Professional Documents
Culture Documents
Comparato frisa ainda que, no capitalismo, sempre houve uma dissimulação do poder
real. “Enquanto na civilização indo-europeia, os titulares do poder sempre fizeram
questão de ostentá-lo, na sociedade capitalista, ao contrário, o poder sempre se fundou
na propriedade de bens materiais, mas esses proprietários de riqueza sempre procuraram
esconder esse poder, apresentando-se como pessoas obedientes aos titulares do poder
oficial. No mundo moderno, os empresários, ainda que riquíssimos, dizem submeter-se
aos dirigentes do Estado quando, na verdade, exercem sobre eles uma influência
dominante”, compara. Por fim, diz ele, o sistema fundou-se, desde o seu nascimento, no
princípio do egocentrismo: “cada um deve buscar a realização do seu próprio interesse,
sem se preocupar minimamente com o bem dos outros”.
Expansão
Da sua origem no século XV até o final do século XVIII temos o chamado capitalismo
mercantil. “A produção de riqueza se dava predominantemente na esfera da circulação.
Isso se expressava nas políticas mercantilistas adotadas pelos Estados centralizados,
cujo objetivo era a acumulação de riqueza, sobretudo metais, por meio do comércio
internacional. A lógica era produzir ou comprar barato e vender caro. Daí a expansão
marítima, as colonizações da América, África e Ásia e os monopólios comerciais de
mercadorias específicas que identificam o período”, diz Gambi.
Ilustração mostra fábrica de produtos texteis inglesa do século XVIII. Revolução Industrial é marco do
início do capitalismo.
Globalização
Crises
Gambi diz que aqueles que acreditam que as forças do mercado seriam capazes de
regular automaticamente a oferta e a demanda e produzir seu equilíbrio geralmente
veem as crises como resultado de influências externas que, de alguma maneira,
prejudicariam o livre funcionamento dos mercados. “As crises não necessariamente
deveriam ocorrer nem significariam uma fraqueza do sistema de livre mercado, pelo
contrário, apenas indicariam obstáculos ao seu funcionamento, que deveriam ser
removidos”. Por outro lado, há aqueles que enxergam as crises como fenômenos
inerentes ao capitalismo, como expressão da instabilidade e da fragilidade do sistema.
“Com o desenvolvimento das relações capitalistas, as crises tenderiam a ser cada vez
mais intensas e, enfim, levariam o sistema ao colapso. Nesse caso, as grandes crises não
só estão previstas, como mostram a fraqueza do capitalismo”, explica o professor da
Unifal.
Esgotamento
Thomas Malthus (1766-1834) é considerado o pai da demografia por sua teoria para o
controle do aumento populacional, conhecida como malthusianismo (veja infográfico).
Ele demonstrou que o nível de atividade em uma economia capitalista está de acordo
com uma demanda efetiva, justificando assim os esbanjamentos praticados por aqueles
com alto poder aquisitivo.
O alemão Karl Marx (1818-1883) foi um grande crítico do sistema: na relação entre a
burguesia (capitalistas), que detém os meios de produção, e os trabalhadores, que
vendem sua força de trabalho, ele apontou a exploração contínua desse trabalho, que
sempre é muito superior à remuneração do trabalhador, no que chamou de exploração
“mais-valia”.