-
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere tigo 7º: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a menos, um terço a mais do que o salário normal” (artigo
segurança jurídica. 7º, XVII, CF).
81
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
21. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne- Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor- políticos de organização paramilitar”.
pecentes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a conde-
nação tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum 26. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
22. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; e não possuem soberania.
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do 27. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
a Presidência da República. com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
23. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem distrito Federal e os Municípios.
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- 28. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja tiva “A” como de necessária observância na Administração
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - conde- Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
nação criminal transitada em julgado, enquanto durarem Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
seus efeitos”. VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
24. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, V, CF.
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mí- Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor
nima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
a candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- mente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); economia mista não estão excluídas da proibição de acu-
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido mulação remunerada de cargos, razão pela qual a alterna-
(artigo 14, §8º, I, CF). tiva é incorreta.
25. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 29. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
nal como preceito que deva necessariamente se observado: princípios da Administração Pública previstos no caput do
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação regulamentadas”.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- 30. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fau-
82
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
na, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 34. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
naturais, proteção do meio ambiente e controle da polui- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
ção”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
e I competências privativas da União que constam, nesta tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
31. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, independente da lei complementar, tem o direito público,
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos reito abrange o servidor público em estágio probatório,
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de constitucionalmente garantido.
cargos, funções e empregos públicos da administração di-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
35. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
“Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, necessária a existência de lei delimitando o interesse local
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Município apresenta-se apenas como outra possibili-
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do dade de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio definindo o que seria de interesse do Município, mas em
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito mia para decidir o que seria de seu interesse.
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e 36. Resposta: “C”. A competência privativa legislati-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- va da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito previsão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre pro-
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do dução e consumo, a competência é legislativa concorrente
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- entre União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF),
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é assim como a de legislar sobre assistência jurídica e Defen-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies soria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanísti-
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. co (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
32. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos 37. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque
previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por-
38. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo
207, §1º, CF). A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
33. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B” na forma da lei”.
competência concorrente entre todos os entes federados
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre to- 39. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
dos os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência rizado por uma rígida separação de competências entre o
concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
“E” competência concorrente entre União, estados e DF (ar- bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
tigo 24, IX, CF). submissão e sim de autonomia.
83
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
40. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece pro- nacionais de cujo capital social a União participe, de forma
jetos de leis que somente podem ser propostos pelo Pre- direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI
sidente da República, que são de sua iniciativa privativa, - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
como os que “fixem ou modifiquem os efetivos das Forças pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
Armadas” (inciso I). A alternativa “A” repete o artigo 60, instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
caput, mas afirma que a maioria dos membros das Assem- a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
bleias Legislativas deve ser absoluta, quando na verdade Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo-
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, nial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
nem mesmo a deliberação de 2/3 dos membros altera isto, VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
razão pela qual “B” está incorreta. “D” está incorreta porque despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas
a porta de entrada destes projetos de lei é a Câmara dos em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
Deputados. “E” resta incorreta porque “as leis complemen- proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo
tares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF), para que o órgão ou entidade adote as providências neces-
não maioria simples. sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalida-
de; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
41. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonân- nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e
cia com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente
do Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre irregularidades ou abusos apurados”.
sobre: [...] d) organização do Ministério Público e da De-
fensoria Pública da União, bem como normas gerais para a 43. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF:
organização do Ministério Público e da Defensoria Pública “Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - apro-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. A alter- var previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
nativa “B” está errada porque amplia o rol de vedações do escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o prazo de Constituição”; sendo que a respeito prevê o artigo 111-A,
45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está errada CF: “o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquiva- e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
mento (artigo 65, caput, CF). trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
42. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Con- absoluta do Senado Federal” (grifo nosso).
tas da União estão descritas no artigo 71 da Constituição
Federal, sendo a competência descrita na letra “A” prevista 44. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação
logo no inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do da intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Su-
Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri- premo Tribunal Federal, de representação do Procurador-
bunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar Geral da República, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso
as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú- de recusa à execução de lei federal”. Por seu turno, prevê o
blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado referido artigo 34, VII, CF: “VII - assegurar a observância dos
em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
as contas dos administradores e demais responsáveis sistema representativo e regime democrático; b) direitos
por dinheiros, bens e valores públicos da administra- da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação
ção direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades de contas da administração pública, direta e indireta”. No
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as con- caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao
tas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra princípio da dignidade da pessoa humana.
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III
- apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de 45. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti- gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para car- beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
go de provimento em comissão, bem como a das conces- autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimo- leis complementares, quase sempre a deliberação principal
nial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inci- posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
so II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
84
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
46. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva 02. (TRE/CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Ro-
“C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva- berval, brasileiro, ficou viúvo, pois sua esposa Amália, ho-
tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução, landesa e que não tinha filhos, faleceu na Escócia durante
no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por um passeio turístico, cujo ascendente paterno, Arquime-
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”. des, reside na Espanha e sua ascendente materna, Hilda,
reside na França. Amália era proprietária de três imóveis
47. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente no Brasil e, segundo a Constituição Federal, a sucessão dos
e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença seus bens será regulada, no caso, pela lei:
do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período A) Francesa em benefício de Roberval, pois prevalece o
domicilio de Hilda.
superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”.
B) Holandesa em benefício de Roberval, mesmo lhe
sendo mais favorável a lei brasileira.
48. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo C) Escocesa em benefício de Roberval, pois prevalece
81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre- o local do óbito.
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois D) Espanhola em benefício de Roberval, pois prevalece
de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl- o domicilio de Arquimedes.
timos dois anos do período presidencial, a eleição para am- E) Brasileira em benefício de Roberval, sempre que não
bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, lhe seja mais favorável a lei pessoal de Amália.
pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. Consoante o art. 5º, XXXI, CF, a sucessão de bens de es-
trangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira
49. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, que não lhes seja mais favorável a lei pessoa do “de cujus”.
é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu- Em mesmo sentido, o art. 10, §1º, da Lei de Introdução às
tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe- Normas do Direito Brasileiro. Isto posto, a alternativa que
deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice guarda perfilhamento com o dispositivo constitucional é a
-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de letra “E”.
aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo
a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a RESPOSTA: “E”.
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
03. (TJ/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Lúcio,
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”
Amélia e Tito, respectivamente, pai, mãe e filho, são lavra-
(artigo 81, §1º, CF). dores na pequena cidade de Amambaí, Estado do Mato
Grosso do Sul, e sozinhos, sem a ajuda de funcionários,
cultivam soja na sua pequena propriedade rural, assim de-
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES finida em lei. Lúcio investiu todas as suas economias pes-
soais na compra de uma máquina específica para ajudar a
sua família na colheita da soja, acreditando que seria farta
01. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII - e que a máquina lhes traria um excelente resultado eco-
FGV/2013) A Constituição declara que todos podem reunir- nômico. Porém, ocorreu uma geada que estragou toda a
se em local aberto ao público. Algumas condições para que plantação, deixando Lúcio sem condições de saldar seus
as reuniões se realizem são apresentadas nas alternativas a débitos vencidos decorrentes da atividade produtiva, sen-
seguir, à exceção de uma. Assinale-a: do processado judicialmente. Nesse caso, a referida peque-
A) Os participantes não portem armas. na propriedade rural:
B) A reunião seja autorizada pela autoridade compe- A) Será penhorada, porém o Juiz limitará a penhora à
tente. parte de propriedade de Lúcio, pois Amélia e Tito não com-
C) A reunião não frustre outra reunião anteriormente praram a máquina.
B) É penhorável sempre porque deve garantir o paga-
convocada para o mesmo local.
mento integral das dividas decorrentes da atividade pro-
D) Os participantes reúnam-se pacificamente.
dutiva, independentemente da existência de outros bens.
C) Será penhorada desde que não existam outros bens
O Texto Maior determina que todos podem reunir-se penhoráveis.
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, D) Será penhorada, mas, segundo a Constituição Fede-
independentemente de autorização, desde que não frus- ral, o Juiz dará a prévia oportunidade a Lucio de pagar as
trem outra reunião anteriormente convocada para o mes- dívidas em trinta e seis meses sem juros.
mo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade E) É impenhorável, face a vedação constitucional.
competente (art. 5º, XVI, CF).
Nestes termos, a alternativa “B” deve ser assinalada, A pequena propriedade rural, assim definida em lei,
pois é o único requisito que não está previsto na norma desde que trabalhada pela família, não será objeto de pe-
descrita acima. nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
vidade produtiva, dispondo a lei sobe os meios de financiar
RESPOSTA: “B”. o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI, CF).
85
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Assim, em face da vedação constitucional, a proprie- II. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao
dade de Lúcio, Amélia e Tito é impenhorável, o que torna agravo, além da indenização por dano material, moral ou
correta a letra “E”. à imagem.
III. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
RESPOSTA: “E”. lesão ou ameaça a direito.
IV. As associações somente poderão ser compulsoria-
04 (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) A mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por de-
Constituição da República assegura a todos, independen- cisão judicial transitada em julgado.
temente do pagamento de taxas: Está correto o que se afirma apenas em:
A) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa A) I e II.
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. B) I e III.
B) A obtenção de certidões em repartições públicas e C) II e III.
estabelecimentos privados, para defesa de direitos e escla- D) II e IV.
recimento de situações de interesse pessoal. E) III e IV.
C) O registro civil de nascimento, a certidão de casa-
mento e a certidão de óbito. O item “I” está errado, pois, apesar de somente se per-
D) As ações de habeas corpus, habeas data e o manda- mitir a pena de morte no Brasil em caso de guerra declara-
do de segurança. da (art. 5º, XLVII, “a”, CF), as penas de caráter perpétuo não
E) A prestação de assistência jurídica integral pelo Es- são admitidas em hipótese alguma, com ou sem guerra
tado. (art. 5º, XLVII, “b”).
O item “II” está correto, por reproduzir a essência do
Conforme o art. 5º, XXXIV, da Lei Fundamental, assegu- que está previsto no art. 5º, V, da Constituição Federal, a
ra-se a todos, independentemente do pagamento de taxas, saber, a disposição de que é assegurado o direito de res-
o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de posta, proporcional ao agravo, além da indenização por
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (alínea dano material, moral ou à imagem.
“a”), bem como a obtenção de certidões em repartições O item “III” está certo: a lei não excluirá da apreciação
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de si- do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV,
tuações de interesse pessoal (alínea “b”). A alternativa “A” CF).
está correta, por tratar desta situação prevista na alínea “a”. O item “IV” está incorreto. Exige-se decisão judicial
A alternativa “B” está errada, pois, como visto no pa- transitada em julgado apenas para se dissolver compul-
rágrafo acima, o direito à obtenção gratuita de certidões soriamente as associações. Para suspender suas atividades
somente vale para repartições públicas, mas não para esta- não há essa exigência (art. 5º, XIX, CF).
belecimentos privados. Sendo assim, corretos os itens “II” e “III”, convém assi-
A alternativa “C” está incorreta, pois, conforme o inciso nalar a alternativa “C”.
LXXVI, alíneas “a” e “b”, do art. 5º, da Constituição, apenas
o registro civil de nascimento e a certidão de óbito são RESPOSTA: “C”.
gratuitos para os reconhecidamente pobres na forma da
lei. Quanto à gratuidade da certidão de casamento, o pará-
grafo único, do art. 1512, do Código Civil, prevê que a ha-
bilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão
serão isentos de selos, emolumentos e custas, apenas para
as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
A alternativa “D” está errada, pois o art. 5º, LXXVI, CF
prevê a gratuidade apenas das ações de habeas corpus e
habeas data.
Por fim, o que torna incorreta a alternativa “E” é o fato
de que o Estado somente prestará assistência jurídica inte-
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
cursos (art. 5º, LXXIV, CF).
RESPOSTA: “A”.
86
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Infração penal: elementos, espécies; Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Tipicidade, ilicitude, culpabilidade,
punibilidade; .............................................................................................................................................................................................................. 01
Imputabilidade penal. ............................................................................................................................................................................................ 07
Crimes contra a pessoa;......................................................................................................................................................................................... 08
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65), ......................................................................................................................................................... 16
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). ............................................................................................................................................................... 18
Código Penal (Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Título XI - Dos Crimes Contra a Administração
Pública.......................................................................................................................................................................................................................... 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara
máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefício
que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo da progressão de regime para os presos condenados por
máximo de cumprimento de pena é de 5 anos. crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progressão de
regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos e
d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto equiparados, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
-Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções. quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou contra- quintos), se reincidente.
venção no Brasil e após a prática de crime no estrangeiro.
Não há reincidência após a prática de contravenção no es- São considerados crimes hediondos:
trangeiro.
1. Homicídio simples, quando em atividade típica de
“Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra- grupo de extermínio
tica uma contravenção depois de passar em julgado a sen- (art. 121);
tença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, 2. Homicídio qualificado
por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contra- (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V);
venção.” 3. Latrocínio
(art. 157, § 3o);
Semelhança no estudo dos crimes e contravenções. 4. Extorsão qualificada pela morte
(art. 158, § 2o);
Vimos que em termos práticos existem algumas dife- 5. Extorsão mediante seqüestro simples e na forma
renças entre crime e contravenção, porém, não podemos qualificada
falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o);
contravenção como o crime, substancialmente, são fatos 6. Estupro
típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis. (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
Ou seja, possuem a mesma estrutura. rágrafo único);
7. Atentado violento ao pudor
Crimes Hediondos (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e pa-
rágrafo único);
Diferente do que costuma se pensar no senso comum, 8. Epidemia com resultado morte
juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado (art. 267, § 1o);
com extrema violência e com requintes de crueldade e sem 9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
nenhum senso de compaixão ou misericórdia por parte de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
seus autores, mas sim um dos crimes expressamente pre- (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o B, redação dada
vistos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes que o legis- pela Lei no 9.677/98);
lador entendeu merecerem maior reprovação por parte do 10. Genocídio
Estado. (art.(s). 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou con-
Os crimes hediondos, do ponto de vista criminológico, sumado).
são os crimes que estão no topo da pirâmide de desvalora-
ção criminal, devendo, portanto, ser entendidos como cri- Existem crimes que não são hediondos, todavia equi-
mes mais graves ou revoltantes, que causam maior aversão parados a esses e submetidos, portanto, ao mesmo trata-
à coletividade. mento penal mais severo reservado a esta espécie de de-
Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig- lito:
nifica ato profundamente repugnante, imundo, horrendo,
sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, segun- 1. Terrorismo;
do os padrões da moral vigente. 2. Tortura e;
O crime hediondo é o crime que causa profunda e 3. Tráfico ilícito de entorpecentes
consensual repugnância por ofender, de forma acentuada-
mente grave, valores morais de indiscutível legitimidade, Crimes de Menor Potencial Ofensivo – segundo Damá-
como o sentimento comum de piedade, de fraternidade, sio (1)
de solidariedade e de respeito à dignidade da pessoa hu-
mana. Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos cri-
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de que mes de menor potencial ofensivo:
existem condutas que se revelam como a antítese extrema
dos padrões éticos de comportamento social, de que seus De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Criminais
autores são portadores de extremo grau de perversidade, (Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor poten-
periculosidade e em razão disso, merecem sempre o grau cial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os crimes
máximo de reprovação ética por parte da sociedade e do aos quais a lei comine pena máxima não superior a um ano
próprio sistema de controle. (art. 61).
2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A Lei dita que :” Consideram-se infrações de menor O resultado naturalístico ou material consiste na modi-
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-
que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, se de um evento que só se faz necessário em crimes mate-
ou multa”. riais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta
Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou Fe- e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para
deral, devem ser considerados delitos de menor potencial efeito de consumação.
ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máximo, pena O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
detentiva não superior a dois anos, ou multa; de manei- ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe-
ra que os Juizados Especiais Criminais da Justiça Comum nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli-
passam a ter competência sobre todos os delitos a que a citamente, algum resultado, pois não há delito sem que
norma de sanção imponha, no máximo, pena detentiva não ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem
superior a dois anos (até dois anos) ou multa. penalmente protegido.
Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão A doutrina moderna dá preferência ao exame do re-
ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio- sultado jurídico . Este constitui elemento implícito de todo
nais, como da igualdade e da proporcionalidade. fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção
De modo que o delito mais grave, por atingir um bem de tipicidade material.
jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de me- O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos-
nor potencial ofensivo; enquanto o outro, de menor lesi- prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em
vidade objetiva, por afetar bem jurídico individual, teria a determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua
qualificação de crime de maior potencial ofensivo. análise seria malferir o princípio da legalidade.
3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Um exemplo de exercício regular de um direito, como O erro de tipo está no art. 20, “caput”, do Código Pe-
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega- nal. Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo não
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, tem plena consciência do que está fazendo; imagina estar
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a
para si (RT - 461/341). praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser
inteiramente lícita.
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não Tipo é a descrição legal da norma proibitiva, vale dizer,
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do é a norma que descreve condutas (previstas abstratamen-
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário te) que são criminosas. Quando o indivíduo pratica um
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de- fato e ele se subsume na descrição legal, tem-se o crime,
ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo surgindo ai o “ius puniendi” do Estado. Porém, podem
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res- ocorrer circunstâncias que, se objetivamente constatadas,
tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a excepcionarão o poder de punir do Estado e dentre estas
regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. exceções encontra-se o erro de tipo.
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento
Culpabilidade cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e consciente
A Culpabilidade é um elemento integrante do concei- de praticar o crime, ou assumir o risco de produzi-lo (Dolo
to definidor de uma infração penal. A motivação e objeti- Direto e Eventual respectivamente, CP art. 18, I) .
vos subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A Assim, de acordo com o que dispõe o art. 20, caput,
culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta do Código Penal, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto,
ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo a própria tipicidade (como visto, o dolo foi deslocado para
(intenção), ou pelo menos com imprudência, negligência Tipicidade de acordo com a Teoria Finalista). Observe não
ou imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis há qualquer mácula à culpabilidade , por força disso, se o
tais modalidades erro for vencível, haverá punição por crime culposo desde
que previsto no tipo penal. Trata-se de um consectário ló-
Causas de exclusão da culpabilidade gico do Princípio da Excepcionalidade do crime culposo,
O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi- art. 20, caput, CP, modalidade examinada mais adiante.
lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato Um conceito bem amplo de erro de tipo é dado por
típico e antijurídico Damásio de Jesus, in verbis : “erro de tipo é o que incide so-
a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca- bre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou
esse entendimento. dados secundários da norma penal incriminadora”.
- doença mental, desenvolvimento mental incompleto
ou retardado (art. 26); Erro de Proibição
- desenvolvimento mental incompleto por presunção Normatizado no direito penal brasileiro pelo artigo 21
legal, do menor de 18 anos (art. 27); do Código Penal, o erro de proibição é erro do agente que
- embriaguez completa, proveniente de caso fortuito acredita ser sua conduta admissível no direito, quando, na
ou força maior (art. 28, § 1º). verdade ela é proibida. Sem discussão, o autor, aqui, sabe
b) inexistência da possibilidade de conhecimento da o que tipicamente faz, porém, desconhece sua ilegalidade.
ilicitude: Concluímos, então, que o erro de proibição recai sobre a
- erro de proibição (art. 21). consciência de ilicitude do fato. O erro de proibição é um
c) inexigibilidade de conduta diversa: juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade,
- coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte); que chegam ao conhecimento de outrem na forma de usos
- obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte). e costumes, da escolaridade, da tradição, família etc.
5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
do corretamente, mas a execução sai errada e a vontade por não configurado o dolo eventual, o agente seria con-
criminosa vai concretizar-se em pessoa diferente. Logo, denado por homicídio culposo e doloso, em concurso for-
esse erro não surge no processo de formação de vontade mal próprio.
do agente, mas sim no momento de sua execução.
Aqui ocorre um erro de pessoa para pessoa, já que o Resultado Diverso do Pretendido
ofendido diverge do animus do agente. O aberratio ictus (Aberratio Criminis ou Aberratio Delicti)
pode ser dividido em:
a) Aberratio ictus com unidade simples: aqui, há um Previsto no art. 74 do CP: “fora dos casos do artigo
único resultado, ou seja, o agente erra a pessoa, atingindo anterior (aberratio ictus), quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do preten-
somente um terceiro. Responderá o agente como se tives-
dido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
se atingido a pessoa visada.
como crime culposo; se ocorre também o resultado pre-
A importância dessa hipótese é a consequência do cri- tendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
me: v.g., se o agente, querendo acertar seu pai, atira e mata Aqui, ocorre erro de coisa para pessoa. Nesse caso, se
terceira pessoa, responderá por homicídio doloso agrava- houver um resultado único, deve-se desprezar o dolo ini-
do pelo fato de ser contra ascendente. cial do agente, que era de causar dano, e o responsabilizar
b) Aberratio ictus com unidade complexa: aqui, há pelo resultado por ele produzido a título de culpa, devendo
dois resultados, embora uma única ação. O agente atinge responder, portanto, pelo homicídio ou pelas lesões corpo-
a pessoa visada, mas também um terceiro. Teremos então rais por ele causadas culposamente.
quatro hipóteses de unidade complexa, partindo-se do Veja que, na aberratio criminis, o crime que se queria
pressuposto, no caso do homicídio, de que em todos os cometer não é punido nem mesmo a título de tentativa,
casos o agente atua com o dolo de matar: sendo o crime aberrante punido somente se houver a ex-
1. Agente atira em A, causando sua morte, e também pressa tipificação da forma culposa.
a morte de B: agente responderá por homicídio doloso e Não se admite que o erro seja de pessoa para coisa
homicídio culposo, aplicando-se o aumento do concurso porque não existe crime contra coisas culposo, é fato atí-
formal. Não se aplica a incidência da agravante caso B fos- pico.
se seu pai. Logo, vemos que as consequências são:
2. Agente mata A e fere B: agente responderá por a) Punição do agente pelo crime culposo, se prevista
tal modalidade no CP;
homicídio doloso consumado, em concurso formal com o
b) Punição do agente pelo crime doloso contra coisa
crime de lesões corporais culposas, aplicando-se a causa
(resultado doloso pretendido) + punição pelo crime cul-
de aumento, desde que benéfica. Aqui, não há erro na exe- poso, se prevista tal modalidade, aplicando-se a regra do
cução, há concurso formal próprio. concurso formal do art. 70. (unidade complexa)
3. Agente fere A e fere B: agente responderá por ten- Art. 73 “aberratio ictus” Art. 74 “aberratio crimi-
tativa de homicídio em concurso formal com lesões corpo- nis”
rais culposas, aplicando-se a regra de aumento, desde que • Erro na execução
benéfica. • Agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurí-
4. Agente fere A e mata B: responderá por homicídio dico, de pessoa diversa O agente, em razão do
doloso consumado, aplicando-se a regra de aumento. Po- erro, atinge bem jurídico diverso
rém, nesse caso, se B fosse seu pai, não haveria a incidência • Relação: pessoa x pessoa • Relação: coisa x
da agravante. pessoa
Sempre que ocorre a aberratio ictus com unidade com- • Responde pelo resultado provocado consideran-
plexa, haverá concurso formal próprio de crimes. do a vítima pretendida Responde pelo resulta-
do produzido a título de culpa ou em concurso formal, se
Aberratio Ictus e Dolo Eventual também der causa ao resultado desejado
Não há se confundir ambos os institutos. No dolo
Concurso Material Benéfico nas Hipóteses de Aberratio
eventual, o agente atua dentro do complexo volitivo, assu-
Ictus e Aberratio Criminis
mindo conscientemente o desejo de, se consumado, ferir
Em qualquer das duas hipóteses, quando houver uni-
determinado bem jurídico, ainda que sua vontade seja di- dade complexa, ou seja, a produção do resultado preten-
rigida contra outro. dido e do não pretendido, deverá ser observada a regra do
No aberratio ictus, o agente não tem a intenção de agir concurso material benéfico, cedendo a regra do concurso
contra a pessoa vítima do crime, já que visava atingir outra. formal próprio caso seu resultado seja mais gravoso ao
Assim, somente ocorrerá se o resultado aberrante for pro- agente.
veniente de culpa, afastando-se o erro na hipótese de dolo,
seja ele direto ou eventual. Aberratio Causae
Clássico exemplo no homicídio: se o agente atira numa Ocorre quando o resultado pretendido inicialmente
multidão, querendo matar X, mas sabendo dos riscos de pelo agente advir de causa que ele não havia cogitado, v.g.,
atingir terceiros e assumindo ele, caso mate X e Y com um quando o agente, querendo matar uma pessoa afogada, a
tiro, responderá por dois homicídios dolosos em concurso arremessa de uma ponte, mas essa morre em função do
formal. Se a hipótese fosse apenas de erro na execução, impacto de sua cabeça contra o pilar de sustentação.
6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Também ocorre no caso do dolo geral, que se manifes- Quando existe algum agravo à saúde mental, os indi-
ta quando o agente, julgando ter obtido o resultado inten- víduos podem ser considerados inimputáveis – se não ti-
cionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só verem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem
então é que efetivamente o resultado desejado se produz. autocontrole, são isentos de pena.
É o caso do agente que, após atirar em alguém, a enterra Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discer-
achando que já estava morta. Somente com o enterro é nimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou
que ele a mata, não pelo tiro, mas por sufocamento. prejudicados por doença ou transtorno mental.
Em qualquer caso, o agente responderá pelo seu dolo.
Causas que excluem a imputabilidade
Erro de Subsunção
Não possui previsão legal, trata-se de criação doutri- Doença Mental,
nária. Desenvolvimento mental incompleto,
Não se confunde com o erro de tipo, pois não há falsa Desenvolvimento mental retardado e
percepção da realidade e, também não se confunde com o Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou
erro de proibição, vez que o agente sabe da ilicitude do seu força maior.
comportamento. Portanto, trata-se de erro que recai sobre
valorações jurídicas equivocadas, sobre interpretações jurí- 1. Doença mental
dicas errôneas. No erro de subsunção, o agente interpreta
equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamen- É a perturbação mental ou psíquica de qualquer or-
to. dem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender
O erro de subsunção não exclui dolo, nem a culpa, o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de
tampouco isenta o agente da pena; ele responderá pelo acordo com esse entendimento. Importante esclarecer que
crime, podendo ter a pena atenuada conforme preceitua o a dependência patológica, como drogas configura doença
art. 66 do Código Penal: mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.
Art. 66, CP: A pena poderá ser ainda atenuada em razão
2. Desenvolvimento mental incompleto
de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
embora não prevista expressamente em Lei.
É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à re-
Tem por consequência:
cente idade cronológica do agente ou a sua falta de con-
• não isenta o agente de pena, mas pode servir
vivência na sociedade, ocasionando imaturidade mental e
como atenuante;
emocional.
Competência nas Hipóteses de Crimes Aberrantes
Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem san-
Competência: Policial civil, policial federal e atirador. ção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência da
Atirador pretendia matar policial civil, mas por erro na exe- ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento
cução provoca morte do policial federal. Estamos diante medidas sócio educativos prevista no ECA.
de uma aberratio ictus. Ou seja, ele responde por homicí-
dio doloso, nos termos do artigo 74 do CP, considerando 3. Desenvolvimento mental retardado
as qualidades da vítima pretendida. A competência para
julgamento será da Justiça Federal. Isto porque o erro da É o incompatível com o estágio de vida em que se
execução só tem reflexos penais e não processuais penais. encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desen-
assim, não há reflexos na competência. a competência volvimento normal para aquela idade cronológica. Sua
sempre considera a vítima real e não a pretendida. capacidade não corresponde às experiências para aquele
momento de vida, o que significa que a plena potencialida-
de jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados não
possuem condições de entender o crime que cometeram.
IMPUTABILIDADE PENAL.
Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas
inimputáveis
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código
prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, também, Penal sobre menoridade penal) neste interessa saber se
definir a imputabilidade como a capacidade do agente en- o agente é portador de alguma doença mental ou desen-
tender o caráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de volvimento mental incompleto ou retardo, caso positivo é
determinar-se de acordo com esse entendimento. considerado inimputável.
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o so-
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza- mente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele
ção de um determinado ato. tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do
7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Embriaguez
Crimes.
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão
da capacidade de entendimento e vontade do agente, em Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada por
álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos como HOMICÍDIO
morfina, ópio, cocaína entre outros. De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
Dispõe o Código Penal: é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da
vida do ser humano.
(...) Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
TÍTULO III não possui características de qualificação, privilégio ou ate-
DA IMPUTABILIDADE PENAL nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação
da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.
Inimputáveis Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primei-
ro – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença do privilégio, sempre que o agente comete o crime impeli-
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar- do por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente domínio de violenta emoção, logo após a injusta provoca-
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi- ção da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto
nar-se de acordo com esse entendimento. a um terço.
8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun- Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
do – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges-
pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguin- tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
tes condições: mediante paga ou promessa de recompen- cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
sa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com em- de seu representante legal.
prego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo Lesões corporais
comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimula-
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a oculta- saúde de outra pessoa.
ção, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa-
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência, rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu-
negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re- pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou
o resultado poderia ter sido evitado. aceleração de parto.
No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-
ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 -
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza-
diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar ção do membro, sentido ou função; deformidade perma-
prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é nente; ou aborto.
aumentada de um terço se o crime é praticado contra pes-
soa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave preterintencional).
que torne desnecessária a sanção penal.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al- pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio sexto a um terço.
resultar lesão corporal de natureza grave.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re-
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime do era previsível.
não se pune a tentativa.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
puerperal, isto é, logo pós o parto). ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva-
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom- lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita-
pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti- três anos.
mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato,
e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento PARTE ESPECIAL
da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado TÍTULO I
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
a dez anos. CAPÍTULO I
Aborto provocado com o consentimento da gestante DOS CRIMES CONTRA A VIDA
– Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for Homicídio simples
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, Art. 121. Matar alguém:
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
grave ameaça ou violência.
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um Caso de diminuição de pena
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
causas, lhe sobrevém a morte. vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- 2004)
dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
seu representante legal. cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
CAPÍTULO II agente das relações domésticas, de coabitação ou de hos-
DAS LESÕES CORPORAIS pitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
Lesão corporal dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo,
outrem: se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
Pena - detenção, de três meses a um ano. aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
Lesão corporal de natureza grave
mentada de um terço se o crime for cometido contra pes-
§ 1º Se resulta:
soa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340,
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 2006)
de trinta dias; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
II - perigo de vida; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
função; Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrên-
IV - aceleração de parto: cia dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
Pena - reclusão, de um a cinco anos. consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição,
§ 2° Se resulta: a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
I - Incapacidade permanente para o trabalho; nº 13.142, de 2015)
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; CAPÍTULO III
IV - deformidade permanente; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Perigo de contágio venéreo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
Lesão corporal seguida de morte ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam de que sabe ou deve saber que está contaminado:
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de produzí-lo: § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de pro-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
duzir o contágio:
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Substituição da pena Perigo para a vida ou saúde de outrem
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos direto e iminente:
mil réis a dois contos de réis: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- constitui crime mais grave.
terior; Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
II - se as lesões são recíprocas. um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação
Lesão corporal culposa de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 9.777, de 1998)
11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi- Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
derem aviltantes: deste Código, e mediante representação do ofendido, no
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
da pena correspondente à violência. § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re- 12.033. de 2009)
ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência:(Redação dada CAPÍTULO VI
pela Lei nº 10.741, de 2003) DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído SEÇÃO I
pela Lei nº 9.459, de 1997) DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Redução a condição análoga à de escravo IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra- ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi-
vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada gência)
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua loco- for primário e não integrar organização criminosa. (Incluído
moção em razão de dívida contraída com o empregador ou pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
preposto:(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da SEÇÃO II
pena correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMI-
10.803, de 11.12.2003) CÍLIO
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003) Violação de domicílio
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as-
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra- tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
balho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
se apodera de documentos ou objetos pessoais do traba- § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.(Incluído lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) por duas ou mais pessoas:
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é co- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
metido:(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) pena correspondente à violência.
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
10.803, de 11.12.2003) metido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli- com inobservância das formalidades estabelecidas em lei,
gião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) ou com abuso do poder.
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de em casa alheia ou em suas dependências:
2016) (Vigência) I - durante o dia, com observância das formalidades
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante gra- II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
ve ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fina- crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
lidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 4º - A expressão «casa» compreende:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In- I - qualquer compartimento habitado;
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - aposento ocupado de habitação coletiva;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de III - compartimento não aberto ao público, onde al-
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) guém exerce profissão ou atividade.
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do pa-
2016) (Vigência) rágrafo anterior;
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. SEÇÃO III
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) DOS CRIMES CONTRA A
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o crime for cometido por funcionário público no Violação de correspondência
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; (In- Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) respondência fechada, dirigida a outrem:
II - o crime for cometido contra criança, adolescente Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência) Sonegação ou destruição de correspondência
III - o agente se prevalecer de relações de parentes- § 1º - Na mesma pena incorre:
co, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de- I - quem se apossa indevidamente de correspondência
pendência econômica, de autoridade ou de superioridade alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a so-
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou nega ou destrói;
função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei
ou telefônica nº 12.737, de 2012) Vigência
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou ra- nectado ou não à rede de computadores, mediante vio-
dioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica lação indevida de mecanismo de segurança e com o fim
entre outras pessoas; de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
III - quem impede a comunicação ou a conversação re- autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
feridas no número anterior; instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (In-
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioe- cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
létrico, sem observância de disposição legal. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano ta.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
para outrem. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun- distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefô- computador com o intuito de permitir a prática da condu-
nico: ta definida no caput.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - detenção, de um a três anos. Vigência
§ 4º - Somente se procede mediante representação, § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. da invasão resulta prejuízo econômico.(Incluído pela Lei nº
12.737, de 2012) Vigência
Correspondência comercial § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei,
ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir corres- ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadi-
pondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: do:(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- multa, se a conduta não constitui crime mais grave.(Incluí-
presentação. do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a
SEÇÃO IV dois terços se houver divulgação, comercialização ou trans-
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE missão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informa-
DOS SEGREDOS ções obtidos.(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
Divulgação de segredo crime for praticado contra:(Incluído pela Lei nº 12.737, de
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo 2012) Vigência
de documento particular ou de correspondência confiden- I - Presidente da República, governadores e prefei-
cial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação tos;(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
possa produzir dano a outrem: II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;(Incluído
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou-
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- IV - dirigente máximo da administração direta e indire-
tração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (In-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pú- Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vi-
blica, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei gência
nº 9.983, de 2000) Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somen-
te se procede mediante representação, salvo se o crime é
Violação do segredo profissional cometido contra a administração pública direta ou indireta
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Fede-
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou ral ou Municípios ou contra empresas concessionárias de
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
presentação.
15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão
à autoridade administrativa ou independentemente dela, ser apresentada em juízo, independentemente de intima-
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa- ção.
bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
Art. 10. Vetado catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có- salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos
digo de Processo Civil. para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
de inquérito policial ou justificação por denúncia do Minis- sáveis tais providências.
tério Público, instruída com a representação da vítima do Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
abuso. dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen- diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho- perito, o representante do Ministério Público ou o advoga-
ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua do que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, do réu.
bem assim, a designação de audiência de instrução e jul- Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
gamento. zar-se se ausente o Juiz.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
em duas vias. Juiz não houver comparecido, os presentes poderão reti-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- rar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado audiência.
poderá: Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
audiência de instrução e julgamento, a designação de um
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
perito para fazer as verificações necessárias.
interrogatório do réu, se estiver presente.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresen-
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
tarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
julgamento.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito,
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a repre-
sentação poderá conter a indicação de mais duas testemu- o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público
nhas. ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advo-
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de gado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Juiz.
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará ou- mente a sentença.
tro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em re-
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer sumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi- a sentença.
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
intervir em todos os termos do processo, interpor recursos do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
retomar a ação como parte principal. Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti-
rejeitando a denúncia. vadamente, até o dobro.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins- do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrroga- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
velmente. dentro de cinco dias. Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- caberão os recursos e apelações previstas no Código de
gamento final e para comparecer à audiência de instrução Processo Penal.
e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
acompanhado da segunda via da representação e da de- Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independên-
núncia. cia e 77º da República.
17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os Peculato mediante Erro de Outrem
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes
de cargos em comissão ou de função de direção ou asses- Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade admi-
soramento de órgão da administração direta, sociedade de nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passi-
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo vo: Estado e o particular lesado. A modalidade de peculato
poder público. mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito uni- multa a um determinado contribuinte e esse contribuinte
tário, sem atender aos ensinamentos do Direito Administrati- paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro.
vo, tomando a expressão no sentido amplo. Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse di-
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcio- nheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o
nário público não apenas o servidor legalmente investido em favorecimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua
cargo público, mas também o que servidor publico efetivo ou consumação se dá quando ele passa a ser o titular da coisa.
temporário. Admite-se a tentativa.
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato des- Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo
vio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro servidor público com abuso de autoridade. O objeto jurí-
de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva dico é a probidade da administração pública. Sujeito ativo:
e Prevaricação, são os crimes tipificado com praticados por Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito passivo
agentes públicos. é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir. Trata-se de
crime formal pois consuma-se com a exigência, se houver
Peculato entrega de valor há exaurimento do crime e a vítima não
responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do dessa maneira.
peculato é a probidade da administração pública. É um crime
próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcionário público Excesso de Exação
e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos o particular.
Admite-se a participação. A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres
Peculato Apropriação públicos, porém o funcionário se apropria do valor.
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad-
detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão da fa- ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná-
cilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola pública rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou
que tem a chave de todas as salas da escola, aproveita-se da deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com
sua função e facilidade e subtrai algo que não estava sob sua o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do
posse, tem-se o peculato furto. agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal.
20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi- cumento
ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
valorizar os servidores. inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
TÍTULO XI constitui crime mais grave.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
DOS CRIMES PRATICADOS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO diversa da estabelecida em lei:
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Peculato
Concussão
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinhei-
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti-
retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio: mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, Excesso de exação
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe propor- social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
ciona a qualidade de funcionário. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
Peculato culposo 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
crime de outrem: dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - detenção, de três meses a um ano. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibi- cofres públicos:
lidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluí-
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o do pela Lei nº 9.983, de 2000)
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que per- § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-
mita a comunicação com outros presos ou com o ambiente tração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 2000)
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res- Violação do sigilo de proposta de concorrência
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercí- Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
cio do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devas-
fato ao conhecimento da autoridade competente: sá-lo:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descami-
de 1995) nho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre-
texto de influir em ato praticado por funcionário público Contrabando
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
o agente alega ou insinua que a vantagem é também des- 13.008, de 26.6.2014)
tinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contraban-
1995) do; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Corrupção ativa que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou 26.6.2014)
retardar ato de ofício: III - reinsere no território nacional mercadoria brasilei-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ra destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
funcional. proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Descaminho
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades co-
consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008,
merciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
de 26.6.2014)
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estran-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
geiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou flu-
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos vial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de concor-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- rência
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, pública ou venda em hasta pública, promovida pela ad-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, ministração federal, estadual ou municipal, ou por entida-
no exercício de atividade comercial ou industrial, merca- de paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou
doria de procedência estrangeira que introduziu clandes- licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
tinamente no País ou importou fraudulentamente ou que oferecimento de vantagem:
sabe ser produto de introdução clandestina no território Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
nacional ou de importação fraudulenta por parte de ou- além da pena correspondente à violência.
trem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abs-
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou tém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem ofere-
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, cida.
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada
de documentação legal ou acompanhada de documentos Inutilização de edital ou de sinal
que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
de 26.6.2014) conspurcar edital afixado por ordem de funcionário públi-
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- co; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por deter-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou minação legal ou por ordem de funcionário público, para
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exer- identificar ou cerrar qualquer objeto:
cido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
26.6.2014)
23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
estabelecimento destinado a execução de pena privativa Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
de liberdade ou de medida de segurança; restituir autos, documento ou objeto de valor probatório,
II - prolonga a execução de pena ou de medida de se- que recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
gurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
executar imediatamente a ordem de liberdade;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custó- Exploração de prestígio
dia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou-
tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha:
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
segurança Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
galmente presa ou submetida a medida de segurança de- também se destina a qualquer das pessoas referidas neste
tentiva: artigo.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por Violência ou fraude em arrematação judicial
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
é de reclusão, de dois a seis anos. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofereci-
ca-se também a pena correspondente à violência. mento de vantagem:
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda além da pena correspondente à violência.
está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três suspensão de direito
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autorida-
meses a um ano, ou multa.
de ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
judicial:
Evasão mediante violência contra a pessoa
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, CAPÍTULO IV
usando de violência contra a pessoa: DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
correspondente à violência.
Contratação de operação de crédito
Arrebatamento de preso Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po- crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legisla-
der de quem o tenha sob custódia ou guarda: tiva: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
correspondente à violência. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
Motim de presos autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
ou disciplina da prisão: I – com inobservância de limite, condição ou montante
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pena correspondente à violência.
II – quando o montante da dívida consolidada ultra-
passa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei
Patrocínio infiel nº 10.028, de 2000)
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procura-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo pa- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
trocínio, em juízo, lhe é confiado: pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a
pagar, de despesa que não tenha sido previamente empe-
Patrocínio simultâneo ou tergiversação nhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluído
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advo- pela Lei nº 10.028, de 2000)
gado ou procurador judicial que defende na mesma causa, Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In-
simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Disponível em:http://professoraalice.jusbrasil.com.br/
artigos/121814432/politica-criminal-direito-de-punir-do ANOTAÇÕES
-estado-e-finalidades-do-direito-penal. Acesso em abril de
2016.
___________________________________________________
Disponível em:http://www.ambito-juridico.com.br/si-
te/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11101&revis- ___________________________________________________
ta_caderno=3. Acesso em abril de 2016.
___________________________________________________
Disponível em:http://navalmg.jusbrasil.com.br/arti-
gos/111673582/teria-da-imputacao-objetiva. Acesso em ___________________________________________________
abril de 2016.
___________________________________________________
Disponível em:http://lfg.jusbrasil.com.br/noti- ___________________________________________________
cias/639148/o-que-e-a-extincao-da-punibilidade-denise-
cristina-mantovani-cera. Acesso em abril de 2016. ___________________________________________________
___________________________________________________
Disponível em:http://drluizfernandopereira.blogspot.
com.br/2010/04/dos-crimes-contra-o-sentimento.html. ___________________________________________________
Acesso em abril de 2016.
___________________________________________________
Direito penal esquematizado: parte geral / André Este-
fam e Victor Eduardo Rios Gonçalves. São Paulo : Saraiva, ___________________________________________________
2012. Bibliografia. 1. Direito penal 2. Direito penal – Brasil I.
___________________________________________________
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Título.
___________________________________________________
Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/
site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_ ___________________________________________________
id=11035 Acesso em setembro de 2016.
___________________________________________________
DELMANTO, Celso. Código penal comentado / Celso
___________________________________________________
Delmanto. [et al]. 7. ed. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Re-
novar, 2007. ___________________________________________________
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal, vo- ___________________________________________________
lume 1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 24. ed. rev. e atual.
São Paulo: Atlas, 2007. ___________________________________________________
30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado c) contra militar em formatura, ou durante o período
contra militar da mesma situação ou assemelhado; e prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício,
Sujeito ativo: militar da ativa. acampamento, acantonamento ou manobras;
Sujeito passivo: militar da ativa. Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado.
Observação necessária: o termo assemelhado (art. 21, Circunstâncias: formatura, prontidão, vigilância, obser-
CPM) não existe mais no universo jurídico desde a edição vação, exploração, acampamento, acantonamento, mano-
do Decreto nº 23.203/47. bras.
Sujeito passivo: militar.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado,
em lugar sujeito à administração militar, contra militar da d) ainda que fora do lugar sujeito à administração mili-
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; tar, contra militar em função de natureza militar, ou no de-
Sujeito ativo: militar da ativa. sempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação
Circunstância: lugar sujeito a administração militar. de ordem pública, administrativa ou jurídica, quando legal-
Sujeito passivo: civil, militar da reserva, militar reforma- mente requisitado para aquele fim, ou em obediência à de-
do. terminação legal superior.
2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
Sujeito ativo: civil, militar da reserva, militar reformado. E, ainda, o estabelecido no art. 18 do CPPM – Inde-
Sujeito passivo: militar em funçaõ de natureza militar pendentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar
desempenhando serviço de vigilância quando legalmente detido, durante as investigações policiais, até trinta dias,
requisitado ou em obediência a determinação legal supe- comunicando-se a detenção à autoridade judiciária compe-
rior. tente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias,
pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea,
A Lei nº 13.491, de 2017, alterou o Código Penal Militar mediante solicitação fundamentada do encarregado do in-
no sentido de que: quérito e por via hierárquica.
§ 1o Os crimes de que trata este artigo (artigo 9º),
quando dolosos contra a vida e cometidos por militares Observa-se que não há reincidência entre crime co-
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. mum e crime propriamente militar, conforme descrito no
§ 2o Os crimes de que trata este artigo (artigo 9º), Código Penal:
quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Art. 64, do CP – Para efeito de reincidência:
Justiça Militar da União, se praticados no contexto: II – não se consideram os crimes militares próprios e po-
líticos.
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem es-
tabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro Por exemplo, crime de deserção, crime propriamente
de Estado da Defesa; militar, o autor não será considerado reincidente em futu-
II – de ação que envolva a segurança de instituição mi- ra prática de delito comum.
litar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de
paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsi-
diária, realizadas em conformidade com o disposto no art. DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU OFICIAL
142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes di- DE SERVIÇO.
plomas legais:
3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
infrator. O sujeito passivo mediato é a pessoa que sofre Se o crime tiver sido praticado contra oficial general, e
a violência, no caso o militar que possui grau hierárquico o infrator for condenado a uma pena mínima, por exemplo,
superior ao infrator. Em razão disto, a vítima deste crime três anos de reclusão, o Juiz deverá aumentar a pena em
poderá ser tanto uma praça como um oficial. um terço, o que levará a um aumento de um ano, tota-
lizando uma pena definitiva em quatro anos de reclusão.
O elemento objetivo do tipo penal encontra-se repre- O aumento determinado neste parágrafo não é facultati-
sentado pelo verbo praticar violência, ou seja, praticar um vo, mas obrigatório, e caso este não seja observado pelo
ato ilegal contra o superior hierárquico, o que evidencia Conselho de Justiça, Permanente ou Especial, o Ministério
muitas vezes a falta de comprometido do infrator para com Público deverá interpor recurso para que a norma penal
a Corporação Militar a qual pertence, e que muitas vezes seja respeitada.
ingressou de forma voluntária, tendo conhecimento que a
vida militar possui regras que são diferentes daquelas ob- § 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se,
servadas na sociedade em geral. além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
Se da violência praticada pelo agente resultar na vítima
Aurélio Buarque de Holanda define violência como uma lesão corporal, o infrator responderá por um concurso
sendo, “a qualidade de violento, o ato violento, o ato de de crimes, ou seja, além da pena prevista para a violência,
violentar; no âmbito jurídico, o constrangimento físico ou ficará sujeito ainda a pena prevista para o crime de lesão
moral; o uso da força; coação. corporal, art. 209, do Código Penal Militar.
4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
No presente crime, o sujeito ativo deste crime poderá Desrespeito a símbolo nacional
ser militar ou civil. Trata-se de crime impropriamente mili-
tar. Frise-se que neste crime há a ausência de dolo no re- Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lu-
sultado. gar sujeito à administração militar, ato que se traduza em
ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos.
No presente artigo ressalta-se a proteção à disciplina e b) em estrita obediência a ordem direta de superior
hierárquico, em matéria de serviços.
à hierarquia, mormente pelo fato que a figura delitiva exi-
gir, para sua configuração, que terceiro militar esteja pre-
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da or-
sente, configurada, neste momento, a ofensa à ordem da dem.
instituição militar.
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de
CAPÍTULO IV ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou
DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO NA- na forma da execução, é punível também o inferior.
CIONAL OU A FARDA
Desrespeito a superior
5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
(C) o militar que, estando presente no momento da 10. (SEDS-PE - Sargento - Policia Militar - 2010 - MS
prá- tica do crime de motim, não usar de todos os meios CONCURSOS) Em relação ao inquérito policial militar, assi-
ao seu alcance para impedi-lo, será responsabilizado como nale a alternativa ERRADA:
partícipe deste. (A) A autoridade militar não poderá mandar arquivar
(D) o militar que, antes da execução do crime de motim autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de
e quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, crime ou de inimputabilidade do indiciado.
denuncia o ajuste de que participou terá a pena diminuída (B) O arquivamento do inquérito não obsta a instaura-
pela metade com relação ao referido crime militar. ção de outro. Se novas provas aparecerem em relação ao
(E) a reunião de dois ou mais militares com armamento fato, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção de
ou material bélico, de propriedade militar, para a prá- tica
punibilidade.
de violência contra coisa particular, só caracterizará o crime
(C) O Ministério Público poderá requerer o arquiva-
de organização de grupo para a prática de violência se a
coisa se encontrar em lugar sujeito à administração militar. mento dos autos se entender inadequada a instauração do
inquérito.
(D) Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos
07. (TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto - 2015 – a autoridade policial militar, a não ser mediante requisição
CESPE) Acerca do concurso de agentes, assinale a opção do Ministério Público para diligências por ele consideradas
correta à luz do CPM. imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
(A) No cálculo da pena de crimes militares em que haja (E) O inquérito é indispensável para o oferecimento da
concurso de pessoas, as condições ou as circunstâncias de denúncia.
caráter pessoal dos coautores serão consideradas apenas
nos casos em que os agentes tenham consciência dessas
condições ou circunstâncias. RESPOSTAS
(B) O CPM tipifica como causa de aumento da pena o
fato de um agente dirigir as atividades dos demais agentes
01. C.
envolvidos no evento delituoso.
Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licen-
(C) Se o crime for praticado com o concurso de dois
ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada ça, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato
em dobro. de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou
(D) Agente cuja participação no crime seja de menor a qualquer resolução do Governo.
importância deve ser apenado na mesma proporção que Tal crítica, para constituir crime, deve ser pública.
os demais agentes envolvidos no delito. O sujeito ativo só pode ser militar.
(E) Se o crime for cometido por inferiores juntamente d) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional
com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais in- se caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo
feriores que estiverem exercendo função de oficial, serão militar ao símbolo nacional independentemente do lugar
considerados cabeças da ação delituosa. ou diante de quem o ato for praticado.
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar
sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultra-
08. (DPU - Defensor Público Federal de Segunda je a símbolo nacional.
Categoria - 2015 - CESPE) Ainda com relação ao direito
e) Pratica o crime militar de deserção o militar que se
penal militar, julgue o item que se segue.
ausenta, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
Se um oficial das Forças Armadas cometer crime de
furto simples, ele ficará sujeito à declaração de indignidade em que deve permanecer, por mais de dois dias.
para o oficialato, qualquer que seja a sua pena. Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade
( ) Certo ( ) Errado em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por
mais de oito dias.
7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou es- Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para
tabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena,
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em
ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243,
transporte, para ação militar, ou prática de violência, em 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.
desobediência a ordem superior ou em detrimento da or-
dem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento 09. Certo.
de um terço para os cabeças. Trata-se de crime impropriamente militar haja vista que
o homicídio está previsto tanto no CP quando no CPM. Po-
rém, como se trata de crime de militar da ativa e militar da
03. Certo. ativa o crime será militar (art. 205 do CPM).
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio 10. E.
fraudulento: Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuí-
Agravação de pena zo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometido em de- a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos
trimento da administração militar. por documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de
escrito ou publicação, cujo autor esteja identificado;
04. C. c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código
Art. 47, II CPM Penal Militar.
05. D. Referências
Código Penal Militar:
Art. 201, CPM. Deixar o comandante de socorrer, sem Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou es- lotexto.php?cod=4967&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
trangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam em novembro de 2016.
pedido socorro.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/
artigo,a-exclusao-de-militar-em-decorrencia-de-condena-
06. B. cao-penal-uma-analise-comparativa-entre-militares-esta-
Código Penal Militar duais-e-f,55777.html. Acesso em novembro de 2016.
Artigo 149, IV: Reunirem-se militares ou assemelhados:
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou es- ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues Rosa. Disponível
tabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, em: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridi-
hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, cos/3715223. Acesso em maio de 2017.
ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de
transporte, para ação militar, ou prática de violência, em Disponível em: http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
desobediência a ordem superior ou em detrimento da or- lotexto.php?cod=4131&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
dem ou da disciplina militar: em maio de 2017.
8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
___________________________________________________
Disponível em:http://www.acadepol.mg.gov.br/ima-
ges/pdf/geral/monografia_anderson.pdf. Acesso em maio ___________________________________________________
de 2017.
___________________________________________________
Disponível em:http://jusmilitaris.com.br/sistema/arqui-
vos/doutrinas/ocrimepropriamentemilitar.pdf. Acesso em ___________________________________________________
maio de 2017. ___________________________________________________
Disponível em:http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/ ___________________________________________________
files/anexos/13667-13668-1-PB.pdf
___________________________________________________
Disponível em:http://www.usinadeletras.com.br/exibe-
___________________________________________________
lotexto.php?cod=4320&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
em maio de 2017. ___________________________________________________
Disponível em:http://www.usinadeletras.com.br/exibe- ___________________________________________________
lotexto.php?cod=4131&cat=Textos_Jur%EDdicos. Acesso
em maio de 2017. ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
Assim, a questão está correta de acordo com disposto Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em
no Código Penal. que somente se procede mediante queixa, obsta ao
prosseguimento da ação.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
3. (DPU - Agente administrativo - CESPE/2010) No
sistema criminal brasileiro, não se admite a renúncia tá- 7. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) O
cita ao direito de queixa. prazo decadencial de representação para os sucessores
corre a partir do momento em que eles forem notifica-
A questão está errada pois contrária dispositivo de lei, dos judicialmente para manifestar interesse em repre-
haja vista que, de acordo com o art. 104, do Código Penal. sentar.
Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido O Código Penal, art. 103, reza que o prazo decadencial é
quando renunciado expressa ou tacitamente. de 6 meses contado do dia em que o ofendido ou sucessor
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito veio a saber quem é o autor do crime.
de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de
exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
a indenização do dano causado pelo crime. ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
RESPOSTA: “ERRADA”. dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
4. (DPU - Agente administrativo – CESPE /2010) prazo para oferecimento da denúncia.
Para oferecer queixa, o procurador deve ser necessaria-
mente advogado e possuir poderes gerais de represen- RESPOSTA: “ERRADA”.
tação do ofendido.
8. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
Vejamos o que dispõe o Código Penal a respeito da
ação penal no crime complexo será intentada, em qual-
Ação pública e de iniciativa privada:
quer hipótese, por intermédio de queixa-crime.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.
O Código Penal, no art. 101, dispõe sobre a ação penal
2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante
no crime complexo, vejamos:
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para
representá-lo.
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou
Desse modo, a questão está errada, pois a representação circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos,
não necessita ser efetuada por advogado com poderes constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele,
gerais de representação do ofendido. desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder
por iniciativa do Ministério Público.
RESPOSTA: “ERRADA”.
Dessa forma, a questão errada ao contrariar dispositivo
5. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na de lei quando afirma que a ação penal no crime complexo
ação penal privada, a vítima poderá perdoar o agressor, será intentada por intermédio de queixa-crime.
ainda que o processo esteja em grau de recurso e tra-
mitando perante tribunal, contanto que o faça antes do RESPOSTA: “ERRADA”.
trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
9. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No
A questão está de acordo com o disposto no Código caso de morte do ofendido ou quando declarado au-
Penal, art. 106, § 2º que reza que “Não é admissível o perdão sente por decisão judicial, se comparecer mais de uma
depois que passa em julgado a sentença condenatória”, pessoa com direito de queixa, terá preferência o côn-
desse modo, a questão está correta. juge, e, na ausência deste, o parente mais próximo na
ordem de ascendente, descendente ou irmão. Havendo
RESPOSTA: “CORRETA”. divergência entre os sucessores, o juiz extinguirá a ação
penal.
6. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Nos crimes de ação penal pública ou nos que se pro- O art. 100, § 4º do Código Penal, reza que:
cede mediante queixa, o perdão do ofendido obsta o
prosseguimento da ação. § 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido
declarado ausente por decisão judicial, o direito de
A afirmativa está errada porque contraria o disposto no oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
Código Penal, art. 105, in verbis: ascendente, descendente ou irmão.
11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
A doutrina entende havendo divergência entre O Código Penal em seu art. 103, reza que:
sucessores, a ordem de preferência deverá ser respeitada.
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o
RESPOSTA: “ERRADA”. ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia
10. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
recusa do perdão por um dos querelados não produz § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo
efeitos jurídicos aos demais querelados que aceitarem para oferecimento da denúncia.
ser perdoados e impede, de igual modo, a extinção da
Observamos que o prazo para a representação é
punibilidade.
decadencial, de seis meses. Caso transcorra o prazo, o
exercício do direito não passará aos sucessores.
O Código Penal em seu art. 106 dispõe que:
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso
ou tácito: 13. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Em
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos qualquer infração penal, o recebimento de valores pelo
aproveita; ofendido ou seus sucessores, como indenização do dano
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o causado pelo crime, consiste em renúncia tácita ao direi-
direito dos outros; to de queixa ou de representação.
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. Resposta: errada.
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato
incompatível com a vontade de prosseguir na ação. De acordo com o parágrafo único, do art. 104, do Código
Penal, in verbis:
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em
julgado a sentença condenatória.
Parágrafo Único. Importa renúncia tácita ao direito de
queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-
Desse modo, observamos que a questão está errada, lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a
haja vista que, se um dos querelados não aceitar o perdão, indenização do dano causado pelo crime.
os outros que o aceitaram terão extinta a punibilidade.
Assim, a questão está errada.
RESPOSTA: “ERRADA”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
11. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010)
Na sucessão do direito de queixa ou de representação, 14. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
caso o cônjuge, que possui preferência, manifeste de- extinção da pessoa jurídica, titular da ação penal privada
sinteresse em propor a ação ou em ofertar a represen- em curso, sem deixar sucessor, autoriza o MP a dar segui-
tação, isso obstará o direito dos outros sucessores. mento à ação.
12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
16. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Na 20. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) A
ação penal pública condicionada, caso o MP não ofere- única possibilidade da ação penal privada personalís-
ça denúncia no prazo, ocorrerá para este a decadência. sima do ofendido existente no ordenamento jurídico
brasileiro é a do crime de induzimento a erro essencial
Vejamos o que dispõe o art. 103, do Código Penal: e ocultação de impedimento para o casamento.
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o A única possibilidade existente em nosso Direito Penal
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se da ação penal privada personalíssima do ofendido é a
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
do crime de induzimento a erro essencial e ocultação de
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no
impedimento para o casamento.
caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
De acordo com o Código Penal:
De acordo com mencionado artigo, observamos que na
ação penal pública condicionada, existe prazo decadencial Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
para o oferecimento da representação, entretanto, não há essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento
prazo decadencial para a denúncia, devendo ser observado que não seja casamento anterior:
o prazo prescricional do delito. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
RESPOSTA: “ERRADA”. contraente enganado e não pode ser intentada senão depois
de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro
17. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) Se, ou impedimento, anule o casamento.
na ação penal privada personalíssima, a vítima se tornar
incapaz, o direito de queixa transfere-se ao curador le- RESPOSTA: “CORRETA”.
gal e uma vez restabelecida a capacidade, pode a vítima
prosseguir com a ação penal intentada ou desistir dela.
21. (TJ/MS - Magistratura – FGV/2008) O prazo para
A legitimidade ativa, na ação penal privada o ajuizamento da queixa-crime é:
personalíssima, é exclusiva do ofendido, desse modo, é
a) de seis meses, iniciando a fluência desse prazo
vedado seu exercício ao curador legal.
no dia seguinte ao dia em que o ofendido vem a saber
RESPOSTA: “ERRADA”. quem é o autor do crime.
b) de dois meses, iniciando a fluência desse prazo
18. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) no dia seguinte ao dia em que o ofendido vem a saber
Na ação penal privada personalíssima, sendo a vítima quem é o autor do crime.
menor de idade, deverá aguardara maioridade para in- c) de seis meses, iniciando a fluência desse prazo
gressar com a ação penal, ou nomear curador especial no dia em que o ofendido vem a saber quem é o autor
para tal fim. do crime.
d) de dois meses, iniciando a fluência desse prazo
Na ação penal personalíssima, a legitimidade ativa é no dia em que o ofendido vem a saber quem é o autor
exclusiva do ofendido, não cabendo portanto, a nomeação do crime.
de curador especial. Caso o ofendido seja menos, este deve e) enquanto não estiver prescrito o crime praticado.
aguardar a maioridade para ingressar com ação penal e a
partir de então terá início a contagem do prazo decadencial. O Código Penal trata da decadência do direito de
queixa ou de representação em seu artigo 103:
RESPOSTA: “ERRADA”.
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o
19. (DPU - Agente administrativo – CESPE/2010) No
ofendido decai do direito de queixa ou de representação se
caso de falecimento do titular da ação penal privada
não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
personalíssima com a ação penal em curso, os sucesso-
dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso
res poderão prosseguir no feito.
do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o
Como já antes mencionado, a legitimidade, na ação prazo para oferecimento da denúncia.
penal personalíssima, é exclusiva do ofendido, em caso de
falecimento do titular da ação penal privada personalíssima, Desse modo, a resposta correta é a alternativa “C”.
não haverá possibilidade de prosseguimento no feito por
seus sucessores. RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “ERRADA”.
13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR
22. (OAB – FGV/2006) sobre a ação penal, assinale a Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
alternativa INCORRETA: da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
a) A ação de iniciativa privada é provida mediante resultado.
representação do ofendido ou de quem tenha qualida-
de para representá-lo. Segundo esta teoria, considera-se praticado o crime
b) A ação penal é pública, salvo quando a lei ex- no momento da ação ou omissão, independentemente do
pressamente a declara privativa do ofendido. momento do resultado. Conjuntamente aos princípios da
c) No caso de morte do ofendido, o direito de ofe- legalidade e anterioridade, surge o princípio do tempus re-
recer queixa passa ao cônjuge, ascendente, descenden- git actum, pelo qual a lei a ser aplicada ao crime será a lei
te ou irmão. vigente no momento da prática da conduta delituosa.
d) A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos Desse modo, o fato de lei nova suprimir determinado
crimes de ação pública, se o Ministério Público não ofe- recurso, existente em legislação anterior, não afasta o di-
rece no prazo denúncia no prazo legal. reito à recorribilidade subsistente pela lei anterior, quando
o julgamento tiver ocorrido antes da entrada em vigor da
Vejamos o que alude o Código Penal sobre a ação lei nova.
publica e ação privada em seu art. 100 e § 2º:
RESPOSTA: “A”.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 24. (TRF/5ª Região – Estágio em Direito – TRF/5ª
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para Região/2013) Sobre a aplicação da lei penal, é CORRE-
representá-lo. TO dizer que:
a) a lei excepcional ou temporária não se aplica ao
Desse modo, a alternativa “A” está errada, pois a ação fato praticado durante sua vigência, se decorrido o pe-
de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ríodo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. a determinaram.
b) considera-se praticado o crime no momento da
RESPOSTA: “A”. ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
c) a lei brasileira não se aplica aos crimes contra o
23. (TRE/MS – Analista Judiciário - Área Judiciária - patrimônio ou a fé pública da União, do Direito Fede-
CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação da lei pro- ral, de Estado, de Território, de Município, de empresa
cessual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
assinale a opção correta. fundação instituída pelo Poder Público, se praticados
A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato no estrangeiro.
de lei nova suprimir determinado recurso, existente em d) considera-se praticado o crime no lugar em que
legislação anterior, não afasta o direito à recorribilida- ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, sendo
de subsistente pela lei anterior, quando o julgamento irrelevante onde se produziu ou deveria produzir-se o
tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. resultado.
B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imedia- e) aplica-se a lei brasileira, embora cometidos no
tamente, invalidando os atos realizados sob a vigência estrangeiro, aos crimes contra a administração pública
da lei anterior que com ela for incompatível. praticados por qualquer pessoa.
C) O princípio da imediatidade da lei processual O Código Penal, em seu art. 4º, adotou a teoria da
penal abarca o transcurso do prazo processual iniciado atividade em que “considera-se praticado o crime no
sob a égide da legislação anterior, ainda que mais gra- momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
vosa ao réu. momento do resultado”.
D) A lei processual penal posterior, que de qualquer
modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos ante- Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
riores, ainda que decididos por sentença condenatória da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
transitada em julgado. resultado.
E) De acordo com o princípio da territorialidade,
aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito RESPOSTA: “B”.
ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista
do princípio da igualdade estabelecido na Constituição
Federal de 1988.
14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Histórico dos direitos humanos; aspectos gerais; a Declaração Universal dos Direitos Humanos.......................................... 01
Direito Internacional e Direitos Humanos, Pacto de São José da Costa Rica;................................................................................... 13
Portaria interministerial Nº 4.226, Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, de 31
de dezembro de 2010............................................................................................................................................................................................. 27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado; ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o Par-
não há que procurar para ela outro comentador nem intér- lamento inglês, embora isto não signifique que o poder do
prete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, - uma an- rei não tenha sido absoluto em certos momentos, como na
tes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutável, entre dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de
todos os povos e em todos os tempos”. Direito.
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profun-
medieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes damente pelo antropocentrismo, colocando o homem no
pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. centro do universo, ocupando o espaço de Deus. Natural-
-1274 d.C.)9, supondo que o mundo e toda a comunidade mente, as premissas da lei natural passaram a ser ques-
do universo são regidos pela razão divina e que a própria tionadas, já que geralmente se associavam à dimensão do
razão do governo das coisas em Deus fundamenta-se em divino. A negação plena da existência de direitos inatos ao
lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divina, pois a homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so-
razão divina nada concebe no tempo e é sempre eterna. berano, o que gerou consequências que desagradavam a
Com base nisso, Aquino10 chamou de lei natural “a partici- burguesia.
pação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.)
natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas considerada um marco para o pensamento absolutista, re-
coisas que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos pre- lata com precisão este contexto no qual o poder do sobe-
ceitos da lei de natureza, que a razão prática naturalmente rano poderia se sobrepor a qualquer direito alegadamente
apreende ser bens humanos”. Logo, a lei natural determina inato ao ser humano desde que sua atitude garantisse a
o agir virtuoso, o que se espera do homem em sociedade, manutenção do poder. Maquiavel13 considera “na condu-
independentemente da lei humana. ta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
Com a concepção medieval de pessoa humana é que não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
se iniciou um processo de elaboração em relação ao prin- príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios
cípio da igualdade de todos, independentemente das dife- que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elo-
renças existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem giados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as apa-
cultural. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal rências e os resultados”.
de direitos humanos, com base na igualdade essencial da Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de
pessoa11. forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvi-
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a da até então que negava a exigência do respeito à Ética,
monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se es- logo, ao direito natural, no espaço público. Somente num
tabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao momento histórico posterior se permitiu algum resgate
se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 os da aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da
barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas taxas Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o
impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as
Carta - Magna Charta Libertatum de 1215. Referido do- Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão
cumento, em sua abertura, expõe a noção de concessão do antropocentrista permaneceu, mas começou a se consoli-
rei aos súditos, estabelece a existência de uma hierarquia dar a ideia de que não era possível que o soberano impu-
social sem conceder poder absoluto ao soberano, prevê li- sesse tudo incondicionalmente aos seus súditos.
mites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privi- Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
légios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao de Soberano, ao qual todos deveriam obediência, mas que
prever conceitos como o de devido processo legal, habeas não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indiví-
corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declara- duos que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem
ção de direitos humanos, principalmente ao se considerar povo não há soberano) teriam direitos no regime social e,
que poucos homens naquele período eram de fato livres, em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas
mas ela foi fundamental naquele contexto histórico de falta questões iniciam uma visão moderna do direito natural, re-
de limites ao soberano12. A Magna Carta de 1215 instituiu conhecendo-o como um direito que acompanha o cidadão
9 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.14
Tradução Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Antes que despontassem as grandes revoluções que
Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral interromperam o contexto do absolutismo europeu, na In-
Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pe- glaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia das
liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do
reira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II,
questões 57 a 122. vista da Toledo. Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p.
10 Ibid. 201-227, nov. 2006.
11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação 13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
Saraiva, 2004. 14 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma-
12 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algu- nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex.
mas Contribuições Jurídicas. Revista Intertemas: re- São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.
2
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou trans- luções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que
formar o absolutismo de fato em absolutismo de direito, o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não
ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas
Direitos - Petition of Rights de 1628, que exigia o cumpri- pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal.
mento da Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou No entanto, Rousseau era o pensador que mais se dife-
a fazê-lo, fechando por duas vezes o Parlamento, sendo renciava dos dois anteriores, que eram mais individualistas
que a segunda vez gerou uma violenta reação que desen- e trouxeram os principais fundamentos do Estado Liberal,
cadeou uma guerra civil. Neste meio tempo, enquanto o porque defendia a entrega do poder a quem realmente es-
Parlamento estava operante, foi aprovado o Habeas Cor- tivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais se
pus Act, de 1679. Após diversas transições no trono inglês, aproxima da atual concepção de democracia.
despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 até 1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a
1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência
que aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights de das treze Colônias da América Continental Britânica, regis-
1689. trada na Declaração de Independência. Após diversas ba-
Todo este movimento resultou, assim, nas garantias ex- talhas, a Inglaterra reconheceu a independência em 1783.
pressas do habeas corpus e do Bill of Rights. Por sua vez, a Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o
instituição-chave para a limitação do poder monárquico e artigo I do referido documento assegura a igualdade de
para garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parla- todos de maneira livre e independente, considerando esta
mento e foi a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a como um direito inato; o artigo II estabelece que o poder
ideia de governo representativo, ainda que não do povo, pertence ao povo e que o Estado é responsável perante
mas pelo menos de suas camadas superiores15. ele; o artigo V prevê a separação dos poderes e o artigo VI
Tais ideias liberais foram importantes como base para o institui a realização de eleições diretas, necessariamente.
Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta- Após, em 1787, sobreveio a Constituição norte-america-
ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, na. A declaração americana estava mais voltada aos ame-
se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O ricanos do que à humanidade, razão pela qual a Revolução
processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur- Francesa costuma receber mais destaque num cenário his-
guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico, tórico global.
gerando o Iluminismo. 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade
O Iluminismo lançou base para os principais eventos do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo
que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primei-
sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Ti- ro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de
veram origem nestes movimentos todos os principais fatos julho de 1789, seguida por outros levantes populares. Der-
do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a dis- rubados os privilégios das classes dominantes, a Assem-
seminação do liberalismo burguês, o declínio das aristo- bleia se reuniu para o preparo de uma carta de liberdades,
cracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do
classe entre os trabalhadores16. Cidadão de 178917.
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado- Entre outras noções, tal documento previu: a liberda-
res da época, transportando o racionalismo para a política, de e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos
refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re- (artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos
belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segu-
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado rança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do
dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio
d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espí- da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo
rito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece a necessária separação de poderes (artigo 16).
menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de- 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou
fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando na Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a
na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita vida de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar
ao seu caráter democrático. Enfim, estes três contratualis- o êxodo de milhões de pessoas do interior para as cida-
tas trouxeram em suas obras as ideias centrais das Revo- des. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Neste contexto, surgiu a consciência de classe18, lançando-
Saraiva, 2004. se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
16 BURNS, Edward McNall. História da civiliza-
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch 17 Ibid.
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 18 Ibid.
3
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em
buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o 1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que impedi-
mercado capitalista, beneficiando quem possui maior nú- ram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e im-
mero de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja possibilitaram o domínio da região setentrional da Rússia
a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que (produtora de alimentos e petróleo). Já o evento que cul-
o proletariado passou a ser vítima do poder econômico. minou na rendição do Japão foi o lançamento das bombas
No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente to-
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho mou conhecimento da extensão da tirania alemã quando
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros os exércitos Aliados abriram os campos de concentração
em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para na Alemanha e nos países por ela ocupados, encontran-
tanto, passaram a organizar greves. do prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, além de
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à prote- milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
ção da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram
do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o perseguidos, torturados e mortos20.
princípio da proteção e que gerou os princípios da prima- Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res-
zia, da irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se ponsável por redigir o primeiro documento de relevância
que no campo destes direitos e dos demais direitos eco- internacional abrangendo a questão dos direitos humanos.
nômicos, sociais e culturais não basta uma postura do in- Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização
divíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio
econômico. da igualdade soberana de todos os estados que buscassem
Entre os documentos relevantes que merecem menção a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de
nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e So-
1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Trata- cial, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
do de Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a de Justiça21.
Organização Internacional do Trabalho - OIT (que emitia Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de
convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra 1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
Mundial (que havia durado de 1914 a 1918). submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o
No final do século XIX e no início de século XX, o mun- principal argumento levantado foi o de que todas as ações
do passou por variadas crises de instabilidade diplomáti- praticadas foram baseadas em ordens superiores, todas
ca, posto que vários países possuíam condições suficien- dotadas de validade jurídica perante a Constituição. Ex-
tes para se sobreporem sobre os demais, resultado dos plica Lafer22: “No plano do Direito, uma das maneiras de
avanços tecnológicos e das melhorias no padrão de vida assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
da sociedade. Neste contexto, surgiram condições para a dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto
eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram em matéria constitucional quanto em todos os desdobra-
o curso da história da civilização ocidental. mentos normativos. A Constituição de Weimar nunca foi
Embora o processo de internacionalização dos direi- ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei de plenos
tos humanos tenha antecedentes no pós-Primeira Guerra poderes de 24 de março de 1933 teve não só o efeito de
Mundial, notadamente, a criação da Liga das Nações e da legalizar a posse de Hitler no poder como o de legalizar
Organização Internacional do Trabalho com o Tratado geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
de Versalhes de 1919, é no pós-Segunda Guerra Mundial como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer-
que se encontram as bases do direito internacional dos di- ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se
reitos humanos. a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei
Os eventos da Segunda Guerra Mundial foram mar- do Parlamento que modificou a Constituição. Também a
cados pela desumanização: todos com o devido respaldo Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada
jurídico perante o ordenamento dos países que determi- na prática, nunca foi abolida”.
navam os atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
um Direito que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
validade, foi o Positivismo que teve como precursor Hans Direitos Humanos. Um dos principais pensadores que con-
Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito. tribuiu para a Declaração Universal dos Direitos Humanos
No entender de Kelsen19, a justiça não é a característica
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas por-
20 BURNS, Edward McNall. História da civiliza-
que é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem
pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afas- ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
tada como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch
é o valor moral inerente ao Direito. Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
21 Ibid.
19 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. 22 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah
Fontes, 2003. Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
4
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
de 1948 foi Maritain23, que entendia que os direitos huma- Declaração Universal dos Direitos Humanos
nos da pessoa como tal se fundamentam no fato de que a
pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor a Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da
ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direitos, Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo o de 1948
homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do Preâmbulo
amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: O preâmbulo é um elemento comum em textos cons-
tais elementos determinam o agir moral e levam à produ- titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge
ção do bem na sociedade humanista integral. Miranda28 define: “[...] proclamação mais ou menos sole-
Moraes24 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais ne, mais ou menos significante, anteposta ao articulado
importante conquista no âmbito dos direitos humanos fun- constitucional, não é componente necessário de qualquer
damentais em nível internacional, muito embora o instru- Constituição, mas tão somente um elemento natural de
mento adotado tenha sido uma resolução, não constituin- Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou
do seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que de grande transformação político-social”. Do conceito do
a compõem. O fato é que desse documento se originaram
autor é possível extrair elementos para definir o que re-
muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, sen-
presentam os preâmbulos em documentos internacionais:
do que dois deles praticamente repetem e pormenorizam
proclamação dotada de certa solenidade e significância
o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos que antecede o texto do documento internacional e, em-
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser
Ainda internacionalmente, após os pactos menciona- considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica
dos, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, e de transformação político-social que levou à elaboração
Piovesan25 apontou os seguintes documentos: Convenção do documento como um todo. No caso da Declaração de
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Dis- 1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes
criminação Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas às Guerras Mundiais.
as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção so- Considerando que o reconhecimento da dignidade ine-
bre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos das rente a todos os membros da família humana e de seus di-
Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura, etc. reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regio- justiça e da paz no mundo,
nais de proteção, que buscam internacionalizar os direitos O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual
humanos no plano regional, em especial na Europa, na todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade
América e na África26. Resultou deste processo a Convenção e para que ela seja preservada é preciso que os direitos
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Cos- inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no
ta Rica) de 1969. preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento.
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
textos das Constituições Federais. Afinal, como explica La- dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não
fer27, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direi- possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in-
to racional, universalmente válido, gerou implicações re- transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
levantes na teoria constitucional e influenciou o processo comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
de codificação a partir de então. Embora muitos direitos autonomia privada.
humanos também se encontrem nos textos constitucionais, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja-
proteção porque o fato de este direito não estar assegu- ram a consciência da Humanidade e que o advento de um
rado constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra,
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
23 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do
a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olym- homem comum,
pio Editora, 1967. A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos quando da abertura dos campos de concentração nazis-
fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, considerados seres humanos perante aquele regime polí-
tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside-
doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís-
25 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Di- tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
reito Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: importância de se atentar para os antecedentes históricos
Saraiva, 2008. e compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
26 Ibid. dentemente de qualquer fator.
27 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah 28 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. constituição. Lisboa: Petrony, 1978.
5
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Considerando essencial que os direitos humanos sejam O primeiro artigo da Declaração é altamente represen-
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o docu-
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira- mento:
nia e a opressão, a) Princípios da universalidade, presente na palavra
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du- todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta- direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon-
mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o
(Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados retrocesso.
(Rússia e o regime de Stálin). Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
Considerando essencial promover o desenvolvimento de
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
relações amistosas entre as nações,
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis-
Depois de duas grandes guerras a humanidade conse- criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por
guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao
amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores
ganhou uma nova força. de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pes-
Considerando que os povos das Nações Unidas reafir- soas com diferentes condições, iguais possibilidades, prote-
maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen- gendo e respeitando suas diferenças.29
tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual- b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a digni-
dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi- dade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual ela
ram promover o progresso social e melhores condições de merece todo o respeito por parte dos Estados e dos demais
vida em uma liberdade mais ampla, indivíduos, independentemente de qualquer fator como
Considerando que os Estados-Membros se compromete- aparência, religião, sexualidade, condição financeira. Todo
ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o ser humano é digno e, por isso, possui direitos que visam
respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda- garantir tal dignidade.
mentais e a observância desses direitos e liberdades, c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, os
Considerando que uma compreensão comum desses di- direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada qual
reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno representativa de um momento histórico no qual se eviden-
ciou a necessidade de garantir direitos de certa categoria.
cumprimento desse compromisso,
A primeira dimensão, presente na expressão livres, refere-se
Todos os países que fazem parte da Organização das
aos direitos civis e políticos, os quais garantem a liberda-
Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto de do homem no sentido de não ingerência estatal e de
os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos participação nas decisões políticas, evidenciados historica-
demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o mente com as Revoluções Americana e Francesa. A segun-
compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que da dimensão, presente na expressão iguais, refere-se aos
a fundou e que traz os princípios condutores da ação da direitos econômicos, sociais e culturais, os quais garantem
organização. a igualdade material entre os cidadãos exigindo prestações
positivas estatais nesta direção, por exemplo, assegurando
A Assembleia Geral proclama direitos trabalhistas e de saúde, possuindo como antece-
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos dente histórico a Revolução Industrial. A terceira dimensão,
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to- presente na expressão fraternidade, refere-se ao necessário
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada olhar sobre o mundo como um lugar de todos, no qual cada
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara- qual deve reconhecer no outro seu semelhante, digno de
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- direitos, olhar este que também se lança para as gerações
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção futuras, por exemplo, com a preservação do meio ambiente
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, e a garantia da paz social, sendo o marco histórico justa-
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância mente as Guerras Mundiais.30 Assim, desde logo a Declara-
ção estabelece seus parâmetros fundamentais, com esteio
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Esta-
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de
dos-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua
1789 e na Constituição Francesa de 1791, quais sejam igual-
jurisdição. dade, liberdade e fraternidade. Embora os direitos de 1ª, 2ª
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das e 3ª dimensão, que se baseiam nesta tríade, tenham surgido
Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os de forma paulatina, devem ser considerados em conjunto
membros e por onde passam inúmeros tratados interna- proporcionando a plena realização do homem31.
cionais.
29 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à De-
Artigo I claração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida- Fortium, 2008.
de e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem 30 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradu-
agir em relação umas às outras com espírito de fraterni- ção Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
dade.
6
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per- “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con- o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”45. O direito
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro, à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais
crime praticado. justamente adquiridos, respeitada a função social.
10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Silva48 entende que a liberdade de expressão pode ser Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So-
vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu- cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de
nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que via- direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so-
bilizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igualdade
da informação e do pensamento. Contudo, o a manifesta- material.
ção do pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada,
devendo se pautar na verdade e no respeito dos direitos à Artigo XXII
honra, à intimidade e à imagem dos demais membros da Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
sociedade. segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização e
Artigo XX recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e as- culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvol-
sociação pacíficas. vimento da sua personalidade.
O direito de reunião pode ser exercido independente- Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas. ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as- 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
sociação. tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém prestações positivas estatais, geralmente externadas por
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
será livre, também, para decidir se permanece associado que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
ou não”49. porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
Artigo XXI trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
de seu país, diretamente ou por intermédio de representan- investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
tes livremente escolhidos. direitos se dá de maneira gradual.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
público do seu país. Artigo XXIII
3. A vontade do povo será a base da autoridade do go- 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas e de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou proces- proteção contra o desemprego.
so equivalente que assegure a liberdade de voto. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de igual remuneração por igual trabalho.
governo em que o poder de tomar decisões políticas está 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
eleger um representante). Uma democracia pode existir de proteção social.
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi- 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos ingressar para proteção de seus interesses.
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
por seu representante eleito), nos termos que este artigo gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
da Declaração prevê. A principal classificação das demo- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua por si só o sentimento de importância para a sociedade por
vontade por voto direto e individual em casa questão re- parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
levante; b) indireta, também chamada representativa, em de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais os índices de desemprego o máximo possível.
escolhido(s) representa(m) todos os eleitores. A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho
realizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao
48 SILVA, José Afonso da. Curso de direito princípio da igualdade, por não ser justo que uma pessoa
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, que desempenhe as mesmas funções que a outra receba
2006. menos por um fator externo, característico dela, como sexo
49 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional ou raça. No âmbito do serviço público é mais fácil controlar
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. tal aspecto, mas são inúmeras as empresas privadas que
11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
pagam menor salário a mulheres e que não chegam a ser 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
levadas à justiça por isso. Não obstante, a remuneração deve assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
ser suficiente para proporcionar uma existência digna, com o fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
necessário para manter assegurados ao menos minimamen- A proteção da maternidade tem sentido porque sem
te todos os direitos humanos previstos na Declaração. isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista jam protegidas com atenção especial para que se tornem
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associação, adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta.
não podendo ninguém ser impedido ou forçado a ingressar
ou sair de um sindicato. Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
Artigo XXIV
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
mitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico
remuneradas. -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem superior, esta baseada no mérito.
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, as- 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
segura-se horários livres para que a pessoa desfrute de mo- volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
mentos de lazer e descanso, bem como impede-se a fixação do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São medidas damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
que asseguram isto a previsão de descanso semanal remu- rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
nerado, a limitação do horário de trabalho, a concessão de religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
férias remuneradas anuais, entre outras. prol da manutenção da paz.
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é fornecido 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
“[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. De for- ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
ma geral, os dispositivos em comento versam sobre o direito O direito à educação deve ser garantido obrigatoria-
ao trabalho, principal meio de sobrevivência dos indivíduos que mente e gratuitamente, no mínimo, até o ensino funda-
‘vendem’ força de trabalho em troca de uma remuneração jus- mental. O acesso a cursos técnicos não são obrigatórios,
ta. Ademais, estabelecem a liberdade do cidadão de escolher o mas devem ser disponibilizados. Como o ensino superior é
trabalho e, uma vez obtido o emprego, o direito de nele encon-
mais caro, o Estado deve criar sistemas de seleção para o
trar condições justas, tanto no tocante à remuneração, como
ingresso conforme o mérito dos candidatos (vestibulares).
no que diz respeito ao limite de horas trabalhadas e períodos
de repouso (disposição constante do artigo XXIV da Declara- Nota-se que o conceito de educação é muito mais
ção). Garantem ainda o direito dos trabalhadores de se unirem abrangente que a mera alfabetização, envolvendo conteú-
em associação, com o objetivo de defesa de seus interesses”50. dos voltados à formação da pessoa humana.
12
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
13
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
soa humana e para a afirmação da existência de direitos Aristóteles62 argumenta: “lei particular é aquela que
universais, porque a ela inerentes. Durante este período cada comunidade determina e aplica a seus próprios mem-
que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre bros; ela é em parte escrita e em parte não escrita. A lei
todos os homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco universal é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada um
séculos para que a Organização das Nações Unidas - ONU, alguma medida do divino, uma justiça natural e uma injus-
que pode ser considerada a primeira organização interna- tiça que está associada a todos os homens, mesmo naque-
cional a englobar a quase-totalidade dos povos da Terra, les que não têm associação ou pacto com outro”.
proclamasse, na abertura de uma Declaração Universal dos Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo,
Direitos Humanos de 1948, que “todos os homens nascem doutrina que se desenvolveu durante seis séculos, desde os
livres e iguais em dignidade e direitos”58. últimos três séculos anteriores à era cristã até os primeiros
No berço da civilização grega continuou a discussão a três séculos desta era, mas que trouxe ideias que prevale-
respeito da existência de uma lei natural inerente a todos ceram durante toda a Idade Média e mesmo além dela. O
os homens. As premissas da concepção de lei natural estão estoicismo organizou-se em torno de algumas ideias cen-
justamente na discussão promovida na Grécia antiga, no trais, como a unidade moral do ser humano e a dignidade
espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis59 que, origi- do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como
nalmente, a concepção de lei natural está ligada não só à consequência, de direitos inatos e iguais em todas as par-
de natureza, mas também à de diké: a noção de justiça sim- tes do mundo, não obstante as inúmeras diferenças indivi-
bolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, duais e grupais63.
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.),
de modo que a justiça deveria corresponder às leis da ci- um dos principais pensadores do período da jovem repú-
dade; entretanto, é preciso considerar que os costumes pri- blica romana, também defendeu a existência de uma lei na-
mitivos trazem o justo por natureza, que pode se contrapor tural. Neste sentido é a assertiva de Cícero64: “a razão reta,
ao justo por convenção ou legislação, devendo prevalecer o conforme à natureza, gravada em todos os corações, imu-
primeiro, que se refere ao naturalmente justo, sendo esta a tável, eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta do
origem da ideia de lei natural. mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora com suas
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem fica
uma discussão a respeito da prevalência da lei natural so- impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
bre a lei posta. Na obra, a protagonista discorda da proibi- nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser
ção do rei Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado;
vez que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão não há que procurar para ela outro comentador nem intér-
e argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse prete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, - uma an-
feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra tes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutável, entre
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser en- todos os povos e em todos os tempos”.
terrado para que pudesse partir desta vida: a lei natural Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período
prevaleceria então sobre a ordem do rei.60 medieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C.
o primeiro grande filósofo grego, questionaram essa con- -1274 d.C.)65, supondo que o mundo e toda a comunidade
cepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto do universo são regidos pela razão divina e que a própria
da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no es- razão do governo das coisas em Deus fundamenta-se em
paço, não havendo que se falar num direito imutável; ao lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divina, pois a
passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu, razão divina nada concebe no tempo e é sempre eterna.
estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural, Com base nisso, Aquino66 chamou de lei natural “a partici-
reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa61. pação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei
14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas manutenção do poder. Maquiavel69 considera “na condu-
coisas que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos pre- ta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
ceitos da lei de natureza, que a razão prática naturalmente não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
apreende ser bens humanos”. Logo, a lei natural determina príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios
o agir virtuoso, o que se espera do homem em sociedade, que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elo-
independentemente da lei humana. giados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as apa-
Com a concepção medieval de pessoa humana é que rências e os resultados”.
se iniciou um processo de elaboração em relação ao prin- Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de
cípio da igualdade de todos, independentemente das dife- forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvi-
renças existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem da até então que negava a exigência do respeito à Ética,
cultural. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal logo, ao direito natural, no espaço público. Somente num
de direitos humanos, com base na igualdade essencial da momento histórico posterior se permitiu algum resgate
pessoa67. da aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o
monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se es- movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as
tabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão
se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 os antropocentrista permaneceu, mas começou a se consoli-
barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas taxas dar a ideia de que não era possível que o soberano impu-
impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna sesse tudo incondicionalmente aos seus súditos.
Carta - Magna Charta Libertatum de 1215. Referido do- Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
cumento, em sua abertura, expõe a noção de concessão do de Soberano, ao qual todos deveriam obediência, mas que
rei aos súditos, estabelece a existência de uma hierarquia não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indiví-
social sem conceder poder absoluto ao soberano, prevê li- duos que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem
mites à imposição de tributos e ao confisco, constitui privi- povo não há soberano) teriam direitos no regime social e,
légios à burguesia e traz procedimentos de julgamento ao em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas
prever conceitos como o de devido processo legal, habeas questões iniciam uma visão moderna do direito natural, re-
conhecendo-o como um direito que acompanha o cidadão
corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declara-
e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.70
ção de direitos humanos, principalmente ao se considerar
Antes que despontassem as grandes revoluções que
que poucos homens naquele período eram de fato livres,
interromperam o contexto do absolutismo europeu, na In-
mas ela foi fundamental naquele contexto histórico de falta
glaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia das
de limites ao soberano68. A Magna Carta de 1215 instituiu
liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do
ainda um Grande Conselho que foi o embrião para o Par-
clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou trans-
lamento inglês, embora isto não signifique que o poder do
formar o absolutismo de fato em absolutismo de direito,
rei não tenha sido absoluto em certos momentos, como na ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de
dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de Direitos - Petition of Rights de 1628, que exigia o cumpri-
Direito. mento da Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profun- a fazê-lo, fechando por duas vezes o Parlamento, sendo
damente pelo antropocentrismo, colocando o homem no que a segunda vez gerou uma violenta reação que desen-
centro do universo, ocupando o espaço de Deus. Natural- cadeou uma guerra civil. Neste meio tempo, enquanto o
mente, as premissas da lei natural passaram a ser ques- Parlamento estava operante, foi aprovado o Habeas Cor-
tionadas, já que geralmente se associavam à dimensão do pus Act, de 1679. Após diversas transições no trono inglês,
divino. A negação plena da existência de direitos inatos ao despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 até
homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so- 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange,
berano, o que gerou consequências que desagradavam a que aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights de
burguesia. 1689.
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) Todo este movimento resultou, assim, nas garantias ex-
considerada um marco para o pensamento absolutista, re- pressas do habeas corpus e do Bill of Rights. Por sua vez, a
lata com precisão este contexto no qual o poder do sobe- instituição-chave para a limitação do poder monárquico e
rano poderia se sobrepor a qualquer direito alegadamente para garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parla-
inato ao ser humano desde que sua atitude garantisse a mento e foi a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a
ideia de governo representativo, ainda que não do povo,
mas pelo menos de suas camadas superiores71.
67 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: 69 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução
Saraiva, 2004. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
68 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algu- 70 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Huma-
mas Contribuições Jurídicas. Revista Intertemas: re- nos e Crítica Moderna. Revista Jurídica Consulex.
vista da Toledo. Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, jul. 2009.
201-227, nov. 2006.
15
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Tais ideias liberais foram importantes como base para o institui a realização de eleições diretas, necessariamente.
Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta- Após, em 1787, sobreveio a Constituição norte-america-
ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, na. A declaração americana estava mais voltada aos ame-
se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O ricanos do que à humanidade, razão pela qual a Revolução
processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur- Francesa costuma receber mais destaque num cenário his-
guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico, tórico global.
gerando o Iluminismo. 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade
O Iluminismo lançou base para os principais eventos do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo
que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primei-
sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Ti- ro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de
veram origem nestes movimentos todos os principais fatos julho de 1789, seguida por outros levantes populares. Der-
do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a dis- rubados os privilégios das classes dominantes, a Assem-
seminação do liberalismo burguês, o declínio das aristo- bleia se reuniu para o preparo de uma carta de liberdades,
cracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de
que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do
classe entre os trabalhadores72.
Cidadão de 178973.
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado-
Entre outras noções, tal documento previu: a liberda-
res da época, transportando o racionalismo para a política,
de e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos
refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re-
belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre (artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segu-
dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 rança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do
d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espí- direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio
rito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e
menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de- a necessária separação de poderes (artigo 16).
fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou
na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita na Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face vida de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
ao seu caráter democrático. Enfim, estes três contratualis- avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar
tas trouxeram em suas obras as ideias centrais das Revo- o êxodo de milhões de pessoas do interior para as cida-
luções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que des. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal. Neste contexto, surgiu a consciência de classe74, lançando-
No entanto, Rousseau era o pensador que mais se dife- se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
renciava dos dois anteriores, que eram mais individualistas Fato é que quanto maior a autonomia de vontade -
e trouxeram os principais fundamentos do Estado Liberal, buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o
porque defendia a entrega do poder a quem realmente es- mercado capitalista, beneficiando quem possui maior nú-
tivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais se mero de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja
aproxima da atual concepção de democracia. a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a o proletariado passou a ser vítima do poder econômico.
Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência No Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico
das treze Colônias da América Continental Britânica, regis-
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho
trada na Declaração de Independência. Após diversas ba-
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros
talhas, a Inglaterra reconheceu a independência em 1783.
em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para
Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o
tanto, passaram a organizar greves.
artigo I do referido documento assegura a igualdade de
todos de maneira livre e independente, considerando esta Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à prote-
como um direito inato; o artigo II estabelece que o poder ção da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se
pertence ao povo e que o Estado é responsável perante do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o
ele; o artigo V prevê a separação dos poderes e o artigo VI princípio da proteção e que gerou os princípios da prima-
zia, da irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se
71 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação que no campo destes direitos e dos demais direitos eco-
Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: nômicos, sociais e culturais não basta uma postura do in-
Saraiva, 2004. divíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder
72 BURNS, Edward McNall. História da civiliza- econômico.
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa-
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch 73 Ibid.
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 74 Ibid.
16
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Entre os documentos relevantes que merecem menção Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res-
nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de ponsável por redigir o primeiro documento de relevância
1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Trata- internacional abrangendo a questão dos direitos humanos.
do de Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização
Organização Internacional do Trabalho - OIT (que emitia das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio
convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra da igualdade soberana de todos os estados que buscassem
Mundial (que havia durado de 1914 a 1918). a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de
No final do século XIX e no início de século XX, o mun- Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e So-
do passou por variadas crises de instabilidade diplomáti- cial, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
ca, posto que vários países possuíam condições suficien- de Justiça77.
tes para se sobreporem sobre os demais, resultado dos Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de
avanços tecnológicos e das melhorias no padrão de vida 1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
da sociedade. Neste contexto, surgiram condições para a submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o
eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram principal argumento levantado foi o de que todas as ações
o curso da história da civilização ocidental. praticadas foram baseadas em ordens superiores, todas
Embora o processo de internacionalização dos direi- dotadas de validade jurídica perante a Constituição. Ex-
tos humanos tenha antecedentes no pós-Primeira Guerra plica Lafer78: “No plano do Direito, uma das maneiras de
Mundial, notadamente, a criação da Liga das Nações e da assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
Organização Internacional do Trabalho com o Tratado dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto
de Versalhes de 1919, é no pós-Segunda Guerra Mundial em matéria constitucional quanto em todos os desdobra-
que se encontram as bases do direito internacional dos di- mentos normativos. A Constituição de Weimar nunca foi
reitos humanos. ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei de plenos
Os eventos da Segunda Guerra Mundial foram mar- poderes de 24 de março de 1933 teve não só o efeito de
cados pela desumanização: todos com o devido respaldo legalizar a posse de Hitler no poder como o de legalizar
jurídico perante o ordenamento dos países que determi- geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer-
navam os atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a
ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se
um Direito que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua
a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei
validade, foi o Positivismo que teve como precursor Hans
do Parlamento que modificou a Constituição. Também a
Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada
No entender de Kelsen75, a justiça não é a característica
na prática, nunca foi abolida”.
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas por-
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
que é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem
das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afas- Direitos Humanos. Um dos principais pensadores que con-
tada como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça tribuiu para a Declaração Universal dos Direitos Humanos
é o valor moral inerente ao Direito. de 1948 foi Maritain79, que entendia que os direitos huma-
A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em nos da pessoa como tal se fundamentam no fato de que a
1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que impedi- pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor
ram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e im- a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direi-
possibilitaram o domínio da região setentrional da Rússia tos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo
(produtora de alimentos e petróleo). Já o evento que cul- o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do
minou na rendição do Japão foi o lançamento das bombas amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus atos:
atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente to- tais elementos determinam o agir moral e levam à produ-
mou conhecimento da extensão da tirania alemã quando ção do bem na sociedade humanista integral.
os exércitos Aliados abriram os campos de concentração Moraes80 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais
na Alemanha e nos países por ela ocupados, encontran- importante conquista no âmbito dos direitos humanos fun-
do prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, além de damentais em nível internacional, muito embora o instru-
milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram 77 Ibid.
perseguidos, torturados e mortos76. 78 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
75 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. 79 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e
Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olym-
Fontes, 2003. pio Editora, 1967.
76 BURNS, Edward McNall. História da civiliza- 80 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos
ção ocidental: do homem das cavernas às naves espa- fundamentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º
ciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner e Standisch a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,
Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
17
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
mento adotado tenha sido uma resolução, não constituin- Considerando que a Convenção Americana sobre Direi-
do seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou em
a compõem. O fato é que desse documento se originaram vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de confor-
muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo midade com o disposto no segundo parágrafo de seu art. 74;
que dois deles praticamente repetem e pormenorizam o A primeira fase do chamado processo de elaboração
seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Di- dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à União
reitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos “manter relações com Estados estrangeiros e participar de
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. organizações internacionais”, nos termos do artigo 21, I
Ainda internacionalmente, após os pactos menciona- da Constituição Federal. O único agente nas relações in-
dos, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, ternacionais com competência exclusiva é o Presidente da
Piovesan81 apontou os seguintes documentos: Convenção República, que manterá as relações com o respectivo Es-
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Dis- tado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos
criminação Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas internacionais, que precisam apenas do referendo do Con-
as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção
gresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da
sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos
Constituição Federal. O momento seguinte é o da assina-
das Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura,
tura do tratado por esta autoridade competente. Contudo,
etc.
a exigibilidade dos tratados depende de atos posteriores.
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regio-
A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é
nais de proteção, que buscam internacionalizar os direitos
humanos no plano regional, em especial na Europa, na indispensável para a conclusão de um tratado no ordena-
América e na África82. Resultou deste processo a Conven- mento jurídico brasileiro, já que muito embora a compe-
ção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da tência seja exclusiva do Presidente da República, cabe ao
Costa Rica) de 1969. Congresso Nacional, por meio de um decreto legislativo,
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos autorizar a ratificação do ato internacional. Nos termos do
textos das Constituições Federais. Afinal, como explica La- artigo 49, I da Constituição Federal “é da competência ex-
fer83, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito clusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente
racional, universalmente válido, gerou implicações rele- sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acar-
vantes na teoria constitucional e influenciou o processo de retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimô-
codificação a partir de então. Embora muitos direitos hu- nio nacional”. Quanto ao Pacto de São José da Costa Rica,
manos também se encontrem nos textos constitucionais, este foi negociado e assinado pela autoridade do Executi-
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem vo competente e posteriormente submetido à aprovação
proteção porque o fato de este direito não estar assegu- do Congresso Nacional, a qual foi concedida pelo Decreto
rado constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública Legislativo n° 27/92. Somente depois esta foi promulgada
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. pelo Decreto n° 678/92 e ratificada pelo Brasil perante a
Organização dos Estados Americanos.
DECRETO n° 678, de 6 de novembro de 1992.
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Hu- DECRETA:
manos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
de 1969. (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição ao presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e como nela se contém.
Considerando que a Convenção Americana sobre Direi-
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato inter-
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada
nacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro
no âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São
fez a seguinte declaração interpretativa: “O Governo do Bra-
José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em
sil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , não incluem o di-
vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do
reito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão
segundo parágrafo de seu art. 74;
Considerando que o Governo brasileiro depositou a car- Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão
ta de adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992; da anuência expressa do Estado”.
Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua
81 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Di- publicação.
reito Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência
Saraiva, 2008. e 104° da República.
82 Ibid. ITAMAR FRANCO
83 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos Fernando Henrique Cardoso
humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.11.1992.
Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
18
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Depois do processo de internacionalização dos direitos direitos humanos. Assim, os países da América se reuniram
humanos, iniciou-se um processo de regionalização deles, para a formação de uma organização específica, a Organi-
ou seja, adaptação do conteúdo de cada uma das decla- zação dos Estados Americanos, e para a assunção de um
rações de direitos até então proferidas a determinadas re- compromisso internacional continental pela preservação
giões do globo. dos direitos humanos.
19
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
20
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
trabalhos forçados. O cumprimento da pena, ainda que em exemplo, colocar um professor para limpar os banheiros
si ela não seja cruel, a exemplo da privativa de liberdade, da prisão e não para ministrar aulas aos detentos é uma
deve se dar de maneira digna, não se aceitando a falta de violação.
estrutura nos estabelecimentos prisionais. 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. para os efeitos deste artigo:
Pelo princípio da personalidade da pena o crime pode a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
a injustiça se fosse possível alguém responder pelos atos trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância
ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de res- e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os
tringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. executarem não devem ser postos à disposição de particu-
4. Os processados devem ficar separados dos condena- lares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado;
dos, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser sub- b) serviço militar e, nos países em que se admite a isen-
metidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas ção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional
não condenadas. que a lei estabelecer em lugar daquele;
Trata-se de um benefício inerente à presunção de ino- c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade
cência: os que ainda são considerados inocentes perante a que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade;
lei devem ficar separados dos culpados. d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem cívicas normais.
ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especia- Evidencia-se que trabalho obrigatório não significa tra-
lizado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento. balho forçado. Nestes casos, não há trabalho forçado, por
Para proteger as crianças e os adolescentes tem-se um mais que o indivíduo na verdade não queira desempenhá
sistema específico para processo e condenação criminal, -lo.
bem como local próprio de execução da pena.
6. As penas privativas de liberdade devem ter por fina- Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
lidade essencial a reforma e a readaptação social dos con- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança
denados. pessoais.
A pena tem função retributiva e preventiva (geral e es- A liberdade aparece ligada à segurança porque a priva-
pecial). Retributiva por ser uma resposta ao mal causado ção da liberdade de um por parte do Estado visa, necessa-
pelo criminoso para a sociedade. Preventiva geral no sen- riamente, a preservação da segurança dos demais.
tido de intimidar todos os destinatários da norma penal, 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, sal-
visando impedir que eles pratiquem crimes; preventiva es- vo pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas
pecial no sentido de impedir o autor do crime que volte Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de
a delinquir. Há, ainda, a função social ou ressocializadora, acordo com elas promulgadas.
que visa permitir que o condenado seja devolvido à socie- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarce-
dade em condições de não mais cometer crimes e conviver ramento arbitrários.
pacificamente. A legislação deve ser expressa a respeito dos casos em
que se admite a privação da liberdade de locomoção.
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou ser- razões da detenção e notificada, sem demora, da acusação
vidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de ou das acusações formuladas contra ela.
mulheres são proibidos em todas as suas formas. 5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzi-
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho da, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito
certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liber-
trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpreta- dade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberda-
da no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, impos- de pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu
ta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado comparecimento em juízo.
não deve afetar a dignidade, nem a capacidade física e inte- 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a re-
lectual do recluso. correr a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
Se todo ser humano é uma pessoa e, como tal, dotada decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou de-
de dignidade, aceitar a escravidão seria absurdo. Inerente a tenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem
isto se encontra a vedação de trabalhos forçados: não sig- ilegais. Nos Estados-partes cujas leis prevêem que toda pes-
nifica que não pode existir trabalho obrigatório, mas a ne- soa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem
gativa em cumpri-lo não pode impedir o cumprimento da direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de
pena, embora o desempenho do trabalho possa gerar sua que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso
diminuição proporcional aos dias trabalhados. Havendo não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser
trabalho obrigatório, este não pode influenciar a dignidade interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
e nem a capacidade física ou intelectual do acusado, por
21
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Os itens 4 a 6 tratam do devido processo legal (ampla a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por
defesa e contraditório) garantidos àquele que é privado de um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale
sua liberdade de locomoção. É preciso que a pessoa seja a língua do juízo ou tribunal;
notificada a respeito dos motivos da acusação, seja levada b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da
ao juiz que decidirá sobre a manutenção da prisão e possa acusação formulada;
interpor recurso contra tal decisão. c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessá-
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio rios à preparação de sua defesa;
não limita os mandados de autoridade judiciária competen- d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de
te expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-
alimentar. se, livremente e em particular, com seu defensor;
Uma das maiores polêmicas jurídicas brasileiras nos e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor
últimos anos envolve justamente este dispositivo da Con- proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a
venção: enquanto ela somente permite a prisão por dívida legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio,
em caso de obrigação alimentar, a Constituição brasileira nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
a permite também para os depositários infiéis (aquele que f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes
fica vinculado ao cumprimento de uma obrigação mera- no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemu-
mente contratual, cuja função que lhe é confiada envolve nhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz
a guarda de uma coisa específica, devendo conservá-la e sobre os fatos;
restituí-la in natura quando for exigida pelo depositante ou g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma,
pagar o preço equivalente se a coisa não mais existir na sua nem a confessar-se culpada; e
esfera de disponibilidade). Ocorre que os tratados de direi- h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal su-
tos humanos, a partir da Emenda Constitucional n° 45/04, perior.
cumpridas as condições do artigo 5°, §3° são considerados Todas as garantias enumeradas fazem parte do devi-
como emendas constitucionais; mas a Convenção em estu- do processo legal, formado pelo binômio contraditório +
do foi ratificada antes desta alteração legislativa, havendo ampla defesa. Pelo princípio do devido processo legal “nin-
posicionamentos diversos a respeito dela possuir ou não guém será privado da liberdade ou de seus bens sem o de-
o caráter constitucional. Depois de muitas discussões, o vido processo legal. Corolário a esse princípio, asseguram-
Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05 de dezembro se aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
de 2008 que é ilegal a prisão civil do depositário infiel, uti- aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa,
lizando-se da tese de que os tratados de direitos huma- com os meios e recursos a ela inerentes”87. São meios, por
nos têm status supralegal, ou seja, encontram-se acima exemplo, a conferência de um tradutor e de um defensor,
das leis ordinárias, porém abaixo da Constituição Federal. público ou privado, e ainda os direitos ao silêncio e à não
Neste sentido, a súmula vinculante n° 25 e Habeas Corpus produção de provas contra si. São recursos as vias de ques-
n° 87.585-8/TO. tionamento da decisão judicial perante outro juiz ou tribu-
nal superior.
Artigo 8º - Garantias judiciais 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devi- de nenhuma natureza.
das garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Assim, não é que a confissão não seja um meio de pro-
Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido va válido: é válida, mas não pode ser obtida à força, por
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação exemplo, mediante tortura ou ameaça.
penal formulada contra ela, ou na determinação de seus di- 4. O acusado absolvido por sentença transitada em jul-
reitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de gado não poderá ser submetido a novo processo pelos mes-
qualquer outra natureza. mos fatos.
Evidencia-se o direito ao contraditório, consistente Não cabe revisão criminal pro societate - em favor da
em poder ouvir e dar uma resposta a respeito dos fatos sociedade. Não importa se o acusado foi indevidamente
controversos levados a juízo, em qualquer esfera. Também absolvido, transitada em julgado a decisão não poderá ser
traz o princípio do juiz natural e da vedação ao tribunal de processado novamente pelo mesmo fato. A revisão crimi-
exceção, de forma que sempre será fixado o juízo compe- nal só é possível se surgirem provas para absolver o réu
tente de maneira prévia por regras de organização judiciá- condenado criminalmente, nunca para condená-lo.
ria, avaliando-se ainda se aquele juízo atribuído é de fato 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for
imparcial (não possuindo inimizades ou amizades para com necessário para preservar os interesses da justiça.
as partes). O segredo de justiça é limitado a alguns casos porque,
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se em regra, “o direito subjetivo das partes e advogados à
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente com- intimidade somente estará garantido se não prejudicar o
provada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem di- interesse público à informação”88.
reito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
O estado de inocência é inerente à pessoa humana, de 87 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
forma que somente pode ser considerada culpada após o esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
trânsito em julgado do processo criminal que apure de- 88 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
vidamente o ilícito (princípio da presunção de inocência). esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
22
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
23
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias mar o poder público para que ele tome providências para
e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou garantir a segurança numa manifestação grupal principal-
particulares de papel de imprensa, de frequências radioelé- mente se ela tiver grande repercussão (exemplificando, al-
tricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão gumas paradas gays chegam a reunir milhões de pessoas).
de informação, nem por quaisquer outros meios destinados
a obstar a comunicação e a circulação de ideias e opiniões. Artigo 16 - Liberdade de associação
A propriedade dos meios de comunicação não pode 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livre-
ser utilizada para manipulação do pensamento da popu- mente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos,
lação. trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura outra natureza.
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, 2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às res-
para proteção moral da infância e da adolescência, sem pre- trições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma
juízo do disposto no inciso 2. sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional,
Antes de permitir que um espetáculo chegue ao pú- da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde
blico é aceita a avaliação prévia do conteúdo, limitando o ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais
acesso, por exemplo, a determinada faixa etária. pessoas.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, 3. O presente artigo não impede a imposição de restri-
bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religio- ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de
so que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, associação, aos membros das forças armadas e da polícia.
ao crime ou à violência. Entidades associativas têm legitimidade para represen-
Permitir o incentivo a este tipo de pensamento con- tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente, podendo
trário à paz mundial vai contra o que os sistemas global e defender, em nome próprio, direitos de seus associados.
regional de proteção de direitos humanos buscam. Logo, caracteriza a união das forças individuais num grupo
organizado e devidamente autorizado por lei. Ninguém é
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta obrigado a ingressas ou permanecer em uma associação.
Nenhuma associação pode defender interesses ilícitos (por
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou
exemplo, seria absurdo permitir que o PCC ou o Comando
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão le-
Vermelho fossem consideradas associações, posto que reú-
galmente regulamentados e que se dirijam ao público em
nem criminosos). Enfim, a lei pode limitar, com razoabilida-
geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua
de e proporcionalidade, a liberdade de associação.
retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximi-
Artigo 17 - Proteção da família
rão das outras responsabilidades legais em que se houver 1. A família é o núcleo natural e fundamental da socie-
incorrido. dade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rá- contraírem casamento e de constituírem uma família, se ti-
dio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não verem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis
seja protegida por imunidades, nem goze de foro especial. internas, na medida em que não afetem estas o princípio da
A publicação de um conteúdo ofensivo dá ao ofendido não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
direito de resposta (direito de em local idêntico, com mes- 3. O casamento não pode ser celebrado sem o consenti-
mo destaque e circulação, expor seus argumento contrários mento livre e pleno dos contraentes.
à ofensa publicada), mas não exime o ofensor de responder 4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apro-
por seu ato. Para garantir isto, nos meios de comunicação priadas para assegurar a igualdade de direitos e a adequada
é preciso de um responsável que não seja impedido de ser equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao
processado regularmente, ou seja, que não possua imuni- casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolu-
dades ou goze de foro especial. ção. Em caso de dissolução, serão adotadas as disposições
que assegurem a proteção necessária aos filhos, com base
Artigo 15 - Direito de reunião unicamente no interesse e conveniência dos mesmos.
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem ar- 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos
mas. O exercício desse direito só pode estar sujeito às res- nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do
trições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma casamento.
sociedade democrática, ao interesse da segurança nacio- A proteção da família é essencial porque ela é a base
nal, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a da estrutura social. O tradicional modo de constituição da
saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das família é o casamento, tanto que ele é protegido nesta Con-
demais pessoas. venção e na DUDH, sendo o consentimento dos nubentes
O direito de reunião evidencia a liberdade de expres- um requisito essencial. Durante o casamento, as obriga-
são conferida aos indivíduos e aos grupos sociais. Grupos ções devem ser partilhadas e, em caso de dissolução, deve
de pessoas podem se reunir para manifestar algum pen- ser priorizado o melhor interesse dos filhos para decidir a
samento, respeitados os limites legais, por exemplo, não é respeito de guarda, visitas e alimentos. No mais, os filhos
autorizada a presença de armas, ou ainda, é preciso infor- nascidos dentro ou fora do casamento são equiparados.
24
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 18 - Direito ao nome 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qual-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de quer país, inclusive de seu próprio país.
seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser res-
assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se tringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável,
for necessário. em uma sociedade democrática, para prevenir infrações pe-
O nome é um modo de individualização da pessoa na- nais ou para proteger a segurança nacional, a segurança ou a
tural. “Integra a personalidade, individualiza a pessoa não ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e
só durante a sua vida como também após a sua morte, e liberdades das demais pessoas.
indica a sua procedência familiar”92. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por
Artigo 19 - Direitos da criança motivo de interesse público.
Toda criança terá direito às medidas de proteção que a A liberdade de circulação dentro de seu país ou em um
sua condição de menor requer, por parte da sua família, da território em que entre legalmente não é plena: pode ser
sociedade e do Estado. restringida em virtude de lei, bem como visando proteger o
A criança é parte fundamental da sociedade, represen- interesse público e a segurança social.
tando seu futuro. Protegê-la significa garantir que no futuro 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do
existirão adultos preparados para construir uma sociedade qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.
melhor. Para tanto são criados inúmeros mecanismos. No 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território
Brasil, destaca-se o Estatuto da Criança e do Adolescente. de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser
expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade
Artigo 20 - Direito à nacionalidade com a lei.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. Nota-se que não se garante o livre ingresso em território
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em que não o do próprio país, para tanto é preciso respeitar as
cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. regras do país para recebimento de estrangeiros - apenas se
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua na- veda a expulsão arbitrária do que já esteja lá.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em
cionalidade, nem do direito de mudá-la.
território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos polí-
Com estas regras, impede-se que uma pessoa não se
ticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com
vincule jurídica e politicamente a um Estado, integrando o
a legislação de cada Estado e com as Convenções internacio-
povo e desfrutando de direitos e obrigações. No mínimo,
nais.
terá a nacionalidade do território em que tiver nascido. A
O asilo político é instituição pela qual um Estado confere
figura do apátrida é vedada. Em certos casos, será possível
abrigo e proteção a um indivíduo que tenha fugido de um
mudar de nacionalidade, não podendo a pessoa ser impe- outro Estado no qual sofria perseguição por delitos políticos
dida. ou conexos a ele.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou en-
Artigo 21 - Direito à propriedade privada tregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em
lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social
O direito à propriedade é garantido, mas não de forma ou de suas opiniões políticas.
ilimitada. Entre os limites possíveis destaca-se o do respei- 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
to à função social. Por exemplo, não poderá manter a pro- A extradição é permitida, dentro dos limites da legisla-
priedade aquele que não a torna produtiva. ção de direitos humanos.
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo
mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de Artigo 23 - Direitos políticos
utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na for- 1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos
ma estabelecidos pela lei. e oportunidades:
O item se refere ao instituto da desapropriação, pelo a) de participar da condução dos assuntos públicos, di-
qual o Estado toma a propriedade de um bem em prol do retamente ou por meio de representantes livremente eleitos;
interesse coletivo, indenizando o proprietário. b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas,
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de explora- realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secre-
ção do homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei. to, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
Usura significa agiotagem, uma pessoa emprestar di- Participar das decisões políticas de maneira direta ou
nheiro por juros abusivos e utilizar meios controversos para indireta é um direito político de primeira dimensão. Exis-
receber os juros e o valor emprestado de volta. tem modalidades de participação direta, consolidando a
democracia direta, mas geralmente, como são muitos os
Artigo 22 - Direito de circulação e de residência indivíduos que podem participar em sociedade, adota-se a
1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território democracia indireta, na qual são eleitos representantes por
de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de meio do voto. Ainda assim, são comuns alguns mecanismos
nele residir, em conformidade com as disposições legais. de participação direta, como o plebiscito, o referendo e a
92 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil bra- iniciativa popular, formando um modelo de democracia
sileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. misto.
25
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra
funções públicas de seu país. emergência que ameace a independência ou segurança
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportuni- do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
dades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências
motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instru- da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtu-
ção, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz de desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
competente, em processo penal. incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o
O acesso às funções públicas geralmente se dá por Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma
concurso público, não podendo utilizar critérios preconcei- fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
tuosos para admissão. origem social.
A limitações de direitos humanos é permitida, mas não
Artigo 24 - Igualdade perante a lei é possível que ela viole premissas ligadas à dignidade hu-
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguin- mana, como raça, cor, sexo, idioma, religião. Por exemplo,
te, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção na situação descrita no artigo seria aceitável autorizar tra-
da lei. balhos forçados compatíveis com a dignidade humana.
Trata-se do princípio da igualdade perante a lei. Assim, 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos
a lei é válida para todas as pessoas, embora possa esta- direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao re-
belecer regramentos específicos para certos grupos sociais conhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida),
vulneráveis. 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão
e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da retroativida-
Artigo 25 - Proteção judicial de), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápi- família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20
do ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das
tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.
seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição, Nem precisaria especificar, pois tais direitos estão liga-
pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal dos justamente a raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem
violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no social. Entretanto, a especificação aumenta a segurança ju-
exercício de suas funções oficiais. rídica.
No Brasil, entre outros instrumentos, destacam-se o 3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do
mandado de segurança, o habeas corpus e o habeas data. direito de suspensão deverá comunicar imediatamente aos
2. Os Estados-partes comprometem-se: outros Estados-partes na presente Convenção, por intermé-
a) a assegurar que a autoridade competente prevista dio do Secretário Geral da Organização dos Estados Ame-
pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda ricanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os
pessoa que interpuser tal recurso; motivos determinantes da suspensão e a data em que haja
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e dado por terminada tal suspensão.
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades com- Assim, o direito de suspensão é, basicamente, a pos-
petentes, de toda decisão em que se tenha considerado pro- sibilidade do Estado-parte da Organização dos Estados
cedente o recurso. Americanos, por alguma razão específica e discriminada
Não basta prever tais garantias, é preciso conferir es- em suas justificativas, de deixar de cumprir parte do con-
trutura ao Judiciário para cumpri-las. teúdo da Convenção Americana de Direitos Humanos,
respeitados os limites consagrados internacionalmente no
Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E que tange à dignidade humana.
CULTURAIS
Artigo 28 - Cláusula federal
Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo 1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as provi- como Estado federal, o governo nacional do aludido Esta-
dências, tanto no âmbito interno, como mediante coopera- do-parte cumprirá todas as disposições da presente Con-
ção internacional, especialmente econômica e técnica, a fim venção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce
de conseguir progressivamente a plena efetividade dos di- competência legislativa e judicial.
reitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre A forma federativa de Estado tem origem nos Estados
educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Orga- Unidos, em 1787. No federalismo por agregação, os Esta-
nização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo dos independentes ou soberanos abrem mão de parcela de
de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via sua soberania para agregar-se entre si e formarem um Es-
legislativa ou por outros meios apropriados. tado Federativo, mas mantendo a autonomia entre si: foi o
que ocorreu nos Estados Unidos. Mas também é possível o
Capítulo IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTER- federalismo por desagregação, quando a federação surge
PRETAÇÃO E APLICAÇÃO a partir de um Estado unitário e resolve descentralizar-se,
a exemplo do Brasil desde 1891. Dentro da federação há
Artigo 27 - Suspensão de garantias repartição de competências entre a União e as unidades
26
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
federativas. Como a União que firma os compromissos in- Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos
ternacionais, nem sempre ela terá competência para fazer Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Con-
cumprir todas as normas deles, que podem ser da alçada venção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos
das unidades federativas. de acordo com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que As sentenças da corte trazem direitos e liberdades por
correspondem à competência das entidades componentes ela reconhecidos e que deverão ser cumpridos pelo Estado
da federação, o governo nacional deve tomar imediatamen- -parte a qual se referem.
te as medidas pertinentes, em conformidade com sua Cons-
tituição e com suas leis, a fim de que as autoridades compe- Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS
tentes das referidas entidades possam adotar as disposições
Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos
cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comu-
Enfim, o máximo que é possível para a União é alertar
nidade e a humanidade.
as suas unidades federativas para que elas tomem provi- 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos
dências para o cumprimento das normas convencionadas dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigên-
internacionalmente. cias do bem comum, em uma sociedade democrática.
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem cons- Explica Canotilho93 quanto aos direitos fundamentais,
tituir entre eles uma federação ou outro tipo de associação, mas o mesmo vale para os direitos humanos: “a ideia de
diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respec- deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como
tivo contenha as disposições necessárias para que continuem o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de
sendo efetivas no novo Estado, assim organizado, as normas um direito fundamental corresponde um dever por parte
da presente Convenção. de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está
É possível que Estados-partes firmem entre si tratados vinculado aos direitos fundamentais como destinatário de
específicos, caso em que deverão se atentar para as normas um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda-
da Convenção. mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres-
pondente”. Logo, a um direito humano conferido à pessoa
Artigo 29 - Normas de interpretação corresponde o dever de respeito ao arcabouço de direitos
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser conferidos às outras pessoas.
interpretada no sentido de: Considera-se um aspecto da característica da relativi-
dade dos direitos humanos, que não podem ser utilizados
a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou in-
como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
divíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liber-
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por
dades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior atos ilícitos. Assim, os direitos humanos não são ilimitados
medida do que a nela prevista; e encontram seus limites nos demais direitos igualmente
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou li- consagrados como humanos.
berdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de
qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções
em que seja parte um dos referidos Estados;
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226,
ser humano ou que decorrem da forma democrática repre- ESTABELECE DIRETRIZES SOBRE O USO DA
sentativa de governo; FORÇA PELOS AGENTES DE SEGURANÇA
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a De- PÚBLICA, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010.
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e ou-
tros atos internacionais da mesma natureza.
A Convenção não pode ser usada para contrariar os
preceitos que ela visa proteger, para permitir a violação de PORTARIA INTERMINISTERIAL No- 4.226, DE 31 DE
direitos humanos fundamentais consagrados. DEZEMBRO DE 2010
27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
CONSIDERANDO que a concepção do direito à segu- § 3º As unidades citadas no caput deste artigo terão
rança pública com cidadania demanda a sedimentação de 60 dias, contados a partir da publicação desta portaria,
políticas públicas de segurança pautadas no respeito aos para instituir Comissão responsável por avaliar sua situa-
direitos humanos; ção interna em relação às diretrizes não mencionadas nos
CONSIDERANDO o disposto no Código de Conduta parágrafos anteriores e propor medidas para assegurar as
para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adequações necessárias.
adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979, nos Princí- da República e o Ministério da Justiça estabelecerão me-
pios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos canismos para estimular e monitorar iniciativas que visem
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados à implementação de ações para efetivação das diretrizes
pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Preven- tratadas nesta portaria pelos entes federados, respeitada a
ção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, realizado repartição de competências prevista no art. 144 da Consti-
em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de tuição Federal.
1999, nos Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pública do
do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis Ministério da Justiça levará em consideração a observância
pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico das diretrizes tratadas nesta portaria no repasse de recur-
e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de sos aos entes federados.
24 de maio de 1989 e na Convenção Contra a Tortura e Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua pu-
outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou De- blicação.
gradantes, adotado pela Assembleia Geral das Nações Uni-
das, em sua XL Sessão, realizada em Nova York em 10 de ANEXO I
dezembro de 1984 e promulgada pelo Decreto n.º 40, de DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA E ARMAS DE
15 de fevereiro de 1991; FOGO PELOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA
CONSIDERANDO a necessidade de orientação e pa-
dronização dos procedimentos da atuação dos agentes de
1. O uso da força pelos agentes de segurança pública
segurança pública aos princípios internacionais sobre o uso
deverá se pautar nos documentos internacionais de prote-
da força;
ção aos direitos humanos e deverá considerar, primordial-
CONSIDERANDO o objetivo de reduzir paulatinamente
mente:
os índices de letalidade resultantes de ações envolvendo
a. ao Código de Conduta para os Funcionários Respon-
agentes de segurança pública; e,
sáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela Assembleia Ge-
CONSIDERANDO as conclusões do Grupo de Trabalho,
ral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de
criado para elaborar proposta de Diretrizes sobre Uso da
dezembro de 1979;
Força, composto por representantes das Polícias Federais,
b. os Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva
Estaduais e Guardas Municipais, bem como com represen-
do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis
tantes da sociedade civil, da Secretaria de Direitos Huma-
nos da Presidência da República e do Ministério da Justiça, pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico
resolvem: e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de
Art. 1o Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o Uso da 24 de maio de 1989;
Força pelos Agentes de Segurança Pública, na forma do c. os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas
Anexo I desta Portaria. de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação
Parágrafo único. Aplicam-se às Diretrizes estabelecidas da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas
no Anexo I, as definições constantes no Anexo II desta Por- para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquen-
taria. tes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de
Art. 2º A observância das diretrizes mencionadas no setembro de 1999;
artigo anterior passa a ser obrigatória pelo Departamento d. a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamen-
de Polícia Federal, pelo Departamento de Polícia Rodoviária tos ou penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada
Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional e pela pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua XL Ses-
Força Nacional de Segurança Pública. são, realizada em Nova York em 10 de dezembro de 1984
§ 1º As unidades citadas no caput deste artigo terão 90 e promulgada pelo Decreto n.º 40, de 15 de fevereiro de
dias, contados a partir da publicação desta portaria, para 1991.
adequar seus procedimentos operacionais e seu processo 2. O uso da força por agentes de segurança pública
de formação e treinamento às diretrizes supramenciona- deverá obedecer aos princípios da legalidade, necessidade,
das. proporcionalidade, moderação e conveniência.
§ 2º As unidades citadas no caput deste artigo terão 60 3. Os agentes de segurança pública não deverão dispa-
dias, contados a partir da publicação desta portaria, para rar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos de legí-
fixar a normatização mencionada na diretriz No- 9 e para tima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente
criar a comissão mencionada na diretriz No- 23. de morte ou lesão grave.
28
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
4. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pes- e.iniciar, por meio da Corregedoria da instituição, ou
soa em fuga que esteja desarmada ou que, mesmo na pos- órgão equivalente, investigação imediata dos fatos e cir-
se de algum tipo de arma, não represente risco imediato de cunstâncias do emprego da força;
morte ou de lesão grave aos agentes de segurança pública f.promover a assistência médica às pessoas feridas em
ou terceiros. decorrência da intervenção, incluindo atenção às possíveis
5. Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veícu- sequelas;
lo que desrespeite bloqueio policial em via pública, a não g.promover o devido acompanhamento psicológico
ser que o ato represente um risco imediato de morte ou aos agentes de segurança pública envolvidos, permitindo-
lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros. lhes superar ou minimizar os efeitos decorrentes do fato
6. Os chamados “disparos de advertência” não são con- ocorrido; e
siderados prática aceitável, por não atenderem aos princí- h.afastar temporariamente do serviço operacional, para
pios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibi- avaliação psicológica e redução do estresse, os agentes de
lidade de seus efeitos. segurança pública envolvidos diretamente em ocorrências
7. O ato de apontar arma de fogo contra pessoas du- com resultado letal.
rante os procedimentos de abordagem não deverá ser uma 12. Os critérios de recrutamento e seleção para os
prática rotineira e indiscriminada. agentes de segurança pública deverão levar em considera-
8. Todo agente de segurança pública que, em razão da ção o perfil psicológico necessário para lidar com situações
sua função, possa vir a se envolver em situações de uso de estresse e uso da força e arma de fogo.
da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos 13. Os processos seletivos para ingresso nas institui-
de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção ções de segurança pública e os cursos de formação e espe-
necessários à atuação específica, independentemente de cialização dos agentes de segurança pública devem incluir
portar ou não arma de fogo. conteúdos relativos a direitos humanos.
9. Os órgãos de segurança pública deverão editar atos 14. As atividades de treinamento fazem parte do tra-
normativos disciplinando o uso da força por seus agentes, balho rotineiro do agente de segurança pública e não de-
definindo objetivamente: verão ser realizadas em seu horário de folga, de maneira a
a. os tipos de instrumentos e técnicas autorizadas; serem preservados os períodos de descanso, lazer e convi-
b. as circunstâncias técnicas adequadas à sua utiliza- vência sócio-familiar.
15. A seleção de instrutores para ministrarem aula em
ção, ao ambiente/entorno e ao risco potencial a terceiros
qualquer assunto que englobe o uso da força deverá levar
não envolvidos no evento;
em conta análise rigorosa de seu currículo formal e tempo
c. o conteúdo e a carga horária mínima para habilitação
de serviço, áreas de atuação, experiências anteriores em
e atualização periódica ao uso de cada tipo de instrumento;
atividades fim, registros funcionais, formação em direitos
d. a proibição de uso de armas de fogo e munições que
humanos e nivelamento em ensino. Os instrutores deve-
provoquem lesões desnecessárias e risco injustificado; e
rão ser submetidos à aferição de conhecimentos teóricos e
e. o controle sobre a guarda e utilização de armas e
práticos e sua atuação deve ser avaliada.
munições pelo agente de segurança pública.
16. Deverão ser elaborados procedimentos de habilita-
10. Quando o uso da força causar lesão ou morte de
ção para o uso de cada tipo de arma de fogo e instrumento
pessoa(s), o agente de segurança pública envolvido deverá de menor potencial ofensivo que incluam avaliação técnica,
realizar as seguintes ações: psicológica, física e treinamento específico, com previsão
a. facilitar a prestação de socorro ou assistência médica de revisão periódica mínima.
aos feridos; 17. Nenhum agente de segurança pública deverá por-
b. promover a correta preservação do local da ocor- tar armas de fogo ou instrumento de menor potencial
rência; ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado e
c. comunicar o fato ao seu superior imediato e à auto- sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de me-
ridade competente; e nor potencial ofensivo for introduzido na instituição deve-
d. preencher o relatório individual correspondente so- rá ser estabelecido um módulo de treinamento específico
bre o uso da força, disciplinado na Diretriz n.º 22. com vistas à habilitação do agente.
11. Quando o uso da força causar lesão ou morte de 18. A renovação da habilitação para uso de armas de
pessoa(s), o órgão de segurança pública deverá realizar as fogo em serviço deve ser feita com periodicidade mínima
seguintes ações: de 1 (um) ano.
a.facilitar a assistência e/ou auxílio médico dos feridos; 19. Deverá ser estimulado e priorizado, sempre que
b.recolher e identificar as armas e munições de todos possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor po-
os envolvidos, vinculando-as aos seus respectivos portado- tencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, de
res no momento da ocorrência; acordo com a especificidade da função operacional e sem
c.solicitar perícia criminalística para o exame de local e se restringir às unidades especializadas.
objetos bem como exames médico-legais; 20. Deverão ser incluídos nos currículos dos cursos de
d.comunicar os fatos aos familiares ou amigos da(s) formação e programas de educação continuada conteúdos
pessoa(s) ferida(s) ou morta(s); sobre técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo.
29
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
21. As armas de menor potencial ofensivo deverão ser Equipamentos de menor potencial ofensivo: Todos os
separadas e identificadas de forma diferenciada, conforme artefatos, excluindo armas e munições, desenvolvidos e
a necessidade operacional. empregados com a finalidade de conter, debilitar ou in-
22. O uso de técnicas de menor potencial ofensivo capacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e
deve ser constantemente avaliado. minimizar danos à sua integridade.
23. Os órgãos de segurança pública deverão criar co- Equipamentos de proteção: Todo dispositivo ou pro-
missões internas de controle e acompanhamento da leta- duto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a
lidade, com o objetivo de monitorar o uso efetivo da força redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes
pelos seus agentes. de segurança pública.
24. Os agentes de segurança pública deverão preen- Força: Intervenção coercitiva imposta à pessoa ou gru-
cher um relatório individual todas as vezes que dispararem po de pessoas por parte do agente de segurança pública
arma de fogo e/ou fizerem uso de instrumentos de menor com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei.
potencial ofensivo, ocasionando lesões ou mortes. O re- Instrumentos de menor potencial ofensivo: Conjunto
latório deverá ser encaminhado à comissão interna men- de armas, munições e equipamentos desenvolvidos com a
cionada na Diretriz n.º 23 e deverá conter no mínimo as finalidade de preservar vidas e minimizar danos à integri-
seguintes informações: dade das pessoas.
a.circunstâncias e justificativa que levaram o uso da Munições de menor potencial ofensivo: Munições pro-
força ou de arma de fogo por parte do agente de segu- jetadas e empregadas, especificamente, para conter, debi-
rança pública; litar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando
b.medidas adotadas antes de efetuar os disparos/usar vidas e minimizando danos a integridade das pessoas en-
instrumentos de menor potencial ofensivo, ou as razões volvidas.
pelas quais elas não puderam ser contempladas; Nível do Uso da Força: Intensidade da força escolhi-
c.tipo de arma e de munição, quantidade de disparos da pelo agente de segurança pública em resposta a uma
efetuados, distância e pessoa contra a qual foi disparada a ameaça real ou potencial.
arma; Princípio da Conveniência: A força não poderá ser em-
d. instrumento(s) de menor potencial ofensivo utiliza- pregada quando, em função do contexto, possa ocasionar
do(s), especificando a frequência, a distância e a pessoa danos de maior relevância do que os objetivos legais pre-
contra a qual foi utilizado o instrumento; tendidos.
e. quantidade de agentes de segurança pública feridos Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pú-
ou mortos na ocorrência, meio e natureza da lesão; blica só poderão utilizar a força para a consecução de um
f. quantidade de feridos e/ou mortos atingidos pelos objetivo legal e nos estritos limites da lei.
disparos efetuados pelo(s) agente(s) de segurança pública; Princípio da Moderação: O emprego da força pelos
g. número de feridos e/ou mortos atingidos pelos ins- agentes de segurança pública deve sempre que possível,
trumentos de menor potencial ofensivo utilizados pelo(s) além de proporcional, ser moderado, visando sempre re-
agente(s) de segurança pública; duzir o emprego da força.
h. número total de feridos e/ou mortos durante a mis- Princípio da Necessidade: Determinado nível de força
são; só pode ser empregado quando níveis de menor intensi-
i. quantidade de projéteis disparados que atingiram dade não forem suficientes para atingir os objetivos legais
pessoas e as respectivas regiões corporais atingidas; pretendidos.
j. quantidade de pessoas atingidas pelos instrumentos Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utiliza-
de menor potencial ofensivo e as respectivas regiões cor- do deve sempre ser compatível com a gravidade da amea-
porais atingidas; ça representada pela ação do opositor e com os objetivos
k. ações realizadas para facilitar a assistência e/ou auxí- pretendidos pelo agente de segurança pública.
lio médico, quando for o caso; e Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjunto de
l. se houve preservação do local e, em caso negativo, procedimentos empregados em intervenções que deman-
apresentar justificativa. dem o uso da força, através do uso de instrumentos de
25. Os órgãos de segurança pública deverão, observa- menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas
da a legislação pertinente, oferecer possibilidades de reabi- e minimizar danos à integridade das pessoas.
litação e reintegração ao trabalho aos agentes de seguran- Uso Diferenciado da Força: Seleção apropriada do nível
ça pública que adquirirem deficiência física em decorrência de uso da força em resposta a uma ameaça real ou poten-
do desempenho de suas atividades. cial visando limitar o recurso a meios que possam causar
ferimentos ou mortes.
ANEXO II
GLOSSÁRIO
30
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
31
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
a) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interde- 7. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Quan-
pendência dos direitos humanos, conferindo primazia ao do se fala em direitos humanos, considerando sua historici-
valor da solidariedade, como condição ao exercício dos di- dade, é correto dizer que:
reitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. a) somente passam a existir com as Declarações de Di-
b) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- reitos elaboradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa de
dência dos direitos humanos, conferindo paridade hierár- 1688.
quica entre direitos civis e políticos e direitos econômicos, b) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da
sociais e culturais. Carta Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção
c) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- dos Direitos do Homem em âmbito universal.
dência dos direitos humanos, conferindo primazia aos di- c) a concepção contemporânea de Direitos Humanos
reitos civis e políticos, como condição ao exercício dos di- foi introduzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do
reitos econômicos, sociais e culturais. Homem e do Cidadão, fruto da Revolução Francesa.
d) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interde- d) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a
pendência dos direitos humanos, conferindo primazia aos partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades come-
direitos econômicos, sociais e culturais, como condição ao tidas durante o nazismo.
exercício dos direitos civis e políticos. R: D. Com a Declaração Universal dos Direitos Huma-
e) a universalidade, a indivisibilidade e a interdepen- nos de 1948 se iniciou um processo de internacionalização
dência dos direitos humanos, conferindo primazia aos di- dos direitos humanos porque ela foi o primeiro documento
reitos econômicos, sociais e culturais, como condição ao internacional a abordar os direitos humanos, discriminan-
exercício dos direitos civis e políticos. do-os expressamente. Ocorre que com a crescente posi-
R: B. A declaração Universal dos Direitos Humanos de tivação do Direito pelo Estado que se fez presente antes
1948 reconhece todos os direitos humanos, sejam eles da e durante as grandes guerras, ele se tornou um simples
primeira, da segunda ou da terceira dimensão, como es- instrumento de gestão e comando da sociedade, ou seja,
senciais à dignidade humana. Logo, não há primazia entre deixou de ser algo dado pela razão comum, gerando uma
eles. No mais, de fato, direitos humanos são dotados de mutabilidade no tempo e um particularismo no espaço: o
universalidade (valem para todos seres humanos, garantin- lícito e o ilícito passou a ser basicamente o que cada Esta-
do impõe como tal, não o consolidado pelo direito natu-
do-se um sistema global), indivisibilidade (compõem um
ral. O mundo somente tomou conhecimento da extensão
único conjunto de direitos porque não podem ser analisa-
da tirania alemã quando os exércitos Aliados abriram os
dos de maneira isolada, separada) e interdependência (as
campos de concentração na Alemanha e nos países por ela
dimensões de direitos humanos apresentam uma relação
ocupados, encontrando prisioneiros famintos, doentes e
orgânica entre si, logo, a dignidade da pessoa humana
brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, polo-
deve ser buscada por meio da implementação mais eficaz
neses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich
e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais,
em geral, que foram perseguidos, torturados e mortos. No
econômicos e de solidariedade como um todo único e in- Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a julga-
dissolúvel). mento os principais líderes nazistas, o principal argumen-
to levantado foi o de que todas as ações praticadas foram
6. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário baseadas em ordens superiores, todas dotadas de validade
A respeito da internacionalização dos direitos huma- jurídica perante a Constituição. Percebeu-se a necessidade
nos, assinale a alternativa correta. de impedir que isto ocorresse novamente e, para tanto, os
a) Já antes do fim da II Guerra Mundial ocorreu a inter- direitos naturais ora consagrados desde o início da história
nacionalização dos direitos humanos, com a limitação dos foram positivados, num movimento de laicização e siste-
poderes do Estado a fim de garantir o respeito integral aos matização do Direito característico do mundo moderno,
direitos fundamentais da pessoa humana. formando uma ponte involuntária entre o jusnaturalismo e
b) A limitação do poder, quando previsto na Consti- o positivismo jurídico.
tuição, garante por si só o respeito aos direitos humanos.
c) A criação de normas de proteção internacional no 8. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Juiz) Sobre os tratados in-
âmbito dos direitos humanos possibilita a responsabiliza- ternacionais, assinale a alternativa correta.
ção do Estado quando as normas nacionais forem omissas. a) Podem ser celebrados pelo Presidente da República
d) A internacionalização dos direitos humanos impõe ou pelo Presidente do Senado.
que o Estado, e não o indivíduo, seja sujeito de direito in- b) Celebrados pela autoridade competente, precisam
ternacional. ser referendados pelo Congresso Nacional.
R: C. As normas de proteção de direitos humanos são c) Nas hipóteses de grave violação de direitos huma-
dotadas de universalidade, de forma que valem para todos nos, o Procurador Geral da República, com a finalidade de
os indivíduos do mundo, independentemente do território assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
em que se encontrem. Assim, funcionam como limitadoras tratados internacionais de direitos humanos dos quais o
da soberania estatal, posto que o Estado não pode fazer o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Supremo Tribu-
que bem entender contra os direitos humanos e ficar im- nal Federal, em qualquer fase do inquérito ou pro- cesso,
pune. Para tanto, inúmeros mecanismos se encontram pre- incidente de deslocamento de competência para a Justiça
vistos internacionalmente. Federal.
32
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
d) Os tratados e convenções internacionais sobre di- ramericana de Direitos Humanos; d está incorreta porque
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do não existe uma relação hierárquica entre os sistemas em
Congresso Nacional, em dois turnos, por maioria simples questão, além do que há exceções sobre o esgotamento
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às de recursos no âmbito interno. Somente resta a alternativa
emendas constitucionais. c, que está correta, uma vez que a Declaração Universal
e) Compete exclusivamente ao Senado Federal resolver dos Direitos Humanos de 1948 foi o primeiro documento
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacio- internacional relevante a abordar os direitos humanos que
nais que acarretem encargos ou compromissos gravosos deveriam ser garantidos a todas as pessoas do planeta.
ao patrimônio nacional.
R: B. A primeira fase do chamado processo de elabo- 10. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário
ração dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à Com relação aos chamados “direitos econômicos, so-
União “manter relações com Estados estrangeiros e partici- ciais e culturais”, é correto afirmar que
par de organizações internacionais”, nos termos do artigo a) são direitos humanos de segunda geração, o que
21, I da Constituição Federal. O único agente nas relações significa que não são juridicamente exigíveis, diferente-
internacionais com competência exclusiva é o Presidente
mente do que ocorre com os direitos civis e políticos.
da República, que manterá as relações com o respectivo
b) são previstos, no âmbito do sistema interamericano,
Estado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e atos
no texto original da Convenção Americana sobre Direitos
internacionais, que precisam apenas do referendo do Con-
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
gresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII e VIII da
Constituição Federal. O momento seguinte é o da assina- c) formam, juntamente com os direitos civis e políticos,
tura do tratado por esta autoridade competente. Contudo, um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os
a exigibilidade dos tratados depende de atos posteriores. quais não há qualquer relação hierárquica.
A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é d) incluem o direito à participação no processo eleito-
indispensável para a conclusão de um tratado no ordena- ral, à educação, à alimentação e à previdência social.
mento jurídico brasileiro, já que muito embora a compe- Parte inferior do formulário
tência seja exclusiva do Presidente da República, cabe ao R: C. A única coisa que distingue os direitos civis e po-
Congresso Nacional, por meio de um decreto legislativo, líticos dos direitos econômicos, sociais e culturais é que os
autorizar a ratificação do ato internacional. Nos termos do primeiros, pertencentes à 1ª dimensão de direitos huma-
artigo 49, I da Constituição Federal “é da competência ex- nos, exigem do Estado apenas uma postura passiva, de não
clusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente intervenção, enquanto que o seu exercício se dá direta-
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acar- mente pelos indivíduos com maior facilidade; já os segun-
retem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio dos, componentes da 2ª dimensão, exigem do Estado uma
nacional”. postura ativa, ou seja, a elaboração de políticas públicas
para a efetivação destes direitos. Por isso, são disciplinados
9. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) Con- internacionalmente em dois Pactos. No entanto, como a
siderando a evolução histórica, os marcos jurídicos fun- Declaração Universal dos Direitos Humanos confere a am-
damentais e a estrutura normativa dos Direitos Humanos, bos a mesma essencialidade para a dignidade humana é
pode-se afirmar que possível afirmar que não existe entre eles nenhuma relação
a) a globalização dos direitos humanos forçou os Es- hierárquica.
tados a escolherem entre um sistema global e um regional
de proteção a esses direitos, uma vez que ambos sistemas 11. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário
não podiam coexistir. Em 2010, o Congresso Nacional aprovou por Decreto
b) os indivíduos passaram a ser sujeitos de direito in- Legislativo a Convenção Internacional sobre os Direitos das
ternacional, mas, por razões de soberania, ainda dependem
Pessoas com Deficiência. Essa convenção já foi aprovada na
dos Estados para acionar os mecanismos de proteção dos
forma do artigo 5º, § 3º, da Constituição, sendo sua hierar-
direitos humanos.
quia normativa de
c) a Declaração Universal dos Direitos Humanos in-
a) lei federal ordinária.
troduziu internacionalmente a concepção contemporânea
desses direitos. b) emenda constitucional.
d) a vítima de uma lesão dos direitos humanos deverá c) lei complementar.
acionar em sua proteção, nessa ordem, o sistema jurídico d) status supralegal.
nacional, depois o regional e, por último, o global, em ra- Parte inferior do formulário
zão da hierarquia da estrutura normativa de proteção. R: B. O caráter é de emenda constitucional por causa
R: C. A alternativa a está incorreta porque os sistemas do artigo 5°, §3°, CF: “os tratados e convenções interna-
regionais (interamericano, europeu, africano...) coexistem cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
com o global (Organização das Nações Unidas, notada- cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
mente); b está incorreta porque existem meios de acesso quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
direto a mecanismos internacionais de proteção de direitos lentes às emendas constitucionais”.
humanos, por exemplo, representação à Comissão Inte-
33
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
12. (CESPE - 2011 - TRF 3ª Região - Juiz Federal) Parte 14. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte
superior do formulário superior do formulário
Conforme a jurisprudência do STF, tratados de direi- A proteção internacional dos direitos humanos é um
tos humanos anteriores à Emenda Constitucional nº 45/03 conjunto de normas jurídicas que garante o respeito à dig-
possuem, no direito brasileiro, status hierárquico nidade de todas as pessoas. Com relação ao sistema e à
a) supraconstitucional. natureza de proteção internacional contra as violações de
b) constitucional originário. direitos humanos, assinale a opção correta
c) constitucional derivado. a) Os tratados institutivos de garantias de direitos hu-
d) supralegal. manos fundamentam-se na noção contratualista, que su-
e) legal. pera o princípio da reciprocidade e é comum aos direitos
Parte inferior do formulário dos tratados.
R: D. O Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05 de b) A natureza diplomática da proteção internacional
dezembro de 2008 que é ilegal a prisão civil do depositário dos direitos humanos atribui aos Estados o dever de pro-
infiel, utilizando-se da tese de que os tratados de direitos teger tanto os nacionais quanto os estrangeiros que se en-
humanos têm status supralegal, ou seja, encontram-se aci- contrem em território pátrio, do que se depreende que a
ma das leis ordinárias, porém abaixo da Constituição Fe- nacionalidade tem especial importância nesse contexto.
deral. Neste sentido, a súmula vinculante n° 25 e Habeas c) A natureza do sistema de proteção internacional dos
Corpus n° 87.585-8/TO. direitos humanos é de domínio reservado do Estado nos
limites de sua soberania, possibilitando a responsabilização
13. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte internacional do Estado quando as instituições nacionais
superior do formulário
forem omissas na tarefa de proteger os direitos humanos.
Acerca da afirmação histórica dos direitos humanos,
d) A natureza sinalagmática dos tratados internacionais
assinale a opção correta.
impõe obrigações estatais efetivas para a proteção dos in-
a) A Magna Carta, de 1215, instituiu a separação dos
divíduos e de seus direitos diante de outro Estado contra-
poderes ao declarar que o funcionamento do parlamento,
tante.
um órgão que visa defender os súditos perante o rei, não
e) O regime objetivo das normas internacionais de di-
pode estar sujeito ao arbítrio deste.
reitos humanos refere-se às várias obrigações dos Estados
b) Os sistemas das minorias e de mandatos, criados no
com os indivíduos que estão sob sua jurisdição, indepen-
âmbito das Nações Unidas, garantiam que os habitantes
dentemente da nacionalidade da pessoa.
pertencentes às minorias de determinados países europeus
Parte inferior do formulário
enviassem petições ao Comitê de Minorias.
c) A Declaração de Filadélfia é considerada a primeira R: E. Uma característica do sistema internacional de
carta política a atribuir aos direitos trabalhistas o estatuto proteção de direitos humanos é a universalidade, pela qual
de direito fundamental, juntamente com as liberdades in- todos os seres humanos possuem exatamente os mesmos
dividuais e os direitos políticos. direitos inerentes à dignidade em todo lugar do planeta,
d) A importância histórica do habeas corpus, de 1679, independente de sua nacionalidade, consoante a um Siste-
consiste no fato de que essa garantia judicial, instituída na ma Global de Proteção dos Direitos Humanos. Neste senti-
Inglaterra para proteger a liberdade de locomoção, serviu do, o preâmbulo traz uma fórmula genérica e o artigo XVIII
de modelo para a criação de outras formas de proteção frisa: “toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
das liberdades fundamentais, como o juicio de amparo, na nacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na
América Latina. presente Declaração possam ser plenamente realizados”.
e) A Constituição de Weimar foi o primeiro documen-
to a afirmar os princípios democráticos na história política
moderna. 15. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte
R: D. Embora o Habeas Corpus já existisse na Inglaterra, superior do formulário
notadamente tendo como marco a Magna Carta de 1215, Com relação à proteção dos direitos humanos e à sua
somente em 1679 foi promulgada a Lei do Habeas Corpus, constitucionalização, assinale a opção correta.
delineando os direitos inerentes a esta garantia e tornan- a) A CF distingue cidadania de nacionalidade, referin-
do-a mais eficaz. O diploma inglês serviu de parâmetro do-se esta à possibilidade de a pessoa ser titular de direitos
para legislações em todo mundo, inclusive servindo de pa- políticos e aquela, ao vínculo entre pessoa e Estado.
râmetro para criação de outras garantias semelhantes. No b) Na CF, assim como na Constituição de 1946, o prin-
México, a juicio de amparo visa proteger garantias consti- cípio da prevalência de direitos humanos é estabelecido
tucionais em geral, não somente inerentes à liberdade. No como princípio fundamental a reger o Estado nas suas re-
Brasil, o mandado de segurança é uma garantia inspirada lações internacionais.
no Habeas Corpus. c) Os direitos fundamentais, restritos, na CF, exclusi-
vamente aos direitos individuais, são cláusulas pétreas, ou
seja, não podem ser alterados por emenda constitucional.
34
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
d) Os direitos fundamentais podem ser restringidos a) A referida convenção não pode funcionar como base
tanto por expressa disposição constitucional quanto por legal para a extradição, quando permitida, de pessoa acu-
norma infraconstitucional com fundamento na CF. sada de tortura.
e) A titularidade de direitos fundamentais é atribuída b) O Comitê contra a Tortura deve ser composto por
aos estrangeiros residentes no país, mas não aos estran- pessoas de reputação ilibada indicadas pelos Estados-par-
geiros não residentes. tes e aprovadas pelo secretário-geral da ONU.
Parte inferior do formulário c) Essa convenção não estabelece garantias para o acu-
R: D. Nenhum direito fundamental é ilimitado, corres- sado da prática de tortura.
pondendo a cada direito conferido um dever. Por isso, na d) O referido acordo internacional define a tortura
aplicação da lei é continuamente feito um raciocínio de como qualquer ato por meio do qual dores ou sofrimentos
ponderação e equilíbrio, estabelecendo limitações tanto na agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
própria Constituição quanto na legislação infraconstitucio- a uma pessoa a fim de castigá-la por ato que ela tenha co-
nal (pois a Constituição não daria conta de sozinha trazer metido, mesmo que tais dores ou sofrimentos sejam con-
todas limitações), que deve ser compatível com o texto sequência unicamente de sanções legítimas.
constitucional.
e) Quando o Estado-parte reconhecer a competência
do Comitê contra a Tortura para receber e processar peti-
16. (Defensoria/ MT - 2009 - FCC) - A violação à digni-
ções individuais, devem ser sempre consideradas inadmis-
dade dos presos é um grave problema nacional. A exem-
plo disso, a superpopulação carcerária no Estado do Mato síveis as petições apócrifas.
Grosso era de 91,4% em 2007 (DEPEN, 2008). Em face do R: E. Todas as petições recebidas pelo Comitê devem
que dispõe os tratados internacionais de direitos humanos ser fidedignas e indicar de forma fundamentada porque
referidos no Edital do presente concurso, considere as afir- o Estado teria cometido tortura. Neste sentido, petições
mações abaixo: apócrifas são aquelas que não possuem legitimidade, não
I. É um direito do condenado criminalmente dispor de podendo ser aceitas.
cela individual, com área mínima de seis metros quadrados;
II. O condenado criminalmente não pode ser obrigado 18. (PGE/AC - Procurador - FMP-RS/2014) A Convenção
à realização de trabalhos na prisão; sobre os direitos das pessoas com deficiência foi incorpo-
III. As pessoas privadas de liberdade devem ter por fi- rada no ordenamento brasileiro com hierarquia supralegal,
nalidade essencial a reabilitação social e moral dos conde- mas infraconstitucional. Em relação à afirmativa, assinale a
nados; alternativa verdadeira.
IV. O isolamento celular máximo, como medidas puni- A) A afirmativa está correta.
tiva, não pode ultrapassar trinta dias; B) A afirmativa está parcialmente correta, pois não exis-
Diante dessas afirmações é correto afirmar que: te hierarquia supralegal.
a) apenas a II e III são verdadeiras; C) A afirmativa está incorreta.
b) apenas I e III são verdadeiras;
D) Nenhuma das alternativas anteriores.
c) apenas II e III são falsas;
R: C. A Convenção Internacional sobre os Direitos das
d) I, II e IV são falsas;
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo des-
e) I, II e III são verdadeiras.
R: D. O item I está incorreto porque embora o artigo ponta como o mais relevante tratado internacional na ma-
10 das regras mínimas para o tratamento dos presos trate téria em estudo que foi ratificado pelo Brasil, isto porque
das acomodações destinadas aos reclusos, especialmente possui o status de emenda constitucional, já que foi apro-
dormitórios, as quais devem satisfazer todas as exigências vado nos moldes do artigo 5º, §3º, CF.
de higiene e saúde, tornando-se devidamente em consi-
deração as condições climatéricas e especialmente a cubi- 19. (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) As
cagem de ar disponível, o espaço mínimo, a iluminação, o penas que poderão ser fixadas pelo Tribunal Penal Interna-
aquecimento e a ventilação, bem como façam previsão no cional (Estatuto de Roma, 1998) são
artigo 9º de celas individuais para descanso, sabe-se que a) expatriação, prisão até 30 anos ou perpétua e perda
são recomendações aos Estados que devem progressiva- dos produtos, bens e haveres provenientes do crime.
mente ser atingidas, não um direito do preso. O item II está b) prisão, no mínimo de 3 anos e, no máximo, perpé-
incorreto porque as regras mínimas reconhecem a obriga- tua, multa, ou perda de produtos e bens provenientes do
toriedade do trabalho no artigo 71. O item IV está incorreto crime, ainda que de forma indireta.
porque embora no artigo 32 as regras mínimas critiquem c) advertência, prisão, de 3 anos a 30 anos e a perda
tal prática, não estabelece limites temporais. dos produtos, bens e haveres provenientes do crime
d) prisão até 30 anos ou perpétua, multa e perda dos
17. (CESPE - 2013 - DPE-TO - Defensor Público) Assi-
produtos, bens e haveres provenientes do crime
nale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura
e) expatriação, prisão de 3 a 30 anos ou perpétua e
e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou De-
perda dos produtos, bens e haveres decorrentes do crime
gradantes.
35
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
R: D. O artigo 77 do Estatuto de Roma traz as penas R: B. Prevê o art. 21 do Pacto Internacional dos Direitos
aplicáveis aos seus condenados, com o seguinte teor: “Ar- Civis e Políticos: “Direito de reunião pacífica será reconhe-
tigo 77. Penas Aplicáveis. 1. Sem prejuízo do disposto no cido. O exercício desse direito estará sujeito apenas às res-
artigo 110, o Tribunal pode impor à pessoa condenada por trições previstas em lei e que se façam necessárias, em um
um dos crimes previstos no artigo 5o do presente Esta- sociedade democrática, no interesse da segurança nacio-
tuto uma das seguintes penas: a) Pena de prisão por um nal, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a
número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 saúde públicas ou os direitos e as liberdades das pessoas”.
anos; ou b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de
ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o 22. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)
justificarem, 2. Além da pena de prisão, o Tribunal poderá Assinale a alternativa que contempla a afirmativa que está
em consonância com o disposto no Pacto Internacional dos
aplicar: a) Uma multa, de acordo com os critérios previstos
Direitos Civis e Políticos:
no Regulamento Processual; b) A perda de produtos, bens
a) ninguém poderá ser privado do direito de entrar em
e haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime, seu próprio país, exceto se estiver sendo formalmente acu-
sem prejuízo dos direitos de terceiros que tenham agido sado de terrorismo.
de boa fé”. b) não haverá penas restritivas de direitos.
c) toda pessoa que for presa e possuir diploma de cur-
20. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia) Prevê so superior terá direito a cela especial e separada dos de-
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos que nin- mais presos.
guém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados d) se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a
ou obrigatórios: imposição de pena mais leve, o delinquente não poderá
a) mesmo em casos de emergência ou de calamidade dela beneficiar-se.
que ameacem o bem-estar da comunidade. e) ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos
b) não sendo o serviço militar considerado trabalho forçados ou obrigatórios.
forçado ou obrigatório, podendo os países prever a isenção R: E. Pelo art. 8º, 3, “a” do Pacto, “ninguém poderá ser
obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios”,
por motivo de consciência.
embora sejam a seguir enumeradas situações que não po-
c) restando proibido aos Estados-Partes legislar para dem ser consideradas trabalhos forçados ou obrigatórios e
que determinados crimes sejam punidos com prisão e tra- exceções nas quais eles são aceitos.
balhos forçados.
d) devendo ser previstos como crimes pelos Estados 23. (CESPE - 2012 - DPE-ES - Defensor Público) Julgue
-Partes a servidão, a escravidão e o tráfico de escravos. o item que se segue, referente ao direito internacional dos
e) não podendo qualquer trabalho ou serviço ser con- direitos humanos e ao sistema interamericano de direitos
siderado como parte das obrigações cívicas normais. humanos: “Nos termos do Pacto Internacional de Direitos
R: B. O art. 8º do Pacto prevê em seu item 3, “c”, ii, que Civis e Políticos, a autodeterminação dos povos esgota-se
“[...] não serão considerados ‘trabalhos forçados ou obriga- na possibilidade de estabelecer livremente o seu estatuto
tórios’ [...] qualquer serviço de caráter militar e, nos países político”.
em que se admite a isenção por motivo de consciência, R: Errado. Preconiza o art. 1º, 1, do Pacto Internacional
qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles dos Direitos Civis e Políticos: “Todos os povos têm direito
à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam
que se oponha ao serviço militar por motivo de consciên-
livremente seu estatuto político e asseguram livremente
cia”.
seu desenvolvimento econômico, social e cultural”. Logo,
o direito à autodeterminação vai além do estabelecimen-
to do estatuto político próprio e envolve a capacidade de
21. (VUNESP - 2014 - PC-SP - Escrivão de Polícia) O autogestão e, consequentemente, de direcionamento das
direito de reunião pacífica é reconhecido pelo Pacto Inter- políticas econômicas, sociais e culturais.
nacional de Direitos Civis e Políticos que:
a) não poderá ser restringido por lei, ainda que em fun- 24. (FCC - 2006 - DPE-SP - Defensor Público) Segundo
ção de proteção à saúde ou à moral públicas. a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Pe-
b) permite que a lei preveja as restrições necessárias, nas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (ONU, 1984), para
em uma sociedade democrática, no interesse da segurança a caracterização da tortura é relevante:
nacional, da segurança ou da ordem pública. a) sua finalidade e irrelevante a intensidade do sofri-
c) condiciona o exercício desse direito à comunicação mento causado.
prévia e à autorização da autoridade competente. b) que seja praticada por funcionário público e irrele-
vante sua finalidade.
d) não impedirá que se submeta a restrições legais o
c) a finalidade do ato e irrelevante o local onde ocorre.
exercício desse direito por membros das forças armadas e d) que o sofrimento seja agudo e irrelevante a qualida-
da polícia. de de quem a pratica.
e) poderá ser restringido, no entanto, em períodos de e) o local onde ocorre e irrelevante a intensidade do
legalidade extraordinária ou de guerra externa. sofrimento causado.
36
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
37
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows 10 Pro:
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS 10. Assim como a Home, essa versão também é destinada
para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. A versão
Pro difere-se do Home em relação à certas funcionalidades
que não estão presentes na versão mais básica. Essa é a ver-
WINDOWS 10 são recomendada para pequenas empresas, graças aos seus
recursos para segurança digital, suporte remoto, produtivida-
O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto é, de e uso de sistemas baseados na nuvem. Disponível gratui-
um conjunto de programas (software) que permite adminis- tamente para atualização (durante o primeiro ano de lança-
trar os recursos de um computador. mento) para clientes licenciados do Windows 7 e do Windows
É importante ter em conta que os sistemas operacionais 8.1. A versão para varejo ainda não teve seu preço revelado.
funcionam tanto nos computadores como em outros dispo-
sitivos eletrônicos que usam microprocessadores (Smartpho- Windows 10 Enterprise
nes, leitores de DVD, etc.). No caso do Windows, a sua versão Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 En-
padrão funciona com computadores embora também exis- terprise é voltado para o mercado corporativo. Os alvos des-
tam versões para smartphones (Windows Mobile). sa edição são as empresas de médio e grande porte, e o SO
A Microsoft domina comodamente o mercado dos siste- apresenta capacidades que focam especialmente em tecnolo-
mas operacionais, tendo em conta que o Windows está ins- gias desenvolvidas no campo da segurança digital e produti-
talado em mais de 90% dos computadores ligados à Internet vidade. A proteção dos dispositivos, aplicações e informações
em todo o mundo. sensíveis às empresas é o foco dessa variante.
Entre as suas principais aplicações (as quais podem ser A edição vai estar disponível através do programa de Li-
desinstaladas pelos usuários ou substituídas por outras se- cenciamento por Volume, facilitando a vida dos consumido-
melhantes sem que o sistema operacional deixe de funcio- res que têm acesso a essa ferramenta. O Windows Update
nar), destacaremos o navegador Internet Explorer (a partir do for Business também estará presente aqui, juntamente com o
Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor multimídia Windows Long Term Servicing Branch, como uma opção de distribuição
Media Player, o editor de imagens Paint e o processador de de updates de segurança para situações e ambientes críticos.
texto WordPad.
A principal novidade que o Windows trouxe desde as Windows 10 Education:
suas origens foi o seu atrativo visual e a sua facilidade de uti- Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a versão Edu-
lização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua inglesa como cation é destinada a atender as necessidades do meio edu-
“janelas”) deve-se precisamente à forma sob a qual o sistema cacional. Os funcionários, administradores, professores e es-
apresenta ao usuário os recursos do seu computador, o que tudantes poderão aproveitar os recursos desse sistema ope-
facilita as tarefas diárias. racional que terá seu método de distribuição baseado através
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo de in- da versão acadêmica de licenciamento de volume.
terface do usuário, exibindo a saída do sistema ou permitindo
a entrada de dados. Uma interface gráfica do usuário que use Windows 10 Mobile
janelas como uma de suas principais metáforas é chamada O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
sistema de janelas, como um gerenciador de janela. de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen, como
As janelas são geralmente apresentadas como objetos smartphones e tablets. Essa edição vai contar com os mesmos
bidimensionais e retangulares, organizados em uma área de apps incluídos na versão Home, além de uma versão do Offi-
trabalho. Normalmente um programa de computador assu- ce otimizada para o toque. O Continuum também vai marcar
me a forma de uma janela para facilitar a assimilação pelo presença nos dispositivos que forem compatíveis com a fun-
usuário. Entretanto, o programa pode ser apresentado em cionalidade.
mais de uma janela, ou até mesmo sem uma respectiva janela.
Windows 10 Mobile Enterprise:
Sobre as diferentes versões Projetado para smartphones e tablets do setor corpora-
O Windows apresenta diversas versões através dos anos tivo. Essa edição também estará disponível através do Licen-
e diferentes opções para o lar, empresa, dispositivos móveis e ciamento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
de acordo com a variação no processador. Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas para o
mercado corporativo.
Windows 10 Home
Edição do sistema operacional voltada para os consumi- Windows 10 IoT Core
dores domésticos que utilizam PCs (desktop e notebook), ta- Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft prome-
blets e os dispositivos “2 em 1”. O Windows 10 Home vai con- te que haverá edições para dispositivos como caixas eletrô-
tar com a maioria das funcionalidades já apresentadas: Cor- nicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendi-
tana como assistente pessoal, navegador Microsoft Edge, o mento para o varejo e robôs industriais – todas baseadas no
recurso Continuum para os aparelhos compatíveis, Windows Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise. O
Hello (reconhecimento facial, de íris e de digitais para auten- Windows 10 IoT Core – que contém em seu nome a sigla
ticação), stream de jogos do Xbox One e os apps universais, em inglês para Internet das Coisas – vai ser destinado para
como Photos, Maps, Mail, Calendar, Music e Video. dispositivos pequenos e de baixo custo.
1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este modo
o usuário pode alternar facilmente entre o uso do híbrido
como tablet e como notebook, basicamente combinando
a simplicidade do tablet com a experiência de uso tradi-
cional.
2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
2. Unidades e Partições
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po-
dem variar de um computador para outro.
6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bloco de Notas
Ferramenta de Captura
8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Fonte:
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-no-
windows-10/
http://ziggi.uol.com.br/blog/windows-10-explorador-de
-arquivos-4671#ixzz4fZmKAUlx
https://www.ciabyte.com.br/faq/acessorios-windows.asp
https://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-ha-de-no-
vo-no-office-2016/51582
10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).
ABAS
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.
11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou
outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma
tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.
Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bastando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local desejado pela
parte esquerda da janela.
12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o documento não
possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. Até a versão 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a partir da
versão 2007, os documentos são salvos na versão .DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder
salvar seu documento e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique na direita dessa opção e mude para
Documento do Word 97-2003.
Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, observe também que ele mostra uma relação de documentos recen-
tes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será
necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.
Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha Salvar
Como.
Visualização do Documento
Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. An-
terior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.
13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.
Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.
14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar- A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-
gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré- ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
definidos, como também personalizá-las. será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.
15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Colunas
Números de Linha
É bastante comum em documentos acrescentar nume-
ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.
16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Página Inicial.
Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de tex-
tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu Observe na imagem que ele traz o texto no formato
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor, HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
tamanho e tipo de fonte, etc. nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique
em OK.
Selecionando pelo Mouse
Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o Localizar e Substituir
cursor aponta para a direita. Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo. na opção Substituir.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado
e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir em
seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas de uma
única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escrita
em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão o
Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e se-
melhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA responsável
pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.
Formatação de Fonte
A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar
uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma letra
também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir
fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao
clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.
Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobres-
crito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.
18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bordas no parágrafo.
Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos As opções disponíveis são praticamente as mesmas
apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao disponíveis pelo grupo.
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas
Formatação de Parágrafos. réguas superiores.
Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo
parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Numeração.
20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Data e Hora
Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemen-
to Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador. Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de cor-
A imagem será inserida no local onde estava seu cur- reções pode aparecer diferente.
sor.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pon- de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
tilhadas em sua volta, para mover a imagem de local, basta seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar -la e abrir a guia Formatar.
redimensionar a imagem, basta clicar em um dos peque- Siga um ou mais destes procedimentos:
nos quadrados em suas extremidades, que são chamados Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada.
por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção da As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita,
imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do mais suavização.
texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as
configurações de manipulação da imagem.
23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Minia- Grupo Ajustar na guia Formatar em Ferramentas de
turas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais brilho. Imagem
Miniaturas na parte superior mostram menos contraste e na Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
parte inferior, mais contraste. de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das mi- seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
niaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar na -la e abrir a guia Formatar.
opção desejada. Clique no efeito artístico desejado. Você pode mover
Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de cor- o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das imagens
reção de imagem e, em seguida, mova o controle deslizante em miniatura efeito e usar visualização dinâmica para ver
para nitidez, brilho ou contraste ou insira um número na caixa como sua imagem ficará com esse efeito aplicado, antes de
ao lado do controle deslizante. clicar no efeito desejado.
Para ajustar o efeito artístico, clique em Opções de
efeitos artísticos na parte inferior da lista de imagens em
miniatura. No painel Formatar imagem, você pode aplicar
uma variedade de efeitos adicionais, incluindo a sombra,
reflexo, brilho, bordas suaves e efeitos 3D.
Recolorir
Clique duas vezes na imagem que deseja recolorir.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Formatar e, no
grupo Ajustar, clique em Cor.
Compactar Imagem
A opção Compactar Imagens permite deixar sua ima-
gem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
opção o Word mostra a seguinte janela:
Clique na miniatura desejada. Você pode mover o pontei-
ro do mouse sobre qualquer efeito para ver como ficará sua
imagem com esse efeito aplicado antes de clicar no efeito de-
sejado.
Para usar cores adicionais, incluindo as cores de tema, co-
res da guia Padrão ou cores personalizadas, clique em Mais
Variações e, em seguida, clique em Mais Cores. O efeito de
Recoloração será aplicado usando a cor selecionada.
24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto
Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.
SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.
WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.
26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt
Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.
Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa
no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.
O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no res-
pectivo balão.
Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação do
Word.
27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações pron-
tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.
29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será mostrado todos os estilos presentes no documento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem
três botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.
No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação
dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a
formatação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo
está disponível somente a este documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:
Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.
30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferen- Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
tes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma automaticamente a largura das colunas com Automático
página ou remover bordas de uma tabela. Você pode até ou pode definir uma largura específica para todas as co-
mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma lunas.
coluna ou linha de números em uma tabela. Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria co-
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabe- lunas muito estreitas que são expandidas conforme você
la, o Word pode convertê-lo em uma tabela. adiciona conteúdo.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamen- Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
tos de largura personalizada tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as ao tamanho de seu documento. Se quiser que as tabelas
colunas, use o comando Inserir Tabela. criadas tenham uma aparência semelhante à da tabela que
você está criando, marque a caixa Lembrar dimensões para
novas tabelas.
31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferramentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que você
quer apagar.
ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.
O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em ver-
melho e os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão
sairá com as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte do texto.
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em qualquer parte do texto.
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não façam parte
do Word.
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que estejam da mesma forma no texto.
32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode acessar esse comando rapidamente, adicionando-o à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Para isso,
clique com o botão direito do mouse em Ortografia e Gramática e, em seguida, clique em Adicionar à Barra de Ferramentas
de Acesso Rápido, no menu de atalho.
Quando o programa encontra erros de ortografia, uma caixa de diálogo ou painel de tarefas é exibido mostrando a
primeira palavra incorreta encontrada pelo verificador ortográfico.
Depois que solucionar cada palavra incorreta, o programa sinalizará a próxima palavra incorreta para que você possa
decidir o que fazer.
Apenas no Outlook ou no Word, quando o programa conclui a sinalização de erros ortográficos, ele mostra os erros
gramaticais. Para cada erro, clique em uma opção na caixa de diálogo Ortografia e Gramática.
Clique com o botão direito do mouse em uma palavra escrita incorretamente para ver as sugestões de correção.
Dependendo do programa do Microsoft Office que você está usando, clique com o botão direito do mouse em uma
palavra para obter outras opções, como adicionar a palavra ao dicionário personalizado.
Como funciona a verificação gramatical automática (aplica-se somente ao Outlook e ao Word)
Após ativar a verificação gramatical automática, o Word e o Outlook sinalizam os possíveis erros gramaticais e estilís-
ticos à medida que você trabalha nos documentos do Word e em itens abertos do Outlook (exceto Anotações), conforme
mostrado no exemplo a seguir.
Clique com botão direito do mouse no erro para ver mais opções.
34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As cé-
lulas são referenciadas por sua localização na linha e na
coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira
linha da coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
guinte.
35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Clique em OK.
37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Siga um destes procedimentos: Definir uma coluna com uma largura específica
Para localizar texto ou números, clique em Localizar
Tudo ou Localizar Próxima. Selecione as colunas a serem alteradas.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão matar.
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
em Localizar ou Localizar Tudo.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis- Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
ponível, clique na guia Substituir. Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em Clique em OK.
andamento pressionando ESC. DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor- coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna
rências dos caracteres encontrados, clique em Substi- selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor
tuir ou Substituir tudo. desejado e clique em OK.
DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formatação Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
que você define. Se você pesquisar dados na planilha nova- mente ao conteúdo (AutoAjuste)
mente e não conseguir encontrar caracteres que você sabe Selecione as colunas a serem alteradas.
que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções de Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Loca- matar.
lizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois em Op-
ções para exibir as opções de formatação. Clique na seta
ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.
39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em Formatar.
matar.
Alterar a largura das colunas com o mouse Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura da
Siga um destes procedimentos: Linha.
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
do lado direito do título da coluna até que ela fique do DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida todas
tamanho desejado. as linhas da planilha, clique no botão Selecionar Tudo e, em se-
guida, clique duas vezes no limite abaixo de um dos títulos de
linha.
40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con- Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda dese-
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha. jado.
OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário
Formatar números como moeda no Excel sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Para exibir números como valores monetários, forma- Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de cimais desejadas para o número.
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo-
As opções de formatação de número estão disponíveis na car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas deci-
guia Página Inicial, no grupo Número. mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú-
mero na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das
casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.
41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está disponível para o formato de número Contábil. O motivo disso é
que constitui prática contábil padrão mostrar números negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique em OK.
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você aplicar formatação de moeda em seus dados, isso significará
que talvez a célula não seja suficientemente larga para exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique duas vezes
no limite direito da coluna que contém as células com o erro #####. Esse procedimento redimensiona automaticamente a
coluna para se ajustar ao número. Você também pode arrastar o limite direito até que as colunas fiquem com o tamanho
desejado.
Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais
complexos e vários valores. Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exemplo, na fun-
ção: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a função o processo
passa a ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal
de igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma função depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos
podem ser números, textos, valores lógicos, referências, etc...
Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:
42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você também pode usar funções (como a função SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as referências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma fórmula
simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.
Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial especificado
‘=A2^A3 =A2^A3
em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2
1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadrados.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em uma borda codificada por cor, significa que a referência está
relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA : Você também pode inserir uma referência a um intervalo ou célula nomeada.
43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos” (B2:B4)
e “Passivos” (C2:C4).
Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na cai-
xa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de
texto ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em
para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.
DICA : Se você usar funções frequentemente, poderá inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar
o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da função
44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
pressionando F1.
Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas
que usam funções.
Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
Calcula a média de todos os números no intervalo
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
A1:B4
Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e trigonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mistura de todos os três.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SOMA(A2:A10)
= SOMA(A2:A10, C2:C10)
Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula ou
várias células. Se você com o botão direito na barra de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out exibindo
todas as opções que você pode selecionar. Observe que ele também exibe valores para o intervalo selecionado se você tiver
esses atributos marcados.
45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Usando o Assistente de AutoSoma que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma quando terminar. Guia de função Intellisense: a soma (Nú-
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione mero1, [núm2]) flutuantes marca abaixo a função é o guia
uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo de Intellisense. Se você clicar no nome de função ou soma,
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula ele se transformará em um hiperlink azul, que o levará para
na faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assis- o tópico de ajuda para essa função. Se você clicar nos ele-
tente de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo mentos de função individual, as peças representantes na
para ser somados e criar a fórmula para você. Ele também fórmula serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria
pode trabalhar horizontalmente se você selecionar uma realçadas como há apenas uma referência numérica nesta
célula para a esquerda ou à direita do intervalo a serem fórmula. A marca de Intellisense será exibido para qualquer
somados. função.
46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida- Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
mente a função soma para uma célula. Tudo o que você Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
precisa fazer é selecionar o intervalo (s). não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor-
Observação: você pode perceber como o Excel tem narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e
realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles lhe dar a soma dos valores numéricos.
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3
é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as
funções, a menos que o intervalo referenciado esteja em
uma planilha diferente ou em outra pasta de trabalho. Para
acessibilidade aprimorada com tecnologia assistencial,
você pode usar intervalos nomeados, como “Semana1”,
“Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referência a eles, sua
fórmula:
=SOMA(Week1,Week2)
Práticas Recomendadas SOMA ignora valores de texto
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas #REF! Erro de excluir linhas ou colunas
para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23
Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor- Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não se-
retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células rão atualizados para excluir a linha excluída e retornará um
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você #REF! erro, onde uma função soma atualizará automatica-
pode formatar os valores quando eles estão nas células, mente.
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem em
uma fórmula.
47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célula
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla-
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a
célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa,
muito mais assim que apenas tentando construir uma fór-
mula que faz referência apenas uma única folha.
SOMA com referências de célula individuais versus in- i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1
tervalos Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
Usando uma fórmula como: soma 3 dimensionais:
=SOMA(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
=SOMA(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já soma-
dos. = SOMA(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês ( janeiro a dezembro) e
você precisa total-las em uma planilha de reSOMAo.
= SOMA(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.
Observação: se suas planilhas tem espaços em seus
nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:
= SOMA(‘January Sales:December Sales’! A2)
= SOMA(A2:A14) *-25% SOMA com outras funções
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor mensal:
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte-
rados, assim:
= SOMA(A2:A14) * E2
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs-
titua a “*” com “/”: = SOMA(A2:A14)/E2
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
soma usando + ou - assim: =SOMA(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
= SOMA(A1:A10) + E2 Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
= SOMA(A1:A10)-E2 células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
branco).
48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
mula retorna um 1 ou um 2)
= SE(C2>B2,C2-B2,0)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula
em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor or-
çado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário,
=SE(C2=1;”Sim”;”Não”) não retorne nada).
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada
para avaliar erros. Você não está limitado a verificar ape-
nas se um valor é igual a outro e retornar um único resul-
tado; você também pode usar operadores matemáticos e
executar cálculos adicionais dependendo de seus critérios.
Também é possível aninhar várias funções SE juntas para
realizar várias comparações.
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”).
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel
reconhece automaticamente.
Introdução
A melhor maneira de começar a escrever uma instru-
ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar. =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes, Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se não
49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Sintaxe
CONT.SE(intervalo, critério)
Por exemplo:
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
=CONT.SE(A2:A5,A4)
Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:
=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”) Nome do argumento Descrição
Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
O grupo de células
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você tam-
que você deseja
bém poderia facilmente usar sua própria fórmula para a
contar. Intervalo pode
condição “Não está em branco”. No próximo exemplo
conter números, matrizes,
usamos “” em vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa intervalo (obrigatório)
um intervalo nomeado ou
“nada”.
referências que contenham
números. Valores em branco
e texto são ignorados.
Um número, expressão,
referência de célula ou
cadeia de texto que
determina quais células
serão contadas.
Por exemplo, você pode usar
um número como 32, uma
critérios (obrigatório)
comparação, como “> 32”,
uma célula como B4 ou uma
palavra como “maçãs”.
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) CONT.SE usa apenas um
Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, único critério. Use CONT.
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um SES se você quiser usar
exemplo de um método muito comum de usar “” para im- vários critérios.
pedir que uma fórmula calcule se uma célula dependente
está em branco:
=SE(D3=””;””;SuaFórmula())
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua
fórmula).
50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função SOMASE
Você pode usar a função SOMASE para somar os valores em uma intervalo que atendem aos critérios que você especi-
ficar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que contém números, você quer somar apenas os valores que são maiores
do que 5. Você pode usar a seguinte fórmula: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).
Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argumentos:
intervalo Necessário. O intervalo de células a ser avaliada por critérios. Células em cada intervalo devem ser números
ou nomes, matrizes ou referências que contenham números. Valores em branco e texto são ignorados. O intervalo selecio-
nado pode conter datas no formato padrão do Excel (exemplos abaixo).
critérios Obrigatório. Os critérios na forma de um número, expressão, referência de célula, texto ou função que define
quais células serão adicionadas. Por exemplo, os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”, “maçãs” ou HOJE().
IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve estar
entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéricos, as aspas duplas não serão necessárias.
intervalo_soma Opcional. As células reais a serem adicionadas, se você quiser adicionar células diferentes das especi-
ficadas no argumento intervalo. Se o argumento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células especificadas no
argumento intervalo (as mesmas células às quais os critérios são aplicados).
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. O
ponto de interrogação corresponde a qualquer caractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de caracte-
res. Para localizar um ponto de interrogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.
Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com mais
de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VALOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais
adicionadas são determinadas pelo uso da célula na extremidade superior esquerda do argumentointervalo_soma como a
célula inicial e, em seguida, pela inclusão das células correspondentes em termos de tamanho e forma no argumento in-
tervalo. Por exemplo:
Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de células,
o recálculo da planilha pode levar mais tempo do que o esperado.
51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.
Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÁXIMO(A2:A6) Maior valor no intervalo A2:A6. 27
=MÁXIMO(A2:A6; 30) Maior valor no intervalo A2:A6 e o valor 30. 30
Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÍNIMO(A2:A6) O menor dos números no intervalo A2:A6. 2
O menor dos números no intervalo A2:A6 e
=MIN(A2:A6;0) 0
0.
Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte fun-
ção =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.
52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo de
células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela
Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para especificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.
Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:
55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos começar solicitando senhas para abrir um ar- Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabili-
quivo e alterar dados. tada nessa versão do Excel.
Clique em Arquivo > Salvar como. Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta
Clique em um local, como Computador ou a página da de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Tra-
Web Meu Site. balho acende.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das
pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que
você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Op-
ções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma se-
nha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO: Para remover uma senha, siga as etapas
acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha Criptografar a pasta de trabalho com uma senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de se- No modo de exibição Backstage, você pode definir uma
nha usado no Excel. senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de
Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
clique em OK.
OBSERVAÇÃO : Para remover uma senha, siga as eta-
pas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a
Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para senha em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo
abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo. de senha usado no Excel.
Por que minha senha desaparece quando salvo no for-
mato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usan-
do o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida na
pasta de trabalho desapareceu.
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arquivo
anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é des-
cartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel 97-
2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a pasta
de trabalho novamente.
Consulte as anotações abaixo para mais informações.
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça isto: Proteger uma planilha com ou sem uma senha no
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho. Excel
Clique em Estrutura. Para ajudar a proteger seus dados de alterações não
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou
essa opção e a opçãoWindows. sem senha. Ela impede que outras pessoas removam a pro-
Digite uma senha na caixa Senha. teção da planilha: a senha deve ser inserida para desprote-
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. ger a planilha.
OBSERVAÇÕES : Por padrão, quando você protege uma planilha, o excel
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de proteger
pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar a planilha, desbloqueie quaisquer células que desejar alte-
a senha uma vez. rar antes de seguir essas etapas.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia so- Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
mente leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar conteúdo de células bloqueadas está marcada.
seus dados. Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários proteger a planilha.
de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou Outros usuários podem remover a proteção se você
ocultar planilhas e renomear planilhas. não usar uma senha.
56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Principais atalhos
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir para ex-
cluir as células selecionadas.
CTRL+; — Insere a data atual.
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célula e a
exibição de fórmulas na planilha.
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima da
célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado.
Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos e exi-
cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um pa- bir espaços reservados para objetos.
drão na caixa Estilo do Padrão. CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura de tó-
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique picos.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas.
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas.
opções desejadas.
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha contiver
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano de
dados, este comando seleciona a região atual. Pressionar CTR-
fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecionados.
L+A novamente seleciona a região atual e suas linhas de reSO-
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de preen-
MAo. Pressionar CTRL+A novamente seleciona a planilha inteira.
chimento
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do ar-
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou efei-
gumento quando o ponto de inserção está à direita de um nome
tos de preenchimento das células, basta selecioná-las. Clique de função em uma fórmula.
em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchimento, e CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
então selecione Sem Preenchimento. CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área de
Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para copiar
o conteúdo e o formato da célula mais acima de um intervalo
selecionado nas células abaixo.
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
com a guia Localizar selecionada.
SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIFT+F4
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preenchi- repete a última ação de Localizar.
mento em cores CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Células
Se as opções de impressão estiverem definidas como Pre- com a guia Fonte selecionada.
to e branco ouQualidade de rascunho — seja propositalmen- CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também exi-
te ou porque a pasta de trabalho contém planilhas e gráficos be essa caixa de diálogo.)
grandes ou complexos que resultaram na ativação automá- CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
tica do modo de rascunho — não será possível imprimir as com a guia Substituir selecionada.
células em cores. Veja aqui como resolver isso: CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para
logo Configurar Página. novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para os
hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou lo-
calizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que contêm
comentários.
CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Células com a guia Fonte selecionada.
CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de um
intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de arquivo, local e formato atual.
CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução da barra de fórmulas.
CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponível
somente depois de ter recortado ou copiado um objeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial, disponível somente depois que você recortar ou copiar um
objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em outro programa.
CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho selecionada.
CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o último comando ou excluir a última entrada digitada.
CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Mar-
cas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.
Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é dife-
rente.
59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:
*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
vida-no-excel#ixzz48neY9XBW
MS POWERPOINT2
As apresentações do PowerPoint funcionam como apresentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou uma
história, você a divide em slides. Considere cada slide com uma tela em branco para as imagens, palavras e formas que
ajudarão a criar sua história.
Escolha um tema
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém corres-
pondências de cores, fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
Escolher um tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e clique em Criar.
2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint
60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Excluir um slide
No painel à esquerda, clique com o botão direito do
mouse na miniatura de slide que você deseja excluir (man-
tenha pressionada a tecla CTRL para selecionar vários sli-
des) e então clique em Excluir Slide.
62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece a digitar.
Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unidade local ou em um servidor interno, escolha Imagens, procure a
imagem e escolha Inserir.
Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens Online e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.
63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar
Online para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business
64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dica final: é recomendável editar o slide mestre e os layouts antes de começar a criar os slides individuais. Dessa ma-
neira, todos os slides adicionados à sua apresentação se basearão em suas edições personalizadas. Se você editar o slide
mestre ou os layouts após criar cada slide, precisará aplicar novamente os layouts alterados aos slides da apresentação no
modo de exibição Normal. Caso contrário, as alterações não aparecerão nos slides.
Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que com-
plementar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses
temas predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação incluem um slide mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você
usar mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.
Layouts de Slide
Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide mes-
tre, na guia Exibir, selecione Mestre de lado. Os layouts estão localizados embaixo do slide mestre no painel de miniatura
no lado esquerdo da tela.
Cada tema tem um número diferente de layouts. Você provavelmente não usar todos os layouts fornecidos com um
tema específico, mas escolher os layouts que melhor correspondem conteúdo do slide.
66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No modo de exibição Normal, você aplicará os layouts Você pode alterar nada sobre um layout para atender
aos slides (mostrado abaixo). às suas necessidades. Quando você altera um layout e vá
para Normal visualização, todos os slides que você adi-
ciona depois que será baseado neste layout e refletirão a
aparência alterada de layout. No entanto, se houver slides
existentes na sua apresentação que se baseiam a versão
antiga do layout, você precisará reaplicar o layout para es-
ses slides.
67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Pesquisar email
Da Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de
email, localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas
Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser- mensagens.
vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que Para encontrar uma palavra que você sabe que está
pode ser instalado somente em plataformas da família em uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em
Windows Server. particular, digite a palavra ou o nome da pessoa na cai-
xa Pesquisar. Mensagens que contenham a palavra ou o
nome que você especificou serão exibidas com o texto de
pesquisa destacado nos resultados.
71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Restrinja os resultados de pesquisa Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô-
No grupo Escopo na faixa de opções, escolha onde nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as
você deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim
Correio Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do no ano seguinte a rede se torna internacional.
Outlook. Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do
No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
está procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
pelo assunto. to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi-
ao selecionar: leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990
Com Anexos – para localizar somente emails com ane- caísse no domínio público.
xos Com esta popularidade e o surgimento de softwares
Categorizado – para localizar emails que tenham sido de navegação de interface amigável, no fim da década de
atribuídos a uma categoria específica 90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de
Esta Semana – para pesquisar quando o email foi re- informática começaram a utilizar a rede internacional.
cebido. Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje,
Ontem, Mês Passado, etc.) Acesso à Internet
Enviado para – para localizar emails enviados a você, O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
não enviados diretamente a você ou enviados por outro de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
destinatário ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de
Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
apenas à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
Importante – para localizar somente emails rotulados relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
como importantes • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
acesso à Internet para redes locais;
CONCEITOS E TECNOLOGIAS
• Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
RELACIONADOS À INTERNET E A CORREIO tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
ELETRÔNICO. bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
NAVEGADORES DE INTERNET. • Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.
72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Endereços IP privados Você percebe então que podemos ter redes com más-
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi-
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha-
na internet, sendo reservados para aplicações locais. São, ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha
essencialmente, estes: que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores.
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es- rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, máscaras novamente entram em ação.
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária).
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa- 255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez,
mento de rede - como um roteador - que receba a cone- é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C,
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos 255.255.255.0, é:
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento 11111111.11111111.11111111.00000000
precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma-
de computadores. da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para
criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema
Máscara de sub-rede com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de en- sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns
dereçamento, mas podem também representar desperdí- zeros do último octeto por 1.
cio. Uma solução bastante interessante para isso atende Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi-
pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
dos números que um octeto destinado a identificar dis- resultando em:
positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a 11111111.11111111.11111111.11100000
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en- Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de
xergar as classes A, B e C da seguinte forma: bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re-
- A: N.H.H.H; des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi-
- B: N.N.H.H; bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para
- C: N.N.N.H. o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta-
uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que
“transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan-
são destinados para a identificação da rede e quantos são te é 255.255.255.224.
utilizados para identificar os dispositivos. Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: empregado também em endereços classes A e B, conforme
se um octeto é usado para identificação da rede, este re- a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível
ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub IP estático e IP dinâmico
-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
desta relação: temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
exceto se tal ação for executada manualmente. Como
exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
o mesmo IP.
75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento
a um computador quando este se conecta à rede, mas que da quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que exemplo:
você conectou seu computador à internet hoje. Quando FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para enten-
der melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem Finalizando
80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a
empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa.
Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, quando Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa
se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo fase, que podemos considerar de transição, o que veremos é a
utilizado. É mais ou menos assim que os provedores de in- “convivência” entre ambos os padrões. Não por menos, prati-
ternet trabalham. camente todos os sistemas operacionais atuais e a maioria dos
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto com um quanto
é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). com o outro. Por isso, se você é ou pretende ser um profissional
que trabalha com redes ou simplesmente quer conhecer mais o
IP nos sites assunto, procure se aprofundar nas duas especificações.
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de A esta altura, você também deve estar querendo desco-
um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.infowes- brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma
ter.com, por exemplo, como é que o seu computador sabe de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exemplo,
qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu Iniciar e,
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar Enter. Em
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. ambientes Linux, o comando é ifconfig.
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis-
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a
uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, por
exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o sistema
envia a solicitação a um servidor responsável por termina-
ções “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do endereço
e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consul-
tado e assim por diante.
IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua
casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a par-
em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por tir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará
diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes- o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endere-
soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos ço IP do acesso à internet em uso pela rede, você pode visitar
com um grande problema: o número de IPs disponíveis deixa sites como whatsmyip.org.
de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, Provedor
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário
- respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.76 conectar-se com um computador que já esteja na Internet (no
8.211.456 de endereços, um número absurdamente alto! caso, o provedor) e esse computador deve permitir que seus
usuários também tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Em-
bratel, que por sua vez, está conectada com outros computa-
dores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a cone-
xão física que interliga o provedor de acesso com a Embratel.
Neste caso, a Embratel é conhecida como backbone, ou seja,
é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o
backbone como se fosse uma avenida de três pistas e os links
como se fossem as ruas que estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de
transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os da-
dos. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve
ser feito um contrato com o provedor de acesso, que fornece-
rá um nome de usuário, uma senha de acesso e um endereço
eletrônico na Internet.
76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
URL - Uniform Resource Locator .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden- .net -> computadores com funções de administrar re-
tificação de onde está localizado o computador e quais re- des. Exemplo: embratel.net
cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL: .org -> organizações não governamentais. Exemplo:
http://www.novaconcursos.com.br care.org
Será mais bem explicado adiante.
Home Page
Como descobrir um endereço na Internet? Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
ficar. acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor- dentro das Home Pages.
mações que preciso? O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de http://www.endereço.com/página.html
procura, que são sites que possuem um enorme banco de Por exemplo, a página principal da Pronag:
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- http://www.pronag.com.br/index.html
ges), que permitem a procura por um determinado assun-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista PLUG-INS
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
de páginas encontradas. de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces- pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
sivamente. g-ins são encontradas na página:
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
Barra de endereços ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
ces/
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- etc.).
reço da página. - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
Alguns sites interessantes: - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) PCX, etc.).
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) - Negócios e Utilitários
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) - Apresentações
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú-
blico) FTP - Transferência de Arquivos
• www.siapenet.gog.br (contracheque) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) para o seu computador.
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
Identificação de endereços de um site do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
Exemplo: http://www.pelotas.com.br sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de programa.
comunicação • Shareware: Programa demonstração que pode ser
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
.com -> tipo de organização ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
......br -> identifica o país mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
Tipos de Organizações: que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam. tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
edu teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.
com
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar
museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até partici-
par de novelas interativas. As informações na Web são or-
ganizadas na forma de páginas de hipertexto, cada um com
seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar
a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
chamado Endereço no navegador. O software estabelece a quisa.
conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Re-
cherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala-
pesquisas através da exibição de páginas de texto. Ficou cla- vras com ou sem acento.
ro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía
para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas. Opções de pesquisa
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios,
apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW
ganhou força extra com a inserção de um visualizador (tam-
bém conhecido como browser) de páginas capaz não ape-
nas de formatar texto, mas também de exibir gráficos, som
e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido Web: pesquisa em todos os sites
dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andree- Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
sen. O sucesso do Mosaic foi espetacular. Exemplo do resultado se uma pesquisa.
Depois disto, várias outras companhias passaram a pro-
duzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic.
Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Commu-
nications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o
Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos ou-
tros browsers.
78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for-
ma:
79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi-
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre dor). A vantagem da intranet é que esses programas são
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande
programas de navegação na Web, os browsers. importância no desenvolvimento de softwares aplicativos
que obedeçam aos três conceitos anteriores.
Objetivo de construir uma Intranet
Organizações constroem uma intranet porque ela é Como montar uma Intranet
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital- empresas, e em instalar um servidor Web.
funcionários com conhecimentos das operações e produ- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo-
tos da empresa. sitório das informações contidas na intranet. É lá que os
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail
Aplicações da Intranet ou qualquer outro tipo de arquivo.
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu-
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O pri-
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet meiro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: de arquivos. Independentemente das aplicações utilizadas
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ- na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem falar um
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos; idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
de membros das equipes, situações de projetos; definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
nuais de qualidade; dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
estações clientes.
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades
Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be-
nários acessam as informações colocadas à sua disposição
nefícios.
no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
permite folhear os documentos.
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado.
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume
Comparando Intranet com Internet
quase somente em clicar nos links que remetem às novas Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
complexa e exige a presença de profissionais especializa- protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
nela armazenadas. guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
A intranet é baseada em quatro conceitos: A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
• Conectividade - A base de conexão dos computa- ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
qualquer tipo de informação digital entre si; vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
forma transparente; corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
• Navegação - É possível passar de um documento a ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
facilitam o acesso não linear aos documentos; por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra- da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
ças à execução de programas aplicativos, que podem es- medida da necessidade de uma abordagem organizada.
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres- num ambiente controlado e seguro.
80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in-
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in-
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages,
servidor FTP etc.
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base Multitarefas com guias e janelas
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
novas soluções. uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea- fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- as guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer.
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, Para ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, (ou clique) na tela.
distribuição, contabilidade entre outros.
Internet Explorer4
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos
e truques comuns, você poderá usar seu novo navegador
com todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites
favoritos.
82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em Não demorou muito para que o navegador começasse
Compartilhar. a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob-
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direito servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente
da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique em assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es-
Compartilhar.) paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer.
Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em Seu sistema de abas permite que o usuário navegue
Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân-
de Leitura. cias do programa. A função de navegação privativa é muito
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico,
Ajudando a proteger sua privacidade dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista
Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar, com- de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre-
partilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso dia- servados apenas arquivos salvos por downloads e novos
riamente na Internet, o que pode disponibilizar suas informa- favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com
ções pessoais para outras pessoas. O Internet Explorer ajuda as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
você a se proteger melhor com uma segurança reforçada e te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
mais controle sobre sua privacidade. Estas são algumas das sincronização de dados na nuvem.
maneiras pela quais você pode proteger melhor a sua privaci-
dade durante a navegação: Principais características
Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armazenam · Navegação em abas;
informações como o seu histórico de pesquisa para ajudar a · A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
melhorar sua experiência. Quando você usa uma guia InPriva- do os links em segundo plano
te, pode navegar normalmente, mas os dados como senhas, Eles já estarão carregados quando você for ler;
o histórico de pesquisa e o histórico de páginas da Internet · Bloqueador de popups:
são excluídos quando o navegador é fechado. Para abrir uma · O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
nova guia InPrivate, passe o dedo de baixo para cima na tela popups;
(ou clique nela) para mostrar os comandos de aplicativos, ou · Pesquisa inteligente;
toque ou clique no botão Ferramentas de guia e em Nova · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
guia InPrivate. barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
Track para ajudar a proteger sua privacidade. O rastreamento antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo localiza-
refere-se à maneira como os sites, os provedores de conteúdo dor de palavras na página busca pelo texto na medida em
terceiros, os anunciantes, etc. aprendem a forma como você que você as digita, agilizando a busca;
interage com eles. Isso pode incluir o rastreamento das pági- · Favoritos RSS;
nas que você visita, os links em que você clica e os produtos · A integração do RSS nos favoritos permite que você
que você adquire ou analisa. No Internet Explorer, você pode fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
usar a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
Track para ajudar a limitar as informações que podem ser co- a partir do Firefox 2;
letadas por terceiros sobre a sua navegação e para expressar · Downloads sem perturbação;
suas preferências de privacidade para os sites que visita. · Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
FIREFOX5 ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
Firefox é um navegador web de código aberto e multi- pode ser personalizada sem problemas;
plataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux e · Você decide como deve ser seu navegador;
Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da pla- · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
taforma. O Firefox possui suporte para extensões, navegação te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, ins-
por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte para sincroni- tale extensões que adiciona novas funções, adicione temas
zação de informações, gerenciador de senhas, bloqueador de que modificam o visual do Firefox e coloque mais mecanis-
janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor ortográfico, ge- mos nos campos de pesquisa.
renciador de download, leitor de feeds RSS e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também suporta O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil (Pt Br). para a sua necessidade:
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake Ross · Fácil utilização;
em 2002, somente dois anos depois a plataforma de navega- · Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
ção pela internet se desmembrou de outras ferramentas e se tem todas as funções que você está acostumado - favori-
tornou um browser independente. No começo, o Firefox se tos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as pá-
popularizou apenas entre o nicho de adeptos do “software ginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades
livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de milhões de do- intuitivas;
wnloads.
5 Fonte: Ajuda do Firefox
85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Principais novidades
Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
- As opções que você mais acessa, todas no mesmo lugar
- Pensado para facilitar o acesso
- Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamente
do Firefox
86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Reorganizar
Fixar
87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Crie uma conta do Sync Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas
Clique no botão de menu e depois em Entrar no Os favoritos são atalhos para as páginas da web que
Sync. A página de acesso será aberta em uma nova aba. você mais gosta.
Como eu crio um favorito?
Fácil — é só clicar na estrela!
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na
Barra de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito
será adicionado na pasta “Não organizados”. Pronto!
88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A Biblioteca mostra essas informações para todos os Como deixar o Firefox em tela inteira
seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que ele
eles do seu histórico. ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas apertadas
de netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou só
porque quer!
Ative o modo Tela inteira
Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.
93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?
Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em
seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.
94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O leitor de PDF
O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao
navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
tórico. houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações converte os PDFs para o HTML 5.
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histó-
rico?
Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,
clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
abrir a janela da Biblioteca.
Use o campo Localizar no histórico no canto superior
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
você deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.
95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:
96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador
Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa
Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.
98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site segu-
ro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o
site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.
99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configurações de Segurança
Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
talação de complementos. Para evitar que tentativas de
Para sites usando certificados VE, o botão de identida- instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
de do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar ins-
da companhia ou organização do website, então você sabe talar um complemento e bloqueia a tentativa de instalação.
quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o Para permitir que sites específicos instalem complementos,
mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla. você deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para desativar
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta esse aviso para todos os sites.
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessaria- que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
mente exibir ou funcionar inteiramente correto. você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta soais sobre você sem autorização através da Internet.
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas fiável.
parcialmente criptografada e não impede espionagem. Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
você fazendo com que passe suas informações pessoais
(isto é frequentemente chamado de “phishing”).
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível
(informação bancária, dados de cartão de crédito, Números Logins
de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de iden- Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
tidade do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. segurança senhas que você digita em formulários web para
Cadeado cinza com um traço vermelho facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa opção
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No en-
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- tanto, mesmo com isso marcado, você ainda será questio-
mente criptografada e não previne contra espionagem ou nado se deseja salvar ou não as senhas para um site quan-
ataque man-in-the-middle. do você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar Nun-
ca para este site, aquele site será adicionado à uma lista de
exceções. Para acessar essa lista ou para remover sites dela,
clique no botão Exceções….
Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números solicitado que você digite a senha na primeira vez que for
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando
listra vermelha. ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modifi-
car senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver defini-
Configurações de segurança e senhas da, você precisará digitá-la para alterar ou remover a senha
Este artigo explica as configurações disponíveis no pai- mestra.
nel Segurança da janela Opções do Firefox. Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua dividuais clicando no botão Logins salvos….
segurança ao navegar na internet.
Encontrar e instalar complementos para adicionar
funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.
100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.
- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e
faixa de abas com uma imagem de fundo
O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
- Plugins pedir que você confirme a sua instalação.
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- serão salvas e restauradas após a reinicialização.
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações ramentas após a instalação..
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras
empresas. Como desativar extensões e temas
Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
Para visualizar quais complementos estão instalados: nar sem ser removido:
Clique no botão escolha complementos. A aba com- Clique no botão de menu e selecione Complemen-
plementos irá abrir. tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. No gerenciador de complementos, selecione o pai-
Como faço para encontrar e instalar complementos? nel Extensões ou Aparência.
Aqui está um resumo para você começar: Selecione o complemento que deseja desativar.
Clique no botão de menu e selecione Complemen- Clique no botão Desativar.
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Rei-
No gerenciador de complementos, selecione o painel niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
Get Add-ons. reiniciar.
Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
Para ver mais informações sobre um complemento ou complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão o Firefox.
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo.
Você também pode pesquisar por complementos es- Como desativar plugins
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
dendo então instalar qualquer complemento que encon- ser removido:
trar, com o botão Instalar. Clique no botão de menu e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Plugins.
Selecione o plugin que deseja desativar.
Selecione Nunca Ativar no menu de seleção.
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu-
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção.
101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para Iniciantes
Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvi- O botão direito abre o menu de contexto da aba, em
das básicas sobre essa categoria de programas, continue lendo que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar
este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe seu a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode
tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os conceitos e abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples-
ações mais básicas do programa. mente apertando o F1.
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma
forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar o Fechei sem querer!
programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o endereço do
local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki, por exemplo, Quem nunca fechou uma aba importante acidental-
basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível dispensar o famo- mente em um momento de distração? Pensando nisso,
so “www”, inserido automaticamente pelo programa.) o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no
No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecio-
queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-cha- ná-la para que a última página retorne ao navegador.
ve do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o Chro-
me acessa o site de buscas do Google e exibe os resultados ra-
pidamente. No exemplo utilizamos apenas a palavra “Baixaki”.
104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configurações avançadas
Coisas pessoais
105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
CORREIO ELETRÔNICO
Navegação anônima
O correio eletrônico6 se parece muito com o correio
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma
ou históricos de navegação no computador, utilize a nave- caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men-
gação anônima. Basta clicar no menu com o desenho da sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do
chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa?
que também pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma
+ N. comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza
papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário,
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio,
carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono
tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró-
prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa-
dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci-
lidade de uso do correio convencional com a velocidade
do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado
meio de comunicação.
6 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
ewebmail001.asp
106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Estrutura e Funcionalidade do e-mail A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os enviar mensagens para você. Também é possível enviar men-
endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome sagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto basta
do usuário + @ + host, onde: usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima.
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro. das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O
nome do usuário do seu provedor. WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail,
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o endere- pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem
ço eletrônico. Exemplo: click21.com.br . acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao servi- um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que-
ço 24 horas por dia. rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra
por usuários. Os provedores, também, disputam quem ofe-
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br rece maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo
encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil.
A caixa postal é composta pelos seguintes itens: Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensa- Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu
gens recebidas. 120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culminando
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- com o anúncio de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb).
viadas. A última campanha do GMail, e-mail do Google, é de aumen-
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails tar sua caixa postal constantemente, a última vez que acessei
que foram enviados. estava em 2663 Mb.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não
WebMail
terminou de redigir.
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro-
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presen-
grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails
tes:
possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande o
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do des-
número de provedores que oferecem correio eletrônico gra-
tinatário.
tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mes-
» Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
ma mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão » GMail – http://www.gmail.com
para todos os destinatários. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no » iG Mail – http://www.ig.com.br
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
nos.
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se-
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem guir as instruções do site. Outro importante fator a ser ob-
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.). servado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tem-
mensagem. po a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb,
mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de
porém representando as mesmas funções. Além dos destes agenda e contatos.
campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EX- Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério
CLUIR as mensagens, este botões bem como suas funcionali- de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por
dades veremos em detalhes, mais à frente. exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o
Para receber seus e-mails você não precisa estar conecta- menor propaganda possível.
do à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo » Criando seu e-mail
você não estado com seu computador ligado, seus e-mail são Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen-
recebidos e armazenados na sua caixa postal, localizada no te simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
seu provedor. Quando você acessa sua caixa postal, pode ler WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
seus e-mail on-line (diretamente na Internet, pelo WebMail) ou tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
baixar todos para seu computador através de programas de endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
correio eletrônico. Um programa muito conhecido é o Outlook você conheça. O processo de cadastro é muito simples, bas-
Express, o qual detalhar mais à frente. ta preencher um formulário e depois você terá sua conta de
e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br) 8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você
ou qualquer outro de sua preferência. está, no exemplo a Caixa de Entrada.
2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será 9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men-
aberto um formulário, preencha-o observando todos os sagens que estão na tela e também o total da seção sele-
campos. Os campos do formulário têm suas particularida- cionada.
des de provedor para provedor, no entanto todos trazem 10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão
a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a todos os comandos relacionados com as mensagens exi-
primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais
cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O
nome de usuário com o nome do provedor é que será seu botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men-
endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno- sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão
me@outlook.com. “Contas externas” abre uma seção para configurar outras
3. Após preencher todo o formulário clique no botão contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
“Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado. postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci-
Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co- so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP.
mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por 11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista
outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails
lhe informando do problema. Isso acontece porque den- na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique
tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo-
usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de
esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como: sua caixa postal.
seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você 12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um
(o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas;
sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do
conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está nome, quando está normal significa que todas as mensa-
pronto para ser usado. gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu-
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas,
» Entendendo a Interface do WebMail o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta-
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio.
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir
Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra- bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa também as mensagens das diversas pastas existentes na
mais adiante. sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser- de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
vidor. gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens. da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no-
Semelhante à função novo e-mail do Outlook. meá-las, também serve para classificar as mensagens que
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus por padrão estão classificadas através da coluna “Data”,
endereços de e-mail são previamente guardados para uti- para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre
lização futura, nesta seção também é possível criar grupos nome dela.
para facilitar o gerenciamento dos seus contatos. 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são
nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas
ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha, mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não
definir número de e-mail por página, assinatura, resposta existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário
automática, etc. de acordo com suas necessidades.
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
seção com vários tópicos de ajuda. seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen- próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi-
dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado- guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
res de terceiros. baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links
endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; são os mesmos apresentados no item 10.
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos fi- Considerações sobre o uso de Firewalls
rewalls podemos destacar três tipos principais:
• Filtros de pacotes Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e
• Stateful Firewalls são inestimáveis para segurança da informação, existem al-
• Firewalls em Nível de Aplicação guns ataques que os firewalls não podem proteger, como a
interceptação de tráfego não criptografado, ex: Intercepta-
- Filtros de Pacotes ção de e-mail. Além disso, embora os firewalls possam pro-
Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele con- ver um único ponto de segurança e auditoria, eles também
trola a origem e o destino dos pacotes de mensagens da Inter- podem se tornar um único ponto de falha – o que quer
net. Quando uma informação é recebida, o firewall verifica as dizer que os firewalls são a última linha de defesa. Significa
informações sobre o endereço IP de origem e destino do pacote que se um atacante conseguir quebrar a segurança de um
e compara com uma lista de regras de acesso para determinar firewall, ele vai ter acesso ao sistema, e pode ter a oportu-
se pacote está autorizado ou não a ser repassado através dele. nidade de roubar ou destruir informações. Além disso, os
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na firewalls protegem a rede contra os ataques externos, mas
maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém não contra os ataques internos. No caso de funcionários
pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o uso mal intencionados, os firewalls não garantem muita pro-
de roteadores como única defesa para uma rede corporativa teção. Finalmente, como mencionado os firewalls de filtros
não é aconselhável. de pacotes são falhos em alguns pontos. - As técnicas de
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita direta- Spoofing podem ser um meio efetivo de anular a sua pro-
mente no roteador, para uma maior performance e controle, teção.
é necessária a utilização de um sistema específico de firewall. Para uma proteção eficiente contra as ameaças de se-
Quando um grande número de regras é aplicado diretamente gurança existentes, os firewalls devem ser usados em con-
no roteador, ele acaba perdendo performance. Além disso, Fire- junto com diversas outras medidas de segurança.
wall mais avançados podem defender a rede contra spoofing e Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
ataques do tipo DoS/DDoS. apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes /
blindagem / guardas / etc.
- Stateful Firewalls
• CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall. ou limitam o acesso à informação, que está em ambiente
Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, que controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo,
é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de fire- ficaria exposta a alteração não autorizada por elemento
wall examina todo o conteúdo de um pacote, não apenas seu mal intencionado.
cabeçalho, que contém apenas os endereços de origem e des- Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
tino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’ porque examina troles lógicos:
os conteúdos dos pacotes para determinar qual é o estado da
conexão, Ex: Ele garante que o computador destino de uma in- Mecanismos de encriptação
formação tenha realmente solicitado anteriormente a informa-
ção através da conexão atual. A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, os palavras gregas:
stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas até • CRIPTO = ocultar, esconder.
que uma conexão para a porta específica seja requisitada. Isso • GRAFIA = escrever
permite uma maior proteção contra a ameaça de port scanning. Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou
em códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam
- Firewalls em Nível de Aplicação uma mensagem incompreensível permitindo apenas que
Nesse tipo de firewall o controle é executado por aplicações o destinatário que conheça a chave de encriptação possa
específicas, denominadas proxies, para cada tipo de serviço a decriptar e ler a mensagem com clareza.
ser controlado. Essas aplicações interceptam todo o tráfego Permitem a transformação reversível da informação de
recebido e o envia para as aplicações correspondentes; as- forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal,
sim, cada aplicação pode controlar o uso de um serviço. algoritmos determinados e uma chave secreta para, a partir
Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de per- de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma
formance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando sequência de dados encriptados. A operação inversa é a
proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle no desencriptação.
tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar melhor
os eventos associados a um dado serviço. Assinatura digital
A maior dificuldade na sua implementação é a necessidade
de instalação e configuração de um proxy para cada aplicação, Um conjunto de dados encriptados, associados a um
sendo que algumas aplicações não trabalham corretamente documento do qual são função, garantindo a integridade
com esses mecanismos. do documento associado, mas não a sua confidencialidade.
110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois pro- O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi-
blemas não garantidos apenas com uso da criptografia para nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate
codificar as informações: a Integridade e a Procedência. Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais avança-
Ela utiliza uma função chamada one-way hash function, das técnicas de criptografia disponíveis e de padrões inter-
também conhecida como: compression function, crypto- nacionais (norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para
graphic checksum, message digest ou fingerprint. Essa fun- a emissão e chancela digital dos Certificados de Identidade
ção gera uma string única sobre uma informação, se esse Digital.
valor for o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, Podemos destacar três elementos principais:
significa que essa informação não foi alterada. - Informação de atributo: É a informação sobre o obje-
Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, to que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode in-
pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um cluir seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua orga-
novo hash pode ter sido calculado. nização e o departamento da organização onde trabalha.
Para solucionar esse problema, é utilizada a criptogra- - Chave de informação pública: É a chave pública da
fia assimétrica com a função das chaves num sentido inver- entidade certificada. O certificado atua para associar a cha-
so, onde o hash é criptografado usando a chave privada do ve pública à informação de atributo, descrita acima. A cha-
remetente, sendo assim o destinatário de posse da chave ve pública pode ser qualquer chave assimétrica, mas usual-
pública do remetente poderá decriptar o hash. Dessa ma- mente é uma chave RSA.
neira garantimos a procedência, pois somente o remeten- - Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA
te possui a chave privada para codificar o hash que será assina os dois primeiros elementos e, então, adiciona credi-
aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da bilidade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica
informação original, protegido pela criptografia, garantirá a assinatura e acreditará na informação de atributo e chave
a integridade da informação. pública associadas se acreditar na Autoridade em Certifi-
cação.
Mecanismos de garantia da integridade da informação Existem diversos protocolos que usam os certificados
digitais para comunicações seguras na Internet:
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con-
• Secure Socket Layer ou SSL;
sistindo na adição.
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
• Form Signing;
Mecanismos de controle de acesso
• Authenticode / Objectsigning.
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões
certificados digitais e é usado em praticamente todos os
inteligentes.
sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
Mecanismos de certificação jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de
adoção onde apenas os servidores estavam identificados
Atesta a validade de um documento. O Certificado Di- com certificados digitais, e assim tínhamos garantido, além
gital, também conhecido como Certificado de Identidade da identidade do servidor, o sigilo na sessão. Entretanto,
Digital associa a identidade de um titular a um par de cha- apenas com a chegada dos certificados para os browsers é
ves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas que pudemos contar também com a identificação na ponta
em conjunto, fornecem a comprovação da identidade. É cliente, eliminando assim a necessidade do uso de senhas
uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cé- e logins.
dula de Identidade - serve como prova de identidade, reco- O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois
nhecida diante de qualquer situação onde seja necessária a permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem
comprovação de identidade. encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os
O Certificado Digital pode ser usado em uma grande e-mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros
variedade de aplicações, como comércio eletrônico, grou- durante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a
pware (Intranets e Internet) e transferência eletrônica de do destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia
fundos. da identidade de quem enviou o e-mail.
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certifi- usuários emitam recibos online com seus certificados di-
cado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban-
identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado por king e solicita uma transferência de fundos. O sistema do
ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá so- banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário as-
licitar ao comprador seu Certificado de Identidade Digital, sine com seu certificado digital um recibo confirmando a
para identificá-lo com segurança e precisão. operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco para
Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado servir como prova, caso o cliente posteriormente negue ter
de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e efetuado a transação.
a comunicação com segurança não será estabelecida.
111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A Violação ocorre quando os dados são alterados: Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos,
• Alterar dados durante a transmissão; muitas vezes conhecidos como crackers, (hackers não são
• Alterar dados em arquivos. agentes maliciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis
falhas). Estas pessoas são motivadas para fazer esta ilega-
Repudiação lidade por vários motivos. Os principais motivos são: noto-
A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um riedade, autoestima, vingança e o dinheiro. É sabido que
ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi fei- mais de 70% dos ataques partem de usuários legítimos de
to. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log após um sistemas de informação (Insiders) -- o que motiva corpora-
acesso indevido. Exemplos: ções a investir largamente em controles de segurança para
• Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu; seus ambientes corporativos (intranet).
• Comprar um produto e mais tarde negar que comprou.
112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Internet,
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está lo-
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- calizada tal máquina.
grama e não de um programa para o outro como é o caso (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se
da afirmativa. conectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação no caso de salas de bate-papo.
de slides e sim o Ms Power Point. (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
Resposta: B mento de arquivos na Internet.
(D) Quando se digita o endereço de uma página web, o
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assi- termo http significa o protocolo de acesso a páginas em for-
nale a opção correta. mato HTML, por exemplo.
(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de cor-
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla
reio eletrônico envia uma mensagem com anexo para outro
a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre
destinatário de correio eletrônico.
na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Comentários: Os itens apresentados nessa questão estão
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os proto-
barra de endereços do navegador: http://intranet.com. colos mais comuns:
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de carre-
rede local, pois sua função é conectar um computador à gamento de páginas de Hipertexto – HTML
rede de telefonia fixa. - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma má-
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina quina na rede
denominada cliente requisita serviços a outra, denominada - POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento
servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. de emails direto no PC via gerenciador de emails
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar- - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo padrão
mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de de envio de emails
acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet. - IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante
ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário a
Comentários: O modelo cliente/servidor é questiona- possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensagens
do em termos de internet pois não é tão robusto quanto de email direto no servidor.
redes P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transferência
do servidor central impede o acesso aos usuários clientes, de arquivos
no segundo mesmo que um servidor “caia” outros servi- Resposta: D
dores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo
que o download continue. Ex: programas torrent, Emule, 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção correta.
Limeware, etc. (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas e
Em relação às outras letras: arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o Painel
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão Iniciar do
para localizar e identificar conjuntos de computadores na Windows.
Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na- (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos
em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modifi-
vegador.
cação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
Exibição.
forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede ofe-
é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
rece um histórico de páginas visitadas na Internet para acesso
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu- direto a elas.
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma (D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim opção Renomear for acionada no Windows Explorer com o
acessar redes locais. botão direito do mouse,será salva uma nova versão do arquivo
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com- e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
putação que fornece serviços a uma rede de computado- (E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura
res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/ de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca
ou restringe acessos. Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de má-
Resposta: D quinas ligadas à Internet.
116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atenção: Para responder às questões de números Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
de computadores. de a segurança solicitada no enunciado.
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deverão Resposta: A
ser verificados para que não contenham erros. Alguns artigos
digitados deverão conter a imagem dos resultados obtidos em 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, valores e totais. Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de arquivos em lotes, também denominados scripts, o
devem ser tomados para a recuperação em caso de perda e shell de comando é um programa que fornece comuni-
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às cação entre o usuário e o sistema operacional de forma
informações guardadas. direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas na dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de
internet visando o atendimento do nível de qualidade da in- um comando da pasta Acessórios denominado
formação prestada à sociedade, pelo órgão. (A) Prompt de Comando
O ambiente operacional de computação disponível para (B) Comandos de Sistema
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do (C) Agendador de Tarefas
MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio ele- (D) Acesso Independente
trônico, em português e em suas versões padrões mais utili- (E) Acesso Direto
zadas atualmente.
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, Resposta: “A”
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada
Comentários
em portas do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe-
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
eletrônica,
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
resultados diferentes do original.
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
(C) somente podem ser copiadas para o editor de textos
çados.
dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas.
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma
a uma. 15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “co- Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
ladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela. gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
Comentários: Sempre que se copia células de uma plani- chado, o resultado obtido será
lha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam como
uma tabela simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os
números são colados.
Resposta: E
117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.
118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
Passo 3 22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012)
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua
propagação, o resultado configuração padrão, exibida na figura.
Resposta: “E”
Comentário:
119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto à Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
direita. Conforme você digita, o texto é movido para a esquerda. chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de um matório) em uma única questão. A função ARRED é para
ponto decimal. Independentemente do numero de dígitos, o arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
ponto decimal ficará na mesma posição. inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
uma barra vertical na posição de tabulação. decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Uma (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
planilha do Microsoft Excel, na sua configuração padrão, entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
possui os seguintes valores nas células: B1=4, B2=1 e B3=3. ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA (B1:B3)/3;2,7);2) in- casas decimais.
serida na célula B5 apresentará o seguinte resultado:
(A) 2
Considere a figura que mostra o Windows Explorer
(B) 1,66
do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
(C) 2,667
(D) 2,7 nal, e responda às questões de números 24 e 25.
(E) 2,67
Resposta: E
Comentário:
Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
RESPOSTA: “ERRADO”.
RESPOSTA: “ERRADO”.
121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As placas de vídeo exigem uma alta velocidade de 05. (UFBA - TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFORMA-
transferência no barramento para que as imagens não apa- ÇÃO – UFBA/2012) - USB é o barramento especialmente
reçam em quadros para o usuário. O barramento AGP (Ac- desenvolvido para placa de vídeo, que faz a comunicação
celeratedGraphicsPort), também conhecido com slot AGP, entre a placamãe e a placa de vídeo.
consiste em um encaixe fixado na placa mãe que promove
velocidade na transferência e otimiza o gerenciamento de ( ) Certo
memória. Existem várias versões de barramento AGP (AGP ( ) Errado
1X, AGP 2X, AGP 4X, AGP 8X), mas todos operam a 32 bits
e 66 MHZ. USB é a sigla para Universal Serial Bus e consiste em um
conector que tem a missão de padronizar os diversos tipos
que existem como serial, paralelo, PS2, evitando encaixes
equivocados, padronizando interfaces e arquiteturas e trazen-
do outras tecnologias que tornem a conexão e utilização de
periféricos rápidas e fáceis. A um conector USB podemos ligar
impressora, mouse, scanner, webcam e outros periféricos.
Barramento AGP
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “E”.
Placa mãe Gigabyte – GA–A75M-UD2H
122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
07. (PROCON/RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – CE- A memória RAM, ou memória principal, consiste em
PERJ/2012) - Atualmente existem microcomputadores, na um hardware que é encaixado na placa mãe por um soque-
versão desktop, que utilizam placamãe com componentes te específico. A memória virtual não é física, é configurável
integrados, numa modalidade em que a placa de vídeo pelo sistema operacional e destina uma parte do HD para
e de rede, por exemplo, não são instaladas em soquetes dar suporte à memória RAM, guardando as informações e
e, sim, fazem parte da própria placamãe, compartilhando passando a trabalhar como uma extensão dela.
memória da RAM existente, acarretando menor desem-
penho, se comparado à instalação em soquetes indepen-
dentes. A modalidade que utiliza componentes integra-
dos na própria placa mãe é conhecida pelo termo técnico:
a) Chipset-shared
b) Plug-and-play
c) Balanced-line
d) Offboard
e) Onboard
123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
09. (MPU - ANALISTA – BIBLIOTECONOMIA – CES- A memória cache pode ser encontrada junto ou próxima
PE/2013) - A respeito de informática para bibliotecas, ao processador, desempenhando o trabalho de servir-lhe in-
julgue os itens subsequentes. A memória cache de um formações que frequentemente são acessadas. É uma memó-
computador é um dispositivo de armazenamento rápido, ria SRAM, ou seja, uma memória estática de acesso aleatório
assim como a memória ROM (read-onlymemory), sen- que é verificada primeiramente pelo processador, justamente
do ambos esses dispositivos considerados áreas inter- por manter sua velocidade, o que não é permitido se este tiver
mediárias de armazenamento. que buscar os dados necessários na memória RAM.
( ) Certo No esquema podemos verificar que, quanto mais próxi-
( ) Errado ma e menor é a memória, mais rápido será seu trabalho junto
ao processador, porém, menor será a quantidade de informa-
A memória cache é uma pequena quantidade de me- ção alocada.
mória presente junto ou próxima ao processador para
trocar informações com ele rapidamente. É uma memó- RESPOSTA: “C”.
ria volátil, ou seja, perde suas informações na ausência de
energia. É uma memória de leitura e gravação, um tipo de 11. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – FUN-
memória RAM estática que possui vários transistores para CAB/2013) - Os registradores utilizados pela CPU e pela
alocar os dados. A memória ROM, como o próprio nome memória para comunicação e transferência de informa-
diz, é uma memória de apenas leitura e não é volátil. ções são, respectivamente:
a) Contador de Instruções (CI) e Registrador de Da-
RESPOSTA: “ERRADO”. dos de Memória (RDM).
b) Registrador de Endereços de Memória (REM) e
10. (TRT 9ª REGIÃO (PR) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - Contador de Instruções (CI).
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) - A maio- c) Registrador de Dados de Memória (RDM) e Regis-
ria dos sistemas computacionais trabalha com técnicas trador de Endereços de Memória (REM).
d) Decodificador de Instruções (DI) e Contador de
para combinar uma pequena quantidade de memória
Instruções (CI).
rápida com uma grande quantidade de memória mais
e) Decodificador de Instruções (DI) e Registrador de
lenta para se obter um conjunto de memórias adequa-
Dados de Memória (RDM).
do a um custo razoável. A memória pequena e rápida
é chamada ...... A ideia básica é simples: as palavras de
Os registradores são unidades de armazenamento voláteis
memória usadas com mais frequência são nela man-
dentro do processador. Os registradores utilizados nos procedi-
tidas. Quando ...... precisa de uma palavra, examina a
mentos que envolvem a memória principal, ou seja, a memória
memória rápida em primeiro lugar. Somente se a pa- RAM,sãoo RDM, que é o registrador de dados de memória (MBR
lavra não estiver ali é que ela recorre As lacunas são – memory buffer register) e se comunica com a memória principal
correta e respectivamente preenchidas com através do barramento de dados,e o REM – registrador de endere-
a) EPROM - o computador - à RAM. ços da memória (MAR – memoryaddressregister)que se comunica
b) RAM - o computador - ao HD. com a memória principal através do barramento de endereços.
c) cache - a CPU - à memória principal. O RDM e o REM alocam informações transferidas da RAM
d) BIOS - a CPU - à memória principal. para a Unidade Central de Processamento, mas o RDM guar-
e) RAM - o processador - ao HD. da a informação que está sendo transferida da RAM para a
UCP (leitura) ou da UCP para RAM (escrita). O REM guarda o
endereço de acesso a uma posição de memória ao se iniciar
a operação de leitura ou escrita. Em seguida, o endereço é
encaminhado à área de controle da RAM para decodificação
e localização da célula desejada.
RESPOSTA: “C”.
124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ULA é a Unidade Lógica e Aritmética que fica dentro Os barramentos são conexões que fazem a interliga-
da Unidade Central de Processamento e é responsável por ção de um componente com a placamãe. Como exemplos
realizar operações matemáticas e operações lógicas como de peças que se conectam àplaca-mãe pelos barramentos,
“E”, “OU”, “Não” e “Verdadeiro ou falso”. Respectivamente, podemos citar processador, memória, placa de som, vídeo,
essas operações são conhecidas pelos nomes e sigla em rede. Considerando o barramento de entrada e saída para
Inglês: “AND”, “NOT”, “OR”, “XOR”. nossa exemplificação, que é aquele onde conectamos dis-
A Unidade de Controle (UC) é um componente do pro- positivos de entrada e saída como placas de som e vídeo,
cessador responsável por gerar sinais elétricos que contro- os dados percorrem as vias da placa, chegam ao barramen-
lam outros componentes, como a ULA e os registradores. to e são levados do computador ao usuário ou do usuário
Armazena a posição de memória que contém a instrução ao computador.
que o computador está executando nesse momento. Envia
sinais elétricos para a ULA informando qual operação exe- RESPOSTA: “E”.
cutar (soma, divisão, AND, OR...), quais registradores forne-
cerão dados de entrada para ULA e qual será o registrador 15. (DPE/SP - AGENTE DE DEFENSORIA - ENGE-
que armazenará o resultado da operação. NHEIRO CIVIL – FCC/2013) - A placa-mãe é um dos
componentes críticos dos computadores, pois definirá
RESPOSTA: “D”. as limitações da máquina como um todo. Você deve
prestar muita atenção em uma série de detalhes na
13. (TRT 17ª REGIÃO (ES) - ANALISTA JUDICIÁRIO hora de escolher suamotherboard. Assinale a alternati-
- ENGENHARIA ELÉTRICA – CESPE/2013) - Com relação va correta sobre a placa- -mãe.
aos componentes, funcionamento e sistemas operacio- a) Compatibilidade com pentes de memória: se não
nais de microcomputadores, julgue os itens subsequen- houver compatibilidade com o barramento DRR, é pro-
tes. vável que dentro de poucos anos o componente fique
As memórias DRAM são voláteis e com acessos sín- estagnado, por não poder possibilitar mais upgrades.
cronos em relação ao clock da placa mãe. b) Pinagem do processador: os processadores ga-
( ) Certo nham a cada ano novas arquiteturas e por isso precisam
( ) Errado de novos slots nas placas-mãe. Hoje os fabricantes de
CPUs Intel e Asususam o topo da tecnologia conhecida
As memórias DRAM(DynamicRandom – AcessMemory) como Soquete 7.
são dinâmicas, pois possuem apenas um transistor por cé- c) Slots disponíveis para placas offboard: placas
lula, o que faz necessária a atualização constante da in- de vídeo offboard, placas de som e outros dispositivos
formação para que continue alocada. São voláteis, pois se exigem slots (geralmente APG, hoje raros são os dispo-
houver perda de energia, os dados que estiverem nela se- sitivos PCI-Express) disponíveis para a instalação. Sem
rão perdidos. Mas os acessos não são síncronos em relação eles, não há como fazer a comunicação entre placa of-
ao clock da placa mãe, pois a DRAM possui uma interface fboard e o sistema operacional que o reconhecerá.
assíncrona. d) Chipset: se você não quiser instalar placas de ví-
O clock é um sinal que coordena as ações de dois ou deo offboard, deve ficar ainda mais atento para esse
mais circuitos eletrônicos. No caso da placa mãe também é detalhe. O chipset é um conjunto de chips utilizado na
conhecido como clock externo e é ditado pelo processador. placa-mãe que realizam diversas funções de hardware,
Uma interface síncrona é aquela onde a leitura ou es- como controle dos barramentos, controle e acesso à
crita dos dados é sincronizada pelo clock do sistema ou do memória, processamento das informações gráficas on-
barramento. A DRAM é assíncrona, pois quando o proces- board etc. As placas-mãe com chipset ATI e Intel são
sador faz uma solicitação à memória e espera que ela res- muito utilizadas.
ponda, essa resposta pode não ser feita no sinal do clock. e) USB: se antes as USB 1.0 eram ultrapassadas,
agora os usuários devem tomar cuidado com as USB
RESPOSTA: “ERRADO”. 2.1, não que elas estejam sendo abandonadas, mas é re-
comendado que já sejam escolhidas as placas- -mãe
14. (TRT 15ª REGIÃO (CAMPINAS) - ANALISTA JUDI- com USB 3.1.
CIÁRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) -
Pode-se comparar a placamãe de um computador com O termo offboard quer dizer fora da placa, ou seja,
uma cidade, onde os prédios seriam os componentes é um recurso que não está presente na placa mãe, mas
como processador, memória, placas e discos e os bar- pode ser incluído a ela através de um soquete específico.
ramentos seriam No caso de placas onboard, o contrário ocorre, ou seja, a
a) os semáforos. maioria dos recursos do computador estão inseridos na
b) as ruas e avenidas. placa mãe através de chips que realizam a maior parte da
c) as represas. função de diversas placas e utilizam o restante dos recursos
d) os estacionamentos. da própria placamãe.
e) os acostamentos.
RESPOSTA: “D”.
125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
16. (AL/RN - TÉCNICO LEGISLATIVO - TÉCNICO EM HAR- 17. (AL/RN - TÉCNICO LEGISLATIVO - TÉCNICO EM
DWARE – FCC/2013) - A placa-mãe é responsável pela comuni- HARDWARE – FCC/2013) - Analise as ações a seguir:
cação entre os componentes do computador. Sobre ela analise: I. Ligar um computador com a chave da fonte sele-
I. Como atualmente a maior parte dos dispositivos do mi- cionada em 110 V, em uma tomada de 220 V.
cro são componentes onboard na placa-mãe, os fabricantes II. Instalar placas com o computador ligado.
de placas acabaram tornando-se a principal fonte de drivers. III. Ligar o computador com um processador
II. O componente básico da placa-mãe é o PCB, a placa Athlon sem o cooler e deixá-lo funcionando por algum
de circuito impresso onde são soldados os demais compo- tempo.
nentes. Embora apenas duas faces sejam visíveis, o PCB da IV. Ligar o computador com um pente de memória
placa-mãe é composto por um total de 40 a 100 placas. mal encaixado.
III. A maior parte dos componentes da placa, incluindo Na maioria dos casos, não haverá maiores conse-
os resistores, MOSFETs e chips em geral utilizam solda de quências (como a queima de componentes), na ação
superfície, por isso é muito fácil substituí-los manualmen- descrita APENAS em
te, basta saber quais são os componentes defeituosos. a) I e II.
IV. Os menores componentes da placa são os resisto- b) I e III.
res e os capacitores cerâmicos. Eles são muito pequenos, c) III e IV.
medindo pouco menos de um milímetro quadrado e por d) IV.
isso são instalados de forma automatizada e com grande e) II e IV.
precisão.
Está correto o que se afirma APENAS em Se um computador estiver ligado com seu pente de
a) IV. memória mal encaixado, o equipamento não corre muitos
b) I e II. riscos de queima, mas também não funcionará e podem ser
c) I e IV. diversos os problemas causados por este erro,dependendo
d) III e IV. da circunstância. É muito comum que a placa-mãe emita
e) II e III.
sinais sonoros em sequência específica para informar que
há um problema no pente de memória instalado nela.
Os drives são programas especialmente desenvolvidos para
fazer com que o hardware instalado, seja ele uma placa de som, ví-
RESPOSTA: “D”.
deo ou outra, seja reconhecido pelo sistema operacional e funcione
adequadamente. Nas placas onboard, os chips soldados a elas rea-
lizam a função de placas diversas. Quando compramos uma placa-
mãe onboard, o CD de instalação da placa já traz os drives, ou seja,
os programas de instalação de todos os chips que existem nela.
Os resistores e os componentes cerâmicos são componen-
tes eletrônicos, como demonstra a imagem a seguir, e são os
menores componentes da placa- -mãe.
RESPOSTA: “C”.
126
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Lei Complementar nº 79, de 27/04/2012 – Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins,
e adota outras providências. ............................................................................................................................................................................... 01
Lei nº. 2.578, de 20/04/2012 – Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Tocan-
tins, e adota outras providências....................................................................................................................................................................... 06
NORMAS PERTINENTES À PMTO
1
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 11. O Estado Maior é o responsável perante o Co- Art. 13. O Subchefe do Estado Maior substitui o Chefe
mandante Geral por ações de planejamento, estudo, orien- do Estado Maior em seus impedimentos legais e eventuais.
tação, coordenação, fiscalização e controle das atividades Parágrafo único. O Subchefe do Estado Maior é no-
da PMTO, cabendo-lhe a formulação de diretrizes, ordens meado por ato do Chefe do Poder Executivo mediante indi-
e normas gerais de ação do Comandante Geral no aciona- cação do Comandante Geral, dentre os Coronéis do QOPM
mento dos órgãos de apoio e de execução, no cumprimen- da Corporação e tem precedência funcional sobre os de-
to de suas missões. mais Policiais Militares, exceto sobre o Comandante Geral e
§1º O Estado Maior é composto pelas seguintes seções: o Chefe do Estado Maior.
I - 1a Seção (PM/1): responsável pelo planejamento de
matérias relativas à gestão profissional e à legislação; Seção III
II - 2a Seção (PM/2): responsável pelo planejamento Dos Órgãos de Apoio
das atividades de inteligência, contra-inteligência, guarda
e manutenção de documentos e arquivos sigilosos; e por Art. 14. São órgãos de apoio da PMTO:
confeccionar o boletim geral reservado da Corporação; I - Gabinete do Comandante Geral - GCG;
III - 3a Seção (PM/3): responsável pelo planeja- II - Academia Policial Militar Tiradentes - APMT;
mento dos assuntos relativos à articulação operacional, III - Ajudância Geral - AG;
à administração e ao controle das operações policiais mili- IV - Assessoria de Comunicação - ASCOM; V - Asses-
tares; e pelos estudos, doutrina e pesquisas relativas à pre- soria Jurídica - AJUR;
servação da ordem pública, ao policiamento ostensivo VI - Assessoria junto à Assembleia Legislativa - AAL;
e à padronização de procedimentos operacionais da VII - Assessoria junto à Prefeitura Municipal de Palmas
Corporação; - APMP;
IV - 4a Seção (PM/4): responsável pelo planejamento VIII- Assessoria junto à Secretaria da Segurança Pública
das matérias relativas à logística, à infraestrutura e ao con- - ASESP;
trole patrimonial da Corporação; IX - Assessoria junto à Secretaria do Trabalho e da As-
V - 5a Seção (PM/5): responsável pelo planejamento sistência Social - ASETAS;
das atividades de comunicação social, publicidade, relacio- X - Assessoria junto ao Ministério Público Estadual -
namento com a mídia, cerimonial, eventos e marketing AMP;
institucional; XI - Assessoria junto ao Tribunal de Contas do Estado
VI - 6a Seção (PM/6): responsável pelo planejamen- - ATCE;
to das matérias relativas ao orçamento e às finanças da XII - Assessoria junto ao Tribunal de Justiça do Estado
Corporação; - ATJ;
VII - 7a Seção (PM/7): responsável pelo planejamento XIII- Assessoria junto ao Departamento Estadual de
das matérias relativas: Trânsito - ADET;
a) às atividades de informática e telecomuni- XIV- Assessoria Técnica de Informática e Telecomuni-
cação; cações - ATIT;
b) à elevação da qualidade dos serviços, no XV - Capelania Militar - CAPMIL;
âmbito de suas atribuições, através da eficiência e da eco- XVI- Comissão de Promoção de Oficiais - CPO;
nomicidade das atividades administrativas e operacionais XVII- Comissão de Promoção de Praças - CPP;
da Corporação. XVIII- Comissão Permanente de Medalhas - CPM;
§2º O Chefe da PM/5 acumula a função de Assessor de XIX- Corregedoria Geral - CORREG;
Comunicação. XX - Diretoria de Apoio Logístico - DAL;
§3º O Chefe da PM/7 acumula a função de Asses- XXI- Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa - DEIP;
sor Técnico de Informática e XXII- Diretoria de Gestão Profissional - DGP;
Telecomunicações. XXIII- Diretoria de Orçamento e Finanças - DOF; XXIV-
Diretoria de Saúde e Promoção Social - DSPS;
Art. 12. O Chefe do Estado Maior é o principal assessor XXV- Núcleo Setorial de Controle Interno - NUSCIN.
do Comandante Geral, competindo-lhe a direção, orienta- §1º Os órgãos de apoio previstos nos incisos VI a VIII e
ção, coordenação e fiscalização dos trabalhos do Estado X a XIII deste artigo auxiliam o Comando Geral da Corpo-
Maior, cumulativamente com a função de Subcomandante ração quanto às matérias de interesse institucional, a cargo
Geral da PMTO. dos respectivos órgãos.
§1º O Chefe do Estado Maior substitui o Comandante §2º A assessoria de que trata o inciso IX deste artigo
Geral em seus impedimentos legais e eventuais. auxilia o Comando Geral junto ao Programa Pioneiros Mi-
§2º O Chefe do Estado Maior é nomeado por ato rins.
do Chefe do Poder Executivo mediante indicação do §3º A CAPMIL, regulada por ato do Chefe do Poder
Comandante Geral, dentre os Coronéis da ativa pertencen- Executivo, vincula-se diretamente ao Comando Geral na
tes ao QOPM e tem precedência funcional sobre os demais condição de órgão de assistência religiosa aos Militares,
Policiais Militares, exceto sobre o Comandante Geral. vedada a prática obrigatória de qualquer culto.
2
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 15. Ao GCG, diretamente subordinado ao Coman- II - tem precedência funcional sobre os demais Poli-
dante Geral, cabe a: ciais Militares, exceto sobre o Comandante Geral, o Chefe
I - assistência ao Comandante Geral, Chefe do Estado do Estado Maior e o Subchefe do Estado Maior.
Maior e Subchefe do Estado Maior, quanto ao assessora- §2º O QCG, a APMT e todos os Batalhões e Compa-
mento direto, imediato e de caráter pessoal no desempe- nhias Independentes da PMTO contam com corregedorias
nho de suas funções; locais, subordinadas aos respectivos comandantes e vincu-
II - intermediação de contatos com os órgãos ladas tecnicamente à Corregedoria Geral.
internos e externos.
Parágrafo único. O GCG é chefiado por um Oficial Su- Art. 25. A DAL é responsável pela execução, coordena-
perior da ativa da Corporação, de livre escolha do Coman- ção, fiscalização, acompanhamento e controle das matérias
dante Geral. relativas às atividades de suprimento e manutenção de ma-
terial, de obras e de patrimônio.
Art. 16. A APMT, vinculada tecnicamente à DEIP, é
responsável por formar, aperfeiçoar e especializar Oficiais Art. 26. A DEIP é responsável pelo planejamento, exe-
e Praças da Corporação e de coirmãs. cução, coordenação, fiscalização, acompanhamento e con-
Parágrafo único. Podem ser criados, por ato do Co- trole das matérias relativas ao ensino, instrução e pesquisa
mandante Geral, Núcleos de Formação, Aperfeiçoamento desenvolvidos na Corporação.
e Especialização - NFAE nas Unidades da Corporação, vin-
culados à DEIP. Art. 27. Cabe à DGP:
I - a execução, a coordenação, a fiscalização, o acom-
Art. 17. A AG é responsável pela administração do panhamento e o controle das matérias relacionadas aos
Quartel e da Banda de Música do profissionais em trabalho na Corporação;
Comando Geral e pela coordenação das demais Ban- II - o assessoramento de Comissões;
das de Músicas. III - a identificação e a expedição da identidade funcio-
nal dos Policiais Militares.
Parágrafo único. O Ajudante Geral acumula a função de
Comandante do Quartel do
Art. 28. A DOF é responsável pela execução, coordena-
Comando Geral - QCG.
ção, fiscalização, acompanhamento e controle das matérias
relativas às atividades de administração financeira, orça-
Art. 18. A ASCOM é responsável pela execução das
mentária e contábil da Corporação.
atividades de comunicação social, publicidade, relaciona-
mento com a mídia, cerimonial, eventos e marketing ins-
Art. 29. A DSPS é responsável pela execução, coorde-
titucional.
nação, fiscalização, acompanhamento e controle das ma-
térias relativas aos serviços de saúde e à promoção social
Art. 19. A AJUR é órgão de assessoramento direto e dos Policiais Militares estaduais ativos e inativos, seus de-
imediato ao Comandante Geral. pendentes e pensionistas, cabendo- lhe manter a DGP per-
manentemente informada das situações de afastamentos
Art. 20. A ATIT é responsável pela execução das maté- de Policiais Militares.
rias relativas à informática e às telecomunicações. Parágrafo único. A Junta Militar Central de Saúde -
JMCS, composta por Oficiais do Quadro de Saúde ou por
Art. 21. A CPO é responsável pelas matérias relativas profissionais civis, subordinada DSPS, é responsável pela
à promoção de Oficiais. Art. 22. A CPP é responsável pelas execução das inspeções de saúde de interesse da PMTO.
matérias relativas à promoção de Praças.
Art. 23. A CPM é responsável pelas matérias relativas à Art. 30. O NUSCIN, órgão de assessoramento direto ao
concessão de medalhas no âmbito da Corporação. Comandante Geral, é responsável pelas providências refe-
rentes à defesa do patrimônio público no âmbito da Cor-
Art. 24. A CORREG, órgão técnico subordinado ao Co- poração.
mandante Geral, com atuação em todo Estado, tem por
finalidade: Art. 31. Cabe ao Comandante Geral instituir assesso-
I - assegurar a correta aplicação da lei; rias e comissões, de caráter temporário, que se tornem ne-
II - padronizar os procedimentos de Polícia Judiciária cessárias ao desenvolvimento dos serviços da Corporação,
Militar e de processos e procedimentos administrativos desde que não impliquem aumento de despesa.
disciplinares;
III - realizar correições e fiscalizações; Art. 32. As funções de diretores e chefes da Seção do
IV - garantir a preservação dos princípios da hierarquia Estado Maior são exclusivas do posto de Coronel ou Tenen-
e disciplina da Corporação. te-Coronel do QOPM.
§1º O Corregedor Geral: Parágrafo único. A DSPS é dirigida por um Coronel ou
I - é escolhido e nomeado pelo Comandante Geral Tenente-Coronel do QOS ou, excepcionalmente, do QOPM.
dentre os Coronéis do QOPM;
3
NORMAS PERTINENTES À PMTO
4
NORMAS PERTINENTES À PMTO
4.Quadro de Oficiais de Administração - QOA: formado III- QOE: exercer as atividades técnico-administrativas
por Oficiais habilitados em Curso de Habilitação de Oficiais inerentes a habilitação específica e assistência religiosa
de Administração, admitidos mediante seleção específica, para os Oficiais Capelães, além de outros encargos pró-
dentre os Subtenentes e Sargentos do QPPM habilitados prios da carreira militar;
em Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, podendo al- IV- QOA: exercer as atividades administrativas defini-
cançar o Posto de Major PM; das no Quadro de Organização e Distribuição do Efetivo -
5.Quadro de Oficiais Músicos - QOM: formado por Ofi- QOD, além de outros encargos próprios da carreira militar;
ciais habilitados em Curso de Habilitação de Oficiais Músi- V- QOM: sem prejuízo da execução da habilidade ins-
cos, admitidos mediante seleção específica, dentre os Sub- trumental, chefiar atividades administrativas e exercer a re-
tenentes e Sargentos do QPE, podendo alcançar o Posto gência nas bandas de música, funções definidas no QOD,
de Major PM; além de outros encargos próprios da carreira militar.
b) as Praças do:
1. Quadro de Praças Especiais Policiais Militares - QPES: Art. 44. O efetivo da PMTO é fixado em lei.
constituído pelos Aspirantes a
Oficiais e Cadetes; Art. 45. Respeitado o efetivo fixado em lei, cabe ao
2.Quadro de Praças Policiais Militares - QPPM: cons- Chefe do Poder Executivo aprovar o
tituído por Praças da carreira de combatentes, admitidos QOD.
mediante concurso público para ingresso na Graduação de
Soldado PM, podendo alcançar a Graduação de Subtenen- CAPÍTULO III
te PM; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FI-
3.Quadro de Praças Especialistas - QPE: constituído por NAIS
Praças, admitidas mediante concurso público específico, na
área técnica de música, para ingresso na Graduação de Sol- Art. 46. O Comandante Geral pode utilizar, na forma da
dado PM, podendo alcançar a Graduação de Subtenente lei, o profissional civil necessário aos serviços gerais e de
natureza técnica ou especializada.
PM;
4.Quadro de Praças de Saúde - QPS: constituído
Art. 47. Ato do Chefe do Poder Executivo, mediante
por Praças, admitidas mediante concurso público espe-
proposta do Comandante Geral, pode dispor sobre a cria-
cífico, na área técnica de enfermagem e de radiologia, e
ção, transformação, extinção, denominação, localização e
outras especialidades técnicas de saúde, para ingresso
estruturação dos órgãos da PMTO, de acordo com a orga-
na Graduação de Soldado PM, podendo alcançar até a
nização básica prevista nesta Lei e dentro dos limites fixa-
Graduação de Subtenente PM;
dos na lei de efetivos.
II - o pessoal inativo:
a) da reserva remunerada: Oficiais e Praças transferi-
Art. 48. A Casa Militar é regida por legislação especial.
dos para a reserva remunerada;
b) reformados: Oficiais e Praças reformados.
§1º Os Oficiais integrantes do Quadro de Especialistas Art. 49. Cabe aos chefes, diretores, assessores ou co-
e do Quadro de Administração, juntamente com as Pra- mandantes de UPM propor ao Comandante Geral, em no-
ças do Quadro de Praças Especialistas, podem, a critério venta dias, o regulamento dos serviços do respectivo órgão
do Comando Geral e mediante planejamento próprio, ser de direção, apoio ou execução.
instruídos, mobilizados, colocados de prontidão ou con-
vocados para trabalhos específicos, desde que recebam o Art. 50. Os meios de comunicação oficial da PMTO são
treinamento necessário. o Boletim Geral e o Boletim
§2º A carreira dos Oficiais pertencentes ao QOS pode Reservado.
alcançar o Posto de: Parágrafo único. Ato do Comandante Geral dispõe so-
I -Coronel, para os Oficiais com formação bre o detalhamento do conteúdo da publicação de cada
superior nas áreas de Medicina e boletim de que trata este artigo.
Odontologia;
II -Major, para os Oficiais com formação superior nas Art. 51. Revoga-se a Lei Complementar 44, de 3 de abril
demais áreas. de 2006. Art. 52. Esta Lei entra em vigor na data de sua
§3º Compete aos Oficiais do: publicação.
I -QOPM: realizar o comando, a chefia e a di- Palácio Araguaia, em Palmas, aos 27 dias do mês
reção dos órgãos que compõem a estrutura organizacional de março de 2012; 191º da
da PMTO; Independência, 124º da República e 24º do Estado.
II - QOS: realizar os serviços respectivos de cada habi-
litação na área da saúde além de outros encargos próprios JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS
da carreira militar; Governador do Estado
5
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 4º Os militares, em razão da destinação constitu- Art. 10. Para os efeitos desta Lei, adotam-se as seguin-
cional da Corporação, e em decorrência das leis vigentes, tes conceituações:
constituem categoria de agente público estadual, denomi- I - Comandante: é o título genérico dado ao militar
nado militar, na conformidade do art. 42 da Constituição estadual, correspondente ao de diretor, chefe ou outra de-
Federal. nominação que venha a ter aquele que, investido de auto-
Parágrafo único. Os militares estaduais encontram-se ridade decorrente de leis e regulamentos, for responsável
em uma das seguintes situações: I - na ativa: pela administração, emprego, instrução e disciplina de uma
a) militares estaduais de carreira; Organização Militar (OM);
II - Missão, Tarefa ou Atividade: é o dever advindo de
b) integrantes da reserva remunerada, quan- uma ordem específica de comando, direção ou chefia;
do convocados; II - na inatividade: III - Corporação: é a denominação dada, nesta Lei, à
a) reserva remunerada, quando recebam proventos Polícia Militar do Estado do Tocantins - PMTO e ao Corpo
do Estado, sujeitos à prestação de serviços na ativa, me- de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins- CBMTO;
diante aceitação voluntária, após convocação; IV - Organização Militar - OM: é a denominação dada
b) reformados, quando, tendo passado por uma das à Unidade Policial Militar - UPM e à Unidade de Bombeiro
situações anteriores, estejam dispensados definitivamente Militar - UBM, administrativa ou operacional, da Corpora-
da prestação de serviço na ativa, mas continuam a receber ção incluídas suas subunidades;
proventos do Estado. V - Sede: é todo o território do município no qual se
localizem as instalações administrativas de uma OM;
6
NORMAS PERTINENTES À PMTO
7
NORMAS PERTINENTES À PMTO
§ 2º O exame de capacidade física, de caráter eliminató- § 10. As vagas para ingresso na Corporação, destinadas
rio, consiste em exercícios variados, por sexo, estabelecidos ao sexo feminino, são limitadas a 10% do total disponibiliza-
no edital do concurso, que permitam avaliar a capacidade do no concurso público.
de realização de esforços e a resistência à fadiga física dos *§ 11. O disposto nos incisos III e IV do caput deste ar-
candidatos. tigo não se aplica a candidato já pertencente a Quadro da
§ 3º A avaliação de saúde, de caráter eliminatório, consis- Corporação.
te em exames médicos, testes clínicos e exames laboratoriais, *§11 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
estabelecidos no edital do concurso, à custa do candidato. 3/12/2014.
§ 4º A avaliação psicológica: § 11. O disposto no inciso IV do caput deste artigo não
I - de caráter eliminatório, consiste em avaliação obje- se aplica ao candidato pertencente aos Quadros da Corpo-
tiva e padronizada das características cognitivas e de per- ração.
sonalidade dos candidatos, mediante emprego de técnicas *§ 12 O disposto no inciso V do caput deste artigo não
científicas, admitindo-se testes de personalidade, de se aplica aos candidatos já aprovados ou classificados em
inteligência, inventários e questionários, na conformidade concurso público realizado até à data de vigência desta Lei.
do edital do concurso; *§12 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
II - é destinada a identificar os traços de personalidade 3/12/2014.
incompatíveis com os critérios de inclusão na Corporação, § 12. A idade fixada no inciso III do caput deste artigo
fundados nas exigências funcionais e comportamentais do para o candidato pertencente aos Quadros da Corporação
cargo a ser ocupado. é de 32 anos.
*§ 5º. O exame toxicológico, estabelecido no caput § 13. A regra estabelecida no §10 deste artigo não
deste artigo, é de caráter confidencial e realizado às custas se aplica aos Quadros de
do candidato. Especialistas e de Saúde.
*§5º com redação determinada pela Lei nº 3.126, de § 14. O acesso inicial ao Quadro de Oficiais Policiais Mili-
25/08/2016 tares - QOPM e ao Quadro de Oficiais Bombeiros Militares -
§ 5º O candidato à graduação de Soldado PM/BM tem QOBM se dá na graduação de Cadete que, após a conclusão
como fase do certame o Curso de Formação de Soldados de e aprovação no Curso de Formação de Oficiais, é declarado
caráter classificatório e eliminatório. Aspirante a Oficial.
§ 6º Para os efeitos do §4o deste artigo, são considera- § 15. O acesso inicial aos Quadros de Oficiais de Saúde e
dos traços de personalidade incompatíveis para inclusão na Especialistas -QOS se dá na graduação de Aspirante a Oficial.
Corporação: *§ 16. O acesso inicial aos Quadros de Praças se dá na
I - descontrole emocional; designação hierárquica de
II - descontrole da agressividade; III - descontrole da Aluno-Soldado.
impulsividade; *§16 com redação determinada pela Lei nº 3.126, de
IV - alterações acentuadas da afetividade; 25/08/2016
V - oposicionismo às normas sociais e figuras § 16. O acesso inicial aos Quadros de Praças se dá na
de autoridade; graduação de Soldado.
VI - dificuldade acentuada para estabelecer contato in- § 17. Não pode ingressar na Corporação e dela é demi-
terpessoal; tido o candidato que tenha exercido atividades prejudiciais
VII - funcionamento intelectual abaixo da média, ou danosas à segurança pública ou à segurança nacional.
associado a prejuízo no comportamento adaptativo e *§ 18. Os alunos dos cursos de formação são submeti-
desempenho deficitário de acordo com idade e grupamento dos à investigação social, de caráter eliminatório, podendo
social; ser demitidos, se não possuírem procedimento e idoneidade
VIII -distúrbio acentuado da energia vital, de forma a moral irrepreensíveis, nos termos do respectivo edital.
comprometer a capacidade para ação, com depressão ou *§18 com redação determinada pela Lei nº 3.126, de
elação acentuadas. 25/08/2016
*§ 7º. Após o ingresso, o militar é submetido a curso de § 18. O candidato é submetido à investigação social, de
formação ou habilitação específico. caráter eliminatório, que se realiza durante o processo se-
*Inciso 7º com redação determinada pela Lei nº 3.126, de letivo, até o término do respectivo Curso de Formação ou
25/08/2016 Habilitação, podendo vir a ser eliminado do concurso ou
§ 7º Após o ingresso, o militar é submetido a curso de demitido, se não possuir procedimento e idoneidade moral
formação ou habilitação específico, exceto quando se tratar irrepreensíveis, nos termos do respectivo edital.
de concurso para a graduação de Soldado. § 19. Ao candidato regularmente matriculado no Curso
§ 8º O militar reprovado no curso de que trata o §7º, de Formação de Soldados, dentro do número de vagas pre-
deste artigo, é exonerado da visto no respectivo edital, é fornecido, durante o período do
Corporação ou reconduzido ao posto ou graduação an- curso de formação profissional, o auxílio-financeiro de R$
terior. 800,00. (Revogado pela Lei nº 3.126, de 25/08/2016)
§ 9º A exoneração ou recondução prevista no parágrafo Art. 12. O exercício das funções militares é privativo do
anterior é precedida de sindicância instaurada para apurar militar de carreira.
os fatos que ensejaram a reprovação, assegurados o contra-
ditório e a ampla defesa.
8
NORMAS PERTINENTES À PMTO
9
NORMAS PERTINENTES À PMTO
§ 2º No caso de ser igual a antiguidade referida no caput I - assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das
deste artigo, a antiguidade é estabelecida: ordens, das regras de serviço e das normas operativas pelas
I - entre os militares do mesmo quadro, mediante praças que lhe estiverem diretamente subordinadas;
classificação final e geral do respectivo curso de formação II - a manutenção da coesão e do moral das mesmas
ou habilitação; praças, em todas as circunstâncias.
II - nos demais casos, com base nos postos ou nas gra-
duações anteriores. No desempate da antiguidade, recorre-se, Art. 23. Os cabos e soldados desempenham, essencial-
sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data da in- mente, atividades de execução.
clusão e à data de nascimento para definir a precedência e, neste
último caso, os mais velhos serão considerados mais antigos; Art. 24. Às Praças Especiais cabe a rigorosa observância
III - entre os alunos dos cursos de formação ou habilitação das prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes,
de oficiais e de formação ou habilitação de soldados, de acor- exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendiza-
do com a ordem classificatória do respectivo concurso, válida do técnico-profissional.
para o primeiro ano do curso, e, nos demais anos, conforme
classificação prevista no regulamento do órgão de formação. Art. 25. Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação: decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
I - os militares da ativa têm precedência sobre os inativos; praticar, atendido o art. 38 do Código Penal Militar.
II - a precedência entre os militares da ativa e os da reser-
va que estiverem convocados é definida pelo tempo de efetivo CAPÍTULO IV
serviço no posto ou na graduação. DO CARGO E DA FUNÇÃO MILITAR ESTADUAL
Art. 17. A precedência entre as praças especiais e as de- Art. 26. Cargo militar é aquele que só pode ser exercido
mais praças é assim regulada: I - os Aspirantes a Oficial PM por militar em serviço ativo.
são hierarquicamente superiores às demais praças; § 1º O cargo militar a que se refere este artigo é o que se
II - o aluno do Curso de Formação de Oficiais é hie- encontra especificado no Quadro de Organização, ou pre-
rarquicamente superior ao Subtenente; visto, caracterizado ou definido como tal, em outras dis-
III - o aluno do Curso de Habilitação de Oficiais tem pre- posições legais.
cedência hierárquica sobre o § 2º A cada cargo militar corresponde um conjunto de
Subtenente, restrita ao período do curso; atribuições, deveres e responsabilidades que se constituem
IV - o praça do Curso de Formação ou Habilitação de Ca- em obrigações do respectivo ocupante.
bos e de Sargentos tem precedência hierárquica sobre seus § 3º As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser
pares, restrita ao período do curso. compatíveis com o correspondente grau hierárquico e defini-
das em legislação ou regulamentação específica.
Art. 18. A Corporação mantém um assento individual no
qual são registrados todos os dados referentes ao seu pessoal Art. 27. Considera-se vago o cargo ocupado por militar
da ativa e da reserva. extraviado ou desertor.
Art. 19. Os Alunos Oficiais são declarados Aspirantes a Ofi- Art. 28. Função militar é o exercício das obrigações ineren-
cial pelo Comandante-Geral da Corporação. tes ao cargo militar.
Parágrafo único. O aspirantado é o estágio probatório do Oficial.
Art. 29. Dentro de uma mesma organização militar, a se-
Seção Única quência de substituições, bem como as normas, atribuições e
Do Comando e da Subordinação responsabilidades relativas, são estabelecidas na legislação es-
pecífica, respeitadas a precedência e as qualificações exigidas
Art. 20. A subordinação não afeta a dignidade do militar e de- para o exercício de suas funções.
corre, exclusivamente, da estrutura hierarquizada da Corporação.
Art. 30. A contar da data da nomeação, o Oficial do último
Art. 21. O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o posto da Corporação que tenha ocupado cargo, pelo período
exercício do Comando, da de dois anos, de Comandante-Geral, Chefe do Estado Maior
Chefia e da Direção das organizações militares. ou Chefe da Casa Militar não é obrigado a exercer, na Corpo-
ração, cargo ou função hierarquicamente inferior, podendo ser
Art. 22. Os Subtenentes e os Sargentos auxiliam e com- empregado em outro órgão da estrutura do Estado.
plementam as atividades dos Oficiais, quer no treinamento e
no emprego dos meios, quer na instrução e na administração, Art. 31. As obrigações que, pela generalidade, pecu-
podendo, também, ser empregados na execução de atividade- liaridade, duração, vulto ou natureza, não sejam catalogadas
fim da Corporação. como posições tituladas em Quadro de Organização, ou em
Parágrafo único. No exercício das atividades mencionadas outro dispositivo legal, são cumpridas como encargo, incum-
neste artigo, e no comando de subordinados, os Subtenentes bência, comissão, serviço ou atividade militar ou de natureza
e Sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e militar.
pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes:
10
NORMAS PERTINENTES À PMTO
11
NORMAS PERTINENTES À PMTO
12
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 38. A violação das obrigações, dos preceitos ou dos Art. 42. Transgressão disciplinar é a infração adminis-
deveres militares constitui crime ou transgressão discipli- trativa caracterizada pela violação aos preceitos ou deveres
nar na conformidade da legislação ou regulamentação da ética inerentes à atividade militar, incorrendo o autor nas
específica. sanções previstas nesta Lei.
Parágrafo único. A violação a que se refere este artigo é § 1º A infração administrativa prescreve, desde a
tão mais grave quanto mais elevado o grau hierárquico do data do conhecimento pela
infrator. Administração Pública da ocorrência do ato ou do fato,
em: I - um ano a transgressão leve;
Art. 39. A inobservância dos deveres previstos em leis e II - dois anos a transgressão média; III - cinco anos a
regulamentos ou a falta de exação no cumprimento deles transgressão grave.
acarreta, para o militar, responsabilidade funcional, pecuniá- § 2º A instauração de processo disciplinar interrompe a
ria, disciplinar ou penal, na conformidade da legislação es- prescrição da infração administrativa.
pecífica.
Parágrafo único. A apuração da responsabilidade admi- Art. 43. O julgamento do infrator deve ser precedido de
nistrativa ou penal pode concluir pela incompatibilidade do exame e de análise que considerem:
militar com o cargo e pela incapacidade para o exercício das I - seus antecedentes;
funções militares a ele inerentes. II - as causas determinantes da transgressão;
III - a natureza dos fatos ou dos atos que a constituir;
Art. 40. São competentes para instaurar ou determinar a IV- as consequências advindas ou que dela possam ad-
instauração de sindicância, e aplicar as sanções disciplinares, vir. Art. 44. São transgressões de natureza leve:
as seguintes autoridades: I - deixar de prestar a informação que lhe couber em
I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os procedimentos administrativos; II - deixar de comunicar ao
integrantes das Corporações superior hierárquico a execução de ordem deste recebida;
Militares Estaduais, as sanções previstas nesta Lei; III - usar ou portar, em serviço, armamento não regula-
II - o Comandante-Geral, em relação a todos que lhe mentado ou determinado, salvo se autorizado pelo coman-
forem funcionalmente subordinados, as sanções previstas dante ou chefe direto;
nesta Lei, exceto a demissão de oficial; IV - dirigir-se ao Chefe do Poder Executivo ou autorida-
III - o Chefe do Estado Maior, em relação a todos de militar sem obediência à cadeia de comando acerca de
militares que lhe forem funcionalmente subordinados, as assuntos institucionais;
sanções disciplinares até trinta dias de prisão; V - comparecer fardado em reuniões de cará-
IV - o Corregedor-Geral, em relação a todos militares ter político, exceto quando em serviço; VI - conversar ou
sujeitos a esta Lei, exceto o Comandante-Geral, o Chefe do fazer ruído em ocasião ou em horário impróprios;
Estado Maior, o Subchefe do Estado Maior e todos os inte- VII - deixar de encaminhar à autoridade competente,
grantes da Casa Militar, as sanções disciplinares até trinta dias por via hierárquica e com presteza, documento que haja re-
de prisão; cebido cujo exame não seja de sua competência;
V - o Secretário-Chefe e o Subchefe da Casa Militar, em VIII- chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou de
relação a todos os militares que lhe forem funcionalmente instrução, ou a solenidade para a qual tenha sido designado;
subordinados, as sanções disciplinares previstas nesta Lei, ex- IX - descuidar do asseio próprio ou do local do trabalho;
ceto a demissão de oficial; X - deixar de içar ou arriar a bandeira ou insíg-
VI - o Diretor, o Subdiretor, o Chefe de Seção do Estado nia nos horários determinados; XI - quando em serviço ou
Maior, os Comandantes ou Subcomandantes de OM, em re- fardado, faltar aos preceitos da civilidade;
lação a todos os militares que lhes forem funcionalmente su- XII - causar alarde injustificável.
bordinados, as sanções disciplinares até trinta dias de prisão.
Art. 45 São transgressões de natureza média:
Art. 41. São competentes para a instauração de Conselho I - concorrer para a discórdia ou desarmonia entre mi-
de Justificação e de Conselho de Disciplina e para determi- litares ou cultivar ou incentivar a inimizade entre integrantes
nar o imediato afastamento do acusado do exercício de suas da Corporação;
funções: II - deixar de punir o transgressor ou de comunicar a
I - o Chefe do Poder Executivo, em relação a todos os autoria da transgressão da disciplina;
militares estaduais; III - dificultar ao subordinado a apresentação de recurso
II - o Comandante-Geral da Corporação e, na falta ou disciplinar;
impedimento deste, o Chefe do Estado Maior, em relação a IV - deixar de participar, em tempo hábil, à autoridade
todos os militares que lhe forem funcionalmente subordina- competente a impossibilidade de comparecer a qualquer
dos; ato de serviço ou instrução;
III - o Secretário-Chefe da Casa Militar, em relação a to- V - faltar a qualquer ato de serviço e de instrução ou a
dos os militares que lhe forem funcionalmente subordinados. solenidade para a qual tenha sido designado;
13
NORMAS PERTINENTES À PMTO
VI - quando de folga, frequentar lugares incompatíveis XXVIII- retirar-se da presença de superior hierárqui-
com o decoro da classe ou da sociedade; co sem sua permissão, deixar de saudá-lo militarmente,
VII - não atender à solicitação do pessoal de serviço no bem como deixar o superior de corresponder às
sentido de mostrar o conteúdo de embrulho ou de qual- homenagens e sinais de respeito a ele dirigidas;
quer objeto que esteja portando no interior do quartel; XXIX- sobrepor ao uniforme ou ao próprio corpo ade-
VIII - conduzir viatura militar, sem pertencer ao qua- reço não autorizado ou não regulamentado pela Corpora-
dro de motoristas ou pilotos da Corporação ou sem farda- ção ou, ainda, usar indevidamente distintivos, medalhas
mento, salvo em situação de comprovada necessidade ou ou condecorações;
por ordem superior; XXX- utilizar de qualquer meio de comunicação para
IX - desconsiderar autoridade civil ou militar, ou des- transmitir mensagem ou imagem ofensiva à moral ou à
respeitar qualquer agente público no exercício de suas fun- dignidade de qualquer pessoa ou de integrante de qual-
ções; quer instituição;
X - deixar de devolver, ao final do serviço, o armamen- XXXI- conduzir viatura militar sem possuir habilitação
to ou equipamento que lhe tenha sido entregue; específica, salvo estado de necessidade;
XI - permutar serviço sem permissão da autoridade XXXII- deixar de conferir, no início e no final do serviço,
competente; o armamento ou o equipamento sob sua responsabilidade;
XII - dar entrevista, publicar ou fornecer dados sobre XXXIII- conduzir ou transportar bem pertencente ao
assuntos institucionais, sigilosos ou não, sem autorização Estado com imprudência, negligência ou imperícia, ou sem
superior; autorização.
XIII -negar-se a receber, injustificadamente, equipa-
mento ou qualquer outro objeto que lhe seja destinado ou Art. 46 São transgressões de natureza grave:
deva ficar sob sua responsabilidade; I - abandonar o serviço ou sua área de circunscrição
XIV -autorizar ou determinar ao subordinado atribui- sem motivo ou sem prévia autorização da autoridade com-
ções estranhas ao cargo que ocupe, exceto em situações petente;
transitórias, no interesse público;
II - fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade no
XV - distribuir ou divulgar publicações, estampas ou
âmbito da Corporação; III - exercer sua função de forma
objetos que atentem contra a disciplina ou a moral;
fraudulenta, por ato comissivo ou omissivo;
XVI -abrir ou tentar abrir local de entrada não permiti-
IV - ameaçar, induzir ou instigar alguém a que não
da, ou nele adentrar ou permitir adentrar sem autorização;
declare a verdade em procedimento administrativo, civil ou
XVII- demonstrar desídia, imperícia, imprudência ou
penal;
negligência no desempenho de ato de serviço ou instru-
V - exercer ou administrar, o militar em servi-
ção;
XVIII- atrasar injustificadamente a chamada ou brado ço ativo, outra atividade profissional:
para atendimento de ocorrência; XIX - extrapolar, sem jus- a) legalmente vedada ou incompatível com a
tificação prévia, o prazo de entrega ou conclusão de pro- profissão de Militar Estadual;
cesso b) que cause prejuízo ao serviço;
ou procedimento administrativo; c) com emprego de bens do Estado;
XX- portar-se de modo inconveniente, qualquer que VI - utilizar-se de profissionais ou recursos logísticos
seja o local, deixando de observar os princípios da boa da Administração ou sob sua responsabilidade a fim de
educação e da moral, em desprestígio da Corporação; atender a interesses pessoais ou de terceiros;
XXI- utilizar indevidamente, ou permitir o uso indevido, VII - aconselhar ou concorrer para que não seja cum-
de qualquer meio de comunicação pertencente à Corpo- prida qualquer ordem emanada de autoridade competen-
ração; te, ou para que seja retardada a sua execução;
XXII- falar ao celular quando na direção de viatura mi- VIII - não cumprir ordem recebida;
litar; IX - emitir ordem de que saiba ser impossível a sua
XXIII- conduzir ou transportar, em veículos pertencen- execução, ou esquivar-se de explicitá-la ou fornecê-la por
tes à Corporação, passageiro ou carga em desconformi- escrito, quando necessário;
dade com as normas de trânsito, ressalvadas as situações X - permitir que preso sob sua custódia conserve em
transitórias de interesse público; seu poder telefone ou instrumento que possa danificar a
XXIV- retardar ou prejudicar o serviço de polícia judi- prisão, ou outro objeto de que possa se valer para a prática
ciária militar, processo ou procedimento administrativo; de ilicitude;
XXV- violar ou deixar de preservar o local de crime ou XI - não se apresentar, pronto para o serviço, ao fim
acidente; de licença, férias, dispensa do serviço, afastamento médico,
XXVI- retardar, sem justo motivo, a execução de ordem ou após saber da cassação ou suspensão de que qualquer
de superior hierárquico; delas;
XXVII - apresentar-se o militar, em qualquer situação, XII - representar a Corporação ou a Unidade em que
mal uniformizado, com o uniforme alterado, desfalcado sirva sem autorização;
ou com apresentação diferente da prevista, contrariando o XIII - efetuar, em folha de pagamento, desconto
Regulamento de Uniforme, norma a respeito ou determi- não autorizado ou determiná-lo, quando para isso com-
nação superior; petente, fora das previsões legais e regulamentares;
14
NORMAS PERTINENTES À PMTO
XIV - usar de força desnecessária ou de violência XXXVII- publicar ou encaminhar para publicação, em qual-
física ou verbal, em ato de serviço ou não, maltratando, hu- quer meio de comunicação, matéria que denigra a imagem de
milhando, constrangendo ou infamando qualquer pessoa, outro militar ou que atente contra a hierarquia ou a disciplina;
ou deixar que alguém o faça; XXXVIII- elaborar o bombeiro militar projeto contra incên-
XV - deixar de prestar auxílio, quando necessário ou dio e pânico, ou de qualquer forma concorrer para sua apre-
solicitado, em desastre e acidentes ou em prisão de de- sentação, ou, ainda, usar de seu cargo para facilitar-lhe a apro-
linquente, tendo condições de fazê-lo ainda que de folga; vação em favor de outrem.
XVI - dirigir-se ou referir-se de forma desrespeitosa a
superior hierárquico, censurar- lhe ato ou procurar descon- Art. 47. Ao aluno de qualquer curso ou estágio apli-
siderá-lo em círculo militar ou entre civis; cam-se supletivamente as disposições disciplinares previstas
XVII - provocar ou desafiar superior, par ou subordina- no estabelecimento de ensino em que estiver matriculado.
do com palavras ofensivas, gestos ou ações incompatíveis
com a camaradagem reinante entre os militares; Art. 48. Além das infrações previstas no art. 46 desta Lei,
XVIII - promover escândalo ou nele envolver-se, com- constituem transgressões graves as condutas que violem os
prometendo a respeitabilidade da preceitos e deveres éticos especificados neste Estatuto.
Corporação ou de seus integrantes;
XIX - promover ou participar de luta corporal com Art. 49. A classificação das transgressões definidas nos arts.
outro militar, salvo em instrução ou atividades desportivas 44, 45, 46 e 48 pode, motivadamente, ser alterada, em decor-
pertinentes; rência de qualquer das situações fixadas no art. 43 desta Lei.
XX - introduzir ou consumir bebidas alcoólicas, ou
comparecer embriagado em quartel ou áreas militares; CAPÍTULO VIII
XXI - consumir ou induzir alguém a consumir bebi- DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES
da alcoólica, estando em serviço ou fardado, em qualquer
local; Seção I
XXII - valer-se do cargo para lograr proveito Das Espécies
pessoal ou para terceiro;
XXIII - extraviar ou danificar, dolosa ou culposamente, Art. 50. São processos administrativos disciplinares no
ou não ter o devido zelo com qualquer material pertencen- âmbito da Corporação:
te à Fazenda Pública; I - a sindicância;
XXIV - utilizar-se de forma abusiva dos bens perten- II - os Conselhos de Justificação ou de Disciplina.
centes à Fazenda Pública; XXV - exigir ou solicitar qual-
quer espécie de donativo pelo serviço executado; Seção II
XXVI - receber ou permitir que subordinado receba, em Da Sindicância
qualquer local de ocorrência policial ou de atendimento a
incêndio, desabamento, inundação ou outro serviço de so- Art. 51. A sindicância é o procedimento pelo qual a
corro, quaisquer objetos ou valores, ainda que doados pelo Administração Militar apura as transgressões disciplinares
proprietário ou responsável; do militar, impondo-lhe penalidades, assegurados a ampla
XXVII - andar ostensivamente armado em trajes civis; defesa e o contraditório.
XXVIII -envolver-se em negócios ilegais ou imorais; Parágrafo único. Procede-se, igualmente, por sindicân-
XXIX - fazer, promover, participar ou instigar mani- cia a apuração, de natureza investigatória, dos elementos
festação de caráter coletivo contrário aos princípios re- de convicção para a promoção post-mortem, invalidez per-
gentes da vida militar; manente ou bravura.
XXX - deixar de comunicar os ilícitos de que tiver co-
nhecimento e não lhe caiba promover os atos de repressão; Art. 52. As peças da sindicância devem ser escritas, nu-
XXXI - quando em horário de serviço, dirigir-se a luga- meradas e rubricadas pelo sindicante, obedecida a seguin-
res incompatíveis com o decoro da classe e da sociedade, te ordem cronológica:
salvo em razão do serviço; I - instauração;
XXXII - deixar de apresentar-se, após o trânsito, à Uni- II - autuação;
dade para a qual tenha sido transferido ou classificado, III - citação do sindicado;
desde que o fato não tipifique crime de deserção; IV - interrogatório do sindicado;
XXXIII- quebrar a cadeia de comando; V - defesa preliminar em três dias úteis;
XXXIV- perder injustificadamente a chamada ou o VI - instrução;
brado para atendimento de ocorrência; VII - alegações finais em cinco dias úteis;
XXXV - simular doença para esquivar-se de cumprir sua VIII - relatório do Sindicante;
função, ou ordem recebida, ou a fim de retardar procedi- IX - solução;
mento administrativo ou inquérito policial militar; X - enquadramento, quando violada a norma
XXXVI- facilitar a utilização por outrem ou utilizar-se sancionadora.
de meios ilegais, imorais, fraudulentos ou não permitidos,
para se beneficiar em curso, instrução, concurso ou seleção;
15
NORMAS PERTINENTES À PMTO
§ 1º O Sindicante, para a formação de seu convencimen- VII - cometa falta disciplinar de natureza grave, apurada
to, pode reinquirir o Sindicado em qualquer fase procedi- em sindicância, já estando no insuficiente ou no mau com-
mental. portamento;
§ 2º As testemunhas arroladas pela defesa devem ser VIII - tenha incorrido na prática, ou concorrido para
ouvidas após as do rol da acusação. ela, de incitamento à perturbação da ordem pública, ou
pela participação em movimentos reivindicatórios contrá-
Art. 53. A conclusão da sindicância dá-se em trinta dias rios à hierarquia e disciplina militar;
da publicação da portaria instauradora em boletim orgânico IX - tenha se filiado a partido político ou a sindicato,
da Corporação. participado de greve, ou exercido atividades prejudiciais à
Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode segurança nacional ou perigosas contra esta;
ser prorrogado por vinte dias, a critério da autoridade com- X - tenha incorrido na prática, ou concorrido para ela,
petente. de comércio ilegal, doação ou empréstimo de munição ou
arma de fogo.
Art. 54. Podem ser designados Sindicantes os Oficiais
ou Aspirantes a Oficial, a critério da autoridade instauradora, Art. 58. Os Conselhos têm o prazo de cinquenta dias,
respeitada a hierarquia. computados a partir da sessão inaugural, para a conclusão
de seus trabalhos.
Seção III Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo pode
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina ser prorrogado pela autoridade nomeante em até trinta
dias.
Art. 55. Os Conselhos de Justificação e de Disciplina des-
tinam-se a avaliar, do ponto de vista da ética e da disciplina Art. 59. Os Conselhos constituem-se de três Oficiais,
militares, a capacidade do militar estável de permanecer no sendo o de maior posto ou antiguidade o Presidente, o
serviço ativo da Corporação, assegurados o devido processo que lhe seguir em antiguidade, o Relator e o seguinte,
legal, o contraditório e a ampla defesa. o Secretário; todos com direito a voto e com precedência
§ 1º O Oficial acusado é submetido a Conselho de Justi- hierárquica sobre o militar a ele submetido.
ficação, e a Praça a Conselho de Disciplina. § 1º Na formação dos Conselhos de Disciplina, pode
§ 2º Aplicam-se os procedimentos dos Conselhos que ser designado um graduado e, no de Justificação, Oficiais
se trata este artigo aos militares reformados e na reserva inativos, desde que com precedência hierárquica sobre o
remunerada. militar a ele submetido.
§ 2º Os Conselhos funcionam sempre com a totalidade
Art. 56. Incumbe ao Chefe do Poder Executivo, dos seus membros. Art. 60. Os Conselhos devem seguir o
quando necessário, baixar o regulamento dos Conselhos seguinte rito:
de Justificação e de Disciplina. I - Instauração;
II - Sessão Inaugural, quando são realizados os seguin-
Art. 57. É submetido ao Conselho de Justificação ou de tes procedimentos:
Disciplina o militar que: a) autuação do ato de nomeação do Conse-
I - tenha perdido a nacionalidade brasileira; lho;
II - tenha procedido incorretamente ou com incúria no b) expedição do mandado de citação e intimação
desempenho de suas funções no cargo, comissão ou encar- para comparecer à sessão de qualificação e interrogatório;
go que lhe tenha sido designado; c) requisição do levantamento da vida fun-
III - tenha praticado ato que afete a sua honra pessoal, o cional do militar acusado;
pundonor militar ou o decoro da classe, em desproveito dos d) comunicação ao Comandante-Geral da
valores militares e deveres éticos estabelecidos nesta Lei; Corporação da abertura do procedimento;
e) designação do dia e da hora para a sessão
IV - tenha incorrido na prática ou concorrido para a prá- de qualificação e interrogatório;
tica de crime hediondo, tortura, consumo ou tráfico ilícito de f) determinação de outras providências com
entorpecentes e drogas afins ou outros crimes com empre- vistas à instrução do processo;
go de violência ou grave ameaça; III - Citação e Intimação do acusado;
V - tenha sido considerado inabilitado para integrar IV - Sessão de Qualificação e Interrogatório do
os quadros de acesso à promoção, por mais de três vezes, Acusado e entrega do Libelo Acusatório;
mesmo em caráter provisório, ao ter seu nome apreciado V - Abertura de prazo de três dias úteis para
pela respectiva Comissão de Promoção, desde que esta re- apresentação de defesa preliminar;
comende, fundamentadamente, a instauração do Conselho VI - Instrução;
de Justificação ou de Disciplina; VII - Abertura de prazo de cinco dias úteis para apre-
VI - tenha sido condenado por prática de crime doloso, sentação das alegações finais de defesa;
pela Justiça Comum ou Militar, a pena privativa de liberdade VIII - Sessão de deliberação; IX - Relatório;
superior a dois anos, com sentença trânsita em julgado que X - Julgamento.
não comine perda da função pública;
16
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 61. O militar submetido a Conselho deve ser inti- IV - uma transferência a bem da disciplina equivale a
mado de todas as sessões, exceto à sessão inaugural e deli- uma detenção.
beração do relatório, sendo esta secreta. § 2º É automática a contagem de tempo para reclassifi-
cação de comportamento, e começa a fluir a partir da data
Art. 62. No relatório são descritas as diligências feitas, as em que se encerrar o cumprimento da punição.
pessoas inquiridas e os resultados obtidos, indicando-se a § 3º Ao ser incluído na Corporação, a praça é classifica-
autoria e as circunstâncias em que foram praticadas as infra- da no comportamento “bom”.
ções capituladas no libelo acusatório. Ao final, propõem-se,
cumulativamente ou não, no que couber, as seguintes me- CAPÍTULO IX
didas: DAS REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES
I - instauração de Inquérito Policial Militar - IPM, se
houver indícios de crime militar; Art. 66. As reposições e indenizações ao erário são
II - encaminhamento de documentos à autoridade poli- realizadas pelos militares na conformidade desta Lei.
cial competente quando houver indícios de cometimento de § 1º Para os fins desta Lei, considera-se:
infração penal de natureza comum; I - reposição, a devolução de qualquer parcela recebi-
III - reforma nos termos desta Lei; da indevidamente pelo militar;
IV - transferência para a reserva remunerada proporcio- II - indenização, o ressarcimento pelos prejuízos a
nal, se considerado inabilitado definitivamente para inclusão que der causa, dolosa ou culposamente.
nos quadros de acesso para promoção, na forma desta Lei; § 2º A reposição é feita:
V - demissão; I - em parcelas cujo valor não exceda a 25% do sub-
VI - aplicação de qualquer outra sanção disciplinar sídio do militar;
prevista nesta Lei, que não a demissão; II - em única parcela, quando constatado pagamento
VII - arquivamento. indevido no mês anterior ao do processamento da folha.
Parágrafo único. A medida apresentada à autoridade jul- § 3º A indenização é feita em parcelas cujo valor não
exceda a 10% do subsídio do militar.
gadora é aquela deliberada pela maioria dos membros do
§ 4º A indenização pela moradia em prédios públicos
Conselho.
ou residências funcionais tem o valor estabelecido pelo ins-
trumento que a regular.
Art. 63. Recebidos os autos, a autoridade nomeante, no
§ 5º O ressarcimento a fundo de assistência é estabele-
prazo de vinte dias, decide de acordo com o proposto pelo
cido no respectivo regulamento.
Conselho ou, motivadamente, aplica outra medida, na con-
§ 6º Os descontos de que trata este artigo são publica-
formidade com o estabelecido no artigo anterior.
dos em Boletim Orgânico da Corporação.
Parágrafo único. A autoridade nomeante, após rece-
ber os autos concluídos, se necessário, antes do julgamen- Art. 67. Em nenhuma hipótese o militar pode receber
to, pode devolvê-los ao presidente do conselho para novas importância mensal inferior a 40%
diligências, abrindo prazo máximo de trinta dias, observado de seu subsídio.
o contraditório e a ampla defesa.
CAPÍTULO X
Seção IV DOS DIREITOS
Do Comportamento Militar
Art. 68. São direitos dos militares:
Art. 64. O comportamento da praça reflete sua conduta I - garantia do posto e da patente em toda a sua ple-
civil e profissional, sob o ponto de vista da disciplina militar. nitude, com as vantagens, as prerrogativas e os deveres a
ela inerentes, quando Oficial;
Art. 65. O comportamento militar da praça é classificado II - garantia da graduação, em toda a sua plenitude,
em: com as vantagens, as prerrogativas e os deveres a ela ine-
I - excepcional: quando, no período de oito anos de efe- rentes, quando Praças com estabilidade assegurada;
tivo serviço, não tenha sofrido qualquer punição disciplinar; III - nas condições ou nas limitações impostas na legis-
II - ótimo: quando, no período de quatro anos de efetivo lação específica:
serviço, tenha sido punido com até uma detenção; a) a estabilidade, quando Praça, aos três
III - bom: quando, no período de dois anos de efetivo anos de efetivo serviço prestado na
serviço, tenha sido punido com até duas prisões; Corporação;
IV - insuficiente: quando, no período de um ano de efe- b) o uso das designações hierárquicas;
tivo serviço, tenha sido punido com até duas prisões; c) a ocupação de cargos correspondente ao
V - mau: quando, no período de um ano de efetivo servi- posto ou graduação;
ço, tenha sido punido com mais de duas prisões. d) a percepção de remuneração condigna,
§ 1º Para efeito deste artigo: respeitados os limites estabelecidos no inciso XI do art. 37
I - duas repreensões equivalem a uma detenção; II - da Constituição Federal;
quatro repreensões equivalem a uma prisão; III - duas deten- e) o auxílio-natalidade;
ções equivalem a uma prisão; f) a constituição de pecúlio policial militar;
17
NORMAS PERTINENTES À PMTO
g) a promoção; Seção I
h) a transferência para a reserva remunerada: Da Remuneração
1. a pedido;
2. reforma; Art. 73. Os militares são remunerados exclusivamente
i) as férias, os afastamentos temporários do por subsídios.
serviço e as licenças;
j) a exoneração e o licenciamento voluntá- *Art. 74. O cargo de Secretário-Chefe da Casa Militar
rios; tem prerrogativas, direitos e subsídio equivalentes aos de
k) o porte de arma; Secretário de Estado. (NR)
l) o tratamento de saúde por conta integral *Art. 74 com redação determinada pela Lei 2.844, de
do Estado, nas enfermidades contraídas em serviço ou em 31/03/2014.
razão da função; Art. 74. Os cargos de Comandante-Geral e de Secretá-
m) a realização de cursos na própria Corpora- rio-Chefe da Casa Militar têm as prerrogativas, os direitos e
ção, ou em outras Polícias Militares ou os subsídios equivalentes aos de Secretário de Estado.
Corpos de Bombeiros Militares;
n) a licença maternidade; o) a licença por Art. 75. O direito do militar ao subsídio tem início a
adoção; p) a licença paternidade; q) o auxílio-fune- partir:
ral; I - do ato da inclusão na Corporação;
r) o décimo terceiro salário, com base na re- II - do ato de reversão ao serviço ativo.
muneração integral ou no valor dos proventos;
s) o salário-família; Art. 76. Suspende-se, temporariamente, o subsídio do
t) as férias anuais de trinta dias de duração, militar:
remuneradas com um terço a mais da remuneração normal; I - em licença para tratar de interesse particular; II - na
u) o devido processo legal e os recursos a ele situação de desertor;
inerentes; III - quando agregado para exercer atividade ou função
*IV – a paridade e a integralidade entre militares ativos, estranha à Polícia Militar ou ao Corpo de Bombeiros Mili-
inativos e seus pensionistas. tar, ou cargo, emprego ou função pública temporária, não
*Inciso IV acrescentado pela Lei nº 2.924, de 3/12/2014. eletiva, ainda que da administração indireta, salvo quando
couber opção pelo subsídio do posto ou da graduação;
Art. 69. O auxílio-natalidade é devido ao militar por IV - quando condenado à pena de suspensão do posto
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao ou da graduação, do cargo ou da função, na forma prevista
subsídio do cargo efetivo do Soldado vigente à época do no Código Penal Militar.
evento, inclusive no caso de natimorto.
§ 1º O auxílio-natalidade não é devido a mais de um Art. 77. O subsídio do militar considerado desaparecido
dos pais. ou extraviado em caso de calamidade pública, em viagem,
§ 2º Na hipótese de parto múltiplo, o valor do auxílio é no desempenho de qualquer serviço ou operação militar, é
acrescido de 50%. pago aos que teriam direito à pensão respectiva.
Parágrafo único. No caso deste artigo, decorridos seis
Art. 70. O Pecúlio Militar consiste na contribuição de meses, faz-se a habilitação dos beneficiários, na forma da
todos os integrantes das Corporações cujo montante é ar- lei civil, cessando o pagamento do subsídio.
recadado com a máxima presteza e repassado ao familiar
do militar falecido ou a pessoa ou entidade indicada por Art. 78. O pagamento do subsídio cessa na data em
este, e, na sua falta, na forma da legislação civil. que o militar for desligado ou excluído do serviço ativo da
Parágrafo único. 5% do montante arrecadado rever- Corporação em conformidade com esta Lei.
tem-se ao fundo de assistência.
Art. 79. Do indulto, da comutação, do livramento con-
Art. 71. O auxílio-funeral é devido à família do militar dicional ou da suspensão condicional da pena não decorre
ativo ou inativo falecido, no valor equivalente ao seu subsí- direito em prol do militar a qualquer subsídio que tenha
dio ou provento. deixado de perceber.
§ 1º O auxílio é devido, também, ao militar, por morte
do cônjuge, do companheiro ou de filho menor ou inválido. Art. 80. Os proventos da inatividade são devidos ao mi-
§ 2º O auxílio é pago no menor prazo possível à pessoa litar desligado do serviço ativo em virtude de:
da família que houver custeado o funeral. I - transferência para reserva remunerada;
§ 3º Se o funeral for custeado por terceiro, este é inde- II - reforma.
nizado, na conformidade do caput deste artigo. *Art. 81. Ao transferir-se para a inatividade, o militar
tem direito a proventos equivalentes ao subsídio do posto
Art. 72. Caso o militar esteja a serviço fora do seu mu- o graduação que ocupava na ativa.
nicípio de lotação e vier a falecer, as despesas de transporte *Art. 81 com redação determinada pela Lei nº 2.924, de
do corpo correm à conta do Estado. 3/12/2014.
18
NORMAS PERTINENTES À PMTO
19
NORMAS PERTINENTES À PMTO
*VII -de invalidez permanente, a que faz jus o Policial I - interesse da manutenção da ordem; II - extrema
Militar ativo ou inativo que for ou tenha sido julgado inca- necessidade de serviço;
paz definitivamente para o serviço militar, pela Junta Militar III - transferência para a inatividade.
Central de Saúde, em razão de ferimento ou enfermidade § 3º É vedada a acumulação de três períodos de férias,
decorrente do cumprimento do dever ou que nele tenha a independentemente dos motivos enunciados no §2o deste
sua causa eficiente, comprovado por sindicância ou inqué- artigo.
rito policial militar.
*Inciso VII com redação determinada pela Lei nº 3.028, Art. 88. O militar tem direito aos seguintes pe-
de 4/11/2015. ríodos integrais de afastamento do serviço, obedecidas a
VII -de invalidez permanente, a que faz jus o militar legislação pertinente, por motivo de:
da ativa que for julgado incapaz definitivamente para o I - núpcias, oito dias;
serviço militar, pela Junta Militar de Saúde, em razão de II - luto, oito dias, por morte de:
ferimento ou enfermidade decorrente do cumprimento do a) cônjuge ou companheiro;
dever ou que nele tenha a sua causa eficiente, comprovado b) descendente ou ascendente, por consa-
por sindicância ou inquérito policial militar. guinidade, em linha reta;
§ 1º Em casos extraordinários, pode haver promoção c) parente por afinidade, em primeiro grau,
pelo critério de ressarcimento de preterição. na linha reta ascendente ou descendente;
§ 2º A promoção do militar feita em ressarcimento de d) colateral por consaguinidade até segundo
preterição é efetuada pelo critério a que tinha direito, com grau; III - instalação, até dez dias;
o número que lhe cabia na escala hierárquica, como se IV -trânsito, até trinta dias;
houvesse sido promovido na época devida. V - finalização de trabalho objeto de curso de
§ 3º A promoção pelo critério de tempo de contribui- graduação ou pós-graduação, até dez dias consecutivos;
ção: I - independe: VI - data natalícia do militar, um dia.
a) do preenchimento de quaisquer dos requisitos Parágrafo único. O afastamento do serviço por motivo
estabelecidos na Lei de Promoções dos Militares Estaduais;
de núpcias ou luto é concedido, no primeiro caso, se solici-
b) de vaga em posto ou graduação do qua-
tado por antecipação à data do evento e, no segundo, até
dro a que pertencer o militar; II - induz promoção do Sub-
oito dias após o óbito.
tenente para o posto de Segundo-Tenente;
III - não se aplica aos ocupantes do posto de Coronel,
Art. 89. As férias e outros afastamentos mencionados
atendido, neste caso, o disposto na Lei 1.775, de 13 de abril
nesta Seção são concedidos sem prejuízo da remuneração
de 2007;
e computados como tempo de efetivo serviço para todos
IV - precede o ato de transferência para a reserva re-
os efeitos legais.
munerada.
§ 4º Os demais requisitos e condições necessários à
efetivação das promoções pelos critérios previstos neste Seção V
artigo são estabelecidos em lei específica. Das Licenças
20
NORMAS PERTINENTES À PMTO
II - licença por adoção, concedida à militar que adotar Art. 97. Incumbe à Junta Militar Central de Saúde (JMCS)
ou obtiver guarda judicial para fins de adoção: formar livremente sua convicção fundada em fatos, circuns-
a) cento e vinte dias, se a criança tiver até um tâncias ou elementos, independentemente de:
ano de idade; I - diagnósticos e pareceres de especialistas;
b) sessenta dias, se a criança tiver mais de um II - atestados emitidos por outros profissionais de saúde;
até quatro anos de idade; III - resultados de exames subsidiários;
c) trinta dias, se a criança tiver mais de quatro IV - diagnósticos decorrentes de internação.
até oito anos de idade; Parágrafo único. Pode compor a Junta Militar Central de
III - licença paternidade, oito dias, concedida ao militar Saúde (JMCS) profissional civil integrante da Junta Médica
por nascimento de filho, reconhecimento de paternidade ou Oficial do Estado.
que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção, de
criança até oito anos de idade. Art. 98. A licença para tratar de interesse particular pode
Parágrafo único. Para amamentar o próprio filho, até a suspender-se: I - em caso de mobilização e estado de guerra;
idade de seis meses, a militar lactante tem direito, durante a II - em caso de estado de defesa ou de sítio;
jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que pode ser III - para cumprimento de sentença que implique restri-
parcelada em dois períodos de meia hora. ção da liberdade individual; IV - em caso de indiciação em
inquérito policial militar;
Art. 93. A duração da licença maternidade pode, atendido V - em caso de pronúncia em processo criminal.
o mérito administrativo, ser prorrogada por sessenta dias me-
diante requerimento da militar beneficiada. Seção VI
Parágrafo único. Para que a prorrogação de que trata este Dos Recursos
artigo seja efetivada, a militar deve requerer o benefício antes
de findar o último mês da licença maternidade. Art. 99. O militar que se julgar prejudicado por qualquer
ato administrativo de superior hierárquico pode recorrer da
decisão, ao amparo da legislação vigente.
Art. 94. A duração da licença por adoção pode ser pror-
§ 1º São recursos disciplinares: I - no âmbito da sindicância:
rogada, atendido o mérito administrativo, mediante requeri-
a) o pedido de reconsideração;
mento da militar beneficiada, em:
b) o recurso hierárquico;
I - quarenta e cinco dias, no caso de criança com até um
II - no âmbito dos Conselhos de Justificação e de Disci-
ano de idade;
plina, a apelação.
II - trinta dias, no caso de criança com mais de um até
§ 2º O direito de recorrer, na esfera administrativa, preclui:
oito anos de idade. I - em trinta dias corridos, a contar do recebimento de
comunicação oficial, quanto a ato que decorra da composição
Art. 95. Durante o período de prorrogação da licença ma- de quadro de acesso para promoção;
ternidade ou da licença por adoção, a militar não pode exer- II - em cinco dias úteis:
cer qualquer atividade remunerada, e a criança não pode ser a) para interpor pedido de reconsideração de ato ou recur-
mantida em creche ou organização similar. so hierárquico, a contar da data em que o militar tome conheci-
Parágrafo único. Em caso de descumprimento do dis- mento oficial da decisão em que se aplicou a sanção disciplinar;
posto neste artigo, a militar perde o direito à prorrogação da b) da data em que tome conhecimento oficial do inde-
licença. ferimento do pedido de reconsideração;
III - em quinze dias úteis para interpor apelação, a contar da
Art. 96. A licença para tratamento de saúde de pessoa da data em que o militar tome conhecimento oficial do teor do julga-
família ou para tratamento da própria saúde pode ser conce- mento proferido pela autoridade nomeante do respectivo conselho.
dida ao militar, a pedido ou de ofício, precedida de inspeção § 3º A reconsideração é o recurso interposto por reque-
realizada pelo serviço de saúde da Corporação, sem prejuízo rimento dirigido à autoridade prolatora, no qual o militar
do subsídio. que se julgue prejudicado, injustiçado ou ofendido, pede o
§ 1º Na impossibilidade física de locomoção do paciente, reexame da decisão.
a inspeção de saúde pode ser realizada no local onde este se § 4º Recurso hierárquico é o recurso disciplinar interposto
encontrar. pelo militar irresignado com o indeferimento do pedido de
§ 2º As licenças referidas no caput deste artigo somente reconsideração de ato, dirigido diretamente:
são concedidas depois da homologação pelo serviço de saú- I - ao Chefe do Estado-Maior, quando a autoridade ins-
de da Corporação. tauradora da sindicância for o Corregedor ou a autoridade
§ 3º O serviço de saúde da Corporação, em sendo neces- funcionalmente inferior a este;
sário, pode modificar o período anteriormente prescrito, após II - à autoridade imediata e funcionalmente superior nos
análise da documentação apresentada ou avaliação do pa- demais casos.
ciente, retroagindo seus efeitos à data inicial do afastamento. § 5º A apelação consiste no recurso interposto contra o
§ 4º Computa-se falta ao militar que não se apresenta ao julgamento proferido nos autos do Conselho de Justificação
serviço na data fixada para o término da licença. ou Disciplina, dirigido à autoridade superior à nomeante.
§ 5º Findo o prazo da licença, o pedido de prorrogação § 6º O pedido de reconsideração, o recurso hierárquico
sujeita o militar a nova inspeção pelo serviço de saúde da Cor- e a apelação cabem a cada um dos militares que se julgue
poração. prejudicado, injustiçado ou ofendido.
21
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 100. Todos os militares são alistáveis como eleitores. Art. 104. Os uniformes da Corporação, com seus distin-
O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: tivos, insígnias e emblemas, são privativos dos militares e
I - se contar menos de dez anos de serviço, deve afastar- representam o símbolo da autoridade de que lhes é confe-
se da atividade; rida pelo Estado, com as prerrogativas inerentes.
II - se contar mais de dez anos de serviço, é agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passa automaticamente, Art. 105. Em regulamento específico são disciplinados
no ato da diplomação, para a reserva remunerada, proporcio- os modelos dos uniformes, seus distintivos, insígnias, em-
nalmente ao seu tempo de contribuição. blemas, descrição, composição, peças e acessórios.
§ 1º O militar transferido para a reserva remunerada na § 1º É proibido ao militar estadual o uso do uniforme:
conformidade do inciso II deste artigo pode, mediante re- I - em reuniões, propaganda ou manifestações de ca-
querimento, observado o mérito administrativo, retornar ao ráter político-partidário, salvo se em serviço;
serviço ativo da Corporação desde que terminado o mandato II - na inatividade, salvo para comparecer a so-
eletivo, por renúncia ou implemento de tempo. lenidades militares e, quando autorizado, a cerimônias
§ 2º O retorno do militar cujo mandato eletivo houver cessa- cívicas comemorativas de datas nacionais ou atos solenes
do, depende de ato do: I - Chefe do Poder Executivo, se Oficial; de caráter particular;
II - Comandante-Geral, se Praça. III - no estrangeiro, em atividades não relacionadas
§ 3º No caso do § 2o deste artigo, a antiguidade é contada com a missão militar, salvo se expressamente autorizado
a partir da data do respectivo ato. ou determinado.
§ 2º O militar na inatividade, cuja conduta possa ser
CAPÍTULO XI considerada ofensiva à dignidade da classe, pode ser de-
DAS PRERROGATIVAS finitivamente proibido de usar uniformes, por decisão do
Comandante- Geral da Corporação, assegurado o contra-
Art. 101. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas hon- ditório e a ampla defesa.
ras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e cargos. § 3º O militar fardado tem as obrigações inerentes ao
Parágrafo único. São prerrogativas dos militares estaduais: uniforme que usa e aos distintivos, emblemas e insígnias
I - o uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e em- que ostente.
blemas militares, correspondentes ao posto ou à graduação;
II - as honras, o tratamento e os sinais de respeito que lhes Art. 106. É defeso ao civil ou a organização civil usar
são assegurados em leis e regulamentos; uniforme ou ostentar distintivo, equipamento, viatura, in-
III - o cumprimento de pena de prisão ou detenção so- sígnia ou emblema que possa ser confundido com o ado-
mente em organização militar, cujo Comandante, Chefe ou Di- tado pela Corporação.
retor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou o detido, Parágrafo único. São responsáveis pela infração de que
na conformidade da legislação vigente; trata este artigo:
IV - o julgamento em foro especial, nos crimes milita- I - o presidente, o diretor ou o chefe de reparti-
res, na conformidade da legislação vigente. ção, instituto, departamento ou organização de qualquer
natureza;
Art. 102. Somente em flagrante delito pode o militar ser II - o dirigente de sociedade empresária; III - o em-
preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a entregá pregador.
-lo imediatamente à autoridade militar estadual mais próxima,
só podendo retê-lo na delegacia ou no posto policial durante CAPÍTULO XII
o tempo necessário a lavratura do flagrante, informado dos DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS
seus direitos, entre os quais o de permanecer calado e de con-
tar com a assistência de sua família e de advogados. Seção I
§ 1º Cabe ao Comandante-Geral da Corporação a iniciati- Da Agregação
va de responsabilizar a autoridade que não cumprir o dispos-
to neste artigo ou maltratar ou consentir que seja maltratado Art. 107. A agregação é a situação na qual o militar da
qualquer militar estadual preso, ou não lhe der o tratamento ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica do seu
relacionado ao seu posto ou graduação. quadro, nela permanecendo sem número.
§ 2º Sempre que o militar, quando em julgamento na Justi- § 1º O militar deve ser agregado quando:
ça Comum, esteja com risco de morte, cumpre ao Comandan- I - nomeado para cargo não considerado de natureza
te-Geral da Corporação, em entendimento com a autoridade militar;
judiciária, providenciar as medidas necessárias à segurança dos II - aguardar transferência para a reserva remunerada,
pretórios ou tribunais com emprego da força policial militar. por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que
a motivem;
Art. 103. Os militares da ativa, no exercício de suas fun- III - condenado à pena de suspensão do posto,
ções, são dispensados do serviço do Tribunal do Júri e da graduação, cargo ou função na conformidade do Código
Justiça Eleitoral. Penal Militar.
22
NORMAS PERTINENTES À PMTO
23
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 116. O reaparecimento do militar extraviado ou Art. 123. Cabe transferência ex officio para a reserva
desaparecido, já excluído do serviço ativo, resulta em sua remunerada quando o militar: I - atingir as seguintes ida-
reinclusão e nova agregação, enquanto se apurem as cau- des limites:
sas que deram origem ao afastamento. a) o Oficial Superior, sessenta anos;
b) o Oficial Subalterno e Intermediário, cin-
Art. 117. O falecimento do militar da ativa acarreta a quenta e oito anos;
exclusão do serviço ativo a partir da data do óbito. c) o Subtenente e Sargento, cinquenta e sete
anos;
CAPÍTULO XIII d) o Cabo e Soldado, cinquenta e quatro
DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO anos;
II - for considerado inabilitado para inclusão nos qua-
Art. 118. A exclusão do serviço ativo da Corporação é dros de acesso à promoção, em caráter definitivo;
feita em consequência de: I - transferência para reserva III - estiver agregado por mais de um ano contínuo
remunerada; em virtude de licença para tratar de saúde em pessoa da
II - reforma; família;
III - deserção; IV - ultrapassar dois anos de afastamento, contínuos
IV - falecimento; ou não, agregado em virtude de nomeação em cargo pú-
V - extravio. blico civil temporário, não eletivo, ainda que da Adminis-
tração Indireta;
Art. 119. A exclusão do serviço ativo opera-se por V - for diplomado em cargo eletivo, se contar mais de
ato do Comandante-Geral da Corporação. dez anos de serviço;
VI - após três matrículas ou indicações para frequen-
Art. 120. A transferência para a reserva remunerada ou tar curso necessário à sua elevação na carreira militar, não
a reforma não isenta o militar de indenização dos prejuízos se interessar na respectiva matrícula, ou, matriculado, não
que tenha causado à Fazenda Pública Estadual. completá-lo com o aproveitamento;
VII - se oficial do QOA, QOE ou QOS, ultrapassar cin-
Seção I co anos de permanência no último posto da hierarquia de
Da Transferência para a Reserva Remunerada seu quadro, desde que conte com trinta ou mais anos de
serviço;
Art. 121. A transferência do militar para a reserva remu-
nerada é efetuada: I - a pedido; VIII - se praça, ultrapassar três anos de permanência
II - ex officio. na mesma graduação, desde que conte trinta ou mais anos
de serviço;
Art. 122. A transferência para a reserva remunerada, IX - ultrapassar cinco anos de permanência no último
a pedido, é concedida, mediante requerimento, ao militar posto da Corporação, desde que conte, no mínimo, com
que contar no mínimo dez anos de efetivo serviço na Cor- trinta anos de serviço.
poração e: § 1º A nomeação do militar para os cargos de que trata
I - trinta anos de contribuição, se homem; o inciso IV somente pode ser feita:
II - vinte e cinco anos de contribuição, se mulher. I - pela autoridade federal competente mediante
§ 1º O militar que requerer sua transferência para requisição ao Chefe do Poder
a reserva remunerada por ter cumprido o tempo es- Executivo, quando o cargo for do âmbito federal;
tabelecido neste artigo, é automaticamente afastado das II - pelo Chefe do Poder Executivo, ou mediante sua
atividades militares. autorização, quando o cargo for estadual ou municipal.
§ 2º A transferência para a reserva remunerada depen- § 2º Enquanto permanecer no cargo de que trata o in-
de da indenização, pelo militar, das despesas realizadas ciso IV, o militar tem assegurada a contagem do tempo de
pelo Estado com curso ou estágio destinado ao seu aper- contribuição para a reserva remunerada, bem assim para
feiçoamento, por tempo superior a seis meses, se ainda optar pela remuneração do posto ou da graduação.
não contraprestado igual prazo de serviço. Aplica- se, ao § 3º A transferência do militar para a reserva remune-
caso, no que couber, o disposto no art. 133 desta Lei. rada pode ser suspensa na vigência do estado de guerra,
§ 3º A inativação do militar que estiver respondendo estado de defesa e estado de sítio ou em caso de mobili-
a inquérito ou a processo judicial, desde que conte com o zação.
tempo de contribuição estabelecido neste artigo, é conce- § 4º A transferência para reserva remunerada, pre-
dida, mediante requerimento. A concessão comunicada, vista no inciso VI deste artigo, depende de indicação da
de imediato, à autoridade policial ou judicial compe- comissão de promoções e de decisão do Comandante-Ge-
tente. ral da Corporação.
24
NORMAS PERTINENTES À PMTO
25
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 128. O militar reformado por incapacidade defini- Art. 132. A exclusão da Corporação efetua-se por:
tiva, que for julgado apto em inspeção de saúde, por Junta I - demissão;
Médica Militar, em grau de recurso ou revisão, pode retor- II - exoneração;
nar ao serviço ativo ou ser transferido para a reserva remu- III - perda do posto ou da patente; IV - perda da gra-
nerada, na conformidade da legislação específica. duação;
V - licenciamento.
§ 1º Dá-se o retorno ao serviço ativo quando o
Parágrafo único. O militar exonerado ou demitido não
tempo decorrido na situação de reformado não ultra-
tem direito a qualquer remuneração, regendo-lhe a situa-
passe dois anos, ocupando o militar a mesma posição de
ção militar a Lei Federal do Serviço Militar.
antiguidade que lhe cabia na escala hierárquica anterior da
reforma. Não havendo vaga, o militar passa à situação de Art. 133. A exoneração é concedida a requerimento do
excedente até o surgimento da primeira vaga. interessado:
§ 2º A transferência para a reserva remunerada, atendi- I - sem indenização aos cofres públicos, quando
do o limite de idade, ocorre quando o tempo decorrido na contar tempo igual ou superior ao transcorrido com sua
situação de reformado ultrapassar dois anos. formação, habilitação, aperfeiçoamento ou especialização
profissional;
Art. 129. A remuneração do militar reformado por alie- II - com indenização aos cofres públicos, pela forma-
nação mental, enquanto não sobrevier nomeação judicial ção, habilitação, aperfeiçoamento ou especialização profis-
de curador, é paga aos seus beneficiários, desde que o te- sional, pelo tempo que restar para completar o previsto no
nham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem inciso I deste artigo.
tratamento condigno. § 1º A indenização prevista no inciso II deste artigo é
§ 1º A interdição do militar reformado por alienação calculada com base na remuneração atualizada referente
mental deve ser providenciada junto ao órgão judicial com- ao posto ou graduação ostentada durante o curso de
petente, por iniciativa dos beneficiários, parentes ou res- formação ou preparação, multiplicada pelos meses restan-
ponsáveis, até noventa dias a contar da data do ato da re- tes.
forma, sob pena de suspensão da respectiva remuneração § 2º Quando, durante o curso de formação ou prepara-
até que a sobrevinda da curatela. ção, houver elevação na escala hierárquica, o valor a que se
§ 2º A Corporação deve provocar o Ministério Público refere o §1o deste artigo é calculado com base na média
a fim de promover a interdição do militar reformado por aritmética da remuneração atualizada referente aos graus
alienação mental, quando: hierárquicos ostentados durante o curso.
I - inexistente a interdição ou não tenha sido ela pro-
movida por alguma das pessoas designadas nos incisos I e Art. 134. O militar é exonerado de ofício quando:
II do art. 1.768 do Código Civil Brasileiro; I - tomar posse em cargo público de provi-
II - existindo as pessoas mencionadas no inciso ante- mento efetivo;
II - tendo sido incluído na Corporação, não se apre-
cedente, estas forem incapazes.
sentar no prazo estabelecido.
§ 3º Os atos e processos administrativos de registro de
interdição do militar têm rito sumário.
Art. 135. O militar que responda a processo disciplinar
só pode ser exonerado, a pedido, após a conclusão do pro-
Art. 130. Para os fins desta Seção, as seguintes Praças cesso e o cumprimento da penalidade aplicada.
são consideradas:
I - Segundo Tenente, os Aspirantes a Oficial; Art. 136. O direito à exoneração pode ser suspenso na
II - Aspirantes a Oficial, os Cadetes; vigência de estado de guerra, calamidade pública, estado
de defesa e de sítio, grave perturbação da ordem pública
Seção III ou em caso de mobilização.
Da Deserção
Art. 137. O militar que houver perdido o posto e a pa-
Art. 131. O militar oficialmente declarado desertor tem tente ou a graduação é demitido ex officio.
sua situação funcional definida na conformidade do Códi-
go de Processo Penal Militar. Art. 138. O militar da reserva remunerada ou reforma-
do que houver perdido o posto ou a patente ou a gradua-
ção continua a perceber os proventos da sua inativação.
26
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 139. O militar pode ser demitido a bem da discipli- Art. 143. É computado como se estivesse em exercício
na se demonstrar incompatibilidade para o exercício da ati- das respectivas funções, o tempo que o militar estiver afas-
vidade militar ou se tiver conduta que não lhe recomende a tado por motivo de ferimento recebido em acidente em
permanência no serviço ativo da Corporação. serviço, na manutenção da ordem pública ou de moléstia
adquirida no exercício de qualquer função militar estadual.
Art. 140. A demissão da Corporação a bem da disci-
plina acarreta a perda do grau hierárquico e não isenta o Art. 144. O tempo de contribuição do militar beneficia-
demitido das indenizações dos prejuízos que causou à Fa- do por anistia é na conformidade do respectivo ato con-
zenda Pública Estadual. cessivo.
27
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Art. 149. Os comandantes das unidades, das compa- Art. 152. As recompensas constituem o reconhecimen-
nhias incorporadas ou destacadas, dos pelotões, dos des- to do Estado pelos bons serviços prestados pelo militar.
tacamentos ou subdestacamentos são responsáveis pela § 1º São recompensas militares:
adequação do emprego dos militares de modo a cumpri- I - o prêmio de honra ao mérito;
rem as obrigações institucionais, guardado o período de II - as condecorações por serviços prestados; III - os
repouso, mínimo, equivalente ao dobro das horas traba- elogios e as referências elogiosas;
lhadas. IV - a dispensa do serviço.
§ 1º Independentemente do período de repouso mí- § 2º As recompensas são concedidas na conformidade
nimo fixado neste artigo, o militar pode ser convocado das normas estabelecidas nas leis e nos regulamentos da
semanalmente, uma vez para instrução geral e duas vezes Corporação.
para atividades de educação física, não excedendo cada
convocação a três horas contínuas. Art. 153. A dispensa do serviço é concedida ao militar
§ 2º Excepcionalmente, na iminência ou ocorrência de para afastamento total do serviço, em caráter temporário,
calamidade ou perturbação da ordem pública, operações e com remuneração integral, computada como tempo de
eventos sociais de grande concentração popular, o militar efetivo serviço:
pode ser convocado no interesse do serviço em regime di- I - em recompensa pelos bons serviços prestados, por
ferenciado de que trata o caput deste artigo. prazo não superior a trinta dias,
§ 3º A jornada de trabalho do aluno matriculado em II - mediante desconto em férias.
curso da Corporação é regulada pela unidade a que se vin-
cula. CAPÍTULO XX
DA INSPEÇÃO DE SAÚDE
CAPÍTULO XVIII
Art. 154. A inspeção de saúde, normatizada por ato do
DA MOVIMENTAÇÃO
Comandante-Geral da Corporação, tem por objetivo avaliar
a situação de higidez do militar, com vistas à promoção, à
Art. 150. Os Regulamentos de movimentação de Ofi-
realização de cursos, à seleção interna e à melhoria de sua
ciais e Praças em serviço ativo, da Polícia Militar e do Corpo
qualidade de vida, em função dos riscos existentes no am-
de Bombeiros Militar, são baixados por decreto do Chefe
biente de trabalho e de doenças laborais.
do Poder Executivo, compreendendo:
I - a jurisdição de âmbito estadual da Corporação;
CAPÍTULO XXI
II - o aprimoramento da eficiência da Corporação;
DO CONCEITO PROFISSIONAL E MORAL
III - a prioridade na formação e aperfeiçoamento dos
Quadros; Art. 155. O conceito profissional e moral, graduado de
IV - a operacionalidade da força militar em termos de zero a cento e trinta pontos, é atribuído individualmente,
emprego permanente; para efeito de promoção, pelo Comandante ao qual o ava-
V - a predominância do interesse público sobre o inte- liado esteja ou tenha sido subordinado funcionalmente nos
resse privado; últimos seis meses.
VI - a continuidade no desempenho das funções; § 1º Na atribuição do conceito, a que se refere este
VII - a movimentação como decorrência dos deveres e artigo, consideram-se os requisitos relativos à moral e ao
das obrigações da carreira militar e como direito, nos casos desempenho profissional do militar, a seguir definidos:
especificados na legislação pertinente; I - contribuição para a manutenção da hierarquia e da
VIII - a disciplina; disciplina:
IX - a vivência profissional de âmbito estadual; a) participação do militar de forma discipli-
X - o interesse do militar, quando pertinente. nada e disciplinadora;
Parágrafo único. No cumprimento do disposto no inci- b) consciência e respeito à ordenação das au-
so IX deste artigo, pode o militar, a critério do Comandan- toridades em seus diferentes níveis;
te-Geral da Corporação, ser movimentado a todo tempo. II - interesse no aprimoramento intelectual e profissio-
nal: empenho do militar no seu desenvolvimento cultural
Art. 151. O militar está sujeito, como decorrência dos e técnico;
deveres e das obrigações da atividade militar, a servir em III - consciência ética e respeito aos direitos e deveres
qualquer parte do Estado e, quando designado, em qual- inerentes à cidadania: conduta do militar que denote cons-
quer parte do país ou do exterior. ciência moral quanto ao cumprimento das leis e ordens das
autoridades constituídas, ao cumprimento dos princípios
norteadores dos direitos humanos e dos demais princípios
regentes da vida em sociedade;
28
NORMAS PERTINENTES À PMTO
29
NORMAS PERTINENTES À PMTO
___________________________________________________
Art. 162. O Chefe do Poder Executivo pode convocar
oficiais da reserva remunerada da própria Corporação para ___________________________________________________
presidir inquéritos policiais militares ou Conselho de Jus-
tificação ou para a realização de outros procedimentos ___________________________________________________
administrativos, quando falte oficial da ativa em situação
___________________________________________________
hierárquica compatível com a do investigado.
§ 1º O convocado na conformidade deste artigo, ale- ___________________________________________________
gando razões relevantes de natureza pessoal, pode pedir
dispensa da missão para o qual seja designado. ___________________________________________________
§ 2º A convocação, precedida de inspeção de saúde, ___________________________________________________
perdura pelo tempo necessário ao total cumprimento do
encargo. ___________________________________________________
§ 3º Finda a atividade objeto da convocação, recalcu-
lam-se os proventos do convocado, mediante adequação ___________________________________________________
à nova situação e ao tempo efetivo de serviço prestado. ___________________________________________________
Art. 166. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ___________________________________________________
cação. ___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
30